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Financiamento - Aula 4

O documento discute a dinâmica da gestão do capital de giro, incluindo a apuração da necessidade de capital de giro a partir dos ciclos operacionais e financeiros. Também aborda a gestão de estoques, contas a receber e contas a pagar e seus impactos no capital de giro e fluxo de caixa.

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Financiamento - Aula 4

O documento discute a dinâmica da gestão do capital de giro, incluindo a apuração da necessidade de capital de giro a partir dos ciclos operacionais e financeiros. Também aborda a gestão de estoques, contas a receber e contas a pagar e seus impactos no capital de giro e fluxo de caixa.

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AULA 4

FINANCIAMENTO
DO CAPITAL DE GIRO
E FLUXO DE CAIXA

Prof. Edson Miguel Zedebski


TEMA 1 – DINÂMICA DA GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO

Pressupondo a ideal e suficiente compreensão dos conteúdos abordados


nas aulas anteriores, que tratam de temas como equilíbrio financeiro, principais
demonstrações contábeis, instrumentos de gerenciamento, regime de caixa e
regime de competência e projeção de fluxo de caixa, bem como a resolução dos
estudos de casos propostos, é então propício prosseguir com os estudos para
trabalhar a efetiva apuração das necessidades de capital de giro e sua gestão.
O ponto de partida (objeto desta aula) é a compreensão do cálculo dos
períodos médios de rotação de estoque, recebimento das vendas e pagamento
das compras que dizem respeito aos ativos e passivos circulantes e que permitem
o conhecimento e gerenciamento do ciclo operacional e do ciclo de caixa ou
financeiro (ciclos de conversão) para elaboração de estratégias e diretrizes
financeiras.
Dentre os conteúdos abordados em aulas anteriores, foi destacado que
Ross, Westerfield e Jaffe (2009) definem o capital de giro como a diferença entre
ativo circulante e passivo circulante.
Em outras palavras, a apuração da necessidade de capital de giro surge
eminentemente de uma dinâmica entre contas a pagar e contas a receber, e a
detecção do efetivo montante necessário depende diretamente de ciclos
operacionais e ciclos financeiros equilibrados.
A necessidade de capital de giro refere-se à diferença entre o ativo
circulante operacional e o passivo circulante operacional, e o estudo dos ciclos de
conversão torna evidentes as políticas adotadas pelos gestores.
Em qualquer tipo de negócio, a gestão do capital de giro representa uma
questão-chave para o sucesso e para uma boa rentabilidade, sendo de
fundamental importância aprofundar estudos sobre um tema que exige muitos
conhecimentos, e os gestores financeiros devem destinar muito de seu tempo a
eles.
Uma boa gestão de capital de giro implica conseguir o ideal equilíbrio entre
a necessidade de liquidez para a condução do negócio e a necessidade de não
manter importâncias elevadas disponibilizadas para capital de giro, pois um saldo
de caixa em excesso é o ativo menos produtivo da empresa.

2
TEMA 2 – ATIVOS E PASSIVOS CIRCULANTES E CAPITAL DE GIRO

Os fundamentos do estudo do capital de giro baseiam-se na interação entre


ativos e passivos circulantes. Uma boa gestão de capital de giro é gerenciar os
dois adequadamente e também cuidar da relação entre os dois e que determina
as necessidades financeiras mais imediatas da empresa.
Gerenciar valores disponíveis, créditos a receber, estoques e valores a
pagar, entre outros itens patrimoniais, é uma tarefa crucial para os gestores, pois
isso afeta diretamente as operações diárias da empresa com impacto significativo
na natureza e magnitude dos fluxos de caixa e seu reposicionamento.
Visando garantir a capacidade da continuidade das operações e
suportando tanto as dívidas de curto prazo quanto as próximas despesas e
investimentos operacionais, deve haver uma importante contribuição para o
crescimento da empresa.
Geralmente os gestores tomam por base os relatórios contábeis para suas
tomadas de decisões, de modo que a maioria das vendas e compras não são
imediatamente seguidas por um fluxo correspondente de entrada ou saída de
recursos.
O crédito é concedido aos clientes e obtido junto aos fornecedores, e sua
sincronização é extremamente importante para garantir que a gestão de caixa
esteja mais equilibrada quanto possível. Além disso, a gestão de estoques deve
contribuir para a redução de custos e para maior eficiência operacional.

2.1 Gestão de estoques e seu impacto na eficiência e rentabilidade

Geralmente, a preparação do orçamento de caixa ocorre por meio da


incorporação das estimativas de entradas e saídas para saber se o saldo de caixa
seria adequado para atender às transações.
As necessidades de caixa estão estritamente relacionadas com os fluxos
de caixa gerados que dependem do tipo de negócio e, nas empresas que fabricam
seu estoque, os planos de fabricação são determinados e são afetados desde a
compra de matérias-primas para produção até a obtenção do produto acabado e,
ao mesmo tempo, necessitam manter um volume de materiais e outros estoques
a fim de garantir um processo de fabricação equilibrado.
O sucesso depende muito da habilidade para obter os insumos no
momento certo e ainda obter vantagens competitivas em relação a outras

3
empresas. O nível ideal de estoque deve ser determinado comparando os
benefícios de sua existência em relação ao seu custo. Os custos incorridos ao
manter estoques vão desde os custos de seguros e aluguel de espaços físicos até
custos de reposição e substituição, incluindo ainda o custo pela obsolescência.
Em linhas gerais, os estoques são tão necessários quanto indesejados
pelas empresas, uma vez que representam recursos investidos e alocados desde
fins especulativos até razões operacionais, e todos os bens estocados têm valor
econômico e são avaliados como ativos circulantes.
Os estoques podem ser compostos de matérias-primas, produção em
andamento e de produtos acabados e itens em excesso ou insuficientes tem um
impacto financeiro na saúde do negócio, bem como em vantagens competitivas e
em oportunidades de negócios.
A necessidade de se manterem estoques é justificada também pela
necessidade de cobertura contra fatores internos e externos, pois o planejamento
pode ser alterado de acordo com fatores como volume de vendas, pedidos e ciclos
de demanda e de oferta e sazonalidade.
O histórico de desempenhos anteriores ajuda a vislumbrar variações no
mercado com satisfatória antecedência. Possíveis alterações nos preços dos bens
e o impacto da tributação podem levar a produção a aumentos ou decréscimos.
Investimentos equivocados em estoques podem resultar em uma rotação
muito baixa e o estoque se tornando obsoleto ao mesmo tempo que pode
aumentar seu custo devido a fatores como desperdício e furtos.
Fica bastante evidente que a gestão de estoques é uma atividade
extremamente significativa para definir o nível de qualidade do processo da cadeia
de suprimentos e também os impactos na gestão financeira.

2.2 Gestão de contas a receber e contas a pagar

As atividades diárias da empresa implicam, entre outros eventos, o


recebimento das receitas geradas e de outros valores bem como o pagamento de
salários, contas e outras dívidas.
Uma das primeiras responsabilidades dos gestores é determinar a política
de crédito da empresa decidindo entre maiores lucros sobre as vendas adicionais
que surgem devido à flexibilização do crédito por um lado e a provável perda de
clientes pela adoção de uma política de crédito restritiva por outro.

4
A elaboração de uma política de crédito passa pela determinação de fatores
como o período e a quantidade de dias líquidos de crédito aprovados.
A política de crédito determina tanto a quantidade quanto a qualidade dos
recebíveis das contas, e a oferta de crédito é um elemento importante na
determinação das necessidades de capital de giro. Se o crédito for facilmente
disponibilizado a taxas atrativas e boas condições de prazo, será necessário um
volume menor de capital de giro.
Por outro lado, se não houver facilidades na concessão de crédito, isso
exigirá um volume maior de capital de giro para minimizar os riscos das
operações.
Já as contas a pagar dizem respeito aos valores devidos aos seus
fornecedores e a outros credores pela compra de bens ou serviços como
empresas de energia, telefonia e ainda impostos e pessoal, que figuram no
balanço patrimonial como passivos circulantes incluídos no conjunto de dívidas
que a empresa recebe ou negocia conforme as opções disponíveis para
pagamento para de cada obrigação.
Eficiência e eficácia são requisitos básicos para que os processos de
contas a receber e contas a pagar sejam bem conduzidos, evitando perdas e
custos desnecessários, pois todas as empresas devem desenvolver uma política
criteriosa de gestão de valores a receber e a pagar para apoiar a maximização
dos resultados esperados.

TEMA 3 – CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA

O ciclo operacional é definido como o intervalo de tempo entre o período


de compra da matéria-prima ou mercadoria até que o dinheiro das vendas seja
recebido e o ciclo de caixa é conceituado como o ciclo operacional menos o
período médio de pagamento das compras, cujo exemplo adiante exposto buscará
tornar mais fácil a aplicação na prática.
O gerenciamento do ciclo operacional e do ciclo de caixa tem início pela
obtenção das principais variáveis que deverão estar sob estrito controle dos
gestores (períodos médios de conversão), definindo assim todo o andamento do
processo de produção e venda.
Essa forma, por exemplo, uma empresa com um período de estoque muito
longo pode gerenciar a situação, reduzindo o valor médio e a idade dos estoques.

5
Um aumento no giro de estoque de fato pode reduzir o período de estocagem e
permitir um melhor desempenho financeiro.
Quanto aos valores a receber, os gestores devem buscar reduzir o período
de recebimentos da forma mais rápida possível sem perder clientes.
No que se refere aos pagamentos, deverá ocorrer exatamente o contrário,
buscando a capacidade de garantir contratos com fornecedores que permitam um
período de pagamento mais longo.
Não é tão simples assim gerenciar em curto espaço de tempo as variáveis
envolvidas, pois é demandado tempo para implementar mudanças nos prazos de
recebimentos, pagamentos e de giro dos estoques.

3.1 A abordagem com base nos períodos médios

Os três componentes do cálculo (períodos médios de contas a receber,


estoques e fornecedores) podem ser estimados recorrendo às demonstrações
contábeis da empresa e, em particular, podem ser derivados como proporções
dos itens relevantes nas demonstrações.

3.1.1 Período médio de rotação do estoque – PMRE

A rotação do estoque representa o número de vezes que, em média, o


estoque teve que ser reabastecido para cumprir o custo total de produção no
período de referência (um ano no caso de utilizar 360 dias como padrão).
O período médio de rotação de estoque pode ser calculado por meio da
fórmula seguinte:
Ei + Ef
2
PMRE =
CMV
360

Em que:
PMRE é o período médio de rotação do estoque durante o intervalo
considerado;
Ei é o estoque inicial do período e Ef é o estoque final do período;
CMV é o custo das mercadorias vendidas no final do período considerado.

6
3.1.2 Período médio de recebimento das vendas – PMRV

O recebimento das vendas representa a média do montante recebido em


relação às vendas no período de referência (um ano no caso de utilizar 360 sias
como padrão). O período médio de recebimento das vendas pode ser calculado
por meio da fórmula:

CRi + CRf
2
PMRV =
VENDAS
360

Em que:
PMRV é o período médio de recebimento das vendas durante o intervalo
considerado;
CRi é contas a receber no início do período e CRf é contas a receber no
final do período;
VENDAS é o montante das vendas efetuadas acumuladas no período
considerado.

3.1.3 Período médio de pagamento das compras – PMPC

O pagamento das compras representa a média do montante pago em


relação às compras de mercadorias ou matérias-primas no período de referência
(um ano no caso de utilizar 360 dias como padrão). O período médio de
recebimento das vendas pode ser calculado por meio da fórmula:

Fi + Ff
2
PMPC =
CMV
360

Em que:
PMPC é o período médio de pagamento das compras durante o intervalo
considerado;
Fi são os fornecedores no início do período e Ff, fornecedores no final do
período;
CMV é o custo das mercadorias vendidas no final do período considerado.
7
3.1.4 Exemplo de cálculo dos períodos médios

Admitir uma empresa com as seguintes demonstrações financeiras:

Tabela 1 – Balanço Patrimonial da Empresa ($mil)

Balanço Patrimonial da Empresa ($mil)


ATIVO Ano 1 Ano 2 PASSIVO Ano 1 Ano 2
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível 1.130 1.330 Fornecedores 86 102
Aplicações Financeiras 200 250 Impostos a Pagar 139 221
Contas a receber 120 140 Empréstimos 1.030 1.300
Estoques 180 225 Total Circulante 1.255 1.623
Outros 40 52 Passivo Não Circulante
Total Circulante 1.670 1.997 Contas a pagar 595 868
Ativo Não Circulante Outras Dívidas 3.200 3.000
Imobilizado 10.850 11.250 Total Não Circulante 3.795 3.868
Depreciação acumulada (1.950) (2.125) Patrimônio Líquido
Total Não Circulante 8.900 9.125 Capital Social 5.300 5.300
Reservas 220 331
Total Patrimônio Líquido 5.520 5.631
Total do ATIVO 10.570 11.122 Total do PASSIVO 10.570 11.122

Tabela 2 – Demonstração de resultados da empresa (fragmento)

Demonstração de resultados da Empresa (Fragmento) Ano 2 ($ mil)


Vendas Brutas 1.000.000
Custo das Mercadorias Vendidas 650.000
... ...

O foco de estudo é a administração do capital de giro, porém, é relevante


destacar o fato de que, para a obtenção de resultados confiáveis, deve-se tomar
por base demonstrativos fidedignos (se possível auditados) e em moeda de poder
aquisitivo constante, ou seja, que tenham sido objeto das técnicas de análise
contábeis e financeiras que não são aqui abordadas.
Para calcular o ciclo operacional e o ciclo de caixa (ou financeiro) da
empresa, devem primeiro ser obtidos os componentes do cálculo (períodos
médios).

8
Quadro 1 – PMRE (Período Médio de Rotação do Estoque)

Ei + Ef 180.000 + 225.000
2 2
PMRE = = = ? dias
CMV 650.000
360 360

202. 500
PMRE = = 112 dias
1.805

Isso significa que ocorreu, em média, um intervalo de 112 dias para o giro
(rotação) de todo o estoque. A interpretação isolada desse indicador é: quanto
menor, melhor, ou seja, quanto mais rapidamente o estoque for vendido, mais se
estará contribuindo para melhores resultados com emprego de um volume menor
de capital de giro.

Quadro 2 – PMRV (Período Médio de Recebimento das Vendas)

CRi + CRf 120.000 + 140.000


2 2
PMRV = = = ? dias
VENDAS 1.000.000
360 360

130.000
PMRV = = 47 dias
2.778

Isso significa que houve, em média, 47 dias de prazo para o recebimento


dos valores das compras feitas pelos clientes. A interpretação isolada desse
indicador é: quanto menor, melhor, ou seja, quanto mais rapidamente os clientes
pagarem pelas compras que fizeram, mais se estará contribuindo para um fluxo
de caixa equilibrado e, também, para um melhor gerenciamento do capital de giro.

9
Quadro 3 – PMPC (Período Médio de Pagamento das Compras)

Fi + Ff 86.000 + 102.000
2 2
PMPC = = = ? dias
CMV 650.000
360 360

94.000
PMPC = = 52 dias
1.805

Isso significa que houve, em média, 52 dias de prazo para o pagamento


aos fornecedores dos valores das compras feitas pela empresa. A interpretação
isolada deste indicador é: quanto maior, melhor, ou seja, quanto mais prazo
houver para a empresa pagar pelas compras que fez, mais se estará contribuindo
para um fluxo de caixa equilibrado e, também, para um melhor gerenciamento do
capital de giro.

3.2 Determinação do ciclo operacional e do ciclo de caixa

3.2.1 Ciclo operacional

Com os dados coletados nas demonstrações contábeis apresentadas e


com os resultados dos cálculos dos períodos médios, chega-se ao ciclo
operacional e ao ciclo de caixa:

CO = PMRE + PMRV

Em que:
CO é o ciclo operacional;
PMRE é o período médio de rotação do estoque e PMRV é o período médio
de recebimento das vendas.
Portanto, no exemplo exposto, o ciclo operacional é:

CO = PMRE + PMRV = 112 + 47 = 159 dias

10
Isso significa que houve, em média, 159 dias entre o momento da compra
de mercadorias ou matéria-prima e o momento do recebimento dos valores dos
clientes da empresa. A interpretação isolada desse indicador é: quanto menor,
melhor, ou seja, quanto mais rápido fechar o ciclo, mais se estará contribuindo
para a mais veloz ocorrência de vários outros ciclos operacionais no horizonte de
tempo para geração de melhores retornos.

3.2.2 Ciclo de caixa

O ciclo de caixa, em vez disso, é composto de dois elementos e também


está relacionado ao ciclo operacional, na medida em que é igual ao último menos
o período de pagamento (dias).

CC = CO – PMPC

Em que:
CC é o ciclo de caixa e CO é o ciclo operacional;
PMPC é o período médio de pagamento das compras.
Portanto, no exemplo exposto, o ciclo de caixa é:

CC = CO – PMPC = 159 – 52 = 107 dias

Isso significa que houve, em média, 107 dias de necessidade de


financiamento de caixa (dinheiro) para bancar as atividades empresariais.
A interpretação isolada desse indicador é: quanto menor, melhor, ou seja,
por quanto menos tempo for necessário comprometer recursos financeiros, mais
se estará contribuindo para um fluxo de caixa equilibrado e também para um
melhor gerenciamento do capital de giro.
Ao final do próximo tópico, após as contextualizações e a esquematização
das variáveis envolvidas no tema, apresenta-se uma descrição detalhada e uma
interpretação completa do exemplo trabalhado.

TEMA 4 – ESQUEMA COMPLETO DOS CICLOS DE CONVERSÃO

Os ciclos operacional e de caixa representam importantes indicadores da


gestão e do financiamento de curto prazo, pois permitem a adoção de diretrizes
para definição de estratégias para políticas de estoques, contas a receber e contas
a pagar com vistas à obtenção de resultados almejados.

11
Todos os períodos são medidos em dias e normalmente são considerados
360 dias em um ano como padrão.

Figura 1 – Ciclo de conversão

Data da Data do pagamento Data da Data do recebimento


compra dos pela compra de venda do dinheiro pela
estoques estoques do produto venda do produto

Prazo médio de
Prazo médio de Prazo médio de
rotação de
pagamento das recebimento
estoques
compras das vendas

Ciclo operacional

Ciclo de caixa

A interpretação do esquema apresentado visa esclarecer que o ciclo das


operações é composto de três elementos: o período de pagamento, o período de
estoque e o período de recebimento.
Acompanhando os dados e os cálculos conforme os demonstrativos
contábeis do exemplo utilizado que, nesse caso, diz respeito ao período de um
ano (adotando o padrão 360 dias) e fazendo uma interpretação do esquema
apresentado, confirma-se a afirmativa de que o ciclo operacional vai desde o
momento da aquisição das mercadorias ou matérias-primas até o momento do
recebimento do dinheiro por conta das vendas efetuadas.
Para o bom entendimento da teoria apresentada, basta acompanhar os
resultados obtidos: entre a data da compra dos estoques até a data do
recebimento do dinheiro pela venda das mercadorias aos clientes, pelo cálculo
demonstrado, houve um prazo médio de 159 dias que foi obtido pelo somatório
do PMRE (112 dias) com o PMRV (47 dias).
Os prazos dependem diretamente das políticas definidas pelos gestores,
porém é extremamente provável que houve compras à vista (que não demandaria
a obtenção de qualquer prazo para pagar aos fornecedores) e provavelmente
houve compras com prazos superiores a 112 dias para o efetivo pagamento, haja
vista que se está contextualizando o prazo pela média.
Também é extremamente provável que houve vendas à vista (que não
demandaria a concessão de qualquer prazo para receber dos clientes) e
provavelmente houve vendas com prazos superiores a 47 dias para o efetivo
recebimento, haja vista que se está contextualizando o prazo pela média.

12
Por essa abordagem, o ciclo operacional sendo de 159 dias, poderiam
ocorrer 2,2 ciclos (360 ÷ 159) no intervalo de um ano e, uma vez que a
interpretação é que quanto menor for o ciclo operacional, isso será melhor para a
gestão, fica evidente que se tal ciclo fosse inferior a 159 dias poderia haver mais
ciclos no intervalo de um ano, contribuindo para melhores resultados e para a
maximização da riqueza dos investidores.
O resultado obtido para o PMRE (112 dias) também é advindo de um
cálculo pela média, pois os estoques podem ser compostos de inúmeros itens e
cada um deles com características diferentes de demanda, sazonalidade,
obsolescência e ponto de ressuprimento, por exemplo.
Quanto mais rápida for a rotação dos estoques (quanto menor, melhor),
além de contribuir para reduzir o ciclo operacional, também haverá a contribuição
para a maximização dos resultados, principalmente se estes forem adquiridos
obtendo um bom prazo para pagamento junto aos fornecedores.
Igualmente aos estoques, quanto mais rápido ocorrer o recebimento dos
valores junto aos clientes (quanto menor, melhor), além de contribuir para
reduzir o ciclo operacional, também haverá a contribuição para a maximização
dos resultados, principalmente se boa parte das vendas forem efetuadas à vista
ou a curtíssimo prazo, gerando um bom fluxo de caixa.
Confirma-se também a afirmativa de que o ciclo de caixa (ou financeiro) é
representado pelo ciclo operacional menos o período médio de pagamento das
compras (PMPC) e que, no exemplo trabalhado, é de 107 dias (159 dias – 52
dias), cuja interpretação isolada é que quanto menor, melhor.
A interpretação é bastante lógica, pois, se no intervalo de um ano (360 dias)
houver a necessidade de manter capital (dinheiro) para bancar as operações por
107 dias, é evidente que, se esse ciclo for menor, haverá menor necessidade de
capital de giro e contribuindo ainda para proporcionar alternativas para realização
de investimentos.
Finalizando os comentários, é relevante destacar que, no exemplo
trabalhado, ao mesmo tempo em que o ciclo de caixa é de 107 dias, a cada 47
dias (PMRV), em média, os clientes efetuam pagamentos, e as importâncias
recebidas pela empresa ingressam no fluxo de caixa, suprindo as necessidades
de capital de giro, permanecendo, então, de fato, 60 dias a descoberto (107 dias
– 47 dias), evidenciando assim uma necessidade mais efetiva de recursos para 2
meses (60 dias).

13
Por outro lado, por mais que o período de permanência os estoques seja,
em média, de 112 dias, a empresa efetua pagamentos aos fornecedores, também
em média, a cada 52 dias, restando então, de fato, 60 dias de financiamento
próprio (112 dias – 52 dias) para os estoques.
Em linhas gerais, pode-se concluir que a situação da empresa utilizada
como exemplo é bastante satisfatória, principalmente pelo fato de receber as
importâncias de seus clientes (em média a cada 47 dias) antes de efetuar os
pagamentos aos seus fornecedores (em média a cada 52 dias), fato esse que
favorece seu fluxo de caixa.
O conteúdo abordado nesta aula, além de abrir horizontes para iniciar o
processo de análises para tomada de decisões por meio da comparação dos
resultados obtidos por uma mesma empresa em períodos subsequentes de tempo
(anos, semestres, meses etc.) ou da comparação com os resultados de outras
empresas de um mesmo setor nos mesmos períodos, servirá de base para a
adequada compreensão do tema trabalhado nas próximas aulas, ou seja, a
apuração da efetiva necessidade de capital de giro e seu financiamento.

Saiba mais

CICLO operacional. Ruy Costa, 13 nov. 2009. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=NYO-ivVaBzU>. Acesso em: 24 jun. 2020.

TEMA 5 – ESTUDO DE CASO

Tomando por base as estruturas apresentadas no item 3.1.4 desta aula e


utilizando as demonstrações fornecidas, elabore os cálculos dos períodos médios
(PMRE, PMRV e PMPC), bem como dos ciclos de conversão (CO e CC), e, em
seguida, interprete os resultados encontrados colocando-se na posição de gestor,
fazendo os comentários que julgar pertinentes.

14
Tabela 3 – Balanço Patrimonial da empresa ($mil)

Balanço Patrimonial da Empresa ($mil)


ATIVO Ano 1 Ano 2 PASSIVO Ano 1 Ano 2
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponível 136 184 Contas a pagar 7.182 8.123
Aplicações Financeiras 1.330 1.526 Impostos a Pagar 2.334 2.862
Contas a receber 15.310 18.440 Empréstimos 25.036 28.685
Estoques 11.690 14.155 Total Circulante 34.552 39.670
Outros 44 58 Passivo Não Circulante
Total Circulante 28.510 34.363 Contas a pagar 2.195 2.682
Ativo Não Circulante Outras Dívidas 4.105 4.743
Imobilizado 45.820 47.180 Total Não Circulante 6.300 7.425
Depreciação acumulada (4.914) (5.267) Patrimônio Líquido
Total Não Circulante 40.906 41.913 Capital Social 25.000 25.000
Reservas 3.564 4.181
Total Patrimônio Líquido 28.564 29.181
Total do ATIVO 69.416 76.276 Total do PASSIVO 69.416 76.276

Tabela 4 – Demonstração de resultados da empresa (fragmento)

Demonstração de resultados da Empresa (Fragmento) Ano 2 ($ mil)


Vendas Brutas 92.874.764
Custo das Mercadorias Vendidas 68.983.656
... ...

15
REFERÊNCIAS

ABREU, J. C. Gestão financeira. Rio de Janeiro: FGV Management, 2015.

BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo:


Atlas, 1992.

BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração


financeira. Rio de Janeiro: Campus,1999.

GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, E. Administração financeira. São Paulo:


Saraiva, 1998.

HOJI, M. Administração financeira – uma abordagem prática: matemática


financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e controle
financeiro. São Paulo: Atlas,1999.

ROSS, S. A.; WASTERFIELD, R. W.; JORDAN, B. D. Princípios de


administração financeira. São Paulo: Atlas,1998.

ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Administração financeira. 2.


ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SOLOMON, E. Teoria da administração financeira. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

WESTON, J. F.; BRIGHAM, E. F. Fundamentos da administração financeira.


São Paulo: Makron Books, 2000.

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