Apostila Introdução Economia 2024
Apostila Introdução Economia 2024
ECONOMIA
MATERIAL DE ORIENTAÇÃO DE ESTUDO PARA A
DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO À ECONOMIA
MÓDULOS DA 1ª VA
Módulo 01 – Introdução ao Estudo da Ciência Econômica
Módulo 02 – Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
Módulo 03 – Produção e Custos: noções elementares
MÓDULOS DA 2ª VA
Módulo 04 – O Sistema Econômico Capitalista e Medidas de
Atividade Econômica
Módulo 05 – Noções de Teoria Monetária, Crédito, Sistema
Financeiro e Inflação
Módulo 06 – Comércio Internacional
MÓDULOS DA 3ª VA
Módulos: 1, 2, 3, 4, 5 e 6, ou seja, todo o conteúdo do semestre
MÓDULOS DA VA FINAL
Módulos: 1, 2, 3, 4, 5 e 6, ou seja, todo o conteúdo do semestre
INTRODUÇÃO
Lembre-se:
Estudos superficiais às vésperas das provas, provavelmente, não
serão bem sucedidos.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO
A economia é considerada uma ciência social porque estuda a organização e o
funcionamento das sociedades. Assim, pode-se dizer que a Ciência Econômica se ocupa do
comportamento humano, e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na
produção, troca e consumo dos bens e serviços.
3. DIVISÕES DA ECONOMIA
A Economia pode ser dividida em três áreas principais: i) Economia Descritiva; ii) Teoria
Econômica e iii) Economia Aplicada.
i) ECONOMIA DESCRITIVA: estuda fatos particularizados, sem lançar mão da análise
teórica. Ela utiliza, basicamente, dados empíricos e análise comparativa.
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ii) TEORIA ECONÔMICA: analisa, de forma, simplificada, o funcionamento de um
sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo
real, procurando obter as leis que o regulam. Ela se divide em microeconomia e
macroeconomia.
a) Microeconomia: trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias,
preocupando-se com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada
produto individual.
b) Macroeconomia: diz respeito aos grandes agregados nacionais. Estuda o
funcionamento do conjunto da Economia de um país, envolvendo o nível geral dos
preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio,
balanço de pagamentos, etc.
iii) ECONOMIA APLICADA: utiliza a estrutura geral de análise fornecida pela Teoria
Econômica, para explicar as causas e o sentido das ocorrências relatadas pela Economia
Descritiva.
Teoria Econômica
Teoria
Teoria
Macroeconômica
Microeconômica
Analisa o comportamento
Analisa o comportamento
agregado dos agentes
dos agentes econômicos
econômicos
individuais
- Crescimento econômico
- Produtor
- Emprego
- Consumidor
- Distribuição da renda
- Setor
- Inflação
- Uma firma
- Taxa de juros
- Política monetária e fiscal
- Etc.
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4.1. NECESSIDADE HUMANA
Entende-se por necessidade humana a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo do
satisfazê-la. As necessidades podem ser físicas, sociais, individuais, etc.
Não podemos nos esquecer de que as necessidades do ser humano renovam-se dia a dia,
exigindo da sociedade a produção contínua de bens com a finalidade de atendê-las. Além disso, a
perspectiva de elevação do padrão de vida e a evolução tecnológica fazem com que “novas”
necessidades apareçam, o que demonstra que as necessidades humanas são, realmente, ilimitadas.
Essa necessidade ilimitada faz com que nem todas as necessidades humanas possam ser
satisfeitas. E é esse fato que explica a existência da economia. Nesse sentido, cabe ao economista o
estudo do modo de satisfazer, tanto quanto possível, tais necessidades.
Segundo a pirâmide de Marslow, as necessidades obedecem a uma hierarquia:
Necessidades
de
auto-realização
(desenvolvimento
conquista)
Necessidade de estima
(auto-estima, reconheci-
mento, status)
Necessidades Sociais
(relacionamento, amor)
Necessidade Segurança
(defesa, proteção)
Necessidades Fisiológicas
(fome, sede)
As necessidades assumem formas que variam de uma pessoa para outra. A teoria de
motivação de Maslow se baseia nas seguintes preposições:
a) O comportamento humano pode ter mais de uma motivação. O comportamento motivado é uma
espécie de canal pelo qual muitas necessidades podem ser satisfeitas isolada ou simultaneamente.
b) Nenhum comportamento é casual, mas motivado; isto é, orientado para objetivos.
c) As necessidades humanas estão dispostas em uma hierarquia de importância ou de premência:
uma necessidade superior somente se manifesta quando a necessidade inferior (mais premente) foi
satisfeita. Toda necessidade está relacionada com o estado de satisfação ou de insatisfação de outras
necessidades. Uma vez satisfeitas suas necessidades básicas de alimento, vestiário e abrigo, o
homem deseja amigos e torna-se sociável e grupal. Uma vez satisfeitas essas necessidades
aquisitivas, deseja reconhecimento e respeito de seus amigos e realiza sua independência e
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competência. E, satisfeitas essas necessidades de status e auto-estima, passa a buscar a realização de
si mesmo, a liberdade e modos cada vez mais elevados de ajustamento e adaptação.
d) A necessidade inferior (mais premente) monopoliza o comportamento do indivíduo e tende
automaticamente a organizar a mobilização das diversas faculdades do organismo. Assim, as
necessidades mais elevadas (menos prementes) tendem a ficar relegada a um plano secundário.
Apenas quando satisfeitas as necessidades inferiores é que surgem gradativamente as necessidades
mais elevadas.
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Os Serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou
indiretamente a satisfazer as necessidades humanas.
Para a satisfação das necessidades humanas, é necessário produzir bens e serviços. Para isso,
exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados.
Os Fatores de Produção podem ser classificados em três grandes grupos: Terra, Trabalho e
Capital.
1) Terra (ou Recursos Naturais): é o nome dado pelos economistas para designar os recursos
naturais existentes, ou dádivas da natureza, tais como florestas, recursos minerais, recursos
hídricos etc. Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo
utilizado na construção de estradas, casas etc.
2) Trabalho: o fator trabalho refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que
intervêm no processo produtivo. O trabalho é o fator de produção básico. Os trabalhadores se
servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da maquinaria necessária,
transformam-nas até convertê-las em matérias básicas, aptas a outros processos ou bens de
consumo.
3) Capital (ou Bens de Capital): enquanto os Bens de Consumo se orientam para a satisfação direta
das necessidades humanas, os Bens de Capital (ou bens de investimento) não são concebidos
para satisfazer diretamente às necessidades humanas, mas para serem utilizados na produção de
outros bens. Dessa forma, os Bens de Capital irão satisfazer as necessidades futuras, quando
forem utilizados para produção de bens de consumo. Os Bens de Capital incluem todos os
edifícios, todos os tipos de equipamentos e todos os estoques de materiais dos produtores,
incluindo bens parciais ou completamente acabados, e que podem ser utilizados na produção de
bens. Recebem essa denominação porque, nas economias capitalistas, o capital geralmente é de
propriedade privada.
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Famílias: incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia que, no papel de
“consumidores”, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços com o objetivo de atender
as necessidades de consumo. Por outro lado, as famílias, na qualidade de “proprietárias” dos
recursos produtivos, fornecem às empresas os Fatores de Produção – Terra, Trabalho e Capital.
Empresas: são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A
produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos às
famílias.
Governo: inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do
Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes, o governo intervém no
sistema econômico, atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de suas
empresas estatais.
Setor Primário: abrange as produções obtidas dos recursos naturais, como as atividades
agrícolas, pesqueiras, pecuárias e mineração.
Setor Secundário: atividades industriais que transformam matérias-primas em bens finais ou
intermediários, tais como: veículos automotores, materiais de construção, produtos químicos e
farmacêuticos, plásticos, aparelhos eletrodomésticos, tratores etc.
Setor Terciário (ou de serviços): reúne as atividades direcionadas a satisfazer as necessidades de
serviços produtivos que não se transformam em algo material como o comércio, transporte,
bancos, turismo, meios de comunicação, administração pública, etc.
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O ditado popular “quanto mais se tem, mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos
indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, pois, o fato real que enfrenta a economia é que,
em todas as sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser
completamente satisfeitos.
Dessa forma, a escassez força toda sociedade a fazer escolhas na tentativa de resolver três
questões econômicas básicas:
- O que e quanto produzir?
- Como produzir?
- Para quem produzir?
QUAIS bens serão produzidos será decidido pela demanda dos consumidores no mercado. O
dinheiro pago ao vendedor será redistribuído em forma de renda como salários, juros e
dividendos. Assim, fecha-se o círculo. O consumidor sempre procurará maximizar sua utilidade
ou satisfação.
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QUANTO produzir será determinado pela atuação dos consumidores e dos produtores no
mercado com os ajustamentos dados pelo sistema de preço.
COMO produzir é determinado pela concorrência entre os produtores. O método de fabricação
eficiente ou mais barato deslocará o ineficiente ou mais caro, podendo assim o concorrente
sobreviver no mercado produtor. O objetivo do produtor será sempre maximizar o lucro. Está
relacionado ao conceito de eficiência produtiva.
PARA QUEM produzir será determinado pela oferta e procura no mercado de serviços. Está
relacionado à renda (poder aquisitivo). A produção destina-se a quem tem renda para pagar e o
preço é um instrumento de exclusão e limitador de público-alvo.
14
Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área disponível para o
plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de soja, utilizando-se de
toda a sua propriedade para este fim, não poderá plantar milho.
Nesse caso, existem soluções alternativas intermediárias, com a utilização de parte das terras
para o plantio de soja, ficando a fração restante para a cultura de milho. A Tabela 1 apresenta, para
esse exemplo, várias possibilidades de produção de soja e milho.
9.000
Milho (Kg)
A
8.000
B Z
7.000 C
6.000
D
5.000
Y
4.000
E
3.000
2.000
1.000
F
0
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000
Soja (kg)
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A Curva ABCDEF indica todas as possibilidades de produção de milho e soja nessa
economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia irá operar no pleno
emprego, ou seja, à plena capacidade, utilizando todos os fatores de produção disponíveis.
No ponto Y (ou em qualquer outro ponto interno à curva), quando a economia está
produzindo 2.000 quilos de soja e 4.500 quilos de milho, dizemos que se está operando com
capacidade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de produção estão sendo subutilizados.
O ponto Z apresenta uma combinação impossível de produção (4.800 quilos de soja e 7.500
quilos de milho), uma vez que os fatores de produção e a tecnologia de que a economia dispõe
seriam insuficientes para obter essas quantidades de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de
produção potencial ou de pleno emprego dessa economia.
A Curva de Possibilidades de Produção (ou Fronteira de Possibilidades de Produção) nos
mostra todas as combinações possíveis entre milho e soja que podem ser estabelecidas, quando
todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados, ou seja, quando está ocorrendo pleno emprego
de recursos. Como podemos observar no gráfico, a produção de milho implica a produção menor de
soja e vice-versa.
A Curva de Possibilidade de Produção fornece um importante instrumental de análise para as
alternativas de utilização dos recursos disponíveis. Ela demonstra todas as possíveis combinações
que podem ser estabelecidas, quando os recursos produtivos estão sendo plenamente utilizados.
A escolha de qual alternativa será utilizada dependerá fundamentalmente da demanda que a
sociedade tem ou terá pelos bens a serem produzidos. Como os recursos produtivos são limitados
(terra, força de trabalho, financeiro, capital físico – ex: maquinário – tecnologia, etc.), ao se optar
por produzir mais unidades de um bem (milho), terá que haver redução na produção do outro bem
(soja).
7. CUSTO DE OPORTUNIDADE
No exemplo anterior, se a fazenda estiver usando eficientemente seus recursos (o que indica
uma situação de pleno emprego), um aumento na produção de soja somente ocorrerá mediante uma
diminuição na produção de milho. Assim, o custo de um produto poderá ser expresso em termos da
quantidade sacrificada do outro.
A Tabela 2 apresenta o custo de oportunidade da produção de soja, ou seja, qual a
quantidade de milho que deixa de ser produzida, ou sacrificada, para aumentar a produção de soja
em 1.000 quilos.
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Tabela 2: Custo de Oportunidade em uma Fazenda
Alternativas de Combinações de Produção Custo de
Produção Soja (em quilos) Milho (em quilos) Oportunidade*
A 0 8.000
B 1.000 7.500 500
C 2.000 6.500 1.000
D 3.000 5.000 1.500
E 4.000 3.000 2.000
F 5.000 0 3.000
* Quantidade de milho que não deve ser produzida para obter-se 1.000 quilos adicionais de
soja
a) Pleno Desemprego: ocorre quando a demanda está muito abaixo da situação de pleno emprego e
a economia não estaria produzindo nada. É um ponto improvável avaliado pelo ponto de vista da
economia como um todo, pois a economia pode não estar utilizando a totalidade dos recursos
produtivos, mas em hipótese alguma ela deixará de produzir alguma coisa;
b) Capacidade Ociosa: significa que o nível de produção praticado está abaixo da real capacidade
de produção da economia ou da firma. Neste ponto, não há custo de oportunidade, porque não há
sacrifício algum para se produzir mais ambos os bens. Os recursos de produção não estão
plenamente ocupados;
c) Pleno Emprego (eficiência produtiva): quando a produção utiliza plenamente os recursos
produtivos disponíveis. Situação em que todos os recursos disponíveis estão sendo plenamente
utilizados, ou seja, não existe capacidade ociosa das atividades produtivas. È considerada a fronteira
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da produção, além da qual não se consegue produzir maiores quantidades de bens e serviços com os
recursos disponíveis num dado período de tempo. Limite máximo da eficiência;
d) Além do Pleno Emprego (expansão das fronteiras de produção): é um ponto inatingível quando
a produção necessária para atingi-lo está acima da real capacidade de produção da economia, com
os recursos e os fatores disponíveis, num dado período de tempo. Só irá ser atingido se ocorrerem
investimentos, ou seja, quando mais tecnologia for introduzida no processo produtivo. Uma outra
possibilidade é que, quando houver mais recursos financeiros para investir ou adquirir novos
equipamentos, a capacidade de produção será alterada, ou seja, haverá a possibilidade de produzir
bens num novo patamar de maximização. Há um deslocamento da curva para direita. Quanto maior
a disponibilidade de recursos produtivos na economia, mais afastada da origem a curva estará. Tal
ponto é atingido através de aumento na quantidade do fator capital, da força de trabalho, progresso
tecnológico, dentre outros.
Capacidade
ociosa
Pleno
Desemprego Bem X
O deslocamento da Curva de Possibilidade de Produção para a direita indica que o país está
crescendo. Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física
de fatores de produção como em função de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que
pode ocorrer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das
empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Desse modo, a expansão dos recursos
de produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a curva
de possibilidade de produção para cima e para a direita, permitindo que a economia obtenha
maiores quantidades de todos os bens.
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LISTA DE QUESTÕES
Módulo 01 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
QUESTÕES TEÓRICAS
1 – Qual é o objeto de estudo da ciência econômica?
2 – O que diferencia a micro e macroeconomia?
3 – Quais são os agentes econômicos que são objetos da análise da micro e da macroeconomia?
4 – Qual é o problema econômico de qualquer nação?
5 – O que é a escassez e por que ela existe?
6 – Qual a diferença entre escassez e pobreza?
7 – Que tipo de necessidade se pode satisfazer primeiro?
8 – O que são os bens de consumo e os bens de capital?
9 – Os bens de capital satisfazem diretamente as necessidades humanas? Explique.
10 – Quais os setores da atividade econômica que participam da geração da riqueza em uma nação?
Enumere, para cada setor, os diferentes tipos de produção.
11 – Quais são os três fatores produtivos tradicionais? Explique cada um deles.
12 – Quais são as três questões fundamentais que uma nação tem que responder devido ao problema
da escassez? A que se refere cada questão?
13 – Que tipo de decisão uma economia está tomando quando tenta responder as três questões
fundamentais?
14 – Explique: como os problemas econômicos fundamentais (tríade) originam-se da escassez de
recursos de produção?
15 – O conceito de custo de oportunidade implica a necessidade de escolha? Explique.
16 – O que mostra a curva de possibilidade de produção? Qual a sua importância para o sistema
econômico?
QUESTÕES PRÁTICAS
17 – São diversos os tipos de bens. Eles podem ser classificados pela sua disponibilidade (bem livre
ou econômico), pela sua forma de utilização (bem intermediário ou final) ou pelo seu uso (bem de
consumo ou de capital). Como poderiam ser classificados os bens abaixo, de acordo com os três
tipos de classificação apresentada?
a) Um computador utilizado em um escritório de advocacia
b) Um automóvel de passeio de uso exclusivo do proprietário
c) Á água utilizada em um bloco residencial
d) O edifício que abriga uma fábrica de calçados
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18 – Um presente de aniversário é um exemplo de bem livre? Explique.
19 – “Um show dos Rolling Stones é um bem público quando realizado na praia de Copacabana e
um bem privado quando realizado no Maracanã”. Diga se concorda ou não com a afirmativa e
explique.
20 – Em que consiste a diferença entre bem intermediário e bem final? Imagine uma fábrica da
Peugeot em qualquer lugar do mundo e explique por que não se poderia classificar a maquinaria que
monta o modelo 307, por exemplo, como bens intermediários. Explique também se o automóvel
produzido por tal fábrica consistirá em um bem de capital, um bem de consumo, em ambos ou em
nenhum deles.
21 – Será que, no passado, existiu alguma nação que conseguiu resolver o problema da escassez?
Atualmente, existe alguma nação que consegue resolver esse problema? E no futuro, será que
alguma nação conseguirá resolver esta questão? Qual sua opinião? Justifique.
22 – O custo de oportunidade de uma decisão ou de uma alternativa pode ser definido como “aquilo
que é necessário sacrificar para adotá-la”. Nesse sentido, qual seria o custo de oportunidade (do
ponto de vista de um aluno da UAG, matriculado em um curso diurno) das seguintes decisões ou
situações:
a) Aceitar um emprego que envolve trabalhar de 10 da manhã às 5 da tarde.
b) Matricular-se em curso de inglês no horário noturno.
c) Poupar 50 % de seu ordenado, bolsa ou mesada.
23 – Suponha que Clériston ganhe R$300,00 por mês, e que seu consumo se restringe a livros e
sanduíches. Os livros custam R$ 30,00 e os sanduíches, R$ 5,00.
a) Represente, em um gráfico, a linha de possibilidades de consumo (LPC) de Clériston,
indicando corretamente o que é medido em cada um dos eixos.
b) Explique a hipótese do comportamento “maximizador”, e como ela garante que a
combinação de livros e sanduíches que Clériston escolherá será representada por um ponto
sobre sua LPC (e não por um ponto abaixo ou acima dessa linha).
c) Qual o custo de oportunidade de 1 livro para Clériston?
24 – Ocorrendo deslocamentos na CPP – Curvas de Possibilidade de Produção de um País, o que
podemos afirmar se:
a) o deslocamento for para direita
b) o deslocamento for para esquerda.
25 – Um ponto situado numa representação gráfica da Curva de Possibilidade de Produção à
esquerda (abaixo) da linha, representa que tipo de uso dos fatores de produção existentes?
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QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
26 – O problema fundamental com o qual a Economia se preocupa é:
a) A pobreza.
b) O controle dos bens produzidos.
c) A escassez.
d) A taxação daqueles que recebem toda e qualquer espécie de renda.
e) A estrutura de mercado de uma economia.
27 – Os três problemas econômicos relativos a “o quê”, “como”, e “para quem” produzir existem:
a) Apenas nas sociedades de planejamento centralizado.
b) Apenas nas sociedades de “livre empresa” ou capitalistas, nas quais o problema da escolha é
mais agudo.
c) Em todas as sociedades, não importando seu grau de desenvolvimento ou sua forma de
organização política.
d) Apenas nas sociedades “subdesenvolvidas”, uma vez que desenvolvimento é, em grande parte,
enfrentar esses três problemas.
e) Todas as respostas anteriores estão corretas.
28 – A “Curva de Possibilidades de Produção” é utilizada nos manuais de economia para ilustrar
um dos problemas fundamentais do sistema econômico: por um lado, os recursos são limitados
(escassez) e não podem satisfazer a todas as necessidades ou desejos; por outro, é necessário
realizar escolhas. Essa curva, quando construída para dois bens, mostra:
a) Os desejos dos indivíduos perante a produção total desses dois bens.
b) A quantidade total produzida desses dois bens em função do emprego total da mão-de-obra.
c) A quantidade disponível desses dois bens em função das necessidades dos indivíduos dessa
sociedade.
d) Quanto se pode produzir dos bens com as quantidades de trabalho, capital e terra existentes e
com determinada tecnologia.
e) A impossibilidade de atender às necessidades dessa sociedade, visto que os recursos são
escassos.
29 – Em uma economia de mercado, os problemas do “o quê”, “quanto”, “como” e “para quem”
deve ser produzido são resolvidos:
a) Pelos representantes do povo, eleitos por meio do voto.
b) Pelos preços dos serviços econômicos.
c) Pelo mecanismo de preços.
d) Pelos preços dos recursos econômicos.
e) Pela quantidade dos fatores produtivos.
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MÓDULO 02 - DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO
1. INTRODUÇÃO
A microeconomia, ou teoria dos preços, analisa a formação de preços no mercado, ou seja,
como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual vai ser o preço e a quantidade de
determinado bem ou serviço em mercados específicos. O princípio básico é que, por um lado, as
famílias escolhem o que comprar visando maximizar a utilidade, e, por outro lado, as empresas
decidem o que produzir visando maximizar os lucros.
A combinação das quantidades de fatores de produção, bens e/ou serviços que os
consumidores estariam dispostos a adquirir são geralmente infinitas e ilimitadas, enquanto as
quantidades desses elementos que os empresários teriam condições de vender se traduzem sempre
em uma oferta finita e limitada, em face da escassez dos recursos produtivos. A oferta finita e
limitada impõe a determinação de um denominador comum, que nada mais será do que o preço.
A determinação deste preço, que dependerá muito da estrutura econômica e mercadológica
envolvida, é uma tarefa a que se propõe a microeconomia ao estudar a questão, tanto no âmbito dos
fatores de produção como no caso dos bens e/ou serviços.
Em suma, estudar microeconomia é compreender qualitativamente o modo pelo qual a
quantidade e o preço de mercado são determinados e de como eles variam ao longo do tempo.
Portanto, para entender microeconomia, é preciso compreender o estudo do comportamento das
curvas da Oferta e da Demanda.
As curvas de oferta e demanda nos informam a quantidade que deverá ser produzida pelas
empresas e a quantidade que será demandada pelos consumidores em função dos preços.
3. DEMANDA
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de determinado bem ou
serviço que os consumidores desejam adquirir, num dado período de tempo.
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Na teoria da demanda, o comportamento do consumidor pode ser analisado de acordo com
as:
a) preferências do consumidor: as pessoas podem preferir uma mercadoria à outra;
b) restrições orçamentárias: os consumidores têm renda limitada, o que restringe as quantidades de
mercadorias que podem adquirir.
De uma maneira geral, os consumidores analisam em conjunto as preferências e as restrições
orçamentárias visando maximizar sua satisfação. Como exemplo, poderíamos imaginar uma pessoa
em um restaurante. Diversos são os fatores que vão influenciar na sua escolha. O cliente, recebendo
o cardápio, olha as opções de prato e os preços. A escolha do prato, na maioria das vezes, vai levar
em consideração o gosto do cliente e o preço dos outros pratos.
A reação típica dos consumidores aos preços pode ser explicada por três razões. A primeira
é que os preços constituem uma espécie de obstáculo para os consumidores: quanto mais alto o
preço, menor será o número de consumidores dispostos e aptos a adquirir o bem e ou serviço. Por
outro lado, os preços mais baixos representam um obstáculo menor, aumentando,
conseqüentemente, as quantidades procuradas pelos consumidores.
A segunda razão é o efeito substituição: quando o preço de um determinado produto
aumenta, permanecendo invariáveis os preços de seus sucedâneos, os consumidores tendem a
substituí-lo, reduzindo as quantidades procuradas.
Por fim, a terceira razão tem a ver com o conceito de utilidade marginal – que é a
satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem. A utilidade
marginal é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade
proporcionada por mais uma unidade do bem, chegando à saturação.
O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade
marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão
elevado? Ocorre que a água tem baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por
ser escasso, tem grande utilidade marginal.
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, como por exemplo:
Preço do bem Fatores climáticos e sazonais
Renda Propaganda
Preço dos outros bens Facilidades de crédito
Riqueza (patrimônio) Expectativas sobre o futuro
Hábitos, gostos, preferências dos consumidores
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3.1. RELAÇÃO ENTRE A QUANTIDADE DEMANDADA E PREÇO DO (PRÓPRIO)
BEM: Lei Geral da Demanda
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura (Figura 1).
Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços (P), e
no horizontal as quantidades demandadas ou transacionadas. Assim:
Preço Unitário ($)
6,5
6
5,5
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000
Quantidades Demandadas (unidades-ano)
Bem de Giffen: é o bem cuja demanda diminui quando seu preço cai. Geralmente é um bem
inferior com grande peso nos gastos dos consumidores. Ex: passagem de ônibus.
Essa classe de bens recebe esse nome em homenagem a Sir Robert Giffen, que foi citado no
século XIX por Alfred Marshall como o criador da idéia. Giffen imaginou uma família muito pobre,
que sua renda fosse de 100 unidades monetárias e era suficiente apenas para consumir arroz durante
o mês. Uma queda no preço do arroz faz com que esta família não consuma mais arroz, pois eles já
estavam saturados deste produto e darão preferência a outro produto. Sendo assim, a demanda é
diretamente proporcional ao preço, e não inversamente, como na maioria dos casos.
Bem normal: é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta a renda;
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Bem inferior: é aquele cuja quantidade demandada diminui quando aumenta a renda. Os bens
inferiores, geralmente, são bens para os quais há alternativas de maior qualidade. Ex. carne de
segunda, roupas de baixa qualidade, transporte coletivo, etc.
Dentre os bens normais, cabe distinguir os bens de luxo e os bens de primeira necessidade.
Bem de primeira necessidade: é aquele quando, ao aumentar a renda, a quantidade
demanda do bem aumenta em menor proporção. Ex. açúcar, arroz, pão. Nesses exemplos, o
consumo está saciado, por isso não ocorre um aumento do consumo;
Bem de luxo: é aquele quando, ao aumentar a renda, a quantidade demanda do bem
aumenta em maior proporção. Ex. celulares, televisão, computadores, etc.
A quantidade demandada de um bem depende das variações dos preços dos bens
relacionados a ele. Essa relação entre a quantidade demandada de um bem ou serviço com os preços
de outros bens dá origem a dois conceitos importantes: bens substitutos e bens complementares.
Matematicamente, Dx = f (Ps, Pc), tudo o mais permanecendo constante. Ps é o preço dos
bens substitutos e Pc o preço dos bens complementares. Para esta função, não há uma relação geral:
o aumento do preço do bem X poderá aumentar ou reduzir a demanda do bem Y. A reação depende
do tipo de relação existente entre os dois bens.
Bens substitutos ou concorrentes (ou ainda sucedâneos): trata-se de dois bens que, se ocorrer um
aumento (ou redução) no preço de um deles, vai ocasionar um aumento (ou redução) na
quantidade demandada do outro, mantendo constante o nível de satisfação. O consumo de um
pode substituir o consumo do outro, pois ambos atenderão a mesma necessidade do indivíduo.
Esses bens são rivais no consumo, isto é, possuem características ou finalidades semelhantes.
Ex. transporte rodoviário e avião, manteiga e margarina, refrigerante e suco de frutas, carne de
frango e carne bovina, adubos químicos e adubos orgânicos, etc.
Bens complementares: são bens que, quando houver aumento (ou redução) do preço de um
deles (bem X), vai ocasionar uma queda (ou aumento) na quantidade demandada do bem Y. São
aqueles que, em geral, são consumidos conjuntamente, quando a satisfação ou a utilidade do uso
ou consumo de um bem pode ser ampliada pelo uso ou consumo de outro bem. Ex: preço dos
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aparelhos de DVD e quantidade de DVD; sapatos e cadarços; quantidade de automóvel e preço
da gasolina.
4. OFERTA
27
Tabela 2. Escala de oferta
Quantidades Ofertadas
Preços Unitários ($)
(unidades-ano)
2,0 6.000
2,5 7.000
3,0 8.000
3,5 9.000
4,0 10.000
4,5 11.000
5,0 12.000
5,5 13.000
6,0 14.000
Preço ($)
0
6.000 7.000 8.000 9.000 10.000 11.000 12.000 13.000 14.000
Quantidades ofertadas
(mil unidades ano)
28
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada por muitos fatores, como:
Preço dos fatores de produção Objetivos da empresa
Preços dos outros bens Concorrência
Alterações tecnológicas
A oferta de um bem depende dos preços dos fatores de produção. De fato, o preço de
fatores, como insumos, salário e da tecnologia empregada, determina o custo de produção. Nesse
sentido, havendo um aumento do preço do fator de produção, isso aumentaria o custo e
desestimularia a produção, ou seja, vai ocorrer uma retração da oferta.
Dessa forma, os bens que, para serem produzidos, empregam grandes quantidades deste
fator sofrerão aumentos significativos, enquanto aqueles que empregam pouco sofrerão menos. Ex:
o preço da terra para o agricultor tem significativa importância para o produtor, enquanto que outros
setores que utilizam menos esse fator sofrerão um impacto menor.
5 – EQUILIBRIO DE MERCADO
O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta quanto pela procura.
A situação de equilíbrio ocorrerá quando os interesses dos produtores coincidirem com os dos
consumidores. Tais interesses serão revelados por uma escala de preços sobre a qual os produtores e
os consumidores farão suas avaliações de compras e vendas. Dessa forma, a ação simultânea da
oferta de bens e serviços e da demanda por esses bens e serviços irá determinar um preço e uma
quantidade de equilíbrio numa economia de mercado.
29
O equilíbrio de mercado é atingido quando, a determinado preço, todos os consumidores
dispostos a comprar, bem como todos os produtores dispostos a vender, atingem seu objetivo.
A Tabela 3 representa a oferta e a demanda de um bem X.
A posição de equilíbrio é dada pela intersecção das curvas de demanda e oferta (Figura 3).
No ponto de intersecção, define-se o ponto de equilíbrio.
Os deslocamentos das curvas de procura e da oferta, a não ser que sejam simultâneos no
tempo e rigorosamente proporcionais, modificam os preços em equilíbrio, jogando-os para mais ou
para menos. Em resposta a deslocamentos para mais ou para menos das curvas de procura e de
oferta, ocorrem quatro hipóteses de movimento dos preços.
$ D0 D1 O
Expansão da procura, mantendo-se inalterada
a oferta: aumentarão, ao mesmo tempo, as
E’
quantidades transacionadas e os preços.
E P($)=
QT =
QT
QT
$ D O0 O1
Expansão da oferta, mantendo-se inalterada a
procura: maiores quantidades serão
E transacionadas a preços mais baixos.
E’ P($)=
QT =
QT
$ D O1 O0
Redução da oferta, mantendo-se inalterada a
procura: menores quantidades serão
E’ transacionadas a preços mais altos.
E P($)=
QT =
QT
32
7. CONCEITO DE ELASTICIDADE
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação as variáveis dos preços e da
renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de elasticidade.
Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma variável quando
ocorrem alterações em outra variável, coeteris paribus.
A elasticidade é um conceito econômico que pode ser objeto de cálculo a partir de dados do
mundo real, permitindo-se, desse modo, o confronto das proposições da teoria econômica com os
dados da realidade.
Para determinados produtos, uma pequena alteração no preço pode provocar alterações
bastante acentuadas nas quantidades procuradas. Para outros, pode ocorrer exatamente o inverso, ou
seja, alterações muito acentuadas nos preços não são capazes de provocar grandes modificações nas
quantidades procuradas. E há casos em que as variações preços-quantidades são rigorosamente
proporcionais.
Para calcular a elasticidade da demanda (Ep), pode-se utilizar a seguinte expressão:
Variação percentual ∆Q x 100
Elasticidade da = da quantidade demandada Q________
demanda Variação percentual ∆P x 100
do preço P
A seguir, aplicaremos essa fórmula para calcular a elasticidade da demanda de três empresas
que vendem chicletes.
33
Caso 02 – Elasticidade da demanda na Empresa PNT
Preço unitário dos Quantidade demanda Variação percentual Variação percentual Elasticidade da
chicletes ($) (milhares de da quantidade do preço demanda
(P) unidades) demandada (∆P/P x100) (Ep)
(Q) (∆Q/Q x100)
5 100 10/100 x 100 1/5 x 100
10/20 = 0,5
4 110 = 10 = 20
Demanda Elástica: a variação da quantidade demandada supera a variação do preço. [Ep] > 1.
Os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a eventuais
variações de preços. Em caso de aumento de preços, ocorre uma diminuição do consumo. Por outro
lado, quando há diminuição do preço de mercado, o consumo aumenta.
Exemplo do Caso 1: [Ep] = 2
Nesse caso, uma queda de 40% nos preços, a quantidade demandada aumenta em 80%.
Demanda Inelástica: a expansão relativa das quantidades procuradas é menos do que proporcional
á redução relativa dos preços. [Ep] < 1.
Exemplo do Caso 2: [Ep] = 0,5
Nesse exemplo, a redução de 20% nos preços, provoca um aumento de apenas 10% nas quantidades
procuradas. Os consumidores desse produto reagem pouco às variações dos preços, isto é, possuem
baixa sensibilidade ao que acontece com os preços de mercado.
34
Demanda de Elasticidade unitária: a expansão relativa das quantidades procuradas é
rigorosamente proporcional à redução relativa dos preços. [Ep] = 1.
Exemplo do Caso 3: [Ep] = 1,0
A redução de 33% nos preços, nesse exemplo, provoca um aumento de exatamente 33% nas
quantidades procuradas.
Casos extremos:
Demanda perfeitamente inelástica: $
Demanda
sua elasticidade é zero, quando, ao variar o perfeitamente
preço, a demanda não mostrar nenhuma resposta inelásitica
na quantidade demandada.
QT
QT
35
7.1.2. FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA
DEMANDA
Afinal, o que faz com que alguns bens tenham demanda elástica ou inelástica, isto é, que
fatores explicam os valores obtidos para a elasticidade-preço da demanda?
Os principais fatores que influenciam a elasticidade-preço da procura são:
Essencialidade do bem; Periodicidade de aquisição;
Disponibilidade de bens substitutos; Importância no orçamento.
36
elasticidade, tornando a procura inelástica, ou seja, com coeficientes inferiores a um; b)
produto com alta importância no orçamento, alta elasticidade-preço, tornando a procura
elástica, com coeficientes superiores a um. Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de
carne tende a ser mais elevada que a de fósforos, já que o consumidor gasta uma parcela maior
de seu orçamento com carne do que com fósforos. Já o sal de cozinha aparece de novo como
produto de baixa elasticidade-preço devido à baixa importância no orçamento.
A receita total do produtor, que equivale ao gasto total dos consumidores, para uma dada
mercadoria é igual à quantidade vendida vezes seu preço unitário de venda.
RT = P x Q
Em que:
RT = receita total P = preço Q= quantidade vendida.
Dada uma variação no preço do produto, o que acontecerá com a receita total do produtor?
Tal resposta dependerá da reação dos consumidores, isto é, do grau de elasticidade-preço da
demanda. Dessa forma, podem ocorrer três possibilidades:
demanda elástica: a redução no preço do bem tenderá a aumentar a receita total, pois o
aumento percentual na quantidade vendida será maior do que a redução percentual do preço,
pois trata-se de um mercado em que os consumidores têm demanda bastante sensível aos
preços. Da mesma forma, um aumento de preço provocará redução da receita total;
demanda inelástica: o raciocínio é inverso – aumento de preço provoca aumento da receita
total, e redução de preço provoca diminuição da receita total;
demanda elástica unitária: aumento ou redução no preço não afetam a receita total, já que o
percentual de variação no preço corresponde a igual percentual da variação na quantidade (em
sentido contrário).
O Quadro 2, a seguir, apresenta uma síntese das variações esperadas na receita total em
decorrência das diferentes elasticidades-preço da demanda.
37
Quadro 2. Variações esperadas na receita total em face das diferentes elasticidades-preço da
demanda.
Elasticidade-Preço Quando o preço de mercado sobe Quando o preço de mercado cai
Elástica RT cai RT sobe
Inelástica RT sobe RT cai
Unitária RT inalterada RT inalterada
Isso explica, por exemplo, o que ocorre com mercados agrícolas. Via de regra, a demanda
por alimentos é inelástica, dada a sua essencialidade. Ou seja, a variação da quantidade demandada
é menor do que a variação de preço. Assim, se a produção for reduzida, ela será compensada por
uma variação de preços proporcionalmente mais elevada, o que representará um aumento de seu
faturamento. Isso explica por que, muitas vezes, o produtor agrícola prefere até destruir parte de sua
produção para manter os preços.
Evidentemente, essa possibilidade tem um limite, pois se poderia imaginar que, sempre que
a demanda é inelástica, é vantajoso aumentar os preços dos produtos de forma indefinida.
Entretanto, vimos que um dos fatores que determinam o valor da elasticidade-preço é o peso do
bem no orçamento do consumidor. Então, quando se eleva o preço de mercado, o gasto com o bem
aumenta, e o consumidor passa a ser cada vez mais sensível às variações de preços desse produto,
tornando a demanda cada vez mais elástica.
A Tabela 4 apresenta estimativa da elasticidade-preço da procura (Ep) para alguns produtos
no Brasil e nos Estados Unidos.
38
7.2. ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (ER) mede a variação percentual da
quantidade da mercadoria comprada resultante de uma variação percentual na renda do consumidor,
coeteris paribus.
ER = variação percentual na quantidade demandada
variação percentual na renda do consumidor
39
Tabela 5 – Estimativas de Elasticidades-renda (ER) para produtos selecionados no Brasil e nos
Estados Unidos
Elasticidade-renda
Produtos
Brasil EUA
Açúcar 0,04 -
Arroz 0,6 -
Banana 0,33 -
Bens duráveis 1,20 2,20
Café 0,45 -
Carne bovina 0,99 0,47
Carne suína 0,79 0,15
Farinha de mandioca - 0,33 -
Farinha de milho - 0,14 -
Farinha de trigo 0,32 0,35
Feijão 0,20 - 0,49
Fumo 0,60 1,02
Laranja 0,56 0,26
Leite 0,58 0,16
Maça - 0,14
Manteiga - - 0,42
Mandioca - 0,60 -
Margarina - 0,2
Ovos 1,00 0,16
Peixe 0,40 - 0,04
Queijo - 0,45
Restaurantes - 1,48
Roupas - 2,01
Alimentos 0,30 0,15
Não alimentos - 1,22
Fonte: IBE/FGV; Thomas, Strauss e Barbosa (1991)
8. ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
O mesmo raciocínio utilizado para a demanda também se aplica à oferta. Uma curva típica
de oferta mostra que uma alteração para mais no nível dos preços provoca uma alteração também
para mais nas quantidades ofertadas. Porém, não há razão para supor que, para quaisquer bens e
serviços, as quantidades ofertadas sejam igualmente sensíveis às variações nos preços. Na realidade,
40
também no caso da oferta, há diferentes graus possíveis de sensibilidade dos produtores aos preços,
conduzindo a diferentes coeficientes de elasticidade-preço.
Esses diferentes graus de sensibilidade podem ser quantificados através do conceito formal
de elasticidade-preço da oferta.
Oferta Elástica: a expansão relativa das quantidades ofertadas é mais do que proporcional à
expansão relativa dos preços. [Epo] >1
Oferta Inelástica: a expansão relativa das quantidades ofertadas é menos do que proporcional à
expansão relativa dos preços. [Epo] < 1
Quadro 4. Significado e valor do coeficiente dos diferentes conceitos de elasticidade preço da oferta
Oferta Elástica As quantidades ofertadas são relativamente sensíveis à Epo > [1]
alteração nos preços
41
Disponibilidade de fatores: embora os produtores possam sensibilizar-se com as variações para
mais nos preços dos produtos, dispondo-se a produzir mais, eles podem encontrar diferentes
graus de dificuldade para expandir a produção, em função da disponibilidade dos fatores
produtivos, naturais, humanos e de capital. Ocorrendo flexibilidade na oferta de fatores, ou
então ociosidade, as quantidades ofertadas podem ser aumentadas, no caso de estimulação via
preços. Mas em situações de pleno emprego ou de oferta inflexível a capacidade de oferta torna-
se inelástica, por mais que os produtores se encontrem estimulados.
Um dos casos clássicos é o da oferta de água mineral: a vazão da nascente é determinada
e quantitativamente limitada. Isso pode configurar até casos de anelasticidade da oferta. A
geração de energia por hidroelétricas é outro exemplo clássico. Embora as usinas possam
regular a produção para mais ou para menos, as tarifas são menos relevantes que a
disponibilidade de água nos reservatórios.
9. ESTRUTURAS DE MERCADO
Vimos nos tópicos anteriores quais são variáveis que afetam a demanda e a oferta de bens e
serviços, e como são determinados os preços, supondo que, sem interferências, o mercado
automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura
específica de mercado: a de concorrência perfeita. Discutiremos, nesse tópico, mais detalhadamente
essa e outras formas de mercado.
As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de três
características:
1) Número de empresas e de compradores que compõem esse mercado;
2) Tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados);
3) Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado.
42
9.1. CONCORRÊNCIA PERFEITA
43
9.2. MONOPÓLIO
Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características,
exige elevado volume de capital. As empresas já instaladas operam com grandes plantas
industriais, com elevadas economias de escala e custos unitários bastante baixos, o que
possibilita a cobrança de preços relativamente baixos por seu produto, o que acaba sendo uma
grande barreira para a entrada de novos concorrentes;
Patentes: a concessão de uma patente também gera uma situação monopolística, de caráter
temporal. A patente confere ao inventor o direito de fabricação exclusiva de um produto
durante um período de tempo. Dessa forma, enquanto a patente não cai em domínio público, a
empresa é a única que detém a tecnologia apropriada para produzir aquele determinado bem;
Controle de matérias-primas básicas: é o controle exclusivo de um fator produtivo por uma
empresa ou o domínio das fontes mais importantes de matéria-prima indispensáveis para a
produção de um determinado bem. Assim, uma empresa que controla minas de bauxita para
empresas produtoras de alumínio atuará de forma monopolística;
44
Monopólio institucional ou estatal: O controle estatal de setores considerados estratégicos ou
de segurança nacional (por exemplo, energia, comunicações e petróleo). Isso ocorreu e ainda
ocorre com muitos desses setores no Brasil e no mundo.
É importante ressaltar que o monopólio “puro” é uma construção teórica, porque, na prática,
ele não existe.
Quando uma indústria se monopoliza, o preço de venda será maior que o preço de mercado
em concorrência perfeita, e o nível de produção inferior. Portanto, a empresa monopolística obterá,
em geral, lucros maiores que em concorrência perfeita. Assim, os consumidores serão prejudicados
ao pagar um preço superior pelo bem.
Devido a esses problemas, os governos podem estabelecer políticas reguladoras em relação
ao monopólio, com o objetivo de proteger os consumidores e as empresas concorrentes.
As alternativas de regulação do monopólio são:
a) Dividir o monopólio em duas ou três empresas;
b) Impedir que se formem monopólios;
c) Regular os monopólios existentes, através das seguintes ações:
Deixar os monopólios funcionarem com uma regulação mínima e estabelecer impostos
para reduzir os lucros extras, devolvendo aos consumidores, em forma de transferência,
o excesso de preço que pagarem;
Obrigar o monopólio a fixar um preço que elimine os lucros extras. Essa política consiste
em estabelecer o preço mais baixo sem forçar a empresa a sair do mercado;
Obrigar o monopólio a fixar um preço que situe a empresa numa situação similar à
concorrência perfeita. Ao adotar essa política, surgirão várias dificuldades,
especialmente se for um monopólio natural. Nesse caso, os custos médios podem ser
superiores aos preços e a empresa terá perdas.
9.3. OLIGOPÓLIO
45
demanda, levando em consideração a reação de seus concorrentes. Portanto, o normal é ocorrer uma
elevada dose de incerteza no mercado. Para amenizar os problemas provados pela incerteza,
existem diversas possibilidades, como:
a) adivinhar as ações dos rivais;
b) estabelecer um acordo sobre os preços e competir só na base da publicidade;
c) formar um cartel, isto é, em vez de competir, cooperar e repartir o mercado.
As “guerras de preço” têm mostrado aos oligopolistas a conveniência de realizar acordos
para fixar os preços e/ou repartir os mercados. Por essa razão, o oligopólio moderno caracteriza-se
por certa rigidez nos preços, que facilita, dentre outras coisas, a elaboração dos pactos.
Uma possibilidade consiste na formação do cartel, isto é, as empresas que participam do
mercado, mesmo que mantenham separadas suas identidades corporativas, reúnem-se e elaboram
acordos comerciais para distribuir quotas de produção e, sobretudo, para determinar os preços.
Esses acordos, porém, tendem a serem instáveis, porque cada membro do cartel tem
incentivos para abaixar os preços e vender mais do que sua quota. O atrito entre interesses coletivos
do quartel, e os individuais de seus integrantes, freqüentemente acaba em “guerras de preços”, nas
quais cada empresa procura aumentar sua participação no mercado.
É possível caracterizar tanto oligopólios com produtos diferenciados (como a indústria
automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos (alumínio, cimento).
O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros
exemplos: montadoras de veículos, setor de comésticos, indústria de papel, indústria de bebidas,
indústria química, indústria farmacêutica, dentre outras.
46
Nessa estrutura, da mesma forma que no modelo de concorrência perfeita, prevalece a
suposição de que não existem barreiras à entrada de firmas, o que significaria, a longo prazo, uma
tendência para a existência de lucros normais não surgindo lucros extraordinários.
Como exemplo de mercado em concorrência monopolística, podemos citar cigarros,
sabonetes e refrigerantes. A concorrência monopolística é uma estrutura mais próxima da realidade
que a concorrência perfeita, na qual se supõe um produto homogêneo produzido por todas as
empresas.
O Quadro 5 apresenta, de forma sintética, as principais características das estruturas básicas
de mercado
47
Quadro 5. Principais características das estruturas básicas de mercado
Estruturas de Mercado
Características
consideradas Concorrência Concorrência
Monopólio Oligopólio
perfeita monopolística
Número de Geralmente
Muito grande. Só há uma empresa Grande.
concorrentes pequeno.
É intensa,
A empresa exercendo-se
É intensa,
geralmente recorre a pelas diferenças
Quanto à sobretudo
Não é possível nem campanhas físicas, de
concorrência quando há
seria eficaz. institucionais, para embalagens e
extrapreço diferenciação do
salvaguardar a sua prestação de
produto.
imagem. serviços
complementares.
Quanto às Barreiras ao
Barreiras ao acesso
condições de Não há barreiras acesso de novas Não há barreiras
de novas empresas
ingresso empresas
Há visibilidade,
Geralmente
Informações Total transparência Opacidade embora limitada
amplas
pela rivalidade.
48
Texto de Jornal
Retenção de matrizes pode beneficiar produtor e consumidor 1
1
Jornal Folha de São Paulo, Caderno Mercado, 19 de agosto de 2010
2
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
49
LISTA DE QUESTÕES
Módulo 02 – PREÇOS E MERCADO
QUESTÕES TEÓRICAS
4 – Como varia a receita total quando se reduz o preço de um bem cuja demanda é elástica? O que
acontece se for inelástica?
QUESTÕES PRÁTICAS
6 – Quando um indivíduo afirma: “tenho de conseguir esse bem a qualquer preço”, que tipo de
elasticidade da demanda está implicitamente reconhecida?
7 – Tudo o mais constante, diga que efeito um aumento na renda dos consumidores tem sobre a
demanda de determinado bem se esse bem for:
a) Um bem normal (também chamado bem superior);
b) Um bem inferior;
c) um bem de Giffen.
8 – Todos os anos, nas épocas de safra, os preços de determinadas frutas da estação (figos, uvas e
morangos) sofrem acentuadas quedas, embora as quantidades procuradas e consumidas sejam
maiores. Explique a razão disso.
50
b) Identificar a que preço ocorre um excedente de produção de 200 unidades;
c) Identificar a que preço ocorre a situação de equilíbrio;
d) Identificar a que preço ocorre um excedente de consumo de 400 unidades.
10 – Leia com atenção os trechos da reportagem abaixo, divulgada no caderno Dinheiro do Jornal
Folha de S. Paulo em 26/05/2007, e responda a questão abaixo, utilizando-se de conceitos
econômicos em sua justificativa.
(...) Os preços das commodities agrícolas são muitas vezes voláteis, em parte devido às
flutuações do clima, que afetam as safras. Mas o que as recentes altas de preços têm de
incomum é que muitas commodities – dos grãos aos óleos extraídos de sementes
oleaginosas – estejam subindo ao mesmo tempo (...).
(...) Os observadores dos mercados dizem que os preços das matérias-primas estão sendo
estimulados pela escassez de oferta (em parte devido ao crescimento do setor de
biocombustível e em parte devido à seca na Austrália) e que a alta da procura em países
como China e Índia também exerce um papel nessa equação (...).
Explique graficamente o aumento de preço das commodities agrícolas apresentados na
reportagem. Obs: Não esqueça de destacar no gráfico (curva de oferta e demanda) o que
acontece com as quantidades transacionadas e com os preços.
51
13 – Os preços de dois diferentes produtos, óleo diesel e pó para preparação de refrescos, aumentam
50%. Os porcentuais de queda das quantidades procuradas serão diferentes? Qual o produto que,
provavelmente, registrará maiores quedas nas vendas? Justifique sua resposta.
14 – Petróleo e leite: qual destes dois produtos apresenta maior coeficiente de elasticidade-preço da
oferta? Justifique sua resposta.
Mostre graficamente como poderia ser vantajoso para o País oferecer no mercado externo um
número menor de sacas.
18 – Com o objetivo de atrair maior torcida para os jogos do time, o administrador do estádio do
Gama, o Bezerrão, pretende reduzir o preço dos ingressos de R$ 5,00 para R$ 4,50. Dado que,
segundo seus cálculos, a elasticidade-preço da procura por ingressos é 1,2, e que o público médio
tem sido de 2.000 torcedores por jogo, qual deverá ser o efeito da redução de preço sobre o número
de ingressos vendidos? E sobre a renda média dos jogos?
20 – (...) O setor de leite, após um baque no final de 2005, também mostra recuperação. Mesmo
com produção maior, o produtor conseguiu, no mês passado, um valor real 19% superior ao da
média de 2001 a 2006 para os meses de julho, conforme dados do órgão de estudos Cepea.
Gustavo Beduschi, pesquisador da instituição, diz que as demandas interna e externa sustentam os
52
preços. Internamente, há uma disputa pelo leite entre as indústrias. Externamente, houve uma
oferta menor por parte de produtores tradicionais, como Austrália, e maior incorporação desse
produto no cardápio alimentar dos asiáticos, que estão tendo elevação de renda nos últimos anos.
(...)(Jornal Folha de São Paulo/ Caderno Dinheiro/ 26/08/2007)
(...) O clima seco no Brasil, que afeta a florada e reduz o volume a ser produzido em 2008, elevou
os preços do café. Em Nova York, a alta foi de 5,9%, ontem; em Minas Gerais, de 4,2%. (...) (Jornal
Folha de São Paulo/ Caderno Dinheiro/ 18/09/2007)
Leite e Café: qual destes dois produtos apresenta maior coeficiente de elasticidade-preço da oferta?
Justifique sua resposta.
21 – “Os produtores de leite estão recebendo (...) pelo produto entregue em setembro, R$
0,718 por litro, na média nacional - 6,58% menos do que em setembro. A queda era
prevista e segue ritmo normal, diz Cristiane de Paula Turco, consultora de leite da Scot
Consultoria. (...) [A] queda no consumo de lácteos [ocorreu] devido à alta dos preços nos
últimos meses, o que força os supermercados a diminuir os preços e repassar as quedas às
indústrias. Estas repassam [as quedas] para os produtores. (...) Turco diz que essa queda
não tem a ver com uma possível redução de consumo devido à adulteração do leite. Se
houver, a queda deve ficar localizada às regiões dos escândalos”. (Jornal Folha de São
Paulo, Caderno Dinheiro, 31/10/2007).
22 – São dadas na figura seguinte três situações iniciais de equilíbrio. Suponha que, em (a), ocorra
uma expansão da oferta, mantendo-se a procura inalterada; em (b), uma expansão da procura,
mantendo-se a oferta inalterada; e em (c), expansões da procura e da oferta, rigorosamente
equivalentes.
a) Trace, nos gráficos, as expansões das escalas da oferta e da procura supostas, localizando o
novo preço de equilíbrio em cada situação.
b) Indique, assinalando com um X o retângulo equivalente, as alterações havidas, em cada
situação, com o preço de equilíbrio e com as correspondentes quantidades transacionadas.
53
QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
25 – O leite torna-se mais barato e seu consumo aumenta. Paralelamente, o consumidor diminui sua
demanda de chá. Leite e chá são bens:
a) Complementares b) Substitutos c) Independentes d) Inferiores e) De Giffen.
27 – Dada uma diminuição no preço, há uma diminuição no consumo, coeteris paribus. O bem é:
a) Normal b) Inferior c) Substituto d) Complementar e) De Giffen
55
29 – Aponte a alternativa correta:
a) Se o preço variar em $ 2, e a quantidade demandada em 10 unidades, concluímos que a
demanda é elástica.
b) A elasticidade-preço cruzada entre dois bens é sempre positiva.
c) A elasticidade-preço da demanda de sal é relativamente baixa.
d) A elasticidade-preço da demanda de alimentos é, em geral, bastante elevada.
e) A elasticidade-renda da demanda de manufaturados é relativamente baixa.
30 – Se a curva de procura for de um tipo em que a redução de 10% no preço provoca um aumento
de 5% na quantidade de mercadoria que o público adquire, nessa região da curva, a procura em
relação ao preço será:
a) Elástica b) Unitariamente elástica c) Infinitamente elástica.
d) Inelástica, embora não perfeitamente e) Totalmente inelástica ou anelástica.
31 – Se uma empresa quer aumentar seu faturamento e a demanda do produto é elástica, ela deve:
a) Aumentar o preço b) Diminuir o preço c) Deixar o preço inalterado
d) Depende do preço do bem complementar e) Depende do preço do bem substituto
56
Mercado
QUESTÕES TEÓRICAS
33 – Que diferença existe entre um mercado de concorrência perfeita e um mercado oligopolista? E
entre um monopólio e um oligopólio?
34 – Responda:
a) Quais são as condições básicas que configuram um mercado de concorrência perfeita?
b) Quais são as condições básicas que configuram um monopólio?
c) Dê exemplos de mercados tipicamente concorrenciais (isto é, que tem estrutura parecida
com a concorrência perfeita) e de mercados em que ocorrem situações de monopólio.
35 – Que causas explicam a aparição do monopólio? Explique cada uma delas
36 – Por que são feitas as políticas de regulação do monopólio?
QUESTÕES PRÁTICAS
37 – “O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou (...) a fusão de duas das
maiores empresas de vendas pela internet: Submarino e Americanas.com. A operação, que foi
realizada em novembro do ano passado, recebeu o aval dos conselheiros sem restrições” (...)
(Jornal Folha de São Paulo, Caderno Dinheiro, 08/11/2007)
Com base nos seus conhecimentos sobre estruturas de mercado (concorrência perfeita,
monopólio, oligopólio, e concorrência monopolística), explique por que a fusão de grandes
empresas, como a relatada no jornal, precisa ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
38 – (...) O anúncio de que a Sadia quer adquirir o controle da Perdigão, por R$ 3,72 bilhões,
gerou preocupação no setor varejista(...).Segundo João Carlos de Oliveira presidente da Abras
(Associação Brasileira de Supermercados), a compra da Perdigão tem alguns pontos que
"preocupam". De acordo com Oliveira, pode haver concentração em itens como presunto (as
empresas detêm 64,5% do mercado), pratos prontos (91%) e tortas salgadas (92,4%). Por causa
desse predomínio das marcas, a aquisição precisaria de aprovação do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica.
(...) Antonio Carlos Borges, diretor da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, disse que
o negócio não geraria um monopólio. "É um oligopólio", disse, apontando para a importância que
pequenos concorrentes passam a assumir em mercados locais (...) (Jornal Folha de São Paulo
18/07/2006)
a) Na sua opinião, a fusão da Sadia com a Perdigão, que acabou não se concretizando nesse período,
geraria um monopólio ou oligopólio? Justifique sua resposta.
b) Caso essa fusão tivesse sido concretizada, os consumidores poderiam ser prejudicados?
Justifique sua resposta.
57
QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
40 – Em Organização Industrial, a possibilidade de uma firma manter seu preço acima do nível
competitivo, obtendo lucros superiores aos normais, sem que isso atraia novas empresas (o que
ampliaria a oferta e, conseqüentemente, reduziria os lucros) , está ligada à existência de barreiras à
entrada no mercado em que ela opera. O fator que NÃO caracteriza uma barreira à entrada é:
a) A necessidade de elevados investimentos iniciais
b) A existência de plena mobilidade de fatores de produção
c) A preferência dos consumidores por marcas já estabelecidas
d) A economia de escala de produção e distribuição (necessidade de grande capacidade
produtiva e distributiva)
e) Posse da patente do método de produção.
42 – “Oligopólio” significa:
a) O mesmo que concorrência imperfeita.
b) Uma situação em que o número de firmas no mercado é grande, mas os produtos não são
homogêneos.
c) Uma situação em que o número de firmas concorrentes é pequeno, ou uma situação em que,
mesmo com grande número de firmas, poucas dominam o mercado.
d) A condição especial da concorrência perfeita que se acha próxima do monopólio.
e) Que as firmas são monopolistas entre si.
58
43 – Se uma empresa, monopolista absoluta na produção do bem X, maximizadora de lucros, for
constrangida a pagar ao governo, com tributo, uma quantia fixa por período de tempo,
independentemente da quantidade produzida de X no período:
a) Reduzirá a produção e aumentará o preço de venda.
b) Manterá inalterados a quantidade produzida de X e o preço de venda, não transferindo o
tributo ao consumidor.
c) Transferirá integralmente o tributo ao consumidor, dados os poderes de mercado que detém.
d) Manterá inalterado o preço e reduzirá a produção.
e) Manterá a produção inalterada e aumentará o preço de venda na medida da divisão do
tributo pelo volume da produção.
59
MÓDULO 03 – PRODUÇÃO E CUSTOS: noções elementares
INTRODUÇÃO
A teoria da produção e a teoria dos custos de produção constituem a chamada teoria da
oferta da firma individual. Esses temas foram inicialmente tratados pela teoria econômica e, com
o decorrer do tempo, foram incorporados nas áreas de Contabilidade, Engenharia e Administração.
Os princípios da teoria de produção e da teoria dos custos de produção são peças
fundamentais para a análise dos preços e do emprego dos fatores, assim como o de sua alocação
entre os diversos usos alternativos na economia. Assim sendo, a teoria da produção e a teoria dos
custos de produção desempenham dois papéis extremamente importantes:
a) servem de base para a análise das relações existentes entre produção e custos de produção.
Numa economia moderna, na qual a tecnologia e os processos produtivos evoluem
diariamente, o relacionamento entre a produção e os custos de produção é muito importante na
análise da teoria de formação de preços;
b) servem de apoio para a análise da procura da firma com relação aos fatores de produção que
utiliza. Para produzir bens, as empresas dependem da disponibilidade de fatores de produção.
A teoria da produção propriamente dita preocupa-se com a relação técnica ou tecnológica
entre a quantidade física de produtos (outputs) e de fatores de produção (inputs), enquanto a teoria
dos custos de produção relaciona a quantidade física de produtos com preços dos fatores de
produção.
Este módulo está organizado em duas partes. Na primeira parte, apresentaremos a teoria da
produção. Na segunda parte, discutiremos os conceitos relativos aos custos de produção.
1.1. PRODUÇÃO
É o processo de transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para a
venda no mercado. É importante ressaltar que o conceito de produção não se refere apenas aos bens
físicos e materiais, mas também a serviços, como transportes, atividades financeiras, comércio e
outras atividades.
No processo de produção, diferentes insumos ou fatores de produção são combinados, de
forma a produzir o bem ou serviço final. As formas como esses insumos são combinados
constituem os chamados processos ou métodos de produção, que podem ser intensivos em mão-de-
60
obra (utilizam mais mão-de-obra em relação a outros insumos), intensivos em capital ou intensivos
em terra.
A escolha do método de produção depende de sua eficiência. O conceito de eficiência em
economia associa-se ao emprego da menor quantidade possível de recursos para obter uma
determinada quantidade de produto.
O conceito de eficiência pode ser enfocado sob dois ângulos: a) do ponto de vista técnico ou
tecnológico ou b) do ponto de vista econômico.
A técnica A emprega menos unidades de capital do que a B, porém requer mais unidades de
trabalho por unidades de produto: em conseqüência, de um ponto de vista estritamente tecnológico,
ambas são eficientes e a empresa ficará indecisa na escolha de uma ou outra. A técnica C, por sua
vez, emprega mais quantidades de ambos os fatores que a técnica A, portanto, não será escolhida
em nenhum caso. Dessa forma, pode-se dizer que a técnica C é ineficiente. No entanto, o critério de
eficiência técnica não nos permite escolher entre A e B. Para poder fazer a opção entre elas,
precisamos da informação relativa aos preços de todos os fatores.
61
1.1.2. EFICIÊNCIA ECONÔMICA
A eficiência econômica está associada ao método de produção mais barato relativamente a
outros métodos, isto é, ela está associada ao método no qual os custos de produção são menores.
Na tabela anterior, as técnicas A e B são tecnicamente eficientes. No entanto, com os dados
apresentados na tabela, não dá para afirmar qual técnica é mais eficiente economicamente. Dessa
forma, para saber qual a melhor técnica, é preciso conhecer os preços de todos os fatores.
No exemplo anterior, vamos supor que o preço do capital seja R$ 5.000,00 por dia, para o
aluguel de uma máquina, e que o preço do trabalho seja R$ 1.000,00 ao dia por trabalhador.
Fazendo os cálculos utilizando os preços dos fatores, encontramos que o custo total da técnica A é
inferior ao da técnica B, levando a empresa a optar pela primeira, isto é, a técnica A (Tabela 2).
62
1.2. FUNÇÃO DA PRODUÇÃO
O empresário, ao decidir o quê, como e quanto produzir, com base nas respostas do
mercado consumidor, variará a quantidade utilizada dos fatores para, com isso, variar a quantidade
produzida do produto. A função de produção é a relação que mostra a quantidade física obtida do
produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de
tempo.
A função de produção de uma empresa mostra a quantidade máxima de produto que se
pode obter com uma dada quantidade de fatores produtivos.
Para explicitar o conceito de função de produção, pensemos num engenheiro de uma
fábrica de calças. Este anotará em seu caderno as diversas combinações de maquinaria e de trabalho
que produzirão diferentes quantidades de calças. O engenheiro anotará as diversas combinações de
maquinaria e trabalho necessárias para produzir 1.000 calças por dia e, também, as combinações de
fatores que produzem 1.500 calças por dia. Os diferentes valores indicativos das quantidades de
fatores empregados e de calças obtidas refletem a tecnologia disponível e definem a função de
produção (Tabela 4). As empresas que optarem pelas melhores combinações de fatores obterão os
melhores resultados.
1.500 4 20
1.500 5 17
1.500 6 15
63
1.3. FATORES FIXOS E FATORES VARIÁVEIS DE PRODUÇÃO – CURTO E LONGO
PRAZO
Fatores de produção variáveis: são aqueles que apresentam variação nas quantidades
utilizadas quando o volume de produção se altera. Por exemplo, quando aumenta a produção,
são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matérias-primas;
Fatores de produção fixos: são aqueles que não apresentam variação nas quantidades
utilizadas quando a quantidade do produto varia. Por exemplo, as instalações da empresa e a
tecnologia, que são fatores que só são alterados a longo prazo.
Produto total: é a quantidade do produto que se obtém da utilização do fator variável, mantendo-
se fixa a quantidade dos demais fatores;
O produto médio indica o nível de produção que a empresa obtém por unidade de trabalho
empregada. Ele é utilizado freqüentemente como uma medida de eficiência com a qual se faz a
produção.
65
c) produtividade média da terra
Pmet = quantidade produzida
área cultivada
66
Para auxiliar a fixação dos conceitos anteriores, imagine dois fatores: terra (fator fixo) e
mão-de-obra (fator variável). Nesse caso, se várias combinações de terra e mão-de-obra forem
utilizadas para produzir arroz e se a quantidade de terra for mantida constante, os aumentos de
produção dependerão do aumento da mão-de-obra utilizada na lavoura. Dessa forma, a produção de
arroz aumentará até certo ponto e depois decrescerá, isto é, a maior quantidade de homens para
trabalhar, associada à área constante de terra, permitirá que a produção cresça até um máximo e
depois passe a decrescer.
A Tabela 6 ilustra o exemplo acima.
67
Produto Total
50
(toneladas)
45
40
Produto
35 Total
30
25
20
15
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Número de trabalhadores
Produtividade
média e
marginal da mão-
de-obra
(toneladas)
10
Produtividade média da
5 mão-de-obra (PMEn)
Número de
Trabalhadores
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Produtividade marginal
da mão-de-obra (Pmgn)
-5
68
1.5.1. ECONOMIA DE ESCALA OU RENDIMENTOS DE ESCALA
Os rendimentos de escala ou economias de escala representam a resposta da quantidade
produzida a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção, ou seja, quando a
empresa aumenta o seu tamanho.
Os rendimentos de escala podem ser:
rendimentos crescentes de escala (ou economias de escala): ocorrem quando a variação da
quantidade do produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos
fatores de produção. Por exemplo, aumentando-se a utilização dos fatores em 10%, o produto
cresce 20%. Equivale a dizer que a produtividade dos fatores aumentou.
Como causas geradoras dos rendimentos crescentes de escala, podemos apontar:
a) uma maior especialização no trabalho, quando a empresa cresce;
b) a existência de indivisibilidades entre os fatores de produção. Por exemplo, numa
siderúrgica, como não existe “meio forno”; quando se adquire mais um forno, deve
ocorrer um grande aumento na produção;
69
PARTE II – CUSTOS E PRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados quando sua atividade
produtiva é realizada. Assim sendo, ela procurará sempre obter a máxima produção possível
utilizando uma certa combinação de fatores.
Custos fixos totais (CFT): correspondem à parcela dos custos totais que independem da
produção. São decorrentes dos gastos com os fatores fixos de produção. No caso da empresa
que produz camisas, os custos fixos são os custos do edifício, da maquinaria e da iluminação.
Esses custos não dependem do nível de produção e, portanto, só podem ser evitados fechando-
se totalmente a fábrica.
A apropriação dos custos fixos a um determinado produto depende de processos de rateio,
que, geralmente, são estabelecidos conforme o tempo de uso dos capitais fixos por cada uma
das explorações existentes na propriedade. Na contabilidade empresarial, os custos fixos são
também chamados de custos indiretos.
Nas propriedades agrícolas, de uma maneira geral, os custos variáveis estão relacionadas às
despesas diretas ou explícitas decorrente do uso dos capitais circulantes da propriedade e exigem
gasto monetário direto, como exemplo: os gastos com combustível, insumos de modo geral
70
(sementes, fertilizantes, defensivos, alimentos, medicamentos), serviços prestados por mão-de-obra
temporária, serviços de máquinas e equipamentos executados, dentre outros. Os custos fixos, por
sua vez, geralmente representam o custo decorrente do uso dos capitais fixos, além de impostos e
mão-de-obra permanente, entre outros, como por exemplo: terras, benfeitorias, máquinas,
equipamentos, impostos e taxas fixas, animais produtivos e de trabalho, sistematização e correção
do solo, lavouras permanentes.
Como na teoria da produção, a análise dos custos de produção também é dividida em curto
e longo prazo:
custo totais de curto prazo: são caracterizados pelo fato de serem compostos por parcelas de
custos fixos e de custos variáveis;
custos totais de longo prazo: são formados unicamente por custos variáveis. Ou seja, a longo
prazo, não existem fatores fixos de produção, inclusive a planta ou o tamanho da empresa
(normalmente considerado fator fixo a curto prazo).
Custo variável médio (CVMe): é o quociente entre o custo variável total e a quantidade
produzida:
CVMe = CVT = custo variável total
Q total produzido
71
Custo fixo médio (CFMe): é o quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida:
CFMe = CFT = custo fixo total
Q total produzido
Custo marginal (CMg): é dado pela variação do custo total em resposta a uma variação da
quantidade produzida:
CMg = ∆CT = variação do custo total
∆q acréscimo de 1 unidade na produção
Como o custo fixo total não se modifica com as variações da produção, a curto prazo, o
custo marginal é determinado apenas pela variação do custo variável total.
72
Figura 4. Curvas de custos totais
Como podemos observar nas Figuras 4 e 5, com o aumento do volume produzido, os custos
totais, como exceção dos custos fixos, só podem crescer. Os custos médio e marginal, entretanto,
podem ser decrescentes em certa etapa do processo de produção.
O custo variável médio, o custo total médio e o custo marginal têm todos o formato em U:
primeiro decrescem, para depois crescerem.
A Empresa 1 apresenta uma curva de custos decrescentes, de modo que a expansão da produção
se associa com a redução do custo unitário do produto. Nesse caso, a empresa desfruta de
rendimentos crescentes ou economias de escala (Ver Figura 6).
- Na Empresa 2, observa-se que, conforme aumenta a produção, aumentam os custos médios por
unidade de produto. Nesse caso, haverá rendimentos decrescentes ou deseconomias de escala.
(Ver Figura 6).
- A Empresa 3, por sua vez, possui custos constantes, uma vez que os custos médios por unidade
do produto não variam ao mudar o volume de produção. Nesse caso, diz-se que a empresa
trabalha com rendimentos constantes de escala. (Ver Figura 6).
Os economistas traçam, com freqüência, a curva de custo médio a longo prazo em forma de
“U” (ver Figura 7). A curva de custo médio está relacionada com os custos de produção, que
dependem da função de produção. Se os custos médios diminuem ou aumentam quanto aumenta a
produção, isso se deve ao fato de a empresa ter de utilizar mais ou menos fatores por unidade de
74
produto quanto aumenta a produção. Na realidade, trata-se de uma questão tecnológica sobre os
métodos mais eficientes de produção.
Os custos médios a longo prazo em forma de “U” supõem que existam economias de escala
nos níveis baixos de produção e economias de escala ou rendimentos decrescentes nos níveis mais
elevados de produção.
3. RECEITA E LUCRO
As Receitas são as quantidades em dinheiro que a empresa obtém pela venda de seus bens ou
serviços durante um período determinado. É o resultado da multiplicação do número de
unidades vendidas pelo seu preço de venda.
Os Custos são os gastos ligados à produção de bens e serviços vendidos durante um período
considerado. São devidos aos pagamentos derivados da contratação de mão-de-obra e dos
demais fatores de produção.
75
LISTA DE QUESTÕES
MÓDULO 03 – PRODUÇÃO E CUSTOS
QUESTÕES TEÓRICAS
1 – O que se entende por função de produção?
2 – O que ocorre com o lucro de uma empresa quando o preço de venda aumenta e o custo de
produção permanece constante?
3 – O que entende por rendimentos decrescentes?
4 – As economias de escala se dão a longo ou a curto prazo?
5 – Quais são as diferenças entre o curto e o longo prazo?
6 – Qual a diferença entre rendimentos a curto prazo e rendimentos a longo prazo ou economias de
escala?
7 – Existem custos fixos a longo prazo?
8 – Que decisões toma o empresário levando em conta os custos?
9 – O que se entende por custo marginal?
QUESTÕES PRÁTICAS
10 – Se o número de unidades vendidas por empresa é 30 e o preço por unidade é 50, calcule os
lucros obtidos pela empresa. Os custos incorridos são: maquinaria = 100; instalação = 20; e outras
despesas = 70.
11 – Se a empresa A apresenta uma produção total de 500 unidades e emprega 20 trabalhadores,
enquanto a empresa B tem uma produção total de 1.000 unidades e tem contratados 50
trabalhadores, qual empresa apresenta maior produtividade de trabalho?
12 – Se multiplicar por dois os fatores empregados e se triplicar o produto obtido, que tipo de
rendimento existirá na produção?
76
14 – Assinale a alternativa errada:
a) A lei dos rendimentos decrescentes prevalece quando tivermos pelo menos um fator de
produção fixo.
b) Temos rendimentos decrescentes de escala quando, ao aumentarmos todos os fatores de
produção, a produtividade média dos fatores se reduz.
c) A lei dos rendimentos decrescentes é a mesma que a dos rendimentos decrescentes de escala.
d) Rendimentos de escala supõem que nenhum fator de produção se mantém fixado.
e) A lei dos rendimentos decrescentes diz que, se tivermos um fator de produção fixo, ao
aumentarmos a quantidade do fator variável, a produção cresce inicialmente a taxas crescentes,
depois decrescentes, para finalmente cair.
15 – A função de produção, em determinado período:
a) É a relação entre a oferta de um produto com seu preço, coeteris paribus.
b) É a relação da oferta de um produto com seu preço, com os custos de produção e nível
tecnológico.
c) É a relação entre a quantidade física produzida e os insumos utilizados na produção.
d) É a relação de substituição entre capital e mão-de-obra.
e) Todas as alternativas citadas estão erradas.
16 – Dividindo-se os custos totais de uma firma em fixos e variáveis e considerando-se que:
I. os primeiros estão associados ao uso invariável de um fator de produção, logo não variam com o
nível de produção;
II. os últimos variam com o volume de fatores e alteram-se com o nível de produção;
III. pode-se afirmar, então, que, quando opera a lei dos rendimentos decrescentes:
a) Os custos totais médios sempre crescem com o aumento da produção.
b) Os custos fixos médios e os custos variáveis médios sempre aumentam com a expansão da
produção.
c) Os custos fixos médios declinam com o aumento da produção e os variáveis médios primeiro
declinam e depois aumentam com a expansão da produção.
d) Os custos fixos médios não se alteram com a expansão da produção, somente os variáveis
médios diminuem.
e) Os custos totais médios são sempre declinantes com o aumento da produção.
77
MÓDULOS DA
2ª VA
04, 05 E 06
MÓDULO 04 – O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA E MEDIDAS DE ATIVIDADE
ECONÔMICA
1. INTRODUÇÃO
Esse módulo tem por objetivo desenvolver os modelos básicos da Teoria Econômica que
analisam o fluxo circular de renda, tendo, portanto, como foco central à análise do processo de
determinação da renda agregada e do produto agregado em uma economia capitalista e monetária,
dando destaque especial, as principais variáveis que os determinam.
Mercado de Fatores
Indivíduos Empresas
Mercado de Produtos
79
Conforme pode ser observado na Figura, teríamos nessa economia dois mercados básicos.
O primeiro seria o mercado dos fatores de produção. Os indivíduos são, em última análise, os
proprietários da força de trabalho, da terra, dos recursos naturais, das máquinas, equipamentos e
edificações, entre outros, que terão de ser utilizados pelas empresas no processo de produção.
Assim sendo, as empresas compram o uso desses fatores de produção dos indivíduos. As transações
dessa natureza (empresas comprando o uso dos fatores de produção) são realizadas no que
chamamos mercado de fatores. Na Figura, essas transações são representadas pelas linhas da parte
superior do quadro. As linhas cheias representam movimentos de bens e as linhas tracejadas, a
contrapartida monetária do movimento de bens. Dessa maneira, as duas linhas inferiores do lado
esquerdo da figura representam o fato de os indivíduos venderem os serviços de seus fatores de
produção no mercado de fatores e de receberem uma contrapartida monetária do uso desses serviços
por parte das empresas. Da mesma forma, as duas linhas superiores do lado direito do diagrama
representam o fato de as empresas comprarem os serviços nos mercados de fatores e pagarem pelos
serviços destes.
Na metade inferior da figura, está representado o segundo mercado básico, isto é, as
transações feitas com bens e serviços finais nessa economia. Os indivíduos vão ao mercado de
bens comprar bens e serviços de que necessitam e, como é de praxe, pagam por eles. As empresas,
por sua vez, vão ao mercado de bens vender sua produção. Vale a pena ressaltar que esse mercado
se refere apenas a bens finais, isto é, as transações entre empresas referentes a compras de matérias-
primas não estão explicitadas dentre as transações aqui consideradas.
3. RENDA E PRODUTO
Essa é uma visão simplificada do funcionamento da economia. Resta, ainda, responder à
pergunta de como medir o seu desempenho. Para medirmos a atividade de uma economia,
poderíamos medir o valor dos produtos finais transacionados no mercado de bens durante um certo
período de tempo.
Por outro lado, assim como decidimos medir o desempenho da economia pelo valor das
transações realizadas no mercado de bens finais num período de um ano, poderíamos também medir
essa mesma atividade por meio do mercado de fatores. O total de pagamentos aos serviços dos
fatores de produção durante um ano serve também como medida da atividade dessa economia nesse
período.
Resumindo, poderíamos definir de uma maneira mais formal os conceitos de produto e
renda nacional. Chama-se Produto Nacional, o valor monetário de todos os bens finais produzidos
na economia no período de um ano. Por outro lado, chama-se Renda Nacional o total de
pagamentos feitos aos fatores de produção que foram utilizados para a obtenção desse produto.
80
A fim de tornar mais claros esses conceitos, veja o exemplo a seguir. Suponhamos que a
economia seja composta somente de uma empresa agrícola que use trabalho, terra, máquinas e
equipamentos, e capital de giro emprestado para produzir soja e trigo. As contas de produção e
renda dessa economia poderiam, então, ser sintetizadas na Tabela 01.
Tabela 01 – Valor da produção e renda
Produção Renda
Valor total da produção de soja 600.000 Total de pagamentos de salários 800.000
Valor total da produção de trigo 400.000 Aluguel da terra 80.000
Juros pagos 20.000
Lucros (residual) 100.000
Total 1.000.000 Total 1.000.000
Assim, na economia composta somente de uma empresa agrícola produzindo soja e trigo,
teríamos um produto nacional da ordem de R$ 1.000.000,00 e devido ao caráter residual da conta
lucros, a renda nacional seria também da ordem de R$ 1.000.000,00.
4. VALOR ADICIONADO
Aparentemente, o método mais direto para se determinar o valor total da produção de uma
economia, durante um período de tempo determinado, seria localizar todas as empresas que
produziram algo durante o ano, calcular o valor do que foi produzido e somar as cifras de todas as
empresas. Entretanto, esse método não pode ser utilizado da maneira indicada, pois contaríamos
várias vezes algumas mercadorias. Isso acontece porque muitos produtos atravessam diferentes
etapas no processo de produção, de forma que são vendidos várias vezes antes de chegarem nas
mãos do consumidor final.
Para evitar o problema da dupla contagem existem duas opções. A primeira é calcular o
valor adicionado em cada etapa de produção, subtraindo-se do valor do produto da fase em questão
os custos dos bens intermediários e materiais que não foram produzidos nesta fase. A segunda é
levar em consideração apenas os bens finais, isto é, somam-se apenas os bens finais.
O valor adicionado (ou valor agregado) é o valor que se adiciona ao produto em cada
estágio de produção, ou seja, é a renda adicionada por setor produtivo.
O conceito de valor adicionado e a distinção entre produtos finais e intermediários são
mostrados no exemplo a seguir. Suponha a cadeia produtiva do trigo cujo objetivo final seria a
produção do pão (produto final). Dessa forma, o processo se inicia com a plantação do trigo por um
produtor, o qual venderá o trigo (produto intermediário) para uma agroindústria que irá beneficiá-lo
81
até transformá-lo em farinha. Já em forma de farinha, o proprietário da agroindústria venderá a
farinha para o padeiro, o qual irá utilizá-la como matéria-prima para a elaboração do pão.
Ao se transformar em produto final, o pão será vendido para o consumidor. Logo, para o
trigo se transformar em pão e atingir o consumidor final, deve percorrer 4 elos da cadeia produtiva.
Durante este percurso foi sendo geradas várias rendas individuais, ou seja, a renda que o agricultor
recebeu da agroindústria por ter vendido o trigo, a renda recebida pela agroindústria do padeiro
quando este comprou a farinha, a renda que o padeiro recebeu do consumidor por este ter comprado
o pão com o objetivo de atender suas necessidades de uso.
Para compreender o processo de formação da renda e produto ao longo da cadeia produtiva
vamos adotar a hipótese que a indústria panificadora tem uma receita de vendas no valor de R$
390,00. Neste sentido, o agricultor vende o trigo para a agroindústria para transformá-lo em farinha
de trigo por R$ 140,00. A agroindústria venderá sua farinha de trigo para a indústria panificadora
por R$ 245,00 obtendo, por conseguinte, um diferencial entre a compra e venda de R$ 105,00. Já no
caso da indústria de panificação venderá o pão por R$ 390,00 realizando, deste modo, um
diferencial de R$ 145,00.
Pela lógica da renda pode-se calcular a remuneração dos fatores conforme na Tabela 3.
82
Tabela 3 – Remuneração dos fatores
Fatores Trigo Farinha Pão Total
Salário 80 50 60 190
Juros 30 10 20 60
Aluguel 20 15 30 65
Lucros 10 30 35 75
Total 140 105 145 390
83
Sistema Econômico
Pagamentos de
impostos e Pagamentos Remuneração Pagamentos de
Fornecimentos pelos bens e dos recursos impostos e
de bens e serviços de produção Fornecimentos
serviços de recursos de
Governo produção
(Administrações Públicas)
Resto do Mundo
Como vimos anteriormente, o produto nacional pode ser medido via gasto e via produção.
Desse ponto de vista, e tendo-se em conta que o setor público e os residentes em outros países
também realizam gastos, o produto nacional está integrado pelos seguintes componentes:
- Consumo Privado (C)
- Consumo Público (G)
- Investimento (I)
- Exportações Líquidas, ou seja, exportações menos importação (NX)
84
O setor público oferece uma série de serviços à sociedade, tais como defesa, saúde, justiça,
educação; e ainda constrói estradas, parques etc. Tudo isso implica uma série de gastos que estão
incluídos no produto nacional sob a conta de consumo ou gasto público.
O setor público é considerado em suas três esferas: União, Estados e Municípios. Com sua
inclusão, introduzimos os conceitos de receita fiscal e gastos públicos.
Gastos do Governo
Nas contas nacionais, são considerados três tipos de gastos do governo:
- Gastos dos ministérios e autarquias, cujas receitas provêm de dotações orçamentárias.
Como os serviços do governo (justiça, educação, planejamento) não tem preço de venda de
mercado, o produto gerado pelo governo é medido por suas despesas correntes ou de custeio
(salários, compras de materiais para a manutenção da máquina administrativa) e despesas de capital
(aquisição de equipamentos, construção de estradas, hospitais, escolas, prisões);
- Gastos de empresas públicas e sociedades de economia mista: como suas receitas advêm
da venda de bens e serviços no mercado, atuando como empresas privadas, elas são consideradas,
nas contas nacionais, dentro do setor de produção, junto com empresas privadas, e não como
governo. Por exemplo: Petrobrás e Eletrobrás;
- Gastos com transferências e subsídios: são considerados nas contas nacionais como
transferências (normalmente, donativos, pensões e subsídios), não são computados como parte da
renda nacional, pois representam apenas uma transferência financeira do setor público ao setor
privado, não ocorrendo qualquer aumento da produção corrente. Por exemplo, aposentadorias, bolsa
família e bolsas de estudo, que não são fatores de produção do período corrente.
85
Excluindo-se os juros da dívida pública, interna e externa, tem-se o conceito de superávit
primário ou déficit primário ou fiscal.
Nos acordos recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), inclusive com o Brasil, o
conceito relevante é o fiscal ou primário. Para o FMI, um país que apresenta superávit primário está
com suas contas relativamente equilibradas e revela condições de honrar seus compromissos
futuros, ganhando mais credibilidade para negociar sua dívida externa, com juros menores e prazos
maiores.
Deve-se observar que o investimento agregado é um conceito que envolve produtos físicos.
Assim, “investir em ações”, por exemplo, não é um investimento no sentido econômico; trata-se de
uma transferência financeira, que não aumentou a capacidade produtiva da economia. Entretanto,
quando a empresa utiliza esse recurso ou parte dele para a compra de equipamentos, por exemplo, aí
sim, teremos caracterizado um investimento no sentido macroeconômico (a compra do equipamento
não a transação na bolsa).
Além disso, o investimento em ativos de segunda mão (máquinas, equipamentos, imóveis)
não entra no investimento agregado, pois, na realidade, é uma transferência de ativos que se
compensa: alguém “desinvestiu”. Esse bem já foi computado como investimento no passado.
Em suma, o produto nacional inclui somente os bens e serviços produzidos durante o ano,
por isso ele não inclui a compra de bens duráveis usados, tais como automóveis de segunda mão,
86
pois esses já foram contabilizados no ano de fabricação. Todavia, são contados os consertos de
automóveis, pois eles representam uma produção corrente.
Também não fazem parte do produto nacional as ações adquiridas pelos indivíduos ou
pelas instituições no mercado de valores, pois não representam produção, mas somente
transferência. Se uma sociedade emite ações para financiar a construção de um fábrica, esta é parte
do produto nacional, pois foi produzida durante o ano corrente.
87
Podemos definir a depreciação com o desgaste do equipamento de capital da economia
num dado período. Sabe-se que, no processo de produção, as máquinas e os equipamentos sofrem
desgastes, tornando-se obsoletos, de forma que precisam ser repostos, para garantir a manutenção
da capacidade produtiva. A depreciação é justamente a parte do produto que se destina a tal
reposição.
O conceito de depreciação introduz uma diferenciação entre Investimento Bruto e
Investimento Líquido, que é dada pela depreciação:
Investimento Bruto: gastos em novas plantas e equipamentos mais a variação de estoques.
Investimento Líquido: investimento bruto menos depreciação ou amortização.
Das duas medições do produto nacional, o Produto Nacional Líquido (PNL) é a mais
correta, pois ele leva em consideração o desgaste do equipamento e a maquinaria produzida durante
o ano. Mas, dado que a depreciação é difícil de ser estimada, na prática, opta-se pelo cálculo do
Produto Nacional Bruto (PNB), que só exige o cálculo do investimento bruto (o valor da nova
planta, equipamento e estoques adquiridos pela empresa), sobre o qual se dispõe de informação
confiável.
88
interno, por sua vez, faz referência à atividade produtiva desenvolvida dentro das fronteiras do
país, independentemente da nacionalidade dos proprietários dos recursos empregados.
Para produzir o PIB, conforme vimos anteriormente, utilizamos fatores de produção que
podem pertencer a não-residentes. Nesse caso, a remuneração é remetida a seus proprietários no
exterior, na forma de juros, lucros e royalties. Os juros representam o pagamento pela utilização do
capital monetário externo; as remessas de lucro são a remuneração pela capital físico de propriedade
das empresas estrangeiras instaladas no país; e, por fim, os royalties representam o pagamento pela
utilização de tecnologia estrangeira.
Por outro lado, existem residentes que possuem fatores de produção fora do país e
recebem, portanto, renda do exterior. Como exemplo, poderíamos citar a extração de petróleo pela
Petrobrás e grandes construtoras brasileiras no exterior.
A Petrobrás é uma estatal brasileira que atua em vários países – como Angola, Argentina,
Bolívia, Colômbia, EUA e Nigéria – nas áreas de exploração e produção de petróleo e derivados;
refino, transporte e comercialização; distribuição; gás e energia.
Somando ao PIB a renda recebida do exterior e subtraindo a renda enviada ao exterior, tem-
se o Produto Nacional Bruto (PNB), que é renda que efetivamente pertence aos residentes do país.
Tem-se então:
PNB= PIB + Renda recebida do exterior – Renda enviada ao exterior
A diferença entre a renda recebida e a renda enviada ao exterior é chamada Renda Líquida
do Exterior (RLE). Tem-se então:
PNB = PIB + RLE
89
seja inferior a seu custo de produção. No setor agrícola, o governo pode conceder subsídios ao
produtor de trigo para que esse tenha condição de vendê-lo abaixo do custo de produção, sem sofrer
prejuízo, pois o diferencial entre o preço de mercado e o preço do produto é coberto pelo governo.
Em virtude desses casos, torna-se necessário distinguir os conceitos de Custo de Fatores e
Preços de Mercado.
Custo de fatores é o que a empresa paga aos fatores de produção, salários, juros, aluguéis e lucros.
Preço de mercado é o preço final pago na venda, isto é, adiciona ao custo de fatores de produção os
impostos indiretos (ICMS e IPI) e subtrai os subsídios.
Dessa forma, o Produto Interno Bruto ao custo de fatores (PIBc.f.) indica que a valoração
efetuada do produto nacional é realizada sem a inclusão dos impostos indiretos e adicionando-se lhe
as subvenções concedidas pelo Estado às empresas, ou seja, os subsídios. Isso quer dizer que os
produtos são avaliados ao custo de produção.
Analiticamente:
PIB c.f = PNB c.f. + RRE – RRN
Se ao valor do PIB c.f é acrescentado o valor dos impostos indiretos (Ti), e é subtraído o
valor dos subsídios (Sub), obtém-se o Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIB p.m.).
Analiticamente:
PIB p.m. = PIB c.f. + Ti – Sub
Calcular:
a) Produto interno bruto a preços de mercado (PIBpm)
90
b) Produto nacional bruto a preços de mercado (PNBpm)
c) Produto nacional líquido a preços de mercado (PNLpm)
91
8. PIB NOMINAL E PIB REAL
Quando comparamos valores em períodos diferentes, eles incorporam o aumento da
inflação. Para tirarmos o efeito da inflação, precisamos desinflacionar esses valores, transformando
valores nominais em valores reais ou deflacionados. Daí surge a diferença entre PIB nominal e PIB
real.
O PIB nominal ou monetário é o PIB medido a preços correntes, do próprio ano.
O PIB real é o PIB medido a preços constantes de um dado ano qualquer, chamado ano-
base. Os preços fixam fixados nesse ano, como se a inflação fosse zerada a partir de então.
Para compreendermos melhor a diferença entre o Preço Real e o Preço Nominal
apresentaremos um gráfico com o preço nominal e preço real do leite tipo C (Gráfico 01).
Observamos nesse período que em jan/2000 o preço nominal foi de 0,29 centavos, enquanto o preço
real foi de 0,65 centavos o litro de leite. A medida que aproximamos de jan/2010 os valores
nominais e reais são cada vez mais próximos, pois a inflação acumulada no período é cada vez
menor.
Gráfico 01 – Preço Nominal e Preço Real do Leite Tipo C, no período de jan/2000 a jan/2010.
Preço real corrigido pelo IGP-DI, ano base jan/2010=100
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
abr/00
jul/00
abr/01
jul/01
abr/02
jul/02
abr/03
jul/03
abr/04
jul/04
abr/05
jul/05
abr/06
jul/06
abr/07
jul/07
abr/08
jul/08
abr/09
jul/09
jan/00
out/00
jan/01
out/01
jan/02
out/02
jan/03
out/03
jan/04
out/04
jan/05
out/05
jan/06
out/06
jan/07
out/07
jan/08
out/08
jan/09
out/09
jan/10
92
- não considera os custos sociais derivados do crescimento econômico, tais como poluição,
congestionamento, piora do meio ambiente etc.;
- não considera diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos da sociedade.
Dentro da discussão da adequação (ou não) do PIB como medida de bem-estar é interessante
observar que as Nações Unidas calculam periodicamente um índice de desenvolvimento humano
(IDH).
Após a obtenção desses três valores, cada um é normalizado para estar entre 0 e 1 (ou seja,
são convertidos em índices entre 0 e 1). Essa normalização é feita para que os diferentes indicadores
tenham pesos iguais no cálculo do IDH. Em seguida, a média geométrica desses três índices
normalizados é calculada para obter o IDH final.
O IDH pode variar de 0 a 1, sendo que 1 representa o melhor desempenho possível em todos
os indicadores e 0 o pior. O IDH é frequentemente usado para comparar o desenvolvimento humano
entre diferentes países e regiões.
93
Coeficiente de Gini
O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano
Corrado Gini em 1912. É comumente utilizada para calcular a desigualdade de distribuição de
renda, mas pode ser usada para qualquer distribuição. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde
0 corresponde à completa igualdade de renda (onde todos têm a mesma renda) e 1 corresponde à
completa desigualdade (onde uma pessoa tem toda a renda, e as demais nada têm). O índice de Gini
é o coeficiente expresso em pontos percentuais (é igual ao coeficiente multiplicado por 100).
Embora o Índice de Gini seja frequentemente usado para medir a desigualdade de renda,
também pode ser usado para medir a desigualdade em qualquer distribuição, como a distribuição de
riqueza, consumo ou outras variáveis socioeconômicas.
94
TEXTOS DE JORNAIS
O debate sobre o PIB: estamos fazendo a conta errada
Ladislau Dowbor
16 de abril de 2009
PIB, como todos devem saber, é o produto interno bruto. Para o comum dos mortais que não
fazem contas macroeconômicas, trata-se da diferença entre aparecerem novas oportunidades de
emprego (PIB em alta) ou ameaças de desemprego (PIB em baixa). Para o governo, é a diferença
entre ganhar uma eleição e perdê-la. Para os jornalistas, é uma ótima oportunidade para darem a
impressão de entenderem do que se trata. Para os que se preocupam com a destruição do meio-
ambiente, é uma causa de desespero. Para o economista que assina o presente artigo, é uma
oportunidade para desancar o que é uma contabilidade clamorosamente deformada.
Peguemos o exemplo de uma alternativa contábil, chamada FIB. Trata-se simplesmente um
jogo de siglas, Felicidade Interna Bruta. Tem gente que prefere felicidade interna líquida, questão
de gosto. O essencial é que inúmeras pessoas no mundo, e técnicos de primeira linha nacional e
internacional, estão cansados de ver o comportamento econômico ser calculado sem levar em conta
– ou muito parcialmente – os interesses da população e a sustentabilidade ambiental. Como pode-se
dizer que a economia vai bem, ainda que o povo va mal? Então a economia serve para quê?
No Brasil a discussão entrou com força recentemente, em particular a partir do cálculo do
IDH (Indicadores de Desenvolvimento Humano), que inclui, além do PIB, a avaliação da
expectativa de vida (saúde) e do nível da educação. Mais recentemente, foram lançados dois livros
básicos, Reconsiderar a riqueza, de Patrick Viveret, e Os novos indicadores de riqueza de Jean-
Gadrey e Jany-Catrice. Há inúmeras outras iniciativas em curso, que envolvem desde o Indicadores
de Qualidade do Desenvolvimento do IPEA, até os sistemas integrados de indicadores de qualidade
de vida nas cidades na linha do Nossa São Paulo. O movimento FIB é mais uma contribuição para a
mudança em curso. O essencial para nós, é o fato que estamos refazendo as nossas contas.
As limitações do PIB aparecem facilmente através de exemplos. Um paradoxo levantado por
Viveret, por exemplo, é que quando o navio petroleiro Exxon Valdez naufragou nas costas do
Alaska, foi necessário contratar inúmeras empresas para limpar as costas, o que elevou fortemente o
PIB da região. Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Simplesmente porque o PIB
calcula o volume de atividades econômicas, e não se são úteis ou nocivas. O PIB mede o fluxo dos
meios, não o atingimento dos fins. Na metodologia atual, a poluição aparece como sendo ótima para
a economia, e o IBAMA vai aparecer como o vilão que a impede de avançar. As pessoas que jogam
pneus e fogões velhos no rio Tieté, obrigando o Estado a contratar empresas para o
desassoreamento da calha, contribuem para a produtividade do país. Isto é conta?
Mais importante ainda, é o fato do PIB não levar em conta a redução dos estoques de bens
naturais do planeta. Quando um país explora o seu petróleo, isto é apresentado como eficiência
econômica, pois aumenta o PIB. A expressão “produtores de petróleo” é interessante, pois nunca
ninguém conseguiu produzir petróleo: é um estoque de bens naturais, e a sua extração, se der lugar
a atividades importantes para a humanidade, é positiva, mas sempre devemos levar em conta que
estamos reduzindo o estoque de bens naturais que entregaremos aos nossos filhos. A partir de 2003,
por exemplo, não na conta do PIB mas na conta da poupança nacional, o Banco Mundial já não
coloca a extração de petróleo como aumento da riqueza de um país, e sim como a sua
descapitalização. Isto é elementar, e se uma empresa ou um governo apresentasse a sua
contabilidade no fim de ano sem levar em conta a variação de estoques, veria as suas contas
rejeitadas. Não levar em conta o consumo de bens não renováveis que estamos dilapidando deforma
radicalmente a organização das nossas prioridades. Em termos técnicos, é uma contabilidade
grosseiramente errada.
A diferença entre os meios e os fins na contabilidade aprece claramente nas opções de
saúde. A Pastoral da Criança, por exemplo, desenvolve um amplo programa de saúde preventiva,
95
atingindo milhões de crianças até 6 anos de idade através de uma rede de cerca de 450 mil
voluntárias. São responsáveis, nas regiões onde trabalham, por 50% da redução da mortalidade
infantil, e 80% da redução das hospitalizações. Com isto, menos crianças ficam doentes, o que
significa que se consome menos medicamentos, que se usa menos serviços hospitalares, e que as
famílias vivem mais felizes. Mas o resultado do ponto de vista das contas econômicas é
completamente diferente: ao cair o consumo de medicamentos, o uso de ambulâncias, de hospitais e
de horas de médicos, reduz-se também o PIB. Mas o objetivo é aumentar o PIB ou melhorar a saúde
(e obem-estar) das famílias?
Todos sabemos que a saúde preventiva é muito mais produtiva, em termos de custo-
benefício, do que a saúde curativa-hospitalar. Mas se nos colocarmos do ponto de vista de uma
empresa com fins lucrativos, que vive de vender medicamentos ou de cobrar diárias nos hospitais, é
natural que prevaleça a visão do aumento do PIB, e do aumento do lucro. É a diferença entre os
serviços de saúde e a indústria da doença. Na visão privatista, a falta de doentes significa falta de
clientes. Nenhuma empresa dos gigantes chamados internacionalmente de “big pharma” investe
seriamente em vacinas, e muito menos em vacinas de doenças de pobres. Ver este ângulo do
problema é importante, pois nos faz perceber que a discussão não é inocente, e os que clamam pelo
progresso identificado com o aumento do PIB querem, na realidade, maior dispêndio de meios, e
não melhores resultados. Pois o PIB não mede resultados, mede o fluxo dos meios.
É igualmente importante levar em consideração que o trabalho das 450 mil voluntárias da
Pastoral da Criança não é contabilizado como contribuição para o PIB. Para o senso comum, isto
parece uma atividade que não é propriamente econômica, como se fosse um bandaid social. Os
gestores da Pastoral, no entanto, já aprenderam a corrigir a contabilidade oficial. Contabilizam a
redução do gasto com medicamentos, que se traduz em dinheiro economizado na família, e que é
liberado para outros gastos. Nesta contabilidade corrigida, o não-gasto aparece como aumento da
renda familiar. As noites bem dormidas quando as crianças estão bem representam qualidade de
vida, coisa muitíssimo positiva, e que é afinal o objetivo de todos os nossos esforços. O fato da mãe
ou do pai não perderem dias de trabalho pela doença dos filhos também ajuda a economia. O
Canadá, centrado na saúde pública e preventiva, gasta 3 mil dólares por pessoa em saúde, e está em
primeiro lugar no mundo neste plano. Os Estados Unidos, com saúde curativa e dominantemente
privada, gastam 6,5 mil, e estão longe atrás em termos de resultados. Mas ostentam orgulhosamente
os 16% do PIB gastos em saúde, para mostrar quanto esforço fazem. Estamos medindo meios,
esquecendo os resultados. Neste plano, quanto mais ineficientes os meios, maior o PIB.
Uma outra forma de aumentar o PIB é reduzir o acesso a bens gratuitos. Na Riviera de São
Lourenço, perto de Santos, as pessoas não têm mais livre acesso à praia, a não ser através de uma
séria de enfrentamentos constrangedores. O condomínio contribui muito para o PIB, pois as pessoas
têm de gastar bastante para ter acesso ao que antes acessavam gratuitamente. Quando as praias são
gratuitas, não aumentam o PIB. Hoje os painéis publicitários nos “oferecem” as maravilhosas praias
e ondas da região, como se as tivessem produzido. A busca de se restringir a mobilidade, o espaço
livre de passeio, o lazer gratuito oferecido pela natureza, gera o que hoje chamamos de “economia
do pedágio”, de empresas que aumentam o PIB ao restringir o acesso aos bens. Temos uma vida
mais pobre, e um PIB maior.
Este ponto é particularmente grave no caso do acesso ao conhecimento. Trata-se de uma
área onde há excelentes estudos recentes, como A Era do Acesso, de Jeremy Rifkin; The Future of
Ideas, de Lawrence Lessig; O imaterial, de André Gorz, ou ainda Wikinomics, de Don Tapscott.
Um grupo de pesquisadores da USP Leste, com Pablo Ortellado e outros professores, estudou o
acesso dos estudantes aos livros acadêmicos: o vslume de livros exigidos é proibitivo para o bolso
dos estudantes (80% de famílias de até 5 salários mínimos), 30% dos títulos recomendados estão
esgotados. Na era do conhecimento, as nossas universidades de linha de frente trabalham com xerox
de capítulos isolados do conjunto da obra, autênticos ovnis científicos, quando o MIT, principal
centro de pesquisas dos Estados Unidos, disponibiliza os cursos na íntegra gratuitamente online, no
quadro do OpenCourseWare (OCW). Hoje, os copyrights incidem sobre as obras até 90 anos após a
96
morte do autor. E se fala naturalmente em “direitos do autor”, quanto se trata na realidade de
direitos das editoras, dos intermediários.
É impressionante investirmos por um lado imensos recursos públicos e privados na
educação, e por outro lado empresas tentarem restringir o acesso aos textos. O objetivo, é assegurar
lucro das editoras, aumentando o PIB, ou termos melhores resultados na formação, facilitando, e
incentivando (em vez de cobrar) o aprendizado? Trata-se, aqui também, da economia do pedágio,
de impedir a gratuidade que as novas tecnologias permitem (acesso online), a pretexto de proteger a
remuneração dos produtores de conhecimento.[1]
Outra deformação deste tipo de conta é a não contabilização do tempo das pessoas. No
nosso ensaio Democracia Econômica, inserimos um capítulo “Economia do Tempo”. Está
disponível online, e gratuitamente. O essencial, é que o tempo é por excelência o nosso recurso não
renovável. Quando uma empresa nos obriga a esperarmos na fila, faz um cálculo: a fila é custo do
cliente, não se pode abusar demais. Mas o funcionário é custo da empresa, e portanto vale a pena
abusar um pouco. Isto se chama externalização de custos. Imaginemos que o valor do tempo livre
da população econômicamente ativa seja fixado em 5 reais. Ainda que a produção de automóveis
represente um aumento do PIB, as horas perdidas no trânsito pelo encalacramento do trânsito
poderiam ser contabilizadas, para os 5 milhões de pessoas que se deslocam diariamente para o
trabalho em São Paulo, em 25 milhões de reais, isto calculando modestos 60 minutos por dia. A
partir desta conta, passamos a olhar de outra forma a viabilidade econômica da construção de metrô
e de outras infraestruturas de transporte coletivo. E são perdas que permitem equilibrar as opções
pelo transporte individual: produzir carros realmente aumenta o PIB, mas é uma opção que só é
válida enquanto apenas minorias têm acesso ao automóvel. Hoje São Paulo anda em primeira e
segunda, gastando com o carro, com a gazolina, com o seguro, com as doenças respiratórias, com o
tempo perdido. Os quatro primeiros itens aumentam o PIB. O último, o tempo perdido, não é
contabilizado. Aumenta o PIB, reduz-se a mobilidade. Mas o carro afinal era para quê?
Alternativas? Sem dúvida, e estão surgindo rapidamente. Não haverá o simples abandono do
PIB, e sim a compreensão de que mede apenas um aspecto, muito limitado, que é o fluxo de uso de
meios produtivos. Mede, de certa forma, a velocidade da máquina. Não mede para onde vamos, só
nos diz que estamos indo depressa, ou devagar. Não responde aos problemas essenciais que
queremos acompanhar: estamos produzindo o quê, com que custos, com que prejuizos (ou
vantagens) ambientais, e para quem? Aumentarmos a velocidade sem saber para onde vamos não
faz sentido. Contas incompletas são contas erradas.
Como trabalhar as alternativas? Há os livros mencionados acima, o meu preferido é o de
Jean Gadrey, foi editado pelo Senac. E pode ser utilizado um estudo meu sobre o tema, intitulado
Informação para a Cidadania e o Desenvolvimento Sustentável. Porque não haverá cidadania sem
uma informação adequada. O PIB, tão indecentemente exibido na mídia, e nas doutas previsões dos
consultores, merece ser colocado no seu papel de ator coadjuvante. O objetivo é vivermos melhor.
A economia é apenas um meio. É o nosso avanço para uma vida melhor que deve ser medido.
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[1] O material do MIT pode ser acessado no site www.ocw.mit.edu; Em vez de tentar impedir a
aplicação de novas tecnologias, como aliás é o caso das empresss de celular que lutam contra o wi-
fi urbano e a comunicação quase gratuita via skype, as empresas devem pensar em se reconverter, e
prestar serviços úteis ao mercado. A IBM ganhava dinheiro vendendo computadores, e quando este
mercado se democratizou com o barateamento dos computadores pessoais migrou para a venda de
softwares. Estes hoje devem se tornar gratuitos (a própria IBM optou pelo Linux), e a empresa
passou a se viabilizar prestando serviços de apoio informático. Travar o acesso aumenta o PIB, mas
empobrece a sociedade.
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97
LISTA DE QUESTÕES
Módulo 04 – O SISTEMA ECONÔMICO CAPITALISTA E MEDIDAS DE ATIVIDADE
ECONÔMICA
QUESTÕES TEÓRICAS
4 – Defina renda líquida enviada ao exterior, Produto Nacional Bruto (PNB) e Produto Interno
Bruto (PIB)
5 – Como motivação, leia atentamente o trecho do artigo abaixo, de Roberto Macedo, publicado no
caderno Economia do jornal O Estado de S. Paulo em 7/4/2005:
Confusão em torno do PIB
Como o “I” do PIB indica, este mede a produção de bens e serviços realizada internamente a um
país, ou seja, dentro das suas fronteiras geográficas, mesmo se realizada por fatores de produção
de outras nacionalidades, como o capital estrangeiro ou trabalhadores imigrantes.
Quais as diferenças existentes entre as diversas medidas do produto, ou seja, entre as medidas
originadas de sua qualificação em interno/nacional, bruto/líquido, a preços de mercado/a custo de
fatores?
QUESTÕES PRÁTICAS
6 – No Brasil, a renda enviada supera a renda recebida do exterior. Qual é maior, o PNB ou o PIB?
98
9 – Um estudante com o objetivo de fazer um estudo comparando a situação econômica de alguns
países, obteve, num site na internet, os dados da tabela a seguir, relativo ao ano de 2007.
99
12 – Considere a seguinte tabela sobre a evolução da estrutura de distribuição de renda no Brasil.
1960 1970 1980 1990 2004
Coeficiente de Gini 0.50 0.562 0.58 0.62 0.57
Fonte: IBGE. Anuário Estatístico do Brasil 1994.
O índice de Gini aumentou entre 1960 e 1990, o que indica que a renda se concentrou nesse
período. A evolução desse indicador autoriza a afirmativa de que “os ricos ficaram mais ricos e os
pobres ficaram mais pobres”, entre essas três décadas? Justifique sua resposta.
13 – Os dados abaixo se referem ao Distrito Federal, em 1980/81. Com base nesses números,
discuta as seguintes afirmativas:
Distrito Federal: indicadores de renda, 1980/1981
Renda familiar Participação na renda total
Localidade mensal média Índice de Gini 50% mais 10% mais
(Cr$ de 1980) pobres ricos
Brazlândia 14,7 0,26 30% 38%
Ceilândia 15,7 0,27 25% 25%
N. Bandeirante 29,3 0,33 18% 26%
Taguatinga 30,9 0,45 20% 33%
Plano Piloto 82,4 0,43 22% 48%
Distrito Federal 40,5 0,54 21% 35%
Fonte: IBGE. Anuário Estatístico de 1985
a) Considerados os dados de estrutura e distribuição de renda familiar no Distrito Federal, pode-se
afirmar que o padrão de vida em Brazlândia e Ceilândia era, na época, superior ao das demais
localidades.
b) Pode-se dizer que a distribuição de renda no Distrito Federal como um todo é mais desigual do
que em cada uma das localidades que o compõem.
100
d) É o valor de mercado de todos os serviços e bens finais produzidos por residentes permanentes
de um país em um dado período de tempo.
17 – Em uma economia, a renda enviada para o exterior é maior que a renda recebida do exterior.
Então:
a) O Produto Interno Bruto é maior que o Produto Nacional Bruto.
b) O Produto Interno Bruto é menor que o Produto Nacional Bruto.
c) O Produto Interno Bruto é igual ao Produto Nacional Bruto.
d) O Produto Interno Bruto a custo de fatores é maior que o Produto Interno Bruto a preços de
mercado.
e) O Produto Nacional Bruto a custo de fatores é menor que o Produto Nacional Bruto a preços
de mercado.
101
19 – Para a economia como um todo:
a) Os serviços e bens finais produzidos em uma economia são iguais à quantidade total de renda
paga aos fatores de produção.
b) Os serviços e bens finais são iguais ao total da renda menos os impostos.
c) A renda paga aos fatores de produção é igual ao valor da produção total menos depreciação.
d) O valor dos serviços e bens finais produzidos todo ano é o mesmo.
22 – Em uma economia são conhecidos os valores, para determinado ano, dos agregados
macroeconômicos abaixo listados:
Consumo do setor privado: C
Investimento do setor privado: I
Poupança do setor privado: S
Gasto total do setor público: G
Exportações de bens e serviços não fatores: X
Importações de bens e serviços não fatores: M
Renda líquida enviada ao exterior: RL
O Produto Interno Bruto dessa economia a preços de mercado no ano em questão é dado pela soma
algébrica:
(A) C + S + X – M + RL (B) C + I + S + X – M
(C) C + I + G + X – M (D) C + G + X + M + RL
102
MÓDULO 05 – NOÇÕES DE TEORIA MONETÁRIA, CRÉDITO, SISTEMA
FINANCEIRO E INFLAÇÃO
1.1. INTRODUÇÃO
A teoria monetária aborda os impactos da moeda na economia, e abrange um conjunto de
instituições e instrumentos que cumprem funções importantes, tais como: a transferência de
recursos entre unidades superavitárias e unidades deficitárias, a promoção do desenvolvimento, o
aumento da liquidez de ativos reais, entre outros.
1.2. MOEDA
A moeda é um instrumento ou objeto aceito pela coletividade para intermediar as
transações econômicas, para pagamento de bens e serviços. Essa aceitação é garantida por lei, ou
seja, a moeda tem “curso forçado1”.
Antes da existência da moeda, o fluxo de trocas de bens e serviços na economia dava-se
por escambo, com trocas diretas de mercadoria por mercadoria (economia de trocas). É fácil
imaginar os transtornos trazidos por tal mecanismo. Se alguém tivesse a mercadoria sal em excesso
e precisasse trocá-la por outra (por exemplo, carne), precisaria primeiro localizar alguém que
tivesse carne em excesso e desejasse sal, e, em seguida, teria de resolver o problema das
quantidades e divisibilidade: quanto de sal seria necessário para comprar um boi? E se a pessoa
precisasse de apenas meio boi?
Com a evolução da sociedade, certas mercadorias passaram a ser aceitas por todos, por
suas características peculiares ou pelo próprio fato de serem escassas. Por exemplo, o sal, que por
ser escasso era aceito na Roma Antiga como moeda. Em diversas épocas e locais diferentes, outros
bens assumiram idêntica função. Portanto, a moeda mercadoria constitui a forma mais primitiva de
moeda na economia.
Posteriormente, os metais preciosos passaram a assumir a função de moeda. Esse fato se
deu por diversas razões: são limitados na natureza, possuem durabilidade e resistência, são
divisíveis em peso etc. Para exercer o controle sobre os metais em circulação, foi implantada a
“cunhagem” da moeda pelos governantes, o que deu origem à atual moeda metálica.
O papel-moeda de hoje teve origem na moeda-papel. As pessoas de posse de ouro, por
questão de segurança, o guardavam em casas especializadas (embrião do atual sistema bancário),
1
Moeda de curso forçado é aquela que é aceita pela economia por força de lei. Tal aceitação não é feita pela confiança
no emissor da moeda. Uma moeda deste último tipo denomina-se moeda fiduciária.
103
onde ourives – pessoas que trabalhavam o ouro e a prata – emitiam certificados de depósitos dos
metais. Ao adquirir bens e serviços, as pessoas podiam então fazer os pagamentos com esses
certificados, já que, por serem transferíveis, o novo detentor do título poderia retirar o montante
correspondente de metal com o ourives. Como o depositário do metal merecia a confiança de todos,
esses certificados foram ganhando livre circulação, passando a ter aceitação geral, porque possuíam
lastro e podiam ser convertidos a qualquer instante em ouro. Ao longo do tempo, entretanto, o lastro
tornou-se menor que 100%, pois o ourives, percebendo que sempre permanecia em sua firma
determinado montante de metais preciosos sobre os quais não havia comando, passou a emitir
moeda-papel em proveito próprio, sem nenhum lastro.
Mais tarde, a partir do século XVII, surgiram os bancos comerciais privados. Esses bancos
começaram a emitir notas ou recibos bancários que passaram a circular como moeda, dando origem
ao papel-moeda. Alguns desses bancos receberam o privilégio do monopólio da emissão de notas
bancárias, sendo esse monopólio a origem de muitos bancos centrais, como o Banco da Inglaterra,
fundado em 1694 por um grupo de banqueiros privados para financiar os déficits da Coroa.
Posteriormente, o Estado passou a monopolizar a emissão de papel-moeda lastreado em
ouro (padrão-ouro). O ouro, contudo, é um metal com reservas limitadas na natureza, e o padrão-
ouro passou a apresentar um obstáculo à expansão das economias nacionais e do comércio
internacional, ao impor um limite à oferta monetária, uma vez que a capacidade de emitir moeda
estava vinculada à quantidade de ouro existente. Dessa forma, a partir de 1920 o padrão-ouro foi
abandonado, e a emissão de moeda passou a ser aceita por força de lei, denominando-se moeda de
curso forçado ou moeda fiduciária (de fidúcia, confiança), não sendo lastreada em metais preciosos.
104
1.4. AGREGADOS MONETÁRIOS NO BRASIL
A oferta de moeda também é chamada de meios de pagamento. Portanto, os meios de
pagamento constituem o total de moeda à disposição do setor privado não bancário, de liquidez
imediata, ou seja, que pode ser utilizada imediatamente para efetuar transações. A liquidez da
moeda é a capacidade que ela tem de ser um ativo prontamente disponível e aceito para as mais
diversas transações.
Os meios de pagamento em sua forma tradicional são dados pela soma da moeda em poder
do público mais os depósitos à vista nos bancos comerciais. Ou seja, pela soma da moeda manual e
da moeda escritural.
Enfim, os meios de pagamento é a moeda que não está rendendo juros, aquela que não está
aplicada em contas ou ativos remunerados.
As cadernetas de poupança e os depósitos a prazo nos bancos comerciais 2 (captados via
certificados de depósitos bancários – CDBs) não são considerados meios de pagamento por duas
razões. A primeira razão é o fato de não apresentarem liquidez imediata. A segunda razão é que
esses ativos são remunerados, isto é, rendem juros.
Os meios de pagamento, conceituados como moeda de liquidez imediata, isto é, que não
rendem juros, também são chamados, na literatura mais específica de M0 e M1. Sendo que M0 é o
estoque de moeda metálica e papel-moeda que fica em poder das pessoas ou das firmas, é chamado
também de moeda manual ou moeda corrente. M1, por sua vez, são os depósitos em conta corrente
nos bancos comerciais, é chamado também de moeda escritural ou bancária.
Já os ativos que apresentam uma alta liquidez (embora não tão imediata) e que rende juros
são chamados de quase-moeda. Como exemplo poderíamos citar os títulos públicos, as cadernetas
de poupança, os depósitos a prazo e alguns títulos privados. Nesse sentido, M2, M3 e M4 incluem
as quase-moedas, que rendem juros aos aplicadores.
Ao classificar o total de moedas de um país utiliza-se o conceito de agregado monetário ou
meios de pagamento que pode ou não incluir as quase-moedas.
Cada país classifica os seus agregados monetários por ordem de liquidez. No Brasil,
existem 5 agregados monetários: M0, M1; M2; M3 e M4.
2
A conta de depósito a prazo é o tipo de conta onde o seu dinheiro só pode ser sacado depois de um prazo fixado por
ocasião do depósito.
105
Agregados monetários (Meios de pagamento)
M0: Moeda em poder do público (papel moeda e Moedas metálicas)
M1:M0 + depósitos à vista nos bancos comerciais
M2:M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por
instituições depositárias
M3:M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas registradas no Selic
M4:M3 + títulos públicos de alta liquidez
Banco dos bancos: os bancos comerciais podem querer depositar seus fundos em algum lugar, e,
para tanto, necessitam de um mecanismo para transferi-los de um banco para outro. O banco central
cumpre este papel, ele recebe depósitos dos bancos comerciais e transfere fundos de um banco para
outro. Os bancos comerciais também precisam de fundos líquidos e uma das formas de consegui-los
é pedir emprestado ao Banco Central. A taxa de juros que os bancos comerciais pagam é conhecida
como taxa de redesconto.
Banco do governo: grande parte dos fundos do governo é depositado no Banco Central. Quando o
governo necessita de recursos, normalmente emite títulos (obrigações) e os vende ao público ou ao
Banco Central, obtendo, assim, os fundos necessários. Mesmo quando o governo vendo títulos ao
público, ele o faz por meio do Banco Central.
Fiscalização das instituições financeiras: O Bacen também é o responsável pelas fiscalizações das
instituições financeiras, como os bancos comerciais, as financeiras e os bancos de investimentos.
Para exercer essas funções, o Banco Central utiliza os instrumentos de política monetária.
Controle das emissões: o Bacen controla, por força de lei, o volume de moeda manual da economia,
cabendo a ele as determinações das necessidades de novas emissões e os respectivos volumes;
Operações de mercado aberto (open market): estas operações consistem em vendas ou compras, por
parte do Banco Central, de títulos governamentais no mercado de capitais. O Banco Central mantém
uma carteira de títulos públicos para realizar operações reguladoras da oferta monetária. Quando o
governo coloca seus títulos para o público, o efeito é o de reduzir os meios de pagamento (“enxuga”
os meios de pagamento), já que parte da moeda em poder do público retorna ao governo como
pagamento desses títulos. Ao contrário, quando o governo compra os títulos, efetua pagamento em
moeda aos seus portadores, o que aumenta a oferta de moeda (os meios de pagamento). Essas
107
operações afetam e são afetadas pelas remunerações oferecidas por esses títulos, que é a taxa de
juros básica da economia (no Brasil, a taxa Selic). Nesse sentido, para vender os títulos públicos o
Banco Central normalmente deve elevar a taxa de juros;
Operações de Redesconto: o Banco Central é o banco dos bancos. Dessa forma, ele empresta fundos
líquidos aos outros estabelecimentos bancários, por meio de empréstimos diretos ou por meio de
redesconto de títulos. À medida que adota uma política liberal de crédito, oferecendo empréstimos
abundantes e a juros (taxa de redesconto) baixos, o Banco Central fornece aos bancos comerciais
uma fonte acessível de empréstimos, e, portanto, estes podem também adotar uma política liberal de
crédito para seus clientes. Caso o Banco Central limite quantitativamente os redescontos ou eleve
suas taxas, os bancos comerciais serão obrigados a reduzir seus empréstimos e elevar as taxas de
juros. Assim, o crédito bancário se torna difícil e dispendioso.
Além desses instrumentos típicos da política econômica, o Bacen pode afetar o fluxo de
moeda pela regulamentação da moeda e do crédito, por exemplo, contingenciando o crédito,
fixando a taxa de juros, os limites de prazos para o crédito ao consumidor etc.
108
diminuição no consumo, porque as pessoas passam a preferir poupança a consumo, e dirigem sua
renda não gasta para os bancos, com o intuito de auferir receitas financeiras.
109
Diminuir a regulamentação no mercado de crédito, principalmente nos limites impostos aos
prazos de empréstimos, ou no montante do crédito direto ao consumidor etc.
O sentido geral de uma política monetária expansionista é aumentar o volume de moeda
em circulação, aumentar o crédito e reduzir a taxa de juros de mercado.
Efeitos sobre a demanda agregada: um aumento na oferta monetária fará a taxa de juros diminuir e
incidirá positivamente sobre a demanda agregada. O gasto com o consumo aumentará, pois os
indivíduos estarão estimulados a pedir dinheiro emprestado para comprar carros, casas, etc. O
mesmo ocorrerá com o investimento, pois, para as empresas, ficará mais barato financiar seus
investimentos. Portanto, o aumento da demanda agregada fomentará o crescimento da economia e
contribuirá para a redução do desemprego. Por outro lado, uma redução da quantidade de dinheiro
110
fará a demanda agregada diminuir, com isso cairão também as importações e, como comentaremos
a seguir, a inflação diminuirá.
Efeito sobre a inflação: Os economistas chamados monetaristas defendem que a inflação é causada
por um aumento excessivo da oferta monetária. Para esses economistas o controle do crescimento
da oferta monetária é um fator-chave para conter o aumento dos preços.
Efeitos sobre a entrada de capitais estrangeiros: uma taxa de juros elevada incentiva a entrada de
capital estrangeiro no Brasil e desincentiva a fuga de capitais. Juros altos podem originar operações
conhecidas como "carry trade". O jargão denomina uma manobra financeira na qual os investidores
tomam empréstimos em países nos quais a taxa de juros é baixa e aplicam o dinheiro em outros,
onde o juro é bem maior. Com o ganho, ele não só paga o empréstimo no país onde tomou o
dinheiro emprestado como obtém grandes lucros.
PARTE II – INFLAÇÃO
2.1. INTRODUÇÃO
A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível de
preços. Ou seja, os movimentos inflacionários representam elevações em todos os bens produzidos
pela economia e não meramente o aumento de um determinado preço. Outro aspecto fundamental
refere-se ao fato de que o fenômeno inflacionário exige a elevação contínua dos preços durante um
período de tempo, e não meramente uma elevação esporádica dos preços.
Uma vez que a inflação representa uma elevação dos preços monetários, ela significa que o
valor real da moeda é depreciado pelo processo inflacionário. Assim, por definição, a inflação é um
fenômeno monetário. Entretanto, como veremos adiante, isso não quer dizer que a sua solução
passe simplesmente por um controle do estoque de moeda.
As fontes de inflação costumam diferir em função das condições de cada país:
Tipo de estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial etc.), que condiciona a capacidade dos
vários setores de repassar aumentos de custos aos preços dos produtos;
Grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta a economia à competição
externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços dos produtos. Dessa
forma, países com maior abertura ao comércio exterior tendem a “importar” e “exportar” inflação
de forma mais acentuada que países com pequena participação no comércio internacional;
111
Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a
capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade, e maior a pressão
sobre os preços.
112
aumentam e são repassados aos preços dos produtos. Com isso, ocorre uma retração, deslocando a
curva do produto para trás, provocando um aumento dos preços de mercado.
As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produção são:
Aumentos salariais: um aumento das taxas de salários que supere os aumentos na produtividade da
mão-de-obra acarreta um aumento dos custos unitários de produção, que são normalmente
repassados aos preços dos produtos. Isso ocorre, normalmente, em setores que têm sindicatos com
grande poder de barganha;
Estrutura de mercado: a inflação de custos também está associada ao fato de algumas empresas,
com elevado poder de monopólio ou oligopólio, terem condições de elevar seus lucros acima da
elevação dos custos de produção.
Efeitos sobre a distribuição de renda: a distorção mais séria provocada pela inflação diz respeito à
redução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, os quais
possuem prazos legais de reajuste. Nesse caso estão os assalariados que, com o passar do tempo,
113
vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. A
classe trabalhadora é, sem dúvida, a que mais perde com a elevação das taxas de inflação,
principalmente os trabalhadores de baixa renda. Como todo o salário que recebem destina-se sua
subsistência, elas não têm meios de aplicar seu dinheiro, de forma a defender da inflação.
Efeito sobre a balança de pagamentos: elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento
de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente.
Assim, tendem a provocar um estímulo às importações e desestímulo às exportações, diminuindo o
saldo da balança comercial (exportação menos importações). Esse fato costuma inclusive, provocar
um verdadeiro círculo vicioso, se o país estiver enfrentando déficit cambial. Nessas condições, as
autoridades, na tentativa de minimizar o déficit, são obrigadas a lançar mão de desvalorizações
cambiais, as quais, depreciando a moeda nacional podem estimular a colocação de nossos produtos
no exterior, desestimulando as importações. Entretanto, as importações essenciais, das quais muitos
países não podem prescindir (como petróleo, fertilizantes, equipamentos sem similar nacional),
tornar-se-ão inevitavelmente mais caras, pressionando os custos de produção dos setores que se
utilizam mais largamente de produtos importados. O círculo se fecha com uma nova elevação de
preços, provocada pelo repasse do aumento de custos aos preços dos produtos.
Efeito sobre o mercado de capitais: tendo em visa o fato de que, num processo inflacionário intenso,
o valor da moeda se deteriora rapidamente, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no
mercado de capitais financeiros. As aplicações em poupança e títulos devem sofrer uma retração.
Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de raiz, como terras e imóveis,
que costumam se valorizar.
Finanças públicas: a inflação tende a corroer o valor da arrecadação fiscal do governo, pela
defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior inflação,
menor a arrecadação real do governo.
114
2.6. ÍNDICES QUE MEDEM A INFLAÇÃO NO BRASIL
Atualmente, os principais órgãos responsáveis pelo cálculo da inflação no Brasil são
quatro: a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e o Departamento Intersindical de Estudos
Estatísticos e Socieconômicos (Dieese).
Os cálculos da maioria dos índices de inflação no Brasil e no mundo são baseados na soma
da variação de valores de uma cesta de produtos com uma quantidade supostamente fixa durante um
determinado período. É por isso que o índice pode ser divulgado em prévias semanais ou taxas
fechadas mensais, dependendo de sua periodicidade.
A cesta inclui produtos essenciais, como alimentos e produtos de higiene e limpeza, e
extravagâncias como bebidas alcoólicas, cigarros e gastos com motéis, de forma a refletir, em
média, o que as famílias dentro da faixa de renda analisada realmente consomem. A variação dos
preços desses itens que compõem a cesta constitui no índice de inflação.
Outros índices, por sua vez, são calculados com uma média ponderada, ou seja, alguns de
seus itens têm pesos maiores que os outros. É o caso do Índice de Preços ao Consumidor (IPC)
calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e do IPC medido pela Fundação
Getúlio Vargas. Com isso, esses indicadores podem mostrar uma inflação menor que os outros.
Calcula três índices de inflação: IGP-M, IGP-10 e IGP-DI, que diferem entre si apenas pelo
período de coleta de dados. Os três são calculados com base em outros três indicadores: O Índice de
Preços no Atacado (IPA), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice Nacional do Custo da
Construção (INCC), que representam 60%, 30% e 10%, respectivamente, em cada um dos três
principais índices.
IGP-M – O Índice Geral de Preços do Mercado é coletado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do
mês vigente, com divulgação sempre por volta do dia 30. Todo o mês são feitas três apurações, que
resultam em duas prévias e um resultado fechado do período. A taxa leva em consideração os três
indicadores básicos da FGV: IPA, IPC e INCC:
IPA – O Índice de Preços no Atacado, que serve como base para três indicadores da FGV,
considera a variação dos preços no mercado atacadista. A taxa é medida em Alagoas, Amazonas,
Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, Sergipe e São Paulo.
115
IPC — O Índice de Preços ao Consumidor mede a inflação para famílias com rendimentos entre um
e 33 salários mínimos. O indicador é calculado em Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo,
Florianópolis, Brasília, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Belém, Recife e Belo Horizonte.
INCC – O Índice Nacional do Custo da Construção mede a variação de preços de uma cesta de
produtos e serviços atualizados pelo setor de construção civil. O índice é calculado nas mesmas
cidades que o IPC.
IGP-DI – Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna. A taxa, que também considera os três
índices básicos da FGV, mede os preços que afetam diretamente a atividade econômica do país,
excluindo as exportações. A coleta de dados é feita sempre do primeiro ao último dia do mês.
IGP-10 — É outra variação do Índice Geral de Preços ao Mercado, com a de coleta de dados feita
entre os dias 10 e 11 de cada mês.
116
LISTA DE QUESTÕES
Módulo 05 – NOÇÕES DE TEORIA MONETÁRIA, CRÉDITO, SISTEMA FINANCEIRO E
INFLAÇÃO
QUESTÕES TEÓRICAS
1 – O que distingue a moeda dos demais ativos da economia? Justifique sua resposta com base nas
três funções desempenhadas pela moeda na economia.
QUESTÕES PRÁTICAS
12 – Se se deseja incentivar o investimento das empresas, como a autoridade monetária deveria
atuar?
117
13 – Se o BACEN reduz a quantidade de empréstimos que concede aos bancos, que ocorrerá com a
taxa de juros? Que conseqüência terá essa atuação sobre o investimento das empresas?
14 – Quando o BACEN compra títulos públicos no mercado, o que ocorrer com a quantidade de
dinheiro e com a taxa de juros? Explique
15 – Supondo uma economia com déficit público relativamente elevado, se o governo emitir moeda
para cobri-lo, o que deve ocorrer com as taxas de inflação? Explique
118
Os observadores dos mercados dizem que os preços das matérias-primas estão sendo estimulados
pela escassez de oferta (em parte devido ao crescimento do setor de biocombustível e em parte
devido à seca na Austrália) e que a alta da procura em países como China e Índia também exerce
um papel nessa equação.
Eles alertam de que o mundo pode passar por um período de "inflação sem precedentes nos preços
dos alimentos", nos próximos 18 meses, com as empresas processadoras tentando repassar aos
consumidores os aumentos das matérias-primas. "A situação pode se tornar a perfeita tempestade",
diz Michael Steib, analista de alimentos do Morgan Stanley (Jornal Folha de São Paulo
26/05/2007).
De acordo com o texto do jornal, pode surgir em breve uma inflação sem precedentes nos preços
dos alimentos Qual o tipo de inflação (demanda ou custo) esta relacionado com a utilização de
grãos para a produção de biocombustível? Justifique sua resposta.
19 – Os juros dos financiamentos bancários atingiram o nível mais baixo em sete anos no mês
passado, mas a decisão do Banco Central em interromper o processo de queda da taxa Selic pode
reverter essa tendência, dificultando o acesso de empresas e pessoas físicas a empréstimos mais
baratos. Levantamento feito pelo BC mostra que, entre agosto e setembro, os juros médios
cobrados pelos bancos caíram de 35,7% ao ano para 35,5%, o menor valor já registrado desde que
a pesquisa começou a ser feita, em junho de 2000. (...) A taxa Selic serve de parâmetro para o
custo que os bancos têm para captar dinheiro no mercado - para, posteriormente, emprestá-lo a
seus clientes. (Jornal Folha de São Paulo/ Caderno Dinheiro/ 24/12/2007)
Apesar da redução das taxas de juros nos últimos meses, ela continua muito alta. Nesse sentido,
quais as conseqüências dos juros altos sobre o investimento das empresas? E na taxa de
desemprego?
119
QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA
21 – O que define a moeda é sua liquidez, ou seja, a capacidade que possui de ser um ativo
prontamente disponível e aceito para as mais diversas transações. Além disso, três outras
características a definem:
a) Forma metálica, papel-moeda e moeda escritural.
b) Instrumento de troca, unidade de conta e reserva de valor.
c) Reserva de valor, credibilidade e aceitação no exterior.
d) Instrumento de troca, curso forçado e lastro-ouro.
e) Forma metálica, reserva de valor e curso forçado.
22 – As operações entre o público e o setor bancário, conforme o caso, podem criar meios de
pagamento ou destruir meios de pagamento. Dentre as operações a seguir relacionadas, qual delas é
responsável pela criação de meios de pagamento?
a) Pessoas realizam depósitos a prazo nos bancos.
b) Bancos vendem ao público, mediante pagamento a vista, em moeda, títulos de diversas
espécies.
c) A empresa resgata um grande empréstimo contraído no sistema bancário.
d) Empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrição de depósitos a
vista ou moeda manual.
e) Saque de cheques nos caixas dos bancos.
120
25 – Uma das medidas abaixo é inconsistente com uma política tipicamente monetarista de combate
à inflação. Identifique-a:
a) Restrições às operações de crédito ao consumidor.
b) Elevação das taxas de juros.
c) Diminuição dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais no Banco Central.
d) Reajustes salariais abaixo da inflação do período.
e) Cortes em subsídios governamentais.
26 – “As questões discutidas hoje estão colocadas no campo da racionalidade e não mais no das
emoções. A hipótese de um novo mergulho no abismo da depressão econômica, talvez com exceção
do Japão, não está mais na pauta da grande maioria dos analistas. E os bancos centrais do mundo
emergente já estão sinalizando, de maneira muito clara, a volta de uma política monetária mais
restritiva. Ontem, para surpresa de muitos, o Banco da China provocou uma pequena elevação nas
taxas de juros do mercado monetário.” (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Dinheiro, 08/01/2010)
Marque com X quais das medidas abaixo adotadas pelo governo fazem parte de uma política
monetária restritiva: (1,0 ponto)
( ) venda de títulos públicos; ( ) elevação do depósito compulsório;
( ) compra de títulos públicos; ( ) redução da taxa de redesconto;
( ) redução do depósito compulsório; ( ) elevação da taxa de redesconto.
121
MÓDULO 06 – COMÉRCIO INTERNACIONAL
1. INTRODUÇÃO
As transações entre os diferentes países não se limitam ao intercâmbio de mercadorias; os
serviços – entre os quais o turismo – e o capital também são objetos de comércio entre países. A
teoria econômica defende que os países tenderão a especializar-se na produção daqueles bens nos
quais tenham uma certa vantagem em relação ao demais.
122
2.2. AS LIMITAÇÕES À COMPLETA ESPECIALIZAÇÃO INTERNACIONAL
Na prática, raramente acontece uma especialização absoluta de um país na produção de uns
poucos bens. Uma das razões, é que os ganhos derivados da vantagem comparativa no comércio
internacional podem ser perdidos se os custos de transporte ultrapassarem os custos da vantagem
comparativa. Outra razão é que podem aparecer rendimentos decrescentes de escala, isto é, à
medida que o volume de produção aumenta, é possível que os custos cresçam a um ritmo maior.
Para que as implicações derivadas da teoria da vantagem comparativa sejam de fato reais,
seria necessário que ambos os países facilitassem o livre comércio. No entanto, no mundo real as
barreiras e os obstáculos ao livre comércio são muito freqüentes.
3. LIVRE-CAMBISMO E PROTECIONISMO
Apesar das vantagens do livre comércio entre os países, existe uma série de fatos que
justificam, em certos casos, um grau de intervencionismo, ou protecionismo, para limitar a entrada
de determinados produtos no país. Na literatura econômica, esse tipo de disposição é denominada
de medidas protecionistas.
Portanto, o Protecionismo é a doutrina na qual o Estado possui um papel preponderante no
controle das atividades econômicas, especialmente, no tocante ao controle das entradas e saídas de
mercadorias e fatores.
O Livre-Cambismo (Livre-Comércio), por sua vez, é a doutrina na qual o governo deveria
limitar-se à manutenção da lei e da ordem e remover todos os obstáculos legais em relação ao
comércio e aos preços.
As principais características do Livre-Cambismo são as seguintes:
Mercado Livre, em que o Estado não intervém de nenhuma forma, inclusive tabelando os preços
ou criando barreiras alfandegárias;
Livre Concorrência, em que os preços se formam em função do próprio mercado;
conseqüentemente, subsistem somente as empresas eficientes;
Desregulamentação, em que o Estado deve remover todos os obstáculos legais que cerceiam a
atividade econômica;
Divisão Internacional do Trabalho, isto é, países devem produzir somente aquilo que for
economicamente mais conveniente e, por meio do comércio internacional, trocarão seus
excedentes. Com isso haverá diminuição de custos e maior bem-estar social;
123
Proteger uma indústria considerada estratégica para a segurança nacional. Este seria o caso das
indústrias relacionadas à defesa (armamentos), alimentos, combustíveis, etc.;
Tornar possível o desenvolvimento industrial. Proteção à indústria nacional, especialmente às
indústrias nascentes, que não poderiam competir com as de outros países onde essas indústrias
já estão desenvolvidas;
Proteção de ramo da atividade produtiva nos quais não possuem vantagens comparativas;
Procurar combater os déficits que se apresentam entre as exportações e as importações, ou seja,
controlar o déficit no balanço de pagamentos internacional.
Os principais motivos que levam os países a instituir os direitos aduaneiros são os seguintes:
Obtenção de novas fontes de receitas para o governo;
Necessidade de equilibrar o balanço de pagamentos internacionais;
Proteção às indústrias nacionais incipientes. A tarifa aduaneira eleva o preço de venda do produto
importado no mercado interno, e assim “protege” os produtos nacionais para que não sofram a
concorrência de bens mais baratos.
124
aduaneira, de preços mínimos e de bandas de preços, diferentemente das barreiras tarifárias, que se
baseiam na imposição de tarifas aos produtos importados.
Normalmente, as barreiras não-tarifárias visam a proteger bens jurídicos importantes para os
Estados, como a segurança nacional, a proteção do meio ambiente e do consumidor, e ainda, a
saúde dos animais e das plantas. Entretanto, muitas vezes essas barreiras são utilizadas
arbitrariamente, sem fundamento nítido resultando em uma forma de neoprotecionismo.
As barreiras não-tarifárias classificam-se em:
Quotas ou Contingenciamento de Importação - os governos limitam a quantidade que se pode
importar desses bens, qualquer que seja seu preço.
Barreiras técnicas - Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio), são barreiras
comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não-transparentes ou não-
embasados em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de
procedimentos de avaliação da conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente
dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas.
Medidas sanitárias e fitossanitárias - é freqüente os países mais desenvolvidos estabelecerem
regulamentações sanitárias e de defesa do consumidor muito mais minunciosas para os produtos
estrangeiros do que para os nacionais.
Exigências ambientais e laborais 1 - é a utilização de restrições ambientais ou questões
relacionadas ao trabalho de forma a criar uma diversidade de exigências para entrada de produtos
oriundos de outros países, de forma a dificultar, ou mesmo impedir, a entrada de produtos vindos
do exterior.
1
Laboral - Relativo ou pertencente ao trabalho no aspecto econômico, jurídico e social.
125
5. TAXAS DE CÂMBIO
A Taxa de Câmbio é a medida pela qual a moeda de um país qualquer pode ser convertida
em moeda de outro país. Pode, também, ser definida como o preço da moeda estrangeira (divisa)
em termos da moeda nacional. Assim, 1 dólar pode custar 2,80 reais e 1 libra pode custar 3,60 reais.
A determinação da taxa de câmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, pela
decisão das autoridades econômicas com a fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou
pelo funcionamento do mercado, no qual as taxas flutuam automaticamente em decorrência das
pressões de oferta e demanda de divisas estrangeiras (taxas flutuantes ou flexíveis).
A demanda de divisas é constituída pelos importadores, que precisam delas para pagar suas
compras no exterior, uma vez que a moeda nacional não é aceita fora do país, e também pela saída
de capitais financeiros, pagamentos de juros, remessas de lucros, saída de turistas.
A oferta de divisas, por sua vez, é realizada tanto pelos exportadores, que recebem moeda
estrangeira em contrapartida a suas vendas, como pela entrada de capitais financeiros
internacionais, turistas etc. Como a divida não pode ser utilizada internamente, precisa ser
convertida em moeda nacional.
Uma taxa de câmbio elevada significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a
moeda nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial indica que houve
um aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade de moeda estrangeira. A
moeda nacional é desvalorizada, e o dólar, por exemplo, valorizado. Por sua vez, valorização
cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, pagam-se menos reais por dólar, por exemplo, e
tem-se, em conseqüência, uma queda na taxa de câmbio. Nesse caso, a moeda nacional foi
valorizada, e o dólar desvalorizado. Na literatura internacional, utilizam-se mais os termos
apreciação e depreciação cambial, em vez de valorização e desvalorização.
A taxa de câmbio está intimamente relacionada com os preços dos produtos exportados e
importados e, consequentemente, com o resultado da balança comercial do país. Se a taxa de
câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará as exportações, pois os exportadores
passarão a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em
conseqüência, haverá maior oferta de divisas. Por exemplo, suponhamos uma taxa de câmbio de 2
reais por dólar, e que o exportador vendia 1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada. Seu
faturamento era de 50.000 dólares, ou 100.000 reais. Se o câmbio for desvalorizado em 10%, a taxa
de câmbio subirá para 2,20 reais por dólar e, vendendo as mesmas quantidades 1.000 unidades,
receberá os 50.000 dólares, só que valendo agora 110.000 reais. Isso estimulará o exportador a
vender mais, aumentando a oferta de divisas.
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se os preços dos produtos importados
se elevam, em moeda nacional (os importadores pagarão mais reais pelos mesmos dólares pagos
126
antes nas importações), haverá um desestímulo às importações e, consequentemente, uma queda na
demanda por divisas.
Uma tava de câmbio sobrevalorizada (isto é, a moeda nacional encontra-se valorizada)
surte efeito contrário tanto nas exportações com nas importações. Há um desestímulo às
exportações e um estímulo às importações.
127
considerado como câmbio fixo, pois o limite de variação da taxa de câmbio é fixado. Nesse caso, o
Banco Central é obrigado a disponibilizar suas reservas cambiais, quando requeridas.
128
LISTA DE QUESTÕES
Módulo 06 – COMÉRCIO INTERNACIONAL
QUESTÕES TEÓRICAS
1 – Que razões justificam o comércio internacional?
2 – Quais são as limitações à completa especialização internacional?
3 – Que argumentos se utiliza para justificar o estabelecimento de medidas protecionistas?
4 – Em que sentido o mercado de câmbio favorece o mercado internacional?
5 – Em que sentido uma alteração na taxa de câmbio equivale a uma mudança nos preços?
6 – Ao longo da última década, nota-se uma tendência internacional no sentido da generalização de
práticas de livre comércio (como no Brasil, a partir de 1990), dentro do que se convencionou
chamar de processo de globalização. Persistem, por outro lado, formas de protecionismo, mesmo
entre países mais industrializados. Que tipos de instrumentos protecionistas você conhece?
QUESTÕES PRÁTICAS
7 – “O consumo interno de leite estará sujeito à manutenção de políticas públicas que garantam o
poder aquisitivo da população. As exportações dependerão do desempenho da economia mundial,
da negociação das barreiras tarifárias e não tarifárias impostas pelos países importadores e da
qualidade do leite brasileiro.” (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Mercado, 23/09/2010).
O que você entende por barreiras tarifárias e não-tarifárias? De um exemplo de cada tipo de barreira
9 – De acordo com a Revista Globo Rural de junho/2006, no ano de 2004, uma saca de soja valia 15
dólares e a moeda americana estava cotada a R$ 3,00. Em maio de 2006, a saca caiu para 9 dólares
e a taxa de câmbio foi cotada em R$ 2,10. Baseando-se nessas informações, responda:
Podemos afirmar que a taxa de câmbio influenciou negativamente a rentabilidade dos produtores de
soja? Explique.
10 – O dólar comercial terminou o dia a R$ 1,954, com alta de 0,57%. O Banco Central comprou
ontem US$ 230 milhões em dólares no mercado à vista, mesmo volume diário visto na semana
passada. Ontem, porém, a instituição adiantou em mais de meia hora a tradicional compra de
moeda, o que chegou a estressar alguns operadores, que viram sinal de mudança nas intervenções.
O fato é que conseguiu elevar as cotações do dólar (Jornal Folha de São Paulo 26/06/2007).
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A taxa de câmbio no Brasil é, desde janeiro de 1999, determinada pelo mercado cambial.
Entretanto, o Banco Central costuma intervir na compra e venda de moeda estrangeira quando julga
necessário. Por que razão intervenções como a relatada no jornal são realizadas?
11 – “Os preços na Bolsa de Chicago fecharam ontem em baixa expressiva tanto em relação às
cotações do fim do ano passado quanto na comparação com os recordes em 2008 (...). O bushel de
milho (25,4 kg) terminou o dia em US$ 4,24 [06/10/2008], queda de 44,6% ante o pico de US$ 7,65
registrada em 27/06/2008”. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Dinheiro, 07/10/2008).
Sabendo que o dólar terminou no dia 27/06 em R$ 1,60 e no dia 06/10 a R$ 2,16 responda:
a) Qual a rentabilidade do produtor em reais, por bushel, com a venda do milho em 27/06 e em
06/10?
b) A mudança na taxa de câmbio foi desvantajosa para o produtor? Explique.
12 – “A entrada de dólares no país teve em outubro o segundo maior resultado do ano, apesar das
medidas do governo para taxar investimentos estrangeiros no país. (...) O ingresso de capital
externo leva à valorização do real, o que reduz a competitividade das exportações brasileiras. Há
duas semanas, o Imposto sobre Operações Financeiras para investimento estrangeiro em renda
fixa subiu para 6%.”. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno Dinheiro, 05/11/2010)
Sobre a valorização do real explique:
a) O BC deve comprar ou vender dólar para tentar conter a valorização do Real?
b) Porque a valorização do real reduz a competitividade das exportações brasileiras?
13 – Reunidos em Belfast, produtores de carne bovina pediram, mais uma vez, a interdição das
importações da carne brasileira. A alegação, segundo os produtores de lá, é que o país está em
plena campanha de vacinação contra a febre aftosa, o que mostra que o produto brasileiro tem
problemas sanitários. O Brasil precisa sair logo desse círculo vicioso de "vacinar para evitar a
doença" porque quando o mercado mundial estiver mais favorável os produtores europeus vão
conseguir barrar as importações. (Jornal Folha de São Paulo 18/05/2007)
Utilizando esse fragmento do jornal como motivação, explique como funciona a utilização de
barreiras sanitárias como medida de dificultar o livre comércio. Não esquecendo de comentar como
são conhecidas essas barreiras.
14 – “No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou a R$ 1,748, iniciando o mês com alta de
0,63%. O Banco Central comprou dólares a R$ 1,7528 (...)”. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno
Dinheiro, 02/11/2007)
O Banco Central (BC) frequentemente faz intervenções no mercado, comprando e vendendo dólar.
Se a moeda nacional se encontra valorizada e o Governo deseja desvalorizá-la, o BC deve comprar
ou vender dólares ao mercado? Explique.
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15 – “A desvalorização do dólar [nos últimos anos] deu ar de ‘prejuízo’ ao recorde histórico de
exportação da indústria do fumo, em 2007. Neste ano, a estimativa é vender 640 mil toneladas,
referentes aos volumes da região Sul, que domina a produção brasileira. No entanto, por causa do
câmbio, o setor avalia que deixou de ganhar R$ 1 bilhão”. (Jornal Folha de São Paulo, Caderno
Dinheiro, 27/11/2007)
Explique porque a desvalorização do dólar gerou prejuízo para a indústria exportadora de fumo.
17 – Uma alteração na taxa de câmbio no sentido da desvalorização da moeda nacional, tudo mais
constante:
a) Incentiva a exportação de bens e serviços.
b) Incentiva a importação de bens e serviços.
c) Inibe a exportação de bens e serviços nacionais ao exterior, por provocar aumento nos preços,
em moeda estrangeira, das mercadorias nacionais exportáveis.
d) Inibe a exportação de bens e serviços nacionais ao exterior e incentiva a importação de bens e
serviços estrangeiros
e) É neutra quanto a incentivos ou desincentivos a importações e exportações.
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BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
MOCHON, Francisco e TROSTER, Roberto. Introdução à Economia. SP: Mc Graw Hill, 1994
VASCONCELOS, Marco Antônio. e PINHO, Diva Benevides. Manual de Economia. São Paulo,
Saraiva, 2004
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