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Detectores de Radiação

O documento discute detectores de radiação, incluindo como diferentes tipos de radiação interagem com materiais de detecção e como os detectores transformam esses efeitos em sinais medidos. Também aborda propriedades desejáveis de detectores como repetibilidade, reprodutibilidade e eficiência, bem como fatores que influenciam a escolha do detector apropriado como tipo de radiação, precisão desejada e condições de uso.
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Detectores de Radiação

O documento discute detectores de radiação, incluindo como diferentes tipos de radiação interagem com materiais de detecção e como os detectores transformam esses efeitos em sinais medidos. Também aborda propriedades desejáveis de detectores como repetibilidade, reprodutibilidade e eficiência, bem como fatores que influenciam a escolha do detector apropriado como tipo de radiação, precisão desejada e condições de uso.
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Detectores de radiação

Detector de radiação é um dispositivo que, colocado em um meio onde exista um campo de


radiação, seja capaz de indicar a sua presença. Existem diversos processos pelos quais
diferentes radiações podem interagir com o meio material utilizado para medir ou indicar
características dessas radiações. Entre esses processos os mais utilizados são os que
envolvem a geração de cargas elétricas, a geração de luz, a sensibilização de películas
fotográficas, a criação de traços (buracos) no material, a geração de calor e alterações da
dinâmica de certos processos químicos. Normalmente um detector de radiação é constituído de
um elemento ou material sensível à radiação e um sistema que transforma esses efeitos em um
valor relacionado a uma grandeza de medição dessa radiação.

Propriedades de um detector
Para que um dispositivo seja classificado como um detector apropriado é necessário que, além
de ser adequado para a medição do mensurando, apresente nas suas sequências de medição
algumas características, tais como:

Repetitividade definida pelo grau de concordância dos


resultados obtidos sob as mesmas
condições de medição;

Reprodutibilidade grau de concordância dos resultados obtidos


em diferentes condições de medição;

Estabilidade aptidão do instrumento conservar constantes


suas características de medição ao longo do
tempo;

Exatidão grau de concordância dos resultados com o


“valor verdadeiro”ou “valor de referência” a
ser determinado;

Precisão grau de concordância dos resultados entre si,


normalmente expresso pelo desvio padrão
em relação à média;

Sensibilidade razão entre a variação da resposta de um


instrumento e a correspondente variação do
estímulo;

Eficiência, capacidade de converter em sinais


de medição os estímulos recebidos.
Eficiência de um detector
A eficiência de um detector está associada normalmente ao tipo e à energia da radiação e é
basicamente a capacidade do detector de registrá-la. A eficiência de um detector pode ser
definida de duas formas: eficiência intrínseca e eficiência absoluta. O registro de cada radiação
no detector representa um sinal, que pode ser um pulso, um buraco, um sinal de luz, ou outro
sinal qualquer, dependente da forma pela qual a radiação interage com o detector e dos
subprodutos mensuráveis gerados.

Eficiência intrínseca do detector


O tipo e a energia de radiação, normalmente, são fatores ligados às características
intrínsecas do detector. A eficiência intrínseca pode ser escrita como:

Eficiência absoluta de um detector


A eficiência absoluta está relacionada não só com as suas características de construção, mas
também com a fonte de radiação que está sendo medida, com o meio e com a geometria de
medição. Pode ser escrita como:

Fatores que definem a escolha de


detectores
Tipo da radiação
Como as radiações interagem de forma diferente com a matéria, dependendo de seu tipo
(radiação eletromagnética, partículas carregadas leves, partículas carregadas pesadas,
nêutrons), a escolha do detector depende do tipo de radiação que se quer medir. Em geral, um
detector que mede com grande eficiência um determinado tipo de radiação (por exemplo, fótons
de alta energia) pode ser totalmente inadequado para medir outro tipo (por exemplo, radiação
alfa).

Intervalo de tempo de interesse


Em alguns casos, o objetivo pode ser a medição "instantânea" da radiação, isto é, o número
médio de radiações em um intervalo de tempo muito curto, por exemplo, ao se avaliar a
radiação num local antes de realizar uma ação qualquer.
Em outros, se deseja registrar a radiação acumulada durante um período de tempo, como por
exemplo, o período durante o qual foi exposto um trabalhador. Para cada finalidade deve ser
utilizado um detector apropriado.
No primeiro caso, são utilizados os detectores de leitura direta, ou ativos, tais como os
detectores à gás para medição da taxa de dose, os cintilômetros, os detectores a
semicondutor.
No segundo caso estão incluídos os detectores passivos, que registram os eventos e podem
ser processados posteriormente, como as emulsões fotográficas, os detectores de traço, os
dosímetros termoluminescentes, lioluminescentes e citogenéticos.

Precisão, exatidão, resolução


Dependendo da utilização, a escolha do detector e do método de medição pode variar em
relação ao grau de precisão, exatidão e resolução dos resultados desejados. Isto está ligado às
diversas incertezas envolvidas no processo de medição e nas outras atividades relacionadas.
Para medições ambientais resultados com incertezas de 20% podem ser considerados
aceitáveis enquanto que, para trabalhos de produção de padrões de medições de atividade,
uma incerteza de 0,5% pode ser considerada muito grande.

Condições de trabalho do detector


O detector utilizado em trabalho de campo tem que ter condições de robustez, portabilidade e
autonomia diferentes das necessárias aos detectores operados em ambientes controlados de
laboratório.
Em situações extremas de ambiente como, por exemplo, dentro do circuito primário de um
reator,onde somente detectores especiais têm condições de operar.
Essas condições de operação do detector irão muitas vezes determinar os materiais
utilizados em sua construção.
Detectores muito sensíveis a choques mecânicos não são recomendados para medições em
unidades móveis.

Tipo de informação desejada


Conforme a finalidade, pode-se desejar somente informações sobre o número de contagens,
ou energia da radiação detectada.
Em alguns casos se busca a relação com a dose absorvida, tempo de medição e distribuição
em energia.
O processamento dessa informação depende do detector escolhido e do mecanismo pelo qual a
informação é coletada.

Características operacionais e custo


Outros fatores determinantes na escolha do detector são a facilidade de operação,
facilidade e disponibilidade de manutenção e, finalmente, o custo do detector.
Especificações para monitores, dosímetros e sistemas de calibração Os detectores
necessitam obedecer a certos requisitos, para serem padronizados para o uso em Proteção
Radiológica e em Metrologia das radiações ionizantes. Assim, além de possuir as características
citadas, devem satisfazer a requisitos normativos, conforme será descrito a seguir.

Monitor de radiação
É um detector construído e adaptado para radiações e finalidades específicas e deve
apresentar as seguintes propriedades, regidas por normas da IEC 731 ou ISO 4037-1:

∙ Limite de detecção adequado;


∙ Precisão e exatidão;
∙ Reprodutibilidade e repetitividade;
∙ Linearidade;
∙ Estabilidade a curto e longo prazo;
∙ Baixa dependência energética;
∙ Baixa dependência direcional, rotacional;
∙ Baixa dependência dos fatores ambientais;
∙ Baixa dependência com a taxa de exposição.

Dosímetro
É um monitor que mede uma grandeza radiológica ou operacional, mas, com resultados
relacionados ao corpo inteiro, órgão ou tecido humano.

Além das propriedades de monitoramento, ele deve ter:


- resultados em dose absorvida ou dose equivalente (ou taxa);
- ser construído com material tecido-equivalente;
- possuir fator de calibração bem estabelecido;
- suas leituras e calibrações são rastreadas a um laboratório nacional e à rede do BIPM; -
incertezas bem estabelecidas e adequadas para sua aplicação;
- modelo adequado para cada aplicação;
- modelo adequado para cada tipo e intensidade de feixe.

Sistema de Calibração
Um sistema de calibração é um conjunto de detectores e unidades de processamento que
permite medir uma grandeza radiológica de modo absoluto ou relativo e deve cumprir as
seguintes exigências:
- fator de calibração rastreado aos sistemas absolutos e ao Bureau International de
Poids et Mesures (BIPM);
- aprovação em testes de qualidade (comparações interlaboratoriais, protocolos e sistemas já
consagrados internacionalmente);
- incertezas bem estabelecidas e pequenas;
- resultados, rastreados ao BIPM, e acompanhados de certificados registrados; -
fatores de influência sob controle;
- fatores de interferência conhecidos;
- integrar os sistemas de um laboratório de calibração.

Detecção Utilizando Emulsões fotográficas


Emulsões fotográficas
As emulsões fotográficas são, normalmente, constituídas de cristais (grãos) de haletos de prata
(normalmente brometo) dispersos em uma matriz de gelatina. Cada grão tem, aproximadamente,
1010 átomos de Ag +. As emulsões fotográficas utilizadas para detecção de radiação são similares
às utilizadas em filmes fotográficos comuns, sendo que, nas primeiras a concentração dos grãos
de brometo de prata é várias vezes superior. A presença da prata metálica remanescente após o
processo de revelação está relacionada à quantidade de radiação a que foi submetida a emulsão.

Mecanismo de interação da radiação com as emulsões fotográficas


A ação da radiação na emulsão é semelhante a que ocorre com a da luz visível em chapas
fotográficas comuns. A radiação, ao interagir com elétrons de átomos do brometo de prata faz
com que apenas alguns átomos no grão sejam “sensibilizados” pela sua passagem,
transformando os íons Ag +em Ag metálica. Essa quantidade de Ag transformada pode
permanecer indefinidamente, armazenando uma imagem latente da trajetória da partícula na
emulsão. No processo subsequente de revelação, uma solução reveladora tem a propriedade
de converter todos os grãos de brometo de prata em prata metálica.

Interação de fótons e nêutrons com a emulsão fotográfica


A interação da radiação indiretamente ionizante, como fótons com energia acima da energia da
luz visível e nêutrons, tem baixa probabilidade de ocorrência diretamente com os átomos de Ag
na emulsão. Normalmente o que ocorre é uma interação prévia dessas radiações resultando
em elétrons secundários ou fótons de energia mais baixa, que por sua vez, têm maior facilidade
de sensibilizar a emulsão.

Aplicações da dosimetria com emulsões fotográficas

Monitoração pessoal de radiação X e gama


Os filmes fotográficos
utilizados para monitoração
pessoal têm dimensão
reduzida, da ordem de alguns
centímetros quadrados (por
exemplo, 3 cm x 4 cm). São
acondicionados em envelopes
à
prova de luz.
Para a monitoração, um ou
mais filmes são colocados em
monitores (ou badges),
normalmente feitos de
plástico, com algumas partes
das áreas sensíveis cobertas por filtros de cobre e chumbo.
Normalmente são colocadas em um monitor dois tipos de emulsão, uma mais sensível e outra
menos sensível, para ampliar a capacidade de detecção dos fótons em quantidade e em
energia.

Uso em raio X diagnóstico

As emulsões fotográficas são utilizadas também para a obtenção de radiografias utilizadas em


diagnósticos médicos. Como a atenuação e absorção da radiação dependem do Z do material
e de sua densidade, a radiação que atravessa diversos tipos de tecido irá interagir de forma
diferente com eles, permitindo uma discriminação da composição do interior do corpo
examinado por meio do feixe atenuado transmitido, o qual irá formar uma imagem na chapa
fotográfica. Dessa forma é possível verificar fraturas em ossos, que atenuam mais a radiação
que o tecido mole; identificar materiais estranhos no corpo, alterações de tecido provocadas
por câncer.

Gamagrafia

De forma semelhante à utilizada para raio X diagnóstico, feixes de raios são usados para
avaliação de estruturas na construção civil, na siderurgia e metalurgia. A radiação é mais
absorvida na matéria mais densa e com mais alto Z e permite verificar a existência de bolhas e
falhas no interior de grandes estruturas metálicas e de concreto, sem a necessidade de
destruí-las. Normalmente são utilizadas fontes de 60Co, de 137Cs e de 192Ir. Podem ser
utilizados também aparelhos de raios X de alta energia (acima de 400 keV).
O mecanismo da termoluminescência
O volume sensível de um material termoluminescente consiste de uma massa pequena (de
aproximadamente 1 a 100 mg) de um material cristalino dielétrico contendo ativadores
convenientes.

Esses ativadores que podem estar presentes em quantidades extremamente pequenas (da
ordem de traço, por exemplo), criam dois tipos de imperfeições na rede cristalina: armadilhas
para elétrons, que capturam e aprisionam os portadores de carga e centros de luminescência.

A radiação ionizante, ao interagir com os elétrons, cede energia aos mesmos, que são
aprisionados pelas armadilhas.

Se o material é submetido a um aquecimento os elétrons aprisionados nas armadilhas são


liberados, fazendo com que percam a energia nos centros de luminescência. A diferença de
energia entre esses dois níveis é emitida através de um fóton na faixa da luz visível (da ordem
de alguns eV).
Utilização na detecção e dosimetria de radiação

Para alguns materiais as armadilhas resistem bem à temperatura ambiente por períodos de
tempo relativamente longos (maiores que 30 dias, por exemplo), ou seja, só liberam os
elétrons e emitem luz após um tratamento térmico de algumas centenas de graus Celsius.

Como o sinal luminoso pode ser proporcional à radiação incidente, esses materiais são
bastante convenientes para serem utilizados como dosímetros, principalmente pela sua
característica de reutilização antes de apresentarem fadiga expressiva.

Principais materiais termoluminescentes


As principais substâncias utilizadas como materiais termoluminescentes para dosimetria são o
CaSO4:Dy (sulfato de cálcio dopado com disprósio), o CaSO4:Mn ( dopado com manganês); o
LiF(fluoreto de lítio) e a CaF2 (fluorita). No Brasil, o CaSO4:Dy (produzido no IPEN/CNEN SP) e o
LiF, são os mais utilizados.
O instrumento utilizado para avaliar a dose em função da luz emitida é denominado leitor (ou
leitora) TLD. É composto de um sistema que faz um aquecimento controlado, de uma válvula
foto-multiplicadora, que transforma o sinal luminoso em um sinal elétrico amplificado, e de um
sistema de processamento e apresentação (display) do sinal.

Detectores a Gás
Os detectores a gás constituem os tipos mais tradicionais e difundidos. Foram utilizados
desde as experiências iniciais com a radiação ionizante. A interação das radiações com os
gases provoca principalmente excitação e ionização dos seus átomos:

Na ionização, são formados pares elétron-íon que dependem de características dos gases
utilizados e da radiação ionizante. A coleta dos elétrons e dos íons positivos formados no volume
sensível do detector, é feita por meio de campos elétricos e dispositivos apropriados, e serve
como uma medida da radiação incidente no detector.

Quando uma radiação interage com um gás, ionizando-o, os elétrons arrancados pertencem
normalmente às últimas camadas, com energias de ligação da ordem de 10 a 20 eV. Como nem
toda interação resulta em ionização e o elétron atingido nem sempre pertence à última camada,
o valor da energia média para formação de um par de íons (W) em um gás varia em torno de 20
a 45 eV para os gases mais utilizados.

Formação de pulso de tensão ou de corrente em detectores à gás

Nos detectores a gás, a carga gerada pelos pares de íons é coletada por meio do campo
elétrico criado de forma conveniente por um circuito elétrico.

A carga, ao atingir o eletrodo, produz uma variação na carga do circuito, que pode ser
detectada e transformada em um sinal elétrico.

Essa carga corresponde a uma corrente, que pode ser medida utilizando-se eletrômetros. O
modo de operação que mede a corrente média gerada em um intervalo de tempo é denominado
modo de operação tipo corrente.

Outra forma de operar o detector é registrar o sinal gerado pela radiação, criando um pulso
referente à variação de potencial correspondente.
Esse modo é denominado modo de operação tipo pulso. Nesse caso, o número de pares de íons
gerados e coletados corresponde também à intensidade (ou amplitude) do pulso gerado para o
detector.

A probabilidade de interação da radiação com o gás, resultando na formação de pares de íons,


varia com o campo elétrico aplicado (ou diferença de potencial aplicada) ao gás dentro do volume
sensível. Pode-se separar o intervalo de variação do campo elétrico em seis regiões, pelas
características específicas de geração e coleta de carga.

Essas regiões são:

- região inicial não-proporcional;


- região de saturação dos íons;
- região proporcional;
- região de proporcionalidade limitada;
- região do Geiger-Müller;
- região acima da região do Geiger-Müller ou região de descarga contínua.
Câmaras de ionização
A câmara de ionização opera na região de saturação de íons e para cada par de íon gerado
pela partícula no interior do volume sensível do detector gasoso um sinal é coletado.

Apesar disso, a corrente coletada é muito baixa, normalmente da ordem de 10A a 12A e
precisam ser utilizados amplificadores para o sinal poder ser convenientemente processado. As
câmaras de ionização trabalham normalmente no modo corrente e se convenientemente
construídas, utilizando o ar como elemento gasoso, são capazes de medir diretamente a
grandeza exposição. Alguns tipos de detectores especiais funcionam dentro do modo de
câmara de ionização. Entre eles podem ser citados:

Câmara de ionização “free air”: consiste de uma estrutura convenientemente montada e aberta de
forma que a interação com radiação é medida diretamente no ar, ou seja, o volume sensível do
detector é menor que o do recipiente em que está contido. A camada de ar entre o volume
sensível e as paredes da câmara faz com que o volume sensível não sofra influência da interação
da radiação com as paredes.

Caneta dosimétrica: muito utilizada em monitoração pessoal, consiste em uma câmara de


ionização onde um fio de quartzo serve como cursor para indicar a exposição (ou dose)
acumulada. Utilizando um carregador, insere-se, sob pressão, a caneta para ser “zerada”. Na
prática significa que lhe foi fornecida uma carga elétrica máxima, que vai se esvaindo com o
surgimento dos elétrons e íons formados pela radiação, dentro do volume da câmara.

Assim, o fio de quartzo vai se aproximando do eletrodo de carga de mesmo sinal e, pela lente,
observa-se a leitura da exposição ou dose absorvida.

Câmara de ionização portátil: é uma câmara de ionização a ar ou gás sob pressão, destinada a
medições de taxas de exposição, taxa de dose e dose acumulada, para radiações X e gama e,
às vezes, beta. É construída de material de baixo Z ou tecido-equivalente.
Câmara de ionização tipo poço: a câmara de ionização é montada de forma que a fonte
radioativa a ser medida possa ser introduzida no “poço” criando uma condição de eficiência de
praticamente 100 %. É muito utilizada na medição de atividade de fontes radioativas. xemplo:
curiômetro.

Câmara de extrapolação: câmara montada com distância entre eletrodos variável, permite a
medição de valores diferentes de volume ionizado sendo utilizada para o cálculo de dose
absorvida para radiações de baixa energia (fótons e elétrons), utilizando a técnica de
extrapolação.

Detectores proporcionais

Os detectores proporcionais foram introduzidos no início dos anos 40. Operam quase
sempre no modo pulso e se baseiam no fenômeno de multiplicação de íons no gás para
amplificar o número de íons originais criados pela radiação incidente.

Os pulsos originados são muitas vezes maiores que aqueles das câmaras de ionização e, por
esse motivo, os detectores proporcionais são muito convenientes para as medições de
radiação onde o número de pares de íons é muito pequeno para permitir uma operação
satisfatória de uma câmara de ionização. Dessa forma, uma das aplicações importantes de
detectores proporcionais é na detecção e espectroscopia de raios X, elétrons de baixa energia
e radiação alfa.

Contadores proporcionais são também largamente aplicados na detecção de nêutrons,


utilizando reações nucleares tipo (n,p), (n,). O material que reage com os nêutrons é
colocado dentro do proporcional, podendo ser o próprio gás de preenchimento.

Detectores Geiger-Müller

Os detectores Geiger-Müller foram introduzidos em 1928 e em função de


sua simplicidade, baixo custo, facilidade de operação e manutenção,
são utilizados até hoje. Em função de sua característica de um pulso de saída de igual
amplitude, independentemente do número de íons iniciais, o detector G-M funciona como um
contador, não sendo capaz de discriminar energias.

Para cada partícula que interage com o volume sensível do detector, é criado um número da
ordem de 109 a 1010 pares de íons. Assim, a amplitude do pulso de saída formado no detector
é da ordem de volt, o que permitir simplificar a construção do detector, eliminando a
necessidade de um pré-amplificador.

Detectores à Cintilação
A utilização de materiais cintiladores para detecção de radiação é muito antiga - o sulfeto de
zinco já era usado nas primeiras experiências com partículas - e continua sendo uma das
técnicas mais úteis para detecção e espectroscopia de radiações.
Algumas das características ideais de um bom material cintilador são:

- que transforme toda energia cinética da radiação incidente ou dos produtos da interação em luz
detectável;
- que a luz produzida seja proporcional à energia depositada;
- que seja transparente ao comprimento de onda da luz visível que produz; - que tenha boa
qualidade ótica, com índice de refração próximo ao do vidro (aprox. 1,5); - que seja
disponível em peças suficientemente grandes para servir para construção de detectores;
- que seja facilmente moldável e/ou usinável para construir geometrias adequadas de
detectores.

Eficiência de cintilação

A eficiência de cintilação para um cintilador é definida como a fração da energia de todas as


partículas incidentes que é transformada em luz visível. Existe uma série de interações da
radiação com o material cintilador com transferência de energia e, a desexcitação, não ocorre
através da emissão de luz, mas principalmente sob a forma de calor.

Emissão de luz em materiais cintiladores inorgânicos


O mecanismo de cintilação em materiais inorgânicos depende dos estados de energia
definidos pela rede cristalina do material. Dentro dos materiais isolantes ou semicondutores os
elétrons têm disponíveis para ocupar somente algumas bandas discretas de energia.
A banda de valência representa os elétrons que estão essencialmente ligados aos sítios da
rede cristalina, enquanto que a banda de condução representa os elétrons que têm
energia suficiente para migrar livremente através do cristal. Existe uma banda de
energia intermediária, denominada banda proibida, onde os elétrons nunca são
encontrados.
Quando determinadas substâncias são introduzidas no cristal (ainda que em quantidades
muito pequenas) são criados sítios especiais na rede cristalina dentro da chamada banda
proibida.

Os elétrons da banda de valência ao receberem energia suficiente da radiação, ocupam os


níveis de energia criados pela presença do ativador. Ao se desexcitarem e retornarem aos
níveis de valência, os elétrons emitem a energia referente à diferença dos níveis, na forma
de fótons, que são então propagados pela estrutura cristalina.

A válvula fotomultiplicadora

Um dispositivo fundamental para a utilização dos detectores à cintilação é a fotomultiplicadora,


que transforma os sinais luminosos produzidos pela radiação, usualmente muito fracos, em
sinais elétricos com intensidade conveniente para serem processados em um sistema de
contagem ou de espectroscopia.
Materiais cintiladores

O iodeto de sódio ativado com o tálio - NaI(Tl) - é um dos materiais mais utilizados, pelas suas
características de resposta à radiação, pela facilidade de obtenção do cristal em peças grandes
e de se obter o cristal “dopado” com tálio.

Além de sua capacidade de produção de luz visível, o NaI(Tl) responde linearmente para um
grande intervalo de energia para elétrons e raios . O iodeto de sódio é um material altamente
higroscópico, e para evitar sua deterioração pela umidade, é encapsulado, normalmente com
alumínio.

Gama-Câmara

É um dos principais equipamentos presentes nos serviços de Medicina Nuclear.

Consiste de um grande cristal de iodeto de sódio dopado com tálio (NaI(Tl)) que detecta os
raios gama emitidos no decaimento dos radioisótopos administrados ao paciente. O cristal tem
eficiência relativamente elevada para a absorção de radiação gama.

A energia do raios gama absorvidos provoca excitações na rede cristalina que volta ao
equilíbrio emitindo luz visível.

A luz visível, por sua vez, é detectada por algumas dezenas de tubos fotomultiplicadores ou
diodos sensíveis à luz que, acoplados a uma eletrônica dedicada, identificam a posição de
incidência do raio gama e a sua energia, enviando estas informações ao computador que monta
a imagem.

Fazendo-se a aquisição de dados para diferentes ângulos da câmara com relação ao eixo do
paciente é possível fazer uma tomografia conhecida como tomografia por emissão de fótons
(SPECT - single photon emission computed tomography).

Esta tomografia, no entanto, fornece informações sobre o funcionamento dos órgãos


investigados, diferentemente da tomografia computadorizada com raios X, onde são obtidos
detalhes anatômicos dos órgãos.
Materiais cintiladores

O iodeto de césio ativado com tálio ou com sódio [CsI(Tl) e CsI(Na)] é outro material bastante
utilizado como detector de cintilação. Sua principal qualidade em relação ao iodeto de sódio é
seu maior coeficiente de absorção em relação à radiação gama, permitindo a construção de
detectores mais compactos. Além disso, tem grande resistência a choques e a vibrações, em
função de ser pouco quebradiço.

O detector de germanato de bismuto ou BGO - Bi4Ge3O12 - tornou-se disponível no final dos


anos 70 e rapidamente passou a ser utilizado em um grande número de aplicações. A principal
vantagem do BGO é sua alta densidade (7,3 g/cm3) e o elevado número atômico do bismuto, o
que faz dele o detector com maior probabilidade de interação por volume entre os mais
comumente utilizados.

Outra característica do BGO é ser um cintilador inorgânico puro, isto é, não necessita de um
ativador para promover o processo de cintilação. Isso ocorre porque a luminescência está
associada à transição ótica do Bi3+. Comparado ao iodeto de sódio, tem, além disso, boas
propriedades mecânicas e de resistência à umidade.

As principais desvantagens do cristal de BGO são: sua baixa produção de luz,


aproximadamente 10 a 20% daquela produzida em iguais condições pelo iodeto de sódio
e seu custo, que é duas a três vezes o deste último.

O sulfeto de zinco ativado - ZnS(Ag) - é um dos cintiladores inorgânicos mais antigos. Tem alta
eficiência de cintilação, comparável à do NaI(Tl), mas só é disponível como pó policristalino,
sendo seu uso limitado a telas finas, por ser opaco à luz, utilizadas principalmente para
partículas e íons pesados.
As telas de sulfeto de zinco foram utilizadas por Rutherford em suas experiências clássicas
sobre a estrutura da matéria.

Emissão de luz em materiais cintiladores orgânicos

O processo de fluorescência em materiais orgânicos ocorre a partir de transições na estrutura


dos níveis de energia de uma molécula isolada e pode ser observado para uma dada espécie
molecular independentemente de seu estado físico, o que não ocorre no caso dos materiais
orgânicos cristalinos, que dependem de uma estrutura cristalina para que ocorra o processo de
cintilação.

As moléculas dos materiais orgânicos termoluminescentes têm normalmente estados excitados


com espaçamento em energia bastante elevados comparados às energias térmicas médias
(0,025 eV). Esses níveis são subdivididos em subníveis, com pequenas diferenças de energia
entre eles.

Níveis de energia em uma molécula orgânica.


Somente dois materiais alcançaram grande popularidade como cintiladores cristalinos
orgânicos: o antraceno e o estilbeno. O antraceno é um dos materiais orgânicos mais antigos
utilizados para cintilação e tem a característica de ter a maior eficiência de cintilação entre os
materiais orgânicos. Os dois materiais são relativamente frágeis e difíceis de obter em grandes
peças. Além disso, a eficiência de cintilação depende da orientação da partícula ionizante em
relação ao eixo do cristal.

Cintiladores plásticos

Utilizando cintiladores líquidos que podem ser polimerizados é possível produzir soluções
cintiladoras sólidas. Um exemplo é o monômero de estireno no qual é dissolvido um cintilador
orgânico apropriado. Os plásticos tornaram-se uma forma extremamente útil de cintiladores
orgânicos, uma vez que podem ser facilmente moldados e fabricados. O preço baixo e facilidade
de fabricação, tornaram sua escolha praticamente exclusiva quando se necessita de cintiladores
sólidos
de grande volume.

Detectores à Cintilação Líquida

Uma solução cintiladora, ou coquetel de cintilação, é constituído por duas ou mais substâncias
que possuem a função de produzir fótons, com comprimentos de onda adequados à máxima
sensibilização do tubo fotomultiplicador utilizado, e ao mesmo tempo servir de suporte de fonte
para a amostra radioativa que se deseja medir.
Soluções cintiladoras comerciais Instagel e Aquasol
ermitem adicionar dissoluções orgânicas e inorgânicas, com incorporação de até 20% de fase
aquosa Hisafe e Ultima Gold Permitem manter a homogeneidade com a incorporação de até 25%
de fase aquosa, proporciona maior eficiência de contagem que os dois anteriores e utiliza o
Diisopropil-Naftaleno como solvente.
Detectores Utilizando Materiais Semicondutores
Em materiais cristalinos, pode-se dizer, de forma simplificada, que há três bandas de energia em
relação a condutividade de elétrons: a banda de valência, de energia mais baixa, onde os
elétrons normalmente se encontram em um material não excitado; a banda de condução, por
onde os elétrons normalmente migram, e uma banda proibida, que é uma região onde os
elétrons não são permitidos estar.

A largura em energia da banda proibida é o que caracteriza os materiais isolantes, os semi


condutores e os condutores. Formação de pulsos em materiais semicondutores

Materiais isolantes, condutores e semi-condutores

Quando a largura é muito grande (maior que 5 eV) os elétrons têm pouca possibilidade de
alcançar a banda de condução e, portanto, o material oferece grande resistência a passagem
de corrente; nesse caso o material é um isolante. Quando a largura da banda é muito pequena,
até mesmo a agitação térmica à temperatura ambiente faz com que os elétrons tenham energia
para chegar na banda de condução, e nesse caso o material é um condutor.
Em alguns casos, a energia da banda proibida não é nem tão grande, nem tão pequena (é, por
exemplo, da ordem de 1 eV), mas, em determinadas circunstâncias pode-se fazer com que os
elétrons alcancem a banda de condução e que o material se comporte como condutor; são
materiais semi-condutores.
Detectores de diodos de silício
Os detectores de diodo de silício constituem o principal tipo de detector utilizado para partículas
carregadas pesadas, como prótons, alfas e fragmentos de fissão. As principais vantagens dos
detectores de diodo de silício são a resolução excepcional, a boa estabilidade, o excelente
tempo de coleta de carga, a possibilidade de janelas extremamente finas e a simplicidade de
operação. Os detectores de diodo de silício são normalmente de tamanho pequeno, da ordem
de 1 a 5 cm2 de área.

Detectores de germânio

Os detectores de germânio dopado com lítio - Ge(Li) - foram largamente utilizados, por sua
resolução na espectroscopia gama, mas têm sido rapidamente substituídos, principalmente por
causa das dificuldades operacionais, exigindo que sejam mantidos em refrigeração à temperatura
do nitrogênio líquido (770 K), mesmo quando não estão em funcionamento, para evitar danos em
suas estrutura com a migração do lítio no material.

Os substitutos preferidos têm sidos os detectores de germânio de alta pureza - HPGe - também
denominados de germânio hiperpuros ou de germânio intrínseco, que só necessitam de
refrigeração quando em operação, podendo se manter na temperatura ambiente pelo período
de muitos dias sem danos ou alterações em suas condições.
Os detectores de germânio para espectroscopia gama são construídos geralmente na
geometria cilíndrica ou coaxial, o que permite se obter volumes maiores, necessários para
espectrometria gama.

Detector de barreira de superfície

Uma das utilizações do silício é na construção dos detectores de barreira de superfície que são
caracterizados pela camada morta muito fina e são utilizados principalmente para a detecção
de partículas α e β.

São detectores formados pela junção de duas superfícies, uma tipo n e outra tipo p.
Normalmente os detectores de barreira de superfície são constituídos de uma pastilha fina de
Si de alta pureza do tipo n (excesso de elétrons), sobre a qual é depositada uma camada fina
de ouro.

Uma desvantagem do detector é sua sensibilidade à luz, mas como normalmente ele é utilizado
dentro de uma câmara à vácuo, para evitar a interação das partículas com o ar, isto elimina esse
problema.

Detectores de silício-lítio
Os detectores de silício dopados com lítio - Si(Li) - são pouco recomendáveis para o uso em
espectrometria gama, em função do baixo número atômico do silício (Z =14), quando
comparado com o germânio. No entanto, essa característica os torna convenientes para a
espectrometria de raios X de baixa energia e para detecção e espectrometria de elétrons.

Ao contrário do que ocorre com os detectores Ge (Li), a mobilidade do lítio no silício não é tão
alta, fazendo com que possa passar algum tempo à temperatura ambiente, embora seja
indispensável a refrigeração com nitrogênio quando em operação.

A refrigeração ajuda também a melhorar a relação sinal-ruído, uma vez que aumenta a
resistividade e a mobilidade de cargas no condutor. Detectores de telureto de cádmio

O telureto de cádmio (CdTe) combina pesos atômicos relativamente altos (48 e 52) com uma
banda de energia suficientemente grande para permitir operar à temperatura ambiente.

Para energias típicas de raios , a probabilidade de absorção fotoelétrica por unidade de caminho
percorrido é da ordem de 4 a 5 vezes maior que no germânio e 100 vezes maior que no silício.
Normalmente este detector tem grande utilidade para situações em que se deseja grande
eficiência de detecção para raios de alta energia por unidade de volume.
Bibliografia
ANDREUCCI, R. Proteção Radiológica: Aspectos Industriais. São
Paulo:Abende, 2003.
BELLINTANI, S. A; GILI, F. N. (orgs). Noções Básicas de Proteção
Radiológica. São Paulo: Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares (IPEN), 2002.
KNOLL, G. F. Radiation Detection and Measurement. New
Jersey: JohnWiley & Sons, 2000.
TAUHATA, L.; SALATI, I. P. A.; PRINZIO, R. D.; PRINZIO, A. D.
Radioproteção e Dosimetria: Fundamentos. Rio de Jeneiro: Ed.
Instituto de Radioproteção e Dosimetria, 2005.

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