Iter Criminis
Iter Criminis
1 - Cogitação
2 - Atos preparatórios
3 - Execução
4 - Consumação
Obs: exaurimento é aquilo que acontece após a consumação: ou seja, ele não é fase do
iter criminis.
Existem situações em que o sujeito cogita, se prepara, inicia a execução de um crime,
mas a consumação não ocorre.
Se isto acontecer será porque houve UM destes quatro institutos: ou foi caso de 1)
tentativa OU 2) crime impossível OU 3) desistência voluntária OU 4) arrependimento
eficaz.
Observação 1: a chamada culpa imprópria admite tentativa, mas admite porque neste
caso o crime é DOLOSO punido COMO SE FOSSE CULPOSO por opção legislativa
(artigo 20, § 1 o, CP). Perceba, então, que se trata de crime doloso e, por isso, admite
tentativa.
Observação 2: é possível que tenhamos contravenção penal que admita tentativa (vias
de fato, por exemplo), mas a tentativa de contravenção não é PUNÍVEL (artigo 4o da
LCP).
A lógica aqui é: não se pune o que não ocorreu por ser impossível de ocorrer.
Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis,
mas pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos.
Desistência voluntária (art. 15, 1a parte): o agente inicia a execução, mas, durante esta,
muda de ideia no sentido de não querer mais a consumação do crime que inicialmente
quis e, por isso, desiste de prosseguir na execução sem encerrá-la.
A lógica aqui é: eu podia consumar o crime, nada me impedia, mas mudei de ideia durante a
execução e desisti.
Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis,
mas pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos.
Arrependimento eficaz (art. 15, in fine): o agente inicia a execução, encerra a execução
e, neste momento, se arrepende e atua impedindo a consumação.
A lógica aqui é: eu podia, após encerrar a execução, esperar a consumação do crime, mas me
arrependi e impedi a consumação.
Consequência: o sujeito não responde pela tentativa do crime que inicialmente quis,
mas pode responder por outros atos que sejam considerados criminosos.
Arrependimento posterior: recebe este nome por acontecer em momento posterior à
consumação de um crime.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será́ reduzida de um a dois terços.
ALGUMAS QUESTÕES:
(CESPE - DPE/PE - DEFENSOR PÚBLICO) No arrependimento eficaz, o agente interrompe a
execução do crime; na desistência voluntaria, o resultado é impedido após o agente ter
praticado todos os atos.
(Falso)
(CESPE - DPE/PE - DEFENSOR PÚBLICO) O arrependimento posterior pode ser aplicado aos
crimes cometidos com violência ou grave ameaça.
(Verdadeiro)
(NUCEPE - PC/PI - DELEGADO) Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de
morte. O ultimo encontro foi num bar. Caio observou que havia um revolver com seis
munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu oponente.
Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste
momento PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar
disparando, afirma que não iria mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Caio deve
ser condenado por tentativa de homicídio.
(Falso)
(FUMARC - PC/MG - DELEGADO) Não existe desistência voluntária no caso de agente que
desiste de prosseguir com os atos de execução por conselho de seu advogado, já que ausente a
voluntariedade.
(Falso)
(FGV - AL/RO - CONSULTOR LEGISLATIVO) José, pretendendo praticar crime de peculato,
ingressa em repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo, na parte da noite,
com o objetivo de subtrair um computador da repartição. Quando estava no interior do local,
todavia, pensa sobre as consequências da sua conduta e que sua família dependia
financeiramente dele, razão pela qual deixa o local sem nada subtrair. O segurança do local,
todavia, informado por notícia anônima sobre a intenção de José, o aborda na saída da
repartição e realiza sua prisão em flagrante. Não configura conduta típica em razão do
arrependimento eficaz.
(Falso)
(FCC - MP/PB - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos termos do Código Penal, pune-se o crime
tentado com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Para
o Supremo Tribunal Federal, a pena será diminuída na proporção inversa do iter criminis
percorrido pelo agente.
(Verdadeiro)
(CESPE - STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO) O arrependimento posterior incide apenas nos
crimes patrimoniais e sua caracterização depende da existência de voluntariedade e
espontaneidade do agente.
(Falso)
(MPE/MS - MPE/MS - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, é
possível a consumação do furto em estabelecimento comercial, ainda que possua vigilância
mediante câmara de vídeo em circuito interno ou realizada por seguranças.
(Verdadeiro)
(FCC - MPE/PB - PROMOTOR DE JUSTIÇA) O arrependimento eficaz configura-se quando a
execução do crime é interrompida pela vontade do agente.
(Falso)
(CESPE - TRF 1a REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO) De modo geral, a doutrina indica a
aplicação da fórmula de Frank quando o objetivo for estabelecer a distinção entre desistência
voluntária e tentativa.
(Verdadeiro)
(PUC/PR - TJ/MS - ANALISTA JUDICIÁRIO) Os crimes materiais e formais
comportam a possibilidade de tentativa, entretanto, no que se refere aos crimes de
mera conduta, não é possível sua configuração.
(Falso)
(Verdadeiro)
(Falso)