Álgebra Linear - Ana Carolina Boero
Álgebra Linear - Ana Carolina Boero
Espaços vetoriais
1. Espaços vetoriais
Exemplos.
(1) A terna (R, , ), onde R denota o conjunto dos números reais e e
denotam, respectivamente, as operações usuais de adição e multiplicação
de números reais, é um espaço vetorial.
1
Mais precisamente, um espaço vetorial sobre R.
3
1. ESPAÇOS VETORIAIS 4
R2 = {(x1 , x2 ) : x1 , x2 ∈ R},
(x1 , ..., xn ) (y1 , ..., yn ) = (x1 + y1 , ..., xn + yn ) ∀(x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn ) ∈ Rn
e
C = {a + bi : a, b ∈ R}
a + bi c + di = (a + c) + (b + d)i ∀a + bi, c + di ∈ C
e
α a + bi = αa + (αb)i ∀α ∈ R ∀a + bi ∈ C
é um espaço vetorial. Deixamos a verificação dos axiomas (A1)-(A4) e
(M1)-(M4) como exercı́cio.
(5) A terna (Mm×n (R), , ), onde
a 11 . . . a1n
. .
Mm×n (R) = . . .
. : a11 , ..., a 1n , ..., a n1 , ..., a nn ∈ R
a
... a
n1 nn
an xn +...+a1 x+a0 bn xn +...+b1 x+b0 = (an +bn )xn +...+(a1 +b1 )x+(a0 +b0 )
onde k = max{n, m} e
ai
se m < i
ci = bi se n < i
ai + bi se m, n ≥ i
e
α (a1 , a2 ) = (αa1 , a2 )
não é um espaço vetorial. De fato, temos que 2 (1, 2) = (2, 2).
Se (M4) fosse válido, deverı́amos ter 2 (1, 2) = (1 + 1) (1, 2) =
(1 (1, 2)) (1 (1, 2)) = (1, 2) (1, 2) = (2, 4), o que não ocorre, pois
(2, 2) 6= (2, 4).
Os exemplos (1)-(8) mostram que o conceito de espaço vetorial permeia
áreas como álgebra, análise e geometria. A vantagem de unificar diversos
objetos em uma mesma definição — no caso, a de espaço vetorial — é que,
quando deduzimos um teorema a partir dos axiomas que a caracterizam,
este passa a valer para cada objeto concreto que a satisfaz.
No que segue, usaremos a palavra vetor para designar um elemento de
um espaço vetorial (V, , ).4 Em particular, 0V será denominado o vetor
nulo do espaço vetorial (V, , ). Os números reais serão chamados de
escalares e as aplicações e serão chamadas de adição e multiplicação
por escalar, respectivamente.
Quando não houver risco à interpretação, representaremos o espaço
vetorial (V, , ) e seu vetor nulo 0V por V e 0, respectivamente. Por
comodidade, escreveremos + e · em vez de e . Em muitas situações,
omitiremos o sı́mbolo · da multiplicação por escalar, passando a escrever αv
em vez de α · v.
Já vimos alguns exemplos de espaços vetoriais e alguns exemplos de
objetos que não são espaços vetoriais. Vamos, agora, começar a ver o que
pode ser deduzido a partir da definição de espaço vetorial (ou seja, vamos
ver algumas propriedades que todos os espaços vetoriais têm, independente
de sua definição particular).
4Sendo assim, nos exemplos (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8), a palavra vetor é,
respectivamente, sinônimo de número real, par ordenado de números reais, n-upla de
números reais, número complexo, matriz m × n com coeficientes em R, polinômio em uma
variável com coeficientes reais e grau menor ou igual a n, polinômio em uma variável com
coeficientes reais e, por fim, função com domı́nio X e contra-domı́nio R.
5Note que o 0 que aparece à esquerda na igualdade 0v = 0 é o número real 0, enquanto o
0 que aparece à direita é o vetor nulo.
1. ESPAÇOS VETORIAIS 8
Demonstração.
6Observe que −1v denota a multiplicação do vetor v pelo escalar −1 e que −v denota o
vetor oposto a v.
2. COMBINAÇÕES LINEARES 9
(A2)
(i) Observe que −v + v = v + (−v) = 0. Logo, −(−v) = v.
(A3) (M3)
(ii) Temos que α0 = α(0 + 0) = α0 + α0. Somando o oposto de α0 a
ambos os membros da equação acima, obtemos α0 = 0.
(iii) Suponhamos que α 6= 0. Por hipótese, αv = 0. Logo, α−1 (αv) = α−1 0.
Da proposição 1.2 decorre que α−1 (αv) = 0. De (M1) segue que
(α−1 α)v = 0 e, portanto, 1v = 0. De (M2) concluı́mos que v = 0.
(iv) Por hipótese, u + v = w + v. Logo, (u + v) + (−v) = (w + v) + (−v). De
(A1) segue que u+(v+(−v)) = w+(v+(−v)) e, portanto, u+0 = w+0.
De (A3) decorre que u = w.
(M1)
(v) Temos que (−α)v = (α(−1))v = α(−1v) = α(−v). Além disso,
(M1)
temos que α(−v) = α(−1v) = (α(−1))v = ((−1)α)v = (−1)(αv) =
−(αv).
(vi) Como αv = βv, temos que αv + (−(βv)) = βv + (−(βv)). Assim,
αv + (−(βv)) = 0. De (v) segue que αv + (−β)v = 0 e de (M4) vem
que (α − β)v = 0. Como, por hipótese, v 6= 0, de (iii) decorre que
α − β = 0, ou seja, α = β.
2. Combinações lineares
Exemplos.
(1) (1, 1, 1) ∈ R3 é combinação linear de {(2, 1, 3), (0, 5, 9), (1, 0, 1)} ⊂ R3 .
Com efeito, queremos encontrar α, β, γ ∈ R tais que
7Quando escrevemos 1 ∈ F(R, R), estamos nos referindo à função f : R → R dada por
f (x) = 1, qualquer que seja x ∈ R. Por conveniência, usaremos o sı́mbolo 1 em vez do
sı́mbolo f para representá-la.
8Observe que, para provar que duas funções são iguais, devemos mostrar que ambas têm
o mesmo domı́nio, o mesmo contra-domı́nio e a mesma lei de formação. Neste exemplo,
vemos que tanto a função 1 quanto a função sin2 + cos2 têm domı́nio e contra-domı́nio
iguais a R. Restou, portanto, mostrar que 1 = 1(x) = (sin2 + cos2 )(x) = sin2 (x) + cos2 (x),
para todo x ∈ R.
2. COMBINAÇÕES LINEARES 11
que
ax2 + bx + c = α3 + β(x + 1) + γ(x2 + 2)
ou seja, tais que
3α + β + 2γ = c
β = b
γ = a
o que implica
α+β = a
β = b
γ = c
α+γ = d
9Note que para mostrar que um espaço vetorial é finitamente gerado, é suficiente exibir
um conjunto finito que o gera. Todavia, para mostrar que um dado espaço vetorial V
não é finitamente gerado, é preciso mostrar que nenhum subconjunto finito de V gera V .
Os exemplos (4) e (5) “testemunham”que R2 e P2 (R) são espaços vetoriais finitamente
gerados. Por sua vez, o fato de termos exibido um conjunto gerador infinito de P (R)
não garante que P (R) não seja finitamente gerado. Como acabamos de dizer, é preciso
mostrar que nenhum subconjunto finito de P (R) é capaz de gerar P (R). A idéia utilizada
no exemplo (3) para mostrar que x3 ∈ P (R) não é uma combinação linear de {1, x, x2 }
serve para mostrar que P (R) não é finitamente gerado.
3. DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA LINEAR 13
então
α = 0
α + 2β = 0
β = 0
3γ = 0
o que implica α = β = γ = 0.
(2) {1, ex , e2x } ⊂ F([0, 1], R) é linearmente independente. Com efeito, sejam
α, β, γ ∈ R tais que
α1 + βex + γe2x = 0.
ex (β + 2γex ) = 0.
β + 2γex = 0.
2γex = 0
o que implica αj = 0.
Assim,
n
X
(αi − βi )vi = 0.
i=1
Como {v1 , ..., vn } é linearmente independente, concluı́mos que α1 = β1 , ...,
αn = βn , o que significa que v não se escreve de duas maneiras distintas
como combinação linear de v1 , ..., vn . Logo, v se escreve no máximo de uma
maneira como combinação linear de v1 , ..., vn .
(⇐): Sabemos que 0 = 0v1 + ... + 0vn e, por hipótese, esta deve ser
a única maneira de escrever o vetor nulo de V como combinação linear de
v1 , ..., vn . Logo, {v1 , ..., vn } não pode ser linearmente dependente, o que
implica que {v1 , ..., vn } é linearmente independente.
4. Bases
Exemplos.
(1) {e1 , ..., en } é uma base de Rn , onde ei é a n-upla que possui 1 na posição
i e 0 nas demais.
(2) {1, i} é uma base de C.
(3) {1, x, x2 , ..., xn } é uma base de Pn (R).
(4) {xn : n ∈ N} é uma base de P (R).
(5) {Eij : 1 ≤ i ≤ m, 1 ≤ j ≤ n} é uma base de Mm×n (R), onde Eij é a
matriz m × n que possui 1 na entrada ij e 0 nas demais.
Já vimos que todo espaço vetorial finitamente gerado possui uma base.
O próximo passo consiste de mostrar que quaisquer duas bases de um espaço
vetorial finitamente gerado têm a mesma quantidade de elementos. Com este
propósito, enunciamos (e provamos) a seguinte proposição, a qual garante
que num espaço vetorial finitamente gerado, não existem subconjuntos
linearmente independentes arbitrariamente grandes.
Observe que
m
X m
X n
X n X
X m
αk uk = αk βi,k vi = αk βi,k vi .
k=1 k=1 i=1 i=1 k=1
α1 v1 + ... + αn vn + αv = 0.
Exemplos.
(1) dim Rn = n.
(2) dim C = 2.
(3) dim Pn (R) = n + 1.
(4) P (R) tem dimensão infinita.
(5) dim Mm×n (R) = mn.
Demonstração.
(i) ⇒ (ii): Segue imediatamente da definição de base.
(ii) ⇒ (iii): Vamos escrever S = {v1 , ..., vn }. Se S não gera V ,
então existe v ∈ V que não é combinação linear de v1 , ..., vn .
Como S é linearmente independente, podemos aplicar a proposição
4.7 e concluir que {v1 , ..., vn , v} é um subconjunto linearmente
independente de V , o que é absurdo. De fato, como dim V = n,
sabemos que V possui uma base com n vetores o que, em particular,
significa que V possui um conjunto gerador constituı́do de n
vetores. Da proposição 4.5 segue que todo subconjunto linearmente
independente de V deve ter, no máximo, n elementos. Portanto,
{v1 , ..., vn , v} não poderia ser linearmente independente, já que tem
n + 1 elementos. De onde surgiu esta contradição? Da suposição
de que S não gera V . Logo, S gera V .
(iii) ⇒ (i): Da proposição 4.2 segue que existe B uma base de V tal
que ∅ ⊂ B ⊂ S. Se S 6= B, então B possui no máximo n − 1
elementos, o que é absurdo, já que dim V = n. Logo, S = B e,
portanto, S é base de V .
5. Subespaços
Uma solução de (∗) é uma n-upla (α1 , ..., αn ) de números reais que
satisfaz nj=1 aij αj = 0, para todo i ∈ {1, ..., n}. Afirmamos que
P
w1 w2 = w1 + w2 ∀w1 , w2 ∈ W
e : R × W → W é dada por
α w = α · w ∀α ∈ R ∀w ∈ W
é um espaço vetorial.12
12Observe que coincide com + nos pares ordenados de elementos de W e que coincide
com · nos elementos de R × W .
5. SUBESPAÇOS 23
W1 ∩ W2 = {v ∈ V : v ∈ W1 e v ∈ W2 }
é denominado a intersecção de W1 e W2 .
Exemplos.
(1) Seja V = R2 e sejam W1 e W2 retas que passam pela origem. Temos
que W1 ∩ W2 = {(0, 0)}.
(2) Sejam V = M2 (R), W1 o subespaço vetorial de V constituı́do das
matrizes triangulares superiores e W2 o subespaço vetorial de V
constituı́do das matrizes triangulares inferiores. Temos que W1 ∩ W2
é o subespaço vetorial de V constituı́do das matrizes diagonais.
Uma vez que a intersecção de dois subespaços é ainda um subespaço,
poderı́amos pensar que o mesmo ocorre com a união. O próximo exemplo
mostra, contudo, que isto não acontece.
Exemplo.
(3) Sejam V = R2 , W1 = {(x, x) : x ∈ R} e W2 = {(x, 2x) : x ∈ R}. Observe
que (1, 1) ∈ W1 , (1, 2) ∈ W2 , mas que (1, 1) + (1, 2) = (1, 3) 6∈ W1 ∪ W2 .
Logo, W1 ∪ W2 não é um subespaço vetorial de V .
5. SUBESPAÇOS 25
é denominado a soma de W1 e W2 .
Exemplos.
(4) Sejam V = R2 , W1 = {(x, x) : x ∈ R} = [(1, 1)] e W2 = {(x, 2x) : x ∈
R} = [(1, 2)]. Observe que V = W1 + W2 e que W1 ∩ W2 = {(0, 0)}.
(5) Sejam V = M2 (R), W1 o subespaço vetorial de V constituı́do das
matrizes triangulares superiores e W2 o subespaço vetorial de V
constituı́do das matrizes triangulares inferiores. Note que V = W1 + W2
e que W1 ∩ W2 é o subespaço vetorial de V constituı́do das matrizes
diagonais.
A próxima proposição mostra que a soma de dois subespaços vetoriais
de um espaço vetorial V é o menor subespaço de V que contém a união dos
subespaços vetoriais em questão.
Logo,
n
X
δl wl ∈ W1 ∩ W2
l=1
o que implica que existem γ1 , ..., γk ∈ R tais que
n
X k
X
δ l wl = γi ui
l=1 i=1
ou seja,
n
X k
X
δl wl − γi ui = 0.
l=1 i=1
5. SUBESPAÇOS 27
Uma vez que {u1 , ..., uk , v1 , ..., vm } é base de W1 segue que α1 = ... = αk =
β1 = ... = βm = 0. Logo, {u1 , ..., uk , v1 , ..., vm , w1 , ..., wn } é linearmente
independente.
w1 − w̃1 = w̃2 − w2 .
| {z } | {z }
∈W1 ∈W2
v = (w1 + u) + (w2 − u) .
| {z } | {z }
∈W1 ∈W2
6. Coordenadas
Exemplo.
(1) Sejam V = R2 e B1 = {(1, 0), (0, 1)}, B2 = {(0, 1), (1, 0)} e B3 =
{(1, 0), (1, 1)} bases ordenadas de V . Temos que [(2, 3)]B1 = (2, 3),
[(2, 3)]B2 = (3, 2) e [(2, 3)]B3 = (−1, 3). De fato, (2, 3) = 2(1, 0)+3(0, 1),
(2, 3) = 3(0, 1) + 2(1, 0) e (2, 3) = −1(1, 0) + 3(1, 1).
16Em outras palavras, uma base ordenada de V é uma n-upla (v , ..., v ) de vetores de V
1 n
tal que {v1 , ..., vn } é uma base de V . Por comodidade, escreveremos {v1 , ..., vn } em vez
de (v1 , ..., vn ) para denotar uma base ordenada de V .
6. COORDENADAS 30
v = α1 u1 + ... + αn un
6. COORDENADAS 31
e
v = β1 v1 + ... + βn vn .
Como B é base de V , para cada i ∈ {1, ..., n}, existem γ1,i , ..., γn,i ∈ R
tais que
vi = γ1,i u1 + ... + γn,i un .
Logo,
v = β1 (γ1,1 u1 + ... + γn,1 un ) + ... + βn (γ1,n u1 + ... + γn,n un )
= (β1 γ1,1 + ... + βn γ1,n )u1 + ... + (β1 γn,1 + ... + βn γn,n )un
Portanto,
αi = β1 γi,1 + ... + βn γi,n
para todo i ∈ {1, ..., n}. Em forma matricial
α1 γ1,1 . . . γ1,n β1
. . .. .
.. = .. . ..
αn γn,1 . . . γn,n βn
Exemplos.
(1) Sejam V = R2 , B = {(2, −1), (3, 4)} e C = {(1, 0), (0, 1)} bases
ordenadas de V . Se v ∈ R2 é tal que [v]C = (5, −8). Vamos calcular
[v]B usando a matriz de mudança de coordenadas da base ordenada B
para a base ordenada C.
Como
(1, 0) = 4/11(2, −1) + 1/11(3, 4)
(1, 1) = −3/11(2, −1) + 2/11(3, 4)
temos que !
4/11 −3/11
MCB = .
1/11 2/11
6. COORDENADAS 32
Demonstração. Para cada i ∈ {1, ..., n}, existem α1,i , ..., αn,i ∈ R tais
que
wi = α1,i v1 + ... + αn,i vn .
Para cada j ∈ {1, ..., n}, existem β1,j , ..., βn,j ∈ R tais que
Portanto,
wi = α1,i (β1,1 u1 + ... + βn,1 un ) + . . . + αn,i (β1,n u1 + ... + βn,n un )
= (α1,i β1,1 + ... + αn,i β1,n )u1 + . . . + (α1,i βn,1 + ... + αn,i βn,n )un
para cada i ∈ {1, ..., n}. Logo,
α1,1 β1,1 + ... + αn,1 β1,n . . . α1,n β1,1 + ... + αn,n β1,n
.. ..
MCA = . . .
α1,1 βn,1 + ... + αn,1 βn,n . . . α1,n βn,1 + ... + αn,n βn,n
6. COORDENADAS 33
Como
α1,1 . . . α1,n
. ..
MCB = .
. .
αn,1 . . . αn,n
e
β1,1 . . . β1,n
. ..
MBA = ..
.
βn,1 . . . βn,n
vemos que MCA = MBA MCB .
1. Aplicações lineares
Demonstração.
(i) T (0) = T (0 + 0) = T (0) + T (0). Somando −T (0) a ambos os membros
da equação acima, obtemos T (0) = 0.
(ii) Seja u ∈ U . Temos que T (−u) = T (−1u) = −1T (u) = −T (u).
(iii) Se n = 1, então T (α1 u1 ) = α1 T (u1 ), de acordo com a condição
(ii) da definição 1.1. Suponhamos que para todo k < n, tenhamos
T ( ki=1 αi ui ) =
P Pk Pk+1
i=1 αi T (ui ). Mostraremos que T ( i=1 αi ui ) =
Pk+1 Pk+1 Pk
i=1 αi T (ui ). De fato, T ( i=1 αi ui ) = T ( i=1 αi ui ) + T (αk+1 uk+1 ),
segundo a condição (i) da definição 1.1. Por hipótese de indução
e pela condição (ii) da definição 1.1 temos que T ( k+1
P
i=1 αi ui ) =
Pk+1 Pk+1
i=1 αi T (ui ) + αk+1 T (uk+1 ) = i=1 αi T (ui ). Do princı́pio de
Pn Pn
indução finita decorre que T ( i=1 αi ui ) = i=1 αi T (ui ).
34
1. APLICAÇÕES LINEARES 35
Exemplos.
(1) Sejam U e V espaços vetoriais. A aplicação
T : U → V
u 7 → 0
é linear.1 De fato, se u1 , u2 ∈ U , então T (u1 + u2 ) = 0 = 0 + 0 =
T (u1 ) + T (u2 ) e se α ∈ R e u ∈ U , então T (αu) = 0 = α0 = αT (u).
(2) Seja U um espaço vetorial. A aplicação
T : U → U
u 7 → u
é linear.2 Deixamos a verificação das condições (i) e (ii) da definição 1.1
como exercı́cio.
(3) Sejam U um espaço vetorial e α ∈ R. A aplicação T : U → U dada por
T (u) = αu é linear.3 Deixamos a verificação das condições (i) e (ii) da
definição 1.1 como exercı́cio.
(4) A aplicação T : R2 → R2 dada por T (x, y) = (x, −y) é linear.4 Deixamos
a verificação das condições (i) e (ii) da definição 1.1 como exercı́cio.
(5) A aplicação
T : C([a, b], R) → R
Rb
f 7→ a f (x)dx
é linear. Deixamos a verificação das condições (i) e (ii) da definição 1.1
como exercı́cio.
(6) A aplicação
T : P (R) → P (R)
p(x) 7→ p0 (x)
é linear. Deixamos a verificação das condições (i) e (ii) da definição 1.1
como exercı́cio.
(7) A aplicação T : R → R dada por T (x) = x2 não é linear. De fato,
T (1 + 1) = T (2) = 22 = 4, mas T (1) + T (1) = 12 + 12 = 2.
(8) Seja (a, b) ∈ R2 . A aplicação T : R2 → R2 dada por T (x, y) =
(x + a, y + b) é linear se, e somente se (a, b) = (0, 0).5 De fato, se T é
linear, então (0, 0) = T (0, 0) = (a, b). Reciprocamente, se (a, b) = (0, 0),
então T é a aplicação identidade de R2 , que é linear.
Sejam U e V espaços vetoriais e T : U → V uma aplicação linear.
Observamos que se {u1 , ..., un } é um subconjunto linearmente dependente
de U , então {T (u1 ), ..., T (un )} é um subconjunto linearmente dependente
de V . Com efeito, se existem escalares α1 , ..., αn não todos nulos tais que
Pn
i=1 αi ui = 0, então
Definamos
n
X
T (u) = αi vi .
i=1
Observe que T está bem-definida, de acordo com a proposição 6.1.6 Além
disso, T (ui ) = vi , para todo i ∈ {1, ..., n}.
Pn
Afirmamos que T é linear. Com efeito, sejam u1 = i=1 βi ui e
Pn
u2 = i=1 γi ui vetores de U e seja α ∈ R. Temos que
n n n
!
X X X
T̃ (u) = T̃ αi ui = αi T̃ (ui ) = αi vi = T (u).
i=1 i=1 i=1
Portanto, T̃ = T .
Exemplos.
(1) Seja T : R2 → R dada por T (x, y) = x + y. Temos que im T = R e
ker T = {(x, y) ∈ R2 : y = −x} = [(1, −1)].
(2) Seja T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (x, 2y, 0). Temos que
ker T = [(0, 0, 1)] e im T = [(1, 0, 0), (0, 2, 0)].
(3) Seja T : R3 → M2 (R) dada por
!
x+y 0
T (x, y, z) = .
0 z−y
" ! !#
1 0 0 0
Temos que ker T = [(1, −1, −1)] e im T = , .
0 0 0 1
Vimos nos exemplos (1), (2) e (3) que a dimensão do domı́nio de cada
uma das transformações lineares apresentadas é igual à soma da dimensão
de seu núcleo com a dimensão de sua imagem. O próximo teorema mostra
que nossa observação não foi uma simples coincidência.
Demonstração. Seja {u1 , ..., um } uma base de ker T e seja {v1 , ..., vn }
uma base de U tal que v1 = u1 , ..., vm = um . Se mostrarmos que {T (vi ) :
m < i ≤ n} é uma base de im T , teremos que dim U = n, dim ker T = m e
dim im T = n − m e, portanto, dim U = dim ker T + dim im T .
Afirmamos que {T (vi ) : m < i ≤ n} gera im T . De fato,
{T (v1 ), ..., T (vn )} gera im T , pois {v1 , ..., vn } gera U . Como T (vi ) = 0
para todo i ∈ {1, ..., m}, concluı́mos que {T (vi ) : m < i ≤ n} gera im T .
Resta mostrar que {T (vi ) : m < i ≤ n} é um subconjunto linearmente
independente de im T . Para tanto, sejam αm+1 , ..., αn ∈ R tais que
αm+1 T (vm+1 ) + ... + αn T (vn ) = 0. Temos que T ( ni=m+1 αi vi ) = 0 e,
P
Pn Pn Pm
portanto, i=m+1 αi vi ∈ ker T . Logo, i=m+1 αi vi = j=1 βj vj , onde
Pn Pm
β1 , ..., βm ∈ R. Como i=m+1 αi vi + j=1 (−βj )vj = 0 e {v1 , ..., vn } é um
subconjunto linearmente independente de U concluı́mos, em particular, que
αm+1 = ... = αn = 0. Portanto, {T (vi ) : m < i ≤ n} é uma base de
im T .
3. Isomorfismos
Note que o corolário 3.6 não é novidade: a proposição 6.4 já indicava
uma possibilidade de identificar um espaço vetorial de dimensão finita n com
o Rn .
Para cada j ∈ {1, ..., m}, existem α1,j , ..., αn,j ∈ R tais que
n
X
T (uj ) = αi,j vi .
i=1
Logo,
m n n X
m
!
X X X
T (u) = αj αi,j vi = (αi,j αj )vj .
j=1 i=1 i=1 j=1
4. APLICAÇÕES LINEARES E MATRIZES 43
Demonstração. Seja
α1,1 . . . α1,m
. ..
M = ..
.
.
αn,1 . . . αn,m
(A1): ((T1 + T2 ) + T3 )(u) = (T1 + T2 )(u) + T3 (u) = (T1 (u) + T2 (u)) + T3 (u) =
T1 (u) + (T2 (u) + T3 (u)) = T1 (u) + (T2 + T3 )(u) = (T1 + (T2 + T3 ))(u),
qualquer que seja u ∈ U . Logo, (T1 + T2 ) + T3 = T1 + (T2 + T3 ).
(A2): (T1 + T2 )(u) = T1 (u) + T2 (u) = T2 (u) + T1 (u) = (T2 + T1 )(u), qualquer
que seja u ∈ U . Logo, T1 + T2 = T2 + T1 .
(A3): Denotemos por 0 a aplicação nula de U em V . Temos que (T1 +0)(u) =
T1 (u) + 0(u) = T1 (u) + 0 = T1 (u), qualquer que seja u ∈ U . Logo,
T1 + 0 = T1 . A unicidade decorre da unicidade do vetor nulo de im T1 .
(A4): (T1 + (−1)T1 )(u) = T1 (u) + ((−1)T1 )(u) = T1 (u) + (−1)(T1 (u)) = 0,
qualquer que seja u ∈ U . Logo, T1 + (−1)T1 = 0.
(M3): (α(T1 + T2 ))(u) = α((T1 + T2 )(u)) = α(T1 (u) + T2 (u)) = αT1 (u) +
αT2 (u) = (αT1 +αT2 )(u), qualquer que seja u ∈ U . Logo, α(T1 +T2 ) =
αT1 + αT2
(M4): ((α + β)T1 )(u) = (α + β)T1 (u) = αT1 (u) + βT1 (u) = (αT1 )(u) +
(βT1 )(u) = (αT1 + βT1 )(u), qualquer que seja u ∈ U . Logo,
(α + β)T1 = αT1 + βT1 .
Demonstração. Sejam
α11 . . . α1k
. ..
[T1 ]B,C = .
. .
αm1 . . . αmk
e
β11 . . . β1m
. ..
[T2 ]B,C = ..
.
.
βn1 . . . βnm
Temos que
n
X
T1 (ui ) = αji vj
j=1
e
n
X
T2 (ui ) = βji vj
j=1
qualquer que seja i ∈ {1, ..., m}. Portanto,
n
X n
X n
X
(T1 + T2 )(ui ) = T1 (ui ) + T2 (ui ) = αji vj + βji vj = (αji + βji )vj
j=1 j=1 j=1
5. A ÁLGEBRA DAS APLICAÇÕES LINEARES 47
Demonstração. Sejam
α11 . . . α1k
. ..
[T1 ]B,C = .. .
αm1 . . . αmk
e
β11 . . . β1m
. ..
[T2 ]C,D = .
. .
.
βn1 . . . βnm
6. FORMAS LINEARES 49
Temos que
m
X
T1 (ui ) = αji vj
j=1
qualquer que seja i ∈ {1, ..., k} e
n
X
T2 (vj ) = βlj wl
l=1
Logo, P
m Pm
j=1 β1j αj1 . . . j=1 β1j αjk
.. ..
[T2 ◦ T1 ]B,D =
. .
Pm Pm
j=1 βnj αj1 . . . j=1 βnj αjk
ou seja,
[T2 ◦ T1 ]B,D = [T2 ]C,D [T1 ]B,C .
6. Formas lineares
ω(p(x)) = p(α)
6. FORMAS LINEARES 50
temos que
n
!
X
αi ωi (uj ) = 0(uj )
i=1
ou seja,
n
X
αi ωi (uj ) = 0.
i=1
Logo, αj = 0. Portanto, {ω1 , ..., ωn } é linearmente independente.
Exemplos.
(1) Queremos determinar a base dual de B = {(1, 1, 0), (1, 1, −1), (0, 1, 1)} ⊂
R3 . Para tanto, consideremos (x, y, z) um elemento arbitrário de R3 .
Temos que [(x, y, z)]B = (2x − y + z, y − x − z, y − x). Portanto,
B ∗ = {ω1 , ω2 , ω3 }, onde
ω1 (x, y, z) = 2x − y + z
ω2 (x, y, z) = y − x − z
ω3 (x, y, z) = y − x.
(2) Queremos determinar a base dual de B = {1, x + 1, x2 + 1} ⊂ P2 (R).
Para tanto, consideremos a + bx + cx2 um elemento arbitrário de P2 (R).
Temos que [a+bx+cx2 ]B = (a−b−c, b, c). Portanto, B ∗ = {ω1 , ω2 , ω3 },
onde
ω1 (a + bx + cx2 ) = a − b − c
ω2 (a + bx + cx2 ) = b
ω3 (a + bx + cx2 ) = c.
φu1 +u2 (ω) = ω(u1 + u2 ) = ω(u1 ) + ω(u2 ) = φu1 (ω) + φu2 (ω)
Determinantes
1. Formas volume
∆(v1 , ..., vi−1 , αvi , vi+1 , ..., vn ) = α∆(v1 , ..., vi−1 , vi , vi+1 , ..., vn )
onde (
1 se σ é par
sgn(σ) =
−1 se σ é ı́mpar.
Se ∆ verifica a condição (i), dizemos que ∆ é n-linear. Se ∆ verifica a
condição (ii), dizemos que ∆ é alternada.
e, portanto,
∆(v1 , ..., vi , ..., vj , ..., vn ) = 0.
onde α1j , ..., αnj ∈ R, qualquer que seja j ∈ {1, ..., n}. Logo,
Demonstração.
(⇒): Se ∆(v1 , ..., vn ) = 0, então {v1 , ..., vn } não pode ser linearmente
independente, uma vez que dim V = n (e, portanto, {v1 , ..., vn }
seria uma base de V ) e ∆ é uma forma volume não nula de V .
Logo, {v1 , ..., vn } é linearmente dependente.
(⇐): Decorre da proposição 1.4.
com α1j , ..., αnj ∈ R, qualquer que seja j ∈ {1, ..., n}. Seja
∆: Vn → R
P
(v1 , ..., vn ) 7→ σ∈Sn sgn(σ) · ασ(1)1 · . . . · ασ(n)n .
Demonstração. Exercı́cio.
Como ∆ é não nula e {e1 , ..., en } é base de V , segue que ∆(e1 , ..., en ) 6= 0.
Portanto,
∆(T (e1 ), ..., T (en ))
det T = .
∆(e1 , ..., en )
(⇒): Se T é injetor, então {T (e1 ), ..., T (en )} é um subconjunto
linearmente independente de V . Como dim V = n,
{T (e1 ), ..., T (en )} é uma base de V . Logo, ∆(T (e1 ), ..., T (en )) 6= 0
e, portanto, det T 6= 0.
(⇐): Se det T 6= 0, então ∆(T (e1 ), ..., T (en )) 6= 0 e, portanto,
{T (e1 ), ..., T (en )} é um subconjunto linearmente independente de
V . Do fato de dim V = n, decorre que {T (e1 ), ..., T (en )} é uma
base de V . De acordo com a proposição 3.3, T é injetora.
Proposição 2.4. Seja V um espaço vetorial de dimensão n ≥ 1. Se
S, T ∈ L(V ), então det(S ◦ T ) = det S det T .
Demonstração. Seja ∆ uma forma volume não nula de V . Temos
que det((S ◦ T )(v1 ), ..., (S ◦ T )(vn )) = det(S(T (v1 )), ..., S(T (vn ))) =
det S∆(T (v1 ), ..., T (vn )) = det S det T ∆(v1 , ..., vn ), quaisquer que sejam
v1 , ..., vn ∈ V . Logo, det(S ◦ T ) = det S det T .
Da proposição 2.4 decorre que se T é um isomorfismo, então
det T −1 det T = det I = 1. Portanto, det T −1 = (det T )−1 .
e, portanto,
n n
!
X X
∆ ai1 ei , ..., ain ei = det T ∆(e1 , ..., en )
i=1 i=1
ou seja,
X
sgn σασ(1)1 ...ασ(n)n ∆(e1 , ..., en ) = det T ∆(e1 , ..., en ).
σ∈Sn
Portanto, X
det T = sgn σασ(1)1 ...ασ(n)n .
σ∈Sn
A fórmula acima mostra como o determinante de T é expresso em termos
da matriz [T ]B .
Exemplo.
(1) Sejam ∆ uma forma volume não nula de R2 e T ∈ L(R2 ) tal que
T (1, 0) = (1, 0) e T (0, 1) = (0, −1). Temos que
!
α11 α12
[T ]can =
α21 α22
onde α11 = 1, α21 = 0, α12 = 0 e α22 = −1. Logo,
X
det T = sgn σασ(1)1 ασ(2)2 = sgn σ1 ασ1 (1)1 ασ1 (2)2 + sgn σ2 ασ2 (1)1 ασ2 (2)2
σ∈S2
onde ! !
1 2 1 2
σ1 = e σ2 = .
1 2 2 1
Portanto, det T = 1α11 α22 + (−1)α21 α12 = −1 + 0 = −1.
Seja ∆ a forma volume de Rn tal que ∆(e1 , ..., en ) = 1, onde {e1 , ..., en }
representa a base canônica de Rn . Observamos inicialmente que
cof αij = det Cij
= ∆(c1 , ..., cj−1 , ei , cj+1 cn )
onde ck denota a k-ésima coluna da matriz Cij . Note que
cof αij = ∆(c1 + αi1 ei , ...cj−1 + αij−1 ei , ei , cj+1 + αij+1 ei , ..., c1 + αin ei ).
Portanto,
cof αij = ∆(a1 , ..., aj−1 , ei , aj+1 , ..., an )
onde ak denota a k-ésima coluna da matriz A. Multiplicando a j-ésima linha
de A∗ pela k-ésima coluna de A obtemos
Pn Pn
i=1 αik cof(αij ) = i=1 αik ∆(a1 , ..., aj−1 , ei , aj+1 , ..., an )
= ∆(a1 , ..., aj−1 , ni=1 αik ei , aj+1 , ..., an )
P
= ∆(a
( 1 , ..., aj−1 , ak , aj+1 , ..., an )
0 6 j
se k =
=
det A se k = j.
Portanto,
A∗ A = I det A.
A fórmula acima mostra que se det A 6= 0, então A é inversı́vel e
1
A−1 =
A∗ .
det A
3.4. A regra de Cramer. Considere o sistema linear
α11 x1 + . . . + α1n xn = β1
.. .. ..
(∗) . . .
α x + ... + α x = β
n1 1 nn n 1
Ax = β
3. DETERMINANTE DE UMA MATRIZ 64
e, portanto,
1
x= A∗ β.
det A
Logo, Pn
i=1 cof(αij )βi
xj =
det A
Pn
i=1 det Cij βi
=
det A
Pn
i=1 βi ∆(a1 , ..., aj−1 , ei , aj+1 , ..., an )
=
det A
Se mostrarmos que
cof(αij ) = (−1)i+j det Sij
obteremos a fórmula
n
X
det A = αij (−1)i+j det Sij
i=1
1Como sabemos que AA∗ = I det A, podemos obter de modo análogo o desenvolvimento
de Laplace pela i-ésima linha.
CAPı́TULO 4
Semelhanças e diagonalização
1. Operadores diagonalizáveis
0 0 . . . λn
com λi ∈ R, qualquer que seja i ∈ {1, ..., n}. Da definição de [T ]B segue que
T (vi ) = λi vi
qualquer que seja i ∈ {1, ..., n}. Reciprocamente, se existem B = {v1 , ..., vn }
uma base de V e λ1 , ..., λn ∈ R tais que T (vi ) = λi vi qualquer que seja
i ∈ {1, ..., n}, então
λ1 0 . . . 0
0 λ2 . . . 0
[T ]B = .
.. .
..
.. . .
0 0 . . . λn
Portanto, o problema de encontrar uma matriz diagonal que representa o
operador linear T numa dada base se transformou no problema de encontrar
uma base {v1 , ..., vn } de V e λ1 , ..., λn ∈ R tais que T (vi ) = λi vi , qualquer
que seja i ∈ {1, ..., n}.
Exemplos.
(1) Seja V um espaço vetorial. Se T ∈ L(V ) não é injetor, então 0 é um
autovalor de T . De fato, existe v ∈ ker T tal que v 6= 0 e, portanto,
T (v) = 0 = 0v.
(2) Sejam V um espaço vetorial, α um número real fixado e T ∈ L(V ) dado
por T (v) = αv, para todo v ∈ V . Temos que α é um autovalor de T e
todo vetor não nulo de V é um autovetor de T associado a α.
(3) Considere T : R3 → R3 dada por T (x, y, z) = (x, y, −z).1 Se λ é um
autovalor de T , então existe (x, y, z) 6= (0, 0, 0) tal que T (x, y, z) =
λ(x, y, z), ou seja tal que
x = λx
y = λy
−z = λz.
Exemplos.
−1 −1 −2
e, portanto,
x − 2 −1 −1
pT (x) = det −2 x − 3 −4 = (x − 1)(x + 1)(x − 3).
1 1 x+2
Logo, os autovalores de T são 1, -1 e 3.
(2) Seja T ∈ L(R3 ) dada por T (x, y, z) = (2x − y + z, 3y − z, 2x + y + 3z).
Temos que
2 −1 1
[T ]can = 0 3 −1
2 1 3
e, portanto,
x−2 1 −1
pT (x) = det 0 x−3 1 = (x − 2)2 (x − 4).
−2 −1 x − 3
Logo, os autovalores de T são 2 e 4.
1. OPERADORES DIAGONALIZÁVEIS 69
3 3 4
e, portanto,
x − 2 −1 −1
pT (x) = det −2 x − 3 −2 = (x − 1)2 (x − 7).
−3 −3 x − 4
Logo, os autovalores de T são 1 e 7.
Portanto, os elementos de AutT (1) são da forma (x, −x, 0), com
x ∈ R. Em outras palavras, AutT (1) = [(1, −1, 0)].
1. OPERADORES DIAGONALIZÁVEIS 70
Portanto, os elementos de AutT (3) são da forma (2z, 3z, −z), com
z ∈ R. Em outras palavras, AutT (3) = [(2, 3, −1)].
Note que {(1, −1, 0), (0, 1, −1), (2, 3, −1)} é um subconjunto
linearmente independente de R3 .
(2) Seja T ∈ L(R3 ) dada por T (x, y, z) = (2x − y + z, 3y − z, 2x + y + 3z).
Sabemos que os autovalores de T são 2 e 4. Vamos exibir AutT (2) e
AutT (4).
• AutT (2) = ker(2I − T ). Logo, (x, y, z) ∈ AutT (2) se, e somente se,
(2I − T )(x, y, z) = (0, 0, 0) ou seja, se, e somente se,
y−z = 0
−y + z = 0
−2x − y − z = 0.
Portanto, os elementos de AutT (4) são da forma (x, −x, x), com
x ∈ R. Em outras palavras, AutT (4) = [(1, −1, 1)].
1. OPERADORES DIAGONALIZÁVEIS 71
Portanto, os elementos de AutT (7) são da forma (x, 2x, 3x), com
x ∈ R. Em outras palavras, AutT (7) = [(1, 2, 3)].
Note que {(1, 0, −1), (0, 1, −1), (1, 2, 3)} é um subconjunto
linearmente independente de R3 .
Os exemplos acima sugerem que se juntarmos as bases dos vários
autoespaços de T obteremos um subconjunto linearmente independente de
V.
Proposição 1.5. Sejam V um espaço vetorial de dimensão finita e
T ∈ L(V ) um operador linear de V . Sejam λ1 , ..., λm autovalores de T
dois a dois distintos.
(i) Se v1 + ... + vm = 0 onde vi ∈ AutT (λi ) para todo i ∈ {1, ..., m}, então
v1 = ... = vm = 0.
(ii) Para cada i ∈ {1, ..., m}, seja Si ⊂ AutT (λi ) um conjunto linearmente
independente. A união S1 ∪ ... ∪ Sm é um subconjunto linearmente
independente de V .
Demonstração.
(i) Faremos a demonstração deste item por indução em m. Para m = 1,
é imediato. Suponha que a asserção do item (i) seja válida para m.
1. OPERADORES DIAGONALIZÁVEIS 72
0 = T (v1 +...+vm +vm+1 ) = T (v1 )+...+T (vm )+T (vm+1 ) = λ1 v1 +...+λm vm +λm+1 vm+1 .
α1,1 v1,1 + ... + αn1 ,1 vn1 ,1 + ... + α1,m v1,m + ... + αnm ,m vnm ,m = 0
então
α1,i v1,i + ... + αni ,i vni ,i = 0
para todo i ∈ {1, ..., m}, de acordo com o item (i) desta proposição.
Como Si = {v1,i , ..., vni ,i } é linearmente independente, segue que
3Em outras palavras, T é diagonalizável se, e somente se, V admite uma base B tal que
[T ]B é uma matriz diagonal.
1. OPERADORES DIAGONALIZÁVEIS 73
Demonstração.
(⇐): Para cada i ∈ {1, ..., m}, seja Bi uma base de AutT (λi ).
Do item (ii) da proposição 1.5 decorre que B = B1 ∪ ... ∪ Bn
é um subconjunto linearmente independente de V . Temos que
|B| = m
P
i=1 dim AutT (λi ) = dim V , por hipótese. Logo, B é uma
base de V . Como B é constituı́da de autovetores de T , segue que
T é diagonalizável.
(⇒): Por hipótese, T é diagonalizável. Seja, portanto, B uma
base de V constituı́da de autovetores de T . Denotemos por
li a quantidade de elementos de B que pertence a AutT (λi ).
Temos que dim AutT (λi ) ≥ li , pois B é linearmente independente.
Pm Pm
Logo, i=1 dim AutT (λi ) ≥ li = dim V . Do item (ii) da
Pm i=1
proposição 1.5 segue que i=1 dim AutT (λi ) ≤ dim V e, portanto,
Pm
i=1 dim AutT (λi ) = dim V .
Exemplos.
(1) O operador linear T ∈ L(R3 ) dado por T (x, y, z) = (2x + y +
z, 2x + 3y + 4z, −x − y − z) é diagonalizável, pois dim R3 = 3 =
1 + 1 + 1 = dim AutT (1) + dim AutT (−1) + dim AutT (3).4 Além disso,
{(1, −1, 0), (0, 1, −1), (2, 3, −1)} é uma base V constituı́da de autovetores
de T e
1 0 0
[T ]B = 0 −1 0 .
0 0 3
(2) O operador linear T ∈ L(R3 ) dado por T (x, y, z) = (2x − y + z, 3y −
z, 2x + y + 3z) não é diagonalizável, pois dim R3 = 3 > 1 + 1 =
dim AutT (2) + dim AutT (4).
(3) O operador linear T ∈ L(R3 ) dado por T (x, y, z) = (2x + y + z, 2x +
3y + 2z, 3x + 3y + 4z) é diagonalizável, pois dim R3 = 3 = 2 + 1 =
dim AutT (1) + dim AutT (7). Além disso, {(1, 0, −1), (0, 1, −1), (1, 2, 3)}
é uma base V constituı́da de autovetores de T e
1 0 0
[T ]B = 0 1 0 .
0 0 7
2. Semelhança
e
B = M −1 AM.
Exemplo.
! !
1 2 4 0
(1) A matriz é diagonalizável, pois é semelhante a .
3 2 0 −1
2.1. Potências de matriz.
An = M −1 Dn M.
Exemplo.
(1) Seja n um número natural. Temos que
!n ! ! !
1 2 2 1 4n 0 1/5 1/5
=
3 2 3 −1 0 (−1)n 3/5 −2/5
!
1 2 · 4n + 3 · (−1)n 2 · 4n − 2 · (−1)n
= .
5 3 · 4n + 3 · (−1)n+1 3 · 4n − 2 · (−1)n+1
CAPı́TULO 5
estão satisfeitas. Sejam, portanto, (x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn ), (z1 , ..., zn ) ∈
Rn arbitrários e α ∈ R.
(P1): h(x1 , ..., xn ) + (y1 , ..., yn ), (z1 , ..., zn )i = h(x1 + y1 , ..., xn +
Pn Pn Pn
yn ), (z1 , ..., zn )i = i=1 (xi + yi )zi = i=1 xi zi + i=1 yi zi =
h(x1 , ..., xn ), (z1 , ..., zn )i + h(y1 , ..., yn ), (z1 , ..., zn )i.
(P2): hα(x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn )i =
Pn Pn
h(αx1 , ..., αxn ), (y1 , ..., yn )i = i=1 (αxi )yi = i=1 α(xi yi ) =
α ni=1 xi yi = αh(x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn )i.
P
Pn Pn
(P3): h(x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn )i = i=1 xi yi = i=1 yi xi =
h(y1 , ..., yn ), (x1 , ..., xn )i.
(P4): h(x1 , ..., xn ), (x1 , ..., xn )i = ni=1 x2i ≥ 0.
P
1Este exemplo, junto com o primeiro, serve para mostrar que pode haver mais de um
produto interno num mesmo espaço vetorial. Por isso, é importante deixar claro qual
produto interno está sendo considerado.
1. ESPAÇOS COM PRODUTO INTERNO 79
Exemplos.
(1) Seja V = Rn munido do produto interno h(x1 , ..., xn ), (y1 , ..., yn )i =
Pn p
i=1 xi yi . Temos que ||(x1 , ..., xn )|| = x21 + ... + x2n .
2. ORTOGONALIDADE 80
2. Ortogonalidade
Demonstração.
2Este exemplo, junto com o anterior, serve para mostrar que a norma de um vetor depende
do produto interno considerado.
2. ORTOGONALIDADE 81
hv,vi i
pois A é ortogonal. Logo, αi = ||vi ||2
o que implica
n
X hv, vi i
v= vi .
||vi ||2
i=1
e façamos wk+1 = w̃k+1 /||w̃k+1 ||. Não é difı́cil ver que o conjunto
{w1 , ..., wn } é ortonormal e, portanto, linearmente independente. Observe
também que wi ∈ [v1 , ..., vn ] qualquer que seja i ∈ {1, ..., n}. Como
2. ORTOGONALIDADE 82
dim[v1 , ..., vn ] = n segue que {w1 , ..., wn } é uma base de [v1 , ..., vn ] e,
portanto, [w1 , ..., wn ] = [v1 , ..., vn ].
Exemplos.
onde α1 , ..., αn , β1 , ..., βn ∈ R são tais que [u]B = (α1 , ..., αn ) e [v]B =
(β1 , ..., βn ).
S ⊥ = {v ∈ V : hv, ui = 0, ∀u ∈ S}
Exemplos.
(1) Considere R4 munido do produto interno usual. A projeção ortogonal
de (1, 1, 1, 1) em W = [(1, 1, 0, 0), (0, 0, 1, 1)] é igual a (1, 1, 1, 1), pois
(1, 1, 1, 1) ∈ W .
(2) Considere P2 (R) munido do produto interno definido no exemplo 3 da
seção 1. Vamos determinar a projeção ortogonal de v = 2x − 1 em
√
W = [x]. Temos que {x 3} é uma base ortonormal de W . Logo, a
√ √
projeção ortogonal de v em W é dada por h2x − 1, x 3ix 3 = 12 x.