Arte bizantina refere-se à expressão artística do Império Bizantino. No entanto, deve-se lembrar que esta tendência artística, por meio de influência político-religiosa, expandiu-se para regiões fora das fronteiras imperiais.[1]

Mosaico bizantino em Santa Sofia, representando Maria e Jesus entre o imperador João II Comneno e a imperatriz Irene.

História

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O crescente problema nas fronteiras causado pelos bárbaros, além de problemas dentro de Roma, com o senado constantemente envolvendo-se em questões relacionadas ao reinado dos imperadores, fez com que os imperadores optassem por outras cidades para serem sedes do império. O imperador Constantino (r. 306–337) transferiu a capital do império para Bizâncio, antiga cidade renomeada mais tarde para Constantinopla. Neste local, reúnem-se toda uma série de fatores que impulsionam a ascensão da nova expressão artística.

Esta arte viveu o seu apogeu no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano (r. 527–565), ao qual se sucede um período de crise denominado Iconoclastia e que consiste na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito político entre os imperadores e o clero. Após a crise iconoclasta, houve uma nova era de ouro da arte bizantina que se estendeu até o fim do império no século XV. No entanto, reminiscências desta arte permaneceram imbuídas dentro da religião ortodoxa e em regiões como a Rússia, que receberam grande influência da cultura bizantina.

Influências

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A localização de Constantinopla permitiu à arte bizantina a absorção de influências vindas de Roma, da Grécia e do Oriente, e a interligação de alguns destes diversos elementos culturais num momento de impulso à formação de um estilo repleto de técnica e cor. A arte bizantina está intimamente relacionada com a religião, obedecendo a um clero fortalecido que possui, além das suas funções naturais, as funções de organizar também as artes, e que consequentemente relega os artistas ao papel de meros executores. Também o imperador, assente num poder teocrático, possui poderes administrativos e espirituais. Sendo o representante de Deus na Terra, é convencionalmente representado com uma auréola sobre a cabeça e não é raro encontrar um mosaico onde esteja representado com a esposa ao lado da Virgem Maria e o Menino Jesus.

Pintura

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 Ver artigos principais: Pintura bizantina, Ícone (pintura) e mosaico
 
Afresco representando a comunhão dos apóstolos, Igreja de Podithou.
 
Ícone da Virgem, século XII.

No século IV, o imperador Constantino reconheceu o culto livre aos cristãos do Império Romano. A arte cristã primitiva evoluiu então para a arte bizantina. Nos século VIII-IX, o mundo bizantino foi dilacerado pela questão da iconoclastia, uma controvérsia sobre o uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao mandamento de não adorar imagens esculpidas. O imperador Leão III, o Isauro proibiu qualquer imagem em forma humana de Cristo, da Virgem, santos ou anjos. Como resultado, vários artistas bizantinos migraram para o Ocidente. Em 843, a lei foi revogada.

O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina e, não destinando-se somente a decorar as paredes e abóbadas, serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas, e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados, e o dourado é utilizado em abundância, pela sua associação a um dos maiores bens materiais, como o ouro.

Arquitetura

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 Ver artigo principal: Arquitetura bizantina

A arquitetura teve um lugar de destaque, operando-se nela importantes inovações. Foi herdeira do arco, da abóbada e da cúpula, mas, também, do plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega, com cúpula central e absides laterais. A expressão artística do período influenciou também a arquitetura das igrejas. Elas eram planeadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada rematada por diversas cúpulas, criando-se edifícios de grandes dimensões, espaçosos e profusamente decorados.

A Catedral de Santa Sofia é um dos grandes triunfos da técnica bizantina. Projetada pelos arquitetos Antêmio de Trales e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula de 31 metros apoiada em quatro arcos plenos. Esta técnica permite uma cúpula extremamente elevada a ponto de sugerir, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e chão de mármore polido.

Escultura

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 Ver artigo principal: Escultura bizantina

Na escultura, o material mais utilizado era o marfim. Tinha como principais características a rigidez e a ausência de naturalidade nas representações.[2]

Bibliografia

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  • J. Beckwith, Early Christian and Byzantine art (New Haven, 1993).
  • R. Cormack, Byzantine art (Oxford, 2000).
  • H.C. Evans, ed., Byzantium: faith and power (1261-1557) (New York, 2004).
  • H.C. Evans, ed., The glory of Byzantium (New York, 1997).
  • Sharon E. J. Gerstel and Julie A. Lauffenburger, ed., A Lost Art Rediscovered (Penn State, 2001) ISBN 0-271-02139-X
  • C. Mango, ed., The art of the Byzantine Empire, 312-1453: sources and documents (Englewood Cliffs, 1972).
  • K. Weitzmann, ed., Age of spirituality (New York, 1979).
  • James, Elizabeth. Art and Text in Byzantine Culture 1 ed. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-83409-0 

Referências

  1. Byzantine art, Encyclopaedia Britannica
  2. Arte bizantina - pintura, arquitetura, escultura e mosaicos, História da Arte Web, 28 de julho de 2016

Ligações externas

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