Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

TRIGONOMETRIA E NÚMEROS
COMPLEXOS

Lucia Menoncini

Chapecó, SC
 NÚMEROS COMPLEXOS

I. Operações com pares ordenados

Seja R o conjunto dos números reais. Então, temos o produto cartesiano

R × R = R2 :

R2 = {(x, y); x ∈ R e y ∈ R}

em que R2 é o conjunto dos pares ordenados (x, y).

Propriedades: Dados os pares ordenados reias (a, b) e (c, d), então vale:
a) Igualdade: (a, b) = (c, d) ⇐⇒ a = c e b = d
b) Adição: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d)
c) Multiplicação: (a, b).(c, d) = (ac − bd, ad + bc)

Conjunto dos Números Complexos

Chama-se conjunto dos números complexos e representa-se por C o conjunto

dos pares ordenados de números reais para os quais estão definidas as propriedades de
igualdade, adição e multiplicação.
Cada elemento (x, y) ∈ C é representado por z, em que:

z ∈ C ⇐⇒ z = (x, y) com x, y ∈ R

Propriedades da Adição
Teorema: A operação de adição em C verifica as propriedades:
A1- Associativa: (z1 + z2 ) + z3 = z1 + (z2 + z3 ), ∀ ∃z1 , z2 , z3 ∈ C

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 A2 - Comutativa: z1 + z2 = z2 + z1 , ∀ ∃z1 , z2 ∈ C

A3 - Elemento Neutro: ∃ ea ∈ C; z + ea = z, ∀ z ∈ C em que ea é chamado

elemento neutro para a adição.

A4 - Elemento Simétrico: ∀z ∈ C, ∃z 0 ∈ C z + z 0 = ea em que z 0 é chamado

simétrico ou inverso aditivo de z.

Propriedade da Subtração
Dados os complexos z1 = (a, b) e z2 = (c, d), existe único z ∈ C tal que
z1 + z = z2 , pois:

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O número z é chamado diferença entre z1 e z2 e indicado por z2 −z1 . Portanto:

z2 − z 1 =

Ex: (10, 8) − (4, 2)=

Propriedades da Multiplicação
Teorema: A operação de multiplicação em C admite as propriedades:
M-1: Associativa: (z1 .z2 ).z3 = z1 .(z2 .z3 ), ∀ ∃z1 , z2 , z3 ∈ C

M-2: Comutativa: z1 .z2 = z2 .z1 , ∀ ∃z1 , z2 ∈ C

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 M-3: Elemento Neutro: ∃ em ∈ C; z.em = z, ∀z ∈ C em que em é chamado
elemento neutro para a multiplicação.

M-4 - Elemento Inverso: ∀z ∈ C∗ , ∃ z 00 ∈ C, z.z 00 = em em que z 00 é chamado

inverso ou inverso multiplicativo de z.

Propriedade da Divisão Dados os complexos z1 = (a, b) 6= (0, 0) e z2 =

(c, d), existe único z ∈ C tal que z1 .z = z2 , pois:

O número z é chamado quociente entre z2 e z1 e indicado por z2 /z1 . Portanto:

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 z2
= z2 .z100 =
z1

Ex: (10, 8) ÷ (4, 2) =

Propriedade Distributiva
Em C, a operação de multiplicação é distributiva em relação à adição:
D-1: Distribuitiva: z1 .(z2 + z3 ) = z1 .z2 + z1 .z3 , ∀∃z1 , z2 , z3 ∈ C

II. Forma Algébrica

Imersão de R em C

Seja o subconjunto R0 de C formado pelos pares ordenados cujo segundo termo

é zero:

R0 = {(a, b) ∈ C|b = 0}

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 Considere a aplicação f , de R em R0 , ou seja, f : R → R0 , que leva cada x ∈ R
ao par ordenado (x, 0) ∈ R0 :

Em relação à f temos que:

I. f é bijetora. De fato,
a) f é sobrejetora, pois todo par ordenado (x, 0) ∈ R0 é o correspondente,
segundo f , de x ∈ R;
b) f é injetora, pois dados x ∈ R e x0 ∈ R, com x 6= x0 , os seus correspondentes
(x, 0) ∈ R0 e (x0 , 0) ∈ R0 são distintos.

II. f conserva as operações de adição e multiplicação. De fato,

a) f (a + b) = f (a) + f (b)

b) f (a.b) = f (a).f (b)

Como f : R → R0 é bijeção e conserva as operações de adição e multiplicação,

então dizemos que R e R0 são isomorfos. Devido ao isomorfismo, operar com (x, 0)
leva a resultados análogos aos obtidos operando com x, ou seja:

x = (x, 0), ∀x ∈ R

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.
Logo, 0 = (0, 0), 1 = (1, 0) e R = R0 . Assim, o corpo R dos números reais
passa a ser considerado um subconjunto do corpo C dos números complexos:

R⊂C

Unidade Imaginária

Chama-se unidade imaginária e indicamos por i o número complexo (0, 1).

Note que:

i2 = i.i = (0, 1).(0, 1) = (0.0 − 1.1, 0.1 + 1.0) = (−1, 0) = −1

E portanto, i2 = (−1, 0) = −1.

Analogamente, para n ∈ N, temos que:

Ex: Calcule i2013 .

Todo número complexo z = (a, b) pode ser escrito na forma algébrica z =

a + b.i, em que o númeto real a é a parte real de z e o número real b é chamado parte

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imaginária de z.
Logo, usa-se a notação Re(a + bi) = a e Im(a + bi) = b.

Um número complexo é chamado real quando sua parte imaginária é nula. Da

mesma forma, um número complexo chama-se imaginário puro quando sua parte real
é nula, isto é:

z = a + 0.i = a, a é real
z = 0 + bi = bi, (b 6= 0), b é imaginário puro

Podemos pensar no número z = a + bi como o ponto (a, b) do plano, cujas

coordenadas são a e b, ou ainda, como o vetor (segmento orientado) de origem O do
sistema de coordenadas e extremidade (a, b), isto é, o complexo z é representado pelo
−
→
vetor Oz. Vejamos:

No primeiro caso, (a, b) é chamado imagem de z e no último caso, os números

−
→
a e b são chamados componentes do vetor Oz.

A forma algébrica z = a+bi ou (a+bi) é mais prática que o par ordenado (x, y)
para a representação dos números complexos. Por isso, vamos definir as operações:
a) Igualdade: a + bi = c + di ⇐⇒

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b) Adição: (a + bi) + (c + di) =

c) Multiplicação: (a + bi).(c + di) =

Ex: Efetue (6 + 7i)(1 + i).

Conjugado

O conjugado de z = a + bi é o complexo z = a − bi.

A norma de um número complexo z = a + bi é o número real não negativo:

N (z) = a2 + b2

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 O módulo ou valor absoluto de z pode ser representado por |z|, por ρ ou por
r e consiste em:

p √
|z| = N (z) = a2 + b 2

Vejamos a interpretação geométrica do conjugado e do módulo: o conjugado z

é representado pelo simétrico de z relativamente ao eixo Ox, enquanto que o módulo |z|
mede a distância de O a z, ou seja, mede o módulo do vetor que representa o complexo
z, como se vê pelo Teorema de Pitágoras:

Assim, a relação entre o módulo de z e o conjugado é dada por:

z.z = (a + bi)(a − bi) = a2 + b2 = |z|2 = a2 + b2

Sabendo que o produto de z pelo seu conjugado z é igual ao quadrado do

módulo, isto é, |z|2 = a2 + b2 , então 1/z é dado por:

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Ex:
√
a) Calcule a norma e o módulo de z = 3 + i e de z = −5i.
b) Calcule z2 /z1 , sendo z2 = 3 + 2i e z1 = 1 + i.
c) Coloque na forma algébrica z = a + bi os números 2/i, 1 + i/1 − i.

Teorema 1: Para todo z ∈ C, temos:

a) z + z = 2.Re(z);
b) z − z = 2.Im(z);
c) z = z ⇔ z ∈ R;
d) z1 + z2 = z1 + z2 ;
e) z1 .z2 = z1 .z2 .

Teorema 2: se z = x + yi é um número complexo então:

a) |z| ≥ 0
b)|z| = 0 ⇔ z = 0
c) |z| = |z|
d) Re(z) ≤ |Re(z)| ≤ |z|
e)Im(z) ≤ |Im(z)| ≤ |z|

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 Nota:
Se z é real, então o módulo de z coincide com o módulo de z como elemento
de R pois:
√ √
z ∈ R ⇒ z = x ⇒ z = x + 0.i ⇒ |z| = x2 + 0 2 = x2 = |x|

Assim, se z = 2 então |z| = |2| = 2 e se z = −3 então |z| = | − 3| = 3.

Teorema 3: Se z1 e z2 são complexos, então:

a) |z1 .z2 | = |z1 |.|z2 |
z1 |z1 |
b) | | = , z2 6= 0
z2 |z2 |
c) |z1 + z2 | ≤ |z1 | + |z2 |

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 III Forma trigonométrica

Argumento

√ −
→
Seja ρ = |z| = a2 + b2 o comprimento de Oz, que suporemos diferente de
zero, e seja θ o ângulo positivo xOz, conforme figura abaixo. Então, usando o Plano
de Argand-Gauss, chegamos à forma trigonométrica ou forma polar do complexo z:

Nota:
1. z 6= 0 garante que ρ 6= 0;
2. Existe pelo menos um ângulo θ que satisfaz a definição pois:
 2  2
2 2 b a a2 + b 2 a2 + b 2
sen θ + cos θ = + = = =1
ρ ρ ρ2 a2 + b 2

3. O ângulo θ pode assumir infinitos valores, pois θ = θo + 2kπ, (k ∈ Z),

e θo é chamado argumento principal de z ou simplesmente argumento de z, em que
0 ≤ θo < 2π.

Ex: Encontre o módulo e a forma trigonométrica do número complexo z =

√
3 + 1 e de z = −5.

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 Potenciação

Primeira Fórmula de Moivre

Teorema: Dado o número complexo z = ρ(cos θ + isen θ), não nulo, com
n ∈ Z, então:

z n = ρn .(cos nθ + isen nθ)

Ex:
1. Calcular z 3 sendo z = 2.(cos(π/4) + isen(π/4)).
√
2. Calcular z 5 sendo z = 2 + i.2 3.

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 Radiciação

√
Chama-se raiz enésima do número complexo z e denota-se por n
z o complexo
zk tal que zkn = z.

√
n
z = zk ⇔ zkn = z

Segunda Fórmula de Moivre

Teorema: Dado o número complexo z = ρ.(cos θ + isen θ) e o número

natural n (n ≥ 2), então existem n raı́zes enésimas de z que são da forma:

    
√ θ 2π θ 2π
zk = n ρ. cos + k. + isen + k.
n n n n
√
em que n ρ ∈ R+ e k ∈ Z.

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Ex:
1. Calcular as raı́zes quadradas de −1 e interprete-as geometricamente.

2. Calcular as raı́zes cúbicas de 8 e interprete-as geometricamente.

17
 √
3. Calcular as raı́zes quartas de −8 + i.8 3 e interprete-as geometricamente.

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 √ √
4. Usando a definição de n
z, calcule −16 + 30i.

IV Equações binômias e trinômias

Uma equação binômia é uma equação que pode ser reduzida à forma:

axn + b = 0

em que a, b ∈ C, a 6= 0 e n ∈ C.

Ex: Resolver a equação 3x6 + 192 = 0.

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 Uma equação trinômia é uma equação que pode ser reduzida à forma:

ax2n + bxn + c = 0

em que a, b, c ∈ C, a 6= 0, b 6= 0 e n ∈ C.

Ex: Resolver a equação x6 + 7x3 − 8 = 0.

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