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Morgenthau Ok

1. O documento apresenta um resumo sobre Hans Morgenthau, um importante teórico realista das Relações Internacionais. 2. Morgenthau definiu seis princípios do realismo que enfatizam o poder e o interesse nacional dos estados em um sistema internacional anárquico. 3. O documento discute três tipos de política externa definidos por Morgenthau - status quo, imperialismo e prestígio - que podem garantir o equilíbrio de poder no sistema internacional segundo a visão realista.
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1. O documento apresenta um resumo sobre Hans Morgenthau, um importante teórico realista das Relações Internacionais. 2. Morgenthau definiu seis princípios do realismo que enfatizam o poder e o interesse nacional dos estados em um sistema internacional anárquico. 3. O documento discute três tipos de política externa definidos por Morgenthau - status quo, imperialismo e prestígio - que podem garantir o equilíbrio de poder no sistema internacional segundo a visão realista.
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FUNDAÇÃO ESCOLA DE COMÉRCIO ÁLVARES PENTEADO

FECAP

RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Milena Rodrigues 10020216


Rachel Figueiredo 10020626
Regiane Costa 10020593

HANS MORGENTHAU

Profª Cláudia Alvarenga Marconi


Teoria das Relações Internacionais I

São Paulo
2010
SUMÁRIO

1. Apresentação .......................................................................................................... 3
2. Objetivo específico .................................................................................................. 4
3. Realismo ................................................................................................................. 5
3.1 Origens .............................................................................................................. 5
3.2 Hans Morgenthau............................................................................................... 5
4. Política Externa ....................................................................................................... 8
4.1. Política Status Quo......................................................................................... 8
4.2. Política de Imperialismo ................................................................................. 9
4.3. Política de Prestígio ..................................................................................... 10
5. Conclusão ........................................................................................................... 12
6. Referências......................................................................................................... 13

2
1. Apresentação

Este trabalho está dividido em duas partes: Realismo e Política Externa, de


modo a explorar estas áreas a partir das considerações de Morgenthau e sua forte
influência na teoria realista.

O autor apresenta “Os 6 Princípios de Realismo” das Relações Internacionais


que definem um mecanismo de equilíbrio de poder, fazendo, dessa forma, crítica à
visão idealista. Tais princípios demonstram a especificidade do estudo de
Morgenthau, que, de forma inovadora apresenta a política interna como uma luta
pelo poder.

A discussão é apresentada com base nesses conceitos e direcionada às


definições de política externa e aos argumentos com os quais Morgenthau defende a
idéia de que o pleno entendimento é essencial para a projeção de poder frente aos
demais Estados.

Assim como afirmam Pontes Nogueira e Nizzar Messari (2005, p. 33), o


Realismo pode ser separado em dois períodos: Pré-Morgenthau e Pós-Morgenthau,
o que relata o quão grande foi sua contribuição, a ponto de muitos o considerarem o
pai do realismo.

O realismo opõe-se à visão utópica apresentada pelos liberais, sendo assim


“la necesidad de estudiar la política internacional desde uma perspectiva realista, es
decir, que estudie el mundo tal como es y no como deberia ser.” (ARENAL, 2007, p.
123). Morgenthau é considerado realista, ora clássico ora moderno¹. Ele preza pela
balança de poder, pelo poder e pela gestão do mesmo no mundo anárquico.
“Morgenthau propõe-se a investigar as relações entre as nações e as forças que
envolvem esse realcionamento. Além disso, buscava delinear como seria a política
externa Norte-americana no período pós-guerra.” (SARFATI, 2005, p.91)

¹As atribuições de Morgenthau diferem-se entre clássicos e modernos nas obras de Sarfati, Nogueira
e Messari e Richard Ned Lebow.

3
2. Objetivo específico

A partir do estudo de uma obra de Morgenthau, tem-se a intenção de comparar


as três políticas externas de um país e avaliar se podem garantir o equilíbrio de
poder no Sistema Internacional.

4
3. Realismo

3.1 Origens

O Realismo Clássico parte de autores como Tucídides, Hobbes e Maquiavel,


dando origem às concepções:

• Estadocêntrica- O Estado como ator principal, cuja atuação é voltada para


o interesse nacional e para sua sobrevivência no Sistema Internacional;
• Racionalista- Análise de custo e benefício, “[...] war can be rational if both
sides have positive expected utilities for fighting - the expected utility of war
(expected benefits minus costs) is greater than the expected utility of
remaining at peace.” (KAUPPI, 1998, p.56);
• De poder e força- Uso legítimo da força;
• Anarquia internacional- Inexistência de um ordenador central.

Esses três autores muito contribuíram no estudo das teorias realistas das
Relações Internacionais mesmo não sendo diretamente ligados a essa área.

A presença do Realismo nas RI enriquece este campo por ser uma teoria
tradicional, porém não é distante, já que existem diversos atores contemporâneos
que renovam essa ideologia com um novo vigor, entre eles, Hans Morgenthau
aparece como um dos mais importantes teóricos realistas da atualidade.

3.2 Hans Morgenthau

Hans Morgenthau nasceu em 1904 na Alemanha e é de origem judaica. Ele


tinha grande interesse pelo direito internacional público e foi admitido, em 1927, na
Ordem dos Advogados, chegando a integrar, como interino, o Tribunal do Trabalho
de Frankfurt. Por sua forte formação germânica, focou seus estudos na política
externa da era Bismarck, aproximando-se mais do pensamento de Max Weber.
Mudou definitivamente em 1937 para os EUA, ficando em Nova Iorque
primeiramente, onde atuou no Brooklin College, depois lecionou na Universidade do

5
Kansas, em Montana e por fim, fez carreira na Universidade de Chicago até o ano
de 1971, faleceu em 1980.

Morgenthau produziu algumas obras como Scientific Man versus Power


Politics (1946), In Defense of National Interest (1951) e Politics in the Twentieth
Century (1962), sendo sua obra mais notável, “A Política entre as Nações”,
produzida em 1948, logo após a 2ª Guerra Mundial.

Nesta obra, “A Política Entre as Nações”, Morgenthau apresenta “Os 6


Princípios” a respeito do Realismo nas Relações Internacionais que eram, segundo
ele, de fundamental importância para a análise deste campo de estudo. Esses
princípios são:

1. A política obedece a leis objetivas que são fruto da natureza humana e,


por isso, qualquer melhoria social deve levar isso em conta.
2. O interesse dos Estados é sempre definido em termos de poder.
3. O conceito de interesse traduzido em poder é uma categoria objetiva
de validade universal (ou seja, é constante na historia da humanidade).
4. Os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos
Estados, senão filtrados e analisados a partir das circunstâncias de
tempo e lugar.
5. As aspirações morais de uma nação em particular não podem ser
identificadas com os preceitos morais que governam o universo.
6. A esfera política é autônoma, ou seja, não é subordinada a nenhuma
outra esfera.

Tais pontos eram mecanismos para que seja alcançado o sistema de


equilíbrio de poder e conseqüentemente a paz mundial². Tratando-se da política
internacional, o poder no sentido político sempre implicará em luta.

² Por paz mundial não deve-se compreender um pensamento utópico, mas sim realista, como
apresentado nos próprios pontos.
6
Este é definido por relações de controle entre a autoridade pública e as pessoas em
geral e é exercido por fatores como ordem, ameaça, autoridade, carisma ou por
suas combinações. No entanto, “o poder não se limita ao exercício da violência
física, porém, reconhece que dentro da arena internacional, o exercício desse poder
torna-se fundamental para entender a força política de uma nação.” (BEDIN apud
SARFATI, 2005, p.93).
Sendo assim, Morgenthau classifica o poder de duas formas: utilizável e não-
utilizável; legítimo e ilegítimo. Para aprofundar mais essa divisão, ele apresenta os
três tipos de política externa cujos entendimentos são de extrema importância pra
quaisquer políticas internacionais.
Segundo Sarfati (2005, p.87), Morgenthau manteve a “centralidade de suas
idéias na construção da política externa dos Estados por, pelo menos, três décadas.”

7
4. Política Externa

A luta pelo poder é uma manifestação da Política Interna e Externa, pois


existe uma divergência entre elas com relação a este tripé: moral, política e social.
Internamente a relação social é mais preservada que externamente, neste campo a
sociedade é integrada e mais estável. Sendo assim, é possível afirma que o externo
só existe por razão do interno, mas não é possível afirmar o mesmo no sentido
contrário. Morgenthau diz que “a diferença, a este respeito, entre o que ocorre na
Política Nacional e na Política Internacional é de grau e não de qualidade.” (2003,
p.88).

Como já analisado, o poder pode ser traduzido em interesse nacional,


impondo ao Estado uma certa responsabilidade, na qual o único interesse relevante
é a sua auto sobrevivência, por isso a política pode visar a um desses três objetivos:
manter o poder, aumentar o poder ou demonstrar o poder, como mostraremos a
seguir.

4.1 Política Status Quo

Morgenthau apresenta a política de status quo como a política utilizada pela


nação que deseja conservar seu poder ao invés de modificá-lo.

Uma analogia à essa política é a posição conservadora que alguns países


tomam em relação aos negócios. (MORGENTHAU, 2003, p.89). Uma forma comum
de utilização da política do status quo são os tratados de paz assinados pelos
países, e também no pós- guerra quando tomam posição de paz, independente de
ganhar ou perder. Um exemplo concreto seria o Tratado de Paris de 1815, na qual
os países da Santa Aliança assinaram. Juntamente à esse exemplo, temos a Liga
das Nações, através do 10º ponto de Wilson, que “reconhecia como um dos
propósitos da Liga a manutenção do status quo territorial.” (MORGENTHAU, 2003,
p.90). Sobre o status quo territorial, a insegurança dos países aumentava, fazendo
com que eles se preparassem mais militarmente, pois sua desconfiança com os
outros Estados crescia a cada instante, tornando o Sistema Internacional tenso onde

8
a insegurança pairava no ar, sendo este um dos motivos pelo qual eclodiu a 1ª
Guerra Mundial. Já com a 2ª Guerra Mundial, os diversos tratados assinados tinham
por objetivo a manutenção do status quo.

Essa política não é totalmente contra mudanças, porém é resistente à


modificações no equilíbrio de poder do Sistema Internacional³. Morgenthau usa um
ótimo exemplo para explicar esta relação: supondo que uma nação A tenha uma
posição de 1ª classe e está se direcionando para a 2ª classe; e a nação B que era
de 2ª, está em direção à 1ª. A nação A resistirá à essa mudança para garantir seu
status quo.

Então, os países que adotam este tipo de política externa/internacional têm


como objetivo preservar a distribuição do poder existente e conservá-lo afim de
evitar mudanças no Sistema Internacional. Assim, para Morgenthau “uma nação cuja
política externa propende mais a conservar o poder do que a modificar a distribuição
do mesmo em seu favor, persegue uma política de status quo.” (MORGENTHAU,
2003, P.88).

4.2 Política de Imperialismo

De acordo com alteração da estrutura vigente do Sistema Internacional há


aquisição de mais poder. Os Estados que fazem uso dessa política tem como três
possíveis objetivos: a preponderância local, o império continental e o domínio
mundial.

Morgenthau inicia sua explicação sobre o imperialismo mostrando o que na


verdade ele não é, já que com a grande popularização do termo “imperialismo” o
verdadeiro sentido se enfraqueceu, gerando o mau uso da palavra e uma confusão
com a política do status quo, pois “não se pode considerar como imperialista toda
política externa que vise à preservação de um império já existente” (MORGENTHAU,
2003, p.99).

³ Para compreender melhor essa situação, podemos imaginar o status quo como uma pessoa de
difícil adaptação em um novo grupo.
9
Existem três teorias imperialistas apresentadas e criticadas pelo autor: teoria
marxista, liberal e “diabólica”, todas baseadas no capitalismo como a razão da
utilização dessa política. Para Marx, por considerar o capitalismo o maior dos males,
o imperialismo é uma conseqüência desse fato. Já para a teoria liberal, existe um
desajuste no sistema capitalista fazendo com que os países busquem mercado para
consumo no exterior. Por último, a teoria “diabólica”, a qual mais se assemelha com
a teoria marxista, culpa o capitalismo por acreditar que os fabricantes e banqueiros
têm interesse em que haja guerra para o enriquecimento dos mesmos, o que não faz
muito sentido se formos analisar “Os 100 Anos de Paz” de Karl Polanyi em seu
famoso livro “A Grande Transformação”, no qual fica claro que os grandes
banqueiros e investidores não tinham interesse algum na guerra, já que isso
atrapalharia os negócios e traria muitos gastos desnecessários. Neste último caso, a
paz seria mais benéfica em termos econômicos.

O imperialismo é constituído por três tipos e dividido em três partes cada um:
estímulo ao imperialismo (guerra vitoriosa, guerra perdida e fraqueza); objetivos do
imperialismo (império mundial, império continental e preponderância local); e
métodos do imperialismo (imperialismo militar, imperialismo econômico e
imperialismo cultural). Estes são aspectos que subvertem o status quo e especificar
a política do imperialismo.

De acordo com o pensamento de Hans Morgenthau “uma nação cuja política


exterior se destina a fazê-la adquirir mais poder do que tem, mediante uma mudança
nas relações de poder existentes – isto é, cuja política externa, em outras palavras,
busca uma alteração favorável a ela na situação do poder – obedece a uma política
de imperialismo.” (2003, p.88)

4.3 Política de Prestígio

Pode-se afirmar que um Estado, ao fazer uso das características das duas
políticas anteriormente citadas e ao alcançar seus respectivos objetivos, estará,
conseqüentemente, adotando uma política de prestigio, que será usada para
impressionar as outras nações. Morgenthau diz que há duas formas de utilizar essa
política: diplomacia e demonstração de força.
10
A diplomacia “se concretiza mediante a demonstração do poder que uma
nação tem (ou pensa que tem, ou que deseja que as outras nações acreditem que
ela tem) encontra um campo particularmente fértil na escolha de localização de
encontros internacionais” (MORGENTHAU, 2003, p. 156)

A demonstração de força é a medida mais óbvia da nação, já que serve para


alcançar seus propósitos e mostrar seu poder para as demais nações. A fusão
dessas duas características da política de prestígio acaba formando dois objetivos
centrais e distintos da mesma: o prestigio que é buscado como um fim de si mesmo
e o prestígio para ser utilizado no campo das Relações Internacionais (em apoio a
uma política de status quo ou de imperialismo) (MORGENTHAU, 2003, p.161).

11
5 Conclusão

A partir das nossas pesquisas bibliográficas constatamos que as três formas


de política externa apresentadas por Morgenthau - Política do Status Quo, Política
de Imperialismo e Política de Prestígio - garantem sim o equilíbrio de poder do
Sistema Internacional e inclusive são essenciais para que ele exista.
O equilíbrio de poder é composto pela oscilação entre a decisão de um
determinado Estado de manter ou não o status quo. Ou seja, cada Estado pode
optar, em diferentes momentos, por manter o seu poder já existente a fim de evitar
mudanças no Sistema Internacional, ou alterar a estrutura do Sistema com a
intenção de expandir seu poder. O Estado que faz uso dessas duas políticas, status
quo e imperialista, automaticamente adota uma política de prestígio. Essa relação
baseia-se na intenção dos Estados de impressionar uns aos outros tanto
diplomaticamente como através da força.
Tal equilíbrio e as políticas adotadas para preservá-lo não são apenas
inevitáveis, mas também são o fator essencial que estabiliza uma sociedade
composta por nações soberanas. No entanto, este equilíbrio internacional apresenta
uma certa instabilidade. Esta, porém, não é conseqüência de quaisquer imperfeições
teóricas, e sim das particularidades existentes, sob as quais o princípio deve
funcionar nesta sociedade.

12
6 Referências

• ARENAL, Celestino del. Introducción a las relaciones internacionales. 4. ed.


Madrid: Tecnos, 2007.

• DOUGHERTY, James E.; PFALTZGRAFF, Jr., Robert L.. Relações internacionais:


as teorias em confronto : um estudo detalhado. Lisboa: Gradiva, 2003.

• DUNNE, Timothy; KURKI, Milja.; SMITH, Steve. International relations theories:


discipline and diversity. Oxford; New York: Oxford University Press, 2007.

• MORGENTHAU, Hans Joachim. A política entre as nações: a luta pelo poder e


pela paz. Brasília: Ed. UnB, 2003.

• NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das relações internacionais:


correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

• POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens da nossa época. 2. ed. Rio de


Janeiro: Campus, 2000.

• SARFATI, Gilberto. Teorias de relações internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.

• VIOTTI, Paul R.; KAUPPI, Mark V. International relations theory: realism,


pluralism, globalism, and beyond. 3rd ed. Boston, Mass.: Allyn and Bacon, 1998. xiv,
509 p.

13

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