PORTUGUÊS 7.

O ANO – TESTE DE AVALIAÇÃO Nº 4

ESCOLA________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I – Texto A
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.
Alice Vieira aborda laços entre pais e filhos
A indisponibilidade dos pais para os filhos na agitada vida moderna, em que o trabalho é,
muitas vezes, prioritário, é o tema do romance de Alice Vieira, O casamento da minha mãe,
que conta a história de Vera, uma menina colocada pela mãe, uma manequim em início de
carreira, em casa de uns parentes afastados que não param de a confrontar com o facto de
5 estar num lar emprestado.
“Coloco sempre as minhas personagens em situações atuais e reais e é um facto que
existem pais que não dão apoio aos filhos nem lhes facultam um ambiente estável, podendo
essa carência de afetividade lesar1 mais do que a falta de bens materiais”, declarou Alice
Vieira, a propósito da nova obra.
10 O livro, “o último escrito à máquina, antes da rendição às vantagens do computador”,
como assinalou a escritora, é editado pela Editorial Caminho e marca “o final de um período
de bloqueio”, tendo sido criado em apenas três semanas.
Após este romance, a autora já escreveu um conto, cuja trama2 decorre no Museu do
Brinquedo, com ilustrações de André Letria.
15 “Este trabalho nasceu de um pedido da Câmara de Sintra, que solicitou a seis autores seis
histórias independentes sobre cada um dos museus municipais da vila”, adiantou.
Alice Vieira nasceu em 1943, em Lisboa, e licenciou-se em Germânicas pela Faculdade de
Letras da Universidade de Lisboa. Em 1958, iniciou a sua colaboração no suplemento juvenil,
do Diário de Lisboa, e, a partir de 1969, dedicou-se ao jornalismo profissional.
20 Desde 1979, quando se estreou com Rosa, minha irmã Rosa, tem vindo a publicar
regularmente obras literárias, com mais de três dezenas de títulos publicados atualmente,
alguns dos quais também no estrangeiro.
Recebeu o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança (1979), o Prémio
Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil (1983) e o Grande Prémio Gulbenkian pelo conjunto
25 da sua obra (1994), tendo sido indicada pela secção portuguesa do IBBY (International Board
on Books for Young People) para o Prémio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da
literatura infanto-juvenil.
https://www.jn.pt/arquivo/2005/alice-vieira-aborda-lacos-entre-pais-e-filhos-490126.html
(texto adaptado, acedido em 03.01.2020)
1 2
VOCABULÁRIO: prejudicar; intriga; ação; enredo.
©Edições ASA | 2020 − Alice Amaro 1
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1. Para cada item (1.1. a 1.4.), assinala com um X a alínea que completa cada
afirmação de acordo com o sentido do texto.
1.1. Da leitura dos dois primeiros parágrafos pode concluir-se que Alice Vieira
A. retrata nas suas obras acontecimentos da realidade atual.
B. privilegia o trabalho em detrimento da família.
C. evidencia a importância dos bens materiais para a família.
D. associa a estabilidade familiar a uma situação económica segura.

1.2. Por “período de bloqueio” (linhas 11-12) entende-se que a autora

A. deixou de usar a máquina de escrever.
B. aprendeu com dificuldade a usar o computador.
C. esteve algum tempo sem criatividade para escrever.
D. criou um livro em apenas três semanas.

1.3. A expressão “Este trabalho” (linha 15) refere-se

A. às ilustrações de André Letria.
B. ao Museu do Brinquedo.
C. ao conto.
D. ao romance.

1.4. As vírgulas a delimitar a expressão “o último escrito à máquina” (linha 10) são
usadas para separar
A. um modificador do grupo verbal.
B. um modificador do nome (apositivo).
C. uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
D. uma oração subordinada adverbial no interior da frase.

2. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o

sentido do texto.
A. “a” (linha 4) refere-se a “uma manequim”.
B. “que” (linha 7) refere-se a “pais”.
C. “lhes” (linha 7) refere-se a “filhos”.
D. “que” (linha 15) refere-se a “Câmara de Sintra”.

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Texto B
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.

REI: Vinde até aqui, Amarílis, minha filha primogénita...

PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Primo... quê?
(Simplício encolhe os ombros)
REI: ... e dizei-me de vosso amor por mim!
5 AMARÍLIS (ajoelha diante do rei): Meu senhor, o meu coração é pequeno de mais para conter
todo o amor que vos tenho. Quero-vos muito mais do que ao Sol que me alumia, muito mais
que à luz dos meus próprios olhos, muito mais que ao marido que vou desposar1...
PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Aquilo é comigo, ó sócio?
(Simplício diz que não com a cabeça, o outro fica mais sossegado)
10 REI: Vinde até aqui, Hortênsia, minha filha do meio, e dizei-me de vosso amor.
HORTÊNSIA: Senhor, as palavras são poucas para vos falar de tão grande amor. Seria
necessário inventar palavras novas para com rigor eu poder definir o que o meu coração sente
por vós. Pedi-me que morra por vós, e eu, alegremente, o farei, pedi-me que vos dê meus
olhos, meus braços, fígado ou coração, e tudo vos darei. O meu amor por vós não tem fim, é
15 maior que a imensidão das águas e dos céus. Quero-vos mais do que a mim própria, muito
mais do que ao ar que respiro, mais do que ao sangue que corre nas minhas veias.
PRÍNCIPE FELIZARDO (para Simplício): Não será exagero?
(O outro diz que não com a cabeça)
REI: Vinde até aqui, Violeta, minha filha mais nova, e dizei-me de vosso amor por mim!
20 VIOLETA: Meu senhor, não sei falar como minhas irmãs. Sei apenas que sou vossa filha, e
que todas as filhas devem amar seus pais. Sei como é difícil para mim pensar no dia em que
irei viver longe de vós. Quando eu era muito pequenina e tinha pesadelos, vós estáveis
sempre à beira do meu leito. Pelo inverno, quando o vento soprava e as febres atacavam o
meu corpo frágil, éreis vós, senhor, que eu via a meu lado até conseguir acalmar. De tudo me
25 lembro, e tudo o meu coração guarda com a gratidão que todas as filhas devem sentir pelos
pais. Mais não consigo dizer.
REI: Mas Amarílis disse que me quer mais do que ao Sol, Hortênsia disse que me quer mais
do que ao ar... e vós? Qual é a medida do vosso amor por mim?
VIOLETA: Não sei, senhor. O que não tem fim não se pode medir. É difícil encontrar medida
30 para o amor.
REI (zangado): Elas encontraram! Tereis de a encontrar também!
VIOLETA: Preciso muito de vós, senhor!

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REI (zangado): Não chega!

VIOLETA: Preciso de vós como...
35 REI: ... como?
VIOLETA: ... como... como a comida precisa do sal.
(Vozes de espanto)
REI (muito zangado): Estais a querer dizer que me quereis...
VIOLETA: Como a comida quer ao sal.
40 REI (apoplético2): O sal?! Como a comida...
VIOLETA: ... quer ao sal.
REI: Estareis louca? Ou serei eu que, de repente, terei enlouquecido? Ousais comparar-me...
ao sal?!
VIOLETA: Mas, senhor...
45 REI: É essa a paga de todos estes anos de amor? É essa a paga das muitas horas que perdi
junto ao vosso leito, acalmando os vossos pesadelos?... Oh, deuses, isto é que é um
pesadelo, um verdadeiro pesadelo!
VIOLETA: Mas o sal é um bem precioso, senhor, sem ele não podemos viver...
REI: Calai-vos! Nem mais uma palavra! Nunca mais quero ver o vosso rosto, nunca mais
50 quero ouvir nem o mais leve som dos vossos passos! Vou esquecer que um dia tive uma filha
com o vosso nome! (Levanta-se, cambaleando, e chama:) Escrivão!
Alice Vieira, Leandro, Rei da Helíria, (excerto da Cena X, 1.º Ato), Alfragide, Editorial Caminho, 2010.

1 2
VOCABULÁRIO: casar; irado; irritado.

3. Com base no excerto transcrito, demonstra que o Príncipe Felizardo tem alguma
dificuldade em compreender o diálogo entre o Rei e Amarílis.

4. Usando palavras tuas, identifica, na primeira fala de Violeta, dois comportamentos

do Rei Leandro que comprovam a sua dedicação de pai.

5. “O que não tem fim não se pode medir.” (linha 29)

5.1. Esclarece a intenção desta afirmação, relacionando com o que é dito
anteriormente por Violeta.

6. Explica o uso das reticências na expressão “Preciso de vós como...” (linha 34).

7. Caracteriza, de forma justificada, o estado de espírito do Rei Leandro, recorrendo

às didascálias.

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GRUPO II
1. Associa a expressão sublinhada nas frases da coluna A à função sintática que lhe
corresponde na coluna B.
Coluna A Coluna B
A. “Elas encontraram!” (linha 31) 1. sujeito
B. “Tereis de a encontrar também!” (linha 31) 2. vocativo
3. predicado
C. “Preciso muito de vós, senhor!” (linha 32)
4. complemento direto
D. “Como a comida quer ao sal.” (linha 39) 5. complemento indireto
E. “Estareis louca?” (linha 42) 6. predicativo do sujeito
7. modificador do grupo verbal.

2. Reescreve a frase seguinte, substituindo as expressões sublinhadas pelos

pronomes pessoais adequados.
Tinha-te emprestado o romance de Alice Vieira se já tivesse lido esta obra nas
férias.

3. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentada entre
parênteses, no tempo e no modo indicados.
a. Oxalá Violeta _________ (poder, pretérito imperfeito do conjuntivo) exprimir-se
como as suas irmãs.
b. Talvez o Rei _________ (reconhecer, presente do conjuntivo) o amor da filha
mais tarde.

4. Classifica as orações sublinhadas em cada uma das frases a seguir apresentadas.

a. “Quero-vos muito mais do que ao Sol que me alumia” (linha 6)
b. “Vou esquecer que um dia tive uma filha com o vosso nome!” (linhas 50-51)

5. Associa cada uma das palavras apresentadas ao seu processo de formação.

Coluna A Coluna B
A. zanga 1. Derivação por prefixação
B. maldisposto
2. Derivação por sufixação
C. insatisfação
3. Derivação não afixal
D. franqueza
E. omnipotente 4. Composição

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GRUPO III

Considerando as informações no Texto A e as que a seguir se apresentam,

escreve a biografia de Alice Vieira, entre 160 a 220 palavras.
Usa apenas o presente do indicativo.
O teu texto deve incluir uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão
coerentes.

1943 Nascimento em Lisboa, a 20 de março.

Frequência do liceu D. Filipa de Lencastre.
1968 Casamento com Mário Castrim. Dois filhos: Catarina Fonseca e André
Fonseca.
1982 Publicação de Chocolate à Chuva.
1991 Desistência do jornalismo ativo. Colaboração em diversos jornais e revistas.
Visita a várias escolas do país.

COTAÇÃO DO TESTE

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I
4 4 4 4 4 6 6 6 6 6 50
1. 2. 3. 4. 4.
II
4 4 4 4 4 20
Item único
III
30 30
TOTAL 100

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CENÁRIOS DE RESPOSTA DO TESTE

ITENS DE RESPOSTA
COTAÇÕES
Grupo I – Leitura e Escrita
1.1. A
1.2. C
1.3. C 4 x 4 = 16
1.4. B
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
2. A 4
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
3. O príncipe Felizardo desconhece a palavra e o respetivo significado de
“primogénita” bem como não está certo de que Amarílis se refere a ele quando 4+2=6
afirma que quer mais ao seu pai do que ao seu noivo.
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
4. Durante a infância da sua filha Violeta, o Rei Leandro procurava tranquilizá-la
sempre que ela tinha pesadelos e ficava ao seu lado quando ela estava doente. 4+2=6
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
5.1. Violeta pretende demonstrar ao Rei que o seu amor por ele é infinito (“não tem
fim”), pois os sentimentos não se medem. Ela ama o pai, teme o dia em que terá
de se separar dele e sente-se grata pelo carinho que ele sempre lhe dedicou; 4+2=6
todavia, não consegue quantificar o seu amor pelo pai tal como este pretende
que faça.
…………………………………………………………………………………….................... ……….……
6. As reticências, na expressão transcrita, indicam que Violeta reflete sobre o que há
de dizer ao Rei, pois ela não consegue “medir” o amor que sente pelo seu pai, 4+2=6
daí hesitar no que lhe deve dizer.
…………………………………………………………………………………….................... ……….…..
7. O Rei Leandro sente-se “zangado” devido à hesitação de Violeta por não
conseguir quantificar o amor que sente por ele e, depois, “muito zangado” e até 4+2=6
“apoplético”/irado quando a sua filha o compara ao sal, algo que, no seu
entender, é bastante insignificante.

Grupo II – Gramática
1.
A‒3 4
B–7 (1 errada = 3)
C–2 (2 erradas = 2)
D–1 (3 erradas = 0)
E–6
…………………………………………………………………………………….................... …….....….….
2. Tinha-to emprestado se já a tivesse lido nas férias. 2+2=4
…………………………………………………………………………………….................... …..…….……
3.
a. pudesse 2+2=4
b. reconheça

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…………………………………………………………………………………….................... …….....….….
4.
a. Oração subordinada adjetiva relativa restritiva 2+2=4
b. Oração subordinada substantiva completiva
…………………………………………………………………………………….................... …….….….....
5.
A–3 4
B–4 (1 errada = 3)
C–1 (2 erradas = 2)
D–2 (3 erradas = 0)
E–4

Grupo III – Escrita

Na redação do texto, o aluno deverá:

‒ escrever a biografia de Alice Vieira, tendo em atenção as informações
fornecidas, com introdução (indicação da data e do local de nascimento,
da formação académica), desenvolvimento (referência ao casamento, a
outros percursos profissionais, a obras publicadas) e conclusão
(menção aos prémios granjeados). 30
‒ produzir um discurso coerente do ponto de vista da informação fornecida,
da progressão textual;
‒ usar adequadamente parágrafos, marcadores do discurso, pontuação;
‒ utilizar vocabulário adequado, pertinente e variado;
‒ escrever com correção ortográfica e morfossintática.

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