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Competências Académicas: Manual de

Este manual aborda o desenvolvimento de competências pessoais e académicas no ensino superior. A primeira parte discute a transição para o ensino superior, os desafios e estratégias de adaptação, e apresenta a universidade como um espaço de formação multifacetado. A segunda parte foca-se em competências como organização pessoal, gestão do tempo, comunicação e resolução de conflitos.

Enviado por

Avelino Chico
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Competências Académicas: Manual de

Este manual aborda o desenvolvimento de competências pessoais e académicas no ensino superior. A primeira parte discute a transição para o ensino superior, os desafios e estratégias de adaptação, e apresenta a universidade como um espaço de formação multifacetado. A segunda parte foca-se em competências como organização pessoal, gestão do tempo, comunicação e resolução de conflitos.

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Margarida

Vaz Garrido Margarida Vaz Garrido • Marília Prada


MARGARIDA VAZ GARRIDO. Doutorada em Psicologia Social, Professora Auxiliar e Diretora do Pro- Coordenadoras
grama Doutoral em Psicologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, onde coordena e leciona Marília
na área da Psicologia e de Métodos em cursos de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento e orienta Prada
estágios, dissertações de Mestrado e teses de Doutoramento. É investigadora no Centro de Investiga-
ção e Intervenção Social (CIS-IUL), desenvolvendo investigação na área da cognição social e no estudo
de fatores contextuais na cognição e julgamento social. Tem coordenado vários projetos de investi-
gação e publicado os seus trabalhos em revistas e livros da especialidade nacionais e internacionais.

MARÍLIA PRADA. Doutorada em Psicologia Social, Professora Auxiliar Convidada do Departamento


Manual de

Competências Académicas
Manual de
de Psicologia Social e das Organizações do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, onde leciona na

Competências
área da Psicologia, em particular, unidades curriculares orientadas para o desenvolvimento de compe-
tências pessoais e académicas. Orienta estágios e dissertações de Mestrado e é investigadora no
Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL), desenvolvendo investigação na área da cog-
nição social e comportamento do consumidor. Tem publicado vários trabalhos de natureza pedagó-
gica e científica em livros e revistas da especialidade nacionais e internacionais.

Este manual sistematiza de forma estru-


turada, clara e concisa um conjunto de
competências necessárias para uma expe-
riência universitária de sucesso.
AUTORES CONVIDADOS

Ana Sofia Santos (FP – U. Lisboa)


Carla Moleiro (ISCTE-IUL)
Cecília Aguiar (ISCTE-IUL)
Académicas
Apresentam-se assim estratégias de Célia M. D. Sales (CP – U. Porto)
apoio à transição para o ensino superior e David Rodrigues (ISCTE-IUL)
Da adaptação à universidade
à plena integração no contexto acadé-
mico. São também abordadas competên-
Diniz Lopes (ISCTE-IUL)
Eduardo Simões (ISCTE-IUL)
à excelência académica
cias pessoais e interpessoais relevantes Elizabeth Collins (ISCTE-IUL)
neste contexto como a organização pes- Isabel Menezes (FPCE – U. Porto)
soal e gestão do tempo, a comunicação, a Isabel R. Pinto (FPCE – U. Porto)
resolução de conflitos e o comportamento João Lameiras (FP Atletismo)
ético. Finalmente descrevem-se compe- Lara Carregã (ISCTE-IUL)
tências essenciais à produção e comunica- Leonel Garcia-Marques (FP – U. Lisboa)

ção de trabalhos universitários e de inves- Maria João Gouveia (ISPA – IU)

tigação científica tais como o pensamento Maria Luísa Lima (ISCTE-IUL)


Maria Manuela Calheiros (ISCTE-IUL)
crítico, planeamento e métodos de inves-
Mário B. Ferreira (FP – U. Lisboa)
tigação, e técnicas de escrita e divulgação
Miguel Pereira Lopes (ISCSP – U. Lisboa)
científica.
Patrícia Arriaga (ISCTE-IUL)
Este manual é útil para estudantes dos Patrícia Jardim da Palma (ISCSP – U. Lisboa)
vários ciclos do ensino superior bem como Patrícia Rosado Pinto (FCM – U. N. Lisboa)
para docentes e investigadores das várias Pedro Almeida (ISPA – IU)
áreas de conhecimento que procuram Sónia Bernardes (ISCTE-IUL)
desenvolver e atualizar as suas compe- Teresa Garcia-Marques (ISPA – IU)
tências com vista à excelência académica Victor Seco (ISCSP – U. Lisboa)
e ao sucesso profissional futuro.

ISBN 978-972-618-859-9
531

9 789726 188599
EDIÇÕES SÍLABO
MANUAL DE
COMPETÊNCIAS
ACADÉMICAS
MARGARIDA VAZ GARRIDO
MARÍLIA PRADA
Coordenadoras

EDIÇÕES SÍLABO
É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer forma
ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões
serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.

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www.silabo.pt

Editor: Manuel Robalo

FICHA TÉCNICA
Título: Manual de Competências Académicas
Autores: Vários
 Edições Sílabo, Lda.
Capa: Pedro Mota
Imagem da capa: Marigold88 | Dreamstime.com
1.ª Edição – Lisboa, outubro de 2016.
Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda.
Depósito Legal: 416406/16
ISBN: 978-972-618-859-9

EDIÇÕES SÍLABO, LDA.


R. Cidade de Manchester, 2
1170-100 Lisboa
Telf.: 218130345
Fax: 218166719
e-mail: silabo@silabo.pt
www.silabo.pt
Índice

Prefácio 11

PARTE I

CONHECER E ADAPTAR-SE
AO CONTEXTO ACADÉMICO

CAPÍTULO 1 – O desenvolvimento de competências pessoais


e académicas no contexto do ensino superior 17
Margarida Vaz Garrido • Marília Prada

Alguns indicadores sobre o ensino superior em Portugal 19


A natureza multifacetada das motivações para frequentar
o ensino superior 20
A importância das competências pessoais e académicas
para o sucesso no ensino superior 23
Conclusão 24

CAPÍTULO 2 – Transição para o ensino superior: Desafios e estratégias 27


Margarida Vaz Garrido • Maria Manuela Calheiros

A transição para a universidade: Desafios e implicações para o bem-estar 30


A experiência dos estudantes na adaptação ao ensino superior 34
Os problemas de transição e as estratégias para os resolver 39
Conclusão 67
CAPÍTULO 3 – O ensino superior como um espaço de formação
multifacetado 69
Maria Luísa Lima • Isabel Menezes • Lara Carregã

O que é a universidade 72
A universidade e a declaração de bolonha 74
Governação da universidade 76
A universidade como espaço de especialização profissional 78
A universidade como espaço de produção de conhecimento e de inovação 79
A universidade como espaço de desenvolvimento pessoal 81
A universidade como espaço de cidadania 83
Conclusão 84

PARTE II

GERIR COMPORTAMENTOS PESSOAIS


E INTERPESSOAIS

CAPÍTULO 4 – Organização pessoal e gestão do tempo 93


Cecília Aguiar • Sónia Bernardes

Princípios de gestão do tempo 95


Barreiras à gestão produtiva do tempo individual de trabalho 100
Estratégias para gerir adequadamente o tempo individual de trabalho 104
Conclusão 111

CAPÍTULO 5 – Comunicação adequada e assertiva 113


Victor Seco • Patrícia Jardim da Palma • Miguel Pereira Lopes

Conhecer e utilizar eficazmente os canais de comunicação


adequados a cada interlocutor 119
Adotar formas de expressão e tratamento adequadas
aos vários interlocutores 121
Respeitar horários e procedimentos de contato 123
Comunicar de forma assertiva 124
Conclusão 133
CAPÍTULO 6 – Trabalho em equipa 135
Pedro Almeida • João Lameiras • Maria João Gouveia

O paradigma académico atual e a emergência das equipas


enquanto unidade básica de trabalho e de aprendizagem 137
Aprendizagem baseada no trabalho em equipa 145
Problemáticas mais comuns no funcionamento de um grupo/equipa 148
Estratégias que visam potenciar o funcionamento de uma equipa
e a importância da inteligência emocional de equipa 150
Equipas de alto-rendimento: caraterísticas e práticas implementadas 153
Conclusão 157

CAPÍTULO 7 – Resolver conflitos e aprender com problemas 159


Eduardo Simões • Patrícia Rosado Pinto

Lidar com conflitos no ensino superior 161


Dos conflitos entre pessoas aos conflitos sobre ideias 173
Aprender a partir de problemas 178
Conclusão 190

CAPÍTULO 8 – Ética em contexto académico 193


Carla Moleiro • Elizabeth Collins

A ética e a deontologia 195


Modelo de tomada de decisões éticas e princípios éticos fundamentais 197
Ética em investigação 203
Ética na comunicação da ciência 217
Conclusão 219
PARTE III

ADQUIRIR, PRODUZIR E COMUNICAR


CONHECIMENTO

CAPÍTULO 9 – Pensamento crítico: Antes de se aprender


a testar ideias é preciso aprender a ter ideias 223
Leonel Garcia-Marques • Teresa Garcia-Marques

O pensamento crítico: Sua definição e sua necessidade 226


O novo experimentalismo e os Experimentos com Vida Própria 228
Os objetivos da investigação: Taxonomia e heurísticas
de geração de hipóteses 235
Teste de teorias 235
Conclusão 241

CAPÍTULO 10 – Como planear a investigação? 245


Patrícia Arriaga • Célia M. D. Sales

As fases de investigação 248


Para quê investigar e quais as competências a desenvolver? 249
O que investigar e porquê? 251
Como pesquisar? 257
Como planear, delinear e implementar? 272
Como responder ao problema de investigação, analisar
e interpretar os resultados? 274
Para quê divulgar a investigação? 276
Conclusão 278

CAPÍTULO 11 – Conhecer os métodos quantitativos e qualitativos


e suas aplicações em ciências sociais e humanas 281
Diniz Lopes • Isabel R. Pinto

Diferenciar métodos quantitativos de métodos qualitativos 284


Os métodos quantitativos 286
Os métodos qualitativos 314
Uma ponte entre os métodos quantitativos e qualitativos: O caso
da análise de conteúdo 334
Conclusão 341

CAPÍTULO 12 – Divulgação científica: Preparação de relatórios,


projetos ou artigos científicos 343
Mário B. Ferreira • Ana Sofia Santos

A importância de publicar 345


O formato do manuscrito 347
O conteúdo do artigo 349
O estilo do artigo: Escrita científica 357
Aspetos éticos e deontológicos 358
Artigos ou capítulos de revisão: The big picture 359
Relatórios científicos, teses e dissertações 363
Projetos de investigação para concorrer a financiamento 368
Conclusão 372

CAPÍTULO 13 – Divulgação científica: Desenvolvimento


e apresentação de comunicações em formato oral e póster 375
Marília Prada • David Rodrigues

Falar em público e ansiedade 377


Preparação da apresentação 379
Estratégias para potenciar o envolvimento da audiência 390
Apresentações em formato póster 397
Conclusão 402

Referências 405
Prefácio

Para apoiar a transição eficaz para o ensino superior e acompanhar as


exigências que atualmente se colocam à produção e divulgação de conheci-
mento, torna-se necessário dominar e assimilar um conjunto de conheci-
mentos, competências e atitudes essenciais ao percurso educativo e à car-
reira futura. No entanto, e embora a literatura sobre estas temáticas seja
vasta, a sua dispersão constitui um constrangimento ao ensino/aprendizagem
destas competências, frequentemente mencionado pelos nossos estudantes e
colegas.
Sem pretender substituir-se às obras de referência específicas de cada
tópico, este manual procura sistematizar de forma estruturada, clara, e con-
cisa os desafios associados a uma transição eficaz da escola para a universi-
dade, e ainda algumas competências necessárias para que os estudantes pos-
sam ser bem-sucedidos no ensino superior.
Para uma adequada transição e eficaz integração no contexto académico
é fundamental que os estudantes conheçam, antecipem e reflitam sobre um
conjunto de novos desafios que esta nova etapa da sua vida encerra e conhe-
çam o contexto, as estratégias e as estruturas de suporte que se lhes apre-
sentam. A Parte I deste manual aborda esta transição. Em primeiro lugar,
apresentam-se alguns indicadores sobre o ensino superior em Portugal, des-
crevem-se as principais motivações para frequentar a universidade e identifi-
cam-se algumas competências pessoais e académicas exigidas no contexto
atual (Garrido & Prada, Capítulo 1). De seguida discutem-se alguns desafios
relativos à transição da escola para a universidade, e apresentam-se algumas
estratégias e recursos para os superar (Garrido & Calheiros, Capítulo 2).
Finalmente, caraterizam-se as principais funções da universidade nas suas
vertentes de transmissão e produção de conhecimento, e desenvolvimento
pessoal, bem como um conjunto de elementos relativos à estrutura e funcio-
namento das instituições de ensino superior (Lima, Menezes, & Carregã,
Capítulo 3).
A Parte II incide sobre um conjunto de competências pessoais e interpes-
soais importantes para o sucesso no ensino superior. Esta parte inicia-se com
a temática da organização pessoal e gestão do tempo individual de trabalho,
descrevendo os principais constrangimentos, bem como algumas estratégias,
para uma gestão de tempo eficaz (Aguiar & Bernardes, Capítulo 4). O capí-
tulo seguinte aborda a importância da comunicação adequada em contexto
académico, descrevendo os principais canais de comunicação disponíveis no
relacionamento quotidiano e institucional e abordando a importância da
assertividade na relação com os diversos interlocutores (Seco, Palma, &
Lopes, Capítulo 5). Um dos aspetos mais distintivos do trabalho académico é
a frequente necessidade de trabalhar em conjunto com outras pessoas. O
Capítulo 6 (Almeida, Lameiras, & Gouveia) carateriza as equipas e o seu
potencial para a aprendizagem, e identifica os principais problemas e estra-
tégias para promover equipas eficazes. O Capítulo 7 (Simões & Pinto) aborda
os conflitos interpessoais em meio académico, sugerindo a sua redefinição
em conflitos de ideias como estratégias de aprendizagem. Esta parte do
manual termina com uma abordagem ao comportamento ético no contexto
académico (Moleiro & Collins, Capítulo 8). Para além de descrever os princí-
pios éticos fundamentais de um conjunto de códigos deontológicos, são tam-
bém apresentados os procedimentos e pressupostos da tomada de decisão
ética com principal enfoque na área de investigação.
A Parte III aborda um conjunto de competências essenciais à produção e
comunicação de trabalhos universitários e de investigação. Em primeiro lugar,
salienta-se a importância do pensamento crítico para a investigação cientí-
fica, e apresenta-se um sistema de classificação de experimentos e geração de
hipóteses adequados aos objetivos de cada investigação (Garcia-Marques &
Garcia-Marques, Capítulo 9). O Capítulo 10 (Arriaga & Sales) aborda a
importância da qualidade na investigação científica, descrevendo em porme-
nor as várias etapas do processo e sua aplicação no âmbito de diferentes tra-
balhos académicos. A realização de uma pesquisa exige a escolha antecipada
de métodos de recolha e de tratamento de dados adequados e exequíveis.
Assim, no Capítulo 11 (Lopes & Pinto) distinguem-se os principais métodos
quantitativos e qualitativos, e as respetivas vantagens e limitações, bem
como a sua adequabilidade a diferentes questões de investigação. Os últimos
capítulos incidem sobre o processo de comunicação científica. O Capítulo 12
(Boto-Ferreira & Santos) descreve técnicas de divulgação ajustadas a dife-
rentes canais, objetivos e públicos-alvo. São ainda enumeradas as principais
caraterísticas da escrita científica, bem como os processos de submissão,
revisão e publicação científica. Por fim, o Capítulo 13 (Prada & Rodrigues)
descreve os princípios de uma comunicação eficaz do ponto de vista do com-
portamento do comunicador e da preparação de materiais de apoio. Apre-
sentam-se ainda técnicas relativas ao conteúdo e estilo de apresentação de
comunicações em diferentes formatos e para diferentes públicos-alvo.
Para concretizar os objetivos a que nos propomos, contámos com a cola-
boração de especialistas de diversas universidades que produziram capítulos
sobre as competências que a literatura e a prática profissional têm revelado
como as mais centrais no contexto académico. Cada capítulo apresenta uma
introdução que fundamenta a importância da competência seguindo-se a sua
descrição e análise, bem como estratégias para o seu desenvolvimento. Cada
competência é apresentada de forma breve e objetiva e sempre fundamen-
tada em evidência empírica. São ainda fornecidas referências bibliográficas
adicionais para que, de acordo com as suas necessidades específicas, o leitor
possa aprofundar e completar a informação apresentada.
Pensamos que um manual desta natureza poderá interessar a todos os
estudantes dos vários ciclos do ensino superior bem como a docentes e
investigadores de várias áreas de conhecimento que procuram desenvolver e
atualizar as suas competências académicas.
Por último, não podemos deixar de agradecer a todos os autores que
aceitaram este desafio e ainda a todos os estudantes e colegas que, ao longo
dos anos, nos inspiraram e motivaram a produzir este manual.

Margarida Vaz Garrido


Marília Prada
PARTE I

CONHECER
E ADAPTAR-SE AO
CONTEXTO ACADÉMICO
Capítulo 1

O desenvolvimento
de competências pessoais
e académicas no contexto
do ensino superior
Margarida Vaz Garrido
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL)

Marília Prada
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL)

No final deste capítulo, o leitor será capaz de:

· Compreender alguns indicadores sobre o ensino superior em Portugal.


· Refletir sobre a natureza multifacetada das motivações para frequentar o ensino
superior.
· Identificar as competências pessoais fundamentais a desenvolver no ensino
superior.
· Identificar as competências académicas fundamentais a desenvolver no ensino
superior.
O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS PESSOAIS E ACADÉMICAS NO CONTEXTO DO ENSINO SUPERIOR 19

A transição para a Universidade oferece um conjunto de novos desafios.


Um novo ambiente, um novo estilo de ensino e aprendizagem, o estabeleci-
mento de novas relações pessoais e sociais e a necessidade de encontrar um
equilíbrio entre o trabalho académico e a vida académica envolvente.

Alguns indicadores sobre o ensino superior


em Portugal
De acordo com o Relatório da Direção de Estatísticas da Educação e
Ciência (DGEEC), de 2015, tem-se observado em Portugal e na UE-27 um
crescimento substancial do número de inscritos e diplomados no ensino
superior.[1] Por exemplo, considerando a população portuguesa residente com
idade igual ou superior a 15 anos, verifica-se que em 2000 apenas 6.5% havia
concluído o ensino superior. Em 2015 essa percentagem já era de 17.1%.[2] Tal
crescimento corresponde ao objetivo da Europa comunitária de se tornar na
economia do conhecimento mais competitiva e dinâmica do mundo (Estra-
tégia de Lisboa)[3] e numa Europa inteligente, verde e inclusiva (Estratégia
2020).[4] No entanto, o nível de escolaridade da população portuguesa,
nomeadamente a percentagem da população com o ensino superior com-
pleto é ainda bastante reduzida e inferior à média da OCDE.[5] Assim, quando
ouvimos pais e alunos mencionar que «hoje em dia todos são doutores» não
deixamos de nos surpreender como é que esta ideia tão errada parece estar
tão enraizada no senso comum.
O contexto do ensino superior nacional tem sofrido alterações significa-
tivas nas últimas décadas. Como vimos, o número de estudantes que esco-
lhem ingressar na universidade tem aumentado substancialmente. Adicio-
nalmente, a população estudantil é cada vez mais heterogénea. Por exemplo,
7% dos alunos inscritos no ensino superior público no ano letivo 2014/2015
são estrangeiros, enquanto que no ensino privado essa percentagem atinge
os 11% (http://infocursos.mec.pt/). Além disso, o ingresso dos estudantes já
não se restringe apenas a pessoas de classe social média ou alta ou a pessoas
jovens, incluindo cada vez mais pessoas de diferentes estratos sociais e ainda
as gerações mais velhas que estejam interessadas em envolver-se em proces-
sos de formação ao longo da vida.[6-8] De facto, alguns autores[9] utilizam
mesmo o termo «estudantes não tradicionais» para incluir estudantes mais
velhos, estudantes que são muitas vezes os primeiros das suas famílias a fre-
20 MANUAL DE COMPETÊNCIAS ACADÉMICAS

quentar o ensino superior, imigrantes, estudantes provenientes de agregados


familiares de estatuto socioeconómico mais baixo ou pertencentes a minorias
culturais, bem como estudantes com necessidades educativas especiais. É
neste contexto de diversidade que cada vez mais o ensino superior se define
enquanto fator promotor de inclusão social.[10]
Para compreender o incremento do número de alunos a frequentar o
ensino superior bem como a sua crescente diversidade, é relevante conside-
rar a perspetiva (e expetativas) dos estudantes, bem como as alterações rela-
cionadas com o mercado de trabalho.

A natureza multifacetada das motivações


para frequentar o ensino superior
Muitos estudantes encaram o ensino superior como uma etapa natural
da sua vida (e.g., progressão lógica após o secundário). No entanto, para
outros, a decisão de frequentar o ensino universitário implica um processo
muito deliberado de pesar os prós e contras de continuar a investir na educa-
ção. Por exemplo, o ingresso na universidade constitui um esforço acrescido
para muitos agregados familiares, prolongando a permanência do jovem na
dependência do agregado por mais alguns anos, e acrescendo ao orçamento
familiar despesas com propinas, livros, e até mesmo alojamento. Embora no
ensino público os encargos para o agregado sejam menores do que no ensino
privado, a frequência de cada aluno no ensino superior público representa
também uma despesa substancial para os contribuintes – segundo dados de
2015,[5] o custo médio de um aluno em Portugal excede os 8000€ anuais.
O significado atribuído à educação superior é altamente multifacetado.[11-13]
Quando questionados a este respeito, os estudantes referem um conjunto de
temas agrupados em 10 categorias (ver Figura 1.1). Por exemplo, o ensino
superior é descrito como um meio de preparação (ou avanço) da carreira e
para obter melhor remuneração, uma oportunidade de aprendizagem (e.g.,
desenvolvimento de competências; aquisição de conceitos) e de crescimento
pessoal ou de estabelecimento de novas relações sociais. Estes diferentes
significados da experiência universitária tendem a coexistir, ainda que com
diferentes ordens de importância, para cada estudante. É também crescente
o número de estudantes que sentem pressão, dos seus pais, família e dos
próprios pares, para frequentar a universidade.
Margarida
Vaz Garrido Margarida Vaz Garrido • Marília Prada
MARGARIDA VAZ GARRIDO. Doutorada em Psicologia Social, Professora Auxiliar e Diretora do Pro- Coordenadoras
grama Doutoral em Psicologia do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, onde coordena e leciona Marília
na área da Psicologia e de Métodos em cursos de Licenciatura, Mestrado e Doutoramento e orienta Prada
estágios, dissertações de Mestrado e teses de Doutoramento. É investigadora no Centro de Investiga-
ção e Intervenção Social (CIS-IUL), desenvolvendo investigação na área da cognição social e no estudo
de fatores contextuais na cognição e julgamento social. Tem coordenado vários projetos de investi-
gação e publicado os seus trabalhos em revistas e livros da especialidade nacionais e internacionais.

MARÍLIA PRADA. Doutorada em Psicologia Social, Professora Auxiliar Convidada do Departamento


Manual de

Competências Académicas
Manual de
de Psicologia Social e das Organizações do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, onde leciona na

Competências
área da Psicologia, em particular, unidades curriculares orientadas para o desenvolvimento de compe-
tências pessoais e académicas. Orienta estágios e dissertações de Mestrado e é investigadora no
Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL), desenvolvendo investigação na área da cog-
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gica e científica em livros e revistas da especialidade nacionais e internacionais.

Este manual sistematiza de forma estru-


turada, clara e concisa um conjunto de
competências necessárias para uma expe-
riência universitária de sucesso.
AUTORES CONVIDADOS

Ana Sofia Santos (FP – U. Lisboa)


Carla Moleiro (ISCTE-IUL)
Cecília Aguiar (ISCTE-IUL)
Académicas
Apresentam-se assim estratégias de Célia M. D. Sales (CP – U. Porto)
apoio à transição para o ensino superior e David Rodrigues (ISCTE-IUL)
Da adaptação à universidade
à plena integração no contexto acadé-
mico. São também abordadas competên-
Diniz Lopes (ISCTE-IUL)
Eduardo Simões (ISCTE-IUL)
à excelência académica
cias pessoais e interpessoais relevantes Elizabeth Collins (ISCTE-IUL)
neste contexto como a organização pes- Isabel Menezes (FPCE – U. Porto)
soal e gestão do tempo, a comunicação, a Isabel R. Pinto (FPCE – U. Porto)
resolução de conflitos e o comportamento João Lameiras (FP Atletismo)
ético. Finalmente descrevem-se compe- Lara Carregã (ISCTE-IUL)
tências essenciais à produção e comunica- Leonel Garcia-Marques (FP – U. Lisboa)

ção de trabalhos universitários e de inves- Maria João Gouveia (ISPA – IU)

tigação científica tais como o pensamento Maria Luísa Lima (ISCTE-IUL)


Maria Manuela Calheiros (ISCTE-IUL)
crítico, planeamento e métodos de inves-
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Miguel Pereira Lopes (ISCSP – U. Lisboa)
científica.
Patrícia Arriaga (ISCTE-IUL)
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