Dissertacao Guilherme Bembom
Dissertacao Guilherme Bembom
_____________________________________
Dra. Mara Zeni Andrade
Universidade de Caxias do Sul
_____________________________________
Dra. Ana Maria Coulon Grisa
Universidade de Caxias do Sul
_____________________________________
Dr. Derval dos Santos Rosa
Universidade Federal do ABC Paulista
_____________________________________
Dra. Rosmary Nichele Brandalise
Universidade de Caxias do Sul
_____________________________________
Dr. Ademir José Zattera
Universidade de Caxias do Sul
AGRADECIMENTOS
Sou grato a Deus, pois me deu fôlego, paciência e graça para alcançar este objetivo.
Toda glória e honra a Ele.
Ao meu pai e minha mãe (in memorian), sem os quais não seria quem sou e nem
sonharia os sonhos que sonhei.
À família e aos amigos que souberam compreender minhas ausências. Sem vocês e sua
torcida, as coisas seriam bem mais difíceis.
À Academia, pelo conhecimento compartilhado.
Às professoras Drª. Ana Grisa e Drª. Mara Zeni pelo apoio fornecido e pelas horas
dispensadas.
À Andrea Erstling, a qual não foi uma bolsista, mas uma parceira de trabalho e uma
grande torcedora.
Às empresas SGS, Innua, Lanxess e Grendene, pelo fornecimento das matérias-
primas.
Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este objetivo fosse
alcançado, meu muito obrigado.
“(...) à medida que você cresce, eu cresço também”.
Aslan
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................. 10
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 14
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 14
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 14
6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 66
APÊNDICE A .......................................................................................................................... 74
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO
O poli(cloreto de vinila) (PVC) é o segundo termoplástico mais produzido no mundo
(JIA et al., 2015), isto porque é um termoplástico de grande versatilidade, que interagindo
com diferentes aditivos, pode ser injetado, extrusado, calandrado ou espalmado, além de
apresentar-se rígido ou flexível (MADALENO et al., 2009).
O consumo mundial de PVC ultrapassou 36 milhões de toneladas no ano 2011,
enquanto a capacidade mundial de produção de PVC é estimada em 50 milhões t.ano-1 em que
ano
. Desta demanda, o Brasil foi responsável pelo consumo de cerca de 1,34 milhão de
toneladas – aproximadamente 2% da demanda mundial – das quais 34% foram direcionadas
para aplicações tipicamente flexíveis como filmes para embalagens, pisos laminados,
espalmados, fios, cabos, mangueiras e calçados (CARVALHO; MEI; RODOLFO JUNIOR,
2013, INSTITUTO DO PVC, 2015).
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de calçados e o quinto maior exportador
e consumidor do produto, sendo que de toda a produção de calçados em 2010, 54,5% foram
calçados plásticos (TEIXEIRA, ROMANO, ALVES FILHO, 2014).
O mercado calçadista foi o quarto maior consumidor de PVC no Brasil, ao lado do
setor de revestimento para fios e cabos, gerando, juntos, um consumo de 62.527 mil toneladas
em 2009 (INSTITUTO DO PVC, 2015). Tal interesse, por parte do mercado calçadista, deve-
se à maciez e flexibilidade nas composições de PVC devido à adição de plastificantes
(INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS, 2015).
À composição flexível de PVC dá-se o nome de PVC flexível. Em aplicações de
PVC flexível é comum o uso de plastificantes: compostos químicos que se alojam entre as
cadeias do polímero e, consequentemente, diminuem a força das ligações secundárias,
tornando a composição menos rígida. (MANCINI et al., 2015).
O plastificante comumente utilizado na produção de composições de PVC é o dioctil
ftalato (DOP), amplamente empregado devido às excelentes propriedades de plastificação e
processamento, além dos baixos custos (CHIELLINI et al, 2013). Apesar da compatibilidade
do DOP com o PVC, o DOP pode exsudar para a superfície do material gerando perda de
propriedades (BOUSSOUM; BELHANECHE-BENSEMRA, 2014).
Em 2011, o mercado brasileiro de plastificantes para PVC movimentou 200 mil
toneladas, das quais, 58% foram de plastificantes ftálicos (PLÁSTICO EM REVISTA, 2013).
Estes são os mais empregados como aditivos do PVC, contudo o Parlamento Europeu e o
13
1 INTRODUÇÃO
3.2.2 Plastificantes
Figura 5 – Representação da interação molecular entre plastificante em (a) cadeias de PVC e em (b) moléculas
da cadeia de PVC.
(BANEGAS, 2011).
altos coeficientes de difusão tendem a ser mais eficientes na plastificação, contudo tendem a
ter baixa permanência (BERNARD et al., 2015; CARVALHAIS, 2013; DANIELS, 2009;
IMMERGUT; MARK, 1965; MADALENO et al., 2009).
Os plastificantes podem ser divididos de acordo com suas características químicas.
Chiellini et al. (2013) classifica os plastificantes em plastificantes de baixa massa molar e
plastificantes poliméricos.
Adipatos e azelatos apresentam uma estrutura química semelhante composta por uma
cadeia alifática linear com dois grupos ésteres-carboxílicos terminais, porém os azelatos
possuem cadeia linear mais longa que os adipatos. Ambos se destacam pela baixa viscosidade
e à alta estabilidade à luz, contudo possuem volatilidade elevada (RABELLO, 2000).
Os adipatos são economicamente viáveis e não apresentam restrições legais e/ou
comerciais como alguns plastificantes ftálicos. Testes realizados em ratos e em seres humanos
não apontaram qualquer disfunção renal, toxicidade testicular ou histopatologia (SOUZA et
al. 2009).
Dentre os adipatos destaca-se o di(etil-hexil) adipato (DEHA) ou dioctil adipato
(DOA), o qual apresenta uma massa molar de 370 g.mol-1. O DOA é o principal substituto de
plastificantes ftálicos, contudo sua alta volatilidade gera o efeito fogging, que nada mais é que
a condensação de voláteis sobre substratos, a qual confere pegajosidade e embaçamento à
superfície do substrato (WYPYCH, 2013).
Os líquidos iônicos são sais fundidos que fundem abaixo de 100 °C e consistem
basicamente de um cátion inorgânico e um ânion volumoso. Pesquisadores estudaram líquidos
iônicos como agentes plastificantes em PVC, obtendo excelentes propriedades de
plastificação, redução da temperatura de transição vítrea (Tg) da composição de PVC e maior
resistência à lixiviação e migração, em relação aos demais plastificantes (RAHMAN;
BRAZEL, 2006).
O diisononil-ciclohexano-1,2-carboxilato (DINCH ou Hexamoll®) é um plastificante
obtido por substituição do anel de benzeno do DOP por um anel de ciclohexano, o qual
apresenta uma massa molar de 427,7 g.mol-1 (BASF, 2013). Ele possui um comportamento
físico e uma viscosidade muito similar ao DOP, o que facilitaria o processamento e a
formulação (CHIELLINI et al., 2013). Segundo relatório do Comitê Científico de Riscos para
a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados (SCENIHR) este plastificante,
desenvolvido pela BASF, apresenta um índice de exsudação até oito vezes menor que o DOP
(SCIENTIFIC COMMITTEE ON EMERGING AND NEWLY-IDENTIFIED HEALTH
RISKS, 2014).
Introduzido no mercado europeu em 2002, o DINCH destina-se principalmente a
aplicações sensíveis, tais como brinquedos, embalagens de alimentos e dispositivos médicos.
Dados toxicológicos disponíveis sugerem que este plastificante não é nem um tóxico
reprodutivo nem um disruptor endócrino (SCHÜTZE et al., 2015).
A Figura 7 apresenta a estrutura química do diisononil-ciclohexano-1,2-carboxilato
(DINCH).
23
3 REFERENCAL TEÓRICO
requerem aprovação de contato com alimentos e está em conformidade com uma série de
regulamentos de alimentos em toda a Europa e nos EUA. Ele é fornecido pela Lanxess
Indústria de Produtos Químicos e Plásticos Ltda. (COLTRO et al., 2014; LANXESS
INDÚSTRIA DE PRODUTOS QUÍMICOS E PLÁSTICOS LTDA, 2008). Por questões
comerciais, a empresa não forneceu a estrutura química deste plastificante.
A interação entre plastificante e PVC ocorre através das forças de van der Waals e
interações dipolo-dipolo. Sem essas interações os plastificantes tenderiam à auto-associação
formando aglomerados de plastificantes podendo exsudar da matriz polimérica facilmente. No
26
3 REFERENCAL TEÓRICO
PVC flexível, estas interações permitem aos plastificantes solvatar a região amorfa do
polímero, mas não sua fração cristalina (Figura 10) (DANIELS, 2009).
3.5 EXSUDAÇÃO
A exsudação pode ser definida como a perda de substâncias por parte do sistema
polimérico (JAFICZAK; TADYCH, 1984). Ela afeta as propriedades da composição como
bem pode interagir com o meio circundante. A exsudação pode ocorrer de três formas
distintas: volatilização, quando há perda do plastificante para a atmosfera; extração: quando
ocorre perda do plastificante para o meio líquido circundante; e migração, onde ocorre perda
do plastificante do sistema para outro sistema sólido em contato com o sistema plastificado
(STARK; CHOI; DIEBEL, 2005).
A exsudação de plastificantes é um fator muito importante e deve ser levado em
consideração, pois pode tornar o produto final inadequado para determinadas aplicações
(HERNÁNDEZ et al., 2000).
O estudo da exsudação de um sistema polimérico plastificado exige a observação de
fatores externos ou ambientais (como temperatura, tempo, pressão, área e material de contato)
e fatores internos ou intrínsecos (como polaridade, linearidade, massa molar, volume molar,
natureza e quantidade de plastificante, processo de plastificação e homogeneidade da
composição) (DEMIR; ULUTAN, 2012; MARCILLA; GARCIA; GARCIA-QUESADA,
2008).
27
3 REFERENCAL TEÓRICO
circundante possui forte influência sobre a exsudação, ocorrendo maior exsudação na mistura
de acetonitrila do que na mistura de etanol e água. O equilíbrio entre o teor de plastificante
disperso na mistura e nas amostras de PVC foi atingido em menor tempo com o aumento da
temperatura e, o aumento da quantidade de plastificante aumentou a taxa de exsudação até o
momento de equilíbrio, quando a diferença de concentração entre substrato e meio
circundante atingiu um platô onde não ocorreu mais difusão no sistema.
Os plastificantes podem exsudar ao longo do tempo devido ao contato com o ar,
qualquer líquido ou algum material sólido absorvente. Tal exsudação reduz a flexibilidade do
sistema tornando-o frágil. Stark, Choi e Diebel (2005) recomendam o uso de plastificantes
com uma massa molar mínima de 400 g.mol-1, a fim de assegurar a retenção do plastificante
no sistema em longo prazo. Em seus estudos, constataram que plastificantes com massa molar
superior a 400 g.mol-1 tem uma taxa de volatilização inferior a 2% e uma taxa de migração
inferior a 0,1 g.cm-², quando o substrato está em contato com espumas de poliuretano.
Marcilla, Garcia e Garcia-Quesada (2008) em estudos sobre a exsudação de
diferentes tipos de plastificante observaram que citratos e adipatos são mais voláteis que os
ftalatos e, que dentro da mesma família de plastificantes, a massa molar influencia fortemente
a exsudação, pois quanto maior a massa molar, maior o tamanho da molécula, o que diminui o
coeficiente de difusão do sistema.
Madaleno et al. (2009) compararam propriedades mecânicas, térmicas e
morfológicas de diferentes plastificantes: óleo vegetal modificado (OVM), óleo vegetal
modificado e epoxidado (OVME), DOP e DOA. Observaram um módulo de elasticidade
superior em suas amostras com OVM e alto índice de exsudação nesta mesma amostra. Os
plastificantes OVM e OVME apresentaram maiores valores de alongamento na ruptura frente
aos plastificantes convencionais (DOP e DOA).
Fenollar et al. (2009) utilizaram um éster de ácido graxo como agente plastificante
em plastissóis e observaram nas micrografias indícios de plastificação da composição
(estrutura de onda) e partículas individuais de PVC (formas esféricas) em diferentes tempos
de cura.
Navarro et al. (2010) desenvolveram plastificantes funcionalizados capazes de
estabelecer uma ligação covalente com o PVC e com propriedades físico-químicas
semelhantes às propriedades do DOP comercial. A fim de estudar a exsudação dos novos
plastificantes, expuseram amostras ao heptano em temperatura ambiente e constataram que a
composição com DOP perdeu praticamente todo o plastificante durante o experimento, ao
29
3 REFERENCAL TEÓRICO
4.1 MATERIAIS
4.2 MÉTODOS
Ensaios
Injeção dos Análise das
Corpos de Prova características
Extrusão e
Granução das Injetora químicas,
Misturas convencional morfológicas,
térmicas,
Aditivação de PVC Homogeneização
mecânicas e
das misturas em
Preparação das extrusora dupla físico-químicas.
composições no rosca e granulação
misturador de no picotador.
resina.
Para a obtenção das composições de PVC foi utilizada uma formulação comercial de
100 pcr de PVC (2.500 g), 40 pcr de plastificante (1.000 g) e 2 pcr de estabilizante térmico
(50 g).
As composições de PVC foram obtidas no misturador de resina modelo MH4, da
MH Equipamentos Ltda. do Brasil, com capacidade máxima de 4000 g e com velocidade de
rotação constante de 1750 rpm.
Os materiais foram pesados na balança BK 6000, da Multitec e, posteriormente,
adicionados no misturador. Primeiramente, foram adicionados o PVC e o estabilizante
térmico até a mistura atingir a temperatura de 70 ºC. A temperatura foi monitorada
manualmente com termômetro digital com infravermelho MT 350, da Minipa do Brasil Ltda.
Depois, o plastificante foi adicionado e a mistura manteve-se sob agitação durante 20
segundos. Por fim, o misturador foi desligado e aberto.
Os corpos de prova foram obtidos por injeção em uma injetora GEK 180/S, da marca
Golden Eagle da China, com capacidade de plastificação de 26,8 g.s-1 e L/D igual a 20 e com
perfil de temperatura crescente.
A Tabela 1 apresenta os parâmetros utilizados no processo de injeção dos corpos de
prova.
32
4 MATERIAIS E MÉTODOS
A determinação das fases presentes nas amostras de PVC e suas composições foi
realizada por difratometria de raios-X (DRX), com o auxílio do difratômetro XRD-600 da
Shimadzu do Japão, utilizando-se fonte de radiação monocromática Cu-Kα de λ =1,5418°,
com tensão de 40Kv e uma corrente de 30mA. Os dados foram coletados em ângulo 2θ, entre
3 e 40° a uma taxa de 2°.min-1.
O índice de cristalinidade (Xc (%)) da amostra foi calculado segundo a Equação 4,
integrando-se os picos cristalinos e a banda amorfa na faixa de ângulos 2θ de 15º a 25º
(OLIVEIRA et al., 2015):
Equação 4
(4)
A distância basal interlamelar (d) dos cristalitos de PVC puro e das composições de
PVC foi calculada a partir dos picos característicos, aplicando-se a lei de Bragg, através da
Equação 5 (SILVA et al., 2011).
Equação 5
(5)
O ensaio de dureza Shore A das amostras foi medida pelo durômetro de elastômeros
e polímeros da MAQTEST do Brasil, conforme a norma ASTM D 2240-00. Os testes foram
realizados em ambiente climatizado em temperatura de 23 ± 2 °C e 50 ± 10 % de umidade
relativa, mensurando cinco pontos diferentes dos corpos de prova, os quais eram cilíndricos
com 38 mm de diâmetro e 8 mm de altura.
34
4 MATERIAIS E MÉTODOS
(6)
Sendo: E= exsudação (perda de massa percentual); W1= massa inicial; W2= massa
final.
O ensaio de migração em contato com carvão ativado e temperatura elevada foi
realizado segundo norma ASTM D1203-13 com adaptações quanto ao formato do corpo de
prova. Um corpo de prova foi divido em três partes e acondicionado em ambiente
climatizado à temperatura de 23 ± 2°C e umidade relativa de 50 ± 10%, durante 24 horas.
Após, as amostras foram pesadas em balança analítica.
As três amostras foram acondicionadas em um béquer carregado de carvão ativado e
coberto com papel alumínio. As amostras foram intercaladas com camadas de carvão ativado
(120 cm³) conforme ilustração da Figura 13.
O recipiente foi acondicionado em estufa a 70 °C ± 5°C, durante 24 h e após 1 h, as
amostras foram removidas do recipiente e pesadas. As amostras foram mantidas em ambiente
climatizado à temperatura de 23 ± 2°C e umidade relativa de 50 ± 10% e após 24h foi
realizada nova pesagem das amostras.
relativa de 50 ± 10%. Após 168 horas de exposição, foi efetuada a pesagem das amostras e do
papel filtro.
No ensaio de volatilização em temperatura ambiente, as amostras foram pesadas e
acondicionadas sobre lâmina de vidro em uma sala climatizada à temperatura de 23 ± 2 °C e
umidade relativa de 50 ± 10%. Após 168 horas de exposição foi efetuada a pesagem das
amostras.
No ensaio de extração em meio líquido as amostras foram pesadas separadamente e
acondicionadas em dois Erlenmeyers, um contendo solução de água e sabão e o outro, álcool
etílico 46°. Os Erlenmeyers foram cobertos com papel alumínio e mantidos em uma sala
climatizada à temperatura de 23 ± 2 °C e umidade relativa de 50 ± 10%. Após 168 horas de
exposição, as amostras foram retiradas dos sistemas, secas manualmente com papel toalha,
mantidas em dessecador por 72 h e pesadas novamente. Em seguida, as amostras foram
reacondicionadas nas mesmas soluções e mantidas sob as mesmas condições por três
semanas. Ao fim deste período, as amostras foram removidas do sistema, secas manualmente,
estabilizadas em dessecador por 72 h e pesadas novamente (KASTNER et al., 2012).
(7)
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando as matérias-primas e os parâmetros de processamento utilizados neste
trabalho, são apresentados, a seguir, os resultados da caracterização química, morfológica,
mecânica, térmica e físico-química das matérias-primas e das diferentes composições.
5.1.1 Matéria-Prima
Figura 14 – Espectros de FTIR-ATR das matérias-primas utilizadas na produção das composições de PVC.
Figura 16 – Espectros de FTIR-ATR dos plastificantes e das composições de PVC na faixa de absorção de 1650
a 1800 cm-1 e respectivos deslocamentos.
41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 17 – Espectro de FTIR-ATR das composições de PVC e PVC puro na faixa entre 1450 e 1400 cm-1.
uma redução na intensidade da banda 1427 em comparação com a absorbância a 1435 cm-1,
evidenciando que o percentual cristalino é fortemente alterado pelos plastificantes mais
compatíveis (BELTRÁN; GARCÍA; MARCILLA, 1997, GONZÁLEZ; FERNÁNDEZ-
BERRIDI, 2007).
Para mensurar a influência de cada plastificante sobre a conformação e a
cristalinidade das composições, foram utilizadas as Equações 1, 2 e 3. Segundo Chen e Tyler
(2004) e Wypych (2015) a razão das bandas 1427 e 1435 cm-1, evidencia a influência do
plastificante sobre a cristalinidade do polímero, o que é discutido por diversos autores. A
Tabela 2 apresenta os valores utilizados e os resultados obtidos para razão entre zona
cristalina e amorfa (D’).
Tabela 2 – Valores utilizados no cálculo da razão D’ para as composições de PVC e o PVC puro.
Amostra Xc (%)
PVC Puro 20,23
PVC/DOP 15,67
PVC/DHEH 18,08
PVC/DINCH 8,31
PVC/Olvex 13,85
PVC/Unimoll 10,87
O percentual cristalino encontrado para o PVC puro (20 %) condiz com dados da
literatura (ELZAYAT et al., 2015). A queda da cristalinidade observada em todas as
composições de PVC indica aumento da região amorfa o que ocorre devido a dois fenômenos.
O primeiro fenômeno deve-se à interação entre as porções polares (grupos ésteres) do
plastificante com as porções polares do polímero (C–Cl), a qual reduz a interação entre os
átomos de cloro e, consequentemente, entre cadeias, o que contribui para reduzir a intensidade
do pico próximo a 23,8 °, quando comparadas as amostras de PVC puro com as composições
de PVC em análise (OURIQUE et al., 2015). O segundo fenômeno refere-se ao aumento do
volume livre no interior da matriz polimérica, pois com a adição de plastificante ocorre a
redução da interação entre as cadeias de PVC, o que reduz a formação de estruturas cristalinas
no PVC (BEE et al., 2014).
A Figura 19 apresenta as fotomicrografias, obtidas por MEV, da superfície das
composições de PVC em diferentes magnitudes: 500, 2.000 e 10.000X. Observou-se nas
fotomicrografias que todas as composições de PVC apresentaram uma fase contínua, ao que
Fenollar et al. (2009) chamam de “estruturas de onda”. As estruturas de onda indicam
homogeneização da amostra e plastificação eficiente, pois tais formações são resultado da
plastificação (CHEN et al, 2015; FENOLLAR et al., 2009).
45
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 19 – Fotomicrografias obtida por MEV das composições de PVC em diferentes ampliações.
47
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.4.1 Matérias-Primas
O PVC possui dois eventos de perda de massa (Figura 22A). O primeiro evento
ocorre entre 295 e 310 °C e indica desidrocloração. O segundo evento ocorre entre 460 e 501
°C e evidencia tanto condensação de Diels-Alder, a qual consiste na reticulação através das
ligações C=C formadas, quanto a formação de compostos aromáticos voláteis, os quais são
responsáveis pela formação de fumaça preta desprendida na combustão de PVC (RODOLFO
JUNIOR et al., 2007; SILVA et al., 2011).
O estabilizante térmico apresenta duas perdas de massa distintas (Figura 22B). A
primeira ocorre entre 77,4 e 265,7 °C, enquanto a segunda ocorre entre 310,6 e 441,4 °C.
Após 800 °C observa-se a presença de um teor mássico de 7 %, indicando que resíduos de
sais metálicos continuam presentes.
Os plastificantes DOP, DHEH e Unimoll apresentam somente um evento de perda de
massa que ocorre entre 250,7 e 316 °C (Figura 22C, D e G). O plastificante Unimoll apresenta
a menor estabilidade térmica, perdendo massa a partir de 250,7 °C, sugerindo que sua
estrutura química é mais instável a menores temperaturas, se comparada à estrutura dos
demais plastificantes. Em contraponto DHEH apresenta uma estrutura mais estável, iniciando
sua degradação somente em 262,3 °C.
Os plastificantes DINCH e Olvex apresentam dois eventos de perda mássica (Figura
22E e F), os quais iniciam em 240,8 e 291,8 °C para DINCH e 253,2 e 394 °C para Olvex.
Presume-se que a estrutura química de Olvex, a qual é desconhecida, seja mais estável que a
estrutura de DINCH, visto que Olvex inicia sua degradação a temperaturas superiores a
DINCH.
51
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 22 – Curvas TG das matérias-primas utilizadas neste estudo (PVC puro, estabilizante térmico e
plastificantes).
52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
comparadas ao PVC puro. O poder plastificante superior dos plastificantes DINCH, Unimoll e
Olvex é eficazmente mensurado por análise DMA, onde se observa que as respectivas
composições apresentaram Tg inferior à amostra padrão e à amostra PVC/DHEH. Além disso,
o aumento da temperatura propicia o relaxamento das cadeias principalmente para as amostras
PVC/DINCH, PVC/Unimoll e PVC/Olvex, as quais à temperatura 23 ± 2 °C são as mais
flexíveis, o que condiz com os ensaios mecânicos, realizados na mesma faixa de temperatura.
5.5 EXSUDAÇÃO
5.5.1 Migração
compara o ensaio com carvão ativado (Figura 26A) e o ensaio com carvão ativado e papel
filtro (Figura 26B).
Figura 26 – Variação mássica média nos ensaios de migração: (a) em carvão ativado conforme norma ASTM
D1203-13; (b) com carvão ativado e papel filtro; (c) com papel filtro.
Comparando-se o ensaio com carvão ativado e papel filtro (Figura 26B) e o ensaio
somente em papel filtro (Figura 26C) constatou-se a influência da temperatura, pois com a
redução de, aproximadamente, 47 °C, o índice de exsudação cai em média 8X. Segundo
Coltro et al. (2014) temperaturas mais elevadas favorecem a migração.
58
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Stark et al. (2005), confirmaram em seus estudos que quando a massa molecular for
superior a 400 g.mol-1, a exsudação não ultrapassa a faixa de 2%. Logo, presume-se que as
massas moleculares de Olvex e Unimoll sejam inferiores a 400 g.mol-1.
5.5.2 Volatilização
5.5.3 Extração
Figura 28 – Variação mássica média nos ensaios de extração em álcool etílico e solução de água e sabão,
após 1 e 3 semanas.
A extração por solução de água e sabão atingiu um platô entre a primeira e a terceira
semana, pois não houve perdas de massa conforme observado no sistema de álcool etílico.
60
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A exibição dos resultados da análise de desempenho foi realizada via gráfico radar,
pois este é um polígono com centro de eixo comum, cujas coordenadas indicam os índices
relevantes para uma imagem de desempenho e é um método de exibição gráfica para dados
multivariados usado em diversas áreas como epidemiologia clínica, farmácia, controladoria,
desenvolvimento de chips, sustentabilidade etc. (BIANCHIN et al., 2015; RESKE FILHO;
ROCCHI, 2008; TELES et al., 2016). Além disso, o gráfico radar permite a visualização de
várias dimensões simultaneamente; facilita a comparação e uniformiza as unidades de medida
de diferentes indicadores, o que é um dos pontos fortes desse tipo de gráfico (MORINI;
PIRES, 2005).
O APÊNDICE A apresenta os dados utilizados para a análise de desempenho das
composições e a Figura 29, a razão entre as composições não ftálicas (PVC/DHEH,
PVC/DINCH/ PVC/Unimoll e PVC/Olvex) e a amostra padrão (PVC/DOP).
61
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Origem
Ftálica
Extração em Álcool Hidratado
D"
3ª Semana
Extração em Álcool Hidratado
Desvio -CO
1ª Semana
Volatilização Dureza
Migração em Estabilidade
Papel Filtro Térmica -1
Migração em Estabilidade
Carvão Ativado Térmica -2
Módulo de
Módulo
Armazenamento
Elástico
a 23 °C
Tensão na
Tg
Ruptura
Alongamento
na Ruptura
Figura 29 – Razão da caracterização química, física, morfológica, térmica e físico-química das diferentes
composições em relação à amostra padrão.
Ftálico
Módulo de
D"
Armazenamento a 30 °C
Alongamento
Teor Cristalino
na Ruptura
Tensão na
Estrutura de Onda
Ruptura
Módulo
Dureza
Elástico
Estabilidade Estabilidade
Térmica -2 Térmica -1
Figura 30 – Razão da caracterização química, física, morfológica e térmica das diferentes composições em
relação à amostra padrão.
Migração em
Carvão Ativado
Extração em
Migração em
Álcool Hidratado
Papel Filtro
3ª Semana
Extração em
Álcool Hidratado Volatilização
1ª Semana
Extração em Extração em
Água e Sabão Água e Sabão
3ª Semana 1ª Semana
Figura 31 – Razão da caracterização físico-química das diferentes composições em relação à amostra padrão.
63
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
KOCH, H. M.; SCHÜTZE, A.; PÄLMKE, C.; ANGERER, J.; BRÜNING, T. Metabolism of
the plasticizer and phthalate substitute diisononyl-cyclohexane-1,2-dicarboxylate (DINCH®)
in humans after single oral doses. Archives of Toxicology, v. 87, (5), p.799-806, 2012.
KURR, F. Handbook of Plastics Failure Analysis. Cincinnati: Hanser Publications, 2015.
488 p.
KURUSU, R. S.; SILIKI, C. A.; DAVID, É. DEMARQUETTE, N. R.; GAUTHIER, C.;
CHENAL, J. Incorporation of plasticizers in sugarcane-based poly(3-hydroxybutyrate)
(PHB): Changes in microstructure and properties through ageing and annealing. Industrial
Crops and Products, v. 72, p.166-174, 2015.
LANXESS INDÚSTRIA DE PRODUTOS QUÍMICOS E PLÁSTICOS LTDA. Unimoll
AGF. 2008. Disponível em:
<http://techcenter.lanxess.com/fcc/emea/en/products/datasheet/Unimoll_AGF.pdf?docId=730
5788&gid=7305782&pid=783>. Acesso em: 18 dez. 2014.
LI, MEI.; JIANG, J.; ZHANG, J.; YANG, X.; ZHANG, Y.; LI, S.; SONG, J.; HUANG, K.;
XIA, J. Preparation of a new liquid thermal stabilizer from rosin and fatty acid and study of
the properties of the stabilized PVC. Polymer Degradation and Stability, v. 109, p.129-136,
2014.
LIU, Y.; ZHANG, R.; WANG, X.; SUN, P.; CHEN, W.; SHEN, J.; XUE, G. The strong
interaction between poly(vinyl chloride) and a new eco-friendly plasticizer: A combined
experiment and calculation study. Polymer, v. 55, (12), p. 2831-2840, jun. 2014.
LIVY, S.; VALE, C. First year pre-service teachers’ mathematical content knowledge:
Methods of solution for a ratio question. Mathematics Teacher Education and
Development, Nova Zelândia, v. 13, (2), p. 22-43. 2011.
MADALENO, E.; ROSA, D. S.; ZAWADZKI, S. F.; PEDROZO, T. H. RAMOS, L. P.
Estudo do uso de plastificantes de fontes renovável em composições de PVC. Polímeros, v.
19, (4), p.263-270, 2009.
MANCINI, S. D. et al. PVC Flexível, Plastificantes e Novas Tendências. In:
INTERNATIONAL WORKSHOP ADVANCES IN CLEANER PRODUCTION, 5, 2015,
São Paulo. Paper: International Workshop Advances In Cleaner Production, 2015. p. 1-8.
MANO, E. B.; MENDES, L. C. Introdução a Polímeros, 2ª ed. São Paulo, Ed. Edgard
Blucher, 1999.
MARCELLA, F.; FEDERICA, C.; GIORGIO, P.; LUCA, G.; FLORIO, E. T.; STEFANIA,
P.; FRANCESCO, C.; GIUSEPPE, L. Di-(2-ethylhexyl)-phthalate migration from irradiated
poly(vinyl chloride) blood bags for graft-vs-host disease prevention. International Journal
of Pharmaceutics, v. 430, (1-2), p.86-88, 2012.
MARCILLA, A.; GARCIA, S.; GARCIA-QUESADA, J.C. Migrability of PVC
plasticizers. Polymer Testing, v. 27, (2), p.221-233, 2008.
MARSHALL, R. A. Moisture Absorption by PVC Plastisol Components. Journal of Vinyl
Technology, v. 12, (4), p.195-197, 1990.
VIEIRA, M. G. A.; SILVA, M. A.; SANTOS, L. O. BEPPU; M. M. Natural-based
plasticizers and biopolymer films: A review. European Polymer Journal, v. 47, (3), p.254-263,
2011.
MONTANARI, L. A. Ficha técnica dos FF. [mensagem pessoal] Mensagem recebida por:
<amcgrisa@ucs.br>. em: 16 dez. 2014.
71
REFERÊNCIAS