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Universidade Rovuma – Niassa

Instituto Superior de Desenvolvimento Rural e Biociências

Disciplinaː Cálculo Integral em ℝ𝑛

Discenteː

Aly Ernesto

Nível 2 - 2024

Docenteː Msc. Abubacar Nurdin

Integrais de superfícies

Integrais de superfícies

Seja 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) uma função definida e contínua sobre a superfície lisa de duas faces S dada pela
função 𝑧 = 𝑧(𝑥, 𝑦), definida e com a primeira derivada contínua num dado domínio D com
fronteira lisa do plano xOy.

Decompondo D em rectângulos 𝐴1 , 𝐴2 , … , 𝐴𝑛 e traçando pelos vértices de cada eixo Oz, as

intersecções dessas paralelas com a superfície S determinam uma decomposição desta em
𝑆1 , 𝑆2 , … , 𝑆𝑛 de áreas respectivamente 𝐴(𝑆1 ), 𝐴(𝑆2 ), … , 𝐴(𝑆𝑛 ).

Escolhendo em cada elemento de superfície 𝑆𝑖 , 𝑖 = 1, 2, 3, … , 𝑛, um ponto arbitrário

(𝑋𝑖∗ , 𝑌𝑖∗ , 𝑍𝑖∗ ) formemos a soma ∑𝑛𝑖=1 𝑓(𝑋𝑖∗ , 𝑌𝑖∗ , 𝑍𝑖∗ )𝐴(𝑆𝑖 ). (1)

Se quando 𝑛 → ∞ de modo que a área 𝐴(𝑆𝑖 ) de cada elemento 𝑆𝑖 , tende para zero, as somas
assim formadas admitirem um limite, a esse limite chama-se o integral de superfície da

função 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) sobre S e representa-se por, ∬𝑆 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆. (2)

 2

Demonstra-se que se S é uma superfície lisa (ou seccionalmente lisa) e 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) é contínua
sobre S, esse limite existe, facto que admitiremos sem demonstração.

Como se 𝛾𝑖 for o ângulo entre a normal a 𝑆𝑖 e a parte positiva OZ, é 𝐴(𝑆𝑖 ) = |sec 𝛾𝑖 |𝐴(𝐴𝑖 )
aproximadamente, a soma (1) pode escrever-se ∑𝑛𝑖=1 𝑓((𝑋𝑖∗ , 𝑌𝑖∗ , 𝑍𝑖∗ )|sec 𝛾𝑖 |𝐴(𝐴𝑖 ) e portanto,

na passagem ao limite vem ∬𝐷 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)|𝑠𝑒𝑐𝛾|𝑑𝐴 = ∬𝐷 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)|𝑠𝑒𝑐𝛾|𝑑𝑥𝑑𝑦 (3), onde,

1 𝜕𝑧 2 𝜕𝑧 2
|𝑠𝑒𝑐𝛾| == √
= 1+( ) +( ) .
⃗|
|𝑛⃗ 𝑘 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Portanto, se 𝑧 = 𝑧(𝑥, 𝑦) possuir as primeiras derivadas parciais contínuas em D, o integral de

superfície (2) pode transformar-se num integral duplo sobre D através da fórmula
𝑑𝑥𝑑𝑦
∬𝑆 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆 = ∬𝐷 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧(𝑥, 𝑦)) |𝑛⃗ 𝑘⃗| . (4)

Se a superfície S for dada na forma 𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 0, então,

2 2 2
√(𝜕𝐹 ) + (𝜕𝐹 ) + (𝜕𝐹 )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 1
|𝑠𝑒𝑐𝛾| = = .
𝜕𝐹 ⃗|
|𝑛⃗ 𝑘
| |
𝜕𝑧

Desta forma,
 3

𝑑𝑥𝑑𝑦
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧(𝑥, 𝑦))
𝐷 ⃗|
|𝑛⃗ 𝑘
𝑆

2 2 2
√(𝜕𝐹 ) + (𝜕𝐹 ) + (𝜕𝐹 )
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
= ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) 𝑑𝑥𝑑𝑦
𝜕𝐹
𝐷 | |
𝜕𝑧

Os resultados anteriores são válidos apenas quando a superfície S é uma superfície que é
intersectada num único ponto por qualquer recta paralela ao eixo OZ. Se não for esse o caso
(como acontece quando S é uma superfície fechada como por exemplo, uma esfera ou um cubo)
então S deverá ser decomposta em partes que estejam nessas condições. Se isso for possível,
então o integral de superfície sobre S define-se como soma dos integrais de superfície dessas
partes.

Na dedução dos resultados anteriores, admitiu-se também que a superfície S se projectou numa
região 𝐷´ do plano xOy, mas é claro que se S se projectar numa região 𝐷´ do plano xOz ou numa
região 𝐷´´ do plano yOz a fórmula (4) se converte em:

𝑑𝑥𝑑𝑧
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧(𝑥, 𝑦))
𝐷´ |𝑛⃗ 𝑗|
𝑆

𝑑𝑦𝑑𝑧
∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑆 = ∬ 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧(𝑥, 𝑦))
𝐷 ´´ |𝑛⃗ 𝑖|
𝑆

Exemplos

1. Sendo S a superfície da parte da esfera 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 4 situada acima do plano xOy,

calcular ∬𝑆 ( 𝑦 2 + 𝑧 2 )𝑑𝑆.

Resolução
A projecção de S sobre o plano xOy é o círculo 𝑥 2 + 𝑦 2 ≤ 4.
 4

Assim,
𝐹(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 − 4 pois 𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 = 4
𝜕𝐹 𝜕𝐹 𝜕𝐹
∇𝐹 = 𝑖+ 𝑗+ ⃗ = 2𝑥𝑖 + 2𝑦𝑗 + 2𝑧𝑘
𝑘 ⃗ = 2(𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘
⃗)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
∇𝐹 ⃗)
2(𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 ⃗)
2(𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘⃗
𝑛⃗ = = = =
|∇𝐹| √(2𝑥)2 + (2𝑦)2 + (2𝑧)2 2√𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2

⃗
𝑥𝑖 + 𝑦𝑗 + 𝑧𝑘 𝑧 𝑧
⃗|=
|𝑛⃗ 𝑘 ⃗ =
𝑘 =
√𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 + 𝑧 2 2

⃗ = 0, 𝑗 𝑘
porque 𝑖 𝑘 ⃗ =0𝑒𝑘
⃗ 𝑘
⃗ =1

𝑑𝑥𝑑𝑦
∬ (𝑦 2 + 𝑧 2 )𝑑𝑆 = ∬ (𝑦 2 + 4 − 𝑥 2 − 𝑦 2 )
𝑆 𝐷 ⃗|
|𝑛⃗ 𝑘
𝑑𝑥𝑑𝑦
= ∬ 2(𝑦 2 + 4 − 𝑥 2 − 𝑦 2 )
𝐷 𝑧
2𝜋
2
2
𝑑𝑥𝑑𝑦 4 − 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃
= 2∬ 4 − 𝑥 ) = 2∫ ∫ 𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃
𝐷 √4 − 𝑥 2 − 𝑦 2 0 √4 − 𝑟 2
0
2𝜋 2 2𝜋 2
4𝑟𝑑𝑟 𝑟 3 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 2 𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃
= 2∫ [∫ − ] = 2∫ [−2√4 − 𝑟 2 | − ∫ 𝑟 2 𝑑𝑟] 𝑑𝜃
0 0 √4 − 𝑟 2 √4 − 𝑟 2 0 0 0 √4 − 𝑟 2
2𝜋 2
2
𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃
= 2∫ [4 − ∫ 𝑟 𝑑𝑟] 𝑑𝜃
0 0 √4 − 𝑟 2

Vamos em separado calcular

2
𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃
∫ 𝑟2 𝑑𝑟
0 √4 − 𝑟 2
pelo método de integração por partes.
 5

Seja: 𝑢 = 𝑟 2 ⟹ 𝑑𝑢 = 2𝑟𝑑𝑟
𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 1
𝑑𝑣 = 𝑑𝑟 ⟹ 𝑣 = − 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 √4 − 𝑟 2
√4 − 𝑟 2 2

Desta forma,
2 2
2
𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃1 2 2 √
2 1 2
∫ 𝑟 𝑑𝑟 = (− 𝑟 𝑐𝑜𝑠 𝜃 4 − 𝑟 ) | + 2𝑐𝑜𝑠 𝜃 ∫ 𝑟√4 − 𝑟 2 𝑑𝑟
2
0 √4 − 𝑟 2 2 0 2 0
1 2 3 2 8
= (− × 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃(4 − 𝑟 2 )2 | = − 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃.
2 3 0 3
Voltando aos cálculos anteriores vem
2𝜋
2𝜋 2
𝑟𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 8 (1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃)𝑑𝜃
= 2∫ [4 − ∫ 𝑟 2 𝑑𝑟] 𝑑𝜃 = 16𝜋 + ∫
0 0 √4 − 𝑟 2 3
0
8 2 1 2𝜋 16 64
= 16𝜋 + ( 𝑢) | − ( 𝑠𝑒𝑛2𝜋) | = 16𝜋 + 𝜋 = 𝜋
3 0 4 0 3 3

2. Calcular o integral ∬𝐷 𝑥 2 𝑧𝑑𝑆 onde S é a porção do cone 𝑧 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 que está entre

os planos 𝑧 = 1 e 𝑧 = 4.

Resolução

Se 𝑧 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 então 𝑧 = √𝑥 2 + 𝑦 2
1º) vamos calcular as derivadas parciais:
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𝜕𝑧 𝑥 𝜕𝑧 𝑦
= 𝑒 =
𝜕𝑥 √𝑥 2 + 𝑦 2 𝜕𝑦 √𝑥 2 + 𝑦 2

2º) Calculemos o integral pedido.

2 2 √𝑥 2
𝜕𝑧 2 𝜕𝑧 2
∬ 𝑥 𝑧𝑑𝑆 = ∬ 𝑥 + 𝑦 2 √( ) + ( ) + 1𝑑𝑥𝑑𝑦
𝑆 𝐷 𝜕𝑥 𝜕𝑦

2 2
2 √𝑥 2
𝑥 𝑦
=∬ 𝑥 + 𝑦 2 √( ) +( ) + 1𝑑𝑥𝑑𝑦
𝐷 √𝑥 2 + 𝑦 2 √𝑥 2 + 𝑦 2

𝑥2 𝑦2
= ∬ 𝑥 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 √ 2 + + 1𝑑𝑥𝑑𝑦
𝐷 𝑥 + 𝑦2 𝑥2 + 𝑦2

= √2 ∬ 𝑥 2 √𝑥 2 + 𝑦 2 𝑑𝑥𝑑𝑦
𝐷
2𝜋 4 2𝜋 4
= √2 ∫ ∫ 𝑟 2 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃𝑟𝑑𝑟𝑑𝜃 = √2 ∫ ∫ 𝑟 4 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃𝑑𝑟𝑑𝜃
0 0 0 0

√2 2𝜋 4 1023√2 2𝜋 1
= ∫ (𝑐𝑜𝑠 2 𝜃𝑟 5 ) | 𝑑𝜃 = ∫ (1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃)𝑑𝜃
5 0 0 5 0 2

1023√2 1 2𝜋 1023√2
= (𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2𝜃) | = 𝜋
10 2 0 5
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Referências bibliográficas

Flemming, Diva Marília; Gonçalves, Mirian Buss (2007). Funções de várias variáveis,
integrais múltiplas, integrais curvilíneas e de superfície. (2ª ed.). Makron Books. São Paulo.

Guidorizzi, Hamilton Luiz. (2002). Um Curso de Cálculo – Vol. 3. (5ª ed.). Editora gen. Brasil.