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Concreto Denso

O documento descreve o desenvolvimento de concretos pesados com densidades de 4.000 e 4.500 kg/m3 para uso em um conversor de energia movido por ondas do mar. Os concretos foram produzidos usando agregados artificiais como granalha de aço e coríndon para atingir as altas densidades necessárias. Os resultados experimentais mostraram que os concretos atenderam aos requisitos de desempenho estabelecidos e podem ser usados na construção de um protótipo em escala reduzida do conversor de energia.

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Concreto Denso

O documento descreve o desenvolvimento de concretos pesados com densidades de 4.000 e 4.500 kg/m3 para uso em um conversor de energia movido por ondas do mar. Os concretos foram produzidos usando agregados artificiais como granalha de aço e coríndon para atingir as altas densidades necessárias. Os resultados experimentais mostraram que os concretos atenderam aos requisitos de desempenho estabelecidos e podem ser usados na construção de um protótipo em escala reduzida do conversor de energia.

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Dosagem e aplicação de concreto pesado de densidade 4.

000 e
4.500 kg/m3
Mix-design and application of heavyweight concrete with density 4,000 and 4,500 kg/m3

Nayara S. Klein (1); Antonio Aguado (2); Pablo Pujadas (3); Talita C. Soares (4)

(1) Professora Doutora Engenheira Civil, Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do
Paraná, ACF Centro Politécnico - Bloco III, Jardim das Américas, 81531-980 Curitiba, PR – Brasil.
(2) Professor Doutor Engenheiro de Caminhos, Canais e Portos, Departamento de Engenharia da
Construção, Universitat Politècnica de Catalunya, C/ Jordi Girona 1-3, 08034 Barcelona – Espanha.
(3) Doutor Engenheiro de Caminhos, Canais e Portos, Departamento de Engenharia da Construção,
Universitat Politècnica de Catalunya, C/ Jordi Girona 1-3, 08034 Barcelona – Espanha.
(4) Mestranda Tecnóloga em Concreto, PPGECC, Universidade Federal do Paraná, ACF Centro
Politécnico - Bloco III, Jardim das Américas, 81531-980 Curitiba, PR – Brasil.

Resumo
Os concretos pesados são uma alternativa atraente quando são necessários elementos de massa elevada
para a ocupação de espaços reduzidos, pois apresentam altas densidades e podem assumir diferentes
formas, segundo o recipiente onde são lançados. A aplicação prevista ao concreto pesado ao que se refere
o presente trabalho consiste em um conversor de energia, sendo este um sistema flutuante que gera
energia através das ondas do mar. O projeto do referido conversor prevê o uso de elementos de massa
elevada nas extremidades (tanto em proa como em popa) de uma estrutura metálica de forma oval. Para
3
isso, desenvolveu-se um concreto pesado de densidade igual a 4.000 e 4.500 kg/m .

Para a produção de concretos pesados de densidades tão elevadas faz-se necessário o uso de agregados
artificiais de granalha de aço ou coríndon. Os agregados pesados naturais, como a hematita, magnetita ou
3
barita, permitem alcançar densidades máximas no entorno de 3.800 kg/m , não sendo adequados à
aplicação em questão. Desse modo, utilizou-se um agregado graúdo de granalha 6-8 mm e substituiu-se
parte do agregado miúdo por coríndon 0,5-1,5 mm, estando estes materiais fora dos padrões de aplicação
usuais. Além dos requisitos de densidade, é importante observar também a consistência do concreto fresco,
pois o uso de agregados pesados, cuja densidade difere muito da densidade da argamassa ou da pasta,
pode ocasionar a segregação da mistura.

Devido às particularidades do concreto, norteou-se o desenvolvimento do processo de dosagem à aplicação


específica, sendo avaliadas as necessidades quantitativas e qualitativas do material, englobando conceitos
relacionados à disponibilidade de materiais componentes, acesso à área de produção e lançamento do
concreto. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar as considerações feitas durante o processo de
dosagem, assim como os resultados experimentais de caracterização dos concretos pesados produzidos,
os quais mostraram-se adequados aos requisitos inicialmente estabelecidos.

Palavra-Chave: concreto pesado; agregado pesado; granalha de aço; coríndon.

Abstract
Heavyweight concretes are an attractive alternative when heavyweight elements need to fill reduced spaces,
because they present high densities and are able to take different forms according to the container where
they are casted. The intended application for the heavyweight concrete referred to in this work is a power
converter, which is a floating system that generates power through the waves of the sea. The design of this
converter considers the use of elements of high mass at both ends of a metallic oval structure. Therefore, a
3
heavyweight concrete with density of 4,000 and 4,500 kg/m was developed.

ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1


For heavyweight concrete production with densities as high as the ones needed, it is necessary to use
artificial aggregates of steel grit or corundum. Natural heavyweight aggregates such as hematite, magnetite
3
or barite allow achieving maximum densities around 3,800 kg/m , being unsuitable for the required
application. For this reason, grit coarse aggregate 6-8 mm was used and a portion of the sand was replaced
by a corundum fine aggregate 0.5-1.5 mm, being these materials out of the standard applications. In addition
to the density requirements, consistency of the fresh concrete is also important as the use of heavyweight
aggregates, whose density differs from the density of the mortar or paste, may lead to segregation of the
mix.

Due to the particularities of the concrete, the mix-design process was oriented to the specific application and
quantitative and qualitative requirements were evaluated such as concepts related to the availability of the
component materials, accessibility to the production area and casting. Therefore, the aim of this work is to
present the considerations made during the mix-design process as well as the characterization of the
heavyweight concretes produced, which showed results in agreement with the pre-established requirements.

Keywords: heavyweight concrete; heavyweight aggregate; steel grit; corundum.

ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 2


1 Introdução
Os concretos pesados são uma alternativa atraente quando são necessários elementos
de massa elevada para a ocupação de espaços reduzidos, pois apresentam altas
densidades e podem assumir diferentes formas, segundo o recipiente onde são lançados.
Por essa razão, recorreu-se a este material durante a concepção e construção de um
conversor de energia, sendo este um sistema flutuante que gera energia através das
ondas do mar.

Conforme UPC-OCEANTEC (2008), o projeto do referido conversor prevê o uso de


elementos de massa elevada nas extremidades (tanto em proa como em popa) de uma
estrutura metálica de forma oval, como se observa na figura 1(a). Esta estrutura, quando
lançada ao mar, orienta-se paralelamente à direção de movimento das ondas, tal como se
mostra na figura 1 (b), devido tanto à geometria da estrutura quanto ao calado
suficientemente grande, entre 50 e 100 m, que minimizam a ação do vento e favorecem
essa disposição do sistema no mar. Assim, a estrutura sofre um movimento de cabeceio
oriundo das ondas, captado por um dispositivo giroscópico localizado no centro da
estrutura, o qual alimenta um gerador de energia através de uma série de etapas
intermediárias de transformação.

Necessidade de massa Estrutura do conversor


elevada nas extremidades:
concreto pesado

Direção das ondas


Dispositivo
giroscópico
(a) (b)

Figura 1 – Vista geral do conversor de energia, adaptado de UPC-OCEANTEC (2008)

Apesar das elevadas dimensões da estrutura flutuante (a longitude pode variar entre 40 e
60 m para períodos entre ondas de 10 a 12 s), o volume disponível nas extremidades é
reduzido, de modo que se observou a necessidade de um material com densidade entre
4.000 e 4.500 kg/m3, sendo então desenvolvido um concreto pesado para esse fim. Além
da elevada densidade, é importante observar a consistência do concreto fresco, a qual
não deve ser muito fluida para evitar a segregação dos agregados pesados durante a
mistura, lançamento e endurecimento do material (REVUELTA et al., 2009).

De um modo geral, os concretos pesados são produzidos utilizando-se agregados


pesados em substituição aos agregados convencionalmente aplicados na produção de
concretos. Os agregados pesados naturais, como a hematita, a magnetita ou a barita
possibilitam o alcance de densidades máximas próximas a 3.800 kg/m3. Porém, ao ser
necessário o alcance de densidades superiores, faz-se necessário o uso de agregados
pesados artificias, como é o caso da granalha de aço e o coríndon (MEHTA e
MONTEIRO, 1994; ÁLVAREZ, 2008).
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 3
Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar as considerações feitas durante o
processo de dosagem, assim como os resultados experimentais de caracterização dos
concretos pesados produzidos. Apresentam-se, também, algumas considerações quanto
à aplicação deste concreto na construção de um protótipo do conversor de energia
projetado, em escala 1:4.

2 Programa experimental
2.1 Materiais
Os materiais utilizados na produção do concreto pesado estudado são:
• Cimento Portland tipo CEM II/A-L 42,5 R, conforme a norma europeia UNE-EN
197-1 (2000);
• Agregado fino: areia calcária 0-4 mm e coríndon 0,5-1,5 mm (peso específico de
5 a 5,5 g/cm3);
• Agregado grosso: granalha de aço 6-8 mm (peso específico 7,8 g/cm3);
• Aditivo químico plastificante polifuncional e superplastificante à base de
policaboxilato.

2.2 Dosagem e produção


A dosagem dos concretos pesados foi feita considerando a aplicação específica do
material, sendo analisadas tanto as necessidades de desempenho físico-mecânico como
o lançamento do material. A tabela 1 apresenta as duas dosagens estudadas,
denominadas de dosagem 1 (D 1 ) e dosagem 2 (D 2 ), correspondentes às densidades
próximas à 4.500 kg/m3 e 4.000 kg/m3, respectivamente. Observa-se que a diferença
existente entre as dosagens apresentadas está no esqueleto granular formado pelos
agregados, pois em D 1 utiliza-se dois tipos de areia (natural e pesada) enquanto em D 2
apenas a areia natural é adicionada à mistura. A variação no consumo do agregado
miúdo demanda alteração do consumo do agregado graúdo, para a manutenção de um
empacotamento de partículas adequado às necessidades do concreto.

Tabela 1 – Dosagens estudadas.

D1 D2
Materiais 3 3
(kg/m ) (kg/m )
Cimento 403 403
Areia 380 828
Coríndon 712 0
Granalha 2.758 2.593
Plastificante 3,63 3,63
Superplastificante 1,41 1,41
Água 160 160
Total 4.418 3.989

ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 4


Ressalta-se que a produção dos dois concretos pesados cujas dosagens estão
apresentadas na tabela 1 realizou-se em dois momentos distintos, separados entre si em
11 meses, como demonstram os trabalhos de Herreira (2008) e Klein et al. (2010). Em
ambas as situações, os materiais foram misturados inicialmente na condição seca.
Porém, no primeiro momento os materiais foram vertidos na betoneira em ordem
decrescente de tamanho de grão, como se observa através da figura 2.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 2 – Ordem de adição dos materiais à betoneira, primeira produção: a) adição da granalha, b) adição
do coríndon, c) adição da areia calcária, d) adição do cimento, e) adição da água e f) incorporação dos
aditivos químicos à mistura

A adição inicial dos materiais granulares de maior diâmetro resultou em problemas de


travamento das pás da betoneira durante a mistura, produzindo grande desgaste do
equipamento e entortando uma destas pás. Para evitar esse problema, na segunda
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 5
produção do concreto fez-se a adição dos materiais à betoneira em ordem crescente de
tamanho de grãos. Essa solução resultou melhor que a anterior, pois a homogeneização
dos grãos foi mais eficiente e os materiais mais finos facilitaram a mistura, dando maior
mobilidade ao conjunto de grãos. Além disso, a altura livre entre as pás e o fundo da
betoneira foi aumentada na segunda produção.

Após a homogeneização dos materiais secos, adicionou-se a água (separando-se 2 litros


para adição juntamente com os aditivos químicos), seguida por mistura de 1 minuto. Após
isso, adicionou-se o restante da água conjuntamente com os aditivos plastificante e
superplastificante, seguido por mistura de 1 e 4 minutos, respectivamente.

2.3 Ensaios de caracterização

A caracterização dos concretos produzidos, tanto em estado fresco como em estado


endurecido, fez-se através dos ensaios descritos a seguir:

• Densidade aparente do concreto fresco (UNE-EN 12350-6, 2006);


• Consistência pelo abatimento do tronco de cone (UNE 83313, 1990);
• Teor de ar incorporado do concreto fresco (UNE-EN 12350-2, 2006);
• Densidade do concreto endurecido (UNE-EN 12390-7, 2001);
• Resistência à compressão de corpos de prova (UNE-EN 12390-3, 2003);
• Resistência à tração por compressão diametral (UNE 83306, 1985).

Além desses ensaios, realizou-se também (no segundo momento de produção, ou seja,
11 meses após os primeiros ensaios) o monitoramento da temperatura do concreto nas
primeiras 24 horas após a moldagem de corpos de prova cilíndricos. Isso se realizou, pois
é nesse período de tempo em que ocorrem as reações exotérmicas de hidratação do
cimento. Assim, considerando que o concreto em questão será aplicado em um elemento
de massa elevada, constatou-se a importância do controle da referida temperatura.

A medição da temperatura realizou-se em corpos de prova cilíndricos, com auxílio de um


termopar cujo cabo de captação foi posicionado no centro do corpo de prova (tanto em
diâmetro como em altura). Ressalta-se que o desenho do ensaio não busca determinar a
temperatura das reações de hidratação do cimento em condições adiabáticas, mas sim
monitorar a dissipação do calor gerado conforme a temperatura no interior do corpo de
prova busca equilibrar-se com à do ambiente.

3 Resultados e análise
3.1 Estado fresco

Os resultados obtidos para a densidade aparente, consistência e ar incorporado


apresentam-se na tabela 2. Através desta observa-se que a densidade dos concretos
produzidos está de acordo com o previsto no desenho das misturas. As porcentagens de
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 6
ar incorporado são baixas, conforme se espera de concretos de resistência elevada, como
se verá mais adiante.

Tabela 2 – Caracterização do concreto fresco.

Produção 1 Produção 2 (11 meses depois)


Ensaios
D1 D2 D1 D2
3
Densidade aparente (kg/m ) 4.455 4.030 4.550 4.010
Slump test (cm) 2 7 15 10
Ar incorporado (%) 2,7 2,0 2,3 2,2

A respeito da consistência do concreto fresco, observa-se uma grande variação entre os


resultados de slump obtidos durante a primeira e a segunda produção, a qual pode ser
visualizada também através das figuras 3 e 4, que mostram o aspecto do concreto depois
de realizado o ensaio de consistência com o cone de Abrams.

Nichos e falta
de argamassa

(a) (b)

Figura 3 – Ensaio de consistência com o cone de Abrams, produção 1: a) D 1 e b) D 2

(a) (b)

Figura 4 – Ensaio de consistência com o cone de Abrams, produção 2: a) D 1 e b) D 2

A mudança dos lotes dos materiais componentes utilizados pode ter colaborado para a
ocorrência de variações nos resultados. Porém, essas variações seriam pequenas, dado
que os materiais componentes em questão (cimento, aditivos, agregados pesados
artificiais e a própria extração da areia natural) são produzidos em escala industrial, com
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 7
um alto controle de produção. Assim, a mais provável explicação para as variações
observadas centra-se na mudança da ordem de adição dos materiais componentes à
betoneira durante o processo de mistura, de modo que a adição dos materiais secos em
ordem crescente de tamanho de grão favorece a fluidez, como resultado da maior
eficiência na homogeneização das partículas durante a mistura.

Verifica-se também que os concretos produzidos com a dosagem D 1 apresentam-se mais


secos que os produzidos com a dosagem D 2 , em ambos os momentos de produção
realizados. Pelas fotos é possível constatar nichos no concreto localizado na lateral do
cone (ver figura 3 (a)); assim como o desmoronamento do concreto (ver figura 4 (a)),
sendo este desmoronamento a razão pela qual o valor do slump obtido para o concreto
referente à dosagem D 1 é superior ao obtido para D 2 (ver tabela 2, produção 2). Ambas
as situações indicam a falta de argamassa nas misturas, resultado da substituição de
grande parte da areia calcária por coríndon. Este agregado apresenta superfície lisa e
sem poros; por isso, a argamassa resultante do seu uso é menos coesa que a produzida
com o agregado natural, devido à maior dificuldade da ancoragem do coríndon com a
pasta de cimento. Quanto aos concretos produzidos com a dosagem D 2 , observa-se uma
boa coesão entre os materiais componentes e o abatimento uniforme do cone, em ambas
as situações de produção. Isso é resultado do uso da areia calcária como único agregado
miúdo, o que favorece a fluidez e a trabalhabilidade do concreto.

É importante ressaltar que a consistência mais seca dos concretos produzidos com a
dosagem D 1 não impossibilita sua aplicação na construção do conversor de energia
planejado, pois esta característica não impede o lançamento do material e seu
adensamento. Além disso, o concreto estará isolado do contato com o ambiente externo
durante toda a vida útil do conversor, sendo pequena a probabilidade de aparição de
problemas de durabilidade do material. Por outro lado, os corpos de prova produzidos
foram de fácil compactação e não apresentaram problemas de falta de argamassa entre
agregados. Pelo contrário, observou-se uma distribuição homogênea tanto da argamassa
como da granalha, como se observa pelas figuras 5 (a) e (b).

(c)

(a) (b)

Figura 5 – Corpos de prova depois do ensaio de resistência à tração por compressão diametral: a) D 1 , b) D 2
e c) Ruptura na interface argamassa-granalha
ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 8
A temperatura máxima alcançada pelo concreto nas primeiras 24 horas depois de sua
produção foi de 26,4 ◦C, referente ao concreto de dosagem D 1 ; e 24,9 ◦C para o concreto
de dosagem D 2 . Estes valores não são muito elevados, apesar do consumo de cimento
ser relativamente elevado (acima de 400 kg/m3); pois além de clínquer, o referido cimento
é composto por 10 % de fíller calcário. Além disso, as condições de medição da
temperatura não foram adiabáticas, e o concreto foi perdendo calor para o ambiente
externo pouco a pouco, buscando o equilíbrio entre temperaturas.

3.2 Estado endurecido

A caracterização do concreto endurecido apresenta-se na tabela 3, onde se observa que


a densidade do concreto endurecido, referente à produção 2, é ligeiramente inferior à
obtida em estado fresco (ver tabela 2). Essa redução é consequência da perda de água
por evaporação que ocorre naturalmente com o passar do tempo.

Tabela 3 – Caracterização do concreto endurecido.

Produção 1 Produção 2 (11 meses depois)


Ensaios
D1 D2 D1 D2
3
Densidade (kg/m ) - - 4.445 3.992

Resistência à 7 dias 47,4 42,3 43,3 43,5


compressão (MPa) 28 dias 53,2 48,4 54,9 49,3
Resistência à tração, 120 dias (MPa) - - 4,22 3,13

Durante a primeira produção, apenas a resistência à compressão do concreto foi


determinada. Os resultados obtidos para este ensaio são próximos aos obtidos durante a
segunda produção. Verifica-se que o concreto referente à dosagem D 1 apresenta
resistência à compressão superior à apresentada pelo concreto de dosagem D 2 , ainda
que ambos apresentem a mesma relação a/c igual a 0,40. Isso se deve à maior
densidade de D 1 em relação à D 2 e ao uso de coríndon como agregado miúdo, sendo a
resistência deste agregado (superior à resistência da areia calcária) refletida na
resistência do concreto.

Quanto à resistência à tração, observam-se valores levemente inferiores aos


normalmente encontrados para concretos convencionais (aproximadamente 10 % da
resistência à compressão). Para o concreto de dosagem D 1 a resistência à tração é 8 %
da resistência à compressão, e este valor diminui a 6 % no caso do concreto D 2 . A razão
para a diminuição observada pode centrar-se no fato de que a ancoragem dos agregados
pesados com a pasta de cimento não é tão eficiente como a que ocorre com agregados
convencionais, já que a superfície dos agregados pesados é bastante lisa, como se pode
ver na figura 6. Nesta figura se observa também a inclusão de alguns elementos lineares
ao coríndon. Isso se confirma observando atentamente a figura 5 (c), anteriormente
apresentada, onde se constata que a ruptura à tração ocorre na interface argamassa-
granalha.
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(a) (b) (c)

Figura 6 – Superfície lisa dos agregados pesados: a) granalha, b) e c) coríndon

4 Aplicação em protótipo

Como parte do projeto de geração de energia da empresa Tecnália, integrante do projeto


UPC-OCEANTEC (2008) para a dosagem e caracterização do concreto pesado,
construiu-se um protótipo do conversor de energia planejado em escala 1:4. A construção
foi feita nas instalações da própria empresa e a produção e lançamento do concreto foi
acompanhada pela equipe responsável pela dosagem feita em laboratório. Utilizou-se o
concreto referente à dosagem D 2 , devido à melhor trabalhabilidade apresentada por este
se comparado ao concreto de dosagem D 1 .

Produziu-se 4 m3 de concreto em caminhão betoneira (2 m3 necessários em cada


extremidade do protótipo) com o objetivo de reproduzir as condições de produção que
estarão presentes na construção do conversor final. O lançamento do concreto fez-se
com auxílio de grua e cúpula, mostrados na figura 7 (a), em camadas de espessura
máxima igual a 25 cm. O adensamento do concreto realizou-se com vibrador de imersão,
como se pode ver na figura 7 (b), sendo a vibração do concreto enérgica (frequência
próxima a 20 ciclos/min) e de curta duração. A figura 7 (c) mostra o concreto já lançado
nos compartimentos extremos do protótipo construído, o qual se apresenta bastante
homogêneo.

(a) (b) (c)

Figura 7 – Construção do protótipo do conversor de energia: a) lançamento, b) adensamento e c) concreto


já lançado na extremidade do protótipo

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O processo de cura do concreto consistiu em isolar o compartimento do ambiente externo
para prevenir a perda de água por evaporação. É importante ressaltar que a concretagem
realizou-se em um dia nublado, com temperatura próxima aos 20 ◦C. Finalizados o tempo
de cura e outros processos necessários ao fechamento e isolamento do protótipo, este foi
colocado no mar, como mostra a figura 8, com o objetivo de passar por um período de
ensaios e testes quanto a sua eficiência na geração de energia a partir das ondas.

Figura 8 – Protótipo do conversor de energia

5 Conclusões

Diante dos resultados obtidos e análises realizadas, referentes à produção do concreto


pesado, pode concluir-se que o alcance de densidades tão elevadas (próximas a 4.000 y
4.500 kg/m3) é possível e está associada ao uso de agregados pesados artificiais, como a
granalha de aço e o coríndon. O uso destes agregados permite a produção de concretos
com trabalhabilidade adequada à aplicação proposta e boa homogeneidade, além de
resistências elevadas em estado endurecido (resistências à compressão próximas a
50 MPa). A produção do concreto em caminhão betoneira realizou-se adequadamente,
assim como seu lançamento e adensamento, indicando o manuseio possível e adequado
de maiores volumes do material (volume igual a 4 m3 produzido).

6 Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer a empresa Oceantec Energías Marinas S.A. e aos


técnicos José Pablo Rúiz Minguela e Raúl Rodríguez da mesma empresa, ao convenio
CTT UPC 7491 e às facilidades proporcionadas durante a realização do trabalho.
Relembra-se aqui toda a ajuda técnica e amizade, sempre oferecida pelo engenheiro
Domènec Masó (in memorian).

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7 Referências

AENOR. UNE-EN 197-1 - Cemento. Parte 1: composición, especificaciones y


criterios de conformidad de los Cementos comunes. Madrid, 2000.

____. UNE-EN 12350-6 - Ensayos de hormigón fresco. Parte 6: Determinación de la


densidad. Madrid, 2006.

____. UNE 83313 - Ensayos de Hormigón. Medida de la consistencia del Hormigón


fresco. Método del Cono de Abrams. Madrid, 1990.

____. UNE-EN 12350-2 - Ensayos de hormigón fresco. Parte 2: Determinación del


contenido de aire del hormigón fresco. Métodos de presión. Madrid, 2006.

____. UNE-EN 12390-7 - Ensayos de hormigón endurecido, parte 7: Densidad del


hormigón endurecido. Madrid, 2001.

____. UNE-EN 12390-3 - Ensayos de hormigón endurecido. Parte 3. Determinación


de la resistencia a compresión de probetas. Madrid, 2003.

____. UNE 83306: Ensayos de hormigón. Rotura por tracción indirecta (Ensayo
brasileño). Madrid, 1985.

ÁLVAREZ, M.. Consideraciones de diseño en relación al hormigón pesado.


Publicaciones del Departamento de Ingeniería de la Construcción, ETSICCP, UPC,
Director de Tesis: Luis Agulló, Barcelona, 2008.

HERRERA, Y.. Hormigón de muy alta densidad. Tesis de máster ETSICCP, UPC,
Director de Tesis: Antonio Aguado, Barcelona, 2008.

KLEIN, N. S. AGUADO, A. MASÓ, D.. Hormigón de muy alta densidad hasta 4.500 kg/m3.
XI Congreso Nacional de Materiales. Zaragoza, 2010.

MEHTA, P. K. MONTEIRO, P. J. M.. Concreto: estrutura, propriedades e materiais.


São Paulo, Pini, 1994.

REVUELTA, D. BARONA, A. NAVARRO, D.. Measurement of properties and of the


resistance to segregation in heavyweight, self-compacting barite concrete.
Materiales de Construcción, 59, 295, pp. 31-44, 2009.

UPC-OCEANTEC. Hormigón de alta densidad, igual o superior a 4,0 t/m3, para lastre
de un convertidor de olas en energía. Convenio CTT 7491 entre UPC e OCEANTEC
(2008). Responsável: Antonio Aguado.

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