TJDFT Notrios Padrodefinitivo Provimento
TJDFT Notrios Padrodefinitivo Provimento
Os elementos essenciais das obrigações são constituídos por três estruturas, a saber: a estrutura subjetiva ou pessoal —
os sujeitos —; o elemento objetivo ou material — a prestação —; e o elemento ideal, imaterial ou espiritual — o vínculo jurídico.
O elemento subjetivo de uma relação obrigacional é composto pelos sujeitos: o sujeito ativo é denominado credor; e o
passivo, devedor. Os sujeitos da relação podem ser pessoas naturais ou jurídicas. A pessoa que realiza a prestação é o devedor,
a que detém o direito subjetivo ao crédito constitui o credor.
O elemento objetivo é representado pela prestação ou prestação debitória, isto é, aquela que corresponde à atividade ou
ao comportamento do devedor. A prestação a ser cumprida pelo devedor pode ser a de dar, a de fazer ou a de não fazer.
Por fim, há o elemento imaterial ou espiritual, caracterizado pelo vínculo jurídico, liame que une as partes em torno da prestação
avençada, podendo o descumprimento da prestação exigida, em razão de tal vínculo, ensejar a responsabilidade do devedor.
2 A teoria monista e a dualista acerca do vínculo jurídico existente nas obrigações civis
Atualmente, a doutrina entende o vínculo de forma bipartida, binária ou dualista, em contrapartida à clássica teoria
unitária. Segundo a teoria dualista, o liame é subdivido em débito (schuld ou debitum) e responsabilidade (haftung ou obligatio).
O débito é a prestação que deve ser cumprida pelo devedor em decorrência da relação jurídica. É o bem da vida almejado pelo
credor e traduzido em uma atividade do devedor, a prestação. A responsabilidade, por sua vez, é a sujeição do patrimônio do
devedor caso ocorra o inadimplemento. Essa visão dualista é retratada nos arts. 389 e 391 do Código Civil. Em regra, o débito e
a responsabilidade encontram-se na mesma pessoa do devedor. Contudo, existem casos em que ocorre a separação. Por exemplo,
no caso do fiador, há responsabilidade sem débito. Também há obrigações sem responsabilidade, como ocorre na situação de
uma dívida prescrita (dívida inexigível judicialmente). Por sua vez, no que diz respeito à teoria unitária ou monista, obrigação e
responsabilidade são indissociáveis, de modo que não seria possível analisá-las de forma autônoma. Neste contexto, em razão
do que foi exposto acima, é correto inferir que se trata de teoria minoritária, que vai de encontro ao Código Civil.
3 A aplicação da boa-fé objetiva na relação obrigacional, com ênfase nos seus efeitos limitadores em pelo menos
dois institutos existentes na teoria do adimplemento
O princípio da boa-fé objetiva norteia as relações obrigacionais. Por meio desse princípio, o legislador busca estabelecer
padrões de comportamento, cujo elemento anímico (intenção do agente) é desnecessário. As funções da boa-fé objetiva no
ordenamento jurídico estão fundamentadas em critérios interpretativo, integrativo, sendo este também chamado de dever anexo,
e limitador. Acerca desse último, critério limitador, a boa-fé objetiva atua como limite ao exercício de direitos subjetivos. É
possível evidenciar a concretização dessa última função no adimplemento das obrigações.
A primeira hipótese é evidenciada na teoria do adimplemento substancial. Em regra, o inadimplemento de uma
obrigação pelo devedor gera para o credor a possibilidade de resolução do negócio jurídico, conforme previsão do art. 475 do
Código Civil. Contudo, caso haja um adimplemento considerável em caso de obrigação de trato sucessivo ou diferida, o credor
poderá ser impedido de resolver a relação obrigacional, sem prejuízo da cobrança dos valores devidos. No caso, em razão da
boa-fé objetiva, há limitação à resolução pelo credor.
Outra hipótese de aplicação da boa-fé objetiva no adimplemento da obrigação está no art. 330 do Código Civil, situação
que retrata o local do pagamento. Segundo o dispositivo, se o pagamento for reiteradamente realizado em local diverso do
convencionado, haverá, por parte do credor, renúncia ao local inicialmente convencionado. Há, nesse caso, a aplicação da
supressio, em decorrência da omissão do titular do direito subjetivo de exigir o pagamento no local acordado. Em contrapartida,
exsurge para o devedor o instituto da surrectio, que é caracterizada pela contraface da supressio — ou seja, a legítima expectativa,
calcada na tutela da confiança, permite que o devedor continue a efetuar o pagamento no local estabelecido posteriormente.
4 O pagamento de obrigação realizado por terceiros e a relação dessa prática com a legitimidade para a
consignação em pagamento e com a ocorrência da sub-rogação legal
No que diz respeito ao elemento subjetivo do pagamento, especificamente daquele que deve pagar, o Código Civil
estabelece a possibilidade de que o pagamento seja feito por terceiro. O Código faz uma distinção entre o terceiro interessado e
o terceiro não interessado. O que os difere é o interesse jurídico, presente na figura do terceiro interessado. Por outro lado, o
terceiro não interessado, aquele que detém outro tipo de interesse que não o jurídico, é desmembrado de acordo com o fato de o
pagamento ser efetuado em nome próprio ou em nome do devedor. Segundo a teoria do pagamento, mais especificamente o art.
304 do Código Civil, é possível aferir que a legitimidade para consignar em pagamento é conferida ao terceiro interessado
e ao terceiro não interessado que realize o pagamento em nome do devedor. De outro modo, o terceiro não interessado que
realize o pagamento em nome próprio não detém legitimidade para o procedimento de consignação em pagamento.
A sub-rogação, instituto reconhecido como modalidade especial de pagamento ou pagamento indireto, implica a
substituição do credor na relação obrigacional. O art. 346, inciso III, do Código Civil trata da possibilidade de sub-rogação legal
do terceiro interessado que paga a dívida. Desse modo, caso ocorra o pagamento por um terceiro interessado, este se sub-
rogará em todos os direitos, ações, privilégios e garantias do credo primitivo.
A responsabilidade contratual é ocasionada pelo inadimplemento culposo, o qual gera um crédito a ser satisfeito por
meio do atingimento dos bens do devedor (responsabilidade patrimonial). Os efeitos do inadimplemento culposo — os juros, a
correção monetária, as perdas e os danos, e os honorários advocatícios — estão previstos no art. 389 do Código Civil.
As perdas e os danos decorrem dos danos emergentes e dos lucros cessantes. As perdas e os danos podem ser pré-fixados
por meio da cláusula penal, também conhecida como pena convencional ou multa contratual. A cláusula penal, que decorre
estritamente da vontade das partes e atua como mecanismo de indenização, caso ocorra o inadimplemento, pode ser dividida em
cláusula penal moratória, para a hipótese de inadimplemento relativo, ou cláusula penal compensatória, para o caso de
inadimplemento absoluto. Por sua vez, as arras podem ocorrer de formas confirmatórias, que decorrem de um princípio de
pagamento como meio de garantir o negócio jurídico. Nesse caso, há um sinal a ser dado pela parte. Por outro lado, as chamadas
arras penitenciais asseguram às partes o direito de arrependimento. Em um primeiro momento, as arras atuam para confirmar o
negócio ou garantir o direito de arrependimento. Contudo, caso haja o inadimplemento, elas passam a ter uma função
indenizatória. Em razão do caráter indenizatório dessa função, o STJ externou o entendimento de que a cumulação de cláusula
penal e arras em um mesmo negócio pode ocasionar o non bis in idem, visto que o inadimplemento estaria sendo duplamente
punido pelo mesmo fato. No caso concreto, o STJ entendeu pela impossibilidade de serem cumuladas cláusula penal
compensatória e arras confirmatórias; e a sanção a ser aplicada ao inadimplente seria unicamente a possibilidade de
perda das arras. O julgamento foi proferido no REsp 1.617.652/DF:
Quesito 2.1
0 – Não apresentou os elementos estruturais das obrigações.
1 – Apresentou somente um elemento da obrigação.
2 – Apresentou dois elementos das obrigações.
3 – Apresentou os três elementos das obrigações.
Quesito 2.2
0 – Não apresentou nenhuma das teorias.
1 – Discorreu somente sobre uma teoria.
2 – Discorreu sobre as duas teorias.
Quesito 2.3
0 – Não contextualizou a boa-fé objetiva na relação obrigacional.
1 – Contexto da boa-fé objetiva na relação obrigacional.
2 – Contexto da boa-fé na relação obrigacional e efeitos limitadores.
3 – Contexto da boa-fé na relação obrigacional, efeitos limitadores e citação de uma hipótese na teoria do adimplemento.
4 – Contexto da boa-fé na relação obrigacional, efeitos limitadores e citação de duas hipóteses na teoria do adimplemento.
Quesito 2.4
0 – Não discorreu sobre o pagamento realizado por terceiros na teoria do adimplemento.
1 – Tratou apenas das hipóteses de incidência do pagamento realizado por terceiros na teoria do adimplemento.
2 – Tratou das hipóteses de incidência do pagamento realizado por terceiros na teoria do adimplemento e abordou a legitimidade
para a consignação em pagamento ou a ocorrência de sub-rogação legal.
3 – Tratou das hipóteses de incidência do pagamento realizado por terceiros na teoria do adimplemento e abordou a legitimidade
para a consignação em pagamento e a ocorrência de sub-rogação legal.
Quesito 2.5
0 – Não abordou nenhum dos efeitos do inadimplemento e nem fundamentou o entendimento do STJ sobre o tema da cumulação
de cláusula penal e arras.
1 – Abordou os efeitos do inadimplemento culposo da obrigação ou fundamentou o entendimento do STJ sobre o tema da
cumulação de cláusula penal e arras.
2 – Abordou os efeitos do inadimplemento culposo da obrigação e fundamentou o entendimento do STJ sobre o tema da
cumulação da cláusula penal e arras.
CONCURSO PÚBLICO
SAIBAM quantos esta virem que, em (data), nesta cidade de Brasília, Distrito Federal, no Z.º Ofício de Notas, perante
mim, PESSOA 1, notário, compareceram como outorgantes declarantes: CARLOS DA SILVA, brasileiro, (estado civil),
(profissão), portador da cédula de identidade (RG) e inscrito no CPF sob o número (CPF), residente e domiciliado em (endereço),
(bairro), nesta Capital, nascido em 10/10/1988, na cidade de Goiânia – GO, filho de Marcos da Silva e Joana da Silva, doravante
denominado Primeiro Declarante, e MARINA DE OLIVEIRA, brasileira, (estado civil), (profissão), portadora da cédula de
identidade (RG) e inscrita no CPF sob o número (CPF), residente e domiciliada em (endereço), (bairro), nesta Capital, nascida
em 5/5/1980, na cidade de Salvador – BA, filha de Jorge de Oliveira e Helena de Oliveira, doravante denominada Segunda
Declarante. Os declarantes são maiores e capazes, reconhecidos e identificados por mim, PESSOA 1, notário, do que dou fé,
em face dos documentos que me foram apresentados e de cujas capacidades jurídicas dou fé, e, falando cada um por sua vez,
pelos declarantes me foi dito: que, desde 20/12/2015, mantêm entre si uma união estável, dando a esta união caráter público,
visando à constituição de uma família protegida nos termos da lei, respeitando-se mutuamente, conforme art. 1.723 do Código
Civil; que resolveram, de comum acordo, que à situação patrimonial individual dos conviventes em decorrência da união estável
que ora mantêm deverá prevalecer o REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS, tanto para os bens que cada um deles atualmente
possui, quanto para os que vierem a possuir na vigência da união, ficando, destarte, cada um dos contratantes com a livre
administração dos seus bens, conforme previsão do art. 1.687 do Código Civil, sendo os dois obrigados a contribuir para as
despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, conforme previsão do art. 1.688 do Código Civil;
que, por vontade deles, declarantes, passam a ser mutuamente beneficiários de quaisquer seguros, planos de saúde ou pensões,
para os quais, eles, declarantes, contribuam, valendo esta declaração para todos os efeitos de inscrição nas instituições para as
quais contribuem, bem como para todos os atos que dela dependam, inclusive junto a quaisquer órgãos públicos federais,
estaduais, municipais, autárquicos, empresas públicas e privadas. A união sobre a qual versa este documento poderá ser
dissolvida consensualmente, em qualquer momento, pelos pactuantes, hipótese em que deverão formalizar a dissolução mediante
nova escritura pública, na qual deverão fazer menção ao presente instrumento e a suas cláusulas, bem como apresentar minucioso
inventário dos bens, dos direitos e das dívidas comuns havidos durante a vigência da união. Pelos declarantes me foi dito, ainda,
que ambos renunciam expressa e definitivamente a qualquer direito sobre os bens do outro que a legislação lhes assegure no
presente ou que lhes venha a assegurar no futuro. Disseram, finalmente, que, por ser expressão da verdade, responsabilizam-se
civil e criminalmente pela verdade da presente declaração. Conforme previsto no art. 59 do Provimento Geral da Corregedoria
do Distrito Federal, atribui-se à presente o valor de (R$). Fica aqui arquivada a (guia de custas), paga no valor de (R$). E, de
como assim o disseram, do que dou fé, me outorgaram, aceitaram e assinam. Dou fé. PESSOA 1, notário, a lavrei, conferi, li e
encerro colhendo as assinaturas. Eu, PESSOA 1, notário, a subscrevo.
Quesito 2.1 – Escritura pública declaratória de união estável: formato e qualificação das partes
O candidato deve redigir escritura pública declaratória de união estável, respeitando o formato próprio do documento e
iniciando com “SAIBAM quantos esta virem”. Na escritura, deve apontar que as partes compareceram perante a presença do
notário, indicando a qualificação das partes.
Código Civil
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo
prova plena.
§ 1.º Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
O candidato deve indicar a data de início da união declarada pelo casal, caracterizando-a como união estável com base
nos requisitos do art. 1.723 do Código Civil (caráter público e propósito de uma família protegida nos termos da lei, respeitando-
se mutuamente).
Código Civil
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
0 – Não indicou a data de início da união NEM apontou qualquer dos requisitos da união estável.
1 – Apontou a data do início da união estável, MAS NÃO mencionou os requisitos da união estável.
2 – Apontou a data do início da união estável, MAS deixou de apresentar algum dos requisitos da união estável.
3 – Apontou a data do início da união estável e indicou os requisitos da união estável (caráter público da relação e propósito de
constituição de uma família), MAS NÃO citou a fundamentação (art. 1.723 do Código Civil) OU citou fundamentação incorreta.
4 – Apontou a data do início da união estável e indicou os requisitos da união estável (caráter público da relação e propósito de
constituição de uma família), citando a fundamentação correta (art. 1.723 do Código Civil).
Quesito 2.4 – Regime de separação de bens (arts. 1.687 e 1.688 do Código Civil)
O candidato deve indicar que os declarantes resolveram, de comum acordo, pelo regime da separação de bens, tanto
para os bens que cada um deles atualmente possui, quanto para os que vierem a possuir na vigência da união, ficando cada um
dos contratantes com a livre administração dos seus bens, conforme previsto nos arts. 1.687 e 1.688 do Código Civil.
Código Civil
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um
dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
O candidato deve apontar a seguinte declaração: “QUE, por vontade deles, declarantes, passam a ser mutuamente
beneficiários de quaisquer seguros, planos de saúde ou pensões, para os quais, eles, declarantes, contribuam, valendo esta
declaração para todos os efeitos de inscrição nas instituições para as quais contribuem, bem como para todos os atos que dela
dependam, inclusive junto a quaisquer órgãos públicos federais, estaduais, municipais, autárquicos, empresas públicas e
privadas; a união sobre a qual versa este documento poderá ser dissolvida consensualmente, em qualquer momento, pelos
pactuantes, hipótese em que deverão formalizar a dissolução mediante nova escritura pública, na qual deverão fazer menção ao
presente instrumento e suas cláusulas, bem como apresentar minucioso inventário dos bens, dos direitos e das dívidas comuns
havidos durante a vigência da união”.
O candidato deve apontar que os declarantes renunciam expressa e definitivamente a qualquer direito sobre os bens do
outro que a legislação lhes assegure no presente ou que lhes venha a assegurar no futuro. Finalmente, deve indicar que os
declarantes disseram que se responsabilizam civil e criminalmente pela verdade da presente declaração.
O candidato deve apontar o valor da guia de custas, conforme previsto no art. 59 do Provimento Geral da Corregedoria
do Distrito Federal (PGCDF), e o seu arquivamento.
O candidato deve apresentar o seguinte encerramento: “de como assim o disseram, do que dou fé, eu, PESSOA 1,
notário, a lavrei, conferi, li e encerro colhendo as assinaturas. Eu, PESSOA 1, notário, a subscrevo.
EM TESTEMUNHO __________ DA VERDADE”.
Art. 54. A escritura pública declaratória de existência ou dissolução de união estável será lavrada mediante
a declaração concomitante dos conviventes.
Art. 59. Nas escrituras relativas a atos jurídicos, cujo objeto não tiver conteúdo econômico imediatamente
apurável ou valor declarado, a parte interessada ou interveniente estimará valor para efeito de base de
cálculo dos emolumentos devidos em razão do Regimento de Custas e Emolumentos do Distrito Federal.
Art. 14. Pelos atos que praticarem, em decorrência desta Lei, os Oficiais do Registro terão direito, a título
de remuneração, aos emolumentos fixados nos Regimentos de Custas do Distrito Federal, dos Estados e
dos Territórios, os quais serão pagos, pelo interessado que os requerer, no ato de requerimento ou no da
apresentação do título. (Redação dada pela Lei n.º 6.216, de 1975)
Art. 35. A escrituração será feita seguidamente, em ordem cronológica de declarações, sem abreviaturas,
nem algarismos; no fim de cada assento e antes da subscrição e das assinaturas, serão ressalvadas as
emendas, entrelinhas ou outras circunstâncias que puderem ocasionar dúvidas. Entre um assento e outro,
será traçada uma linha de intervalo, tendo cada um o seu número de ordem.
Parágrafo único. O valor correspondente às custas de escrituras, certidões, buscas, averbações, registros de
qualquer natureza, emolumentos e despesas legais constará, obrigatoriamente, do próprio documento,
independentemente da expedição do recibo, quando solicitado.
PADRÃO DE RESPOSTA
1. Princípios que devem ser observados quanto à alteração de nome civil no Brasil
Nesse caso, devem ser observados o princípio da imutabilidade e o princípio da segurança jurídica.
A regra geral, no direito brasileiro, é a da imutabilidade ou definitividade do nome civil, mas são admitidas exceções;
ou seja, o princípio da imutabilidade do nome não é absoluto. O art. 56 da Lei de Registros Públicos — Lei n.º 6.015/1973 —,
embora permita ao interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, alterar seu nome, condiciona
expressamente a alteração à preservação dos apelidos de família.
Vencido o primeiro ano da maioridade, a referida lei prevê, ainda, em seu art. 57, a possibilidade de alteração do
nome, de maneira excepcional e por justo motivo, mediante apreciação judicial e após audiência do Ministério Público. O
respeito aos apelidos de família e a preservação da segurança jurídica devem ser considerados antes de se deferir qualquer
pedido de alteração de nome. Com efeito, o registro público é de extrema importância para as relações sociais. Aliás, o que
motiva a existência de registros públicos é exatamente a necessidade de conferir aos terceiros a segurança jurídica quanto às
relações neles refletidas.
2. Argumentos apresentados por Jean com vistas ao deferimento dos pedidos formulados
A ausência de laço afetivo com o pai biológico enseja a supressão do patronímico paterno. O STJ tem entendimentos
no sentido de considerar a ausência de laço afetivo com o pai biológico como motivo para a supressão do patronímico paterno,
visto que o nome é elemento da personalidade, identificador e individualizador da pessoa na sociedade e no âmbito familiar. O
direito da pessoa de portar um nome que não lhe remeta às angústias decorrentes do abandono paterno e, especialmente,
corresponda à sua realidade familiar deve se sobrepor ao interesse público de imutabilidade do nome civil, o qual já é
excepcionado pela própria Lei de Registros Públicos.
A paternidade (ou maternidade) socioafetiva é aquela que se constitui pela convivência familiar duradoura,
independentemente da origem do filho. Não há como negar a uma pessoa o direito de que seja alterado seu registro de
nascimento para que dele conste o mais fiel retrato da sua identidade, sem descurar que uma das expressões concretas do
princípio fundamental da dignidade da pessoa humana é justamente ter direito ao nome, nele compreendido o prenome e o
nome patronímico.
Com relação à adição de patronímico do padrasto ou da madrasta, a Lei de Registros Públicos apresenta o seguinte
dispositivo legal:
Art. 57, § 8.º: O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2.º e 7.º deste
artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de
família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de
seus apelidos de família.
Quesito 1 - Princípios que devem ser observados quanto à alteração de nome civil no Brasil
0 – Não abordou o aspecto principiológico.
1 – Abordou o princípio da imutabilidade, MAS não tratou do seu caráter relativo, não abordou o princípio da segurança
jurídica que deve ser observado para o deferimento de qualquer pedido de alteração de nome civil no Brasil E não citou os
dispositivos legais pertinentes (art. 56 e art. 57 da Lei de Registros Públicos).
2 – Abordou o princípio da imutabilidade, apontou o seu caráter relativo, MAS não tratou do princípio da segurança jurídica
que deve ser observado para o deferimento de qualquer pedido de alteração de nome civil no Brasil E não citou os dispositivos
legais pertinentes (art. 56 e art. 57 da Lei de Registros Públicos).
3 – Abordou o princípio da imutabilidade, apontou o seu caráter relativo, tratou do princípio da segurança jurídica que deve ser
observado para o deferimento de qualquer pedido de alteração de nome civil no Brasil, MAS não citou os dispositivos legais
pertinentes (art. 56 e art. 57 da Lei de Registros Públicos).
4 – Abordou o princípio da imutabilidade, apontou o seu caráter relativo, tratou do princípio da segurança jurídica que deve ser
observado para o deferimento de qualquer pedido de alteração de nome civil no Brasil E citou os dispositivos legais pertinentes
(art. 56 e art. 57 da Lei de Registros Públicos).
Fundamentação jurídica:
Apartamento: Lei n.º 8.009/1990, art. 1.º: “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e
não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.”.
Vaga na garagem: O STJ resolveu a questão, afirmando, em sua Súmula n.º 449, que “a vaga de garagem que possui matrícula
própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora.”.
Quanto a José, ele poderia sofrer execução caso não residisse em algum dos imóveis. No entanto, como ele reside nos
dois imóveis, considera-se protegido como bem de família o imóvel rural de menor valor, salvo se o outro tiver sido
devidamente registrado na serventia competente.
Fundamentação jurídica:
Lei n.º 8.009/1990, art. 4, § 2.º: “Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade
restringir-se-à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do art. 5.º, inciso XXVI, da Constituição, à área
limitada como pequena propriedade rural”, combinado com o art. 5.º:
Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel
utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Parágrafo único. Na hipótese de o
casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a
impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no
Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.
Todavia, o imóvel rural não pode ser penhorado, diante do que preceitua o artigo 833, VIII, do Código de Processo Civil de
2015: é impenhorável “a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família”.
Por fim, no caso de Júlio, o imóvel em que ele reside é protegido como bem de família. O outro, que está
alugado, não.
Fundamentação jurídica:
Apartamento: Lei n.º 8.009/1990, art. 1.º: “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e
não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.”
A contrário senso, o texto acaba por considerar penhoráveis os imóveis que não se enquadrem nas situações ali previstas, o que
permitiria a constrição sobre o imóvel de Júlio que está alugado.
De acordo com o Código Civil, em seu art. 1.714, a constituição de bem imóvel que atenda aos critérios da Lei
n.º 8.009/1990 como de família se fará por meio de registro de seu título na matrícula do imóvel. Nesse sentido, “o bem de
família, quer instituído pelos cônjuges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis”.