Filo Lib Afro-Pub-1
Filo Lib Afro-Pub-1
PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS:
FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO E FILOSOFIA
AFRICANA
ITUIUTABA
2019
© Eduardo David de Oliveira, Leonor Franco de Araújo, Luiz Carlos Ferreira
dos Santos, Rejane Souza Costa Matos 2019.
Editora da obra: Mical de Melo Marcelino.
Arte da capa: Anderson Pereira Portuguez.
Diagramação: Anderson Ferreira de Azevedo Filho
Editora Barlavento
CNPJ: 19614993000110. Prefixo editorial: 68066 / Braço editorial da Sociedade
Cultural e Religiosa Ilè Àse Babá Olorigbin.
Rua das Orquídeas, 399, Residencial Cidade Jardim, CEP 38.307-854, Ituiutaba, MG.
barlavento.editora@gmail.com
Pareceristas:
Dr. Anderson Pereira Portuguez
Dr. Antonio de Oliveira Jr.
Dra. Luciane Dias Gonçalves Ribeiro
Dra. Maria Aparecida Augusto Satto Vilela
Maria Izabel de Carvalho Pereira
ISBN: 978-85-68066-92-8
1.Filosofia. 2. Filosfia da Libertação. 3. Filosofia Africana.
I. OLIVEIRA, Eduardo David de. II. ARAÜJO, Leonor Franco
de. III. SANTOS, Luiz Carlos Ferreira dos. IV. MATOS,
Rejane Souza Costa.
Todos os direitos desta edição reservados aos autores, organizadores e editores. É expressamente
proibida a reprodução desta obra para qualquer fim e por qualquer meio sem a devida
autorização da Editora Barlavento. Fica permitida a livre distribuição da publicação, bem como
sua utilização como fonte de pesquisa, desde que respeitadas as normas da ABNT para citações e
referências.
SUMÁRIO
Apresentação 09
FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO
El gran relato o el sujeto, su acción y retorica
Carlos Francisco Bauer.............................................. 19
A Filosofía de la Liberación y los desafíos actuales:
una contrucción interlógica de la inteligibilidad y
racionalidad
Dina V. Picotti C......................................................... 55
Atreverse a pensar como filosofo latinoamericano:
notas introductorias a los problemas de la filosofia
latinoamericana
Hander Andrés Henao................................................. 65
Por filosofias insurgentes
Hugo Allan Matos........................................................ 83
Para uma filosofia da tecnologia: as contribuições de
Enrique Dussel
Lucas Barbosa da Paz
Angela Luzia Miranda................................................. 107
A compostagem como prática de transformação
social
Pedro Henrique Oliveira Zanette................................ 129
Redes de colaboração solidária: prolegômenos para
uma economia da libertação
Rejane Matos
Eduardo Oliveira......................................................... 153
Violas e congadas: aprender para a vida
Vivian Parreira da Silva
Aida Victória Garcia Montrone.................................. 197
FILOSOFI A AFRICANA
Filosofia africana tecida pelos saberes ancestrais
femininos: poéticas de encantamento
Adilbênia Freire Machado.......................................... 223
África o la possibilidad de uma antropología
filosofico-económica de la liberación
Carlos Francisco Bauer.............................................. 243
La presencia negro africana en nuestra identidad
Dina V. Picotti C......................................................... 269
A concepção de raça e a razão negra em Achilles
Mbembe
Eliseu Amaro de Melo Pessanha................................. 303
Rodofo Kusch e Lélia Gonzalez na descolonização
do pensamento: América profunda, amefricanidade e
a perspectiva feminina de Lélia
Ineildes Calheiro
Eduardo David Oliveira.............................................. 319
A ausência imposta a Beatriz Nascimento na
construção e utilização do conceito de quilombo
Leonor Franco de Araújo
Eduardo David de Oliveira......................................... 341
Estética da Libertação: deriva, travessia e outros
itinerários
Luiz Carlos Ferreira
Eduardo Oliveira......................................................... 355
Arte afro-brasileira: um traço decolonial?
Nelm Cristina Silva Barbosa de Mattos...................... 377
A capoeira na ginga com a modernidade
Paulo Andrade Magalhães Filho............................... 395
Tradições, mudanças e permanências na festa de São
Franciso das Chagas
Renata Araújo dos Reis............................................... 417
Cada dança é uma mulher, cada dança é uma avó,
criança!
Sílvia Monique Rodrigues Ferreira
Lara Rodrigues Machado............................................ 433
ANEXOS
Resumos – Filosofia da Libertação............................. 457
Resumos – Filosofia Africana..................................... 481
Programação do V CBFL e II EIFA............................ 503
10
Gabardo Percicotty e Geraldo Balduino Horn problematizam a
filosofia da libertação em Dussel, com intuito defender uma
perspectiva de filosofar como educação filosófica e formação
cultural crítica. No trabalho Como a monitoria indígena passa a
ser um lugar de trocas interculturais dentro do curso de
Pedagogia da UFRGS? Ana Isabel Melo dos Santos; Ana Lúcia
Castro Brum; Magali Mendes de Menezes oferta para o debate a
urgência de se pensar o acesso e permanência dos discentes nas
universidades estaduais e federais advindos das comunidades
indígenas. O trabalho aponta para a importância de construir
conhecimentos a partir das experiências dos sujeitos, para isso a
chave de leitura da interculturalidade é trabalhada. O trabalho
de Ana Lúcia Castro Brum, intitulado A Educação escolar
indígena: um diálogo intercultural, provoca o debate acerca do
diálogo da educação escolar indígena com a formação
continuada de professores indígenas buscando promover um
espaço intercultural de libertação. Neste itinerário de libertação,
o resumo de Daniel Pansarelli, Suze Piza e Hugo Allan Matos, A
tarefa da Filosofia da libertação no Brasil: por uma filosofia da
insurgência, tem como objetivo provocar uma elaboração
coletiva de ações insurgentes contra o atual estado de coisas,
para isso traz a seguinte questão: Qual a tarefa da Filosofia da
libertação no Brasil? Na trilha do solo latino americano, o
resumo, de Dorvalino Rafej Cardoso e Magali Mendes de
Menezes, Notas de um diálogo intercultural: as
(des)orientações entre um indígena e um não indígena, oferece
uma reflexão instigante da relação de orientação entre uma
professora não indígena e um estudante indígena. Ainda na
virada decolonial, de se pensar apartir de outras perspectivas, o
resumo Decolonialidade no cinema brasileiro contemporâneo:
o caso de Que hora ela volta? de Fagner de Lima Delazari e
Maria Lyvia Pinheiro Barros problematiza o tema da
11
decolonialidade no longa-metragem Que horas ela volta? O
filme, além de outras questões, problematiza o espaço de poder
disputado por grupos sociais distintos. A filha da empregada
doméstica acessa a uma universidade pública. Os grupos de
trabalhadores problematizam os privilégios no Brasil. O artigo
de Hugo Mattos, por filosofias insurgentes, desafia-nos a
abertura para outros paradigmas da reflexão filosófica na
América Latina. O resumo de Lucas Gois Pereira e Antonio
Enrique Fonseca Romero, O trabalho como fonte de direitos,
debate a relação entre o trabalho e os demais direitos, sob uma
ótica sócio-histórica. O trabalho caminha para a libertação. No
resumo, Para uma filosofia da tecnologia: as contribuições de
Enrique Dussel. de Lucas Barbosa da Paz e Angela Luzia
Miranda, os autores questionam que papel cumpre a tecnologia
nos processos de exclusão e dominação social? E, em
contraposição, pode a tecnologia exercer e significar um
processo de libertação? No trabalho de Pedro Henrique de
Oliveira Zanette, A compostagem como prática de
transformação social, busca compreender a compostagem dos
Resíduos Orgânicos do Restaurante Universitário do Campus 2
da USP São Carlos - Balanço do funcionamento inicial e
propostas de melhorias. Rejane Matos e Eduardo Oliveira
apresentam as Redes de Colaboração Solidária, na formulação
de Euclides Mance, como os prolegômenos de uma Economia
da Libertação no artigo Redes de Colaboração Solidária:
prolegômenos para uma economia da libertação. O resumo de
Vívian Parreira da Silva, Violas e Congadas: aprender para a
vida, apresenta a experiência de uma inserção realizada junto ao
grupo de violeiros da cidade de São Carlos denominado Rancho
do Abacateiro.
12
O trabalho de Carlos Francisco Bauer, El gran relato o el
sujeto, su acción y retórica, problematiza se a “macro” história
está morta ou ainda está viva? Ele defende que esta
“grande”história não morreu, mas algo foi fragmentado, e o que
foi que morreu desta grande história? É o que o texto persistir
em responder. O trabalho de Dina Picotti, La filosofía de la
liberación y los desafíos actuales-una construcción interlógica
de la inteligibilidad y racionalidade, problematiza a filosofia da
libertação. Picotti chama atenção para a periodicidade do
momento em que emergiu a filosofia da libertação como
movimento filosófico e qualifica dois aspectos em que esta
filosofia reivindica, o primeiro é a perspectiva histórico-
geocultural e segundo, o método analético. Na discussão da
filosofia latino-americana, o texto: Atreverse a pensar como
filósofo latinoamericano: «Notas Introductorias a los
Problemas de Filosofía Latinoamericana» de Hander Andrés
Henao, problematiza as condições históricas e biográficas dos
pensadores latino-americanos da nova geração, pois, de acorod
com Henao, já tem um vasto avanço para pensar de uma
maneira situada e crítica sobre sua própria realidade mundial.
13
relações étnico raciais, com isso, propondo a epistemologia do
sul com a sociopoética na disputa de sentidos. No trabalho de
Eliseu Amaro de Melo Pessanha, A concepção de raça e a razão
negra em Achille Mbembe, ele apresenta uma leitura de que a
ideia que a humanidade subalternizada irá se tornar o negro do
mundo. Na trilha de um pensamento negro, Ineildes Calheiro e
Eduardo Oliveira, apresenta uma leitura inovadora do diálogo
entre Lélia Gonzalez com Rodolfo Kusch, Descolonização do
pensamento com Rodolfo Kusch nos anos 40-70 e Lélia
Gonzalez nos anos 80: pensando “amefricanidade” no
feminismo hoje. A categoria do espaço, tanto a amefricanidade
como o pensamento seminal, Gonzalez e Kusch, mobilizam uma
libertação do pensamento. Leonor Araújo e Eduardo Oliveira,
no ausência imposta a Beatriz Nascimento na construção e
utilização de Quilombo, faz jus a pensadora negra que, apesar de
sua profícua produção, foi invisibilizadas no pensamento social
brasileiro, valendo-se ainda do filme Ori de Raquel Geber sobre
Beatriz, para a vitalidade dos argumentos que, em tempo, traz a
mulher atlântica novamente para o cenário da produção do
conhecimento. No percurso de provocar uma estética da
libertação, Luís Carlos Ferreira e Eduardo Oliveira
problematizam a filosofia africana como estética de libertação:
Estética da libertação: deriva, travessia e outros itinerários,
discutindo, tal perspectiva, desde as categorias: deriva, travessia
e arquipélagos. O resumo de Luís Thiago Freire Dantas,
intitulado, Travessias epistemológicas: narrativas filosóficas de
África, busca apresentar um diálogo com a filosofia africana de
maneira que permite problematizar a história da filosofia como
uma atividade contínua de descolonização. Na dimensão do
debate negro com a perspectiva decolonial, Nelma Cristina Silva
Barbosa de Mattos, apresenta em seu trabalho Arte afro-
brasileira: um traço decolonial? que a produção plástica de
14
experiência negra pode ser compreendida como uma consciente
ferramenta decolonial do sujeito negro no Brasil. no caminho de
provocar a poética com os discentes, Paula Viviane Cordeiro
pretende, em Oralidade: A Literatura Africana e Afro-Brasileira
e a voz negra na formação de declamadores/leitores na escola,
contar histórias através do declamar poesias afro-brasileiras e
africanas na busca de potencializar nos discentes uma relação
entre a fantasia e a realidade para o desenvolvimento de um
mundo encantado. O trabalho de Paulo Andrade Magalhães
Filho, A capoeira na ginga com a modernidade, busca entender
como a capoeira se relaciona com a Modernidade. No trabalho
de Renata Araújo dos Reis, Tradições, mudanças e
permanências na festa de São Francisco das Chagas, Reis
apresenta a provocação de como as tradições atuam de forma a
legitimar o presente, considerando as constantes transformações
a que estão sujeitas, para isso estabelece uma análise sobre a
Festa em Louvor a São Francisco das Chagas, festa anual que
possui uma centralidade no fortalecimento dos valores
identitários e simbólicos do Remanso - comunidade
remanescente de quilombos localizada em Lençóis/Bahia.
15
O texto de Sílvia Monique Rodrigues Ferreira e Lara
Rodrigues Machado, Cada dança é uma mulher, cada dança é
uma avó, criança! Mobiliza uma memória criativa e engajada. É
um texto que traz a força do gesto e a poética das palavras. É um
gesto que carrega consigo uma contra-violência. Cada dança é
uma mulher, cada dança é uma avó, é poética e violento.
Axé/Nguzo!
Eduardo Oliveira
16
FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO
17
18
EL GRAN RELATO O EL SUJETO, SU ACCIÓN Y
RETÓRICA
Introducción
19
ver en muchos campos diseminado y todavía más afirmado en
su fragmentación. Entonces, ¿qué murió de este gran relato?
¿Qué es lo que vive de él y cómo vive? Deberé irlo investigando
en el desarrollo de estos surcos, que no pretenden acabar el
tema, sino tal vez, algo más interesante, dejarlo abierto para
otras contribuciones, replanteos y reformulaciones.
20
regenerar una nueva historia de amor y justicia para la
humanidad.
21
impositiva de la otología del gran sujeto, dicha acta de
defunción, funeral y entierro dispersó la mirada crítica,
universalizando el problema y desamparando a la diversidad
subjetiva de sus sujetos vivientes sometidos a tal proceso, que
de ninguna manera debían morir o caer en esta rodada.
2
Al concepto lo introduzco en el artículo “Entreculturalidad II”.
(http://www.grupokaweiro.hol.es/index.php/129-art-america-honda-
entreculturalidad-2-es)
22
La muerte ontológica del sujeto absoluto ocultó al
rizomático sujeto absoluto empírico, venal, al sujeto bruto que
lejos de disolverse continuó creciendo, llegando a niveles de
acumulación insospechados en otros tiempos. Los que luego
fueron disueltos por la larga noche neoliberal fue la diversidad
de sujetos oprimidos por un sistema subjetivo que siguió
incrementándose geométricamente. Los sujetos oprimidos
quedaron con sus solos nombres, pero sin historias ni tradiciones
que los unan, ni organicen, ni liberen. Este neoliberalismo es el
que hoy Joseph Stiglitz llama a su “sepultara civilizada”. Aún el
gran relato recomienda como sepultar algunas notas del gran
relato que ha sepultado a sociedades y comunidades completas
de la forma más cruel de concebir. Se continua des-
absolutizando epistemologías discursivas de este gran relato,
pero su cuerpo empírico (ego-capital-técnica) continúan en la
misma dinámica, incrementándose aún, para no decrecer.
23
latinoamericano, siendo la primera periferia de esta caverna
global. En este 2017 comienza la generación 22 dentro de este
proceso de aculturación. Bajo esta visión genalógica de
aculturación toda la dominación debe estar en permanente
renovación.
24
Consecutivamente sería la voluntad, el estómago y el corazón
del sistema. La parte rizomática de este sistema se encuentra en
todos los demás elementos que se relacionan al modo de un
organismo viviente, pero no de manera fija, sino variando según
el imaginario de dominio y la funcionalidad que presta al ego-
capital-técnica. Es una absolutización de la vida que juega con
extremos de rigidez y extremos de plasticidad en un horizonte
patológico que posee una lógica interna que “todo” lo permite.
Es el momento más riesgoso de la historia humana. El
pensamiento crítico debe tener una profundidad, mediación y
alturas meridianas para no reproducir las lógicas de un ser que
devino patología espiralada creciente y que ha envuelto al
mundo. O para transformarlas cuando las hemos absorbido, que
es lo que común y generalizadamente sucede. El ser deviene
voluntad, y la voluntad deviene organismo patológico de
dominio contemporáneo en cuadros históricos de este tipo.
3
El artículo puede verse en
file:///C:/Users/Public/Documents/backup/c/Nueva%20carpeta/Mis%20docu
mentos/Brasil/UNILA/UEPG%20(Publicaci%C3%B3n%20Brasil)/Historia%
20para%20la%20liberaci%C3%B3n.pdf
25
conciencias de la gente-en-el-mundo. La conquista y
colonización han sido las formas en las que han comenzado los
dominios modernos, y una serie de dispositivos las maneras en
la que dicho dominio se ha desplegado y mantenido en el
tiempo. Intentaré analizar esta matriz a nivel histórico-filosófico
y sus sub-dispositivos. Dicha matriz se conceptualiza y explicita
fines del Siglo XVII, es decir con la segunda modernidad. Pero
de manera implícita ya viene operando dicha visión de forma
teórico-práctica en los sujetos hegemónicos, por ejemplo, en un
Sepúlveda desde la primera modernidad en el Siglo XV-XVI.
26
contenido no es concientizado críticamente como núcleo-ético
mítico, manteniéndose al nivel de la conciencia inauténtica de,
por ejemplo, un G. Germani, olvidando a qué clase social
pertenece dicho núcleo ético-mítico. De todos modos, lo que
voy a denominar como sub-dispositivos de las tres edades, sea
que estas se tomen como matriz o como gran dispositivo fáctico
y relatorio, una vez subsumidos en ella operarán como una gran
red práctica e instrumental que tiende a atrapar a todo tipo de
sujeto como si fueran presas.
27
1685 y por la gran repercusión que tuvo llevó a que lo formule
en Historia Medii Aevi a temporibus Constanini Magni ad
Constaninopolim a Turcis captam deducta en Jena en 1688.
Luego se editaría Historia Vniversalis. Breviter ac perspicve
exposita en 1753.
28
último de la historia. El fin de la historia -etapa de etapas, cierre
de cierres- no se relacionó sino con esta realización última que
no debe ser modificada, ya que ha sido la última finalidad
“divina” de la vida para una corriente capitalista, o cósmica de
la vida para el “ateísmo” capitalista.
29
arquitectónico y sistemático de dominio sobre la conciencia, la
materia, la naturaleza y el espíritu; como forma episódica de la
voluntad (razón práctica) global desencajada, desarticulada,
dislocada. Si el capital operado por el ego es su meta-matriz o
primer dispositivo que marca el ritmo del movimiento de la
cultura comenzando su escalada a nivel planetario con el
comienzo de la modernidad (segundo dispositivo o segunda
meta-matriz) siendo su horizonte de sentido.
30
empíricamente transitado, teórica e intencionalmente contraído a
unas cuantas partes, en la que una se impone a las demás.
Comenzar a desarrollar una crítica a este dispositivo orgánico
biográfico es empezar a realizar diversas rotaciones, giros
históricos, investigativos, desarrollistas, progresivos, etc. Se
trata incluso si se quiere de cumplir hasta con el precepto
propio de la modernidad, pero sobre todo de nuestra exigencia
de liberación en el espíritu crítico y constructivo. Los dos
primeros dispositivos se hayan contenidos explicativamente en
el tercer dispositivo científico que a su vez interioriza a aquellos
dos con la fundamental tarea de consolidar el núcleo de la
conciencia ético asimétrica mítica de su mito civilizador y
desarrollista.
31
hacia una historia de liberación para la ampliación y el cuidado
de la vida. La liberación ya no pasa solo por el fundamental
hecho de reconocer derechos civiles, sino que se trata del
complejo de resguardar la vida, última instancia para la
elección, proyección y construcción de todo derecho inherente
de libertad. La nueva historia debe cuidar la vida entera, más
que su horizonte, decimos su órbita completa que todos los días
vemos marcharse ante pálidas miradas expectantes de un nuevo
tiempo. Debemos favorecer filosofías, historias para el cuidado
de la vida.
4
Marcillo Ficino nace en Figline Valdarno en 1433 y muere en Careggi en
1499, ambos poblados se encuentran en las cercanías de Florencia. Como
sacerdote y filósofo renacentista fue el artífice del renacimiento neoplatónico
encabezando la academia platónica florentina.
32
Florencia. Posteriormente será el esplendor de Florencia, a la
que Maquiavelo le dará un lugar modelo con respecto a los
Estados Modernos que habían comenzado a asomar en la
historia desde el mundo bizantino, como sucede con Venecia,
Génova y Amalfi. Ambas ciudades son comerciales, culturales y
políticamente del Mediterráneo oriental que es parte del mundo
bizantino.
5
Véase Said, E.: Orientalismo. Editorial Debate, Barcelona, 2002.
33
desconstrucción de este gran relato como falacia histórica
desarrollista que aún se enseña en el mundo, conjuntamente con
la construcción de marcos explicativos alternativos, provisorios
pero con correspondencia con los procesos históricos entre-
regionales.
34
histórico descolonizador que de-construyan lo que el ya
mencionado Jauretche nombró como el estatuto legal del
coloniaje en cada región. Ver el mundo desde aquí6 proponía
Jauretche como método. Pero su aquí incluía un nosotros
nacional y popular que tendía a cerrarse en un claro ontologismo
propio de la época y acorde al de Abelardo Ramos. El aquí
ampliado que planteamos como auto-localizado y pluri-
localizado comprende un nosotros interactuando con un
vosotros7, ambos, a su vez y en su interior pluriculturales,
pluriétnicos, plurinacionales, como acción popular inter-des-
ontologizante desde un movimiento interior, y que, a su vez,
garantiza no caer en populismos ontológicos.
6
Véase Jauretche, A.: F.O.R.J.A y la década infame. Obras completas Vol. 9.
Editorial Corregidor, Buenos Aires, 2008, p. 57 y siguientes.
7
Tema analizado en “Punto de partida…” de Bauer, C. 2008.
35
opciones liberadoras en cada uno de estos sujetos, como se
viene haciendo, por ejemplo, desde las distintas teorías y
movimientos liberacionistas latinoamericanos.
36
puesto de afectada, la primera e inédita historia mundial que
comienza Europa desde su posición de dominador en este
primer desconcierto mundial.
37
acuerdo al desarrollo de su historia interna, como si dichos
logros y procesos fueran intrínsecamente su única posibilidad de
desarrollo. La historiografía europea impone su linealidad
cientificista de causa-efecto des-vinculante como forma de
dominio del mundo histórico, como si su centralidad se dedujera
simplemente de su-yo.
38
de la historia de la humanidad como he mencionado señalando
críticamente el núcleo ético-mítico.
39
de justicia y economía lo comprueba. No hay redimido sin
redentor, lazos y caminos de sangre derramada los unen para
siempre.
40
Los procesos son más complejos y en muchos casos lo que
muestran como conectado está desconectado y lo que muestran
como desconectado está conectado. Es ocultar y producir con la
historia un imaginario que puede llevar 1000 años deconstruirlo.
La planificación de dicha falacia esta intrínsecamente vinculada
a la producción de un imaginario de larga duración que tiende, a
su vez, a modificar el contenido de las conexiones cerebrales.
Ojalá un día no muy lejano se comprenda este sólo hecho.
23) Sujeto: se trata del ego como nuevo eje. Del ego
partior ya mencionado arriba, al Ego Rex y de este al ego
conquiro, con consecuencia directa sobre el ego cogito y su
autoconciencia y trascendentalidad subjetiva o comunitaria
posterior. El ego es un espacio no vacio, sino maleable para ser
intercambiado siempre con nuevos significantes.
41
destructora y consumista del gran sujeto y su retórica
necesitan indefinidamente materia.
42
Por otro lado, y en los orígenes de la violencia colonial,
la figura de la Malinche es utilizada para erotizar la violencia de
la conquista. Además de que se la oculta como mujer que pierde
su pueblo por la pasión sexual. La dependencia de estas
estructuras de la violencia tiene vigencia aún. La
descolonización y liberación a este respecto están pendientes
todavía.
43
su ontología las jerarquizaciones existentes entre no solo
varones y mujeres, sino entre todos los opuesto adquiriendo una
naturalización ipso facto y ad hoc acompañado de una
manipulabilidad asombrosa. Por otro lado, al restar valor
cognoscitivo a las cualidades asociadas con lo femenino se
aseguran que las mujeres no tengan con que revestir la lógica
dicotómica y sólo integren la parte desfavorecida. El corset se
teje en cuatro pasos simultáneos: 1) elaboración de las
dicotomías; 2) jerarquización; 3) sexualización; 4) exclusión del
valor cognoscitivo del lado femenino.
44
que tenga tal o cual color. Incluso Dios será inferior. No aparece
la cuestión del color discriminado en, por ejemplo, J. G. de
Sepúlveda quien formuló una cosmovisión jerarquizada para la
modernidad. Pero es cierto que la racialidad en la modernidad,
pasará luego a ser un fundamento principal conjuntamente con
todos los demás fundamentos, incluso antes de su posterior
formulación como teoría moderna de la racialidad. El elemento
de la racialidad es muy maleable, a la vez que fortalece a los
demás fundamento, se fortalece con los mismos, (ego-capital-
técnica-raza superior). Anteponer este elemento al corset
conceptual, como también post-ponerlo, fortalece y solidifica
corporal, económica y ontológicamente dicho dominio del
mundo moderno. Son de raza superior los hombres modernos y
de raza inferior los antiguos y medievales. El sintético esfuerzo
para este dispositivo, no es minimizarlo, pero tampoco
totalizarlo de forma que impida integrarlo a los muchos
fundamentos que lo determinaron a redescubrirse después de la
opresión experimentada, sino ubicarlo en un marco histórico
más amplio y comprensivo que pueda trascender la visión del
color ontológico, como artífico. Y poder, en cambio, construir
una visión integral como especie humana sin tales divisiones
que terminan imponiendo un determinismo a la historia en una
dinámica de sucesión e inversión de criminales jerarquías del
“color” y de la supuesta “bilogía” superior.
45
neocolonialismo que encontrará consolidarse en su versión de
ego trascendental, arquitectónico y sistemático autoconsciente.
Este ego sofisticado posee un sub-dispositivo interno que es el
androcentrismo consistente en percibir el mundo desde la
óptica exclusiva de los hombres, de forma paternalista,
protectora, misógina. Sub-dispositivos internos al
antropocentrismo. Luego de la implosión posmoderna del
sujeto absoluto dicho ego se fragmentó en su ontología, pero
lejos de desaparecer se etnocentrizó aún más, por ejemplo, como
comunidad ideal de habla. Comunidad trascendental ideal
egótica en Apel-Habermas. El etnocentrismo norteamericano
comunitarista de EEUU y multiculturalista Canadiense son un
paradigma. Digo implosión porque la explosión subjetiva ya
había acontecido con los noventa millones de muertos del
proceso de conquista americano. No cae el gran relato fáctico
con la posmodernidad. Lo fáctico disolvente es una evolución
mutacionista de sí mismo. Su lógica al fin (telos) sigue
incrementándose y la contradicción, en vez de diluir al gran
sujeto de la económica (Capital) lo hace más grande y peligroso.
La subjetividad hegemónica disuelve su discurso esencialista
pero cambia de absolutismo por uno aun más objetual
incrementando su poder. Y las subjetividades populares-
culturales absorben toda la disolución subjetiva quedando
desorientadas porque se les importa dicha muerte. Se perjudica
su organización que además deben absorber las agudas crisis
neoliberales casi sin capacidad de reacción colectiva. La vida
artificial del capital incrementada a través de la acumulación
intensifica las contradicciones llevando el riesgo de la existencia
a un paroxismo que hace peligrar el horizonte completo de la
vida. De todos modos el eurocentrismo en este nivel subjetivo ni
se sospechaba, hace solo algunas décadas era el ideal concreto a
seguir no a suplantar.
46
30) Vida cotidiana: la cotidianeidad ha perdido su
desenvolvimiento ritual a manos del proceso de secularización
del modo de producción capitalista burgués. La cotidianeidad ha
sido robada y puesta a trabajar para el capital como si fuera un
conjunto conformado por la ecología y la colectividad de
subjetividades dominadas y puestas a trabajar para dicho capital.
La cotidianeidad produce exclusivamente capital, siendo un
subsistema del capital. La cotidianeidad deviene esclava,
deviene ego-capital- técnica.
47
grados, hay lógica lineal, unívoca, de una equivocidad que solo
el dominio sintetiza y que atraviesan las épocas y las
circunstancias. La duda y la ciencia spenceriana atacan los
criterios y principios de todos estos sujetos milenaristas
oprimidos.
48
subjetiva, ni epistemológica, ni científica, ni religiosa, ni
retóricamente para la época, para el sistema, para la opinión
pública mundial. Sí declaro, que la esencia del capitalismo y del
capital han muerto en mí corazón, en mi inteligencia, en mi
cuerpo, en mi espíritu. Es mi subjetiva y pequeña contribución
en esta tarea. Esto se corresponde con una de mis mayores
felicidades de liberación en medio del desierto de la modernidad
que aún anuncia sus peores tormentas (léase Trump). Se trata de
ser ateo de la estructura del sistema y del organismo del sistema
del capital también. Una cosa es ser ateo del capital como
estructura, y otra cosa es matar al capital como organismo
patológico en uno mismo y declararlo muerto dando paso a la
vida constructiva. Ambos puntos están relacionados. El primer
aspecto, en general, antecede a los dos que siguen. Ser ateo del
capital lo desarrollo en La analéctica (Tomo I)8 y en relación a
otros aspectos en Anápolis (Tomo II) sobre todo en su segunda y
tercera parte. Sobre la muerte del capital en mí, es una
declaración que la llevo a cabo en el extenso artículo “Historia
para la liberación. Crítica a la voluntad (razón-práctica) global”.
La parte constructiva frente a la declaración de este enunciado la
represento por ahora en el poliedro pluri-histórico y pluri-
trascendental que significa Anápolis. De forma similar declaro
en este artículo la muerte de la modernidad y de su ego en mi
8
Este es el tomo I que en realidad hoy lo re-titularía como Mi propuesta
analéctica en correspondencia con la historia latinoamericana y en diálogo
con lo elaborado por E. Dussel. Tomo el tema 32-33 años después de que
fuera planteado (1973-1974) y 10 años antes de que Dussel lo retome
nuevamente (2016). Cuando comencé a trabajar el tema lo hice a
contracorriente incluso de los círculos más allegados, debido a que se
consideró que fue postulado en el 73-74 y el autor no lo tocó más. En el tomo
I demuestro que no es así. En el tomo II desarrollo cabalmente las diferentes
dimensiones. La justificación de mi trabajo es más extensa y sutil, pero no es
el espacio para desarrollarla, salgo del paso remitiendo estas obras.
49
corazón racional. Debo también declarar la muerte de la
necesidad de élites en mi razón filial. No es posible la necesaria
transformación de la subjetividad, para un presente de vida, sin
dar de baja a estos elementos. Es preciso desapegarse y
dejarlos partir para que la nueva vida pueda gestarse, para que la
nueva subjetividad pueda nacer, ya que todos esos elementos
han sido incrustados en nosotros y vosotros. No solo
necesitamos una nueva persona no egótica ni consumista, o un
nuevo sistema, sino una nueva vida filial y cordial en todos los
sentidos y dimensiones.
Referencias
50
económica internacional de la Argentina 1990-2004. FLACSO
sede Argentina y SECYT.
51
LANDER, E.: La colonialidad del Saber. Eurocentrismo y
Ciencias Sociales. Perspectivas Latinoamericanas. CLACSO,
2005.
52
HABERMAS, J.: Teoría de la acción comunicativa. Editorial
Taurus, Buenos Aires, 1990.
53
NIETZSCHE, F.: Así Hablo Zarathustra. Planeta Agostini,
Buenos Aires, 1992.
54
A FILOSOFÍA DE LA LIBERACIÓN Y LOS DESAFÍOS
ACTUALES:
Una construcción interlógica de la inteligibilidad y
racionalidad
Dina V. Picotti C.
UNGS - Univ.Nac.de
Gral.Sarmiento, Argentina
1.
55
práctica con una mirada universal situada y analógica del
hombre, de modo que "los aportes regionales de las ciencias
'encarnen', sitúen y concreticen la universalidad y la radicalidad
filosóficas sin reducirlas a una dimensión humana particular, ni
a una sola época, ni a un solo ámbito social o geocultural",
trascendiendo las particularidades, pero sin diluir las
abstracciones universales que puedan considerarse superiores10.
56
a las Américas. La primera pregunta filosófica que se hicieron
estuvo marcada por la ontología: ¿son los indígenas hombres o
no lo son? La filosofía está siempre ligada con la geopolítica.
El método analéctico
57
interpelante más allá de la propia comprensión del ser, más allá
del propio interés.3Este método integra, al menos en su base, dos
modos de análisis filosóficos ya tratados y utilizados por la
tradición filosófica: la analogía -método clásico, bastante
utilizado en el tomismo y otras escuelas de la escolástica-, y
la dialéctica -ya se la entienda en su vertiente platónica o en su
vertiente hegeliana/marxista-. En la obra Método para una
Filosofía de la Liberación (1974), Dussel analiza la dialéctica,
desde Aristóteles hasta la superación de lo que denomina la
“ontología dialéctica hegeliana” por parte de la analéctica como
método de un filosofar meta-físico, así como en Filosofía de la
Liberación (1977) expone de manera detallada lo que podría
considerarse un resumen de su “primera ética”.
58
pensar pasando por las diferencias, pensar a partir de lo abierto
de la historia.. Al respecto, sostiene que los verdaderos críticos
del pensar dialéctico dominador son los movimientos de
liberación del Tercer Mundo, porque éstos escuchan al otro no-
europeo que ha sido oprimido. Dussel entiende que el rostro del
otro, ante el que nos situamos en el cara-a-cara, reconocido por
la filosofía de Lévinas, está más allá del pensar; es
primeramente un hombre y no puramente “manifestación de los
entes en el mundo como para Heidegger. Desde Lévinas, Dussel
allana el camino del método analéctico, el mismo “viene de un
nivel más alto (aná) que el del mero método dialéctico”, que
sería el camino que la totalidad realiza en ella misma, desde los
entes al fundamento y desde el fundamento a los entes, mientras
de lo que se trata es partir del otro como libre, de su palabra, de
su revelación. “El método ana-léctico es el pasaje al justo
crecimiento de la totalidad desde el otro y para “servir-le”
creativamente. Como afirmaba Feuerbach “la verdadera
dialéctica” parte del diá-logo con el otro y no del “pensar
solitario consigo mismo”. De este modo, la verdadera dia-léctica
tiene un punto de apoyo ana-léctico, es un movimiento ana-dia-
léctico); mientras que la dialéctica falsa, dominadora e inmoral
es simplemente un movimiento conquistador: dia-léctico.” Sólo
la analéctica es capaz, entonces, de comprometerse con el
proceso de liberación del otro, que se aproxima desde más allá
de nuestro sistema reclamando justicia. A partir de ello, la
analéctica se entiende como una económica,
una erótica, una pedagógica y una política, que trabaja por la
realización de la alteridad humana, que nunca es solitaria, sino
“la epifanía de una familia, de una clase social, de un pueblo, de
una generación, de un sexo, de una época de la humanidad y de
59
la humanidad misma por entero, y, más aún, del otro
absoluto.”12
60
lo propio en la universalidad analógica, que no es ni
universalidad abstracta (…) ni la universalidad concreta.” Por lo
que se entiende que sin tener en cuenta el método analéctico
todo método se reduciría sólo al científico, a lo fáctico natural y
ello comportaría el riesgo de reducirse únicamente a lo lógico-
matemático, donde, según lo advierte el autor, “se refugia el más
ingenuo pero gigantesco peligroso cientificismo”. Por el
contrario, el campo de la analéctica es la exterioridad meta-
física, su punto de partida es la epifanía de la proximidad del
otro, su principio es la lógica de lo di-stinto y su categoría
propia es la alteridad13.
61
epistemológicas, R. Fornet Betancourt14 registra una
redefinición en el tránsito de Lévinas, al cual Dussel remonta la
categoría de exterioridad, a Marx, en quien descubre una
diálectica positiva, en tanto integra la exterioridad y por lo tanto
ya no es impulsada por una negación de la negación, que tiene
por último horizonte la totalidad y por lo tanto cae en tautología,
sino por una afirmación de la exterioridad, que da paso a lo
nuevo, diferente.
62
en tanto ertenece a otro horizonte simbólico que pasa a ser
reunido con el propio.
63
64
ATREVERSE A PENSAR COMO FILOSOFO
LATINOAMERICANO:
notas introductorias a los problemas de filosofía
latinoamericana
65
pensamiento y praxis de liberación. Lo anterior nos obliga a
realizar un des-arme del andamiaje categorial eurocéntrico con
el que hemos pensado hasta el momento la realidad; realizar un
salto cualitativo y des-mitologizar la historia atreviéndonos a
pensar como verdaderos filósofos latinoamericanos.
66
(geist) que se desarrolla a lo largo de la historia y que tiene a
Europa como centro de ese proceso.
67
concreta real, interrelacionado con otras realidades concretas
reales, en el que se conjugan procesos históricos fundamentales
como: la Colonialiddad del Poder, la Modernidad y el
desarrollo del capitalismo; ahora, lo que caracteriza al
Eurocentrismo es la falacia desarrollista, en la que se considera
a Europa como centro y fin del proceso histórico cultural
universal
68
realmente generar una totalización universal a partir de un
sujeto-histórico-cultural particular. La modernidad es un sistema
totalizador que impone lo mismo (tó autó) del sujeto del capital
y de un sujeto cognoscitivo único.
69
cara ocultada y victimizada de la modernidad eurocéntrica:
Latinoamérica.
15
El profesor Carlos Bauer en una de sus clases introductorias a los
problemas de la filosofía latinoamericana, nos recuerda que el sistema inter-
regional mundial en su desenvolvimiento histórico presenta cuatro momentos
(Gelstalt): I): Egipto-Mesopotamia; II): Indu-Europeo; III):Asiatico-Afo-
Mediterraneo y, IV): Sistema Mundo. Notas de clase.
70
constitucionalidad, ya que es el inicio del Sistema Mundo. Es
por ello que Hegel se encargó de dejar por fuera del
desenvolvimiento del espíritu a la periferia Europea: España y
Portugal.
71
De un lado tenemos el discurso mitologizante de J. G. de
Sepúlveda, que sostenía que la modernidad es emancipación,
liberación de las cadenas y entrada en el reino de la libertad por
medio de la razón. Desde su perspectiva se trata de entender el
estatuto ontológico de los indios (de lo No-europeo), desde la
lógica de su falta de humanidad por medio de la cultura, esto es,
son considerados humanos, en la medida que creados por Dios,
pero inhumanos, en razón a sus hábitos y formas culturales
(inmadurez culpable ontológica dirá Kant más tarde). Se parte
de la superioridad de la propia cultura para encontrar lo ya
considerado inicialmente: la inferioridad cultura de los demás
pueblos. Queda justificada entonces la barbarie “civilizadora” de
Europa frente a los pueblos latinoamericanos originarios.
72
internar en el argumento evangelizador, en el que se
presenta al indio como creación divina pero a la vez
que como su negación absoluta. Reconocer que el
otro es universal porque Dis-tinto, porque
absolutamente Otro.
73
La idea de indigenismo es entendida por lo general desde
el sentido y consciencia común, como la apelación positiva de
los valores, prácticas y símbolos de las culturas indígenas.
Ahora, esta categoría, debemos entenderla, como bien lo refiere
Hector Diaz- Polano en un pequeño ensayo dedicado al tema,
como una categoría teórica socio-política, en donde el
indigenismo es entendido como una política de Estado en
defensa de la vida indígena, sin real participación de las
comunidades indígenas en esos procesos. El problema de
América latina desde sus orígenes ha sido un problema étnico,
relacionado con su ethos, en la medida que con la configuración
del sistema mundo eurocéntrico colonial se configura la
negación de la autonomía de desarrollo de tal eticidad. Entonces
el indigenismo, lejos de permitir un desarrollo de esa autonomía,
ha permitido la configuración de estrategías de gobiernos anti-
democráticos. El carácter teórica socio-político del indigenismo
se manifiesta en que deja por fuera de la verdadera óptica del
problema, siendo realmente parte del mismo.
74
doble cualidad: por una parte son inorgánicos y por otra, son
homogeneizadores no analógicos.
75
c) igualdad de los grupos sociales, solidaridad y
fraternidad
d) empoderamiento, potenciando el fundamento de
lo político
76
búsqueda de hacer a parecer la alteridad por medio de la
palabra.
77
subsumidos a una lógica de exterminio y de barbarie. La
modernidad necesita operar como una ontologización de la
subjetividad como totalidad, para de ese manera encarar la
conquista de los entes (lo Otro).
78
reconciliación entre sujeto y objeto, se realiza por una
expansión, ampliación del sujeto en la figura de un espíritu
universal, que deviene en el tiempo y que deja tras de sí la
marca de la construcción de la realidad natural e histórica. Lo
Otro, aparece como algo aniquilado al lado de la
autonomización de un sujeto colectivo abstraído de su propia
realidad material.
79
un universo no solamente ontológico, sino trans-ontologico, ya
que se trata de lo infinito como pura exterioridad que nos
supera.
80
posibilita escuchar la voz del otro, que es una Voz Ética ya que
se trata de ubicarse más allá de la totalidad univoca del Yo
mismo. El Otro comunica la posibilidad de lo real; expresa la
posibilidad de mi libertad con su libertad. El concepto de Voz
Ética revela la posibilidad de la construcción de una razón
hermenéutica, de una racionalidad que aumente las semejanzas,
una posibilidad para la construcción de una realidad más
humana.
Referências:
81
Dussel, E. (2009). El Primer Debate Filosófico De la
Modernidad. En: El Pensamiento Filosófico Latinoaméricano,
del caribe y "latino" 1300-2000. Dussel, et al. Siglo XXI
Editores. Mexico
82
POR FILOSOFIAS INSURGENTES16
16
Texto pensado no contexto do V Congresso Brasileiro de Filosofia da
Libertação, Encontro Internacional de Filosofia Africana, com o tema:
Movimentos sociais populares e libertação, nos dias 19 a 21 de setembro de
2017, no Kilombo Tenondé, povoado de Bonfim, Bahia. Tive a honra de
apresentar uma fala junto a amiga e filósofa querida Suze Piza e junto ao
também amigo e filósofo Daniel Pansarelli, contudo que nada respondem
pelo conteúdo deste texto.
83
Talvez na impercepção de algumas pessoas presentes e
para quem a princípio tenha visto fotos e/ou sabido do evento
tenha sido isso que ocorreu. Ou pode ser que o que passarei aqui
a relatar seja apenas minha percepção intelectualizada e
racionalizada desde outras experiências, inclusive textuais, quais
junto aqui para pensar esta importante questão: qual filosofia
temos feito e qual filosofia queremos fazer?
84
tanto que a escrita de suas obras filosóficas o levara à exaustão,
por diversos problemas de saúde, o de ficar muito tempo
sentado escrevendo lhe rendera diversos furúnculos, por
exemplo, quais eram motivos de frequentes reclamações em
suas cartas e para amigos. A questão é sabendo da importância
da filosofia, enquanto filosofia, ou seja, em seu papel de
problematização, tematização, caraterização e interpretação do
mundo, dentre outras possibilidades, apropriando-se de seu
inegável caráter teórico, quais as possibilidades de a filosofia
auxiliar na transformação do mundo, na práxis?
85
americanos, africanos e asiáticos, como a povos periféricos
dentro da própria Europa. Com isso, quero retomar que a
necessária adjetivação visa lembrar-nos sempre que quem está
nesse campo de produção filosófica não participa, geralmente,
de privilégios garantidos a certos pretensos filosofares ou
profissões de filosofia que só fizeram nestes pouco mais de 300
anos da presença da filosofia na América, perpetuar mecanismos
e dispositivos ideológicos de domínio e de perpetuação da
ignorância e das culturas subalternas que ora nos assolam e se
apresentam como hegemônicas no atual estado social em que
nos encontramos. Assim, urge a necessidade de valorizarmos e
reconhecermos não só à filosofia da libertação, às filosofias
africanas e às filosofias interculturais e descoloniais que já pelo
menos há 6 anos congregam neste importante evento que é o
Congresso Brasileiro de FdL. Mas chega o momento de
compormos, dialogarmos, reconhecermos e valorizarmos tantos
outros movimentos teóricos quais reconhecem a necessidade de
um maior empoderamento cultural e de um envolvimento e
responsabilização histórico-social com a Educação e Cultura de
nosso país. Elementar, mas necessário dizer, que a falta de
valorização desses aspectos, vale repetir, de empoderamento
cultural e educação qualitativa das massas, em muito colaborou
com o atual momento de ode à ignorância e real possibilidade de
totalitarismos e fascismos se apropriarem de nosso sistema
educativo e de nossa cultura, sem resistência à altura. Portanto,
reconhecer a importância da Universidade, do sistema de
educação, além de iniciativas de educação e empoderamento
cultural fora dos espaços formais se faz luta legítima e urgente
para qualquer movimento social e popular. Algumas questões
que ficam, são: qual o sistema educacional que queremos? Qual
modelo de universidade, de educação e cultura? Estas questões
estão umbilicalmente ligadas a outras maiores, quais sejam: qual
86
o projeto de país defendemos? Qual modelo de Estado?
Podemos abrir mãos da democracia – mesmo essa frágil que
conquistamos?
87
saber e mais ainda na disponibilização desse saber, há uma
dimensão pedagógica, de relação de construção de
conhecimento inerente ao fazer filosófico. Permita-me aqui,
partilhar alguns resultados recentes nos quais continuo estas
reflexões anteriores.
88
A ética da libertação aponta caminhos para ação factível,
no agora. Aponta princípios critérios e princípios éticos, para o
exercício da práxis de libertação. Esta práxis de libertação, é o
que me interessa aqui, neste texto. Trarei para a realidade
concreta alguns princípios apontados pela Ética da libertação,
apontando caminhos neste campo da realidade concreta.
89
começa a estudar filosofia para aprender filosofia. E graduam-
se, fazem mestrado e doutorado em filosofia, aprendendo
filosofia. E em todo esse trajeto, que dura cerca de 9 anos de
estudos, nunca cogitaram a hipótese de fazer filosofia, e
ninguém, nenhum de seus professores e professoras dizem para
eles, que é possível fazer filosofia, pois a maioria deles também
não acreditam nessa possibilidade. Apenas conhecem e
reproduzem, professam filosofias. Não a fazem. A diferença
fundamental, me parece óbvia, mas sem ser muito redundante, é
que para fazer filosofia é necessário apropriar-se da história da
filosofia a partir de seu tempo e lugar e pensar sua e a partir de
sua realidade. Isso parece natural, mas existe toda uma estrutura
que nos mostra o contrário.
90
simétrica das vítimas em comunidade solidária entre elas.
Como há esta passagem? Ela se inicia por uma demarcação do
início da reflexão ética: a vítima. O ponto de partida é a vítima.
Este é um princípio, no sentido estrito, metafísico. Mas o que
ocorreu que permitiu que as vítimas saíssem de uma situação em
que não podiam, no sentido de não ter as condições de
possibilidade para, participarem da “comunidade discursiva”,
para usar um termo popperiano, para tal intersubjetividade
simétrica? Lemos em DUSSEl, 1998, p. 411:
91
alternativas utopico-factibles (posibles) de
transformacion, sistemas futuros en los que las víctimas
puedan vivir.
92
para a concretude da comunidade é o primeiro passo concreto no
qual uma pedagógica da libertação pode trabalhar.
93
Há uma reprodução e perpetuação dos valores hegemônicos da
classe social que está no poder do Estado, a burguesia.
94
para isso, que adquirirão essa consciência, dado que na
formação de professores de filosofia, licenciatura, isso não é, em
geral, trabalhado.
95
Outro. Não se trata de doutrinar, nem para um modelo
específico de democracia. Não é uma relação ideológica, no
sentido de partir de ideais preestabelecidos e fazer com que o
educando os apreenda, como nos alerta Adorno, em sua obra
“Educação e Emancipação”, mas é um apontar para o horizonte,
criando assim, junto ao outro, condições de possibilidades para
que ele caminhe por si. Neste sentido, não ensinamos filosofia,
construímos junto aos estudantes, as condições de possibilidades
necessárias para que ele/ela filosófe. Isso é Filosofia como
pedagógica!
96
clássica” vejo Platão e Aristóteles defendendo modelos e valores
muito específicos de uma sociedade ideal, cada um a seu
modelo, aristocratas, escravagistas, etc.
97
escolares que dentro dessas normativas álteras de conteúdo,
possam ser trabalhados também conteúdos locais.
98
segundo convenha ou não a determinados interesses. A
única liberdade que cabenesta convicção é a de atitude:
vergonha ou desvergonha, valentia ou covardia,
responsabilidade ou irresponsabilidade” (MATOS, 2015,
p.184 cita Zea, 1952, p. 11)
99
respeito às alteridades, tendo como parâmetro ético normativo
de todas as ações o bem viver de cada pessoa e de todas as
pessoas que de alguma forma participam daquela comunidade.
Mas esse é um tema que desdobra da pedagógica e ganha
autonomia, precisa ser tratado de forma específica, em outra
oportunidade.
Sopros de esperança
100
infinitas – que visam a libertação dessas opressões. Ainda sobre
a Pedagogia do Oprimido, Dussel diz:
101
em caminho de libertação própria e de sua comunidade,
deixando por tanto, de ser vítima. Assim, por maior que sejam
as opressões, vitimizações de nosso tempo, a marcha por
libertação é possível e ajuda-nos a vislumbrar caminhos
factíveis – este conceito leva em consideração o conceito de
factibilidade que Dussel traz de Franz Hinkellamert – quais nos
tiram da condição de vítimas e nos torna protagonistas de nossa
própria história.
O Princípio Esperança
102
Em Ernest Bloch está presente uma confiança na ação
revolucionária, cumprindo a utopia papel importante; ela
faz parte dos instrumentos necessários para a mudança da
vida quotidiana, orientada para um futuro melhor. É por
essa razão que as idéias “incongruentes”, “irrealizáveis”
causam tanto assombro às classes dominantes, que
temem que essas idéias se expandam e se concretizem.
(VIEIRA, 2010, p. 35)
103
olhares outros, que nos animam nas lutas por libertação. Não
poderia deixar de dizer que essa pedagógica necessita de
estéticas, que possam transbordar, afetar sensivelmente a partir
dos conceitos deste exercício de relação de construção de
conhecimento, quais apenas a razão do logos mostra-se
insuficiente. Mas este é tema para uma próxima reflexão.
Importante ressaltar aqui que nessa perspectiva a Filosofia como
pedagógica deve preocupar-se também com a estética.
Referências:
104
80 anos de Enrique Dussel. Passo Fundo: IFIBE, 2015, P. 183-
195.
105
106
PARA UMA FILOSOFIA DA TECNOLOGIA:
as contribuições de Enrique Dussel
Introdução
19
Bacharel em Ciências & Tecnologia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte; Graduando em Sistemas de Informação pelo Instituto
Federal de Alagoas.
20
Doutora em Filosofia, Professora de Ética em Ciência e Tecnologia na
Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte; Coordenadora do Grupo de Pesquisa Phrònesis : Estudos em
Filosofia, Ciência, Tecnologia e Sociedade.
107
hoje, inevitavelmente, são também questões vinculadas à
tecnologia.
108
Porque la experiencia originaria de la filosofía de la
liberación consiste en descobrir el “hecho” masivo de la
dominación, del constituirse de una subjetividad como
“señor” de otra subjetividad, en el plano mundial (desde
el comienzo de la expansión europea en 1492: hecho
constitutivo originario de la “Modernidad”), centro-
periferia; en el plano nacional (élites-masas, burguesía
nacional-clase obrera y pueblo); en el plano erótico
(varón-mujer); en el plano pedagógico (cultura imperial,
elitaria, versus cultura periférica, popular, etc.); en el
plano religioso (el fetichismo en todos los niveles); etc.
(DUSSEL, 1993, p. 141)
109
Poiésis
110
pensam (ser a economia a condicionante fundamental de todas
as outras coisas), para Dussel a poiésis é um a priori da
economia, que por sua vez é um instante concreto dela.
111
latinoamericano se volcó desde 1492 hasta el presente.
(DUSSEL, 1984, p. 95).
112
hegemônico de tecnologia prevalece a ideia de que ela
compreende o mero artefato; sem valores, propósitos ou
interesses, a não ser o mero fazer. Assim, diz-se que a
tecnologia é neutra, e se é boa ou má, depende unicamente do
caráter do seu usuário e do uso que se faz dela. Aqui, porém,
interpreta-se a tecnologia como um ente que existe em função de
um “projeto”, para usar a mesma terminologia que Dussel usa
ao abordar, por exemplo, a construção e o uso do relógio como
artefato tecnológico:
113
al hombre como mediación de los mismos. Esto nos va a
permitir explicar, en su momento, el ser de América latina.”
(DUSSEL, 1995, p. 93).
21
Vale dizer que Marx não coadunava com esse pensamento, tal como
explica Dussel (1984, p. 12).
114
la naturaleza de su acción es esencialmente diferente. La
tecnología em cuanto tal, como tecnología, además, ni
siquiera es el cazador (todo concreto) sino el arma en
cuanto tal, o mejor, los mecanismos de una máquina para
disparar plomo a una cierta velocidad (ni "arma" en
realidad). (DUSSEL, 1984, p. 137).
115
qual olhará para a natureza agora como matéria, objeto de
produção. A tecnologia surge como mediação para a
produção,como instrumento de trabalho.
116
En efecto, plusvalor absoluto se alcanza por el trabajo
subsidiario de la mujer y los niños, por la prolongación
de la jornada laboral (en la que el antiguo mayordomo ya
no es vencido por el sueño: las máquinas en continua
vigilia sostienen su ritmo infernal), por la intensificacion
del trabajo (ya que el obrero deberá controlar a la
máquina en un ritmo siempre creciente, es posible
técnicamente para el cumplimiento mecánico de la
movilización de las herramientas respectivas). (DUSSEL,
1984, p. 163).
117
Para compreender isso, é fundamental lançarmos mão do
próprio esquema de Dussel:
1. pc + p = v M
2. pv > pc
3. pv = pc
4. pv > v M
118
tem a “tecnologia de ponta”. Assim, os países de periferia
assumem uma posição de dependência, pois não lhes é viável
concorrer com os produtos dos países de centro. A posição de
receptor de mercadorias e tecnologias, e fornecedor de matérias-
prima, é muitas vezes para os países periféricos um “mal
menor”.
119
que gera efeitos para o capitalismo. No afã de construir a utopia
da justiça e liberdade é necessário suporte de tecnologias
(DUSSEL, 1984, p. 178) que sejam alternativas ante à máquina
do capital e que assim legitimem e condicionem uma produção e
uma economia alternativa e liberta do capital. É a essa altura que
o discurso da libertação parece se harmonizar com o movimento
de Tecnologias Apropriadas e Tecnologias Sociais.
120
uma grande adesão também entre os acadêmicos da Índia. Na
América Latina poucos participaram das discussões, mas pode-
se destacar como mais proeminentes dos que participaram
Amílcar Herrera (1995) e Renato Dagnino (2004).
121
neoliberalismo da década de 80, somada a pressupostos frágeis
do movimento fizeram com que o movimento perdesse sua
força.
122
Do conceito de inovação social, a superação do
paradigma oferta-demanda na produção de tecnologias, que
entenderia o usuário como mero receptor e o engenheiro como o
exclusivamente responsável por pensar nos problemas e
soluções para os quais se produziria uma tecnologia. No lugar
disso, se pensa nesse conceito uma produção onde o usuário tem
participação fundamental, em parceria com o engenheiro, no
processo de apontar os problemas e soluções para os quais
necessita de desenvolver uma tecnologia.
123
tecnologias alternativas notavelmente se aproximam desse
debate. Entre vários termos usados para se referir à TA, por
exemplo, estão: “tecnologia emancipadora”, “tecnologia
libertária”, “tecnologia liberatória” (BRANDÃO, 2001, p. 13)
Considerações Finais
124
economia (DUSSEL, 1984, p. 12) e, por isso, é fundamental
para se pensar na libertação. A participação da América Latina
na estrutura da poiésis nas eras moderna e contemporânea se
deu, principalmente, pelo processo histórico de exploração
econômica européia. Deste processo exploratório, os europeus
obtiveram a grande acumulação de capital, passando a se
posicionar numa centralidade econômica, ideológica, política
sobre os países periféricos (DUSSEL, 1984, p. 52). Tal como
observa Dussel, a América Latina sofreu grande impacto nesse
processo, vivendo até hoje uma história de dependência a esses
países de centro (1984, p. 95).
125
propósito promover a vida humana. Essa mudança é o
fundamento para a proposta de uma tecnologia da libertação.
Alguns movimentos alternativos já começam a aparecer nesta
direção, como opções para superar a tecnologia serva do capital.
O movimento das Tecnologias Apropriadas (TA) denominou
essa tecnologia Tecnologia Convencional (TC) e se lançou a
desenvolver dispositivos e processos mais apropriados aos
países mais pobres. O movimento das Tecnologias Sociais (TS)
surgiu numa revisitação crítica, por pesquisadores brasileiros, às
ideias da TA. E, fundamentada numa sólida base teórica (que
inclui ideias como a filosofia da tecnologia em Feenberg, o
construtivismo e a inovação social), propõe soluções-processos
por uma tecnologia mais emancipatória.
Referências
126
DAGNINO, R.P.; BRANDÃO, F.C., NOVAES, H.T. Sobre o
marco analítico-conceitual da Tecnologia Social. In: PAULO,
A. et al. (org.). Tecnologia Social: uma estratégia para o
desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Banco do Brasil,
2004 (15-64).
127
FEENBERG, A. Critical theory of technology. Nova York:
Oxford University Press, 1991.
128
A COMPOSTAGEM COMO PRÁTICA DE
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
Introdução
22
Engenheiro Ambiental formado na Escola de Engenharia de São Carlos-
USP.
129
à sociedade: lidar com seu acúmulo.
130
RSU gerados são resíduos orgânicos, é fato que destiná-los a
compostagem e não ao aterro acarretariam em diversos
benefícios como aumentar a vida útil de aterros sanitários e
evitaria possíveis impactos ambientais negativos provenientes
da produção do chorume e de gases estufa.
Objetivo
131
Revisão Bibliográfica
Ciclos
132
diversas matérias para conseguir avançar. Dar função ao resíduo
significa torná-lo matéria prima de um processo seguinte ,
seguindo a dinâmica da vida.
Resíduos Sólidos
23
A ABNT NBR 10004 foi elaborada pela Comissão de Estudo Especial
Temporária de Resíduos Sólidos
133
discussão. Em sua dissertação de mestrado, Fresca (2007)
registrou o procedimento e trouxe os resultados como podem ser
vistos na tabela 1. Também são trazidos os resultados de Gomes
(1989) obtidos anteriormente.
134
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
135
pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e
do Suasa;
A Compostagem
136
Bastou o ser humano utilizar da observação para que
compreendesse o processo natural de transformação da matéria
orgânica em húmus para que conseguisse reproduzi-lo de forma
organizada, planejada e controlada para obter adubo. (Manual
MMA, 2010)
137
Figura 3: Esquema resumido do processo de compostagem.
138
Ai então ocorre a fase de maturação em que a atividade
biológica é pequena, portanto necessita de menor aeração. À
temperatura ambiente existe predominância de transformações
de ordem química, polimerização de moléculas orgânicas
estáveis no processo conhecido como humificação
(PROSAB,1999), e também o aumento de artrópodes e
minhocas que contribuem no processo.
139
outros empreendimentos.
140
• geração de emprego e renda
• formação e educação ambiental
Materiais e Métodos
Resultados
141
inclusive das universidades locais, e outros estabelecimentos. A
horta também recebia resíduos de poda da cidade, estes que
eram triturados e utilizados como matéria carbônica para
montagem das leiras de compostagem.
142
recursos hidricos, a horticultura e gestão de resíduos.
143
cidades que puderam trazer a problemática dos resíduos sólidos
à tona e demonstrar as vantagens de promover a coleta seletiva,
segregando na fonte os diversos resíduos, possibilitando a
reciclagem, uma compostagem de qualidade e uma enorme
redução nos gastos com transporte e disposição de resíduos
sólidos urbanos (RSU) em aterros sanitários.
144
fechou as portas ao projeto do GEISA. Junto a este fato ocorria
também a tentativa de desarticular a COOPERVIDA,
responsável pela coleta seletiva porta-a-porta que chegou a
atingir quase 80% da cidade.
145
necessário criar uma estrutura escolhendo uma localidade, os
atores envolvidos e criar estratégias de sensibilização e
gerenciamento dos resíduos.
146
Como citado na sessão 5.1, O GIRO, projeto iniciado
por membros da Associação Veracidade consiste em promover a
formação de UDC's no município, com a finalidade de desviar
resíduos orgânicos do aterro e criar estratégias que tragam
aspectos educacionais ao gerenciamento de resíduos orgânicos.
147
De maneira gradativa e processual, a metodologia de gestão
dos resíduos foi sendo construída ao longo de anos de trabalho
participativo, envolvendo moradores, associações
comunitárias, instituições educacionais, profissionais de saúde
e ONG's, com apoio de parceiros públicos e privados e
agências de cooperação internacionais.(CEPAGRO, 2013 pg.
32).
148
trabalho do projeto.
https://www.youtube.com/watch?v=kv0bhlAD9o0>
https://www.youtube.com/watch?v=XYhg_PG39j4
Conclusões
149
resíduos na fonte.
Referências
150
em 10 set. 2015.
151
GOMES, L. P. (1989). Estudo da Caracterização Física e da
Biodegradabilidade dos Resíduos Sólidos Urbanos em Aterro
Sanitário. São Carlos/SP. Dissertação de Mestrado. Escola de
Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo.
152
REDES DE COLABORAÇÃO SOLIDÁRIA:
Prolegômenos para uma Economia da Libertação
Rejane Matos24
Eduardo Oliveira25
Introdução
24
Especialista em Ciências Sociais e Graduada em Filosofia, Pedagogia e
graduanda em Gênero e Diversidade é Educadora Social e membro do Grupo
de Pesquisa REDE-AFRICANIDADES.
25
Doutor em Educação, Mestre em Antropologia, Especialista em Cultura
Africana e Graduado em Filosofia, é sócio-fundador do IFIL – Instituto de
Filosofia Africana e sócio-fundador do IPAD – Instituto de Pesquisa da
Afrodescendência e Coordenador do Grupo de Pesquisa REDE-
AFRICANIDADES.
26
DUSSEL, Enrique. Ética da Libertação na idade da globalização e da
exclusão. Petrópolis:
Vozes, 2000.
27
DUSSEL, Enrique. Política da Libertação. História Mundial e Crítica.
Trad. Paulo César Carbonari (Coord.). Passo Fundo: IFIBE, 2014.
153
nossa parte, entretanto, o debate em torno da cultura sempre mereceu
atenção, sem dicotomizar política e cultura, subjetividade e
objetividade, sociedade e indivíduo, estrutura e singularidade, etc.
Escapando de abordagens disciplinares: ou historicizantes – da
história das ideias na América Latina, ou filosofantes – do ponto de
vista da disciplina de Filosofia nas universidades, primamos pela
pesquisa de campo – com viés antropológico – para produzir filosofia,
recorrendo ao vasto manancial de sua história, mas valendo-se ainda
mais das experiências de comunidades tradicionais e de prática
também producentes de conhecimento, valendo-nos da
multirreferencialidade, do pensamento complexo e da
transdiciplinaridade28.
28
Categorias que balizam as pesquisas no DMMDC – Doutorado Multi-
istitucional e Muldisciplinar em Difusão do Conhecimento, onde o professor
Eduardo Oliveira tem orientado teses no campo da Filosofia da Libertação,
da Filosofia Africana, do Pensamento Social Brasileiro, da Educação das
Relações Etnico-raciais e de Gênero.
29
OLIVEIRA, E. Filosofia da Ancestralidade: corpo e mito na filosofia da
educação brasileira. 1. ed. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2007. v. 500.
340p
OLIVEIRA, E. Ancestralidade na Encruzilhada. 1. ed. Curitiba: Editora
Gráfica Popular, 2007. v. 500. 216p.
OLIVEIRA, E. COSMOVISÃO AFRICANA NO BRASIL: elementos para
uma filosofia afrodescendente. 3. ed. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2006.
v. 500. 188p
154
africano-brasileira como temos preferido chamar recentemente, por
conta da intensificação do diálogo da filosofia da libertação e da
filosofia africana tendo no Brasil seu ponto equidistante.
155
para dentro da tradição da filosofia da libertação. Mas será,
provavelmente, sua contribuição mui significativa para as Redes
de Colaboração Solidária sua assinatura mais original.
156
hoje. Para um segundo artigo, enfatizaremos a redação ainda
inédita da economia da libertação; para os objetivos desse
artigo, buscamos a obra pública e, de certa maneira já
consagrada, da obra desse autor cuja importância, sem dúvida,
escapa do Brasil e da Região latino-americana e
internacionaliza-se mundo afora, pois Euclides mantém um
diálogo intenso, crítico e criativo no mundo inteiro, tendo sua
obra sobre Economia Solidária e as Redes de Colaboração
Solidária traduzidas para vários idiomas33.
33
Alguns títulos: La Révolution des Réseaux. Les Editions Descartes & Cie,
Paris, 2002, 1e. ed., 334 pp; Redes de Colaboración Solidarias. Ed. UACM,
Mexico DF, 2006, 1a. ed., 524 pp.; Hambre cero y economía solidaría. El
desarrollo sustentable y la transformación estructural de Brasil.
Ed. Universidad Autónoma de la Ciudad de México (UACM), Mexico DF,
2013, 1a. ed., 390 pp.; La rivoluzione delle reti – L’economia solidale per
un’altra globalizzazione. Emi, Bologna, 2003, 1a. ed., pp. 222; Organizzare
reti solidali : strategie e strumenti per un altro sviluppo. Edizioni
dell’Università Popolare; Solidarius Italia. Roma, 2010, 1a. ed., pp. 314;
Revolución de las Redes.CO-EDITORES: EcoSol, Delegación Azcapotzalco,
Alcona, Acatl, Municipio de Ecatepec, BanMacondo, Gobierno del Estado de
Michoacán, Indesol, Uacm, Fondeso, STyFE del GDF, El Colegio de
Tlaxcala, Tianguis Tlaloc, Renac, Mexico DF, 2008, 1a. ed.,224 pp
157
A Revolução das Redes
158
Em entrevista concedida ao programa América Latina
34
Viva , o professor Mance explicita que a colaboração solidária
é a tese chave explicitada no livro A Revolução das Redes
(MANCE,1999). Na obra, o autor, apresenta minuciosa
descrição sobre a forma de organização dessa revolução, através
da potência contida entre as conexões de pessoas, grupos,
movimentos, todos em rede em torno de eixos de luta. Com esta
perspectiva aponta uma estratégia, na dimensão econômica, a
qual concomitantemente operam transformações em cadeia.
Iniciativa que supera fracassos do conjunto de organizações e
atividades solidárias quando atuam isoladamente sem respaldo
necessário para a subsistência e permanecem no isolamento,
ilhados pelo capitalismo. Assim, o autor propõe a superação
dessa deficiência, a partir de um conceito central, colaboração
solidária que atua como elemento inovador para a
sustentabilidade em rede.
159
poder, de consumo, de conhecimento, de informação, há
capacidade de gestar um processo de transformação estrutural.
160
A colaboração solidária é, pois, uma atitude ética que
orienta a nossa vida e uma posição política frente a
sociedade em que estamos inseridos. Eticamente trata-se
de promover o bem-viver de cada um em particular e de
todos em conjunto, e politicamente de promover
transformações na sociedade com esse mesmo fim
(MANCE, 1999:19).
161
de colaboração solidária com potencial organizativo. Para o
autor35, o ponto chave dessa posição é o fato de que o exercício
da democracia não se verifica na atividade econômica de caráter
capitalista, porque o processo de decisão não é compartilhado de
maneira universal entre todos os atores.
35
MANCE, André Euclides. Entrevista concedida ao Programa América
Latina Viva em 07/06/11. UFPR TV - Curitiba/PR - Entrevistador: Prof.º
Dimas Floriani. 30m duração do vídeo.
http://ufprtv.wordpress.com/2011/06/08/america-latina-viva-070611/
162
ficam a cargo do próprio voluntário. As iniciativas são tantas,
com ações e projetos de atividades, nessa área social, que as
várias possibilidades criaram discussões tanto ao conceito e sua
relação com o governo e o mercado. Algumas delas devido à
abrangência são conhecidas como Terceiro Setor, Setor sem
Fins Lucrativos e Setor Público Não-Estatal. Importa salientar
que nem todas as Organizações não-governamentais que
praticam ações solidárias são contrárias ao modelo capitalista.
163
multiplicando-se em outras unidades e permitindo-se expandir
em um equilíbrio sustentável. Imaginar ou visualizar uma rede
tecida por uma aranha, por exemplo, permitiria compreender a
configuração elementar formada pela conexão das unidades que
seriam os nós ou nódulos desta rede. Os fios que os conectam
seriam os canais, por onde esses nódulos se comunicariam. A
analogia serve apenas para entender a canalização dos fluxos
responsáveis pela distribuição e redistribuição de materiais,
valores, informações e as relações de produção e consumo
garantido entre os integrantes da rede. A configuração efetiva é
de ordem muito mais complexa, pois existem várias redes de
aranha perpassando umas às outras, sem estarem fundidas, mas
interligadas intrinsecamente (MANCE, 2002:45). A analogia
fidedigna entre redes de colaboração solidária é dada pela
geometria nas figuras fractais. (MANCE, 2002, p.65).
164
diversos grupos sociais diferentes, em um intercâmbio entre eles
e ainda garante o fortalecimento dos mesmos, bem como sua
ampliação. Isto mediante outros dois princípios: intensividade e
de extensividade. O primeiro significa a capacidade da rede de
aglutinar cada vez mais membros no local onde a unidade ou
célula estiver, ampliando o surgimento de outras unidades que
articuladas podem conectar-se à rede em geral. O segundo,
também colabora com o surgimento de outras unidades. O
segundo princípio, a saber, a extensividade, significa a expansão
propriamente dita para outras regiões e territórios.
165
trata-se de uma compreensão filosófica da existência
humana segundo a qual o exercício da liberdade privada
só é legítimo quando deseja a liberdade pública, quando
deseja que cada outro possa viver eticamente a sua
singularidade dispondo das mediações que lhe sejam
necessárias para realizar – nas melhores condições
possíveis – a sua humanidade, exercendo a sua própria
liberdade. Igualmente, sob essa mesma compreensão, a
liberdade pública somente é exercida de modo ético
quando promove a ética realização da liberdade privada.
(MANCE, 1999, p.179).
166
Também distinto, como explica Mance36, do consumo
compulsório. Neste, o consumidor, por falta de recursos, realiza
a satisfação das suas necessidades através de escolhas que
defendem o preço e quantidade do produto, sem critérios de
qualidade ou atenção para os impactos ambientais provocados
pela produção das mercadorias.
36
Mance, Euclides André. Economia Solidária e Educação. Entrevistadora:
Rejane Matos. Entrevista gravada em 12.09.2012. - 14:15 até 15:40 –
Salvador/Bahia – Brasil.
167
são grupos de pessoas desempregadas e organizadas, que
executam algum tipo de atividade produtiva como fabricação de
pães, massas, produtos de limpeza, roupas, móveis, brinquedos,
doces, salgados, bordados, artesanatos e muitos outros produtos.
Grande parte dessa produção é consumida por pessoas que tem
consciência que essas mercadorias foram produzidas sem
exploração do trabalhador e do meio ambiente, cientes, portanto,
da origem dos produtos e do valor ético a eles agregados,
mesmo que não tenham a “excelência” dos produtos do
mercado, ou terem preços maiores que a do mercado capitalista,
consomem os produtos em vista do seu ciclo produtivo baseado
na colaboração solidária.
168
caráter solidário – um dos tipos de consumo final37. O consumo
solidário consiste na prática comum a todos nós, mas o objetivo
é garantir o bem-viver não só do consumidor, mas também do
produtor. Isto é, a compra coletiva é alternativa de baixo custo,
enquanto que o pequeno produtor vende em grande quantidade
com condições de manter o empreendimento.
37
Jornal Mundo Jovem. Entrevista na edição 320, setembro de 2001.
http://www.pucrs.br/mj/entrevista-09-2001.php. Acesso em 17.06.12.
169
O instigante é verificar justamente os fenômenos do
desemprego e exclusão, como os responsáveis pela
multiplicação das unidades produtivas mantidas graças ao
consumo solidário. Estes fenômenos são resultado do processo
gradual de mudanças nas relações de produção capitalista, a
partir do desenvolvimento das forças produtivas potencializadas
pelas inovações científicas e tecnológicas. Enquanto, por um
lado, o capitalismo reduz o número de trabalhadores
assalariados na produção crescente de mercadorias com custos
baixos. Inversamente, os excluídos investem nos processos de
gestão de novas relações de produção, centrada na colaboração
solidária, com objetivo de satisfazer as próprias necessidades. A
solução para ampliação das práticas e o combate ao isolamento
que enfraquece a iniciativa, exatamente da organização em
direção a integração, tem na rede cujo movimento conecte as
cadeias produtivas de consumo e produção, multiplicando novas
células. Esse mecanismo pode viabilizar e efetivar um
movimento de geração de riqueza em função da inclusão de
trabalhadores antes excluídos do processo produtivo, ou seja,
segurar o consumo da produção em rede.
170
Estado que ao legislar, julgar e executar impõe novas ordens de
exploração econômica sobre o conjunto da sociedade.
171
custa o conhecimento’” (MANCE, 1999, p.36). Nessa medida
que as bolsas de valores têm quedas absurdas a cada novo
lançamento de produtos das empresas como a Microsoft ou
Netscape.
172
Euclides (1999) salienta que as tecnologias não
determinam a viabilidade ou inviabilidade no processo de
expansão da rede. A condição necessária para o surgimento e
sua expansão, são duas: o consumo e a produção solidária.
Ainda, reconhece o fator potencial da colaboração solidária
quando se refere a livre circulação de informações e
conhecimento. Destaca o caráter semelhante do projeto software
livre38 que é a colaboração solidária, permitindo o
compartilhamento desta tecnologia sem ônus pelo uso e
viabilizando a apropriação por outras populações dos benefícios
deste. Mance39 lembra que o software livre é um eixo de luta
como é a economia solidária e destaca a importância da
utilização deste no desenvolvimento de atividades inclusive
pedagógicas, sem descartar que nem toda e qualquer
organização ou iniciativa que utiliza software livre busca em
suas ações práticas de alargamento das liberdades. Contudo,
entendemos que constitui um grande aliado nos propósitos de
internacionalização. Deste modelo inclusive, para os processos
formativos nos ambientes virtuais.
38
Maiores informações sobre o software livre podem ser obtidas em
www.fsf.org.
39
Mance, Euclides André. Economia Solidária e Educação. Entrevistadora:
Rejane Matos. Entrevista gravada em 12.09.2012. - 14:15 até 15:40 –
Salvador/Bahia – Brasil.
173
de reinvestimentos que na opinião do autor é o maior desafio
(Mance, 1999, p.130).
174
econômicas que não visam a exploração do trabalhador e do
meio-ambiente, mas à sustentabilidade, à inclusão social, à
libertação!
175
No século XX, a efervescência na América Latina sobre
temáticas relacionadas à libertação reflete os movimentos da
corrente filosófica em questão. Segundo Mance (2009, p.20) “a
filosofia da libertação, como corrente filosófica específica,
elabora categorias, métodos e linguagens orientadas à reflexão
crítica e realimentação das práxis de libertação, emerge no final
dos anos 60 e início dos anos 70, com diferentes abordagens
paradigmáticas40.” que ressoam no Brasil. A filosofia da
libertação submete à reflexão toda crítica sobre a opressão do
homem na perspectiva da América Latina. O professor esclarece
que:
40
MANCE, Euclides André. El pensamiento filosófico brasileño. Publicado
em: Dussel, Enrique, Eduardo Mendieta y Carmen Bohórquez (editores). El
pensamiento filosófico latinoamericano, del Caribe y "latino" (1300-2000).
Historia, corrientes, temas y filósofos. México, CREFAL / Siglo XXI
Editores, 2009, p. 495-517, p.20.
176
Estado e à superação da exploração do trabalho pelo
capital. Soma-se a esse caldo de culturas, as lutas
anteriores de quilombolas, comunidades indígenas e as
revoluções do século XIX, fomentando um horizonte
utópico de libertação popular (Mance, 2009, p.1).
177
O primeiro princípio sobre o qual nos debruçaremos é
fundamental para o conjunto da obra e encontra sua origem no
pensamento de Emmanuel Lévinas, o qual formula a
compreensão sobre a alteridade atribuindo-lhe o sentido de
existência no Desejo do Outro numa relação de proximidade
denominada de face-a-face. Lévinas concebe o Desejo sob duas
vertentes para a compreensão da alteridade. Um que diz respeito
à forma de relacionar-se com as coisas, com a necessidade de
satisfazer-se na fruição do desejo em gozo inconcluso que
incorpora as necessidades incessantemente. Sobre a outra:
178
pelo outro não tem garantia de retorno e, deste modo, a
exterioridade fenomenológica escapa ao olhar. Seu sentido é
mistério, por isso, todo pensamento sobre o outro não o captura
na lógica do Mesmo, restando sua palavra para revelar-se e sair
da clausura imposta pelo entendimento (cfe. Mance, 1994).
Segundo ele, a responsabilidade ética permite superar a
impessoalidade, o insignificativo do ser, avançando na
constituição da condição humana e sua subjetividade que em
vez de ser para a morte, é para o Outro.
179
libertação do outro e reconhecimento de sua própria
responsabilidade de colaborar para si e por todos.
180
aprimorando a capacidade individual de transformar-se em
síntese mais complexa ou estratificando-o em determinadas
territorialidades. Deste modo, diminui os movimentos possíveis
que ampliam o espaço de subjetivação (Mance, 2002, p.161).
181
Precisamos perceber, ao refletir sobre a questão da
revolução das redes, que a subjetivação está no alvo das
semioses hegemônicas com objetivo de reproduzir padrões de
manutenção das estruturas capitalistas. É importante entender o
capitalismo não só como um sistema econômico, mas como um
sistema modelizante semiótico, que aplica signos determinados
e interpretantes sociais no agenciamento do indivíduo submetido
ao exercício do micro e macro poderes. Contudo, não podemos
esquecer que o processo de subjetivação quando não está
conectado aos processos sociais de agenciamento, podem
estabelecer o exercício de liberdade na subversão de semioses
hegemônicas, apresentando linhas de fuga, formando
agenciamentos de subversão para compreender como eles
operam frente aos fluxos semióticos e materiais de reprodução
do capitalismo (MANCE, 2002, p.87).
182
linguagens ou utopias que fazem parte deste coletivo por
estarmos agenciados com padrões sociais e comportamentos
estabelecidos. Como diz Mance (2002:89) nossa subjetividade é
agenciada a inúmeros devires, sendo perpassada por fluxos
materiais e semióticos através dos quais exercemos nosso poder,
nossa liberdade.
183
pois estão relacionadas com toda a convivência humana e as
condicionam, possuindo relativa estabilidade (MANCE, 2002
p.128-129). Ou seja, a transformação revolucionária é
movimento sucessivo próprio da práxis de libertação revezando-
se entre topias e utopias. Por sua vez, cada “utopia é composta
por dois elementos: o primeiro de reação contra a topia
originária; o segundo de recordação de similares utopias
anteriores” (MANCE, 2002 p.129). As utopias são as próprias
inspirações da vontade individual, mas com características de
coletivo quando agenciadas em movimentos molares. Portanto,
Mance (2002) deixa claro que concorda em alguns aspectos com
Landauer ao afirmar que a revolução deve ter como horizonte
toda a convivência humana, considerando projetos utópicos no
sentido de manter a constante mudança. E com o conceito de
processo revolucionário, mediante um movimento complexo
que propõe transformações nas interações particulares, nas
circunstâncias específicas e cotidianas das estruturas, e
consequentemente, alteram a macroorganização social e política.
(2002:131)
184
solidária e coletiva de todas as pessoas e organizações
que aderem à estratégia global de colaboração em redes e
que democraticamente buscam implementá-la. (MANCE,
2002, p.132)
185
e concentração de capitais, sem se ocupar com o bem-viver dos
trabalhadores. Mance explica:
186
famílias de desempregados. Ela oferece práticas de
financiamento, produção, comércio e consumo solidários, que
conectados em rede sob os padrões de compartilhamentos e
solidariedades garantam as liberdades públicas e privadas e
ampliam o tempo livre de maneira geral para todos. Além de
exigir menor troca de valor, pois os preços são ajustados
democraticamente pelo valor de reposição da rede e mais que
isso, os valores atribuídos são considerados solidariamente
observando outros elementos para além dos custos de produção,
respeitando princípios de justiça na promoção do bem-viver dos
produtores e consumidores. A afirmação da solidariedade requer
a satisfação de desejos e necessidades. Justificando o princípio,
requer menos valores de troca. Não há lei da oferta e procura,
pois a demanda de consumo é o que determina a produção.
187
econômicas e destaca a inconsistência delas. A ideia é que os
recursos não estão disponíveis a ponto de satisfazer toda a
demanda gerada. O valor das coisas está na relação entre
demanda e procura. Na leitura de Mance, a riqueza social é
constituída por recursos apropriados por alguns que os
disponibilizam para os outros (MANCE, 2002:105). O conjunto
das coisas, tornadas raras como propriedade de alguns, são
submetidas à permuta, troca de valores. O requisito para obter a
satisfação de sua demanda é o poder de troca que cada um tem
para obter o recurso desejado.
188
Porém, a realização do bem-viver requer mais que
simples satisfação das liberdades públicas e privadas. A
dimensão ética desejando as liberdades públicas e privadas
afirmam um sentido de transcendência ao já realizado.
(MANCE, 2002, p.166).
189
para que cada pessoa tenha assegurada as condições materiais,
políticas, educativas/informativas para realizar a sua liberdade.
Então, o bem-viver é um modo de realização da liberdade em
solidariedade, e que busca assegurar da melhor maneira possível
todas essas condições para a expansão das liberdades públicas e
privadas.
190
entre todos os atores. Os detentores do capital têm o poder de
decisão, quem não possui o capital não decide, apenas obedece.
Há uma relação de subalternidade do trabalho frente ao capital.
Entretanto, através da prática da autogestão e do exercício
solidário desses trabalhadores em seu empreendimento para com
as comunidades onde eles estão situados, se pode pensar em
procedimento democrático. Por exemplo, pensando as cadeias
produtivas, quem são seus fornecedores de matéria-prima, os
impactos ecológicos da produção e do consumo, ou seja, uma
visão sistêmica e integral do que seria essa realização dessas
liberdades. Para tanto, são necessários mecanismos que evitem a
subsunção de procedimentos democráticos em formas
totalitárias de exercício de poder42. Nessa medida, pode citar a
prática do consumo solidário, acrescida a organização de rede de
colaboração solidária.
191
com condição de sustentar o bem-viver de consumidores e
produtores. Assim, integrar os ecossistemas ambiental, social e
subjetivo conforme propusera Félix Guattari em "As Três
Ecologias". A ideia de consumir produtos e serviços de
empresas capitalistas que exploram os trabalhadores e
prejudicam o meio ambiente é também nossa responsabilidade
pelos danos à humanidade; consumir produtos e serviços de
empreendimentos econômicos solidários é contribui para o
desenvolvimento de uma economia pós-capitalista, centrada no
bem-viver do conjunto das pessoas.
Últimas Considerações
192
organizados do pensamento como são a decolonialidade, a
interculturalidade, o afrocentrismo, o pensamento da
subalternidade, dos estudos culturais, do feminismo negro, do
mulherismo, do orientalismo, do hibridismo, da criolização, do
corredor das ideias... Enfim, temos sido um mosaico das
principais discussões filosóficas no eixo Sul-Sul e, quiçá, no
mundo.
Referências
193
cooperativas populares dia 20/03/2002. Publicação no sítio:
http://turbulence.org.uk/turbulence-1/solidarity-economics/
Acesso em: 20 ago. 2011.
194
(editores). El pensamiento filosófico latinoamericano, del
Caribe y "latino" (1300-2000). Historia, corrientes, temas y
filósofos. México, CREFAL / Siglo XXI Editores, 2009, p. 495-
517.
195
Programa de entrevistas da Casa Latino Americana em parceria
com a TV da Universidade Federal do Paraná. Entrevista de
07/06/2011. Duração: 29M18S.
http://ufprtv.wordpress.com/2011/06/08/america-latina-viva-
070611/
196
VIOLAS E CONGADAS:
aprender para a vida
Introdução
43
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação pela
Universidade Federal de São Carlos na Linha de Pesquisa Práticas Sociais e
Processos Educativos.
44
Professora Associada da Universidade Federal de São Carlos no
Departamento de Metodologia de Ensino
45
.Compreendemos inserção como a participação em um grupo, com o
objetivo de compreender como os processos de educar e educar-se acontecem
dentro do coletivo, e ainda estabelecer um diálogo tendo como premissa a
produção de conhecimento de maneira coletiva e dialógica. Esta participação
é feita por meio de um acordo prévio entre as pesquisadoras e os (as)
integrantes deste grupo.
197
ensinam por meio de Processos Educativos relacionados a
memória, oralidade, ancestralidade e corporeidade.
198
pesquisadoras enquanto sujeitos que trabalham juntos e por isso
se humanizam e se afirmam enquanto cidadãos e cidadãs. Neste
aspecto vale a pena enfatizar a diversidade dos temas de
pesquisa envolvidos nesta linha , todos estes temas investigados
a partir dos Processos Educativos envolvidos em Práticas
Sociais, nos apontam caminhos para reconhecermos a
importância dos processos de educar e educar-se também fora
do espaço escolar, e como estes Processos Educativos podem
nos auxiliar em nossas práticas educativas dentro da escola.
199
critério,46 para que possamos nos propor a compreender as
diferenças a partir de uma perspectiva solidária.
46
Esta expressão é retirada de um artigo da Professora Stella Araújo,
pesquisadora colaboradora da Linha de Práticas Sociais e Processos
Educativos. O artigo se intitula: Exterioridade: o outro como critério
ARAÚJO – OLIVEIRA 2014. p. 47 in: OLIVEIRA et al 2014.
200
Em relação a nossa reflexão crítica sobre a realidade na
qual estamos inseridas e o conhecimento sobre as nossas
diversas culturas, Dussel nos ajuda a compreender alguns
detalhes das tramas que envolvem nossos dramas históricos
quando aponta reflexões acerca das referências que temos e que
nos são dadas e mostradas, sobre o mundo em que vivemos. De
acordo com o autor muitas delas nada têm ou pouco tem a ver
com nossa forma de vida.
201
“vasilhas” para os valores e visões de mundo que nos são
impostos.
47
Trecho da música Capiau de Tião do Carro e José Caetano Erba.
48
Os participantes dos encontros no Rancho do Abacateiro, tocadores de
viola, se denominam violeiros. Rosa Nepomuceno estudiosa da música
caipira faz uma consideração sobre os violeiros dizendo que: “Sua arte é o
202
cidade de São Carlos. O grupo se reúne aos domingos por volta
das dezoito horas na casa de Sr. Caçador49 que fica no bairro
Vila São José bem perto da praça Ayrton Senna. Hoje os
encontros acontecem na garagem da casa onde existe uma placa
com os dizeres: Rancho do abacateiro : silêncio na hora do
poema e cantoria. Nesta placa de madeira também existe o
desenho de um pé de abacate relembrando os tempos quando
existia de fato dois pés de abacate no quintal da antiga casa onde
morava o irmão de Caçador. Cerca de doze violeiros se
encontram aos domingos para cantarem e tocarem viola50.
resultado da grande mistura da cultura negra dos escravos que vieram para
trabalhar nas minas de ouro com a dos portugueses, dos tropeiros do sul e
caboclos da terra. Batuques, congadas e folias de reis, do divino, de São
Miguel, Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e de um tanto de santos,
além estimadíssimo São Gonçalo, protetor dos violeiros, ainda são
freqüentes.” (NEPOMUCENO, 1999 p.31). Para saber mais consultar:
Música Caipira, da roça ao rodeio. Nepomuceno, Rosa 1999.
49
Os nomes com os quais vou me referir aos violeiros colaboradores da
pesquisa são os nomes adotados por eles nas duplas sertanejas como por
exemplo: Pirangueiro e Caçador etc. Esta forma de apresentação foi
combinada anteriormente com os violeiros. E adotaremos “poeta” para falar
sobre o poeta que também participa do Rancho do Abacateiro declamando
poesias nos encontros dominicais.
50
Instrumento de cordas análogo ao violão na forma, e à guitarra no som, com
dez ou doze cordas dispostas duas a duas. Segundo Nepomuceno: “esculpida
num toco de pau, com dez cordas de tripa e toscos cravelhais, deu forma às
melodias e cadência às poesias que aos poucos definiram o perfil musical do
povo da terra. (ibid p.55).
203
cantaram portugueses e tupis e foram embaladas as
crianças mamelucas. (NEPOMUCENO, 1999).
204
O irmão de Caçador construiu no fundo do quintal
próximo aos pés de abacate um “ranchinho” de madeira e lona
para guardar as ferramentas de trabalho. Segundo Caçador nos
domingos em que se encontravam para tocar e cantar por acaso
chovia todos os violeiros e participantes do grupo corriam para
debaixo do rancho onde ficavam as ferramentas. De acordo com
Caçador: “a gente ficava com dó de entrar lá dentro da casa e
sujar por que era daqueles pisos vermelhos e a gente tava com
os pés cheios de terra, então a gente corria lá pro “ranchinho” e
ficava lá tocando ai por isso é que ficou: Rancho do
Abacateiro.”.
51
Trecho Roda de conversa Rancho do Abacateiro. Todas as rodas de
conversa realizadas em ambos os grupos foram transcritas assim como as
observações registradas em diário de campo, todo este procedimento se
enquadrou nas exigências do Comitê de Ética da UFSCar. Os termos de
consentimento livre e esclarecido se encontram em poder da pesquisadora e
dos colaboradores e colaboradoras.
205
cumplicidades, lutas, afirmações, ocupação de espaços,
contestações, tensões, construções e desconstruções; enfim, tudo
isso costurado pela fé. Essa prática social pode ser entendida
como um ritual que transfigura o papel da vida cotidiana. A
festa é um momento em que homens, mulheres, jovens, velhos e
crianças passam por um processo de reafirmação de identidades,
no qual as(os) congadeiras(os52) demonstram prazer, alegria e
satisfação, ao evidenciarem sua tradição e sua fé por meio dos
corpos dançantes, das músicas, dos enfeites, das coreografias, de
reis e rainhas nos cortejos da congada. (SILVA, 2011).
206
Procedimentos metodológicos e os caminhos apontados no
aprender junto.
207
A realização da pesquisa com o Terno de Congado
Marinheiro de São Benedito foi possível pela aproximação já
existente entre eu e alguns participantes do Terno. Apresentei a
proposta da pesquisa primeiramente ao capitão José Pedro e à
coordenadora do Terno, Selma. Fizemos, então, uma conversa, e
expliquei sobre o estudo, seus objetivos e como pretendia
realizar as rodas de conversa e o acompanhamento do Terno
para a coleta de dados. Perguntei a eles se poderiam dar a
permissão para que eu realizasse a pesquisa e se era de interesse
do grupo me receber como pesquisadora. Selma, juntamente
com o capitão José Pedro, mostraram-se favoráveis à proposta,
sugeriram alguns congadeiros e algumas congadeiras e ficaram
de consultar outras pessoas do terno para a colaboração e
participação na pesquisa.
208
ensinam com base nas trocas que acontecem durante
o processo de pesquisa. (SILVA, 2011.p. 103).
Violas e tambores
209
Então fui costurando entre congadeiros e violeiros as
experiências de vida que me constituem e atentamente ouvi
tantas histórias, causos e rimas improvisadas que me ensinaram
muito, desde os métodos e técnicas de como afinar uma viola até
as rimas e histórias dos tempos de outrora, tempos que nem Sr
Caçador nem capitão José Pedro sabiam que as universidades
públicas são espaços abertos onde qualquer pessoa pode
desfrutar.
210
trabalho propõe: a valorização e o reconhecimento do saber de
experiência presentes na cultura popular.
211
minha vida profissional, minha vida conjugal, família, eu digo
que eu aprendo e aprendi muito”.55
55
Conversa com Capitão José Pedro Congadeiro
56
Conversa com Capitão José Pedro Congadeiro
212
O saber de experiência é único, bem como a experiência
também é única e singular, e esse saber de experiência deve ser
respeitado, considerado e reconhecido, já que nos propomos a
construir um conhecimento em que não seguimos as nomeações
dos grandes marcos, e sim buscamos construir nossa história e
nos reconhecermos como protagonistas dessa construção.
213
Como aponta Larrosa Bondía (2002) os acontecimentos podem
ser comuns mas as experiências em cada uma das práticas são
diferentes, mas ainda assim, nesta diferença reconhecemos
aspectos comuns das maneiras de aprender e ensinar em grupos
de cultura popular.
214
localidade dos educandos é o ponto de partida para o
conhecimento que eles vão criando do mundo. Seu
mundo, em última análise é a primeira e inevitável face
do mundo mesmo. (FREIRE, 2008. p. 78).
215
diferentes momentos da história humana. (OLIVEIRA et all
2014).
Considerações Finais
216
sobre os processos de ensino e aprendizagem estabelecidos na
escola e fora dela.
217
Referências
218
OLIVEIRA el all. Processos Educativos em Práticas Sociais. São
Carlos. EdUFSCar. 2014.
219
220
FILOSOFIA AFRICANA
221
222
FILOSOFIA AFRICANA TECIDA PELOS SABERES
ANCESTRAIS FEMININOS:
poéticas de encantamento.
(Paulina Chiziane)
57
Doutoranda em Educação Brasileira (UFC), Mestra em Educação (UFBA),
Bacharela e Licenciada em Filosofia (UECE). Faz parte dos grupos de
pesquisa GRIÔ: Culturas Populares, Ancestralidade Africana e Educação
(UFBA), NACE (Núcleo das Africanidades Cearense – UFC) e Rede
Africanidades (UFBA). Assento na Cadeira 39 da Academia Afro-Cearense
de Letras (AAFROCEL). E-mail: adilmachado@yahoo.com.br
223
(WERNECK, 2016, p. 14, prefácio EVARISTO, 2016), desse
modo, convido meus diversos eus em encontros / encantos
diversos e vossos diversos eus com seus / nossos encontros /
encantos diversos a com-partilhar desse texto / fala / escrita...
pois, assim, é possível “fazer existir outro mundo” (idem),
outros mundos, mundos encantados. Diálogos, escrevivências...
modos de ser / viver e lutar contra o racismo, o sexismo... pois,
nada nasce imune às nossas experiências, às nossas vivências
(EVARISTO, 2017), aos nossos sentidos!
224
negação da humanidade do Outro que tanto são no ser/fazer de
nossos velhos novos tempos.
225
suas incompatibilidades com a cultura nacional. O
racismo, portanto, mudou seu vocabulário. Nos movemos
do conceito de “biologia” para o conceito de “cultura”, e
da ideia de “hierarquia” para a ideia de “diferença”. (Ibid,
p. 112).
226
criar a filosofia, pois para a cosmoconcepção africana “falar,
dançar, cantar e realizar obras culturais artísticas e intelectuais
singulares marcam a diferença negra em luta pela igualdade:
abram alas para a busca do bem viver! O que vale mesmo é o
intenso sentimento amoroso do existir. No singular e plural”.
(CARNEIRO, 2006, p. 41). Filosofar de corpo presente, focando
a humanidade infinita de todas e todos, sem verdades absolutas,
universais, impositivas, implica-se na compreensão de que as
experiências são universais por ser desde um lugar, experiência
de um povo...
227
Falar de filosofia africana desde o Brasil é compreender
a afroancestralidade que nos perpassa, pois ela é um modo de
ser, de estar no mundo... de tecer a nós mesmas/os e quem está a
nossa volta, pois tudo fala, tudo nos transmite conhecimento,
assim, permitir que a ancestralidade nos guie é aprender com o
cotidiano, com o que está a nossa volta. Com o passado tão forte
em nosso presente, permitindo um futuro.
228
A ancestralidade nos ensina que “tudo está no presente.
Todo ensinamento pela história está no presente para ser
entregue em forma de vivências” (Ibid, p. 66), ou seja, todo
ensinamento é processo formativo. Isso implica que a
ancestralidade se atualiza continuamente na própria vivência, na
experiência, na formação pessoal que se faz no coletivo.
ser mulher não significa que a pessoa não tem nada a ver
com a energia masculina. Da mesma forma, ser homem
não quer dizer que a pessoa não tem nada a ver com o
feminino. Vaginas e pênis não são as únicas coisas que
definem nossa natureza sexual. Nossa vida é influenciada
229
pela presença, dentro de nós, das energias masculina e
feminina. É importante que essas energias estejam em
harmonia dentro de nós.
230
“falar, dançar, cantar e realizar obras culturais, artísticas e
intelectuais singulares marcam a diferença negra em luta pela
igualdade [...]. O que vale mesmo é o intenso sentimento
amoroso do existir” (CARNEIRO, 2006, p. 41). Poesia como
potência do existir, do bem-viver!
In-conclusões em constru-ação
231
explorado, hostilizado por outro. A rebeldia
individual é uma forma corporal feminina de buscar
liberdade, sempre afirmando a positividade da luta e
do sentido da existência (Idem).
232
uma pessoa comprometida é aquela que é útil, pois
cumpre a função que lhe foi destinada, e por isto
pode seguir em frente, distinguindo-se da massa
uniforme; uma pessoa comprometida é especial, pois
já encontrou sua especificidade, tornando-se, assim,
imortal. É considerado imortal todo aquele que fez
ou faz de sua vida uma obra a ser lida, a ser
internalizada. (STELLA DE OXÓSSI, 2013).
233
há em si e no Outro... Somos como uma teia de aranha, estamos
todas interligadas!
Referências
234
KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação – episódios de
racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Cobogó, 2019.
235
MACHADO, Adilbênia Freire; OLIVEIRA, Eduardo David.
Filosofia Africana-Brasileira: ancestralidade desregrada,
mundos encantados. In: NUNES, Cícera; CUNHA JR.
Henrique. ANAIS: VII Artefatos da Cultura Negra –
Cosmovisão Africana e Afrobrasilidades: Cultura, Religiosidade
e Educação. Urca – Crato, 2016.
236
http://correionago.ning.com/profiles/blog/show?id=4512587%3
ABlogPost%3A363471&xgs=1&xg_source=msg_share_post.
237
APÊNDICE
58
Carlos Petrovich e Vanda Machado, 2004.
238
Afinal ela não poderia de forma alguma ficar longe das
deliberações para o crescimento das coisas da terra. Ela sabia de
tudo que estava acontecendo.
nem as plantas vão florescer, nem crescer. Isto foi dito e isto
aconteceu.
Aquela foi uma reunião muito forte. A decisão foi acatada por
todas as mulheres.
239
E os resultados foram imediatos. Os planos que os homens
faziam, começaram a se perder sem nenhum efeito.
Desesperados, os homens se dirigiram a Olodumaré e
explicaram como as coisas iam mal sobre a terra. As decisões
tomadas nas assembleias não davam certo de forma nenhuma.
Olodumaré ficou surpreso com as más notícias.
240
Quando chegaram à casa de Oxum, ela já esperava na porta,
fazendo jeito de quem não sabia o que estava acontecendo. Aí os
homens foram chegando e dizendo:- Agô nilê! (Com licença).
241
242
ÁFRICA O LA POSIBILIDAD DE UNA ANTROPOLOGÍA
FILOSÓFICO-ECONÓMICA DE LA LIBERACIÓN
59
Profesor de historia y filosofía a cargo de las disciplinas de Filosofía
Latinoamericana, Introducción a la Problemática de la Filosofía
Latinoamericana, Filosofía de la Economía, Introducción al Pensamiento
Científico, Ética y Ciencia, Seminario de Filosofía Latinoamericana,
Filosofía de los Pueblos Indígena, en la Universidad Federal de Integración
Latinoamericana. carlos.bauer@unila.edu.br,
carlosfrancisco120@yahoo.com.ar
243
La comunidad doméstica, la renta de trabajo y el salario directo
e indirecto en África. Reflexionando a Marx, Meillasoux y
Levinas para una antropología filosófico-económica de la
liberación.
60
Modo de Producción Doméstico.
244
perfeccionada de acumulación primitiva que luego de la Segunda
Guerra Mundial favoreció al capitalismo europeo y africano y esta
es la que se realiza a través de las migraciones de trabajo temporario
y giratorias, por la preservación y la explotación de la economía
agrícola doméstica. Luego de todos los vejámenes y obliteraciones
producidos por la política colonial, el capitalismo descubre que el
M. de P. D. puede ser mejor explotado a mediano plazo por medio
de su preservación y no de su destrucción. Sus dos pilares son la
explotación colectiva y la producción de plustrabajo produciéndolo
como equivalente a la duración del tiempo libre. La movilidad de
las migraciones está limitada a actividades que no sean de estación,
pero igualmente para que la renta de trabajo sea extraída al máximo
es necesario que el trabajador permanezca próximo a sus graneros y
a sus esposas, quienes le preparan el alimento cotidiano. El éxodo
rural y las migraciones temporarias son las dos formas en la que se
realiza la transferencia de fuerza de trabajo desde el sector no
capitalista hacia la economía capitalista. Los efectos de dichas
migraciones son extremos. El excedente de esta mano de obra fue
abandonado a la miseria, muerte, caridad, y a nuevas migraciones
en donde los desarraigados sin hogar ni patria esperaran recuperar
sus condiciones de vida campesinas. Pero aun estos movimientos
migratorios son el motor de las expansiones capitalistas que Marx
llamó acumulación Originaria.
245
Meillassoux, es que la conservación o devolución de ciertas
comunidades a su modo de producción doméstico en África en
1950, tal vez se deba a cierta lección que aprendió el imperio luego
de la magnitud de la destrucción primera acaecida en América, y
que fue un motivo del debilitamiento del imperio español y
portugués. De lo que no cabe duda es que el capitalismo es un modo
de explotación y extracción de riqueza y para ello combina
exterminio, de-culturación, re-culturación, readaptación, imposición
y domesticación que podemos denominar de manera integral como
proceso permanente de aculturación.
62
En el manuscrito Marx utiliza las palabras inglesas labour rent y que
Engels traduce por Arbeitsrente.
63
Marx, K.: El Capital. Crítica de la Economía Política. Libro Tercero,
Sección Sexta. Editorial Siglo XXI, 9º Edición, México, 1980, pp. 1004-
1005. Y en otra edición en castellano dice: “la renta de trabajo es la forma
más simple de la del suelo; el productor directo cultiva, durante una parte de
la semana, la tierra que le pertenece en los hechos, con instrumentos (arado,
ganado, etc.) que son su propiedad de hecho y de derecho. Los otros días
246
Partiendo de estas premisas, veamos pues de que se trata el caso
que analiza Meillassoux directamente aplicado al África. El punto
de partida aquí es la política colonial que organiza y succiona las
capacidades productivas de la economía doméstica. De esta manera
se aprovechaba aún más la producción de la economía doméstica en
vez de exterminarla. La táctica es cuasi-perfecta, ahora el
exterminio es sutil, debido a que la comunidad doméstica de esta
manera es desquiciada dentro de un servilismo capitalista impuesto.
Claramente es un mecanismo neocolonial para decirlo con K.
Nkrumah.
trabaja gratis, en las tierras del terrateniente. Resuelta evidente en este caso
que la renta y la plusvalía son idénticas. El sobretrabajo no pagado se traduce
en la renta, y no en la ganancia”, en Marx, K.: El Capital. Tomo III. Editorial
Cartago, Buenos Aires 1973, p. 774.
247
los medios de producción de esas subsistencias y la duración total
del consumo del producto.
64
Meillassoux, C.: op. cit., p. 49.
248
En el caso feudal, o aristocrático que explota a la comunidad
doméstica el plustrabajo llega como una renta en trabajo siendo
este una entrega de tiempo gratuita de trabajo. Esto es “plustrabajo
impago para el “propietario” de las condiciones de producción, que
coinciden aquí con el suelo y que, en la medida en que se
diferencien de él, sólo cuentan como accesorios del mismo”65. De lo
expresado por Marx podemos deducir que la renta de trabajo tiene
un aspecto en la que el trabajador elabora tiempo de producción
para producir el sustento propio, y por lo tanto se ve obligado a
elaborar otro tiempo de producción en el que realiza actividades
productivas para un tercero no excluido, sino que se autoincluye
como hegemónico, y ese trabajo no posee retribución. De esa
manera se impone un horizonte de sentido que todo lo transforma
así como el tiempo transforma en piedra el hueso orgánico
manteniendo su figura pero perdiendo su forma. Con una diferencia,
el proceso del tiempo es natural, el proceso capitalista es cultural-
criminal.
65
Marx, K.: op. cit., p. 1005. Y en la otra edición en castellano dice: “es
sobretrabajo no pagado por el “propietario” de los medios de producción, que
aquí se confunden con la tierra, o si se distinguen de ella, son apenas sus
accesorios”, Marx, K: op. cit., p. 774.
66
Meillassoux, C.: op. cit., p. 158. (El subrayado es mío).
249
invisiblemente a la cultura doméstica en las redes del capitalismo.
La relación hermano/a-hermano/a comienza a distanciarse debido a
que está mediada, y así hasta las relaciones afectivas se trasforman
en lazos o cadenas invisibles manipuladas por el sistema burgués de
dominio sobre la comunidad doméstica.
250
de una renta de trabajo, y en b recibe un salario, pero su beneficio
no aparece como una renta gratuita, sino como una plusvalía
constituida por la diferencia de valor entre el precio de las
subsistencias consumidas del trabajador en el tiempo del empleo
pagadas por el salario horario, y el valor de las mercancías
producidas por el trabajador durante el mismo tiempo. De esta
manera el intercambio desigual, que es base del desarrollo
capitalista como proceso de desarrollo desigual y combinado, va
aparejado de una baja remuneración del trabajo pero sin que se
detecte racional ni afectivamente si una es causa o consecuencia de
la otra.
67
Marx, K: op. cit., p. 1007. Y en la otra edición en castellano “en lo que
concierne a la más simple y primitiva de las formas de renta, la renta en
trabajo, resulta claro que es aquí la forma más primitiva de la plusvalía, y que
coincide con ella”, Marx, K.: op. cit., p.776.
68
Op. cit., 1008. Y en la otra edición en castellano dice: “la renta es la
apropiación directa, por el propietario, de esa inversión excedente de fuerza
de trabajo, pues el productor inmediato no le paga otra renta. Como la
plusvalía y la renta son aquí idénticas (…)”. p. 776.
251
Todo plusvalor, cualquiera que sea la figura particular -
ganancia, interés, renta, etc.- en que posteriormente cristalice, es
con arreglo a su sustancia la concreción material de tiempo de
trabajo impago. El misterio de la autovalorización del capital se
resuelve en el hecho de que éste puede disponer de una cantidad
determinada de trabajo ajeno impago”69.
69
Op. cit., Libro Primero, Sección Quinta, p. 649. Y en la otra edición en
castellano Capítulo XVIII de la quinta sección, dice: “toda plusvalía, sea cual
fuere su forma particular –ganancia, interés, renta, etc.– es en sustancia la
materialización de un trabajo no pagado. Todo el secreto de la facultad
prolífica del capital reside en el sencillo hecho de que dispone de cierta suma
de trabajo ajeno que no paga”, Marx, K. op. cit. Tomo I, p. 508.
252
De esta distinción Meillassoux deduce una consecuencia política
y social importante, esta es la siguiente: “la renta no se realiza de
igual manera que la plusvalía”70, esto es que no entran en juego las
mismas instituciones, porque la extracción de la renta en trabajo
exige la puesta en movimiento del mecanismo complejo y
específico de las migraciones temporarias, como el
establecimiento de un doble mercado de trabajo, así como también
el sostenimiento de una ideología discriminatoria adecuada a los
fines del capital y el capitalista.
70
Meillassoux, C.: op. cit., p. 164.
253
de los diferentes procesos históricos71. La función de un estudio
histórico-filosófico-antropológico crítico aquí es fundamental para
realizar el estudio de las particularidades de una cultura en su
territorio y de esa manera poder realizar una contextualización
adecuada de las categorías críticas de El Capital.
71
En América Latina un trabajo similar es el que llevó a cabo Carlos Sempat
Assadourian analizando “La producción de la mercancía dinero en la
formación del mercado interno colonial”, o en el Sistema de economía
colonial (1982).
254
escala nacional. Dicha fracción no se calcula sobre el tiempo de
trabajo, sino estrictamente de acuerdo al costo de mantenimiento y
de reproducción de cada trabajador considerado individualmente y
en función precisa de su situación familiar, del número de hijos, de
partos o enfermedad. Entonces, es mediante el pago del salario
indirecto y no solo por la compra de la fuerza de trabajo inmediata
como se realiza la reproducción de la fuerza de trabajo y como es
pagada teóricamente en su costo.
72
Movimientos Nacionalistas Modernos.
255
Panafricanismo y la Negritud como corrientes ideológicas que si
bien tienen su génesis fuera de África, a la postre se convirtieron en
movimientos políticos y culturales en el interior del continente,
fortaleciendo la lucha por la liberación, la autonomía y la
autovaloración africanas. La crisis de 1930 marcó los estrechos
límites de la dominación colonial a la vez que su punto más álgido.
Pero antes de pasar a dichos temas comentaré sintéticamente a que
nos referimos cuando hablamos de situación colonial (colonial
situation).
73
Véase “I. La sociología de la dependencia”, en Balandier, G.: Teoría de la
descolonización. Las dinámicas sociales. Editorial Tiempo Contemporáneo, Bs.
As. 1973.
256
Ahora Sartre en su texto74 nos recuerda que el colonialismo es un
sistema preciso con toda la carga hegeliana que posee el término.
257
la instrucción técnica del campesinado musulmán. Esta institución
creada en el papel y en parís, no tenía otro objeto que elevar
ligeramente la productividad del felá: lo suficiente para impedirle
morir de hambre (Sartre, 1968: 32). Desde aquí descubrimos otra
presión más que se suman a las mencionadas y es la presión del
papel. El eurocentrismo, a modo como el arquitecto plasma en un
plano la obra, descubre la importancia de planificar su pensamiento
colonial en los papeles y aplicarlo a la realidad con una intensidad
sistemática.
258
Dentro de este contexto es que surgen los movimientos de
contra-aculturación. Este término es creado por los antropólogos, y
Balandier se permite sospechar de este término por un instante.
Sostiene que es ambiguo porque de hecho no realiza una regresión
simple, sino que está cargado de un sentido que no siempre poseen
los viejos valores e instituciones: con frecuencia plantea un
reagrupamiento frente al grupo dominante y organiza la oposición
contra este en tanto ejerza una dominación extranjera,
adjudicándoles, muchas veces, un mote de fanatismo xenófobo
señalada por la prensa o administraciones extranjeras. Lo cierto es
que esta ambivalencia de retorno al pasado, con la asimilación de
los valores democráticos caracteriza a todas las reacciones actuales
frente a las situaciones coloniales y paracoloniales dice Balandier
(1973: 24).
75
Véase “7. Las contradicciones internas del colonialismo”, en Ki-Zerbo, J.:
Historia del África Negra. 2. Del Siglo XIX a la época actual. Editorial Alianza
Universidad, Madrid 1985, pp. 712-713.
259
hay que olvidar que los países colonizadores no presentaban un
frente común y homogéneo en este campo, por que en los primeros
años de colonialismo siempre hubo algún europeo que se opuso a
las obliteraciones y explotaciones coloniales y a la colonización
misma.
260
a recomenzar su historia, y a gestar su independencia desde las
ideologías y movimientos que al decir de los antropólogos son
contraculturales o al decir de Ki-Zerbo son anticoloniales. Aquí
podemos señalar lo que le indicamos a L. Hurbon para el caso
haitiano, es desde el espíritu de libertad que renace la lucha
anticolonial y desde donde se curarán “todos” los demás males.
261
a las colonias francesas, al África belga y a los territorios
portugueses en el sur de África. Algo señalamos de sus efectos en
las corrientes filosóficas que surgieron aquí, además de solo
mencionar el efecto que también ejerció en el surgimiento de los
Movimientos Nacionalistas latinoamericanos. Son cuantiosos los
acontecimientos que jalonaron este proceso en el África y que aún
siguen vivos, y nos advierte Ki-Zerbo, que “faltan numerosos
documentos en el archivo del historiador para que lo expuesto aquí
pueda ser algo más que una cronología comentada” (Ki-Zerbo,
1985: 736).
262
El panafricanismo es un movimiento ideológico, político,
filosófico y cultural que promueve la unidad del continente africano.
Y este primer congreso fue organizado por Du Bois, Garvey y
llevada al campo político y cultural propio del África por africanos
nacidos en el África, como es el seguidor del jamaicano Garvey, el
Dr. K. Nkrumah. El origen del término se le atribuye a Du Bois o
Henry Sylvester Williams. Este movimiento constituye de la
conjunción de tres factores, el esclavismo occidental y la
explotación de las personas negras en América y África, así como la
carrera colonialista de Europa en África, otro factor es la presencia
en EE.UU., de emigrados y estudiantes procedentes de las Antillas,
como un área con una larga tradición de movimientos de liberación
esclavos, y en tercer lugar se destaca la actividad y producción
intelectual de pensadores como Du Bois, Garvey. El mismo Du
Bois crea en 1908 la National Association for the Advancement of
Coloured People luchando contra el particularismo de los negros
americanos. Garvey galvanizo las masas negras creando por primera
vez un sentimiento de solidaridad ligado a la conciencia mesiánica
de su origen, de que por ejemplo lo negro es bello. El haitiano Price
Mars dio al movimiento sus bases literarias publicando en 1928 un
ensayo etnográfico revolucionario Ainsi parla l’oncle. Fue
inspirador de Aimé Cesaire y de Senghor que lanzaron la noción de
negritud en 1933-35. A partir de 1947 por el grupo Présence
africane quien difundió esta ideología publicando varias obras de
síntesis y combate orientadas a encarnar el alma africana en La
philosophie bantoue de P. Placide Tempels en 1948 y Nations
negres et cultures de Cheikh Anta Diop en 1955. Esto es continuado
por el gran filósofo africano Eboussi Boulaga en su filosofía
contradiscursiva cuando declara en La crise du Muntu 1977 que el
Je pense, donc je suis; es la causa del crimen contra el Je danse,
donc je vie.
263
Luego vienen el 2º, 3º y 4º congreso panafricano, pero al parecer
estancando y adormeciendo la efervescencia de lo que había surgido
con antelación en el primer congreso. Pero será en el período que va
de 1945 a 1955 que surge en el 45 el 5º congreso panafricanista
celebrado en Manchester tras la 2º Guerra Mundial y que
reconfigura nuevamente al panafricanismo. Esto será de la mano
política y anticolonialista del antillano George Padmore consejero
del Dr. K. Nkrumah (Pan-Africanism or Communism) que lo define
como “la aspiración de realizar el gobierno por africanos para los
africanos, respetando a las minorías raciales y religiosas que deseen
vivir en África con la mayoría negra” (véase Coquery-Moniot,
1985: 289). El n’krumahísmo posee aspectos negativos pero no es el
caso tratarlos aquí para la dimensión de este escrito.
264
F. Fanon retrata Piel negra, máscara Blanca. La negritude sería
más influyente que el Panafricanismo para el caso de las
comunidades africanas de Latinoamérica.
265
neocolonos, profetismos de la resistencia o la desesperación entre
los xhosa donde ya se encuentran elementos sincréticos como la
espera de redención. Se crean como hecho relevante las iglesias
separatistas. Ordenan ministros negros y editan la Biblia en lenguas
indígenas. Crean de este modo una élite nueva y un modo de
reflexión, expresión y organización. A partir de 1904 aumentan las
iglesias sionistas que han prosperado y persistido hasta nuestros
días. Estas iglesias nacieron de un profeta a quien sus cualidades
personales y su predicación aseguraron el éxito; fundó una ciudad
santa y fijó su comunidad.
266
el kimbangismo es la expresión de una reafirmación cultural
Bakongo que hace madurar también una ideología nacionalista.
Referências
Dussel, E.: 1492: El encubrimiento del otro. Hacia el origen del mito
de la modernidad. Editorial Plural, La Paz Bolivia 1994,
Conferencias de Frankfurt.
267
Dussel, E.: Ética de la Liberación en la Edad de la Globalización y
de la Exclusión. Editorial Trotta, 1998.
Ki-Zerbo, J.: Historia del África Negra. 2. Del Siglo XIX a la época
actual. Editorial Alianza Universidad, Madrid 1985.
268
LA PRESENCIA NEGRO AFRICANA EN
NUESTRA IDENTIDAD
Dina V. Picotti C.
UNGS - Univ.Nac.de Gral.Sarmiento, Argentina
77
Cheikh Anta Diop, Nations nègres et culture, Présence africaine, Paris,
2000
269
El filósofo camerunés Eboussi-Boulaga78 llega a sostener
en este sentido la no pertinencia de la búsqueda y el discurso
acerca del origen de la filosofía, en tanto ésta no se iniciaría
nunca sino más bien siempre re-comenzaría, como actividad
78
La crise du Muntu, Authenticité africaine et philosophie, Présence
africaine, Paris, 1977 et 1997. L'Affaire de la philosophie africaine. Au-delà
des querelles, Karthala-éditions terroirs, Paris-Yaoundé, 2011.
270
inherente a todo ser humano, la de reflexionar sobre la
existencia humana y la realidad en general en busca de
respuestas, que se ha dado en cualquier confín del planeta tierra,
también en África. La no conservación o transmisión mediante
la escritura de las obras de los pensadores africanos del pasado,
contribuye a que nos sean desconocidos, lo cual no significa que
no hayan existido, tal y como afirma Joseph I. Omoregbe79, ya
que hay fragmentos que nos han llegado en forma de proverbios,
mitos, leyendas, cuentos y, especialmente, religión. Para una
mente occidental muchas de las prácticas culturales africanas se
tornan ajenas e incomprensibles, pero la tradición oral o las
creencias en sistemas de sabiduría como la adivinación ifa
yoruba o la reflexión en torno a diversas cosmovisiones propias,
por poner algunos ejemplos, deberían tornarse la puerta de
ingreso a otras maneras de pensar que pueden iluminar nuestros
caminos.
79
Joseph I. Omoregbe, “African philosophy: yesterday and today”, in
P. O. Bodunrin (ed.), Philosophy in Africa: Trends and Perspectives.
University of Ife Press. pp. 1 (1985)
271
Puerta dogón.
272
ámbito político o social, como las de Kwame Nkruma y su
concienticismo81, Julius Nyerere y su socialismo africano82
“Ujamaa” o Kayoya y su humanismo83 o aquellas que
reflexionan sobre la identidad propia como Leopold Senghor
para su movimiento de la Negritud84..
81
Kwame Nkrumah, primer presidente de Gana, Consciencism: Philosophy
and Ideology for De-Colonisation (1970)
82
Julius Nyerere, primer presidente de Tanganica, Freedom and Socialism
(Uhuru na Ujama): A Selection from Writings & Speeches, 1965–1967,
Oxford University Press, 1968
83
M. Kayoya, de Burundi,sacerdote, poeta y filósofo, autor de iniciativas
pedagógicas, caído en medio del genocidio de los hutu, Sur les traces de mon
père. Jeunesse du Burundi à la dècouverte de valeurs, Presses
Lavigerie, Bujumbura, 1968. M.
Kayoya, Entre deux mondes: sur la route du développement, Presses
avigerie, Bujumbura, 1970.
84
Leopold Sedhar Senghor, primer presidente de Senegal, político y poeta.
273
Julius Nyerere
85
. Kwasi Wiredou, ganés, Dr. en filosofía por la Univ. de Oxford, 1987
enseña en la Universidad del Sur de Florida en Tampa. Su interés principal
gira alrededor de la filosofía africana poscolonial, epistemología, filosofía de
la lógica, metafísica y filosofía de la mente. Souleymane Bachir Diagne
Actualmente radica en los Estados Unidos y sus reflexiones recientes
abordan el diálogo, especialmente intercultural, y la diversidad cultural,
enseña en la Universidad de Duke.
274
ancianos o sacerdotes fetichistas, sino que acudiremos a
pensadores concretos, en persona, si es posible, y en letra
impresa (…) A mi modo de entender, como ya he insinuado
antes, el pensamiento tradicional africano debiera en primer
lugar compararse tan sólo con el pensamiento popular
occidental”.
86
Ferrán Iniesta, Profesor Titular de Historia de África a la Univ. de
Barcelona (1989-). Ha enseñado en las Universidades de Dakar (Senegal
1979-1980) y Antananarivo (Madagascar).
275
Souleymane Bachir Diagne
87
Odera Oruka,“Sagacidad filosófica y filosofía intercultural”, Estudios
africanos, P.Mosima, Camerún.
276
consideramos intelectuales. Frente a ellas, el camerunés Jean-
Godefroy Bidima identificaba más de una veintena de corrientes
en el seno de la filosofía africana moderna.
277
Eugenio Nkogo Ondó, Catedrático de Filosofía de Guinea Ecuatorial
278
En un mundo globalizado, en el que el capitalismo, la
carencia de valores y el individualismo más inmisericorde
campan a sus anchas, forzoso es volver la vista hacia otras
visiones y otros modos de pensarnos, encontrar otros modos de
organizar la convivencia, otras maneras de lograr la igualdad,
otras vías para sentirse en armonía con la naturaleza. Viendo lo
fácil que les resulta, desde la periferia africana no se puede sino
desear que continúen en esa profundización de su ser más íntimo
y nos sigan descubriendo nuevas formas de vivir más acordes
con el ser humano. Sabiendo, como nos recuerda Ferrán
Iniesta, que en las culturas de sabiduría africanas siempre
seremos bienvenidos, no nos queda más que indagar en su
pensamiento y que África nos acoja.
279
de esclavitud y también a través de migraciones no forzadas,
operando como otro valioso protagonista del pensamiento
latinoamericano, con mayor intensidad en algunas regiones que
en otras.
280
política y económica, no se pueden acallar los verdaderos
sujetos históricos, los pueblos y sus diferentes culturas o formas
de vida, que constituyen la historia concreta de la humanidad, y
que vuelven a tener fuerte significancia como reserva existencial
y posibles caminos para el enfrentamiento de los graves
problemas comunes del mundo actual. Si además consideramos
a nuestro continente, lo que lo distingue es precisamente la
convivencia de culturas diferentes, que a pesar de su historia
conflictiva representa la situación esperanzada de una
confluencia de núcleos creadores, que habrá que saber desplegar
en vistas a la propia emergencia civilizatoria.
281
observe o quiera reconocer, se descubren rasgos innegables que
marcaron su impronta aún en zonas que tuvieron menos
afluencia de esclavos como en el Río de la Plata, o donde se cree
que perduraron menos. Nos referimos a rasgos que
consideramos tan propios de la identidad negro-africana como
inconfundibles a través de su presencia en el mundo y, para
nuestro caso, en América Latina. Se trata principalmente de su
sentido de la palabra, del ritmo y de su concepción religadora de
la realidad, sin dejar de tener en cuenta su participación, como
factor intrínseco, en todos los ámbitos: poblacional,
sociopolítico, económico, militar, etc.
La palabra
282
reflejarse no sólo en sus rasgos físicos sino también culturales.
Uno de los aspectos básicos para encarar una cultura es siempre
el lenguaje, no sólo por la existencia de vocablos de
determinado origen y composición, sino sobre todo por el modo
de articularse, que indica el espíritu y la articulación misma de
aquélla. Como se ha mencionado, todo pueblo y cultura se va
constituyendo en la configuración de una determinada
experiencia de la realidad, que se traduce en un logos, es decir,
en un modo de pensar y lenguaje; la conformación de éstos en
América fue protagonizada por los diversos pueblos que
conviven en el continente y que a pesar de marginaciones y
destrucciones se influyeron entre sí. Si bien se ha dicho que el
esclavo africano no logró cimarronear ciertos aspectos de la vida
americana, como la lengua de sus amos, salvo el caso de los
dialectos criollos, sin embargo es innegable su gran influencia
sobre el español y el portugués, y en el Caribe sobre el francés,
el inglés y el holandés, no sólo por el aporte de un porcentaje no
despreciable de vocablos y modismos, sino también de
estructuras más básicas, como por ej. la forma de nominar y el
sentido mismo de la palabra. De allí que los especialistas se
orienten con mayor preferencia hacia ellas que a verificar
relaciones más superficiales, tales como la conservación de
vocablos.
89
Ya en 1924 Fernando Ortiz en su Glosario de afronegrismos, La Habana,
presentaba 1200 vocablos africanos en el español de Cuba. En 1938 N. de
Senna ofrece listados y estudios en Africanos do Brasil. Una contribución
semejante ha sido la de A.Nazario, El elemento afronegroide en el español de
Puerto Rico, San Juan, 1961, y otras publicaciones. En el ámbito de dominio
holandés son conocidos los trabajos de M.J. y F.S.Herkovits y de J.
283
diversas lenguas africanas de origen90, así como en su
recreación, consecuente con el proceso de asimilación y
284
acomodación a lo nuevo. A pesar de que los esclavos, al ser
arrancados de sus tierras y comunidades y traídos a América en
muy joven edad perdieran en gran parte las lenguas y culturas de
sus antepasados, sin embargo, según toda clase de testimonios,
sobre todo literarios, mantuvieron su esencia reorganizando
creadoramente el material lingüístico, al sustituir unos vocablos
por otros y producir imágenes, como lo hacían en sus lenguas
originarias. Porque para los africanos el lenguaje no es, como
normalmente para los europeos, la concepción de mundo de un
pueblo, por la que éste se presenta como unidad cultural, sino
que nommo -voz bantú-, la palabra, precediendo a la imagen, no
es idea, imagen portadora de sentido, sino sólo la expresión
fonética de un objeto; no tiene valor cultural por sí misma, sino
que se la otorga el hablante cuando crea una palabra-semen
formando una imagen91. Lo que constituye una lengua no es un
tesoro de vocablos, sino el modo –kuntu- de utilizarlos, que es
fuerza independiente, categoría fundamental del pensamiento
negro-africano en general92. De esta suerte, han podido surgir en
el mundo afroamericano lenguas mixtas como el ‘créole’ en
Haití –dicciones de origen francés y aún español con términos
de procedencia fon, lengua de los ewes de Dahomay-; en
285
Surinam el ‘taki-taki’ –síncresis de voces portuguesas,
holandesas y británicas, regidas por una sintaxis más
propiamente africana, con palabras de esta última procedencia-
y el ‘Saramacca-tongo’ o ‘deepi-tahki’, con expresiones casi
exclusivamente africanas, sobre todo de origen fon; el
‘papiamento’ –elementos procedentes del holandés, danés,
portugués, castellano y francés con otros procedentes de lenguas
africanas-, que domina en la isla de Curasao en el Caribe; en los
Estados Unidos de N.A. además del ‘créole’ afro-francés,
diferente del haitiano y que todavía se habla en la Luisiana,
surgió el ‘gullah’ en las islas homónimas frente a los estados de
Giorgia y Carolina del sur, además de la influencia general que
aportaron los negro-africanos sobre el inglés, mal llamadas
dialectos, es decir, variaciones o degeneraciones del español
francés, inglés, holandés, porque su vocabulario procede
preferentemente de palabras europeas y en parte africanas, pero
la sintaxis sigue las reglas de la gramática africana; si se
advierte, como expresa
286
congo-angoleña, dejando abierta la posibilidad de que también
se hayan desarrollado hablas locales, como el créole constatado
por Germán de Granda en la zona colombiana de San Basilio de
Palenque, refugio colonial de negros cimarrones93.
93
R.Allsopp. “La influencia africana sobre el Caribe”, en M.Moreno
Fraginals, África en América latina, Unesco/Siglo XXI, México, 1977.
94
N.Ortiz Oderigo, Aspectos de la cultura africana en el Río de la Plata,
Plus Ultra, Buenos Aires, 1974, III. I.Pereda Valdés, Vocabulario de
palabras de origen africano en el habla rioplatense, Unesco/Siglo XXI,
México, 1977.
95
Tal trabajo, del legado inédito transferido por su heredera Alicia Dujovne
Ortiz a la Biblioteca de la Universidad Nacional Tres de Febrero, fue
publicado por ésta: Diccionario de africanismos en el castellano del Río de
la Plata, Eduntref, Buenos Aires, 1a.ed. 2007.
287
sobre todo a la presencia de su sentido de la palabra, que por
otra parte se acercaba más al que las culturas indígenas le
otorgaban. Creemos que tal sentido es una de las razones
profundas de la incidencia afro en nuestra identidad, así como
de su repercusión en el mundo, según lo manifiestan testimonios
literarios y artísticos en general.
La palabra reviste para el africano importancia y rol
fundamentales. Todo movimiento natural, toda obra humana, se
sustenta en su fuerza procreadora, que es nommo, fuerza vital
que libera las energías cuajadas de los minerales, induce
actividad en los vegetales y animales, conduce las cosas a un
sentido. La palabra del muntu –ser inteligente, humano vivo o
muerto, o divinidades- es, de este modo, fuerza activante que
impulsa y mantiene en su desarrollo todo movimiento. No basta,
por ej. el mero trabajo manual de sembrar y recoger, que es
considerado sólo parte de la actividad humana, sino que es
preciso además la influencia del entendimiento activo mediante
la palabra, unidad de fluidez corporal y espiritual que penetra,
vivifica y activa; es así como también el recién nacido llega a
ser un muntu, persona, cuando su padre o el hechicero
pronuncian su nombre, gracias al que el principio espiritual -
megara- se introduce en lo biológico –buzima-96. Todo cuanto
acontece, feliz o desgraciado, se debe a la palabra. En el
principio, ésta estaba en lo divino, como para el relato bíblico,
pero a diferencia de éste no permanece de tal modo en Dios que
el hombre sea sólo su testigo o anunciador; se hace carne no
sólo en Cristo sino por doquier en cada muntu, procreando y
desplegando incansablemente, aún a los dioses. Por la palabra
todo muntu es señor de las cosas y éstas son según la palabra del
96
Se trata de categorías de la ontología bantú, básicas en todo el pensamiento
negro-africano, a pesar de diferencias culturales internas, y por ende
lingüísticas. J.Jahn, op.cit.
288
muntu más fuerte. Sin la palabra las fuerzas se entumecerían;
existe lo que existe por el nombre, que es conjuro, acto creador.
Todo pensamiento, al ser pronunciado se hace realidad y lo que
no se puede concebir no existe. La palabra activa el curso de las
cosas, las transforma y se transforma el hombre al pronunciarla;
por ello, toda palabra es de acción, comprometida, ninguna es
inofensiva. Su fuerza se observa, por ej. en las prácticas
curativas: el paciente nunca espera un efecto sólo del
medicamento, que no es eficaz por sí mismo sino en conexión
con la palabra, fuerza vital; cuanto más poderosa es esta última
en el hechicero, tanto más aquélla y más eficaz el placebo, así
como puede operar negativamente cuando el brujo en lugar de
ponerla al servicio de la comunidad la utiliza de modo egoísta y
maligno. De allí también la conciencia de responsabilidad en el
uso de la palabra. Por estas cualidades que le son propias, la
palabra transforma al mundo. Cuando en el siglo XX poetas
africanos comenzaron a hablar en lenguas europeas, en el modo
y con la fuerza de la palabra africana, se comenzó a escuchar, y
ello no dependió de un momento histórico propicio, más que la
circunstancia de que poetas negros pudieran expresarse y
hacerse inteligibles, sino que reposa en su antiquísima tradición,
ahora también vertida en otras lenguas, que persistió
dondequiera la poesía africana operara su influjo. Según ella, la
palabra poética ejerce su fuerza sobre las cosas, su hechizo –en
el sentido eficiente más propio que posee el hechicero entre los
africanos-, en su puesto de mando sobre el mundo, poniendo las
cosas al llamarlas en su gran contexto, como palabra-semen que
las engendra. Lo así gestado queda al cuidado del hombre y le
sirve en relación fraternal, pues muntu-hombre, kintu-naturaleza,
cosas, material de cambio, hantu-espacio y tiempo- y kuntu-
fuerza modal están en tanto ntu-fuerza, estrechamente
emparentados; también le ordena, de allí que el imperativo sea
289
la forma de tiempo fundamental: ordena al futuro cómo ha de
ser, y cuando esa visión del futuro se sitúa en el pasado, manda
irrevocablemente, como si la orden ya se hubiera cumplido;
donde hay un presente no describe, narra, sino que conjura.
Algo acontece cuando el poeta lo profiere y él mismo, como
fuerza entre fuerzas, en ello se transforma. Nommo-la palabra-
es humedad, fluidez, semen, sangre.
97
De la novela Juyungo, del afroecuatoriano Adalberto Ortiz.
290
el lenguaje de los tambores, más adecuado al tipo tónico de las
lenguas africanas que una escritura alfabética, que requiere un
complejo sistema de acentos, consonantes y otras marcas para
indicar no sólo las tonalidades sino también los matices.
291
manifieste, por ej., como relata J.Jahn98, cuando los niños de
Camerún llaman a la pizarra de clase, con instintiva conciencia
de lo que ella significa, esa pared negra donde se habla con los
muertos. A pesar de ellos, los tambores están todavía presentes
en América, porque han venido a formar parte de nuestro
lenguaje, con la fuerza que le imprimieran sus importadores
africanos. Cual elocuente escritura conservaron, recrearon y
continúan convocando; acompañaron las gestas patrias, fueron
pregoneros oficiales y transmiten hoy un particular sentido a las
manifestaciones populares, justamente por haber constituido el
lenguaje de los esclavos y por extensión de los ciudadanos sin o
con escasa voz.
98
J. Jahn, op. cit., p. 222.
292
fulgurantes metáforas e imágenes y otros caracteres típicos. El
arte payadoresco, que también pasó a la literatura escrita, tuvo
como protagonista fundamental, al africano y sus descendientes
y pervive sobre todo a través de ellos hasta nuestros días como
expresión vivida, dotada de muchas posibilidades estéticas y
testimoniales, sobre la base de la agudeza y rapidez mental;
nutrido en el canto contrapuntístico africano, de amplia y
variada tradición, no sólo se manifiesta vocalmente sino también
en diálogos musicales, como los duelos de tambores, los cutting
contest del jazz, las llamadas de los tambores afro-uruguayos y
las contiendas danzantes. Otra voz que se puede incluir en la
literatura oral es la de los pregones, que de modo pintoresco y
expresivo, acompañó a casi todos los aspectos de las vida, en
calidad de testimonio tan inadvertido como elocuente,
transmitiéndose de generación en generación, recogiendo el
habla coloquial y sus giros más sabrosos, sobre la base de
melodías breves y fragmentarias; aunque tienden a desaparecer
al compás de la transformación tecnológica de las sociedades,
guardan por lo menos una existencia marginal, como uno de los
ejemplos de resistencia popular.
293
africana, insertándose más en la tradición popular de cuentos,
canciones, proverbios, letanías del Hounfort, donde se celebran
los cultos del Vodun ; de este modo se hallan ya presentes
numerosos elementos africanos como el ritmo, fragmentos
fonéticos de lenguas ancestrales, contenidos metafísicos, aunque
persista la dicotomía en la forma de escribir y en la misma
actitud ante la cultura africana como tal. Un tercer estadio
estaría representado por la literatura de expresión africana, es
decir, que asume el material popular en la misma forma literaria:
se advierte la fuerza y el progreso de las imágenes, la presencia
de ritmos a veces esenciales en la expresión, la importancia de la
palabra-conjuro, la improvisación rítmica y temática tan cara a
la tradición africana como en algunos poemas de N.Guillén,
A.Césaire, L.Damas, J.Ali o el propio Brathwite, en los cánticos
y coros y en las tonadas de trabajo, transformando a veces la
forma-sentido de la palabra. Por último, la literatura de
reconexión inyentaría relacionarse con la cultura madre africana,
reconociendo su presencia viva, creativa en nuestra sociedad,
como parte de ella. Una particular mención para nuestro
propósito merece el fenómeno de la poesía negra, que se
produce en Cuba en torno a los años treinta, asumiendo voces,
ritmos, temas y recursos en general de lenguaje negro y mulato,
extendiéndose luego a las Antillas y a toda América y
difundiendo a la par el modo y la valoración de una cultura de
origen africano que ya formaba parte nuestra, reconocida o no.
Las matrices de este movimiento fueron los cantos religiosos y
los cantos de Cabildo, ligados a la percusión de instrumentos, a
lo que habría que agregar los cantos de comparsa y los cantos
para matar culebras, en los que los ritmos son dominantes y las
voces pretextos para el ritmo de baile. Este movimiento poético
afroamericano, el más fuerte conocido en lengua española, sigue
existiendo como corriente viva en la poética latinoamericana por
294
sus valores intrínsecos, que se puede ver concentrados en el
sentido y forma de la palabra africana.
El ritmo
295
misma serie de líneas divisorias de compás, o poli-rítmica
cuando un único metro fundamental se acentúa de distinto modo
y se sincopa –las líneas divisorias de compás son verticalmente
paralelas, como en la música europea, pero combinándose entre
sí varias versiones rítmicas de un mismo metro. Ambas formas
componen la rítmica en cruz, o sea, que los grandes acentos de
las formas utilizadas no coinciden, sino que se apoyan unos
sobre otros en cruz. Con tal entrecruce el africano obtiene una
serie arrebatadora de acentos, formas extáticas de movimiento,
por ej. en el vudú algo así como la palabra de los loas101, según
la cual el danzante encarna un loa determinado: los tambores
‘dicen’ la palabra hechicera que nombra a un determinado
danzante para posesión de un loa concreto. La presencia de estas
formas rítmicas, específicamente africanas, indica también la
extensión de su influencia musical. En las Antillas se mantienen
aún poliritmia y polimetría en el ámbito afroamericano, mientras
que en los Estados Unidos de N.A. queda sólo la poliritmia
como elemento vétero africano y sigue siendo determinante aún
en el estilo swing del jazz.
101
J.Jahn, Muntu: Las culturas de la negritud, op.cit. II y IV.
102
L.S.Senghor, Der Geist…, op.cit.
296
También la prosa es impulsada por el ritmo. Para el
africano no se diferencia fundamentalmente de la poesía, que es
sólo una prosa más fuerte y regularmente rítmica; la misma frase
puede convertirse en poesía si se acentúa el ritmo y con ello se
expresa la tensión del ser. Antiguamente toda narración contenía
un fuerte ritmo y por lo tanto era poesía; tal como nos ha
llegado, en su forma más profana de fábula, estaba siempre
acompasada, aunque lo fuera débilmente, y poseía la tensión
dramática que surge de la repetición de un detalle, un gesto, una
melodía, un g rupo de palabras que se convierte en leit motiv,
aunque apareciendo siempre un nuevo elemento, una variación
en la repetición, que subraya el desarrollo dramático. De este
modo, la prosa no rehúye recurrir a palabras y figuras verbales
descriptivas que se basen en la repetición de fonemas.
297
sistema de valores y percepciones subyacentes, que toma
determinadas formas, de acuerdo con las condiciones peculiares
de cada lugar, como sucede con otros aspectos de su cultura, y
que sobre todo detentan un profundo sentido religador, que
permitió preservar un ethos a lo largo de dramáticas luchas y de
presiones de poderes hegemónicos.
103
Como también lo subrayan J.E. y D.M. dos Santos, “Religión y cultura
negra”, en M.Moreno Fraginals, África en América Latina, Siglo XXI,
México, 1977.
298
El culto no se dirige al ente supremo, dios creador, por
considerárselo inefable, distante, sino a las más diversas
manifestaciones de la divinidad, fuerzas de la naturaleza o
antepasados, númenes llamados orishás entre los yorubas,
vodús entre los ewes, osoms entre los fanti-shantis, okices o
inkkissis entre los angoleños y congoleños, con sus diferentes
características, insignias, cantos, danzas e instrumentos
musicales. Se suceden libaciones y ofrendas de animales, ritmos
musicales, canto y danzas hasta que los iniciados son poseídos o
‘cabalgados’ por un loa o espíritu. La danza parece al profano
un proceso descontrolado, sin embargo, cada danzante,
cabalgado por un loa diferente, sigue con espontaneidad el
movimiento que le corresponde; los tambores indican los ritmos,
llamando sucesivamente a cada loa por el suyo y guiados a su
vez por las carracas sacras de los sacerdotes, quienes señalan a
los tamborileros el toque oportuno, como directores de una
ópera sagrada con su batuta, la orquesta –los tamborileros-, el
coro de iniciados y los solistas –los danzantes-, sin desorden
alguno. Todo posible desborde es detenido por un toque de
despedida.
299
norteamericanas se observan formas más atenuadas por
influencia cristiana. Ante el orden mencionado, es evidente que
no puede tratarse de sugestión masiva ni de paranoia en los
danzantes, como lo afirman ciertas malinterpretaciones, sino del
seguimiento de normas profundamente arraigadas en la cultura y
que escapan a la comprensión de los profanos; ellas conducen a
expresar su excitación en una catarsis, en una acción rítmica que
abarca sonido y movimiento, manteniendo sin embargo la
conexión con el mundo; las potencias físicas y espirituales
intactas, incluso parecen elevarse, tal vez superando o
equilibrando conflictos psíquicos y operando una armonización
interior, pues el danzante aparece luego extraordinariamente
fresco; se trata entonces de una acción bienhechora y no dañina,
lo esperado por el creyente de todo aquél que tome parte activa
en el culto, considerándose anormal el no haber sido poseído por
el dios. Es así comprensible que estos actos de culto, que
condensaban el imaginario africano y sus formas más propias de
lenguaje –la palabra, el ritmo, el canto, la danza- fueran el
religante por excelencia de pueblos tan castigados y sometidos a
toda clase de desestructuración y aculturamientos. El secreto de
la vida y el sentido del culto y de las ofrendas es para los
africanos establecer una relación constructiva entre todas las
fuerzas que componen la realidad , en el cruce del eje humano y
del divino, tal como significa para ellos la cruz; puesto que el
mundo no se presenta como un conflicto entre mal y bien, luz y
tinieblas, sino que toda fuerza, incluso la divina, alberga
posibilidades constructivas o destructivas.
104
A.Kagame, La philosophie bantú-rwandaise de l’être, op. Cit.
300
general, todo lo existente, sea él muntu –ente inteligente-, kintu
–cosa-, hantu –lugar y tiempo-, kuntu –modalidad-, es percibido
no como sustancia sino como fuerza –ntu-, operando sin
interrupción y relacionada con las demás. El mundo aparece
entonces como continuo nacimiento y lo divino como primero
creador y procreador. Los mismos difuntos son fuerzas
espirituales, que pueden influir en sus descendientes vivos
vigorizándolos, mientras ellos son a su vez vigorizados a través
de las ofrendas de éstos, cumpliéndose la ley de interacción
entre las fuerzas vitales del universo. De tal modo que cuando es
alterada debe ser restablecida; por ej. cuando alguien,
intencionalmente o no debilita el bienestar de otro, se siente
obligado a recuperarlo, y no sólo en los daños materiales como
suelen establecerlo las jurisprudencias, sino en su propia
vitalidad. Ello ha producido, como señala Senghor, una cultura
armónica, que además permite acomodarse a situaciones nuevas
y asimilar al diferente como una nueva fuerza.
301
302
A CONCEPÇÃO DE RAÇA E A RAZÃO NEGRA EM
ACHILLES MBEMBE.
Introdução
303
apresentada na genealogia de Mbembe se processa em
concomitância com a expansão do capitalismo e suas fases, que
iniciam com o colonialismo e se estende até o seu estágio atual;
a globalização, e em seu desenvolvimento, torna o homem um
objeto; um processo que vai do homem-metal ao homem-
moeda. Nesse percalço o racismo funciona como eixo
estruturante da sociedade contemporânea. A invenção da raça,
uma “construção fantasista” determina o espaço social em que
deve permanecer o negro, determina também a epistemologia
que o define, e como consequência delibera uma contra-
epistemologia; a razão negra, que vai agenciar um sujeito capaz
de propor uma ontologia diferente da ontologia ocidental, ou
seja, uma que compreenda a alteridade como sujeito e não como
objeto. Mbembe constrói uma crítica à essa razão negra por
entender que ela persiste em algumas concepções semelhantes a
interpretação europeia a respeito da África e dos problemas
africano, esse mesma interpretação que a razão negra se propôs
a criticar.
A raça.
304
a razão ocidental determina quais são inferiores e quais são as
superiores, no caso a raça branca europeia. Mas essa questão dos
diferentes tons de pele começa a ter uma “dimensão
fantasmagórica” com o advento do capitalismo, segundo
Mbembe era necessário negar a humanidade do outro para que
então se construísse uma justificativa de transformar o Outro em
um mero objeto, “o alterocídio, isto é, constituindo o Outro não
como semelhante a si mesmo, mas como objecto
intrinsecamente ameaçador”. (James Balwin apud. Mbembe,
2014, p.26) Mbembe vai discorrer sobre o conceito de raça a
identificando como “ uma construção fantasista”, uma “projeção
ideológica”, dessa forma pode-se entender que a raça é uma
construção conceitual, assim como o negro.
305
Dando continuidade à construção ontológica do racismo
epistêmico George W. Hegel (1770-1831) em Filosofia da
História, “...negro representa, como já foi dito, o homem
natural, selvagem e indomável (...). Entre os negros, os
sentimentos morais são totalmente fracos – ou, para ser mais
exato, inexistentes”.
306
Particularmente o <Pequeno Branco>, foi ao alimentar e
cultivar a diferenças que o separam do Negro que se
sentiu humano. O sujeito racista reconhece, em si
mesmo, a humanidade não naquilo que o faz a mesma
coisa que os outros, mas naquilo que o distingue deles. A
lógica da raça no mundo moderno é transversal à
estrutural social e econômica, interfere com movimentos
da mesma ordem e passa por constantes metamorfoses.
(MBEMBE, 2014, p.73)
307
Foucault vai dizer que a partir do fim do século XVIII
essa “tecnologia de poder”, que é uma outra etapa da técnica
disciplinar, pois nessa tecnologia os corpos “ devem ser
vigiados, treinados, utilizados, eventualmente punidos”
(FOUCAULT, 2005, p. 289), essa é a biopolítica. O biopoder
determina quem pode viver e quem pode morrer usando o
critério biológico da raça, há raças superiores e raças inferiores,
e esse é um critério eugenista. E qual raça seria essa, condenada
a morte? Com os conceitos de raça e negro acho que posso
construir uma resposta para essa indagação.
Capitalismo e Colonialismo.
308
pessoas, um aparato burocrático e um lucro tão grande quanto
foi durante o período de colonização do continente americano e
também do africano.
309
na consciência racista, a aparência ser a verdadeira realidade das
coisas (MBEMBE, 2014, p.194), essa benesse citado a cima não
passa de mera aparência, o uso sistemático da violência, em
variadas formas, é o que prevalece na empresa colonial.
310
“combustível” que vai fomentar o desejo de vários povos
europeus de terem suas próprias colônias seja na América, seja
na África.
311
O alterocídio transformou o negro em uma categoria da
raça tão inferiorizada, subalternizada, descaracterizada de toda e
qualquer assimilação com a humanidade, que o negro se tornou
aquilo que ninguém quer se identificar, o negro é o “não-ser” do
mundo, o “não-eu”. Adjetivar o africano com toda a sorte de
características pejorativas suscitou um discurso negro que
aborda a escravidão, a colonização e o apartheid, e um dos
significados canónicos desse discurso, a separação de si mesmo
compõem um dos eixos fundamentais da construção de um
discurso sobre a identidade negra. Esse discurso vai reivindicar
uma humanidade negra. Ora, mas será que somente a
racionalidade branca europeia conceituava o negro, o africano?
O que os pensadores e pensadoras negros e negras construíram
durante esse período que Mbembe chama de “momento gregário
do pensamento ocidental”? Que tipo de discurso eles
proferiram?
312
consciência ocidental do Negro, que pretende dá resposta a
indagação a respeito de “Quem é o Negro?”. A segunda forma
de texto Mbembe pergunta “Quem sou eu?” , e a essa segunda
forma ele chama de a consciência negra do Negro.
313
ela as bases ontológicas para o resgate, a construção e a
divulgação de uma epistemologia autônoma, que seja
fundamentada a partir da sua própria visão de mundo,
constituindo seus valores, seus métodos, sua estética,
produzindo dessa maneira um conhecimento que naturalmente
vai se somar ao conjunto de vozes e narrativas da razão negra,
ensurdecendo o silenciamento imposto, fortalecendo a
reivindicação da raça.
( o apelo à raça)
A humanidade negra.
314
Essa “humanidade subalternizada” ocupará esse lúgubre
espaço no mundo independe da sua raça, ou cor da pele. A
globalização opera no sentido de conseguir explorar o máximo
desse novo homem, desse “sujeito neuroeconómico”
(MBEMBE, 2014, p. 15). Utilizando de mecanismos como
“práticas de zoneamento”, dívidas estruturantes, “imperialismo
da desorganização”, essa terceira fase do capitalismo produz
subalternos e os subalternos produzem para o capitalismo, se
esforçam para consumir pois dessa forma mantém o status que
determinam a nossa época:
Considerações finais.
315
cânone do discurso negro, Mbembe destaca como e por que
essa exclusão fez parte de uma epistemologia ocidental que se
fortifica principalmente a partir da modernidade.
316
Referências
317
318
RODOLFO KUSCH E LÉLIA GONZALEZ NA
DESCOLONIZAÇÃO DO PENSAMENTO:
América profunda, amefricanidade e a perspectiva feminista
de lélia
Ineildes Calheiro105
Eduardo David Oliveira106
Introdução
105
Bolsista financiada pela CAPES. Doutoranda do Programa Multi-
Institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento - DMMDC;
Ma. em Crítica Cultural. Licenciada em Educação Física. Membro do Grupo
de Pesquisa Rede de Africanidades. E-mail: ildafrica@yahoo.com.br.
106
Professor adjunto da FACED/UFBA, Antropólogo e filósofo.
319
como reflexões sobre práticas e discursos descolonizadores,
pensando a identidade como marcador de limites de fronteiras.
Nesse processo o pensamento de Silvia Riviera Cusicanqui foi-
nos apresentada por Ana Julia Buitos (argentina de Lapaz), em
dois momentos: nos dias 07 e 14 de março (2017), em forma de
curso e aula expositiva.
320
da libertação. Conforme nossa análise, a filosofia da libertação é
um movimento que começa nos anos 60.
321
Cuba como modelo de resistência e a questão de gênero
como lacuna na liderança de Fidel
322
as mulheres fortemente afetadas nessa guerra, bem como em
todas as outroas, bem como foram partícipes em vários outros
territórios, torna-se relevante escavar este acontecimento a fim
de fomentar a influência das mulheres.
323
Geocultura do pensamento: Rodolfo Kusch e a perspectiva
andina
324
por Kusch, para Pool Ricoeur o pensar se instala desde o ser – o
principio da hermenêutica. Só se pode produzir sentido a partir
de um horizonte.
325
Na perspectiva de Kusch, cultura é atitude, é pensada
como ação, é mais do que simbólico, pensada em um conjunto
de movimentos: semiótica, atitude, movimento, ação, baluarte,
esta última interpretada neste grupo do estudo como força, mas
também, como grande recipiente que cabe muita coisa. Sendo
um baluarte de signos que produz um sentido de existência de
uma pessoa. Cultura para Kusch é, m suma, um movimento
contínuo, é diferenciação, é interculturalidade.
326
deslocou tal conceito para o pensamento pós-colonial. Portanto,
segue o desconhecimento de Kusch na temática, apesar de
haver, recentemente um resgate por parte de um grupo de
apreciadores.
109
Aqui contribuí com este autor como um dos que não cita Kusch nas
questões da interculturalidade pelas leituras que tenho feito de seus estudos.
Analisei a obra “Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da
interculturalidade” (CANCLINI, 2007).
327
Razão poética de kusch
328
área de literatura. Conforme este autor o ato de criar de kusch é
o que se deseja focar. A capacidade do escritor no âmbito
imaginativo, da criação do estilo literário para dizer o que
deseja, sem cair nos vícios de linguagem.
329
Resumindo as abordagens kuchiana, o autor é de
pensamento multidisciplinar e transcendental, cujo autor navega
por várias áreas do conhecimento, é clássico, porque o
pensamento de seu tempo, datado de 1945 são temas da
atualidade, e pensa a partir do racional. Em suma, Kusch pode
ser pensado como clássico porque transcende a sua época.
Lélia González
330
Améfrica parte da sua crítica á América-latina, se
apropriando do termo américa-ladina como confronto. Portanto,
a autora, filósofa, se inclina na filosofia da libertação e estudos
africanos.
331
Metáfora, transgressão, não adesão as normas
linguísticas, é nesse sentido que buscamos comparar, de certa
forma, esta autora com Kusch. Para pensar uma epistemologia
nossa, a partir desse lugar, ligando a questão da tradução das
teorias, tendo essa força da produção de dentro indo para além.
Ousadamente criticar autores cânones hegemônicos - aqui falo
da perspectiva de gênero e dos feminismos, observando a Lélia
indo de encontro com Kusch, no sentido de ousar, de criar
conceitos, termos, problematizar, desconstruir, resignificar.
332
A filosofia andina do pensamento de Kusch que ver a
cultura como ser, sentir, sentido, complementaridade,
continuidade, desloca a América profunda estereotipada de
“América” pela via do tal “descobrimento” ´para a perspectiva
da riqueza, do valor (Estermann, 2008), mas ela também é
pensada em conexão com a África em seu sentido, unindo
América á África deslocada de fronteira, de desvalorização, e
vestida de saberes, de criatividade e criação, de sentimento - a
razão do sentimento e da unidade – AMAFRICA. Nesse
sentido, América profunda e/ou amefricanos são sujeitos
subalternos.
110
Ver María Lugones ( 2008). “Colonialid y género”.
111
Ver Anibal Quijano (2005). “Colonialidade do poder: eurocentrismo e
América Latina”.
333
Muitas vezes, as filosofias “africanas”, “asiáticas”,
“latino-americanas” aparecem como tópicos
complementares, de importância menor, quando não
exóticos [...] mostrando que essas filosofias precisam
ainda ser desenvolvidas para alcançarem o status do
pensamento euro-norte-americano.
334
Quadro comparativo - os conceitos presentes nos autores: Lélia e
Kusch
335
Considerações
336
influências no conhecimento que une América e África, e a
partir da linguagem a autora desenvolve a categoria político-
cultural de “AMEFRICANIDADE’.
Referências
337
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de
amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n. 92/93,
1988b, jan./jun, p. 69-82.
338
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o Subalterno falar? Belo
Horizonte: UFMG, 2012.
Agradecimentos:
Á CAPES pela bolsa a doutoranda.
Ao grupo de pesquisa Rede Africanidades/UFBA.
339
340
A AUSÊNCIA IMPOSTA A BEATRIZ NASCIMENTO NA
CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE
QUILOMBO
NASCIMENTO
Há prisão na liberdade.
Chama-se solidão que os demais nos criam.
O corpo sólido no espaço,
quente ou frio ao redor.
Sou o meu próprio nó... !
112
Doutoranda do Doutorado Multi-Institucional e Multidisciplinar em
Difusão do Conhecimento (DMMDC). Professora do Departamento de
História da UFES. Líder do Grupo de Pesquisa Educação para as Relações
Etnico-raciais, Territorialidades e Novas Mídias. Membro do Grupo de
Pesquisa Rede Africanidades.
113
Professor Adjunto da FACED-UFBA; Professor Permanente do
Doutorado Multi-institucional e Multisciplinar em Difusão do Conhecimento
– Salvador. Coordenador do Grupo de Pesquisa Rede Africanidades.
114
NASCIMENTO, Beatriz. Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e
ensaios de Beatriz Nascimento. Organizado por Alex Ratts e Bethânia
Gomes. Salvador: Editora Ogum’s Toque Negros. 2015.
341
Esse artigo é uma história de amor ancestral com duas
(múltiplas) mulheres anti-racistas e plenas de energia e justiça,
Beatriz Nascimento e Raquel Gerber. É também resultado de um
minicurso que partilhei com pessoas maravilhosas durante o V
CBFL (Congresso Brasileiro de Filosofia da Libertação) e II
EIFA (Encontro Internacional de Filosofia Africana), que
aconteceram concomitantemente em 2017 no Quilombo
Tenondé/Valença /Bahia. Também é “filho” do filme Orì de
Raquel Gerber e da leitura de dois livros fundamentais para se
desvelar Beatriz Nascimento, Eu Sou Atlântica de Alex Ratts e
Todas (as) distâncias: poemas, aforismos e ensaios de Beatriz
Nascimento com organização de Alex Ratts e Bethânia Gomes,
devidamente citados nas referências.
342
politicas educacionais para negros e negras, educação das
relações étnico-raciais, e comunidades tradicionais como
quilombos, terreiros e ciganos. A temática quilombola já fazia
parte de minha vida desde os anos 80 como estudante de
História, como projeto de pesquisa desde 1992, como
publicação a partir de 1995 e como livro em 1999.115
115
OSÓRIO, Carla; ARAUJO, L. F.;BRAVIN, Adriana. Negros do Espírito
Santo. 1. ed. São Paulo: Escrituras, 1999.
343
Forma meses de negociação com uma dura estrutura
burocrática do MEC, mais nosso empenho e completa certeza de
que o filme seria uma riquíssima ferramenta para a
implementação da Lei 10639/2003 fez com que avançássemos.
Em 2008, através da parceria com a Secretaria de Educação
Básica (SEB) do MEC, conseguimos enviar o filme na cesta de
todas as escolas brasileiras que tinha o projeto da TV Escola.
Beatriz Nascimento e Raquel Geber estavam definitivamente em
minha existência.
344
Nos documentos e escritos produzidos pelos diversos órgãos
governamentais, inclusive a Fundação Cultural Palmares, sobre
o conceito de quilombo, que embasava a política pública, nem
uma referencia a Beatriz Nascimento. Na bibliografia nacional
consagrada sobre o tema nem uma citação.
116
Quando aborda o tema dos quilombos Lélia Gonzalez cita e comenta a
pesquisa de Beatriz Nascimento nesse campo (A mulher negra na sociedade
brasileira, 1982, p. 90.)
345
Podemos considerar que a invisibilidade da mulher negra
no espaço acadêmico também se consolida porque o seu
outro (homem branco, mulher branca ou homem negro)
não a vê nesse ambiente e nem mesmo trilhando esse
itinerário intelectual. Qual o tempo que as mulheres
negras têm para ler? A que leituras que se dedicam? E
perguntamos enfim: quantas possuem condições para
adentrar na universidade? Destas, quantas se tornam
pesquisadoras, professoras e intelectuais? Uma mulher
negra que se torna pesquisadora e elabora um
pensamento próprio nos parâmetros acadêmicos,
inspirada da vida extramuros da universidade como o
fazia Beatriz Nascimento, rompe com esse processo de
invisibilidade no espaço acadêmico. Uma mulher negra
pesquisadora jamais é imperceptível no campus, mas
talvez o seja nesse campo enquanto autora. (RATTS,
2006, p.29)
346
trabalho era “estabelecer a possível continuidade dos quilombos
com favelas em determinadas cidades brasileiras, a exemplo do
Rio de Janeiro.” (NASCIMENTO, 1982, p. 259). Vejamos suas
hipóteses iniciais, dado a importância inovadora e
transformadora que impunha ao conceito vigente de quilombo.
347
O trabalho citado foi feito dentro do maior rigor
metodológico e cientifico como exigido pelo seu orientador José
Honório Rodrigues. Beatriz Nascimento estabeleceu hipóteses
que reinauguravam o conceito; traçou metodologia investigativa
que floresceu em diferentes formas acadêmicas de métodos e
técnicas explorando documentação primária, bibliografia
nacional e estrangeira, o que resultou num significativo acervo
de fichamentos e escritos; realizou pesquisa de campo
(etnopesquisa) aqui (Minas Gerais e Rio de Janeiro
principalmente) e na África (Angola e Nigéria), fazendo
entrevistas e observação participativa e produzindo também um
acervo fotográfico.
348
mestiços). Por outro lado, seu reconhecimento deu- se
sem o auxílio de documentação primária ou secundária.
(NASCIMENTO, 1982, p. 259-260).
349
No Brasil, quilombo veio com essas características. Aqui
também foi chamado de estabelecimento territorial. Mas,
de um modo geral, só temos documentos falando do
tempo da guerra que é descrita por documentos
portugueses ou repressores brasileiros, não nos dando
conta da verdadeira amplitude desse sistema que
acompanhou todos os séculos escravistas em nosso país.
Comparando a documentação da história de Angola e da
conquista portuguesa na Bacia do Congo, com as fontes
que temos, percebe-se essa tradição bantu no que foram
os 0quilombos brasileiros (notada- mente Palmares). (...)
O modelo de Palmares vai ser repetido no Quilombo
Grande e no Tijuco – Minas Gerais – cujos chefes de
mesmas características de liderança (sic) a Zumbi eram
Ambrósio e Isidoro.(...) Mas a maior parte dos outros
quilombos diferem, conforme a região econômica que
controlam, tendo outro tipo de administração.
Dependendo do seu tamanho e importância eles foram
mais, ou menos, atacados pelas forças governamentais e
por senhores de escravos. (1981).
350
XX, assim como mote de estudos acadêmicos que buscam
revelar a nacionalidade republicana.
351
igualdade.(NASCIMENTO,1985,p.47).
352
A Terra é o meu quilombo. Meu espaço é meu
quilombo. Onde eu estou, eu estou. Quando eu
estou, eu sou. (NASCIMENTO,1989).
Referências
353
2006.
354
ESTÉTICA DA LIBERTAÇÃO:
deriva, travessia e outros itinerários
Introdução
117
Doutor em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da Bahia-
UFBA. lcarlosfsantos@gmail.com. Membro da REDE-AFRICANIDADES.
118
Doutor em Educação, Mestre em Antropologia, Especialista em Cultura
Africana e Graduado em Filosofia, é sócio-fundador do IFIL – Instituto de
Filosofia Africana e sócio-fundador do IPAD – Instituto de Pesquisa da
Afrodescendência e Coordenador do Grupo de Pesquisa REDE-
AFRICANIDADES.
355
epistemológicas do pensamento filosófico africano no Brasil.
Temos como intenção trazer para o debate a perspectiva estética
da libertação como leitmotiv da ampliação das liberdades. A
grande marca que alia as filosofias negro-africana é o lugar em
destaque da disputa do conceito de vida. Portanto, a luta por
uma vida descolonizada é o percurso estético da libertação por
excelência.
Travessia
356
com as filosofias ocidentais, Campos, métodos e temáticas,
Evolução crítica e perspectivas e histórias. Bidima apresenta o
conceito da Travessia em diálogo com o capítulo três, “Campos,
métodos e temáticas”, no tópico dois- “A estética: do completo
ao vácuo”.
357
variadas apresentações da arte africana em museus nos dias de
hoje, pois quando se refere de tradição da arte africana é
assumida a relação com passado e das religiões tradicionais.
358
Bidima traça a discussão em torno da arte africana desde
os etnólogos e do movimento da negritude, não com o intuito de
apresentar a relevância da tradição africana para se vangloriar na
frente de uma modernidade mal assumida, mas para estabelecer
um modo de expressão e a existência de arte africana na
categoria da travessia. A chave de leitura que o continente
africano acaba sendo codificado é do dualismo: tradição versus
modernidade, escrita versus oralidade e mito versus razão. A
compreensão possível atualmente para dialogar com a filosofia
negro africana é do "entre". Como os ocupantes do famoso “A
jangada da Medusa” do pintor Medusa Théodore Géricault,
segundo Bidima “a África sobrevive na possibilidade do
naufrágio e do resgate.” (BIDIMA, 1995, p.61).
359
Bidima questiona, por exemplo, a "arte das margens"
esquecida do discurso tradicional, qual é o papel do corpo, da
sexualidade e da loucura? Nas produções destas artes. Segue
com Bidima “Quais são as influências externas que esta arte
deve incorporar em sua travessia em direção a um futuro que
não é uma corrida desenfreada? Qual é a relação entre a arte e a
utopia Africana?” (BIDIMA, 1995, p.62).
360
ontologia da etnofilosofia. Como já dito anteriormente, as artes
na perspectiva da etnofilosofia, informam qualitativamente a
visão de mundo da comunidade tradicional ou nacional, porque
expressam diretamente o espírito das pessoas. Isto é o que
reflete o dinamismo e energia das performances artísticas.
Através deste ponto de vista, o conceito de força é entendido
como produtor da obra de arte. Neste entendimento do
paradigma completo (harmonia), a arte expressa a verdade de
uma comunidade, sua moral, sua conformidade e unidade.
361
desenvolvimento de estratégias e de transbordamento. O que foi
esquecido na apresentação das artes Africanas, é a arte marginal
destas sociedades. A maioria das publicações sobre arte
Africana estão preocupados apenas a com arte Africana oficial.
A impossibilidade de considerar as margens de arte africana
vem do fato que foi longo tempo habituado a combinar a obra de
arte, atividade artística e o estatuto do artista a partir de, e
através e para lugares atribuíveis e um pensamento de "não-
lugares".
362
que não tem origem. A origem supõe um ponto de partida, mas
também é a chegada, a encruzilhada e a transição de algo.
363
Arquipélago e deriva
364
de ser opaca aos meus olhos. Isso não vai me impedir de gostar
da pessoa, de trabalhar com ela, sair com ela, etc.
365
aceito a minha opacidade nesse plano. Porque não
aceitaria em outros planos. (DIAWRA, 2010)
366
política com o questionamento necessário a toda a relação?”
(GLISSANT, 2011, p.183). a resposta para estes
questionamentos é conceber que é impossível reduzir seja o que
for a uma verdade que não tivesse sido gerada a partir dele
mesmo. Ou seja, na opacidade do seu lugar e do seu tempo. Para
isto ele reforça a argumentação que a cidade do Griot é do Griot,
a cidade de Platão é para Platão e a visão de Hegel é para Hegel.
Mas isto não quer dizer que possa haver confluências , mas sem
ser confundidas ou reduzidas umas às outras. A não barbárie é
possível de não acontecer a partir do consentimento geral nas
opacidades particulares.
367
porco. É a passagem do filme a qual Glissant volta as suas
raízes, volto ao local onde se criou, encontra sua prima e revive
o local enterrado pelas novas paisagens. Essa é uma das palavras
que definem o filme, paisagem. A paisagem que abre o plano é o
mar. O atlântico, responsável pela ligação e ruptura, pela deriva.
368
legitimidade, mas com a extensão, não concebe a terra como um
território, de onde se projete para outros territórios, mas um
lugar onde as pessoas se dão em vez de se compreenderem. A
identidade-relação exulta no pensamento da errância e da
totalidade. Segundo Glissant:
369
Glissant apresenta, assim como o movimento da travessia, se
revelam como uma excelente revelação do diverso.
Poética
370
e lentas, pesadas e profundas, afirma Glissant sobre o
pensamento tremor, “Beleza, grito aberto” (GLISSANT, E.
2014, p.22). O pensamento de tremor nos preserva dos
pensamentos de sistema e dos sistemas de pensamento. O
pensamento do tremor estende-se infinitamente como um
pássaro inumerável, das asas semeadas do sal negro da terra. O
pensamento do tremor nos reúne da absoluta diversidade, num
turbilhão de encontros. É uma utopia que não se fixa e que abre
o amanhã, assim como o sol e um fruto compartilhado.
371
O arquipélago são as partes para o todo-o-mundo. O todo
mundo é o inextricável do uno, é este emaranhado de partes que
configuram o uno. E o mundo, qualquer parte dele, clama a
beleza. Mas nós não escapamos mais à violência. A primeira e
mais constante das violências, de acordo com Glissant, que
resume e contém todas as outras, exige que “o compreender o
mundo”.
Imaginário
372
imaginário do mundo, como vemos e sentimos o mundo.
Aqueles que tremem com a trepidação do mundo, aqueles que se
arrepiam com as palpitações do mundo, isso é o imaginário.
Segundo Glissant “Quando menos um povo tem imaginário,
mais ele é agressivo em relação aos outros povos”, neste aspecto
que o imaginário que é o nó da questão, e não a razão, como
define o Ocidente, nem a religião também como define o
ocidente.
Conclusão
373
alegrias. O inesperado e o tremor apresentam-se como leitmotiv
da filosofia como deriva, é um modo de filosofar no intuito de
criar outros mundos possíveis.
Referência
374
______. Philosophie de la Relation: poésie en étendue. Paris:
Éditions Gallimard, 2009.
375
376
ARTE AFRO-BRASILEIRA: UM TRAÇO
DECOLONIAL?
Introdução
119
Doutora em Estudos Étnicos e Africanos (UFBA), professora do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano). E- mail:
nelma13@gmail
377
Marianno Carneiro da Cunha (1983), assinala que
embora a contribuição negra tenha sido negada nas artes visuais
oficiais, resultado de uma noção preconceituosa da história da
arte, ela foi fundamental para o desenvolvimento da expressão
artística nacional. É relevante lembrar que, mesmo entre os
estudiosos do negro, a temática das artes visuais recebeu pouca
atenção e interesse (ARAÚJO, 2010; SALUM, 2004). O negro
era estudado em recortes como a escravatura, literatura, idioma,
música, religiosidade ou costumes.
378
esse campo de conhecimento se instituiu no país, para então ser
considerada nas Artes Visuais ao longo do século seguinte, mas
ocupando um espaço de menor prestígio, o das artes chamadas
de primitivas, naif ou populares. Isto é, o lugar destinado à
produção não-ocidental, daqueles que não seguiam as normas
acadêmicas e eurorreferenciadas.
379
visual de criadores reconhecidos como negros, aceitando-o
apenas enquanto criadores de uma arte inspirada na experiência
colonial negra, e não como artista, capaz de dialogar
sensivelmente sobre quaisquer temáticas além de sua origem
étnica-racial.
380
No paradigma acadêmico de formação artística, os
conhecimentos sensíveis eram apresentados segundo uma
hierarquia estética. A lógica de dominação colonial impunha
também o uso das imagens como instrumento de poder. A
representação daquele mundo indicava a superioridade de certos
grupos humanos em relação aos outros. As subjetividades
permitidas seguiam o referencial eurorreferenciado, isto é,
masculino, heterossexual, cristão e branco. O poder criativo
emanado de outros grupos humanos era destinado a uma esfera
inferior, que ao longo da história oficial da arte foi sendo
designado por diferentes expressões e rótulos. (GOMEZ, 2011;
GROSFOGUEL, 2007).
381
A circulação da arte de origem negra
382
O curioso é que naquele contexto se desenvolvia um
discurso de origem nacional, com direito à uma política de
preservação e tombamento do patrimônio histórico e artístico
nacional, bem como a instituição de espaços de divulgação da
memória brasileira. Então, algumas peças dos acervos da polícia
passaram a ser entendidas como artefatos de valor etnográfico e
integraram coleções relevantes em museus. Como prova da
preocupação com a presença negra no ideário nacional, figuram
entre os primeiros bens móveis tombados no Brasil, em 1938,
objetos da Coleção de Magia Negra da Polícia Civil do Rio de
Janeiro:
383
Na fotografia (Figura 1), é possível identificar artefatos
religiosos utilizados no culto às divindades africanas e afro-
brasileiras. As peças estão registradas no Livro Arqueológico,
Etnográfico e Paisagístico do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional, com inscrição de número 001, em dia 05 de
maio de 1938, no Processo 0035-T-38 (CORRÊA, 2005).
384
sociais e produzir discursos intelectuais sobre a
arte.(VALLADARES, 1988).
385
historicamente. Principalmente a partir dos anos 1960, o mundo
passou a conviver com reivindicações sociais focadas em
discursos de temas identitários, tais como gênero, raça, etc.
Essas manifestações abalaram todos os âmbitos das estruturas
sociais, inclusive a arte, que passou a refletir toda essa
diversidade de expextativas. (ARCHER, 2008)
386
professor de História da Arte no Rio de Janeiro e em Brasília,
participou de grandes mostras internacionais que o projetaram
no exterior. Foi um dos primeiros artistas afro-brasileiros a ter
sucesso exponencial. Ao falecer, recebeu como homenagem
uma sala especial no Museu de Arte Moderna da Bahia:
Deoscóredes Maximiliano dos Santos, ou Mestre Didi, era
sacerdote candomblecista em Salvador. Consagrou-se no meio
artístico nos anos 1980, ao ser incorporado como expositor na
emblemática exposição Les magiciens de la Terre, em Paris
(1989). Em 1996, foi homenageado com uma sala especial na
23ª Bienal Internacional de São Paulo.
387
Deoscóredes Maximiliano dos Santos, ou Mestre Didi,
era sacerdote candomblecista em Salvador. Consagrou-se no
meio artístico nos anos 1980, ao ser incorporado como expositor
na emblemática exposição Les magiciens de la Terre, em Paris
(1989). Em 1996, foi homenageado com uma sala especial na
23ª Bienal Internacional de São Paulo.
Figura 3
388
no Museu Guggenheim, de Nova Iorque. Ambas são poderosas
instituições do sistema da arte contemporânea.
O traço decolonial
389
para lhe definir como estilo específico não dá conta de explicar
sua complexidade; pois a arte afro-brasileira nos apresenta
questões e problemas que vão muito além de um estilo oficial de
arte, oferecendo interrogações e formas novas de conceber o ser
e o criar em contextos de diversidade.
Considerações finais
390
traços identitários como estratégia política. Nesse contexto, o
imaginário religioso afro-brasileiro aparece com frequência no
trabalho desses artistas. (CONDURU, 2007).
Referências
391
jan. 2009. Disponível em:
<http://gpeculturais.blogspot.com.br/2009 /01/artigo-colecao-
museu-de-magia- negra.html>. Acesso em: 24 jun. 2016.
392
São Paulo, v.59, n.2, 2007. Disponível em:
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0009- 67252007000200015&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 03
jul. 2008.
393
394
A CAPOEIRA NA GINGA COM A MODERNIDADE
120
Doutorando pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura
e Sociedade (Pós- Cultura – UFBA). Jornalista (UFMG), Mestre em Ciências
Sociais (UFBA). Contramestre de capoeira angola e membro do Conselho
Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia. E-mail:
paulomagalhaes80@gmail.com
395
mulheres, das crianças e dos escravos. A própria
linguagem conferia ao que era dito, isto é, às relações da
dominação, aquela universalidade que ela tinha assumido
como veículo de uma sociedade civil [...] (p. 31).
396
Enrique Dussel (2005), classifica esta visão como
eurocêntrica, porque indica como pontos de partida para
compreensão da “Modernidade” fenômenos europeus, e seu
desenvolvimento posterior necessita unicamente da Europa para
explicar o processo. O autor elabora uma leitura ampliada do
fenômeno Modernidade, definindo-a não a partir de fenômenos
europeus isolados como renascimento, iluminismo e revolução
francesa, mas a partir da integração de todo o planeta por meio
do colonialismo, algo possível graças à invasão e colonização
das Américas com as grandes navegações ibéricas.
397
racionalizacão do campo cultural em pauta no Brasil
contemporâneo. Assim, a prática da capoeira em locais
fechados, constituindo escolas; o afastamento do mundo das
ruas, do álcool e da malandragem; o estabelecimento de
uniformes; foram alguns elementos adotados pelas lideranças da
capoeira baiana a partir da década de 1930 para aproveitar as
brechas oferecidas pelo Estado e pela sociedade. Estes mestres
foram os primeiros a se encantar com o discurso do esporte, e as
possibilidades que aí se ofereciam para a capoeira.
Esportivização
398
A construção da hegemonia esportiva pode ser pensada
como um processo de disciplinamento dos corpos, um biopoder
a colonizar as culturas dos povos colonizados e inseri-las em
uma lógica cultural racional, moderna, capitalista e eurocêntrica.
O Brasil, como a maior parte dos países ocidentais, adota um
modelo neocorporatista, burocrático e centralizado de
administração do esporte. Segundo Regini (1992), o Estado
concede a algumas associações o reconhecimento institucional e
o monopólio de organização daquela modalidade. Tratam-se, em
sua maioria, de entidades centralizadas, hierárquicas, com pouca
transparência e alternância de poder.
399
metodologias de treinamento, o que veio ocasionando uma série
de transformações na estética e corporalidade da capoeira. Em
1992 é fundada a CBC, Confederação Brasileira de Capoeira,
que aprofunda esta tentativa de normatização, padronização e
controle da arte-luta, operada em sua maioria por burocratas do
esporte. Em 1995, ano em que a CBC é reconhecida pelo
Comitê Olímpico Brasileiro, ela articula o primeiro projeto de
regulamentação legal da capoeira. Posteriormente vários outros
projetos serão propostos com o mesmo objetivo, como o PL
7150/2002 e o PL 31/09, de Arnaldo Faria de Sá, e o PL-
2858/2008 de Carlos Zarattini. São tentativas de regulamentar a
prática profissional da capoeira a partir de uma entidade
burocrática centralizada, com o estabelecimento de critérios
“claros”, objetivos e racionais para a emissão de graduações. Ou
seja, uma clara tentativa de controle e enquadramento, um
exercício de um poder normatizador.
400
portanto) tivessem que se filiar e pagar suas anuidades como
“provisionados”. Depois de muita batalha, os capoeiristas
conseguiram ganhar na justiça o direito de exercer livremente
sua arte, mas até hoje tramitam no
401
são/foram centrais na cultura capoeirana. A ética protestante
argumenta que “não se pode servir a dois senhores”, e a capoeira
de Jesus se converte, abandona sua mandinga. Seria um
desencantamento ou um reencantamento esta catequização?
Algo que ainda pretendemos descobrir.
402
Salvaguarda e burocratização
403
terem vários problemas de prestações de contas, como apontam
as avaliações da Comissão Nacional de Pontos de Cultura.
404
esse precisamente o caso das sociedades africanas”
(OLIVEIRA, 2003, p. 22).
405
velho, o mestre de capoeira, na condução da comunidade.
Faremos um breve comentário de como a capoeira gospel aspira
a uma “neocatequização” da cultura negra, uma apropriação
com objetivos de proselitismo religioso, e como a ocupação dos
espaços de representação política da capoeira são táticas neste
sentido. Por fim, falaremos da burocratização dos agentes de
cultura como uma pré-condição para o acesso às políticas
culturais (inclusive no âmbito da salvaguarda do patrimônio
imaterial), constituindo mais uma faceta desse amplo processo
de racionalização.
406
Trabalharemos com estas duas facetas expressas na
capoeira. Em um primeiro momento, tentar entender o impacto
destes “projetos de modernidade”, ou a as formas em que a
capoeira absorve a pulcritud. Poderíamos traduzir como uma
capoeira higienizada, bem-comportada, socialmente ajustada e
aceita segundo os critérios dominantes da sociedade
eurocêntrica. Em seguida, interessa-nos sentir o hedor da
capoeira, sua boçalidade e resistência a abandonar seus
encantos, mistérios, aquilo que não é traduzível. A noção nativa
de mandinga expressa bem este universo que resiste a se
desencantar. Mandinga é algo dificilmente explicado, mas
facilmente compreendido pelos praticantes de capoeira.
Mandinga
407
saber sair”.
408
Mestre Pastinha, em depoimento narra um documentário:
“A capoeira tem negativa, a capoeira nega. A capoeira é
positiva, tem verdade”. (MURICY, 1998). Um corrido de
capoeira, muito conhecido, canta: “oi sim sim sim, oi não não
não”. Essa aparente contradição da capoeira é algo que define
sua essência. Em um dos diversos mitos de Exu (PRANDI,
2013, p. 48), ele passa no caminho que cruza dois terrenos, com
um chapéu de duas cores, um lado preto e outro vermelho. Após
sua passagem, os dois amigos, que tinham esquecido suas
obrigações com Exu, se põem a discutir sobre a cor do chapéu,
já que cada um tinha visto somente uma face do mesmo. A briga
os leva à morte, e Exu ri, vingado. Essa dualidade contraditória,
esse sim/não, também se revela no ponto de umbanda: “Exu que
tem duas cabeças, ele olha sua banda com fé. Uma é Satanás do
inferno, a outra é de Jesus Nazaré”. A aparente absorção do
maniqueísmo cristão revela-se na verdade uma subversão do
mesmo. São polos que não se eliminam, mas coexistem de
forma complementar.
409
costumeiro da prática da capoeira antes da década de 1930, bem
como esse universo cultural
Referências:
410
CASTRO-GÓMEZ. Santiago. Ciências sociais, violência
epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In:LANDER,
Edgardo (org). A colonialidade do saber. Eurocentrismo e
ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires:
CLACSO, 2005.
411
KUSCH, Rodolfo. América Profunda. Buenos Aires: Biblos,
1999.
412
Filosofia e Educação – RESAFE. Número 18: maio-
outubro/2012
413
TUBINO, Manoel. O que é esporte. São Paulo: Coleção
Primeiros Passos, 2ed,1994
Documentários:
414
415
TRADIÇÕES, MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA
FESTA DE SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS.121
Introdução
121
Trabalho submetido ao V CBFL – Congresso Brasileiro de Filosofia da
Libertação e II Encontro Internacional de Filosofia Africana no eixo temático
Decolonialidade.
122
Mestranda no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em
Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia na linha de pesquisa
Cultura e Identidade. Pesquisadora do Observatório Diversidade Cultural.
Gestora e produtora cultural com atuação em Salvador e Lençóis. E-mail:
a.renatareis@gmail.com
416
desenvolver seus próprios modos de sobrevivência. Hoje, a
relação com a cidade-sede e o crescente acesso ao mundo
globalizado, reduzem o seu isolamento e provocam influências
em suas práticas socioculturais. A comunidade é autodeclarada
quilombola e reconhecida pela Fundação Cultural Palmares123,
juntamente com Iuna e Lagoa, comunidades também
remanescentes de quilombo situadas na mesma cidade. Lençóis,
situa-se a 425km de Salvador e é a principal cidade da Chapada
Diamantina – região localizada no centro da Bahia e conhecida,
principalmente, pelo seu potencial turístico. O próprio Remanso
situa-se às margens do Marimbus, em um grande pântano de
água doce formado pelo encontro dos rios Santo Antônio,
Utinga e São José, o que lhe oferece, além do potencial turístico,
a possibilidade da pesca como atividade econômica. Vale citar
ainda que o lugar está situado na Área de Proteção Ambiental
(APA) Marimbus-Iraquara, fora dos limites do Parque Nacional
da Chapada Diamantina124. Sendo uma comunidade formada por
pescadores, é justo que, entre o seu universo simbólico, exista
uma louvação dedicada ao santo que confere proteção e fartura a
estes trabalhadores. AGUIAR e SENNA (2013, p.16) contam
que as tradições católicas foram trazidas à região por viajantes
123
A comunidade foi certificada como remanescente de quilombo em 17 de
março de 2005. Fonte: http://www.palmares.gov.br/wp-
content/uploads/2016/06/COMUNIDADES-CERTIFICADAS.pdf
124
O Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado em 1985 através do
Decreto n° 91.655 e compreende uma área de 1520km² localizada no centro
geográfico da Bahia, área esta que compreende menos de 4% do total da
Chapada Diamantina. A Área de Proteção Ambiental Marimbus-Iraquara foi
criada em 1993 através de um Decreto Estadual, no objetivo de ampliar a
área protegida. Os limites do Parque Nacional coincidem com as
delimitações históricas das Lavras Diamantinas, como a região foi
denominada durante o período de extração de diamantes. As cidades de
Lençóis, Andaraí, Mucugê e Palmeiras encontram-se dentro desta área.
417
oriundos da Região do São Francisco, sendo o catolicismo rural
fruto das migrações que permeiam a história da região,
constituindo-se como parte de um imaginário sincrético que
envolve ainda crenças de matriz africana e indígena. O
panorama histórico do Remanso será aprofundado no decorrer
da pesquisa, tendo como linha condutora a Festa de São
Francisco das Chagas do Remanso e o seu papel no
fortalecimento dos laços culturais e identitários através das
tradições relacionadas ao catolicismo rural, cujas características
marcam fortemente o imaginário da cultura popular no Brasil.
418
garantia de um (auto) reconhecimento enquanto quilombola.
Aspectos como a definição de um nome para designar este
agrupamento, rituais e religiosidades compartilhadas, origem ou
ancestrais em comum, vínculo ancestral longo, relação de
parentesco generalizado e uma ligação com o território são
importantes para este reconhecimento (GOMES; MARQUES,
2013).
419
significam do ponto de vista cultural, mas também político e
social, incluindo suas tensões. Transitar entre os aspectos
subjetivos é fundamental, tendo em vista que estamos falando de
indivíduos que fundamentam suas práticas a partir do que lhes
foi ensinado e enraizado enquanto tradição, porém só eles não
dão conta de explicar os conflitos locais. Para tanto, a história
nos apresenta ainda as relações de poder que emergem destes
conflitos, sejam eles pequenos e cotidianos ou situados em
contextos amplos de luta. O povoado foi fundado a partir de um
ato de resistência e não-aceitação das práticas de trabalho em
vigor na época. A insatisfação provocou a fuga do seu líder e
descoberta do território onde hoje é o Remanso, garantindo uma
nova possibilidade e liberdade suficiente para que novos
imaginários se apresentem, dando origem a uma construção de
singularidades identitárias. Ou seja, resistência e simbolismo
dialogam entre si a todo momento (apesar das descontinuidades)
e resultam no fortalecimento de saberes locais ainda que não
legitimados por uma cultura hegemônica, mas que garantem a
permanência das práticas cotidianas.
420
momento da apresentação da marujada e ainda, as meninas
eleitas para abrir a procissão:
421
tensões e desafios que envolvem os processos de articulação da
festa nos oferecem um importante ambiente para a compreensão
de como as tradições são legitimadas na atualidade.
422
mudanças no nosso caso em particular e que caminham entre o
permanente e o efêmero, o único e o substituível ou entre a
segurança e os riscos que as opções oferecem. A dinâmica da
atualidade impede a existência de um suposto isolamento do
Remanso, colocando em risco os seus aspectos tradicionais e
identitários e acelerando um processo de transformações que
exige uma intensa pré-disposição para resistir.
423
transmitidos de forma sistemática e cotidiana que atribuem
sentido e identidade aos sujeitos a ela vinculados e que,
portanto, tornam-se resistentes às mudanças. Mas este vínculo
com o passado não é rígido e estas mudanças surgem a todo
momento, influenciando as relações sociais internas e externas.
Assim, consideramos importante trazer a fluidez como
característica fundamental para a condução destas relações pois
é através dela que os sujeitos conseguem manter-se em seu
centro identitário durante as interações sociais com o diferente.
Ela contribui para o equilíbrio entre as forças da permanência e
da mudança, permitindo que as tradições se adaptem, se
apropriem e assumam características do presente, mas
mantendo os signos identitários que lhes dão singularidade. Na
prática, aprende-se a estabelecer agenciamentos, negociar e
articular de forma a manter os valores e rituais o mais próximo
possível da sua origem, em um intenso movimento de
resistência.
Na visão de Stuart Hall, que aborda o tema em seu artigo
“Notas sobre a desconstrução do ‘popular’” (2003, p.231), a
tradição é um elemento vital da cultura. Ela tem pouco a ver
com a persistência das velhas formas, negando qualquer
vestígio de caráter conservador ou atrasado. A tradição “está
muito mais associada às formas de associação e articulação dos
elementos”. Um conjunto de costumes, práticas e convenções
que não possuem formas fixas ou inalteráveis mas podem se
reorganizar para “se articular a diferentes práticas e posições e
adquirir um novo significado e relevância” (2003, p. 243). Aqui
reforçamos a importância da tradição enquanto um recurso para
resistir, destacando ainda o seu papel político em potencial,
reforçado quando diferentes tradições podem se cruzar,
constituindo um ambiente de “luta cultural”. A cultura,
portanto, assume, através das tradições, um caráter de
424
enfrentamento que sobressai em relação aos seus aspectos
relacionados aos modos de vida apesar de estarem neles
fundamentados. Tal enfrentamento, que também podemos
considerar como resistência, é característica essencial das
culturas populares, que representam um processo dinâmico e
sujeito a transformações, justamente porque é feito a partir das
relações sociais (ORTIZ, 1985, p. 71).
Metodologia
425
da contemporaneidade que ora atuam como ameaças, ora atuam
de forma a potencializar singularidades.
A revisão histórica é necessária para a compreensão do
contexto atual e será realizada a partir das entrevistas realizadas
em campo e da leitura dos autores regionais, tendo sempre como
eixo norteador os fatos que colaboram para uma melhor
compreensão do surgimento e realização da festa ao longo dos
anos. Portanto, a atuação em campo é fundamental para
compreender através do cotidiano e das práticas sociais
regulares ou variáveis, a importância da festa no fortalecimento
dos símbolos identitários locais. Esta convivência ocorrerá de
forma mais intensa a partir de julho até o início de outubro,
encerrando-se logo após o dia 4 de outubro. Digo mais intensa,
pois a cerca de 4 anos frequento o lugar em ocasiões festivas, já
tendo participado da procissão em outras oportunidades, fato
este que despertou um envolvimento e interesse em pesquisar o
lugar, ultrapassando visões baseadas no senso comum. Isto
implica em “reconhecer as diversidades e singularidades dos
fenômenos sociais para além das suas formas institucionais e
definições oficializadas por discursos legitimados por estruturas
de poder” (ECKERT; ROCHA, 2008, p. 04). Um
reconhecimento que só pode ser obtido através da convivência
intensa, em especial durante o processo de organização da festa.
Palavras, sons, desenhos e gestos podem ser usados para atribuir
significado à experiência. Normalmente as referências já são
oferecidas ao indivíduo na sua comunidade, ao nascer,
permanecendo por toda a sua vida (Geertz, 2008). Considerando
ainda que tudo pode assumir uma significação simbólica (tanto
objetos da natureza, quanto os construídos pelo homem),
usaremos estas fontes como um importante mecanismo para
perceber e destacar os elementos que constituem o arcabouço
426
simbólico da festa e que sintetizam valores refletidos na vida
cotidiana.
Para interpretar uma cultura, é preciso ainda ter uma
noção clara de que ela representa “estruturas psicológicas (e
complexas) por meio das quais indivíduos geram seu
comportamento” (pg. 8). Estas estruturas, quando expressas se
tornam identidade. Portanto, é necessária uma aproximação
profunda com estas identidades, as quais devam representar o
que há de mais singular no lugar e que guiam o comportamento
das pessoas. Lembrando que a cultura é pública. A festa existe
para ser vista, receber pessoas. Momento de encontro. Os seus
significados são públicos. Neste processo, necessário descobrir e
revelar o que é singular e funciona como guia para o
comportamento cotidiano. Mas apesar de importante, a análise
não se encerra no aspecto simbólico. Ela ganha sentido e
importância justamente na observação das relações permeadas
por disputas e conflitos, percebendo quais mecanismos ativam
estas disputas. São fatores que marcam a relação que a
comunidade estabelece com a contemporaneidade,
influenciando suas ações e provocando mudanças. Abordaremos
estes aspectos mais adiante.
Um ponto de partida para a realização do trabalho de
campo é a Associação de Pescadores do Remanso, principal
ambiente institucional da comunidade. É ela a responsável pela
organização da festa e por outras decisões políticas e culturais
da comunidade. Ela também enfrenta desafios, a exemplo da
constante dificuldade em renovar seu quadro de representantes.
Os próprios moradores já comentaram que não possuem
experiência e, portanto, não assumem tal cargo, fato este que
merece ser aprofundando para conhecer seus fundamentos. Um
recorte geracional será realizado pois é visível que cada geração
possui uma postura e opinião diferente sobre a festa. Outro
427
aspecto a ser observado é a participação distinta entre homens e
mulheres, com funções específicas e papéis definidos
informalmente.
428
geram uma popularidade massiva e possuem um potencial de
atrair as novas gerações, afastando-as de uma cultura que
fundamenta sua existência no sentido simbólico e tradicional.
Se, por um lado, a cultura popular se aproxima da permanência
e da raíz, o que atribui identidades ao lugar, por outro lado, a
popularidade efêmera de alguns elementos socioculturais
provocam constantes mudanças nas práticas locais, diluindo os
referenciais identitários. A impermanência provoca frágeis
agenciamentos, ainda mais visíveis em lugares como o
Remanso, cuja relação diária com turistas e pessoas de outras
cidades e países traz uma possibilidade em acessar mecanismos
contemporâneos de socialização, comunicação e entretenimento
gerados a partir da sociedade de consumo. Propomos observar
como uma comunidade rural com seus modos de subsistência
próprios vem se inserindo e interagindo com os valores
capitalistas e como essa dinâmica interfere na vida cotidiana.
São duas forças extremas que provocam as permanências e
mudanças sugeridas no título deste trabalho: a dinâmica
capitalista e a força de resistência. Importante trazer a
contribuição de Canclini e do seu estudo sobre festas populares,
quando o autor afirma que:
429
também podem ser observados nestas relações de troca e, para
que esta relação seja cada vez mais saudável, existe a
necessidade de manter a identidade local, reforçando um sentido
de resistência às suas ações a tal ponto que, mesmo que acionem
os mecanismos impostos por uma cultura dominante, esta
apropriação deve trazer facilidades e benefícios cotidianos sem
que isso seja uma ameaça. A história do lugar aponta para o
desenvolvimento de mecanismos próprios de subsistência,
motivados pelo isolamento e pela ausência de ações regulares de
melhoria das condições de vida. Tais mecanismos provocam o
surgimento de saberes próprios e singulares, não legitimados por
uma cultura hegemônica, mas que garantem a permanência das
práticas cotidianas através das crenças fundamentadas na
identidade e na subjetividade próprias. Aliás, o próprio ato de
resistência que a festa representa pode ser interpretado como um
reflexo de uma globalização em que a reinvenção das culturas
está inserida e possui um crescente papel de afirmação.
430
Referências
431
HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence. A invenção das
tradições. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
432
CADA DANÇA É UMA MULHER, CADA DANÇA É UMA
AVÓ, CRIANÇA!
125
Norteriograndense, Artista da Dança, Aprendiz de Capoeira, Mestra em
Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail:
shylvinha@gmail.com.
126
Profa. Dra. do Centro de Artes da Universidade Federal do Sul da Bahia
(UFSB), Mestra de Capoeira da Associação Arteiras na Dança; Orientadora
do trabalho de mestrado intitulado “DANÇA, VIOLÊNCIA E POÉTICA: O
CORPO REBELDE DE ESTÁNAMIRA MARRUÁ DAS DORES”, co-
orientado pelo Prof. Dr. Eduardo David de Oliveira da FACED/UFBA.
433
entenderão ou participarão. Omitir a nossa história não é uma
opção. Dança também é luta contra a continuidade dos sistemas
de exterminação de nossas culturas. Abaixo a alienação através
das orientações do corpo, das vibrações, pulsações que dão
vozes às memórias das/dos que lutaram para que estejamos cá,
pisando na terra para cultivar e alimentar as memórias de
continuidade, fios de nossas lembranças. Memória corporal
consciente, inconsciente ou esquecida ancestralmente, mas
regida em movimentos, ações e atitudes a nos (ré)orientar.
434
Como bailarina, meu primeiro contato com as artes do
corpo foi no balé clássico, seguido da dança contemporânea na
Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) e Cia
de Dança do Teatro Alberto Maranhão (CDTAM), em Natal/RN
e adentrando nos estudos com a Mestra de Capoeira Lara
Rodrigues Machado, o que somam, hoje, 30 anos de dedicação.
Após 21 anos dançando nessa referida escola e companhia de
dança, em contato com algumas danças de nossas expressões
culturais potiguares, lancei-me na proposta metodológica do
Jogo da Construção Poética127, desde o ano de 2010, tomando-a
como fio condutor de minhas relações existenciais e filosofia de
vida.
127
Proposta metodológica desenvolvida em tese doutoral elaborada por Lara
Rodrigues Machado, no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Artes
Cênicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2008, que
propõe o jogo da capoeira como um dos fundamentos para o processo de
criação em dança.
435
(...) Esse jogo estudado, discutido e reelaborado,
transforma-se em sequências coreográficas e, finalmente,
torna-se responsável pelo entrelaçar das relações entre os
intérpretes e os corpos observados por eles durante a
imersão de campo (MACHADO, 2017).
436
corpos, num fazer de histórias, de cenas, de artes, de mundos e
de resistências.
437
destaco a fundamental importância da alteridade. Assim, trago
contribuições do filósofo Emmanuel Lévinas a esse respeito:
438
sentido o direito do homem, o direito do amado, quer
dizer, a dignidade do único (LEVINÁS, 2004, p. 246).
128
A rede é um grupo de pesquisa que desenvolve trabalhos com os temas
ligados às africanidades na diáspora. O objetivo é articular, produzir e
difundir conhecimento, metodologias e práxis relativas à filosofia africana e
da libertação em diálogo com os movimentos sociais, comunidades
tradicionais, ativistas e suas diversas linguagens criativas, com acadêmicos
da graduação e pós-graduação. Desenvolve pesquisas, orientações,
seminários, congressos, cursos de formação permanente nas diversas áreas de
interesse como a capoeira e demais expressões culturais negras, a
permacultura, a economia solidária, as religiões de matriz africana, o
feminismo negro, particularmente, o movimento negro, de mulheres,
ecológico, lgbtqia+, juventude, entre outros.
439
Minh’a vó, bom dia!!!
Eeeeeeeei, essa meniiiiiiiiiina
Como é o nome da tua avó?
440
meu vô, Cícero Alexandre, mais conhecido por seu Oscar Paulo,
adoeceu e acidentou-se após tanto trabalhar numa mineradora em
Currais Novos/RN, carregando pedras, pesos de gritos, dores
guardadas e não acolhidas pelos sistemas opressores dos
desgovernos.
Minha querida Maria Eunice...sua fuga é um
baforadinha...dela carrego e alimento a fé e uma cachimbadinha de
dia e outra de noite pra ficar bem de boazinha e fazer andar o
desacelerar dos pensamentos...
441
Para construir esse corpo “EstáNaMira”, a imersão de
campo envolveu uma composição que reúne minhas próprias
experiências com os traços ditos insanos de minha mãe
sanguínea, de minha avó adotiva e da catadora de lixo, Estamira
(2004)129. Identificadas pela loucura, são forças do feminino que
resistem aos sistemas de opressão e cuja discursividade busco
expressar através da dança.
Vó
Dança
Tempo
129
Além do documentário Estamira (2004), disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=KFyYE9Cssuo>, outras inspirações
fílmicas são igualmente fundamentais para o processo de criação e
continuidade da construção corporal de EstáNaMira Marruá das Dores,
dentre elas Nise da Silveira - Posfácio: Imagens do Inconsciente (1986),
disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=EDg0zjMe4nA>, e O
Bispo, sobre Arthur Bispo do Rosário, uma produção da Série Vídeo –
Cartas, de Fernando Gabeira na década de 1980, disponível em
<https://www.youtube.com/watch?v=ISt22V1U-hY>.
130
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WttKnEldnD0.
Acesso em 01/04/2019.
442
tem e que não é religião nenhuma, grupo religioso
nenhum que dá. É o que é a gente, está na gente. Tempo
é o vento, tempo é o tempo material, é o tempo imaterial.
Tempo é tempo. Relo é tempo (VALDINA, 2017).
443
da inclusão social, no respeito às diferenças, na
convivência sustentável do Homem com o Meio-
Ambiente, no respeito à experiência dos mais velhos, na
complementação dos gêneros, na diversidade, na
resolução dos conflitos, na vida comunitária entre outros.
Tributária da experiência tradicional africana, a
ancestralidade converte-se em categoria analítica para
interpretar as várias esferas da vida do negro brasileiro.
Retroalimentada pela tradição, ela é um signo que
perpassa as manifestações culturais dos negros no Brasil,
esparramando sua dinâmica para qualquer grupo racial
que queira assumir os valores africanos. Passa, assim, a
configurar-se como uma epistemologia que permite
engendrar estruturas sociais capazes de confrontar o
modo único de organizar a vida e a produção no mundo
contemporâneo. (OLIVEIRA, 2012).
444
desconstruções e construções corporais inspiradas nos
fundamentos do Candomblé.
445
onde ir, no que sentirem em suas buscas. Visceralmente
disponibilizo-me dançá-la, como também me desafio ao
escrever sobre essa dança, sobre a metamorfose, o devir do viver
em Corpo, Poética e Ancestralidade.
132
O Grupo Interinstitucional de Pesquisa Corpo e Ancestralidade nasceu em
2002, sob a liderança da Professora Livre Docente Inaicyra Falcão dos
Santos. É formado por artistas-pesquisadores do campo de estudo das artes
da cena vinculados a diferentes instituições de ensino superior no Brasil,
como UFBA, Unicamp, USP, UFGD, UNIRIO e UFS. O Grupo tem como
intenção proporcionar a troca de experiências e estudos referentes às
tradições culturais como elementos motivadores de linguagens cênicas na
contemporaneidade. Pretende ainda motivar a abertura de expressões
artísticas por meio da estética, da emoção, de histórias singulares e culturais.
No ano de 2012, foi publicado o livro 'Rituais e Linguagens da Cena:
trajetórias e pesquisas sobre corpo e ancestralidade', pela Editora CRV.
Desde 2015, Lara assume a coordenação juntamente à Inaicyra e o Grupo
segue promovendo edições anuais de Encontros Interinstitucionais (texto
disponível na Plataforma Lattes/CNPq, 2017).
446
Em seus estudos, Inaicyra Falcão dos Santos busca
recobrar aspectos da estética e da mítica da tradição afro-
brasileira, valorizando a criação coletiva e oferecendo uma
metodologia que se desdobra numa vivência pedagógica
pluricultural, sem descuidar das singularidades. Como destaca
Santos (1996),
447
plenitude. Seguem registros de imagens (arquivos pessoais) do
congresso e do corpo (ainda em construção EstáNaMira):
448
Fonte: Arquivo pessoal
449
Fonte: Arquivo pessoal
450
Figura 5 - EstáNaMira Marruá das Dores e Dona Estamira
Referências
451
MACHADO, Lara Rodrigues. Danças no Jogo da Construção
Poética. ANDRADE, Sara Maria de (Org.). Natal: Jovens
Escribas, 2017.
452
ANEXOS
453
454
RESUMOS
FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO
455
456
EDUCAÇÃO FILOSÓFICA E RESISTÊNCIA
CULTURAL EM DUSSEL
133
Graduação em Licenciatura Plena em Filosofia; Especialização em:
Metodologia de Ensino em Filosofia e Sociologia e Educação a Distância
com Ênfase na Formação de Tutores; Professor: Filosofia e Sociologia no
Colégio SESI; Ensino Religioso no Colégio Nossa Senhora do Sagrado
Coração; Mestrando em Educação pela UFPR e membro do Nesef (Núcleo
de Estudos e Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia, da UFPR).
134
Possui graduação em Filosofia pela UFPR (1985), mestrado em Educação
pela UFPR (1995) e doutorado em Educação pela FEUSP (2002).
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia
(NESEF/UFPR). Professor de Metodologia e Prática de Ensino no curso de
Filosofia (UFPR) e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR.
457
e asiáticos. Dussel em “A Pedagógica” propõe pensar processo
educacional que inicia na concepção uterina, perpassando por
todas as influências e fases históricas da vivência do ser humano
no decorrer da vida. Ele critica as estruturas de opressão e
domínio existentes na relação entre pais/filhos,
educadores/educandos. Com fundamentações originais partindo
da América Latina, por meio da Analética, questiona e denuncia
as causas destas opressões através dos sistemas pedagógicos por
que dês dos primatas existem experiências, que são transmitidas
a nova geração, ao filho, à juventude, a totalidade de mediações
que constituem o mundo. Toda transmissão da cultura que é
acumulada transfere-se graças a sistemas pedagógicos. O
sistema pedagógico erótico doméstico educa dentro da estrutura
de classe social familiar pautado num ethos tradicional dentro de
determinada sociedade, o futuro cidadão é fruto de como foi
dada eroticamente sua personalidade na família perpassando
pelos sistemas pedagógicos políticos ou sociais que influi dentro
do ethos social na história. As culturas africanas, asiáticas e
latino-americanas ainda estão longe de serem compreendidas a
partir de suas raízes. Há um profundo desconhecimento que se
manifesta não só por meio da mídia como também nas escolas e
universidades.
458
COMO A MONITORIA INDÍGENA PASSA A SER UM
LUGAR DE TROCAS INTERCULTURAIS DENTRO DO
CURSO DE PEDAGOGIA DA UFRGS?
135
Mestranda em Educação. Linha de pesquisa: Universidade teoria e Prática.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
136
Mestranda em Educação. Linha de pesquisa: Universidade teoria e Prática.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
137
Vice-Diretora da Faculdade de Educação. Coordenadora do Programa
Saberes Indígenas na Escola. Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento de Estudos Básicos/ Área de Filosofia da Educação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Brasil
459
destacando este espaço como lugar de formação e trocas
interculturais. O trabalho tem como objetivo principal: analisar a
relevância da monitoria indígena como um lugar de trocas
interculturais e de formação, além de afirmar um novo espaço
de diálogo dentro da universidade, fazendo que estas narrativas
de aprendizagem possam ser ouvidas, discutidas e registradas.
Tomamos como aporte teórico Freire (1987), através do
conceito de conhecimento, Menezes (2011) ao analisar as trocas
interculturais e Betancourt (2004) com interculturalidade. A
metodologia consta de uma pesquisa qualitativa, com escrita
autobiográfica e análise de diários de campo de monitores.
Como a pesquisa está em andamento, fizemos uma descrição
das primeiras análises, bem como as respostas que encontramos
no caminho, nos levando a perceber que é necessário sempre
analisar e repensar sobre os acontecimentos do cotidiano, sobre
outro olhar, com a perspectiva de tornar a acolhida aos novos
estudantes indígenas verdadeiramente acolhedora. Dessa
maneira, este aluno ou aluna à sua maneira poderá desenvolver
suas potencialidades de forma plena. Este é nosso maior papel,
enquanto docentes e como seres humanos, formar e ser formado,
numa relação de trocas permanentes.
460
A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA: UM DIÁLOGO
INTERCULTURAL
461
formadores(as) e pesquisadores(as) indígenas juntamente com
uma equipe interdisciplinar da UFRGS/RS; é um espaço de
diálogo intercultural entre os sujeitos sociais envolvidos nesta
formação. Buscar nos teóricos latino-americanos como Dussel,
Freire, Fournet-Betancourt, a fundamentação do diálogo
intercultural é possibilitar um horizonte para novos caminhos na
educação indígena, onde os professores(as) vão dizer a sua
palavra e fazer a sua história e a de seu povo.
462
A TAREFA DA FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO
NO BRASIL: POR UMA FILOSOFIA DA
INSURGÊNCIA
Daniel Pansarelli138,
Suze Piza139;
138
Professor na Universidade Federal do ABC, atual pró-reitor de
extensão e cultura. Docente no Programa de Pós-Graduação em
Filosofia e nos cursos de graduação em Filosofia (bacharelado e
licenciatura) e em Ciências e Humanidades (bacharelado).
Coordenou o Bacharelado em Filosofia (2011-2012), a Licenciatura
em Filosofia (2012-2013) e foi vice-coordenador do Bacharelado
em Ciências e Humanidades (2013-2014). Coordena o Colégio de
Extensão (COEX) da Andifes e é presidente nacional do Fórum de
Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras
(Forproex). É doutor em Educação, área Filosofia e Educação, pela
FEUSP, mestre em Educação e graduado em Filosofia pela UMESP.
Atua principalmente em temas relacionados a: ética e filosofia
política; filosofia moderna e contemporânea; filosofia e educação;
América Latina. Coordena o GT Filosofia na Amética Latina,
Filosofia da Libertação e Pensamento Decolonial (ANPOF); lidera o
Grupo de Pesquisas Perspectivas Críticas da Filosofia Moderna e
Contemporânea (UFABC/CNPq), é membro do Centro de Filosofia
Brasileira (PPGF/UFRJ), do GT Ética e Cidadania (ANPOF), do
Laboratório de Pesquisa e Ensino de Filosofia (UFABC) e da
Asociación Latinoamericana de Filosofía de la Educación.
139
Professora de Filosofia na UFABC. Docente no Programa de
Pós-Graduação em Filosofia na linha de pesquisa Ética e Filosofia
Política. Foi pesquisadora de pós-doutorado e professora
colaboradora no Departamento de Filosofia (IFCH) UNICAMP
entre 2015-2017. É Doutora e Mestre em Filosofia pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atua
principalmente nos seguintes temas: produção de pensamento
filosófico, pensamento ético-político moderno e contemporâneo,
463
Hugo Allan Matos140
464
dentro das instituições universitárias. O objetivo
principal do minicurso será elaborar coletivamente ações
de insurgência contra o atual estado de coisas.
Metodologia de ensino
Roda de conversa sobre os tópicos principais, relatos de
experiências significativas de insurgência institucional e
condições de possibilidade para produção de Filosofia no
Brasil e sistematização de propostas de ações coletivas.
Bibliografia de referência
465
Aires: Ediciones del Signo. Disponível em:
https://antropologiadeoutraforma.files.wordpress.com/20
13/04/mignolo-walter-desobediencia-epistc3a9mica-
buenos-aires-ediciones-del-signo-2010.pdf
466
NOTAS DE UM DIÁLOGO INTERCULTURAL:
as (des)orientações entre um indígena e um não indígena
467
se apresentavam sempre como a priori impossíveis de serem
feitos quando se busca uma relação intercultural. A escrita foi se
tecendo no encontro do indígena com seu povo e a autoria de
cada palavra não era mais individual, mas coletiva. O texto não
possuía bibliografias, estas eram as palavras vivas dos mais
velhos que o indígena encontrava. Contudo, escrever continuava
sendo um universo estranho para uma cultura da oralidade.
Entendeu-se então que a palavra poderia ser falada (mesmo que
fosse escrita). Paradoxo de um texto que fala a medida que é
feito por desenhos, narrativas de mitos, que possui espaços em
branco. A escrita subverte as normas, e os diálogos passam a ser
conversas de como é possível (re)dizer o que só tem sentido na
língua indígena.
468
DECOLONIALIDADE NO CINEMA BRASILEIRO
CONTEMPORÂNEO:
o caso de “Que horas ela volta?”
469
em suas representações da migração e das relações étnico-raciais
e de classe, bem como os significados estéticos e as implicações
políticas que podem ser derivados desta leitura.
470
O TRABALHO COMO FONTE DE DIREITOS
143
Acadêmico do Curso de Direito da Universidade do Estado do Amazonas
– UEA. E-mail: lucasgois12@hotmail.com
144
Docente do Curso de Direito da Universidade do Estado do Amazonas –
UEA. E-mail: aromero@uea.edu.br
471
os seus? A sociedade “pós-industrial e pós-trabalhista” superou
a mediação sócio-histórica da luta de classes como sua própria
teoria sociológica? De plano, isto pode parecer estranho – e,
é!!!; porém, se partirmos da premissa conciliadora que
queremos melhorar a estrutura social e elevar o nível de vida
dos cidadãos, por diferentes meios, mas com fins semelhantes,
não é tão difícil imaginar. Com isto, busca-se esclarecer a
ideológica simbiose estabelecida hoje, na relação Trabalho-
Capital. Consideramos que esta abordagem deve abrir seu
horizonte de compreensão à luta pelos direitos dos trabalhadores
e trabalhadoras, inclusive fazendo uma clara defesa dos direitos
sócio-político-econômicos até hoje conquistados, uma vez que,
há formas de enfrentar as crises econômicas, pensando novos
modelos socioeconômicos solidários, sem partir para a
derrubada dos já assegurados.
472
PARA UMA FILOSOFIA DA TECNOLOGIA:
as contribuições de Enrique Dussel
145
Bacharel em Ciências & Tecnologia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte; Graduando em Sistemas de Informação pelo Instituto
Federal de Alagoas.
146
Doutora em Filosofia, Professora de Ética em Ciência e Tecnologia na
Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte; Coordenadora do Grupo de Pesquisa Phrònesis: Estudos em Filosofia,
Ciência, Tecnologia e Sociedade.
473
base nas assim chamadas “tecnologias sociais” ou “tecnologias
apropriadas”. Os dados, coletados a partir da pesquisa
essencialmente bibliográfica, baseiam-se nas obras de Dussel
(em especial, Filosofía de la Producción) e seus comentadores,
bem como na literatura sobre as tecnologias sociais ou
apropriadas. Conclui-se que a tecnologia é uma dimensão
importante para a filosofia da libertação e que a proposta de uma
tecnologia da libertação, desde os movimentos de participação
pública das tecnologias sociais e apropriadas, pode ser um
caminho rumo ao processo de libertação de povos e continentes,
historicamente dominados científica e tecnologicamente.
474
A COMPOSTAGEM COMO PRÁTICA DE
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
475
média mais que 50% dos resíduos sólidos urbanos gerados são
resíduos orgânicos, destiná-los a compostagem e não ao aterro
acarretaria em benefícios como aumentar a vida útil de aterros
sanitários e evitaria possíveis impactos negativos provenientes
da produção do chorume e de gases estufa. A compostagem é
um procedimento versátil e de baixo custo, podendo ser feita em
pequenas ou largas escalas, e pode ocorrer a partir do manejo de
diferentes materiais dependendo do que se tem disponível. Com
foco na pequena escala, este trabalho conclui que unidades
descentralizadas de compostagem podem ser desenvolvidas em
escolas, centros comunitários, quintais ou terrenos baldios
promovendo a transformação de espaços urbanos que passam a
ter um uso comum na vizinhança e é importante extratégia de
caráter pedagógico que propicia a difusão da prática,
conhecimento e fomenta a agricultura urbana e a sensibilização
para a coleta seletiva.
476
VIOLAS E CONGADAS:
aprender para a vida
148
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação pela
Universidade Federal de São Carlos na Linha de Pesquisa Práticas Sociais e
Processos Educativos.
149
Professora Associada da Universidade Federal de São Carlos no
Departamento de Metodologia de Ensino
477
menos experientes. Foi possível perceber que na cultura popular
estão presentes a valorização do saber de experiência, o respeito
ao tempo de aprendizagem, o erro não como uma forma de
desprezou ou “chacota” mas sim como uma forma de aprender e
ensinar coletivamente mostrando diferentes maneiras de se
adquirir e transmitir conhecimento.
478
RESUMOS
FILOSOFIA AFRICANA
479
480
FILOSOFIA AFRICANA TECIDA PELOS SABERES
ANCESTRAIS FEMININOS:
poéticas de encantamento.
150
Doutoranda em Educação Brasileira (UFC), Mestra em Educação
(UFBA), Bacharela e Licenciada em Filosofia (UECE). Faz parte dos grupos
de pesquisa GRIÔ: Culturas Populares, Ancestralidade Africana e Educação
(UFBA), NACE (Núcleo das Africanidades Cearense – UFC) e Rede
Africanidades (UFBA). Assento na Cadeira 39 da Academia Afro-Cearense
de Letras (AAFROCEL). E-mail: adilmachado@yahoo.com.br
481
delineando saberes implicados no bem-viver, no desejo e
respeito pelo ser humano... Ancestralidade e encantamento re-
inventando nosso modo de ser / pensar / sentir / agir, implicar-se
com a construção de um mundo melhor onde sejamos
valorizados/as em nossas singularidades para que assim
possamos somar no coletivo, demarcando o conhecimento
afrorreferenciado.
482
FORMAÇÃO DOCENTE EM GEOGRAFIA:
mitologia africana na prática intercultural
483
práticas educativas devem ser participantes igualitariamente da
produção de saberes, de experiências e de muitos confetos.
484
A CONCEPÇÃO DE RAÇA E A RAZÃO NEGRA EM
ACHILLE MBEMBE
485
486
RODOLFO KUSCH E LÉLIA GONZALEZ NA
DESCOLONIZAÇÃO DO PENSAMENTO:
Ineildes Calheiro152
Eduardo David Oliveira153
152
Bolsista financiada pela CAPES. Doutoranda do Programa Multi-
Institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento - DMMDC;
Ma. em Crítica Cultural. Licenciada em Educação Física. Membro do Grupo
de Pesquisa Rede de Africanidades. E-mail: ildafrica@yahoo.com.br.
153
Professor adjunto da FACED/UFBA, Antropólogo e filósofo.
154
Congresso Brasileiro de Filosofia da Libertação e III Encontro
Internacional de Filosofia Africana.
487
exposições das aulas mescladas entre palestras, debates e
interpretações textuais mediadas.
488
ESTÉTICA DA LIBERTAÇÃO:
deriva, travessia e outros itinerários
155
Doutor em Difusão do Conhecimento pela Universidade Federal da
Bahia- UFBA. lcarlosfsantos@gmail.com. Membro da REDE-
AFRICANIDADES.
156
Doutor em Educação, Mestre em Antropologia, Especialista em Cultura
Africana e Graduado em Filosofia, é sócio-fundador do IFIL – Instituto de
Filosofia Africana e sócio-fundador do IPAD – Instituto de Pesquisa da
Afrodescendência e Coordenador do Grupo de Pesquisa REDE-
AFRICANIDADES.
489
africanas é o lugar em destaque da disputa do conceito de vida.
Portanto, a luta por uma vida descolonizada é o percurso
estético por excelência.
490
TRAVESSIAS EPISTEMOLÓGICAS: NARRATIVAS
FILOSÓFICAS DE ÁFRICA
157
Doutor em filosofia pela Universidade Federal do Paraná – UFPR
491
492
ARTE AFRO-BRASILEIRA:
um traço decolonial?
158
Doutora em Estudos Étnicos e Africanos, Mestre em Cultura e Sociedade,
Artista plástica. Vice-coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e
Indígenas (NEABI) do IF Baiano Campus Valença. Instituto Federal Baiano,
Campus Valença
493
artistas de origem negra eram relegados ao papel de artesãos ou
artistas primitivos. Os raros artistas negros que alçaram
reconhecimento social como profissionais da arte, o fizeram
através do ingresso na academia, sobretudo a partir do fim do
século XIX. Porém, esses eram obrigados a “desafricanizar” sua
arte, integrando-se ao estilo europeu em voga. Eles não
sobreviveram ao racismo da sociedade, que os excluía ou
dificultava a sobrevivência através do trabalho artístico. Então, a
dimensão sacra da arte visual afro-brasileira e, portanto,
portadora das características ou feições mais africanas, foi
mantida principalmente nos terreiros. Na contemporaneidade,
artistas afro-brasileiros retomam tais referenciais estéticos, mas
insistem na afirmação de seus traços identitários. No terreiro ou
na galeria, a arte afro-brasileira continua sendo um contraponto
ao discurso visual eurorreferenciado.
494
ORALIDADE:
A Literatura Africana e Afro-Brasileira e a voz negra na
formação de declamadores/leitores na escola
159
Formação em Letras/Português- Inglês, pós-graduada em Educação
Especial, atualmente está participando do PDE: PROJETO DE
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA, Secretaria do Estado do
Paraná. Membro da Equipe Multidisciplinar do Colégio Est. Izelina Daldin
Gaiovicz. Instituição ou Entidade: Unespar/FAFIUV.
495
regulamenta a obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura
Afro-brasileira e Indígena em todos os níveis de ensino. A turma
para aplicação do projeto é o 9° ano do ensino fundamental.
Com ênfase na apresentação da cultura Afro-Brasileira com a
declamação de poesias e o consequente relacionamento com a
literatura de escritores dos países africanos de língua
Portuguesa, como: Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e
Príncipe, Angola, Cabo Verde, é uma maneira de se pensar a
atitude do professor como alguém inserido nas práticas
culturais, aliando o conhecimento dessas práticas e suas
ramificações cotejadas com o arcabouço teórico e histórico que
vem permeando o estudo da consciência afro nos últimos
tempos no Brasil.
496
A CAPOEIRA NA GINGA COM A MODERNIDADE
160
Doutorando pelo Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura
e Sociedade (Pós- Cultura – UFBA). Jornalista (UFMG), Mestre em Ciências
Sociais (UFBA). Contramestre de capoeira angola e membro do Conselho
Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia. E-mail:
paulomagalhaes80@gmail.com
497
se desencantar. Parte integrante dessa Modernidade conduzida
por uma razão instrumental colonial e eurocêntrica, a capoeira
mantém seu mistério, sua mandinga. Ela ginga com a
modernidade e o Estado, como se tivesse duas faces, à
semelhança do Orixá Exu, ancestral arquetípico da capoeira, o
pai da dualidade, da contradição, da malandragem.
Patrimônio
498
TRADIÇÕES, MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA
FESTA DE SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS.161
499
as tradições são articuladas e renovadas na atualidade, de forma
a manter, alterar, excluir ou reforçar características identitárias.
A tradição assume assim um caráter de enfrentamento, uma
forma de resistência às influências da contemporaneidade, mas
que também podem atuar de forma fluida e integrada, onde o
fortalecimento identitário possui um papel central no equilíbrio
entre as permanências e as mudanças.
500
PROGRAMAÇÃO
501
502
19 de Setembro de 20 de Setembro de 21 de Setembro de
2017 2017 2017
08:00-09:00 – 08:00-09:00– Café da 08:00-09:00– Café da
Credenciamento manhã manhã
09:30- 10:00 –
Apresentação
cultural
10:00 Conferência-
Mediador:
Local: Espaço
cultural de
Valença?
18:00-19:30 Jantar
503
20:00h- MESA 20:00h - MESA 20:00h - MESA
REDONDA- REDONDA-Filosofia REDONDA-
Filosofia da Africana Movimento Social
Libertação
Prof. Dr. Jose Profa. Anna Maria
Prof. Dr. Carlos Castiano Canavarro Benite
Cúllen (Argentino) (Presidenta da ABPN)
Prof. Dr. Severino
Profa. Dra. Dina Ngoenha Vereadora Ana
Picotti (Argentina) Carolina
Profa. Dra. Florita
Profa. Dra Neusa Teló
Vaz (Brasil)
21:00 Festival de
Cultura
504
SOBRE OS ORGANIZADORES
505
Luiz Carlos Ferreira dos Santos
Doutor pelo do Doutorado Multi-
institucional e Multidisciplinar em
Difusão do Conhecimento pela
Universidade Federal da Bahia (2019);
Mestre em Educação pela Universidade
Federal da Bahia (2014); Graduado em
Filosofia pela Universidade Federal da
Bahia (2010). Atua como pesquisador
nos seguintes temas: filosofias africanas,
afrodiaspórica e da libertação. Membro
do grupo de pesquisa: Rede
Africanidades.
Contato: lcarlosfsantos@gmail.com
506
507