UFT - Energia TermoSolar Concentrada
UFT - Energia TermoSolar Concentrada
CAMPUS DE PALMAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELETRICA
Palmas/TO
2019
KEICY ALVES DA SILVA
Palmas/TO
2019
RESUMO
Atualmente, a busca por eficiência energética e por fontes de energia alternativas e renováveis
tem sido o foco de muitas pesquisas em todo o mundo. Nos últimos anos, o desenvolvimento
de tecnologias solares tem demonstrado grandes avanços e com o aumento da
competitividade, os custos dessas tecnologias têm caído de forma significativa. Nesta parcela
do mercado, das muitas formas de obtenção de energia limpa, a solar se destaca por ser
abundante gratuita e também por causar baixo impacto ambiental. A energia fotovoltaica tem
sido amplamente estudada. No entanto, ainda há pouca literatura que aborde o uso de energia
termossolar concentrada. É, portanto, neste contexto, que se apresenta este trabalho, o qual
elucidará o cenário atual e perspectivas futuras da energia, no Brasil e no mundo, no que se
refere: à forma de aproveitamento, às tecnologias associadas, aos custos, aos fatores
ambientais e à legislação nacional para o licenciamento de uma central termossolar.
Currently, the quest for energy efficiency and alternative and renewable energy sources has
been the focus of much research around the world. In recent years, the development of solar
technologies has shown great progress and with increasing competitiveness, the costs of these
technologies have fallen significantly. In this niche market, of the many ways of obtaining
clean energy, solar stands out for being abundant free and also for causing low environmental
impact. Photovoltaic energy has been widely studied. However, there is still little literature
that addresses the use of concentrated solar energy. It is, therefore, in this context, that this
work is presented, which will elucidate the current scenario and future perspectives of the
energy, in Brazil and in the world, in what it refers to: to the form of exploitation, associated
technologies, costs, environmental factors and national legislation for the licensing of a
thermo solar power plant.
Figura 1 - Órbita da Terra em torno do Sol, com seu eixo N-S inclinado de um ângulo de
23,5°.................................................................................................................................. 18
Figura 2 - Radiação Direta e Difusa ......................................................................................... 19
Figura 3- Radiação Incidente em uma superfície Inclinada ..................................................... 20
Figura 4 - Esquema simplificado de planta CSP com armazenamento térmico ....................... 24
Figura 5 - Esquema de instalação e funcionamento de uma Torre Solar ................................. 26
Figura 6 - Esboço de um concentrador de disco parabólico ..................................................... 27
Figura 7 - Tecnologia de concentração cilindro parabólico. .................................................... 28
Figura 8 - Tecnologia linear Fresnel......................................................................................... 30
Figura 9 - Produção e consumo de eletricidade CSP até 2050 ................................................. 34
Figura 10 - Sistema solar de geração de eletricidade com armazenamento de calor ............... 35
Figura 11 - Tecnologia termoelétrica solar concentrada .......................................................... 36
Figura 12 - Irradiação solar direta no Brasil ............................................................................. 38
Figura 13 – Status atual do mercado de CSP em todo o mundo .............................................. 41
LISTA DE TABELAS
d Declinação Solar
G Irradiação Solar
ISC Irradiância Solar
τcloud-dir transmitância das nuvens
τatm-dir transmitância direta
Φ0 radiação solar no topo da atmosfera
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 11
1.1 Justificativa.................................................................................................... 13
1.2 Objetivos........................................................................................................ 13
1.2.1 Objetivo geral............................................................................................... 13
1.3 Metodologia.................................................................................................. 14
4.2.1 Brasil............................................................................................................... 38
4.2.2 Exterior........................................................................................................... 39
5 CONCLUSÃO............................................................................................... 45
REFERÊNCIAS............................................................................................ 47
ANEXOS
Anexo B - Sol será maior fonte de energia até 2050, diz AIE................... 54
12
1 INTRODUÇÃO
fontes de energia, seja ela hidráulica, biomassa, eólica, combustível fóssil e energia dos
oceanos, são formas indiretas de energia solar. A radiação solar pode ser utilizada ainda,
diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluídos e ambientes e para
geração de potência mecânica ou elétrica.
Segundo Reis (2005), a energia termossolar se divide em três tipos de sistemas de
aproveitamento da energia térmica:
1) Sistema solar ativo, que consiste na captação da energia solar à baixa temperatura,
com a utilização de vidros. Esta energia pode ser utilizada para o aquecimento de água e
ambientes e, até mesmo, para transformação de água salina em água doce;
2) Sistema termossolar, possui tecnologia mais complexa que o sistema solar ativo,
normalmente envolvendo espelhos, cuja captação da radiação solar gera temperaturas
elevadas, possibilitando até a vaporização de líquidos, que podem ser utilizados para
movimentar turbinas; e
3) Sistema solar passível, relacionado a projetos arquitetônico com o objetivo de
conforto térmico e otimização da luminosidade natural.
A energia solar térmica atende hoje menos de 1% da demanda de calor mundial. (IEA,
2017). Com mais de 95% das instalações no setor da construção civil, seu uso se concentra no
aquecimento doméstico de água. Assim, a energia solar térmica possui ainda uma participação
pouco expressiva no mercado mundial. Neste cenário, o Brasil possui 2% da capacidade
instalada no mundo. Porém, já demonstrou uma expansão no setor industrial, visto que em
2014, 17% das novas instalações foram destinadas a este setor (IEA, 2017).
O Brasil possui um ótimo índice de radiação solar, principalmente na região Nordeste.
No semiárido estão os melhores índices, com valores típicos de 1.752 a 2.190 kWh/m² por
ano de radiação incidente (IEA, 2017), conforme apresentado na figura 1. Isso posiciona o
local entre as regiões do mundo com maior potencial de energia solar. Essas especificidades,
como clima quente e alto índice de insolação ao longo do ano, compõem um quadro altamente
favorável ao aproveitamento em larga escala da energia solar. A maioria das aplicações dos
sistemas termossolares é para fornecimento de água quente para banho e cozinha em
residências, hotéis e instalações hospitalares e industriais, bem como para aquecimento de
piscinas.
Na geração termossolar, também chamada de heliotérmica ou CSP (Concentrated
Solar Power), a energia solar é primeiramente convertida em energia térmica e depois em
eletricidade. Seu funcionamento consiste em utilizar espelhos para concentrar a irradiação
direta solar em um ponto focal, onde se localiza um receptor pelo qual passa um fluido
14
absorvedor (óleos sintéticos, sal fundido ou vapor d’água). Em seguida, os fluidos aquecidos,
caso o fluido de transferência de calor seja igual ao fluido de trabalho da turbina, são
expandidos diretamente através da turbina ou aquecem outro fluido a ser expandido. A partir
disso, o processo se assemelha bastante ao de uma termelétrica convencional que utiliza um
conjunto turbina-gerador (TOLMASQUIM, 2016).
Dentro deste contexto, serão apresentados os sistemas de geração de energia elétrica
baseados em energia CSP sendo uma alternativa para produção em larga escala que possui
impactos mínimos ao meio ambiente. Este trabalho também abordará o cenário atual
e perspectivas futuras da energia no que tangem: à forma de aproveitamento, às tecnologias
associadas, aos custos, aos fatores ambientais e à legislação nacional para o licenciamento de
uma central termossolar.
1.1 Justificativa
1.2 Objetivos
1.3 Metodologia
A norma técnica brasileira ABNT NBR 10899:2013 define a radiação solar sendo a
forma de transferência de energia advinda do sol através da propagação de ondas
eletromagnéticas ou fótons. Essa radiação é constituída de ondas eletromagnéticas que
possuem frequências e comprimentos de onda diferentes.
A ABNT NBR 10899 define também irradiação solar, como sendo a quantidade de
radiação incidente em uma superfície e integrada durante um intervalo de tempo especificado,
normalmente uma hora ou um dia. Comumente a irradiação solar é medida em watts por
metro quadrado e simbolizada por “G”. A intensidade de radiação proveniente do sol é
relativamente constante.
A norma ABNT NBR 10899 define ainda mais um termos principal: Irradiância solar,
definido como a taxa na qual a radiação solar incide em uma superfície, por unidade de área
desta superfície, ISC, medida em watt por metro quadrado (W/m²). E tem seu valor aceito
como 1367 W/m 2.
18
Figura 1 – Órbita da Terra em torno do Sol, com seu eixo N-S inclinado de um ângulo de 23,5°.
A luz solar que atinge a superfície da Terra é composta por uma fração direta e uma
fração difusa, conforme mostrado na figura 2. A radiação direta é a que chega segundo a
direção do sol, sem sofrer processo de espalhamento ou reflexão, produzindo sombras bem
definidas em objetos a ela exposta. Já a radiação difusa é resultado do espalhamento da
radiação direta, causado por nuvens e outros componentes da atmosfera (DGS, 2008).
20
Radiação solar
A radiação solar que incide na Terra em um ano é 10.000 vezes maior que a demanda
energética neste mesmo período, podendo ser considerada uma fonte inesgotável. Apenas uma
23
fração de toda a radiação solar que chega às camadas superiores da atmosfera, atinge a
superfície terrestre, devido à reflexão e absorção dos raios solares pela atmosfera. Esta fração
que atinge a superfície da Terra é constituída por duas componentes, uma componente direta e
uma componente difusa.
De modo especial, uma terceira componente pode surgir que ocorrerá quando a
superfície receptora estiver inclinada com relação à horizontal, sendo refletida pelo ambiente
ao redor como solo, vegetação, obstáculos e terrenos rochosos. O coeficiente de reflexão
destas superfícies é denominado de “albedo”.
O uso térmico da energia solar é interessante em áreas onde existem o abastecimento
de energia elétrica porque permite a redução do consumo individual de eletricidade. Pode
ainda ser utilizado em regiões frias, não abastecidas oficialmente, para melhorar o conforto
térmico de moradias e áreas de criação de animais. Já o aproveitamento da energia solar para
geração de eletricidade oferece áreas de usos muito mais amplas. A geração de energia
elétrica a partir da tecnologia ou fotovoltaica de forma individual pode abastecer áreas
desprovidas deste serviço, melhorar as condições de vida em áreas rurais, reduzir custos com
energia convencional em áreas urbanas e ainda contribuir para geração de energia elétrica do
sistema público.
24
Ao contrário das células solares (fotovoltaicas), que usa a luz para produzir
eletricidade, o sistema de energia solar concentrada gera eletricidade a partir do calor. Os
coletores solares usam espelhos e lentes para centralizar e focar a luz do sol em um receptor,
semelhante a um tubo de caldeira. O receptor absorve e converte a luz solar em calor. O calor
é então transportado para um gerador de vapor ou motor onde é convertido em eletricidade.
(NREL, 2001)
A radiação solar pode ser coletada por diferentes tecnologias de CSP para fornecer
calor de alta temperatura. Ao gerar energia durante o dia, o calor solar adicional pode ser
coletado e armazenado, geralmente em um meio de mudança de fase, como o sal fundido
(KROTHAPALLI, 2015). O calor armazenado pode ser usado durante a noite para geração de
energia. Os reservatórios de estocagem devem ser termicamente isolados para que sejam
capazes de manter o fluido aquecido até sua utilização final.
Segundo Zhang et al. (2013), esse sistema necessita de baixo investimento, pois é
mecanicamente o mais simples e o fato de que o receptor é fixo facilita a geração de vapor
direto, eliminando a necessidade de um fluido de transferência de calor. Apesar dessas
vantagens, é difícil integrar o armazenamento e o sistema não gera temperaturas muito altas,
consequentemente, tem uma baixa eficiência (BAHAROOM, 2015).
Embora a semelhança de funcionamento do coletor da tecnologia linear de Fresnel
com o concentrador cilíndrico-parabólico, o coletor linear de Fresnel possui algumas
importantes diferenças:
a) Não é necessário que as conexões sejam flexíveis, assim é possível utilizar o fluido
sobre pressão, já que a linha focal, onde a energia solar se concentra, não se move.
b) Embora os espelhos planos utilizados em coletores Fresnel seja mais simples e
baratos, esses espelhos têm mais perdas óticas, apresentando menor eficiência.
Uma desvantagem do refletor linear Fresnel é o cuidado necessário no projeto para
evitar que um espelho cause sombra em outro, aumentando o tamanho da área a ser ocupada
pela planta (KALOGIROU, 2009).
Segundo o autor Bahar (2019) “a geração de energia solar concentrada aumentou cerca
de 8% em 2018. No entanto, o CSP não está no caminho certo com o CDS (Cenário de
Desenvolvimento Sustentável), que exige um crescimento médio anual de quase 26% até
2030. O planejamento de políticas que enfatize o valor do armazenamento da planta de CSP
será fundamental para atrair investimentos adicionais. ”
O campo solar é o local da planta onde a radiação solar direta é coletada e absorvida
por um fluido de trabalho, responsável por transportar energia do campo solar para o bloco de
potência e/ou para o sistema de armazenamento de energia térmica (FERREIRA, 2018).
Segundo (DGS, 2005), o melhor arranjo para armazenamento de calor é com o uso de
dois tanques, um a baixa temperatura e outro a alta temperatura. Em momentos de excesso de
calor, parte do calor é transferida para um fluido de armazenamento (em geral sal fundido) em
um trocador de calor, que aquece o fluido do tanque mais frio e o conduz ao tanque mais
quente. Em momentos de baixa radiação, períodos nublados, ou mesmo a noite, o fluido
quente do tanque de armazenamento pode ser reconduzido ao trocador de calor, para desta vez
transferir calor ao sistema de geração de trabalho.
O bloco de potência é o local da planta onde a energia térmica proveniente do campo
solar e/ou do sistema de armazenamento é convertida em eletricidade através de um ciclo de
Rankine convencional.
37
Os locais mais adequados para CSP em relação à irradiação solar são os desertos do
mundo (ALALEWI, 2014). O melhor recurso solar do mundo está nos desertos da África do
Sul e Chile, onde a energia solar direta anual a irradiação atinge 3.000kWh /m² por ano. O sul
da Espanha e a costa norte da África têm 1.800 - 2.200kWh /m² por ano. O sudoeste dos EUA
e o alto Egito têm 2.000 - 2.800kWh /m² por ano. França, Itália e Portugal têm níveis ainda
mais baixos. O potencial térmico global do CSP foi estimado quase 3.000.000 TWh / ano, o
que significa 166 vezes mais do que a atual energia mundial de consumo de 18.000 TWh /
ano (ALALEWI, 2014).
Outros fatores importantes na seleção de plantas CSP, conforme citado por Alalewi
(2014) são os fatores geográficos e os fatores políticos e econômicos.
No que diz respeito aos fatores geográficos, segundo Alalewi (2014) deve-se avaliar:
i. Disponibilidade de terras planas e não povoadas que não sejam ambientalmente
sensíveis ou já sendo usado.
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As usinas de CSP sem armazenamento de energia térmica em locais com DNI anual
superior a 2.000 kWh / m² por ano teriam fatores de capacidade em torno de 20 a 25%,
equivalentes a cerca de 2.000 horas de operação com carga total por ano, com a perspectiva
de expandir seu tempo de operação solar para basear a carga usando armazenamento de
energia térmica e campos coletores maiores. (TRIEB et al., 2009)
Segundo ARVIZU et. al. (2011) dados de custos de CSP são limitados e altamente
dependentes de características de cada planta, como a existência ou não de armazenamento de
calor (e a capacidade de armazenamento), e de hibridização (e qual a participação desta na
geração total da planta).
Geralmente os custos para a instalação de CSP é superior aos custos de FV. Os preços
das instalações atualmente está entre R$ 350,00 e R$ 650,00/MWh, dependendo da
tecnologia, se possui armazenamento e quantas horas de armazenamento. É esperado para
2020, a diminuição do custo total de 30% a 50%. (MME, 2017)
Os custos de investimento para plantas que incluem armazenamento tendem a ser
maiores do que as sem este complemento (IRENA, 2018). Contudo, o armazenamento
permite maiores fatores capacidade. Por exemplo, para centrais heliotérmicas de cilíndrico
parabólico (a tecnologia com maior participação de projetos no mundo até agora), os custos
totais de instalação obedecem a um intervalo de US$ 2.550/kW a US$ 11.265/kW para
sistemas sem armazenamento.
39
O Brasil possui extensas regiões semiáridas com irradiação normal direta, Figura 12,
da ordem de 6kWh/m² por dia. O maior potencial está localizado na bacia do rio São
Francisco e nas áreas de Sobradinho, no nordeste. Locais potenciais no Brasil estão próximos
do equador e isso tem uma vantagem óptica. Imensas áreas terrestres estão disponíveis para
aplicações solares térmicas.
O norte da África exportaria para a Europa, e a Ásia Central exportaria para a China e
Rússia. (MME, 2014).
Assim, as áreas mais favoráveis para CSP recursos estão no norte da África, sul da
África, Oriente Médio, noroeste da Índia sudoeste dos Estados Unidos, norte do México,
Peru, Chile, partes ocidentais da China e Austrália. Outras áreas que são adequadas incluem
extremo sul da Europa e da Turquia, outros locais do sul dos EUA, países da Ásia Central,
lugares no Brasil e Argentina, e algumas outras partes da China. Mais informações
disponíveis no Anexo B.
O setor de CSP está atualmente experimentando um caminho sólido de
desenvolvimento para aumentar substancialmente a capacidade instalada nos próximos anos,
fornecendo uma base firme para o crescimento contínuo no futuro. A figura 13 apresenta o
status atual do mercado de CSP em todo o mundo, incluindo as plantas operacionais, em
construção e projetos de CSP planejados ou em desenvolvimento.
Além da Espanha e dos Estados Unidos, e alguns países onde pequenos campos
solares são usados como propulsores em usinas de combustíveis fósseis em larga escala,
muito poucos países têm instalações de tamanho comercial, digamos acima de 50 MW (IEA,
2014). Índia e Emirados Árabes Unidos ter plantas já sincronizadas com a rede; Marrocos e A
África do Sul estão finalizando suas primeiras plantas. De outros países estão implementando
ou anunciaram planos ambiciosos de desenvolvimento, incluindo a Índia, Israel, Jordânia,
Kuwait, Marrocos, Arábia Saudita e África do Sul, enquanto no norte do Chile o
42
desenvolvimento está ocorrendo no mercado (IEA, 2014). Em 2012 a Arábia anunciou que
construiria usinas de CSP gerando 32 GW até 2032, criando consideráveis esperanças na
indústria. Algumas conquistas iniciais nesses países serão concretizadas antes do final da
década (IEA, 2014).
para a relatoria dos impactos reais e possíveis danos ambientais que venham a ocorrer com a
operação. Nas novas plantas heliotérmicas, alguns programas de pesquisa, desenvolvimento e
inovação podem ser incentivados pela ANEEL de maneira a garantir um acúmulo de
conhecimento e a transmissão das lições aprendidas no Brasil. O intuito é fortalecer e garantir
os princípios de sustentabilidade ambiental das plantas solares (GIZ, 2017).
5 CONCLUSÃO
A energia solar é a fonte de energia mais disponível em abundância. Pode ser usado
para produzir eletricidade por processo termodinâmico e por conversão fotovoltaica. Entre as
diferentes opções disponíveis de energia solar, a energia solar concentrada é considerada a
tecnologia mais eficiente disponível na atualidade e tendendo à desenvolvimentos e
crescimento futuros. Sua eficiência de conversão de energia solar térmica em eletricidade é
muito alta porque pode atingir temperaturas tão altas quanto 800° C. (KALOGIROU, 2019)
Devido à intermitência e disponibilidade cíclica a utilização de energia solar como
fonte primaria de energia torna-se complexa. As mudanças sazonais e climáticas interferem na
quantidade de energia solar térmica recebida. Assim, para o aproveitamento da fonte solar e
gestão de potencia, torna-se vantajosa a utilização de um sistema de armazenamento de
energia. (MILANI, 2016)
A energia solar tem o potencial de reduzir a dependência do fornecimento cada vez
menor de combustíveis fósseis por meio da tecnologia CSP. As usinas de CSP utilizam
energia térmica solar para produzir energia elétrica com base em diferentes ciclos de energia
termodinâmica. Coletores solares, refletores, receptores, fluidos térmicos e turbinas são os
principais componentes de cada usina de CSP e envolvem intensa transferência de calor em
todas as etapas. (ALNAIMAT; RASHID, 2019)
Dentre as tecnologias disponíveis, a cilindro-parabólico destaca-se das demais,
nacionalmente tem preferência de instalação, por sua flexibilidade em relação as temperaturas
de processo, possui mais modularidade em relação à torre solar, e utiliza menos terreno por
MW instalado em relação à torre solar. Embora a tecnologia linear Fresnel, tenha um menor
custo de instalação, comparado à tecnologia cilindro parabólica, possui menor eficiência.
Com potencial de redução de custos, a tecnologia Fresnel pode vir a se tornar competitiva.
(IEA, 2017)
Quando as heliotérmicas são projetadas com armazenamento, podem dispor de energia
estável e potência constante, comparada a outras tecnologias renováveis. Tornando a geração
de energia termossolar, uma tecnologia base, pois como é uma fonte renovável despachável é
possível preencher as lacunas de geração de fontes intermitentes como a fotovoltaica e a
eólica.
Devido à maturidade da tecnologia, prevê-se redução nos custos de
capital, aprimoramento no desempenho e na economia, bem como aumentos nas tendências e
46
instalações para financiar os projetos de CSP, uma expansão substancial nos mercados
emergentes e tradicionais de CSP, como os Estados Unidos.
Um maior crescimento do setor de CSP é um fator-chave para uma mudança global
em direção a uma participação de 100% de energia renovável até 2050 (REN21, 2019). O
setor de CSP deve ser um dos maiores e mais eficientes nos próximos anos. Com um
potencial significativo de redução de custos, as tecnologias de CSP têm a capacidade de ser
economicamente viáveis nas regiões ensolaradas do mundo. Os recentes desafios enfrentados
no setor de CSP devem-se à instabilidade política e financeira nos mercados, bem como à
intensa concorrência com outras tecnologias de energia renovável, particularmente os PVs.
No entanto, com os avanços tecnológicos e de redução de custos em conjunto com o suporte
apropriado, espera-se que os CSPs possam fornecer uma contribuição substancial para o
suprimento de demandas globais de eletricidade.
Ressalta-se que o licenciamento de uma heliotérmica segue os mesmos padrões
utilizados nas usinas termoelétricas. Sendo um mercado em expansão e tendo como matéria-
prima uma fonte inesgotável, propõe-se continuidade de trabalhos nesse tema que abordem:
Projeto de uma micro usina heliotérmica de caráter experimental.
47
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ANEXO B - Sol será maior fonte de energia até 2050, diz AIE
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