Aulas - PROCESSO EXECUTIVO
Aulas - PROCESSO EXECUTIVO
Aula n.º 2
25/09/2023
Art. 1º CPC - A ninguém é licito o recurso à força própria para fazer valer os seus direitos; Para
o efeito, na falta de cumprimento da obrigação, o credor tem direito a exigir o cumprimento
judicialmente (art. 762º n.º 1 e 817º CPC)
Quando alguém pretende forçar a outro, o cumprimento de uma obrigação que lhe é devida,
fá-lo por meio de uma ação executiva – art. 10º n.º 4 CPC
A ação executiva é o procedimento legal utilizado para forçar o cumprimento de uma sentença
judicial ou titulo executivo, para garantir o pagamento de uma divida ou cumprimento de uma
obrigação (art. 10º n.º 4 CPC).Tem como principal objetivo converter a decisão ou titulo em
ações práticas que levem à satisfação do crédito do credor, obtendo o mesmo resultado ou
equivalente ao que obteria com o cumprimento espontâneo, sem recurso à coerção.
A satisfação do crédito do credor obtém-se através da agressão do património
e do direito fundamental à propriedade do devedor – penhora de bens;
É essencial a garantia de que o título que serve de base à execução existe e que o devedor
ainda não cumpriu a obrigação. Nesta medida, o título mais seguro é a sentença condenatória,
atendendo a que já foi alvo de análise pelo tribunal o direito do credor.
Toda a ação executiva tem obrigatoriamente por base um titulo executivo art. 10º n.º 5 e
703º n.º 1 CPC
Fim da execução
Execuções tem como fim -art. 10º n.º6 CPC
Pagamento de quantia certa:
É a forma de execução mais comum. Quando a obrigação consista na entrega
de uma quantia em dinheiro (art.550º e 551º CC) e a obrigação não seja
voluntariamente cumprida, o credor pode obter o cumprimento coativo, através
da penhora e consequente venda de bens do património do devedor (art. 601º
e 817º CC).
Entrega de coisa certa – Execução específica:
Quando a obrigação do título executivo, consista na entrega de coisa móvel ou
imóvel. O exequente requer a apreensão da coisa e que lhe seja entregue (art.
827º, 859º e 861º CC). Quando não seja possível, o exequente pode requerer
a conversão da execução em execução para pagamento de quantia certa,
mediante a liquidação do valor da coisa e prejuízo resultante da falta de
entrega. Seguidamente procede-se à penhora de bens necessários para
satisfazer o pagamento da quantia apurada (art. 867º n.º 1 CPC).
Prestação de um facto – negativo ou positivo:
Quando o titulo executivo de base seja de uma obrigação de prestar um facto
positivo, ou seja, praticar uma ação (art. 828º CC) ou prestar um facto
negativo, dever de não fazer uma coisa (829º CC).
Quando a prestação seja de natureza fungível, ou seja, possa ser prestada por
terceiro, sem prejuízo para o credor, este pode requerer ab initio, que o facto
seja prestado por terceiro à custa do devedor (art. 767º CC) através da
execução especifica (art. 828ºCC).
Cumulativamente o credor pode requerer o pagamento de uma
indemnização pela mora ou pelo dano sofrido pela não realização da
prestação (art. 868º n.º 1 CPC).
Quando a prestação seja de natureza infungível e só possa ser realizado pelo
próprio devedor (art. 767º n.º2 CC) e este não a realizar, pode pedir o
pagamento de sanção pecuniária compulsória (art. 829º-A n.º 1 CC, 868º n.º 1
2ª parte CPC). Pode igualmente pedir a conversão da execução em
pagamento de quantia certa, (art. 868º n.º 1 1ª parte e 869º CPC).
No caso de não ser possível obter o cumprimento da prestação, o fim da execução é o mesmo
para todos os tipos de execução. Conversão da execução em pagamento de quantia certa.
Execução sumária:
O Agente de execução tem autonomia de prosseguir com o processo e penhoras antes da
citação ao executado. Só após a penhora é que ocorre a citação para dedução oposição à
execução e/ou à penhora (855º n.º 3 e 856º n.º1 CPC) .
Aula n.º 3
02/10/2023
Execuções para entrega de coisa certa (art. 10º n.º 6 CPC)
Título executivo integra a obrigação da entrega de coisa (imóvel ou móvel) ao
exequente. – cf. art. 827º CC, 859º e 861 CPC
O executado é notificado para proceder à entrega da coisa ou opor-se à execução, no
prazo de 20 dias (art. 859º CPC).
À efetivação da entrega da coisa, são aplicáveis as disposições relativas à penhora,
procedendo-se às buscas necessárias caso o executado não proceda voluntariamente
à entrega (art. 861º n.º 1 CPC).
Se a coisa não for encontrada, a ação executiva pode ser convertida em ação de
pagamento de quantia certa – o exequente fica com o direito ao valor das coisas e dos
prejuízos resultantes da impossibilidade da execução especifica – cf. 867º CPC
Segue forma de processo unitário
Prestação de facto
Pode ser positivo (Prestação de facto fungível – art. 828º CC) ou negativo (Prestação
de facto negativo – 829º CC).
Fungível
Art. 762º n.º 1 CC – o devedor cumpre a obrigação, quando realiza a prestação a
que está vinculado;
A prestação pode ser cumprida pelo devedor ou por terceiro – art. 767º n.º 1 CC e
868º n.º 1 1ª parte CPC;
O credor pode requerer a prestação de facto + juros e indemnização -art. 868º n.º 1
CPC;
2
Infungível – art. 767º n.º 2 CC
Quando a prestação de facto seja infungível, por impossibilidade de entrega da coisa,
seja pelo devedor ou por terceiros, a ação deve ser convertida em ação para pagamento de
quantia certa – art. 868º n.º 1 1ª parte, a contrario, + 867º n.º 1 CPC – podendo juntar-se ao
pedido, o pagamento de ação pecuniária compulsória – art. 829º-A CC.
Processo de execução fundada em sentença (art. 626º CPC + 85º CPC + 546º n.º 2 1ª
parte)
No âmbito de processo declarativo ou crime, havendo sentença, a execução do processo corre
nos próprios autos do processo em que a sentença foi proferida, de forma autónoma sob a
forma de processo especial. Respeita o principio do pedido.
Aula n.º 4
09/10/2023
Na execução para pagamento de quantia certa sob a forma de processo ordinário, a oposição
pode ser apresentada após o despacho de citação do executado, no prazo de 20 dias contados
da referida citação (art. 726º n.º 6 e 728º n.º 1). Quando seja pedida a dispensa da citação
prévia, o executado é citado do processo aquando da realização da penhora (art. 727º)
podendo reagir nos termos do art. 856º n.º 1, simultaneamente através de embargos do
executado e oposição à penhora, no prazo de 20 dias contados da citação.
Sob a forma de processo sumário, a oposição só poderá ser apresentada após a penhora do
património do executado (art. 856º n.º 1).
Artigo 857.º
- Decreto-Lei n.º 269/98, de 1 de setembro
Aula n.º 5
16/10/2023
CASO PRÁTICO
Abel foi citado da execução e notificado da penhora do seu veículo automóvel, no dia
13/10/2023. A execução tem por base uma injunção onde foi aposta formula executória.
Suponha que Abel nunca teve conhecimento da injunção, tendo agora descoberto que a
citação efetuada pelo BNI foi feita na sua morada de há 15 anos. Abel pretende reagir à citação
e notificação recebidas. O que pode fazer e com que fundamento?
R. Oposição mediante embargos nos termos do 728º n.º 1 CPC, no prazo de 20 dias contados
de 13/10, mais 5 dias se for assinado por terceiro. Fundamentos são os previstos no 731º, 729º
al. d), 696º al. e), ii) CPC. Para suspender a penhora, teria que prestar caução nos termos do
733º n.º 1 al. a) CPC.
R. As ações executivas são aquelas em que o credor requer as providencias necessárias para
a realização de uma obrigação que lhe é devida (art.10º n.º 4). Todas as execuções tem por
base um titulo, que limitam o fim e os limites da ação executiva (n.º5). Os títulos executivos que
podem servir de base à ação executiva encontram-se consagrados no art. 703º n.º 1 CPC. In
casu, estamos perante um documento que por disposição especial lhe foi atribuida força
executiva (art. 703º n.º 1 al d)), injunção na qual foi aposta a formula executória.
Os processos executivos podem correr sob a forma de processo comum ou especial (art. 546º
n.º1). O caso concreto, tratar-se-á se processo comum sob a forma sumária (art. 550º n.º 1, 2
al. b)), por se tratar de requerimento de injunção ao qual foi aposta formula executória.
No processo sumário, é dispensada a citação prévia do executado, pelo que a citação da
execução é feita simultaneamente com a citação da penhora (art. 856º n.º 1). Deve ter lugar no
proprio momento da penhora, quando este esteja presente ou, no prazo de 5 dias contados da
efetivaçao da penhora caso não esteja.
Citado o executado, poderá deduzir oposição no prazo de 20 dias contados da citação.
Abel, no caso concreto, poderia opor-se nos termos do art. 857º n.º 1, 729º al. d) e 696º al. c)
ii), por não ter tido conhecimento da citação por facto que não lhe é imputável, atendendo a que
foi citado numa morada na qual já não residia à 15 anos.
No entanto, os embargos de execução e oposição à penhora não suspendem o processo. Para
suspenção do processo, Aberl teria de prestar caução, nos termos do art. 733º n.º 1 al. ).
Aula n.º 6
23/10/2023
Art. 735º CPC
Art. 736º - Bens impenhoráveis
Art. 737º - Bens relativamente impenhoráveis
Art. 738º - Bens parcialmente penhoráveis
1. É penhorável 1/3;
2. Limite máximo de 3 salários mínimos nacionais; limite mínimo de um salário mínimo;
6. é possível durante um ano, reduzir o valor da penhora ou mesmo isentar a penhora.
Devidamente justificado pelas necessidades do agregado familiar. No final do prazo de um
ano, podem pedir novamente e assim sucessivamente.
Aula n.º 7
27/11/2023
Art. 752º CC
Art. 753º CC
- Sempre que realizada a penhora, o AE deve notificar no ato o executado.
- O executado tem obrigação de informar se os bens penhorados são dele, se estão
penhorados à ordem de outro processo ou outra situação.
2. Agente de execução notifica o executado no ato da penhora, ou este estando ausente, é
notificado em 5 dias posteriores à penhora.
Art. 754º CC
- O AE tem de informar sempre as diligencias efetuadas;
- Havendo frustração da penhora também;
- Averbar no processo todos os atos realizados com maior brevidade possível;
Caso Prático
João, viciado nos jogos de casino deixou de pagar a prestação do crédito habitação junto do
Novo Banco, estando em dívida a quantia de 60.000 €. Tiago e Josefina, foram fiadores de
João, tendo os mesmos renunciado ao beneficio da excussão prévia. O banco decide intentar
ação executiva para cobrança do seu crédito.
1. Pode o banco executar João, Tiago e Josefina em simultâneo? Justifique.
2. Suponha que Tiago morre e tem dois filhos. Podem estes, de alguma forma, responder
pela dívida exequenda?
3. Suponha que o único bem passível de penhora é a casa de habitação se Josefina.
Quid iuris?
4. Neste caso, quem deverá ser nomeado fiel depositário?
Respostas
1. Podem executar em simultâneo e como o Tiago e a Josefina renunciaram ao beneficio
da excussão prévia, podem penhorar-se os bens do devedor subsidiário, sem serem
primeiro excutidos os do devedor principal. Art. 639º CC e 745º n.º1 a contrario CPC.
2. Nos termos do 744º n.º 1, só podem responder com os bens que tenham recebido da
herança.
3. Sendo HPP, só é permitida a penhora nos termos da b) do n.º 4 do art. 751º.
4. Quando a penhora seja sobre a casa de habitação do executado, este será o fiel
depositário – art. 756º n.º 1 al. a).
Trabalho
- Nomear um bem à penhora
Aula 12/01/2024