Pedagogo Empresarial
Pedagogo Empresarial
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PEDAGOGO NA EMPRESA:
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO CONTÍNUA
DO TRABALHADOR
CAMPINAS, SP
2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PEDAGOGO NA EMPRESA:
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A FORMAÇÃO CONTÍNUA
DO TRABALHADOR
UNICAMP-CAMPINAS
2012
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA
DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO/UNICAMP
Rosemary Passos – CRB-8ª/5751
12-239-BFE
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
___________________________________________
AOS MEUS PAIS.
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo conhecer as áreas de atuação do
profissional pedagogo para além da instituição escolar. Busquei conceituar o termo Pedagogia
e entender suas implicações para a sociedade do conhecimento, onde o pedagogo pode ter
novas possibilidades de atuação em outros espaços.
A Pedagogia Empresarial é um novo conceito nos tempos atuais e explorar suas possibilidades
foi a intenção deste trabalho, o qual colabora para responder a questão: como o pedagogo
contribui para o exercício profissional empresarial?
O pedagogo na empresa atuará trabalhando com o ensino e a aprendizagem, buscando o
desenvolvimento e o aperfeiçoamento do trabalhador, uma vez que isto é necessário para
vivenciar a atual e turbulenta globalização.
INTRODUÇÃO.....................................................................................................7
I – CONCEITUANDO PEDAGOGIA
1. O que é Pedagogia?.........................................................................................11
2. O objeto de estudo da Pedagogia.....................................................................13
3. O curso de Pedagogia......................................................................................15
4. O profissional pedagogo..................................................................................18
II – PEDAGOGIA EMPRESARIAL
1. Contexto Histórico...........................................................................................20
2. Cultura e Clima Organizacional......................................................................25
3. Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos................................30
4. Uma contribuição para a formação contínua do trabalhador...........................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................45
6
INTRODUÇÃO
7
principal, que é o pedagogo empresarial como uma contribuição para uma formação contínua
do trabalhador, o trabalho foi desenvolvido em duas partes.
A primeira parte Conceituando Pedagogia foi dividida em quatro capítulos.
O primeiro capítulo O que é Pedagogia? apresenta a história da Pedagogia, desde o
uso primórdio desta ciência até o surgimento do vocábulo em si. É trabalhada a ideia de
conceber a Pedagogia como ciência e arte da Educação.
O segundo capítulo O objeto de estudo da Pedagogia aborda o conceito de pedagogia
como a ciência que estuda o fenômeno da educação. Este item traz a contexto histórico da
pedagogia vinculado à educação. Apresenta a ideia da educação, como prática social, nas suas
modalidades: informal, formal e não-formal, mostrando que, se há diversas modalidades de
educação, também há diversas ações pedagógicas para lidar com cada uma das
particularidades.
O terceiro capítulo O curso de Pedagogia traz uma breve historicidade acerca do curso
de Pedagogia desde seu surgimento até os dias atuais. Se antes seu foco era o de instruir,
depois o de ensinar, hoje percebe-se que as possibilidades vão além dessas duas ideias
simplistas. Vivenciando a sociedade do conhecimento, percebemos que o currículo do curso
de Pedagogia está obsoleto ao não contemplar disciplinas que teorizam e colocam em prática
outras áreas de atuação, como a empresarial.
O quarto e último capítulo intitulado O profissional Pedagogo tem por objetivo trazer
um pouco da visão do pedagogo frente às transformações ocorridas em seu trabalho.
Inicialmente os pedagogos são divididos em três grupos, de acordo com Libâneo (2001,
p.161): pedagogos lato sensu, pedagogos stricto sensu e pedagogos ocasionais. Sob a
perspectiva de Laudares e Quirino (2008), é trabalhada a busca por um conceito que abranja a
ideia de um pedagogo empresarial como profissional stricto sensu da área não-formal.
Não há uma única forma nem um único modelo de educação; a escola não é
o único lugar em que ela acontece, o ensino escolar não é a única prática e o
professor profissional não é seu único praticante. Em casa, na rua, na Igreja
ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da
vida com ela: para aprender, para ensinar, para conviver. Todos os dias
misturamos a vida com a educação (CARVALHO E CADINHA, LOPES,
TRINDADE (apud NICHETTI, 2007, p.6).
8
A segunda parte Pedagogia Empresarial também é dividida em quatro capítulos.
O primeiro capítulo Contexto Histórico aborda, com base em Chiavenato, o contexto
histórico da área de Recursos Humanos, que é o espaço em que se vivencia a Pedagogia
Empresarial. O contexto histórico apresentado vem até os dias atuais, onde o capital humano
não é mais visto como uma máquina, mas como um elemento de grande valor para a
organização.
O segundo capítulo Clima e Cultura Organizacional traz a importância do pedagogo
conhecer a filosofia da organização, a qual é transmitida através de seu clima e de sua cultura.
9
Uma empresa jamais será definitivamente educada, pois estará sempre
aprendendo e ensinando num processo continuado de educação (NICHETTI,
2007, p.8).
Por fim, apresento minhas considerações finais seguidas das referências bibliográficas.
A oportunidade de estudar o tema da Pedagogia Empresarial para realizar este trabalho
foi importante para mim, pois tive a chance de articular conhecimentos veiculados pelas
diversas disciplinas do curso, o que estimulou minha postura crítica-reflexiva e agora tenho a
oportunidade de compartilhar meu aprendizado.
10
CONCEITUANDO PEDAGOGIA
O que é Pedagogia?
O termo Pedagogia tem origem na Grécia e significa aquele que conduz a criança.
Conduzir alguém implica em uma ação educativa. Durante muito tempo esta questão foi
objeto de estudo sem que houvesse uma designação específica a este conjunto de
conhecimentos.
Eram os filósofos os que estudavam o problema educativo (Fonseca, 2007; Holtz,
2006) e aos pedagogos cabia apenas conduzir sem se relacionar diretamente com as questões
práticas educativas. Na Grécia e em Roma, o pedagogo era guardião e acompanhava as
crianças. Com o tempo ele se tornou preceptor, ou seja, mestre encarregado da educação no
lar. Quando Roma conquistou a Grécia (146 A.C.), entre os prisioneiros escravos havia muitos
atenienses com habilidades e conhecimentos que causavam admiração aos romanos, levando-
os a entregar a educação de seus filhos a eles, passando a denominá-los de Pedagogos-
Escravos.
Com o desaparecimento da escravatura, os Pedagogos-Escravos deixaram de existir e
passaram a ser chamados de Pedagogos-Estudantes os estudantes pobres que aprendiam com
os filósofos e se instalavam nas casas senhoriais como preceptores dos filhos dos grandes
senhores. Era difícil o acesso à instrução e estes pedagogos começaram a reunir outras
crianças aos filhos dos senhores para que elas também pudessem adquirir algum
conhecimento. Nesta posição de preceptor, o Pedagogo-Estudante passou a apresentar
determinada superioridade, fazendo com que as pessoas o adjetivassem de pedante, ou seja,
aquele que ostenta conhecimentos que na verdade não tem.
O termo Pedagogia surge no Dicionário da Língua Francesa no século XVIII, pela
primeira vez como Ciência da Educação, o que enobreceu a palavra e a profissão do
pedagogo, que passa a ser o especialista em conduzir mudanças no comportamento das
pessoas em direção aos objetivos da educação. Foi da palavra pedagogo que se derivou o
termo Pedagogia, vocábulo que aparece para designar uma ciência e uma arte com raízes
antigas.
11
Define-se, portanto, Pedagogia como a ciência e a arte da Educação. Ciência quando
investiga, analisa, sistematiza e define qual deve ser o objetivo da Educação e Arte quando
define e coloca em prática a maneira mais inteligente e eficaz de se atingir este objetivo. A
Pedagogia compreende a relação entre os elementos da prática educativa: o educador, o saber,
o sujeito que se educa e o contexto em que isso se dá. Fonseca (2007, p.58) colabora para que
esta ideia fique mais clara:
12
O objeto de estudo da Pedagogia
13
como exemplos deste campo que trabalha com a educação social, a qual propõe relações
educacionais dentro de ambientes educacionais não escolares de forma a criar a oportunidade
de experienciar atividades criativas e diversificadas, as quais compreendem ações vinculadas
à vida social, como recreação, jogos e brincadeiras. A educação não-formal se caracteriza por
ser uma maneira diferenciada de lidar com a educação, ao mesmo tempo em que ela acontece
fora dos moldes institucionais, ela possui uma estrutura e uma organização.
A educação formal acontece em espaços de formação, escolares ou não, mas que
possuem claros objetivos educacionais e uma estrutura institucional e regulamentada para
lidar com estes objetivos.
As mudanças sofridas no conceito de educação levaram-no a deixar de ser restrito ao
processo de ensino-aprendizagem em espaços escolares formais para abranger diversos
segmentos. Sendo a Pedagogia a ciência da Educação, estes segmentos educacionais
necessitam também de uma ação pedagógica voltada para eles. Libâneo (2001, p.155) chamou
isto de ação pedagógica múltipla na sociedade, onde o pedagógico perpassa toda a sociedade,
extrapolando o âmbito formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-
formal.
14
O curso de Pedagogia
Ao longo de sua história, o curso de Pedagogia teve definido como seu campo de
estudo os processos educativos em escolas e em outros ambientes. De acordo com Brito
(2006, p.1), nas primeiras propostas deste curso, lhe foi atribuído o estudo da forma de
ensinar.
Regulamentado pela primeira vez em 1939 no Brasil, o curso se alinhou à concepção
da época, que era chamada de “esquema 3 + 1”. Ainda conforme a mesma autora, o curso de
Pedagogia oferecia o título de bacharel a quem cursasse três anos de estudos em conteúdos
específicos da área, quais sejam os de fundamentos e de teorias educacionais; e o título de
licenciado, que permitia aturar como professor, aos que, tendo concluído o bacharelado,
cursassem mais um ano de estudos dedicados à Didática e à Prática de Ensino.
A dicotomia entre bacharelado e licenciatura levava a entender que no bacharelado se
formava o técnico em educação e na licenciatura em Pedagogia formava-se o professor que
iria lecionar no nível secundário da época.
Em 1969 fixou-se a duração do curso em 4 anos e, ao licenciado, era permitido o
magistério nos anos iniciais de escolarização e a licenciatura no primeiro ciclo do ensino
secundário, hoje chamado de ensino fundamental.
Atentas às exigências do momento histórico, já no início da década de 1980, várias
Universidades efetuaram reformas curriculares de modo a formar, no curso de Pedagogia,
professores para atuarem na educação pré-escolar e nas séries iniciais do ensino fundamental
(BRITO, 2006, p.2), o que levou o curso de Pedagogia a apresentar naquele tempo uma
diversificação curricular com uma gama de habilitações.
No ano de 1990, o curso de graduação em Pedagogia foi se constituindo como o
principal meio de formação docente dos educadores para atuar na educação básica, que
envolve a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental.
Com base na Resolução do Conselho Nacional de Educação de 2005, as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em Pedagogia têm como finalidade:
15
gestão dos processos educativos escolares e não escolares, da produção e
difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional.
Para Brito (2006, p.3), os grandes temas norteadores que complementam o curso de
Pedagogia são: educação de jovens e adultos; educação infantil; educação na cidade e no
campo; atividades educativas em instituições não escolares, comunitárias e populares; a
educação dos povos indígenas; a educação nos remanescentes de quilombos; a educação das
relações étnico-raciais; a inclusão escolar e social das pessoas com necessidades especiais,
dos meninos e meninas de rua; a educação a distância e as novas tecnologias de informação e
comunicação aplicadas à educação.
Estando a Pedagogia tão incorporada nos mais diversos espaços educativos, é
necessário pensar em uma formação mais ampla e qualificada para o profissional pedagogo,
que poderá estar inserido em diversificados âmbitos educacionais decorrentes de novas
realidades. Segundo Oliveira (2002, p.1), a vida escolar não deixa de ser um foco importante
para o Pedagogo, mas deixa de ser o único. Na visão de Maron e Vieira (2002, p.16):
A Pedagogia, além de ser uma diretriz orientadora da ação educativa, também atua na
historicidade e totalidade da problemática educativa mediante conhecimentos de diversas
áreas. Ela investiga o fenômeno educativo e formula orientações para a prática a partir da
própria prática.
Investigar o fenômeno educativo através da prática está ligado aos processos de
comunicação e interação pelos quais uma sociedade assimila saberes, habilidades e valores
existentes no meio cultural, cada sociedade comporta sua cultura. Conforme Libâneo (2001,
p.154), a sociedade atual é eminentemente pedagógica, ao ponto de ser chamada de sociedade
do conhecimento:
16
Está se acentuando o poder pedagógico pelos meios de comunicação: TV,
imprensa, escrita, rádio, revistas, quadrinhos. (…). Há práticas pedagógicas
nos jornais, nas rádios, na produção de material informativo, tais como livros
didáticos e paradidáticos, enciclopédias, guias de turismo, mapas, vídeos,
revistas; na criação e elaboração de jogos e brinquedos; nas empresas há
atividades de supervisão do trabalho, orientação de estagiários, formação
profissional em serviço. Há uma prática pedagógica nas academias de
educação física, nos consultórios clínicos. Na esfera dos serviços públicos
estatais são disseminadas várias práticas pedagógicas de assistentes sociais,
agentes da saúde, agentes de promoção social nas comunidades. São práticas
tipicamente pedagógicas. Os programas sociais de medicina preventiva,
informação sanitária, orientação sexual, recreação, cultivo do corpo, assim
como práticas pedagógicas em presídios, hospitais, projetos culturais são
ampliados. São desenvolvidas em todo lugar iniciativas de formação
continuada nas escolas, nas indústrias. As empresas reconhecem a
necessidade de formação geral como requisito para enfrentamento da
intelectualização do processo produtivo.
É possível perceber que as intervenções pedagógicas têm espaço não apenas nas
escolas, mas também nos meios de comunicação, nos movimentos sociais, nas empresas. Se
existe uma proposta de educação nas empresas, cuja ação é intencional, estruturada e
sistemática, é de se supor que a educação empresarial corresponda a uma Pedagogia
Empresarial.
17
O profissional pedagogo
18
Conforme Holtz (2005, p.8), o pedagogo tem se caracterizado como o profissional
responsável pela docência e especialidades da educação, como: direção, supervisão,
coordenação e orientação educacional, entre outras atividades específicas da escola.
Dificilmente se encontra este profissional desvinculado da escola e inserido em outras
atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que este trabalho se refira à
educação em uma perspectiva não escolar.
Este é um desafio que as atuais condições da sociedade e do mundo põem para a
educação e, para isso, como afirma Libâneo (2001, p.168), a Pedagogia precisa reafirmar seu
compromisso com a razão, com a busca de emancipação, da autonomia, da liberdade
intelectual e política para dar conta de um maior número de possibilidades de atuação.
De acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Educação de 2005, os princípios
norteadores do trabalho do Pedagogo, por envolver um repertório de informações e
habilidades, compostos por uma pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, deve se
fundamentar na interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e
relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Este repertório deve se constituir por
meio de múltiplos olhares, próprios das ciências, das culturas, das artes, da vida cotidiana, que
proporcionam leitura das relações sociais e étnico-raciais e também dos processos educativos
por estas desencadeados.
Na próxima parte abordaremos a questão da Pedagogia Empresarial.
19
PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Contexto Histórico
1 Ambientes corporativos: a palavra corporativo se oriunda da palavra corporação. Entende-se por corporação
uma associação de pessoas sujeitas às mesmas regras, obrigações, direitos e deveres.
2 Treinamento e Desenvolvimento: assunto que será abordado neste trabalho.
20
e imagens.
De acordo com França (2007), as práticas da área de Recursos Humanos (RH) são:
recrutamento e seleção; cargos, salários e benefícios; aprendizagem, treinamento e
desenvolvimento; avaliação de desempenho e competências; comunicação e endomarketing;
qualidade de vida, saúde e ergonomia no trabalho; relações e direito do trabalho; consultoria
interna e externa; carreira e perfil dos gestores de pessoas.
O profissional que ocupa o cargo na área de Recursos Humanos deve possuir algumas
competências, tais como: empatia, agir com dinamismo, demonstrar flexibilidade, trabalhar
em equipe, negociar com funcionários, ter capacidade de planejamento e organização, agir
com diplomacia, persuadir pessoas, demonstrar iniciativa, agir com liderança, analisar
criticamente, agir de forma pró-ativa e demonstrar raciocínio lógico (SIMONETTI, 2009,
p.36).
Para melhor entendermos o trabalho deste profissional, é preciso compreender o
contexto histórico da área de Recursos Humanos, pois esta é uma das áreas que mais sofre
mudanças no âmbito empresarial. Segundo Toledo (apud Simonetti, 2009, p.37):
21
predominante na cultura da organização e as pessoas eram consideradas recursos de produção,
ou seja, o homem era apenas uma continuação da máquina.
22
pensamento veio se ampliando ao longo dos anos, perdurando até os dias atuais.
Atualmente vivenciamos uma sociedade, onde é necessário o aprendizado contínuo
como garantia de sobrevivência. Neste contexto, as empresas têm que saber conviver com um
mercado oscilante, vulnerável e imprevisível, o qual leva os funcionários a conviverem com o
fantasma do desemprego estrutural, com a extinção de postos de trabalho e com a exigência
de uma maior qualidade e produtividade (LAMEIRA E TREVISAN, 2003, p.2).
Pensando nesta realidade globalizada, as empresas perceberam que costumes antigos
não são mais aplicáveis ao atual contexto organizacional, o qual tem buscado agregar novos
conceitos e valores que antes não faziam parte da cultura da empresa. Para esta mudança e
incorporação, o atual departamento de Recursos Humanos exerce um papel de grande
importância, pois é este setor empresarial que proporciona a oportunidade de expandir a
aprendizagem dos trabalhadores.
Tendo em vista a atenção que as organizações passaram a ter em relação à formação de
seus trabalhadores, esta deixa de ser somente uma responsabilidade individual e passa a ser
também uma preocupação organizacional.
23
mudanças no comportamento das pessoas. Este processo de mudança
provocada no comportamento das pessoas em direção a um objetivo chama-
se aprendizagem.
24
Cultura e clima organizacional
Cada ambiente organizacional se estrutura de uma determinada forma e esta, por sua
vez, engloba os objetivos que são próprios de cada organização.
Atuar na área da Pedagogia Empresarial envolve conhecer e ter uma visão abrangente
sobre todo o funcionamento relacionado à empresa, desde seu ambiente interno e externo até a
cultura e o clima organizacional que permeiam o ambiente de trabalho. (FALCÃO FILHO
(apud QUIRINO E LAUDARES, 2008, p.87)
Antes de abordarmos a cultura e o clima organizacional, é necessário conceituar o
termo organização, que para Albano e Lima (2002, p.33):
Partindo desta afirmação, pode-se dizer que a organização é vista como um ambiente
dinâmico porque tem a capacidade de promover relações interpessoais e também é vista como
complexa porque cada indivíduo que pertence a ela possui objetivos próprios, os quais podem
entrar em conflito com os objetivos da empresa. Um indivíduo ingressa em um sistema
organizacional buscando contemplar os objetivos da empresa, mas também os seus próprios,
já que isto promove sua auto realização.
Pode-se inferir que, se um indivíduo busca atingir ambições próprias, o modo como
ele age e interage no trabalho colabora para a constituição de uma cultura e um clima
organizacional, o que repercute na organização em sua totalidade:
25
organizacional. Para isso farei uso de dois autores.
Para Nassar (apud Albano e Lima, 2002, p.34):
26
O clima retrata o grau de satisfação material e emocional das pessoas no
trabalho. Observa-se que este clima influencia profundamente a
produtividade do indivíduo e, consequentemente, da empresa. Assim sendo,
o mesmo deve ser favorável e proporcionar motivação e interesse nos
colaboradores, além de uma boa relação entre os funcionários e a empresa.
27
pensá-lo na integração de todos seus traços culturais. De acordo com Freitas (apud Albano e
Lima, 2002, p.36):
28
O trecho acima afirma e esclarece o que foi dito anteriormente e também coloca em
pauta a mudança de paradigmas. As modificações na cultura de uma empresa são mais
profundas e levam mais tempo para ocorrer, ao passo que, o clima organizacional sendo mais
fácil de ser percebido, pode ser administrado a curto ou a médio prazo, pois apresenta uma
natureza transitória (ALBANO E LIMA, 2002, p.36). Diante de tudo que foi exposto,
podemos concordar com as autoras quando apontam que:
Fica claro que é toda uma estrutura interna da organização que influencia no seu
desenvolvimento. Falar sobre desenvolvimento envolve o processo educacional de ensino-
aprendizagem, o qual geralmente é trabalhado pelos profissionais da educação, os pedagogos.
Esta questão será abordada agora.
29
Treinamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos
Foi possível perceber até aqui que a aprendizagem não ocorre somente no ambiente
escolar, mas em todos os espaços sociais, o que inclui o espaço empresarial.
Dentro do espaço empresarial a aprendizagem acontece, na maioria das vezes, em um
setor dos Recursos Humanos que é chamado de Treinamento e Desenvolvimento. Desde o
surgimento das instituições empresariais, o treinamento é uma atividade reconhecida como
um elemento importantíssimo para a produtividade. Ele já foi realizado como um ato de
instrução, mas hoje ele é visto como um ato educacional e, por isso, atualmente e cada vez
mais, quem realiza esta atividade é o pedagogo, o pedagogo empresarial.
Dentro deste setor, este profissional é quem faz o levantamento da necessidade de
treinamento e, a partir disso, planeja, ministra e avalia o processo de treinamento visando
atender os interesses da empresa (NICHETTI, 2007, p.4). De acordo com Vasconcellos (2007,
p.6):
30
comportamentos, isto porque a empresa trabalha em cima da subjetividade de seu funcionário,
para que este vise os interesses do seu ambiente organizacional:
31
las a mudar de atitudes. Treinar no sentido mais profundo é ensinar a pensar,
a criar e a aprender a aprender (CHIAVENATO (apud VASCONCELLOS,
2007, p.1).
32
A terceira etapa, a implementação, diz respeito à condução do programa de
treinamento por meio de técnicas que facilitarão o trabalho com as informações e habilidades
que forem propostas pela atividade.
A quarta e última etapa, a avaliação, acompanha todo o programa de treinamento,
verificando as atividades realizadas e comparando os aspectos anteriores e as mudanças
ocorridas. A avaliação verifica a eficiência do programa de treinamento proposto.
“De modo geral, todas as etapas estão muito ligadas entre si, pois há a necessidade de
tal atividade ser algo tratado como contínuo, constante e ininterrupto” (FERREIRA, 2007,
p.34).
33
mínimo razoável. Para Laudares e Quirino (2008, p.77):
Não devemos nos iludir pensando que uma empresa investe em seu quadro de
funcionários simplesmente por ter uma preocupação quanto à formação do mesmo, pois o
grande objetivo da organização é estar no mercado de trabalho. Se de um lado o programa de
treinamento tem a estratégia de atuar diretamente sobre as pretensões empresariais, por outro
lado o programa contribui para que o conhecimento do trabalhador seja ampliado. Ampliar
conhecimentos envolve o desenvolvimento de pessoas. Segundo Chiavenato (1999, p.290):
Desenvolver pessoas envolve trabalhar com base em sua formação de forma a buscar
mudanças. O crescimento pessoal é o foco do desenvolvimento e este processo é um
investimento a longo prazo, uma vez que é totalmente relacionado à educação e esta, por sua
vez, acontece ao longo da vida.
Educar aparece como objetivo fundamental do treinamento e desenvolvimento dos
recursos humanos nos dias de hoje e ninguém melhor para contribuir neste aspecto que o
pedagogo, como aponta Laudares e Quirino (2008, p.78):
34
oportunidades de atuação para o pedagogo do trabalho3.
A atuação deste profissional que possui uma ampla formação a qual envolve diversas
áreas das humanidades acontece sob uma perspectiva muito positiva. No entanto, ao mesmo
tempo que a maioria dos cursos de Pedagogia oferece esta ampla visão, falha ao não
contemplar em seu currículo disciplinas que envolvam outros campos de atuação do
pedagogo, como o empresarial. De acordo com Tardif (apud Laudares e Quirino, 2008, p.86),
isto nos leva a uma relação de distância ente os conhecimentos universitários e os saberes
profissionais:
3 Pedagogo do trabalho: denominação adotada por Laudares e Quirino para se referir ao profissional que tem o
propósito de se constituir como um orientador e condutor da educação do trabalhador. Figueiredo (apud
Laudares e Quirino, 2008, p.78) afirma que o pedagogo do trabalho realiza atividades voltadas para a
orientação profissional. Pedagogo do trabalho em contraposição ao pedagogo empresarial possibilita dar um
sentido mais amplo de atuação do que direcionado somente ao meio empresarial.
35
Uma contribuição para a formação contínua do trabalhador
36
Educação Corporativa são unidades de negócios com a missão de oferecer
“serviços educacionais” ao “cliente interno”, a fornecedores e a quem
interessar. Não raro, utilizam o nome de uma universidade de prestígio –
geralmente com problema financeiro –, mediante “parcerias”, para legitimar
seu produto, que vai do ensino a distância (passando pelas fitas de vídeo e
áudio) até o presencial.
37
• O desenvolvimento de qualificações, competências e conhecimentos para o
ambiente de negócios;
• Aprender a aprender;
• A comunicação e a colaboração entre os empregados;
• O raciocínio criativo e a resolução de problemas organizacionais;
• A aprendizagem e o conhecimento tecnológico;
• O conhecimento de negócios globais;
• O desenvolvimento de liderança;
• A aprendizagem coletiva.
38
funcionário seu desenvolvimento integral.
Através da figura do pedagogo, este incentivo deve ser direcionado levando o
trabalhador a se conhecer melhor, a se permitir construir e reconstruir, a otimizar sua
produtividade pessoal.
39
formas de educação.
40
• Os adultos entram em processo educativo com diferentes quantidades e qualidades
de experiências. Esta diversidade deve ser aceita, servir de base para a formação e
ser considerada uma importante fonte de recursos a partilhar e valorizar;
• É importante organizar as experiências de aprendizagem de acordo com unidades
temáticas que sejam adequados às tarefas a se realizar;
• Os adultos precisam estar envolvidos no planejamento e avaliação se suas
instruções.
41
convidar cada vez mais os trabalhadores a se reinventarem, a se reconstruírem, pois é assim
que o crescimento profissional e pessoal se concretizará.
42
Considerações Finais
43
Na empresa, as mudanças de comportamento devem acontecer sempre com o objetivo
de melhorar a produtividade pessoal e consequentemente a empresarial. Embora isto nem
sempre aconteça nesta ordem, é importante que se perceba o valor que um pedagogo traz para
dentro da empresa.
Estamos enfrentando novas realidades sociais desafiadoras onde o profissional
pedagogo encontra atuação em novas áreas, tornando-se necessário conhecer esta questão. Ele
já não é somente o profissional escolar, possui uma formação que o capacita a ver as possíveis
condições de trabalhar comportamentos e de promover novas aprendizagens. Ele percebe o
outro de forma mais humana, entende que ele tem em si o potencial necessário para realizar
mudanças.
Este trabalho buscou apresentar um estudo que possibilitasse mostrar o pedagogo
como um profissional relacionado a outros espaços sociais, uma vez que a educação acontece
por meio da prática humana.
O âmbito empresarial foi enfatizado por ser um ambiente corporativo que envolve o
ensino e a aprendizagem nas suas relações. É necessário um maior diálogo entre as áreas de
educação e trabalho, pois elas estabelecem uma ligação que vai além dos objetivos da
organização, é uma ligação que leva em direção aos objetivos do funcionário.
Por meio do levantamento bibliográfico, é perceptível a contribuição que um
pedagogo na empresa pode proporcionar para a formação contínua do trabalhador. Muitos
estudos já foram realizados sobre este assunto e estão cada vez mais sendo atualizados, pois
são inúmeras as questões a se estudar sobre o tema e este trabalho colaborou trazendo
contribuições para que futuros estudos sejam realizados.
Pela literatura trabalhada foi possível verificar que o pedagogo está presente nas
organizações empresariais e pode auxiliar o trabalhador a se desenvolver de forma pessoal e
profissional.
O tema abordado neste trabalho está cada vez mais presente nas organizações, o que
torna a leitura deste material importante para que se pense no pedagogo como um profissional
da educação inserido em diversos espaços sociais.
44
Referências Bibliográficas
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48