Monografia DOmingas Fim
Monografia DOmingas Fim
CATUMBELA, 2023
DOMINGAS NENÉ MUNHICA
CATUMBELA, 2023
EPÍGRAFE
Nello Wanderley
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha guerreira mãe, que apesar das dificuldades passadas fez
com que eu terminasse esse percurso e a todos aqueles que durante a sua caminhada de
formação enfrentaram obstáculos, mas nem com isso deram-se por vencidos, ergueram-se e
continuaram firmes nos seus objectivos.
AGRADECIMENTOS
Para que a conclusão dessa monografia fosse possível, foi necessário não só força de
vontade da minha parte, mas também o apoio de várias pessoas importantes na minha vida.
Assim sendo quero primeiro agradecer à DEUS pelos cuidados e saúde para que fosse
possível concluir esse desafio.
Ao meu Orientador Adelino Catumbela Gunge Santos pelo apoio, amizade e por se
disponibilizar a partilhar seus conhecimentos nessa fase importante do meu percurso
académico.
Quero agradecer aos meus familiares em particular a minha mãe Joana Samba Cafupi,
por acreditar sempre em mim e apostar no meu futuro para que eu me tornasse uma filha e
mulher realizada. Ao meu filho por não ser o motivo de desistência, e a minha irmã Ditosa por
estar sempre presente e me auxiliar durante essa caminhada.
Por último não menos importante ao Azevedo Muzala por ser o melhor amigo e
companheiro que podia ter ao meu lado, agradecer-lhe por ter sempre uma palavra de
incentivo e de carinho.
RESUMO
Ao longo dos anos, o orçamento tem assumido um papel importante nas organizações. O tema
gestão orçamental tem suscitado o interesse de vários investigadores, apresentando-se como
uma questão relevante no contexto organizacional. Esta monografia tem como objectivo
analisar os mecanismos da gestão orçamental no contexto dos hospitais públicos. O estudo de
caso foi realizado no Hospital Geral de Benguela, e como objectivos específicos procurou-se
identificar os procedimentos de execução orçamental do Hospital Geral de Benguela,
descrever os constrangimentos do processo de execução orçamental do Hospital Geral de
Benguela e verificar a aplicação do controlo orçamental no HGB. A gestão orçamental agrega
em si o processo de elaboração orçamental assente nos objectivos, planos de accção e
orçamento (recursos), a execução orçamental como o conjunto de procedimentos para realizar
os planos de acção e o controlo orçamental que visa aferir o cumprimento dos objectivos
planificados, apurar eventuais desvios e implementar medidas correctivas. Cada um destes
elementos tem características e procedimentos próprios. Para o HGB, os procedimentos de
execução orçamental são de facto os mesmos que as demais instituições públicas observam,
dado que os pagamentos ocorrem por via de ordens de saque. Verifica-se constrangimentos
por conta de atrasos na disponibilização de recursos, poucos técnicos qualificados para
corresponder as exigências do processo de gestão orçamental e até com ferramentas
tecnológicas como internet e os portais do MINFIN. O controlo orçamental é realizado com o
recurso a instituições como o SIC, IGAE e PGR, no sentido de dar tratamento a situações de
desvios orçamentais verificados em sede prestação de contas.
Over the years, budgeting has assumed an important role in organizations. The topic of budget
management has aroused the interest of several researchers, presenting itself as a relevant
issue in the organizational context. This monograph aims to analyze the mechanisms of
budget management in the context of public hospitals. The case study was carried out at the
General Hospital of Benguela, and as specific objectives we sought to identify the budget
execution procedures of the General Hospital of Benguela, describe the constraints of the
budget execution process of the General Hospital of Benguela and verify the application of
control budget at HGB. Budget management brings together the process of budget preparation
based on objectives, action plans and budget (resources), budget execution as the set of
procedures to carry out action plans and budget control that aims to assess compliance with
planned objectives , investigate any deviations and implement corrective measures. Each of
these elements has its own characteristics and procedures. For the HGB, the budget execution
procedures are in fact the same as those observed by other public institutions, given that
payments occur via withdrawal orders. There are constraints due to delays in the availability
of resources, few qualified technicians to meet the requirements of the budget management
process and even technological tools such as the internet and the MINFIN portals. Budget
control is carried out using resources from institutions such as SIC, IGAE and PGR, in order
to deal with situations of budget deviations found in the reporting process.
FIGURAS
Figura nº 1: Fases de elaboração do processo orçamental ............................................... 26
Figura nº 2: Organizagrama do HGB .............................................................................. 39
QUADROS
Quadro nº 1- Força de trabalho do Hospital Geral de Benguela ..................................... 38
Quadro nº 2- Resultados da entrevista ao Administrador ............................................... 40
ÍNDICE DE GRÁFICOS
11
processo consiste na tradução de um plano operacional de uma instituição numa agenda de
acções quantitativas abrangendo um horizonte temporal de um ano. Por outro lado, o controlo
consiste na comparação dos resultados reais e dos orçamentados para apurar o grau de
execução e os desvios que os originam (VIDAL; SÁ 2017).
Assim, o tema será de grande importância para os gestores públicos de instituições
hospitalares, pois procura apresentar procedimentos e princípios que permitirão aplicar e executar
com eficiência e eficácia o orçamento pré-definido. Isto diminuirá na preocupação com gastos
emergentes (fazer orçamentos imprevistos para as mesmas necessidades) de forma a reservar
dinheiro para outros efeitos.
Justificativa
A escolha do tema justifica-se pelo interesse de saber como são geridos os recursos
alocados pelo Estado aos hospitais e onde são aplicados, devido as carências que os hospitais
e respectivos pacientes vão enfrentando. É uma temática de sensível abordagem e pouco
explorado em termos de abordagens académicas, havendo assim a necessidade de trazer à
superfície para devida compreensão.
A realização do estudo de caso no Hospital Geral de Benguela, foi pelo facto desta
instituição se identificar com o tema e por se tratar de uma referência a nível da província em
termos de dimensão e serviços. Sendo um hospital com diferentes áreas de actuação, saber os
desafios que os gestores enfrentam para a sua gestão, foi o que motivou a escolha nesta
realidade.
A greve feita pelos médicos em Angola exigindo não só aumento salarial, mas
também, melhores condições de trabalho, assistência medicamentosa, social, motivou também
a aprofundar o tema em questão.1
Os dados do OGE do ano 2022, constituem um elemento de justificativa, considerando
que foram previstas despesas acima de 15,5 bilhões de kwanzas e mais de 124,7 mil milhões
estavam destinados ao sector de saúde, dos quais 45,9 mil milhões previstos para os serviços
de saúde pública e mais de 37,6 mil milhões de kwanzas aos serviços hospitalares
especializados.2
1
https://noticias.mmo.co.mz/2021/11/medicos-angolanos-anunciaram-greve-exigindo-melhores-
condiçóes-de-assisténcias. Consultado aos 23 de Setembro de 2022.
2
https//valoreconomico.co.ao/artigo/proposto-aumento-orçamental-para-a-saude. Consultado aos 15 de Junho de
2022.
12
Problema de estudo
Objectivos
Objectivos específicos:
12
CAPÍTULO I: A GESTÃO ORÇAMENTAL
Ainda segundo Teixeira, na maior parte dos casos, a causa da falência das
organizações deve-se a má gestão (incompetência ou falta de experiência dos gestores). De
facto, cada vez mais se reconhece que o factor mais significativo na determinação do
desempenho e do sucesso de qualquer organização é a qualidade da sua gestão (TEIXEIRA,
2013).
A origem da palavra orçamento deve-se aos antigos romanos, que usavam uma bolsa
de tecido chamada de “fiscus” para colectar os impostos. Posteriormente, a palavra foi
também utilizada para as bolsas de tesouraria e também para os funcionários que a usavam.
No início da idade média, a tesouraria do Reino Unido era conhecida como: “fisc”.
1.1. GESTÃO
A Igreja Católica Romana pode ser considerada a organização formal mais eficiente da
civilização ocidental. Através dos séculos mostrou e provou a força de atracção dos seus
objectivos, a eficácia das suas técnicas organizacionais e administrativas, espalhando-se por
todo mundo e exercendo influência inclusive sobre os comportamentos das pessoas. As
13
Organizações Militares evoluíram das displicentes ordens dos cavaleiros medievais e dos
exércitos mercenários dos séculos XVII e XVIII até aos tempos modernos com uma
hierarquia de poder rígida e pela adopção de princípios e práticas administrativas comuns as
empresas da actualidade.
De acordo com Nakagawa (1993), a gestão pode ser conceituada como a actividade de
se conduzir uma empresa ao do resultado desejado por ela, apesae das dificuldades. A
finalidade da mesma é estabelecer e alcançar os objectivos da organização através de um
adequado desempenho das suas funções.
Para Vargas (1993) citado por Chiavenato (2004, p.25), a gestão é a maneira de
governar organizações ou parte delas. É o processo de planeajar, organizar, dirigir e
controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objectivos de
maneira eficiente e eficaz.
Para Chiavenato (2004) Nem todos os gestores têm a responsabilidade pela empresa
como um todo. Gestores são todos aqueles que numa organização conseguem coisas feitas
com o trabalho dos outros, planeando, organizando, dirigindo e controlando.
Embora a divisão não seja indiscutível considera-se geralmente três níveis de gestão:
Institucional;
Intermédio;
Operacional.
14
No nível institucional, a gestão caracteriza-se fundamentalmente por uma forte
componente estratégica, ou seja, envolvimento da totalidade dos recursos disponível na
determinação do rumo a seguir (geralmente associado a acções com aplicações de médio e
longo prazo) e pela formulação de políticas gerais, isto é, que são definidas de forma genérica
e dizem respeito a toda empresa. Corresponde aos membros do Conselho da Administração,
Gerência, Conselho de Gestão e Direcção Geral (CHIAVENATO, 2004).
Pode-se observar que os níveis são organizados conforme os seus graus dentro de uma
organização, como se vê, o nível institucional é responsável pela organização no seu todo,
nele traçam-se os planos de médio e longo prazo. Assim, o mesmo encarrega para o nível
intermédio onde verifica-se a movimentação dos recursos no curto prazo e a elabolação de
planos especificos com a função do gestor, assim, repassando para os gestores de primeira
linha onde termina com a execução ou realizaçãos dos mesmos.
15
detalhamento, com antecedência, de como exactamente os objectivos serão alcançados”
(PADOVEZE, 2004 apud LUSSIER; REIS; FERREIRA, 2011, p.10).
Controlo: nem todos os funcionários fazem o que se comprometem a fazer, por vários
motivos. O resultado porém, é que para garantir que os objectivos sejam alcançados é
necessário um acompanhamento contínuo. Desta feita controlo é o processo de estabelecer e
implementar mecanismo para garantir que os objectivos sejam alcançados. Uma parte
importante do controlo é a medição do progresso para alcançar um objectivo e a tomada de
medidas correctivas quando necessário.
Lussier; Reis e Ferreira (2011) afirmam ainda que as funções administrativas tiveram
origem na proposta das teorias clássicas de Taylor, Fayol decidiram aperfeiçoar de maneira
mais clara para que as mesmas podessem ser percebidas.
17
complementam-se por apresentarem conceitos de orçamentos baseados em expessões
quantitativas e é exactamente nessas definições que o trabalho irá basea-se.
Segundo Drury (2004) citado por Almeida (2019), o primeiro para a sua realização
tem como base o orçamento do ano anterior, a qual acresce uma percentagem relativa à
inflação. Este tipo de orçamento tem a vantagem de exigir poucos recursos para a sua
elaboração e ser menos moroso. Contudo, não reflecte as mudanças ocorrida sendo pouco
informativo. O segundo mais flexível, pois permite ajustes no orçamento original conforme
ocorram mudanças significativas nos rumos das operações ou da gestão (visão interna) ou no
mercado (visão externa).
18
Segundo Horngren et al citado por Almeida (2019), o terceiro é continuamente
actualizado, acrescentando-se um novo período na medida que o tempo vai decorrendo, não
sendo elaborado somente uma vez por ano. Na medida em que se adapta constantemente a
realidade, assegura que o planeamento seja mais flexível e realista. Em contrapartida, também
exige mais recursos e mais tempo para a sua elaboração.
Para Edwards et al, (1999) quarto tipo de orçamento, OBZ parte mesmo do zero. Faz
com que os gestores tenham que justificar detalhadamente todos os recursos solicitados e
todas as despesas que pretendam efectuar sempre que elaboram um novo orçamento. A
elaboração do orçamento para cada ano é um exercício de planeamento independente que,
identifica as actividades fundamentais, possibilitando uma alocação de recursos mais
eficiente.
Vidal e Sá (2017), num estudo sobre execução orçamental nos Hospitais públicos e
Centros de Saúde de Portugal, afirmam que a elaboração e execução do orçamento das
instituições do Ministério de Saúde devem acompanhar os seguintes princípios orçamentais:
Princípio da anuidade;
Princípio da Unidade e Universalidade;
Princípio do equilíbrio;
Princípio da especialização;
Princípio da não consignação;
Princípio da não compensação.
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Princípio da não Consignação: o produto de quaisquer receitas não pode ser afecto a
cobertura de terminadas despesas, salvo quando esta afectação for permitida por lei;
Princípio da não Compensação: todas as despesas e receitas são inscritas pela sua
importância integral, sem deduções e qualquer natureza;
De acordo com Ferreira et al. (2014), para que o orçamento não seja apenas uma
ferramenta técnica e formal que expressa quantitativamente um plano de acção este deve
integrar objectivos realistas e atingíveis para as acções futuras e coordenar os departamentos.
Caiado (2009) por sua vez, aponta beneficios e dificuldades da utilização dos
orçamentos nas organizações:
a) Vantagens
b) Dificuldades
Por sua vez Franco define a mesma como um modelo de gestão baseado no
planeamento sistemático das actividades a desenvolver pela organização, traduzido na fixação
de planos de acção, nos meios a utilizar e nos proveitos a realizar, na comparação das
realizações com os objectivos estipulados e na tomada de medidas correctivas (FRANCO,
1994 Apud VIDAL; SÁ, 2017).
Segundo Paulo (2007), a gestão orçamental deve o seu início por volta dos anos 1900.
A sua evolução comporta três fases que se distinguem, sobretudo, pelas funções que a gestão
orçamental foi desempenhando ao longo do tempo nas organizações.
21
A empresa, sistema técnico-económico (1900-1950)
22
c) A preocupação da empresa passar a ser a satisfação do mercado e inserir o homem
como variável de gestão.
Nesta fase do sistema social, a gestão orçamental adquire uma nova dimensão, tende a ser
cada vez mais utilizada como instrumento de motivação, integração e envolvimento dos
indivíduos.
Finalmente regista-se que a gestão orçamental não se resume a prever e controlar para o
curto prazo, numa perspectiva estática, mas sim prever, decidir, implementar, controlar,
corrigir e reequacionar conforme se evolui no tempo (RODRIGUES; REIS, 2011). A gestão
orçamental pode ser abordada por mais do que uma perspectiva, destacando-se:
A contabilística;
Do planeamento;
Dinâmica.
23
com os planos de diversos horizontes temporais. O orçamento não é um ponto de partida de
um esforço previsional, mas sim o ponto de chegada de um processo de planeamento.
Na abordagem dinâmica, realça que a gestão orçamental não tem como característica
principal constituir um método de gestão previsional voltado para o curto prazo. Considera-se
que existe uma dupla vertente que informa o carácter próprio do processo orçamental.
Uma primeira vertente, que se traduz no vector voluntarista, que tem a ver com o
esforço de conhecimento que está na base da realização de previsões e que se
transforma numa vontade de agir, para se definirem objectivos, planear e controlar;
Uma segunda vertente, que se traduz no vector globalidade, que obriga a que todo
o sistema orçamental forme um conjunto coerente e devidamente compatibilizado
com a concepção sistémica da empresa.
Verifica-se, que apesar das duas abordagens elencarem alguns conceitos diferentes,
elas também assemelham-se ao facto de descreverem a gestão orçamental como um
instrumento que faz com que as previsões sejam realizadas, se definem objectivos a fim de
serem executados, e que os mesmos sejam planeados, organizados, dirigidos e controlados por
um período de tempo determinado.
O orçamento tem assim diversos papéis nas organizações, podendo ser visto como um
instrumento de descentralização, planeamento, motivação, coordenação e avaliação. Segundo
Borges, Rodrigues e Morgado, o orçamento deve ser capaz de:
Estas três fases de planeamento, permitem, segundo Jordan et al. (2003), que o
orçamento tenha consistência e funcione como um verdadeiro instrumento de gestão para
conceber e escolher planos de acção pertinentes, tornando a afectação dos recursos eficientes.
Permite também avaliar a evolução da empresa em relação aos objectivos, servindo para
controlo de desempenho corrente e como sinal de alerta para os gestores.
Por sua vez os objectivos estão dependentes de diversos factores da organização tais
como: a estratégia, a actividade económica e política dos concorrentes. A sua determinação
possibilita aos gestores o conhecimento do que se comprometeram a realizar.
25
Baleiras (2014), refere a necessidade de prestar a devida atenção aos fluxos de caixa e
aos fluxos de compromisso, estando ambos interligados quando uma operação de despesa ou
receita é definida com efeitos de tesouraria no exercício seguinte. A execução orçamental
obedece a leis, procedimentos, regras e convenções existentes em cada Organização púbica ou
privada, devendo ocorrer mediante os parâmetros definidos em legislação ou regulamento
próprio.
26
Comparação dos resultados reais com os valores das provisões contidas no
orçamento, aos diferentes níveis de responsabilidade;
Análise e controlo dos desvios apurados;
Empreendimento de acções.
O controlo deve apurar desvios por diversas causas, pois é indispensável identificar
quais as razões ou factores que estão na sua origem, bem como determinar a sua relevância,
pois só assim será possível tomar acções correctivas e responsabilizar os gestores. Neste
27
sentido, podem se destacar como principais causas de desvios, as seguintes (Rodrigues; Reis,
2011):
Estes elementos podem provocar desvios, que por sua vez, podem resultar tanto de
factores externos (desvios exógenos), como de factores internos (desvios endógenos), pelo
que a responsabilização do gestor será diferente em cada um dos casos.
Para uma correcta e sensata explicação dos desvios, a sua análise poderá ser mparcial e
integra, pois muitas vezes os gestores não gostam admitir que os desvios tenham sido
resultados dos seus erros, tendendo a explicá-los com alguma subjectividade.
Acções correctivas
Os desvios não devem ser vistos como fim de gestão orçamental, mas como meio para
avaliar o desempenho. O conhecimento e o isolamento das causas desses desvios e o saber
explicá-lo em relação ao previsto pode ser mais relevante do que a sua tradução numérica
através de um custo.
28
Em suma, a análise dos desvios representa um importante instrumento de controlo,
uma vez que permite reconhecer as causas e os motivos que estiveram na sua origem.
Possibilita ainda, que na sua presença o gestor haja e implemente acções correctivas e que
surja uma orientação e responsabilização dos gestores.
Assim, os desvios podem ser calculados de duas formas diferentes, conforme apontam
Caiado (2009) e Ferreira et al (2014). Há empresas que calculam e definem os desvios através
da seguinte fórmula:
29
outras. Para Sheldon (apud BETSON; PEDROJA; p.355), ``não há muita diferença entre
gerente da área de saúde, sendo ele médico ou não, e um gerente na indústria``.
Por outo lado, há autores que consideram o sistema de saúde e os serviços de saúde
significativamente diferentes, complexos e de certo modo únicos, se comparados com outros
tipos de organização, em particular as indústrias, o que traz consequências para sua gerência
Segundo Shortell e Kaluzny (p:13), eis as características mais frequentemente mencionadas
sobre os serviços de saúde:
Como se pode notar Sheldon afirma que não existe muita diferença entre gerente da
área de saúde sendo ele médico ou não, ao contrário de Shortell e Kaluzny, que consideram o
sistema de saúde e os seus serviços totalmente diferentes, complexos e únicos, comparados
com outros tipos de organizações e ilustram algumas características que defendem a sua
afirmação.
Ainda segundo Dussault, outro aspecto peculiar aos serviços de saúde é que serviços
de baixa qualidade podem trazer riscos e prejuízos graves para o usuário. Por tanto é preciso
respeitar normas de qualidade, embora as organizações de saúde não possam ser formalizadas
demais, pois os prestadores precisam ter autonomia para adaptar os serviços às necessidades
dos usuários.
Harrow e Willcockes (p.282) citam, de maneira crítica, Kinder, que apresenta uma
visão universal de gerência. ``a gerência é constituída por um conjunto de problemas e
métodos para manejá-los que são comuns a qualquer sector ou actividade organizada``.
Um dos estudos analisados por esses autores sustenta que os gestores do sector público
estão menos sujeitos às forças do mercado do que os gestores do sector privado, mas sofrem
influências externas mais fortes e diversa, além de lidar com os objectivos intangíveis e
vagos.
Motta que também diferencia as organizações públicas, destaca que suas estratégias de
crescimento não se baseiam na competição, nem são administradas por um sistema de ganhos
e perdas no sentido mercadológico. A sua sobrevivência é relativamente garantida
externamente. A estratégia de desenvolvimento baseia-se na concretização de objectos
sociais.
31
1.4.3 Caracterização dos Hospitais
Sousa at al. (2014), destaca ainda que o hospital está sujeito a riscos, e mantém-se em
constante interacção com o ambiente geral. Estes riscos, incertezas e oportunidades advém da
interacção contínua com pessoas e outras organizações.
Jimbalvo et al. (2xxx), assegura que os orçamentos são úteis para o processo de
controlo, pois fornecem uma base para a avaliação de desempenho, sendo essencial para as
organizações, avaliar o desempenho dos gestores e suas responsabilidades operacionais, a fim
de certificar-se de que a organização está bem direccionada e eficiente.
32
1.5 CONTEXTO HOSPITALAR
Os hospitais podem ser classificados sob vários aspectos, desde a dimensão ou porte,
tipo de assistência ou ainda pelo regime de propriedade.
a. Dimensão ou porte
33
Médio porte é o hospital que possui capacidade normal ou de operação de 51 a 150
leitos;
Grande porte é o hospital que possui capacidade normal ou de operação de 151 a
500 leitos,
Hospital de capacidade extra tem acima de 500 leitos.
c. Regime de propriedade
Público: administrado por entidade Governamental, Municipal, Estadual, ou
Federal, dependendo da organização política e administrativa de cada Estado;
Particular: pertencente à pessoa jurídica de direito privado;
Privado sem fins lucrativos: beneficentes ou filantrópicos.
34
CAPÍTULO II: METODOLOGIA E ESTUDO DE CASO
35
Exploratória/estudo de campo: nos aplicaremos em questionários, entrevistas,
observação e análise de documentos, isto em informações particulares que não são possíveis
encontrar nos livros.
36
2.1.6 Técnicas e tipos de amostra
A técnica de amostra será a não aleatória/não probabilística e intencional porque far-
se-á a escolha dos membros, ou seja, os elementos que farão parte do nosso estudo,
considerando a sensibilidade do tema em estudo e os técnicos da área administrativa que
podem responder as questões com clareza.
37
funcionários, corresponde a 1020 indivíduos, agregando a pediatria, maternidade, o próprio
Hospital Geral com bancos interno e externo.
O Hospital Geral de Benguela possui uma infra-estrutura própria com uma extensão de
aproximadamente 14.075m2. Devido a sua dimensão, possui uma variedade de profissionais
em diferentes áreas de especialidades proporcionando uma qualidade nos seus atendimentos
humanizados, o que o torna a principal referência na província e não só. A demora nos
atendimentos de marcações de consultas, fluxo de pacientes faz com que os serviços não
sejam prestados no momento em que o paciente necessita.
Secretariado de Apoio
Gabinete de Apoio
Conselho de Direcção
39
ser adoptados, enquanto instituição pública?
R.6 Nestas situações, os órgãos de direito são chamados a intervir, desde
o SIC, PGR, IGAE ou mesmo o MINFIN através das ferramentas
próprias no Sistema Integrado de Gestão Financeiro do Estado
(SIGFE).
Q.7 De que forma ocorre a prestação de contas dos Hospitais Públicos?
R.7 A prestação de contas é feita mensalmente por meio das Finanças
(Delegação Provincial de Finanças) e do Gabinete Provincial de
Saúde. Anualmente ocorre pela apresentação dos relatórios ao
Tribunal de Contas.
Q.8 Quais são as dificuldades que um gestor hospitalar enfrenta no decorrer da
sua gestão?
R.8 Desde a falta de recursos humanos, sobretudo qualificados,
insuficiência de recursos financeiros para aquisição de
equipamentos, meios e obras de requalificação das nossas
infraestruturas.
Q.9 Quais são as estratégias que um gestor hospitalar usa para dinamizar a sua
gestão?
R.9 São várias, a minimização ou racionalização dos custos,
planificação estratégica e pontual nos recursos, garantia de
melhoria de condições para funcionamento dos técnicos na sua
generalidade.
Q.10 A realização de um plano estratégico do gestor hospitalar diferencia de um
gestor industrial?
R.10 Sim e bastante, uma vez que o gestor hospitalar somente vai
gastando sem retorno. A cada dia tem novos gastos mas o gestor
industrial apesar dos riscos, produz para obter lucros.
Q.11 Pode apresentar diferenças entre a gestão de um hospital público e de um
hospital privado?
R.11 A diferença é que o gestor público não tem lucros, apenas beneficíos
humanos. O gestor privado prima fundalmente pelos lucros do seu
comércio, e os resultados também são benefícios humanos.
Q.12 Quais são os procedimentos de execução orçamental adoptados no HGB?
R.12 Os procedimentos são:
Contratação;
Execução ou recepção dos meios com uma factura ou nota de
entrega;
Planificação e sua aprovação;
Cabimentação da despesa;
Liquidação;
Emissão da Ordem de Saque, validação e autorização.
Q.13 Quais são os principais constrangimentos no processo de execução
orçamental do HGB?
R.13 Os problemas do Sistema SIGFE, a internet, tal como a falta de
pessoal com qualidade e capacidade suficiente para a mesma
execução.
Q.14 De que forma a gestão orçamental contribui para a alocação dos recursos de
forma eficiente no HGB?
40
R.14 Através do portal de serviços do MINFIN e da capacitação do
pessoal para o efeito.
a. Idade
51-60
41-50
31-40
20-30
0 1 2 3 4 5
41
b. Gênero
O gênero é importante para compreender a dinâmica de trabalhos desenvolvidos entre
homens e mulheres na área administrativa do HGB. Os resultados mostram que os inquiridos
foram maioritariamente homens.
17%
Masculino
Feminino
83%
c. Nível académico
O nível acadêmico é fundamental para perceber a qualidade das respostas, e o rigor
necessário para elaboração, execução e controlo orçamental pode ser aferido pelo nível
acadêmico dos indivíduos que participam neste processo de gestão orçamental.
Nível académico
Mestrado
Licenciatura
Bacharel
Técnico Médio
0 1 2 3 4 5
42
Gráfico nº 4: Projecção de despesas e receitas do HGB
Série1 Série2
2. Depois da fixação dos objectivos por meio do orçamento, ainda faz-se alterações aos
mesmos?
43
3. O processo de execução orçamental segue as fases da gestão orçamental?
0
Objectivos Planos de acção Orçamento Todos
Processo de compras
Buscou-se aqui compreender a origem dos processos de compra, se com base nas
projecções do próprio hospital ou a medida das necessidades constatadas a cada período. Tal é
importante porque a elaboração dos orçamentos além da óptica contabilística, agrega também
a óptica de planeamento e dinâmica, como referidos na revisão bibliográfica.
5. Quando as metas estão projectadas, a quem compete garantir a realização das mesmas?
44
Gráfico nº 8: Responsável pela realização das metas projectadas
Funcionários
administrativos
Controlo do
administrador
100%
Da boa gestão
do gestor
50% 50%
De todos os
funcionários
45
Gráfico nº 10: Dificuldades causadas pela falta de orçamentos
4
3
2
1
0
Sim Não Algumas Vezes
Apreciação do cumprimento no
final do período
Satisfatórias
Muito
satisfatorias
100% Não satisfatórias
46
Fonte: elaboração baseada nos dados do questionário
Da análise feita através do gráfico nº 2, verificou-se que dos gêneros inquiridos 17%
são femininos e 83% masculinos. O gráfico nº 1, mostra-nos que a maior parte dos nossos
inquiridos estão num intervalo de 31-40 anos de idade. Sendo por isso, um grupo
maioritariamente homens e jovens. O gráfico nº 3, permite-nos verificar que entre os técnicos
inquiridos, a maior parte tem o nível de licenciatura concluído. Apesar deste dado, entre as
dificuldades observadas no processo de gestão orçamental, mencionou-se a falta de pessoal
qualificado, além da inexistência de recursos para investir em equipamentos de cirurgia e
reabilitação da infraestrutura.
Do gráfico nº 11, nota-se que o HGB tem se baseado em orçamentos passados para a
realização dos actuais. E através do gráfico nº 12, notou-se que apesar das dificuldades
enfrentadas pela organização, a apreciação do cumprimento no final do período tem sido
satisfatória. A prestação de contas, ocorre mensalmente através do Ministério das Finanças, e
anualmente pela submissão dos relatórios financeiros ao Tribunal de Contas para respectiva
apreciação.
48
CONCLUSÃO
49
RECOMENDAÇÃO
Em função dos resultados obtidos no HGB sobre o tema Gestão orçamental nos
Hospitalar Públicos, recomendamos o seguinte:
Que o HGB realize mais sessões de formação para qualificar e capacitar o pessoal, de
modo que estejam a altura dos desafios que o processo de gestão orçamental
apresenta, evitando erros, ou atrasos no momento da sua entrega;
Que o HGB, diminua o número de usuários internos dos serviços de internet que sejam
para trabalho. Caso ela seja necessária para todos, que emigre à um plano com um
custo mais elevado que o actual ou a uma outra operadora que o mercado oferece.
Que os processos de controlo orçamental ocorram frequentemente de em fórum
interno, antes de submete-los as autoridades competentes, de modo a expurgar
eventuais erros por falta de conhecimento, ou mesmo aplicar medidas correctivas a
fraudes antes que sejam consumadas.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIVROS
LUSSIER Robert N., Ana Carla Fonseca REIS e Ademir A. FERREIRA, Fundamentos da
administração, 4ª ed., Editora cengage learning, São Paulo: Brasil, 2011. RODRIGUES
Jorge, e REIS Henrique, Gestão orçamental, 2ª ed., Escola editora, Lisboa, 2011.
TEIXEIRA Sebastião, Gestão das organizações, 3ª ed., Escolar editora, Lisboa, 2013.
MARCONI Marina de Andrade, LAKATOS Eva Maria, Fundamentos de metodologia
científica, 5ª ed., editora Atlas S.A, São Paulo, 2003
DISSERTAÇÕES
CAIADO (2009), Apud Tiago M.C ALMEIDA, Importância do controlo orçamental: um
estudo de caso para uma entidade do sector não lucrativo (ESNL), [Dissertação apresentada].
Lisboa, 2019.
FRANCO (1994), Apud VIDAL Marta, e SÁ, Acompanhamento da execução orçamental nos
hospitais EPE: Caso co centro hospitalar do Baixo vouga, Coimbra, 2017.
GARRISON et al. (2011), JORDAN et al. (2015), Apud Tiago M.C ALMEIDA, Importância
do controlo orçamental: um estudo de caso para uma entidade do sector não lucrativo
(ESNL), [Dissertação apresentada]. Lisboa, 2019.
LUNKES (2003), Apud Ângelo dos Reis MAGALHÃES, Aplicação do orçamento matricial
para a redução de custos de terceirização em uma empresa, [Dissertação apresentada]. São
Paulo: Taubate, 2009.
MARGERIN (1991), Apud VIDAL Marta, e SÁ, Acompanhamento da execução orçamental
nos hospitais EPE: Caso co centro hospitalar do Baixo vouga, Coimbra, 2017.
NASCIMENTO, (2006), Apud Ângelo dos Reis MAGALHÃES, Aplicação do orçamento
matricial para a redução de custos de terceirização em uma empresa, [Dissertação
apresentada]. São Paulo: Taubate, 2009.
ARTUR DE SOUSA, Ciro Gustavo BRAGANÇA, André BRAGA e Luiz Augusto SOARES:
Análise da Avaliação de Desempenho por meio do Orçamento em um Hospital Filantrópico:
Estudo de caso,2014
Cfr: AZEVEDO Creusa da Silva, Gestão Hospitalar: A Visão dos Directores do Hospital
Público do Município do Rio de Janeiro, Brazil,1995
TEIXEIRA Sara da Glória, Gestão Orçamental: Caso da Empresa Sigma, Lisboa,2010,p5-8
51
VIDAL Marta, e SÁ, Acompanhamento da execução orçamental nos hospitais EPE: Caso co
centro hospitalar do Baixo vouga, Coimbra, 2017.
REVISTA
ALMEIDA Alda Maria de, Gestão Hospitalar, V.14, UNISEPE,2012
INTERNET
https://noticias.mmo.co.mz/2021/11/medicos-angolanos-anunciaram-greve-exigindo-
melhores-condiçóes-de-assisténcias.
https//valoreeconomico.co.ao/artigo/proposto-aumento-orçamental-para-a-saude.
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Questionário sobre a Gestão Orçamento de um hospital
Votos de cumprimentos! Domingas Nené Munhica, estudante universitária do curso de
Contabilidade e Administração no Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela. Estou
a realizar um estudo sobre a Gestão Orçamental no Contexto Hospitalar e a vossa colaboração
para o preenchimento deste questionário é de extrema importância para o término da pesquisa,
de salientar que o mesmo é anónimo.
O presente questionário está constituido por perguntas que serão necessários a marcação de X,
e outras de respostas ao critério do colaborador.
1. Como são projectadas as receitas e despesas do hospital?
Trimestralmente ( ) Semestralmente ( ) Anualmente ( )
2. Depois da fixação dos objectivos por meio do orçamento, ainda faz-se alterações dos
mesmos?
Muitas vezes ( ) Poucas vezes ( ) Nunca ( )
7.1.Quais: ______________________________________________________
____________________________________________________________
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9. No final do período orçado como se tem considerado o cumprimento das metas?
Satisfatórias ( ) Muito satisfatórias ( ) Não satisfatórias ( )
10. Gostaria de acrescentar alguma informação sobre o assunto que não foi abordada
durante o presente questionário?
Idade___________________ Sexo_____________________
Escolaridade_________________________ Profissão______________________
Área de formação______________________
Questões da Entrevista
1. Como é elaborado o orçamento de um hospital público?
2. Enquanto uma instituição pública não lucrativa, que mecanismos existem para suprir
os atrasos verificados na alocação de recursos do Estado?
3. O orçamento do HGB depende de recursos fixos ou variáveis?
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4. Qual a periodicidade dos orçamentos?
5. De que forma se procede o controlo na gestão orçamental do HGB?
6. Havendo desvios entre o orçamento e a execução, que procedimentos podem ser
adoptados, enquanto instituição pública?
7. De que forma ocorre a prestação de contas dos Hospitais Públicos?
1. Quais são as dificuldades que um gestor hospitalar enfrenta do decorrer da sua gestão?
2. Quais são as estratégias que um gestor hospitalar usa para dinamizar a sua gestão?
3. A realização de um plano estratégico de um gestor hospitalar diferencia de um gestor
de indústria?
4. Pode apresentar diferenças entre a gestão de um hospital público e de um hospital
privado?
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