Vida
Vida
Eu já gostava dele há tanto tempo, mas nunca tive coragem de dizer nada.
Ele era um primo distante, alguém que eu mal conhecia pessoalmente, mas
que sempre estava ali, em conversas, em lembranças. Só que agora… agora
ele parecia tão próximo.
Capítulo 2: O Encontro
No dia 23, fomos a uma festa em família. Estava distraída, até que minha tia
Amélia comentou que a família de Neytan já tinha chegado. Meu coração
disparou. Não sabia o que fazer, como reagir. Parecia que tudo estava
acontecendo ao mesmo tempo. Voltamos para casa, e lá estava ele.
Quando o vi pela primeira vez, quase travei. Ele estava ali, em pé, rindo,
com aquele sorriso que eu já conhecia tão bem pelas fotos e mensagens.
Ele era ainda mais bonito ao vivo, e por um segundo, fiquei sem saber o que
dizer. Fingi que não o vi e fui direto procurar meu carregador, tentando agir
normalmente.
Só que acabei pegando o carregador dele por engano. Ele veio até mim, e
quando me entregou o carregador, nossas mãos se tocaram por um
segundo. Ele sorriu e disse “Esse é meu, mas se precisar, pode usar”.
Aquele sorriso me desmontou.
Naquela mesma noite, conversamos até tarde. Ele me fazia rir, me contava
coisas da vida dele, e eu me sentia cada vez mais próxima. Às três da
manhã, quando todos já estavam dormindo, ele me olhou e perguntou se
podia me beijar. Não respondi, apenas fiquei olhando para ele, tentando
entender se aquilo era real.
Ele se aproximou devagar e, antes que eu percebesse, senti seus lábios nos
meus. Foi um beijo suave, mas intenso. Era como se o tempo tivesse
parado. Foi o melhor momento da minha vida. Quando nos separamos, eu
só conseguia pensar que aquele beijo era o começo de algo que eu não
sabia explicar, mas que parecia mais forte do que tudo.
Capítulo 4: O Segredo
Tudo ia bem, até que minha mãe nos ouviu conversando. Ela suspeitou de
algo e acabou confrontando a mãe dele. Neytan negou tudo. Disse que
éramos apenas amigos e que não havia nada entre nós. Meu coração se
partiu naquele instante. Como ele podia fazer isso? Como ele podia negar o
que tínhamos?
Tentei ser forte, mas cada vez que via uma foto dele com ela, sentia que
algo dentro de mim estava se quebrando. Ele ainda dizia que me amava,
mas que precisava de tempo, que era uma fase. E eu, estúpida, acreditei.
Esperava por ele, achando que, em algum momento, ele voltaria para mim.
Mas as semanas passaram, e ele continuava com ela. Cada mensagem que
ele me enviava parecia um veneno, algo que me destruía, mas do qual eu
não conseguia me afastar. Eu sabia que ele não ia voltar, mas o que fazer
com esse amor que ainda queimava dentro de mim?
Tentei de tudo para esquecê-lo. Mergulhei nos estudos, comecei a sair mais,
a fazer coisas que gostava. Mas, no fundo, ele ainda estava ali, presente em
cada pensamento, em cada canção.
Depois daquela última mensagem, onde finalmente disse a ele que era
melhor cada um seguir seu caminho, eu esperava sentir um alívio maior.
Mas, na verdade, tudo parecia mais vazio. Não era como se o sentimento
tivesse sumido — estava ali, ainda dolorido, mas de algum jeito, eu sabia
que aquele vazio era necessário para conseguir me reconstruir.
Mas, no fundo, ainda existia uma parte de mim que queria ouvir ele dizendo
que estava arrependido, que queria tentar de novo, que seria capaz de ser
honesto sobre o que sentia. Me pegava olhando para o celular, esperando
uma mensagem dele, uma última prova de que ele poderia lutar por nós…
mas nada vinha.
Capítulo 9: O Encontro
Era uma tarde calma, e eu estava na casa da minha tia, quando ouvi a voz
dele. Meu coração acelerou, mas dessa vez, não deixei a ansiedade tomar
conta. Ele entrou na sala, e nossos olhares se cruzaram. Ele sorriu, mas era
um sorriso diferente, como se tentasse fingir que tudo estava bem entre
nós. E eu, pela primeira vez, consegui manter a calma.
Aqui estou eu, escrevendo essa história que nunca teve um final feliz, mas
que, de alguma forma, me ensinou tanto sobre quem eu sou. Neytan
sempre terá uma parte de mim, uma parte que nunca vou conseguir
apagar, mas eu mereço muito mais do que promessas vazias e esperanças
rasgadas. O que começou em dezembro do ano passado , o que ardeu como
um fogo intenso, agora se acalma como uma chama que está prestes a se
apagar.
E assim eu sigo em frente, com a certeza de que essa história ainda não
acabou. Mas agora, pela primeira vez, eu estou no controle.