Curramitas
Os Curramitas (em persa: خرمدینان - Khorrām-Dīnān - "os da religião alegre"; em árabe: خُرَّمية - Khurrāmīyah) eram membros de um movimento político e religioso iranianos[1][2][3] com suas raízes no movimento fundado por Mazaces.[3] Um nome alternativa par ao movimento era Muḥammira (em árabe: محمرة - "os de vestes vermelhas"; em persa: سرخ جامگان; romaniz.: Surxjāmagān ou Surkh jāmgān), uma referências às marcantes roupas vermelhas que usavam.
Origens e história
[editar | editar código-fonte]A seita foi fundada por um clérigo persa chamado Sumpade e era uma revitalização de uma seita anterior que havia misturado o islamismo xiita e o zoroastrianismo; porém, a seita só ficou famosa por que foi adotada por Pabeco como base para sua rebelião contra o Califado Abássida.
A seita nasceu como uma resposta à execução de Abu Muslim pelos abássidas, negando que ele tivesse morrido e alegando, ao invés disso, que ele retornaria como o messias. Esta mensagem foi posteriormente confirmada pela aparição de um profeta chamado al-Muqanna‘ ("sob o véu"), que alegava que o espírito de Deus (Alá) estava em Maomé, Ali e Abu Muslim.
Sob a liderança de Pabeco, os curramitas proclamaram a divisão e redistribuição de todas as grandes propriedades de terra e o fim do governo despótico estrangeiro. Em 816, eles começaram a atacar as forças muçulmanas no Irã e no Iraque. O califa abássida Almamune enviou quatro exércitos para lidar com o problema, mas eles foram derrotados com o apoio do Império Bizantino. A supressão abássida da seita levou milhares de refugiados para o lado bizantino, onde eles foram bem recebidos pelo imperador Teófilo e alistados no exército bizantino sob o comando de seu líder curdo Teófobo.
Crenças
[editar | editar código-fonte]Mocadaci menciona diversos fatos. Ele observa que "a base de sua doutrina é a crença na luz e nas trevas"; mais especificamente "o princípio do universo é Luz, da qual uma parte foi arrancada e se tornou Trevas". Eles "evitam cuidadosamente o derramamento de sangue, exceto quando eles erguem o estandarte da revolta". Eles são "extremamente preocupados com a limpeza e a purificação, e com a forma gentil e benevolente de se aproximar das pessoas". Alguns deles "acreditam no sexo livre, desde que as mulheres concordem, e também na liberdade de gozar de todos os prazeres e de satisfazer todos os desejos desde que estes não prejudiquem os outros".[4]
O nome da seita é derivado com mais frequência da palavra persa khurram ("feliz, alegre").[5]
Sobre a diversidade de credos, eles acreditam que "os profetas, a despeito da diferença entre suas leis e suas religiões, não são nada além de um único espírito".[4] Naubakhti afirma que eles também acreditavam na reencarnação (metempsychosis) como a única forma de vida após a morte, na retribuição e no cancelamento de todas as prescrições e obrigações religiosas. Eles reverenciavam Abu Muslim e os imames. Em seus rituais, que eram simples, eles "buscavam o maior efeito sacramental possível do vinho e das bebidas". Como um todo, eles eram considerados por Mocadaci como "mazdaquianos... disfarçados de muçulmanos".
Legado
[editar | editar código-fonte]A seita continuaria a atrair seguidores até o século XVI, quando os safávidas tomaram o controle da Pérsia.[6][7][8][9] De acordo com o acadêmico Abdülbaki Gölpinarli, os Qizilbash ("Cabeças-vermelhas") do século XVI - um grupo político e religioso no Azerbaijão que ajudou a estabelecer a dinastia - eram "descendentes espirituais dos curramitas".[10]
Referências
- ↑ Arthur Goldschmidt, Lawrence Davidson, “A concise history of the Middle East”, Westview Press; Eighth Edition edition (July 21, 2005). Pg 81
- ↑ Whittow (1996), The Making of Orthodox Byzantium, 600-1025. New studies in medieval history, London: Macmillan, pp. 195, 203 & 215
- ↑ a b W. Madelung, "Khurrammiya" in Encyclopaedia of Islam. Edited by: P. Bearman , Th. Bianquis, C.E. Bosworth , E. van Donzel and W.P. Heinrichs. Brill, 2009. Brill Online.
- ↑ a b Yarshater, Ehsan. 1983. The Cambridge history of Iran, volume 2. P.1008
- ↑ Yarshater, Ehsan. The Cambridge history of Iran, volume 2. P.1005
- ↑ Britannica Concise Arquivado em 20 de janeiro de 2008, no Wayback Machine.. "Safavid Dynasty", Online Edition 2007.
- ↑ George Lenczowski, "Iran under the Pahlavis", Hoover Institution Press, 1978, p. 79.
- ↑ Stefan Sperl, C. Shackle, Nicholas Awde, "Qasida poetry in Islamic Asia and Africa", Brill Academic Pub; Set Only edition (February 1996), p. 193.
- ↑ Heinz Halm, Janet Watson, Marian Hill, Shi'ism, translated by Janet Watson, Marian Hill, Edition: 2, illustrated, published by Columbia University Press, 2004, p. 80
- ↑ Roger M. Savory (ref. Abdülbaki Gölpinarli), Encyclopaedia of Islam, "Kizil-Bash", Online Edition 2005