A hipnose tem origens antigas, sendo praticada na Mesopotâmia, Egito e Grécia antiga para tratamento de doenças. No século 18, Franz Mesmer popularizou o "magnetismo animal" e iniciou o estudo sistemático da hipnose. No século 19, James Braid desenvolveu a hipnose moderna ao demonstrar que o estado hipnótico não envolvia fluidos magnéticos e era induzido pela fixação do olhar e sugestão. No século 20, Charcot e Freud estudaram a hipnose, mas Freud abandonou-a
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HIPNOSE
A hipnose tem origens antigas, sendo praticada na Mesopotâmia, Egito e Grécia antiga para tratamento de doenças. No século 18, Franz Mesmer popularizou o "magnetismo animal" e iniciou o estudo sistemático da hipnose. No século 19, James Braid desenvolveu a hipnose moderna ao demonstrar que o estado hipnótico não envolvia fluidos magnéticos e era induzido pela fixação do olhar e sugestão. No século 20, Charcot e Freud estudaram a hipnose, mas Freud abandonou-a
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HIPNOSE
A pesquisa mais recente que temos coloca o marco inicial da história da
hipnose na Região da Mesopotâmia a 3500 anos A.C, onde na Caldéia, já existem relatos de curas pela fixação do olhar. Uma outra aparição remota da hipnose é no Egito, onde existiam os templos do sono e foram identificadas utilizações dos estados de transe para anestesia. Nesses templos, as doenças eram tratadas após o paciente ser submetido à hipnose. Teoria comprovada por obras arqueológicas como vasos de cerâmica, onde aparecem figuras de médicos fazendo intervenções cirúrgicas. Na antiga Grécia, os enfermos também eram postos a dormir e despertavam curados. Lá, a população em geral participava de cultos religiosos onde iam aos templos do sono e, após entrarem em transe, ouviam os sermões dos sacerdotes do respectivo deus desse templo. Após o procedimento, os enfermos retornavam às suas atividades gozando de plena saúde e alegria. As impressões da utilização de técnicas hipnóticas aparecem nos estudos das vastas documentações históricas sobre a China, Índia e Pérsia, onde também não restam dúvidas sobre o fato daqueles povos manipularem empiricamente técnicas hipnóticas. Os seguidores do Mesmerismo O médico alemão Franz Mesmer pavimentou o caminho da hipnose ao submeter seus pacientes a sessões experimentais exaustivas. O “magnetismo”, sua teoria sobre um suposto fluido universal capaz de influenciar a saúde, fez médicos europeus do século 19 olharem com atenção para os transes curativos. Esse homem, tão amado e tão odiado, fez escola e teve seguidores. Um novo caminho estava aberto na história: o magnetismo prosseguiu nas mãos de nomes com Puysegur, Petetin, Du Potet, Deleuze, Bertrano, Cloquet e Abade Faria. Este último, desempenhou um papel importantíssimo pelo fato de ser um dos primeiros e voltar a sua atenção para a importância do pensamento e da imaginação do paciente. Ele foi o precursor da utilização da sugestão verbal, enquanto todos os demais defendiam a hipótese do fluido, negando a intervenção do pensamento. A figura do Abade Faria causou tamanha impressão de que Egas Moniz, professor da Universidade de Lisboa, neurocirurgião, prêmio Nobel de Medicina, escreveu um livro sobre ele com finalidade de fazer justiça a um genial investigador ignorado por uns e esquecido por outros. Um outro personagem importante para a evolução da hipnose foi o grande magnetizador Charles Lafontaine que fazia demonstrações públicas, causando grande impacto e publicou um artigo chamado “Art de Magnétiser”, onde condensava suas teorias, seus princípios e ensinava suas técnicas. Ele ficou conhecido por esta revista e hoje em dia é considerado o precursor das técnicas de apresentação de palco. Mas se engana quem pensa que a importância dele se deve a esse fato. O seu episódio com James Baid, o defensor da sugestão e por muitos considerado o pai da Hipnose, talvez seja um pouco mais relevante para nós atualmente. De um ponto de vista epistemológico, Puysegur (1784/1785) assumia uma postura distinta da racionalidade científica moderna, na qual o homem se opõe e tenta controlar a natureza, ele a concebia como sábia e como parte integrante do espírito humano, embora nem sempre fosse acessível a seus conhecimentos e atenções ordinárias. Ele preconizava, à moda dos renascentistas, que o terapeuta não deveria se opor à natureza, mas aliar-se a ela através de uma rígida postura moral e do cultivo dos bons sentimentos. A relação magnética seria uma forma de promover o acesso a tal natureza intrínseca ao ser humano de maneira que os sonâmbulos artificiais seriam, na sua perspectiva, uma forma patente pela qual essa natureza se revelava e demonstrava seu poderio, principalmente em termos terapêuticos. No estado de transe sonambúlico, induzidos por meio de passes magnéticos, o sujeito apresentava conhecimentos e percepções muito além de suas habilidades comuns que eram habilmente utilizados a favor do processo de cura dos sujeitos como de outras pessoas. Assim, o contexto voltado para a cura de doenças orgânicas era marcado por algumas noções chave, a começar pela postura do terapeuta que deveria possuir forte vontade de fazer o bem, ser acolhedor, humanitário e ético para que a natureza se lhe tornasse uma aliada. Daí o terapeuta desenvolvia uma relação magnética com seu paciente por meio do qual ele poderia romper parcialmente com os limites da alteridade (isto é, penetrar na subjetividade do outro) e desencadear os processos terapêuticos oferecidos pela natureza. Tal relação promoveria um vínculo profundo no qual a figura do terapeuta era revestida de grande admiração e afetividade e sua palavra ganhava um impacto mais profundo e intenso do que o de outras pessoas. Contudo, curiosamente, era essa mesma relação que produzia a autonomia dos sujeitos na qual acabavam acessando em si mesmos os recursos disponíveis pela natureza que, em condições normais, seriam inacessíveis e até desconhecidos. A experiência sonambúlica acima mencionada seria uma expressão radical desse processo de encontro consigo mesmo, isto é, com a natureza. Não raro, porém, o gênio de Puysegur se utilizava dos sonâmbulos para intervir no processo terapêutico de outros pacientes, como se aqueles que estivessem em condições de se conectar com essa natureza pudessem também facilitar o mesmo processo em outras pessoas. Portanto, o tratamento eficaz das doenças dependia de um fluido que possuía um status pretensamente físico, mas era mobilizado por processos subjetivos, como a qualidade emocional de relação, a firme vontade e os valores morais do terapeuta. Nesse processo, o tratamento da dor por meio do magnetismo animal acabou ganhando destaque não só pela nova visão que promovia, como pela espantosa eficiência que apresentava. O Nascimento da Hipnose Karlsplatz Cathedral in Vienna, Austria. Em novembro de 1841, 70 anos depois da apresentação de Mesmer em Viena, o médico-cirurgião James Braid foi a uma sessão de Lafontaine, para desmascará-lo. Contudo, ficou impressionado, porque não havia nada que identificasse a fenomenologia do Mesmerismo como falsa. Concluindo então que haveria a possibilidade de só a teoria ser enganosa. A partir daí, Braid começou a desenvolver sua própria técnica. Assim, em 1842, publicou um trabalho mostrando os erros de Mesmer e iniciando um novo período. Segundo James Braid, não existia fluido algum e qualquer manobra que cansasse o sistema nervoso (ele usava a fixação do olhar) produziria um estado que traz uma perturbação, pela fixidez de atenção que requiriria muita energia do sistema nervoso associada com o repouso físico. O resto das reações dependeria da impressionabilidade do paciente. Essa teoria, passava então a defender que os fenômenos do Mesmerismo eram reais; só que a causa deles que não era, de modo algum, magnética ou vinda das estrelas. Para provar isso, fez experiências com diferentes pessoas, onde conseguiu obter os mesmos fenômenos, sem os procedimentos magnéticos habituais. O Neuro-hipnotismo Após a apresentação, Braid abole o vocábulo proveniente do magnetismo. E substitui-o por neuro-hipnotismo, passando depois para apenas hipnotismo. Já quase no fim de sua carreira, ele descarta parte do método do cansaço visual e da fascinação, pois descobre que pode hipnotizar cegos ou pessoas em lugares de baixa visibilidade. Situação que deu importância à sugestão verbal. Logo após essa descoberta, ele também não tardou em descobrir que o sono não era necessário para produzir os fenômenos hipnóticos como a anestesia, a amnésia, a catalepsia e alucinações sensoriais. Mas quando Braid identificou que hipnose não era sono, a palavra hipnotismo já estava disseminada. Certo ou errado, esse é o nome que vigora até os nossos dias. Depois desse trabalho de James Braid, o assunto se difunde por toda a Europa, tendo os seus polos na França e Inglaterra. O pai da Hipnose faleceu subitamente no dia 25 de março de 1858 deixando uma profunda modificação no que diz respeito à produção e interpretação dos fenômenos hipnóticos. Durante muitos anos, a hipnose foi esquecida e mal interpretada por não se compreender na época a natureza e dinâmica dos seus fenômenos. Ela foi resgatada na França por duas importantes escolas de pensamento que possuíam visões muito distintas sob o fenômeno da hipnose: a escola de Salpêtrière, liderada por Jean-Martin Charcot e a escola de Nancy, comandada por Auguste A. Liébault e Hippolyte Bernheim. A escola de Salpêtrière tinha como líder Charcot, o neurologista mais importante e conceituado da época, ele estava estudando os estados hipnóticos para tratamento de pacientes histéricos. Em um trabalho apresentado em 1882, na Academia Francesa de Ciências, Charcot considerou a hipnose como um estado patológico de dissociação, comparando o transe ao processo histérico e a anormalidades no sistema nervoso. A relação entre hipnose e doença obteve grande aceitação no meio científico, vindo a influenciar, segundo este ponto de vista, teóricos como Freud. No século XX, surgiria um novo método para analisar a mente humana: a Psicanálise. O seu criador Sigmund Freud, que inicialmente usava a hipnose em suas teorias, abandonou-a nos últimos anos do século XIX para dedicar-se somente à Psicanálise e este acontecimento tem gerado um mal-entendido até os dias de hoje. Muita gente tem a impressão de que, após a Psicanálise, a Hipnose tenha ficado obsoleta, ou seja irrelevante, tendo em vista que o próprio “deus” Freud desistiu dela, mas, na verdade, ele utilizou a hipnose como base apenas para provar que conteúdos podem ser armazenados em um local da mente, o inconsciente, e que este inconsciente pode ser manipulado. Começando a se dedicar a maneiras de tornar conscientes os conteúdos inconscientes que causavam os sintomas. Nos primeiros anos do novo século, Freud tornou-se o centro das discussões. É que a Psicanálise, rompendo aquele aglomerado de teorias organicistas, surgia como uma nova esperança na solução de problemas atribuídos às doenças cerebrais. O Hipnotismo despertava medo e desconfiança, ao contrário da Psicanálise, onde o cliente só precisaria deitar-se num divã e associar ideias, contar coisas, lembrar de acontecimentos passados e dos sonhos que teve durante a semana. Ao lado disso, o professor vienense não criara apenas um método psicoterápico, mas algo muito mais amplo, de caráter doutrinário e revolucionário para a época. O método terapêutico era apenas uma faceta da nova doutrina. Hoje, 70 anos após a morte de Freud, uma visão retrospectiva dos diferentes acontecimentos políticos, religiosos, científicos, artísticos e culturais nos mostra claramente a influência às vezes direta, às vezes sutil da Psicanálise. Na primeira Guerra Mundial, a hipnose é reativada prestando serviços inestimáveis à Psiquiatria de Guerra pela maior objetividade no tratamento de neuróticos que, necessitando de um resultado mais rápido que os oferecidos pela psicanálise, conduziam seus tratamentos através de sugestões. Esse fato é demonstrado na autobiografia de Freud, quando ele diz que, no exército alemão, a hipnose foi utilizada com êxito satisfatório para a produção de um processo catártico abreviado. Ligado a essa linha, temos o Locutor de Rádio Dave Elman. Um dos aspectos mais importantes do seu legado foi o método de indução, que originalmente foi construído para realizar a hipnose de um modo rápido e depois adaptada para o uso de profissionais médicos. Os seus discípulos rotineiramente obtinham estados hipnóticos adequados para procedimentos médicos ou cirúrgicos em menos de três minutos. Há novamente um período de retração da hipnose científica, que ressurge na segunda Guerra Mundial. Nos fins da década de 30 e começo da década de 40, as atividades hipnologias se mostram em pleno vigor. O número de publicações é imenso; o número de conclaves científicos, também. Nas principais partes do mundo, há interesse crescente pelo assunto, e nomes como o de Erickson surgem. Milton Erickson psiquiatra norte-americano, especializado em terapia familiar e hipnose. Fundou a American Society of Clinical Hypnosis e foi um dos hipnoterapeutas mais influentes no pós-guerra. Ele publicou vários livros e artigos científicos na área. Erickson e a hipnose naturalista, a proposta de hipnose de Milton H. Erickson trouxe contribuições de grande relevância para o tratamento psicoterápico da dor, apesar de suas perspectivas resultarem em numerosas rupturas com o projeto moderno de ciência. Nesse sentido, ao invés de ceder à tendência comum de sua época, Erickson concebeu uma forma de tratamento a-teórica, posto que nunca demonstrou interesse ou preocupação em desenvolver uma teoria para explicar a psique humana. Sua perspectiva era a de valorização da singularidade dos sujeitos que, devido a suas complexidades e processos únicos, não poderiam ser restritos a uma estrutura geral de pensamento, como as teorias. Portanto, diante de um paciente que apresentasse demandas ligadas a dores físicas, Erickson colocava-se atento a seus aspectos singulares como também trazia importantes noções que deveriam perpassar de forma pragmática a relação terapêutica, o que o aproximou do pensamento de William James (1987). Em síntese, é possível considerar que Erickson manteve uma continuidade com relação a seus antecessores do magnetismo e da hipnose, mas também implementou uma série de inovações de grande relevância para o estudo da dor. Mesmo sem desenvolver uma teoria, seu trabalho reconheceu uma série de processos subjetivos ligados à experiência de dor, até então pouco explorados na hipnose, que se relacionavam à construção de sentido, a emoções e história de vida do sujeito, suas tramas e acontecimentos sociais. Nesse sentido, o papel do terapeuta não se restringiu a uma visão reducionista sugestão-cérebro, mas à construção de uma linguagem que integrasse tais processos e, ao mesmo tempo, oferecesse aos sujeitos possibilidades de mudança. Na década de 50, muitas sociedades de hipnologia foram fundadas na Europa, em diversos países da América e no Japão. Participaram das mesmas somente médicos, dentistas, psicólogos e, em alguns países, pessoas da área de Filosofia. A oficialização da hipnologia dentro das ciências médicas nas Américas, se deu com a criação da Seção de Hipnose Clínica em 1960