Laudo Pericial
Laudo Pericial
2ª VARA DO TRABALHO DA
COMARCA DO RIO GRANDE DO NORTE
Sem mais para o momento, coloco-me a disposição de Vossa Excelência para qualquer
esclarecimento que ainda se fizerem necessário.
Atenciosamente,
1. Identificação ............................................................................................................................. 3
2. Dados funcionais do reclamante .............................................................................................. 3
3. Considerações iniciais ............................................................................................................... 3
4. Informantes............................................................................................................................... 3
5. Metodologia e instrumentos utilizados ................................................................................... 4
6. Período, horário e local de trabalho do reclamante................................................................ 4
7. Descrição sumária das atividades do reclamante ................................................................... 4
8. Avaliações realizadas e dados obtidos ..................................................................................... 5
9. Pesquisa de insalubridade ........................................................................................................ 5
9.1 Ruído ................................................................................................................................... 5
9.2 Calor .................................................................................................................................... 6
9.3 Radiações não ionizantes ................................................................................................... 6
9.4 Agentes Químicos ............................................................................................................... 7
10. Conclusão ................................................................................................................................ 8
11. Referências.............................................................................................................................. 9
Admissão: 09/09/2014
Demissão: 07/04/2018
Função: Soldador
3. Considerações iniciais
Para elaboração deste, foi realizada uma perícia técnica deferida pelo MM. Dr. Juiz para
apuração ou não do direito ao adicional de insalubridade.
A diligência pericial foi realizada no dia 06 de novembro de 2018, tendo início às 08:00
horas e término às 11:00 horas, onde foi verificado os tipos de atividades exercidas pelo autor e
as condições ambientais nas quais ele desenvolvia suas atividades laborais.
4. Informantes
A perícia foi elaborada com base na legislação vigente, qual seja, “Lei 6.514 de
22/12/77”, Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 do Ministério do Trabalho e sua Norma
Regulamentadora, NR-15 – Atividades e Operações Insalubres, e seus respectivos Anexos.
Em entrevista pericial, o reclamante informou que teve seu pacto laboral compreendido
entre 09/09/2014 e 07/04/2018, onde exercia o cargo de soldador.
• Soldar tubulações industriais de inox e aço-carbono, chapas finas, estruturas tubulares, etc.
Utilizado para soldagem a arco;
• Configurar componentes para soldagem de acordo com as especificações (por exemplo, cortar
materiais com serras elétricas para corresponder às medições);
• Operar esmerilhadeiras angulares para preparar as peças que devem ser soldadas;
• Uniforme;
• Botina;
• Capacete;
• Óculos de Proteção;
9. Pesquisa de insalubridade
Não foi possível realizar a avaliação quantitativa dos riscos físicos e químicos no local
periciado por motivos financeiros da reclamante. A reclamada não possuía Levantamento
Ambiental para auxílio da avaliação dos níveis de pressão sonora – ruído contínuo ou
intermitente, calor e dos aerodispersóides a que poderia ter ficado exposto o reclamante, em
seu ambiente de trabalho. A análise da insalubridade não se limita apenas no reconhecimento
dos riscos da atividade, como radiação não ionizante – ultravioleta e infravermelha -, fumos
metálicos e gases, mas também a fatores ambientais como ruído e calor.
15.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma NR-15, a concentração
ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao
agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.
9.1 Ruído
Níveis de Pressão Sonora – Ruído Contínuo ou Intermitente
Na NR-15, da Portaria 3.214/78, o anexo Nº 1 trata dos limites de tolerância para ruído
contínuo ou intermitente, ou seja, ruídos que não sejam de impacto onde os níveis não devem
exceder os limites de tolerância fixados no quadro deste anexo. Além disso, o nível máximo de
9.2 Calor
De acordo com a NR-15, da Portaria 3.214/78, no anexo Nº 3 (Limites de tolerância para
exposição ao calor), a caracterização das atividades ou operações insalubres decorrentes da
exposição ocupacional ao calor em ambientes fechados ou ambientes com fonte artificial de
calor será realizada através de uma avaliação quantitativa do calor, com base na metodologia e
procedimentos descritos na Norma de Higiene Ocupacional NHO 08 (2ª edição - 2017) da
FUNDACENTRO. Diante disso, é necessária a determinação de sobrecarga térmica por meio do
índice IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo e estimar a taxa metabólica (M)
com base na comparação da atividade realizada pelo trabalhador com as opções apresentadas
no Quadro 2 do Anexo nº 3.
Dessa forma, apesar de não ser necessário uma análise quantitativa para a taxa
metabólica média, a análise quantitativa é imprescindível para a caracterização da insalubridade
para esse agente físico diante da determinação do IBUTG médio. Assim, a ausência dessa
avaliação impossibilitou a caracterização da insalubridade para esse agente físico.
Porém, analisando-se a situação, verifica-se que o reclamante recebeu e fez uso de todos
os EPI’S– Equipamentos de Proteção Individual, apresentando ademais a empresa os respectivos
Certificados de Aprovação do Ministério do Trabalho, equipamentos estes adequados, hábeis e
suficientes para a neutralização dos efeitos nocivos à sua saúde.
Assim, considerando ainda que houve o necessário treinamento quanto ao uso correto
de EPI’S e que o reclamante era devidamente fiscalizado, foi então neutralizada a insalubridade
pela sua exposição a radiações não ionizantes.
O processo de solda por arco elétrico ocorre quando um arco elétrico é criado entre o
eletrodo revestido e o material a ser soldado. O tipo de material a ser soldado (metal de base)
pode ser de diversos tipos como aço inoxidável, ferro, alumínio, dentre outros. Dessa forma, a
escolha do eletrodo depende do material a ser soldado, das propriedades da solda desejada e
da posição que a solda será realizada. Os principais eletrodos utilizados e presentes nos
mercados possuem em sua composição chumbo, níquel, manganês, cromo, cádmio, magnésio,
dentre outros.
A NR-15, no anexo nº 11, traz análise dos agentes químicos que podem caracterizar a
existência de ambiente insalubre por limite de tolerância em inspeção ao local de trabalho. De
acordo com o anexo, a insalubridade é caracterizada quando os limites de tolerância previstos
no quadro 1, são ultrapassados. Observado que os limites são válidos para absorção apenas por
via respiratória. Ambientes com presença dessas substâncias devem possuir concentração
mínima de 18 (dezoito) por centro de oxigênio, valores abaixo são considerados de risco grave
ao trabalhador.
10. Conclusão
Ao término da vistoria pericial tendo como base as informações coletadas in loco,
observados todos os documentos fornecidos pelas partes envolvidas e feitas todas as análises
indicadas pela norma que regula tais atividades, considera-se a atividade INSALUBRE em GRAU
MÁXIMO.
Além disso, constatou-se violado o artigo 192, do capítulo V da CLT, onde o exercício de
trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério
do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento),
20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se
classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.
Assim, comprova-se o direito previsto nos artigos presentes na Consolidação das Leis
Trabalhista e classifica a atividade exercida com grau de insalubridade máximo, devendo ser pago
ao reclamante o adicional correspondente a 40 (quarenta) por cento do salário regional vigente
de R$ 954,00 (Novecentos e cinquenta e quatro reais), retroativo ao período de trabalho de 09
de setembro de 2014 à 07 de abril de 2018, devendo o valor a ser pago de R$ 16.408,80
(Dezesseis mil quatrocentos e oito reais e oitenta centavos).
[1] MARQUES, P. V. et al. Tecnologia. Editora UFMG, 3a edição, Bolo Horizonte–MG, 2009.
[2] NORMA REGULAMENTADORA, NR 15: Atividades e Operações Insalubres. Portaria MTb n
3.214, de 08 de junho de 1978