Ofensiva Kovel-Lublin
A Ofensiva Kovel-Lublin foi uma operação militar da União Soviética contras as forças do Eixo, no âmbito da Frente Oriental da Segunda Guerra Mundial. Realizada entre 17 e 30 de julho de 1944, em conexão com as operações Bagration e Lviv-Sandomir, seu objetivo era reduzir o saliente criado pelo sucesso destas duas operações, no norte e no sul. Além disso, ela buscava tomar Lublin dos alemães, e, assim, assegurar aos comunistas poloneses uma base territorial na própria Polônia.
Ofensiva Kovel-Lublin | |||
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Data | 17 – 30 de julho 1944 | ||
Local | Ucrânia ocidental/Polônia | ||
Desfecho | Vitória soviética | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Contexto histórico
editarEm um contexto marcado por no norte e no sul, as unidades alemãs instaladas na Ucrânia Ocidental foram despojadas de vários meios defensivos e ofensivos, a fim de fornecer novas tropas a Model, no norte e no sul.[1]
Além disso, em dezembro de 1943 foi estabelecido um comitê do governo polonês favorável à URSS, e a conquista da cidade de Lublin, povoada por 125.000 habitantes, poderia fornecer a esse governo uma base territorial.[2] Assim, na primavera de 1944 essa cidade se tornou um objetivo político de primeira magnitude.[3]
Meios à disposição
editarLentamente, a partir de junho, os soviéticos reuniram suas forças no setor onde a ofensiva deveria ser lançada,[1] enquanto as unidades do Eixo foram despojadas de seus meios, ou reforçadas com unidades pouco motivadas ou consideravelmente enfraquecidas, como as divisões húngaras.[4] Durante o verão de 1944, a Wehrmacht transferiu nove divisões para o setor de Kovel, totalizando 100.000 homens, apoiados por 100 bocas de fogo e 160 destróieres de tanques.[4]
Por sua vez, os soviéticos puseram amplos recursos à disposição da operação, incluindo cinco exércitos, dentre os quais o 1º Exército polonês, formado por 410.000 homens apoiados por 1.550 veículos blindados.[N 1][5]
Planejamento
editarA Ofensiva Kovel-Lublin deve ser compreendida na seqüência operacional planejada pelo Exército Vermelho para o verão de 1944.[6] Ela pertence a uma cadeia de operações com objetivos limitados e em sequência.[7]
Nesse contexto, a Ofensiva Kovel-Lublin foi um meio adicional encontrado pelos soviéiticos para aumentar a fragmentação da massa blindada alemã que constituía o Grupo de Exércitos do Norte da Ucrânia, uma unidade formidável capaz de deter a mais forte ofensiva soviética.[8]
Os planos soviéticos foram baseados no princípio de operações em profundidade, e a cidade de Lublin, a 250 km da linha de frente, era o seu objetivo operacional, este mesmo parte de outros objetivos táticos e políticos.[4]
Este planejamento operacional, no entanto, permanece flexível, evoluindo de acordo com o curso das operações. Josef Stalin continuou enviando diretrizes a Konstantin Rokossovski, com novas metas ou modificando as precedentes, mesmo quando a ofensiva já se encontrava em andamento.[1]
Operações
editarO ataque soviético
editarLançada em 17 de julho de 1944, com uma operação contra unidades húngaras mal equipadas,[N 2] a ofensiva foi desencadeada no dia seguinte, no início da manhã, infligindo pesadas baixas nas defesas alemãs, que não foram capazes de deter o ataque.[1]
No dia seguinte, a força aérea soviética atacou as posições defensivas alemãs, enquanto as tropas terrestres rapidamente conquistaram toda a primeira linha de defesa alemã.
Derrota alemã
editarDesde o final da tarde do primeiro dia da operação, os subúrbios de Lublin foram varridos pelas forças blindadas soviéticas, que operam nas profundezas das unidades alemãs.
A cidade foi cercada em 23 de julho, e libertado no dia 25. Houve uma tentativa de socorro às tropas alemãs cercadas, mas que conseguiu libertar apenas algumas dezenas de homens.[2]
Esta derrota, no entanto, foi diminuída pelo endurecimento alemão perto dos rios Vístula e San, e muitas unidades alemãs sobreviventes conseguiram se reagrupar do outro lado do rio.[9]
Consequências
editarConsequências militares
editarApós esse sucesso, uma primeira cabeça de ponte foi formada a oeste do rio Vístula, em 27 de julho.[2] Contidas pelas concentrações alemãs no setor, as unidades soviéticas que chegaram à região ficaram limitadas aos objetivos que haviam sido atribuídos.[9]
Majdanek
editarA estas consequências militares, acrescentou-se o impacto da libertação do campo de Majdanek, localizado nos subúrbios de Lublin.[10] A descoberta deste campo de extermínio, o primeiro a ser liberado pelos Aliados, marca o início de uma mudança na política soviética em relação ao tratamento dos alemães envolvidos no conflito.[10]
A descoberta deste campo é objeto de uma intensa cobertura midiática, realizada por repórteres soviéticos e transmitida tanto na União Soviética quanto no front.[11] Da mesma forma, correspondentes de guerra aliados foram convidados a visitar o campo, mas esses repórteres enfrentam o ceticismo de seus próprios compatriotas.[N 3][11]
Além disso, autoridades soviéticas, incluindo Nikolai Bulganin, organizam visitas de soldados ao campo.[11]
Notas
editar- ↑ Stalin afirmou expressamente que as unidades polonesas foram poupadas por razões políticas e militares.
- ↑ Desde Stalingrado, essas unidades são alvos prioritários para os planejadores militares soviéticos.
- ↑ Somente em abril de 1945 os aliados ocidentais liberaram outro campo de concentração alemão.
Referências
- ↑ a b c d Lopez 2014, p. 326.
- ↑ a b c Lopez 2014, p. 328.
- ↑ Lopez 2014, p. 57.
- ↑ a b c Lopez 2014, p. 325.
- ↑ Lopez 2014, p. 324.
- ↑ Lopez 2014, p. 51.
- ↑ Lopez 2014, p. 55.
- ↑ Lopez 2014, p. 53.
- ↑ a b Lopez 2014, p. 331.
- ↑ a b Lopez 2014, p. 329.
- ↑ a b c Lopez 2014, p. 330.
Bibliografia
editar- Baechler, Chistian (2012). Guerre et extermination à l'Est : Hitler et la conquête de l'espace vital. 1933-1945. Paris: Tallandier. 524 páginas. ISBN 978-2-84734-906-1
- Glantz, David M.; House, Jonathan (1995). When Titans Clashed: How the Red Army Stopped Hitler. Lawrence: University Press of Kansas. ISBN 0700608990
- Lopez, Jean (2014). Opération Bagration : La revanche de Staline (1944). Paris: Economica. 409 páginas. ISBN 978-2-7178-6675-9