Unidade1 - Estatística II
Unidade1 - Estatística II
Estatística II
Unidade I
Teoria de Probabilidades
Copyright
Este manual é propriedade do Instituto Superior Monitor (ISM), sendo que todos os direitos
para o seu uso, por estudantes e docentes, lhe estão reservados. É proibido fazer cópias ou
usar este material sem autorização prévia do ISM.
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Introdução
Por este motivo, importa que construa um programa de estudos realista e que o
cumpra rigorosamente, seleccionando horários e locais tranquilos para estudar.
Faça uso dos diversos recursos referenciados nesta unidade e mobilize a sua
motivação profissional e/ou pessoal para adequar as suas actividades de estudo a
outras responsabilidades profissionais, sociais e pessoais. Partilhe as suas
aprendizagens com os outros.Usufrua das várias formas de apoio disponíveis, mas
fundamentalmente, procure controlar o seu ambiente de
aprendizagem.Recomenda-se que consulte o horário de atendimento do tutor e
que entre em contacto com o mesmo sempre que sinta alguma dificuldade.
Para os estudantes que estão longe e que por conseguinte não conseguem vir as
instalações do ISM e de outras instalações físicas podem consultar a biblioteca
virtual pelo endereço http://www.ismonitor.ac.mz/ism/biblioteca-digital/.
O aluno pode ainda recorrer a outras bibliotecas virtuais, como por exemplo em:
www.saber.ac.mz
www.books.google.com
Bons Estudos!
Teoria de Probabilidades
Ao jogarmos uma moeda para o ar, de modo geral, não podemos afirmar se vai
dar cara ou coroa. Da mesma forma, quando lançamos um dado não sabemos qual
das faces 1, 2, 3, 4, 5, ou 6 ocorrerá. Há numerosos exemplos de tais situações no
campo dos negócios e do governo. A previsão da procura de um produto novo, o
cálculo dos custos de produção, a opinião pública sobre determinado assunto, a
contratação de um novo empregado – tudo isso contém algum elemento de acaso.
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Experiência aleatória
Vamos agora descrever o tipo de fenómeno que será examinado nesta disciplina.
Inicialmente, chamaremos de experimento (experiência) qualquer procedimento
que pode ser ensaiado repetidas vezes, de maneira que, a cada novo ensaio, as
condições de execução se mantenham inalteradas. Um experimento é aleatório se
seus resultados puderem variar a cada ensaio, mesmo que as condições sejam as
mesmas. Tais fenómenos precisam de um modelo matemático diferente para seu
estudo. São o que chamaremos de modelos não-determinísticos ou
probabilísticos.
Podemos tomar como exemplo uma situação em que deseja-se medir a quantidade
de chuva que cai em uma determinada localidade. Por mais que as observações
meteorológicas tornem possível prever a natureza da tempestade, não é possível
dizer exactamente quanta chuva irá cair. Um outro exemplo seria o de um
laboratório que deseja testar o tempo de reacção a certo medicamento e, para
tanto, ministra este medicamento em vários pacientes, sob as mesmas condições.
Não se pode prever o tempo que cada um dos pacientes levará para reagir ao
medicamento. Um terceiro exemplo que podemos tomar é o lançamento de um
dado não viciado, sempre sob as mesmas condições. Não é possível afirmar com
exactidão qual será a face observada a cada novo lançamento.
A partir destes exemplos, podemos perceber que, em fenómenos aleatórios, as
condições sob as quais um experimento é executado não determinam com
precisão o resultado que será obtido do experimento.
Espaço Amostral
Vale ressaltar que um evento pode não referir-se somente a uma possibilidade
dentro do espaço amostral. Um evento pode reunir várias possibilidades dentro de
um mesmo espaço amostral. Se o espaço amostral for finito ou infinito
numerável, qualquer subconjunto deste pode ser tomado como evento. Quando
tratamos de espaços amostrais infinitos não-numeráveis, verificamos que nem
todo subconjunto deste pode ser considerado evento. No entanto, não trataremos
desses casos nesta unidade.
Variável aleatória
Intuitivamente, uma variável aleatória pode ser vista como uma medição de
algum parâmetro que pode gerar um valor diferente a cada medida.
Matematicamente, a variável aleatória é a função que associa um número real a
cada elemento do espaço amostral.
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A variável aleatória é uma função formada por valores numéricos definidos sobre
o espaço amostral de um experimento. A cada resultado do experimento aleatório
corresponderá apenas um único valor numérico da VA. Entretanto, um valor
numérico da VA poderá corresponder a um ou mais resultados de um
experimento.
Suponha:
E (experiência aleatória) → jogar uma moeda três vezes
S (espaço amostral) = {(ccc), (kcc), (ckc), (cck), (kkk), (kkc), (kck), (ckk)}
A variável aleatória diz respeito à característica do experimento que queremos
estudar.
Suponha que:
Característica = número de caras nos 3 lançamentos da moeda.
Quais os valores assumidos pela variável aleatória?
X = 0 {(kkk)} (não sai nenhuma cara)
X=1 {(kkc)(kck)(ckk)} (sai uma cara)
X = 2 {(kcc)(ckc)(cck)} (saem duas caras)
X = 3 {(ccc)} (saem 3 caras)
Exemplo 1
Duas bolas são retiradas sucessivamente, sem reposição, de uma caixa que
contém 4 bolas vermelhas e 3 pretas. Seja X a variável aleatória “número de bolas
vermelhas retiradas no experimento” Quais os valores assumidos por “X”?
Solução:
São retiradas duas bolas da caixa. Essas bolas podem ser: a primeira vermelha e a
segunda também vermelha (VV); ou a primeira vermelha e a segunda preta (VP);
ou a primeira preta a segunda vermelha (PV); ou a primeira preta e a segunda
preta (PP). Então o espaço amostral (o conjunto dos resultados possíveis) é:
O espaço amostral para este experimento será: {TTT, TTH, THT, THH, HTT,
HTH, HHT, HHH}
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Note
O resultado zero caras, ocorre somente uma vez
O resultado 1 cara, ocorre três vezes
O resultado 2 caras, ocorre três vezes
O resultado 3 caras, ocorre somente uma vez
Exercícios de fixação
Para testar se assimilou os conceitos acima estudados, pegue num papel e caneta e
responda as seguintes questões antes de consultar as respectivas soluções.
Exemplo 3
Numa urna há 7 bolas brancas e 4 bolas verdes. Cinco bolas são extraídas dessa
urna. Defina a variável aleatória (v.a.) X = número de bolas verdes. Quais são os
possíveis valores de X se as extracções são feitas:
(a) Sem reposição;
(b) com reposição.
Solução:
(a) Como há apenas 4 bolas verdes, os valores de X são 0, 1, 2, 3, 4. Note que
temos bolas brancas em quantidade suficiente para que X = 0 (isto é, podemos
tirar todas brancas).
(b) Se as extracções são feitas com reposição, em cada extracção podemos tirar
bola branca.
Logo, os possíveis valores de X são 0, 1, 2, 3, 4, 5.
Exemplo 4
Repita o problema anterior, supondo que a urna tem 4 bolas de cada cor.
Solução:
(a) Nesse caso, temos que ter pelo menos uma bola de cada cor. Logo, os
possíveis valores de X são 1, 2, 3, 4.
(b) Como antes, os valores de X são 0, 1, 2, 3, 4, 5.
Como afirmamos acima, uma variável pode assumir duas classificações, discreta
ou contínua. A melhor forma de explicar um conceito é associarmos a algum
exemplo real.
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Outro exemplo de variável aleatória discreta infinita, seria o número de carros que
passam numa avenida. Sabemos que passará uma infinidade de carros, no entanto,
nunca passará a metade de um carro, não haverá "fracções" no número de carros.
O resultado a princípio não é completamente conhecido, mas sempre descritível
com facilidade.
X ( ) ={0, 1, 2}
P(X=0) =P {MM} =0.25; P(X=1) =P {MR, RM} =0.5; P(X=2) =P {RR} =0.25
Esquematicamente
X 0 1 2
=1- P( X<1)=1-P(X=0).
P(CC) = P(C)xP(C)=0.5*0.5=0.25.
Note que neste caso, a cara pode sair na primeira moeda que lançamos ou na
segunda, isto é, CK ou KC, então é necessário calcular as probabilidades de CK e
de KC e somar.
P(KC) = P(K)xP(C)=0.5*0.5=0.25.
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x f(x)
0 0,25
1 0,50
2 0,25
Total 1,00
Assim, escrevemos que f(x) = P(X = x), ou seja, f(3) = P(x = 3). O conjunto dos
pontos ordenados (x, f(x)) é chamado de Função Probabilidade, Função Massa de
Probabilidade ou Distribuição de Probabilidade da variável aleatória
discreta X.
Propriedades:
Considere o seguinte exemplo: Suponha um casal que planeja ter 3 crianças. Eles
estão interessados em saber o número de meninas que poderiam ter. Este é um
exemplo de uma variável aleatória, que representa o evento:
X = {número de meninas}
X p(x)
0 0.14
1 0.13+0.13+0.13=0.39
2 0.12+0.12+0.12=0.36
3 0.11
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Obtemos, por exemplo, p(X=4) = 3/36, pois (1,3), (2,2) e (3,1) e são os pontos de
A cuja soma das componentes é 4. Então P(X = 4) = P({(1,3),(2,2),(3,1)}) =3/36
Propriedades
1. F (-∞) = P(X ≤ -∞) = 0
2. F(+∞) = P(X ≤ +∞) = 1
3. P(a< X ≤b) =F(b)- F(a)
F(b) = P(x ≤ b)
F(a) = P(x ≤ a)
4. P(a ≤ x ≤b) = F(b) – F(a) + P(x = a)
Exemplo 8:
Experiência (E): Lançamento de 2 moedas
X = n° de caras obtidas
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Atenção!
A função de distribuição é definida não apenas para os valores assumidos pela
variável aleatória X, mas para todos os números reais.
Ou seja:
F(x) = 0 se x < 0
F(x) = 1/4 se 0 ≤ x < 1
F(x) =3/4 se 1 ≤ x < 2
F(x) = 1 se x ≥ 2
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1 0,10
2 0,15
3 0,25
4 0,25
5 0,15
6 0,10
Note que o valor que toma a esperança matemática em alguns casos pode não ser
"esperado" no sentido mais geral da palavra - o valor da esperança pode ser
improvável ou inclusive impossível.
Exemplo 11. Em determinado sector de uma loja o número de produtos vendidos
em um dia pelos funcionários é uma variável aleatória P com a seguinte
distribuição de probabilidades (esses números foram obtidos dos resultados de
vários anos de estudo):
Número de 0 1 2 3 4 5 6
produtos
Probabilidade 0.1 0.4 0.2 0.1 0.1 0.05 0.05
de venda
Cada vendedor recebe comissões de venda, distribuídas da seguinte forma: se ele
vende até 2 produtos em um dia, ele ganha uma comissão de $10,00 por produto
vendido. A partir da terceira venda, a comissão passa para $50,00. Qual é o
número médio de produtos vendidos por cada vendedor e qual a comissão média
de cada um deles?
Solução:
O número médio de vendas por funcionário é
E(P) = 0 × 0,1 + 1 × 0,4 + 2 × 0,2 + 3 × 0,1 + 4 × 0,1 + 5 × 0, 05 + 6 × 0, 05 =
2,05
Com relação à comissão, vamos construir sua fdp:
Número de 0 1 2 3 4 5 6
produtos
Comissão 0 10 20 70 120 170 220
Probabilidade 0.1 0.4 0.2 0.1 0.1 0.05 0.05
de venda
Sendo que
Para o exemplo anterior, temos
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Portanto,
Exemplo 12: Uma empresa especializa-se no aluguel de carros para famílias que
necessitam de um carro adicional para um período curto de tempo. O presidente
da empresa tem estudado seus registos para as últimas 20 semanas e apresentou as
seguintes função de probabilidade da variável aleatória: número de caros
vendidos por semana.
10 0,25
11 0,30
12 0,35
13 0,10
Total 1,00
a) Calcule o número médio de carros alugados por semana.
Resposta:
O desvio
Solução:
Seja X: o número de aparelhos vendidos em uma semana e seja L o lucro
semanal. Então, L = 500X.
E (X) = 0 × 0,1 + 1 × 0,1 + 2 × 0,2 + 3 × 0,3 + 4 × 0,2 + 5 × 0,1 = 2, 7
E (X2)= 02 × 0,1 + 12 × 0,1 + 22 × 0,2 + 32 × 0,3 + 42 × 0,2 + 52 × 0,1 = 10, 2
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Para estes exemplos, o número de valores possíveis das v.a.’s em estudo, digamos
que não é “contável”, ou muito dificilmente são caracterizadas por um número
finito de valores. Nestes casos, é razoável considerar que as v.a.’s associadas
tomam um número indeterminado de valores.
Lembre-se que uma variável aleatória contínua é uma variável que pode assumir
um número infinitamente grande de valores (com certas limitações práticas).
Deste modo, para este tipo de variáveis, que podem tomar todos os valores num
determinado intervalo de valores reais, vamos ter de considerar distribuições de
probabilidades diferentes das dadas nas v.a.’s discretas. Mais concretamente,
iremos descrever a probabilidade de uma v.a. X que assume um valor no intervalo
[a, b] através de uma função f, convenientemente escolhida, como sendo a área
limitada pelo eixo [a, b] e pelo gráfico da função f (figura em baixo).
P(a<X<b)
a b
Probabilidade como área sob a curva entre dois pontos
Para a variável aleatória contínua X que assume valores do conjunto dos números
reais há uma função matemática f(x) com as seguintes premissas:
A função densidade de probabilidade f(x) é sempre positiva, para todo x
pertencente a X: f(x)>0
A área sob a função f(x) entre os limites menos infinito e mais infinito da
variável aleatória contínua X é igual a um ou 100%:
A probabilidade da variável aleatória contínua X dentro do intervalo (a, b)
com ambos limites incluídos é medida pela área definida pela função f(x)
entre os limites a e b:
Dessa forma, podemos calcular a probabilidade para qualquer intervalo sendo esta
probabilidade o valor da integral definida da função densidade de probabilidade
sendo que os limites de integração são as extremidades do intervalo. De uma
forma geral, podemos dizer que se f(X) é a função densidade de probabilidade de
uma variável aleatória contínua, então:
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a) ; b) ; c) e) f)
Exemplo 14: seja X uma variável aleatória contínua com a seguinte função:
Solução: para mostrar que f(x) é uma função de densidade, temos que mostrar
que f(x) cumpre as seguintes propriedades:
A função densidade de probabilidade f(x) é sempre positiva, para todo x
pertencente a X: f(x)>0
A área sob a função f(x) entre os limites menos infinito e mais infinito da
variável aleatória contínua X é igual a um ou 100%:
Para verificar se f(x) cumpre com a segunda propriedade, temos que demonstrar
que . Mas como a função está definida no intervalo (0, 1), temos
b)
a) Determine a constante c tal que a função f(x) seja uma função de densidade.
b) Calcule
Resolução
a) Como a f(x) satisfaz a propriedade 1 se , ela precisa também de
satisfazer a propriedade 2 para ser uma função densidade. Então
e como esta integral deve ser igual a
1, temos
Exemplo 16:
a) Qual é o valor de c ?
b)
Resolução:
a)
b)
Exemplo 18. Seja X uma variável aleatória contínua (v.a.c.) com a seguinte f.d.p.:
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Você tem que integrar f(x) de menos infinito até mais infinito
Fica assim pois para x <0, f(x) = 0 por tanto F(x)=0 e para x > 2, F(x) =1, pois
toda as probabilidades já estão concentrada nos intervalo [0, 2]
Assim, existe uma necessidade óbvia de se introduzir uma medida que possa
distinguir entre essas duas situações.
Exemplo 20: Suponhamos que X seja uma variável aleatória contínua com fdp
Calcule Var(X).
Temos que
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Logo
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Trabalho
3. Em uma caixa, têm-se cinco peças boas e quatro defeituosas. São retiradas
aleatoriamente três peças, sem reposição. Faça X a variável aleatória:
número de peças boas dentre as três peças retiradas. Construa a tabela de
distribuição de probabilidade correspondente à variável aleatória.
X 0 1 2
b) Esperança matemática
c) Variância
e) Função de distribuição
0 x0
0.25 0 x 1
Fx 0.75 1 x 2
1 x2
2.
c)
2 2 2
d) V(X) = E(X )-[E(X)] = 16x0.06 + 25x0.13 + 36x0.34 + 49x0.47 – 6.22 =
0.7916
0D 3ND significa que nas 3 peças retiradas, 0 são defeituosas e 3 não defeituosas
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3D 0ND significa que nas 3 peças retiradas, 3 são defeituosas e 0 não são
defeituosas
Portanto X = {0, 1, 2 , 3}
, , e
X 0 1 2 3
P(X)
4.
a) Para que f(x) seja fdp, deve cumprir com a seguinte condição
Logo c=1/2
b)
c)
Logo,
d)