Nesse contexto, o Método AEIOU, desenvolvido por

Leandro Rodrigues no Instituto Itard, tem se

destacado como uma abordagem eficaz para a
formação de produtores de materiais didáticos
acessíveis.

Com foco na promoção de uma aprendizagem sem

erros, esse método se baseia em cinco pilares
essenciais: Análise, Empatia, Interação,
Organização e Usabilidade.

Neste post, exploraremos cada um desses pilares e

sua aplicação na educação inclusiva e na
adaptação de atividades, com destaque para os
diagnósticos de autismo, síndrome de down e
deficiência intelectual.

Pilar A: Análise e as Funções Executivas

No pilar da Análise, encontramos a base para
compreender as necessidades e potencialidades
de cada aluno independente do seu diagnóstico.

As funções executivas desempenham um papel

fundamental nesse processo. São habilidades
cognitivas superiores que nos permitem planejar,
organizar, tomar decisões, controlar impulsos e
manter o foco. No contexto da educação inclusiva,
é essencial entender como essas funções
executivas se relacionam com as estruturas de
atividades adaptadas. Dentre as principais funções
executivas, destacam-se a atenção, memória de
trabalho, flexibilidade cognitiva e autorregulação.
A atenção sustentada é a capacidade de focar em
uma tarefa específica, ignorando distrações. Para
alunos com autismo, síndrome de down e
deficiência intelectual, que podem apresentar
dificuldades de concentração, é importante criar
ambientes e atividades livres de estímulos
distrativos e utilizar estratégias visuais que
direcionam a atenção para o objetivo da atividade
proposta.

A memória de trabalho refere-se à habilidade de

reter temporariamente informações relevantes
para a realização de uma tarefa. Para alunos com
dificuldades nessa área, é possível utilizar
recursos visuais, como cartões com imagens ou
palavras-chave, para auxiliar na organização das
informações e na execução das atividades.

A flexibilidade cognitiva está relacionada à

capacidade de adaptar-se a diferentes situações e
de mudar o foco de atenção de forma eficiente.
Para alunos com autismo, síndrome de down e
deficiência intelectual, que podem apresentar
rigidez cognitiva, é importante oferecer
oportunidades de vivenciar diferentes abordagens
e estimular a exploração de novas ideias.

A autorregulação envolve o controle de impulsos e

emoções, a capacidade de planejar e executar
ações de forma autônoma. Para alunos com
dificuldades nessa área, estratégias como a
utilização de rotinas, o ensino de técnicas de
relaxamento e o estabelecimento de metas
alcançáveis podem ser eficazes para promover a
autorregulação durante as atividades.
Pilar E: Empatia e os Elementos
Motivacionais nas atividades adaptadas
No pilar da Empatia do Método AEIOU,
encontramos os elementos motivacionais, tanto
dentro quanto fora das atividades.

Para alunos com autismo, síndrome de down e

deficiência intelectual, a motivação desempenha
um papel fundamental na promoção do
engajamento e na maximização do aprendizado.

Alguns elementos motivacionais incluem:

– Conexão emocional: É essencial estabelecer uma

conexão emocional com o aluno, demonstrando
interesse genuíno por suas experiências e
emoções. Isso cria um ambiente de confiança e
afetividade, favorecendo a motivação intrínseca.

– Interesses pessoais: Conhecer os interesses e

hobbies do aluno e incorporá-los nas atividades
pode aumentar significativamente sua motivação.
Por exemplo, se um aluno adora animais, uma
atividade relacionada à fauna pode despertar seu
interesse e entusiasmo.

– Feedback positivo: Reconhecer e valorizar os

esforços e conquistas do aluno, por menores que
sejam, é fundamental para fortalecer sua
autoestima e promover a motivação. O feedback
positivo deve ser específico, direcionado e sincero.

– Recompensas e incentivos: Utilizar recompensas

tangíveis, como adesivos ou pontos, ou incentivos
sociais, como elogios e elogios públicos, pode
estimular o engajamento e o esforço durante as
atividades.

Esses são apenas alguns dos elementos de

empatia do Método AEIOU. Existem muitos outros
e cada um tem uma indicação mais adequada para
cada necessidade.

Pilar I: Interação – uso de elementos de

interação para adaptar atividades
No pilar da Interação do Método AEIOU, destacam-
se os elementos responsáveis por promover a
interação entre o aluno e a atividade. Esses
elementos incluem aspectos visuais, auditivos e
táteis que tornam a atividade mais acessível e
envolvente. Alguns exemplos de elementos de
interação são:

– Tipografia: A escolha de uma tipografia

adequada, com letras claras e legíveis, facilita a
leitura e compreensão do material. Para alunos
com dificuldades visuais, é importante utilizar
fontes de tamanho adequado e com bom contraste.
Existem também fontes mais adequadas para
alunos em fase de alfabetização ou alunos com
dislexia. Saber como usar esses recursos nas
atividades faz toda a diferença para a autonomia e
o aprendizado do aluno.

– Cores: As cores podem ser utilizadas para

enfatizar informações importantes, distinguir
categorias ou criar associações. O uso de padrões
de cores pode funcionar como um tipo de ajuda
visual na atividade, substituindo a ajuda humana e
direta do professor, promovendo assim mais
autonomia para o aluno dentro de uma
aprendizagem sem erros. É importante considerar
as preferências e necessidades individuais dos
alunos em relação às cores, levando em conta
questões como daltonismo.

– Texturas: A introdução de elementos táteis nas

atividades pode despertar o interesse e a
curiosidade dos alunos, estimulando a exploração
e o envolvimento. O uso de materiais com
diferentes texturas pode enriquecer a experiência
sensorial durante as atividades.

– Recursos audiovisuais: O uso de recursos

audiovisuais, como vídeos, músicas e sons, pode
tornar as atividades mais dinâmicas e atrativas.
Esses recursos podem ser especialmente úteis
para alunos com deficiência auditiva,
proporcionando uma experiência multimodal de
aprendizagem.

Esses também são apenas alguns elementos de

interação do Método AEIOU. Quanto mais
elementos de interação o produtor de materiais
didáticos acessíveis tem à disposição, mais
oportunidades de inclusão ele pode oferecer e,
consequentemente, mais resultados alcança com
cada aluno.

Pilar O: Organização e Estruturas de

Atividades Adaptadas
No pilar da Organização, o foco está na criação de
estruturas de atividades adaptadas que ofereçam
suporte e previsibilidade aos alunos.

Dentro do pilar “O”, encontramos o “o que”

(objetivo acessível SMART), o “como” (estruturas
de atividades) e o “quantas vezes” (planejamento e
repetição espaçada).

O “o que” refere-se à definição de objetivos claros

e alcançáveis para cada atividade. Os objetivos
devem ser específicos, mensuráveis, atingíveis,
relevantes e com prazo definido (SMART). Ao
estabelecer objetivos acessíveis, é possível
promover a motivação e o senso de progresso do
aluno, além de deixar claro para toda comunidade
escolar quais são os objetivos perseguidos.

O “como” diz respeito às estruturas de atividades

adaptadas, que são ferramentas e recursos
utilizados para apoiar o aluno durante a execução
das tarefas. Essas estruturas podem incluir
organizadores visuais, listas de tarefas,
calendários, sistemas de recompensas, entre
outros. As estruturas de atividades adaptadas
proporcionam clareza, orientação e auxílio na
organização do aluno, facilitando seu envolvimento
e participação efetiva.

Quanto mais estruturada for uma atividade, mais

fácil é sua criação pelo professor e mais
compreensível fica para o aluno, pois ele não
precisa reaprender uma nova estrutura a cada
atividade.
O “quantas vezes” envolve o planejamento
adequado das atividades, considerando a repetição
espaçada e a curva do esquecimento.

A repetição espaçada consiste em revisitar

periodicamente os conteúdos já aprendidos,
fortalecendo a retenção e evitando a perda de
conhecimento ao longo do tempo.

A curva do esquecimento mostra que, sem revisões

regulares, o aprendizado tende a ser esquecido
progressivamente. Portanto, é fundamental
estabelecer um planejamento que inclua a prática
e a revisão dos conteúdos em intervalos
apropriados.

O método AEIOU funciona para

diagnósticos de Autismo, Síndrome de
Down e Deficiência Intelectual?
Sim. Ao abordar a aplicação do Método AEIOU na
educação inclusiva, é importante considerar a
diversidade de alunos e suas necessidades
específicas. Três diagnósticos comuns na
educação inclusiva são o autismo, a síndrome de
down e a deficiência intelectual.

– Autismo: Alunos com autismo podem apresentar

desafios na comunicação, interação social e
comportamento. O Método AEIOU, por meio de
suas estruturas de atividades adaptadas, oferece
suporte para o desenvolvimento dessas
habilidades, promovendo a clareza e a
previsibilidade necessárias para uma
aprendizagem eficaz.
– Síndrome de Down: Alunos com síndrome de
Down podem apresentar atrasos no
desenvolvimento cognitivo e dificuldades de
aprendizagem. O Método AEIOU, com sua
abordagem individualizada e baseada em objetivos
acessíveis, proporciona o suporte necessário para
que esses alunos alcancem seu potencial máximo.

– Deficiência Intelectual: Alunos com deficiência

intelectual podem apresentar limitações na
capacidade de compreensão e expressão. O
Método AEIOU, por meio de suas estruturas de
atividades adaptadas e enfoque na motivação e
interação, favorece a aprendizagem e a
participação ativa desses alunos.

Nova função? A importância do

professor assumir a função de Produção
de Materiais Didáticos Acessíveis.
Uma das bases fundamentais para a promoção da
educação inclusiva é a produção de materiais
didáticos acessíveis. Esses materiais devem ser
adaptados às necessidades individuais dos alunos,
considerando suas habilidades, preferências e
características específicas.