Números Especiais - Contagem
Números Especiais - Contagem
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL
CAMPO GRANDE - MS
Agosto de 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL
Campo Grande - MS
Agosto de 2013
I
CONTAGEM: NÚMEROS ESPECIAIS
Campo Grande - MS
Agosto de 2013
II
Dedico esse trabalho a minha querida esposa,
Daniele Akemi Oshiro Zanoni, que antes de
tudo e de todos, sempre acreditou e conou em
mim e em meu sucesso.
III
Epígrafe
A matemática apresenta invenções tão sutis que poderão servir não só para satisfazer os
curiosos, mas também para auxiliar as artes e poupar o trabalho dos homens.
René Descartes
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha família, em especial aos meus pais, pela dedicação e
pelos seus sacrifícios para que eu pudesse ter acesso a boa educação, e aproveitar as oportu-
Agradeço a minha esposa, pelo apoio e pela paciência que teve enquanto me dedicava
Agradeço aos meus professores pela dedicação nos trabalhos realizados, pelo apoio dado
Agradeço a professora Elisabete Sousa Freitas, pela orientação de meu trabalho, pelas
horas dedicadas a ele, pelo apoio, compreensão, paciência e incentivo dado durante toda a
trajetória do trabalho.
Agradeço a professora Élvia Mureb Sallum, por sua dedicação ao nosso trabalho inicial
que, por motivos de força maior, não pode ser concluido, mas no qual também aprendi muito.
Agradeço aos meus colegas de classe pelos estudos, pelo incentivo, pela colaboração e pela
Agradeço aos colegas Josiane Colombo Pedrini Esquinca e Rogério Esquinca, pelo valioso
Por m agradeço ao PROFMAT, à CAPES, e à toda sua equipe pela oportunidade e pelo
V
Resumo
VI
Abstract
VII
Sumário
1 Introdução 1
2.1 Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Contagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Recorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3 Triângulo de Pascal 26
4 Números de Stirling 33
VIII
5 Números de Euler (Números Eulerianos) 52
6 Considerações Finais 59
IX
1
Capítulo 1
Introdução
deixam intrigados e curiosos a respeito dessa ciência. Essa característica da matemática atrai
Nosso objetivo nesse trabalho é apresentar alguns números especiais que aparecem em
de suas denições não terem uma ligação evidente, observamos várias relações curiosas entre
esses números.
A motivação para esse trabalho e a escolha desse tema, foram as interessantes coinci-
dências que pudemos encontrar estudando esses números, suas relações e aplicações. Essas
coincidências, podem ajudar o professor a despertar a curiosidade de seus alunos pelo tema
da contagem, motivando-os a estudar, e até a terem curiosidade por outros campos da ma-
O objetivo desse trabalho é fornecer informações úteis ao professor para que ele possa
2
aplicar atividades sobre os temas de Contagem e Recorrência, para que dessa forma, possa
Lembramos que esse trabalho inclui alguns exemplos de números com características es-
peciais. Existem outros exemplos no campo da combinatória que também são muito curiosos
respeito.
3
Capítulo 2
2.1 Indução
N = {1, 2, 3, 4, 5, · · · } dos números naturais. Usaremos a notação P (n) indicando uma pro-
priedade relativa aos números naturais.
n
Exemplo 1
X
P (n): (2i − 1) = 1 + 3 + 5 + 7 + · · · + (2n − 1) = n2
i=1
n
X
n (2i − 1)
i=1
1 1 = 12
2 1 + 3 = 4 = 22
3 1 + 3 + 5 = 9 = 32
4 1 + 3 + 5 + 7 = 16 = 42
5 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 25 = 52
n
X n−1
X
Observando que (2i − 1) = (2i − 1) + (2n − 1) testaremos a armação para outros
i=1 i=1
valores: n
X
n (2i − 1)
i=1
6 25 + 11 = 36 = 62
7 36 + 13 = 49 = 72
8 49 + 15 = 64 = 82
9 64 + 17 = 81 = 92
10 81 + 19 = 100 = 102
k+1
X
A partir desta suposição vamos calcular (2i − 1):
i=1
k+1
X k
X
(2i − 1) = (2i − 1) + (2(k + 1) − 1) = k 2 + 2k + 1 = (k + 1)2
i=1 i=1
5
n = 1.
n = k + 1.
de n = 2, podemos concluir que é válida para n = 3 e assim por diante, concluimos que é
O que acabamos de fazer é denominado Principio da Indução Matemática, que nos garante
Em palavras: A soma dos quadrados dos n primeiros naturais é igual a fração de nu-
consecutivo do dobro de n, 2n + 1.
1.2.3
Passo 1: Para n = 1 temos 12 = 1 =
6
k
X k(k + 1)(2k + 1)
i 2 = 1 + 22 + 3 2 + 4 2 + · · · + k 2 = .
i=1
6
k+1
X k+1
X k
X
A partir desta suposição, vamos calcular i . Observando que
2 2
i = i2 + (k + 1)2 ,
i=1 i=1 i=1
temos que
k+1 k
X X k(k + 1)(2k + 1)
2
i = i2 + (k + 1)2 = + (k + 1)2 .
i=1 i=1
6
6
Daí obtemos
k+1
X k(k + 1)(2k + 1) + 6(k + 1)2 (k + 1)(k(2k + 1) + 6(k + 1)) (k + 1)(2k 2 + 7k + 6)
i2 = = =
i=1
6 6 6
Como
segue que
k+1
X (k + 1)(2k 2 + 7k + 6) (k + 1)(k + 2)(2(k + 1) + 1)
i2 = =
i=1
6 6
partir de n = 2, podemos concluir que é válida para n = 3 e assim por diante, concluimos
Princípio da Indução Matemática 1 Seja P (n) uma armação relativa aos números
naturais. Se
Princípio da Indução Matemática 2 Seja P (n) uma armação relativa aos números
naturais. Se
Assim,
F3 = F2 + F1 = 1 + 1 = 2, F4 = F3 + F2 = 2 + 1 = 3, F5 = F4 + F3 = 3 + 2 = 5, F6 =
F5 + F4 = 5 + 3 = 8 · · · · · · ,
Para n = 1, F1 = 1 = F3 − 1
Para n = 2, F1 + F2 = 2 = F4 − 1
Para n = 3, F1 + F2 + F3 = 4 = F5 − 1
Para n = 4, F1 + F2 + F3 + F4 = 7 = F6 − 1
Passo 1: Para n = 1.
1
X
Fi = F1 = 1 = F3 − 1
i=1
k
Passo 2:
X
Suponhamos a fórmula válida para n = k , isto é, Fi = Fk+2 − 1.
i=1
k+1
X k
X
Devemos provar que também é válida para n = k+1. Observando que Fi = Fi + Fk+1 ,
i=1 i=1
k+1
X
Fi = Fk+2 − 1 + Fk+1 = Fk+2 + Fk+1 − 1
i=1
k+1
X
Fi = Fk+2 − 1 + Fk+1 = Fk+2 + Fk+1 − 1 = Fk+3 − 1
i=1
Existe uma segunda forma de enunciar o Princípio, mais conveniente de ser aplicada em
Princípio da Indução Matemática 3 Seja P (n) uma armação relativa aos números
naturais. Se
Exemplo 4 Vamos provar que, para todo n natural, vale a fórmula direta (admirável)
√ !n √ !n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√
5 2 5 2
√ ! √ ! √ √
1 1+ 5 1 1− 5 1+ 5−1+ 5
√ −√ = √ = 1 = F1
5 2 5 2 2 5
√ !2 √ !2
1 1+ 5 1 1− 5
√ −√ =
5 2 5 2
√ √
1+2 5+5−1+2 5−5
√ = 1 = F2
4 5
√ !k+1 √ !k+1
1 1+ 5 1 1− 5
Devemos mostrar que Fk+1 = √ −√ .
5 2 5 2
10
√ !k √ !k
1 1+ 5 1 1− 5
Fk+1 =√ −√
5 2 5 2
√ !k−1 √ !k−1
1 1+ 5 1 1− 5
+√ −√
5 2 5 2
√ !k−1 √ !
1 1+ 5 1+ 5
=√ +1
5 2 2
√ !k−1 √ !
1 1− 5 1− 5
−√ +1
5 2 2
√ !k−1 √ !
1 1+ 5 3+ 5
=√
5 2 2
√ !k−1 √ !
1 1− 5 3− 5
−√
5 2 2
√ !k−1 √ !2
1 1+ 5 1+ 5
=√
5 2 2
√ !k−1 √ !2
1 1− 5 1− 5
−√
5 2 2
√ !k+1 √ !k+1
1 1+ 5 1 1− 5
Logo, Fk+1 = √ −√ . Portanto, a fórmula é válida para
5 2 5 2
todo natural n.
2.2 Contagem
Nesta seção faremos uma rápida recordação de problemas de contagem. Chegaremos nas
e Multiplicação.
A = {a1 , a2 , . . . , an }
Exemplo 7 Suponha que estejam em cartaz 5 lmes e 2 peças de teatro e que você possa
assistir a apenas um dos eventos. Quantas são as suas opções de escolha?
uma decisão A pode ser tomada de m maneiras diferentes e outra decisão B pode ser tomada
Outro enunciado:
12
|B| = n, então |A ∪ B| = m + n.
Exemplo 8 Suponha que estejam em cartaz 4 lmes e 2 peças de teatro e que você possa
fazer dois programas. Quantas são as suas opções de escolha?
Este exemplo obedece o outro princípio básico de contagem chamado Princípio da Mul-
tiplicação: Se uma decisão A pode ser tomada de m maneiras diferentes e outra decisão B
pode ser tomada de n maneiras diferentes então existem m.n maneiras de se tomar a decisão
A seguida da decisão B .
B:
então |A × B| = m.n.
m1 + m2 + . . . + mk .
de A.
Alguns exemplos:
Como são duas as opções para cada elemento, o número de subconjuntos é igual a
2. . . .2} = 2n .
| .{z
n vezes
Temos que decidir os valores de f (a1 ), f (a2 ), . . . , f (an ) onde cada um pode ser tomado de
m maneiras distintas.
14
| {z. . . m} = m funções.
Portanto teremos um total de m.m n
nvezes
Escolhendo o valor para f (a1 ), o que pode ser feito de m maneiras, como a função deve
a1 a2 ··· an
f (a1 ) f (a2 ) · · · f (an )
bijeções, a saber
1 2 3, 1 3 2, 2 1 3, 2 3 1, 3 1 2 e 3 2 1
15
n! = n(n − 1) . . . 1
Prova
1 2 3, 1 3 2, 2 1 3, 2 3 1, 3 1 2 e 3 2 1
[1 2 3] = [2 3 1] = [3 1 2] e [1 3 2] = [2 1 3] = [3 2 1]
(n − 1)!
Prova
n!
= (n − 1)!
n
17
n!
r!(n − r)!
Prova
de b1 um total de n possiblidades.
n(n − 1) . . . (n − (r − 1))
r!
n n n
+ + . . . + = 2n
0 1 n
Prova
n n n
Basta notar que + + . . . + é o número de subconjuntos do conjunto
0 1 n
A, incluindo o conjunto vazio, portanto igual a 2n .
Por exemplo,
se A = {1, 2, 3} o número de combinações de elementos de A tomamos 2 a
3 3!
2 é igual a = = 3, a saber : {1, 2}, {1, 3} e {2, 3}.
2 2!.1!
(1, 2), (2, 1), (1, 3), (3, 1), (2, 3), (3, 2)
n!
(n − r)!
Prova
b1 um total de n possiblidades.
n(n − 1) . . . (n − (r − 1))(n − r) . . . 1 n!
n(n − 1) . . . (n − (r − 1)) = =
(n − r) . . . 1 (n − r)!
20
2.3 Recorrência
um certo número de discos de diâmetros diferentes, furados no centro, que serão colo-
Pergunta: Qual é o número mínimo de movimentos que devem ser feitos para alcançar
o objetivo do jogo?
Para responder a esta pergunta, primeiramente vamos introduzir uma notação. Supo-
nhamos que temos uma quantidade de n discos e indicamos por Tn o número mínimo de
Se n = 2, temos dois discos na haste A, o menor sobre o maior. Neste caso, mudamos o
menor para a haste B , o maior para a C e em seguida o menor para a haste C . Portanto
T2 = 3.
21
mudamos os dois menores para a haste B , usando a haste C . Em seguida, mudamos o maior
para a haste C e com mais 3 movimentos mudamos os dois menores de B para C , usando a
A. Portanto T3 = 3 + 1 + 3 = 7.
Observamos que, em consequência das regras do jogo, para que o disco maior possa ser
Uma vez, trasferidos os discos menores para a B , gasta-se um movimento para a mudança
do maior para a haste C . Finalmente transferimos os discos menores para C , sobre o disco
Assim, podemos calcular Tn , para qualquer valor de n, mas a tarefa será árdua quando n
for grande.
Se for possível achar uma fórmula explícita para Tn , que não dependa dos casos anteriores,
√ !n √ !n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√
5 2 5 2
Denição 6 Uma recorrência para a sequência (an )n∈N é uma fórmula que expressa an
Uma sequência (an ) é chamada solução da recorrência se seus termos satisfazem a equação
de recorrência.
an = c1 an−1 + c2 an−2
an = α1 r1n + α2 r2n
Prova
x 2 − c1 x − c2 .
Segue que
r12 − c1 r1 − c2 = 0 e r22 − c1 r2 − c2 = 0 e
c1 an−1 + c2 an−2 = c1 (α1 r1n−1 + α2 r2n−1 ) + c2 (α1 r1n−2 + α2 r2n−2 ) =
a1 = B (condições iniciais).
Vamos mostrar que existem constantes reais α1 e α2 tais que an = α1 r1n + α2 r2n , onde r1
Temos que A = α1 + α2 e B = α1 r1 + α2 r2 .
25
B − Ar2
α1 =
r1 − r2
A − Br1
α2 =
r1 − r2
ramente encontramos as raízes do polinômio p(x) = x2 −c1 x−c2 , onde neste caso c1 = c2 = 1.
√ √
1+ 5 1− 5
Como x − x − 1 = 0, as raízes são r1 =
2
e r2 = .
2 2
√ !n √ !n
1+ 5 1− 5
Portanto Fn = α1 + α2 .
2 2
Portanto,
√ !n √ !n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√ .
5 2 5 2
26
Capítulo 3
Triângulo de Pascal
miais. O Triângulo de Pascal foi denido pelo matemático chinês Yang Hui e várias de suas
n n n+1
+ =
i−1 i i
Prova 1
Temos que
n n n! n! i.n! + n!(n − i + 1)
+ = + = =
(i − 1)!(n − i + 1)! i!(n − i)! i!(n − i + 1)!
i−1 i
n!(n + 1) (n + 1)! n+1
= = =
i!(n − i + 1)! i!(n − i + 1)!
i
Prova 2
A.
n+1
Tomando um subconjunto qualquer na tabela que contém todos os subcon-
i
juntos contendo exatamente i elementos existem apenas duas possibilidades : a está presente
Portanto,
se somarmos o número de subconjuntos que contém
a, que são em número
n n
, com os que não contém a, que são em número , teremos o resultado
i−1 i
n+1
.
i
28
n n n n n−1 n n
(a + b)n = an + an−1 b + an−2 b2 + · · · + ab + b
0 1 2 n−1 n
Prova
k k k k 2 k−1 k k
+ ak b + ak−1 b2 + ak−2 b3 + · · · + a b + ab +
1 2 3 k−1 k
k k k k 2 k−1 k k k+1
+ ak b+ ak−1 b2 + ak−2 b3 +· · ·+ a b + ab +b
0 1 2 k−2 k−1
29
k + 1 k+1 k + 1 k k + 1 k−1 2 k + 1 k+1
(a + b)k+1 = a + a b + a b + ··· + b
0 1 2 k+1
n n n n n−1 n n
(a + b)n = an + an−1 b + an−2 b2 + · · · + ab + b
0 1 2 n−1 n
(a + b)0 = 1
(a + b)1 = a + b
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2
Montando uma tabela com os coecientes destas expansões obtemos o chamado triângulo
de Pascal, onde a primeira coluna é preenchida sempre com o número 1, o último número
de cada linha também é sempre 1 e observando que somando dois elementos consecutivos de
uma linha obtemos o elemento situado na mesma coluna do segundo e numa linha abaixo
(relaçao de Stifel):
0 1 2 3 4 5 6 ··· n
0
0
0
1 1
1
0 1
2 2 2
2
0 1 2
3 3 3 3
3
0 1 2 3
4 4 4 4 4
4
0 1 2 3 4
5 5 5 5 5 5
5
0 1 2 3 4 1
6 6 6 6 6 6 6
6
0 1 2 3 4 5 6
.. .. .. .. .. .. ..
. . . . . . .
n n n n
n ··· ··· ··· ··· ···
0 1 2 n
31
0 1 2 3 4 5 6
0 1
1 1 1
2 1 2 1
3 1 3 3 1
4 1 4 6 4 1
5 1 5 10 10 5 1
6 1 6 15 20 15 6 1
Stifel:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0 1
1 1 1
2 1 2 1
3 1 3 3 1
4 1 4 6 4 1
5 1 5 10 10 5 1
6 1 6 15 20 15 6 1
7 1 7 21 35 35 21 7 1
8 1 8 28 56 70 56 28 8 1
9 1 9 36 84 126 126 84 36 9 1
(a+b)10 = a10 +10a9 b+45a8 b2 +120a7 b3 +210a6 b4 +252a5 b5 +210a4 b6 +120a3 b7 +45a2 b8 +10ab9 +b10
n n n n n n
+ + + ··· + + =2
0 1 2 n−1 n
33
Capítulo 4
Números de Stirling
Uma professora pede para 2 de seus alunos que a ajudem a colorir as bandeiras que serão
utilizadas para a decoração de uma festa. A professora possui 4 cores de tinta para distribuir
aos seus 2 alunos: Verde, Azul, Laranja e Preto. De quantas maneiras a professora poderá
distribuir essas cores de tinta para seus alunos (não se fará distinção entre os alunos, só
importando a distribuição das cores entre eles), de modo que cada um possua pelo menos
conjunto em dois subconjuntos nao vazios. Tomando o conjunto {V, A, L, P } das cores que o
professor distribuirá aos alunos, e separando seus elementos em dois subconjuntos não vazios,
34
temos:
Com uma relação muito próxima com os coecientes binomiais, os Números de Stirling,
Quando k = 1 temos apenas uma maneira de distribuir os objetos, todos na mesma caixa,
35
n
portanto = 1.
1
Quando
k = n nós também temos apenas uma maneira, um em cada caixa, portanto
n
= 1.
n
5
Exemplo 19 Seja A = {1, 2, 3, 4, 5}. Vamos calcular .
2
nhuma caixa vazia. Coloque um dos cinco objetos , por exemplo o objeto de número 1,
numa caixa. Precisamos decidir agora sobre os 4 restantes, em qual caixa carão. Como são
entram
na caixa que está com o objeto de número 1, deixando a outra vazia, concluimos que
5
= 15.
2
n
Exemplo 20 Seja A = {1, 2, . . . , n}. Vamos calcular . De modo análogo ao exem-
2
plo anterior, queremos distribuir n objetos, numerados de 1 a n, em duas caixas idênticas,
com nenhuma caixa vazia. Coloque um dos n objetos , por exemplo o objeto de número 1,
numa caixa. Precisamos decidir agora sobre os n − 1 restantes, em qual caixa carão. Como
são duas alternativas, teremos 2n−1 modos de distribuição. Eliminando o caso em que os n−1
36
entram na caixa que está com o objeto de número 1, deixando a outra vazia, concluimos que
n
= 2n−1 − 1
2
4
Exemplo 21 Seja A = {1, 2, 3, 4}. Vamos calcular . Quando temos mais do
3
que duas caixas cará mais complicado repetir o mesmo raciocínio feito com duas caixas
porque teríamos de descontar os vários casos onde cariam caixas vazias. Faremos outro
4
Portanto = 6.
3
5
Exemplo 22 Seja A = {1, 2, 3, 4, 5}. Vamos calcular .
3
caixa vazia. Faremos o procedimento do exemplo anterior que também funcionará para o
caso geral.
37
distintos.
5
4
4
Assim = + 3. .
3
2
3
5
Concluimos que = 7 + 3.6 = 25
3
n
n−1
n−1
= + k.
k
k−1
k
Prova
conjuntos são não vazios e |A| = |A1 + |A2 | + . . . + |Ak |. Novamente os elementos de A serão
No primeiro
caso temos que distribuir n − 1 objetos em k − 1 caixas, num total de
n−1
.
k−1
n−1
No segundo caso temos que distribuir n − 1 objetos em k caixas, num total de
k
e depois da distribuição colocar o objeto de número 1 em uma das k caixas, portanto de k
modos distintos.
n
n−1
n−1
Assim = + k.
k
k−1
k
39
Vamos colocar os números de Stirling de segunda espécie numa tabela como zemos com
os coecientes binomiais:
0 1 2 3 4 5 6
0
0
0
1
1
1
0
1
2
2
2
2
0
1
2
3
3
3
3
3
0
1 2
3
4
4 4 4
4
4
0
1 2
3
4
5
5 5 5
5
5
5
0
1
2
3 4
1
6
6
6
6 6 6
6
6
0
1
2
3 4
5
6
40
0 1 2 3 4 5 6
0
0
0
1
1 1
0
2
2 1 1
0
3
3 1 3 1
0
4
4 1 7 6 1
0
5
5 1 15 25 10 1
0
6
6 1 31 90 65 15 1
0
41
0
n
Para manter a relação de recorrência denimos =1e = 0 para n > 0,
0
0
obtendo a tabela:
0 1 2 3 4 5 6
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 1 3 1
4 0 1 7 6 1
5 0 1 15 25 10 1
6 0 1 31 90=15+3.25 65 15 1
9
Completando a tabela até n = 9 obtemos por exemplo, = 7770:
4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 1 3 1
4 0 1 7 6 1
5 0 1 15 25 10 1
6 0 1 31 90 65 15 1
n
Repetindo a denição, o número de Stirling de segunda espécie, , é o número de
k
maneiras de distribuir n objetos distintos em k caixas idênticas, com nenhuma caixa vazia.
rentes, com nenhuma caixa vazia é igual ao número de funções sobrejetoras f : A → B , onde
A = {a1 , . . . , an } e B = {b1 , . . . , bk }.
Prova
k
X k
(−1)i (k − i)n
i=0 i
43
Prova
Existem k n funções de A em B .
Indicando por Ci o conjunto das funções f : A → B tais que f −1 (bi ) = ∅, para cada
i = 1, . . . k , temos que o conjunto das funções que não são sobrejetoras é igual ao conjunto
C1 ∪ · · · ∪ Ck . Como
X X
|C1 ∪ · · · ∪ Ck | = |C1 | + · · · + |Ck | − |Ci ∩ Cj | + |Ci ∩ Cj ∩ Ck | − · · ·
1≤i<j 1≤i<j<k
concluimos que
k k k k
|C1 ∪· · ·∪Ck | = (k−1)n − (k−2)n + (k−3)3 −· · · (−1)k−1 (k−k)n
1 2 3 k
k
X k
|C1 ∪ · · · ∪ Ck | = (−1)i−1 (k − i)n
i=1 i
44
A proposição seguinte estabelece uma fórmula para o cálculo dos números de Stirling,
Prova
com nenhuma caixa vazia, e fazer a ordenação destas caixas. Isto nos dá
k
k n
X
i n
(−1) (k − i) = k!
i=0 i k
5
Exemplo 23 Vamos calcular usando a fórmula acima.
3
5 3
3
1 X
= (−1)i (3 − i)5
3
3! i=0 i
5 1 5 3 3 3
5 5 5
= 3 − (3 − 1) + (3 − 2) − (3 − 3)
3
3! 1 2 3
45
5
1 1
= (243 − 3.32 + 3) = 150 = 25
3
3! 3!
[1, 2, 3, 4], [1, 2, 4, 3], [1, 3, 2, 4], [1, 3, 4, 2], [1, 4, 2, 3], [1, 4, 3, 2]
Indicaremos o conjunto de convidados que serão colocados nas 2 mesas por A = {1, 2, 3, 4}.
No primeiro caso, teremos que acomodar as 3 pessoas restantes numa mesa. Como o
isto pode ser feito de 2 modos distintos [2, 3, 4] ou [2, 4, 3] . Assim, neste caso temos 2 modos:
A notação usada [1] ∪ [2, 3, 4] representa que o convidado de número 1 cará numa mesa
símbolo ∪ é usado signicando que, reunindo os elementos das duas mesas teremos todos os
convidados.
No segundo caso temos que distribuir as três pessoas restantes usando duas mesas, o que
Agora, neste caso, o convidado número 1 poderá ocupar uma das mesas de 9 modos:
[1, 2] ∪ [3, 4], [1, 3] ∪ [2, 4], [1, 4] ∪ [2, 3], [2] ∪ [1, 3, 4], [2] ∪ [3, 1, 4], [3] ∪ [1, 2, 4], [3] ∪ [2, 1, 4],
[4] ∪ [1, 2, 3] ou [4] ∪ [2, 1, 3]
saber:
[1] ∪ [2] ∪ [3, 4], [1] ∪ [3] ∪ [2, 4], [1] ∪ [4] ∪ [1, 2], [2] ∪ [3] ∪ [1, 2], [2] ∪ [4] ∪ [1, 3] e [3] ∪ [4] ∪ [1, 2]
47
4 4
= 11 e = 6.
2 3
[1][2, 3, 4], [1][2, 4, 3], [2][1, 2, 4], [2][1, 4, 2], [3][1, 2, 4], [3][1, 4, 2],
[4][1, 2, 3], [4][1, 3, 2], [1, 2][3, 4], [1, 3][2, 4], [1, 4][2, 3]
[1][2][3, 4], [1][3][2, 4], [1][4][2, 3], [2][3][1, 4], [2][4][1, 3], [3][4][1, 2]
[1][2][3][4]
Donde obtemos 6 + 11 + 6 + 1 = 24 = 4!
n
X n
= n!
k=1 k
de primeira espécie.
n n−1 n−1
= + (n − 1)
k k−1 k
49
Prova
Indicamos o conjunto de n elementos por A = {1, 2, . . . , n}. Seus elementos serão distri-
n−1
(n − 1)
k
n n−1 n−1
= + (n − 1)
k k−1 k
50
Vamos colocar os números de Stirling de primeira espécie numa tabela, onde denimos:
0 n
= 1 e = 0 para n > 0.
0 0
0 1 2 3 4 5 6
0
0
0
1 1
1
0 1
2 2 2
2
0 1 2
3 3 3 3
3
0 1 2 3
4 4 4 4 4
4
0 1 2 3 4
5 5 5 5 5 5
5
0 1 2 3 4 1
6 6 6 6 6 6 6
6
0 1 2 3 4 5 6
51
0 1 2 3 4 5 6
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 2 3 1
4 0 6 11 6 1
5 0 24 50 = 6 + 4.11 35 10 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 1
1 0 1
2 0 1 1
3 0 2 3 1
4 0 6 11 6 1
5 0 24 50 35 10 1
Capítulo 5
Quando um indíce i é ascencente dizemos que o par (πi , πi+1 ) é uma ascendência.
n−1 ascendentes e o máximo será atingido quando a permutação tiver os elementos dispostos
em ordem crescente, a saber, 12 . . . n. Quando a permutação tiver os elementos dispostos em
* + * + * +
3 3 3
Portanto, = 1, =4e = 1.
0 1 2
* +
4
Exemplo 31 Seja A = {1, 2, 3, 4}. Vamos calcular , ou seja, o número de permu-
2
tações de A = {1, 2, 3, 4} com dois ascendentes.
Acrescentando o número 4 a uma permutação de {1, 2, 3}, o que pode ser feito de 4 modos,
obtemos uma permutação de {1, 2, 3, 4}. Por exemplo, tomando a permutação 231 obtemos
dentes:
permutações sem ascendentes, a saber, 321. Não é possível obter dois ascendentes
acrescentando o 4.
permutações com dois ascendentes, a saber, 123. Para manter a quantidade de ascen-
permutações com 1 ascendente, a saber: 132, 231, 213, 312. Para aumentar um ascen-
* +
4
Portanto, = 11
2
* + * +
n n
=
k n−1−k
Prova
Portanto,
* + * +
n n
=
k n−1−k
* + * + * +
n n−1 n−1
= (k + 1) + (n − k)
k k k−1
Prova
cada uma delas. As permutações de {1, 2, . . . , n} com k ascendências podem ser obtidas de
dois modos:
No primeiro caso, para não aumentar o número de ascendentes, temos que inserir o n
antes do 1 ou entre os dois valores de uma ascendência, portanto de k + 1 modos. Neste caso,
* +
n−1
obtemos o número (k + 1) .
k
No segundo caso, para aumentar um ascendente, temos que inserir o n no nal ou entre
* + * + * +
n n−1 n−1
Portanto, = (k + 1) + (n − k) .
k k k−1
* +
5
Exemplo 30 Vamos calcular usando a relação de recorrência.
3
* + * + * +
5 4 4
Temos que =4 +2 = 4.1 + 2.11 = 26
3 3 2
57
A seguir construimos a tabela para os números Eurelianos, onde colocamos por denição
* +
0
=1
0
0 1 2 3 4 5 6
* +
0
0
0
* + * +
1 1
1
0 1
* + * + * +
2 2 2
2
0 1 2
* + * + * + * +
3 3 3 3
3
0 1 2 3
* + * + * + * + * +
4 4 4 4 4
4
0 1 2 3 4
* + * + * + * + * + * +
5 5 5 5 5 5
5
0 1 2 3 4 1
* + * + * + * + * + * + * +
6 6 6 6 6 6 6
6
0 1 2 3 4 5 6
58
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 1
1 1 0
2 1 1 0
3 1 4 1 0
4 1 11 11 1 0
5 1 26 66 26 1 0
6 1 57 302 302 57 1 0
* + m
n X n+1 n k
= (m + 1 − k) (−1)
m k=0 k
m
* +
n
X n k
m! =
m
k=0 k n−m
* + m
n X n n−k
n−k−m
= (−1) k!
m k
k=0
m
59
Capítulo 6
Considerações Finais
Ao nal desse trabalho, pudemos concluir, através dos vários exemplos dados e das con-
siderações feitas, que o tema de contagem possui vários resultados interessantes e curiosos,
que poderão despertar o interesse de alunos pelo tema e pela Matemática. Esse texto mostra
uma característica muito forte da matemática: temas que aparentemente não estão associados
Lembramos que existem ainda outros números que carregam consigo características espe-
ciais e interessantes relações, como por exemplo os números Eulerianos de Segunda Ordem,
outros que poderão virar objetos de estudos para professores que queiram buscar atividades
Referências Bibliográcas
[1] ALBERTSON, Michael O., HUTCHINSON, Joan P., Discrete Mathematics With Algo-
[3] GONÇALVES, Adilson de Souza, Introdução à Álgebra, Projeto Euclides, IMPA, 2005.
[5] JACY MONTEIRO, L. H. Elementos de Álgebra. Rio de Janeiro, RJ: Ao livro técnico S.
A., 1969.
[8] ROSEN, Kenneth H., Discrete Mathematics and Its Applications, McGraw Hill, 1995.
[9] SANTOS, José Plinio, MELLO, Margarida P., MURARI, Idani T. C. Introdução à Análise