Educação Escola e Pandemia
Educação Escola e Pandemia
EDUCACÃO
ESCOLA
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experiências ee discussões
sobre professores ,
alunos ee gestores
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jeanzin
organizadora
Denise D'Auria - Tardeli
EDUCACÃO
ESCOLA
E PANDEMIA
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experiências e discussões
sobre professores ,
alunos e gestores
pimenta
| São Paulo | 2021 | jeanno
Copyright © Pimenta Cultural, alguns direitos reservados.
Copyright do texto © 2021 os autores e as autoras.
Copyright da edição © 2021 Pimenta Cultural.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5939-310-7 (eBook)
1. Educação. 2. Escola. 3. Pandemia. 4. Reestruturação.
5. Organização. I. D’Auria-Tardeli, Denise. II. Título.
CDU: 370
CDD: 370
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107
___________________________________________________________________________
PIMENTA CULTURAL
São Paulo - SP
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SUMÁRIO
Apresentação................................................................................. 13
Capítulo 1
Capítulo 2
Educação remota e crianças com dificuldades
de aprendizagem
Adriana Pasqualini em tempos de pandemia ................................. 39
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Educação, pandemia e desigualdades:
gestão em
Marcelo dos tempos
Santos de mudanças .................................................. 140
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Práticas de autoconhecimento
como estratégia de autorregulação
para e gestores
Unguer Raphael
professores
Patrícia Bataglia na pandemia................................. 306
1313
mais fortes, e isso se aplica tanto aos docentes quanto aos alunos
e suas famílias, assim como às instituições escolares. Cremos, com
firmeza, que o sistema educacional está demonstrando a capacidade
de resiliência necessária para adaptar-se às necessidades futuras, e
este aspecto redundará em seu fortalecimento.
1414
que a COVID-19 está causando nas escolas, e, assim, poder con
tribuir, ainda que de forma singela, a traçar um possível caminho
comum, que permita dividir parte da incerteza gerada, reforçando,
desta maneira, uma educação inclusiva, que integre as necessida
des de todos. Esperamos que estas discussões sirvam para apontar
algumas respostas à comunidade escolar, e que as recomendações,
aqui propostas, tragam luz na construção do nosso futuro educacio
nal. Não podemos prever o futuro, mas podemos sim tentar construir
o melhor futuro possível, dadas as circunstâncias.
Denise D’Auria-Tardeli
Agosto – 2021.
SUMÁRIO
1515
Capítulo 1
Denise D’Auria-Tardeli
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.16-38
A pandemia causada pelo COVID-19, um vírus que acometeu
toda a população do planeta Terra em 2020, exigiu ações sobre uma
doença pouco conhecida. Vários foram os desdobramentos de cunho
biológico, social e educacional em relação à população mundial. Po
líticas de quarentena, orientação e testagem em massa foram anun
ciadas, principalmente nos países desenvolvidos. Além do impacto na
área da saúde, identificou-se que as políticas públicas também tive
ram um papel determinante nas medidas do distanciamento social, e,
portanto, no consequente impacto econômico mundial. A economia
sofreu mudanças positivas e negativas, uma vez que o comportamento
do consumidor isolado, pelas medidas de prevenção, precisou se rea
daptar em relação ao mercado e fluxo das vendas em vários segmen
tos comerciais (ASHRAF, 2020; HE & HARRIS, 2020; TOMASI, 2020).
1717
gatividade de algo imunologicamente diverso, mas se tornou perceptí
vel o excesso de positividade, a exaustão do desempenho, gerando o
que Han (2015) identificou como infarto psíquico.
1818
Saúde (SUS), na plataforma de divulgação dos índices de contágio,
cura e óbitos, a fim de avaliar a evolução da pandemia e da testagem
em massa, o que foi extremamente mal conduzido enquanto estraté
gia de controle por parte do governo brasileiro. A testagem em massa
tinha por objetivo observar e identificar os sujeitos assintomáticos e
sintomáticos devido à COVID-19 (AQUINO et al, 2020). E o que nos
interessa, nesta discussão, é que a medida provocou o fechamento
das instituições de ensino pelo mundo afora, e um novo modelo edu
cacional se consolidou com base nas tecnologias digitais. No Brasil,
bem como em outros países em desenvolvimento, ficou clara a dis
tância entre as classes sociais com acesso ao ensino remoto.
1919
CONSIDERAÇÕES SOBRE A FAMÍLIA...
2020
família tem um caráter social, uma vez que exerce um direito e um dever
de cidadão, acompanhados por um caráter instrumental. Por isso, é im
portante que os pais/responsáveis sejam informados em todos os mo
mentos sobre os assuntos relativos à educação de seus filhos e filhas.
2121
Não queremos uma educação que doutrina, que anule a ca
pacidade de analisar, contrastar, pensar e tomar decisões de acordo
com princípios, mas sim uma educação que nos leve a trabalhar em
projetos comuns para nos enriquecer com o conhecimento e as expe
riências dos outros. Trata-se de conceber a educação como um todo,
levando em consideração os quatro pilares (DELORS, 1996), tanto no
sistema educacional como na educação familiar e na educação social.
CONSIDERAÇÕES SOBRE
OS (DES)VÍNCULOS SOCIAIS...
2222
sob duas considerações essenciais: o abuso da tecnologia e os seus
desdobramentos negativos nas vidas dos usuários, e qual o nível apro
priado de utilização da tecnologia tido como um padrão normal ou sau
dável. Na medida em que a internet e as tecnologias digitais avançam,
muitas fragilidades e inabilidades no ambiente virtual são identificadas
pela psicologia educacional (CHOU & CONDRON & BELLAND, 2005).
2323
vulnerabilidade genética, e, assim, o transtorno psicológico (BISHOP,
2006). Na epigenética, os efeitos imediatos do ambiente influenciam
as células, que ativam e desativam determinados grupos de genes,
logo, esse efeito pode ser transmitido por várias gerações (DOLINOY
& WEIDMAN & JIRTLE, 2007; SCHIELE & DOMSCHKE, 2018).
2424
um momento ambíguo: felicidade pelo processo de vacinação e infeli
cidade pelo registro das mortes, e a palavra confinamento nos traz os
empecilhos nas interações sociais e afetivas.
2525
das crianças “atestam o lugar incontornável de outrem na progressi
va constituição psíquica de cada indivíduo, constituição tanto afetiva
quanto intelectual e moral” (LA TAILLE, 2020, p. 28).
2626
sociais, apesar do isolamento. Conforme expressou Rosalía Winocur
(2020), o medo de ficarmos sem conexão com a internet, antes da
pandemia, cedeu lugar a um medo impensável pela desconexão da
presença física nas relações sociais. Como isso afeta a educação, e,
particularmente, os processos de ensino e aprendizagem?
2727
Quando a aprendizagem colaborativa tem lugar num ambiente
virtual, os alunos dispõem de um conjunto de ferramentas tecnológicas
que favorecem a execução deste processo. A condição de deslocamen
to geográfico e temporal implica, ao mesmo tempo, a necessidade de
reparar com instrumentos de gestão, o processo de colaboração que
tende a ser omitido em um contexto presencial, como as normas de pro
cedimento, e uma planificação detalhada do trabalho a se realizar, que
favorece e otimiza, tanto o desenvolvimento como os resultados (GUI
TERT & PÉREZ-MATEO, 2010). Já o trabalho colaborativo, em ambientes
virtuais, é um trabalho qualitativamente melhor que o planejado pelos
esquemas de organização tradicionais. Desta maneira, quando o con
ceito de aprendizagem colaborativa se estende num ambiente virtual, o
conceito permanece, mas as condições se alteram substancialmente.
2828
cação remota ou a um ensino remoto baseado na tecnologia, do que
uma educação virtual propriamente ou educação blended (combinação
de presencialidade e virtualidade). E isto é uma resposta esperada pela
urgência de substituir o que já não era possível: a co-presença física.
2929
Mayer e Salovey (1997) definiram, pela primeira vez, o conceito
de inteligência emocional, ainda que posteriormente esta ideia tenha
sido reformulada do original, concedendo mais importância aos com
ponentes cognitivos e às habilidades para refletir sobre as emoções.
Desde então, as publicações sobre o tema são numerosas, nos cam
pos da saúde, bem como no setor educacional e organizacional, e o
conceito se expandiu para incluir conjuntos de competências, traços
ou habilidades, de acordo com a definição enunciada. Na atualidade,
podemos distinguir entre o modo de Inteligência Emocional baseada
no processamento da informação emocional centrada nas habilidades
emocionais básicas (MAYER & SALOVEY, 1997); e o modo denomina
do misto, no qual incluem, entre os seus conteúdos, os diversos traços
de personalidade (GOLEMAN, 1998). Com o modelo da inteligência
emocional pelas habilidades, é proposta uma estrutura hierarquizada
de capacidades cognitivas para o manejo adaptativo das emoções:
perceber, facilitar, compreender e manejar ou regular as emoções.
3030
mico. Contudo, parece existir uma base científica suficiente para ava
liar as implicações que as aprendizagens socioemocionais têm para a
qualidade satisfatória na educação, assim como para o êxito na vida
pessoal (ZINS et al., 2004). Esses estudos mencionados acima mos
tram, de fato, uma possível relação entre o desenvolvimento socioe
mocional e a aprendizagem, denotada nas indicações das pontuações
obtidas a partir de instrumentos criados para medir as competências
socioemocionais, podendo predizer, de forma significativa, as notas
médias de alunos universitários, por exemplo, com as avaliações de
final de curso. Petrides et al (2002) investigaram os aspectos da inteli
gência emocional na sua relação com o rendimento, como mostra seu
estudo com 650 alunos da escola secundária britânica. Com este estu
do, observa-se que a constelação das emoções, habilidades e dispo
sições do constructo da inteligência emocional implica no rendimento
e no comportamento não produtivo destes alunos.
3131
formativas, uma vez que pais e responsáveis passaram, pelo menos
em parte, a cumprir o papel de tutores no acompanhamento do ensino
remoto dos filhos. Assim, as avaliações do tipo somativas deixam o
seu protagonismo de lado para que a avaliação do tipo formativa te
nha maior peso. O processo avaliativo formativo envolve um percurso
contínuo e longo do aprendizado, em que o erro não tem mais uma
conotação punitiva, e trata-se de um fator de atenção para contribuir ao
processo do ensino-aprendizagem (SHAVELSON et al., 2008).
3232
doras e propiciadoras de ambientes dinâmicos de ensino, e, des
ta forma, que contribuam para a aquisição do conhecimento e da
competência profissional do egresso. Neste escopo, a questão que
demanda atenção é, sem dúvida, o treinamento do corpo docente na
aplicação das tecnologias durante a sua interação com os alunos.
Hoje, ainda é muito comum professores ministrarem um determinado
conteúdo de forma remota como se estivessem num ambiente pre
sencial, fato que, sem dúvida, demanda ajustes. Em outras palavras,
é necessário que docentes e discentes aprendam a utilizar a tecno
logia em um contexto educativo de uma forma a permitir melhorias e
inovações em ambientes sustentáveis de aprendizagem.
REFLEXÕES FINAIS
3333
proativa, na qual as reflexões e as decisões se fazem necessárias para
repensar o processo educacional e as relações interpessoais, fase esta
que vai muito além de programas de capacitação, ou da criação de fer
ramentas tecnológicas para atender esta crise e transformar as práticas.
2
“Bug” é um termo inglês, designado para relatar um erro ou uma falha de operação em um
computador ou programa. Seu significado, em tradução literal, é “inseto”. Na década de
40, época em que os computadores não passavam embaixo de portas, e não cabiam no
bolso, não era incomum ter a presença de insetos entrando nas máquinas. Ou seja, esses
insetos obstruíam válvulas ou danificavam componentes que eram essenciais para o bom
funcionamento dos antigos computadores. Os mesmos insetos que causavam danos aos
computadores são os insetos que, dependendo da espécie, causam danos às lavouras:
as mariposas que durante a sua fase de lagarta, causavam o maior estrago.
3434
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3838
com
Capítulo 2
Adriana Pasqualini
2
Adriana Pasqualini
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.39-61
Nos últimos anos, temos observado muitas discussões sobre
a educação e sobre os alunos que precisamos formar para atuar na
sociedade deste século XXI. Hoje, o foco da educação está no de
senvolvimento de competências e habilidades práticas, cognitivas e
socioemocionais na aprendizagem, na mobilização de conhecimen
tos para a solução de problemas da vida cotidiana e para o exercício
da cidadania. Desde a primeira infância, a convivência na escola, a
interação entre alunos e professores e toda comunidade escolar são
pensados e organizados para promover esta formação. Salvo raras ex
ceções, todas as crianças passarão anos dentro das escolas criando
vínculos, construindo a própria identidade, se desenvolvendo.
Com o advento da pandemia e a necessidade do isolamento
social, essa convivência foi interrompida, gerando expectativas sobre
a organização da rotina escolar e de tudo que envolve esse universo.
Algumas ações foram realizadas para possibilitar que os alunos conti
nuassem com as atividades do ano letivo, e, desde então, a realidade
da aula on-line passou a fazer parte da rotina de alunos e professores.
4040
A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz,
cada vez mais saberes e saber fazer evolutivos, adaptados
à civilização cognitiva, pois são as bases das competências
do futuro. Simultaneamente, compete-lhe encontrar e assinalar
as referências que impeçam as pessoas de ficar submergi
das nas ondas de informações, mais ou menos efêmeras, que
invadem os espaços públicos e privados e as levam a orien
tar-se para projetos individuais e coletivos. À educação cabe
fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo
e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que
permita navegar através dele (p. 89).
4141
empatia e, com respeito, administrar conflitos, bem como desenvol
ver percepção de interdependência.
4242
aprendizagem, dentro da escola, tanto para as crianças que estão
inseridas nesse contexto, de acordo com sua idade e desenvolvimen
to, como para aquelas que, por alguma razão, estão em nível de es
colaridade não compatível com sua idade, ou seguem com grandes
dificuldades a serem superadas.
4343
nhecimento muito próximo àquele que ela está desafiada a superar, e,
assim, avança a partir da interação.
4444
Segundo Galvão (2002), na teoria de Wallon, a afetividade, a
inteligência e o ato motor estão intimamente relacionados, e são res
ponsáveis pelo pleno desenvolvimento do sujeito, mas sofrem modifi
cações ao longo da vida - [...] a afetividade vai adquirindo relativa in
dependência dos fatores corporais. O recurso à fala e à representação
mental faz com que variações nas disposições afetivas possam ser
provocadas por situações abstratas e ideais, e possam ser expressas
por palavras (GALVÃO, 2002, p. 62).
4545
É essencial, para essa reflexão, esclarecer e conceituar so
bre as dificuldades da aprendizagem, para que as necessidades das
crianças e as possíveis ações a serem realizadas possam contribuir
efetivamente para dar prosseguimento ao seu desenvolvimento cog
nitivo, motor, afetivo e social. Embora seja imprescindível reconhecer
a complexidade do tema, devido as suas sutilezas, variáveis e múl
tiplas possibilidades para um desempenho escolar aquém do espe
rado para sua faixa etária. Vale lembrar que o desenvolvimento da
criança é fortemente influenciado pelo meio no qual ela vive, pela
família, pela escola e pela comunidade. Nesse sentido, os impactos
sobre as dificuldades de aprendizagem podem ser minimizados ou
agravados pelo contexto social, afetivo e econômico.
[...] dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único
distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem
afetar qualquer área do desempenho acadêmico. Raramente,
elas podem ser atribuídas a uma única causa: muitos aspec
tos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os
problemas psicológicos dessas crianças frequentemente são
complicados, até certo ponto, por seus ambientes doméstico e
escolar. As dificuldades de aprendizagem podem ser divididas
em tipos gerais, mas uma vez que, com frequência, ocorrem em
combinações e também variam imensamente em gravidade,
pode ser muito difícil perceber o que os estudantes agrupados
sob esse rótulo têm em comum (SMITH & STRICK, 2001, p. 15).
SUMÁRIO
As dificuldades de aprendizagem podem ser de origem orgâni
ca, por lesão e desequilíbrios neuroquímicos que podem ter sido pro
vocados por acidente, dificuldades com o parto, desnutrição, uso de
substâncias químicas tóxicas, por hereditariedade ou por alterações
no desenvolvimento cerebral.
[...] do ponto de vista neurobiológico a aprendizagem se tra
duz pela formação e consolidação das ligações entre as célu
las nervosas. É fruto de modificações químicas e estruturais no
sistema nervoso de cada um, que exigem energia e tempo para
se manifestar. Professores podem facilitar o processo, mas, em
4646
última análise, a aprendizagem é um fenômeno individual e pri
vado, e vai obedecer às circunstâncias históricas de cada um
de nós (COSENZA & GUERRA, 2011, p. 38).
3 Uma avaliação da aprendizagem deve ser realizada a partir dos 7 anos de idade, quando
a criança já está inserida na escola. Precisa ser realizada por uma equipe multidisciplinar,
liderada por um médico neuropediatra que entenda de transtornos da aprendizagem. Os
outros especialistas, como Psicopedagogos e Fonoaudiólogos, são profissionais que le
vantam hipóteses.
4 Estudo de como são feitas e desfeitas as ligações químicas no DNA e na cromatina. http://
ead.hemocentro.fmrp.usp.br/joomla/index.php/noticias/adotepauta/669-mecanismos-epi
geneticos. Acesso em: 24/06/2021.
4747
multifatoriais, dificultando o desenvolvimento intelectual, acadêmico,
profissional e social. Os sintomas aparecem nos primeiros anos da
infância, e em situações específicas de aprendizagem, tornando-se
perceptíveis com maior clareza na idade escolar.
4848
ria fonológica; de nomear pessoas, cores e objetos; não reconhecer
vogais com facilidade; evitar mostrar o que aprendeu; em situações
de leitura, omitir palavras, deixando o texto sem significado; e ainda
se confundir com algumas letras, como p, q, d, b. O melhor momento
para identificar este distúrbio é entre 8 e 10 anos, ou quando a criança
está no 3º ano do Ensino Fundamental.
4949
A Dislalia é um transtorno específico da articulação da fala, que
se caracteriza por problemas relacionados à consciência fonológica, o
que pode ocorrer por fatores genéticos ou biológicos, os quais estão
relacionados também com as habilidades motoras, a discriminação
auditiva, fatores psicológicos e ambientais, podendo ser associada a
outros transtornos do neurodesenvolvimento. As características mais
evidentes, e que identificam a Dislalia, são os erros nas pronúncias dos
fonemas /r/; /s/; /l/; /k/; /z/; /ch/ por omissão, substituição ou distorção,
e ocorre pela incapacidade de formar ou pronunciar corretamente es
ses fonemas ou grupos deles.
5050
de vida, e, em algumas crianças, os sintomas aparecem logo após o
nascimento. A intensidade dos sintomas e as características são va
riáveis para cada indivíduo. Esse transtorno, de acordo com Forner
e Rotta (2016), caracteriza-se por perda do contato com a realidade,
decorrendo de dificuldade ou impossibilidade de comunicação, inabi
lidade para estabelecer contato afetivo e interpessoal, inflexibilidade
para rotinas e padrões ritualísticos verbais e não verbais.
Os transtornos e distúrbios mencionados podem ou não ser
acompanhados de comorbidades, o que torna o diagnóstico objeto de
análise e avaliação por uma equipe multidisciplinar, havendo a neces
sidade de posterior orientação para o desenvolvimento de ações e ati
vidades que possibilitem o desenvolvimento adequado, e uma melhor
qualidade de vida para as crianças acometidas por estas dificuldades.
5151
As reclamações dos professores, em geral, marcam questões
comportamentais, de atenção e de aprendizagem: “Não con
segue permanecer sentado por muito tempo”; “Pede para sair
da sala constantemente”;“Mostra-se distraído”; “Seu olhar está
sempre distante”; “Não se engaja nas atividades”; “Não copia
do quadro”; “Faltam letras e acentos”; “Seus textos não têm
sentido”; “Tem dificuldade de aprender”; “Não consegue ler”;
“Ninguém quer fazer trabalho em grupo com ele” etc. Esses
relatos muitas vezes sustentam a prescrição de medicamentos
para o controle da “hiperatividade”, da “impulsividade” e da
“desatenção”, “sintomas” característicos do que se conhece
tradicionalmente por TDAH (p. 18).
5252
Completando a tríade que compõe o TDAH, a impulsividade leva
a criança a buscar o prazer imediato, ela não consegue adiar uma gra
tificação para um momento futuro, não consegue esperar sua vez nas
brincadeiras, interrompe e se intromete nas conversas dos outros, e,
geralmente, fala o que lhe vem à cabeça sem um “filtro”. É precipitada
e dá respostas imediatas, sem reflexão. Muitas vezes, não consegue
deixar o outro concluir uma pergunta ou raciocínio, e responde no im
pulso. Essa precipitação ocorre pelo desajuste às situações imprevi
síveis, que vão criando uma tensão, até que não consiga se conter, e,
assim, executa a ação para sentir-se aliviada. Após a ação precipitada,
pode ocorrer o sentimento de culpa por não ter controlado o impulso.
5353
de superar limites com respeito às suas capacidades. Isso é colocar
a afetividade da educação em seu lugar de importância. Logo, o afeto
desenvolve a cognição, e isso requer ação e movimento.
5454
de interação e de socialização, é o lugar onde a aprendizagem se
desenvolve em todas as suas dimensões.
5555
veis foram explorados e ainda o são, como as aulas de ensino remoto,
materiais impressos, recursos como livros digitais, plataformas de ativi
dades lúdicas e as ferramentas digitais, em geral. Estas são tratativas
que se tornaram necessárias, pois o processo de isolamento ainda con
tinua, embora, aos poucos, as aulas presenciais estejam retornando.
No entanto, o desgaste psicológico e o estresse causados em decor
rência da pandemia foram impactantes para todos. Nesse cenário, as
desigualdades sociais ficaram ainda mais evidentes no que se refere
ao acesso de recursos tecnológicos. As escolas públicas, por meio da
impressão de materiais didáticos com entrega domiciliar e com aulas
on-line, conseguiram alcançar grande parte dos alunos, contudo as
crianças que, por alguma razão, ficam desacompanhadas na sua rotina
escolar, tiveram a sua aprendizagem estagnada ou até em retrocesso.
No período em que as escolas estiveram fechadas e as aulas
foram totalmente on-line, as crianças, com desenvolvimento típico, se
guiram cada uma a seu ritmo, alguns assistindo a todas as aulas e
realizando as atividades, ao passo que outros se recusavam a abrir
a câmera do computador ou do celular, o que é compreensível, prin
cipalmente se estiverem na pré-adolescência ou adolescência, mas
seguiram atendendo as propostas das escolas, respondendo às orien
tações dentro do possível. E, assim mesmo, muitos alunos não con
SUMÁRIO seguiram acompanhar, se dispersaram, ficaram cansados e irritados.
5656
Para as crianças que já realizavam algum acompanhamento
especializado com psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, psi
comotricistas e terapeutas, devido à impossibilidade de ser realizado
o atendimento presencialmente, ainda que por um curto período, hou
ve algum atraso. Contudo, por tratar-se de atividades desenvolvidas
individualmente, os profissionais foram retomando suas sessões e,
aos poucos, conseguiram dar continuidade ao acompanhamento das
crianças, embora não saibamos o quanto esses tempos possam ter
afetado o emocional das crianças, já que transtornos ou distúrbios ge
ralmente têm como sintoma a autoestima abalada, depressão, ansie
dade, e, por se sentirem diferentes, esses estudantes têm problemas
em se relacionar com as outras crianças.
5757
conhecimentos adquiridos nesses tempos. Primeiramente, foi a adapta
ção do que se fazia em sala de aula para o ensino remoto, e, ao mesmo
tempo, foi-se buscando novos conhecimentos, incluindo as câmeras de
vídeo dentro das salas de aula e os aplicativos, dentre outros recursos.
5858
dades, que também possuem necessidades diferentes, exclusivas para
cada caso. A autoestima baixa, a depressão, o estresse e o isolamento
do grupo são comuns aos casos, pois a criança superdotada também
pode sentir que não pertence ao grupo, inibindo a sua participação nas
aulas para não se sobressair aos demais, negligenciando suas aptidões.
É da natureza humana a curiosidade, o desejo de aprender, e cada um, a
seu modo, constrói seus conhecimentos. Para Maturana e Varela (2005),
5959
REFERÊNCIAS
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art.br/ojs/index.php/teste/article/view/54>. Acesso em: 01/ maio/ 2021.
SUMÁRIO
6161
Capítulo 3
6363
INTRODUÇÃO
6464
cultural, cognitivo, afetivo - entre os envolvidos nos processos de ensinar
e de aprender, enfatiza-se, sobremaneira, a importância da análise, dis
cussão e reflexão a respeito do lugar e do papel da relação pedagógica.
6565
Os professores que constituíram a amostra foram oito, sendo
um professor e sete professoras, com faixa de idade entre vinte e cin
co e cinquenta e cinco anos, cuja formação de cinco professores é a
Pedagogia, uma em Letras Português/Inglês, uma em Matemática e
Química e ainda há outra profissional formada em Ciências Sociais
e Pedagogia. Todos eles possuem Especialização nas áreas em que
atuam. Em relação ao nível de ensino em que atuam, duas professoras
trabalham na Educação Infantil, três no Ensino Fundamental, em séries
iniciais, e três nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Na sequência, o texto está composto pelas seguintes partes:
levantamento e análise das questões fundantes dessa produção a
partir da compreensão de autores; análise e discussão dos dados
coletados com os profissionais da escola; considerações em relação
ao objetivo do texto.
6666
Em se tratando do cenário educacional, a pandemia exigiu uma
reinvenção do ensinar. Novas metodologias, novas ferramentas, prin
cipalmente tecnológicas, tiveram que ser incorporadas às atividades
pedagógicas. Toda comunidade escolar teve que se adaptar ao mo
delo híbrido de ensino, mesmo sem o preparo suficiente das gestões
educacionais e dos profissionais de educação. Também os espaços
de ensino, para a atuação dos professores nas escolas, foram instala
dos nas casas dos profissionais.
6767
em nossa vida. A aproximação do tecnológico e o afastamento do
ambiente escolar acentuaram essas dúvidas e incertezas no contexto
educacional. A percepção que temos é de que o que afirmava Goergen
se configurou na produção e reprodução de conhecimentos, em detri
mento do sentido humano e social da ciência e tecnologia.
6868
ções, é progressivamente considerada insuficiente e repleta
de carências. Em vários âmbitos dos sentires e dos fazeres
humanos, que intencionalmente reforçam a instrumentalização
e os conhecimentos voltados para fins técnicos, se reconhe
cem limites e insuficiências. As ciências, sejam as naturais, as
sociais ou as humanas, reconhecem que seu desenvolvimento
ultrapassa a forma racional, linear e amparada em base unifi
cada, pois o pensamento que simplifica também promove um
conhecimento fragmentado, e este alimenta um pensamento
simplificador (pp. 1245-1246).
6969
Em consonância com ele, Nussbaum (2015) enfatiza que:
Educação é para gente. Antes de podermos planejar um siste
ma educacional, precisamos entender os problemas que en
frentamos para transformar alunos em cidadãos responsáveis
que possam raciocinar e fazer uma escolha adequada a res
peito de um grande conjunto de temas de importância nacional
e internacional (p. 143).
7070
A vida afetiva apresenta certas particularidades essenciais que
necessitam ser conhecidas por todos os que possam estar em
relação com estas crianças ou adolescentes, a fim de que pos
sam entender melhor a maneira como se processam estas re
lações de afetividade em relação ao seu desenvolvimento e de
que maneira estas estão influenciando nos processos de ensino
e da aprendizagem.
7171
ca. As perguntas elaboradas para alcançar o objetivo de investigação
foram: (1) Quais os principais impactos do período de pandemia nos
processos de ensinar e de aprender na escola? Destaque e comente,
ao menos, um desses impactos que você vivenciou e precisou enfrentar;
(2) Nesse período de pandemia, em que grande parte das atividades
escolares se realizaram no formato virtual, você observou que a relação
pedagógica com os seus alunos se manteve de igual forma em relação
ao período presencial?; (3) Você verificou que o distanciamento físico
dos alunos comprometeu os vínculos com eles? O que você fez para
manter a relação pedagógica com seus alunos? Essa foi uma preocu
pação sua? Sim, não, por quê? Posicione-se a respeito; (4) Esse período
de pandemia, de distanciamento dos alunos, da adoção de outras for
mas de ensinar que não as presenciais, lhe permitiram aprendizados? O
que você considera que tenha sido um aprendizado em relação a como
encaminhar os processos de ensino com os seus alunos?
Os 8 participantes da pesquisa, que nos permitiram uma aproxi
mação com o contexto escolar e as vivências dos profissionais nesse
período de pandemia, foram professores da rede municipal e estadual
de uma cidade serrana catarinense, sendo 7 do sexo feminino, com
os seguintes nomes fictícios em prol do sigilo ético de divulgação dos
dados: Ana, Lívia, Andrea, Cátia, Denise, Érica e Marina. E um do sexo
SUMÁRIO masculino denominado Marcelo. Possuem entre 28 e 53 anos de ida
de, e atuam na profissão de 5 a 20 anos.
7272
Por meio das questões, foi possível verificar que, mesmo atuando
em diferentes níveis de ensino, os professores possuem percepções,
sentimentos e compreensões semelhantes sobre o seu papel na relação
pedagógica e os impactos nessa relação, causados pelas novas organi
zações e regras de distanciamento devido à pandemia de COVID-19. A
análise de dados foi baseada na análise de conteúdo de Bardin (2011),
utilizando a análise qualitativa do tipo classificatória das respostas de
perguntas abertas do questionário, viabilizando o cruzamento de ele
mentos como a percepção e relação psicológica e emocional dos parti
cipantes com as condições de trabalho em que se encontram.
SUMÁRIO
OS PRINCIPAIS IMPACTOS DO PERÍODO
DE PANDEMIA NOS PROCESSOS
DE ENSINAR E DE APRENDER NA ESCOLA
7373
Gráfico 1 - Impactos da pandemia no processo de ensino aprendizagem.
7474
casa, bem como a pouca autonomia desenvolvida por eles. Aspectos
estes que desencadearam o sentimento de angústia e preocupação
com a continuidade e qualidade do processo de ensino-aprendiza
gem. Dados que justificam as preocupações dos participantes da in
vestigação foram encontrados por Tavares e Lisboa (2021), na pesqui
sa que visou pensar o papel da escola pública e das professoras
e professores nos processos de formação humana de crianças, jovens
e adultos no Brasil. Dos 27 estados, praticamente todos ainda não
possuem uma política sistemática de Ensino a Distância (EAD) que ga
ranta minimamente os direitos de acesso à educação dos alunos das
redes públicas municipais e estaduais de ensino, sendo que o EAD exi
ge a conexão com internet, e mais da metade da população não possui
conexão de qualidade e permanente, comprometendo diretamente o
acesso à informação, cultura e educação (TAVARES; LISBOA, 2021).
7575
presencial, para garantir a aprendizagem. Os dados que compõem
essa categoria encontram-se disponibilizados no Gráfico 2.
7676
relata que “os alunos com dificuldades e que mereciam mais atenção
não tiveram o êxito satisfatório na aprendizagem”, justifica-se que “a
interação aluno-professor, que ocorre no presencial, facilita muito o
entendimento dos conceitos mais complexos”.
7777
cepção Bioecológica do desenvolvimento de Bronfenbrenner (1996),
contribuindo para uma percepção mais contextualizada do aluno, con
siderando que a família e a escola são microssistemas nos quais ele
interage, e só será possível conhecê-lo integralmente se o professor
estiver atento ao seu mundo social, histórico, temporal e ambiental. A
partir desse reconhecimento, laços entre os sistemas serão gerados
de forma que favoreça os processos de ensino-aprendizagem (BRON
FENBRENNER, 2011; SANTOS, 2019).
COMPROMETIMENTO NO VÍNCULO
COM OS ALUNOS MOTIVADO PELO
DISTANCIAMENTO DURANTE A PANDEMIA,
SUMÁRIO E AS ESTRATÉGIAS DOS DOCENTES
PARA MANTER A RELAÇÃO COM ELES.
7878
gradual das atividades presenciais, este vínculo surge naturalmente, no
vamente”. Dados a respeito aparecem ilustrados abaixo, no Gráfico 3.
7979
Érica (EFII-EM) abordou um aspecto bastante relevante para o
estudo, descreveu que manteve contato virtual “quase que diariamen
te, mas muitos infelizmente se distanciaram a ponto de reprovarem ou
desistirem de estudar e optarem apenas por trabalhar”. Demonstrando
a importância da relação professor x aluno para sustentar a motivação
de aprender e permanecer na escola. Para Meirieu (1998, p. 86): “O
que mobiliza um aluno, o que o introduz em uma aprendizagem, o que
lhe permite assumir as dificuldades da mesma, ou até mesmo as pro
vas, é o desejo de saber e a vontade de conhecer. Sem esse desejo,
só a mecânica pode responder”.
8080
mais direto com os pais/responsáveis das crianças. Ana (EFII-EM)
utilizou de uma estratégia bastante pertinente, pois buscou “por meio
de aplicativos de redes sociais como: WhatsApp e TikTok interagir
de forma não só pedagógica, mas também dinâmica com os meus
alunos”, para, desta forma, se aproximar da realidade deles e “manter
uma relação pedagógica mais amigável”.
APRENDIZADOS NO PERÍODO
DE PANDEMIA COM A ADOÇÃO
DE OUTRAS FORMAS DE ENSINAR
DEVIDO AO DISTANCIAMENTO SOCIAL.
SUMÁRIO
A questão que possui maior variabilidade de respostas é em
relação às aprendizagens que os participantes da investigação consi
deram ter adquirido no decorrer do período de pandemia. Todos con
sideram que aprenderam algo, no entanto é uma questão que não
depende apenas do fator “pandemia”, mas que, somado às vivências
anteriores deles, gerou novas aprendizagens. Os dados que compõem
essa categoria encontram-se disponibilizados no Gráfico 4.
8181
Gráfico 4 - Aprendizagens dos participantes no período de pandemia
8282
vez mais complexa, e a outra é a inércia e rigidez do sistema educati
vo, que permanece burocrático e inflexível. As mudanças não podem
partir da iniciativa isolada dos professores, é necessário desenvolver
culturas colaborativas nas escolas (MORGADO, 2005).
8383
a direcionar o seu olhar para a realidade do aluno e sua família. Gomes
(2021) realizou uma pesquisa para refletir sobre as impressões quanto
ao ensinar e ao aprender em pandemia, sob a percepção de professo
res, pais e alunos de escolas privadas do Rio de Janeiro. Verificou que
os três papéis realizaram esforços para criar um ambiente de aprendiza
gem “minimamente funcional e, sobretudo, acolhedor”, transformando
essa experiência em uma “nova postura diante do processo de ensi
no-aprendizagem como um todo, e descobriram novas possibilidades
para ensinarem e aprenderem”, pois, assim como ensinar remotamente
não é uma tarefa fácil, aprender também não é. Certos dados se apro
ximam das percepções de Lívia e Denise, que relatam que, assim como
elas passaram a ensinar de uma forma à qual não foram formadas para,
os alunos precisaram se adaptar a uma nova forma de aprender.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
8484
nos processos de ensino-aprendizagem frente às novas demandas
educacionais, dentre elas: a adaptação às aulas remotas, com distan
ciamento físico e uso de ferramentas tecnológicas; seguir motivados
e motivando os alunos; acessar os alunos que não possuíam acesso
à internet; olhar e envolver as famílias na aprendizagem, garantindo
condições de qualidade no contexto domiciliar; e minimizar o impacto
de relações pedagógicas não presenciais.
8585
tais para que o conhecimento faça sentido para quem o media e para
quem o está construindo, chegando a números elevados de desmoti
vação, falta de interesse, repetências e evasão escolar.
SUMÁRIO
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1259, out./dez.: 2017.
SUMÁRIO
8888
as
Capítulo 4
Em tempos de confinamento,
os desafios em lidar com
competências socioemocionais nos
cursos de educação profissional
Simone Balsamo
4
Simone Balsamo
Em tempos de confinamento,
os desafios em lidar com as
competências socioemocionais nos
cursos de educação profissional
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.89-108
Em meados de março de 2020, iniciou-se um cenário de pan
demia de Covid-195, onde, repentinamente, o mundo teve que se “re
inventar” e se adaptar conforme as medidas sanitárias de proteção
básica, sob recomendação da OMS6. Uma das prevenções a esta
doença foi o distanciamento social, no qual as pessoas não deveriam
se aglomerar, em especial em ambientes fechados, sendo este um
dos motivos para as escolas trabalharem com aulas remotas (on-line).
Diante desta situação atípica, as escolas, os docentes, os alunos e a
comunidade, em geral, tiveram que se adaptar às estratégias educa
cionais impulsionadas pela tecnologia.
5
A Covid-19 é uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus, SARS-CoV-2, po
tencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. Disponível em: <
https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/o-que-e-o-coronavirus>. Acesso em: jul. 2021.
6 OMS: Organización Mundial de La Salud. Disponível em: <https://www.who.int/es/emer
gencies/diseases/novel-coronavirus-2019/advice-for-public>. Acesso em: jul. 2020.
9090
De acordo com o sociólogo e filósofo Edgar Morin, em entrevista
cedida ao Le Monde, em abril de 2020:
Vivemos numa sociedade na qual as estruturas tradicionais de
solidariedade se degradaram. Um dos maiores problemas é
restaurar as solidariedades entre vizinhos, entre trabalhadores,
entre cidadãos... Com as restrições que sofremos agora, as so
lidariedades vão ser reforçadas, por exemplo, entre os pais e os
filhos que não estão indo às escolas. As possibilidades de con
sumo vão ser reduzidas e podemos aproveitar a oportunidade
para repensar o consumo desenfreado ou, melhor dizendo, a
dependência, o “consumo drogado”, essa intoxicação concer
nente a produtos sem utilidade real e substituir a quantidade
pela qualidade (MORIN, 2020).
9191
outros fatores geradores de conflito. O isolamento social promoveu um
aumento considerável desta violência, por não permitir interação social
e potencializar questões particulares.
9292
biente social, conforme critérios de funcionalidade que incluem
(Del Prette & Del Prette, 2001):
9393
Diante de várias interpretações, Neves e Damiani (2006, p. 8)
afirmam que, para Vygotsky (1982), o sujeito é ativo, ele age sobre o
meio. Para ele, não há a “natureza humana”, mas a “essência huma
na”. Somos os “primeiros sociais”, e depois nos individualizamos. Em
característica e aspectos moldados pelas experiências sociais experi
mentadas durante a jornada do desenvolvimento humano, com suas
individualidades e particularidades, bem como com as características
pessoais e de valor do indivíduo.
9494
Com o surgimento de relatos de muitas questões comporta
mentais, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),
através da figura e orientação pedagógica do orientador educacional,
viu a necessidade de criar um projeto para lidar e conduzir as mais
adversas situações de violência e transtornos emocionais no âmbito
escolar, em especial aqueles decorrentes ou agravados por “trans
tornos emocionais”. Assim, o “Programa Dimensão 360” foi instituído
pela Gerência de Educação do SENAI, constituído por uma rede de
apoio para o enfrentamento de ocorrências dessa natureza nas uni
dades escolares. A dificuldade em compreender que as diversidades
enriquecem e promovem experiências nos aspectos socioemocio
nais, como resultado de não entender as diferenças entre as pes
soas, se observa nos atos de violência dirigidos a si ou aos outros,
como uso de substâncias psicoativas, suicídio, bullying, e, em casos
extremos, a chacina ocorrida no município de Suzano-SP, ocorrida
em 13 de março de 2019, na Escola Estadual Professor Raul Brasil.
9595
ros é algo, em certa medida, reconfortante para alguns, porque dilui
responsabilidades, e evidencia que somos impotentes diante dos fatos.
9696
mandou, depois da aula, um vídeo tocando violino. [...] Essas
demonstrações de carinho por parte dos alunos fazem a dife
rença neste momento tão difícil”8 (BALSAMO, 2020, p. 135).
8
Depoimento por e-mail realizado dia 25 jun. 2020, no SENAI Mario Amato, localizado em
São Bernardo do Campo – SP.
9797
De acordo com a BNCC9 (Base Nacional Comum Curricular):
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pe
dagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de
competências. Por meio da indicação clara do que os alunos
devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “sa
ber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores para resolver demandas com
plexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do
mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece
referências para o fortalecimento de ações (BNCC, 2020, p. 15).
• Técnico em química,
• Técnico em plásticos,
9898
desse conta de particularidades desta abordagem. O questionário foi
aplicado em maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19, onde se
obteve o número de 391 pessoas, e, em setembro do mesmo ano, uma
segunda sondagem de 154 respondentes que optaram por responder
às questões que envolviam suas possíveis “desordens emocionais”.
Estas perguntas abordam sobre como os alunos estavam referentes
às suas emoções, divididas entre: ansiedade, tristeza, medo, irritabili
dade e stress, além de “nenhuma destas opções”.
Tentativa de
Nenhum Ansiedade Irritabilidade Depressão Pânico Automutilação Bullying
Suicídio
9999
Destes 154 respondentes, apenas nove não relataram nenhu
ma situação relacionada a “desordens emocionais”, e, curiosamente,
todos estes declarados como sexo masculino, conforme a tabela 02
apresenta abaixo:
Universo da %
Universo da Sondagem Vs. “Desordens emo % “Desordens
Sondagem 1 Sondagem 2 cionais” declaradas emocionais”
Resp. “desordens
na sondagem 2 na sondagem 2
emocionais”
Feminino 188 86 45,7 86 100%
Masculino 203 68 33,5 59 13,2%
Total 391 154 39,4 145 94%
Fonte: A autora.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
100100
A interação é muito importante para criar um vínculo afetivo no
processo de ensino e aprendizagem, e, com as aulas remotas,
fica mais difícil ter esses laços, porém na experiência do con
texto escolar, somada à pessoal, os docentes redefinem suas
estratégias e métodos de desenvolver a prática pedagógica
(BALSAMO, 2020, p. 131).
101101
Em setembro de 2020, com a segunda sondagem sobre as
emoções dos alunos durante os últimos três meses, se destacou que
a maioria dos respondentes estava com ansiedade e, consequente
mente, estresse diante do cenário em que estão vivendo. Alguns estão
com irritabilidade, moderada tristeza e poucos têm medo.
102102
Figura 3 – Resultados sobre se tiveram acompanhamento
de algum profissional nos últimos três meses.
Algumas respostas:
103103
“Proximidade com familiares, pois, nesse momento, pude per
ceber a importância de preservar as pessoas que gostamos e
também protegê-las”.
104104
CONSIDERAÇÕES FINAIS
105105
O autor ainda conclui:
Que fique bem claro, precisamos de uma solidariedade nacio
nal que é essencial, mas se não compreendermos que é preciso
uma consciência comum do destino humano, se não ampliar
mos os laços de solidariedade, se o pensamento político não
mudar, a crise de humanidade se agravará cada vez mais. A
mensagem do vírus é clara. Pior para nós, se não quisermos
entendê-la (MORIN, 2020).
10
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educa
ção nacional (LDB). Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394com
pilado.htm>. Acesso em: 1 jul. 2021.
106106
O desenvolvimento das competências socioemocionais está
definido em legislação, sendo proposta a construção de um projeto de
vida aos alunos, embasados em autoconhecimento, para identificar as
habilidades e potencialidades, favorecendo os aspectos emocionais,
e tendo uma melhoria em sua qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
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108108
Capítulo 5
Adriano Moro
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.109-139
INTRODUÇÃO
110110
pessoas têm vivido um contexto de medo e insegurança constantes, e
convivência intensa com o grupo familiar. Nesse contexto, não raro, há
dificuldades de autorregulação e de autopercepção de seus estados
emocionais. Há o aumento da irritabilidade e de episódios de conflitos,
gerando maior estresse no cotidiano.
111111
Durante a pandemia, nos sentimos mais esgotados, mais do
que de costume. O home office ou estudo remoto cansa, ainda mais
do que trabalhar na escola ou escritório. É extenuante trabalhar ou es
tudar sozinho, passar o dia todo sentado de pijama na frente da tela do
computador até bem tarde da noite. Também nos esgotamos com as di
versas lives, solicitações pelas mensagens instantâneas, informações
chegando a todo momento nas redes sociais. O prolongamento desse
período de pandemia gera exaustão física e mental, chamada de “fadiga
pandêmica”, que é quando se sente um cansaço constante, como se “a
bateria não carregasse mais”. Não nos recarregamos também pela falta
de contatos sociais, de abraços e de contato corporal com os outros.
112112
Recentemente divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), os resultados da
pesquisa “Resposta educacional à pandemia de COVID-19 no Brasil
(2021)” trouxeram dados sobre os impactos e as respostas educacio
nais decorrentes da pandemia. O estudo foi realizado entre fevereiro
e maio de 2021, por meio de um questionário vinculado à etapa do
Censo Escolar 2020.
Ao todo, 94% (168.739) das escolas responderam ao questio
nário. Deste total, 97,2% (134.606) e 83,2% (34.133) são escolas das
redes pública e privada, respectivamente. De acordo com os dados
analisados, 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as ativida
des presenciais, e 90,1% não retornaram às atividades presenciais no
ano letivo de 2020. As escolas públicas sentiram uma necessidade
maior de fazer a adequação. Pouco mais de 53% delas mantiveram o
calendário. Por outro lado, cerca de 70% das escolas privadas segui
ram o cronograma previsto.
113113
presencial, 43,4% disponibilizaram equipamentos, como computa
dor, notebooks, tablets e smartphones aos docentes, e 15,9% viabi
lizaram o acesso gratuito ou subsidiado à internet em domicílio para
seus estudantes. Por outro lado, na rede municipal, 53,7% fizeram o
treinamento, 19,7% disponibilizaram tais equipamentos e 2,2% pos
sibilitaram o acesso à internet (INEP, 2021).
114114
dos, pessoas que são vistas com menor frequência, quase estranhos
com quem se compartilha alguma familiaridade, como, por exemplo,
os colegas na escola. Amigos mais distantes, colegas e conhecidos
casuais, podem ser tão importantes ao bem-estar como a família, par
ceiros românticos e amigos íntimos. Por meio dos laços fracos, nos
conectamos a outras realidades, oportunidades e somos expostos a
novas possibilidades de inovar, de exercitar a empatia.
115115
com as de renda mais altas. Os fatores que mais afetaram o adoeci
mento mental das crianças foram o nível de renda e a psicopatologia
dos pais. Os autores identificaram ainda que 20% das crianças dor
miam depois da 1h da manhã em dias da semana, e que, em média,
elas ficavam oito horas por dia nos aparelhos eletrônicos.
116116
Tais estudos mostram que, em 2020, eles se sentiam ansiosos,
tristes, cansados, estressados e sobrecarregados. Não surpreende
um dado que indica que estavam mais preocupados com a saúde
de suas famílias e com o bem-estar dos alunos do que com a própria
saúde física e mental. Tudo isso preocupa, ainda mais pelo fato de que
poucos afirmam que receberam suporte emocional.
SUMÁRIO
O PLANEJAMENTO PARA O RETORNO
DAS AULAS PRESENCIAIS
117117
Alguns estudantes demonstram medo de sair de casa e voltar à
escola, algo agravado pela pandemia (“síndrome da gaiola”). Jovens co
meçaram a trabalhar ainda que informalmente para ajudar suas famílias,
e há também o receio de retornar, porque sabem que não aprenderam
e temem as avaliações e as demandas de estudos. Isso indica a impor
tância de se atuar para reconstruir o vínculo do estudante com a escola.
118118
planejamento das relações com intencionalidade, com a criação de
espaços institucionais de diálogo e apoio que sinalizem claramente
que as pessoas, os sentimentos, o bem-estar e cuidado são valores
para a escola. É preciso, portanto, que a escola busque informações
para fazer um diagnóstico adequado, e que conheça, o quanto possí
vel, as diversas realidades vividas por seus atores, suas percepções,
seus sentimentos, de modo a investir na melhoria do clima escolar e
no acolhimento a todos de forma respeitosa, justa e generosa.
119119
Nos Estados Unidos, um dos países pioneiros no desenvol
vimento das investigações sobre o clima escolar, há diferentes con
ceitos e, por vezes, complementares conceituações. Uma definição
comumente citada de clima escolar é “a qualidade e consistência das
interações interpessoais dentro da comunidade escolar que influen
ciam o desenvolvimento cognitivo, social e psicológico das crianças”
(Haynes et al., 1997, p. 322).
120120
ção, que melhoram significativamente o desenvolvimento acadêmico,
social, emocional, cívico e moral (ROSS, et al., 2020).
121121
sos a prestar atenção ao aprendizado ou às necessidades de outras
pessoas. O estresse limita a memória de trabalho. Por outro lado, as
emoções positivas afetam o bem-estar mental e físico, e ajudam na
retenção de conhecimento (OSHER, et al. 2020).
Na perspectiva de Kraft e Falken (2020), o clima escolar consiste
em uma constelação de características organizacionais que moldam as
experiências de professores e alunos. O clima escolar forte caracteriza-se
por liderança de apoio, colaboração de professores, altas expectativas
para os alunos e um compromisso coletivo para apoiar a aprendizagem
dos estudantes. A docência é uma carreira social, e os relacionamentos
que os professores têm com aqueles que apoiam o seu trabalho em sala
de aula - gestores e colegas - influenciam fortemente a satisfação e o
sucesso dos professores (KRAFT & FALKEN, 2020).
122122
de participação e de resolução dialógica dos conflitos, proximidade
dos pais e da comunidade, uma boa comunicação, senso de justiça
(as regras são necessárias e obedecidas e as sanções são justas),
um ambiente estimulante e apoiador, centrado no aluno, no qual os
indivíduos se sentem seguros, apoiados, engajados, pertencentes à
escola e respeitosamente desafiados (FREIBERG, 1998, 2005; BRU
NET, 2001; COHEN et al., 2009; DEBARBIEUX et al., 2012; SHER
BLOM et al., 2006; VINHA et al., 2017).
Isto posto, cabe aqui refletirmos: como podemos considerar o
clima escolar neste momento de pandemia, com as aulas remotas e/
ou híbridas? Como vimos anteriormente, diversos têm sido os esfor
ços, seja por parte das secretarias; ou equipes gestoras; corpo docen
te; familiares e estudantes para que o processo educacional – ainda
que considerando todas as dificuldades – que não são poucas – que
ele continue. Ou seja, o processo educativo deve continuar, e várias fo
ram as estratégias para que o ensino pudesse chegar até os estudan
tes. Nesse sentido, muitas escolas ainda estão trabalhando de forma
remota e outras em um modelo híbrido, portanto, temos alunos e pro
fessores participando do ensino e aprendizagem de suas casas, longe
dos muros da escola, e, assim, como poderemos pensar o clima?
123123
Diante disso, uma possível proposta de reflexão seria contem
plarmos o clima educacional. Ou seja, é plausível pensarmos, por
exemplo, na dimensão das relações. Isto é, como têm sido percebi
das, por alunos, professores, gestores e familiares, as relações inter
pessoais (alunos entre pares nas comunidades educativas virtuais;
entre alunos e seus professores na condução das aulas remotas; no
planejamento e organização das ações escolares entre professores
e gestores; no contato da escola com os pais e responsáveis pelos
alunos etc.). Outra admissível dimensão refere-se à relação com o
ensino e a aprendizagem: como os alunos e professores perceberam
o desenvolvimento das aulas on-line; a compressão, concentração,
motivação, organização e fixação por parte dos alunos no desenvol
vimento das aulas; como foi a organização dos ambientes virtuais, a
comunicação professor-aluno, escola-família etc.). Outra dimensão
diz respeito às questões emocionais (como os alunos e professores
se sentiram nesse período de distanciamento social, quais foram os
sentimentos mais presentes nesse período, como foram abordadas
as questões sobre ansiedade, medo, insegurança etc.). Ou seja, são
vários elementos que podemos contemplar para refletirmos o clima
educacional, quais foram e como foram trabalhadas as percepções
dos envolvidos na educação remota e/ou híbrida.
124124
Diante dessas considerações sobre as possíveis reflexões a
respeito do clima educacional, voltemos ao Clima Escolar, como foi
conceituado e operacionalizado para o estabelecimento de instrumen
tos de medida para o seu diagnóstico nas escolas brasileiras. Sem
dúvida, estas informações serão essenciais para o diagnóstico das
percepções no ambiente escolar neste retorno.
125125
escola acolhedora, segura e justa; do exercício constante do diálogo e
do trabalho coletivo; do cuidado com uma boa comunicação e trans
parência; do estímulo à participação estudantil e da comunidade nas
decisões da instituição (criação de comunidades democráticas), de
maneira a possibilitar o desenvolvimento da sociabilidade e do perten
cimento (COHEN, 2006, 2010; FREIBERG, 1998, 2005; THAPA, 2012;
THAPA et al., 2013; VINHA et al., 2017).
Refere-se às relações, aos conflitos e à percepção quanto à qualidade do tratamento entre os membros
2. As relações da escola. Abrange também a identificação pelos adultos das situações de intimidação e maus tratos
Aluno
sociais e vivenciadas nas relações entre pares, e a corresponsabilidade dos profissionais da escola nos problemas
os conflitos de convivência. A boa qualidade do clima relacional é resultante das relações positivas que ocorrem Professor
Gestor
na escola nesse espaço, das oportunidades de participação efetiva, da garantia do bem-estar, respeito e apoio
entre as pessoas, promovendo continuamente o sentimento de pertencimento.
3. As regras, as Esta dimensão diz respeito às percepções dos gestores, professores e alunos em relação às interven
Aluno
sanções e a ções nos conflitos interpessoais na escola. Abrange a elaboração, conteúdo, legitimidade e equidade
Professor
segurança na aplicação das regras e sanções, identificando também os tipos de punição geralmente empregados.
Gestor
na escola Compreende, ainda, a ordem, justiça, tranquilidade, coerência e segurança no ambiente escolar.
126126
4. As situações Esta
de intimidação dimensão trata da identificação de situações de intimidação e maus tratos nas relações entre pares
Aluno
e bullying percebidos pelos alunos e dos locais em que ocorrem
de
entre alunos
5. A família, a Refere-se à percepção da qualidade das relações entre escola, família e comunidade, compreendendo Aluno
o respeito, a confiança e o apoio entre esses grupos. Abrange a atuação da escola, considerando as ne
escola e a Professor
cessidades da comunidade. Envolve o sentimento de ser parte integrante de um grupo que compartilha
comunidade objetivos comuns. Gestor
6. A infraestrutura Trata-se da percepção da qualidade da infraestrutura e do espaço físico da escola, de seu uso, adequação Aluno
da rede física e cuidado. Refere-se a como os equipamentos, mobiliários, livros e materiais estão preparados e organi
e aescola Professor
zados, para favorecer a acolhida, o livre acesso, a segurança, o convívio e o bem-estar nesses espaços. Gestor
comrelações
7. As o trabalho Trata-se dos sentimentos dos gestores e professores em relação a seu ambiente de trabalho e às insti
tuições de ensino. Abrange as percepções quanto à formação e qualificação profissional, às práticas de Professor
estudos e reflexões sobre as ações, à valorização, satisfação e motivação para a função que desempe Gestor
nham, e ao apoio que recebem dos gestores e demais profissionais.
A gestão e a
8. participação Abrange a percepção quanto à qualidade dos processos empregados para a identificação das necessida
des da escola, intervenção e avaliação dos resultados. Inclui também a organização e articulação entre Professor
os diversos setores e atores que integram a comunidade escolar, no sentido de promover espaços de Gestor
participação e cooperação, na busca de objetivos comuns.
127127
tornando-se fundamental para uma reflexão conjunta com gestores e
professores, e para uma tomada de ações baseada em dados sobre
o que nós, da escola, percebemos.
128128
Os dados referentes ao diagnóstico do clima escolar, a partir
das diferentes perspectivas dos atores escolares, podem ser usados
para informar a tomada de decisão baseada em dados e evidências,
bem como para o monitoramento dos resultados das ações para me
lhoria do ambiente educacional. O uso dos dados do clima de forma
válida, confiável, articulando as diversas dimensões é fortemente en
corajado para o monitoramento contextual (BRADSHAW et. Al., 2021).
Nesse sentido, poderemos compreender nossos pontos fortes
(o que nossa escola já tem feito bem) e desafios atuais (nossas fragi
lidades percebidas por nossos alunos, professores e também gesto
res), o que permitirá o delineamento dos objetivos de toda a escola,
instrucionais e/ou relacionais, bem como estratégias de melhoria vin
culadas, e, em seguida, avaliar os ganhos e desafios contínuos.
129129
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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130130
entre outros; expressão por meio das artes e jogos cooperativos. Vale
a pena fomentar o protagonismo com os alunos mais velhos, por
meio dos grêmios, dos movimentos autônomos, dos coletivos, das
equipes de ajuda, de tutoriais etc.
Tais ações devem imprimir valores para mim e para os que estão
a minha volta, o que é imprescindível para dialogar e refletir sobre as
experiências vivenciadas, reconhecer e compartilhar os sentimentos -
o que poderá, inclusive, favorecer o autoconhecimento, promovendo
um clima positivo, justo, respeitoso e solidário para todos.
131131
tornos alimentares; mudanças bruscas, como o aumento ou diminui
ção das horas de sono; e sofrimento emocional acentuado e frequente,
como agitação progressiva, tristeza contínua, crises de choro constan
tes, medo excessivo; perda de funcionalidade, como a dificuldade de
manter a rotina de higiene pessoal, cansaço e desânimo excessivos,
incapacidade de se concentrar em atividades rotineiras e laborais.
132132
modações dos sentimentos, para que possamos operacionalizar um
diagnóstico do clima escolar.
Uma avaliação sobre o clima permite que cada indivíduo expres
se as suas impressões, vivências e sentimentos na e sobre a institui
ção de ensino. O conjunto das percepções de todos os indivíduos, na
escola, fornece um retrato do ambiente socioeducativo, possibilitando
um reconhecimento do que está acontecendo (seja dos pontos fortes,
seja também dos vulneráveis), e, com isso, se favorece a hierarquiza
ção das prioridades e das áreas para as quais os esforços de melhoria
e as intervenções sejam direcionados.
SUMÁRIO Vale destacar, diante de tudo que foi exposto, uma questão que
deve estar sempre no nosso horizonte ao refletirmos sobre o proces
so de melhoria de nossas escolas: Que tipo de escola nós queremos
que a nossa escola seja? Uma pergunta que parece simples, porém, é
cheia de significados. Nessa pergunta, há um disparador psicológico
intrínseco, na medida em que o enunciado da pergunta traz, implicita
mente, o convite ao reconhecimento e ao pertencimento àquela ins
tituição. Essa escola é NOSSA e todos NÓS, enquanto comunidade
escolar, QUEREMOS que ela seja cada vez melhor, ainda mais consi
derando o contexto de pandemia, de forma que todas as especificida
des contidas nas dimensões do clima, aqui apresentadas, possam ser
133133
refletidas e contempladas no constante movimento de melhoria de tudo
que envolve a instituição. Essas informações também contribuirão para
a melhoria da qualidade das relações e ao planejamento das ações e
constituição dos espaços referentes ao diálogo, escuta, participação,
expressão de sentimentos, apoio mútuo, entre outros fatores relaciona
dos ao bem-estar, cuidado, pertencimento e proteção na escola.
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139139
Capítulo 6
Educação, pandemia e
desigualdades: gestão em
tempos de mudanças
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.140-166
INTRODUÇÃO
141141
Em face do exposto, nossa pretensão neste capítulo é realizar
inicialmente uma abordagem sociológica para a compreensão das de
sigualdades sociais, que se avultaram sobremaneira na pandemia, e
que demandam reflexão, planejamento, políticas públicas e um olhar
atento de educadores. Na sequência, considerando o enfrentamento
de desafios emergentes da pandemia, apresentamos alguns conceitos
relacionados à gestão/administração, que, como parte de um sistema
complexo, de mudanças e de incertezas como as que vivemos, exige
tomadas de decisão rápidas, e determinadas competências de lide
rança, com vistas a minimizar conflitos e possíveis perdas observadas,
principalmente no cenário educacional.
AS DESIGUALDADES SOCIAIS
12
Cf. duas obras de Thomaz Marshall: “Cidadania, classe social e status” e “Política social”,
ambas publicadas pela Editora Zahar, em 1967.
142142
hodiernos, uma vez que, na obra de Marshall, pode ser observada
referência à desigualdade social, problema que ainda assola a rea
lidade brasileira, inserida em um contexto capitalista, o qual produz
notadamente a elevação do nível de pobreza, e, por consequência, a
vulnerabilidade social, isto é, a exclusão de grupos que são coloca
dos, cada vez mais, à margem da sociedade.
143143
dos apresentados pelo autor, o período de formação dos direitos civis
se deu no século XVIII, os direitos políticos no século XIX, e os direi
tos sociais no século XX. Contudo, cabe-nos considerar que há algum
entrelaçamento destes períodos, especialmente entre os dois últimos.
144144
quanto mais se concebe a riqueza como mérito, mais se está inclinado
a considerar a pobreza como prova de fracasso (MARSHALL, 1967).
145145
devem ser exercitados. De fato, essa teoria é essencial para a com
preensão dos fenômenos sociais ao longo da história. Todavia, é im
prescindível mencionar o contexto histórico, socioeconômico, político
e social em que este autor viveu quando escreveu sobre o bem-estar
social, cidadania e políticas sociais, isto é, em condições totalmente
diversas das que observamos em nosso país, principalmente se consi
derarmos aqui a lentidão e a gradatividade do processo democrático.
Esta argumentação se faz necessária para que não corramos o equívo
co de generalizar o discurso marshalliano, sem levar em conta as suas
especificidades, principalmente porque Marshall acreditava que a con
quista da cidadania, a partir dos direitos civis, políticos e sociais, seria
um instrumento regulador da sociedade de classes, o que, podemos
afirmar, é algo utópico por dois aspectos: primeiro, porque é preciso ter
consciência dos conflitos entre os princípios de igualdade, pretendidos
pelos direitos sociais, e as reais desigualdades, próprias do capitalismo
e da estratificação social de cada país; segundo, porque a classe domi
nante simplesmente não permitirá uma igualdade absoluta de direitos
com as classes populares. Trata-se, pois, de um processo de interface
de contrastes, no qual as diferenças são desprezadas e excluídas.
146146
política, educação e renda, políticas públicas, demografia e mercado
de trabalho. Os textos apresentam estudos comparativos relativos
aos últimos cinquenta anos, e fazem referência às desigualdades de
renda, à estrutura familiar, aos níveis de escolaridade, à urbanização,
à saúde, à inserção da mulher no mercado de trabalho e nas univer
sidades, assim como aos rearranjos familiares em função dessa in
serção, ao ingresso, ainda tímido, de pretos e pardos nas instituições
de Ensino Superior, à desigualdade salarial entre homens e mulheres,
além de outros aspectos geradores da exclusão social. De acordo
com Arretche (2015), o termo desigualdade...
[...] ainda é excessivamente abstrato. No mundo social existem
múltiplas desigualdades: entre pobres e ricos, entre mulheres
e homens, entre categorias de raças, as quais, por sua vez, se
manifestam na renda, no acesso a serviços, na participação po
lítica. [...] o fenômeno da desigualdade é muito mais complexo
do que apenas sua dimensão monetária. Portanto, entender a
desigualdade requer examinar suas múltiplas dimensões (p. 6).
147147
mento do sistema capitalista, e não uma falha deste. Em suas palavras,
“a sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da or
dem social desigual, o que implica o caráter ilusório da inclusão” (p. 8).
148148
grupo em seu conjunto do que o indivíduo singular. Em consonância
com este autor, Habermas (2007) cita as competências do Estado, as
políticas de equiparação de oportunidades e as ações protecionistas
das minorias. A análise da inclusão exige, pois, que tenhamos em
mente o complexo processo de exclusão e de desigualdades, um
tema associado intimamente ao modo de produção capitalista, que
se coloca em debate há muitos anos, e vem se acentuando de forma
significativa nas últimas décadas, sobretudo na atualidade, em tem
pos de pandemia como os que estamos vivenciando.
149149
representada pela criação de espaços participativos e pela garantia do
respeito às diferenças individuais, bem como à pluralidade dos grupos.
A liberdade do sujeito é o princípio central sobre o qual se as
senta a democracia e esta não pode reduzir-se a um laissez-faire
cultural, à tolerância generalizada, pois uma política puramente
negativa culminaria na completa fragmentação da sociedade,
noutras palavras, no agravamento das desigualdades e da se
gregação. A defesa da liberdade deve ser ativa, garantir a igual
dade de oportunidades, criar as condições do reconhecimento
mútuo e fazer aparecer também a consciência de se pertencer
a uma sociedade livre (TOURAINE, 1998, p. 240).
150150
A EDUCAÇÃO E AS DESIGUALDADES
SOCIAIS NA PANDEMIA
151151
Tais aspectos têm sido trazidos à tona de maneira muito ex
pressiva, desde o início da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Como fica a questão das desigualdades, escancarada na educação,
se pensarmos nas dificuldades do ensino remoto, que esbarra exata
mente na falta de acesso à internet, como aponta Kenski?
152152
nacionais de avaliação, independentemente do segmento educacio
nal, seja na Educação Básica, seja no Ensino Superior.
São muitos os vieses existentes neste período de mudanças de
correntes da pandemia. A seguir, interessa-nos trazer para esta discus
são as ações sob a perspectiva da gestão, quando esta se encontra in
serida em um ambiente de transformações, que demandam alternativas
rápidas, e que deem conta dos problemas que nos são apresentados.
GESTÃO E EDUCAÇÃO
EM TEMPOS DE MUDANÇA
(Edgar Morin)
153153
Este gestor deve exercer a liderança da equipe, coordenando os
esforços na consecução de tarefas, com o objetivo de entregar melho
res pessoas à sociedade, de modo a facilitar o processo de ensino e
aprendizagem para que professores e professoras consigam desem
penhar o seu papel, fomentando e maximizando, assim, a promoção
do conhecimento, dentro de suas diversas matizes na unidade escolar.
ADMINISTRAÇÃO OU GESTÃO?
154154
Um dos grandes segredos da gestão é tentar obter o melhor
resultado com a sua equipe com um mínimo de recursos. Neste caso,
passamos ao objetivo de qualquer empresa, organização ou institui
ção, mas qual o objetivo de uma empresa?
Com base no senso comum, uma provável resposta, usual
para o capitalismo, seria a de que o objetivo de uma organização é ter
lucro. Contudo, podemos melhorar esta questão se a ela atrelarmos o
Triple Botton Line, ou o tripé da sustentabilidade, no qual observamos
as esferas Social, Ambiental e Econômica. Podemos perceber que o
lucro, ligado ao fator econômico, é apenas uma perna que deixa de
pé uma empresa, mas somente isto não é suficiente para uma orga
nização ser perene. Temos que pensar em sua manutenção ao longo
do tempo. Portanto, em uma definição mais ampla, dizemos que uma
instituição tem como objetivo maior a sua perpetuação com susten
tabilidade, com vistas ao meio ambiente, à sociedade e também a
resultados financeiros positivos.
155155
das mudanças, o que pressiona o gestor por desempenho, tomadas
de decisão, gestão de recursos e equipes.
SUMÁRIO Incerteza na gestão moderna é outro item que precisa ser con
siderado nas decisões do gestor, pois o líder consegue ponderar os
impactos e probabilidades, mensurando o risco e adotando a decisão
de maior ganho ou menor perda individual ou coletiva. No entanto, na
incerteza, temos casos únicos que podem ser chamados de ‘cisnes
negros’, assim como mencionado por Nassim Tale, em seu livro de
mesmo nome. Cisne Negro, segundo Taleb (2015), são eventos atí
picos e não previstos, que podem ser positivos, como invenções ou
inovações que fomentam a evolução da sociedade, ou negativos como
guerras, epidemias, desastres naturais, entre outros.
156156
Estamos inseridos, também, em ambientes complexos com
múltiplas variáveis. Não observamos mais uma dualidade somente no
espectro decisório, pois temos um amálgama de decisões multiface
tadas. A Teoria da Complexidade nos leva à compreensão de que não
existe linearidade certa, como explica Morin (2000):
[...] a necessidade de pensar em conjunto na sua complemen
taridade, na sua coerência e no seu antagonismo as noções
de ordem, de desordem e de organização obriga-nos a res
peitar a complexidade física, biológica, humana. Pensar não é
servir às ideias de ordem ou de desordem, é servir-se delas de
forma organizadora, e por vezes desorganizadora, para con
ceber nossa realidade [...]. A palavra complexidade é palavra
que nos empurra para que exploremos tudo e o pensamento
complexo é o pensamento que, armado dos princípios de or
dem, leis, algoritmos, certezas, ideias claras, patrulha no ne
voeiro o incerto, o confuso, o indizível (pp. 180-181).
157157
Uma boa analogia para entendermos o caso da Liderança Situa
cional é aquela em que exercitamos a liderança democrática e debate
de forma reflexiva de todas as decisões com a equipe, porém, se esti
vermos no quarto andar de um prédio em chamas, não teremos tempo
de sentar e debater de forma reflexiva com a equipe qual a melhor
alternativa a se adotar. Teremos que confiar em nossa experiência e
feeling para adotar a melhor forma de sair daquela situação.
158158
Observamos estas características de liderança dentro da Ges
tão Ágil, e um dos principais frameworks deste tipo de gestão é a Lide
rança Antifrágil, que, de forma sintética, podemos dizer que é o líder
que oferece melhores resultados para a equipe em momentos de crise.
SUMÁRIO
Fonte: elaborado pelos autores.
159159
Neste momento, traçamos aqui um paralelo com a gestão, em
bora cientes de que uma unidade escolar não é uma fábrica, e alunos
não são produtos. Na educação, tem-se uma visão de que a unidade
escolar forma pessoas multifacetadas e com múltiplos saberes. Den
tro das diversas fases escolares, observamos um enorme impacto e
influência na vida futura dos alunos, o que, muitas vezes, moldará o
caráter e a ética nas relações destas pessoas na sociedade. A gestão
da unidade escolar, enquanto trato junto aos docentes, administrado
res e alunos, deve ser democrática e reflexiva, abrindo espaço para
a expressão máxima da comunidade escolar, e dando voz aos seus
anseios e desejos na construção e fomento do conhecimento.
160160
A Gestão Ágil, desde 2009, vem alterando a maneira de pensar
dos gestores em todas as áreas. Ser ágil não significa fazer com maior
velocidade ou mais rápido; ser ágil está ligado a se adaptar rapida
mente a mudanças, e entregar sempre maior valor ao cliente. Sob a
ótica de Welch (2003), não há nada mais ineficiente do que fazer mais
rápido aquilo que não precisa ser feito.
Figura 1 – SCRUM.
161161
calcada na área de sistemas e programação. O seu objetivo maior é
o de entregar um projeto de programa factível e atualizado no menor
prazo possível. Quando se pensa na entrega de um programa ou sis
tema, temos que considerar a rapidez com que as mudanças ocorrem.
Os programadores e gestores de projetos não poderiam ficar meses
trabalhando para entregar uma ferramenta, que no momento da sua
entrega poderia não ser mais útil, dada a desatualização. O Scrum
vem como resposta para a pergunta de como implementar uma me
todologia que fizesse sentido de entrega no prazo, e um sistema ou
programa atualizado para o contratante e para o fornecedor.
SUMÁRIO
162162
Em relação ao OKR, há um método de gerenciamento que foi
disseminado dentro do Google, e organizado através de objetivos
e resultados-chave que se almejam. Tem origem no acrônimo Ob
jectives and Key Results. Os resultados-chave podem ser encarados
como metas ou pontos de controle que auxiliarão o atingimento do
objetivo principal, podendo dividir um grande projeto em micro eta
pas, tendo indicadores-chave e pontos que levam à consecução do
principal objetivo do projeto.
163163
CONSIDERAÇÕES FINAIS
164164
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SUMÁRIO
166166
Capítulo 7
Valéria Arantes
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.167-188
SUMÁRIO
Viktor Frankl
168168
A pandemia de Covid-19 modificou, de maneira repentina, a ro
tina da maioria da população mundial. Para prevenir a transmissão do
coronavírus, o isolamento social foi recomendado por médicos e espe
cialistas, fechando-se escolas, universidades, academias, bares, lojas,
shoppings e demais locais cujo serviço é considerado não essencial.
Enquanto uns puderam migrar para o home office, outros ficaram desem
pregados. Muitos, ainda, não tiveram escolha senão continuar em seus
serviços presenciais e se expor ao vírus, como os motoristas de ônibus,
por exemplo. As aulas passaram a ser on-line, e parte do corpo estudan
til do país ficou de fora da migração para o ambiente digital, refletindo
e acentuando a desigualdade presente em nosso sistema educacional.
As mudanças, é claro, não foram só no trabalho, escola e la
zer, tampouco param na aquisição de máscara e no uso constante de
álcool em gel. Além das novidades facilmente reconhecidas quando
olhamos ao redor, a pandemia também tornou diários os temas não
tão concretos: o medo, o luto e a ansiedade. Viver com as notícias
sobre hospitais lotados, o aumento incessante do número de mortes,
a perda de pessoas queridas, sem a chance de se despedir, e ainda
com outros sofrimentos psicológicos, oriundos da crise sanitária, não
é uma situação para a qual um dia nos preparamos.
169169
Após três anos de enormes sacrifícios nos campos de concen
tração, apoiando-se em suas reflexões e observações, e acreditando na
importância delas, Frankl compreendeu que a busca de sentido na vida
é a principal força motivadora no ser humano. Aqueles que tinham cons
ciência sobre o “porquê” da sua existência, o motivo de não poder ser
substituído ou representado por outra pessoa, conseguiam suportar me
lhor a situação em que estavam, ainda que ela fosse carregada de dor.
170170
Quando as salas de aulas deixam de ser o ambiente onde as
trocas entre docentes e discentes acontecem, aqueles que possuíam
dispositivos eletrônicos com acesso à internet passam a ter aulas
remotas. As carteiras das instituições escolares foram substituídas
pelas cadeiras de casa, e o contato físico deu lugar às telas. Nesse
sentido, quem experimentou a educação remota, seja como aluno
ou professor, se viu diante de novas – talvez nem tão novas assim –
problematizações. Enquanto alguns questionam a eficácia das aulas
expositivas, outros contestam o sentido de uma avaliação que é fa
cilmente realizada com consulta, e não exige esforço intelectual. Os
alunos, privados do encontro com seus colegas e da divisão entre
o espaço acadêmico e o familiar, passam a ter, por outro lado, mais
liberdade sobre o que fazer durante os encontros síncronos. Os pro
fessores, por sua vez, se veem diante da necessidade e urgência em
aprender a usar recursos tecnológicos com os quais tinham pouca ou
nenhuma intimidade, além de muitos outros desafios.
171171
docente, relatando que se sentem determinados, confiantes, confor
táveis, felizes, esperançosos, otimistas e motivados, outros revelam
grande desânimo e baixas expectativas sobre o futuro, evocando sen
timentos de tristeza, preocupação, insegurança, angústia, ansiedade,
apreensão, medo, frustração e cansaço. Esse contraste nos lembra o
que Viktor Frankl observou nos campos de concentração.
172172
chamava de “vazio existencial”. Tendo o terapeuta o papel de mostrar
ao paciente que a vida nunca deixa de ter um sentido, a busca por ele
faz parte tanto de cenários habituais quanto de situações trágicas e
difíceis, incluindo o fim da vida.
15 Em seu livro, Frankl utiliza sentido (meaning) e propósito (purpose) como sinônimos.
16
Utilizamos o termo “projeto de vida” como tradução para purpose, conforme proposta justifi
cada por Araújo no prefácio do livro de William Damon: “O que o jovem quer da vida? Como
pais e professores podem orientar e motivar os adolescentes”, publicado no Brasil, em 2009.
Araújo explica que os significados de purpose e de projeto se aproximam por ambos desig
narem uma das condições para dar sentido ético à vida das pessoas e à sociedade. Com a
necessidade de qualificar esse projeto, de modo que ele se torne o centro dos interesses de
uma pessoa e seja constituinte de sua identidade, o complemento “de vida” (anteriormente
optou-se por “vital”) vem complementar o que Damon define como purpose.
173173
Ressignificando o que Frankl sinalizou como uma busca pela
autotranscedência, ou seja, por algo que esteja orientado e ordenado
para além de si mesmo, Damon incorpora o sentido ético à definição de
projeto de vida. Segundo ele, projeto de vida é “uma intenção estável
e generalizada de alcançar algo que é ao mesmo tempo significativo
para o self 17 e gera consequências no mundo além do self” (DAMON,
2009, p. 53). Sendo o professor Damon considerado, atualmente, o
autor mais relevante no mundo sobre projetos de vida, a definição dele
é bastante aceita e adotada entre os pesquisadores da temática.
Em seu livro “Purpose in Life - A Critical Component of Optimal
Youth Development”, publicado em 2014, Kendall Bronk faz um levan
tamento do estudo científico do conceito de projeto de vida (purpose).
A autora, membro do grupo de pesquisa do professor Damon, aponta
que a maioria das definições de projeto de vida, tanto as antigas como
as mais atuais, apresentam três elementos-chave: compromisso (com
mitment), direcionamento ao objetivo (goal-directedness) e significado
pessoal (personal meaningfulness).
17
Do inglês, a palavra self refere-se à dimensão do eu, das características individuais, persona
lidade e interesses do próprio sujeito. No presente texto, optamos por manter o termo original
pela falta de um vocabulário na língua portuguesa que expresse o mesmo significado.
174174
1. Estabilidade ao longo de certo período, ainda que possa sofrer
alterações e ajustes;
175175
ou incluir ações corajosas e arriscadas. Podemos encontrar projetos
de vida com sentido ético na rotina que permeia a vida comum, em
uma mãe que cuida de seu filho, em um professor que ensina seus
alunos ou em um médico que trata os seus pacientes.
176176
Mas esse assunto não mobiliza apenas os jovens. Muitos adul
tos se encontram desanimados com o caminho em que estão, e não
possuem a menor ideia de quem são ou do que querem fazer. E como
apontamos anteriormente, essa insatisfação não depende da ocupa
ção do adulto, mas relaciona-se com o que vem de seu íntimo. E com
os professores não é diferente.
Se, para muitos jovens, atuar em sala de aula não faz parte de
suas escolhas, temos também aqueles que abraçam a profissão do
cente, constroem longas carreiras, e sentem-se felizes e realizados com
suas escolhas. Apesar disso, é preciso reconhecer que, para além dos
sentimentos envolvidos, a escolha profissional é um processo comple
xo, que envolve aspectos culturais, econômicos, sociais, políticos etc.
177177
Muitas mulheres, no passado e ainda no presente – embora isso venha
mudando –, tornam-se professoras para ter uma fonte de renda e pela
jornada de trabalho, vislumbrando conciliar a profissão com os afaze
res domésticos e a maternidade. A grande presença de mulheres na
docência possui relação também com a crença popular de que elas,
por natureza, são mais aptas para essa função do que os homens. Às
mulheres ainda é delegado o papel de cuidadoras, o que constatamos
no uso frequente do vocativo “tia” em vez de “professora”.
178178
Da mesma forma que os jovens mencionados há pouco passam
por grandes períodos de questionamentos e autodescoberta, sem sa
ber o que querem ser, fazer e para quê estão aqui, uma situação seme
lhante foi relatada pelos docentes. Ao relacionarem a pandemia com a
falta de planos para o futuro, e trazerem discursos desesperançosos,
alguns docentes aparentam não ter encontrado um sentido para o que
fazem, sugerindo que se veem sem rumo.
179179
Também vimos professores justificando que planejam dedicar
-se a outros campos por estarem descontentes e desmotivados com a
área da educação: “Ando bem descontente com o entorno da educa
ção, o que vem me desmotivando muito. Tenho o desejo de sair da ins
tituição pública, e trabalhar a arte e educação vinculadas a minha outra
área de atuação, que é a clínica psicanalítica. [...] [Tenho] investido em
ferramentas para fortalecer a minha outra área de atuação”.
18
Aprimorando a definição apresentada por Piaget, Araújo (2007) apresenta que um valor é
aquilo sobre o qual projetamos um sentimento positivo, seja um objeto, uma pessoa, uma
relação ou sob si mesmo. Segundo o autor, os valores se organizam de maneira complexa:
alguns valores podem se posicionar de forma mais central em nossa identidade, enquanto
outros são mais periféricos, dependendo da intensidade da carga afetiva vinculada a esse
determinado valor (ou contravalor).
180180
Ao revelarem os seus planos para o futuro, muitos professo
res falaram sobre atividades e planejamentos que estão relacionados
com a profissão docente e a vontade de continuar estudando. Por não
mencionarem a pandemia, parece-nos que tais intenções já eram an
teriores ao contexto, e que se mantiveram, apesar dele: “Meus objeti
vos são concluir meu Mestrado, logo em seguida o meu Doutorado, e
estou bem confiante e esperançoso, e fazer o possível para deixar meu
legado na educação de minha cidade. [...] [Quero] proporcionar dentro
de minha cidade momentos de palestras para a formação de outros
profissionais”. Nestes trechos, podemos perceber que o professor dá
bastante importância para o impacto positivo que o seu trabalho pode
ter na comunidade em que faz parte, lembrando-nos do que Frankl
chamou de autotranscendência:
“Ela [a autotranscendência da existência humana] denota o
fato de que o ser humano sempre aponta e se dirige para algo
ou alguém diferente de si mesmo - seja um sentido a realizar
ou outro ser humano a encontrar. Quanto mais a pessoa es
quecer de si mesma - dedicando-se a servir uma causa ou a
amar outra pessoa - mais humana será e mais se realizará”
(FRANKL, 2007, p. 76).
181181
mudaram por causa da minha dedicação, e, principalmente, o quanto
ainda posso fazer... É o que me dá ânimo. Historicamente, a vida de
professor nunca foi fácil, são muitos desafios tanto emocionais quanto
financeiros, mas são barreiras que enfrentamos e superamos quando
temos amor, dedicação, conhecimento e muito profissionalismo. Acre
dito em dias melhores e, por isso, não desisto nunca!”.
182182
que fazem, elogiam nos momentos certos, e constroem junto comigo
um ambiente favorável ao crescimento e realização de projetos comuns,
como num casamento, onde há amor e cumplicidade. Isso me motiva a
ser cada dia melhor, a servir melhor, a querer agradar”.
183183
Ao mesmo tempo, outros professores animaram-se com o de
safio, e o enxergam como um aspecto positivo da crise sanitária, pois
possibilitou avanços em sua prática pedagógica: “O ano de 2020 trou
xe essa lição [de me atualizar]. Acredito que seja muito importante man
ter-me atualizada, fazer cursos de aperfeiçoamento, conhecer novas
metodologias e tecnologias educacionais. [...] Tenho buscado cursos
de atualização - especialmente sobre metodologias ativas. Reorganizei
o meu planejamento individual para incluir tempos de cursos e busca de
conhecimento. Certamente melhorei muito minha prática pedagógica
desde o início da pandemia, em função do aperfeiçoamento. Isso me
deixa satisfeita, feliz por conseguir melhorar”.
184184
sentem-se perdidos e sem rumo? Por que angústia e desconforto trazem
coragem para alguns, mas fazem com que outros desistam da profissão?
Retornamos à cena apresentada no início do capítulo. O psica
nalista Viktor Frankl se viu diante de questões semelhantes ao observar
os prisioneiros que com ele conviveram nos campos de concentração.
E, conforme o próprio psicanalista nos mostra em suas obras, não é
porque não conhecemos o sentido do que fazemos que ele não existe.
Às vezes, precisamos de recursos para conhecermos a nós mesmos.
DISCUTINDO OS SENTIDOS19
19
Ao longo do último tópico, principalmente, optamos por empregar a palavra “sentido” no
lugar de “projeto de vida”, com o objetivo de evitar o estranhamento que esse termo pode
causar ao ser aplicado em determinados contextos. Apesar de estarem intimamente relacio
nados, “sentido” e “projeto de vida” não são exatamente sinônimos, o que pode ser com
preendido no início do capítulo, com a explicação do segundo conceito. No entanto, os dois
termos servem de resposta às questões “Por quê? Por que estou fazendo isso? Por que isso
é importante para mim?”, o que nos levou à escolha por “sentido” nessa discussão final.
185185
tecnológicos como aliados de seu trabalho, preocupados em se aper
feiçoarem e auxiliarem o outro.
186186
com os nossos valores, é importante que desfrutemos dela perceben
do como nos impacta, e que sentidos atribuímos a ela. Por que me
sinto bem? Por que considero essa situação boa? Quais dos meus
valores estão sendo mobilizados?
187187
e atitudes. As mudanças podem se traduzir na busca por novos sen
tidos para o que já fazem ou por novos caminhos, que proporcionem
um alinhamento com os sentidos que já enxergam. Encontrar incômo
dos, impasses, angústias e dificuldades faz parte de toda carreira, e
queremos chamar a atenção para a importância de socializarmos e
trabalharmos a partir desses contratempos, para que possamos avan
çar enquanto comunidade escolar e sociedade.
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res brasileiros. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de
Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
188188
de
em
Capítulo 8
Cristinade
Lucas GóesMaria
Ribeiro
8
D’Antona Bachert
Beatriz FavinchiMara CristinaRossi Normídio Bini
Maria Cristina do Nascimento
Lucas de Góes Ribeiro
Beatriz Favinchi Rossi
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.189-212
INTRODUÇÃO
190190
e a boca, é primordial fazer distanciamento social (WHO, 2021), pois o
contágio se dá pelo ar e pelo contato próximo com os demais.
191191
TES, 2020). São citadas também dificuldades em transpor o currículo
da sala de aula para o meio remoto, pois muitos professores e alunos
demonstram poucas habilidades para lidar com tecnologias de infor
mação e comunicação. Além disso, o acesso à internet é precário para
grande parte dos alunos das escolas públicas, e, quando possuem um
computador em casa, seu uso é compartilhado com outros membros
da família. Conforme colocado por Gatti (2020), os fatores citados são
obstáculos à acessibilidade. A falta de recursos financeiros e humanos
para reverter esta situação, por meio de mudanças na infraestrutura
e nas metodologias de ensino, amplia cada vez mais a desigualdade
social, cultural e educacional no país (FAUSTINO & SILVA, 2020).
Considerando o contexto da escola pública, ainda que inúmeros
esforços estejam sendo feitos para que seus estudantes possam man
ter um ritmo de estudo semelhante ao anterior à pandemia, as dificul
dades citadas no parágrafo anterior indicam que ainda estamos longe
desta meta (GUIZZO; MARCELLO; MÜLLER, 2020). E, na maioria das
vezes, os docentes não contam com uma oferta de suporte emocional
adequada para o enfrentamento destes desafios, o que aumenta ainda
mais sentimentos de medo, ansiedade e insegurança, conforme apon
ta um estudo feito pelo Instituto Península (2020 a, b). Estes medos
estão associados às exigências para se dominar o uso de plataformas
192192
proposto não depende apenas das habilidades didáticas do professor,
e muitos sentem-se pressionados com as cobranças da escola, da
sociedade e dos pais. Terminar o conteúdo no prazo, com um mínimo
de aproveitamento, tem se tornado desafiante e desgastante demais,
tanto para os docentes quanto para os alunos. O ritmo dos estudos
pelo meio remoto é outro, a virtualidade exige uma rapidez que o emo
cional muitas vezes não acompanha, e, com isso, o cansaço físico e
mental são pungentes (VOZES DOCENTES, 2021).
193193
soal e profissional, condições fundamentais para o enfrentamento deste
momento de crise e mudanças na rotina em todas as áreas de vida.
Planejar estes momentos é uma experiência que favorece a
formação de futuros psicólogos, pois permite o exercício de identifi
cação e compreensão das necessidades específicas de cada grupo,
buscando caminhos para atendê-las a partir dos objetivos do Projeto
Entre Nós. Ao planejarem, executarem e avaliarem as intervenções
previstas, os estagiários exercitam habilidades de comunicação e de
trabalho em equipe (BRASIL, 2019). Esta experiência oportuniza re
fletirem também sobre a sua atuação, como psicólogos escolares,
cujo contexto será atravessado por questões sociais, econômicas e
políticas (SANTA-ROSA & MIGUEL, 2020).
194194
passar, uma coisa ficou clara, só haverá saída por meio do fortale
cimento das redes de apoio social e afetivo, possíveis por meio da
formação de grupos de pessoas que visam atravessar juntas este
momento de crise. Esta condição indica que medidas de proteção
tomadas não só para se proteger, individualmente, mas para prote
ger o outro, tornam-se mais eficazes (DENWORTH, 2020). Aprende
-se, por meio das vivências, a ética do gênero humano, baseada em
princípios de compreensão, solidariedade e respeito (MORIN, 2002),
favorecendo o reconhecimento das interdependências sociais – en
tende-se, assim, que as ações de pessoas do outro lado do planeta
podem repercutir no nosso cotidiano (SINGER, 2020). Nesse sentido,
a incorporação de valores mais solidários são premissas que nos le
vam a pensar em um novo modelo de Cidadania e, por conseguinte,
de Educação, a qual requer ações assertivas, tomadas coletivamente
para cumprir o seu papel (PASINI; CARVALHO; ALMEIDA, 2020). Com
isso, as rodas de conversa foram entendidas como ferramenta estra
tégica, visando intervenções coletivas ao invés de individuais.
195195
Neste contexto de crise, faz-se necessário apoiar os docentes,
e fortalecê-los para um futuro pós-pandemia. A partir de habilidades
relacionadas ao autoconhecimento e ao autocuidado, oportunizar a
elaboração dos lutos causados pela perda de pessoas queridas, de
rotinas, do contato com amigos e familiares, das restrições de sua
liberdade e atividades de lazer. Exercitar a empatia ao conhecer e
apoiar colegas que compartilham suas dificuldades, medos e triste
zas durante as rodas. É preciso revisitar o seu projeto de vida e es
colha profissional, a fim de revigorar seus ideias e valores pessoais,
para que se possa ressignificar a sua prática em um processo de
aprimoramento constante (PASINI; CARVALHO; ALMEIDA, 2020).
196196
oportunizar aos docentes e gestores de escolas públicas um espaço de
fala e de reflexão quanto aos impactos emocionais do período de afas
tamento social em razão das medidas de enfrentamento à Covid-19.
Para isso, foca-se, principalmente, no bem-estar dos participantes e
no desenvolvimento de habilidades a serem exercitadas, como o auto
conhecimento, a autorregulação, a escuta ativa, empatia, cooperação,
visão positiva de futuro e apoio social por meio dos semelhantes.
METOLOGIA
197197
não é um consenso acadêmico, podendo ser referida com devidas
considerações teóricas, como “grupo operativo” ou “grupo focal”, to
davia a utilização do primeiro termo cria uma atmosfera de informalida
de e descontração, que é interessante ao objetivo proposto, além de
adequado ao ambiente escolar (HENARES DE MELO; CRUZ, 2014).
198198
estes pudessem ter melhores condições de enfrentamento dos seus
desafios e problemas resultantes da realidade pandêmica.
199199
destacou-se o Ensino Fundamental 1, seguido pela Creche e o Ensino
Fundamental 2, depois a Educação Infantil, o Ensino Médio e EJA.
200200
Psicologia e dados do Censo Escolar 2020 condiz com a pesquisa
divulgada pelo Instituto Península (2020), que notou as docentes do
gênero feminino ligeiramente mais preocupadas com a própria saúde
no momento de pandemia do que os docentes do gênero masculino.
A composição da amostra, majoritariamente feminina, pode ser expli
cada também pelo fato de que a docência, no Brasil, é historicamen
te associada ao gênero feminino. E, segundo o Censo Escolar (INEP,
2021), as mulheres representam 81% dos docentes no Brasil, com con
centração de 96% na Educação Infantil, 88% no Ensino Fundamental I,
67% no Ensino Fundamental II e 58% no Ensino Médio.
201201
Outro dado destacado é a quantidade expressiva de docentes
mais experientes que buscaram o Projeto em 2021. A idade média dos
participantes foi de 48 anos, com cerca de 17 anos de experiência na
docência. Embora não seja possível comparar este resultado com a
amostra de 2020, esta característica da amostra de 2021 pode estar
relacionada à dificuldade dos professores mais experientes para se
adaptar aos meios digitais, sendo este um fator de estresse mencio
nado nas rodas de conversa. Ou seja, esta queixa dos docentes pode
estar associada à idade, capital cultural e falta de domínio e segurança
para fazer pesquisas na internet, utilizar plataformas digitais e aplicati
vos necessários à elaboração das aulas e atividades (MACEDO, 2021).
202202
seus afazeres domésticos e a preocupação com a saúde própria e dos
familiares. E, além de mais horas dedicadas ao trabalho, as novas prá
ticas exigiam mais tempo de estudo e formação. Entretanto, mesmo
com as faltas, os docentes demonstraram o seu interesse em continuar
a participar das rodas de conversa, por meio de recados, justificando
a ausência e confirmando o comparecimento nas reuniões seguintes.
203203
mento de vivências, percepções e sensações, as quais, muitas vezes,
são semelhantes às de alguns colegas. Isto foi percebido pelos profes
sores como um fator de fortalecimento, pois outras pessoas passavam
por desafios semelhantes, e isso favorecia a discussão e a busca de
soluções que pudessem ser utilizadas por eles. O acolhimento, o sigilo
e o não julgamento favoreceram, segundo os participantes, a criação
e fortalecimento de um vínculo afetivo entre as pessoas do grupo. E o
apoio foi percebido como generosidade e respeito mútuo, facilitando
também o exercício da empatia e a construção da rede de apoio, fato
res que podem propiciar a resiliência comunitária (YUNES, 2015).
204204
sário realizar melhorias nas intervenções do Projeto Entre Nós. Os
participantes dos dois períodos afirmaram que as rodas devem con
tinuar (98,8%), e que a sua duração deve ser ampliada, segundo os
participantes de 2020 (17,1%) e 2021 (5,3%). O índice mais baixo dos
participantes do primeiro semestre de 2021 pode ser explicado pela
expectativa de continuidade das rodas no próximo semestre, e pela
possibilidade de que os grupos permaneçam com a mesma configu
ração, sendo realizados de forma virtual, mesmo que as aulas pre
senciais sejam retomadas por todos. Percebe-se aqui que uma das
potencialidades do uso da roda de conversa, realizada de modo vir
tual, foi prover acolhimento a um grande número de professores de
forma rápida e efetiva, favorecendo melhores condições de enfrenta
mento ao estresse, ansiedade e tristeza por meio do fortalecimento
de relações de apoio (ALMEIDA; DALBEN, 2020). Entretanto, o desejo
dos participantes por intervenções mais prolongadas ilustra uma das
limitações do projeto, vinculado ao modelo de estágio, que é descrita
por Sampaio et al. (2014) como uma condição resultante da realidade
objetiva, neste caso, de ordem institucional – o calendário acadêmico.
205205
um possa ser também protegido e cuidado, o que favorece o reco
nhecimento da interdependência (MORIN, 2002; SINGER, 2020) e das
ações coletivas (PASINI; CARVALHO; ALMEIDA, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SUMÁRIO
206206
descobrir como resolver as dificuldades de acesso e uso de tecnolo
gias de informação e comunicação para acompanhar o processo de
aprendizagem. No ensino presencial, avaliar já era um desafio que, no
ensino remoto, tornou-se fonte de estresse e frustração para os do
centes. Havia também questões sobre como vai ficar a escola e como
seria o retorno às aulas presenciais. Quinze meses depois, temos um
cenário que começa a ser mais favorável, pois a população está sendo
vacinada de modo rápido graças à excelência do Sistema Único de
Saúde (SUS). Mas os desafios ligados à sala de aula e às relações
interpessoais entre professores e alunos, que precisam ser resgatados
e fortalecidos, se intensificam com a aproximação do retorno às aulas
presenciais, condição já vivenciada por uma parcela expressiva de es
colas públicas e particulares em nosso estado.
207207
los estagiários-coordenadores das rodas de conversa, oportunizaram
aos educadores falar sobre sentimentos e emoções vivenciados, perce
ber que muitos dos problemas enfrentados eram comuns aos colegas
de grupo. E, por meio desta identificação de afinidades e valores em
comum, construíram redes de apoio que permitiram aos participantes
perceber a importância de se fortalecer para poder dar suporte aos
colegas e pessoas com quem convivem – seus familiares, alunos e
professores com quem trabalham. Considerando o conceito de resi
liência comunitária, foi possível oportunizar melhores condições de en
frentamento e recuperação a partir da união de esforços, pensando
de forma coletiva, considerando que estamos próximos, senão de um
desfecho da pandemia da Covid-19, de uma situação de maior controle
e segurança para todos. Considerando o fortalecimento de habilidades
pessoais que pudesse promover a resiliência, ao longo dos encontros,
foram trabalhados também temas ligados ao projeto de vida dos edu
cadores, visando criar expectativas positivas de futuro e um melhor ge
renciamento dos níveis de estresse por meio do desenvolvimento da
criatividade na busca de condições que favoreçam a adaptação.
208208
rodas de conversa fique limitada pelo calendário acadêmico, por ser
uma atividade vinculada ao Estágio Específico em Psicologia Escolar/
Educacional, componente curricular do curso de Psicologia. Esta li
mitação temporal demanda a busca por alternativas que estão sendo
estudadas junto à Coordenação do curso.
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Positiva
212212
Capítulo 9
Letícia LovatoKaren
da Silva
9
Crepaldi Molás
Dellazzana-Zanon
Naomi Cardoso Kubo
Renata Thurler Lessa
Carlos Henrique Ferreira da Silva
Letícia Lovato Dellazzana-Zanon
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.213-236
INTRODUÇÃO
214214
mas enfrentados pelos profissionais da educação pública, que precisam
dar conta de novas demandas, para as quais não estão preparados
(DIAS; PINTO, 2020; MIRANDA et al., 2021). Este capítulo tem como ob
jetivo apresentar uma intervenção psicológica realizada on-line com a
equipe gestora de uma escola pública de Ensino Fundamental II e En
sino Médio, promovida por um grupo de três estagiárias do quarto ano
do Curso de Psicologia de uma universidade do interior de São Paulo.
EDUCAÇÃO PÚBLICA
NO CONTEXTO DA PANDEMIA
215215
se eles desenvolverem esgotamento físico e/ou mental, não poderão
ajudar os alunos (DIAS; PINTO, 2020).
IMPACTOS DA PANDEMIA
NO TRABALHO DA EQUIPE GESTORA
SUMÁRIO
Assim como profissionais de outras áreas, os professores e ges
tores de escolas foram obrigados a paralisar as suas operações pre
senciais e trabalhar em home office. Essa mudança repentina da rotina
ocasionou a fusão entre o ambiente de trabalho e o familiar, bem como
a dificuldade de delimitar um horário de trabalho (havendo uma extensão
do horário previsto), no não desligamento do trabalho e na percepção
de que todos os dias são “segundas-feiras”. Gerou-se uma sensação de
que há muitas tarefas para realizar ao mesmo tempo, pois a delimitação
do espaço de trabalho e o familiar, o deslocamento para a escola e o
sino de entrada e de saída pararam de existir (ZANOL et al., 2020).
216216
Não há dúvida de que todas essas mudanças repentinas, cau
sadas pela adoção do modelo de ensino remoto, geraram novos de
safios para todos os componentes da equipe gestora. Pode-se citar,
como uma das dificuldades geradas pelo ensino remoto, a falta de
acesso à internet estável e de qualidade dos estudantes. Isso impos
sibilitou o acesso deles às aulas e atividades on-line, o que ocasionou
o retorno presencial de alguns funcionários - principalmente a equipe
gestora e administrativa - para a impressão e disponibilização dessas
tarefas aos alunos, aumentando o risco dessas pessoas de serem in
fectadas pela Covid-19 (JASKIW; LOPES, 2021).
217217
tido que lidar com problemas dos educadores e com os seus pró
prios sentimentos de tristeza, solidão, angústia, raiva, ansiedade e
frustração. Para tais autores, esses sentimentos são adequados ao
contexto pandêmico, porém podem se intensificar ao ponto de serem
difíceis de controlar, atrapalhando a realização do trabalho, os cuida
dos com a casa, o tempo para a família e o tempo pessoal.
SUMÁRIO MÉTODO
Caracterização do Campo
218218
presentes no Quadro 1. O espaço físico possuía quadra esportiva co
berta, laboratório de informática, no qual há 19 computadores para uso
dos alunos e oito para uso administrativo, internet e banda larga, sala
de leitura, pátio coberto, sala do professor e refeitório.
Filosofia, Sociolo
Débora Mediadora gia e Pedagogia
SUMÁRIO
Levantamento de Necessidades
219219
preender a dinâmica e demandas do grupo em questão e (e) investigar
o entendimento que os participantes têm do trabalho do psicólogo es
colar. O levantamento de necessidades tem como objetivo compreen
der a dinâmica da escola, o conhecimento dos componentes da esco
la sobre o seu funcionamento e a identificação da demanda com a qual
cada grupo de estagiários irá trabalhar (DELLAZZANA-ZANON, 2019).
220220
outro lado, a equipe gestora ressaltou a importância de manter os ca
nais de comunicação estabelecidos em função do ensino remoto: via
Microsoft Teams com os professores, via Facebook com os pais e via
WhatsApp com os alunos. Tal vivência foi descrita, especialmente pela
diretora, como um aprendizado relevante que será mantido no futuro.
Planejamento da Intervenção
221221
Escher, de 1953, e “A Grande Onda de Kanagawa” de Hokusai, de
1830. Por fim, os encerramentos seriam uma breve retomada do que
foi discutido, acrescida de um fechamento com uma palavra represen
tativa do encontro para cada participante e estagiária.
Quadro 2 - Cronograma
RESULTADOS E DISCUSSÃO
222222
al., 2020). Todos esses aspectos relativos à pandemia da Covid-19 im
pactaram diretamente o desenvolvimento do presente trabalho. Além
dos pontos apresentados anteriormente, como resultado do levanta
mento de necessidades, foram identificados como agravantes do con
texto escolar: a dificuldade de infraestrutura da escola, a dificuldade
de acesso à internet de alunos e funcionários da escola, a falta ou
pouco conhecimento da equipe sobre as tecnologias necessárias para
o ensino remoto, a vulnerabilidade da realidade da vida de alunos, a
sobrecarga e as inconsistências nas funções da equipe e, sobretudo,
a resistência frente à atuação da psicologia no âmbito escolar on-line.
223223
DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO
224224
entrevistas iniciais, a diretora não se mostrou disponível para participar
do encontro, não tendo avisado previamente que não estaria presente.
Resultados
Encontro Data Objetivo Material Referências
esperados
- Apresentação das estagiá
rias e do objetivo do encontro;
são as expectativas para o fu- Espera-se que as partici- Cartilha de apoio à saú
- Pergunta norteadora: “Quais de mental do (a) profes- ZANOL et al., 2020.
pantes reflitam sobre as
1 24/11 possibilidades do futuro sor (a) durante a pande
turo?”.
e conversem sobre ele- mia de COVID-19.
- Feedback e avaliação da
mentos ansiosos.
intervenção por parte das par
ticipantes.
NEGLIGÊNCIA DO ESTADO
225225
servados dois pontos principais: (a) a falta de autonomia das escolas
e, com isso, a sensação de abandono do governo de gerir as escolas;
e (b) a desorganização estrutural da hierarquia da escola.
226226
conhecido no contexto escolar, e a resistência da equipe gestora frente
à inserção do psicólogo escolar na escola. Essa resistência era espe
rada, pois, apesar da atuação do psicólogo ser essencial no contexto
escolar (SILVA; 2018; PETRONI; SOUZA, 2014), o estágio curricular no
campo da psicologia escolar é um desafio, principalmente na escola
pública. Isso ocorre porque ainda não há a presença legitimada do
psicólogo na rede pública21, razão pela qual falta clareza sobre o papel
do psicólogo escolar, muitas vezes confundido com o psicólogo clínico
(DELLAZZANA-ZANON, 2019).
227227
de Psicologia, tanto no que se refere às expectativas da equipe gestora
em relação à escola como nas expectativas das estagiárias frente à
escola. Houve momentos de reconhecimento de frustrações quando
Bruna disse “vão nos deixar ano que vem”, referindo-se ao término
do vínculo entre a escola e as estagiárias, e quando Débora disse “o
trabalho da psicologia poderia ser mais efetivo se não fosse pela pan
demia. É um trabalho que vem para somar. Sabemos que não pudemos
responder de acordo com o que vocês precisavam, assim como vocês
não puderam auxiliar a escola como nós precisávamos”. Essas falas
causaram surpresa nas estagiárias, pois demonstram ambivalência
quanto às atitudes da equipe gestora e às expectativas que não foram
bem evidenciadas por parte da equipe gestora em relação ao trabalho
das estagiárias. Apesar da frustração, a avaliação feita pela escola foi
de uma parceria bem-sucedida e de crescimento por parte das partici
pantes, a partir da vivência dessa elaboração de sentimentos.
228228
de esportes para se cuidar. Outro tipo foi a resposta de Débora, que
informou saber separar as coisas, e buscar válvulas de escape, mas
não foi explícita sobre que formas de autocuidado usa. Ainda que to
das reconhecessem a importância da psicoterapia, afirmaram que não
eram atendidas por psicólogos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
229229
de vários ajustes e contrapropostas, a intervenção pôde ser realizada,
mesmo que num formato mais curto do que o planejado.
230230
blica, via de regra sobrecarregada, é essencial para que o seu trabalho
possa ser realizado com mais tranquilidade e serenidade.
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SUMÁRIO
234234
ANEXO
SUMÁRIO
235235
SUMÁRIO
236236
Capítulo 10
experiência
Juventudes, tecnologiase
formação profissional emtempos
de pandemia: uma
com jovens de são paulo-sp
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.237-260
INTRODUÇÃO
238238
Perante este novo desafio, indagou-se a questão: como conti
nuar a oferecer uma formação profissional de qualidade, desenvolven
do as competências dos jovens, de modo on-line (remoto)? Após inú
meras tentativas, discussões, adaptações, reflexões, erros e acertos,
inevitáveis em um processo como este, apresenta-se o relato de uma
experiência, considerada ainda em processo. Tal experiência buscou
ouvir as vozes dos jovens, acolher seus sentimentos e angústias pe
rante a nova realidade, e propor alternativas para o seu desenvolvi
mento pessoal e profissional, visando a sua autonomia, protagonismo
e análise crítica da situação.
239239
repleta de sentidos e significações, construídas pelo meio social e re
vividas pelos sujeitos em seus grupos e individualmente. A juventude é
uma experiência psicossocial, produzida por meio da intersecção entre
condições sociais, culturais, artísticas, psicológicas, históricas e eco
nômicas, que perpassam o sujeito jovem. Não existem experiências
únicas e iguais para todos os sujeitos, desta forma, a ideia de juven
tudes auxilia na compreensão de como, subjetivamente, cada jovem
vive tal experiência. Portanto, não há uma única juventude, capaz de
ser descrita e estudada. Há sim juventudes.
240240
frutam a juventude ao mesmo tempo em que constroem seus planos
futuros” (ARANTES et al, 2016, p. 79).
241241
O CONTEXTO EDUCACIONAL
ANTES DA PANDEMIA
242242
Tais atividades devem ser organizadas pelas empresas e por
entidades qualificadas, por meio de programas de aprendizagem. As
atividades desenvolvidas pelos jovens nas empresas devem preser
var a sua condição de aprendizado, e seguir a Classificação Brasileira
de Ocupações (CBO), conforme o seguimento da empresa. Todavia,
no campo da formação educacional, parecia haver uma lacuna, prin
cipalmente pela falta de diretrizes que estabelecessem minimamente
os caminhos a serem seguidos por esta formação, garantindo, assim,
conforme as leis, o desenvolvimento integral dos jovens. A portaria nº
723, de 2012, do MTE (BRASIL, 2012), objetivou criar um Cadastro Na
cional de Aprendizagem Profissional (CNAP) e um Catálogo Nacional
de Programas de Aprendizagem Profissional (CONAP), além de definir
as diretrizes operacionais e pedagógicas dos programas.
243243
Para Fonseca (2015), esta nova ideia proporciona uma revolu
ção na aprendizagem profissional, pois esta passa a não estar mais
atrelada, como no passado, a profissões específicas ou ofícios. Bus
cam-se, então, competências consideradas básicas à execução de
qualquer trabalho, em consonância com as constantes mudanças do
mundo do trabalho, e que devem ser pensadas de maneira metódica
e progressiva. A formação deve buscar alternar experiências, teorias e
práticas, a fim de gerar um constante diálogo entre ambos os campos.
“O direito à profissionalização, prioritário para adolescentes e jovens, e
essencial para adultos e pessoas com deficiência, assume relevância
estratégica no momento em que se vivencia a chamada ‘sociedade do
conhecimento’” (FONSECA, 2015, p. 96).
244244
ção individual e coletiva, permanente e responsável, na preser
vação do equilíbrio do meio ambiente, com enfoque na defesa
da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício
da cidadania (BRASIL, MTE, 2012, art. 10 III).
SUMÁRIO -social, buscando uma formação integral dos jovens. Além destas, há
também as unidades curriculares de Projeto Aprendizagem e Prática
profissional, que compõem e complementam a sua formação. Sem
pre privilegiando atividades em grupo, simulações, dramatizações,
visitas técnicas e culturais, relatório individuais, entre tantas outras
estratégias de modo dialógico e ativo.
245245
cognitivos e sociais. Indo além de uma formação profissional com foco
no mercado de trabalho, deve-se buscar oferecer uma formação que
compreenda adolescentes e jovens como seres em desenvolvimento
e com necessidades específicas. Desta forma, deve-se garantir este
desenvolvimento integral perante uma situação sanitária global, algo
que pareceu, sem dúvida, um grande desafio a ser realizado.
RELATO DA EXPERIÊNCIA
246246
pode e deve ser feita nos diversos espaços e contextos, seja no pre
sencial ou on-line (remotamente).
247247
que muitos não acreditavam que poderiam aprender e desenvolver as
suas potencialidades por meio das aulas on-line (remotas).
248248
Pretendeu-se também pensar e discutir sobre o uso e apropria
ção pelos jovens de tais recursos digitais e tecnológicos para a realiza
ção das atividades, durante o período de isolamento social, refletindo
sobre a perspectiva de inclusão/exclusão provocada por estas tecnolo
gias. Sobre estes aspectos, o relatório Estação Juventude, lançado em
2014, pela Secretaria Nacional de Juventude, já chamava a atenção:
249249
O acesso às TICs, a uma internet de qualidade e a outros meios
para se comunicar e se informar, deve ser tomado como um direito
fundamental de todos. Porém, tal situação ficou exposta durante esta
pandemia, demonstrando que ainda há um longo caminho a ser cons
truído, principalmente no que diz respeito aos direitos das juventudes.
“O acesso à informação é um direito e condição do exercício de cida
dania, indispensável e estratégico ao desenvolvimento pessoal e social
dos jovens” (BRASIL, 2014, p. 86).
250250
Figura 1 – Nuvem de palavras: sentimentos.
22
Disponível em https://atlasdasjuventudes.com.br/juventudes-e-a-pandemia-do-coronavi
rus/. Acesso em 02 de julho de 2021.
251251
A ansiedade com o coronavírus, o tédio, as saudades de ami
gos e ‘crushes’ (paqueras, pessoas por quem eles se interessam
amorosamente, em tradução livre), o interesse em conhecer formas de
organizar os estudos, tudo isso faz parte do cotidiano da maioria dos
adolescentes e jovens. Ao todo, 3.933 pessoas, de todo o Brasil, res
ponderam à enquete da plataforma U-Report Brasil sobre a pandemia
de Covid-1923. Na opinião dos participantes, o maior desafio em meio à
pandemia tem sido lidar com a preocupação e a ansiedade em relação
ao coronavírus. Essa preocupação foi mais frequente entre moradores
de capitais do que entre aqueles que moram em outras cidades, mas
foi a mais citada em ambos os grupos. Entre as crianças e adolescen
tes de até 14 anos, que moram em capitais, o maior desafio é ficar lon
ge de amigos e do crush. Nas outras cidades, o tédio foi o mais citado.
252252
marcante foi realizada em comemoração ao Dia das Crianças, no mês
de outubro, intitulada de ‘Um retorno à infância: sonhos, descobertas
e aprendizados’. Nela, os alunos criaram um mural com fotos da infân
cia, criaram uma playlist com músicas de seu agrado e falaram sobre
brincadeiras e memórias marcantes. A figura 2 apresenta uma pesqui
sa respondida pelos alunos, utilizando-se a plataforma Mentimetter,
falando sobre a sua brincadeira preferida na infância.
253253
bre si, sua vida e perspectivas de futuro. Os objetivos de aprendizagem
traçados para a realização do Portfólio Pessoal foram os seguintes:
254254
bilidades; Minha Experiência; Projetos para o Futuro; Análise SWOT; e
Planejamento Financeiro/Matriz de Recursos. Algumas destas já haviam
sido desenvolvidas com a turma em outros momentos do curso, mas
aqui foram retomadas e reatualizadas, a partir desse novo contexto.
255255
apresentação dos portfólios, no qual os jovens puderam compartilhar
com a turma suas criações, sentimentos, descobertas e dificuldades
de realização, assim como a superação destas dificuldades. Dos mais
simples aos mais complexos, todos os jovens entregaram os seus tra
balhos e puderam refletir sobre a importância deste para o seu desen
volvimento pessoal em tempos de pandemia.
256256
CONSIDERAÇÕES FINAIS
257257
reflexivo e empático, junto às juventudes com as quais trabalha. Aqui
se reconhecem estes valores na prática então relatada.
258258
ao reconhecimento dos jovens como sujeitos sociais, com múltiplas
identidades que apresentam demandas específicas das suas condi
ções de vida. São diversos os desafios postos neste processo: a for
mação educacional das juventudes, como prática da autonomia, bem
como o reconhecimento das culturas juvenis no espaço escolar, no sen
tido dos projetos de vida. Aqui seguimos confiantes e esperançosos.
REFERÊNCIAS
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259259
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SUMÁRIO
Sites
WhatsApp - https://www.whatsapp.com/?lang=pt_br
Microsoft Teams - https://www.microsoft.com/pt-br/microsoft-365/microsoft
-teams/free
Mentimetter - https://www.mentimeter.com/app
Sway - https://sway.office.com/my
Canva - https://www.canva.com/
Prezzi - https://prezi.com/pt/
Google Forms - https://www.google.com/forms/about/
260260
on-line
Capítulo 11
Intervenção psicológica
para o desenvolvimento de projetos
de vida de adolescentes darede
pública: desafios e possibilidades
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.261-285
INTRODUÇÃO
262262
adaptação que isso acarretou, tanto para os professores como para os
alunos. Este capítulo tem como objetivo apresentar uma intervenção
psicológica realizada on-line, com foco na promoção de PV para alu
nos do Ensino Médio de uma escola pública de Ensino Fundamental
II e Ensino Médio. A intervenção foi realizada por um grupo de duas
estagiárias e um estagiário do quarto ano do Curso de Psicologia de
uma universidade do interior de São Paulo.
263263
A adaptação a esse novo ensino, apesar de necessária, piorou
a qualidade da aprendizagem, e fez com que a aversão de muitos
alunos em relação às aulas se intensificasse (LANCKER; PAROLIN,
2020). Isso ocorre, pois o ensino remoto traz um modelo massivo e
unidirecional, resultando no desânimo dos alunos e na exaustão dos
docentes (BARBOSA; JÚNIOR, 2020). Em parte, esses sentimentos
também são gerados pela falta de interação no ambiente educacio
nal, tornando as aulas uma fonte de transmissão de conteúdo ape
nas, negligenciando a subjetivação, a construção em conjunto e a in
terdisciplinaridade, o que reduz o processo de educação somente ao
ensino (MARTINS; ALMEIDA, 2020). Nesse contexto, um dos maiores
desafios para os professores é conseguir manter a atenção dos alu
nos às aulas remotas, tornando-as atrativas, interativas e capazes
de engajar os alunos, principalmente aqueles que demonstram baixo
comprometimento, uma vez que a leitura corporal deixa de ser efetiva
nas aulas on-line (RIBEIRO JÚNIOR et al., 2020).
264264
de avançar nos conteúdos, uma vez que assuntos prévios não foram
satisfatoriamente assimilados (MÉDICI; TATTO; LEÃO, 2020). Além dis
so, a falta do contato entre pares e da interação em sala de aula têm
sido apontadas por alunos como uma das maiores dificuldades aca
dêmicas decorrentes do ensino remoto (LANCKER; PAROLIN, 2020).
265265
de recursos tecnológicos. Além disso, em média, apenas 37% das re
sidências possuem internet e computador, o que significa, ainda, que
grande parte da população não dispõe de ferramentas importantes
para acompanhar as aulas de forma adequada, apesar de ter acesso
à conexão de rede (CUNHA; SILVA; SILVA, 2020).
266266
a realização e satisfação pessoal. O PV alimenta uma atitude positiva
perante a vida e o futuro, promovendo comportamento pró-social, com
promisso moral e elevação da autoestima (DAMON; MENON; BRONK,
2003). Esta última reflete diretamente na projeção que o adolescente faz
de seu futuro, uma vez que a visão que ele tem dele mesmo define a sua
expectativa de sucesso na vida (VERNI; AUREA-TARDELI, 2015). Além
desses benefícios, ter um PV claro também pode afastar o adolescente
de comportamentos de risco típicos dessa fase do desenvolvimento,
como o abuso de substâncias e o sexo desprotegido (DAMON, 2009).
267267
e potencialidades (AUREA-TARDELI, 2008). Ademais, o caráter pre
ventivo do PV, apresentado anteriormente, é compreendido como uma
consequência da articulação de valores, circunstâncias e projeções
que constituem a identidade do sujeito, que, por sua vez, é produto
das ações, decisões e aspirações cotidianas. Em outras palavras, o
adolescente constrói uma ideia de identidade ideal, e começa a julgar
suas atitudes com base nesse ideal (ARANTES et al., 2018).
SUMÁRIO
Em 2017, houve uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), que determinou aos currículos do Ensino Médio “[...]
considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um tra
balho voltado para a construção de seu projeto de vida e para a sua
formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais” (BRASIL,
2017b, art. 35-A, § 7º). Essa alteração demonstra que o poder público
encara a escola como um ambiente capaz de preparar os seus alunos
para o futuro, seja ele qual for, e destaca o PV como sendo central nesse
processo. Portanto, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas,
268268
sobre a temática do PV, que possam subsidiar a atuação dos professo
res, especialmente porque estão ainda sendo introduzidos no assunto.
269269
alunos do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual em questão;
(b) apresentar opções de atividades que trabalham aspectos do PV
de forma prática e dinâmica; (c) trazer exemplos de PV que estejam
próximos à realidade dos alunos; (d) demonstrar as possibilidades de
PV, de forma a apresentar opções acadêmicas ou voltadas para o mer
cado de trabalho; e (e) instrumentalizar a professora de PV do 1º ano
do Ensino Médio com demais conteúdos e estratégias de ensino para
a construção do PV dos alunos.
MÉTODO
Caracterização do Campo
270270
Levantamento de Necessidades
271271
Planejamento da Intervenção
Quadro 1 - Cronograma
1 Apresentação
de intervençãodos contrato. do projeto
e doestagiários, Espera-se a construção de um víncu Projeto de Vida.
Formulário Meu Pereira (2019).
lo com os alunos e com o professor.
Apresentação teórica sobre PV (Anexo A). Espera-se também que esse primeiro
Aplicação
de Vida. do Formulário Meu Projeto encontro motive os alunos a participa
rem do projeto, tendo uma noção mais
clara do que o PV é.
2 Apresentação teórica sobre autoconhe-
cimento. Espera-se que a atividade estimule Faço (ou
eQuadro Não);
do Gosto Pereira (2019).
uma reflexão acerca das condições e
SUMÁRIO
de
seções:
Quadro gosto
-se papel,
aosdo
alunos
Gosto
e que efaço,
equeaFaço
dividam
peguem
não em
(ougosto
Não). efolha
não
umaquatro
Pede- atitudes do presente, relacionando-as Papel e caneta.
com expectativas futuras, aumentan
do, portanto, autoconhecimento.
272272
4 Desenvolver a atividade Carta ao Passa Espera-se que a atividade organize Carta ao Passado, Pereira (2019).
do, Presente e Futuro, a fim de instigar uma autobiografia para o adolescente, Presente e Futuro.
uma reflexão acerca das atitudes do pre sendo uma forma de conexão entre
sente, qual o impacto do passado sobre os três tempos, proporcionando um
elas, e instigar uma prospecção quanto maior autoconhecimento e atenção à
ao futuro. interdependência entre passado, pre
sente e futuro.
5 Apresentar informações sobre opor Espera-se que os últimos encontros Formulário Meu - Ministério da
tunidades de estudo superior e bolsas tenham contribuído para que os par- Projeto de Vida. Educação (2006).
(FIES, PROUNI, ENEM). ticipantes se tornem engajados diante - Ministério
Responder o formulário Meu Projeto da tarefa de construção do PV, e que da Educação
de Vida. Socializar o formulário com o este último encontro sirva de moti (2020a).
grupo. vação final, apresentando oportuni - Ministério
Realizar um encerramento. dades. da Educação
Espera-se que os PVs dos participan (2020b).
tes sejam esclarecidos por meio da - Pereira (2019).
reaplicação do formulário Meu Projeto
de Vida, comparando-a com as res
postas da primeira versão. Espera-se
também que, com a socialização dos
formulários, os objetivos de vida que
emergirem, durante a atividade, tor
nem-se mais concretos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
SUMÁRIO
O projeto de intervenção desenvolvido no presente trabalho con
tou com uma baixa adesão dos alunos (média de 5 alunos por encon
tro), o que pode estar relacionado a um dos maiores desafios na edu
cação em tempos de COVID-19: o engajamento dos alunos nas aulas
remotas. De acordo com Jiao et al (2020), essa dificuldade tem ocorrido
pelo fato de que o ensino remoto tem gerado um aumento de respostas
de desatenção e irritabilidade por parte dos alunos. Ademais, autores
como Médici, Tatto e Leão (2020) têm estabelecido uma forte relação
entre o distanciamento social e a aprendizagem, já que a educação é
273273
favorecida por ambientes colaborativos, e, em função do ensino remo
to, o contato entre pares foi diminuído durante as atividades escolares.
274274
adequados para a educação em casa pode interferir no engajamento
dos alunos em atividades remotas, o que é intensificado em tempos
de pandemia. Apresentam-se, a seguir, os resultados e a discussão
de cada um dos encontros da intervenção.
275275
Tabela 1 - Comparação entre o número de alunos presentes
e a quantidade de atividades recebidas em cada encontro.
276276
confeitaria, investigação criminal, arquitetura, engenharia civil, mecâni
ca automobilística, administração, cardiologia e psicologia. Os vídeos
foram feitos de forma voluntária por profissionais conhecidos dos es
tagiários, e o convite foi realizado por telefone. Após a apresentação
de cada vídeo (com duração média de 5 minutos), uma discussão foi
conduzida por um dos estagiários. Esse foi o encontro no qual os alu
nos se mostraram mais participativos, ligando os seus microfones para
fazerem perguntas sobre os profissionais dos vídeos, e até discutindo
entre si. Observou-se que a utilização de um conteúdo que aproxima o
adolescente da realidade hipotética na qual ele projeta seu PV aumen
tou a adesão à atividade. Os alunos tiveram um contato objetivo com
as profissões pelas quais têm interesse, sua atuação, rotina de traba
lho, e com os perfis dos profissionais. Isso demonstra a importância de
o adolescente ter um referencial para construir o seu PV, alguém que já
tenha concretizado e objetivado a trajetória que antes era abstrata na
sua imaginação (ARAÚJO et al., 2016; QUINN, 2016).
277277
do o contexto socioeconômico dos alunos da escola em questão, o
PROUNI e o FIES são oportunidades interessantes para os alunos,
uma vez que seus PVs estão voltados para o ingresso na universida
de e para a construção de uma carreira. Os alunos presentes tinham
pouco ou nenhum conhecimento sobre essas oportunidades, o que
pareceu motivá-los ainda mais. Em seguida, foi aplicado o formulário
Meu Projeto de Vida pela segunda vez, a fim de fazer uma comparação
com os resultados da primeira aplicação. Porém, como nenhum aluno
passou por ambas as aplicações, essa comparação não foi possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
278278
as dificuldades e complicações que essa realidade acarreta. Diante
desses obstáculos, foi preciso a alteração de alguns encontros no per
curso da intervenção em busca da maior adesão dos alunos no meio
remoto. Entre as dificuldades enfrentadas, podem-se citar: a falta de
local de estudos adequado na casa dos alunos, que proporcionaria
um ambiente tranquilo e silencioso para a realização das atividades;
a conexão da internet que, muitas vezes, falhou, fazendo com que os
alunos ficassem saindo e entrando da conferência; as inconveniências
do áudio que, frequentemente, se mostrou instável; e as interferências
de áudio em alguns dos vídeos que estavam previstos para a apresen
tação aos alunos no 4º encontro da intervenção.
279279
elaboração de seus PV. Por fim, considera-se que o desafio de conduzir
uma intervenção de forma remota, no contexto escolar, com todas as di
ficuldades, complicações e impossibilidades que isso acarreta, foi uma
experiência fundamental para a formação dos estagiários de psicologia.
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285285
Capítulo 12
Experiências da pós-graduaçãostricto
sensu no contexto da covid-19:oque
as pesquisas têm nos indicado?
Mônica Tessaro
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.286-305
INTRODUÇÃO
287287
diretamente pelas mudanças provocadas pela pandemia. Os dados
coletados de forma anônima desvelaram que:
42,7% dos alunos e alunas exercem alguma função de cuidado
na família, 95,9% tiveram a rotina familiar afetada pela pande
mia e sofrem com a sobrecarga de trabalho (89,2% afirmaram
trabalhar em paralelo à pesquisa). 84,1% alegaram ter adoeci
do psicologicamente durante o período (CLÍNICA DE DIREITOS
HUMANOS LUIZ GAMA, 2020, pp. 4-5).
288288
- cerca de 20% dos alunos perderam o emprego;
289289
Os dados que embasam a discussão apresentada neste texto
foram selecionados por meio de uma pesquisa de revisão sistemática
da literatura, que utiliza como “[...] fontes de dados a literatura sobre
determinado tema” (SAMPAIO; MANCINI, 2007, p. 84). E, ainda, para
Galvão e Pereira (2014, p. 183), a revisão sistemática da literatura
refere-se a “[...] um tipo de investigação focada em questão bem de
finida, que visa identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as evidências
relevantes disponíveis”. Portanto, apoia-se na: a) elaboração de uma
questão orientadora; b) delimitação de diferentes fontes de pesquisa
para a busca literária; c) utilização de critérios de inclusão e exclusão;
e d) sistematização das contribuições dos trabalhos selecionados
acerca do objetivo deste estudo.
290290
CAMINHO METODOLÓGICO
SUMÁRIO
BLOCO A: CAMINHO METODOLÓGICO PARA
A DEFINIÇÃO DO CAMPO CIENTÍFICO
Descritores Nº de trabalhos
COVID-19 AND Pós-Graduação 04
291291
COVID-19 AND Educação 00
Pandemia AND Pós-Graduação 00
Pandemia AND Educação 57
Total 61
Fonte: as autoras.
Descritores Nº de trabalhos
COVID-19 AND Pós-Graduação 53
COVID-19 AND Educação 75
Pandemia AND Pós-Graduação 191
Pandemia AND Educação 39
Total 358
Fonte: as autoras.
292292
bém foram eliminados artigos que tratavam de forma genérica os im
pactos da pandemia no campo da Educação.
293293
Kelmara Mendes Vieira;
Gabrielle Fagundes Postiglioni; Vida de Estudante Durante a Pandemia:
Géderson Donaduzzi; fação com aSocial,
Isolamento Vida Ensino Remoto e Satis- Revista EAD em Foco, Rio de Janeiro, 2020.
Caroline dos Santos Porto;
Leander Luiz Klein.
Percepções de Qualidade dos Alunos de
Marcelo de Jesus Sousa do uma IES de
emRemotas
Aulas Estado do Pará o Estu- Revista EAD em Foco, Rio de Janeiro, 2020.
doPós-Graduação:
Fonte: as autoras.
294294
BLOCO B: ANÁLISE QUALITATIVA DOS DADOS
SUMÁRIO
295295
Neste dendograma, as palavras estão apresentadas de acordo
com a lista de contabilizações realizadas sobre o corpus textual, entre
as quais envolvem: “número de lemas; média de formas por segmen
to; número de segmentos classificados; número de clusters” (SALVIA
TI, 2017, pp. 48-49). As palavras de maior incidência no corpus textual
estão com tamanho da fonte maior, as palavras de média incidência
estão escritas em tamanho médio, já as palavras de baixa incidência
estão escritas com tamanho da fonte menor. Ou seja, quanto mais no
topo da lista e maior o tamanho, maior a influência das palavras na
classe. Além disso, é válido destacar que o corpus textual é organizado
sem qualquer tipo de acentuação e/ou pontuação, caso contrário, o
programa não reconhece todas as palavras, e também não reconhece
algumas palavras devido ao número de incidências. Estas aparecem
cortadas no dendograma, e o programa não nos possibilita realizar
correções nos relatórios gerados.
SUMÁRIO
• Classe 1: Rotina da Pós-Graduação no contexto da Covid-19,
com destaque para as palavras: rotina, produção, resultado;
296296
• Classe 5: Impactos da Covid-19, com destaque para as pala
vras: pandemia, Covid-19, educação;
297297
A classe 2, Implicações da Covid-19 na rotina da Pós-Gradua
ção, representa 13,2% do total das classes. Esta classe demonstra
quais foram as principais implicações da Covid-19 na rotina dos pós
-graduando. A primeira delas é o aumento do uso das tecnologias di
gitais por meio do ensino remoto. Esse processo de acompanhar as
aulas de casa (ensino remoto) tem gerado diferentes sentimentos entre
os alunos da Pós-Graduação Stricto Sensu, entre eles destacamos:
sentimento de ansiedade e insegurança (VIEIRA et al., 2020).
298298
al. (2020), a pandemia evidenciou a exclusão econômica e social pre
sente no mundo todo, impactando atividades essenciais, entre elas,
os setores da saúde e educação, juntas, essas duas grandes áreas
estão sofrendo (trans)formações, sendo a interação online o principal
mecanismo adotado por ambas as áreas, tanto para a continuidade
das aulas e pesquisas no campo educacional quanto para a intera
ção entre clientes e os diferentes setores da saúde.
299299
Além da CHD, geramos a árvore da similitude, decorrente da
análise do corpus textual, apresentada na figura 2. A árvore da simili
tude é baseada na teoria dos grafos, ou seja, ela “possibilita identificar
as co-ocorrências entre as palavras e seu resultado traz indicações da
conexidade entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura
de um corpus textual” (CAMARGO; JUSTO, 2013, p. 516).
SUMÁRIO
300300
quais possuem forte ligação, devido à espessura das linhas que ligam
uma palavra às outras. Além das palavras em destaque, chamamos
a atenção para o clusters, os quais estão formados ao redor de cada
palavra. Na palavra aluno, aparece em destaque: processo-formativo;
universidade, tecnologia, investigação, refletir, mestrando. Na palavra
Pós-Graduação, aparecem em destaque: construção, percepções,
qualidade, realizar, aspecto. Na palavra pandemia, aparece em desta
que: ensino remoto, atividade, Covid-19, gestão do tempo, mudanças,
pesquisa, adaptação, limitações, ansiedade.
As análises lexicográficas e de similitude revelam, a partir dos
dados gerados na figura 2, as relações entre as palavras ativas da
árvore da similitude, nas quais o período da pandemia provocou alte
rações quanto à rotina dos alunos da Pós-Graduação.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste texto, que teve por objetivo categorizar, por meio do soft
ware Iramuteq, estudos publicados que tratam sobre os impactos da
pandemia para os alunos da Pós-Graduação Stricto Sensu, foi possível
apresentar uma breve análise dos artigos publicados sobre os impac
SUMÁRIO
tos da pandemia no cotidiano das aulas e na vivência dos alunos da
Pós-Graduação, trazendo, ao mesmo tempo, indicações para novas
pesquisas nesse campo de investigação.
301301
• O ensino remoto foi adotado pela grande maioria das institui
ções de Ensino Superior, sejam elas públicas ou privadas;
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SUMÁRIO
305305
para
Capítulo 13
IsabelPatrícia
13
Patrícia Unguer Raphael Bataglia
Raphael Bataglia
UnguerBaraldi
Bragança
DOI: 10.31560/pimentacultural/2021.107.306-321
INTRODUÇÃO
307307
vamente associada a maiores níveis de sensibilidade à ansiedade e a
maior severidade de distúrbios do pânico (JAYAKODY et. al., 2014), ou
seja, a saúde integral depende do cuidado com a mente e com o corpo.
308308
as suas dimensões - intelectual, emocional, físico, social, espiritual,
sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e ética. Este
desenvolvimento deve ocorrer pela integração de diversos agentes,
movidos por um projeto comum com metas educacionais bem defi
nidas. A existência de objetivos e projetos em comum pode levar ao
desaparecimento de preconceitos e hostilidades latentes, e ao surgi
mento de uma cooperação mais serena e até mesmo à amizade.
309309
CONTEXTO DO TRABALHO ATUAL
310310
A proposta dos estudos e do “Cuidar de Si” é de criar espaços
de partilha de experiências para o acolhimento emocional, realizar prá
ticas integrativas que visam ao autoconhecimento, fomentar discus
sões que levem à reflexão sobre práticas para uma autorregulação do
estresse e de estados emocionais, e oferecer subsídios teóricos às
questões levantadas pela equipe nesses encontros. Para servir como
base para o trabalho, propusemos o estudo do livro “Sete competên
cias básicas para se educar em valores” (GARCÍA; PUIG, 2010), que
trabalha na linha de cooperação, compartilhamento, confiança e cons
trução em equipe, por todos os membros da equipe escolar.
O OLHAR DO PRINCIPIANTE
311311
E 2 - “Não consegui achar resposta”.
AUTOAVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO
OCUPACIONAL
312312
Duas professoras relataram, após a respiração, quando pergun
tadas sobre a rotina e as práticas de respiração e relaxamento e olhar
do principiante:
E-4: “Já virou meta para mim, peguei meu violão de volta, cortei
as unhas (...), questão de honra agora, vou me olhar, vou me amar (...)”.
313313
Ao avaliar os resultados, na primeira área de Causalidade pes
soal, constatou-se que apesar de mais de 80% dos participantes te
rem confiança em suas realizações no trabalho e lar, esse número era
consideravelmente menor em se tratando da autoconfiança nas reali
zações de lazer.
KAWA MODEL
314314
A atividade proposta foi o modelo de intervenção de Terapia
Ocupacional, o Kawa Model, criado por Michael Iwama, em que o prin
cipal objetivo é avaliar a realidade em que o indivíduo se encontra e os
instrumentos que cada um tem para encarar as dificuldades relatadas.
SUMÁRIO
315315
Após desenharem seus rios, todos retornaram para conversa
rem sobre o que visualizaram em seus desenhos. A seguir, na figura
1, são apresentados alguns exemplos de desenhos produzidos pe
los educadores:
Educador 4 1 (E-1) “(Foi) difícil. Tem tanta coisa que a gente
quer colocar e às vezes a gente não consegue se expressar, eu pelo
menos fui assim”.
316316
Para acolher essas demandas e encerrar a reunião do dia, a
mediadora comentou sobre dois instrumentos para auxiliar no controle
da ansiedade: a Logoterapia, uma abordagem criada por Viktor Frankl,
após a sua experiência nos campos de concentração nazista, em que
se estimula os indivíduos a ressignificarem as cirscunstâncias adver
sas, e a exercerem a sua liberdade de escolha de atitudes de forma
positiva frente a cada uma delas; e o A.C.A.L.M.E-SE, uma técnica de
Bernard Range, que tem o intuito de lidar com a ansiedade, ataque de
pânico e agorafobia, através de uma sequência de atitudes represen
tada por cada letra; (A): aceitar a ansiedade; (C): comtemplar as coisa
à volta; (A): agir com a ansiedade continuando suas tarefas; (L): liberar
ar dos pulmões; (M): manter os passos anteriores; (E): examinar seus
pensamentos; (S): sorrir; (E): esperar o futuro com aceitação.
317317
forma produtiva ou automática, e sobre o nível de autocobrança, e como
isso influencia na percepção do cansaço e quantidade de trabalho.
Baseado nessa demanda de excesso de trabalho e cansaço,
e na falta de materialização do que está sendo vivido diariamente, os
participantes foram divididos em grupos menores. Assim, foi proposta
como atividade da semana a produção de uma linha do tempo que
contemplasse o período do início da pandemia até a data presente.
Nesses grupos, cada participante deveria formular a sua linha do tem
po, e dividi-la com os outros, trazendo os principais obstáculos enfren
tados e também a forma como foram solucionados.
318318
dentro de casa, e chega um ponto que a gente fica assim, querendo
sumir, querendo procurar um poço pra entrar e não sair mais, ficar lá
escondido, por que tudo cai em cima da gente”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
319319
Foi possível perceber que a realização das atividades propos
tas pôde avivar a importância do autocuidado como a primeira tarefa
do educador, pois, as atividades e as partilhas em grupo criaram a
visualização do impacto da falta de autoconexão para a atuação nas
atividades cotidianas, e a vontade de melhora deste aspecto foi trazida
pelo grupo. Os educadores relataram a satisfação em terem um tempo
para cuidarem de si, e conseguiram perceber a importância da imple
mentação de mudanças de hábitos e introdução de reflexões sobre as
funções que executam em seu dia a dia.
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EPU, 2007.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do
Oprimido. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
PACHECO, J. Inovar é assumir um compromisso ético com a educação.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2019.
PINTO, M.R.S.V. Transformação vivencial e os caminhos para a ressignificação
escolar. Memorial apresentado ao Curso de Especialização em Alternativas
para uma Nova Educação, do Setor Litoral, da Universidade Federal do Paraná.
Orientador(a): Prof(a). Ms. Susan Regina Raittz Cavallet. Matinhos, 2018.
PUIG, J. M. Aprender a dialogar: materiales para la educación ética y moral.
In: Educación secundaria. Madri: Rogar, 1995.
SUMÁRIO
321321
Sobre os autores e as autoras
Adriano Moro
Doutor em Educação pela UNICAMP, com Doutorado Sanduíche pela HAR
VARD UNIVERSITY: Graduate Shool of Education. Mestre em Psicologia da
Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Es
pecialista em Psicopedagogia pela Universidade Ítalo Brasileira. Graduado
com Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Ítalo Brasileira.
Pesquisador do GEPEM (Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Moral)
UNESP/UNICAMP. Pesquisador do Departamento de Pesquisas Educacionais
da FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS (DPE/FCC) e integrante do Grupo de Pes
quisas em Avaliação Educacional. Integrante do Grupo de Pesquisa em Convi
vência Democrática: estudos sobre clima escolar e atmosfera moral do PPGE
-UMESP. Membro do International Observatory for School Climate and Violence
Prevention na Universidade de Sevilla, Espanha. E-mail: amoro@fcc.org.br
Antonella Bisetto
Graduanda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas
(PUC-Campinas). E-mail: antonellabisetto@gmail.com
Adriana Pasqualini
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Me
todista de São Paulo. Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Metodista
de São Paulo, Licenciatura em Letras Português/Inglês pela UNICID - Universi
SUMÁRIO
dade de São Paulo. Professora do Ensino Superior. Mediadora de Aprendiza
gem no Programa de Enriquecimento Instrumental de Feuesrtein - certificada
pelo Instituto Feuesrtein-Bassou - PEI I e PEI Básico. E-mail: adriana.pasqua
lini@gmail.com
322322
Carlos Henrique Ferreira da Silva
323323
Denise D’Auria-Tardeli
Graduada em Psicologia e Pedagogia. Mestre em Educação (USP). Doutora
em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano (USP) com Pós-Doutorado
em Educação (USP). Professora titular do Programa de Pós-Graduação em
Educação da UMESP. Pesquisadora na área da Psicologia Moral e Educação.
Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Convivência Democrática: estudos
sobre clima escolar e atmosfera moral do PPGE-UMESP. Membro da Associa
tion for Moral Education (USA). E-mail: denisetardeli@gmail.com
324324
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Membro do grupo de
pesquisa Psicologia da Saúde e Desenvolvimento da Criança e do Adolescen
te. E-mail: leticiadellazzana@gmail.com
325325
Maria Teresa Ceron Trevisol
Pós-doutorado pela Universidade de Coimbra - Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação, UC, Portugal. Doutora em Psicologia pelo Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo – USP. Mestre em Educação – PUC/
RS. Docente da graduação e do Programa de pós-graduação em Educação
– PPGEd – UNOESC. Líder do Grupo de Pesquisa Cognição, Aprendizagem
e Desenvolvimento Humano-PPGEd-UNOESC. Integrante do Grupo de Pes
quisa em Convivência Democrática: estudos sobre clima escolar e atmosfera
moral do PPGE-UMESP. E-mail: mariateresa.trevisol@unoesc.edu.br
Mônica Tessaro
Graduada em Psicologia pela Universidade Comunitária da Região de Cha
pecó (Unochapecó). Mestra em Educação pela Unochapecó. Doutoranda em
Educação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). Atualmen
te é bolsista CAPES, cod. de fin. 001. Integrante do Grupo de Pesquisa em
Convivência Democrática: estudos sobre clima escolar e atmosfera moral do
PPGE-UMESP. E-mail: m_tessaro@unochapeco.edu.br
326326
nos cursos de Licenciatura em Matemática e Física com as disciplinas de Teo
rias Educacionais, Estágios, Psicologia da Educação e Didática.
E-mail: rosane.cavasin@ifc.edu.br
Simone Bálsamo
327327
A
ÍNDICE REMISSIVO 124, 128, 169, 170, 171, 191, 202, 205,
acessibilidade 28, 33, 141, 147, 192 206, 207, 209, 216, 217, 220, 247, 248,
acolhimento 29, 116, 119, 124, 130, 195, 250, 251, 252, 262, 263, 264, 265, 266,
204, 205, 207, 209, 247, 252, 311, 314 271, 272, 273, 274, 278, 288, 296, 298,
alunos 13, 14, 19, 20, 24, 27, 28, 29, 31, 299, 301
32, 33, 40, 42, 45, 47, 55, 56, 64, 65, 68, B
69, 70, 71, 72, 74, 75, 77, 78, 79, 80, 81, BBC News 13
82, 83, 84, 85, 86, 90, 91, 95, 97, 98, 99,
101, 102, 105, 106, 107, 112, 114, 117, C
118, 120, 121, 122, 123, 124, 126, 127, capitalismo 17, 66, 145, 146, 151, 155
128, 129, 131, 132, 141, 152, 160, 165, comportamento 17, 22, 23, 31, 47, 52, 53,
171, 176, 177, 178, 181, 182, 184, 185, 92, 93, 101, 105, 111, 119, 121, 136, 195,
186, 191, 192, 193, 201, 202, 205, 206, 267, 313
207, 208, 209, 214, 215, 216, 217, 219, comunidade 13, 14, 15, 19, 20, 40, 46, 67,
220, 221, 223, 226, 232, 246, 247, 248, 85, 90, 91, 120, 121, 123, 124, 125, 126,
250, 252, 253, 254, 257, 258, 262, 263, 127, 130, 132, 133, 144, 160, 164, 174,
264, 265, 268, 269, 270, 271, 272, 273, 181, 185, 188, 190, 194, 209, 232, 248,
274, 275, 276, 277, 278, 279, 284, 285, 256, 257, 287
287, 288, 289, 292, 294, 297, 298, 299, confinamento 9, 25, 90, 98, 99, 100, 104,
301, 302, 304 105, 214
ambiente virtual 19, 23, 28, 42, 77, 224 contexto social 13, 18, 46, 81, 176, 315
aprender 28, 40, 41, 44, 48, 52, 55, 57, 59, convívio social 22, 23, 25, 29, 90
64, 65, 67, 68, 72, 73, 80, 84, 86, 87, 88, cooperação 27, 28, 127, 149, 190, 197,
122, 129, 171, 178, 183, 184, 186, 191, 206, 309, 311
200, 209, 243, 248, 308, 309 coronavírus 13, 26, 71, 90, 105, 141, 152,
SUMÁRIO aprendizagem 9, 13, 14, 19, 20, 22, 23, 164, 169, 190, 211, 212, 233, 238, 252,
24, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 40, 42, 262, 282, 284
43, 45, 46, 47, 48, 51, 52, 53, 54, 55, 56, Covid-19 10, 36, 66, 88, 90, 99, 103, 105,
57, 58, 59, 60, 61, 64, 70, 71, 74, 75, 76, 136, 137, 169, 170, 171, 190, 193, 194,
77, 78, 80, 83, 84, 85, 86, 87, 92, 93, 94, 197, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 217,
96, 97, 101, 108, 114, 119, 120, 121, 122, 219, 223, 229, 230, 232, 233, 234, 238,
123, 124, 125, 126, 127, 154, 201, 207, 252, 257, 282, 285, 291, 292, 294, 296,
214, 219, 226, 230, 238, 242, 243, 244, 297, 298, 299, 301, 302, 307
246, 252, 253, 254, 256, 257, 260, 264, COVID-19 13, 14, 15, 17, 19, 24, 26, 34,
273, 289 35, 37, 38, 64, 73, 78, 84, 87, 109, 110,
aulas 13, 14, 27, 28, 29, 40, 55, 56, 59, 67, 111, 113, 135, 136, 137, 138, 139, 141,
71, 74, 75, 80, 82, 85, 86, 90, 91, 92, 97, 167, 189, 209, 211, 212, 214, 219, 223,
98, 101, 107, 110, 112, 113, 114, 117, 123, 225, 229, 230, 231, 233, 234, 262, 266,
328328
273, 282, 283, 285, 286, 287, 289, 291, 77, 78, 80, 83, 84, 85, 86, 87, 92, 93, 97,
292, 293, 294, 303, 304, 305 101, 106, 107, 113, 114, 116, 118, 120,
crianças 9, 19, 21, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 133,
40, 42, 43, 45, 46, 47, 50, 51, 53, 54, 55, 134, 141, 152, 154, 172, 184, 190, 191,
56, 57, 58, 71, 74, 75, 80, 81, 84, 94, 101, 192, 199, 201, 202, 207, 214, 216, 217,
114, 115, 116, 120, 132, 138, 184, 252, 218, 221, 223, 232, 233, 238, 243, 246,
265, 266, 274, 310, 318 258, 262, 263, 264, 265, 269, 270, 271,
crise sanitária 13, 19, 29, 169, 178, 179, 273, 274, 279, 281, 289, 293, 294, 296,
184, 195 298, 299, 301, 302, 303, 304
cultura 43, 45, 75, 78, 82, 84, 87, 105, Ensino Fundamental 19, 28, 49, 66, 72, 75,
118, 119, 121, 130, 134, 149, 151, 159, 80, 128, 199, 200, 201, 215, 218, 229, 263,
173, 287 270, 310
ensino híbrido 27, 29
D
Ensino Médio 19, 66, 72, 75, 80, 199, 200,
digitalização 26 201, 210, 215, 218, 229, 263, 268, 270,
distanciamento social 17, 18, 24, 25, 26, 271, 277, 281, 284, 285
64, 81, 90, 105, 114, 124, 191, 193, 214, ensino on-line 27
247, 262, 264, 273, 282, 293, 303 escolar 10, 13, 14, 15, 19, 20, 22, 24, 29,
E 40, 42, 45, 46, 48, 56, 64, 67, 68, 69, 71,
72, 76, 78, 85, 86, 87, 91, 92, 93, 94, 95,
EAD 75, 214, 263, 293, 294, 305
96, 101, 114, 115, 119, 120, 121, 122, 123,
econômico 13, 17, 46, 148, 155, 176 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 132,
ecossistema 23 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 153,
educação 9, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 27, 28, 154, 158, 160, 164, 182, 188, 190, 191,
29, 31, 34, 40, 41, 42, 45, 54, 58, 59, 60,
192, 198, 199, 206, 214, 215, 217, 218,
61, 63, 64, 67, 68, 71, 73, 75, 77, 84, 85,
219, 220, 221, 223, 225, 227, 229, 230,
86, 87, 88, 90, 91, 96, 97, 100, 102, 106, 231, 232, 233, 258, 259, 262, 266, 280,
107, 112, 117, 119, 120, 124, 132, 141, 282, 285, 311, 313, 321, 322, 323, 324,
SUMÁRIO 144, 145, 147, 149, 150, 151, 152, 154, 325, 326, 327
160, 164, 165, 171, 175, 178, 180, 181,
estresse social 24
183, 185, 186, 187, 197, 198, 199, 201,
209, 211, 212, 214, 215, 223, 225, 227, F
229, 230, 231, 232, 238, 245, 246, 250, família 14, 20, 21, 46, 55, 77, 78, 84, 101,
257, 258, 259, 262, 263, 264, 265, 266, 104, 110, 111, 114, 115, 116, 118, 122,
269, 273, 275, 281, 282, 283, 287, 294, 124, 127, 174, 183, 192, 205, 218, 288,
297, 298, 299, 302, 308, 309, 310, 311, 310, 314
321 fase pandêmica 24
educativa 13, 14, 20, 122, 125, 258 ferramentas tecnológicas 28, 34, 40, 67,
e-learning 24 68, 74, 85
ensino 13, 14, 19, 21, 23, 24, 27, 29, 32, formação 11, 20, 21, 27, 40, 46, 57, 58, 66,
33, 34, 40, 41, 42, 45, 56, 57, 58, 59, 64, 67, 72, 75, 87, 90, 91, 93, 94, 96, 106, 127,
65, 66, 67, 68, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76,
329329
144, 177, 181, 186, 187, 191, 194, 195, neurodesenvolvimento 47, 49, 50
199, 203, 217, 218, 231, 238, 239, 242,
P
243, 244, 245, 246, 247, 248, 250, 253,
257, 258, 259, 264, 268, 280, 289, 294, pandemia 9, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 19, 21,
302, 310, 323 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29, 32, 38, 40, 56,
57, 58, 64, 65, 67, 69, 71, 72, 73, 74, 75,
G 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 86, 87,
gestão escolar 91 90, 92, 94, 95, 96, 97, 99, 100, 101, 103,
global 17, 26, 28, 29, 38, 90, 141, 162, 105, 106, 110, 111, 112, 113, 115, 117,
190, 194, 246, 313 118, 123, 132, 133, 134, 136, 137, 138,
141, 142, 149, 151, 152, 153, 164, 169,
H
170, 171, 178, 179, 181, 183, 184, 185,
humanização 25 191, 192, 194, 196, 201, 204, 205, 206,
I 207, 208, 209, 210, 211, 212, 214, 215,
216, 217, 218, 219, 221, 223, 225, 226,
idade escolar 24, 48
228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 238,
inteligência emocional 30, 31 242, 246, 250, 251, 252, 256, 257, 258,
interação 24, 27, 28, 32, 33, 40, 43, 44, 50, 262, 270, 271, 275, 281, 282, 283, 284,
54, 55, 57, 58, 59, 68, 69, 70, 71, 76, 77, 285, 287, 288, 289, 292, 293, 294, 297,
90, 92, 93, 94, 101, 142, 150, 194, 247, 298, 299, 300, 301, 302, 303, 304, 307,
250, 252, 264, 265, 299 310, 316, 318, 319, 320
interações 20, 23, 25, 33, 44, 71, 92, 101, população 13, 17, 18, 66, 75, 110, 141,
120, 121, 132, 215, 247, 320 144, 145, 164, 169, 191, 197, 201, 207,
interativos 21 265, 266, 307
internet 18, 19, 21, 22, 23, 26, 27, 71, 74, prática pedagógica 61, 90, 91, 101, 107,
75, 77, 85, 114, 151, 152, 171, 191, 192, 184
202, 203, 214, 217, 219, 223, 226, 241, psicologia educacional 23, 327
248, 249, 250, 256, 265, 266, 270, 279
Q
SUMÁRIO L
quarentena 17, 114, 138, 141, 214, 247,
linguagem 21, 43, 48, 49, 290
294, 303
linguagem audiovisual 21
R
M
meios de comunicação 21, 25 remoto de aula 24
meios digitais 91, 202, 256, 263 S
mercado 17, 29, 147, 238, 242, 244, 246, sala de aula 58, 59, 64, 70, 74, 82, 96, 97,
270, 287 122, 177, 192, 207, 265, 310
mídias 25, 26, 201 saúde 13, 17, 23, 30, 55, 58, 92, 99, 105,
N 110, 111, 115, 116, 117, 119, 121, 123,
131, 138, 141, 145, 147, 149, 172, 191,
neurocognitivo 19
192, 193, 197, 198, 201, 203, 204, 205,
330330
211, 212, 214, 215, 223, 225, 228, 229, transtorno psicológico 23, 24
233, 234, 244, 245, 262, 265, 282, 287, transtornos psicológicos 24
289, 298, 299, 302, 307, 308, 321
V
século XX 17, 142, 143, 144, 307
segurança 13, 64, 121, 123, 126, 127, 202, virtual 13, 14, 19, 23, 25, 28, 29, 33, 35,
208, 217, 244, 282 40, 42, 64, 72, 77, 80, 82, 91, 97, 107, 114,
smartphones 14, 21, 22, 114, 248 191, 196, 205, 224, 257, 319
sociedade 17, 21, 40, 42, 59, 82, 91, 132, virtualidade 14, 29, 33, 193
143, 144, 146, 148, 149, 150, 151, 154, vírus 14, 17, 26, 87, 88, 97, 106, 141, 169,
155, 156, 160, 173, 175, 188, 193, 222, 190, 262, 266, 318
239, 241, 243, 244, 258, 309, 312 vulnerabilidade 23, 24, 110, 114, 117, 143,
201, 223, 238, 265, 267
T
tecnologia 14, 23, 26, 29, 33, 34, 67, 68,
69, 71, 74, 90, 93, 96, 98, 117, 165, 183,
184, 203, 249, 262, 296, 301, 307
SUMÁRIO
331331
SUMÁRIO
332