A Bezerra de Menezes - Carlos
A Bezerra de Menezes - Carlos
Carlos A. Baccelli
Pelo Espírito
Bezerra de Menezes
Índice
A Coragem da Fé .....................................................................4
01 - Perseverai..........................................................................6
02 - Caminhai com Determinação ............................................8
03 - Orai Sempre ....................................................................10
04 - Compreendei e Perdoai ...................................................12
05 - Prosperidade ...................................................................14
06 - Ser Espírita......................................................................16
07 - Mediunidade ...................................................................18
08 - Centro Espírita ................................................................20
09 - Obsessão .........................................................................22
10 - Revelação........................................................................24
11 - Infalibilidade...................................................................26
12 - Unificação Espírita..........................................................28
13 - Assistência Fraterna ........................................................30
14 - O Estudo da Doutrina......................................................32
15 - Página aos Jovens ...........................................................34
16 - Mérito Intransferível .......................................................36
17 - Depois da Morte..............................................................38
18 - Reerguei-vos!..................................................................40
19 - A Árvore e os Frutos.......................................................42
20 - Polêmica Religiosa..........................................................44
21 - Terceiro Milênio .............................................................46
22 - Insanidade .......................................................................48
23 - Vigiai no Senhor .............................................................50
24 - Não Tenhais Medo ..........................................................52
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 3
A Coragem da Fé
Filhos, as páginas que ora vos endereçamos do Mais Além,
reunidas neste singelo opúsculo, foram escritas tão-somente com
o propósito de encorajar-vos na luta pelo ideal que abraçastes, sob
o pálio da doutrina do Evangelho Restaurado, que é o Espiritismo,
perseverando, sem esmorecimento, na tarefa da própria renovação
que, sem dúvida, se vos constitui no objetivo maior da existência.
De nada vale o brilho da inteligência, se o coração permane-
ce às escuras.
A reencarnação que não promove o renascimento moral da
criatura, não passa de ato que não está à altura de sua transcen-
dência e significado.
O conhecimento espírita é, sem dúvida, a melhor oportu-
nidade de conscientização para o homem que pretende
libertar-se do cativeiro de milenar comodismo espiritual,
afastando-se, em definitivo, das sinuosas estradas da ilusão,
com, até então, diminuto aproveitamento das lições que lhe
possibilitam o crescimento diante da Vida.
Refletindo, assim, sobre o teor de vossas responsabilida-
des nos deveres que sois chamados a cumprir na Seara,
uma vez que não mais vos será possível o recuo, sem
graves comprometimentos de ordem cármica, não olvideis a
sábia advertência que o Mestre dirigiu aos cristãos de todos os
tempos: "Todo aquele, pois, que me confessar diante dos
homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está
nos céus; e o que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus."
Bezerra de Menezes
Uberaba - MG, 29 de agosto de 2002
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 5
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 6
01 - Perseverai
Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraças-
tes, ante a revivescência do Evangelho do Senhor.
Não recueis ante as provas que vos são necessárias ao buri-
lamento.
Sustentai a coragem na luta, conscientes de que toda con-
quista nos domínios do espírito reclama esforço e sacrifício
continuados.
Ninguém ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.
A Doutrina Espírita liberta o pensamento, no entanto aquele
que procura superar o comodismo intelectual de séculos sempre
encontrará oposição.
É natural, pois, que as trevas conspirem contra os vossos an-
seios de elevação.
Os espíritos, quer encarnados, quer desencarnados, habitua-
dos à mesmice em que vivem, haverão de pelejar para vos
desalentar em vossos novos propósitos na existência.
Muitos vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mun-
danos e com as facilidades materiais do caminho.
Outros urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos
objetivos superiores que concentrastes, na necessidade de
renovação íntima.
Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis
que a obra da redenção humana diz respeito a cada espírito em
particular.
A hora do testemunho é uma hora solitária.
Em torno, apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão.
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03 - Orai Sempre
Filhos, não vos esqueçais de orar sempre.
A oração possibilita ao homem abrandar os próprios senti-
mentos.
Quem se habitua a orar não se entrega ao desespero e à re-
volta.
A prece jamais é um monólogo... Pelo recolhimento íntimo
na oração, a criatura conversa com o Criador, que não a deixa sem
resposta.
Ato de fé solitário, a prece exterioriza a sinceridade do filho
que, reconhecendo a própria insignificância, recorre aos préstimos
do Pai, que tudo pode.
Jesus orava com freqüência.
Sem este contato pessoal com Deus, a crença do homem não
passa de uma aparente manifestação de religiosidade.
Os que oram nunca se fragilizam diante das lutas que facei-
am.
Orai no silêncio de vossas reflexões; orai com a vossa mente
e com o vosso coração.
Buscai forças no Alto para os embates inevitáveis do cami-
nho, repleto de urzes e de pedras.
Orai com as vossas mãos mergulhadas na caridade; que as
vossas petições sejam referendadas pelas vossas atitudes no bem
dos semelhantes...
A persistência da fé remove obstáculos intransponíveis.
A oração modifica o tônus espiritual de quem, por vezes,
não enxerga saída para os impasses da existência.
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04 - Compreendei e Perdoai
Filhos, a compreensão é a virtude que vos predispõe natu-
ralmente ao perdão.
Compreendei para perdoar.
Não conserveis ressentimentos no coração, sabendo que a-
quele que vos decepciona é um companheiro vencido pelos seus
próprios conflitos.
Não exijais dos outros infalibilidade.
Os amigos que seguem ao vosso lado, qual vos acontece,
são espíritos assinalados por muitas limitações, aparentando
exteriormente o que ainda não são.
Compadecei-vos das mazelas alheias, não sobrecarregando
os ombros daqueles que avançam, mal se agüentando ao peso da
cruz.
Não condicioneis a vossa conduta no bem à conduta de
quem quer que seja; que a vossa fé não dependa da demonstração
de fé dos que vos inspiram na jornada...
Somente em Jesus Cristo devereis vos encorajar na luta.
Os irmãos de crença espírita, principalmente os que se en-
contram servindo na mediunidade e os que ocupam posições de
liderança, são, afinal, espíritos comprometidos com o passado:
nenhum deles se encontra imune ao assédio das trevas.
Não raro, o personalismo e a vaidade apenas ocultam nas
almas uma estamenha de chagas...
Os que intentam brilhar para o mundo estão longe de possu-
ir luz própria.
A rigor, muitos de nós outros não estamos ainda sequer pre-
parados para uma maior proximidade com o Cristo - a possibili-
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05 - Prosperidade
Filhos, as religiões que verdadeiramente não cogitam do
Reino do Céu vos acenarão com a promessa da prosperidade
material sobre a Terra.
Não permuteis o que é eterno pelo que é transitório; não fa-
çais como Esaú, que, por um prato de lentilhas, abriu mão do seu
direito de primogênito para Jacó, seu irmão...
A exemplo de Maria, irmã de Lázaro e Marta, permanecei
com a boa parte.
Não vos esqueçais do jovem rico, cujo anseio de elevação
espiritual não ia ao ponto de levá-lo ao desprendimento dos bens
materiais.
Quase sempre, as aspirações de ordem superior do homem
se conflitam com os interesses subalternos da sociedade em que
vive.
Quantos os que, pressionados por carências materiais ima-
ginárias, renunciam à fé espírita, aceitando outras interpretações
para as palavras do Senhor?
Quantos os que renegam a crença na reencarnação pelo mo-
tivo de terem se exaurido na luta pela própria sublimação?
O Espiritismo não efetua aos seus adeptos quaisquer exi-
gências, todavia quem toma consciência de seus postulados sente-
se naturalmente constrangido a ceder de si mesmo, cada vez mais.
É a lucidez espiritual que a Doutrina faculta aos seus segui-
dores o que os induz à disciplina austera e ao trabalho incansável,
ao desapego dos bens perecíveis e ao sacrifício pelo ideal.
Filhos, não contemporizeis com a ilusão. Ninguém ascende-
rá aos Planos Mais Altos, preso aos interesses rasteiros do mundo.
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06 - Ser Espírita
Filhos, ser espírita é oportunidade de vivenciar o Evangelho
em espírito e verdade.
O seguidor da Doutrina é alguém que caminha sobre o mun-
do, mais consciente de seus erros que de seus acertos. Por este
motivo - pela impossibilidade de conformar os interesses do
homem velho com os anseios do homem novo, ele quase sempre
deduz que professar a fé espírita não é tarefa fácil.
Toda mudança de hábito, principalmente daquele que lhe es-
teja mais arraigado, impõe à criatura encarnada sacrifícios
inomináveis.
O rompimento com o "eu" é um parto laborioso, em que,
não raro, sem experimentar inúmeras recaídas, o espírito não vem
à luz...
O importante é que não vos deixeis desalentar. Recordai
que, para o trabalho inicial do Evangelho, Jesus requisitou o
concurso de doze homens e não de doze anjos.
Talvez o problema maior para os companheiros de ideal que
se permitem desanimar, ante as fragilidades morais que evidenci-
am, seja o fato de suporem ser o que ainda não o são.
Sem dúvida, os que vivem ignorando as próprias necessida-
des, aparentemente vivem em maior serenidade de quantos delas
já tomaram consciência; não olvideis, contudo, que a aspiração do
melhor é intrínseca à sua natureza - o homem sempre há de querer
ser mais...
Na condição, pois, de esclarecidos seguidores da Doutrina
Espírita, nunca espereis vos acomodar, desfrutando da paz ilusória
dos que não se aprofundam no conhecimento da Verdade que
liberta.
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07 - Mediunidade
Filhos, a mediunidade é o pábulo espiritual que vos sustenta
a crença na imortalidade.
Haja o que houver, não vos afasteis dos vossos deveres me-
diúnicos, procurando o próprio fortalecimento e o de vossos
irmãos.
O intercâmbio com o Mundo Espiritual foi referendado pelo
Cristo, que, transfigurando-se no Tabor, manteve estreito contacto
com os espíritos de Moisés e Elias.
Mais tarde, Ele mesmo, por diversas vezes, apareceria redi-
vivo aos olhos dos companheiros amados, consentindo, inclusive,
que um deles tocasse em suas feridas, para certificar-se da
realidade da vida além da morte.
As alegrias que vos serão advindas do cumprimento de vos-
sas obrigações na mediunidade compensarão todas as vossas
dores e sacrifícios.
Disciplinai-vos. Crescei em espírito e vereis as vossas fa-
culdades medianímicas se ampliarem em suas possibilidades.
Todo caminho de ascensão é repleto de obstáculos. Não
queirais transpô-los à pressa, mas estai convictos de que o êxito
em qualquer empreendimento demanda tempo de preparação.
Não duvideis hora alguma da ação dos desencarnados sobre
vós... Devotai-vos à prática do bem ao semelhantes, criando um
ambiente propício para a fé.
A ociosidade conduz ao cepticismo.
A indiferença ante a dor de quem chora relega ao descaso os
assuntos pertinentes à alma.
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08 - Centro Espírita
Filhos, que o centro espírita - célula viva do Cristianismo
em suas origens - vos mereça o melhor carinho e consideração.
Sempre que possível, integrai a equipe de companheiros que
permanece lutando para que o templo espírita cristão tenha
sempre as portas descerradas à comunidade.
Não vos isoleis uns dos outros, fugindo à convivência salu-
tar que vos preserva o discernimento e vos combate o personalis-
mo.
Em contato com os irmãos de ideal, as vossas idéias se reci-
clarão e a indispensável permuta de experiências vos será uma
permanente fonte de inspiração para o trabalho. Os cristãos dos
primeiros tempos do Evangelho na face do mundo, não atuavam
isoladamente.
A auto-suficiência espiritual carece de ser combatida com
determinação.
Se considerais que nada tendes a aprender com os compa-
nheiros, não olvideis a vossa obrigação de ensinar.
Quanto puderdes, no entanto, preocupai-vos em não vos a-
terdes única e simplesmente à teoria ou à disputa de cargos de
liderança. Participai diretamente das tarefas mais humildes da
casa espírita, vacinando o espírito contra o fascínio de si mesmo.
O Mestre lavou os pés aos apóstolos... Nas instituições me-
ramente humanas, manda mais quem tenha mais dinheiro e poder,
todavia, naquelas que transcendem os interesses dos homens,
quem mais pode é quem mais serve.
Filhos, adequai o centro espírita para que ele cumpra, na
Terra, a sua função de educandário das almas. Dentro dele,
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09 - Obsessão
Filhos, não olvideis que os vossos afetos invisíveis do preté-
rito procuram interferir negativamente em vossos justos anseios
espirituais do presente.
De todas as formas, eles buscarão se insinuar em vossos
caminhos, impedindo a vossa desvinculação mental com o
passado.
Pela afinidade natural que convosco estabeleceram em expe-
riências pregressas, lograrão fácil acesso ao vosso psiquismo,
articulando aos vossos ouvidos inaudíveis palavras de desalento.
Praticamente sem tréguas, insistirão convosco na descrença,
armando-vos o espírito contra os companheiros que vos têm
concitado à renovação.
Levantarão em vós suspeitas infundadas a respeito daqueles
que podem vos influenciar para o bem.
Não raro, prepararão instrumentos para vossa queda no rol
de vossas afeições mais íntimas.
Nos lábios dos que tenham alguma ascendência sobre vós,
colocarão palavras que vos induzirão a reconsiderar atitudes e
decisões no campo da fé.
Os irmãos consangüíneos do Mestre o tinham à conta de
homem fora do seu juízo perfeito...
Quantos se fizeram cristãos nos primeiros tempos do Evan-
gelho começavam a ser chamados ao testemunho no seio da
própria família.
Os espíritos que lutam contra os propósitos de espiritualiza-
ção das criaturas envidam esforços no sentido de que o seguidor
de Jesus na Doutrina Espírita vincule a causa dos problemas
materiais que enfrenta à sua nova opção de fé.
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10 - Revelação
Filhos, quantos permanecem na expectativa de novas reve-
lações do Mundo Espiritual por suplemento da fé, olvidam que o
Evangelho continua sendo a mensagem inédita da vida que todos
carecemos assimilar.
A Ciência, sem dúvida, desvendará aos homens novos ca-
minhos e a luz da Verdade gradativamente resplandecerá para as
criaturas, todavia os preceitos básicos para a felicidade humana se
resumem na lição do amor que o Cristo ensinou à Humanidade.
O maior desafio para o homem não se constitui na conquista
do Cosmos ou no pleno conhecimento das leis que regem o
mundo material: o seu maior desafio é a conquista de si mesmo,
no domínio mais amplo das próprias emoções e dos pensamentos
que se originam em seu mundo intimo.
A aplicação das virtudes cristãs no cotidiano - paciência,
perdão e solidariedade -, ontem quanto hoje, dentre outras, é
constante apelo à auto-superação que a cada dia se renova.
Tendo-nos sido legado há dois mil anos, o Evangelho não
perde atualidade, porquanto as palavras do Cristo, expressando a
Verdade, que jamais se altera, são de vida eterna.
Assim, não condicioneis a vossa crença na Doutrina às reve-
lações que vos sejam formuladas sem critério pelos que habitam
as dimensões da Vida Mais Alta.
Não façais a vossa fé depender do miraculoso e do sobrena-
tural, como se, mentes enfermas, sentísseis sempre a necessidade
de vos alimentardes do que extrapola os limites do bom senso.
Os espíritos que, de hábito, convosco intercambiam ainda
não diferem muito de vós outros e possuem parcos conhecimentos
da Vida que se desdobra fora da matéria.
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11 - Infalibilidade
Filhos, não vos considereis criaturas isentas de erros, para
que a compaixão vos inspire na apreciação da conduta alheia.
Todos, a qualquer momento, poderemos cair, equivocados.
Em sua maioria, os adeptos da Doutrina estão longe de ser
os missionários que se imaginam, ou que companheiros desavisa-
dos os supõem nas tarefas em que se redimem.
Não vos consintais a idolatria e nem provoqueis elogios a
vosso respeito, suscitando ilusões que muito vos haverão de
custar.
Esquecei o passado e, sob qualquer hipótese ou pretexto, fu-
gi de rememorá-lo, principalmente no que tange às vossas
ligações afetivas do pretérito.
O esquecimento das vidas que se foram representa uma das
maiores dádivas da Lei Divina para o espírito na reencarnação.
Observai as vossas tendências e inclinações no presente e
tereis uma idéia aproximada do que fostes e do que fizestes
outrora.
Se reparardes um companheiro em queda, em vez de injuriá-
lo, procurai socorrê-lo para que se levante e prossiga no desempe-
nho das obrigações que lhe pesam.
Quem escarnece da Humanidade, escarnece de si mesmo;
quem apedreja o pecador, lança pedras sobre a sua própria
imagem...
Feliz de quem já sabe reconsiderar o caminho percorrido e,
se necessário, alterar o curso da caminhada.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 27
12 - Unificação Espírita
Filhos, antes de pretenderdes a unificação dos serviços con-
cernentes à fé espírita, pretendei a unificação dos vossos senti-
mentos na vivência dos postulados que abraçastes.
Não existe união sem entendimento.
Quem não sabe ceder em seus pontos de vista não sabe tra-
balhar pelo congraçamento dos companheiros.
Sem dúvida, a união em torno de nossos princípios na Dou-
trina Espírita é de fundamental importância na preservação da
unidade do Movimento, todavia, sem a exemplificação dos que se
lançam a semelhante cometimento ocupando cargos de proemi-
nência, todo esforço neste sentido não passará de tentativa
frustrada de aproximação.
Por agora, convençamo-nos de que a perfeita integração de
idéias é um sonho vago e distante entre os homens, mas, para
quem procura concordar no essencial, o acessório não é fator de
divisão.
Se a teoria é válida, somente a prática fala de seu significa-
do e sua importância.
A dissensão entre os adeptos da Causa, a fragiliza diante de
seus opositores e a torna vulnerável às criticas.
Se os irmãos de ideal não silenciam melindres no grupo es-
pírita, toda a tarefa fica comprometida e não alcança a finalidade
que se propõe.
De quem lidera nunca se espera somente a palavra.
Filhos, o "amai-vos uns aos outros" não nos condiciona o
amor àqueles que convivem conosco, ou seja, não implica em que
amemos apenas àqueles que não nos criem embaraços. Ao
contrario, o grande desafio do amor se nos resume no amor que
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 29
13 - Assistência Fraterna
Filhos, participando dos vossos estudos em torno das pági-
nas de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", destacaríamos o
trecho que nos sugere mais acuradas reflexões: "Amar, no sentido
profundo da palavra, (...) é procurar ao redor de si o sentido
íntimo de todas as dores que oprimem vossos irmãos, para
abrandá-las..."
Ninguém extingue um incêndio com, simplesmente, comba-
ter-lhe as labaredas. Para erradicá-lo por completo, indispensável
concentrar esforços no ponto em que se origina e se propaga.
Segundo a palavra dos Espíritos Superiores a Allan Kardec,
o verdadeiro amor é aquele que perscruta a causa do sofrimento,
não se limitando a minimizá-lo em seus efeitos.
O mal apenas deixará de existir entre os homens quando as
suas raízes forem arrancadas do solo do Planeta!
A carência material, seja ela qual for, exterioriza uma ne-
cessidade de ordem moral. A indiferença humana ante verdades
que transcendem, permanece na base dos problemas que afligem a
Humanidade.
Socorrer a dor imediata é dos mais comezinhos deveres que
a solidariedade impõe, no entanto identificar-lhe as origens para,
ao longo do tempo, impedir as suas recidivas, é tarefa indispensá-
vel.
Atendei, assim, à fome do corpo; providenciai o agasalho e
o remédio, sem vos esquecerdes, porém, de fazer luz para que as
trevas da ignorância se desfaçam.
Se é justo cooperar com o pai de família que, de um instante
para outro, se vê às voltas com o desemprego, mais justo ainda
será ampará-lo com uma nova oportunidade de trabalho.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 31
14 - O Estudo da Doutrina
Filhos, o estudo da Doutrina faz adeptos conscientes para a
Causa.
Quem se aprofunda no conhecimento da Verdade solidifica
a Fé.
Estudai em grupo, permutando impressões sobre os pontos
doutrinários em análise, auxiliando os companheiros inexperien-
tes a pensar com o Codificador, no entanto, quanto vos permitam
as possibilidades de tempo, efetuai a vossas incursões solitárias
nas obras que vos acrescentem luz ao espírito.
Não vos contenteis com apenas ler: estudai e meditai, não
olvidando que a Verdade não é propriedade exclusiva de nin-
guém.
Fácil manifestar a Fé diante daqueles que vos observam os
movimentos; difícil é o testemunho da Fé perante o altar da
própria consciência, quando as provas da Vida vos conclamam à
anônima exemplificação.
O estudo da Doutrina, aliado às atividades do Bem - estudo
sistemático e atividades perseverantes -, robustece a crença,
tornando-a inexpugnável aos ataques do cepticismo, que engendra
o desalento.
Quem assimila o conhecimento não se contenta com o que
lhe ensina a teoria: lança-se à aplicação do que já sabe, buscando
entesourar o que somente a prática é capaz de transmitir.
Filhos, não vos afasteis dos livros da Codificação e das o-
bras que vos mereçam credibilidade. Acautelai-vos contra aqueles
que, sutilmente, possam vos arredar da lógica e do bom-senso
doutrinários. Livros existem sob o rótulo de espíritas, que tão-
somente nasceram das mentes superexcitadas de seus autores,
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 33
16 - Mérito Intransferível
Filhos, estai convictos de que, para os trabalhadores, o méri-
to do trabalho é pessoal e intransferível.
Quem obedece e realiza lucra mais do que quem simples-
mente ordena, negando-se a ombrear com os companheiros que
disputam o privilégio de servir.
Sem dúvida, quem idealiza o bem, ensejando a outros opor-
tunidade de concretizá-lo, cumpre elevada função entre os
homens, não olvidemos, no entanto, que deve ser de seu interesse
o envolvimento direto nas tarefas que planeja.
Quem fala e ensina o caminho acende uma luz, mas quem
ouve e se dispõe a percorrê-lo ilumina-se com ela.
Digo-vos assim, a propósito de quantos costumam se quei-
xar das inúmeras atividades que são convidados a desempenhar na
casa espírita... Quantos não são os que se sentem sobrecarregados
espiritualmente, chegando mesmo a se imaginarem explorados na
boa vontade que revelam? Quantos não são os que se afastam, por
serem concitados a efetuarem, constantes doações pecuniárias, em
face das despesas inevitáveis para que o trabalho seja sustentado?
Não acrediteis, sob qualquer pretexto, que a vossa bolsa, em
nome da caridade, se abre para poupar aqueles que ainda demons-
tram excessivo apego aos bens materiais e tampouco admitais
que, lavrando o campo do espírito, alguém vos seja capaz de
substituir no rosto o suor que devereis verter por vós mesmos...
A Contabilidade Divina, que jamais se equivoca, se debita
em vosso nome o que passastes a dever aos cofres da Divina
Providência, credita em vosso benefício tudo quanto vos advém
do próprio esforço.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 37
17 - Depois da Morte
Filhos, depois da morte é que valorizareis, com maior pro-
priedade, cada minuto que a Divina Providência vos concedeu no
corpo físico... Além das estreitas fronteiras do túmulo é que
lamentareis a oportunidade de ascensão espiritual que malbaratas-
tes, permitindo-vos envolver em questiúnculas de somenos...
Quando vos contemplardes, redivivos, na Vida que se des-
dobra para lá do sepulcro, é que observareis o que fizestes de vós
mesmos na imagem que se vos refletirá no espelho da própria
consciência...
Quando maior lucidez vos favorecer nas Dimensões do Infi-
nito, sereis invadidos pelo inevitável remorso de quem, sobre a
Terra, não se ocupou quanto deveria da Verdade que transcende
os interesses imediatos dos homens...
Pranteareis, então, a inversão de valores a que consagrastes
a existência, reconhecendo-vos na condição do aluno leviano que
tudo daria para voltar às primeiras lições, na escola que despre-
zou, e recomeçar o aprendizado...
Olhareis o céu constelado na vastidão do Cosmos que não
alcançais e suspirareis, de novo, pelo aconchego do ninho
terrestre, robustecendo as asas frágeis nos vôos em que muitos
vos antecederam...
Então, porque disputastes sem medir conseqüências para a
felicidade alheia, tornareis ao mundo sem que a luta vos conceda
tréguas à paz...
Caminhareis entre a renúncia e o sacrifício, silenciando
queixas e dores, para as quais, na maioria das vezes, os que
renteiam convosco serão omissos...
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 39
18 - Reerguei-vos!
Filhos, reerguei-vos da queda em que, inadvertidamente,
vos arrojastes. Não permaneçais estirados no chão do desespero e
da inércia, aguardando que mãos anônimas e abnegadas tomem
por vós a decisão que vos compete de prosseguir caminhando com
os próprios pés.
Levantai-vos e continuai, vacilantes embora.
Reconsiderai a trajetória e acautelai-vos contra possíveis
novas quedas.
Mantende-vos o tempo todo vigilantes e não vos descureis
um só instante da armadilha traiçoeira de vossas mazelas.
Apoiai-vos nos encargos que vos cabe cumprir, em relação
ao próximo, e não vos concedais excessivo tempo nas necessida-
des pessoais.
Esquecei-vos, quanto puderdes, nas tarefas do bem.
Se magoastes o coração de alguém, não hesiteis em lhe pe-
dir perdão sucessivas vezes, porquanto, se temos a obrigação de
perdoar setenta vezes sete a quem nos ofenda, caso sejamos nós
os algozes, peçamos às nossas vitimas um perdão ilimitado
através de nossas atitudes de regeneração.
A verdade, não vos esqueçais disto, nunca está do lado de
quem acusa e fere.
Humilhados por aqueles que vos conheçam os pontos vulne-
ráveis da personalidade, aprendei a contar com a Compaixão
Divina que vos ama como sois e não vos aponta o dedo em riste.
Sobre a Terra, a cavaleiro da situação que examina, não há
quem possa censurar ninguém ou atirar a primeira pedra.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 41
19 - A Árvore e os Frutos
Filhos, atentai para o que o Cristo vos disse, com relação às
obras dos homens: "Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a
árvore má dar bons frutos".
Assim como o fruto é o resultado final do esforço da árvore
que o produziu, as boas ou as más obras representam a velada
intenção de quem as concebeu.
Embora sem causar impressão positiva em quem as observe
exteriormente, muitas árvores produzem excelentes frutos.
Para oferecer frutos opimos a quem os procure em seus ga-
lhos, a árvore superou-se, olvidando as dilacerações no tronco e as
doenças que lhe acometeram as folhas.
Quantos são os homens cuja aparência não recomenda o ca-
ráter e que, no entanto, são capazes de largos gestos de solidarie-
dade? Quantos os que contradizem positivamente, com as suas
atitudes voltadas para o bem do próximo, as palavras que pronun-
ciam em momentos de insensatez?
Os frutos nos trazem noticias profundas da árvore de que
promanam...
Não vos inclineis, pois, a julgar a quem quer que seja pelas
aparências, quando, em verdade, nem pelos seus atos devereis
fazê-lo.
O que conta é a ação, entretanto não vos descureis do que
lhe antecede o surgimento. É evidente que da árvore de raízes
robustas, tronco e galhos saudáveis, frutos saborosos pendem com
maior espontaneidade... Isto equivale a dizer que o desleixo
moral, a pretexto do bem que já se consegue fazer, pode compro-
meter o homem em suas aspirações de ordem superior.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 43
20 - Polêmica Religiosa
Filhos, não vos entregueis aos conflitos da palavra em torno
dos assuntos concernentes à Fé.
Respeitai-vos em vossas crenças, nelas compreendendo os
múltiplos degraus da escada que vos compete subir, para alcan-
çardes em seu ápice, a Verdade integral.
Enquanto muitos polemizam a respeito do bem a ser feito, o
mal continua se propagando e fazendo milhares de vítimas no
mundo todo.
Deixai para mais tarde os temas que não vos sejam essenci-
ais ao entendimento...
Vede que os caminhos díspares são indispensáveis às dife-
rentes experiências que o espírito carece de realizar.
Que os homens de fé procurem imitar os homens de ciência
que se unem por uma causa comum.
Quem discute religião, no fundo, pretende as benesses de
Deus só para si - no que, caso o Criador o atendesse, revelaria a
sua face inconciliável diante da Criação.
Sabei que o entrelaçamento das religiões que hoje vos sepa-
ram é apenas uma questão de tempo. Felizes os que já lograram
antecipá-lo em si mesmos, predispondo-se à fraternidade pela
unidade da Fé.
Já que Deus é único, não existem dois caminhos que a Ele
conduza; logo todas as estradas de acesso ao Criador são conver-
gentes - a divergência é uma condição meramente humana, que
ainda fala do egoísmo milenar ao qual viveis escravizados.
Pensai mais e de modo mais abrangente do que tendes pen-
sado até então. O Cristo foi, sobre a Terra, a personificação do
amor.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 45
21 - Terceiro Milênio
Filhos, adentrando o Terceiro Milênio da Era Cristã, neces-
sário que avalieis o que tendes feito, em vós mesmos, para que o
Espiritismo, na causa que abraçastes, se propague sem tantos
embaraços em beneficio dos homens, na Terra.
Tendes sido, no grupo espírita ao qual vos vinculastes, um
fator de união entre os companheiros?
Quais os vossos verdadeiros propósitos na Doutrina?
Pretendeis tão-somente usufruir das bênçãos da fé racioci-
nada ante as arremetidas do medo e da insegurança, a caminho da
vida de além-túmulo, ou anelais que a fonte cristalina que vos
dessedenta se oferte aos lábios ressequidos de quem renteia
convosco na peregrinação para os cimos?
Freqüentais a casa espírita apenas por desencargo de consci-
ência ou já vos integrastes a alguma tarefa em que já vos seja
possível sentirdes mais úteis?
Exerceis a mediunidade para o vosso deleite, no intercâmbio
com os amigos do Mais Além, ou dela fazeis um instrumento
cotidiano de consolo e de esclarecimento para os que vagueiam
sem rumo?
Sem que o espírita, individualmente, se conscientize de sua
importância na difusão das idéias libertadoras que esposou e se
engaje com determinismo nas tarefas que as expressem, o
Espiritismo não logrará ser a doutrina capaz de empreender a
transformação que dela se espera na revivescência do Evangelho.
Que o espírita, portanto, na sintonia com as suas cogitações
de ordem superior, incorpore o ideal e permita através de si a livre
manifestação do Bem na exemplificação que lhe compete.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 47
22 - Insanidade
Filhos, a insanidade mental, em suas manifestações, é decor-
rente da imperfeição humana. Todos estamos mais próximos do
ontem que do amanhã: o passado exerce maior influência sobre as
nossas ações do que o próprio presente, que somos chamados a
viver no hoje das oportunidades que se nos renovam, através da
reencarnação.
Imprescindível, pois, que vos acauteleis contra o desequilí-
brio que, num instante de cólera ou de invigilância, poderá vos
acometer nas reações patológicas da mente.
Habituai-vos à serenidade, através da oração e do exercício
constante do bem aos semelhantes, criando em vós mesmos
resistência contra o mal que vos espreita os passos na caminhada.
A lembrança de vossas imperfeições e mazelas, é em vós
mais recente do que a das virtudes que ainda não acordastes no
espírito... Mesmo sabendo que somente o Amor é real, porque
eterno como a Fonte da qual promana, os homens não têm
hesitado em fomentar o ódio, criando ilusões que se opõem à
Verdade.
Porque não conseguem fugir à horizontalidade de suas idéi-
as e emoções, com verticalizar o eixo da própria alma, à procura
de mais nobres valores, os homens, à semelhança da lagarta que
não sabe transfigurar-se em falena, ainda rastejam no visco das
paixões que engendram a violência e a criminalidade, que fazem a
guerra e não permitem a solidariedade.
Jesus Cristo é a Mente Divina que veio ao mundo para
plasmar a mente humana.
A falta de perdão é uma insanidade; os hábitos nocivos da
alma são enfermidades que carecem ser tratados pela terapia da Fé
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 49
23 - Vigiai no Senhor
Filhos, ninguém sobre a Terra nunca se vigiará o bastante,
nos arrastamentos a que o mal o conclame a cada instante.
Quando o homem se julga fortalecido o suficiente e dispen-
sado de se manter alerta contra as tentações, é que, para ele, há
perigo de queda.
Quem se reconhece fragilizado e não descura da vigilância
sobre si dificilmente cai.
Os que se consideram auto-suficientes, desprezando os pon-
tos de apoio que lhes garantiu o equilíbrio até aonde chegaram,
estão na iminência de se precipitarem no abismo de mais amargas
desventuras.
O exercício da humildade, com o reconhecimento sincero da
própria insignificância, impede que o homem se entregue ao
fascínio de si mesmo e se imunize do assédio da obsessão.
Paulo, o Apóstolo dos Gentios, escreveu inspiradamente em
uma de suas cartas que, quando se supunha forte, é que verdadei-
ramente se revelava frágil...
O mal possui raízes profundas na alma dos homens, difíceis
de serem extirpadas de modo a que não mais se vitalizem.
Qualquer inclinação infeliz carece de ser vigiada, como o
cancerologista vigia o tumor em suas metástases.
Ninguém deve permitir-se oportunidades para que a sua
tendência negativa se manifeste; ninguém faça incursões sobre o
terreno que, no mundo de si mesmo, não conheça palmo a
palmo...
O trabalho, sem dúvida, é o mais seguro abrigo para quem
esteja com o propósito de refugiar-se, temendo mais a si que aos
outros.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 51
26 - Único Modelo
Filhos, lutai contra os pensamentos infelizes que vos criam
hábitos perniciosos.
A viciação mental escraviza o espírito nas ações em que en-
contra comparsas, visíveis e invisíveis, para que se consumam.
Todo habito é adquirido. Não acrediteis na força determi-
nante da hereditariedade, com ser capaz de transferir para o corpo
o que é responsabilidade da alma.
Não vos acostumeis ao mal, para que o mal não se acostume
a vos utilizar como instrumentos de sua propagação no mundo.
O espírito vive na órbita de seus próprios pensamentos e
respira na atmosfera de seus anseios mais íntimos.
Que a vossa vida oculta seja como a vida que viveis para
que os homens vos vejam.
Não acalenteis idéias enfermiças, porquanto toda idéia ar-
dentemente acalentada tende a concretizar-se.
A dificuldade de se viver com retidão está no fato de não se
procurar preencher os espaços vazios da alma com objetivos
enobrecedores.
Quem se habitua à escuridão da caverna sente-se encegueci-
do com a luz que brilha lá fora...
Que a disciplina espiritual, oriunda do cumprimento do de-
ver, vos possibilite a subjugação do corpo.
Os prazeres efêmeros a que aspirais, quando passam, dei-
xam seqüelas de longa duração nos mecanismos da alma.
Quantas vezes o remorso, agindo do inconsciente, aniquila o
veiculo que possibilitou ao espírito os terríveis equívocos
cometidos?
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 57
27 - Libertação Espiritual
Filhos, embora as imperfeições que vos limitam os passos
na seara do Bem, agradecei ao Senhor pelo privilégio de servir,
enquanto tantos ainda não lograram a libertação espiritual de si
mesmos.
Quantos são os que não conseguem perseverar nas tarefas de
beneficência, apenas de raro em raro cooperando na concretização
das boas obras, consumindo, assim, a maior parte do tempo que
Deus lhes concede na reencarnação, tão-só para o atendimento das
próprias necessidades?
Seja qual for o vosso drama de consciência nos erros que
cometestes ou ainda cometeis, não admitais retrocesso em vosso
esforço de renovação através da prática da caridade.
Mesmo chorando sob o guante da tentação, que vos impõe
sucessivas quedas, prossegui com determinação, sem recuar um
passo sequer em vossos propósitos de elevação.
Quem vos recebe das mãos o pão e o remédio, o agasalho e
o amparo providencial não vos questiona a respeito da natureza
das bênçãos que lhes são prodigalizadas.
Quem se encontra sedento não se importa com o grau de pu-
reza da fonte que lhe mitiga a sede no deserto escaldante.
O lírio que desponta no charco possui maior mérito e beleza
do que a flor que se abre em bem cuidado jardim.
Filhos, não deixeis escapar de vós a oportunidade de colabo-
rar no bem dos semelhantes. Mesmo que escuteis censuras a
respeito de vossas intenções ou que alguém vos remexa velhas
feridas que não se cicatrizaram de todo, não vos magoeis ao ponto
de desistir do sublime tentame.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 59
28 - Caridade na Caridade
Filhos, os vossos impulsos negativos costumam vos assaltar,
mesmo quando vos encontrais envolvidos nas tarefas de amor ao
próximo.•
E o melindre que vos suscita um companheiro de ideal com
o qual ainda não vos afinizais completamente; é a vossa equivo-
cada postura de superioridade que vos é incentivada pela vossa
transitória condição de doadores; é a ilusão a que vos inclinam os
bens amoedados que fostes chamados a administrar com parcimô-
nia; é a injustiça que vos assoma à personalidade, através das
decisões arbitrárias que tomais em relação ao que se deve dividir
com os necessitados; é a palavra áspera com que vos achais no
direito de vos dirigir aos que convosco cooperam, em escala
menor; é a indiferença ante a opinião de um vosso anônimo
colaborador que insensatamente considerais sem lucidez bastante
para externar o seu ponto de vista; é a censura descaridosa que
efetuais contra os que não se talham pelo vosso figurino moral; é
a movimentação inútil que empreendeis para afastar determinado
integrante do grupo que não vos corresponde aos anseios...
Não é porque vos encontrais fazendo o bem aos outros que o
mal, ainda subsistente em vós, vos deixa de disputar a alma.
As trevas não desistem facilmente.
Não há quem possa se considerar suficientemente forte para
menoscabar a tentação.
Filhos, cuidai para que os vossos impulsos negativos não
vos comprometam a alegria oriunda da prática do Bem.
Sede, pois, generosos e fraternos, principalmente com aque-
les que estejam mais próximos e que não tenham despendido tanto
quanto vós.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 61
29 - Instrumentos da Obsessão
Filhos, não vos esqueçais de que, sem vigilância, vós mes-
mos podereis vos transformar em instrumentos de perturbação
espiritual uns para os outros.
Os espíritos obsessores, interessados em minar-vos a resis-
tência moral, além de assediar-vos diretamente, assediam-vos
indiretamente através daqueles que não supõem estar lhes
servindo de intermediários para vos subtrair a paz.
A obsessão, quase sempre, é construída sobre o medo e so-
bre a falta de confiança que a sua vítima demonstra com referên-
cia à bondade de Deus, que não relega ninguém ao abandono.
Os vossos adversários invisíveis se esmeram na técnica de
vos induzir ao desequilíbrio, chegando, inclusive, a vos suscitar
idéias renitentes de doenças que vos atemorizam e vos implantan-
do na mente pensamentos nocivos que passais a acalentar
diuturnamente.
Inspirando pessoas que convivem convosco, algumas mais
íntimas, outras não, colocam-lhes palavras-chaves nos lábios -,
palavras que se lhes transformam em pontos de sintonia mental,
para a perseguição sem trégua com que os vossos desafetos do
pretérito pretendem vos levar à loucura ou a atitudes de extremo
desespero.
Quando vos observeis padecendo o assédio sem pausa de
idéias que repercutam negativamente no vosso organismo físico,
constrangendo-vos à insônia e à inapetência, à irritabilidade e à
apatia, considerai a hipótese de obsessão por causa determinante
do processo que se instala.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 63
30 - Humildes e Submissos
Filhos, sede humildes e submissos, diante das provas que
vos afligem.
Recordai-vos da advertência do Senhor e não resistais ao
mal que vos queiram fazer.
Aceitai, com resignação, o peso da cruz sobre os ombros e
não intenteis opor-vos ao movimento natural da Vida, no curso
dos acontecimentos que se sucedem.
É inútil desferir braçadas contra a correnteza...
Harmonizai-vos com a Vontade de Deus e não queirais mo-
dificar, com violência, o rumo das coisas que concorrem para o
vosso aperfeiçoamento nos fatos que se desencadeiam através das
circunstâncias.
A Fé que opera no Bem de todos não se caracteriza por pas-
sividade em quem não consegue dar solução imediata aos próprios
problemas.
Prossegui vivendo com determinação, fazendo o que vos se-
ja possível pela melhoria da existência, sem que jamais vos
acomodeis.
A verdadeira resignação não é o retrato de nenhum homem
de braços entregues à inércia e de pernas que não lhe permitam
sair do lugar...
Trabalhai na solução das dificuldades alheias e tereis as
vossas solucionadas, porquanto é da Lei que ninguém seja auto-
suficiente o bastante que dispense o concurso do próximo na
construção da própria felicidade.
Filhos, todos somos levados a facear situações que nos es-
timulam a humildade.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 65
31 - O Grande Salto
Filhos, inevitável o progresso de todas as coisas em busca
da perfeição. Nada será capaz de deter o avanço vertiginoso da
Vida...
Os desajustes são imprescindíveis à renovação e à retomada
do crescimento para a Luz.
Avançar sempre - eis o lema que norteia a caminhada de tu-
do que existe, no anseio de ser mais.
Inevitável, pois, que Ciência, Filosofia e Religião se unifi-
quem com o mesmo objetivo - o conhecimento pleno da Verdade.
Está prestes o momento em que a Ciência efetuará o grande
salto, transpondo os limites do túmulo e perscrutando a Vida além
da matéria.
Então, muitas das indagações humanas obterão respostas,
com enigmas seculares sendo solucionados e dando origem a
novos e mais amplos questionamentos.
A cada passo na senda do progresso, o homem constatará a
necessidade de voltar-se para si - porquanto o seu universo íntimo
é mais infinito que o Universo, para o qual se volta exteriormente,
há milênios.
Sem os preconceitos da Ciência e o fanatismo da Religião, o
homem, com o auxílio da Filosofia, passará a cogitar da própria
transcendência, concentrando esforços no seu despertar espiritual.
Filhos, é inútil que as sombras da noite tentem se opor à cla-
ridade do dia...
Quando a vida na Terra nos pareça presa de indefinido ma-
rasmo, eis que o Senhor nos envia os seus propostos divinos, que
se corporificam no Planeta, para darem novo impulso ao progres-
so em todas as áreas do saber.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 67
32 - Disciplinai o Espírito
Filhos, cogitando das coisas maiores, não vos descureis da-
quelas que considerais insignificantes.
A grande árvore se origina de minúscula semente.
O mais alto edifício não se levanta sem o concurso de anô-
nimas pedras de alicerce.
O rio caudaloso é a somatória de humildes filetes d'água.
Nada, quando nasce, surge em sua forma definitiva.
Tudo parte de um pequeno ponto e, através do tempo, ocupa
o espaço que lhe está determinado pelas leis do Universo.
Sedimentai-vos na experiência que vos habilita para com-
promissos de maior envergadura.
Disciplinai o espírito nas tarefas que, quase sempre, são
desprezadas por quantos lhes desconhecem o valor no fortaleci-
mento da vontade.
Quando alguém se encontra apto para cumprir obrigações de
ordem mais elevada, a própria Vida se encarrega de lhas confiar
através das circunstâncias que o requisitam.
Quando o homem não consegue ser o que é, onde está, inútil
que ele tente ser mais, onde quer que esteja.
Quem não prova fidelidade nos encargos menores não se
desincumbe com êxito daqueles cuja importância exige maior
persistência e noção de responsabilidade.
Filhos, as atividades humildes da casa espírita são a vossa
garantia de paz e equilíbrio íntimo. Dentro dela, não aspireis a
nada além do que seja servir, sem que vos entregueis às discus-
sões que costumam inutilizar as vossas oportunidades de ascese
espiritual.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 69
33 - Os Falsos Profetas
Filhos, acautelai-vos contra os falsos profetas que são de to-
dos os tempos.
Na atualidade, muitos deles despontam na seara da própria
Doutrina, à feição de joio no meio do trigo, cuidando única e tão-
somente dos interesses que lhes dizem respeito.
São eles os médiuns enganadores que trabalham em causa
própria, os oradores e articulistas que têm mais brilho na palavra
que atitudes corretas, os dirigentes que impõem as suas idéias
personalistas ao Movimento...
Sabereis identificá-los pela sua falta de bom-senso e pelo
amor que têm mais a si do que à Causa.
Os falsos profetas nunca são capazes de sacrificar-se pelo
ideal e, por este motivo, acabam sempre revelando os seus mais
escusos propósitos na militância doutrinária.
Falam de caridade, mas não logram despojamento para pra-
ticá-la; enaltecem a excelência do perdão, mas se melindram com
extrema facilidade; referem-se à importância do serviço, mas não
tomam eles mesmos a iniciativa de servir...
Falta-lhes uma empatia espiritual mais profunda com a fé e,
conseqüentemente, não comunicam sinceridade aos homens de
discernimento.
Filhos, não enveredeis pelos sinuosos caminhos da explora-
ção do sentimento alheio; que ninguém se arroje ao despenhadeiro
da descrença por vossa culpa...
Aos falsos profetas, encarnados ou desencanados, estarão
reservadas as mais duras penas pelos equívocos cometidos contra
"o Espírito Santo", ou seja, por inocularem o veneno da desconfi-
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 71
34 - Vínculos Afetivos
Filhos, através dos vossos vínculos afetivos é que tendes, no
mundo, a oportunidade de vos aproximar dos vossos desafetos do
passado, que renascem no corpo, em obediência aos compromis-
sos assumidos convosco.
Os elos da consangüinidade vos possibilitam experiências
em comum, nas quais vos tornais em instrumentos de aprendizado
mútuo.
A convivência no corpo vos enseja o desenvolvimento da
paciência e do perdão, da compreensão e da renúncia, virtudes
que, paulatinamente, vos ensinam o amor incondicional por todas
as criaturas.
Renunciai às amarguras, os traumas, as lágrimas que verteis
pelo amor não correspondido, as aflições do sentimento de
posse...
Se não se habitua a renunciar, a ceder de si mesmo, a se sa-
crificar pelo próximo, a despojar-se de ambições, enfim, a não
esperar que a Vida gire à sua volta, o homem sofre - inevitavel-
mente, sofre.
Filhos, amai sem cogitar de serdes amados. Sobretudo, es-
forçai-vos por amar aqueles que nunca foram verdadeiramente
amados.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 73
35 - Nunca Acrediteis
Filhos, nunca acrediteis que a Verdade vos pertença de mo-
do absoluto;
que a vossa interpretação dos fatos que sucedem aos outros
não seja equivocada;
que a razão sempre permaneça do vosso lado;
que tendes mais direitos a reclamar que deveres a cumprir;
que viveis isentos das tentações que acometem a tantos;
que sois invulneráveis ao erro;
que mereceis os privilégios que desfrutais na existência;
que a Lei Divina cuida de vossa felicidade, em detrimento
da felicidade alheia;
Daí a necessidade de se renascer sobre a Terra sucessivas
vezes, estabelecendo vínculos cada vez mais estreitos com os
semelhantes; se o homem se destituísse dos laços afetivos, o
sentimento de indiferença é que haveria de norteá-lo na Vida,
impedindo-lhe o crescimento...
A cartilha da dor encerra para vós outras infinitas lições,
advindas do vosso relacionamento com aqueles que amais de
maneira extremada e que ainda não vos correspondem ao afeto.
O filho-problema, o cônjuge intolerante e o amigo infiel fa-
zem parte do farto material pedagógico com que a Lei sempre vos
instruiu, no que mais tendes necessidade de saber, em termos de
felicidade real.
Todas as experiências que os espíritos vivenciam em conta-
to uns com os outros, principalmente quando decidem tomar o
caminho da reencarnação, objetivam pulverizar-lhes as ilusões
que se alicerçam nos valores mutáveis da experiência física.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 74
36 - Em Primeiro Lugar
Filhos, o Evangelho é o legado de amor do Divino Mestre
para a Humanidade. Vivenciai-o e sereis felizes.
O problema do homem não é com Deus, mas, sim, com o
próximo. Não é pela falta de fé que o homem tem fracassado;
aliás, desde os primórdios, ele tem procurado reverenciar o
Criador, na exteriorização de sua religiosidade natural...
A questão básica da felicidade humana está relacionada à
vivência do amor - o sentimento que supera todo rótulo de crença
e que transcende qualquer indagação de natureza filosófica.
Quem aplica o Evangelho à sua própria vida demonstra um
conhecimento prático das Leis em que a existência se estrutura,
intuindo o que lhe é essencial na compreensão da Verdade.
Quando o homem aprender a se relacionar com o semelhan-
te, ele terá resolvido, através do exercício do amor, todos os
problemas de origem filosófica que o aturdem há séculos sem
data.
Revivendo o Evangelho, o Espiritismo conclama os seus a-
deptos a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a
si mesmos. Todos os artigos de fé da Doutrina, por mais arrojados
intelectualmente, não teriam sentido algum sem que o amor lhes
constituísse o ponto central.
A fé raciocinada pretende, sobretudo, a renovação do ho-
mem. O conhecimento da Reencarnação, da Lei de Causa e
Efeito, da Mediunidade e da Vida em suas múltiplas nuances,
objetivam única e tão-somente tornar a criatura mais lúcida
quanto ao próprio destino.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 76
38 - Doença e Cura
Filhos, toda doença tem a sua origem nas imperfeições do
espírito, que reflete sobre as células que lhe constituem o corpo
material os desajustes da consciência.
A doença, quando se exterioriza, se revela e pede tratamen-
to. Infelizmente, no entanto, o homem tem oferecido aos seus
males físicos, que são, em essência, males espirituais, remédios
que agem perifericamente, ou seja, que não atuam no âmago da
questão.
Os distúrbios psicológicos do ser, fruto do seu estado de de-
sarmonia com a Lei, provocando-lhe sensações de sofrimento
orgânico, tornam evidentes as necessidades que se lhe radicam
n'alma. O que é subjetivo faz-se concreto para que se lhe corrijam
as distorções.
Embora realizasse e realize curas no corpo perecível, sujeito
às incessantes transformações da matéria, Jesus se corporificou no
mundo para empreender a cura das almas, que não se efetivará
sem o concurso dos enfermos que a desejem.
A falta de perdão, o ódio, a revolta, a descrença, o ressenti-
mento e toda a variada gama de sentimentos corrompidos
engendram causas profundas nas dores que a Medicina estuda e
cataloga, sem, no entanto, dar-lhes combate eficaz.
Filhos, a harmonização do vosso mundo íntimo vitaliza as
células em desgaste e suprime as conseqüências mais drásticas do
carma, a se expressarem tantas vezes nas patologias que vos
limitam a ação.
Pautai-vos por uma conduta cristã e, embora mais tarde não
vos eviteis de facear a morte, convivereis com a dor sem as
agravantes do desespero.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 80
39 - Esquecimento do Passado
Filhos, o esquecimento do passado, nas experiências infeli-
zes que vivenciastes, é que vos torna viável o progresso espiritual.
Quem não olvidasse o mal de que tenha sido vítima ou ver-
dugo, estacionaria indefinidamente na revolta e no ódio, na
amargura e na falta de indulgência.
A amnésia temporária, com relação ao que fostes e ao que
fizestes no passado, de certa forma vos enseja o crescimento
íntimo num tempo relativamente mais curto do que levaríeis para
concretizá-lo, caso tivésseis que conviver com as lembranças
negativas que a Lei vos manda esquecer.
Assim sendo, não vasculheis os arquivos da mente, com o
propósito de trazer ao presente o que deve permanecer sepultado
no pretérito. Preocupai-vos com a construção do futuro, estudando
as características de vossa personalidade, para melhor avaliação
do caminho percorrido, valendo-vos tão-somente das tendências e
dos hábitos que revelais em vossa existência de agora.
Em contato com os outros, notadamente com aqueles de
vossa convivência mais estreita, os vossos reais valores vêm à
tona, possibilitando-vos a identificação clara dos pontos vulnerá-
veis da personalidade, sobre as quais devereis concentrar os
vossos esforços de corrigenda.
Os companheiros com os quais vos compromissastes mais
seriamente acionam em vós os mecanismos psicológicos a
fornecer-vos exata noção dos vossos desacertos de antanho, sem
que, para tanto, tenhais necessidade de provocar o despertar de
vossas reminiscências.
Na vivência espírita do Evangelho, a chamada terapia de vi-
das passadas acontece naturalmente, sem que se vos torne
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 82
40 - Diante do Carma
Filhos, não agraveis o próprio carma com as vossas ações
intempestivas diante do sofrimento. Carregai, com resignação e
coragem, o fardo que vos pesa, não reagindo com desespero
quando a prova que faceais fuja ao vosso controle.
Ninguém pode evitar as conseqüências de se viver num
mundo de acerbas dificuldades espirituais, mas a vossa postura
perante os acontecimentos que naturalmente se desencadeiam
pode, sem dúvida, minimizá-los em seus efeitos.
Anulai, com a vossa atitude de serenidade, o drástico das
provações que, com base no vosso descontrole emocional, podem
se complicar por tempo indefinido, exigindo de vós maior cota de
lágrimas para que se equacionem.
Dentro da situação de relativo desconforto em que vos en-
contreis, refleti que, em verdade, se a Lei Divina se vos aplicasse
com todo o vigor, estaríeis, por justiça, em quadros de padecimen-
tos inimagináveis.
O problema cármico do homem, por ação da Infinita Miseri-
córdia, está sempre aquém de suas reais necessidades de reajuste.
Seja, assim, qual for o obstáculo que estejais enfrentando,
em meio às surpresas desagradáveis que vos acometem em vosso
relacionamento uns com os outros, predisponde-vos ao perdão e
não enveredeis por caminhos que não vos conduzam à compreen-
são e à plena aceitação dos reveses.
Sob os auspícios da fé, qualquer carma se atenua. A dor, de-
pendendo da opção que façais, tanto vos pode impulsionar o
espírito no rumo de incontida ascensão, quanto endereçá-lo às
profundezas abissais do infortúnio.
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 84
— Fim —
Carlos A. Baccelli - A Coragem da Fé - Pelo Espírito Bezerra de Menezes 85
Amigo(a) Leitor(a),