Teorias Da Utilidade
Teorias Da Utilidade
FACULDADE DE ECONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
BANCA EXAMINADORA
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Prof. Dr. Carlos Eduardo Lobo e Silva - PUCRS
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Prof. Dra. Izete Pengo Bagolin – PUCRS
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Prof. Dra. Maria Lucrecia Calandro - FEE
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Prof. Augusto Mussi Alvim - PUCRS
Dedico esta Dissertação a minha Jacheline
(com amor e carinho), e aos meus Pais,
AGRADECIMENTOS
A minha irmã Ana Paula, e aos meus sobrinhos Lucas e Ian e meu cunhado
Leandro, pela pouca convivência, mas satisfatória.
Ambas as teorias vêem o ser humano por dois enfoques bastante claros. A
primeira, EU, percebe o ato humano como característica de um conjunto lógico de
procedimentos. Não havendo obediência a estes atributos, não haveria a constituição
de um projeto de felicidade, de bem estar como subjetivos da escolha racional. Para a
NEU o indivíduo é visto como um agregado, onde a soma de componentes assessórios
subjetivos, não necessariamente necessita representar a máxima felicidade, na Teoria
EU, mas que demonstrem as verdadeiras faces daquilo que representa a Utilidade, a
escolha e seu risco inerente.
Until little time the quandary of the choice had only one positioning front
involving the risk that was established in the process of the rational individual.
Currently, with new techniques of understanding of the risk and mainly of the
complex institute of the uncertainty, already it is possible of if delimiting what it takes
the people to decide and if to make a mistake in some processes of decision.
For the NEU the individual is seen as an aggregate, where the addition of
subjective accessories components, not necessarily needs to represent the maximum
happiness, in the Theory I, but that they demonstrate the true faces of what represents
the Utility, the choice and its inherent risk. Into our work still we incur into the
tenuous relation between risk and uncertainty. These relations are presented as
differences controversies in each one of the analyzed Theories, and mainly, as they
intervene with the mechanisms of construction of the Theory of the Perspective.
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO .........................................................................................................13
10
2.3.6. Convexidade Estrita ..................................................................................50
2.3.7. Topologias Fraca e Forte ..........................................................................51
2.4 Considerações Finais do Capítulo....................................................................52
11
A.1. Aspectos Matemáticos da Teoria da Perspectiva (Prospect Theor) e sua
variante, a Teoria da Perspectiva Cumulativa (Cumulative Prospect Theory) ....148
ANEXO B ................................................................................................................155
REFERÊNCIAS ......................................................................................................173
12
INTRODUÇÃO
13
buscará como teoria e prática, redefinir os conceitos que a Teoria da Utilidade
Esperada não considerou. Para isto, a ênfase será apresentação de outras teorias que
compõe o universo da Utilidade Não Esperada, mas seguindo os próprios. Desta
forma a idéia principal é apontar novos caminhos naquilo que refere a captura de
elementos que a priori não são efetivamente considerados pela Teoria da Utilidade
Esperada. Para um exemplo objetivo será apresentado o trabalho de Kahnemann e
Tversky com sua Teoria da Perspectiva, demonstrando com isso que há uma nova
possibilidade de medir a utilidade das escolhas dos indivíduos como função da
existência de riscos inerentes a estes processos.
Por fim, como apanhado final, faremos uma análise geral de todo o assunto
apresentado ao logo do trabalho. Reportaremos-nos a retomada de todas as
abordagens apresentadas, às teses defendidas pelas escolas de pensamento, seus
autores com enfoque principal da dicotomia teórica das duas mais significativas
escolas de pensamento economico em Teoria da Utilidade.
14
1. UTILIDADE COMO ESCOLA DE PENSAMENTO
O livro “An Inquiry Into the Nature and Causes of the Wealth of Nations” de
Adam Smith1, (1778), foi o primeiro estudo sistemático e amplo do capitalismo
mercantil, e o contexto entre lucro e capital. Na, observação de Hunt (1982, p. 56-78),
o comportamento econômico tinha como conotação, principalmente, motivos egoístas
e gananciosos (apesar de admitir que, no comportamento não econômico, as pessoas
tivessem outros motivos, inclusive altruístas). Até então, apenas os filósofos e
teólogos passavam o tempo a determinar uma causa para a razão, emoções, e morte.
Antes, a economia era apenas uma ciência empírica (de forte conotação
positiva). No período de Adam Smith, século 18, a Inglaterra passava por um amplo
processo chamado Primeira Revolução Industrial. A observação atenta dos costumes e
práticas mercantis fez despertar no pensamento intelectual o estudo atento e de alguns
fenômenos econômicos.
15
[…] Os novos capitalistas da classe média queriam ter liberdade, não só
em relação as restrições econômicas que atrapalhavam a produção e o
comércio, mas também em relação ao opróbrio moral que a Igreja
Católica tinha associado aos seus motivos e às suas atividades. O
protestantismo não só os libertou da condenação religiosa, como também
acabou transformando em virtudes os motivos pessoais, egoístas e
aquisitivos que a Igreja medieval tanto desprezara.
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2
Jeremy Benthan (1748–1832), economista e filósofo inglês, e Willian Stanley Jevons (1835–1882)
economista britânico. Principais obras: de Benthan “The Principles of Morals and Legislations” (1780)
e por parte de Jevons “Theory of Political Economy (1871).
16
Desde então, o aspecto social e econômico da riqueza como reflexo do prazer
e felicidade individual (egoísta) sobre o social (altruísta), segundo a doutrina
liberalista de Smith, buscava um forte apelo à livre iniciativa. Na observação de Nunes
Avelãs, (199, p.147) à afirmação de Adam Smith, de que “não devemos o pão à
benevolência do padeiro, mas ao seu interesse egoísta”.
Assim como Smith, David Ricardo3, outro dos teóricos da Economia Política
também não tinha muita simpatia pelo proposto pelos utilitaristas como base da
Teoria da Utilidade. Um dos principais problemas apontados Smith, era a falta de uma
explicação mais convincente pela parte da corrente marginalista do significado
verdadeiro da utilidade em diversos aspectos Eonômicos, o que não o convencia. Já
Ricardo não aceitara a explicação da corrente utilitarista sobre designação de bens de
luxo.
John Stuart Mill 3 o último dos clássicos, junto a Malthus 3 Ricardo e Smith,
também pouco contribuiu para a discussão sobre a Teoria da Utilidade. Após escrever
“Principles of Political Economy” em 1848 declararia que tudo o que se poderia
acrescentar sobremaneira à lei do valor já havia sido feito.
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3
David Ricardo (1772–1823) economista inglês, sua principal obra em Economia Política: “Principles
of political economy and taxation” de 1817. John Stuart Mill (1806–1873) filosofo e economista
inglês. Principais obras: “Sistema de Lógica Dedutiva (1843), Princípios da Economia Política (1844)”.
Thomas Malthus (1766-1834), economista britânico, suas principais obras: “Princípios de economia
política (1820) e Definições em economia política (1827)”.
17
1.2. O Paradigma da Maximização da Felicidade pelo Desenvolvimento da
Teoria da Preferência (Utilidade) em Benthan, Jevons e Gossen.
Como nos mostra Cusinato (2003, p. 24-25), o primeiro dos livros de Bentham
faz referência ao princípio da utilidade como modelo mecanicista e elaborador de um
sistema de causa e efeito. O outro livro apresenta a concepção da Utilidade Marginal
Decrescente (como pode ser vista na figura 1), isto é, o quantum de riqueza necessária
e seu impacto no grau de felicidade. Ou seja, pela definição do autor, à medida que se
ganha mais riqueza o seu acréscimo em felicidade não mais aumenta (decresce) de
forma progressiva.
18
apresentado se demonstraria na criação de mercados onde os indivíduos teriam um
papel mais intenso (e também egoísta) em suas decisões, sem serem intimidados com
a moral (religiosa).
Sua intensidade
Sua duração Sua certeza ou incerteza
Sua proximidade ou afastamento Sua fecundidade
Sua pureza Sua extensão.
Na concepção Benthamista, a lógica utilitarista tinha como princípio uma
moral própria e uma ética própria. Isto quer dizer que, fora o conflito entre o
indivíduo e a Igreja, o ser moral e ético deveria ser uma conseqüência de um elemento
político próprio, ou seja, capaz de ser individual para que o elemento social se
19
fortalecesse. Neste mesmo enfoque, o racionalismo teria a função de servir ao
interesse individual, com a condução direta e imparcial de um posicionamento
científico das leis de mercado. Para os críticos do utilitarismo, Bentham e seus
precursores confundiam felicidade com dinheiro.
20
Figura 1: Utilidade Positiva e Negativa5
Fonte: Vaggi, Gianni e Groenewegen, P, 2003.
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4
Veja Allyn Young, Jevon’s “Theory of Political Economy.”, (1912) sobre a influência do pensamento
de Jevons na composição das idéias de outros pensadores em Economia Política.
5
No exemplo gráfico acima (Figura 1), a utilidade, segundo Jevons, é definidamente por uma função
decrescente que maximiza a mercadoria pelo prazer que ela pode causar. A função desutilidade ou
utilidade negativa (descommodity) parte da origem que significa que para a existência de zero
quantidade de mercadoria implica em zero utilidade. Segundo Vaggi e Groenewegen (2003, p.205) o
prazer total derivado de uma mercadoria é impossível de ser medido. Jevons, segundo os autores,
elucidou as leis do prazer e dor pela elaboração de um fator de tempo envolvendo incerteza e a
possibilidade de descontinuidades entre as variáveis.
Segundo as notas matemáticas de Alfred Marshall em seu livro intitulado Princípios de Economia
(Apêndice Matemático, p. 757) Jevons pensou sua “Utilidade Final” através do ferramental matemático
visto em seguida.
A lei da diminuição da utilidade limite pode ser definida pela suposição de que haja um
elemento u determinado como utilidade total de uma quantidade x de uma mercadoria, para uma
du du
dada pessoa, num determinado tempo, então a utilidade limite é medida por δx , em que
dx dx
exprime o grau-limite de utilidade. Stanley Jevons6 em passagens de sua obra sobre o tema usa o termo
“grau quase final de utilidade7”. Segundo Marshall, há certo grau de dúvida de qual das expressões
supramencionadas, no texto de Jevons, era a mais apropriada. De acordo com o texto de Jevons, na
intenção do que este queria referir sobre o tema utilidade, Marshall supôs pelas condições do texto, que
d 2u
é sempre negativa.
dx 2
21
Note–se que há um caminho teórico firmado na busca de um padrão aditivo e
independente para a consepção da função utilidade. Isto seria revisto pelos teóricos da
Escola de Lausanne. A lei da utilidade, na observação de Bell J. F (1961, p.362),
também foi definida por Jevons como,
[…] A lei da Utilidade decrescente é graficamente ilustrada por meio de
uma curva, convexa até ao ponto da origem e semelhante à curva da
procura conforme comumente usada. A quantidade da mercadoria é
indicada pelo eixo das abscissas, o grau de utilidade ou intensidade do
desejo do consumidor e do efeito sobre ele é indicado no eixo das
ordenadas.
Portanto, Jevons conseguiu responder a questão da diferença entre o aumento
e diminuição no nível de utilidade6, proposta pelo seu grau de finalidade da utilidade.
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6
Ainda em Marshall, baseado em seus Princípios de Economia (Apêndice Matemático, p. 757)
denominou por m uma soma qualquer de dinheiro, ou de poder aquisitivo em geral, à disposição de
dµ
uma pessoa por certo tempo, e u como a representação da utilidade total dela, então representa o
dm
grau-limite de utilidade do dinheiro para ela.
Se p é o preço exato que ela se dispõe a pagar por uma quantidade x de mercadoria que lhe
dê um prazer total u , então,
dµ
∆p = ∆u (1.1)
dm
dµ dp du
e = (1.2)
dm dx dx
Se p ′ é o preço que ela consente em pagar por uma quantidade x ′ de outra mercadoria, que
possa lhe dar um prazer total u ′ , então,
dµ dp ′ du ′
= (1.3)
dm dx ′ dx ′
Tomando a divisão das equações 1.2 por 1.3, temos,
dp dp ′ du du ′
: = : (1.4)
dx dx ′ dx dx ′
A interpretação de Alfred Marshall foi que quando ocorre aumento de meios (de pagamento,
d 2µ
renda, salário), o grau-limite de utilidade diminui para si de modo que é sempre negativa.
dm 2
Permanecendo a renda (ou os meios) inalterada, a utilidade limite para ela de uma quantia x de uma
d µ dµ dp
mercadoria, para um aumento em seu numerário aumenta : ; isto é, aumenta , ou seja, a
dx dm dx
dp
taxa de que se está disposto a pagar por ofertas posteriores de mercadorias. Pode ser considerado
dx
2 2
d p d p
como uma função de m, u e x , e então temos sempre positiva. Naturalmente é
dmdx dmdx
sempre negativa. A referência metodológica e analítica às equações 1.1, 1.2, e 1.3, foram, por
Marshall, retiradas da obra Theory of Exchange, p. 151, de Willian Stanley Jevons.
22
Um dos principais problemas consistia que, em algumas circunstâncias o
modelo da Utilidade Decrescente, se o volume de consumo aumentasse, a utilidade
sobre este consumo deveria decrescer. Se uma mercadoria fosse escassa, o grau de
utilidade na enésima mercadoria seria bastante alto e, portanto, o valor que
acompanhasse sua escassez seria alto.
Mas se a mercadoria fosse abundante o valor seria baixo até a enésima
mercadoria. De acordo com Bell (1961, p.362) este problema foi solucionado pelo
paradoxo do diamante e da água proposto por Adam Smith, “o valor é, portanto,
determinado pelas condições da procura com relação a uma determinada oferta”.
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7
Nassau W Sênior (1790–1864), economista ingles, criador da Teoria da Abstinência; William
Thompson (1785–1833), economista, filósofo e reformador inglês; Thomas Hodgskin (1787–1869),
economista inglês; Hermann Heinrich Gossen (1810–1858), economista prussiano, criador da primeira
teoria sobre sobre Utilidade Marginal.
23
As idéias do autor não se limitaram à construção de um puro e simples
modelo, mas sim, ao aprofundamento da elaboração matemática e lógica da
construção dos axiomas básicos da Utilidade. Gossen percebeu que medições
matemáticas imprecisas estavam causando um grande problema para a correta Teoria
Matemática da Utilidade. Ele demonstrou que pelo uso de Álgebra e da Geometria se
poderia medir as relações entre as utilidades marginais e seus preços respectivos.
Na definição de Bell (1961, p.360), Gossen estabeleceu três leis básicas para a
Economia Utilitarista. A primeira delas revela o princípio da utilidade marginal
decrescente. A segunda lei determina que o indivíduo deva manter igual à Utilidade
Marginal das mercadorias para que possa conseguir o máximo de satisfação. Por fim,
a terceira lei define que o valor de uso só está ligado a uma mercadoria quando a
oferta é menor do que a quantidade procurada.
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8
“Gossen e M. Jevons descobriram minha expressão matemática da utilidade e condição do máximo de
utilidade de trocas, por um indivíduo, de uma mercadoria por outra; como sendo uma escolha
indiscutível. M. Jevons pareceu disposto a conceder a Gossen certa superioridade sobre o primeiro
ponto e a atribuir a si mesmo sobre o segundo.”
9
Carl Menger (1840–1921), economista austríaco, fundador da Escola Austríaca de Pensamento
Econômico.
24
Menger relacionou utilidade marginal como atributo de equilíbrio
maximizador. Isto significava uma evolução diante dos trabalhos de Jevons e
Bentham. Ele afirmava que o equilíbrio era atingido se a utilidade marginal de
qualquer mercadoria consumida fosse igual à utilidade marginal das mercadorias
consumidas pelo indivíduo. O problema nesta dedução é que os preços considerados
por Menger precisavam ser todos iguais entre si, o que na prática não era passível de
ocorrer.
25
1.4. O Mecanicismo Clássico e uma nova Escola da Utilidade. A Matemática de
Walras, Pareto, Edgeworth e Marshal.
Seguindo-se a essa linha, Marie Esprit Léon Walras foi um dos principais
teóricos da Escola Matemática da Economia. Já não havia ambiente institucional para
as idéias do laissez faire de Say. Walras mudou este contexto usando a expressão em
francês “rareté”, para definir “utilidade marginal”. A Utilidade Marginal seria
observada como conseqüência da relação de equilíbrio entre preços e quantidades
determinadas pelos mecanismos de oferta e demanda.
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12
Marie Esprit Léon Walras (1834–1910), economista e matemático francês, escreveu os livros
Elements de Economie Appliqueé (1898), Ètudes de Economie Politique (1874), Augustin Cournot,
economista e engenheiro francês, escreveu Recheches sur les Principles mathématiques de la théorie
des richeces (1938); Vilfredo Pareto (1848–1923), economista, sociologo e engenheiro italiano,
escreveu os livros: Trattato de sociologia (1916), Manuale de Política Economica (1909); Francis
Ysidro Edgeworth (1845–1926); economista britânico, escreveu o livro Física Matematica (1881) além
de outros artigos sobre economia e estatística; Alfred Marshall (1842–1924), economista britânico,
escreveu: Princípios de Economia (1881) seu principal livro, A Teoria Pura do Comércio (1879),
Moeda, Crédito e Comércio (1923).
26
Walras queria determinar uma teoria total (Utilidade Total como soma de
todas as Utilidades Marginais), que envolvesse todos os preços e quantidades
praticadas. Este modelo foi denominado de Equilíbrio Geral. Walras observava a
Teoria da Utilidade como um processo metafísico; como um modelo sistemático de
equilíbrio.
Tendo em vista que Walras tinha grande apreço pelas idéias de Immanuel Kant
e que este último formulou sua Crítica da Razão Pura na plataforma (físico,
metafísico), as idéias de equilíbrio se basearam fortemente em uma tentativa de
equilibrar o objeto físico, (a Utilidade) e o metafísico, (um equilíbrio inalcançável de
preços e quantidades). Na afirmação de Hunt (1982, p. 297), “o elemento mais
importante no contexto sócio-econômico era, para Walras, constituído pelos desejos
subjetivos das pessoas ou suas tabelas de utilidades marginais”.
_______________________
13
“ Srs. Depois de Kant e sua Crítica da Razão Pura, esta reconhecida como um objeto demonstrável,
dentro da filosofia mais avançada, que, se todas nossas sensações são até certo ponto representativas
dos objetos concebidos, todas também são até certo ponto afetivas do sujeito que sente. As sensações
como o gosto tem, em parte, à natureza dos corpos em que a nós o ato experimenta, e em parte à
disposição de nossos órgãos dos sentidos. Assim, as sensações compreendidas são em parte à
constituição do nosso senso de olhar, do toque, e de todos os outros sentidos.”
27
Walras discutiu sua idéia de equilíbrio geral em função de um modelo
chamado (tâtonnement) tatear. Pela figura 2 acima, na esplanação de Vaggi e
Groenewegen 14(2003, p.221), a função Utilidade Marginal é mostrada abaixo.
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14
Baseado na obra de Vaggi, Gianni e Groenewegen, P. (2003), para demonstrarmos matematicamente
a Figura 2 primeiramente estabeleceremos um sistema de duas equações.
Os pontos marcados R ′′′, R ′′, R ′ e r ′′′, r ′′, r ′ representam as utilidades totais e parciais
(marginais) que envolvem a curva entre os pontos de quantidades q ′′′, q ′′, q ′ de tal modo que a
satisfação apoiada na construção conceitual de rareté (utilidade marginal) ocorre aos dois extremos
demonstrados pelos dois sistemas de equações acima.
Continuando a interpretação da figura 2, enquanto Walras determinou que sua rareté fosse a
expressão da utilidade marginal, a utilidade continua sendo uma medida finita, motivo pelo qual todos
os indivíduos buscam estar mais satisfeitos no preço zero. A utilidade total é definida como uma função
da quantidade obtida, ou seja, u = φ (q ) ; a utilidade efetiva ou rareté como Utilidade Marginal é
r = φ ' (q ) . Walras demonstrou que pela troca podemos calcular
derivada da função de utilidade, isto é
a razão da utilidade de duas mercadorias (commodities) pela seguinte relação: ra rb = p a p b . O
equilíbrio com a maximização da utilidade obedece a seguinte relação.
ra = p a rb e rb = pb ra q (1.7)
28
A natureza das idéias de Walras foi tomada em base à Filosofia Kantiana. O
equilíbrio, desenvolvido como um modelo de livre mercado permanesceria como um
sistema sem solução possível para a época. Este seria o caso do modelo do Leiloeiro
Walrasiano, que dotado de onisciência, concebe todos os preços e quantidades
praticadas pelo mercado. Qualquer desajuste nesta equação (preço e quantidade) seria
rapidamente corrigido.
29
quantidade para o indivíduo, é sempre positiva. A segunda característica é quanto à
dependência da utilidade (como quantidade) por ela própria, o que ele chamou de
utilidade elementar, que decresce quando aumenta a quantidade consumida.
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15
Baseado na obra Manuale de Política Economica (1909); podemos determinar aquilo que Vilfredo
Pareto estava querendo apresentar. Assim temos: escolhendo uma cesta qualquer ( x, y ) podemos
buscar todas as outras combinações de cestas. Aquelas combinações que para o indivíduo são
equivalentes são escolhidas desde que sejam diferentes. Interpolando, podemos obter uma equação:
Primeiramente, uma função alocativa de duas cestas quaisquer, mantidas em equilíbrio.
f 1 ( x, y ) = 0 (1.8)
Tal que se dão a x valores x1 , x 2 , x3 ,K, (1.9)
Obtém-se para y os valores de
y1 , y 2 , y 3 ,K 1.10)
A equação 1.8 pertence a uma curva de indiferença
' '
Partindo de outra combinação x1 , y1 , que não esteja compreendida entre a combinação
anterior, podemos então encontrar outra curva de indiferença, sendo que,
x10 , y10 = I 0 ; x11 , y11 = I 1 ; x12 , y12 = I 2 ; x1n−1 , y1n −1 = I n −1 ; L; x1n , y1n = I n (1.11)
Assim, aos índices determinados (I 0 ; I1 ; I 2 ) , correspondem às funções ( f1 ; f 2 ; f 3 ) .
Pareto vai além, na metodologia das curvas de indiferença, e parte da definição de f como
reprodução das funções ( f1 ; f 2 ; f 3 ) , para diferentes valores de I . A equação
f ( x, y , I ) = 0 , (1.12)
Já atribuindo diferentes valores para I , todas as possíveis curvas de indiferença.
A equação 1.8 é a equação de uma superfície, na projeção do plano xy das curvas (o autor
define como linhas) de nível que serão então determinadas como curvas de indiferença. Pareto define
sua função como “uma superfície em parte arbitrária”. Posto que a suposição de I é também
arbitrária, qualquer das superfícies tem por projeção de suas linhas de nível as curvas de indiferença
dadas pelas equações abaixo.
f1 = 0 ; f 2 = 0 (1.13)
e aquelas curvas intermediárias à estas funções.
Por fim, Pareto constrói uma equação geral para simplificar a equação 1.8. Esta equação é
definida pelo modelo.
Ι = Ψ ( x, y ) (1.14)
Ι , é definido como um valor constante, e, portanto, como uma linha de indiferença. Para um conjunto
infinito de bens, o economista define.
Ι = Ψ ( x, y, z, K) (1.15)
Quando ocorrer a possibilidade se ter um sistema do tipo das equações 1.11 ou 1.12, podemos
então escrever uma equação pela forma.
Ι = F (Ψ ) , aqui F é uma função arbitrária. (1.16)
30
[…] El hombre puede saber si el placer que le procura cierta
combinación I de mercadería es igual al placer que saca de otra
combinación II, o si es mayor o menor” e “Además, el hombre puede
saber, poco más o menos, si pasando de la combinación I a la
combinación II siente mayor placer que pasando de la combinación II a
otra combinación III. Si ese juicio pudiera ser de una precisión suficiente,
podríamos, en el límite, saber si, pasando de I a II, este hombre siente un
placer igual al que siente pasando de II a III; y en consecuencia pasando
de I a III sentiría un placer doble del que siente pasando de I a II. Esto
bastaría para permitirnos considerar el placer o la ophelimite (definido
por Pareto, edição em Espanhol, como grado final de utilidad) como una
16
cantidad.
Pelo próprio Pareto (1945, p. 201) “En fin, es un hecho muy general que
cuanto más tenemos de una cosa, menos preciosa nos es cada una de sus unidades.
Hay excepciones”17. As exceções a que Pareto se referiu eram as relações de
dependência e independência dos fenômenos individuais, o que se define como
modelo de trajetória dependente (path dependence, trajetória dependente do caminho
percorrido), ou de trajetória independente (path independence, trajetória independente
do caminho percorrido).
_____________________________
16
“O homem pode saber se o prazer que procura em certa combinação I de mercadorias é igual ao
prazer que obtém de outra combinação II, ou se é maior ou menor e “ademais, o homem pode saber,
pouco mais ou menos, se passando da combinação I para a combinação II sente maior prazer do que
passando da combinação II para outra combinação III”. Se juízo pode ser de uma precisão suficiente
poderíamos, no limite, saber se, passando de I para II, este homem sente um prazer igual ao que sente
passando de I para II. Isto bastaria para se permitir considerar o prazer da ophemelite como uma
quantidade”.
17
“enfim, é uma causa muito geral que quanto mais temos uma coisa, menos preciosa nos é cada uma
de suas unidades. Há exceções”.
18
Veja o artigo de Allain Herscovici, Revista Estudos Econômicos, São Paulo, sob o título a
“Irreversibilidade, Incerteza e Teoria Econômica. Reflexões a Respeito do Indeterminismo
Metodológico e de suas Aplicações na Ciência Econômica” O autor aponta a dicotomia entre o modelo
racional “ou modelo mainstream”e alguns modelos heterodoxos de compreensão da instabilidade nas
decisões. Aqui cabe ressaltar a diferença entre os modelos de path dependence versus path
independence.
31
O segundo já apresentaria um exemplo de fenômeno dependente da trajetória,
como o das camisas que quando perdem um botão, o botão passa a ter mais utilidade
do que o conjunto (camisa mais botões remanescentes). E por fim, nas palavras de
Pareto (1945, p. 201), “No se venden las camisas con un botón de menos; el caso
abstracto de que acabamos de hablar no se encuentra en la práctica.”19
32
Na inferência de Pareto, (1945, p. 124) “sen hacer intervenir ninguna entidad
metafísica”. Este argumento está claramente em oposição ao ideal metafísico dos
modelos de equilíbrio total de Walras.
33
Que também afirma; Marshall (1946, p. 38).
[…] Em tudo isso, consideram o homem tal como ele é: não um homem
abstrato ou “econômico”, mas um homem de carne e sangue, fortemente
influenciado por motivos egoístas em sua vida profissional, mas sem estar
ao abrigo da vaidade e da displicência nem ser insensível ao prazer de
sacrificar-se pela sua família, pelos vizinhos ou pelo seu País, nem ser
incapaz de amar, por ideal, uma vida virtuosa.
34
Ele, diferentemente de Walras, mesmo explicando as condições de Equilíbrio
Geral, acabou demonstrando satisfatoriamente muitas relações de Equilíbrio Parcial,
utilizando-se de um exemplo de mercado de dois bens, sem considerar a relação
destes com outros mercados e outras mercadorias.
35
Como na observação atenta de Cusinato R (2003, p.28).
Blaise Pascal em conjunto com Pierre de Fermat lançaram mão da Teoria das
Probabilidades. Alguns matemáticos italianos tentaram explicar as estratégias de
jogos de azar e foi desenvolvido por Giordano Cardano23 um manual chamado
“manual do jogador”.
________________________
23
René Descartes (1596 – 1650), filósofo, fisico e matemático sueco, criador da Geometria Analítica,
Pierre de Fermat, matemático e cientista frances, Blaise Pascal, físico, matemático e filósofo francês;
Giordano Cardano (1501 – 1576), matemático e filósofo italiano.
36
O mais importante estudo inicial em Ciências de Probabilidade está
representado no livro intitulado “o problema dos pontos”. Lucca Pacioli24 em sua
“Suma (1494)” foi pioneiro no trabalho com probabilidade, mas um avanço mais
efetivo foi feito por Chevalier de Meré24 que, apesar de hábil jogador, não era bom
observador dos fenômenos de probabilidade. Foi Blaise Pascal quem resolveu grande
parte dos problemas propostos por Chevalier
_______________________
24
Lucca Bartolomeo de Pacioli (1445–1517), matemático itailiano; Antonie Gomboud – “Chevalier de
Meré” (1607–1684), escritor francês e jogador, contribuinte de alguns dos problemas que envolveram
probabilidades de jogos; Blaise Pascal (1623-1662), físico, matemático e filósofo francês.
25
“A obra de Pascal e Fermat em 1645 sobre probabilidades elevou a análise combinatória do
domínio das distrações matemáticas, ao da análise matemática completamente, prática, e assim
transcorreram 50 anos entre a criação da teoria matemática de probabilidade e o cálculo das tábuas de
mortalidade valendo–se dela mesma”.
26
Christiaan Huygens (1629–1695), matemático, astrônomo e físico neerlandês, principal obra:
LIBELLUS DE RATIOCINIIS IN LUDO ALAE (1714), Jakob Bernoulli, matemático suíço; Abraham
de Moivre (1667–1754), matemático francês, Joseph–Louis Lagrange (1736–1813), matemático
francês, Piere–Simon Laplace (1667–1754), matemático, astrônomo e físico francês.
37
A contribuição de Christiaan Huygens para a Probabilidade, se apresenta na
forma do primeiro tratado sobre o conceito de “esperança matemática”. Huygens
baseando-se nas cartas entre Fermat e Pascal, provou que se a probabilidade de uma
pessoa ganhar uma quantia B , sendo p a probabilidade de ganhar uma soma a e q é a
probabilidade de ganhar uma soma B temos então o seu ganho esperado na forma de
B = pa + qb .
Segundo A família Bernoulli foi para a Matemática, o que a família Bach foi
para a Música. Daniel Bernoulli era filho de Jakob Bernoulli e irmão de Johann
Bernoulli e Nicolaus Bernoulli. Foi de Nicolaus o problema chamado Paradoxo de
São Petersburgo. O enunciado é “se A recebe uma moeda quando ocorre cara no
primeiro lançamento de uma moeda, duas moedas quando ocorre cara no segundo
lançamento, quatro moedas quando ocorre cara pela primeira vez no terceiro
lançamento e assim por diante, qual é a esperança matemática de A?” (Eves, H,
1990, p. 464). A resposta é definida por uma esperança infinita, o que é paradoxal.
Para representarmos a questão em forma de modelo matemático buscamos em Castro
e Faro (2007), a descrição, comforme o modelo abaixo.
Um jogo propõe a seguinte aposta: joga–se a moeda até que se obtenha face
cara, em que a chance de se obter cara é igual a p ∈ (0,1) em cada lançamento. Se a
∞
VEJ ( p ) = ∑ 2 j p(1 − p )
j −1
, se a moeda for honesta, p = 1 / 2 , VEJ (1 / 2 ) = ∞ (1.17)
j =1
38
estabelecer um limite superior, o que solucionaria o paradoxo. Esta mudança é
importante para a resolução do problema.
___________________
27
“se a utilidade de cada possível expectativa de ganho é multiplicada pelo número de caminhos em
que ela pode ocorrer, e então dividimos a soma destes produtos pelo número total de casos possíveis,
um significado de utilidade [expectativa moral] será obtido, e a expectativa que corresponde a esta
utilidade desejada igual ao valor do risco em questão”.
39
A partir de então, a divisão entre humanismo e cientificismo passou a ser mais
acentuada, como nas obras de Walras e Edgeworth. Walras como profeta do
“equilibrium” metafísico, condicionado ao abstracionismo matemático, e Edgeworth,
como um dos portavozes da Matemática como reflexo do humano. Neste momento, a
contrução de um conceito de felicidade já se incorpora ao movimento da matemática
como elemento condicionante de uma maximização, ou seja, como se a felicidade
humana fosse maximizável. Deste modo a utilidade, e assim por dizer, a escolha e a
preferência, constroem um efeito diretamente relacionado com felicidade, só que a
mensurando. Conjuntamente, por outro lado, a lógica define o grau de escolha do
indivíduo de forma a haver um “um grau de felicidade de maximização da utilidade”.
40
2. UTILIDADE COMO UM SISTEMA MATEMÁTICO
Para uma melhor compreensão deste capítulo, este deve ser visto como um
capítulo técnico. Isto deve ser feito para uma posterior compreensão sobre os métodos
e utilização da Matemática da Teoria da Utilidade. Desta forma, os modelos
apresentados mantêm, no aspecto da escolha e da preferência, um aspecto de pura
conotação racional, isto sem qualquer vinculação às idéias de Simon e a
Racionalidade Limitada. Assim, apresentaremos a estrutura teórica do modelo de
escolha vinculada à Matemática da Teoria dos Conjuntos, com uma Topologia como
forma ou medida do conjunto mantendo inalteráveis os conceitos e axiomas da
racionalidade objetiva (normativa) clássica. Nesta parte seguiremos o receituário dos
modelos neoclássicos do mainstream naquilo que se refere à forma do conceito de
preferência e utilidade.
Na seção 2.1, será apresentada construção matemática elementar por utilização
da teoria dos conjuntos aplicada a modelos básicos de medida e geometria (Bola
Aberta). Apresentaremos o conceito topológico de Bola Aberta como sistema
integrado em um espaço definido. Por fim, definiremos invocando a Teoria dos
Conjuntos, a relação do processo de escolha com os axiomas de Zermello analisando
sua relação com os modelos de utilidade e preferência tradicionais.
Na seção 2.2 serão apresentados os axiomas da transitividade, completeza e
reflexibilidade, que definem a racionalidade clássica, além de outros axiomas que
garantem suporte estrutural ao conceito de utilidade e suas variantes (como utilidade
esperada e utilidade marginal). Alguns axiomas como, aditividade, independência,
escolha, serão analisados detalhadamente. A representação destes axiomas por
exemplos será feita por via de teoremas matemáticos. Apresentaremos também outras
características matemáticas que definem preferência tais como: monotonocidade forte
e fraca, a convexidade, e a propriedade arquimediana de continuidade. Em anexo
compararemos à relação existente entre o axioma da preferência revelada e as
propriedades alfa e beta de Sen.
Na seção 2.3 serão apresentados aqueles conceitos e axiomas diretamente
envolvidos com a definição de preferência, tais como: monotonicidade forte e fraca, o
axioma da aditividade, topologias forte e fraca, e não saciedade local.
41
2.1. A Definição de Utilidade, Preferência e Axiomática.
Tomando como base que a teoria define um agente racional como um ser
dotado de informação perfeita, e que visa sempre o domínio da maximização da
utilidade, podemos entender como a Teoria Econômica desenvolveu vários modelos
de escolha tentando entender determinados processos realizados por indivíduos.
42
A configuração de um sistema, fechado ou aberto, em relação a um conjunto
definível é uma convenção matemática. Neste ponto, se faz necessário observar a
existência de um conjunto de elementos, que esteja contido ou não, neste espaço.
Podemos considerar como espaço, um ponto, plano geométrico, uma esfera ou
geodésica perfeita, ou outro sistema não geométrico.
Deste modo, todo cuidado é pouco quando se delimita uma fronteira entre
preferência e axiomática. Principalmente quando citarmos os mesmos axiomas da
estrutura de ordem como tipos básicos de preferências.
2.2.1. Completeza
∀x, y ∈ X , x y ou y x (2.1)
43
Quaisquer que sejam x e y pertencentes a X , o bem x y ou y x.
2.2.2. Reflexividade30
∀x, y ∈ X , ( x, y ) ( y, x ) (2.2)
2.2.4. Continuidade
44
2.2.5. Independência
x y ⇔ αx + (1 − α )z α y + (1 − α )z (2.5)
_______________________
32
John Von - Neumann (1903–1957), matemático hungaro; Oskar Morgenstern (1902–1977),
economista austríaco. Os dois cientistas foram os pais da Teoria dos Jogos.
45
Mantendo a linha lógica do axioma supracitado, é necessário definir um
princípio que norteará toda a Teoria dos Conjuntos aplicada aos modelos de utilidade
esperada.
dois disjuntos (∀x )(∀y ) ( x, y ∈ z ) ∧ ( x ≠ y ) . Assim, existe um conjunto de
1424 3 123
→ ↑
escolhas u que tem exatamente um membro em comum com cada elemento de z .
Temos então:
({
∃u ) ({
∀x) ({
∃v ) (1x ∈4z4→42
u ∩ x = {v })
4 4 43 2.9)
{conjunto . u }{elemento . do . conjunto . z }[elementodo conjunto . u ] escolha
___________________
33
Para a definição do axioma da escolha precisamos apresentar um grupo de outros axiomas
antecedentes que garantam suporte ao primeiro. De maneira suscinta, por não ser objetivo desta
dissertação, serão apenas expostos àquelas mais relevantes para o Axioma da Escolha de Zermello.
Assim temos os axiomas da:,.
da Extencionalidade: existência de um único conjunto vazio
do Vazio
da Separação: não existência de conjunto de todos os conjuntos
da Substituição: existência de certos ordinais infinitos e de cardinais
da Regularidade: combater níveis hierárquicos cumulativos e circularidades
46
Seguindo à apresentação do axioma da escolha, não seria possível deixar de
lado o Princípio da Tricotomia que afirma que dados dois números p e q , mantida a
relação de ordem entre eles, só poderemos ter três soluções de ordenação definido
por, ou p < q , ou p > q , ou p = q . Note que isto induz a pensarmos em termos de
sucessão de elementos, ou seja, existe sempre um sucessor de um elemento.
____________________
34
Paul Samuelson (1915, -), Hendrik Samuel Houthakker (1924–2008). Veja de Paul Samuelson,
(1952) a obra “Probablilty Utility, and Independence Axiom”, em que o autor apresenta um texto
clássico sobre o axioma da Independecia e suas aplicações.
Veja de Amartha Sen (1993) “Internal Consistency of Choice”. Uma crítica do autor ao modelo de
preferencia revelada (por Samuelson), em que exige muitas condições a priori sem levar em conta à
possibilidade dos agentes não agirem como os clássicos definem um comportamento racional (em um
equilibrio não paretiano).
35
“Por outro modo, a preferência de cardápio – dependente é precisamente o que está excluída por
esta suposição como o axioma fraco da preferência revelada (WARP) proposto por Paul Samuelson
(1938), sem a menção de Houthakkes (1950) e o axioma forte da preferência revelada (SARP). De fato,
até mesmo as condições fracas de WARP, tais como as propriedades α e τ (denominada neste
trabalho como β ), (contrações básicas e expansões consistentes), que são necessárias e suficientes
para funções de escolha binárias sobre conjuntos finitos, muito usadas em teoria geral da escolha bem
como teoria social da escolha são violadas por escolhas semelhantes.”
47
Matematicamente, preferência revelada é:
Dados (p , x )
t t
satisfazem o Axioma Generalizado da Preferência
t
Revelada se x Rx implicar em
s
ps xs ≤ ps xt .
48
ordenadas. A preferência ordinal necessita como condição necessária e suficiente de
um espaço métrico para existir, ou obedecendo à seqüência [(xn ); ( y n )] com
temos o símbolo temos uma ordem fraca, analisada nas duas seções anteriores.
Agora verificaremos a cardinalidade como atributo da preferência.
2.3.1. Aditividade
Uma medida é aditiva quando temos uma soma disjunta de conjuntos36. Para
uma exemplificação apresentaremos o modelo matemático a seguir.
___________________
36
O termo eqüipolência significa que se existe uma bijeção entre dois conjuntos, eles têm o mesmo
cardinal. Segundo Elon (2004), o termo bijetivo se refere à função bijetiva ou correspondência
biunívoca. Quando uma bijeção existe, ela é também uma injeção e sobrejeção, simultaneamente. Em
termos matemáticos temos:
Contradomí nio . de .{ f }
6447448
Domínio . da . função { f } Im agem . da . função { f }
} }
{f : 1442 3 → 1442
A 44 B 44
3 (2.10)
função .{ f } conjunto . A conjunto . B
u ( A + B ) = u ( A) + u ( B ) (2.11)
O Axioma da Aditividade também deve ser visto como uma medida. Por se tratar de conjuntos, a
medida aditiva pode ser escrita como uma σ -algebra. Uma σ -álgebra de Borel ( σ -álgebra), na
definição de Feller e Arrow, é um conjunto contável (álgebra) e também uma álgebra de Borel,
σ − álgebra. O ordenamento da estrutura de preferências é definido como um triplo ( Ω, , ),
formado pelo universo Ω, uma álgebra de subconjuntos Ω ( ), e uma relação de preferência .
49
Segundo Tenreiro (2000) uma função de conjunto u se diz aditiva se para
todo A, B ∈ C , com A ∪ B ∈ C , e A ∩ B = φ , a soma u ( A) + u (B ) está bem definida.
2.3.5. Convexidade 37
Dados x, y e z em X desde que x z e y z , assim mostra-se que
tx − (1 − t ) y z para todo 0 ≤ t ≤ 1 . (2.15)
50
Figura 5: Correspondência entre Conjuntos Sobrejetores, Bijetores e Injetores.
Fonte: Elon L. Lima Curso de Análise, vol 1, 11. ed . Rio de Janeiro, IMPA, 2004.
Em Elon (2003) define–se conjunto aberto38, ou aberto, como uma bola aberta,
mas o enunciado se refere a um tipo específico de Topologia, ou seja, um espaço
topológico. Neste caso redefine–se aberto como uma topologia num conjunto X de
uma coleção de partes de X .
51
Assim temos:
1) φ e X pertencem a ;
2) Se A1 ,K, An ∈ então A1 ∩ K ∩ An ∈ ;
ou existe uma seqüência de pontos em X que converge para a . A coleção de todos estes pontos é
determinada como Fecho de X e é escrita por X . Conjuntos Conexos são conjuntos que não podem
ser representados como união de dois conjuntos separados ambos não vazios, ou seja, A ∩ B = φ .
Também pode ser escrita na forma de (A ∩ B ) = φ e (A ∩ B ) = φ , (A, B ) são Fechos dos
conjuntos A e B . Por fim, conjuntos compactos são conjuntos limitados e fechados.
52
Pela comparação de duas teorias, (Modelo de Preferência Revelada de Paul
Samuelson e do Modelo α e β de Amartya Sen) pode-se perceber como ocorrem
paradigmas no objeto da escolha determinada pelos indivíduos. Neste momento temos
uma ruptura do conceito clássico de escolha, vista pelo enfoque do modelo de
preferência revelada e a definição de Sen (apresentados no anexo B), de que a
manifestação da preferência decorre muito mais de características excludentes do
mainstream, ou seja, considerando os aspectos próprios de cada agente.
E, portanto, apresentamos os coajuvantes da estrutura da preferência. Como
abordagens técnicas, foram vistos os elementos teóricos que servem de suporte para a
construção dos modelos de utilidade. Todo o modelo de utilidade baseia-se em
técnicas matemáticas e condições racionais para ser calculado. Como será visto no
terceiro capítulo, a Escola de Teoria Economia determinada como Escola da Utilidade
Esperada, necessita de um complexo arcabouço matemático para poder propor seu
sistema de resultados. Esta esplanação parte da idéia de que o indivíduo separa suas
escolhas por sistemas de conjuntos, além de também delimitar um grau de risco que
pode assumir a estas. Para poder quantificar o “ganho” ou a “perda” ele precisa
assumir uma lógica determinística a priori. Com base em todos estes elementos ele
então consegue medir o simbólico, ou seja, pode dar valores ou restringir os efeitos de
felicidade, satisfação, medo, prazer, ou qualquer outro símbolo que interferisse em
seu grau de satisfação, como determinaram os primeiros clássicos da Teoria
Econômica.
No próximo capítulo mudaremos o rumo deste trabalho com outro enfoque. A
Teoria da Utilidade Esperada buscará nos elementos apresentados no segundo
capítulo suporte para existir como modelo e teoria.
53
3. A TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA
Por fim, na seção 3.8 apresentamos o modelo clássico de risco de Bernoulli com
seus aspectos favoráveis e problemáticos para a utilidade esperada. Em função disso
discutiremos a Teoria da Utilidade Esperada de acordo com a tomada de decisão
contendo risco.
54
3.1 Utilidade Esperada como Medida de Probabilidade
p × x + (1 − p ) × y f q × w + (1 − q ) × z (3.1)
Se e somente se,
u ( p × x + (1 − p ) × y ) > u (q × w + (1 − q ) × z ) (3.2)
55
Este não é um único tipo de função utilidade, pois alguma transformação
monotônica será mais eficaz para definir na equação 3.2, a aversão ao risco. Podemos
encontrar uma transformação monotônica particular que tem uma propriedade muito
conveniente: a propriedade da utilidade esperada.
u (x, y ) = pu ( x ) + (1 − p )u ( y ) (3.3)
56
jogos de azar, os problemas de seguros marítimos, as catástrofes, e muitos outros que
indicassem a possibilidade de medida do risco. Os economistas beberam da fonte de
Hedon39, que polarizava a vida dos seres mortais entre dor e prazer. Até então, uma
união entre economistas da Escola da Utilidade e matemáticos não era algo previsível.
_________________
39
o termo Fonte de Hedon vem do Grego Antigo, que significa: busca pelo prazer.
57
A característica da racionalidade refere-se a uma medida de risco para a
utilidade esperada, e um comportamento maximizador do prazer para a utilidade
marginal. Os modelos de preferência terão como base além da teoria axiomática, os
modelos de Teoria dos Conjuntos, de modo a permitir-se que seja possível medir
conjuntos de elementos que interfiram de algum modo no processo de escolha dos
indivíduos.
A moderna Teoria dos Conjuntos necessita que cada hipótese deva ser definida
por um conjunto mínimo, mas consistente de axiomas, seja este o modelo que for e o
que se proponha a explicar. Muitos postulados da Teoria Clássica dos Conjuntos
foram trazidos para as Ciências Econômicas pelas mãos de economistas utilitaristas,
que, em virtude de poder estabelecer melhor uma hipótese, propuseram-se então
adaptar o comportamento humano em função da lógica e dos métodos cartesianos.
58
momento foi mais simples destacar o modus operandi dos modelos de decisão através
do instituto da loteria.
Uma loteria pode ser escrita pela forma {p× x + (1− p) × y}, e significa que o
consumidor recebe o preço x com probabilidade p e o preço y com probabilidade
{(1− p)}. Os “preços” podem ser dimensionados como dinheiro, bens ou loterias entre
outros elementos. Loterias podem se equipar aos outros preços, pois é possível tratar o
comportamento do consumidor como uma estrutura de delas. Podemos definir
modelos de loterias em três sistemas que definem a percepção do consumidor.
1. Ganho de preços com probabilidade {1} é o mesmo que ganhar o preço por certo,
1× x + (
1
1
2
− 1 )
3 ~ {x}
× y (3.5)
p =1
2. Existe indiferença na ordem em que a loteria é descrita,
p × x + (1− p) × y ~ (1− p) × y + p × x (3.6)
3. A percepção do consumidor de uma loteria depende somente da probabilidade
líquida da recepção de vários preços.
59
distribuição de uma quantidade por uma medida de risco e, desse modo, obedece
uniformemente aos axiomas clássicos.
probabilidades {x} pode ser escrito como um simplex n -dimensional, da forma ∆n−1 .
n
∆n −1 = p ∈ ℜ n+ : ∑ pi = 1 , onde pi = x( z i ) (3.8)
i =1
das K loterias {xk }kK=1 a partir de α como sendo a loteria, y ∈ X , tal que
K
y ( z i ) = ∑ α k x( z i ) para todo i ∈ {1,K, n} , o simplex n –dimensional é um conjunto
k =1
K
∆k −1 = p ∈ ℜ k+ : y ( z i )∑ α k x( z i ) = 1 , onde {xk }k =1 = x; pi = y (zi )
K
(3.9)
k =1
60
Imaginemos um modelo de loteria do tipo n = 3 . Suponha-se que possamos
determinar que cada um destes pontos esteja inscrito em um triângulo eqüilátero40.
Para uma melhor compreensão basta vermos a figura nove como projeção de
dois eixos da figura oito. Percebemos a mesma figura numa projeção bi-dimensional.
Temos apenas dois pontos da loteria e o terceiro ponto é uma combinação dos
outros dois. A figura 6 então acumula os três pontos, mas apenas dois destes são
“vistos”.
_____________________
40
Para definirmos o resultado do conjunto, partimos da propriedade dos triângulos equiláteros da qual
a soma da mediatriz do triângulo até sua altura máxima é igual à soma da mediatriz de cada um dos
seus lados até a metade deste.
61
Figura 6: Simplex Poligonal Eqüilátero de Loteria com três Probabilidades
Fonte: Mas-Colell, A. Whinston, Michel D, Green, Jerry R.
Microeconomic Theory, Oxford University Press, 2005.
62
Havendo um número K de loterias simples do tipo LK = ( p1K , K , p NK ) sendo definido
(L1 ,K, LK ;α 1 ,K,α K ) é a mais arriscada alternativa que produz a simples loteria LK
com probabilidade α K para k = 1, K , K .
p n = α 1 p 1n + L + α K p nK (3.10)
Uma loteria pode ser reduzida a um espaço de loterias, de tal forma a termos a
probabilidade de cada evento e o espaço de cada loteria multiplicada como no modelo
a seguir:
L = α 1 L1 + L + α K LK ∈ ∆ (simplex) (3.11)
L = (1,0,0 )
1 (
L4 = 1 , 1 , 0 )
α k =3
(
= 1 L2 = 1 , 3 , 3 ) α k =2 = 1 2
2 2
(3.12)
3
4 8 8 (
L5 = 1 2 ,0 1 2 )
(
L3 = 1 4 , 3 8 , 3 8
)
Multiplicando (α K =3 )[L1 , L2 , L3 ], temos (1 2 , 1 4 , 1 4 ) , o que em termos
(k = 3; K = 2) , e também ∑n p n =1.
63
Note-se que um sistema com várias loterias e várias probabilidades pode ser
interpretado como uma combinação convexa de todas as loterias envolvidas, em um
sistema linear (esta será a regra de ouro do modelo vN-M, analisado mais adiante). O
que o ilustrativo exemplo de Mas-Colell, Whinston, e Green (2005) apresenta é a
determinação de uma cesta de loterias com suas probabilidades, sabendo-se que ex
ante estas probabilidades tem soma inteira, então reduzindo o espaço em uma
combinação de apenas duas cestas e sucessivamente. Mantendo a condição de
equilíbrio há a combinação de duas cestas finais.
( )
L2 . Cada uma delas têm como resultado os valores 1 , 1 , 1 . No triângulo abaixo
2 4 4
vemos uma representação de como o conjunto de loterias se comportaria num espaço
de n loterias. Se for aplicável a fórmula L = α 1 L1 + L + α K LK ∈ ∆ teríamos como
resultado os mesmos pontos já calculados acima. Isto é possível em virtude da
64
Um tomador de decisão se utiliza de preceitos racionais (ainda não
analisaremos os efeitos da racionalidade) para escolher. Assim sua decisão (na forma
clássica) obedece necessariamente a dois axiomas: transitividade e completeza. O
tomador de decisão também precisa de uma ordenação de preferências e um
conjunto de alternativas Ľ.
são fechados.
Para explicar estes dois modelos suponha-se, como exemplo, que uma pessoa
precise decidir entre dois eventos: viajar de carro ou ficar em casa. Determina-se um
espaço de loterias em que L ′′ significa viajar de carro e L ′ ficar em casa. Nota-se que
α ∈ (0,1) pode ser entendido como uma medida do espaço de loterias.
L ′ = I ficar em casa
L ′′ = II viajar de carro
Para haver independência entre dois ou mais eventos é preciso ordem na
continuidade. Assim, voltando ao problema, suponha-se que haja um terceiro evento
do tipo L ′′′ =III “morte por acidente de carro”. Suponha também que neste modelo não
haja a desenvolvimento de expectativas entre as variáveis, apenas ordenações.
Payoffs:
Cenário I
65
Cenário II
Assim temos
L ′′ − L ′′′ f L ′ − L ′′′ pelo modelo de vN-M a variável L ′′′ não interfere. Assim:
Usando a suposição de que duas loterias com três unidades, determinadas por,
L ′ = ( p1 , p 2 , p3 ) e L ′′ = ( p1 , p 2 , p3 ) são misturadas para formar uma terceira
__________________________
41
segundo Fernando de H. Barbosa, “Microeconomia: teoria, Modelos Econométricos e Aplicações a
Economia Brasileira, IPEA, 1985, p 8, “este tipo de preferência lembra o processo de elaborar um
dicionario, e daí o seu nome. No dicionário as palavras são citadas de acordo com a primeira letra no
caso de palavras com a mesma letra inicial, a posição da palavra será dada pela segunda letra; quando
duas letras coincidem, a posição será dada pela terceira letra, e assim por diante.”
66
Note-se que a combinação αL ′′ + (1 − α )L ′′′ é fortemente preferível à
combinação αL ′ + (1 − α )L ′′′ . Isto demonstra que na verdade temos αL ′′ fortemente
preferível à αL ′ . Voltando ao exemplo do motorista L ′′′ que representa “morte por
acidente de carro” não interferindo na possibilidade de arranjo da relação L ′, L ′′ .
Segundo Cusinato (2003), há uma relação de efeito circular entre cada uma
destas propriedades, de tal modo que a da linearidade nas probabilidades leva a
separabilidade aditiva, que consequentemente leva a razão comum, e assim por diante.
______________________
42
Milton Friedman (1912–2006), economista americano, um dos responsáveis pela Teoria
Monetarista; Leonard Jimmie Savage (1917–1971), estatístico e matemático americano.
67
3.2.1. Linearidade nas Probabilidades
U = u1 p1 + L + u N p N .
68
Partindo das figuras 10 e 11 ilustrativas são possíveis de se perceber,
primeiramente, uma representação do triângulo de Marschak-Machina e
posteriormente, curvas de preferência e de utilidade.
3
Obedecendo a relação p = ∑ pi = 1 , podemos isolar p 2 (veja Figura 11) e
i =1
69
Para um desenvolvimento mais simplificado, o resultado acima deve ser
pensado como um modelo de função afim do tipo y − y o = a( x − x0 ) . Para isso
u(x ) − u(x1 ) U − u ( x2 )
p3 = 2 p1 + , (3.16)
u(x3 ) − u(x2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
Pela equação acima, é possível deve-se perceber que quando {a} (conforme
y − y o = a( x − x0 ) ) aumenta, existe uma inclinação entre p3 e p1 . Note-se que, ao
usarmos o instituto da derivada total na equação 3.16, chegamos aos mesmos moldes
da Taxa Marginal de Substituição, o que resulta em.
alternativa dois, pois é evidente que teremos mais utilidade em u(x3 ) do que em
70
1 − ( p1 + p3 ) = p 2 e (3.18)
variação dos elementos que compõe a utilidade geral U , agora U 0KN . Note-se que as
probabilidades são lineares.
u (x 2 ) − u ( x 1 ) U 0K N − u ( x 2 )
p3 = p1 +
u (x 3 ) − u (x 2 ) u (x 3 ) − u (x 2 ) (3.19)
Para parecer mais fácil entender, suponha que temos um espaço de utilidades
gerais onde variam de posição em um triângulo, conforme alocamos as cestas de
utilidade parciais e as probabilidades correspondentes.
U 0KN − u ( x1 ) p1 − u ( x 2 ) + u ( x 2 ) p1
p 2 = 1 − p1 + (3.20)
u ( x 2 ) − u ( x3 )
Podemos estabelecer em nosso modelo que há, agora, uma outra variável
independente. Isto quer dizer que se p1 for independente, p 2 dependeria
necessariamente da alocação das cestas de utilidade parciais. Para uma
exemplificação melhor suponha que U 0KN = 0 . Nossa equação se reduziria a
(u(x1 ) + u(x2 )) p1 − u(x2 ) u(x1 ) + u(x2 )
u ( x2 )
p2 = 1 − p1 + = − 1 p1 + 1 −
u ( x 2 ) − u ( x3 ) u ( x 2 ) − u ( x3 ) u ( x ) − u ( x )
3
1442443 2
L
u ( x1 )
1 − , e as remanescentes se apresentarem como u ( x1 ) ~ u ( x3 ) ,(note-se
− u ( x3 )
71
que u ( x3 ) ≠ 0 ), a indiferença, ou u ( x1 ) = u ( x3 ) produz a situação de L = 1 , o que
Continuando, três equações (3.18; 3.19 e 3.20) serão muito úteis para
estudarmos o comportamento das probabilidades na alocação das cestas de Utilidade
Parciais.
U − u( x 2 ) U − u(x2 )
Se p1 = 0 , p 2 = 1 − 0KN , p3 = 0KN (3.21)
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u (x3 ) − u (x 2 )
U − u(x2 ) U − u(x 2 )
1 = p 2 = 1 − 0KN +
p3 = 0KN
u ( x 3 ) − u ( x )
2 u ( x 3 ) − u ( x )
2
U 0KN − u(x1 ) U − u( x1 )
p2 = 1 − , p3 = 0KN (3.23)
u ( x 2 ) − u ( x3 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
U − u( x 2 ) U − u( x 2 )
O que pela prova real é p2 = 1 − 0KN + p3 = 0KN =0, o
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u(x3 ) − u(x2 )
72
figuras 8 e 12. Logo economicamente isto significa que toda cesta u ( x2 ) é preferida
às demais. Se voltarmos à equação 3.22 e fizermos alguns ajustes teremos.
u(x2 ) − u(x1 ) U − u( x 2 )
ai = ; bi = 0KN (3.24)
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
144 42444 3 144 42444 3
coef .angular coef .linear
73
trataremos deste assunto. Antes disss, suponha que tenhamos uma família de
utilidades gerais do tipo U 0KN , nos mesmos moldes do que já foi proposto.
Uma primeira conclusão a tirar é que para termos b0 = 0 (veja equação 3.24) implica
{b−n , b−n+i ,L, b−i ,L, b−1 ,} traduzem a suposição de que para b0 < 0 ⇒ (U 0KN < u ( x 2 )) .
à situação em que temos relação linear b0 > 0 ⇒ (U 0KN > u ( x 2 )) . Suponha a equação
74
1 = p1 + p 2 + p3 . Para a questão da Utilidade Geral, U = u ( x1 ) p1 + u ( x 2 ) p 2 + u ( x3 ) p3 ,
u ( x ) − u ( x1 ) U 0KN − u ( x 2 )
p3 = 2 p1 + (3.25)
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
( )
(x1 ) p1 + u(x2 ) p2 + u(x3 ) u (x2 ) − u(x1 ) p1 + U 0KN − u x2 u (x3 )
U 0KN = u{ (3.26)
T1 144
(x2
u4 3 ) − u(x2 )
4443
u ( x3 ) − u ( x 2 )
T2
U 0KN − u ( x 2 )
conjunto de cestas u ( x3 ) .
u (x3 ) − u ( x 2 )
U 0KN − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )u (x3 )
Assim, U 0KN = u ( x3 ) = U 0KN 1 − = ,
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
− u ( x 2 ) − u ( x 2 )u (x3 )
ou, U 0KN = ⇒ u ( x3 ) (3.27)
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
75
U0KN − u(x2 ) u(x3 ) u(x3 )
U0KN = u(x2 ) p2 + u(x3 ) , U0KN 1− =u(x2 ) p2 − , (3.28)
u(x3 ) − u(x2 ) u(x3 ) −u(x2 ) u(x3 ) −u( x2 )
Para p1 = 1 , temos.
u ( x 2 ) − u ( x1 ) U 0KN − u ( x 2 )
U 0KN = u ( x1 ) + u ( x3 ) + u ( x3 ) , que,
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
Para todos os cálculos de U 0KN deve ser observado que existe uma ordenação
das cestas. Faz-se necessário perceber que (u ( x3 ) > u ( x 2 )) , ou seja, havendo duas
Para a explicação ficar mais simples será utilizado apenas uma equação 3.28, pois o
exemplo vale para as demais. Assim temos.
1 1
U 0KN 1 − = u ( x 2 ) p 2 −
u ( x 3 ) − u ( x )
2 u ( x 3 ) − u ( x )
2
76
Obedecida à ordenação, o que percebemos é que em um conjunto de cestas
próximas, o estudo do sinal “à direita” ou “à esquerda”, deve ser observado, o que
obrigatoriamente resulta em U 0KN (1 − (0 + ,0 − )) → U 0KN , isto é, a função Utilidade
1
y = U 0KN , a N = 1 − . Note-se que também podemos por simples
u ( x 3 ) − u ( x )
2
manipulação algébrica escrever uma equação do tipo Afim. Deste modo, temos:
−1
U 0KN a N = u ( x 2 ) p 2 + u ( x 2 ) , U 0KN a N = u (x 2 ) p 2 + u ( x 2 )(a N − 1) e por
u ( x
1442443
3 ) − u ( x 2 )
a N −1
1 1
fim, U 0KN = u ( x 2 ) p 2 + u ( x 2 ) a N − . A função apresentada é totalmente
aN a N
linear. Note que para p 2 = 1 temos U 0KN = u ( x 2 )(a N ) , desde que obedecida as
{U −n ,U − n+i ,L,U −i ,L,U −1 ,U 0 ,U 1 ,L,U i ,L,U n−i } , ou seja, temos agora diversas
77
partir da dedução de ai (lembre-se que usamos a equação de p3 para determinarmos
as coordenadas). Esta equação será a base para demonstarmos o comportamento das
cestas de utilidades. Supomos então:
u(x2 ) − u( x1 )
ai = = u(x2 ) − u(x1 ) = ai (u(x3 ) − u(x2 )) = (1− ai )u(x2 ) = ai u(x3 ) + u(x1 ) (3.30)
u( x3 ) − u(x2 )
duas u ( x 2 ) ~ u ( x1 ) .
1o → u ( x 2 ) − u ( x1 ) = 0
o
2 → u (x 3 ) − u (x 2 ) = 0 (3.32)
ai o
3 → u ( x 2 ) ≠ u ( x1 )
4 o → u (x ) ≠ u (x )
3 2
78
A segunda hipótese de 3.38 nos remete a situação em que u ( x3 ) − u ( x 2 ) = 0 ,
γ . p1 γ . p1
p3 = − p3 = (3.33)
u ( x3 ) − u ( x 2 ) u ( x3 ) − u ( x 2 )
γ = u ( x 2 ) − u ( x1 ) γ = u ( x 2 ) − u ( x1 )
u ( x1 ) < u ( x 2 ) u ( x 2 ) < u ( x1 ) (3.34)
γ <0 γ >0
79
A terceira e a quarta hipóteses nos remetem a u ( x 2 ) − u ( x1 ) = 0 ou
u ( x 2 ) ≠ u ( x1 ) e u ( x3 ) − u ( x 2 ) = 0 , ou u (x3 ) ≠ u ( x 2 ) . A hipótese da monotonicidade
das preferências e ao axioma da independência, mantendo a estrutura linear.
partimos então da suposição teórica de que quando temos uma seqüência monotônica
em duas cestas indiferetes entre, mas diferentes a outra cesta, x3 ≥ x2 > x1 , podemos
u(x2 ) são indiferentes, o que ocasiona um espaço vertical de retas paralelas seguindo
p3 . Percebe-se tal situação mais facilmente na figura 13A.
80
Figura 13A: Curvas de Indiferença Verticais
Fonte: Cusinato, R. Tiecher. Teoria da Decisão sob Incerteza e a Hipótese da Utilidade Esperada:
Conceitos Analíticos e Paradoxos. UFRGS, Dissertação de Mestrado em Economia, 2003.
81
Deve-se compreeder, ex ante, que se p3 e p1 aumentam, necessariamente
causam um efeito de queda da utilidade total U . No modelo proposto, a utilidade total
é uma medida de compensação em p2 . Os dois triângulos representam as variações
diretas entre p3 e p1 .
K K
Se tivermos P UU i = ∑ P(U i ) ∴ i = 1,K, n cada utilidade é uma medida
i =1 i =1
única de probabilidade de tal forma a preservar independentemente a soma de suas
partes aditivas. Deste modo, não haverá a hipótese de ui ∩ u j ≠ 0 .
Marschak (1950) adverte que boa parte dos indivíduos não é racional todo o
tempo. O autor define um vetor de conjuntos de eventos mutuamente exclusivos,
como o conjunto de prospects (perspectivas) iguais a um. Mantendo um conjunto de
elementos mutuamente exclusivos em um espaço euclidiano ocorre que cada evento
contribui com uma parcela de todo o conjunto. O autor também faz uma crítica
82
contundente à obra de Von-Neumann, em que apresenta o subtítulo “VIII. Love of
Danger Incompatible with the four Postulates”, no “VII Amor do Perigo Incompatível
com os quatro postulados” tornando complicado afirmar e defender a simbólica idéia
de “bem” e “mal” como uma suposição monótona e puramente racional.
83
mais próximas possíveis. Os indivíduos acabam indiretamente determinando o valor
de r para suas escolhas. Assim temos o modelo em forma matemática:
84
modo que os autores definiram duas divisões de escolhas: escolhas que envolvessem
ganhos e escolhas que envolvessem perdas. Analisaremos este tema no próximo
capítulo.
$5.000.000 : .10
a1 = {$1.000.000 : 1,$0 : .0}∴ a 2 = $1.000.000 : .89
$0 : .01
(3.38)
$5.000000 : .10 $1.000.000 : .11
a3 = ∴∴∴ a 4 =
$0 : .90 $0 : .89
b1 = αδ x + (1 − α )P ∗∗ ∴ b2 = αP + (1 − α )P ∗∗
(3.39)
b3 = αδ x + (1 − α )P ∗ ∴ b4 = αP + (1 − α )P ∗
85
1o (a1 , a 2 , a3 , a 4 ) → (b1 , b2 , b3 , b4 )
2o α = .11, x = $1.000.000
3o P = ($5.000.000 : .11,$0 : .01)
4o P ∗ = $0
5o P ∗∗ = $1.000.000
Note que é mantido o equivalente certeza nas duas equações, 3.38 e 3.39, ou
seja, αδ x = a1 . Outra observação importante é que ocorre dominância estocástica de
primeira ordem de P ∗∗ ⇒ P ∗ , que será visto com mais detalhes na seção 3.42. Note-
se que, geralmente, alguns indivíduos que são avessos a risco, acabam, como no
exemplo exposto, não tendo muita confiança no resultado do lançamento de uma
moeda como exemplos, desde o primeiro lançamento.
86
possibilidades de casos aplicáveis, tomando em conta que o comportamento humano é
um intrincado sistema com muitos fenômenos atuando simultaneamente.
U (L ) = u1 p1 + L + u N p N (3.41)
K K
U ∑ α k Lk = ∑ α k U ( Lk ) (3.42)
k =1 k =1
____________________________________
43
“Devemos retornar ao mais primitivo conceito de solução, o que já conhecemos deve ser
abandonado”.
“a impressão transmitida é de que mais ou menos um único índice numérico de probabilidade (isto é,
uma medida verdadeira) pode ser deduzida de um montante suficiente de informação obtida do
comportamento observável dos indivídudos.”
87
Para alguma K loteria Lk ∈ Ľ, k = 1,K , K , com propriedades (α 1 ,K, α K ) ≥ 0
seqüência sempre soma um. Pode-se perceber que temos uma soma de partes
aditivamente forte, onde cada parcela é individual a sua próxima. Assim, Mas–Colell,
Whinston e Green (2005) definem com mais consistência a idéia de Bernoulli se
utilizando do modelo de v.N-M.
U (L ) = u1 p1 + .... + u n p n
Mantendo a linha da discussão, agora apresentaremos o divisor de águas entre a
Utilidade Esperada e a Utilidade Não Esperada. Em função disso vamos tratar
primeiramente do modelo de Probabilidade Subjetiva de Savage, a Teoria de Aversão
ao Risco de Arrow-Pratt, e após os paradoxos de Allais (da quebra do axioma da
transitividade), Helsberg (da quebra da subjetividade) e Machina (do desapontamento
antecipado).
________________________
44
“A função utilidade U: Ľ → tem uma forma de utilidade esperada se há uma exposição de
números (u1 ,....., u n ) para N resultados para cada loteria simples L = ( p1 ,....., p n ) є Ľ temos
U (L ) = u1 p1 + .... + u n p n ”.
88
Hà muito tempo alguns axiomas vem sendo motivo para rígidas discussões
acadêmicas. Isto tem sido visto quando da discussão da eficácia de alguns deles,
como, transitividade, aditividade, independência, reflexibilidade, e completeza.
1. Aversão ao risco
2. Propensão ao risco
3. Indiferença ao risco
Aversão ao Risco – existe um agente avesso ao risco se existe uma loteria
degenerada que forneça o mesmo padrão de risco (valor esperado), ou seja, em que
E (LD ) (esperança matemática da loteria degenerada) seja igual a L (um modelo de
89
loteria qualquer). Assim E (LD ) = LD L . A aversão estrita ao risco é definida pela
mesma equação, mas de modo que tenhamos E (LD ) = LD f L .
_____________________
45
A idéia de continuidade segundo a observação de Cusinato mostra que se a função utilidade é
continua sua relação de preferência (/) é contínua na topologia fraca e ao mesmo tempo se faz como
condição forte para a continuidade arquimediana. Pela relação do autor teríamos: Continuidade na
topologia fraca como indicador da continuidade arquimediana, mas em compensação a continuidade
arquimediana não implicaria em continuidade na topologia fraca, ou seja, o sistema não seria
comutativo.
90
Na figura 15 é possível observar o aspecto de continuidade e
diferenciabilidade das funções de utilidade apresentadas. Basta ver o aspecto de
continuidade de cada função e perceber (por um cálculo mental) que estas funções
apresentam diferenciabilidade definida.
Assim temos:
u ′′( x )
rA− P ( x ) = −
u ′( x )
91
3.4.2. Modelo de Savage de Utilidade Subjetiva
Para Zaneti (2008), Savage contribuiu com sua Utilidade Subjetiva em função
de duas falhas no modelo vN-M. A primeira falha é a de que não existem abundâncias
de loterias formais pois as probabilidades são subjetivas, construídas no dia-a-dia das
pessoas, que percebem os eventos ocorridos em um intervalo de tempo. A segunda
falha é referente ao fato de que as pessoas não passam o tempo todo calculando suas
probabilidades para tomar suas decisões. Elas não são “estatísticos de alta
capacidade” como afirma Arrow.
(um ato x não fosse preferido a y ). Ele demonstrou que . é representado por uma
única probabilidade pessoal chamada (estado independente), onde simultaneamente
têm-se pares de elementos que se interrelacionam ou não dependendo da ordenação.
92
Loteria de Roletas “roullete lotery”. Ascombe e Aumann (1962) diferenciam as
relações de preferência entre estas duas loterias (pois os autores foram os definidores
destas diferentes formas associativas de escolhas). Em termos econômicos Horse
Lottery seria definida como uma finita partição de estados. Nota-se no artigo de
Ellsberg (1961) que o modelo de Savage apresenta falhas concretas quando ainda se
insiste em manter a mesma estrutura teórica do modelo clássico, com adaptações. O
autor em seu ensaio “Risk, Ambiguity, and the Savage Axiom” de 1961, refere-se a
um teste em que duas urnas contendo bolas de duas cores distintas nas quais os
indivíduos são forçados a escolher entre saber que há uma medida certa de bolas das
duas cores em uma das urnas, mas não saber a razão do número de bolas na noutra.
Ellsberg quer demonstrar com isso que os indivíduos precisam escolher entre
continuar se mantendo racionais e assim obedecer aos axiomas da escolha racional, ou
serem indiferentes a racionalidade provando que os Axiomas da Independência e da
Aditividade Subjetiva não funcionam. Entretanto, para Ascombe e Aumann existe um
domínio da relação de preferência num espaço de escolhas. Assim, o modelo vN-M
seria apenas uma simples distribuição de probabilidades, o que difere de uma loteria
discreta em vista desta ser probabilidade contavelmente aditiva.
93
Na observação de Castro e Faro (2007) Savage determinou seu modelo por.
________________________
46
Peter C. Fishburn, “The Axioms of Subjective Probabiliy”, Statitistical Science (1986). O autor
apresenta as contribuições de Savage para a Teoria da Probabilidade Subjetiva em função de um
sistema aditivo.
94
O segundo axioma permite a construção de eventos A f φ sendo assim
finitos. Por fim, o terceiro axioma, determinando forte aditividade, significa que para
m ≥ 2 e tendo uma seqüência do tipo A1 ,K, Am , B1 , K, Bm , se tivermos A1 f B1 ,
k >1 .
n n
95
ordem. Também é possível constatar que a primeira derivada não precisa obedecer ao
critério da continuidade e diferenciabilidade.
As idéias acima fazem parte dos modelos de primeira ordem e segunda ordem
de dominância estocástica. Devemos observar também que o intervalo f (⋅) , pode ser
determinado como f (0) = 0 e f ( x ) = 1 para algum x .
A montagem por duas integrais impróprias é permitida para este formato, pois
seus limites são iguais, ou seja, transformar-se-ão em integrais próprias.
96
()
Figura 16: f ⋅ primeira-ordem estocasticamente dominante de g ⋅ ()
Fonte: Mas-Colell, A. Whiston, Michael D, Green, Jerry R. Microeconomic Theory. Oxford University
Press, 2005.
______________________
47
Vejam: Robert Jarrow, “The Relationship between Arbitrage and First Order Stochastic Dominance”
The Journal of Finance 1986. O autor apresenta um modelo binário para arbitragem financeira quando
existem decisões de primeira ordem estocasticamente dominantes em carteiras determinadas
48
Yoram Kroll e Haim Levy “Stochastic Dominance: A Note”, Journal of Finance 1982. Os autores
apresentam didaticamente as condições de primeira, segunda, e terceira ordem, para a dominância
estocástica.
49
Benjamin Éden, “Stochastic Dominance in Human Capital”, The Journal of Political Economy
1980. O autor apresenta um modelo de duas trajetórias aleatórias e mutualmente exclusivas em cestas
de consumo com escolha intertemporal.
97
Deste modo é possível afirmar que a probabilidade de haver mais garantias de
ganhar dinheiro. Na afirmação de Cusinato (2003), sempre que houver uma
preferência fraca e monotônica teremos dominância estocástica de primeira ordem.
Pelo exemplo do autor, adaptado ao modelo de Mas-Colell, apresentamos o modelo
abaixo.
Faz-se necessário separar os elementos retorno e risco. É por esta razão que
temos a Dominância Estocástica de Segunda Ordem, ou SSD. Assim significa que,
determinando dois elementos f (⋅) e g (⋅) , tal que tenhamos a relação
∫ u (x )df ( x ) = ∫ u ( x )dg ( x ) , dizemos que g (⋅) é mais arriscado do que f (⋅) , se para todo
risco evitar-se preferir f (⋅) e g (⋅) .
Para duas únicas distribuições f (⋅) e g (⋅) , com mesmo significado, f (⋅) é de
segunda ordem estocasticamente dominante ou é de risco menor do que em g (⋅) se
para toda função côncava não decrescente u : ℜ + → ℜ temos.
98
Figura 17: f (⋅) segunda-ordem estocasticamente dominante de g (⋅)
Fonte: Mas-Colell, A. Whiston, Michael D, Green, Jerry R. Microeconomic Theory. Oxford University
Press, 2005.
99
3.5. O Paradoxo de Allais
100
Machina (1987) apresenta o modelo de Allais com experimento de três
possíveis prêmios em moeda local. O conjunto definido dos prêmios é dado por
X = {5 x, x,0}. O indivíduo é submetido a dois conjuntos de escolhas.
(
x1 = (0,1,0) e x 2 = 1 , 89 ,1
10 100 100
) (3.45)
(
y1 = 0,11 , 89
100 100
) (
e y 2 = 1 ,0, 90
10 100
) (3.46)
Tomada de decisão 1.
101
qual não altere o conjunto de decisões lógicas não pode ser escolhido (ou preferido).
O que ocorre é o contrário.
x1 f x 2 ⇒ u 2 > 1 u1 + 89 u +1 u (3.47)
10 100 2 100 3
e
y 2 f y1 ⇒ 11 u + 89 u < 1 u1 + 90 u (3.48)
100 2 100 3 10 100 3
Ou seja.
(u 2 − 89
100
)
u 2 > 1 u1 + 1
10
u ⇒ 11
100 3
u > 1 u1 + 1
100 2 10
u para eq 3.45 e
100 3
x1 f x 2 ⇒ u 2 > 1 u1 + 89 u +1 u ⇒ 11 u > 1 u1 + 1 u3
10 100 2 100 3 100 2 110
4424 100
43
K1
y 2 f y1 ⇒ 11 u + 89 u < 1 u1 + 90 u ⇒ 11 u <1 u 3 + 1 u1
100 2 100 3 10 100 3 100 2 1100
442410 43
K2
x1 = (0,1,0) × (u1 , u 2 , u 3 ) e (
x 2 = 1 , 89 ,1
10 100 100
)
× (u1 , u 2 , u 3 ) . O resultado do
produto é a equação 3.45. Como temos um ordenamento, que ex ante, se põe como
102
hipótese no modelo neoclássico, ou seja, da Utilidade Esperada, o autor quer
demonstrar que esta ordenação é impossível de ocorrer.
103
No axioma da independência não importa o que está na outra face da moeda
(se é cara ou coroa), mas o que importa é que haja uma ordem de ocorrência dos
eventos. Uma outra leitura do que Allais apresentou é a relação de dominância
estocástica, que já foi demonstrada na seção 3.4.2 e que, no caso da Faninng-out,
determina o que se chama de “elemento estocasticamente dominante” e “elemento
estocasticamente dominado”.
urna A existe x bolas de cada cor. Na urna B não temos informação alguma sobre
2
104
sua constituição. Uma bola é retirada de cada uma das urnas. Supondo que exista
quatro estados da natureza para a retirada, temos o conjunto de possibilidades.
Primeira suposição:
Lembre-se que o que vale aqui é a bola preta que sai da urna A , ou seja, é
apostar que a bola preta da urna A p saia.
Ab ~ A p f B b ~ B p (3.51)
U (A p ) = ∑ u (A p (s ))f (s ) =
(u(0) + u (k )) = U (Ab ) (3.52)
s∈S 2
Se f (b, b ) ou f ( p, b ) = 1 − f ((b, p ) ou f ( p, p ))
U (B b ) = αu (k ) + (1 − α )u (0 ) (3.53)
αu ( x ) + (1 − α )u (0) <
(u (0) + u (x )) (
e assim α − 1 )(u(x) − u(0)) < 0 .
2 2
105
U (B b ) = (1 − α )u ( x ) + αu (0) , e (1 − α )u ( x ) + αu (0 ) <
(u (x ) + u (0)) (3.54)
2
Finalmente temos
Suponha que o indivíduo “sortudo” sempre foi apaixonado pela França e por
tudo que de lá provém. Suponha que o ordenamento das preferências monotônicas
deste indivíduo seja da forma x3 f x 2 f x1 . Assim temos os seguintes payoffs.
Primeira possibilidade: x3 f x 2 f x1
Segunda possibilidade: x3 f x 2
106
ganhar uma viagem para o território francês f ganhar um curso de francês
sobre toda a cultura, gastronomia e literatura francesa.
Terceira possibilidade: x3 f x1
Quarta possibilidade: x 2 f x1
(
L1 = 0; 1 ; 99
100 100
)
e L2 = 1
100
(
;0; 99
100
. )
Assim, para a loteria L1 há a probabilidade de nada ganhar no evento “não
fazer nada”, de ganhar com probabilidade de 1% para o evento “ganhar um curso de
francês” e de 99% de ganhar uma viagem para a França. Para a loteria L2 têm-se os
eventos de 1% para a probabilidade de “não fazer nada”, de 0% de ganhar um curso
de francês e de 9% de ganhar uma viagem completa para o território francês.
107
Pelo Axioma da Independência, analisado na seção 2.2.5, o indivíduo que
quiser maximizar sua escolha deve optar pela loteria L1 .
Pelas seqüências L1 = 0; 1 ( ; 99
100 100
e L2 = 1 )
100
;0; 99 (
100
)
temos então.
Hipótese inicial.
L1 (L A + LB + LC ) f L2 (L A + LB + LC ) (3.56)
(
L1 = 0; 1 ; 99
100 100
)
[(1;0;0); (0;1;0); (0;0;1)] , temos então
L1 = 1 L + 99 L
100 B 100 C
Para L2 temos:
(
L2 = 1
100
;0; 99
100
)
[(1;0;0); (0;1;0); (0;0;1)] , temos.
L2 = 1 L + 99 L (3.57)
100 A 100 C
L1 = 1 L + 99 L f L2 = 1 L + 99 L (3.58)
100 B 100 C 100 A 100 C
1 L + 99 L f 1 L + 99 L -perceba LC
100 B 100 C 100 A 100 C
108
comprovaria definitivamente a quebra do Axioma da Independência no modelo do
Paradoxo de Machina.
109
O que parece não ser totalmente exlicado, pode ser mantido como uma referência,
pois não se pode destruir uma teoria que explica um determinado comportamento
humano em função da criação de outra. Cada teoria se demonstra há seu tempo.
Deve ser percebido que a Utilidade Esperada explicou muito dos fenômenos
que assolavam o pensamento econômico, por muito tempo. Porém, não conseguiu
explicar eficientemete como os indivíduos não seguiam a uma abordagem neoclássica
de comportamento. Os agentes não seguiam o comportamento determinado pelo
sistema neoclássico de ordem e medida.
110
Por fim, no quarto capítulo haverá uma mudança de rumo no que tange a
utilidade. Apresentaremos o conceito de Utilidade Não Esperada ou NEU. A Teoria
da Utilidade Não-Esperada será uma alternativa aos problemas que a Utilidade
Esperada não consegue resolver, sem, destruir a teoria anterior. Para isto
apresentaremos algumas teorias que fazem parte da NEU e focaremos
sistematicamente em apenas uma delas. Estudaremos com mais intensidade a Teoria
da Perspectiva, ou Prospect Theory.
111
4. UTILIDADE NÃO ESPERADA
112
4.1 Utilidade Não Esperada: principais modelos
___________________
50
Hoje, novos modelos de Utilidade Não Esperada como os de Edwards 1962, Kahnemann & Tversky
em 1979 (Prospec Theory), Karnarkar em 1978 com (Subjectively Weighted Utility), Quiggin em 1982
com (Rank – Dependent Expected Utility), Yaari em 1987 com (Dual Expected Utility), Segal em 1984
e Green & Jullien em 1988 com (Ordinal Independence), Múnera & de Neufville em 1983 e Hagen em
1979 com (Moments of Utility), Chew em 1983 com (Weighted Utility), Hey em 1984 com (Optimism –
Pessimism), Chew, Epstein & Segal em 1991 com (Quadratic in the Probabilities) e por fim, Loomes
& Sugden em 1982 com (Regret Theory), buscam responder as questões não assumidas pelo modelo
tradicional.
113
De ponto a ponto, duas linhas claramente se formaram defendendo condições
opostas de análise para a decisão e escolha. A primeira linha defendia uma
suplementação dos processos de utilidade esperada, mas sem mudanças estruturais na
essência dos modelos clássicos (principalmente aqueles que pudessem comprometer
os pilares do castelo da utilidade esperada). A segunda linha, seguida pela Teoria da
Utilidade Não Esperada, pretendia revisar e modificar substancialmente as
características axiomáticas de estrutura axiomática, de modo a que se pensasse o
processo de escolha forçosamente fora do modelo tradicional.
A preocupação com a forma fez com que se buscou isolar o efeito “emoção”
como uma variável separável e aditiva em um conjunto de elementos. Savage (1954)
pensaria sua “probabilidade subjetiva” como um índice de utilidades que pudessem
concentrar as emoções e os gostos dos indivíduos. A manutenção desta integridade
matemática do modelo pouco auxiliaria na solução de alguns dos problemas fossem
eles simples ou complexos, da escolha.
114
A insersão de pesos nas decisões dos indivíduos não é uma medida de
probabilidade e tampouco de certo grau de crença. A afirmativa, em Schoemaker
(2000), de que Kahnemman e Tversky denotam que os pesos usados em seus modelos,
como também outros elementos que intercalam escolhas, refletem apenas os impactos
sobre as escolhas em que se preserva a monotonicidade destas e não são medidas de
probabilidade. Os pesos são maneiras para demonstrar a forma não linear das escolhas
e das preferências tomadas pelos indivíduos.
Apresentaremos a seguir apenas três modelos para sintetizar a teoria. Para isso,
ao longo da exposição faremos um comparativo com o que já foi apresentado no
terceiro capítulo, no que corresponde as teorias de vN-M e Savage.
∑ ∑
n
i =1
n∗
j =1
( )
R xi , x ∗J pi p ∗j (4.1)
_______________________
51
Veja de Loomes, G e Sudgen, R. “Disappointment and Dynamic Consistency in Choice under
Uncertainty”, The Review of Economic Studies, p. 271-282. O autor discute os modelos com incerteza
em que os prospectos envolvem a discussão (pior ou melhor doque), o efeito isolamento de Savage e a
teoria da perspectiva de Kahnemann e Tversky e os modelos de jogos de multi-estágios em que pese
são determinados pelo efeito certeza em situações determinadas como sendo de decisão irracional.
Veja Gul, F. A Theory of Disappointment Aversion, Econometrica, 1991, p.667-686.
115
Note:
U (u i ) = u1 p1 + L + u N p N equação de vN-M
( )
U xi , x ∗j = R(x1 , x1∗ ) p1 p1∗ + K + R (x n , x n∗ ) p n p n∗ equação de Loomes e Sugden.
( )
Considerando que os termos ui e R xi , x ∗j se equivalem apenas se “nosso
Por fim, suponha que um indivíduo sempre faça escolhas corretas “para ele”.
( )
Deste modo, temos, R xi , x ∗j = R( xi ) . Tomemos como exemplo o modelo de vN-M e
∑ R(x ) ⇔ ∑ u
i i , R( x1 ) ⇔ u1 também temos . Agora vamos expandir em apenas
U (x1 , x1∗ ) = R(x1 , x1∗ ) p1 p1∗ . Finalmente, podemos então comparar os dois modelos.
U (x1 , x1∗ ) = R(x1 , x1∗ ) p1 p1∗ e U (u1 ) = u1 p1 . Com alguns ajustes devemos ter.
116
por conseguinte U (x1 , x1∗ ) < 0 , pois sempre U (u1 ) > 0 . Esta parte da decisão (ou
escolha) a teoria da Utilidade Esperada não captura.
n
que afirma Machina, ∑p
i =1
i ≠ 1 . Desobedecendo ao Axioma da Aditividade como
resolver este impasse teórico os autores buscaram uma função de utilidade que
cumulasse os valores de probabilidade, como se fosse possível ter uma seqüência de
probabilidades como p1 , p1 + p 2 , p1 + p 2 + p3 ,K . As relações de probabilidades aqui
apresentadas não são conseqüências de uma medida causal de probabilidade, como foi
apresentado nos dois capítulos anteriores, mas devem ser vistas como
π ( pi ) + π ( p j ) ≠ π ( pi + p j ) em que π representa a função peso. Dessa forma, o
modelo funcional da Utilidade Esperada Dependente–Ordenada é definido por.
∑ v(x )[G (∑ ) (
p j − G ∑ j =1 p j )]
n i i −1
i =1 i j =1
(4.2)
[( ) ( )]
U ( xi ) = ∑i =1 v(xi ) G ∑ j =1 p j − G ∑ j =1 p j Rank–Dependent Expected Utility
n i i −1
U (ui ) = u1 p1 + L + u N pN vN-M
U ( x 1 ) = v ( x 1 )(G ( p 1 ))
U ( x 2 ) = v (x 2 )(G ( p 1 + p 2 ) − G ( p 1 ))
U ( x 3 ) = v ( x 3 )(G ( p 1 + p 2 + p 3 ) − G ( p 1 + p 2 ))
__________________
52
Veja Quiggin, J. “A Theory of Anticipated Utility”, Journal of Economic and Organization, 1982, p-
323-343.
117
Expandindo o modelo de vN-M
de Quiggin se tornaria:
U ( x1 ) = v( x1 )(G ( p1 )); G ( p1 ) = p1
U ( x 2 ) = v(x 2 )(G ( p1 + p 2 ) − G ( p1 )), G ( p1 + p 2 ) = p1 + p 2
U ( x3 ) = v( x3 )(G ( p1 + p 2 + p3 ) − G ( p1 + p 2 )), G ( p1 + p 2 + p3 ) = p1 + p 2 + p3
U ( x1 ) = v(x1 ) p1
U ( x 2 ) = v( x 2 ) p 2
U ( x 3 ) = v ( x3 ) p 3
U ( x1 ; x 2 ; x3 ) = v( x1 ) p1 + v( x 2 ) p 2 + v( x3 ) p3 ⇔ (vN − M )
∑p
i =1
i ≠ 1 , o caso analisado, acima, é uma peculiaridade do modelo apresentado.
118
∑
n
i =1 i
[( i
) (
x G ∑ j =1 p j − G ∑ j =1 p j
i −1
)] (4.3)
n
h
∑i =1 i ∑
x ,
i
[( i −1
) (
p j G ∑ j =1 p j − G ∑ j =1 p j
i
)] (4.4)
j =1
Para uma breve exposição dos dois modelos apresentados (Utilidade Esperada
Dual e Independência Ordinal) tem em comum com o modelo de Utilidade Esperada,
ou modelo de vN-M se traduz. Expandindo os dois modelos temos:
U ( x 1 ) = x 1 (G ( p 1 ))
U ( x 2 ) = x 2 (G ( p 1 + p 2 ) − G ( p 1 )) Utilidade Esperada Dual
U ( x 3 ) = x 3 (G ( p 1 + p 2 + p 3 ) − G ( p 1 + p 2 ))
U ( x 1 ) = h ( x 1 , p 1 )(G ( p 1 ))
U ( x 2 ) = h ( x 2 , p 1 + p 2 )(G ( p 1 + p 2 ) − G ( p 1 )) Independência Ordinal
U ( x 3 ) = h ( x 3 , p 1 + p 2 + p 3 )(G ( p 1 + p 2 + p 3 ) − G ( p 1 + p 2 ))
U (u i ( x i )) = u 1 ( x1 ) p1 + L + u N ( x N ) p N vN-M
119
Betweenness (ou separação). A Teoria (ou propriedade) Betweenness diz que a
classificação de preferência de probabilidade de uma mistura de duas loterias é
sempre intermediária entre as loterias individuais. Desde que
r f s ⇒ r f αr + (1 − α )s f s , ou seja, para todo r , s ∈ P( X ) com r ~ s e α ∈ (0,1) ,
deste modo temos r ~ αs + (1 − α )s ~ s . Isto quer dizer que se um agente for
indiferente entre escolher entre duas loterias, elas são indiferentes se forem misturas.
A Teoria Betweenness é uma conseqüência imediata do Axioma da Independência. Os
modelos apresentados acima, principalmente à relação (r ~ αs + (1 − α )s ~ s ) ,
representam também preferências quase-concavas e quase-convexas (veja a figura 20)
que serão em todos os modelos Weighted Utility, ou Utilidade Ponderada, a causa da
separação das reações dos indivíduos defronte a decisão com risco e incerteza.
∑ v(x ) p
n
i =1 i i
(4.5)
∑ τ (x ) p
n
i =1 i i
conseqüência direta do resultado de xi . Se a função peso τ (⋅) > 0 é pequena para uma
120
muito grande ordenação de resultados e elevada para muito baixa ordenação de
resultados, esta resultante distorção de resultados implica superestimação dos
resuldados de probabilidade desprezados e subestimação dos resultados de
probablidade considerados, como é passível de se perceber no formato da figura 21.
Isto quer dizer que τ (⋅) representa ou otimismo, ou pessimismo frente a uma decisão
∑ v(x ) p
n
Utility se reduz a i =1 i i , ou seja, o modelo EU (Expected Utility) de vN-M.
v( x1 ) p1 + K + v( xi ) pi
U (xi ) = Teoria da Proporção
τ ( x1 ) p1 + K + τ ( xi ) pi
U (u i ( x i )) = u 1 ( x1 ) p1 + L + u N ( x N ) p N vN-M
v( x1 ) p1 + K + v( xi ) pi
U (xi ) = = v(x1 ) p1 + K + v( xi ) pi ⇔ vN − M
( p1 + K + pi ) = 1
121
Necessariamete, a função τ ( xi ) , como já explicado, pondera o resultado dos
v( x1 ) p1 + K + v( xi ) pi v( x1 ) p1 + K + v( xi ) pi
U (xi ) = = . Nota-se
τ (x1 ) τ (x1 )
τ (x1 ) p1 + p2 + K + 1
pi τ ( x1 ) p1 + p 2 + K + 1
pi
n1 nn n n
1 n
que temos pesos sobre os prospectos, que é conseqüência da função τ ( xi ) . Estes
“pesos” ponderam a escala de ordenações de tal modo separar o efeito de grandes
ordenações de pequenas ordenações, ou seja, como afirmado no texto, reforça “ou
otimismo, ou pessimismo frente a uma decisão de risco”.
Toda decisão ocupa determinado espaço na vida dos seres humanos, ou seja,
um espaço de tempo e de memória. Pelo lado da memória, o tema vem sendo
estudado pelos cientistas, em função do comportamento como resposta às escolhas.
Já, pelo lado do tempo, os ganhos e das perdas são tratados pelo cérebro
humano como dualidades entre recompensar um ato bem planejado, ou punir decisões
equivocadas. Toda a tomada de decisão conjuntamente a possibilidade de resultado
das observações, se mostra incapaz para o cérebro na percepção de todos os detalhes.
122
Em função desta capacidade (de perceber apenas o que os olhos são capazes de medir)
os cientistas chamaram de Framming effect, ou efeito de enquadramento. Este efeito
limita nosso olhar àquilo que, apenas queremos ver.
123
(basear estimativas em função de cálculos ou estimativas incompletas) e de
ajustamento (grau de ajuste da ancoragem) definem algum papel em escolhas.
124
Segundo os pesquisadores, as pessoas quando expostas à pergunta, mantém o
efeito de enquadramento “framming effect”. Elas desejam salvar a todos ou correr o
risco de não salvar ninguém. Outra observação é efeito reflexão indiretamente
apresentado no problema, pois nas duas situações de escolha existe uma simetria entre
os ganhos (salvar a maioria) e perder (correr o risco de matar a todos).
________________
53
“podemos falar de pessoas que nada maximizam elas não têm preferências transitivas? deve-se supor
que a resposta seja sim.”
125
A Teoria das Preferências não Transitivas começou a ser pensada por Bell
(1982), Fishburn (1982), e Loomes e Sugden (1987). No caso, Loomes e Sugden
(1987) chamaram sua teoria de Regret Theory ou Teoria do Arrependimento. A
Teoria do Arrependimento foi vista na seção 4.1.
Cabe aqui apenas lembrar que Loomes e Sugden perceberam que os indivíduos
quando escolhem, comparam seus resultados com uma dada perspectiva (aquilo que já
tem em mente). Isto acaba por afetar as próximas escolhas de tal forma a não mais
existir um conjunto ordenado delas na forma da transitividade tradicional.
126
categorias de risco (aversão, indiferença e propensão) foi até então uma medida
pioneira de posição da utilidade e sua aplicabilidade em escolha e preferência, mas
mantendo o aspecto da escolha sob aspecto racional.
A Prospect Theory tem como objetivo principal medir o efeito dos ganhos e
das perdas na vida dos indivíduos e o seu impacto na função de utilidade. Para isso é
utilizado pesos para cada parcela das escolhas. Isto torna a medida de escala da
utilidade mais consistente com o processo de “perdas” e “ganhos” que cada uma delas
toma no processo todo. Quando “ocorre um arrependimento” em um processo de
escolha, ele é medido, mas isto não é “capturado” no modelo de Utilidade Esperada
formal, ou vN-M.
127
p1 + p 2 + K + p n = 1 pode ser escrita como um contrato. O desenvolvimento desta
parte da probabilidade obedece ao modelo aditivo, como já visto.
128
Isto significa que um prospecto ou (expectativa) é aceitável se a utilidade
resultante da integrabilidade da expectativa de um dos ativos excede a utilidade de um
determinado ativo. O domínio da função utilidade é então definitivamente
estabelecido.
Uma pessoa é avessa ao risco se ela prefere certo prospecto (expectativa) {x} a
algum prospecto arriscado com valor esperado {x}. Na Teoria da Utilidade Esperada,
a aversão ao risco é equivalente à concavidade da função utilidade. As pessoas
mantêm aversão ao risco na medida em que não podem mais melhorar suas próprias
escolhas. Como referência à percepção do comportamento da função utilidade,
podemos exemplificar a função utilidade do dinheiro como matematicamente
côncava. A idéia de um modelo matemático envolvendo uma medida de risco pode
ser encontado em Arrow e Pratt.
129
os autores querem “medir” se faz necessária uma explicação simples de como este
questionário foi desenvolvido. Uma grande parcela das questões apresentadas reflete
exatamente o que já foi exposto no terceiro capítulo. O indivíduo para escolher
necessitaria multiplicar o valor ($) pela probabilidade (conta mental) ou escolher entre
o ($) ou a probabilidade. As que apresentam esta atividade são as questões (1, 2, 3, 4,
7, 8, 11, e 12). As questões (5, 6, 9, e 10) são mais simbólicas, pois exige do indivíduo
imaginação.
130
Quadro 1: Modelo de Questionário
Fonte: KAHNEMAN, Daniel; TVERSKY, Amos. (1979). Prospec Theory: an analysis of decision
under risk. Vol.47, n0 2, mar. 1979, 263-291.
131
Ainda sobre o questinonário (observe o Quadro 1 da página anterior) apresenta
algumas questões de forma a indagar do questionado a forma como ele se define. Para
a Teoria da Utilidade Esperada, equivaleria à decisão de um agente em se mostrar
avesso, indiferente ou propenso a risco. As pessoas entrevistadas deveriam apontar
suas melhores alocações vendo o que lhes valia mais (probabilidade, ou valor).
Baseado nestes dois pontos foi desenvolvido (através da análise das questões) um
grupo de indicadores que definiriam como cada indivíduo se comportaria em seu
modo de escolha, isto é, como estas escolhas representavam a teoria.
132
padrões que definem conjuntamente o padrão de resposta que os indivíduos revelam,
e a relação heurística delas com o processo de escolha. Estas são:
1. coding ou código
2. combination ou combinação
3. segregation, ou segregação
4. Cancellation ou cancelamento
__________________
54
O problema apresenta uma situação em que alguém vê uma batida de táxi. Afirma-se que na cidade
há 85% de táxis que pertencem à companhia verde e 15% a companhia azul. Ocorre que alguém
presenciou o incidente e afirmou que quem o provocou foi à linha de táxi azul. O problema também
refere que foram feitos testes posteriores com a testemunha e que estes mesmos testes indicam que ela
apresenta probabilidade de acerto de 80%. Por fim os pesquisadores perguntam para a amostra se
realmente o taxi envolvido era o da companhia azul. Como resultado ao problema do táxi,
apresentamos a questão da freqüência de base. A feqüência de base é a probabilidade a priori, ou seja,
dos táxis que rodam pela cidade. A amostra acompanha a testemunha na responsabilização do táxi azul.
Assim, poucos acabam acertando a resposta: a companhia verde.
133
Para toda teoria há sempre problemas que não são resolvidos. Na Teoria da
Perspetiva, como a Teoria da Utilidade Não Esperada, isto não seria diferente. Na
próxima seção abordamos alguns problemas que estas duas Teorias ainda não
conseguiram resolver.
Nesta linha, alguns autores tais como Herbert Simon (1959), apresentam um
forte argumento envolvendo heurísticas de decisão. Para o autor existe uma sutil
relação entre o processo puramente racional, ou puramente axiomático, como visto no
capítulo dois; e o argumento da racionalidade limitada que envolve uma heurística
limitada de decisão. Estes dois elementos marcam o começo de um notável
aprofundamento ao objeto da Economia Neoclássica.
134
As eficazes constatações é que não existe um comportamento linear em
utilidade, e que as probabilidades não são lineares. A característica de uma
probabilidade não linear, e de outros fenômenos não considerados na Utilidade
Esperada, foi discutida ao longo do terceiro capítulo e o presente.
135
em todos eles. Aos que não tem esta capacidade, Frankfurt chamou de “Irrefletidos”,
ou seja, são os que não sofrem com caprichos e paixões55.
Para Ferejohn et all (2006) a racionalidade “é um ato que foi escolhido por
que está entre os melhores atos disponíveis para o agente, dadas as suas crenças e os
seus desejos. Colocado de outra forma, a racionalidade requer que crenças, desejos e
ações se relacionem de uma forma particular”. Assim, segundo o autor “são os
desejos ou as preferências que serão satisfeitos na escolha”. Para ele, o filósofo
Aristóteles preocupou-se em entender os tipos de desejos que os agentes racionais
deveriam ter. Os desejos aqui são compreendidos como objetos que regulam as
escolhas das ações humanas. Por fim, nas palavras de Ferejohn “Aristóteles apresenta,
portanto, um tipo de teoria endógena de formação das preferências, na medida em que
ele indica como desejos e sentimentos podem ser construídos e desenvolvidos”.
_________________
55
Veja de Paul Twomey, “Reviving Veblenian Economic Psychology”. O autor analisa as idéias e
posicionamentos de Torsten Veblen, como um crítico controverso do pensamento racional.
136
Outro estudo sobre o comportamento das pessoas em situações de tomada de
decisão e escolha foi realizado por Brenner (1996). Para ele, a sobreconfiança (ou
Overconfidence) é uma característica do eu (ou self), ou seja, do modo pessoal com
que os indivíduos respondem aos questionamentos diários e daquilo que elegem. Um
exemplo de superconfiança é a situação em que as pessoas são intimadas a se
manifestar sobre determinado assunto que muitas vezes não compreendem bem. Para
um exemplo disso, a pesquisadora separou por amostragem duas populações de
indivíduos sendo que ao primeiro grupo determinou que os indivíduos estimassem a
freqüência das respostas do segundo grupo para algumas questões formuladas. O
segundo grupo deveria então responder às questões sobre seus perfis de
personalidade. Um exemplo de questão aferida no questionário para o segundo grupo
foi “Que cidade é mais ao norte: Roma ou Nova Iorque?”. Na observação de Brenner
et al (p. 214):
[…] If, as suggested by Gigerenzer (1991), cognitive illusions disapear
when assess relative frequency instead of single-event confidence, we
may expect overconfidence, we may expect overconfidence in the latter
task but not in the former. On the other hand, if subject’s confidence in
their predictions depends primarily on the degree to with the behaviors in
question are representative of the target’s personality profile (Kahnemann
56
& Tversky, 1973), we expect both groups to exhibit overconfidence.
___________________
56
se, como sugerido por Gigerenzer (1991), ilusões coletivas desaparecem quando a freqüência relativa
se estabelece em vez de um único evento de confiança, podemos esperar superconfiança, podemos
esperar superconfiança na próxima tarefa, mas não na anterior. De outro modo, se a confiança é
subjetiva em suas predições depende primariamente do grau com que os comportamentos em questão
são representativos no objetivo dos perfis de personalidade. (Kahnemann & Tversky, 1973), nós
esperamos dois grupos para exibir superconfiança.
57
Veja-se, Loewenstein e Prelec, Negative Time Preference, 1991. Os autores afirmam que uma
seqüência de eventos dita “correta” pode não condizer com a ordenação desta seqüência. No artigo, isto
quer dizer na condição da amostra querer trocar de restaurante em virtude de facilidades; esta falácia se
deve principalmente às preferecias não seguir a um padrão ordenado e aditivo.
137
Os autores, Loewenstein e O’Donoghue, afirmam que o comportamento
cognitico, como as expressões “willpower” (força de vontade) “effort” (esforço)
“insight” (visão) são partes que determinam o grande grupo de elementos que se
transpõem nos modelos de escolha, mas são de difícil delimitação e detalhamento.
Para os autores existe uma forte relação entre estímulo versus comportamento,
sendo que entre estas duas relações há duas outras intermediárias, que equilibram o
sistema afetivo e o sistema deliberativo.
_______________________
58
“severos aspectos de nossa teoria, contudo, rendem se a uma necessária falta de uma formulação
geral e aplicável. Muitas de nossas suposições específicas são baseadas na intuição em vez da
evidência direta”.
138
A interpretação da probabilidade (como medida linear) por Pesos (como
medida de freqüência de base) pouco modificou o conjunto agregador da definição de
utilidade. Utilidade é atributo da Preferência, que é atributo de Escolhas que os
indivíduos fazem. Neste caso, não existe um estudo para definir como escolhemos.
139
classe), e de reconhecimento (que funciona como uma heurística rápida para que a
mente crie uma ferramenta adaptativa para tomar decisões com recursos mentais
realistas), são formas de julgamentos tomadas pelos seres humanos em situação de
decisão com um mínimo de informação disponível ou com pouco tempo para isso. No
apontamento de Eysenck e Keane (apud Griffing e Buehler 2005) ocorrem
determinados elementos chamados de falacias. A primeira chamada de falácia do
planejamento consiste em se “subestimar quanto tempo se demorará em realizar uma
determinda tarefa, ainda que se saiba que as tarefas similares no passado requeiram
mais tempo do que o esperado”. Isto acontece principalmente porque os julgamentos
são apresentados como freqüências e não probabilidades. A segunda falácia, que vem
causando grande atenção na comunidade científica, pois sua posição é causa de
grandes controvércias interpretativas, é a falácia da conjunção.
____________________
59
veja a crítica direta à falácia da conjunção no artigo The Conjuction Fallacy Revisited: How
Intelligent Inferences Look Like Reasoning Errors, 1999, de Ralph Hertwig e Gerd Gigerenzer, em
que existe uma inferência semântica e polissemia na relação entre probabilidade e freqüência, no
problema de Linda.
140
Nesta mesma linha de pensamento, Kahneman e Tversky partem do paradoxo
de Allais como base para complementar suas teorias. Allais foi ponto de partida para
diversas teorias de comportamento, principalmente as teorias NEU (Utilidade Não-
Esperada).
141
Os modelos da NEU (Utilidade Não Esperada) em nenhum tempo delimitam
um “ótimo” para o indivíduo. Na qualidade de uma nova teoria, desmistificam, dentro
de um novo contexto, todos os “quadros” materiais do qual a utilidade neoclássica se
pôs. Neste caso, vale dizer que o modelo de “otimo” é uma medida adequada quando
há um cenário claro (objetivo) de condições de decisão, ou, plena certeza. Quando os
indivíduos são postos à situação de incerteza, buscam seguir aquilo que podem ter
como sua certeza. Neste ponto, o questionário levantado pelos pesquisadores
Kahnemann e Tversky, demostrou esta idéia motivada pelo ser-humano de que o risco
corrido de vir com um prêmio de risco adequado.
A Utilidade Não Esperada propõe buscar melhor compreensão para os
mecanismos de escolha, que não envolvam necessariamente os mesmos modelos
axiomáticos da Teoria da Utilidade Esperada. Neste ponto deve-se ficar claro que os
termos axiomáticos do qual se vale a Teoria EU são válidos, desde que enumerados
em uma ordem racional de comportamentos (contendo informação simétrica,
concorrência perfeita, externalidades positivas), em que todos os agentes envolvidos
conheçam a atitude de todos. A Heurística como ferramenta de análise, vem
apontando os problemas do modelo de Utilidade Esperada, mas devemos ser rasoáveis
de que mesmo ela, como ferramenta de análise, não é eficaz em explicar o modo
como cada individuo faz suas próprias escolhas (qual a motivação para determinado
ato) mesmo sendo estas escolhas ditas “equivocadas”, mesmo que partindo da posse
de considerável volume de informação.
Hoje, novos teóricos, vinculados ao Pensamento Econômico, a Medicina, a
Psicologia, e Sociologia, e outras áreas do comportamento humano, vêem o processo
de decisão como um conjunto complexo de fatores. Assim, pesquisadores como,
Loewenstein, Damásio, Hirschman, Kahnemann, e muitos outros, mantém a posição
de que um ser humano não é capaz, pelo menos a todo o instante, de ter controle de
seus posicionamentos, compreendê-los e estudar a melhor forma de decidir por algum
deles, sem que desta forma procure sempre um ponto de máximo de cada escolha. O
que ocorre, é que o agente seja capaz de perceber com a pouca informação que detém
aquilo do qual é possível de se fazer, sem traumas. Esta condição, chamada de
heurística, é a base de muitos trabalhos sobre utilidade que estão sendo propostos em
todo mundo atualmente.
142
5. CONCLUSÕES FINAIS
143
Neste momento, problema com termos semânticos desfavoráveis tem mais
significância.
Assim, Walras, Pareto, Marshall, Edgeworth e Gossen, tomam o conceito de
valor-utilidade com uma semântica diferente. Com estes economistas, a Matemática
passa a valer como uma medida de cunho racional, ao lugar da concepção Filosófico-
Econômica de felicidade, e, assim, atribui uma nova conotação ao conceito de
Utilidade. Neste ponto, a utilidade como forma funcional, pode ser analizada, medida,
e comparada. Uma observação mais atenta aponta que a “maximização da felicidade”
foi sucessivamente substituída pela “maximização da utilidade”. Esta forma semântica
de perceber a felicidade, ou prazer, como reflexo da utilidade, foi substancialmente
mascarado no processo de matematização. O descolamento entre “felicidade” e
“razão” foi o primeiro passo na compreensão dos efeitos do processo de escolha dos
indivíduos
A matematização da economia foi a peça chave que marcou a utilidade, como
teoria. Este processo, conjuntamente ao desenvolvimento de outras teorias do mesmo
porte, motivou-se a modular o comportamento humano pela linha da Teoria dos
Conjuntos. Além disso, como também a idealização do comportamento humano como
ideal de um ser lógico, racional e maximizador, dotado de capacidades diferenciadas
na definição de suas decisões foram o foco de um outro processo que tinha como
objetivode se chegar a uma teoria do processo humano racionalista da felicidade.
Poratanto, a “felicidade” ou o “prazer”, aqui, são “absorvidos”, ou “endocitados” pelo
conjunto Matemática versus Teoria da Utilidade.
Após a consolidação da Teoria da Utilidade A revolução cientifica do século
dezenove trouxe avanços incomensuráveis para o progresso da ciência. No campo da
Economia estes avanços se traduziram em mudanças substanciais nas teorias do
comportamento. Neste ponto, Von Neumann e Morgenstern, Arrow, Savage,
descreveram um padrão de comportamento de decisão em que a escolha deveria
necessariamente estar vinculada uma medida de risco condicionando o
comportamento desta escolha a alguns fundamentais axiomas da lógica matemática. A
partir daí, Savage no intuito de repaginar as idéias de Von-Neumann e Morgenstern
em sua Teoria vN-M, construiria outra nova teoria. A sua Teoria da Utilidade
Subjetiva baseada na “Probabilidade Subjetiva” foi, talvez, um esforço ímpar na
busca de acertar as falhas do modelo de vN-M de Utilidade Esperada
144
Simultaneamente aos personagens da escola neoclássica surgiam, Allais e
Ellsberg. A Probabilidade Subjetiva continuava mantendo a mesma linha de
pensmento do pós-clássico. Para estes autores, a utilidade ainda mantinha os mesmos
problemas axiomáticos não bem resolvidos quando entre um fenômeno econômico
havia um outro psicológico. Em verdade, o comportamento humano constrói um
conjunto de decisões de objetivo econômico que seriam apenas mensuráveis por
elementos exógenos da probabilidade formal. Isto é, que apemas podem ser medidos
por condições muito específicas; além disso, não seria possível de serem mensurados.
145
Assim, a percepção de alguns fenômenos psicológicos, mas que são
importantes na composição do processo de escolha efetuado pelos indivíduos, e que a
primeira vista nunca foram considerados pelos teóricos da utilidade, foi o diferencial
da teoria. O primeiro deles foi o fanning-out, ou efeito leque. O efeito deste fenômeno
é que as linhas de Indiferença para a utilidade esperada deveriam ser lineares, mas o
que ocorre é o efeito inverso: o das mesmas apresentar-se em forma de curvas. Outro
fenômeno foi o framming-effect, ou efeito de enquadramento. O efeito de
enquadramento não era percebido na Utilidade Esperada em função do julgamento
dos indivíduos. Assim, sempre que o processo de decisão não vislumbrar a intenção
de fato, pela escolha a priori, o individuo toma sua decisão de escolhao. Ocorre que a
maior parte dos eventos ocorre a posteriori da decisão dos agentes.
A partir disso, há o que se denomina na literatura de hiato entre probabilidade
de um evento e sua freqüência de base. Quando um evento ocorre, ele deve ser
mensurável em escalas de risco, o que a Teoria da Utilidade Esperada define como
uma medida de risco (aversão, propensão e indiferença ao risco). A Frequência de
Base não é uma probabilidade, (usada nos modelos de Kahnemann e Tversky, Teoria
da Perspectiva), mas pensa os eventos em forma de freqüências de ocorrência. Esta
diferença estabelece um novo modelo de medição daquelas variáveis que em
Utilidade Esperada não se estabelecem, ou seja, a partir da freqüência de base é
possível de se estabelecer o real grau de escolhas que o ser-humano estrutura
(enquadramento), mede pela probabilidade daquilo que realmente se apresenta.
Progressivamente, em função dos fenômenos psicológicos estudados,
Kahnemann e Tversky desenvolveram uma teoria para medir o efeito da perda e do
ganho na decisão individual. A Teoria da Perspectiva (Prospect Theory) e
posteriormente, a Teoria da Perspectiva Cumulativa (Cumulative Prospect Theory)
tiveram por objetivo construir uma função utilidade que “medisse” a intenção real dos
indivíduos em um ambiente de incerteza. Proporcionalmente, percebe-se que no
Paradoxo de Allais o indivíduo buscaria sempre o efeito certeza, pois “olharia” para a
probabilidade, como medida arriscada. Desta forma, as pessoas tenderiam sempre a
maximizar a dor de suas perdas na mesma intencidade do que maximizar a alegria de
seus ganhos, considerando-se para isto a mesma escala de valores. Isto ocorre porque
não há como descolar os efeitos racionais dos emocionais num mesmo processo.
Apesar da evolução da Teoria da Utilidade Não Esperada, objetivamente,
ainda há problemas próximos aos que enfrenta a Teoria Utilidade Esperada. Mesmo
146
que já tenhamos definido que as probabilidades são não lineares, que os agentes usam
“uma janela de obervação” bastante precária para decidir, que podemos redesenhar
uma função de utilidade com “Pesos”, ainda assim, os mecanismos próprios de
escolha de cada ser humano são bastante complexos para as duas teorias definirem.
Por conseguinte, nesta abordagem, a Teoria da Perspectiva não é de todo completa
para explicar a intenção indivudual dos agentes.
Por outro lado, nas abordagens de, Damazio, Sen, Loewenstein, Hirschman e
outros, há uma tênue relação entre racionalidade e irracionalidade humana. Esta
dicotomia humana se mostra em Sen, quando demonstra o problema metodológico da
preferência revelada de Samuelson, e afirma que existem muitos aspectos em jogo
para um processo decisório ser definido como sendo racional. Já em Loewenstein, é
espresso quando afirma que, neurologicamente, o individuo não tem condições de
escolher quando apresentado à muitas possibilidades, pois o cérebro do ser-humano
não se atém a todo o risco possivel, mas aquilo que é importante.
Por fim, o trabalho buscou apresentar um variado contexto sobre o tema
utilidade. Deste a quebra de paradimas dentre duas teorias ao posicionamento
histórico das Escolas de Pensamento Econômico que mais influenciaram sobre o
tema. Desde os trabalhos de Kahnemann e Tversky, em seu ensaio denominado
Prospec Theory: an analysis of decision under risk de 1979, até hoje, já há
considerável volume de publicações cientificas sobre o assunto “processo de escolha”
tanto com conotação psicológica quanto também com referência ao campo da
Neurologia. Com as técnicas aprimoradas de Análise Multivarida de Dados (mais
especificamente, Análise Fatorial de Dados), e outras ferramentas de análise de dados,
está se tornando mais eficiente à interpretação e a distribuição dos pesos nas
inferências de modo a melhorar o grau de medição da subjetividade com que os
indivíduos fazem suas escolhas e apontam seus riscos em situações de tomada de
decisão.
147
ANEXO A.
148
Onde v(0) = 0 , π (0) = 0 e π (1) = 1 , como em Teoria da Utilidade, V é
definido em perspectivas, enquanto v é definido em resultados. As duas escalas
coincidem para certos prospectos, onde V ( x ) = v(x) .
A equação geral acima generaliza o modelo de utilidade esperada relaxando o
princípio da expectativa.
Por substituição temos, V ( x,1;0,0) = π (1)v( x ) + π (0)v(0) = v( x ) .
Agora faremos um paralelo com a (segunda metolodogia, a de 1992) obra dos
mesmos autores, intitulada Advances in Prospect Theory: Cumulative Representation
of Uncertainty, de 1992. Aqui, Kahnemann e Tversky adaptam a Teoria da
Perspectiva (Prospect Theory) traçando um novo estágio para a teoria. Em vista disso,
paralelemente ao modelo de probabilidade subjetiva de Savage apresentado na página
96. Os autores determinam que também exista um conjunto finito de estados de
natureza S .
Pelo texto dos próprios autores, Kahnemann e Tversky (1992), temos:
Suponha-se que exista um conjunto finito de estados S da natureza, e também
que os subconjuntos de S sejam chamados de eventos. Assume-se que um estado
obtido não seja conhecido do tomador de decisão. Seja X um conjunto de
conseqüências também chamadas de resultados. Deve ser assumido que X inclui um
resultado neutro determinado por zero. Deve ser interpretado que todos os outros
resultados definidos por X serão definidos por ganhos e perdas, ou números
positivos ou negativos.
Os autores, Kahnemann e Tversky, determinam que haja duas funções de
perspectivas representando perspectivas negativas e positivas. As funções
+ −
determinadas por f (função de ganhos) e f (função de perdas), que representam a
parte “positiva” e “negativa” da perspectiva, Uma vez que sistema central da Teoria
da Perspectiva é determinado pelas funções de pesos, podemos complementá-lo com
o modelo de Savage, que define, em outra linha, f e g , como “um conjunto de
“atos” f e g denominados estados da natureza”. Aqui, a diferença entre Savage e
Kahnemann e Tversky é que o primeiro autor não determina “os estados mistos” ou
“as expectativas” (Prospects) mistas que são causa para probabilidade, como
referencia a separabilidade aditiva. Já o segundo apresenta um substituto para a
probabilidade chamada freqüência de base.
149
Assim a função 4.9 se transforma na função V ( f ) = V ( f +
) + V ( f ).
−
A diferença de somatório entre as duas funções não ocorre por acaso. Ela
repreesenta a unicidade de um elemento de estado que assegura a existência de um
estrito incremento de função valor
Para finalizar a análise do modelo ainda restaria determinar uma função que
fosse não aditiva e que fizesse parte da probabilidade da função geral. Assim, na
concepção dos autores:
Existe um conjunto de funções não aditivas determinadas por W (também
chamada por capacidade). A capacidade assegura que exista uma partição do tipo Ai ,
π n+ = W + ( An ), π −−m = W − ( A− m ) (4.12)
π i+ = W + ( Ai ∪ K ∪ An ) − W + ( Ai +1 ∪ K ∪ An ),0 ≤ i ≤ n − 1 (4.13)
150
π i− = W − ( A− m ∪ K ∪ Ai ) − W − ( A−m ∪ K ∪ Ai +1 ),1 − m ≤ i ≤ 0 (4.14)
Agora, utilzando as equações de 4.10 possamos substituí-las em 4.14, da
seguinte forma.
n −1
( ) = ∑ π v(x ) = ∑ (W ( A ∪ K ∪ A ) − W ( A )
n
V f +
i
+
i
+
∪ K ∪ An ) v( xi )
i n
+
i +1
i =0 i =0
14444444442444444444 3
A
( ) = ∑ π v(x ) = ∑ (W ( A )
0 0
V f −
i
−
i ∪ K ∪ Ai ) − W − ( A− m ∪ K ∪ Ai +1 ) v( xi )
−
−m
i=−m i =1− m
1444444444 424444444444 3
B
( ) ( ) ( ) ( )
n n 0 0
V f + = ∑π i+ v(xi ) = ∑ W + ( Ai −1 − Ai ) v(xi ) , e V f − = ∑π i− v( xi ) = ∑ W − ( Ai−1 − A1 ) v( xi )
i =0 i =0 i =−m i =−m
( ) ∑ (W ( A )
n 0
V ( f ) = ∑ W + ( Ai −1 − Ai ) v( xi ) + −
i −1 − Ai ) v( xi ) .
i =0 i =− m
( ) ( )
n
V ( f ) = ∑ W + ( Ai −1 − Ai ) v( xi ) = W + ( A−1 − A0 ) + K + W + ( An −1 − An ) v( xi )
i =0
∑ (W ( A ) ( )
0
+ −
i −1 − Ai ) v( xi ) = W − ( A− m−1 − Am ) + K + W − ( A−1 − A0 ) v( xi )
i=− m
V ( f ) = (W + ( An −1 − An ) + W − ( A− m−1 − Am ))v( xi )
151
0
V ( f ) = ∑ π i v ( xi ) 4.15)
i =− m
Ou seja, V ( f ) = W + ( A − A ) + W − ( A , como podemos
− m − 1 − A m ) v ( x i )
1 4 4 4 4 442 4 4 4 4 4 4
m −1 m
3
πi
−m+m=0
i =−m i =−m
∑ (1
W ( A − A ) + W ( A − A ))v( x ) = ∑ π v( x ) .
0 0
que resulta em V ( f ) = +
i −1
−
i −1
44444244444
i = −m
3i i i
i = −m
i i
πi
152
( ) ( ) V (x , p ; y, q ) = f (x , p ) + g ( y, q )
V x, p; y t , q t = f ( x, p ) + g y t , q t t t t t
e
V (x , p ; y , q ) = f (x , p ) + g ( y , q ) V (x , p ; y, q ) = f (x , p ) + g ( y, q ) .
t t tt tt t t tt tt tt tt tt tt
153
tenha uma probabilidade associada (r ) . Mundando-se um pouco os fatores, quer dizer
que se ( x, p; y, q ) (z , r = p ) , temos, adaptadamente, (x, p; y, q ) ~ (z , p ) .
f (π ( p )v( x )) + f (π (q )v( y )) = f (π ( p )v( z )) (ou a equação 4.20), ou, ( x, p; y, q ) ~ ( z , q ) ,
que pode ser escrito como f (π (q )v( x )) + f (π (q )v( y )) = f (π (q )v( z )) , pois temos a
como conseqüência o sistema ( x, p; y, q ) ~ ( y, q; x, p ) .
Agora, assumindo que não há perda de generalidade, em π ( p ) < π (q ) , e
V ( x, p; y, q ) = k [π ( p )v(x )] + k [π (q )v( y )]
c c
(4.24)
Para algum k, c >0. A forma bilinear desejada é obtida pela redefinição de
escalas π , v e V assim como absorve as constantes k e c .
As demonstrações matemáticas da Teoria da Perspectiva referentes aos artigos
de 1979, propuseram o Prêmio Nobel aos seus autores. Os avanços da mesma teoria
contribuíram para a busca de uma melhor compreensão nos mecanismos de escolha
sobre incerteza e, principalmente, sobre a característica do processo de decisão
determinado pelo ser humano.
154
ANEXO B
A ∩ B ∈ τ se A, B ∈ τ (2.1)
Sendo X ⊂ ℜ n um conjunto
_________________________
1
Elon Lages Lima (1929, -), define a intersecção A ∩ B ∈ τ , como A1 ,K, An ∈ τ assim sendo
A1 ∩ K ∩ An ∈ τ .
2
O termo Bola Aberta significa uma superfície e três dimensões. A figura 1 representa uma projeção
da Bola Aberta em uma superfície bidimensional, e assim não há perda de generalidade do modelo.
155
{
um conjunto, B(a, r ) = x ∈ ℜ n ; x − a < r } (2.3)
2. O símbolo . 3 é a norma euclidiana (ou medida) e o termo < é aqui definido
como sendo a desigualdade (menor do que).
{
3. O termo Bola fechada é definido como B(a, r ) = x ∈ ℜ n ; x − a ≤ r , } (2.4)
{
4. A esfera s é definida pelo modelo, s (a, r ) = x ∈ ℜ n ; x − a = r } (2.5)
3
A norma . é a representação de uma medida (entende-se como distância). Para uma bola o
significado de “aberto ou fechado” é a representação da descontinuidade do conjunto, neste caso o
termo matemático {<} . Para um melhor tratamento matemático, veja Elon Lima, Análise I e II.
156
Cada bola estabelece um limite em que se pode afirmar que contém intervalos
de conjuntos. Neste caso ocorre que, se há um conjunto de elementos que está contido
dentro da bola, estes conjuntos estão determinados por intervalos. Em Topologia dos
Conjuntos isto significa supor que há três intervalos4: interior (com elementos
contidos internamente a bola), fecho (com elementos na fronteira da bola) e superior
(com elemento fora do espaço geométrico da bola), que serão apresentados abaixo.
( )
C aX ℜ n − X , ou seja, a como fecho, ponto limite à superfície da bola
aberta ou fech( X ) .
157
Todo ponto a ∈ A é interior de A e como A ⊂ X , interior de X .
Assim, se a medida da bola aberta maior é menor que o raio da mesma bola e
se também temos a mesma sentença para a bola menor, podemos supor que o
elemento {y} é um ponto de fronteira para uma das bolas. Supondo que uma bola está
contida dentro da outra, como mostra a figura, e que existe uma relação de distâncias
então é possível afirmar que o ponto {y} também é uma medida que está contida
dentro da bola menor. Prova-se então que, em havendo um plano em que tenhamos
conjuntos que estejam também contidos dentro de uma bola aberta (lembre-se da
abstração), podemos então criar outra bola menor para estudarmos os elementos do
conjunto de fronteira que podem constituir as duas bolas. Para isso, é importante não
se importar com a definição de conjunto, pois não existe, mas perceber que o espaço
de elementos de um conjunto pode ser representado como, por exemplo, os modelos
de loterias, que serão vistos no capítulo 3.
________________________
5
A definição de aberto de um conjunto está diretamente relacionada com os espaços definidos por
Bolas Abertas. Devemos perceber que X ⊂ ℜ e por condição de τ ser uma topologia (medida),
n
X um conjunto de escolhas (perceba que podemos considerar escolha não como atitude, mas como
elementos em um conjunto qualquer) e A = A1 , K , An como um conjunto de bolas (lembre do
conjunto das duas bolas acima). Um elemento de A , determinado como {A} está contido na bola
aberta e assim é um ponto interior de X , o espaço de escolhas.
158
À relação topológica de conjunto, como função de conjunto, avançaremos no
conceito e definição de axiomática, que será visto na próxima seção.
Vendo por outro modo, suponha agora que temos um conjunto V não vazio e
parcialmente ordenado (ou seja, obedecendo a (P; ) e P ≠ 0 . Suponha que toda a
cadeia de V tem limite superior (definido como supremo). Logo V é maximal. Na
mesma linha do enunciado acina, o lema de Zorn delimita-se em determinar.
159
Supondo que tenhamos em um conjunto de elementos tal que seja definido por
um elemento qualquer {b} ⊂ V . Se o intervalo de V contém (− ∞, b ) . O supremo de
V seria o que Elon (2005), definiu como “a menor das cotas superiores”, ou seja, {b} .
Ao conceito de máximo referido acima, voltando ao exemplo de supremo dado, o
máximo do intervalo seria {b} ou como seja, o seu supremo. O interessante deste
postulado é que se tivéssemos {b} ⊂ V e V delimitado pelo intervalo (a,+∞ )
teríamos a maior das cotas inferiores de V e sucessivamente um ínfimo (ou
minorante) e por conseqüência um mínimo em {a}.
Deve ser levado em conta que em Teoria dos Conjuntos existe um termo
chamado “corpo de um conjunto”, como é definido o conjunto dos números reais,
números racionais, números irracionais, números inteiros e números naturais, na
ordem Ν ⊂ Ζ ⊂ Q ⊂ Ι ⊂ ℜ .Cada conjunto ordenado obedece a uma pontual ordem
delimitada por propriedades de ínfimo e supremo. Será verificada esta característica
no estudo da Propriedade Arquimediana (determinante na interpretação da
continuidade da preferência) mais adiante.
160
4. O conjunto dos naturais N não é majorado: para demonstrar esta afirmativa
devemos abstrair e imaginar uma reta r tal que seja definida pelos pontos
. Se a priori N for
majorado, então temos s = sup N . Vamos deduzir então que isto seja
verdade. Assim pela definição de supremo (veja princípio da boa
ordenação) é o menor dos majorantes. Vendo a reta deduz-se que
(s − 1) < s , o que por lógica traduz que (s − 1) ∈ ℜ (como N ≠ φ e é
indutivo, pois N = {1,2,3,4,K}, para (s = 1) ≠ N , mas (s = 1) ∈ ℜ ). Se
n ∈ N , pela reta (s − 1) < n e assim pela continuidade (n + 1) ∈ N , (veja o
conjunto indutivo acima). Como s < (n + 1) ∈ N há um grave erro na
lógica, pois s = sup N , e pela sucessão o supremo deveria ser (n + 1) .
Logo, a lógica correta é que N não é majorado.
_______________________
7
Amartha Sen (1933, -), economista indiano, criador da Teoria da Abordagem das Capacitações.
161
Para um perfeito entendimento do assunto, primeiramente devemos entender o
quanto a racionalidade, como um instrumento de escolha, tem suas falhas
instrumentais. A transitividade, a completeza e a reflexibilidade, como relações de
preferência, podem ser intransitivas, incompletas e não reflexivas. Estas anomalias
teóricas, para os neoclássicos (Escola da Utilidade Esperada), são vistas como
situações imperfeitas, mas que não mudam o modelo original, ou seja, a estrutura se
mantém conservada. Para a Escola da Utilidade Não Esperada, apresentada no
capítulo quatro deste trabalho, estes são alguns dos indicativos de que há problemas
no modelo tradicional e que este ser objeto de contestação.
e ainda em Sen,
162
[…] wich are necessary and sufficient for binariness of choice functions
over finite sets, much used in general choice theory as well as social
11
choice theory, are violated by such choices”.
Note que ex ante, temos um padrão de escolhas bem definido em C1 mas não
bem claro em C 2 . Em C1 temos a ordem de preferência {z f w f x} , mas em C 2 ,
{x ~ y ~ w ~ z}.
A propriedade α de Sen nos diz que em uma estrutura de escolha ( X , β , C ) ,
ou regra de escolha C satisfaz a Propriedade α se ocorre que para todos os
B1 , B2 ∈ β , se x ∈ B1 ⊂ B2 e x ∈ C (B2 ) , então x ∈ C (B1 ) .
_______________________
8
A condição de menu - independência é um padrão tipicamente hipotético feito pela corrente
RS é
dominante implicitamente em teoria da utilidade e teoria da escolha. Na linguagem de Bourbaki
X X S
simplesmente “induzida por” uma ordem absoluta R , e R é uma “extensão” de R em X
(Bourbaki (1968, p.136)). Esta inter-relação é implicitamente presumida quanto uma função utilidade
U ( x ) é definida exatamente sobre o mais alto resultado de x como uma prática padrão (veja por
exemplo, Hicks (1939), Samuelson (1947), Debreu (1959), Arrow and Hahn (1971), Becker (1976))).
9
Dentro do apresentado, eu quero considerar a função escolha baseada em otimização, isto é, escolhido
um elemento de um conjunto ótimo B(S , R ) (isto é, escolhido o “melhor” elemento) de cada cardápio
(menu) do conjunto S de acordo com a relação de preferência fraca R (interpretado como “preferido
ou indiferente a”), que classe o conjunto de alternativas avaliáveis de X das quais cada “cardápio
(menu)” S é um subconjunto não vazio.
10
Veja Machina, J, M. “Stochastic Choice Function Generated from Deterministic Preferences Over
Loteries”, The Economic Journal, 1985, p. 575-594. Principalmente a descrissão do modelo de Sen na
pg 580 e a discussão sobre trajetória independente na pg 583.
11 “
quando é necessário e suficiente para a binariedade da função de escolha sob conjuntos finitos,
muito usados em geral na teoria da escolha bem como na escolha social são violadas por escolhas
semelhantes.”
163
Para C1
z ∈ B1 {y, z , w} ⊂ B2 {x, y, z , w}
z ∈ C1 (B2 {x, y, z, w}) = {z} ⇒ {z} ∈ C1 (B1 {y, z, w} = {z})
Para C 2
z ∈ B1 {y, z , w} ⊂ B2 {x, y, z , w}
z ∈ C 2 (B 2 {x, y , z , w}) = {z } ⇒ z ∉ C 2 (B1 {y , z , w} = {y})
A propriedade β de Sen que a estrutura de escolha ( X , β , C ) ou regra de
escolha C satisfaz a Propriedade β se ocorre que para todos os B1 , B2 ∈ β , se
x, y ∈ B1 ⊂ B2 e x ∈ C (B2 ) ⇔ y ∈ C (B2 ) .
164
indiferente à escolha dos dois elementos do conjunto. Isto também ocorre em
C 4 ( x1 ~ x 2 ) . Os modelos destes últimos dois conjuntos nessas condições, precisam de
um tratamento matemático mais apurado. Daí a propriedade β de Sen servir como
uma ferramenta satisfatória e eficaz no estudo de escolhas indiferentes.
Para C 4
x1 , x 2 ∈ B1 {x1 , x 2 } ⊂ B2 {x1 , x 2 , x3 }
[…] The process of choice has rather different roles in these distinct
cases, and they may, in fact, occur in various mixed forms. The first line
of explanation (“reputation and indirect effects”) is most in harmony with
12
the established conventions of standard neoclassical economics.
Sen apresenta quatro suposições que traduzem a diferença entre a dependência
da escolha “chooser dependence” de “preference”. Estas são definidas como:
________________________
12 “
O processo de escolha de muitos modelos diferentes naqueles casos distintos; e então podem, de
fato, ocorre em varias formas mistas. A primeira linha de explanação (reputação e efeitos indiretos)
está mais em harmonia com as convenções estabelecidas do padrão da economia neoclássica.”
165
iii) os efeitos diretos do bem–estar.
iv) as convenções rígidas que se seguem
Pelo fato de ser apenas uma suposição ao trabalho de Sen, o principal traço
dos tópicos apresentados pelo autor é que o objeto epistemológico da palavra racional
é frágil e sutil para definir o conceito de escolha. Existe, o que o autor define como a
relação bipolar entre “menu dependence” versus “menu independence” ou,
dependência versus independência do cardápio. E, portanto, na afirmação de Sen:
pr x r ≥ p r x s , u (x ) ≥ u(x ),
r s
s s
p x ≥ p x
s t
u (x ) ≥ u(x )
s t
0
2 , a seqüência:
L
pt xt ≥ pt xu
⇒
u t
L
(x ) ≥ u(x ) u (2.7)
u u
p x ≥ p x
u
u (x ) ≥ u(x)
u
166
Pela figura 6 podemos visualizar melhor o Modelo de Preferência Revelada de
Samuelson.
167
Suponha agora as duas proposições de Amartha Sen em que podemos inferir
com uma demonstração de que os conjuntos α e β satisfazem ao axioma fraco da
preferência revelada. Lembre-se da seção anterior para a definição dos elementos.
Para isso, continuaremos utilizando o modelo de Castro e Faro (2006) nas condições
de um sistema geral. Deste modo temos:
AFPR ⇒ β .
C (⋅) ≠ φ e APFR ⇒ α
C 4 {x1 , x2 } = {x1 , x2 }
C 4 {x1 , x3 } = {x1 }
Temos a função escolha C 4 (⋅) tipo:
C 4 {x 2 , x3 } = {x 2 }
C3 {x1 , x2 , x3 } = {x1 }
168
Considere-se que x1 = x; x 2 = y; x3 = w ; B1 = {x1 , x 2 }; B2 = {x1 , x 2 , x3 } ,
{x 2 = y}∈ C (B1 {x1 , x2 }) . Como (B1 {x1 , x2 }) ∩ (B2 {x1 , x2 , x3 }) ⊂ B2 {x1 , x2 , x3 } , assim
Como,
169
ANEXO C
x se s ∈ E y se s ∈ E
g (s ) se s ∉ E g (s ) se s ∉ E ⇔ x y (3.2)
Axioma 4. (probabilidade comparativa fraca): para todos eventos A e B , e
resultados x ∗ f x e y ∗ f y ,
x ∗ se A x ∗ se B y ∗ se A y ∗ se B
⇒ (3.3)
x se ≈ A x se ≈ B y se ≈ A y se ≈ B
Axioma 5. (não degeneracidade): existe então resultados x e y desde que
x f y.
Axioma 6. (eventos continuamente pequenos): para alguns atos f (⋅) f g (⋅) e
resultado x existe então um finito conjunto de eventos {A1 ,K , An } formando uma
partição de S desde que,
x se s ∈ Ai x se s ∈ A j
f (⋅ f ) e f g (⋅) (3.4)
g (s ) se s ∉ Ai f (s ) se s ∉ A j
Axioma 7. (monotonicidade uniforme): para todos os eventos E e todos os
atos f (⋅) e f ∗ (⋅) , se
f ∗ (s ) se s ∈ E x se s ∈ E
( ) (3.5)
g (s ) se s ∉ E g (s ) se s ∉ E
170
f ∗ (s ) se s ∈ E f (s ) se s ∈ E
( ) (3.6)
h(s ) se s ∉ E h(s ) se s ∉ E
f (s ) se s ∈ E
g (s ) se s ∉ E (3.7)
Denota o ato que corresponde com f (⋅) sobre o evento E e com g (⋅) sobre o
evento E .
O axioma 2 estabelece que dois atos f ∗ (⋅) versus f (⋅) implicam em diferentes
sub-atos, de tal forma que as preferências são separáveis sobre eventos mutuamente
exclusivos. Esta é a chave da estrutura de preferências da utilidade esperada.
O axioma 7, por fim, expande a teoria para o caso de atos com infinitos resultados.
Aqui o autor delimitou sua análise para a comparação de um ato fracamente preferido
a outro ato, ou a um similar fracamente não preferido. Como exemplo suponha-se que
temos para todo g (⋅) , [ f ∗ (⋅) se E ; g (⋅) se ~ E ] é fracamente preferido a [x se E ; g (⋅)
171
se ~ E ] de cada resultado de x do sub-ato f (⋅) sobre E então o indivíduo preferirá
fracamente [f ∗
(⋅) se E ; h(⋅) se ~ E ] por [ f (⋅) se E ; h(⋅) se ~ E ] , para todo h(⋅)
(fracamente não preferido).
172
Referências
173
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