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Sinopse Case Penalespecial2

Este documento descreve um caso envolvendo um delegado de polícia, Roberto, que é acusado de torturar um suspeito, José, para obter informações sobre uma ameaça de bomba em uma escola. A análise do caso discute que a tortura não é permitida em um Estado Democrático de Direito e que as ações de Roberto não podem ser justificadas pela legítima defesa. O documento também apresenta os valores da dignidade humana e do Estado democrático de direito relacionados à análise do caso.

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Sinopse Case Penalespecial2

Este documento descreve um caso envolvendo um delegado de polícia, Roberto, que é acusado de torturar um suspeito, José, para obter informações sobre uma ameaça de bomba em uma escola. A análise do caso discute que a tortura não é permitida em um Estado Democrático de Direito e que as ações de Roberto não podem ser justificadas pela legítima defesa. O documento também apresenta os valores da dignidade humana e do Estado democrático de direito relacionados à análise do caso.

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SINOPSE DO CASE: Para cada escolha, diferentes consequências

Paulo Ricardo dos Santos Correa1


Werdeson Mário Cavalcante Olimpio 2

1. DESCRIÇÃO DO CASO

Roberto é um respeitado Delegado de Polícia em Cururupu, que recebe uma


denúncia do prefeito Antunes sobre uma ameaça de bomba em uma escola municipal. Ele
investiga o caso e prende José, ex-funcionário da prefeitura, como o suspeito. Porém, uma
reportagem posterior revela uma versão diferente, acusando Roberto de tortura e ameaças para
obter informações de José, o que resulta em investigações contra ele, apesar da revolta da
população local.

2. IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISEDO CASO

2.1. Descrição das decisões possíveis

2.1.1. Não há de se falar de boa utilização da tortura em um Estado Democrático de Direito.

Argumentos capazes de fundamentar cada decisão

2.1.1. Não há de se falar de boa utilização da tortura em um Estado Democrático de


Direito.

De primeiro plano, faz-se necessária a explanação acerca da relevância das


condutas de Roberto para o direito penal. Diante do art. 1º da Lei nº 9.455 de 7 de abril de 1997,
tem-se que configura crime de tortura o ato de “constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental” tendo presente na alínea “a)” do
mesmo dispositivo legal uma das possíveis finalidades do torturador: “a) com o fim de obter
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;” (BRASIL, 1997).
Levando em consideração que Roberto amordaçou José, privou-o de comida, de
sono, atormentou-o por ameaças bem como ameaçou sua família, arrancou suas unhas e causou

1
Aluno do 6º período, do curso de Direito vespertino, da UNDB.
2
Professor. Mestre.
a José trauma psicológico, é possível afirmar que este último foi vítima de tortura cometida por
aquele, visto que tais atitudes se enquadram na definição do crime supracitado, visto que tais
condutas causaram à vítima em questão sofrimento físico e mental, além de ter tido como
motivação o intuito de obter — a qualquer custo — informação e confissão de José acerca do
local em que ele teria instalado um explosivo. Ademais, cabe salientar que Roberto, delegado,
em caso de condenação e frente aos indícios suficientes de autoria e materialidade do crime de
tortura, responderia ainda pelo parágrafo quarto do art.1º da lei de tortura, dado que é agente
público.
Com base nisso e pautado na ideia de que, segundo Vicente Barreto (1996), a
Constituição Brasileira consagrou o Estado democrático de direito no qual figura como
parâmetro legitimador o da dignidade da pessoa humana, traz-se aqui o que dispõe a CRFB/88
acerca da prática de tortura: “[...] III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
desumano ou degradante [...]” (BRASIL, 1988). Ou seja, se a nossa Lei Maior e o Estado
democrático de direito são indissociáveis, não há de se falar em uma boa utilização da tortura
nesse Estado no qual vigora a democracia, tanto é que há vedação clara na Carta Magna.
Outrossim é de grande importância expor que conforme Werdeson Mário
Cavalcante Olimpio (2021), a perspectiva utilitarista da tortura não fornece segurança à
coletividade, dado que as informações coletadas mediante atos coercitivos nem sempre são
dignas de confiança, além disso o autor ainda discorre com veemência que

É inconcebível a permissividade da tortura em um Estado Democrático de Direito,


pois induz à própria negação desse Estado. Além disso, no que condiz à possibilidade
de utilização da tortura pela polícia para descobrir o cativeiro de pessoa sequestrada,
seria menosprezar a possibilidade de a polícia descobrir o cativeiro por meios legais.
Essa situação caracterizaria o Estado como um verdadeiro criminoso, por não ser
capaz de preservar os direitos fundamentais de 31 todos os seus cidadãos (GRECO,
2019). Não há, dessa forma, como justificar um “bom” uso da tortura nesse tipo de
Estado. (OLIMPIO, 2021)

Portanto, conclui-se que é um contrassenso a ideia de permissividade da tortura na


seara do Estado democrático de direito.
Para fins de análise do cabimento da legítima defesa de terceiros no caso de
Roberto, conceitua-se o instituto da legítima defesa como sendo, segundo Cezar Roberto
Bitencourt (2020) que essa se faz perfeita quando alguém, usando moderadamente dos meios
necessários, repele (injusta) agressão atual ou iminente do direito próprio ou de outrem.
Entretanto ela não se dá de qualquer forma, pois segundo o próprio conceito é necessário que
essa agressão lese ou ponha em perigo um bem ou interesse juridicamente tutelado, seja o perigo
atual (que está acontecendo) ou iminente (que está prestes a acontecer).
Além disso, o bem jurídico tutelado pode ser próprio ou alheio, os meios para
combater a agressão devem ser necessários, usados com moderação (proporcionalidade) e deve
haver nessa defesa o elemento subjetivo animus defendendi, ou seja, “a legítima defesa deve
ser objetivamente necessária e subjetivamente orientada pela vontade de defender-se”
(BITENCOURT, p. 958, 2020).
Assim sendo, em se tratando da legítima defesa exercida em favor de direito alheio,
Pedro Henrique Dutra e Carlos Henrique dos Santos (2021) dispõem que a única restrição da
doutrina que incide nesse instituto é que o bem agredido do terceiro seja indisponível e que a
legítima defesa em favor de outrem compartilha dos mesmos pressupostos da defesa própria.
Com base nessas informações é possível concluir que Roberto não agiu em legítima defesa,
apesar de que o bem agredido possa ser a vida (portanto indisponível), as condutas por ele
praticadas não se deram com proporcionalidade e moderação — visto que optou-se por
configurar seus atos como prática do crime de tortura — nem sequer se destinavam a cessar
agressão atual ou iminente, mas sim futura, pois o prefeito Antunes ligava afirmando que teria
que decretar a evacuação de todas as pessoas perto das escolas.
Com o fito de evitar a situação indesejada (a de tortura para obtenção de
informações) Roberto poderia tomar atitudes como aconselhar o prefeito a ir em frente com a
ordem de evacuação de pessoas próximas das escolas, bem como poderia solicitar imagens de
monitoramento e segurança (caso houvesse) das regiões e estabelecimentos próximos as escolas
com o objetivo de localizar o explosivo. Também deveria o delegado prosseguir com a
persecução penal de José, obedecendo as normas do Processo Penal brasileiro, tendo ciência de
que no Brasil, tem-se entendido que nenhuma consequência pode advir do silêncio do acusado
(KALIL, 2019).

2.3 Descrição dos critérios e valores contidos em cada decisão possível

2.3.1. Estado democrático de direito: Estado em que existe o respeito pelos direitos humanos
e pelas e garantias fundamentais.

2.3.2. Dignidade da pessoa humana: atributo decorrente do valor elevado e intrínseco


reconhecido em todo ser humano, de maneira indiferenciada e por toda sua existência.
REFERÊNCIAS

BARRETTO, V. Interpretação constitucional e Estado Democrático de Direito. Revista de


Direito Administrativo, [S. l.], v. 203, p. 11–23, 1996. DOI: 10.12660/rda.v203.1996.46687.
Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/46687. Acesso
em: 11 abr. 2023.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Parte geral. – Coleção Tratado de direito penal volume 1
- 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da


República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 de outubro de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 10 abr. 2023.

BRASIL. Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997. Lei de Tortura. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 8 de abril de 1997, Seção 1, p. 5420. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9455.htm. Acesso em: 10 abr. 2023.

DUTRA, Pedro Henrique; SANTOS, Carlos Henrique dos. Super-Heróis: análise jurídico-
literária do exercício arbitrário das próprias razões e legítima defesa de terceiro no
ordenamento jurídico brasileiro. Rubiataba: Faculdade Evangélica de Rubiataba, 2021. 49 p.
Monografia (TCC), direito, Rubiataba, Goiás, 2021. Disponível em:
http://repositorio.aee.edu.br/handle/aee/18708. Acesso em: 12 abr. 2023.

KALIL, José Lucas Perroni. O silêncio e a mentira dos acusados no direito processual penal.
Revista Direito Penal e Processo Penal. Jundiaí, São Paulo, v. 1, n. 2, 2019. Disponível em:
https://revistas.anchieta.br/index.php/DireitoPenalProcessoPenal/article/view/1499. Acesso
em: 10 abr. 2023.

OLIMPIO, Werdeson Mário Cavalcante. Tortura Institucional via Poder Judiciário: quando
a busca pela justiça é convertida em tortura às mulheres vítimas de violência doméstica e/ou
familiar no Brasil. 2021. 202 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Direito/CCSO) -
Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2021.

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