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Hermenêutica - Exegese Intensivo

O documento discute técnicas de interpretação bíblica, incluindo hermenêutica e exegese. Aprender esses métodos é importante para entender o significado original dos textos, já que foram escritos em diferentes contextos culturais e temporais. A exegese busca extrair o sentido real do texto, enquanto a eisegese impõe um significado ao texto. Deve-se ler o contexto e aplicar várias técnicas para uma interpretação precisa.

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Hermenêutica - Exegese Intensivo

O documento discute técnicas de interpretação bíblica, incluindo hermenêutica e exegese. Aprender esses métodos é importante para entender o significado original dos textos, já que foram escritos em diferentes contextos culturais e temporais. A exegese busca extrair o sentido real do texto, enquanto a eisegese impõe um significado ao texto. Deve-se ler o contexto e aplicar várias técnicas para uma interpretação precisa.

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CURSO INTENSIVO DE TEOLOGIA

HERMENÊUTICA E
EXEGESE

UNICETE
1
1.INTRODUÇÃO À HERMENÊUTICA E EXEGESE– ESTUDO DA
INTERPRETAÇÃO E COMPREENSÃO DOS TEXTOS BÍBLICOS
A Bíblia é um livro que por si só se interpreta. Isso não quer dizer que
não devemos aprender a maneira correta ou as melhores técnicas de
interpretação, pois a falta desse conhecimento tem levado muitos pastores,
professores e expositores da Palavra a cavar tanto o conhecimento que a água,
antes cristalina, fica agora enlameada.
A necessidade de aprender as técnicas de hermenêutica
(interpretação) das Escrituras se dá pelo fato de que tudo o que lemos,
interpretamos, ou seja, compreendemos de alguma maneira, e pensamos que
nosso entendimento é o que o texto realmente quer dizer, o que muitas vezes
não é verdade, pois nosso entendimento de um texto, seja ele qual for, está
carregado de nossa visão de mundo, de nossa realidade, e nosso contexto
histórico-social, não da do autor.
Outro fato importante é que as traduções bíblicas na nossa língua já
estão carregadas de interpretações de seus autores e já não nos transmitem,
fielmente, a ideia do escritor original.
Como exemplo, temos a palavra “carne”, que raras vezes se trata do
corpo físico quando empregada na Bíblia, a grande maioria das vezes, significa
natureza pecaminosa. Outro exemplo é a palavra “mundo”, que por vezes
significa sistema, outras o globo terrestre, e outras ainda, tem o significado de
pessoas, humanidade, raça humana.
Diante disso, percebemos que uma correta hermenêutica necessita
de corretas técnicas de interpretação para que o entendimento do texto como
originalmente deseja o escritor, seja trazido para o leitor.

HERMENÊUTICA:
A hermenêutica é uma ciência que se ocupa dos métodos e técnicas
de interpretação. Apesar de ser necessária à correta interpretação do texto
bíblico, há muitos que não aceitam que devem adotar certas regras para análise
dos textos, e afirmam que “interpretação boa é a que o Espírito Santo dá”, outros
ainda sustentam que “a letra mata, mas o Espírito vivifica”.
Não há dúvidas que todo estudante da bíblia deve buscar a
orientação do E. Santo e que este é o agente maior de interpretação das
Escrituras, o que não exclui do leitor e estudante a responsabilidade de aplicar
os métodos corretos em sua análise, sendo o Espírito Santo aquele que nos
conduz, ilumina e nos direciona.

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2
O termo “hermenêutica” procede do verbo grego hermeneuein,
usualmente traduzido por “interpretar”, e do substantivo hermeneia (έρμενεΐα),
que significa “interpretação”. Tanto o verbo quanto o substantivo podem significar
“traduzir, tradução”, ou “explicar, explicação”.
O uso do termo hermenêutica e seus termos correlatos aparecem no
N. Testamento com o sentido de explicar ou traduzir, conforme os exemplos a
seguir.
1. Lucas 24.25-27- Jesus ressuscitado aparece aos discípulos: “E começando
por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes (diermeneusen) o que dele
se achava em todas as Escrituras”. Jesus estava trazendo para os discípulos
a compreensão do significado real do texto. Em vez de apenas falar o texto,
Ele explicou sobre ele e explicou sobre si mesmo em função do texto.
2. Os evangelistas por diversas vezes foram tradutores das expressões
estranhas aos seus destinatários. A transliteração aramaica Talitka, Koum
significa (quer dizer ou traduz-se) “Menina, levanta” (Mc 5.41). Emanuel
significa “Deus Conosco” (Mt 1.23), Golgota, “Caveira” (Mt 15.22), Messias,
“Cristo” (Jo 1.41) ou Rabi, “Mestre” (v. 38), e assim por diante.
A hermenêutica bíblica evita distorções e invenções de “doutrinas”
bíblicas. Um exemplo clássico é a frase “faz por ti, que eu te ajudarei”, que não
está na Bíblia. Outra é o texto muito divulgado como bíblico, e que apesar de
expressar “verdades” bíblicas, não está escrito na Bíblia e sim no alcorão.

“Ele possui as chaves do incognoscível, coisa que ninguém, além d’Ele,


possui; Ele sabe o que há na terra e no mar; e não cai uma folha (da árvore)
sem que Ele disso tenha ciência; não há um só grão, no seio da terra, ou
nada verde, ou seco, que não esteja registrado no livro lúcido” (6ª Surata,
versículo 59).

Se podemos encontrar todo tipo de dificuldade na interpretação de um


texto produzido na língua portuguesa, que fale da nossa cultura, da nossa
realidade e do nosso tempo, imagina quando se trata da Bíblia, um livro escrito
em outras línguas, em outras culturas e totalmente distante de nós em relação
ao tempo e ao espaço; essas dificuldades são ainda muito maiores, de maneira
que acabamos percebendo a necessidade de aprender métodos de
interpretação para melhor extrair o sentido original do texto bíblico.
Para o estudo hermenêutico das Escrituras, lembremos da "nobreza"
que caracterizava os irmãos de Beréia, dos quais diz a Escritura que "eram mais

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nobres que as de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez,
examinando as Escrituras todos os dias" (Atos 17:11).

Historicamente, a Igreja Católica se declara como a única intérprete


da Bíblia. Inclusive, mesmo com o encerramento do Cânon do Novo Testamento,
ela se considera autoridade máxima quanto aos dogmas, superior até mesmo às
Escrituras.
Martinho Lutero, por meio da Reforma Protestante, questionou essa
autoridade, e declarou 5 pilares para guiar a vida do verdadeiro cristão. Um
deles é a sola scriptura (somente a Escritura), que dá à Escritura o status de
palavra máxima e final.
A partir daquele instante, os Protestantes se dedicaram a um estudo
mais acentuado e profundo da Bíblia, antecipando-se mesmo aos católicos. Mas
o princípio posto por Lutero contribuiu para um desastre hermenêutico, pois
ele mesmo disse que cada um interpretasse a Bíblia como entendesse, isto é,
como o Espírito Santo os iluminasse. Isto fez surgir várias correntes de
interpretação, fomentando várias igrejas evangélicas e protestantes tão
diferentes entre si quando se trata de doutrinas.

EISEGESE:
O contrário da exegese é a EISEGESE (o grego eis significa “dentro).
Se a exegese tem o significado de extrair do texto, de dentro para fora, o seu
real sentido; a EISEGESE impõe ao texto um sentido que não é dele.
Em última instância, quem usa a Eisegese força o texto mediante
várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade
não se acha lá, e injeta nesse texto o seu ponto de vista pessoal a fim de
defender um ponto de vista ou uma suposta doutrina.
Eisegese trata-se de uma maneira de contrabandear para o texto das
Escrituras Sagradas as crenças e práticas particulares do intérprete. A serpente,
no Éden, argumentou com Eva algo que Deus não havia falado (Gn 2.16,17;
3.1). Satanás citou fora do contexto o Salmos 91.11 (Mt 4.5,6). Isso é o que se
denomina de eisegese. Estes são os artifícios atuais dos triunfalistas, por
exemplo.

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MÉTODOS DE HERMENÊUTICA E EXEGESE BÍBLICA CRISTÃ
1. LER ANTES DE ESTUDAR
Quando lemos um texto bíblico deixamos que ele nos conduza ou
tentamos conduzir o texto? Tentamos direcionar o texto para um entendimento
que desejamos ou deixamos que o texto direcione seu sentido? Ou ainda,
simplesmente lemos o texto ou já buscamos nele respostas pré-definidas?
Sabemos então ler a Bíblia?
Imediatamente após sair das mãos do autor, o texto torna-se
autônomo e tem vida própria. Mesmo que, a princípio, possamos consultar o
autor e perguntar a ele o que de fato tinha em mente ao escrever, à medida que
dele nos distanciamos no tempo e no espaço, não podemos mais consultá-lo e
resta-nos apenas o texto que produziu. A comunicação, portanto, torna-se
unilateral. Eis o que acontece com a Sagrada Escritura.
E tendo em vista que a comunicação entre autor bíblico e seu leitor
baseia-se somente no texto e não em dados extratextuais, a compreensão do
escrito, por parte do leitor, deve levar em consideração que ler, portanto, é
decifrar, decodificar. A competência de uma leitura depende diretamente da
capacidade que o leitor tem de formar um quadro abrangente dos diversos
fatores que concorreram para a formação do texto. Uma leitura competente
exige responder a determinadas perguntas:
1. autor: Quem elaborou o texto?
2. destinatário originário: A quem foi, primeiramente, destinado o texto?
3. escopo do autor. Com qual intenção escreveu? Que efeito quis produzir?
4. tema: Qual o conteúdo?
5. código: Como? Qual a forma? Com quais palavras?
6. tempo: Quando?
7. lugar: Onde?
8. destinatário atual: Quem é o atual leitor?
9. apropriação: Como decifrar o código? (como ler)
10. escopo do leitor: Com qual intenção lê?

2. O CONTEXTO
Os textos bíblicos não são fragmentos isolados; eles ocorrem dentro
de um contexto histórico, estando integrado com o que foi registrado antes e
depois. Portanto, analise o contexto, leia o(s) capítulo(s) anterior(es) e
posterior(es), examine as referências paralelas, as introduções, resumos,

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consulte os aspectos históricos, geográficos e culturais. Reflita sobre o contexto
bíblico e teológico. Para que possamos fazer uma exegese correta, é
imprescindível interpretar o texto dentro de seu contexto: “Se este aspecto é
negligenciado, a interpretação torna-se arbitrária”.
Analise também os substantivos, adjetivos, verbos, a ênfase do texto
na ordem que se apresenta. Faça perguntas ao texto: Quando aconteceu?
Quem fez acontecer? Por que aconteceu? Quem? Quando? Por que? Que mais
aconteceu? Em que lugar? Sob que circunstâncias? Quais as razões? Qual a
ênfase do autor, suas proposições principais e conceitos? Quais as implicações
disso? Tome uma afirmação do texto e indague o seu porquê.
Tome as palavras chaves e analise a sua etimologia e composição; as
estude dentro do texto. Usando material de auxílio como dicionários,
concordâncias e vocabulários, veja também como elas são empregadas no texto
que você está lendo, em outros trechos da Bíblia e depois compare as palavras
com sinônimos, e veja as diferenças e peculiaridades.
Para uma boa exegese, e a escolha do melhor significado na
interpretação de alguma palavra no texto estudado, o leitor/intérprete deve levar
em consideração que:
a) A maioria das palavras tem muitos significados, alguns literais e outros
figurados;
b) O estudo comparativo de palavras semelhantes em outras línguas requer
um estudo cuidadoso, haja vista que, palavras correspondentes em
Línguas diferentes nem sempre têm, exatamente, o mesmo significado
original e derivativo;
c) No estudo das palavras do tanto do Velho quanto do Novo Testamento, é
necessário que a avaliação da língua original escrita e também falada,
seja considerada;
d) Faça uso de vocábulos bíblicos para estudar palavras importantes na
língua original.

3. MATERIAL DE APOIO
Naturalmente existem eruditos bíblicos que possuem acesso a
conhecimentos e materiais que não teremos ao longo de nossas vidas. Acesso a
manuscritos, material arqueológico, conhecimento de geografia e das línguas
originais muito aprofundado. Portanto, todo o material já editado por essas
pessoas, nos ajuda a esclarecer e corroborar nosso entendimento sobre o texto
bíblico que lemos. Diante disso, destacamos alguns materiais que devem ser

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consultados para uma boa hermenêutica bíblica, de acordo com o Prof. Vitor
Gadelha:

a) Concordância/chave bíblica: mostram as passagens (ou as principais


passagens) da Bíblia onde determinadas palavras aparecem (geralmente elas
são de uma versão bíblica específica). Certas Bíblias eletrônicas também
possuem sistemas de busca de versículos muito úteis.
b) Dicionários da língua portuguesa: é impossível entender o que o texto
significa antes de entender o que ele diz...
c) Dicionários bíblicos: apresentam o significado e os usos de um termo dentro
da Bíblia Sagrada.
d) Comentários Bíblicos: trazem a análise e (o que muitos esquecem) as
opiniões do comentarista sobre o texto.
e) Manuais bíblicos: são obras que tentam apresentar, de forma condensada, os
principais recursos que podem ser obtidos em obras como comentários bíblicos
e livros de introdução bíblica (alguns deles trazem ainda informações sobre
história eclesiástica e secular, biografias, notas teológicas, mapas, etc.).
f) Bíblias de estudo: além do texto bíblico, trazem auxílios variados para seu
estudo e compreensão. Estes auxílios podem variar muito, dependendo de cada
Bíblia de estudo: comentários em notas de rodapé, referências, notas teológicas,
análise de temas centrais, etc. É muito importante, antes de comprar uma Bíblia
de estudo você deve identificar os recursos que ela contém, a tradução, a
posição teológica do comentarista, etc.

Ressalta-se o que foi dito pelo Dr. D.A. Carson, sobre uma boa
exegese crítica

Uma interpretação crítica das Escrituras é aquela que possui


justificação adequada — lexical, gramatical, cultural, teológica,
histórica, geográfica ou de qualquer outro tipo. Em outras palavras,
exegese crítica neste sentido é aquela que dá boas razões para as
escolhas que faz, e as posições que adota. A exegese crítica é
contrária a opiniões simplesmente pessoais, reivindicações de
autoridades ilegítimas (do intérprete ou de qualquer outra pessoa),
interpretações arbitrárias e pontos de vista especulativos.

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Tomar estes princípios como base para uma boa interpretação, não
significa rejeitar a espiritualidade no discernimento ou a piedade quando se
critica. Basta entendermos que pessoas boas, cuja fé é genuína, que possuem
dons do Espírito Santo podem ter “entendimentos” e interpretações totalmente
incompatíveis entre si e divergentes quanto ao que está na Escritura, e não
importa o quanto espiritual somos, nesse caso, é evidente que apesar de boas,
essas pessoas podem estar totalmente equivocadas e ensinar equivocadamente
a outros.
Percebe-se a necessidade de hermenêutica e exegese crítica, nas
palavras de Carson, quanto ele questiona: 1) porque existem tantas
divergências quanto ao dom de línguas (uns creem que é um sinal definitivo do
batismo com o Espírito Santo, outros que não existe mais; e há aqueles que
pensam que o dom é opcional); 2) porque existem calvinistas, arminianos,
batistas e presbiterianos que defendem o batismo infantil?; 3) Porque existem os
que se consideram dispensacionalistas e os da teologia da aliança?
Portanto, devemos fugir de dois perigos, como argumenta o erudito
Russel Shedd. O primeiro é que não podemos pensar na Bíblia como um livro
de conselhos para viver melhor. Um livro coach, com textos motivacionais e
escolher dentre o que se estuda, a interpretação que melhor se adequa aos
meus valores pré concebidos.
O segundo perigo, é o oposto. É levar o texto bíblico ao pé da letra e
interpretá-la de forma legalista, e para avaliar estes dois perigos, devemos
pensar quais, dos 613 mandamentos (mitzvot), dados ao povo de Israel no
Sinai, são obrigatórios aos cristãos hoje? Em Levítico 20 vemos as Escrituras
condenarem a homossexualidade, mas quem, nos dias de hoje condenaria à
morte um filho rebelde? É consenso que devemos amar nosso próximo,
inclusive nossos inimigos, mas aceitamos que por profissão, possamos
empunhar armas para matá-los.
Jesus tratando deste assunto, critica essas inconsistências na
observação da Lei (Mc. 7.1-15), portanto, sejamos temperantes, equilibrados e
sensatos na aplicabilidade da Palavra.

MÉTODOS DE HERMENÊUTICA E EXEGESE RABÍNICA

Os rabinos desenvolveram um método de interpretação


bíblica bem específico, usado principalmente no estudo da Toráh, e
no Talmude chamado de PaRDeS. Esse termo na verdade é um

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acrônimo, Peshat, Remez, Drash e Sod, que na verdade são quatro
níveis de revelação (entendimento, interpretação) da palavra em
hebraico.
A palavra pardes significa "pomar", que neste caso
representa o "pomar celestial". O estudioso que colhe
os frutos do pomar celestial é aquele que tem a
capacidade de entender os quatro níveis de
interpretação representados pelo acróstico PaRDeS
(GUERTZENSTEIN, p. 327)

O termo pardes aparece no Talmud (Talmude Babilônico


Hagigah 14b) no conto dos quatro homens que entraram no paraíso.
Vejamos cada nível:

● Peshat (esparramado) trata do sentido literal do texto. Apesar


de literal, leva em consideração as figuras de linguagem e
pensamento facilmente reconhecíveis pelo leitor. Há
preocupações filológicas, como etimologia e gramática. No
período do 2º Templo, dos períodos rabínicos zugot e tanaíta, a
predominância era da peshat.
● Remez (sugestão ou dica) Sugerem que o texto possui mais
informações do que o sentido literal mostra. Apresenta
interpretações tipológicas ou alegóricas, enfocando desde uma
só letra, palavra ou perícope (trecho).
● Derash (investigação) trata de uma investigação mais profunda
do texto hebraico. A midrash (da raiz derash) é uma
compilação de explicações, parábolas, analogias e narrativas
ilustrativas para explicar mais profundamente o significado de
um texto ou palavra. É a história da história do enredo bíblico.
Juntamente com o peshat, o derash foi amplamente utilizado
na diáspora (período amoraíta) e na Idade Média.

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● Sod (oculto/segredo) tem como objetivo revelar a interpretação
mística e cabalística do texto bíblico. Um exemplo de
hermenêutica sod é o Zorar.

Vejamos esses níveis de interpretação em alguns textos bíblicos


Pelo nível peshat: o texto de Ex 17.11 é literal
Pelo nível remez: Ex 17.11: E Josué fez conforme lhe dissera
Moisés, pelejando contra Amaléc. E acontecia que, quando Moisés
levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele baixava a
sua mão, prevalecia Amaléc. Ora, foram porventura as mãos de
Moisés que fizeram ou acabaram com a guerra? –Claro que não!
Mas para te ensinar que, enquanto os filhos de Israel olhavam para o
Alto e submetiam o seu coração ao Pai do Céu, eles predominavam;
mas deixando de fazê-lo, eles sucumbiam.
Pelo nível Derash: Nesse nível, cada palavra é analisada
profundamente. Por exemplo, o termo prevalecer é o hebraico
“gabar” e significa também empregar mais força, ser mais forte, ser
poderoso, estar no alto, levantado.
Pelo nível Sod: A gematria de Amalek (‫ )עֲ מָ לֵק‬é 240. a maneira mais
simples de escrever esse número em letras Hebraicas é reish-mem
ָ que significa “arrogante“. Transpor as duas letras dá a palavra
(‫)רם‬,
“amargo” (‫)מַ ר‬. Amalek perde a guerra nas alturas e sua amargura o
destino de Israel. Seu fim está no “alto” (‫)רם‬ ָ e é “amargo” (‫)מַ ר‬
também.

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EXEGESE DE ALGUNS TEXTOS IMPORTANTES

INRI?

João 19.19

Greek Texts

SBL GNT 20101; RP Byzantine Majority Text 2005; Greek Orthodox Church 1904;
Scrivener's Textus Receptus 1894; Stephanus Textus Receptus 1550

ἔγραψεν δὲ καὶ τίτλον ὁ Πιλᾶτος καὶ ἔθηκεν ἐπὶ τοῦ σταυροῦ· ἦν δὲ


γεγραμμένον· Ἰησοῦς ὁ Ναζωραῖος ὁ βασιλεὺς τῶν Ἰουδαίων.

Nestle GNT 1904; Westcott and Hort 1881

ἔγραψεν δὲ καὶ τίτλον ὁ Πειλᾶτος καὶ ἔθηκεν ἐπὶ τοῦ σταυροῦ· ἦν δὲ


γεγραμμένον ΙΗΣΟΥΣ Ο ΝΑΖΩΡΑΙΟΣ Ο ΒΑΣΙΛΕΥΣ ΤΩΝ ΙΟΥΔΑΙΩΝ.

ἔγραψεν δὲ καὶ τίτλον ὁ Πειλᾶτος καὶ ἔθηκεν ἐπὶ τοῦ σταυροῦ· ἦν δὲ


γεγραμμένον ΙΗΣΟΥΣ Ο ΝΑΖΩΡΑΙΟΣ Ο ΒΑΣΙΛΕΥΣ ΤΩΝ ΙΟΥΔΑΙΩΝ.

Westcott and Hort / [NA27 variants]

ἔγραψεν δὲ καὶ τίτλον ὁ Πειλᾶτος / Πιλᾶτος καὶ ἔθηκεν ἐπὶ τοῦ σταυροῦ·
ἦν δὲ γεγραμμένον ΙΗΣΟΥΣ Ο ΝΑΖΩΡΑΙΟΣ Ο ΒΑΣΙΛΕΥΣ ΤΩΝ
ΙΟΥΔΑΙΩΝ.

Tischendorf 8th Edition

ἔγραψεν δὲ καὶ τίτλον ὁ Πειλᾶτος καὶ ἔθηκεν ἐπὶ τοῦ σταυροῦ· ἦν δὲ


γεγραμμένον, Ἰησοῦς ὁ Ναζωραῖος ὁ βασιλεὺς τῶν Ἰουδαίων.

A mesma frase com a mesma grafia ocorre em Lucas 23.38, Mateus


27.37

1
Novo Testamento grego SBL ou SBLGNT é uma edição criticamente editada do Novo Testamento grego
publicado pela Logos Bible Software e pela Sociedade de Literatura Bíblica em outubro de 2010. Foi editado
por Michael W. Holmes

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11

O TEXTO DE JOÃO 19.20 afirma que a placa foi escrita em 3


línguas, a saber HEBRAÍSTE, RHOMAISTE E HELENISTE (hebraico
ou dialeto aramaico, latim e grego)

Em Latim
“Iesu(a) Nazarenus Rex Iudaeorum”

Em Hebraico
Yeshua HaNatzrati vMelech Yehudim
‫ישוע הנצרתי ןמלך היהודים‬

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12

EXERCÍCIO DE EXEGESE BÍBLICA


LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO-CHAVE, E TRABALHE AS QUESTÕES
ABAIXO:
TEXTO-CHAVE: ISAÍAS 45.7

1. Qual o assunto central do texto?

2. Qual o contexto do texto (o antetexto e o pós texto)?

3. Utilizando o dicionário Strong, qual o significado de ‫ָרע‬ (ra'), que é


traduzido por “mal”, mais adequado ao texto (7451)?. Justifique sua resposta.

4. Faça a análise hermenêutica do texto-chave utilizando a exegese do termo


“mal”, da questão anterior, em comparação com os textos de Dt 32.4; 2 Sm
22.31; 2 Cr 19.7; Jó 8.3, Dn 4.37; Mt 5.48 e Tg 1.17?

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Exegese do termo “vaidade”
Versículo- chave: Ec 1.2

Responda:
1. O que significa o termo “vaidade”

2. Conhecendo o significado do termo ‫“ הֲ ֵב֤ל‬vaidade”, qual o melhor


sentido (tradução) do versículo-chave.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Leonardo Marcondes. Pardes: os níveis da exegese judaica .


Ensaios e Notas, 2020. Disponível em: https://wp.me/pHDzN-4wJ .
Acesso em: 20 jul. 2020

BRAY, Gerald. História da interpretação bíblica; tradução de Daniel


Hubert Kxoker. - São Paulo: Vida Nova, 2017.

CARSON. D.A. Perigos da interpretação Bíblica. São Paulo: Nova


Vida, 2007.

GADELHA, Vítor. Métodos de estudos bíblicos. Apostila de


bibliologia.

GUERTZENSTEIN, Daniela Susana Segne. A Bíblia Hebraica na


Tradição Rabínica: uma abordagem acerca da literatura judaica.
PLURA, Revista de Estudos de Religião, ISSN 2179-0019, vol. 8, nº
1, 2017, p. 313-332. Disponível em:
<file:///C:/Users/Unicete/Downloads/1450-Texto%20do%20artigo-558
2-1-10-20171208.pdf> Acesso em 20 jan, 2022

SHEDD, Russell P. A bíblia e os livros. São Paulo. Shedd


Publicações, 2013.

https://bibliaportugues.com/

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