Artigo EngSegTra 0101
Artigo EngSegTra 0101
Resumo
Toda edificação é desenvolvida a fim de que possamos desempenhar alguma
atividade duradoura ou temporária, destarte faz-se necessário garantir a segurança
física e emocional das pessoas que ali transitam. Isto posto, este artigo vem
discorrer sobre orientações básicas de segurança contra incêndio e pânico em
escolas públicas municipais de Manaus. Uma vez que é notável a carência de
literaturas de linguagem didática e acessível voltada a esse âmbito das escolas
manauaras, o objetivo deste é nortear o profissional que venha desenvolver um
projeto anti-incêndio nesse contexto, dando orientações de como aplicar as leis,
decretos, normas e instruções técnicas, vindo a elaborar facilmente um projeto apto
à aprovação dos órgãos competentes.
Palavras-chave: Segurança, Incêndio, Escolas, Manaus, Orientações, Projeto.
Abstract
Whole building is designed to we can developed any lasting or temporary activity,
therfore it is necessary to ensure the physical and emotional safety of those transiting
there. Thus, this article is discuss basic guidelines for fire safety and panic in public
schools in Manaus. Since it is remarkable the lack of didactic literature with an
accessible language aimed at this scope of manauaras schools, the aim of this is to
guide the professional will develop a fire prevention project in this context, giving
guidance on how to apply the laws , decrees, technical standards and instructions, been
easily draw up a suitable project to the approval of the competent bodies.
Key words:Security, Fire, Schools, Manaus, Guidelines, Project.
1. Introdução
O fogo é conhecido desde a pré-história e tem seus benefícios bem esclarecidos
durante o passar dos anos. Dominá-lo foi de suma importância ao homem para chegar
à civilização. Apesar de tê-lo controlado para o uso próprio, o fogo proveniente de
raios e vulcões era uma incógnita para o homem que durante anos titubeou em estuda-
lo uma vez que encarava como um castigo transcendental. Dentro do domínio
humano, o fogo era imprescindível para a subsistência, entretanto, fora de controle,
causava perdas e danos com os incêndios.
O resultado de um processo termoquímico muito exotérmico de oxidação, vulgo fogo,
era tido na idade média, para os alquimistas, como uma propriedade de transformação
da matéria, já que alterava determinadas propriedades químicas das substâncias, como
na transformação de um minério sem valor em ouro. Nesta época o fogo também fora
usado como instrumento de execução como nas condenações de morte a fogueira,
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO- UNINORTE – Manaus, AM, Brasil, maio/2016
bem como instrumento de tortura como a bota malaia, a qual era preenchida com
água, óleo ou chumbo, calçada nos pés da vítima e posta à brasas abertas.
Durante todo o caminho histórico da humanidade, o fogo se faz presente como
coadjuvante na trama. Deveras, ele foi, na antiguidade, o fator chave para a
sobrevivência do homem, bem como o seu grau de desenvolvimento até os dias atuais.
Apesar de serem visíveis as consequências de sua má manipulação, somente depois da
segunda guerra mundial que o fogo começou a ser encarado como uma ciência
complexa que exigia conhecimentos, físicos, químicos, toxicológicos e de engenharia.
Hoje, sabendo-se da necessidade de controlar tal fenômeno, as atividades de
segurança contra incêndio e pânico envolvem milhões de pessoas em todo mundo,
fazendo com que essa ciência cresça rapidamente, sendo uma tendência internacional
a exigência de todos materiais, componentes, sistemas construtivos, equipamentos e
utensílios usados nas edificações sejam analisados e testados laboratorialmente do de
vista da segurança contra incêndio.
Indubitavelmente, cuidados devem ser tomados em todo e qualquer lugar, mesmo que
o risco de incêndio seja mínimo a fim de evitar catástrofes tanto de cunho ambiental,
como os 263 (duzentos e sessenta e três) incêndios em áreas de vegetação localizadas
em Manaus ocorridos no período de janeiro a setembro de 2015 (fonte: portal de
notícias G1 Amazonas), quando de cunho trágico como incêndio na boate kiss
ocorrido em janeiro de 2013 na cidade de Santa Maria – RS; a imprudência e as más
condições de segurança causaram a morte de mais de duas centenas de pessoas.
Esse último fato, é o que desencadeou uma série de preocupações de órgãos públicos
brasileiros quanto à segurança contra incêndio de edificações. Não diferente do resto
país, o Governo do Amazonas, por meio do decreto Nº. 24.054 de 1 de março de
2004, baseado na Lei Nº.2.812 de 17 de julho de 2003, estabelece as instruções
técnicas do corpo de bombeiros militar do Estado de São Paulo como o padrão a ser
seguido nas edificações de risco a fim de evitar danos.
Em pesquisa na Secretaria Municipal de Educação de Manaus – SEMED, constatou-
se a importância dada à prevenção de incêndio e pânico nas escolas de âmbito já que
hoje Manaus apresenta o número de aproximadamente 374 (trezentos e setenta e
quatro) escolas municipais. Com isso os órgãos têm apresentado manuais e diretrizes
a serem seguidos para melhor elaboração de projetos. Entretanto é perceptível a falta
de literaturas na área de segurança contra incêndio.
Vale ressaltar que o tema segurança não abrange só ato de proporcionar padrões de
combate ao fogo, mas visa, também, a compreensão da sociedade em torno dessa
problemática levando aos cidadãos conscientes que possam não somente combater e
sim prevenir.
A prevenção é o conjunto de medidas que visam evitar que os sinistros surjam, mas
não havendo essa possibilidade, que sejam mantidos sob controle, evitando a
propagação e facilitando o combate. Já o combate dá-se quando não foi possível evitar
o surgimento do incêndio.
Observar-se que o tema segurança não abrange só ato de garantir padrões de possíveis
ocorrências de sinistros, mas visa, a compreensão da sociedade em torno dessa
problemática. Diante disso, pode-se estabelecer diretrizes básicas para seguir ao
elaborar projetos voltados a segurança contra incêndio e pânico nas escolas
municipais. São esses:
a) Conhecimento das leis, normas e decretos;
b) Identificação do tipo de edificação;
c) Elaboração dos Projetos dentro dos parâmetros;
d) Análise dos itens de proteção obrigatórios;
e) Veracidade na execução do projeto.
A seguir esse roteiro, o profissional habilitado na área de engenharia de segurança do
trabalho irá desenvolver um projeto de forma rápida e sucinta a considerar todas as
orientações propostas para garantir a segurança do corpo docente e discente da
unidade escolar.
“Art. 2.° - Para efeito deste Regulamento são adotadas as definições abaixo:
I - Altura da Edificação: é a medida em metros entre o ponto que
caracteriza a saída ao nível de descarga, sob a projeção do paramento
externo da parede da edificação, ao piso do último pavimento, excluindo-se
áticos, casas de máquinas, barriletes, reservatórios de água e assemelhados;
nos casos em que os subsolos tenham ocupação distinta de estacionamento
de veículos, vestiários e instalações sanitárias ou respectivas dependências
sem aproveitamento para quaisquer atividades ou permanência humana, a
mensuração da altura será a partir do piso mais baixo do subsolo ocupado;
II - Ampliação: é o aumento da área construída da edificação;
III - Análise: é o ato de verificação das exigências das medidas de segurança
contra incêndio das edificações e áreas de risco no processo de segurança
contra incêndio;
IV - Andar: é o volume compreendido entre dois pavimentos consecutivos,
ou entre o pavimento e o nível superïor a sua cobertura;
V - Área da Edificação: é o somatório da área a construir e da área
construída de uma edificação;
VI - Áreas de Risco: é o ambiente externo à edificação que contém
armazenamento de produtos inflamáveis, combustíveis e ou instalações
elétricas e de gás;
VII - Ático: é a parte do volume superior de uma edificação, destinada a
abrigar máquinas, piso técnico de elevadores, caixas de água e circulação
vertical;
VIII - Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB): é o documento
emitido pelo Corpo de Bombeiros MiLitar do Amazonas (CBMAM)
certificando que, durante a vistoria, a edificação possuía as condições de
segurança contra incêndio, previstas pela legisLação e constantes no
processo, estabelecendo um período de revalidação;
IX - Carga de Incêndio: é a soma das energias caloríficas possíveis de
serem liberadas pela combustão completa de todos os materiais
combustíveis contidos em um espaço, inclusive o revestimento das paredes,
divisórias, pisos e tetos;
X - Comissão Especial de Avaliação (CEA): é um grupo de pessoas
qualificadas no campo da segurança contra incêndio, representativas de
entidades públicas e privadas, com o objetivo de avaliar e propor alterações
necessárias ao presente regulamento;
XI - Comissão Técnica: é o grupo de estudo do CBMAM, instituído pelo
Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, com o
objetivo de elaborar as instruções técnicas, analisar e emitir pareceres
relativos aos casos que necessitarem de soluções técnicas mais complexas ou
apresentarem dúvidas quantos às exigências previstas neste regulamento;
XII - Compartimentação: são medidas de proteção passiva, constiwídas de
elementos de construção resistentes ao fogo, destinados a evitar ou
minimizar a propagação do fogo, calor e gases, interna ou externamente ao
edifício, no mesmo pavimento ou para pavimentos elevados consecutivos;
XIII - Edificação: é a área construída destinada a abrigar atividade humana
ou qualquer instalação, equipamento ou material;
XIV - Edificação Térrea: é a construção de um pavimento, podendo
possuir mezaninos cuja somatória de áreas deve ser menor ou igual à terça
parte da área do piso de pavimento;
XV - Emergência: é a situação crítica e fortuita que representa perigo à
vida, ao meio ambiente e ao patrimônio, decorrente de atividade humana ou
fenômeno da natureza que obriga a uma rápida intervenção operacional;
XVI - Instrução Técnica do Corpo de Bombeiros (ITCB): é o documento
elaborado pela comissão técnica do CBMAM que regulamenta as medidas
de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de risco;
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“Um edifício seguro contra incêndio pode ser definido como aquele em que
há alta probabilidade de que todos os ocupantes sobrevivam a um incêndio
sem sofrer qualquer ferimento e no qual os danos à propriedade serão
confinados às vizinhanças imediatas ao local em que o fogo se iniciou”.
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Decreto Nº. 24.054 - 1 de Março de Aprovado Que Foi Alterada pela Lei Nº. 4207 de 28 de
2004 Pelo Julho de 2015
as
A partir de então poderão ser estudadas as IT´s de cada medida necessária de acordo
com a altura da edificação. Portanto a partir de agora trataremos das instruções de cada
medida do grupo em questão.
As duas primeiras Instruções Técnicas (IT Nº 01/2011 e IT Nº 02/2011) que trata dos
procedimentos administrativo instituindo orientações para a apresentação do projeto de
segurança contra incêndio e documentos necessários para dar entrada no processo de
Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e alguns conceitos fundamentais
para o entendimento das próximas IT´s, respectivamente. Alguns desses conceitos já
foram mencionados aqui.
Figura 5: Largura e altura mínimas do portão de acesso à edificação - Fonte: IT 06/2001 – CBM/SP
Quanto aos extintores esses também precisam ser bem dimensionados e deve ser
levada em consideração os agentes que deverão combater.
3. Conclusão
Segundo o dicionário, em uma de suas definições, segurança é a condição de estar livre
de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação em que nada há
de temer. Deveras esse é o múnus de um sistema de combate a incêndio,
principalmente no âmbito escolar, e, para que isso seja possível, é substancial a
qualificação profissional; qualquer fragilidade nesse quesito pode levar a resultados
desastrosos na ocorrência de sinistros facilmente evitáveis. Felizmente os órgãos que
gerem, avaliam e fiscalizam as escolas públicas municipais de Manaus dispensam total
atenção à segurança anti-incêndios. Fica, portanto, a cargo do profissional de
arquitetura e/ou engenharia se ater a elaboração de um bom projeto. Indubitavelmente
as indicações nesse artigo relatadas servem como auxílio aos técnicos que
desenvolverão trabalho nesse cunho.
Vale ressaltar que o ingresso da população na prevenção de incêndios é profícuo à
cidade; a implantação de programas educacionais desde as creches até as escolas de
ensino fundamental cria uma cadeia de conhecimento vitalícia, de maneira que todos,
inclusive pais e parentes, possam conhecer os riscos de incêndio em suas atividades e
quais atitudes podem ser tomadas em caso de infortúnios. É válido também a aplicação
de um programa e/ou ciclo de palestras, formações e cursos ministrados pelos órgãos
competentes (CONFEA, CREA, CAU, Corpo de Bombeiros) aos engenheiros,
arquitetos e bombeiros sobre a tratativa desse assunto, como elaborar um bom projeto,
suas características, importância e validação.
Referências
ALEXANDRE ITUI SEITO, ALFONSO ANTONIO GILL, FABIO DOMINGOS PANNONI,
ROSARIO ONO, SILVIO BENTO DA SILVA, UALFRIDO DEL CARLO, VALDIR PIGNATA E
SILVA. A Segurança Contra Incêndio no Brasil, 2008
FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, DIRETORIA DE OBRA E
SERVIÇOS SÃO PAULO. Manual de orientação à prevenção e ao combate a incêndio nas escolas,
2009
GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS, Lei Nº2.812, 2003
GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS, Decreto Nº.24.054, 2004
Sites
http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/internetcb/site/legislacao.php