Impressao
Impressao
CONSUMIDOR NA ERA
DIGITAL
AULA 1
CONTEXTUALIZANDO
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1.1 Como o acesso a informações transforma as relações?
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cozinhar pode entrar no Pinterest ou ver um vídeo no YouTube para buscar uma
receita. Veja que esse consumidor não precisou perguntar a receita para
ninguém, ele não ligou para um amigo ou para familiares. Ainda que ele tenha
dependido de um conteúdo de terceiros para aprender, ele teve a iniciativa de
buscá-lo sozinho. A possibilidade de saber onde buscar conteúdo transformou
os consumidores em autodidatas, o que por sua vez os torna mais informados
acerca de tudo.
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podendo levar a maior ou menor propensão de compra de um produto ou serviço
(Kaplan; Haenlein, 2010).
Alinhado com as transformações das relações consumidor-marca,
também se nota uma mudança na forma de gerar valor para o consumidor. No
mundo off-line, o valor era obtido por meio da oferta de produtos e serviços.
Porém, vem se argumentando que a conectividade possibilita que o valor seja
criado por meio das diversas plataformas de interação entre o consumidor e a
marca. Ou seja, o valor é, na verdade, gerado em cocriação pela marca e pelo
consumidor, mutuamente (Ramaswamy; Ozcan, 2018).
Observe que essa nova perspectiva de criação de valor representa uma
oportunidade de aproveitar o ambiente on-line para se ganhar vantagem
competitiva. Ela foi apresentada por pesquisadores norte-americanos em um
artigo publicado em uma das revistas de maior impacto para a academia de
marketing. Para entender melhor a proposta de cocriação de valor dos autores,
você pode acessar o resumo da discussão na newsletter Ponte do Marketing
(Tonet, 2018).
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Observe que a Insecta Shoes é um caso de empresa que enxerga, no
mundo on-line, uma oportunidade de expandir seus clientes potenciais. No
entanto, ela possui um modelo de negócio similar ao das demais empresas de
varejo. A marca mantém uma loja física e atende a uma diversidade de outros
clientes, por meio da loja on-line.
Além da potencialização do mercado-alvo, essa quebra de barreiras
geográficas também possibilitou o surgimento de marcas com modelos de
negócios completamente diferentes. Por exemplo, existem empresas com a
estrutura organizacional inteiramente baseada em redes. Isso quer dizer que a
hierarquia da empresa tem como base núcleos de relacionamento ao invés de
diretorias. O que possibilita o ganho de vantagem competitiva, por meio de
flexibilidade, agilidade, redução de custos, entre outros aspectos. Mas, o que
isso tem a ver com o marketing? Bem, isso está intimamente ligado à parte do
marketing que trata de relacionamento. Consequentemente, está ligado também
com a criação de valor na produção e entrega de um produto e/ou serviço.
Controversamente, a abertura de mercado gerada pela conectividade
pode representar uma ameaça para alguns setores. É o caso das marcas de
luxo, por exemplo. As marcas de luxo são conhecidas por serem únicas, por
terem o mais alto nível de qualidade, preços elevados e alta seletividade do seu
público. A “aura mágica” e a sofisticação das marcas de luxo fazem de seus
produtos objetos de desejo para sinalizar status e alta posição social (Fuchs et
al., 2013).
Dessa forma, a disponibilidade e a facilidade de compra que a internet
proporciona fazem com que a percepção de exclusividade diminua. Isso
acontece porque, ainda que as marcas sejam extremamente seletivas, pelo
preço, a distribuição e o acesso são facilitados pela internet. Consequentemente,
o consumidor de luxo percebe menos status em sua compra.
Esses exemplos nos ajudam a perceber que o mundo on-line transformou
também as relações de mercado. No entanto, é necessário que o gestor de
marketing esteja atento às características de seu setor, a fim de usar as
vantagens da era digital para criar valor.
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TEMA 2 – RELAÇÕES SOCIAIS NA INTERNET: OS GRUPOS DE REFERÊNCIA
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Os autores citados explicam que a primeira situação tem a ver com a
necessidade de indivíduos de tomarem decisões assertivas (Bearden; Etzel,
1982). Por exemplo, imagine que você precisa trocar seu smartphone. Você tem
uma ideia do valor que quer gastar e tem algumas opções de marcas
preestabelecidas. No entanto, você não tem conhecimento técnico suficiente
para saber qual é o melhor modelo. O que você faz? Uma resposta comum dos
consumidores é buscar informações com pessoas próximas ou nos canais de
comunicação (ex.: redes sociais, blogs, fóruns) de pessoas que consideram
confiáveis.
Já a segunda situação tem um caráter mais normativo. Ela reflete a
necessidade de um indivíduo de agir de acordo com as expectativas de outras
pessoas. Isso acontece por uma necessidade de ser aceito como membro de um
grupo específico, por exemplo. Ou, ainda, pela necessidade de se manter afiliado
a determinado grupo, uma vez que cada grupo é formado por suas próprias
regras/normas e crenças (Bearden; Etzel, 1982; White; Dahl, 2006).
Finalmente, a terceira situação está ligada com uma necessidade de
conexão psicológica com o grupo. Ou seja, diz respeito à interdependência
emocional, de amor e de apego que o indivíduo tem com um grupo. O que,
consequentemente, se reflete em seus comportamentos, de forma que esse
indivíduo tende a copiar as ações de outros membros do grupo (Bearden; Etzel,
1982).
Desde o mundo off-line, indivíduos têm a tendência de quererem se afiliar
a grupos que expressem sua identidade (atual ou futura). Grupos são formados
por indivíduos que compartilham as mesmas crenças e normas. Quando esses
grupos são formados em torno de uma marca, eles são chamados de
comunidades de marca. Futuramente discutiremos um pouco melhor o
funcionamento das comunidades on-line de marca. Por enquanto, atentemo-nos
ao fato de que os grupos determinam as atitudes e comportamentos de
consumidores. Isso acontece de forma que consumidores tendem a fazer
escolhas parecidas com as de seus grupos de referência e escolhas diferentes
das dos membros de grupos que rejeitam.
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2.2 Os influenciadores digitais
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buscar influencers ativos em mídias sociais e a mensagem a ser
divulgada deve estar relacionada diretamente com o produto. (Osten,
2018)
Além dos digital influencers, existem três outros grupos de indivíduos que
têm destaque no universo on-line. São eles: os jovens, as mulheres e os netizens
(cidadãos da internet). Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016) chamam esses três
grupos de subculturas digitais. Os autores explicam que o primeiro grupo
(jovens) tem como principal característica ser definidor de tendências. Já o grupo
de mulheres tem o papel de elas serem coletoras de informações. Finalmente,
os netizens são considerados conectores sociais, uma vez que gostam de
expressar opiniões e desenvolver conteúdo nas suas redes de relacionamento.
Observe que todos os três grupos têm papel-chave como influenciadores
e formadores de opiniões, com base em suas características. Além disso, essas
subculturas definidas pelos autores já deixam uma pista de que existem novos
segmentos de consumidores no mundo digital. No próximo tópico iremos
detalhar melhor o perfil do consumidor on-line.
3.1 As gerações X e Y
Com certeza você já deve ter ouvido falar de geração X e Y. Mas, você
sabe o que isso significa? Analisar as características de pessoas, como um
grupo, de acordo com seu ano de nascimento foi uma proposta feita pelo
sociólogo Karl Mannheim. Bem, apesar de não existir um consenso dos
pesquisadores de marketing com relação a datas exatas, geração X é
considerada a geração de filhos dos baby boomers (nascidos no período pós-
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guerra). Ou seja, essa geração é formada por aqueles que nasceram nas
décadas de 1960 a 1980. Em seguida, veio a geração Y, também chamada de
millenium. Ela é formada por pessoas nascidas entre os primeiros anos da
década de 1980 e o início dos anos 2000. Sobre esse agrupamento, mais
importante que uma definição exata de datas é atentar-se à presença da
tecnologia no desenvolvimento das pessoas (Obal; Kuns, 2013).
Note que, a partir da geração do millenium, já havia uma série de avanços
tecnológicos. Assim, enquanto a geração X precisou aprender a incorporar a
tecnologia no seu dia a dia, a geração millenium já cresceu em meio a ela. Na
prática, isso significa que aqueles que hoje são jovens adultos podem ser
considerados como “nativos digitais”. Eles têm facilidade de navegar por meio
da tecnologia, aprendem e respondem rápido a novos estímulos. Além disso,
eles tendem a ser pioneiros (do inglês early adopters) no uso de novidades,
buscando e compartilhando mais informações do que as pessoas da geração X
(Obal; Kuns, 2013; Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016).
Observando as características da geração millennium, pode-se notar a
necessidade de adaptação das estratégias de marketing. Em meio a uma
geração ultraconectada, a comunicação consumidor-marca sofreu algumas
mudanças. Primeiro, existe um excesso de informações e dispositivos, o que
dificulta o trabalho de uma propaganda tradicional. Segundo, os consumidores
dessa geração tendem a confiar muito mais na opinião de seus pares do que em
propagandas advindas de marcas. A geração X, por exemplo, aceitava melhor o
uso de propagandas com endosso de celebridades; já a geração millenium tem
maior propensão a buscar informações em blogs ou redes sociais. Isso acontece
pois eles consideram que as propagandas não são tão sinceras quanto as
opiniões advindas de outros consumidores. Finalmente, por serem pessoas
conectoras por natureza, os consumidores da geração millenium têm maior
tendência de se relacionarem com as marcas por meio dos diversos canais que
o mundo digital proporciona (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016).
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O quarto grupo são os emparelhados. Esse grupo de consumidores tem
a tecnologia como parte central de sua vida. Eles expandem seus
relacionamentos, trabalho e lazer com base na tecnologia. Assim, ela se torna
uma companheira para eles realizarem as tarefas do dia a dia. Eles estão mais
preocupados com as funcionalidades e facilidades dos aparelhos do que com
seu valor simbólico. Ou seja, para esse grupo a tecnologia é importante pelo seu
aspecto prático, assemelhando-se com os ferramentados. A diferença entre os
emparelhados e os ferramentados é a centralidade que os aparelhos têm na vida
desses indivíduos.
Finalmente, o quinto grupo é o dos evoluídos. Esses consumidores são
aqueles que já nasceram na era digital. Eles são nativos tecnológicos e não
conhecem o mundo off-line. Dessa forma, a tecnologia é parte da vida e da
identidade dessas pessoas. Eles são altamente adaptáveis e entendem
perfeitamente as relações em um mundo sem barreiras espaciais. Além disso,
eles veem a dimensão do tempo de uma forma diferente, pois são capazes de
fazer diversas tarefas simultaneamente. Isso faz com que eles sejam, também,
um pouco impacientes. Eles querem respostas rápidas e ágeis, pois a tecnologia
foi feita para isso, segundo eles. Não deixe de assistir ao vídeo publicado pela
DM9DBB (Perfis, 2012).
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4.1 Produto
4.2 Preço
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e a análise das práticas de preço do mercado existente. Ademais, os consultores
explicam que realmente o mundo digital facilita uma melhor segmentação do
mercado por dados específicos. No entanto, eles alertam para que as
informações advindas de grandes bancos de dados sejam expostas de forma
clara e eficiente, por meio de relatórios simples. Assim, não há nem perda de
tempo nem a possibilidade de má interpretação daquelas informações.
4.3 Praça
4.4 Promoção
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consumidores, bem como entre os grupos de consumidores. Como já
mencionado anteriormente, também, as relações são mais expostas e os
consumidores, mais impacientes com relação ao tempo de resposta.
Ademais, os consumidores tendem a confiar mais nas opiniões de seus
pares do que na propaganda advinda das marcas. Então, sites de avaliação
colaborativa como TripAdvisor e Reclame Aqui passam a ter bastante força.
Redes sociais, fóruns e comunidades também têm influência nas atitudes dos
consumidores. Aliás, pesquisadores já demostraram que não são só os
comentários negativos que denigrem a imagem de um produto. Por exemplo, um
comentário demonstrando muita empolgação também pode gerar atitudes
negativas. Isso acontece porque as pessoas podem perceber que a
recomendação exagerada é falsa. Assim, uma marca que receber comentários
ou recomendações exageradamente positivas deve considerar a possibilidade
de excluí-los (Yin; Bond; Zhang, 2017).
TEMA 5 – CIBERCULTURA
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vamos colocar os fatos na mesa. Primeiro, a tecnologia não extinguiu as
diferenças de linguagens nem a cultura dos países. Segundo, a tecnologia está
presente em diversas tarefas do dia a dia dos indivíduos. Ademais, o mundo
digital foi capaz de aproximar pessoas e facilitar o entendimento de informações.
Portanto, podemos dizer que existe sim uma cibercultura; a cultura do uso
da tecnologia para lazer, trabalho e comunicação. Uma cultura que talvez
englobe todas as demais culturas e linguagens porque rompe com aspectos
espaciais e temporais. Ou seja, a cibercultura é uma cultura “constituída sem
fronteiras” (LÉVY, 1999).
Neste tópico, sugere-se a leitura da introdução e da primeira parte
(capítulos 1 a 5) do livro Cibercultura, de Pierre Lévy (1999), para uma reflexão
mais aprofundada.
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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3. Se você fosse gestor da Netshoes, qual seria sua estratégia para
incentivar as compras por meio de grupos de referência on-line?
FINALIZANDO
BURNS, D.; MURPHY, J. The secret to B2B pricing in a digital world. Boston,
1 ago. 2018. Disponível em: <https://www.bain.com/insights/the-secret-to-b2b-
pricing-in-a-digital-world/.>. Acesso em: 9 dez. 2018.
FUCHS, C. et al. All that is users might not be gold: How labeling products as
user designed backfires in the context of luxury fashion brands. Journal of
Marketing, v. 77, n. 5, p. 75-91, 2013.
KAPLAN, A. M.; HAENLEIN, M. Users of the world, unite! The challenges and
opportunities of Social Media. Business Horizons, v. 53, n. 1, p. 59-68, 2010.
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NÃO É uma Brastemp. Oboreli45223, 20 jan. 2011. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=riOvEe0wqUQ>. Acesso em: 9 dez. 2018.
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YIN, D.; BOND, S. D.; ZHANG, H. Keep your cool or let it out: Nonlinear effects
of expressed arousal on perceptions of consumer reviews. Journal of Marketing
Research, v. 54, n. 3, p. 447-463, 2017.
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