Civil - Duda
Civil - Duda
-> Conceito de Direito das Obrigações Figuras híbridas, mistas ou intermediárias: A doutrina menciona a
O direito das obrigações consiste num complexo de normas que rege relações existência de algumas figuras híbridas ou intermédias, que se situam entre o direito
jurídicas de ordem patrimonial, as quais têm por objeto prestações de um pessoal e o direito real
sujeito em proveito de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza Elas se dividem em: obrigações propter REM, s ônus reais e obrigações com
pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja, a ação ou eficácia real.
omissão do devedor tendo em vista o interesse do credor, o qual, por sua vez, - Propter Rem: recai sobre uma pessoa em virtude do direito real, são obrigações
tem o direito de exigir o seu cumprimento. A principal finalidade do direito das impostas aos proprietários de não prejudicarem o som, segurança e outros em
obrigações consiste exatamente em fornecer meios ao credor para exigir do relação aos vizinhos.
devedor o cumprimento da prestação. Ex: direito de vizinhança
A obrigação propter rem significa que o titular do direito real sobre uma coisa passa
- Dever do obrigado e Direito do credor a ser devedor de uma prestação. Nesse sentido, a fim de quitar a prestação feita, a
-> QUAL O OBJETO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES? dívida é cobrada atacando o bem imóvel e não o titular. É por isso que dizemos que
Relações jurídicas denominadas direitos de credito ou direitos pessoais ou a obrigação propter rem adere ao bem e não ao titular.
obrigacionais compreendendo vínculos de relação patrimonial (credora e devedora). Devido a esta característica da obrigação propter rem, quando o titular vende o
.Conceito de obrigação imóvel, ele se livra da dívida visto que a dívida segue o imóvel e não aquele que foi
Submissão a uma regra de conduta no campo religioso, moral ou jurídico. proprietário. Desse modo, quem comprar este imóvel está responsável por pagar as
. Direito patrimonial se divide em: dívidas que o bem tinha. Sendo assim, segue a coisa independente de quem seja o
Reais(Ius in Re)= direito das coisas dono.
Obrigacionais(Jus ad Rem) = direito das obrigações O que é Direito Real?
Direito real é um conjunto de princípios e regras que disciplina uma relação jurídica
Teorias: - unitária realista entre pessoas tendo em vista bens.
- dualista Características: origem: provém de um direito real e essa obrigação o segue.
Distinções: - Quanto ao objeto - Quanto ao sujeito - Quanto à duração - Transmissibilidade automática: não é necessária a intenção específica do
Quanto à formação - Quando ao exercício - Quanto a formação transmitente. O adquirente do direito real não pode recusa -se a assumi–la.
- Ônus reais: A intenção deste documento é fazer uma consulta nos registros para
verificar qualquer tipo de ônus relacionado à propriedade. Ou seja, indicar se
existem ou não encargos registrados no histórico de um determinado imóvel.A
certidão de ônus reais é um documento fundamental no processo de compra e
venda de um imóvel e serve para garantir maior segurança no momento da
negociação. Limitam o uso e gozo da propriedade, quem garante essa divida é a
coisa e não a pessoa.
O que é Ônus?
O “ônus” se refere às obrigações ou responsabilidades que uma ou ambas as partes
concordam em assumir como parte do contrato.
- Obrigações com eficácia real: são aquelas que podem ser transferidas e ser
oponíveis a terceiro que adquira determinado bem sem que percam seu caráter de
direito a uma prestação.
Ex: Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará
obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da sua
vigência no caso de alienação, e não constar de registro.
§ 1º O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos do
domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e será o Registro de Imóveis da
respectiva circunscrição, quando imóvel.
Noções Gerais de Obrigação Distinção Entre Obrigação E Responsabilidade
Conceito de Obrigação: Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito - Após o devedor contrair a divida existem duas opções:
ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada .Cumprir normalmente a divida
prestação. . Não efetuar o pagamento e tornar inadimplente. (nesse caso, a partir do interesse
do credor se busca através do judiciário no patrimônio do devedor o valor
necessário para suprir a divida)
Elementos constitutivos da obrigação:
Em ambos os casos é necessário que se distingue obrigação e responsabilidade
SUJEITO – OBJETO – VÍNCULO JURÍDICO
OBRIGAÇÃO
Elemento subjetivo, objetivo ou material e imaterial.
Obrigação: como vimos, a relação jurídica obrigacional resulta da vontade humana
ou da vontade do Estado, por intermédio da lei, e deve ser cumprida espontânea e
1- Sujeito voluntariamente. Quando tal fato não acontece, surge a responsabilidade. Esta,
Prestação positiva ou negativa, fazer ou não fazer portanto, não chega a despontar quando se dá o que normalmente acontece: o
Sujeito ativo: credor cumprimento da prestação. Cumprida, a obrigação se extingue. Não cumprida,
Sujeito passivo: devedor nasce a responsabilidade, que tem como garantia o patrimônio geral do devedor
RESPONSABILIDADE
A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial do
2- Objeto
descumprimento da relação obrigacional. Pode -se, pois, afirmar que a relação
Um ato ou fato humano. Pode ser positivo ou negativo (fazer é positivo e não fazer é
obrigacional tem por fim a prestação devida e, secundariamente, a sujeição do
negativo)
patrimônio do devedor que não a satisfaz.
A prestação (dar, fazer e não fazer) é o objeto imediato (próximo, direto) da
obrigação. Na compra e venda, como vimos, o vendedor se obriga a entregar,
que é modalidade de obrigação de dar, a coisa alienada. A obrigação de DAS MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
entregar (de dar coisa certa) constitui o objeto imediato da aludida obrigação. Conceito de Modalidades: é o mesmo que espécies. Várias são as modalidades
Para saber qual o objeto mediato (distante, indireto) da obrigação, basta ou espécies de obrigações. Podem elas ser classificadas em categorias, reguladas
indagar: dar, fazer ou não fazer o quê? No citado exemplo da compra e venda, por normas específicas, segundo diferentes critérios. Essa classificação se mostra
se o vendedor se obrigou a entregar um veículo, este será o objeto mediato da necessária para enquadrá -las na categoria adequada, encontrando aí os preceitos
obrigação, podendo ser também chamado de “objeto da prestação” que lhes são aplicáveis.
Mediato ou objeto de prestação: (distante, indireto) da obrigação, basta indagar: dar, Classificação
fazer ou não fazer o quê?. É o objeto da prestação. Quanto ao objeto, divisão tricotômica
Imediato: (dar, fazer e não fazer) é o objeto imediato (próximo, direto) da obrigação. a) obrigações de dar; (coisa certa ou incerta) b) obrigações de fazer;
Sempre uma conduta humana. c) obrigações de não fazer
Para ser um objeto imediato precisa-se que este siga uma série de requisitos:
- Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes
- O objeto deve ser, também, possível. Quando impossível, o negócio é nulo. A
impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica.
- O objeto da obrigação deve ser, igualmente, determinado ou determinável
(indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da
execução)
- Vínculo Jurídico
O liame existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro a) e b) são obrigações positivas, enquanto c) é negativa
o direito de exigir do segundo o cumprimento da prestação. A brange tanto o poder a) obriga-se a dante ??
conferido ao credor de exigir a prestação como o correlativo dever de prestar b) obriga-se a paciente
imposto ao devedor, estabelecendo o liame entre um e outro c) obrigam apenas os pacientes, são contraídas voluntariamente pelo próprio
- Elemento imaterial devedor, diminuindo sua liberdade e atividade (obrigam apenas os contratantes).
Fontes do Direito de Obrigação Divisões:
- Vontade do Estado: por intermédio da lei (fonte imediata) Quanto aos elementos: podem ser obrigações simples ou compostas
- Vontade Humana: Por meio do contrato da declaração unilateral da vontade e do obrigações simples: são as que se apresentam com um sujeito ativo, um sujeito
ato ilícito. A lei é fonte imediata. passivo e um único objeto, ou seja, com todos os elementos no singular;
obrigações compostas: basta que um desses elementos esteja no plural para que
a obrigação se denomine composta (ou complexa). Multiplicidade de sujeito ou de processo.
objeto. - de resultado
Por exemplo: “José obrigou -se a entregar a João um veículo e um animal” (dois quando o devedor se responsabiliza por um determinado fim.
objetos). A obrigação, neste caso, é composta com multiplicidade de objetos. Se a Ex.: transporte.
pluralidade for de sujeitos, ativo e passivo, concomitantemente ou não, a obrigação Somente a prova de caso fortuito ou força maior, pode eximir o devedor de alcançar
será composta com multiplicidade de sujeitos. o resultado pretendido.
Se subdividem em: - de garantia
Com multiplicidade de objeto: é a modalidade de obrigação assumida com objetivo de buscar eliminar um risco
-> Comutativas ou conjuntivas existente na obrigação principal e que pertencia ao credor, reparando suas
os objetos encontram-se ligados pela conjunção “e”. Ex.: um veículo e um animal. consequências.
Efetiva-se o seu cumprimento somente pela prestação de todos eles. - garantia de seguro
-> Dijuntivas ou alternativas
tem como finalidade reduzir o risco de contratos, através dele o segurado tem a
os objetos estão ligados pela disjuntiva “ou”. No exemplo supra, substituindo a
garantia de que obterá uma indenização caso determinada condição contratual não
conjunção “e” por “ou”, o devedor libera-se da obrigação entregando o veículo ou o
seja cumprida
animal. Tal modalidade de obrigação exaure-se com a simples prestação de um dos
objetos que a compõem.
-> Facultativas Quanto ao momento do seu cumprimento
trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação, ficando - de execução instantânea
facultado ao devedor e só ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação consumam-se em um único ato.
diversa e predeterminada. Ex.: compra e venda. Pago por um lanche e recebo ele imediatamente.
- de execução deferida
Obs: O credor só pode exigir a prestação obrigatória ( que se encontra in
cujo cumprimento é realizado em um só ato. Mas, em momento posterior.
obligatione), mas o devedor se exonera cumprindo a prestação facultativa.
Ex.: compra e venda online.
Com multiplicidade de sujeitos:
- de periódica ou de trato sucessivo
-> Divisíveis
cumpre-se por parcelas ou etapas.
são aquelas em que o objeto da prestação pode ser dividido entre os sujeitos. -
Características: execução periódica e prática de atos reiterados.
Cada credor só tem direito à sua parte, podendo reclamá-la independentemente do
Exs.: compra e venda parceladas. construção de um muro (feito em etapas)
outro. E cada devedor responde - exclusivamente pela sua quota.
-> Indivisíveis
são aquelas em que o objeto da relação não pode ser dividido entre os sujeitos. - Quantos aos elementos acidentais
Cada devedor só deve, também, a sua quota-parte. Mas, em razão da sua Não são necessárias à sua existência.
indivisibilidade física do objeto, a prestação deve ser cumprida por inteiro, Se dois Estipulações acessórias que as partes podem pactuar para acrescentar ao negócio
sã os credores, um só pode exigir a entrega do animal mas somente por ser jurídico
indivisível, devendo prestar contas ao outro credor. obrigações puras e simples: não estão sujeitas a condição, termo e encargo
-> Solidários
- condicionais -> derivando a vontade das partes sujeita-se a um evento futuro e
independe da divisibilidade ou da indivisibilidade do objeto da prestação, porque
incerto que depende a eficácia do negócio jurídico
resulta da lei ou da vontade das partes. Só há interesse em saber se uma obrigação
Ex: O pai fala pros filhos que o primeiro que o der um neto, ganhará uma casa.
é divisível ou indivisível quando há multiplicidade de credores ou devedores.
Existe uma condição futura e incerta
-- Casual: E aquela cujo o implemento não depende da intervenção do declarante,
Quanto à exigibilidade podendo ser um fato natural ou de terceiro, não está no controle das partes
- Civis envolvidas. Alugo o seu pasto se chover na segunda semana de setembro
permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação -- Potestativa: Quando o implemento da condição depende do interesse de uma
judicial. das partes, podendo renunciar ou abrir mão do direito potestativo. A aquisição do
- Naturais fusca que depende do aluno estudar ou não para obter a média.
é aquela cuja a sua execução não pode o devedor ser constrangido, mas pelo . Simplesmente méramente potestativa: depende da vontade da pessoa para
cumprimento voluntário é pagamento verdadeiro. atingir o que pretende, da boa vontade da parte
. Puramente potestativa: E equiparada a algo ilicito pois leva a invalidação do NJ,
a condição fica dependendo do arbitrio de uma das partes. O pai prometeu o fusca,
Quanto ao fim
mas a condição para ganhar depende do pai e não do esforço do filho. Um capricho
- de meio
da pessoa, se ela quiser e se ela permitir.
multiplicidade de fatores que podem alterar o resultado. Não sendo
-- Mista: É a reunião da casual com a simplesmente potestativa. Novo reitor quer
responsabilidade do devedor, e sim, agir para que haja a possibilidade dele
premiar um aluno se o aluno for a Roma e trazer um autógrafo do Papa. Depende
acontecer.
da boa vontade da pessoa ir pra Roma e da boa vontade do Papa de assinar, ou
Ex.: Advogado. Não há como o advogado prometer a vitória da demanda do
seja, depende de terceiros.
Casual + Potestativa (meramente potestativa) Restituição -> Comodato, empréstimo de coisa
-- Promíscua: A condição que é protestativa inicialmente se frustra sem culpa do Pelo devedor ao credor
interessado. O papa morre antes da pessoa chegar no Vaticano mesmo tendo A obrigação de dar assumida pelo comodatário é cumprida mediante restituição da
prometido o autógrafo. coisa emprestada gratuitamente.
- a termo - Restituição de coisa emprestada (gratuitamente)
É o elemento acrescentado tanto no N.J, como no ato jurídico em sentido escrito. Ambas podem ser resumidas em uma única palavra: TRADIÇÃO
Evento futuro e certo Tradição é a efetiva entrega da coisa
- encargo ou modo “aquela em virtude da qual o devedor fica jungido a promover, em benefício do
Inserido nas liberalidades (negócios gratuitos) credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel), já com o fim de outorgar um novo
Em caso de aprovação do aluno - Aquisição do direito direito, já com o de restituir a mesma ao seu dono”
Em caso de reprovação o fusca deverá ser devolvido - Extinção do direito
Não comporta no ato jurídico em sentido estrito, levado em consideração que Espécies:
eles nascem da lei. Obrigações de dar coisa certa: ela é certa sobre quantidade, gênero e qualidade
Obrigações de dar coisa incerta: quantidade e gênero determinado, falta identificar a
Quanto a liquidez do seu objeto qualidade
- Liquidas: são aquelas que são certas quanto sua a existência e determinada
quanto seu objeto
- Iliquidas: certa quanto a existência, mas indeterminada quanto o objeto
Ex.: indenização.
Reciprocamente consideradas
Só se pode falar em obrigações principais e acessórias, uma em relação à outra
Principal: existência própria, independem de outra obrigação
Acessórias: existência subordinada a outra relação jurídica, dependem de uma
obrigação principal
Ex: fiança. A fiança é uma obrigação acessória, o contrato é principal.
Introdução:
- Todas as obrigações, sem exceção, que venham a se constituir na vida jurídica,
compreenderão sempre alguma dessas condutas: dar, fazer ou não fazer Obrigação de dar coisa certa (art. 233 a 242)
- Consiste em transferir uma propriedade ou um direito real Seção I
- Aquela que o devedor fica comprometido a efetivar a entrega de coisa móvel Das Obrigações de Dar Coisa Certa
ou imóvel
- Prestação de coisa determinada ou determinável
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados,
Ex: compra e venda salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso.
- palavra “dar”, no direito de crédito, tem um sentido geral, exprimindo a obrigação
de transferir, não somente a propriedade, como também a posse.
A obrigação de dar consiste, assim, quer em transmitir a propriedade ou outro direito Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da
tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a
real, quer na simples entrega de uma coisa em posse, em uso ou à guarda. Implica perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
ela a obrigação de conservar a coisa até a entrega e a responsabilidade do devedor
por qualquer risco ou perigo desde que esteja em mora quanto à entrega ou,
mesmo antes dela, se a coisa estava a risco ou responsabilidade do credor Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
Formas: Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no
Entrega -> Compra e venda estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e
Na compra e venda, que gera obrigação de dar para ambos os contratantes, a do danos.
vendedor é cumprida mediante entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a
entrega do preço Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a denominada novação objetiva, que só pode ocorrer havendo consentimento de
obrigação. ambas as partes.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
- O credor também não pode exigir coisa diferente, ainda que menos valiosa.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder
antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos 5.0 Tradição como transferência dominial
até o dia da perda.
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa
- O domínio se adquire pela tradição, se for coisa móvel, e pelo registro do título
ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. (tradição solene), se for imóvel.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a
1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Coisa certa: individualmente identificada e perfeitamente determinada com - “traditionibus et usucapionibus dominia rerum non nudis pactis transferuntur” =
características próprias, móvel ou imóvel. O domínio das coisas se transfere pela tradição (e hoje pela transcrição,
Ex: moto quanto aos imóveis), e não pelos contratos apenas.
O devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto
perfeitamente determinado
A obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad - Assim, pressupõe acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação.
rem) e não real (jus in re). O contrato de compra e venda, por exemplo, tem
natureza obrigacional. O vendedor apenas se obriga a transferir o domínio da coisa
certa ao adquirente; e este, a pagar o preço. - Pode ser:
Impossibilidade de entrega de coisa diversa ainda que mais valiosa
- O credor não é obrigado a receber prestação diversa do combinado ainda Real: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa;
que mais valiosa
- Do mesmo modo, a modalidade de pagamento não pode ser modificada sem o
consentimento das partes Simbólica: quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das
- Na obrigação de dar coisa certa o devedor é obrigado a entregar ou restituir chaves do veículo vendido;
uma coisa inconfundível com outra
O vendedor é obrigado a entregar ou substituir uma coisa determinada. Ficta; no caso de constituto possessório ( cláusula constituti) - Ex.: Quando o
- A entrega de coisa diversa da prometida importa modificação da obrigação, vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a todavia em seu
poder, mas agora, na qualidade de locatário. pendentes.
- A cláusula constituti não se presume. Deve constar expressamente no ato ou
resultar de estipulação que pressuponha. - O devedor faz seus os frutos percebidos percebidos até a tradição porque
- Tanto a tradição como o registro no Cartório de Registro de Imóveis não ainda é proprietário da coisa.
constituem novos negócios bilaterais, sequer são considerados atos - Os frutos pendentes, ao contrário, passam com a coisa ao credor, porque a
abstratos.
integram até serem separados.
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
6.0 Direitos aos melhoramentos acrescidos devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
Enquanto não ocorrer a tradição, na obrigação de entregar, a coisa continuará
pertencendo ao devedor, “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais Dono: credor, com direito à devolução.
poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação”. Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à
coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de
indenização.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se
o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às
os pendentes. benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo
modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Melhoramentos e acrescidos: melhoramentos ( aquilo que modificar a coisa “para
melhor valor, em utilidade, em comodidade, na condição e no estado físico da coisa” Desse modo, levando em conta os dizeres do art. 1.219 do Código Civil,
e acrescidos (“tudo que se ajunta, que acrescenta à coisa, aumentando-a”). estando o devedor de boa-fé, tem direito à indenização dos melhoramentos ou
aumentos necessários ou úteis; quanto aos voluptuários, se não for pago o
respectivo valor, pode levantá-los (jus tollendi), quando o puder sem detrimento da
De modo semelhante, os frutos (“utilidades que uma coisa periodicamente produz. coisa e se o credor não preferir ficar com eles, indenizando o valor. O objeto é evitar
Nascem e renascem da coisa [...] como o café, os cereais, as frutas das árvores...") o locupletamento sem causa do proprietário pelos melhoramentos então realizados.
percebidos da coisa até o momento da tradição também pertencerão ao devedor,
enquanto aqueles pendentes serão transferidos ao credor (CC, art. 237, parágrafo Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
o
único). § 1 São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem,
ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
o
§ 2 São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
Resolver-se a obrigação - significa que tudo volta à situação primitiva (como era o
§ 3 São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
antes, anteriormente à obrigação, sem outras consequências jurídicas.
Tipos de benfeitorias:
Ex.:
- Se necessário, poderá o devedor exercer o direito de retenção da coisa pelo
Objeto da obrigação valor dos melhoramentos e aumentos necessários e úteis, como meio
coercitivo de pagamento.
- Se o devedor estava de má-fé, ser-lhe-ão ressarcidos somente os
melhoramentos necessários, não lhe assistindo o direito de retenção pela
importância destes, nem o de levantar os voluptuários, porque obrou com a
consciência de que praticou ato ilícito.
Se esta der cria, o devedor não poderá ser constrangido
a entregá-la. Pelo acréscimo tem o direito de exigir aumento do preço, se o animal
não foi adquirido juntamente com a futura cria.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os
- A posse de má-fé não é totalmente desprovida de eficácia jurídica, porque o Quanto ao estado:
devedor nessa condição faz jus às despesas de produção e custeio, em Pendentes: enquanto unidos à coisa que os produziu.
atenção ao princípio geral de repúdio ao enriquecimento sem causa.
Percebidos ou colhidos: depois de separados.
Estantes: os separados e armazenados ou acondicionados para a venda.
7. Abrangência dos acessórios: Percipiendos : os que deviam ser, mas não foram colhidos ou percebidos.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora Consumidos: os que não existem mais porque já foram utilizados.
não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias
do caso.
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
- Principal: é o bem que têm existência própria, que existe por si só. devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida
- Acessório: aquele cuja existência depende do principal. a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os produtos e
frutos.
Frutos: são utilidades que periodicamente produz. Nascem e renascem da Equivalente: equivalente em dinheiro. Que corresponderá ao valor do objeto
coisa, sem acarretar-lhe a distribuição no todo ou em parte, como os frutos perecido, mais as perdas e danos, que denotam o prejuízo invocado. Deve cobrir,
das árvores. pois, todo o prejuízo experimentado e comprovado pela vítima, com culpa ou sem
culpa do devedor.
Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo - lhe a
quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os
metais.
Dividem-se quanto à origem: Perecimento: significa perda total.
Naturais: desenvolvem-se e se renovam periodicamente, em virtude da força Ex: o veículo que deveria ser entregue, incendia-se, ficando totalmente destruído.
orgânica da própria natureza.
Deterioração: perda parcial da coisa.
Industriais: aparecem pela mão do homem, isto é, os que surgem em razão
Ex: Se o incêndio, no entanto, provocou apenas uma pequena avaria, a hipótese é
da atuação do homem sobre a natureza, como a produção de uma fábrica.
de deterioração.
Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização
Quem deve, nesses casos, suportar o prejuízo?
por outrem que não o proprietário, como os juros e os aluguéis.
equivalente + perdas e danos
Ex: João trabalha com entregas e comprou um caminhão pagando a vista. Ele
- Perecimento sem culpa do devedor: pegou várias encomendas contando com a entrega do caminhão. Por descuido da
loja, o caminhão foi deteriorado.
Prescreve o art. 234, primeira parte, do Código Civil que, se “a coisa se perder, sem João pode escolher entre: ficar com o caminhão batido, o valor da deterioração e o
culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica que perdeu com as encomendas ou não ficar com o caminhão, receber o que pagou
resolvida a obrigação para ambas as partes” e pelas encomendas perdidas
Nesse caso, extingue-se a obrigação para ambas as partes, que voltam à primitiva
situação (statu quo ante). Se o vendedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê- 9. Obrigação de restituir
lo ao adquirente, em virtude da resolução do contrato, sofrendo, por conseguinte, o -> subespécie da obrigação de dar
prejuízo decorrente do perecimento. Não está obrigado, porém, a pagar perdas e Restituir se distingue de dar
danos. Restituir: a coisa se acha com o devedor para seu uso, mas pertence ao credor,
titular do direito real.
Art. 492 do Código Civil: “Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por Dar: destina-se a transferir o domínio, que se encontra com o devedor na qualidade
conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador”. de proprietário (o vendedor, no contrato de compra e venda)
Ex 2: João foi viajar por 1 mês e deixou seu carro estacionado no pátio da casa de
Rafael, que cobrou 300 reais para cuidar do veículo. Assim, Rafel tem a obrigação
de restituir o veículo. Durante esse período, Rafael foi dar a ré e amassou o veículo,
nesse caso Rafael teve culpa pela deterioração do veículo e portanto deverá see
responsável pelos danos que causou. Podendo João escolher entre receber o
equivalente em dinheiro+ perdas e danos ou
receber a coisa deteriorada+ perdas e danos
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à 10. Das obrigações pecuniárias
coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de
indenização. >>pagar quantia em dinheiro
- Gerou frutos, naturais ou civis (como os aluguéis), sem despesa ou trabalho do
comodatário, é direito do credor
>>Do ponto de vista jurídico, a obrigação pecuniária se resume à de entregar
dinheiro , sendo, portanto, uma espécie do gênero obrigação de dar
COM CULPA DO DEVEDOR
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos. Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda
- Deixando de fazê-lo, o devedor sofre as consequências da sua culpa: deve corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.
ressarcir o mais completamente possível a diminuição causada ao patrimônio do
-> Momento do pagamento (“no vencimento"). A entrega determinada quantia em Ex 1: 1000 camisetas- se tem o gênero (camisetas) e quantidade (1000), no entanto
dinheiro deverá ocorrer no seu vencimento. Consequentemente, apenas poderá ser não tem qualidade.
exigida nesse momento.
Moeda nacional, real (“em moeda corrente")
Ex 2: entregar dez sacas de café, o objeto é determinado pelo gênero (café) e pela
Valor nominal= valor da moeda que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou
quantidade (10) . Falta determinar somente a qualidade do café.
cunhagem.
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Obrigações de dar coisa certa-
>>A prestação será definida apenas pelo gênero e pela quantidade, assim, a coisa - prestação determinada com qualidade, quantidade e gênero.
incerta é indeterminada, mas determinável pois se falta apenas determinar sua
qualidade.
Coisa incerta X Obrigação Alternativa
>> Quem escolherá o que deverá ser entegue ao credor é o devedor de acordo com
- na obrigação alternativa se tem dois ou mais objetos, onde a escolha recairá sobre o art 244. Exceto se no NJ estiver previsto que a escolha caberá ao credor ou a um
apenas 1 terceiro.
- na obrigação de dar coisa certa a escolha recai sobre a qualidade do único objeto >> Mas o devedor não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a
existente. melhor, ou seja, deve se adotar o meio termo, dando uma coisa de qualidade média
(critério da qualidade média).
- em ambas ocorre o ato de escolha (concentração) Ex: João comprou 200 kg de feijão do produtor da Fazenda Esmeraldo. 200 kg de
feijão é uma coisa incerta definida pela quantidade e gênero, pois não se sabe qual
a qualidade do feijão. Se existirem três qualidades, A, B e C, quem escolherá o tipo
- em ambas compete ao devedor a escolha, se não estipulado outra coisa
de feijão a ser entregue ao credor é o devedor (produtor), mas ele não será
obrigado a entregar o feijão tipo A (o melhor tipo) e nem poderá entregar o feijão tipo
C (o pior tipo), sendo assim ele deverá entregar o feijão tipo B (qualidade média).
Mas poderá escolher entre o tipo melhor e intermediário.
Coisa incerta X Obrigação fungível >> Se, no entanto, da coisa a ser entregue só existirem duas qualidades, poderá o
devedor entregar qualquer delas, até mesmo a pior. Caso contrário, escolha não
haverá. Nessa hipótese torna-se inaplicável, pois, o critério da qualidade
- a obrigação de dar coisa incerta tem por objeto coisa indeterminada, que ao intermediária.
devedor cabe entregar, com base na qualidade média, para efeito de liberação do
vínculo
- a obrigação fungível é composta de coisa fungível, que pode ser substituída por Depois que o devedor realizar a escolha da coisa que será entregue ao credor, o
outra da mesma espécie, qualidade e quantidade (p. ex., o dinheiro), para efeito de que vai acontecer?
desvinculação do devedor
Após o devedor escolher a coisa que será entregue ao credor (concentração),
o devedor deverá dar ciência ao credor de sua escolha ( por notificação, e-
mail, carta…) de acordo com o art 245
13. Disciplina legal
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente.
13.1. Indicação do gênero e quantidade
O art 245 estabelece que após o devedor dar ciência ao credor, a obrigação será
regida pelo disposto na serão da Obrigação de Dar Coisa Certa, que vai do art. 233
Coisa incerta (indeterminada, mas determinável): Considera-se algo que se indique, ao 242.
ao menos, gênero e quantidade (Art. 243), sem indicar, portanto, a qualidade.
Faltando a individualização do objeto (res debita). O estado indeterminado da coisa Ou seja, após o devedor cientificar o credor de sua escolha, a obrigação de dar
cessará com a escolha. coisa incerta passará a ser uma obrigação de dar coisa certa.
Concentração= é o ato da escolha da coisa a ser entregue ao credor. Os efeitos da obrigação de dar coisa incerta devem ser apreciados em dois
momentos distintos: a situação jurídica anterior e a posterior à escolha.
Se a coisa é incerta, quem definirá o que deverá ser entregue ao credor?
No caso de obrigações de dar coisa incerta, o devedor poderá alegar perda ou
A quem caberá a escolha do que deverá ser entregue ao credor? deterioração da coisa para se eximir de sua obrigação? Resposta art 246
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
O devedor não poderá alegar a perda ou deterioração da coisa incerta, ainda que
por força maior ou caso fortuito, antes da escolha (concentração) pois ainda não se
sabe o que vai ser entregue ao credor.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à
custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização
judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. A obrigação de fazer poderá dizer respeito a qualquer ação do devedor, não importa
se material ou imaterial, como prestação de serviços ou realização de obras. Em
uma análise ampla, qualquer atividade humana (desde que lícita, possível e
Conceito: qualquer ação do devedor, não importa se material ou imaterial, como vantajosa ao credor) poderá constituir objeto da obrigação do devedor.
prestação de serviços ou realização de obras. Em uma análise ampla, qualquer
atividade humana (desde que lícita, possível e vantajosa ao credor) poderá
constituir objeto da obrigação do devedor. Ex: obrigação do pedreiro de construir um muro
Ex: se eu contratei um quadro de um pintor famoso, o quadro não poderá ser - Seja a obrigação fungível, seja infungível, será sempre possível ao credor optar
pintado por um outro pintor, pois as qualidades pessoais do devedor (pintor) são pela
extremamente relevantes para a realização do serviço. conversão da obrigação em perdas e danos, caso a inadimplência do devedor
decorra de
culpa de sua parte.
- Obrigação fungível, o credor pode optar pela execução específica, requerendo que
2. Espécies ela seja executada por terceiro, à custa do devedor (art. 249).
• Infungível, imaterial ou personalíssima = quando for convencionado que o devedor - Quando a obrigação é infungível, não há como compelir o devedor de forma
cumpra pessoalmente a prestação, estaremos diante de obrigação de fazer coisa direta, a satisfazê-la. Há, no entanto, meios indiretos, que podem ser acionados,
infungível. cumulativamente com
- Nesse caso, havendo cláusula expressa o devedor somente e exonerará se ele o pedido de perdas e danos, como, por exemplo, a fixação de uma multa diária.
próprio cumprir a prestação, executando o ato ou serviço prometido.
• Fungível, material ou impessoal = quando não há tal exigência expressa, nem se - A recusa voluntária induz a culpa. Ex.: o cantor, por exemplo, recusa-se a se
trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor, apresentar no espetáculo contratado.
ou dos usos e costumes locais, podendo ser realizado por terceiro.
- As perdas e danos constituem, pois, no mínimo a que tem direito o credor. Este
pode com ela se contentar, se preferir.
3. Inadimplemento
- Prescreve o § 1º do referido art. 537 do Código de Processo Civil de 2015 que “a
- Não cumprida espontaneamente, acarreta a responsabilidade do devedor. multa
independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
- As obrigações de fazer podem ser inadimplidas porque a obrigação tornou-se que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
impossível sem culpa do devedor, ou por culpa deste, e ainda porque, podendo para cumprimento do
cumpri-la, recusa-se porém a fazê-lo. preceito”.
- Pelo sistema do Código Civil, não havendo culpa do devedor, tanto na hipótese de - Atualmente, portanto, a regra quanto ao descumprimento da obrigação de fazer ou
a não
fazer é a da execução específica, sendo exceção a resolução em perdas e danos. à que resultaria da emissão espontânea, pelo devedor, da declaração de vontade
sonegada.
- Não só a recusa do devedor em executar a obrigação de fazer mas também a
impossibilidade de cumpri-la acarreta o inadimplemento contratual. Por exemplo, o - Nesses casos, estabelece o legislador que a sentença que condene o devedor a
ator que fica impedido de se apresentar em um determinado espetáculo por ter emitir declaração de vontade, “uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
perdido a voz ou em razão de acidente a que não deu causa, ocorrido no trajeto efeitos da declaração não emitida” (CPC/2015, art. 501). A sentença fará as vezes
para o teatro, sendo hospitalizado, não responde por perdas e danos. Mas a da declaração não
resolução do contrato o obriga a restituir eventual adiantamento da remuneração. emitida.
- Para que a impossibilidade de cumprimento da prestação exonere o devedor sem - Nesses casos, estabelece o legislador que a sentença que condene o devedor a
culpa de qualquer responsabilidade, tendo efeito liberatório, é necessário que este emitir declaração de vontade, “uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
se dissimiu satisfatoriamente do ônus, que lhe cabe, de cumpridamente prová-la. efeitos da declaração não emitida” (CPC/2015, art. 501). A sentença fará as vezes
Deve a impossibilidade ser absoluta, isto é, atingir a todos, indistintamente. da declaração não emitida.
- A impossibilidade deve ser, também, permanente e irremovível. - Assim, o compromissário comprador deverá demonstrar que pagou integralmente
as parcelas que devia.
- “Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo Aduz o art. 464 do referido diploma:
executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da “Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte
indenização inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se
cabível. opuser a natureza da obrigação”.
- Ex: se uma pessoa aluga um imóvel residencial e, no contrato, o locador se obriga Se tratar de bem móvel, compromissado à venda em instrumento que não contenha
a consertar as portas do armário que estão soltas, mas não cumpre a cláusula de arrependimento e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, poderá
Promessa, pode o inquilino mandar fazer o serviço à custa do aluguel que terá de o credor, considerado nesse caso titular de direito real, requerer ao juiz a sua
pagar. adjudicação compulsória, se houver recusa do alienante em outorgar a escritura
definitiva, como dispõem os arts. 1.417 e 1.418 do Código Civil.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de
autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido”.
- A pretensão do credor, deduzida nesta ação, é que se forme situação jurídica igual
terreno.
Se o devedor se obrigou a não fazer (praticar) algo, mas essa obrigação tornou-se
impossível, qual será a consequência para o devedor? Resposta art 250.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne O que acontecerá se o devedor fizer (praticar) aquilo que se obrigou a não
impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. fazer (praticar)? Resposta art 251
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor
que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o
culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer,
independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento
devido.
1. Noção e alcance -> Se o devedor realizar o ato, não cumprindo o dever de abstenção (não fazer),
pode o credor exigir judicialmente que ele o desfaça, e se o devedor não desfazer
A obrigação de não fazer, ou negativa, impõe ao devedor um dever de abstenção: o do ato o credor poderá exigir que se desfaça o ato à custa do devedor e, ainda,
de não praticar o ato que poderia livremente fazer, se não se houvesse obrigado requerer as perdas e danos.
Ex 1: O adquirente que se obriga a não construir, no terreno adquirido, prédio além Ex: João comprou um terreno em um condomínio fechado. A passagem para o
de certa altura campo de futebol do condomínio se dá pelo terreno João. Ao comprar o terreno,
João se obrigou a não fechar a passagem para o campo de futebol. Ocorre que,
Ex 2: obrigação do empregado de não revelar os segredos da empresa. devido ao barulho, João construiu uma cerca impedindo os demais condôminos de
acessar o campo de futebol
- se o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo
contrato, o credor requererá ao juiz que lhe assine prazo para desfazê-lo. Obrigações alternativas ou disjuntivas: são aquelas que têm como objeto duas
ou mais prestações (objeto múltiplo), e o devedor exonera-se cumprindo apenas
- Se este não cumprir a obrigação, o juiz mandará desfazê-lo à sua custa, uma delas. A palavra-chave desta obrigação é a conjunção ou, e, como regra geral,
responsabilizando-o por perdas e danos a escolha da obrigação cabe ao devedor. OU
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
o
§ 4 Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao
juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
As prestações são múltiplas, mas, efetuada a escolha, quer pelo devedor, quer - Comunicada a escolha, a obrigação se concentra no objeto determinado, não
pelo credor, individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas, como podendo mais ser exercido o jus variandi. Torna-se ela definitiva e irrevogável,
se, desde o início, fosse a única objetivada na obrigação salvo se em contrário dispuserem as partes ou a lei
- É como se desde o começo ela fosse uma prestação simples NA FALTA DE COMUNICAÇÃO, o direito de mudar a escolha pode ser exercido
pelo devedor até o momento de executar a obrigação, e pelo credor, até o momento
As obrigações alternativas oferecem maiores perspectivas de cumprimento, em que propõe a ação de cobrança
pelo devedor, pois lhe permitem selecionar, dentre as diversas prestações, a
que lhe for menos onerosa, diminuindo, por outro lado, os riscos a que os - O contrato deve estabelecer prazo para o exercício da opção. Se não o fizer, o
contratantes se achem expostos. Se, por exemplo, um dos objetos devidos devedor será notificado, para efeito de sua constituição em mora. Esta não o priva,
perecer, não haverá extinção do liame obrigacional, subsistindo o débito entretanto, do direito de escolha, salvo se a convenção dispuser que passa ao
quanto ao outro credor.
> O DEVEDOR FICA EM MORA quando não efetuar o pagamento e o credor que
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer
tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.
5. Impossibilidade das prestações.
3. Direito de escolha. Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível,
subsistirá o débito quanto à outra.
- A obrigação alternativa só estará em condições de ser cumprida depois de definido
o objeto a ser prestado. Essa definição se dá pelo ato de escolha.
A quem compete a escolha da prestação? - Prevê-se, nesse caso, a hipótese da impossibilidade originária, ou da
Ao devedor. impossibilidade superveniente, de uma das prestações, por causa não
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se imputável a nenhuma das partes.
estipulou.
o
§ 1 Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Ex: impossibilidade material, decorrente, por exemplo, do fato de não mais se
o
§ 2 Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser
fabricar uma das coisas que o devedor se obrigou a entregar, ou de uma delas ser
exercida em cada período. um imóvel que foi desapropriado
o
§ 3 No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o
juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. A obrigação, nesse caso, concentra-se automaticamente, independentemente da
vontade das partes, na prestação remanescente, deixando de ser complexa para se
tornar simples perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o
credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.
Neste caso, o credor não é obrigado a ficar com o objeto remanescente, pois a
escolha era sua. Pode dizer que pretendia escolher justamente o que pereceu,
Se a impossibilidade é jurídica: por ilícito um dos objetos (praticar um crime, p. optando por exigir seu valor, mais as perdas e danos.
ex.), toda a obrigação fica contaminada de nulidade, sendo inexigíveis ambas as
prestações. Ex: pode alegar, por exemplo, que não tem onde guardar o animal, se este for o
remanescente, e exigir o valor do veículo que pereceu, mais perdas e danos.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a - Como o dever de prestar tem por objeto prestação determinada, o credor nunca
obrigação. poderá exigir a prestação posta em alternativa. Mas terá de aceitá-la, se o
devedor optar por ela no momento do cumprimento, sob pena de incorrer em mora
Se houver culpa do devedor, cabendo-lhe a escolha: ficará obrigado “a pagar o - Vendedor, que se obriga a entregar determinado objeto (um veículo, um animal, p.
valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso ex.), ficando-lhe facultado substituí-lo por prestação do equivalente em dinheiro; e a
determinar” (CC, art. 254). Isto porque, com o perecimento do primeiro objeto, do arrendatário, obrigado a pagar o aluguel, que pode exonerar-se entregando
concentrou-se o débito no que por último pereceu. frutos ao credor em vez de moedas
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo
ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais Pode-se afirmar, em face do exposto, que obrigação facultativa é aquela que, tendo
as perdas e danos que o caso determinar. por objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substituí-la por
outra.
O Código Civil brasileiro não trata das obrigações facultativas, visto que,
Se a escolha couber ao credor: pode este exigir o valor de qualquer das
praticamente, não deixam elas de ser alternativas, para o devedor, e simples
prestações (e não somente da que por último pereceu, pois a escolha é sua), além
para o credor, que só pode exigir daquele o objeto principal. O Código Civil
das perdas e danos.
argentino, ao contrário, dedica-lhe nada menos de nove artigos
- As obrigações facultativas apresentam certas semelhanças com as Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
obrigações alternativas, sendo aquelas, em realidade, uma espécie do gênero o
destas, um tipo sui generis de obrigação alternativa, sob certos aspectos, ao menos § 1 Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão
do ponto de vista do devedor, que escolhe entre uma ou outra solução da obrigação todos por partes iguais.
o
§ 2 Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e
A obrigação alternativa tem multiplicidade de objetos e todos são devidos até danos.
que se entregue um deles, mas apenas um será cumprido como pagamento.
Já a facultativa é aquela cujo objeto da prestação é único, mas confere ao
devedor o direito excepcional de substituí-lo por outro.
1. Conceito de obrigação divisível e indivisível
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não >> Na obrigação divisível a prestação pode ser cumprida de forma parcial, pois isso
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão não acarreta na alteração de sua substância, diminuição do valor ou prejuízo a sua
determinante do negócio jurídico.
finalidade.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será
obrigado pela dívida toda. Obrigação indivisível: art 258- tem uma prestação, consistente em um fato ou
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos
coisa, que não pode ser dividida
outros coobrigados.
>> Na obrigação indivisível a prestação deverá ser cumprida por inteiro
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o
devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: (integralmente), não poderá ser dividida.
I - a todos conjuntamente; Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o Ex: um carro não pode ser dividido, pois se fosse perderia sua substância, valor e
direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
utilidade.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros;
mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Obs: Por que as prestações não podem ser divididas? Resposta- devido às da coisa. A prestação seria naturalmente divisível, mas como a lei determinou que
espécies de indivisibilidade. ela fosse indivisível, não poderá dividir a prestação.
Ex: dois devedores prometem entregar duas sacas de café, a obrigação é divisível, Ex- pensão alimentícia
devendo cada qual uma saca. Se, no entanto, o objeto for um cavalo ou um relógio, João foi citado para pagar os últimos 3 meses de pensão alimentícia atrasados.
a obrigação será indivisível, pois não podem fracioná-los. João não poderá pagar o valor de forma parcelada porque a lei determina que
deverá ser pago de uma única vez.
>>> consequências jurídicas decorrentes do fato de a obrigação divisível ter
numerosos sujeitos ativos ou passivos: C- Indivisibilidade convencional: a prestação é indivisível por vontade
(convenção) das partes (indivisibilidade subjetiva). A prestação, por determinação
das partes, terá de ser cumprida de forma integral, de uma só vez, afastando a
a) cada um dos credores só têm direito de exigir sua fração no crédito;
possibilidade de cumprimento parcial.
d) o credor que recusar o recebimento de sua quota, por pretender solução integral,
Ex: o banco do X inscreveu o nome de João no SPC/ Serasa por três dívidas
pode ser constituído em mora;
diferentes. O juiz determinou que o banco retirasse o nome de João do SPC/
Serasa. A obrigação é indivisível porque uma decisão judicial determinou que o
e) a insolvência de um dos codevedores não aumentará a quota dos demais; nome de João fosse retirado do SPC/S, assim o banco não poderá cancelar uma
inscrição e deixar as outras, terá que cancelar todas as inscrições.
f) a suspensão da prescrição, especial a um dos devedores, não aproveita aos
demais ; >>>O livro só conceitua as três primeiras espécies (natural, legal e convencional)
2. Espécies de indivisibilidade A- A obrigação de dar coisa certa: será divisível ou indivisível, conforme a
natureza do objeto.
A- Indivisibilidade natural: ou prestação naturalmente indivisível Ex: Se este for divisível (entregar dez sacas de café de qualidade determinada a
Pode-se dizer que a obrigação é indivisível por natureza quando o objeto da dois credores). Se, no entanto, a coisa a ser entregue for um animal, será ela
prestação (pode ser uma coisa ou um fato) não pode ser fracionado sem prejuízo da indivisível.
sua substância, de seu valor ou utilidade.
Ex 1: São assim naturalmente indivisíveis as obrigações de entregar um animal, um
relógio, um carro.
B- As obrigações de dar coisa fungível: são sempre divisíveis
D- Obrigação de fazer: algumas vezes pode ser divisível, outras vezes indivisível. >> Como os 20.000 é uma obrigação divisível, segundo o art 257 deve se dividir a
Se a obrigação de fazer tiver por objeto um negócio que envolva uma promessa, a obrigação em partes iguais, ou seja:
divisibilidade ou não será aferida em função do direito a que a declaração se refere.
2 devedores: cada um pagará 10.000
Ex: A obrigação de fazer uma estátua é indivisível. Mas será divisível se o escultor 2 credoras: cada uma terá direito a receber 10.000
for contratado para fazer dez estátuas, realizando uma a cada dez dias.
>> O que significa obrigação distinta? Cada credor somente pode cobrar a parte
E- As obrigações em que o devedor assume a obrigação de, simultaneamente, que lhe cabe; da mesma forma que o devedor somente é obrigado a cumprir a parte
dar e fazer: geralmente são indivisíveis. que deve.
Ex: Em um contrato consta que João e Pedro devem 20.000 para Maria e Ana.
Ex: pagar uma soma de dinheiro e fazer uma obra.
João deve 5.000 para Maria e 5.000 para Ana
F-As obrigações negativas, de não fazer: em geral são indivisíveis Pedro deve 5.000 para Maria e 5.000 para Ana
Ex: Se alguém, obrigar-se a não construir em determinado terreno, bastará que Assim de Maria cobrar a dívida apenas de João, ela somente poderá cobrar 5.000,
inicie a construção para que se torne inadimplente. Poderá, no entanto, ser divisível, pois as obrigações são distintas, os outros 5.000 que João deve cabem a Ana
se o devedor obrigou-se a não praticar determinados atos, completamente
E se João, por exemplo, pagar os 10.000 para Maria e Ana, ele terá quitado sua
independentes, como não vender e não alugar, não plantar e não colher.
dívida, mesmo que Pedro não pague, pois as obrigações são distintas.
Como deverá ser feita a divisão da obrigação entre os credores e os Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível,
devedores? Resposta art. 257 cada um será obrigado pela dívida toda.
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor
divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos em relação aos outros coobrigados.
os credores ou devedores.
>> Na obrigação indivisível o devedor é obrigado pela dívida toda, pois não se tem
>>> Na obrigação divisível, se tivermos vários credores ou devedores, devemos como dividir a prestação, pelo risco da perda da utilidade, substância ou valor;
dividir a obrigação em partes iguais para cada credor e para cada devedor. Essa diferentemente da obrigação divisível (art. 257) que determina que o devedor só é
divisão irá gerar obrigações distintas para cada credor e para cada devedor. obrigado pela sua parte.
Ex: Em um contrato consta que João e Pedro devem 20.000 para Maria e Ana. >> Nos casos de obrigação indivisível com pluralidade passiva (devedores), como a
prestação não pode ser efetuada por partes, duas soluções se apresentam em seu
obrigação divisível: 20.000
regime: ou o credor pode exigir o cumprimento de cada um dos devedores,
respondendo o escolhido é interpelado pelo pagamento da prestação única ou
O que acontecerá, se o devedor devia para dois credores e pagar apenas para
integral, ou o credor tem que interpelar todos eles, para validamente exigir o
um credor? Resposta segunda parte do art 260
cumprimento.
Na obrigação divisível, cada credor poderá exigir a dívida inteira. No entanto o
devedor só se desobrigará da obrigação se:
Ex: João e Pedro são obrigados a dar um carro no valor de 50.000 para Maria= 1- pagar a todos os credores conjuntamente, pois pagando não há mais o que os
obrigação indivisível credores reclamarem pois todos receberam
Ou seja, tanto João quanto Pedro são responsáveis pela dívida toda. Ex: Maria obrigou-se a entregar um carro para João e Pedro. Se Maria entregar o
carro para os dois conjuntamente, ela cumpriu com sua obrigação, pois pagou
conjuntamente todos os credores.
Maria poderá exigir o cumprimento da obrigação:
2- pagar a um dos credores, desde que este credor dê uma caução de ratificação
De Pedro + João ou Somente de João ou Somente de Pedro
dos outros credores.
Caução de ratificação dos outros credores: documento assinado pelos demais
Parágrafo único: credores autorizando que um (ou mais de um) credor receba a obrigação sozinho
sub-roga-se no direito do credor: significa que se um dos credores cumprir a (em nome dos demais credores).
obrigação sozinho, este passará a ser credor do que não cumpriu a obrigação. Ex: Maria obrigou-se a entregar um carro para João e Pedro. Maria irá se
desobrigar-se se entregar o carro somente para João, desde que João entregue
para Maria uma caução de ratificação assinada por Pedro, na qual Pedro concorde
Ex: João e Pedro são obrigados a dar um carro no valor de 50.000 para Maria=
que Maria entregue o carro somente para João.
obrigação indivisível
Ou seja, tanto João quanto Pedro são responsáveis pela dívida toda.
Se João cumprir a obrigação sozinho, ele sub-roga-se no direito de credor. Ou seja,
como ele cumpriu a obrigação sozinho, passará a ser credor de Pedro (no valor de
O que irá acontecer se somente um credor receber prestação da obrigação
25.000), pois João cumpriu a parte da obrigação que cabia a Pedro.
indivisível?
Resposta art 261
4.2. Pluralidade de credores Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
O que acontece quando uma obrigação indivisível houver vários credores?
Apenas um credor terá direito a prestação inteira ou todos os credores terão >> se somente um credor receber a prestação da obrigação indivisível, os demais
os mesmos direitos? credores poderão exigir deste credor o valor da sua parte em dinheiro.
Resposta art. 260
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a >> efetuado o pagamento a um só dos credores, torna-se evidente que recebeu
dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: este não só a sua parte na dívida, como as dos demais credores. Se não repassá-
las a estes, em dinheiro, ou em espécie quando possível, experimentará um
I - a todos conjuntamente; inadmissível enriquecimento sem causa.
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Ex: Maria obrigou-se a entregar um carro para João e Pedro no valor de 50.000. Se
João receber o carro sozinho (dando caução de ratificação de Pedro); Pedro poderá
Primeira parte do artigo 260 (letras em negrito)
exigir de João, em dinheiro, os 25.000 que era a sua parte na prestação.
>>> Como a obrigação é indivisível, não tem como dividir a obrigação entre os
Ainda no concernente à obrigação indivisível com pluralidade de credores,
credores, sendo assim cada credor terá o direito de exigir a dívida inteira.
prescreve o Código Civil:
Ex: se dois credores têm direito de receber um carro; como o carro é indivisível,
O que acontece se em uma obrigação tiver vários credores e apenas um dos
cada credor poderá exigir o carro por inteiro.
credores perdoar (remir) a dívidas e os outros credores não perdoarem? Art
262
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para
Segunda parte do artigo 260 (letras sem estar em negrito) com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor
remitente. Novação, é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior. É a
substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira. Assim, celebrada
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, entre um dos credores e o devedor comum, extingue-se a dívida deste, porém
compensação ou confusão. somente pela sua quota, podendo os demais credores, a qualquer tempo, reclamar
as parcelas a que têm direito.
Remissão da dívida pelo credor = perdão da dívida pelo credor
>> Na obrigação divisível, se tivermos vários credores ou devedores, devemos ● Compensação- art 368 a 380 do CC
dividir a obrigação em partes iguais para cada credor e para cada devedor. Então Compensação também é meio de extinção de obrigações, porém entre pessoas que
se um dos credores perdoar a dívida não haverá problema pois cada credor tem são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra.
direito a sua parte, assim se um credor perdoar a dívida é só descontar essa parte.
Ex: o objeto da obrigação é dar um cavalo a três credores, sendo que um 5. Perda da indivisibilidade
deles remite a dívida. Os outros dois exigem pagamento, que só poderá ser
feito mediante a entrega, pelo devedor, do cavalo devido. Assim, se o animal
vale R$ 3.000,00, a quota do credor remitente é de R$ 1.000,00. Os outros dois Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas
somente poderão exigir a entrega daquele se pagarem R$ 1.000,00 ao devedor. e danos.
o
>> a obrigação de descontar o valor que foi perdoado por um dos credores, ocorre § 1 Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os
para que os demais credores não obtenham vantagem indevida à custa do devedor devedores, responderão todos por partes iguais.
que teve sua dívida perdoada. Esse desconto só ocorre caso tenha vantagem o
financeira para o devedor. § 2 Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só
esse pelas perdas e danos.
Parágrafo único: O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, Caput: o art 263 determina que a obrigação que antes era indivisível resolver se em
compensação ou confusão. perdas e danos, essa se tornará divisível e pode ser dividida entre os credores.
>> do mesmo modo que a remissão, se ocorrer a transação, novação, >> a obrigação que antes era indivisível resolveu se em perdas e danos, porque
compensação ou confusão a obrigação não ficará extinta para com os outros, que houve o perecimento (perda) do objeto da obrigação indivisível, por culpa do
só poderão exigir descontada a quota daquele. devedor.
● Transação- art 840 a 850 do CC Ex: João e Pedro obrigaram-se a entregar um carro X para Maria que vale
O Contrato de Transação é um instituto do Direito Civil composto pela prevenção ou 40.000. Mas o carro pegou fogo, por culpa de João e Pedro, e não tem a
o término de um litígio referente à uma obrigação através de concessões mútuas. possibilidade de ser entregue para Maria. Assim, a única solução é substituir a
Isso significa que ambas as partes do contrato se comprometem a ceder ou obrigação de dar o carro pelo equivalente em dinheiro (40.000). Ou seja, a
sacrificar algum aspecto da obrigação anterior para extingui-la. obrigação indivisível de dar um carro resolveu se em perdas e danos e tornou-se
agora uma obrigação divisível que é dar 40.000, sendo João e Pedro responsáveis
pela quota de 20.000 cada + perdas e danos se houver.
● Novação- art 369 a 367 do CC >> Quando a obrigação perde a qualidade de indivisível os devedores são
responsáveis – pelo pagamento de sua parte na obrigação e pelo pagamento das Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
perdas e danos se houver.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Todos os devedores deverão pagar além da sua parte na obrigação também as
perdas e danos?
Ex: dano moral
1. Conceito e características
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um
o
§ 1 Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.
devedores, responderão todos por partes iguais.
>>Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ ou de
o
§ 2 Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse
esse pelas perdas e danos. credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o
único devedor.
1- se ambos os devedores tiverem culpa pelo perecimento do objeto da obrigação
serão todos responsáveis pelo pagamento de sua parte na obrigação e pelo >> Desse modo, o credor poderá exigir de qualquer codevedor o cumprimento por
pagamento das perdas e danos inteiro da obrigação. Cumprida por este a exigência, liberados estarão todos os
demais devedores ante o credor comum.
>> o código civil de 2002 adotou a teoria pro rata onde tornada impossível a >> é dividida em ativa e passiva
execução por ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência, de todos os
devedores, responderão todos por partes iguais. Ex: Se Augusto e Bartolomeu danificarem o edifício de Carlos, causando-lhe
estragos no valor de 9.000 reais, como a obrigação em que incorrem é solidária,
Carlos poderá exigir de um só deles, se quiser, o pagamento dos 9.000 reais . Por
outro lado, se Augusto pagar o total da indenização, Bartolomeu fica plenamente
2- se somente um dos devedores tiver culpa pelo perecimento do objeto, os demais liberado perante o credor comum.
que não tiveram culpa serão somente responsáveis pelo pagamento de sua parte na
obrigação, sendo exonerados do pagamento de perdas e danos que ficará a cargo Obs: se algum dos devedores for ou se tornar insolvente, quem sofre o prejuízo de
do culpado pelo perecimento. tal fato não é o credor, como sucede na obrigação conjunta, mas o outro devedor,
que pode ser chamado a solver a dívida por inteiro.
Ex: João e Pedro obrigaram-se a entregar um carro X para Maria que vale 40.000.
O carro estava estacionado no galpão e ao consertar o telhado do galpão, parte do Caracteres da obrigação solidária:
telhado caiu sobre o carro causando perda total do veículo. Como o objeto pereceu, a) pluralidade de sujeitos ativos ou passivos (credor e devedor);
a obrigação resolve se em perdas e danos, ou seja, pelo pagamento de 40.000,
tornando-se uma obrigação divisível. b) multiplicidade de vínculos, sendo distinto ou independente o que une o credor a
Se ambos os devedores (João e Pedro) forem culpados pelo perecimento do carro, cada um dos codevedores solidários e vice-versa;
cada um deles terá que pagar 20.000 + perdas e danos. No entanto, se a culpa pelo
perecimento do objeto fosse somente de João, Pedro que não teve culpa deverá
pagar os 20.000 de sua parte na obrigação e João pagará além dos 20.000 (sua c) unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e cada
parte na obrigação) + perdas e danos credor pode exigi-lo por inteiro;
d) corresponsabilidade dos interessados, já que o pagamento da prestação efetuado
por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago
possa reaver dos outros as quotas de cada um.
CÁPITULO VI DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
CAPÍTULO VI
Das Obrigações Solidárias 2. Natureza jurídica da solidariedade
Seção I
Disposições Gerais >>A doutrina clássica, difundida pelos franceses, vislumbra na solidariedade uma
representação recíproca entre os interessados. Na solidariedade ativa, o credor
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais que recebe a prestação age na qualidade de representante dos concredores. Por
de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. sua vez, o devedor que paga representa, igualmente, os demais. Essa teoria, não é
utilizada, pois na solidariedade, ativa ou passiva, o credor que exige a prestação e o
devedor que a presta agem em seu próprio nome e interesse, e não em nome
alheio.
Diferenças:
>> Cada devedor solidário pode ser compelido a pagar, sozinho, a dívida inteira, por
ser devedor do todo. Nas obrigações indivisíveis, contudo, o codevedor só deve a
sua quota-parte. Pode ser compelido ao pagamento da totalidade do objeto somente
porque é impossível fracioná-lo.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
- Embora a principal fonte de obrigações solidárias seja o contrato, podem elas
1° princípio: Não se admite responsabilidade solidária fora da lei ou do contrato. resultar também, eventualmente, do testamento.
Como exceção ao princípio de que cada devedor responde somente por sua quota e
por importar, consequentemente, agravamento da responsabilidade dos devedores,
que passarão a ser obrigados ao pagamento total, deve ser expressa 2° princípio: segundo princípio apontado, o da possibilidade de a solidariedade ser
-> se não houver menção explícita no título constitutivo da obrigação ou em algum de modalidade diferente para um ou alguns codevedores ou cocredores, está
artigo de lei, ela não será solidária, porque a solidariedade não se presume expresso no art. 266 do Código Civil
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro.
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer
daqueles poderá este pagar.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi
pago.
adequada, assim obtendo o cumprimento da prestação, com extinção da dívida.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a Mas só pode executar a sentença o próprio credor--autor e não outro, estranho à
exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a lide
obrigação for indivisível. (Cód. Proc. Civil [de 1973], art. 567 [art. 778, § 1º, CPC/2015]); e) se um dos
cocredores se torna incapaz, nenhuma influência exercerá tal circunstância sobre a
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a
solidariedade;
solidariedade. f) finalmente, se um dos credores decai da ação, não ficam os outros inibidos de
acionar, por sua vez, o devedor comum”.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela - O devedor não pode pretender pagar ao credor demandante apenas quantia
parte que lhes caiba. equivalente à sua quota-parte, mas terá, isto sim, de pagar-lhe a dívida
inteira.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos
outros. . Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o
devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o Cessará, todavia, esse direito de escolha, na hipótese de um ou alguns deles
julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de ajuizarem ação de cobrança.
invocar em relação a qualquer deles.
- Se, porém, todos os credores ajuizarem conjuntamente a demanda, não terá
havido concentração e o devedor conservará a sua liberdade de escolha. O
6. Da Solidariedade Ativa pagamento será, contudo, do todo.
É a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum,
em virtude da qual cada um tem o direito de exigir deste o cumprimento da
prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o 8. Disciplina legal
devedor se exoner da obrigação. . Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um
destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder
- Quando existindo vários credores, cada um deles tem o direito de exigir a ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
totalidade da prestação.
- O devedor libera-se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, por conseguinte, a totalidade do
pagará aos demais a quota de cada um. Por outro lado, qualquer dos crédito e sim apenas o respectivo quinhão hereditário, isto é, a própria quota no
credores solidários pode reclamar o cumprimento integral da prestação, sem crédito solidário de que o de cujus era titular, juntamente com outros credores.
que o devedor possa arguir o caráter parcial do direito pleiteado pelo
requerente.
Assim não acontecerá, todavia, nas hipóteses seguintes:
Ex.: conta bancária conjunta, pois permite que cada correntista saque todo o a) se o credor falecido deixou um herdeiro;
dinheiro depositado. Todos podem movimentar livremente a referida conta, conjunta b) se todos os herdeiros agem conjuntamente;
ou separadamente.
c) se indivisível a prestação.
Em qualquer desses casos, pode ser reclamada a prestação por inteiro.
- Nossa lei não prevê casos de solidariedade ativa, salvo a hipótese cogitada na Observa-se, assim, que o vínculo solidário, transferindo-se aos herdeiros, perde em
Lei n° 209, de 2 de janeiro de 1948, art.12, que dispõe sobre a forma de eficácia e extensão, uma vez que os direitos do credor solidário falecido se
pagamento de débitos dos pecuaristas. O poucos que existem decorrem de transmitem aos herdeiros em conjunto, e não a um só deles, isoladamente. Ao
convenção das partes. herdeiro, isoladamente considerado, os direitos do falecido se transmitem por parte.
7. Características: Por definição, só tem direito à prestação por inteiro o credor solidário. Só o
a) qualquer credor pode promover medidas assecuratórias e de conservação dos pagamento integral a todos ou determinado credor, dentre os solidários, à escolha
direitos; do devedor ou do credor que gerou a prevenção, é que extingue inteiramente a
Ações assecuratórias: conjunto de medidas cautelares que visam assegurar os dívida.
direitos do ofendido e a responsabilização pecuniária do devedor.
b) assim, se um deles constitui em mora o devedor comum a todos aproveitam os Estatui, por sua vez, o art. 271 do Código Civil:
seus efeitos; “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os
c) a interrupção da prescrição, requerida por um, estende-se a todos, de efeitos, a solidariedade”.
conformidade com o art. 176, § 1º, do Código Civil (de 1916, correspondente ao art.
204, § 1º, do novo diploma); d) qualquer credor pode ingressar em juízo com a ação
>> Mesmo com a conversão em perdas e danos, a unidade da prestação não é
comprometida. Liquidada a obrigação e fixado seu valor pecuniário, continua o
9. Extinção da Obrigação Solidária
credor a exigir o quantum total, tendo em vista que a solidariedade permanece.
Prescreve o art. 269 do Código Civil:
“O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o
>> As obrigações indivisíveis, ao contrário, perdem essa qualidade e se montante do que foi pago”.
transformam em divisíveis quando convertidas em perdas e danos, por ter-se
alterado a natureza do objeto da prestação, sabido que a soma em dinheiro em que
se convertem é divisível. - É da essência da solidariedade ativa que o pagamento, por modo direto ou
pelos indiretos equivalentes, produz a extinção do crédito para todos e não
simplesmente para aquele a cujo respeito se houver realizado o fato
. Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções
liberatório.
pessoais oponíveis aos outros.
O devedor não pode opor a um dos credores solidários exceções pessoais que não - Não é todo e qualquer pagamento feito a um dos credores, senão o integral,
poderia opor a outros credores, isto é, exceções que prejudicarem outros credores. que produz a extinção total da dívida. O parcial extingue somente “até o
montante que foi pago”.
Ex.: A ( plenamente capaz) não poderá em juízo defeito na representação ou na - No tocante à confusão, há disposição especial, a do art. 383 do referido
assistência de outro credor solidário, visando beneficiar-se de tal fato. Visto que é diploma.
uma exceção pessoal (intransferível). “Só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte do crédito,
ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade”.
Conceito de exceção: é a palavra técnica que tem hoje o significado de defesa,
Ex. de confusão: se o devedor se torna herdeiro do credor.
contrastando com a ação, que é ataque.
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não
b) que o devedor escolhido, estando obrigado pessoalmente pela totalidade,
aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada. não pode invocar o beneficium divisionis e, assim, pretender pagar só a sua
quota ou pedir que sejam convencidos os coobrigados;
Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores c) que uma vez conseguida de um só toda a prestação, todos os outros ficam
solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes. livres (CC, art.277);
d) que, por consequência, assim como o credor pode agir contra um ou contra
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos ao mesmo tempo, da mesma forma quando tenha agido sem resultado
todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado. ou com resultado parcial contra um ou vários, pode depois agir ainda contra
os outros até completa execução da prestação;
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta
somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. e) que se a prestação se torna impossível por culpa ou durante a mora de um
ou de vários devedores, as consequências do fato culposo devem recair
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as sobre o seu autor, mas não podem por outro lado servir para libertar os
comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções pessoais a outro codevedor. outros obrigados solidariamente; o devedor, que esteja em culpa ou em mora,
será por isso obrigado a responder na mais larga medida da indenização do
dano, devendo todos os outros, pelo contrário, responder nos limites da
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os
devedores. aestimatio rei (CC, art. 279) 242.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos
demais.
- Se, todavia, encararmos a questão sob o aspecto interno, encontraremos
vários devedores, uns responsáveis para com os outros. As obrigações de
cada um são individuais e autônomas, mas se encontram entrelaçadas numa
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores relação unitária, em virtude da solidariedade.
a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais,
no débito, as partes de todos os codevedores.
Ex. de solidariedade instituída no próprio código civil: art. 828, II - entre
devedor principal e fiador, se este obrigou como principal pagador, ou devedor
Art. 284. No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados da
solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. solidária.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por 12. Direitos do credor
toda ela para com aquele que pagar. “Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum (faculdade); se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
11. Da Solidariedade Passiva
solidariamente pelo resto.
- Consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com dever de
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de
prestar dívida toda.
ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores”.
a) consequências do pagamento parcial e da remissão: “Art. 277. O
pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele
- Faculdade que o credor possui de exigir de qualquer dos devedores o obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência
da quantia paga ou relevada”.
cumprimento integral da prestação.
- Se o pagamento for parcial e efetuado por um dos devedores, os outros - O pagamento parcial naturalmente reduz o crédito. Sendo assim, o credor só
pode cobrar do que pagou, ou dos outros devedores, o saldo remanescente.
ficarão liberados até a concorrência da importância paga, permanecendo
solidariamente os devedores do remanescente. - A remissão ou perdão pessoal dado pelo credor a um dos devedores solidários
não extingue a solidariedade em relação aos codevedores, acarretando tão
somente a redução da dívida, em proporção ao valor remitido.
-O que acontece quando o credor propõe ação contra um dos devedores
- A razão do critério adotado em nosso direito parte da ideia de que a remissão
solidários? O devedor demandado pela prestação integral pode chamar os
se baseia em condições pessoais, não podendo aproveitar aos demais
outros ao processo, não só para que o auxiliem na defesa, mas também para
devedores,a menos que tenha caráter objetivo, da obrigação.
que a eventual sentença condenatória valha como coisa julgada por ocasião
do exercício do direito de regresso contra os codevedores.
b) cláusula, condição ou obrigação adicional:
13. Efeitos da morte de um dos devedores solidários . Art. 278. Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada
Art. 276 - Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição
destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão dos outros sem consentimento destes.
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão
considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores.
- Art. 1792, CC - O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da - Não se comunicam os atos prejudiciais praticados pelo codevedor, mas
apenas os favoráveis.
herança.
- A dívida demembra-se em relação a cada um dos devedores, sendo divisível. - Os codeveores se representam em todos os atos tendentes à extinção ou
conservação da dívida, à melhoria de condição em face do credor e não
- “Falecendo um dos devedores solidários, a obrigação, obedecendo a um mais. Como consequência, nenhum dos devedores está autorizado a
princípio geral, divide-se de pleno direito entre os herdeiros. Em virtude deste estipular, com o credor, cláusula, condição ou obrigação adicional que
princípio ficam os herdeiros do devedor solidário na posição entre si de agrave a obrigação e piore a posição dos representados sem o
devedores simplesmente conjuntos (pro parte). Todavia, como pelo fato de consentimento destes.
passar a herdeiros a condição da dívida não se transmuta, são eles
coletivamente considerados e em relação aos codevedores originários como
- Se um dos devedores estipula com o credor, à revalia dos demais, tal
estipulação será pessoal, restrita exclusivamente ao próprio estipulante, não
constituindo um devedor solidário.”
podendo afetar, destarte, a situação dos codevedores, alheios à nova
- Se a obrigação for indivisível, por ficção legal, os herdeiros reunidos são estipulação.
considerados como um só devedor solidário, em relação aos demais
codevedores.
- Exceção legal: O art. 204, §1°, do atual Código proclama que a interrupção da
prescrição, operada contra um dos codevedores, estende-se aos demais,
- A exceção imposta pela natureza do objeto da obrigação, que não pode ser havendo, assim, comunicação dos efeitos interruptivos.
prestado por partes, está em conformidade com os preceitos dos arts, 259 e
270 do Código Civil.
c) renúncia da solidariedade:
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns
cada um será obrigado pela dívida toda. ou de todos os devedores.
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais
credor em relação aos outros coobrigados. devedores, subsistirá a dos demais.
- Como a renúncia constitui benefício instituído em favor do credor, pode dele
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, abrir mão, ainda que se trate de vínculo resultante da lei.
cada um será obrigado pela dívida toda.
- Quando a renúncia é efetivada em prol de todos os coobrigados denominam-
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do se absoluta. Neste caso não haverá solidariedade passiva, pois cada
credor em relação aos outros coobrigados. coobrigado passará a dever pro rata, isto é, a responder somente por sua
quota.
14. Relações entre os codevedores solidários e o credor
- A renúncia operada em proveito de um, ou de alguns devedores apenas,
intitula-se relativa. Ocorre quando o credor dispensa da solidariedade codevedores (por falta de tratamento de moléstia curável, conhecida de todos, por
somente um ou outro devedor, conservando-a, quanto aos demais. ex.), ou quando todos haviam sido constituídos em mora, é certo que responderão,
em conjunto, pelas consequências da culpa. Na última hipótese, em que os
devedores já se encontravam em mora, dá-se a chamada “perpetuação da
obrigação”, que obriga o devedor a suportar os riscos, ainda que tenha havido caso
Divisão da obrigação feita pelo credor: fortuito ou força maior.
1° parte: responde o devedor 2° parte: se encontram Artigo 279: Impossibilidade da prestação de culpa de apenas um dos devedores
favorecido, correspondente responsabilizados solidariamente os solidários, ou quando a impossibilidade da prestação por culpa de somente um dos
somente à sua quota. outros. devedores solidários, ou quando a impossibilidade ocorreu durante a mora de um ou
alguns dos codevedores solidários.
Ex.: Devedor 1 pagou o credor dia 20/03 e não comunicou o fato aos codevedores.
(caberá regresso contra ele). - Se quatro são os devedores solidários e um deles recai em insolvência, os
Em 25/03 o devedor 2 também pagou ao credor. (tem regresso contra os que outros três respondem , em partes iguais, pela quota deste, ainda que um
não pagaram nada). deles tenha sido exonerado da solidariedade pelo credor.
Entende-se como direito de regresso o direito de uma pessoa “cobrar” de outra o
valor gasto para satisfazer a dívida que possuíam em conjunto.
- A divisão fundamenta-se no princípio da equidade, visto que, podendo outro,
dentre os vários devedores, ser escolhido para pagar a dívida inteira não
2) que o devedor tenha satisfeito a dívida por inteiro. seria razoável agravar a condição do eleito, imputando-lhe a quota do
- Em obrigações parceladas (de trato sucessivo), o direito de regresso ao insolvente, com exclusividade.
devedor que pagou as dívidas vencidas, pois satisfez toda a dívida cujo
pagamento podia ser reclamado. Admite-se o mesmo direito a quem fez o
pagamento parcial, estando a dívida vencida.
A + B + C +D = R$ 360.000,00
- Se um dos codevedores for insolvente, a parte da dívida correspondente será
rateada entre todos os codevedores, inclusive os exonerados de
solidariedade pelo credor. - O credor renunciou à solidariedade em razão do primeiro (“A”), que lhe pagou
a sua parte, correspondente a R$90.000,00.
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, - Posteriormente, “D” caiu em estado de insolvência, ficando impossibilitado de
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. contribuir para o pagamento da dívida.
- “B” efetuou o pagamento de R$270.000,00 restantes.
No entanto, mesmo que a dívida interesse exclusivamente a um dos devedores, ou Este poderá exigir de “C” a soma de R$120.000,00 ( R$90.000,00 da sua
seja, que o negócio jurídico que o negócio jurídico que deu origem ao débito só diga quota + R$30.000, 00 da participação da quota do insolvente). Bem como,
respeito a um dos devedores. exigir de “A” (exonerado da solidariedade) R$30.000,00 (participação na
quota do insolvente).
Ex.: A - tem necessidade de obter um empréstimo para efetuar a colheita de sua - Assim, com a nova divisão cada credor ficará responsável por contribuir com
propriedade rural. O banco exige garantia de dois avalistas. R$120.000,00 destinado a execução da dívida.
Pode o credor romper o vínculo da solidariedade em relação ao seu crédito, mas
não se pode dispor do direito alheio.