1.1 Introducao A Eletronica de Potencia Complemento
1.1 Introducao A Eletronica de Potencia Complemento
ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Introdução a Eletrônica de Potência
1.1 ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
Circuitos eletrônicos de potência convertem a potência elétrica de uma forma para outra usando dispositivos eletrônicos.
Circuitos eletrônicos de potência funcionam usando dispositivos semicondutores como chave, controlando ou
modificando desta forma o valor da tensão ou da corrente de um circuito.
Aplicações típicas de circuitos eletrônicos de potência incluem conversão CA em CC, conversão de CC em CA,
conversão de uma tensão CC não regulada em uma tensão CC regulada e conversão de uma fonte de alimentação CA
com determinadas amplitude e frequência em uma outra com amplitude e frequências
diferentes.
O projeto de equipamentos de conversão de potência inclui várias disciplinas da área de engenharia elétrica. A eletrônica
de potência inclui aplicações de teoria de circuito e de controle, eletrônica, eletromagnetismo, microprocessadores (para
controle) e transferência de calor.
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1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONVERSORES
Figura 1-1 Uma fonte e uma carga com um conversor eletrônico de potência como interface.
entrada CA/saída CC
Os conversores CA/CC produzem uma tensão CC na saída a partir de uma
tensão CA na entrada. A potência média é transferida da fonte CA para a carga CC. O conversor CA/CA é
especificamente classificado como retificador. Por exemplo, um conversor CA/CC permite que circuitos integrados
operem numa rede CA de 60 Hz convertendo o sinal CA em sinal CC com uma tensão
apropriada.
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entrada CC/saída CA
O conversor CC/CA é, de forma específica, classificado como um inversor. Nele, a potência média é transferida do lado
CC para o lado CA. Exemplos de aplicações de inversores incluem a produção de uma tensão CA de 120 V rms 60 Hz a
partir de uma bateria de 12 V, tendo como interface uma fonte de energia
e uma matriz de células solares para alimentar um aparelho elétrico.
entrada CC/saída CC
O conversor CC/CC é útil quando a carga requer uma tensão ou corrente CC especificada (quase sempre regulada), mas
a fonte é de um valor CC diferente ou não regulado. Por exemplo, 5 V podem ser obtidos a partir de uma fonte de 12 V
via um conversor CC.
entrada CA/saída CA
O conversor CA/CA pode ser usado para mudar o nível ou a frequência de um sinal CA. Podemos citar como exemplos
circuitos de controle de luminosidade de luz (dimmer) e de controle de rotação de um motor de indução.
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Alguns circuitos conversores podem funcionar em diferentes modos, dependendo dos parâmetros do circuito e do
controle. Por exemplo, alguns circuitos retificadores podem atuar como inversores pela modificação do controle dos
dispositivos semicondutores. Nestes casos, é o sentido da transferência de potência média que
determina a classificação do conversor. Na Fig. 1-2, se a bateria for carregada a partir da fonte, o conversor é
classificado como retificador. Se os parâmetros de funcionamento do conversor forem mudados e a bateria funcionar
como fonte de alimentação para o sistema CA, o conversor é classificado como inversor.
A conversão de potência pode ser processada em etapas envolvendo mais de um tipo de conversor. Por exemplo, uma
conversão AC-CC-AC pode ser usada para modificar uma fonte CA convertendo primeiro em corrente direta e depois
convertendo o sinal CC em sinal CA com amplitude e frequência diferentes da fonte CA original, conforme ilustrado na
Fig. 1-3.
Figura 1-5 (a) Um circuito chaveado; (b) uma forma de onda da tensão chaveada.
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1.4 CHAVES ELETRÔNICAS
Uma chave eletrônica é caracterizada por ter dois estados ligado e desligado, idealmente sendo ambos um curto-
circuito ou circuito aberto. Aplicações usando dispositivos de chaveamento são desejáveis por causa de uma perda
relativamente menor de potência no dispositivo. Se a chave é ideal, ou a tensão ou a corrente é zero, então a
potência absorvida por ela é zero. Os dispositivos reais absorvem alguma potência quando estão no estado ligado e
quando fazem transição entre os estados ligado e desligado, mas a eficiência do circuito ainda pode ser bastante alta.
Alguns dispositivos eletrônicos, como os transistores, podem funcionar também na faixa da região ativa na qual os
valores da tensão e da corrente não são zero, mas é desejável usar este dispositivo como chave no processamento da
potência.
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Diodo
O diodo é a chave eletrônica mais simples. Ele não pode ser controlado e as condições de seus estados ligado e
desligado são determinadas pelas tensões e correntes do circuito. O diodo está polarizado de forma direta (em
condução ou ligado) quando a corrente id (Fig. 1-8a) é positiva e reversamente polarizada (em corte ou desligada) e
quando vd é negativa. No caso ideal, o diodo é um curto-circuito no momento em que é polarizado diretamente e é um
circuito aberto na polarização reversa. As características, corrente-tensão, real e idealizada são mostradas na Figs. 1-
8b e c. A característica idealizada é usada na maioria das análises.
Figura 1-8 (a) Diodo retificador; (b) característica i-v; (c) característica i-v idealizada;
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Uma característica dinâmica importante de um diodo não ideal é a corrente de recuperação reversa. Quando um diodo é
desligado, a corrente nele diminui e momentaneamente torna-se negativa antes de estabilizar em zero, como mostra a
Fig. 1-8d. O tempo trr diz respeito ao momento de recuperação reversa, que é geralmente menor que 1 s. Este fenômeno
pode se tornar importante em aplicações de alta frequência. Os diodos de recuperação rápida são projetados para ter um
trr menor que o dos diodos projetados para as aplicações na frequência da rede. Os diodos de carboneto de silício (SiC)
têm um tempo de recuperação muito menor, resultando em circuitos mais eficientes, em especial nas aplicações em alta
frequência.
Os diodos Schottky (Fig. 1-8e) têm uma barreira de metal-silício em vez de uma junção P-N. Os diodos Schottky têm
uma queda de tensão direta típica de 0,3 V. Eles são frequentemente utilizados em aplicações de baixa tensão em que as
quedas nos diodos são significantes em relação às outras tensões do circuito. A tensão reversa para um diodo Schottky é
limitada em 100 V aproximadamente. A barreira
metal-silício num diodo Schottky não está sujeita aos transientes de recuperação e entram em condução (ligam) e em
corte (desligam) mais rápido que os diodos com junção P-N.
Figura 1-8 (d) tempo de recuperação reversa trr; (e) diodo Schottky.
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Tiristores
Os tiristores são chaves eletrônicas utilizadas em alguns circuitos nos quais se necessita controlar o estado ligado. O
termo tiristor se refere quase sempre a uma família de dispositivos de três terminais entre os quais podemos citar o
diodo controlado de silício (SCR), o triac, o tiristor desligado pela porta (GTO, na sigla em inglês), o tiristor
controlado por MOS (MCT) e outros. Tiristor e SCR são termos utilizados algumas
vezes como sinônimos. O SCR é usado neste livro para ilustrar os dispositivos controlados da família de tiristores. Os
tiristores são capazes de conduzir correntes de valores elevados e de bloquear valores altos de tensão para aplicações
com valores altos de potência, mas as frequências de chaveamento não podem ser tão altas quanto as usadas com
outros dispositivos como os MOSFETs.
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Os três terminais do SCR: são anodo, catodo e gatilho (Fig. 1-9a). Para o SCR começar a conduzir é preciso que se
aplique uma corrente no gatilho quando a tensão anodo-catodo for positiva. Uma vez estabelecida a condução, o sinal
no gatilho não é mais necessário para manter a corrente no anodo. O SCR continuará a conduzir enquanto a corrente
no anodo permanecer positiva e acima de um valor mínimo chamado de nível de manutenção. As Figs. 1-9a e b
mostram o símbolo do SCR para os circuitos e a característica corrente-tensão idealizada.
Figura 1-9 Dispositivos da família de tiristores: (a) retificador controlado de silício SCR; (b) característica i-v idealizada do SCR; (c) tiristor com desligamento pelo
gatilho (GTO);
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O tiristor com desligamento pelo gatilho (GTO) da Fig. 1-9c, como o SCR, entra em condução com uma corrente no
gatilho de curta duração se a tensão anodo- catodo for positiva. Porém, diferente do SCR, o GTO pode ser desligado
com uma corrente negativa no gatilho; sendo, portanto, adequado para algumas aplicações em que ambos os controles
de ligamento e de desligamento de uma chave são necessários.
A corrente negativa de desligamento no gatilho pode ser de curta duração (alguns microssegundos), mas seu valor deve
ser muito alto comparado com a corrente de condução. Tipicamente, a corrente de desligamento é de um terço da
corrente de condução no anodo no estado ligado. A característica i-v é como mostrada na Fig. 1-9b para o SCR.
Figura 1-9 Dispositivos da família de tiristores: (a) retificador controlado de silício SCR; (b) característica i-v idealizada do SCR; (c) tiristor com desligamento pelo
gatilho (GTO);
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O triac (Fig. 1-9d) é um tiristor capaz de conduzir em ambos os sentidos. O triac é funcionalmente equivalente a dois
SCRs (em paralelo, mas com sentidos opostos)*. Circuitos comuns de controle de luminosidade de lâmpadas
incandescentes (dimmer), usam um triac para modificar os semiciclos positivo e negativo da onda senoidal de entrada.
O tiristor controlado por MOS (MCT) na Fig. 1-9e é um dispositivo funcional equivalente a um GTO, mas sem a
necessidade de uma corrente de alto valor no gatilho para o desligamento. O MCT tem um SCR com dois MOSFETs
integrados num dispositivo. Um dos MOSFETs liga o SCR e o outro MOSFET desliga o SCR. O
MCT é ligado e desligado pelo estabelecimento de uma tensão apropriada do gatilho para o catodo, que é o oposto do
estabelecido para a corrente no gatilho do GTO.
Figura 1-9 (d) triac; (e) tiristor controlado por MOS (MCT).
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Tiristores foram historicamente escolhidos como chaves eletrônicas de potência por causa das faixas de valores altos
de corrente e de tensão disponíveis. Os tiristores ainda são utilizados, especialmente em aplicações de alta potência;
entretanto, as faixas de potência dos transistores têm aumentado enormemente, tornando os transistores mais
desejáveis em muitas aplicações.
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Transistor
Transistores funcionam como chaves em circuitos eletrônicos de potência. Circuitos de acionamento com transistores
são projetados para que funcionem em ambos os estados, totalmente ligado ou desligado. Isto difere de outras
aplicações do transistor, como nas aplicações de um circuito amplificador linear em que o transistor funciona na região
tendo valores altos de tensão e de corrente simultaneamente.
Diferente do diodo, os estados ligado e desligado de um transistor são controlados Os tipos de transistores utilizados
em circuitos eletrônicos de potência são os MOSFETs, transistores de junção bipolar (BJTs) e os dispositivos híbridos
como os transistores de junção bipolar com porta isolada (IGBTs).
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O MOSFET da (Fig. 1-10a) é um dispositivo controlado por tensão com as características mostradas na Fig. 1-10b. A
fabricação do MOSFET produz um diodo parasita (corpo), como mostrado, que algumas vezes pode ser usado como
uma vantagem nos circuitos eletrônicos de potência. Os MOSFETs de potência são do tipo crescimento em vez do tipo
depleção. Uma tensão porta-fonte com valor suficientemente alto faz com que o dispositivo seja ligado, resultando
numa baixa tensão dreno-fonte. No estado ligado, a variação em vDS é linearmente proporcional a uma variação em iD.
Figura 1-10 (a) MOSFET (canal N) com diodo de corpo; (b) características do MOSFET; (c) características idealizadas do MOSFET.
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Portanto, o estado ligado do MOSFET pode ser modelado como uma resistência de estado ligado chamada de RDS(lig.). Os
MOSFETs têm uma resistência de estado ligado da ordem de poucos miliohms. Para uma primeira aproximação, o
MOSFET pode ser modelado como uma chave ideal com a característica mostrada na Fig. 1-10c. As faixas de valores
vão de 1500 V a 600 A (embora de forma não simultânea). As velocidades de chaveamentos do MOSFET são maiores
que as dos BJTs e eles são utilizados em conversores que funcionam na faixa de mega Hertz.
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As características típicas do BJT são mostradas na Fig. 1-11b. O estado ligado do transistor é obtido fornecendo uma
corrente na base suficiente para levar o BJT à saturação. A tensão de saturação coletor-emissor é tipicamente da ordem
de 1 a 2 V para um BJT de potência. Uma corrente zero na base resulta no desligamento do transistor. A característica
idealizada i-v do BJT é mostrada na Fig. 1-11c. O BJT é
um dispositivo controlado por corrente e BJTs de potência têm tipicamente baixos valores de hFE, algumas vezes
menores que 20. Se um BJT de potência com hFE 20 conduzir uma corrente de coletor de 60 A, por exemplo, a corrente
na base precisaria ser maior que 3 A para levar o transistor à saturação. Para o circuito de acionamento fornecer uma
corrente alta na base, é preciso que ele seja um circuito de significante
potência em si mesmo. As configurações Darlington têm dois transistores BJTs conectados como mostra a Fig. 1-11d.
O ganho de corrente eficaz da combinação é aproximadamente o produto dos ganhos individuais e pode, desta forma,
reduzir (continua) a corrente exigida para o circuito de acionamento. A configuração Darlington pode ser construída a
partir de dois transistores discretos ou pode ser obtida como um dispositivo integrado único. Os BJTs de potência são
raramente utilizados em novas aplicações, tendo sido superado pelos MOSFETs e IGBTs.
O IGBT da Fig. 1-12 é uma conexão integrada de um MOSFET e um BJT. O circuito de acionamento para o IGBT é
semelhante ao do MOSFET, enquanto que as características do estado ligado são equivalentes às do BJT. Os IGBTs têm
substituído os BJTs em várias aplicações.
Figura 1-12 IGBT: (a) Circuito equivalente; (b) símbolos para circuito.
REFERÊNCIAS
HART, Daniel W. Eletrônica de potência: análise e projetos de circuitos. São Paulo: McGraw-Hill, 2012.