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Conflitos Pos Eleitoral

Este documento discute os conflitos pós-eleitorais em Moçambique, focando nas suas causas, resoluções e no impacto da educação dos líderes religiosos. Aborda as principais causas dos conflitos, como fraude eleitoral, desconfiança e polarização política. Também descreve formas de resolução dos conflitos e o papel da educação dos líderes religiosos na administração eleitoral.

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Conflitos Pos Eleitoral

Este documento discute os conflitos pós-eleitorais em Moçambique, focando nas suas causas, resoluções e no impacto da educação dos líderes religiosos. Aborda as principais causas dos conflitos, como fraude eleitoral, desconfiança e polarização política. Também descreve formas de resolução dos conflitos e o papel da educação dos líderes religiosos na administração eleitoral.

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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTÓRIA COM


HABILITAÇÃO EM DOCUMENTAÇÃO

António Mário Camacho


Dodoca Danito
Melito Constantino Costa

Conflitos pós - eleitoral em Moçambique

Quelimane

2024
António Mário Camacho
Dodoca Danito
Melito Constantino Costa

Conflitos pós - eleitoral em Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na cadeira de Estudos
Contemporâneos, para fins avaliativos.

Docente: João Baptista

Quelimane
2024
Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 3

1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 3

1.1.1.Objectivo Geral.................................................................................................................. 3

1.1.2.Objectivos específicos ....................................................................................................... 3

1.2.Metodologias ........................................................................................................................ 3

2.Conflitos pós eleitoral em Moçambique .................................................................................. 4

2.1.Causas dos conflitos pós eleitorais em Moçambique ........................................................... 6

2.2.Resoluções dos conflitos eleitorais em Moçambique ........................................................... 8

2.3.Impacto da Educação dos líderes religiosos na direcção e administração de cargos


eleitorais em Moçambique........................................................................................................ 10

3.Conclusão .............................................................................................................................. 12

4.Referências bibliográficas ..................................................................................................... 13


3

1. Introdução
Moçambique, desde a sua independência em 1975, tem realizado sucessivas eleições
com o objectivo de consolidar a democracia e o Estado de direito. No entanto, o processo
eleitoral nem sempre se desenrola de forma pacífica, com a ocorrência de conflitos pós-
eleitorais que afectam a estabilidade social e política do país. Os conflitos pós-eleitorais
representam um fenómeno complexo e desafiador, tendo um impacto significativo na
estabilidade política e social de um país. Neste contexto, o presente trabalho tem como
objectivo falar sobre os conflitos pós-eleitorais em Moçambique, focando nas suas causas,
resoluções e no impacto da educação dos líderes religiosos na direcção e administração de
cargos eleitorais.

1.1.Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Falar sobre os conflitos pós-eleitorais em Moçambique.

1.1.2. Objectivos específicos


 Identificar as principais causas dos conflitos pós-eleitorais em Moçambique;
 Descrever as diferentes formas de resolução de conflitos pós-eleitorais;
 Elucidar o impacto da educação dos líderes religiosos na direcção e
administração de cargos eleitorais.

1.2.Metodologias
A metodologia utilizada neste trabalho foi com base em pesquisa bibliográfica. A
pesquisa bibliográfica foi realizada mediante a leitura de livros, artigos científicos, revistas
especializadas e outros documentos relevantes sobre o tema.
4

2. Conflitos pós eleitoral em Moçambique


O momento de eleições representa o ex libris da democracia. O processo eleitoral dá
voz aos cidadãos, permite escolher a liderança política e espelha o nível da democracia do
país em questão. Moçambique, após dezasseis anos de guerra civil entre a Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), é
desde 1992 uma república democrática (Silva, 2016).

O Acordo Geral de Paz de 1992, assinado entre a Frelimo e a Renamo, trouxe paz e
democracia.

Segundo Silva (2016), o país devastado pela guerra torna-se uma democracia
presidencial detentora de sufrágio universal directo e secreto. As eleições presidenciais, por
sistema maioritário, e as eleições parlamentares, por sistema proporcional, decorrem
simultaneamente, com um intervalo de cinco anos. Todos os actos eleitorais são organizados
pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Secretariado Técnico de Administração
Eleitoral (STAE).

A cena política moçambicana compreende cerca de cinquenta partidos, sendo que


apenas a Frelimo e a Renamo, e menos proeminentemente o Movimento Democrático de
Moçambique (MDM), estão representados na Assembleia. Desde 1994, foram organizadas
cinco eleições gerais e quatro parlamentares, todas elas reconhecidas pela comunidade
internacional como pacíficas e legítimas.

A partir de 2004, a euforia democrática desapareceu e os processos eleitorais passaram


a ser marcados por uma forte abstenção, fraude e desconfiança violenta, sintomáticas de uma
grave crise democrática (Silva, 2016).

O mais importante indicador da legitimidade democrática de um país a participação da


população nos processos eleitorais caiu exponencialmente. A taxa de participação passou de
80% nos anos 1990 para 45% nos anos 2000/2010, revelador de um desinteresse público.
Segundo Luís de Brito (2010), em Moçambique não existem incentivos ou facilidade para
votar.

Para além da elevada taxa de abstenção, as eleições são marcadas pela fraude e pela
desconfiança interpartidária. Falhas técnicas no recenseamento dos eleitores, fraudes no
apuramento e processamento dos resultados e enganos na requalificação de votos nulos
tornaram-se comuns e beneficiam sobretudo a Frelimo (Brito, 2009).
5

Nas eleições gerais de 2014, houve problemas em cerca de 12% das seções eleitorais.
Consequentemente, a Renamo rejeita de forma consistente os resultados por motivos de
fraude (Open Society Initiative for Southern Africa, AfriMAP, 2009). Por fim, os períodos
eleitorais são cada vez mais marcados por violência interpartidária. Em 2000, num protesto
contra resultados eleitorais em Montepuez, morreram nove pessoas. O mesmo sucedeu em
Mocímboa da Praia, em 2005. As eleições municipais de 2013 também foram marcadas por
violência, nomeadamente na Beira, assim como nas eleições gerais de 2014, nas províncias de
Gaza, Tete, Nampula e Sofala (Hanlon, 2014).

Os conflitos pós-eleitorais referem-se a tensões, disputas ou confrontos que ocorrem


após a realização de uma eleição. Esses conflitos podem surgir devido a vários motivos,
incluindo contestações sobre os resultados eleitorais, alegações de fraude, descontentamento
com o processo eleitoral, polarização política e rivalidades entre diferentes grupos políticos.
Moçambique possui um histórico de conflitos pós-eleitorais, principalmente após as eleições
de 1999, 2004, 2014, 2019 e as recentes eleições autárquicas de 2023.

Conforme defende Omotola (2008, p. 01), “as eleições não apenas permitem
competição política, participação e legitimidade dos governos eleitos mas também permitem
uma mudança pacífica de poder, tornando possível atribuir responsabilidade àqueles que
governam”. Qualquer tentativa de perverter o processo eleitoral contra essas virtudes pode
servir para engendrar a conflitos eleitoral.

Para Hoglund (2009, p. 414), “embora o conflito eleitoral ocorra com frequência em
países que sofreram com outras formas de conflito, é o motivo, e o momento que tornam a
análise da violência eleitoral um fenómeno distinto da violência política”. O real motivo do
conflito eleitoral e de influenciar o processo eleitoral.

O conflito pós-eleitoral é perpetrada pela oposição, e este fenómeno ocorre em reacção


aos resultados eleitorais, onde a oposição procura reverter os resultados ou influenciar a
ordem política.

Por sua vez Norris (2012, p. 09), defende que “o não cumprimento dos padrões
internacionais de integridade eleitoral é um dos factores importantes para a eclosão de
protestos pós-eleitorais”. Ou seja argumenta que a manipulação eleitoral irá desencadear
protestos pós-eleitorais e, é particularmente alta em regimes que têm pouca experiência com a
competição democrática como foi o caso de Zanzibar, Malawi e Etiópia.
6

Daxecker (2012), por sua vez mostra que a massiva presença dos observadores
internacionais e de renome tendem a aumentar a probabilidade de ocorrência da violêndo
conflito pós-eleitoral se as eleições em questão forem fraudulentas. Por sua vez Daxecker
(2012), defende que eleições fraudulentas monitoradas por organizações internacionais serão
mais susceptíveis a conflitos porque um terceiro independente pode revelar a fraude de forma
mais confiável do que as instituições domésticas.

2.1.Causas dos conflitos pós eleitorais em Moçambique


Conforme Gloor, (2005, p. 282) e Laakso (2007), o perigo de conflitos relacionados às
eleições é especialmente alto nas sociedades pós-guerra, onde as democracias são jovens e
frágeis, e nos sistemas políticos onde o poder se concentra no partido vencedor e, ainda
também quando nenhum dos diferentes partidos políticos não está disposto aceitar a derrota
nas eleições, é necessário garantir a transparência dos processos eleitorais, a fim de aumentar
a aceitação e a credibilidade dos resultados eleitorais.

As sociedades étnicas polarizadas têm maior probabilidade de gerar eleições violentas


do que as sociedades não-polarizadas devido a uma baixa fracção de eleitores inconstantes,
(Collier e Vicente, 2012, p. 118). É de salientar que como afirmam Vaux et al. (2006), para o
caso de Moçambique em particular as divisões étnicas e religiosas não constituem um papel
importante para o surgimento de conflitos.

O conflito pós-eleitoral em Moçambique, eles surgem na perspectiva do


incumprimento de algumas alíneas dos acordos de Gerais de Paz. Não obstante, o acordo ou a
nova proposta para eleição de governadores, não pode surgir subforma de acomodar uma
certa classe política em detrimento aos princípios básicos da democracia, que é feita na base
da vontade popular, com risco de assumir-se aceramente e oficialmente um campo político
bipartidário em Moçambique excluindo os demais.

Conforme Vaux et al. (2006), estes conflitos geralmente são resultado de:

 Alegações de fraude e manipulação dos resultados eleitorais: A falta de


confiança nas instituições eleitorais e a percepção de que o processo eleitoral não é
transparente contribuem para a contestação dos resultados.
 Tensão entre partidos políticos: A polarização política e a falta de diálogo entre os
partidos rivais podem gerar violência e instabilidade.
7

 Desigualdades sociais e económicas: A frustração com a falta de oportunidades e


a pobreza extrema pode levar a protestos e manifestações violentas.

Por exemplo após as eleições autárquicas de 2023 em Moçambique foram


particularmente conflituosas, com:

 Alegações de irregularidades e fraude: A Renamo e outros partidos da oposição


contestaram os resultados, alegando adulteração de votos e compra de votos.
 Violência e mortes: Houve registos de confrontos entre apoiantes de diferentes
partidos, com algumas mortes e feridos.
 Intervenção dos tribunais: Os tribunais foram chamados a intervir em vários casos,
anulando resultados em alguns municípios e ordenando a recontagem de votos em
outros.

Além disso, um comunicado conjunto de várias organizações da sociedade civil


moçambicana, incluindo o Centro de Integridade Pública (CIP), apontou que as eleições
realizadas em 15 de Outubro de 2023 não foram consideradas livres, justas ou transparentes.
Alega-se que o partido no poder capturou e assaltou a máquina eleitoral, levantando sérias
preocupações sobre a integridade do processo (DW África, 2023).

As evidências de fraude eleitoral são consideradas gravíssimas pelo CIP. Entre os


problemas relatados estão enchimento de urnas e dificuldades para observação independente.
Conforme a DW África (2023), o director do CIP, Edson Cortez, previu que o Conselho
Constitucional iria validar os resultados, o que resultou em nova crise política no país. Isso
colocou em risco o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), já
acordado.

Além disso, houve suspeitas de irregularidades nas eleições, incluindo falsificação de


editais e troca de cadernos eleitorais. A oposição, incluindo a RENAMO e o MDM,
expressaram descontentamento com os resultados, e o país enfrentou uma situação pós-
eleitoral tensa.

As autoridades moçambicanas estabeleceram painéis de prevenção e gestão de


conflitos para lidar com possíveis disputas após as eleições. Esses mecanismos extrajudiciais
visavam resolver litígios entre os diferentes intervenientes no processo eleitoral (Ngovene,
2023).
8

Entretanto, frente a esse cenário, em primeiro lugar, é de salientar que a crise eleitoral
indica que Moçambique é um Estado frágil repleto de dificuldades sistémicas e institucionais,
que tornam o ato eleitoral extremamente ineficaz. Em segundo lugar, a abstenção, fraude e
violência surgem em parte na centralização do poder pela Frelimo. Por um lado, a partir do
momento em que domina a cena política, a Frelimo torna o voto inútil aos olhos da
população. Por um lado, o partido eleva as ocorrências fraudulentas e a desconfiança
interpartidária, num esforço de eclipsar os outros partidos. Por último, as dificuldades
eleitorais originaram também um fracasso da Renamo enquanto partido político. Hoje, a
Renamo é um partido-guerrilha que recorre à violência, e não à política, como forma de
exercer pressão. Em Moçambique, o voto é visto com desdém e com desconfiança.

2.2.Resoluções dos conflitos eleitorais em Moçambique


Segundo Terenciano (2020), a resolução de conflitos pós-eleitorais em Moçambique
tem sido um processo complexo e desafiador, com diferentes mecanismos sendo utilizados
com graus variados de sucesso.

a) Mecanismos formais:
 Tribunal Constitucional: O Tribunal Constitucional (TC) é o principal responsável por
resolver disputas eleitorais. No entanto, sua capacidade de resolver conflitos de forma
imparcial e eficaz tem sido questionada, principalmente pela oposição.
 CNE: A Comissão Nacional de Eleições (CNE) também tem um papel na resolução de
conflitos eleitorais, mas sua actuação é limitada.
 Diálogo político: O diálogo entre os partidos políticos é fundamental para resolver
conflitos pós-eleitorais. No entanto, este diálogo nem sempre é fácil de estabelecer,
especialmente em um clima de tensão e desconfiança.

b) Mecanismos informais:
 Mediação: A mediação por parte de organizações da sociedade civil ou líderes
religiosos pode ser útil para resolver conflitos pós-eleitorais.
 Trabalho de base: O trabalho de base com as comunidades pode ajudar a prevenir a
violência e promover a reconciliação.

Como exemplos de resolução de conflitos temos:


9

 Eleições de 2009: As eleições de 2009 foram muito contestadas pela Renamo, que
alegou fraude generalizada. A crise foi resolvida através de um acordo político
mediado pela comunidade internacional.
 Eleições de 2014: As eleições de 2014 também foram contestadas pela Renamo, que
boicotou a segunda volta das eleições presidenciais. A crise não foi resolvida de forma
pacífica e resultou em violência no centro do país.
 Eleições autárquicas de 2023: As eleições autárquicas de 2023 foram novamente
contestadas pela Renamo e MDM. A crise ainda está em curso, mas há esforços para
resolvê-la através do diálogo político.

Além disso, o Conselho Cristão de Moçambique (CCM) traçou uma estratégia para
evitar a ocorrência de conflitos pós-eleitorais nas autárquicas de 2023 e gerais de 2024.

Para estes pleitos, de acordo com Silva (2023), a organização religiosa promoveu
contactos com os partidos políticos e órgãos eleitorais, promovendo o diálogo, no âmbito do
projecto “Eu Oro, Eu Voto”, financiado pela organização alemã Pão para o Mundo (“Brot für
die Welt”, em alemão).

De acordo com o presidente do Conselho Cristão, Rodrigues Dambo para estas


eleições deve-se pautar para o dialogo com os representantes dos partidos nas cidades.

Como referenciamos, em pleitos eleitorais anteriores, os partidos da oposição


reclamaram fraudes eleitorais com alegada conivência dos órgãos eleitorais. O Conselho
Cristão diz que a lei eleitoral deve ser entendida.

“Toda a informação que recebemos em relação às eleições precisa de ser avaliada. O


que estamos a fazer agora é tentar que a lei seja respeitada”, explica Rodrigues Dambo.

Este projecto surgiu há três anos na esteira da preservação da paz e reconciliação


nacional em Moçambique. Nessa altura, foram criados clubes de paz, cujo objectivo era a
integração dos desmobilizados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) no âmbito
do DDR, o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração.

Desta vez, segundo o director de programas do Conselho Cristão, Augostão Zita, os


três maiores partidos em Moçambique, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO),
no poder, e a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na oposição,
deverão ser capacitados para prevenir conflitos pós-eleitorais (Silva, 2023).
10

Os partidos políticos serão envolvidos no estabelecimento de uma plataforma de


diálogo político como um instrumento de gestão de conflitos eleitorais, antes, durante e
depois da realização das eleições”, concluiu Zita.

Contudo, a resolução de conflitos pós-eleitorais em Moçambique ainda é um desafio.


É necessário fortalecer as instituições democráticas, promover o diálogo político e combater o
discurso de ódio e intolerância para garantir a paz e a estabilidade no país. A resolução dos
conflitos pós-eleitorais em Moçambique depende de um compromisso com a democracia e o
diálogo por parte de todos os atores políticos. É necessário que o governo, os partidos
políticos e a sociedade civil trabalhem juntos para construir um sistema eleitoral mais justo e
transparente, e para promover uma cultura de tolerância e respeito mútuo.

2.3.Impacto da Educação dos líderes religiosos na direcção e administração de


cargos eleitorais em Moçambique
Em Moçambique, os líderes religiosos desempenham um papel crucial na sociedade,
influenciando a vida política e social do país (Silva, 2023). A educação desses líderes impacta
significativamente na forma como eles dirigem e administram cargos eleitorais.

De acordo com Oliveira (2022), líderes com maior nível de educação, especialmente
em áreas como teologia, ética e cidadania, podem estar mais aptos a:

 Compreender a importância da democracia e dos princípios eleitorais: Uma


compreensão profunda dos princípios democráticos e do processo eleitoral permite
que os líderes religiosos transmitam mensagens precisas e relevantes para seus
seguidores, promovendo a participação consciente nas eleições.
 Promover a paz e a tolerância: Líderes religiosos bem-educados podem usar sua
influência para promover a paz e a tolerância entre diferentes grupos políticos e
religiosos, combatendo a violência e a discriminação durante o período eleitoral.
 Encorajar a participação cívica: A educação pode levar os líderes religiosos a
incentivarem seus seguidores a se registarem como eleitores, a votarem de forma
consciente e a se envolverem em outros processos democráticos.
 Combater a fraude eleitoral: Líderes religiosos educados podem conscientizar
seus seguidores sobre os riscos da fraude eleitoral e incentivá-los a denunciar
qualquer irregularidade que presenciem.
11

No entanto, é importante notar que o impacto da educação dos líderes religiosos


dependerá de vários factores, incluindo o contexto político, social e cultural específico de
Moçambique, bem como das escolhas individuais dos líderes religiosos em questão. Além
disso, a educação por si só pode não ser suficiente; a disposição desses líderes em promover
valores democráticos e participar construtivamente no processo eleitoral também desempenha
um papel crucial.
12

3. Conclusão
Terminado o trabalho conclui-se que, os conflitos pós-eleitorais em Moçambique são
um problema complexo com raízes históricas, sociais e políticas. A resolução deste problema
exige um esforço multifacetado que envolva o Estado, os partidos políticos, a sociedade civil
e os líderes religiosos.

A educação dos líderes religiosos pode ter um impacto positivo na prevenção e


mitigação dos conflitos pós-eleitorais. Através da educação, os líderes religiosos podem
desenvolver habilidades de diálogo, mediação e resolução de conflitos, além de promover
valores como a tolerância, a paz e a democracia.

Para além da educação dos líderes religiosos, outras medidas que podem ser tomadas
para prevenir e mitigar os conflitos pós-eleitorais em Moçambique incluem o reforço da
institucionalidade democrática, a promoção da cultura de paz e tolerância, o combate à
pobreza e à desigualdade social e a melhoria da transparência e da justiça no processo
eleitoral.
13

4. Referências bibliográficas
AFRIMAP. (2009). Moçambique: Democracia e participação politica. Africa do Sul:
Compress.

Brito, L. (2009), “Sobre a transparência eleitoral”. Instituto de Estudos Sociais e


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Brito, L. (2010). Sistema eleitoral uma dimensão critica da representação politica em


Moçambique: Desafios para Moçambique, 2010. Maputo: IESE.

Daxacker, U. (2012). The cost os exposing cheating. International election monitoring,


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DW África (2023). Pós-eleições: CIP antecipa nova crise política em Moçambique.


Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/p%C3%B3s-elei%C3%A7%C3%B5es-cip-
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Gloor, A. (2005). Electoral conflicts: Conflict triggers and approaches for conflict
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http://www.peacestudiesjournal.org.uk. Acesso em 26 de fev. de 2024.

Hanlon, J. (2014), “Frelimo wins another tainted election” in Mozambique Political


Process Bulletin, 56 (28 nov.).

Laakso, L. (2007). Insights into electoral violence in Africa. In: Basedau, ERDMANN
e MEHLER, 2007, pp. 224–252.

Ngovene, D. (2023). Multipartidarismo e eleições em Moçambique. Disponível em:


https://www.filotchila.com/blogs/53667/Multipartidarismo-e-elei%C3%A7%C3%B5es-em-
Mo%C3%A7ambique. Acesso em 26 de Fev. de 2024.

Oliveira, D. J. (2022). Do Púlpito ao Plenário: A Trajetória dos Líderes Religiosos a


Administração Pública, numa Relação Igreja. São Paulo: Revista de Iniciação Científica da
FFC, v. 8, n.3, p. 299-306.
14

Silva, C. R.. (2016). As eleições e a democracia moçambicana. Disponível em:


https://janusonline.pt/images/anuario2015/1.13_CarolinaSilva_DemocraciaMocambique.pdf.
Acesso em 26 de Fev. de 2024.

Silva, R. (2023). Moçambique: Mais diálogo para evitar conflitos nas eleições.
Maputo.

Terenciano, F. (2022). Democracia Eleitoral e o Papel dos Partidos Políticos na


estruturação do Voto – Um caso africano: Moçambique (1994-2014). Universidade Federal
de São Carlos. São Carlos.

Vaux, T. et al. (2006). Strategic conflict assessment: Mozambique. Maputo. White


Paper.

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