Exegese Bíblica
Exegese Bíblica
Introdução
A palavra exegese tem sua origem no termo grego exegesis, que tanto pode
significar narração, guiar, dirigir, governar, descrição ou apresentação, como
explicação e interpretação, que, por sua vez, origina-se de exegeomai. Egeomai
O Exegeta
O Trabalho do Exegeta
Vale ressaltar que nunca deve ser olvidada pelo exegeta cristão a sua obrigatoriedade
de conhecer alguns aspectos da exegese sagrada, pois, é a partir desse
conhecimento que o intérprete adquire maiores chances de esclarecimento no que
toca a alguns textos da Sagrada Escritura. Por outro lado, os passos que iremos
apresentar, referentes ao trabalho do exegeta cristão, trarão, sem dúvida, uma visão
bem mais abrangente da responsabilidade do intérprete bíblico, sobretudo quando ele
estiver diante de certos textos complexos das Escrituras. De fato, a tarefa é árdua,
difícil e exige do exegeta cristão um rigoroso policiamento para que, de forma alguma,
ele seja surpreendido pelo subjetivismo na sua análise textual, mas deve sempre
primar pela objetividade e pelo bom senso na sua exegese, a fim de evitar
extremismos. Analisemos, pois, os instrumentos de trabalho do exegeta cristão.
O objetivo da Exegese
O problema com boa parte disto, no entanto, é que tal exegese freqüentemente é
seletiva demais, e que freqüentemente as fontes consultadas não são escritas por
exegeticamente, não teria usado o texto dessa maneira. Ora, 1Ts 5.22 foi a palavra
final de Paulo num parágrafo aos Tessalonicenses a respeito das expressões
revelam-se não serem do Espírito. Fazer este texto significar alguma coisa que Deus
não pretendeu é abusar do texto, não usá-lo. Para evitar erros deste tipo, devemos,
aprender a pensar exegeticamente, ou seja: começar no passado, lá e então, e
fazer assim com todos os textos.
Mas quando for necessário fazê-lo, devemos procurar usar as melhores fontes.
1 - HISTORICIDADE
Desde que Deus revelou as Escrituras, tem havido diversos métodos de estudar a
Palavra de Deus. Os intérpretes mais ortodoxos têm encarecido a importância de
uma interpretação literal, outros têm empregado um método alegórico, e ainda
outros têm examinado letras e palavras tomadas individualmente como possuindo
significado secreto que precisa ser decifrado.
g) se se empregam sinônimos;
j) se há presença de símbolos.
Podemos extrair diversas conclusões gerais dum exame do uso que Jesus faz
do Antigo Testamento. Primeiro, ele foi uniforme no tratar as narrativas
históricas como registros fiéis do fato. As alusões a Abel, Noé, Abraão, Isaque,
Jacó, e Davi, por exemplo, parecem todas intencionais e foram entendidas
como referências a pessoas de carne e osso e a eventos históricos.
Quarto, os escribas e fariseus, por mais que quisessem acusar a Cristo de erro, nunca
o acusaram de usar qualquer Escritura de modo antinatural ou ilegítimo. Mesmo
quando Jesus repudiava diretamente os acréscimos e as interpretações errôneas dos
fariseus com relação ao Antigo Testamento (Mt 5.21-48), o registro bíblico diz-
-29).
Quinto, quando Jesus, vez por outra, usou um texto de um modo que nos parece
antinatural, geralmente se tratava de legítima expressão idiomática hebraica ou
aramaica, ou padrão de pensamento que não se traduz diretamente para nossa
cultura e nosso tempo. Em Mt 27.9-10 encontramos um exemplo disto. Conquanto a
passagem não seja citação direta de Jesus, ela esclarece que aquilo que seria
considerado inexato por nosso conjunto de normas culturais era praxe hermenêutica
o que foi dito por intermédio
do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado
aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo
, uma compilação de
Jeremias 32.6-9 e Zacarias 11.12-13. Para a nossa maneira de pensar, combinar
citações de dois homens diferentes com referência somente a um
é erro de referência. Contudo, na cultura judaica da época de Jesus esta era
uma praxe hermenêutica aceita, entendida pelo autor e igualmente pela
audiência. Procedimento comum era agrupar duas ou mais profecias e
atribuídas ao mais preeminente profeta do grupo (neste caso, Jeremias).
Portanto, o que parece erro interpretativo na realidade é aplicação
hermenêutica legítima quando considerada dentro do devido contexto.
Terceira, na vida comum, não estar preso à citação é, geralmente, sinal de que
o autor tem domínio da matéria; quanto mais seguro está o orador de entender
o significado de um autor, tanto menor o medo que ele tem de expor essas
idéias em palavras que não são exatamente as do autor. Por esses motivos,
pois, o fato de que os escritores do Novo Testamento às vezes parafrasearam
ou citaram indiretamente o Antigo não indica, de forma alguma, que usaram
métodos interpretativos ilegítimos.
Contudo, descendente pode ter no singular um sentido coletivo. Paulo está dizendo
que as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência, mas o cumprimento
de tais promessas, em última análise, só se realiza em Cristo. Na cultura hebraica da
A escola de Antioquia foi provavelmente fundada por Doroteu e Lúcio próximo do fim
do terceiro século, embora Farrar considere Diodoro, o primeiro presbítero de
Antioquia e depois do ano 378, bispo de Tarso, como o real fundador da escola. O
último escreveu um tratado sobre os princípios da interpretação. Mas seu maior
marco compreendia dois dos seus ilustres discípulos, Teodoro de Mopsuéstia e João
Crisóstomo. Esses dois homens diferiam grandemente em cada aspecto. Teodoro
sustentava visões preferivelmente liberais a respeito da Bíblia, enquanto João a
considerava como sendo, em cada parte, a infalível Palavra de Deus. A exegese do
primeiro era intelectual e dogmática; a do último, mais espiritual e prática. Um era
famoso como crítico e intérprete; o outro, embora fosse hábil exegeta, ofuscou todos
os seus contemporâneos como um orador de púlpito. Por essa razão, Teodoro foi
intitulado o Exegeta, enquanto João foi chamado de Crisóstomo (boca de ouro) pelo
esplendor de sua eloqüência. Eles foram longe rumo ao desenvolvimento da exegese
verdadeiramente científica, reconhecendo, como o fizeram, a necessidade de se
determinar o sentido original da Bíblia, a fim de usá-la proveitosamente. Não somente
deram grande valor ao sentido literal da Bíblia, mas, conscientemente, rejeitaram o
método alegórico de interpretação. No trabalho de exegese, Teodoro superou
Crisóstomo. Ele tinha um interesse pelo fator humano na Bíblia, mas, infelizmente,
negava a inspiração divina de alguns dos livros escriturísticos. Ao invés do método
alegórico, ele defendia a interpretação histórico-gramatical, na qual estava muito à
frente do seu tempo. Embora reconhecesse o elemento tipológico na Bíblia e tenha
encontrado passagens messiânicas em alguns dos Salmos, explicou a maioria deles
do ponto de vista histórico.
2.4. Escola Ocidental
Durante a Idade Média, muitos, até mesmo do clero, viviam em profunda ignorância
quanto à Bíblia. E os que conheciam era devido apenas à tradução da Vulgata e aos
escritos dos Pais. A Bíblia era, geralmente, considerada como um livro cheio de
mistérios, os quais só poderiam ser entendidos de uma forma mística. Nesse período,
o sentido quádruplo da Escritura (literal, tropológico, alegórico e analógico) era
geralmente aceito, e o princípio de que a interpretação da Bíblia tinha de se adaptar à
tradição e à doutrina da Igreja tornou-se estabelecido. Reproduzir os ensinos dos Pais
e descobrir os ensinos da Igreja na Bíblia eram considerados o
ápice da sabedoria. A regra de São Benedito foi sabiamente aplicada nos
monastérios, e decretado que as Escrituras deveriam ser lidas e, com elas, como
primeiro as coisas em que você deve crer e, então, vá à Bíblia para encontrá-las.
Nem um único princípio hermenêutico foi desenvolvido nessa época, e a exegese
Os Reformadores criam na Bíblia como sendo a Palavra Inspirada de Deus. Mas, por
mais estrita que fosse sua concepção de inspiração, concebiam-na como orgânica ao
invés de mecânica. Em certos particulares, revelaram até mesmo uma liberdade
notável ao lidar com as Escrituras. Ao mesmo tempo, consideravam a Bíblia como a
autoridade suprema e como coorte final de apelo em disputas teológicas. Em
oposição à infalibilidade da Igreja, colocaram a infalibilidade da Palavra. Sua posição
é perfeitamente evidenciada na declaração de que a Igreja não determina o que as
Escrituras ensinam, mas as Escrituras determinam o que a Igreja deve ensinar. O
caráter essencial da sua exegese era o resultado de dois princípios fundamentais: (1)
a Escritura é a intérprete da Escritura; e (2) todo o entendimento e exposição da
Escritura deve estar em conformidade com a analogia da fé.
Ele prestou à nação germânica um grande serviço ao traduzir a Bíblia para o alemão
vernáculo. Também se engajou no trabalho de exposição, embora somente em uma
extensão limitada. Suas regras hermenêuticas eram muito melhores do que a sua
exegese. Embora não desejasse reconhecer nada além do sentido literal e falasse
desdenhosamente da interpretação alegórica não se afastou inteiramente do método
desprezado. Defendeu o direito do julgamento particular; enfatizou a necessidade de
se levar em consideração o contexto e as circunstâncias históricas; requeria fé
e discernimento espiritual ao intérprete; e desejava encontrar Cristo em toda
parte da Escritura.
2.8. Melanchthon
Foi a mão direita de Lutero e seu superior em ciência. Seu grande talento e
conhecimento extensivo, também de grego e hebraico, foram bem adaptados
para transformá-lo em um intérprete admirável. Em sua obra exegética,
avançou os princípios sadios de que (a) as Escrituras devem ser entendidas
gramaticalmente antes de serem entendidas teologicamente; e (b) as
Escrituras têm apenas um sentido claro e simples.
Foi, por consenso, o maior exegeta da Reforma. Suas exposições cobrem quase
todos os livros da Bíblia, e seu valor ainda é reconhecido. Os princípios fundamentais
de Lutero e Melanchthon também foram os seus, e ele os superou ao ajustar sua
prática com sua teoria. Viu, no método alegórico, um artifício de Satanás para
obscurecer o sentido da Escritura. Acreditava firmemente no significado simbólico de
muito do que se encontra no Antigo Testamento, mas não compartilhava da mesma
opinião de Lutero de que Cristo deveria ser encontrado em toda parte da Escritura.
Além disso, reduziu o número de Salmos que poderiam ser reconhecidos como
messiânicos. Insistiu no fato de que os profetas deveriam ser interpretados à luz das
circunstâncias históricas. Como ele via, a excelência primeira de um expositor
consistia de u primeira função de um
intérprete é deixar o autor dizer o que ele diz, ao invés de
Não fizeram nenhum avanço exegético durante o período da Reforma. Não admitiam o
direito do julgamento particular e defendiam, em oposição aos protestantes, a
posição de que a Bíblia deve ser interpretada em harmonia com a tradição. O
Concílio de Trento enfatizou (a) que a autoridade da tradição eclesiástica devia
ser mantida, (b) que a autoridade suprema tinha de ser atribuída à Vulgata, e
(c) que era necessário conformar a interpretação de alguém à autoridade da
Igreja e do consenso unânime dos Pais. Onde esses princípios prevalecem, o
desenvolvimento exegético chega, inevitavelmente, a uma parada repentina.
2.11.1. Confessionalismo
2.12. Pietismo
2.13. Racionalismo
2.14.1. Liberalismo
desenvolv
2.15. Neo-ortodoxia
Mas, por mais difícil que essa tarefa seja, isso não pode deter o intérprete. Se
necessário, ele deve fazer, por si mesmo, um estudo completo de uma palavra.
E o único modo pelo qual ele pode fazer isso é pelo método indutivo. Será sua
incumbência:
c) fazer isso por meio das ajudas internas em vez das externas. Na busca
de tal estudo, os vários significados de uma palavra irão, gradualmente,
se tornar aparentes. No entanto, o intérprete deve tomar cuidado com as
conclusões precipitadas, e nunca basear sua indução somente numa
parte dos dados disponíveis.
3.3. Uso de palavras sinônimas
As línguas em que a Bíblia foi escrita são também ricas em expressões sinônimas
e antônimas. É de se lamentar que essas não tenham sido retidas, a uma grande
extensão, nas traduções. Em alguns casos, isso foi completamente impossível,
mas, em outros, poderia ter sido feito. Mas, embora algumas das mais refinadas
distinções tenham sido perdidas na tradução, o intérprete nunca pode perdê-las
de vista. Ele deve atentar para todas as idéias relacionadas da Bíblia e perceber
rapidamente o que elas têm em comum e em que diferem. Essa é a condição sine
qua non de um conhecimento distintivo da revelação bíblica.
Vejamos alguns exemplos: Em Is 53.2, três palavras são usadas para expressar a
aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos
Ela refere-se ao modo como o Senhor apareceu entre os homens e não à sua forma
usou responder
afirmativamente à questão, se ele amava ao Senhor com um amor permanente que
alcança seus maiores triunfos nos momentos de tentação. Assim, em resposta,
ele usou a segunda palavra, phileo. O Senhor repetiu a questão, e Pedro
novamente respondeu da mesma forma. Então o Salvador desceu até o nível de
Pedro e, em sua terceira questão, usou a segunda palavra, como se ele duvidasse
até mesmo do philein de Pedro. Não é de se admirar que Pedro se entristecesse e
fizesse um apelo à onisciência do Senhor.
3.4.2. Uma palavra pode ter apenas um significado fixo no contexto em que ocorre.
b) contemplar, olhar para algo como sendo estranho ou como pouco conhecido;
c) saber, ser familiarizado com. O primeiro e terceiro significados são
opostos. Daqui, é perfeitamente óbvio que se um expositor tivesse de
combinar esses vários significados na interpretação de uma única
passagem como Gn 42.8, o contraste que este versículo contém se
perderia e o resultado seria puro absurdo.
3.4.3. Casos em que vários significados de numa palavra são unidos de tal forma
que resultam numa unidade maior que não se choca com o princípio precedente.
a) Algumas veles uma palavra é usada em seu sentido mais geral afim de
incluir seus significados especiais, embora esses não sejam enfatizados.
dizer paz no sentido mais amplo - paz com Deus, paz de consciência, paz entre eles
espirituais, das quais o Servo do Senhor libertaria seu povo. Mas Mateus 8.17
nos diz que essa palavra foi cumprida no ministério de cura do Salvador. A
palavra de Isaías é, conseqüentemente, tida como não somente significando
que o Servo do Senhor libertou seu povo das doenças espirituais, isto é, do
pecado, mas também das enfermidades físicas resultantes.
Sob tais circunstâncias, é perfeitamente legítimo unir os dois. Quando João Batista
significa (1) assumir e (2) levar embora. Nessa passagem, o último significado
predomina claramente, mas inclui naturalmente o outro. Jesus não poderia
conquistar o pecado sem assumi-lo sobre si mesmo.
c) Às vezes, um autor usa uma palavra num sentido sugestivo para indicar
muito mais do que ela realmente expressa.
Isso é especialmente feito na sinédoque, quando uma parte representa o todo.
-
3.4.4. Se uma palavra é usada na mesma conexão mais do que uma vez, a
suposição natural é de que ela tem o mesmo significado em toda parte.
É natural que surja a questão quanto ao modo pelo qual um intérprete pode
descobrir melhor o significado de uma palavra em uma certa conexão.
Consultar um Léxico padrão ou alguns bons Comentários, nem sempre pode
ser suficiente, quando assim for, ele terá de recorrer ao uso de auxílio interno.
Os seguintes são os mais importantes:
3.4.5.1. As definições ou explicações que os próprios autores dão às suas
palavras constituem um dos mais eficientes auxílios.
Ninguém melhor do que o autor sabe que sentido particular ele vinculou a uma
se
que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o
fato de que a obra criadora aqui é atribuída a Cristo, alguns arriscam a opinião de
-se a toda a nova criação, embora o
contexto favoreça a idéia de universo. A questão agora levantada é se há qualquer
passagem na qual a obra da criação é atribuída a Cristo, e a possibilidade de uma
referência à nova criação é excluída. Tal passagem é encontrada em 1Co 8.6, onde
a frase ta panta é usada para todas as coisas criadas, e a obra criadora é atribuída
nasceu... e o seu nome será...Deus Forte usada em
um contexto no qual só pode referir-se à Deidade. João 9.39 contém a
Esses podem ser chamados de paralelos impróprios uma vez que não contêm as
mesmas palavras, mas, sim, expressões ou palavras sinônimas. Os casos em que
uma expressão é mais completa em uma passagem do que em outra também
palavra sempre significa sacerdotes, enquanto Fuerst afirma que ela pode significar
príncipes. A última opinião é originada da passagem paralela em 1 Cr 18.17, onde,
- Os filhos de Davi, porém, eram os primeiros
ao
A Ela
procede da suposição de que a linguagem da Bíblia é, como qualquer outra
linguagem, um produto do espírito humano, desenvolvida sob direção
providencial. Os temas que pedem consideração aqui são:
3.6.1. Expressões idiomáticas especiais e figuras de pensamento
izada pela
paciência.
despedaçarás como
Alegoria, que é meramente uma metáfora estendida e deve ser interpretada pelos
mesmos princípios gerais. Encontramos exemplos no Sl 80.8-15 e em Jo 10.1-18.
glories contra os ramos; porém se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a
dos
palavras que faltam, o intérprete deve tomar muito cuidado a fim de não mudar
o sentido do que foi escrito.
vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se
De que modo a resposta de Jesus no v.3 é relacionada a
essas palavras? No versículo 4, Nicodemos declara que não entende Jesus. O
Senhor responde sua questão nos versículos 5-8? O fariseu repete sua questão
no versículo 9 e Jesus expressa, no versículo 10, surpresa quanto à sua
ignorância. Por que ele, agora, chama a atenção para o fato de que sabe do que
fala: da incredulidade dos judeus, incluindo Nicodemos; e da sua vinda do céu e
de sua exaltação futura na cruz para a salvação dos crentes? Os versículos 16-21
também contêm as palavras de Jesus? Cf. também Jo 8.31-37; G1 2.11-21.
grego paraballo (jogar ou colocar ao lado de), e sugere a idéia de colocar alguma
coisa ao lado de outra para comparação. Ela denota um método simbólico de
linguagem, no qual uma verdade moral ou espiritual é ilustrada pela analogia da
experiência comum. Ela mantém os dois elementos da comparação distintos
como ades e relações de um ao outro. O Senhor
tinha um propósito duplo ao usar as parábolas, a saber, revelar os mistérios do
Reino de Deus a seus discípulos e ocultá-los daqueles que não tinham olhos para
as realidades do mundo espiritual.
primeira. Alguns livros da Bíblia mencionam seus autores outros não. Mesmo tendo o
conhecimento do nome do autor, isso não proporciona ao exegeta todo o material de
que necessita. Terá de familiarizar-se com o próprio autor como homem. Isto é, seu
caráter, seu temperamento, sua disposição e modo habitual de pensar. O
conhecimento íntimo do autor do livro facilitará a compreensão de suas palavras;
habilitará o intérprete a entender, e quiçá a estabelecer, de um modo conclusivo,
que fala, distinto do escritor, ele deve aumentar seu conhecimento sobre ele com
todos os meios disponíveis. Pessoas como Abraão, Isaque, Jacó, José, Samuel, Jó e
seus amigos, classes de pessoas como os fariseus, saduceus e escribas, devem ser
objeto de estudo especial. Quanto mais se conheça sobre eles, mais suas
a) Ele deve buscar conhecer o autor cuja obra quer explicar: sua parentela,
seu caráter e temperamento, suas características intelectuais, morais e
religiosas e, também, as circunstâncias externas da sua vida;
d) Além disso, ele deve se transferir mentalmente para o primeiro século da nossa
era e para as condições orientais. Ele deve se colocar no ponto de vista do
autor e buscar entrar na própria alma dele, como se vivesse aquela vida e
pensasse aqueles pensamentos. Isso significa que ele terá de se proteger
contra o erro comum de transferir o autor para os dias atuais e fazê-lo falar na
língua do século XXI. Se não evitar isso, existe o perigo, como
4.1. Circunstâncias geográficas
A condição política de um povo também deixa uma profunda impressão sobre sua
literatura nacional. A Bíblia contém ampla evidência disso também e, por essa razão,
é absolutamente necessário que o expositor se informe a respeito da organização
política das nações que tiveram grande importância no cenário bíblico. Sua
história nacional, relacionamentos com outras nações e instituições políticas
devem se tornar objeto de um estudo cuidadoso. As mudanças políticas na vida
nacional de Israel merecem uma atenção particular.
Somente a História lança uma luz sobre a questão da razão pela qual não se
permitiu que Israel perseguisse os moabitas e os filhos de Amom (cf. Dt 2.9, 19). A
posição de dependência de Edom nos dias de Salomão e Josafá explica como
esses reis puderam construir uma frota de navios em Eziom-Geber, na terra de
Edom (1Rs 9.26; 22.47, 48; 1Cr 18.13; 2Cr 8.17, 18). Passagens como 2Rs 15.19;
16.7 e Is 20.1 são explicadas pelo poder ascendente dos assírios e da extensão
gradual de seu império, como foi revelado especialmente pelos registros de seus
reis. As palavras de Rabsaqué em 2Rs 18.19 e Is 36.4 se tornam luminosas em
vista do fato de que houve um partido egípcio influente em Judá durante o reinado
de Ezequias (Is 30.1-7). A mudança radical na constituição e posição política de
Israel deve ser lembrada na interpretação dos escritos pós-exílicos. Passagens
como Ed 4.4-6ss.; Ne 5.14, 15; Zc 7.3-5; 8.19; Ml 1.8, só podem ser explicadas à luz
da história contemporânea. Ao mover-se do Antigo Testamento para o Novo, o
intérprete irá encontrar uma situação para a qual estará totalmente despreparado,
a não ser que tenha estudado o período interbíblico. Os romanos eram o poder
dominante e os idumeus governavam sobre a herança de Jacó. Partidos nunca
citados no Antigo Testamento ocupavam, então, o centro do palco. Havia um
Sinédrio judaico que decidia os assuntos de maior importância e uma classe de
escribas que havia, praticamente, suplantado os sacerdotes como mestres do
povo. Consequentemente, todos os tipos de questões são levantadas. Como o
estado judeu era constituído? Por qual ironia da história os idumeus se tornaram
os governadores reconhecidos do povo judeu? Quais as limitações que a
supremacia romana impunha ao governo judeu? Os partidos existentes tinham
significado político? Se sim, o que almejavam? Um estudo sobre o passado de
Israel dará resposta a essas questões. Passagens como
Mt 2.22, 23; 17.24-27; 22.16-21; 27.2; Jo 4.9 só podem ser explicadas à luz da
história.
A vida religiosa de Israel não se deslocou sempre sobre o mesmo plano, não
foi sempre caracterizada pela verdadeira espiritualidade. Houve épocas de
elevação espiritual logo seguidas por períodos de degradação religiosa e
moral. As gerações que serviram a Deus com um espírito humilde e reverente
foram repetidamente sucedidas por adoradores de ídolos ou por aqueles que
buscavam satisfação no culto hipócrita, da boca para fora. A história da
religião de Israel, quando vista como um todo, revela deterioração ao invés de
progresso, degeneração ao invés de evolução.
O período dos juizes foi uma época de sincretismo religioso resultante da fusão entre
o culto a Jeová e a adoração do baalismo cananeu. Nos dias de Samuel, a ordem
profética começou a se afirmar e a exercer uma influência benéfica sobre a vida
espiritual da nação. O período dos reis em Judá foi caracterizado pelos repetidos
declínios e restaurações. A adoração nos altos e, às vezes, idolatria flagrante, foi
o pecado insistente do povo. Durante o mesmo período, o pecado típico do reino
do norte era a sua adoração ao bezerro, aumentada nos dias de Acabe pela
adoração a Melcarte, o Baal fenício. Depois do exílio, a idolatria era rara em Israel,
mas sua religião se degenerou para um formalismo frio e uma ortodoxia morta.
capacitará
5 - EXEGESE TEOLÓGICA
1) Há alguns nos quais uma história é narrada nas mesmas palavras e com
as mesmas circunstâncias concomitantes, embora possam diferir
levemente em termos de detalhes. Compare 1Rs 22.29-35 com 2Cr 18.28-
34; e Lc 22.19, 20 com 1 Co 11.24, 25;
1) Há casos em que o mesmo assunto é tratado, mas não nos mesmos termos.
Compare Mt 10.37 com Lc 14.26. Muitos intérpretes atenuam o significado da
Em um certo sentido, essas citações são paralelas. Elas merecem uma atenção
especial porque muitos estudiosos atuais não hesitam em dizer que os escritores do
Novo Testamento, ao citarem o Antigo, freqüentemente o fazem de forma arbitrária.
As citações no Novo Testamento não servem, todas, ao mesmo propósito.
3) Outras, ainda, são citadas para refutar e repreender o inimigo. Jesus cita
as Escrituras em Jo 5.39,40 para expor a inconsistência dos judeus
quando estes alegavam grande reverência pelas Escrituras porém não
acreditavam naquele de quem elas testificavam;
diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a
tido de doutrina, e
consideraram analogian como a designação de um padrão externo. No entanto,
corretamente interpretada, a expressão toda significa simplesmente, de acordo
com a medida da sua fé subjetiva. Conseqüentemente, o termo derivado dessa
passagem é baseado num mal-entendido.
2) Analogia Geral. O segundo grau é chamado analogia geral da fé. Ela não
repousa nas declarações explícitas da Bíblia mas na extensão óbvia e
importância dos seus ensinamentos como um todo, e nas impressões
religiosas que deixam na humanidade. Assim, é claro que o espírito da
lei Mosaica como também do Novo Testamento é inimigo da escravidão
humana. É perfeitamente claro também que a Bíblia é hostil ao puro
formalismo na religião e favorece a adoração espiritual.
O estudo do sentido místico da Escritura nem sempre tem sido caracterizado pela
precaução necessária. Alguns expositores defendem a posição insustentável de
que cada parte da Bíblia tem, além do seu sentido literal, também um sentido
místico. Outros rechaçaram essa posição injustificada e foram para o extremo de
negar completamente a existência de qualquer sentido místico. Estudiosos mais
cuidadosos, no entanto, preferiram adotar uma posição intermediária de que
certas partes da Escritura têm um sentido místico que, nesse caso, não constitui
um segundo sentido mas o sentido real da Palavra de Deus. A necessidade de se
reconhecer o sentido místico é completamente evidente a partir do modo como o
Novo Testamento freqüentemente interpreta o Antigo.
5.3.1. Elementos para se Descobrir o Sentido Místico
Deus se revelou não somente em palavras, mas também em fatos. Os dois caminham
juntos e se complementam mutuamente. As palavras explicam os fatos e os fatos dão
formas concretas às palavras. A síntese perfeita dos dois é encontrada
em Cristo, porque nele a Palavra se fez carne. Todos os fatos da história da
redenção registrados na Bíblia centralizam-se nesse grande fato. As várias
linhas da revelação do Antigo Testamento convergem para ele e as da
revelação do Novo Testamento dele se irradiam. Só no seu centro unificador,
Jesus Cristo, é que as narrativas da Escritura podem ser explicadas. O
intérprete só as irá entender verdadeiramente quando discernir a sua relação
com o grande fato central da História Sagrada.
Segue-se do que foi dito que o expositor não pode se acomodar com um mero
entendimento das narrativas escriturísticas como tal. Ele deve descobrir o significado
subjacente aos fatos como o chamado de Abraão, a luta de Jacó com o anjo, a
libertação de Israel do Egito, a profunda humilhação pela qual Davi passou antes de
subir ao trono. Deve-se fazer justiça total ao caráter simbólico e tipológico da história
de Israel. Além disso, na interpretação dos milagres bíblicos, não se deve esquecer
que eles estão intimamente associados à obra da redenção. Em alguns casos, eles
simbolizam a obra redentora de Cristo; em outros, eles prefiguram as bênçãos da era
vindoura. Resumindo, o intérprete deve determinar o significado dos fatos da História
como uma parte da revelação da redenção de Deus.
Quando Abraão ofereceu seu filho no Monte Moriá, ele realizou uma ação
tipológica. Davi, como rei teocrático, foi claramente um tipo do seu grande
filho. A serpente levantada no deserto apontava em direção à ascensão de
Cristo à cruz. E a entrada do sumo sacerdote no santo dos santos uma vez por
ano para fazer expiação pelo pecado do povo prefigurava aquele que, na
plenitude do tempo, entrou no santuário celestial com o seu próprio sangue,
obtendo, assim, uma redenção eterna. Em relação aos tipos, que ocupam um
lugar importante na Bíblia, surgem duas questões: (a) O que é um tipo? e (b)
Quais são as regras que se aplicam à sua interpretação?
O que é um tipo? Uma resposta correta a essa questão irá nos proteger contra o
erro de, por um lado, limitar demais o elemento tipológico e, por outro, ampliá-lo
a marca de um golpe; (2) uma impressão, a marca deixada por um molde - portanto
uma figura, uma imagem; e (3) um exemplo ou modelo, que é o significado mais
comum na Bíblia. Tanto os tipos como os símbolos apontam para alguma outra coisa.
Eles, no entanto, diferem em importantes pontos. Um símbolo é um sinal, enquanto
que um tipo é um modelo ou uma imagem de alguma outra coisa. Um símbolo pode se
referir a algo do passado, presente ou futuro, enquanto que um
que ensina uma verdade moral. Um tipo é um fato que ensina uma verdade moral e
pr Os tipos
escriturísticos não são todos da mesma espécie. Há pessoas típicas, lugares típicos,
coisas típicas, ritos típicos e fatos típicos. De acordo com Terry, a idéia
fundam
eventos, e instituições do Antigo Testamento têm com pessoas, eventos e
b) O tipo deve ser designado por mandato divino para ter uma semelhança
com o antítipo. A similaridade acidental entre uma pessoa ou evento do
Antigo e Novo Testamentos não significa que um seja tipo do outro. Deve
haver alguma evidência escriturística de que isso foi assim designado por
Deus. Isso não é equivalente à posição de Marsh que insistia em que nada
deveria ser considerado típico se não fosse expressamente assim
designado no Novo Testamento. Se esse critério estivesse correto, por que,
então, não aplicá-lo também às profecias do Antigo Testamento?;
c) tipo
escriturístico e a profecia preditiva são, em substância, a mesma coisa,
tandard Bible
Encyclopedia). Isso o distingue de um símbolo. No entanto, é bom nos
lembrarmos que os tipos do Antigo Testamento eram, ao mesmo tempo,
símbolos que transmitiam verdades espirituais aos contemporâneos,
uma vez que seu significado simbólico devia ser entendido antes que o
significado tipológico pudesse ser determinado.
c) Mas, tendo aprendido os limites próprios dos tipos a partir do estudo da sua
importância simbólica, a verdade exata que transmitiam ao povo de Deus do
Antigo Testamento, o intérprete terá de se voltar para o Novo Testamento para
um discernimento real quanto à verdade tipificada. É evidente que os tipos
apresentavam a verdade em uma forma velada, enquanto no Novo Testamento,
as realidades dispersam as sombras e apresentam a verdade com brilho
resplandecente. Se as profecias só podem ser completamente entendidas à luz
do seu cumprimento, isso também se aplica aos tipos. Observe quanta luz
adicional a epístola aos Hebreus lança sobre as verdades incorporadas no
tabernáculo e na sua mobília;
d) É princípio fundamental que os tipos que não têm natureza complexa têm
apenas um significado principal. Conseqüentemente, o intérprete não tem
liberdade para multiplicar seus significados e fazer, por exemplo, com que a
passagem do Mar Vermelho, considerada como um tipo do batismo, se refira
(a) ao sangue expiatório de Cristo que oferece um caminho seguro para a
Canaã celestial e (b) às provas pelas quais Cristo conduz seu povo ao
descanso eterno. Ao mesmo tempo, deve ser lembrado que alguns tipos
podem ter mais de um cumprimento nas realidades do Novo Testamento, por
exemplo, um em Cristo e outro no povo organicamente relacionado a ele. A
habitação de Deus entre os filhos de Israel era um tipo da sua habitação
temporária entre os homens em Cristo, e da sua habitação na
congregação dos seus santos. As duas idéias são fundamentalmente
uma e, dessa maneira, exatamente alinhadas uma à outra;
No estudo dos Evangelhos, a exegese se torna mais difícil que nas epístolas, pela
simples razão de que a maior parte de sua substância antecipa a Cruz e a
ressurreição de Cristo, sem que este glorioso ato chave seja ainda manifesto. Em
nossa exegese temos de evitar um dispensacionalismo com demasiada rigidez,
que ignore a unidade da revelação divina, e ao mesmo tempo compreender que,
de fato, elhos indicam a
importantíssima transição do regime preparatório à idade do cumprimento em
Cristo, o Prometido. A Cruz se erige na consumação dos séculos (Hb 9.26); para
ela todos os tempos anteriores apontavam e dela todos os posteriores dependem.
Portanto a história da Cruz é o centro de toda a revelação.
6.2.1. Conteúdo
A estrutura deste evangelho demonstra que Mateus deu valor superior ao ensino
de Jesus do que Marcos. No entanto, ele não ignora os diálogos de Jesus com os
seus conterrâneos, os judeus, nem os milagres de Jesus. Assim como Marcos, ele
também os registra. Mas a marca especial de Mateus é o ensino de Jesus.
Salta aos olhos que Mateus pressupõe entre os seus leitores um certo conhecimento
da situação em que se passam os eventos do seu evangelho. Ele não explica
costumes, tradições e expressões idiomáticas dos judeus, como por exemplo o
costume de lavar as mãos (Mt 15.2 1 Mc 7.2s), os filactórios que eram usados no
braço (Mt 23.5), as franjas nos cantos das vestes (fios e cordões em azul e branco que
deviam lembrá-los dos mandamentos da lei: Mt 23.5). Ele registra
essões aramaicas
transliteradas para o grego, como por exemplo raka, que significa tolo, idiota
(Mt 5.22) ou korbanan, que é tesouro do templo (Mt 27.6).
(Mt 19.9).
10.32s e outros).
O que mais chama a atenção neste primeiro evangelho, além das seqüências de
discursos de Jesus, são as assim chamadas citações reflexivas. Nelas são
mencionados acontecimentos da vida de Jesus na sua relação com o Antigo
Testamento e as suas promessas (Mt 1.22s / Is 7.14; Mt 2.6s / Mq 5.1,3; Mt 2.15 / Os
11.1; Mt 2.17s / Jr 31.15; Mt 3.3 Is 40.3; Mt 4.14-16 / Is 8.23-9.1; Mt 8.17 / Is 53.4; Mt
12.17-21 / Is 42.1-4,9; Mt 13.35 / Sl 78.2; Mt 21.4 / Is 62.11; Zc 9.9; Mt 27.9s
/ Zc 11.13; Jr 18.2s). É evidente que Mateus quer demonstrar nessas citações
que em Jesus se cumpriram as promessas messiânicas do Antigo
Testamento: ele é o Messias de Israel.
Como base para essa suposição, ele dá alguns argumentos: melhor estilo oral
se comparado com Marcos, formulação mais resumida e mais exata, a
repetição de fórmulas e as frases completas nelas contidas. Estas são, de fato,
características do evangelho de Mateus. Mas não são, por si só, suficientes
para provarem o seu uso litúrgico.
K. Stendahl supõe que há uma escola teológica por trás deste evangelho.
Dessa forma teriam sido instruídos mestres e líderes das igrejas no
cristianismo primitivo. O que lhes era ensinado teria resultado no evangelho
de Mateus. Como um dos argumentos principais ele cita o capítulo 18.
Segundo Stendahl, esse não foi um ensino específico para a igreja como um
todo, mas muito mais um conjunto de orientações para a liderança da igreja.
-lo aos
primeira só Mateus.
Por outro lado, a universalidade está presente nesse evangelho desde o início. O
nascimento de Jesus tem efeito sobre todas as pessoas, até os astrólogos lá do
oriente. Eles conseguem perceber o acontecimento pelos seus meios de
reconhecimento e vêm adorar o Messias, o Rei de Israel (2.1-12). A árvore
genealógica não vai só até Abraão. Ela também inclui nomes de mulheres gentias:
Raabe e Rute. Quando Jesus interpreta a parábola do joio no meio do trigo, ele diz
que o solo é o mundo (13.38). Na parábola das bodas que um rei fez para o seu
filho, depois que os convidados não responderam ao convite do rei, os servos são
enviados às ruas para convidarem ao casamento todos os que acharem (22.9). No
sermão apocalíptico Jesus anuncia que, antes do fim do mundo, o evangelho do
reino precisa ser pregado a todos os povos (24.14). Finalmente, o Senhor
A tensão entre o particularismo e a universalidade nos ensina que este
evangelho é escrito por uma testemunha de Jesus Cristo, que sabe que o
Senhor dedicou a sua vida aqui na terra aos judeus, mas que os discípulos
têm a tarefa de levar o evangelho a todas as pessoas. O seu testemunho agiu
principalmente sobre a ala helenística dos cristãos de origem judaica.
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
(capítulo 18), Jesus ensina a igreja como agir com membros que estão em
pecado (18.15-17). A autoridade para ligar e desligar não é delegada somente
aos apóstolos. Ela vale para toda a igreja. Aqui já é anunciado o que a reforma
chamaria de sacerdócio universal dos crentes.
A igreja precisa se posicionar quanto ao ensino ético de Jesus. Ela não pode
aprender a crer somente, mas precisa demonstrar a sua fé ao fazer o que
Jesus ensinou. Essa é a medida que Jesus vai usar para medir os seus
discípulos no final dos tempos: Mateus 7.21-23; 25.31-46. O que é decisivo no
final das contas não são palavras bonitas e milagres fantásticos dos
discípulos. O que vale para Deus é a prática humilde da sua vontade.
Um quarto e último aspecto que recebe atenção especial em Mateus, é o ensino sobre
as últimas coisas, a escatologia. Em Mateus, os discursos de Jesus sobre o final dos
tempos estão em dois capítulos. São significativamente mais abrangentes
do que em Marcos e contêm tradições que só se encontram aqui em Mateus
(tradição exclusiva).
Essas tradições adicionais não têm caráter especulativo. Não apresentam material
que permita definir com maior exatidão o desenrolar dos acontecimentos no final dos
tempos. Tampouco contêm visões da glória do novo mundo de Deus. São na verdade
um auxílio para o ensino equilibrado, o que é característica do evangelho de Mateus.
O seu objetivo é prevenir contra o engano da hipocrisia. Exorta os seus leitores a
estarem vigilantes e preparados a seguir os ensinos de Jesus. O propósito
é preparar a igreja para o retorno de Jesus por meio da vida prática e coerente
do discipulado.
Visto que o evangelho de Mateus tem essas quatro ênfases teológicas, não é de se
admirar que tenha tido influência tão forte sobre toda a história da igreja de Jesus.
Por todos os séculos, pessoas que queriam de fato ser cristãs, se basearam neste
evangelho. Sempre de novo foi repetida a sua exortação contra a compreensão
superficial da fé e da igreja. Por isso o evangelho de Mateus desencadeou muitos
movimentos de avivamento e de renovação da igreja de Jesus Cristo.
6.5. Unidade
6.6. Autor
O evangelho não faz menção alguma do seu autor. O nome de Mateus é citado
no título do evangelho, que surgiu no século II e a partir de lá foi incorporado à
tradição. A atribuição desse evangelho a Mateus remonta, portanto, à tradição
da igreja antiga. Ela se baseia nos seguintes argumentos:
discursos de Jesus em hebraico; cada um, no entanto, os traduziu o melhor que
os hebreus na sua
E por último, Eusébio cita Orígenes no sexto livro da sua História Eclesiástica,
que teria dito no primeiro livro do seu comentário sobre Mateus:
Com base na tradição tenho descoberto a respeito dos quatro evangelhos, que
foram aceitos sem restrições na igreja de Deus por onde ela tem se espalhado
debaixo do céu, que primeiro foi escrito o evangelho por Mateus, o que havia
sido cobrador de impostos e depois foi discípulo de Jesus Cristo. Foi escrito
na língua hebraica para os que creram entre os judeus ...
presume. Seria, portanto, uma versão grega das palavras de Jesus autorizada
por um apóstolo. Quem em seguida tomou a tradição dos atos de Jesus, que
encontramos em Marcos, e as palavras de Jesus, que são típicas em Mateus,
ajuntou tudo e editou em um evangelho, não sabemos.
O seu nome está em todas as listas de apóstolos: Mateus 10.3; Marcos 3.18;
Lucas 6.15; Atos 1.13. Em Mateus 10.3 ele é denominado cobrador de impostos
e com isso rotulado como um daqueles homens tão odiados por seus
conterrâneos, os judeus, por trabalharem para o estado romano, explorarem o
povo e por enriquecerem inescrupulosamente. Em Mateus 9.9-13 nos é
relatado como Jesus o chamou diretamente da coletoria para segui-lo e como
Jesus, com essa atitude e também com a refeição que partilhou com os
colegas de Mateus logo em seguida, se expôs à veemente crítica dos fariseus.
Marcos e Lucas também registram a história desse chamado, com a diferença
de que lá esse publicano é chamado Levi (Mc 2.13-17; Lc 5.27-32). Por isso,
partimos do pressuposto de que ele tinha dois nomes, Levi Mateus.
A última objeção dos críticos à autoria de Mateus a ser mencionada aqui é o fato
de que, segundo a teoria das duas fontes. Mateus dependeu de Marcos. Como
pode um apóstolo depender de um discípulo de apóstolo? Esse argumento se
torna sem valor quando observamos que (1) a teoria da prioridade de Marcos e
com isso a teoria das duas fontes - está sendo questionada e também (2) que a
tradição da igreja antiga baseava somente as palavras de Jesus - e não os seus
atos relatados em Marcos - no apóstolo Mateus.
Esse evangelho certamente foi escrito em um local que pudesse ser a pátria da
ala helenística do cristianismo de origem judaica. Que lugar seria melhor para
isso do que Antioquia da Síria, ponto de partida das viagens missionárias do
apóstolo Paulo? Essa igreja, marcada pelo cristianismo judaico-helenístico,
levou o evangelho de Jesus Cristo aos gentios e com isso cumpriu a missão
que Jesus lhes delegou no primeiro evangelho. Há bons argumentos, portanto,
a favor de Antioquia da Síria como local em que Mateus foi escrito.
Precisamos rebater essa opinião. Ela pressupõe que nem Mateus 22.7 e
tampouco as orientações para a igreja no capítulo 18 são palavras de Jesus.
Essas afirmações são vistas como concepções desenvolvidas pela igreja nos
seus primórdios e colocadas na boca de Jesus posteriormente. Isso contradiz
a reivindicação de veracidade dos próprios textos como também do
testemunho apostólico (cf. 1Jo 1.1-4). Além disso, é questionável se Mateus
22.7 é uma indicação da destruição de Jerusalém.
Por esses motivos, a data precisa ser determinada com base em outras reflexões.
Há razões para aceitarmos a proposta de Godet de que os evangelhos sinópticos
surgiram na mesma época, o que significa que não houve influência mútua na sua
elaboração. Sendo assim, o registro feito par Mateus das palavras de Jesus deve
ter acontecido já bem cedo, talvez até durante o ministério de Jesus na Palestina.
A relação entre essas palavras de Jesus e o material que também encontramos
em Marcos, teria sido estabelecida no contexto muito próximo da destruição de
24.15). O ano de 66 d.C., sugerido por Godet como data em que o evangelho foi
escrito, merece consideração especial.
7 - EXERCÍCIO NÚMERO UM
João Batista, precursor de Jesus, enviado para preparar-lhe o caminho. Era filho do
Maria mãe de Jesus, que pertencia a tribo de Judá. Os pais de João moravam em uma
cidade situada na região serrana de Judá, talvez em Juta, que era a cidade sacerdotal
de Hebrom. Quando Zacarias oferecia incenso no templo de Jerusalém, o anjo Gabriel
apareceu-lhe e lhe deu a mensagem de Deus que seria pai e que o seu filho deveria se
chamar João seria cheio do Espírito Santo, desde o ventre da sua
João Batista nasceu no ano 5 A.C. Passou os primeiros anos no deserto, perto de sua
casa ao ocidente no Mar Morto. No ano 28 A.D. começou a pregar no deserto do
dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. E eu, em verdade, vos
batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais
poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com
Cristo. As multidões, depois de confessar os seus pecados, eram por ele batizadas no
Jordão, e, por isso, passou a se chamar de João Batista, para distingui-lo de outros
de igual nome. O batismo que ele administrava, simbolizava a purificação do pecado.
Ele, porém, o considerava insuficiente, e falava de outro profeta que viria após si que
batizaria com o Espírito Santo e com fogo, maior do que ele, e ao
Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; e eram por ele
batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. E, vendo ele muitos dos
fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras,
quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de
arrependimento e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai Abraão;
porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E
também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore pois, que não
produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Eu na verdade, vos batizo com água,
para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu;
não sou digno de levar suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo. Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo,
-12).
Não obstante confessar-se inferior a Jesus, nosso Senhor foi a ele para receber de
suas mãos o batismo. João relutou, para dar provas de que conhecia que Jesus era
Galiléia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-
lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a
justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos
-1). Seus pais o haviam
instruído sobre a pessoa de Jesus. As instruções recebidas eram agora confirmadas
pela descida do Espírito Santo em forma de pomba, repousando sobre Jesus por
ocasião de ser batizado. Por este sinal, ficava autorizado a declarar que Jesus era o
Cristo, Jo 1.32,33. O profeta Malaquias anunciou a vinda de Elias, antes do grande e
terrível dia do Senhor, para converter o coração dos pais a seus filhos. João negou
que fosse Elias em pessoa, Jo 1.21; definiu a sua missão e os seus característicos,
citando simplesmente Is 40.3. Porém ele veio no Espírito e poder de Elias, Ml 4.5,6; cp.
Lc 1.17 era o mensageiro enviado para aplainar o caminho do Senhor diante de Cristo,
Ml 3.1; com Mc 1.2. Jesus aplicou estas
predições a João, Mt 11.10, 14;17.12,13. Havia semelhanças entre os dois homens até
no modo de vestir, que pela simplicidade e rudeza simbolizava o desprezo do mundo
com seus refinamentos; as maneiras e os hábitos de vida eram próprios a homens
que viviam nos desertos e não nos palácios dos reis, 2Rs 1.8; Mt 3.4; 11.8;
3. 25-30. O Ministério de João foi curto, mas o efeito foi enorme. Afinal, pelos fins
do ano 27, ou princípios de 28 A.D. , foi posto na prisão por haver denunciado a
ilegitimidade das relações de Herodes, o Tetrarca, com a mulher do seu irmão
Filipe, Lc 3.19,20. Quando se achava detido, entrou em dúvidas sobre o valor dos
métodos de Jesus para o adiantamento de sua obra, e talvez, sentindo-se
abandonado e esquecido, enviou dois dos seus discípulos a Jesus para saber se
era ou não o Messias prometido. Em resposta, Jesus apelou para o testemunho
de suas obras, partidos que foram, Jesus aproveitou a ocasião para fazer o
panegírico de João, Mt 11.2-15. João era o maior de todos os profetas, por ter o
privilégio de preparar o povo para o aparecimento de Cristo e apresentá-lo como o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
a se esforçarem por atingir a perfeição, a serem justos uns para com os outros e
devotos para com Deus a se batizarem. Como acorria gente de toda parte,
começou Herodes (Antipas - tetrarca da Galiléia Lc 3.1) a temer que a influência de
tal homem pudesse provocar uma rebelião. Devido a essa suspeita de Herodes,
João foi acorrentado, levado para o Forte de Maquerunt
João pregava e batizava nas terras baixas do Jordão [o nome Jordão vem do hebraico
Yarden (Yordão) e significa morte, o termo Yarden originalmente significa morte por
afogamento], ao sul de Jericó, no conhecido vau do rio, portanto dentro dos domínios
de Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia, que cordialmente a Bíblia
criados: Este é João Batista; ressuscitou dos mortos, e, por isso, estas maravilhas
operam nele. Porque Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado no
cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe: porque João lhe dissera:
Não te é lícito possuí-la. E, querendo matá-lo temia o povo, porque o tinham
Maquiros, é o lugar onde João viria a perder a vida, fica no meio de um cenário
agreste e sombrio na costa oriental do mar Morto. Nenhuma estrada liga esse
lugar solitário ao mundo. Partindo do vale do Jordão, sobe-se por estreitas
veredas, para o sul, até a região montanhosa, desolada e nua, do antigo
Moabe. Nos profundos vales secos, vivem algumas famílias de beduínos com
os seus rebanhos, que pastam a erva escassa e agreste que ali cresce.
Não longe do Rio Arnon, ergue-se um enorme penhasco acima dos cumes das
outras montanhas. Em seu cume açoitado pelo vento frio, ainda hoje se
encontram eduínos a
esse lugar abandonado. Ali se erguia o Forte de Maquiros. A olho nu pode-se
se distinguir ao longe, na direção norte, a parte do vale do Jordão onde João
batizava o povo e onde foi preso.
Alguns supõem que João Batista fazia parte do grupo dos essênios. Sabe-se que
os essênios, consideravam apóstata o resto do judaísmo. João apareceu em cena
como o novo Elias, para chamar um remanescente fiel. Ele os chamava ao
arrependimento e renovação espiritual. Pregava que em breve viria o reino de
Deus e a necessidade dos homens prepararem-se para o mesmo. Também surgiu
em cena como o precursor do Messias, cônscio de que teria de haver um novo
movimento religioso, embora não fosse necessariamente uma nova religião, o
Messias daria continuidade a uma obra já começada, se a missão do Messias
tivesse êxito. O Arrependimento era atitude necessária, e era simbolizada pelo
batismo judaico de prosélitos, que requeria imersão em água, representando a
purificação da anterior vida pecaminosa.
João impunha esse batismo para reforçar sua mensagem de que a verdadeira
espiritualidade não depende do legalismo e nem da identificação com alguma
nacionalidade.
foi
razão que alguns papas tinham o título de pio, Pio XI, Pio XII) não deixando
O batismo de João tinha por objetivo transferir os que se lhe submetiam a uma
esfera totalmente nova à esfera da definida preparação para o reino de Deus,
que se aproximava. O batismo de João nunca poderia ser considerado uma
simples cerimônia; todo ele fremia sempre de uma significação ética. Uma
purificação do coração, do pecado, era não somente sua condição preliminar,
mas seu constante objetivo e propósito, e pela penetrante e incisiva pregação
com que ele o acompanhava.
Alguns eruditos argumentam que teria sido muito paradoxal João tratar os judeus
como se eles fossem pagãos Mas que a aproximação do Reino de Deus significa que
os judeus não podem encontrar segurança no fato de serem descendentes de Abraão:
que os judeus, a não ser pelo arrependimento, não poderiam ter mais certeza do que
os gentios de entrar no reino vindouro, e que deveriam se arrepender e manifestar o
seu arrependimento pela submissão ao batismo. É possível que o fundo histórico
explicativo da origem do batismo de João não seja nem o batismo praticado em
Qumran nem o de prosélitos, mas simplesmente as abluções cerimoniais previstas no
Antigo Testamento. Os sacerdotes eram obrigados a se
filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água(a palavra água vem do
hebraico, Myim, que no seu significado mais original, aquela que limpa). Depois,
tomarás das vestes e vestirás a Arão da túnica e do manto e do éfode, e do éfode
mesmo, e do peitoral; e o cingirás o com o cinto de obra de artífice do é
29.4,5;), no santuário e do povo se exigia que participasse de certas abluções
em várias ocasiões (Nm 19). Muitas declarações proféticas, que eram bem
conhecidas, exortam a uma purificação moral através da purificação com água
(Is 1.16 e ss; Jr 4.14), e outras antecipam uma purificação a ser feita por Deus
nos últimos dias (Ez 36.25; Zc 13). Além do mais, Isaías 44.3 interliga a dádiva
do Espírito com a purificação futura. Qualquer que seja o fundamento
histórico, João dá um novo significado ao rito da imersão por chamar o povo
ao arrependimento, tendo em vista a aproximação do reino de Deus.
3) outoj gar estin o rhqeij upo hsaiou tou profhtou legontoj fwnh bowntoj
en th erhmw etoimasate thn odon kuriou euqeiaj poieite taj tribouj autou;
4) autoj de o iwannhj eicen to enduma autou apo tricwn kamhlou kai zwnhn
dermatinhn peri thn osfun autou h de trofh autou hn akridej kai meli agrion;
5) tote exeporeueto proj auton ierosoluma kai pasa h ioudaia kai pasa h
pericwroj tou iordanou;
9) kai mh doxhte legein en eautoij patera ecomen ton abraam legw gar
umin oti dunatai o qeoj ek twn liqwn toutwn egeirai tekna tw abraam;
10) hdh de kai h axinh proj thn rizan twn dendrwn keitai pan oun dendron
mh poioun karpon kalon ekkoptetai kai eij pur balletai;
11) egw men baptizw umaj en udati eij metanoian o de opisw mou
ercomenoj iscuroteroj mou estin ou ouk eimi ikanoj ta upodhmata
bastasai autoj umaj baptisei en pneumati agiw kai puri;
12) ou to ptuon en th ceiri autou kai diakaqariei thn alwna autou kai sunaxei
ton siton autou eij thn apoqhkhn to de acuron katakausei puri asbestw
3) Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama
no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
7) E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo,
dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?;
9) e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque
eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão;
10) E também, agora, está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore,
pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo;
11) E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele
que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as
suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo;
12) Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu
trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
7.2.3. outros textos
com o Espí
(com/em)
Nossa tradução: ...Ele (Jesus) vos batizará (os arrependidos) com o Espírito
Santo e (aos incrédulos) com banho de fogo (Mt 3.11b).
7.3. Contexto Teológico
7.3.1.2. Pregando/Proclamando
7.3.1.3. Judéia
Mesma expressão em 4.17 e 10.7 (mesmo verbo, traduzido também por chegar, em
21.1,34; 26.45-46). Hoje em dia, ela se interpreta: 1) O Reinado está próximo, ou muito
próximo (Jesus anuncia a vinda ou irrupção iminente e universal deste reino);
2) o Reinado está presente (cf. 12.28, com um outro verbo: já chegou até vós),
sendo que está plenamente realizado, ou está secretamente inaugurado na
pessoa e atividade de Jesus, mas em breve será manifestado a todos.
7.3.1.7. V.3.
Ao citarem Is 40.3, os sinóticos seguem o grego, que põe no deserto em conexão
com voz e não com preparai, como faz o texto hebraico. Substituem uma estrada
para nossa Deus (= YHWH, Senhor, ARC) por suas veredas, tornando com isso
possível a aplicação do texto ao próprio Jesus, proclamado pelos cristãos como
7.3.1.8. V.4.
João usa trajes clássicos dos profetas (Zc 13.4), em particular de Elias (2Rs
1.8), que regressa na pessoa de João Batista (cf. Mt 17.9-13; Ml 3.23).
Por ser oferecido a todos, conferido por João e recebido uma só vez, este
batismo difere profundamente das abluções rituais dos essênios (que eram
cotidianas) e do -lhes entrar em
contato com os judeus): Cf. Mc 1.4. Graças à conversão à qual está ligado, ele
prepara para o batismo trazido por Jesus (Mt 3.11).
7.3.1.10. Os Fariseus
i
espectadores.
Talvez aluda ao diabo como serpente; mas também pode ser só símbolo de
serpente, pessoa venenosa, enganadora, maliciosa. Ver Sl 58.5 e Is 14.29. Os
campos eram habitados por serpentes de vários tipos conhecidos pelo povo.
O sentido da alusão foi claro.
A referência provável foi ao costume que havia, queimar toda a erva daninha, como
preparação para o plantio. Naturalmente que quando o fogo começava, serpentes de
muitos tipos eram postas em fuga. A visão das serpentes fugindo do fogo ilustrava
bem a conduta dos fariseus e dos saduceus. A pregação de João Batista versava
sobre a ira de Deus, não só em relação ao juízo comum, mas especialmente em
relação à vinda do Messias. A chegada do Messias sempre foi ligada à grande ira de
Deus, e essa doutrina era pregada pelos próprios fariseus. Era crença comum que os
tempos do Messias não chegariam sem tribulações, grandes sofrimentos sem
precedentes e sinais da ira de Deus. Provavelmente João pensou que aqueles
homens pudessem sentir o arrependimento, ainda que em pequeno grau, mas não
creu que pudesse ser experiência profunda e de grande valor.
João falava da intenção aparente, e exigia provas. O versículo 8 ensina que João não
reputava a confissão de pecados e o batismo como suficientes para efetivação da
salvação. A fé e o arrependimento autênticos são acompanhados pela mudança de
vida, e sem isso a confissão e o batismo não têm valor. Lc 3.11-14 acrescenta
Sem dúvida essas palavras foram usadas muitas vezes, por João, para indicar
que, apesar do fato do Messias vir da nação de Israel, cada árvore, cada
indivíduo, deve apresentar evidências (e a natureza transformada por trás
dessas evidências) de uma relação verdadeira com Deus. O vs. 9 mostra que o
julgamento de Israel era possível. O vs. 10 mostra que tal juízo não apenas era
possível, mas que estava próximo. A linguagem é pessoal, e não fala
definidamente de juízo nacional, mas de indivíduos. Qualquer pessoa do povo
entenderia que seria mister eliminar as árvores que produzissem maus frutos
ou que não produzissem fruto de espécie alguma. Provavelmente muitos deles
já haviam cortad Também se lembrariam de palavras
semelhantes, do Antigo Testamento, como em Is 5.1-7; Jr. 2.21; 11.16. João
fala de um juízo completo, porquanto o machado está
mas em julgamento total.
Entre os deveres dos escravos havia esse de carregar e cuidar das sandálias de
desatar-lhe as correi
esses deveres eram dados aos escravos de classe mais vil, e que tal costume
era conhecido e praticado entre os gregos, os romanos e os judeus. Portanto,
João queria dizer que não ocupava nem a posição do mais vil escravo, em
comparação com a glória da posição de Jesus.
O ministério de João era o de salvar, e assim notamos os que o batismo não tem
mérito por si mesmo. Esse batismo era símbolo do arrependimento, e não o próprio
arrependimento. Era algo que servia para atrair a atenção do povo, preparando-o e
orientando-o para receber o batismo real, o batismo de Jesus Cristo, o ministério
espiritual do Messias. Nesse ministério reside o poder real, a verdadeira vida, que o
batismo com água (ou seja, o ministério pessoal de João) jamais poderia produzir.
7.3.2.1. Texto 1
s sereis batizados
7.3.2.2. Texto 2
7.3.2.3. Texto 3
mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse:
Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que
7.3.2.4. Texto 4
7.3.3.1. Texto 1
Neste texto, a promessa de Jesus em batizar com o Espírito Santo é reforçada pela
lembrança do testemunho de João Batista. João meramente alegara que batizava com
água, ao passo que profetizou da vinda dAquele que batizaria como o Espírito Santo.
Embora os textos At 1.5, e Lc 3.16, tenham sido produzido pela mesma pena, e os
textos sejam equivalentes, contudo, em At 1.5 Lucas não faz menção do batismo com
fogo. Entendemos que, em Lucas 3.16 (este vos batizará com o Espírito Santo e com
fogo), as palavras saiam diretamente da boca de João Batista em resposta ao povo
que estava em grande expectação se ele, João, seria, porventura, o Cristo e por outro
lado, dentro de um contexto de expectativa de juízo
7.3.3.3. Texto 3
disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o
que batiza com o Espírito S
como já dissemos acima, é ele quem batiza com o Espírito Santo. Concluímos que
mais uma vez, assim como em Marcos, em Atos e em João não encontramos o
Santo emprega o particípio presente (ho baptizon), que significa aquele que
continuará a batizar. Logo, as referências em Lucas e João não somente dizem
respeito ao primeiro derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, mas também
à missão principal e ao ministério de Jesus, como aquele que batiza no Espírito
espeito a vós, a vossos
7.3.3.4. Texto 4
7.3.3.5. Texto 5
mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar
ARC).
pur
7.3.4. Opiniões diversas
i) vento, e que a
proclamação dele dizia respeito a um só batismo que traria um
sopro de juízo ardente, ou que seria como um vento de juízo,
limpando a eira;
7.3.5. Conclusão
Não obstante, todos os pontos enumerados acima, com exceção do último, tenham
uma muito de verdade, entretanto, ficam devendo nalguma coisa. Quando levados a
interpretação do ponto de vista da luz do texto, se tornam mais vulneráveis ainda. Por
exemplo, como entender a mudança de sentido no versículo 11, sendo que no 12 o
sentido é o mesmo do 10? Não seria mais lógico admitir que os três fazem parte de
um mesmo parecer? Parece preferível admitir que o fogo não muda de
sentido do v. 11 para o v. 12, onde se trata realmente de um castigo; o fogo
representa, pois, de preferência, a cólera (cf. 3,7), correlativo necessário (cf.
Rm 1.16-18) da participação na santidade de Deus (a conjunção E
acrescentaria então um matiz especial).
Desta forma tão rústica, João traça o perfil daqueles que seriam imergidos no
batismo da ira divina, o fogo eterno, caso não se arrependessem, embora, os
tais presumissem ser filhos de Abraão e por conseguinte, à vida eterna estar-
lhes assegurada!
Para cada israelita essa expressão é, mais uma vez, uma palavra arrasadora. Pois
João emprega a palavra fogo, agora pela terceira vez (v. 10,11,12, sempre no
final). Os fariseus acreditavam que eles faziam parte do trigo que seria
recolhido ao depósito. Mais uma vez precisam ouvir justamente o contrário,
que por serem palha serão queimados com fogo inextinguível. No que João
estaria pensando? Com certeza o zelo de Deus o consumia. Levantes Jesus,
homens cheios do zelo pela tua causa para pregarem à semelhança do Batista!
intérpretes reputam esse batismo de fogo como algo que se refere ao juízo.