3 Solo Encruzilhada Embrapa
3 Solo Encruzilhada Embrapa
45 Resumo
O município de Encruzilhada do Sul, situado no noroeste do Planalto Sul-Rio-Grandense,
Técnica
Circular
A vegetação denominada pelo IBGE (1986) como composta inicialmente por uma
Savana Parque, já está praticamente modificada, com restos ocasionais em áreas
isoladas de mata ciliar nos vales de drenagem. A savana local, que constitui uma
vegetação de mata rala, alternada por árvores esparsas, entre gramíneas, que formam
"capões" isolados, está sendo modificada para uma vegetação mais arbustiva. Onde há
culturas e campos limpos os processos agrícolas são ativos. As culturas são
principalmente de soja, milho, trigo, azevém e aveia que cobrem ocasionalmente a
Pelotas, RS paisagem em cultivos alternados com forrageiras nativas. Nos vales dos rios a mata
Dezembro, está perdendo as espécies de melhor aproveitamento no uso das construções rurais.
2005
As formas de relevo caraterizam o município como constituído por serras rochosas
Autores cercando um planalto central com coxilhas e poucas planícies nas bordas no lado leste.
Noel Gomes da Cunha A configuração de um planalto granítico, que pela natureza e espessura da cobertura
Eng. Agrôn., M.Sc., sedimentar anterior não se aplainou com uniformidade, deixando uma superfície áspera,
Embrapa Clima Temperado. com ocorrência interna de cerros e morros isolados, mostra-se pela sua amplitude como
um relevo parcialmente favorável às atividades agrícolas.
Ruy José da Costa Silveira
Eng. Agrôn. M.Sc. Prof.
UFPel-FAEM, Pelotas, RS.
Os solos foram antes denominados de Litólicos distróficos, Brunizem raso, Podzólico
Vermelho-Amarelo e Laterítico Bruno-Avermelhado entre afloramentos rochosos por
Carlos Roberto Soares Costa Lemos, em Brasil (1973) e IBGE (1986). Esse último ainda constatava a
Severo existência de Regossolos e Cambissolos. Constatou-se a ocorrência diversificada de
Eng. Agrôn. M.Sc. Prof.
UFPel-FAEM, Pelotas, RS.
solos rasos e muito rasos, distróficos ou alumínicos Nesse contexto, regiões circunvizinhas desse planalto,
(álicos) em áreas muito rochosas nas serras (Neossolos embora tenham enfrentado ao longo do tempo crises
Litólicos Distróficos saprolíticos). Nas partes aplainadas contínuas da pecuária, pouco têm mudado nas suas
do planalto ocorrem solos desde rasos a profundos, atividades agrícolas. Os períodos de crises são mais
distróficos ou alumínicos (Argissolos Vermelho- marcantes para as camadas sociais que gradativamente
Amarelos Tb Alumínicos abrúpticos) . Nas coxilhas deixam as suas atividades no campo e buscam novas
solos profundos eutróficos e distróficos (Argissolos atividades em uma economia que se ajusta em função
Vermelhos Distróficos abrúpticos). Todos de parâmetros globais, onde novas ações são
essencialmente cauliníticos. incorporadas ao processo produtivo e substituem o
conhecimento campesino do homem rural no trabalho
Quanto ao uso agrícola das terras, o sistema de do campo.
classificação (capacidade de uso das terras), que se
propunha a uma ordenação do uso e controle da Atualmente, segmentos da sociedade estão
degradação das terras, tem a finalidade atual de questionando se a grande intensificação do cultivo de
caraterizar a potencialidade agrícola local das terras. pinus e acácia negra, além de transportar do campo o
No caso, as terras altas aplainadas do planalto (Sg0 e pequeno pecuarista das antigas propriedades rurais,
Sg1) e coxilhas (C1) oferecem o melhor potencial para a cidade, vai interferir no equilíbrio ecológico, com
agrícola local para uma agricultura desenvolvida esta mata transitória que não produz subprodutos aos
(classes IIIse-1, IIIse-2 e IIIse3). Totalizam 38,58% de animais silvestres. Nos cultivos de pinus não se
todo o município. As áreas diversificadas entre terras encontram animais silvestres. Estes questionamentos,
que suportam pequenas culturas localizadas por si só, parecem ser uma mudança de rumo, para
(agricultura familiar) e pastagens cultivadas (classes uma nova geração, já que as antigas não encontraram
VIse-1, VIse-2 e VIse-3) somam 14,09%. As áreas soluções econômicas para conviverem com as savanas
indicadas para atividades com silvicultura, pelas e as matas ralas entremeadas pela pecuária. O
restrições de uso com cultivos (classes VIIse-1, VIIse-2 imediatismo desta dinâmica econômica, agora imposta
e VIIse-3), distribuem-se em 23,64% do total. As a esta região, tem de ser reavaliado em termos de
superfícies muito rochosas e escarpadas não têm equilíbrio florestal.
recomendação de uso para uma agricultura
desenvolvida, entretanto os produtores usam essas Os aspectos de um florestamento que marcha
terras em pastoreio e pequenas roças (classes VIIIse-1 acelerado para caminhos pouco conhecidos em sua
e VIIIse-2), somam 20,48%. As terras planas de sustentabilidade quando a sociedade local possui
várzeas, próprias a culturas irrigadas (classes Vd e IIsd), poucos parâmetros, para avaliação dos aspectos sociais
com limitações de drenagem ou alagamentos, e econômicos, nas suas terras, ao longo do tempo,
totalizaram apenas 3,14%. devem ser postos em discussão. Este estudo de solos
pretende fornecer um conhecimento regional das
paisagens fisiográficas locais e suas relações com as
Introdução terras.
Ao se generalizar os estudos de solos, que têm como Em 1822, é fundada a Capela de São José do
base essa confluência de informações específicas de Patrocínio e em 1849 estas duas capelas foram
ciências, que se distanciam entre si e que se isolam nas desmembradas de Rio Pardo, formando a Vila de
suas especificidades, como a geologia (estudo das Encruzilhada, com cerca de 2000 habitantes. Em 1890,
rochas), a geomorfologia (estudo das formas de relevo), com a chegada de imigrantes alemães e poloneses,
a pedologia (estudo dos solos) e a edafologia (estudo teve início uma nova organização (Pimentel 1949).
do uso das terras), percorrem-se caminhos Provavelmente um marco entre as atividades exclusivas
considerados como o de uma metodologia muito da pecuária e o início das atividades na lavoura de
abrangente e pouco adequada. maior porte. Novas tecnologias foram introduzidas.
Converter essa diversificação de informações, dispersas O município de Encruzilhada do Sul está localizado na
entre si, a um conjunto interativo e limitado e encosta da Serra do Herval, no divisores das águas das
evidenciá-las, dentro de uma praticidade de uso ao bacias do Jacuí e Camaquã. A navegação do rio Jacuí
meio agrícola, para a sua aplicação, é o objetivo desses foi de extrema importância para o desenvolvimento
estudos regionais de solos. regional, permitindo que a maioria da produção local
excedente pudesse ser escoada para os grandes
Este estudo é um degrau de um segmento, onde os centros. Já o rio Camaquã, que só é navegável nas
problemas que se inserem na sustentabilidade dos épocas de cheias, foi utilizado, na época, como local de
ecossistemas, relações de produtividade e produtos pesca.
adicionados, que sustentam ações na agricultura ou
silvicultura precisam de pesquisas específicas. Conforme Pimentel (1949), o clima local é temperado,
com a temperatura média de 17,5ºC. A máxima alcança
os 36,7ºC e a mínima pode chegar a 1,9ºC. Os meses
Revisão bibliográfica mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro, já os
mais frios são junho, julho e agosto. A diferença das
temperaturas entre inverno e verão alcança os 36ºC.
Aspectos locais Nos anos normais, a distribuição de chuva é regular e
oportuna, nos meses de setembro a novembro, época
Os primeiros habitantes de Encruzilhada vieram das de plantio das culturas de verão. Nessa época não há
Ilhas dos Açores, Laguna, São Paulo e Rio Pardo, em escassez de umidade. Já nos meses de dezembro a
meados do século XVIII e se estabeleceram nos maio, o volume de chuvas é menor e esparso. A
arredores da Capela de Santa Bárbara de Encruzilhada. insolação média diária é de 6 horas e 18 minutos.
Esta Capela foi construída pelos jesuítas que migraram
do Uruguai para o vale do Jacuí, trazendo consigo os Entretanto, dados mais generalizados (Tabela 1)
índios missioneiros. Desses índios a história não tem conforme Wrege 2005, registram para essa região
registros posteriores. Nesse local foi estabelecida uma medidas desde 1931 a 1960.
povoação jesuíta. Os primeiros registros de cultivo da
terra datam de 1780, quando o distrito de Encruzilhada
figura com a produção de 2015 alqueires de trigo.
Conforme IBGE(1986) o balanço hídrico local Essas diversificações lentas conduzem a contrastes no
apresenta um total médio de deficiência hídrica de meio rural, tanto sociais como econômicos (Fig. 1 a 6).
85mm distribuídos nos meses de novembro a março. A
reposição começa a partir de abril. Os excessos de Atualmente, o município possui uma bacia leiteira
água ocorrem de maio a outubro com 394mm. Deve-se organizada, que fornece matéria-prima para o laticínio
acentuar que esses dados não consideram alguns existente no município, sendo o excedente
aspectos importantes: comercializado para as indústrias do setor.
Pimentel (1949), informa que a criação de ovinos, além
A) aos solos locais no geral são rasos e muito rasos, de grande, era de alta qualidade, com diversas raças,
portanto a água armazenada é menor do que a prevista sendo sua lã de elevado preço e com grande aceitação.
no cálculo (1m de espessura de solo). Inicialmente pode Este município foi em épocas próximas passadas,
haver um déficit anterior ao calculado. Há também uma percorrido pelos representantes dos principais
sobra de água maior do que a calculada. estabelecimentos compradores do Estado, nas épocas
B) não é considerado o índice de infiltração em relação de produção de lã. Conforme Cardoso (2005), a cadeia
ao tempo. A metodologia admite que toda água de produtiva de ovinos, possui forte tendência a voltar aos
chuva se infiltra no solo, o que não é verdadeiro. patamares de destaque ocupados anteriormente. Neste
sentido, há anualmente o Festival Estadual da Ovelha,
A agricultura foi, com o tempo, tendo desenvolvimento sugerindo modificações na política de mercado e
natural em Encruzilhada do Sul. A produção agrícola melhoramento genético dos rebanhos. O rebanho de
está baseada nas lavouras de soja, arroz irrigado, feijão, ovinos que já foi de 160.000 animais, hoje não
milho e aveia preta (Tabela 2). A produção atual de ultrapassa os 63.000 (Tabelas 3 a 5).
fumo ocupa lugar de destaque entre os pequenos
produtores, sendo para a maioria das famílias do meio Tabela 3. Produção de lã recebida pela Cooperativa
rural a principal fonte de renda. Agrícola Mista de Encruzilhada do Sul, (COOPAMES).
Safras Quantidade recebida de lã pela
Coopames (kg)
Tabela 2. Principais culturas, produtividade, produção e
1986/1987 488.466
área.
1987/1988 539.024
Cultura Área (ha) Produtividade Produção (t)
1988/1989 546.297
(kg/ha)
1989/1990 399.362
soja 4.000 1. 880 7. 520
1990/1991 418.923
arroz 1. 200 5. 285 6. 342
1991/1992 285.189
feijão 1. 500 720 1. 080
1997 186.000
milho 6. 000 2. 400 14. 400 Fonte: Cardoso, 2003.
fumo 900 1. 833 1. 650
aveia preta 500 - - Tabela 4. Histórico da criação de animais ao longo do
tempo (Pimentel,1949).
Fonte: Cardoso, 2003. Ano 1909 1920 1939
rebanho ----------------n° de animais ----------------
Não há registros de quando e como se iniciou a criação
bovino 39. 000 136. 048 175. 000
de gado e de ovelhas no município. Acredita-se que pela
formação do gaúcho, cavaleiro destemido, proposto à ovino 15. 045 49. 112 60. 000
lida com animais bravios, hábil no manejo da lança, da eqüino 3. 020 27. 478 15. 000
bolhadeira e do laço, entusiasta da independência e da suíno 2. 800 24. 066 10. 000
Fonte: Pimentel, 1949.
liberdade, que moldou o comportamento desta terra,
essa atividade tenha tido início nas épocas de
Tabela 5. Principais rebanhos em quantidades de
contendas pelas pastagens e lindas povoações do Rio
animais.
Grande do Sul. Conforme Pimentel (1949) na pecuária rebanho n° de animais
local destacou-se Geraldino Silveira, que em 1897 já
bovino 154. 000
fazia as primeiras importações de gado europeu para o
ovino 63. 000
município. Dentre as raças, destacavam-se Devon e
bubalino 1. 000
Hereford.
caprino 1. 405
Conforme Cardoso (2003), tendo sua economia no setor eqüino 6. 700
primário, os criadores estão diversificando as atividades. suíno 8. 500
Fonte: Cardoso, 2003.
1
Comunicação pessoal do eng. agrôn. Marcus Oliveira Wrege, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, para os autores.
2
Período de 1931 a 1961.
3
Período de 1982 a 1998.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 5
A fruticultura é uma atividade que tem tomado grande terras antigamente não possuíam elevado valor
espaço nos últimos anos, principalmente pela econômico. Na história da Revolução Farroupilha, não
implantação do Programa de Fruticultura Integrada da há registros de contendas travadas nesses campos,
Metade Sul, o qual visa fomentar o desenvolvimento onde a luta, fundamentalmente, era tanto pela posse de
local, incentivando os produtores e organizando a terras como pelo gado (Tabela 7).
cadeia produtiva na produção de vinhedo , maçã,
área (ha) n° de propriedades %
pêssego, amora, figo, citros, melancia, kiwi, entre
outros. Destaca-se também a instalação de vinícolas 3 – 10 2.738 47,49
oriundas da serra gaúcha. São empresas atraídas por 11 – 30 1.395 24,20
questões edafo-climáticas e de logística (Tabela 6). 31 – 100 903 15,66
101 – 800 729 12,64
Tabela 6. Principais tipos de frutíferas e suas Fonte: Cardoso, 2003.
respectivas áreas.
Fruticultura área (ha)
maçã 230
pêssego 160
uvas de mesa 10
amora 8
melancia 2. 000
kiwi 3
figo 8
uvas finas 180
Fonte: Cardoso, 2003.
Aspectos de vegetação
A vegetação atual que cobre o município é
praticamente toda constituída de uma sucessão
intermitente de matas ralas nas encostas mais úmidas e
gramíneas, na maior parte formando campos, além de
galerias nos vales de sangas. Nas partes secas do
planalto há uma cobertura de campos limpos, talvez
Fig.4. Pequeno produtor agrícola nas serras da região de estabelecida pela ação do fogo intermitente nas
rochas cristalinas. Local de uma região muito pobre em propriedades.
relação a existência de terras cultiváveis.
Conforme IBGE (1986), a ocorrência de uma savana é
comum em todo Planalto Sul-Rio-Grandense entretanto
são feitas distinções entre as variações dessa cobertura
vegetal um tanto modificada pelo uso atual. O termo
savana é antigo e originário da América do Sul,
possivelmente utilizado para designar formações
graminosas mais ou menos ricas em árvores e arbustos.
Lindman (1906), estudando a vegetação campestre do
Rio Grande do Sul, justifica a denominação de campo.
A savana, como a entende, IBGE (1986), ocorre em
ambientes caraterizados pelas seguintes condições:
clima estacional; solos rasos ou arenosos lixiviados;
relevo geralmente aplainado; pedogênese férrica (solos
distróficos ou álicos); e vegetação gramíneo-lenhosa.
podzólicos, onde predominam granitos e gnaisses do antigos na área atestam que há mais de 50 anos os
Pré-Cambriano. Apresenta vasta distribuição geográfica campos em geral eram mais "limpos". Haviam menos
em todo Planalto, razão pela qual faz limites com todos grupos de arvoretas (microfanerófitas) e menores
os tipos de vegetação existente na área estudada. quantidade de vassourais (caméfitas), hoje em dia
muito freqüentes.
Com referência ao clima, esta vegetação, face à sua
extensa área de dispersão, desenvolve-se tanto em
condições ombrófilas como estacionais, neste último
caso em função do frio. Lindman (1906), analisa e
conclui que o clima seria o fator de influência no
desenvolvimento da vegetação campestre. Rambo,
citado pelo IBGE (1986), referindo-se ao estudo
geográfico da região, concluiu que o fator edáfico é
determinante na constituição da savana. Ainda
referindo-se ao clima da savana, esse mesmo autor,
baseando-se em outros pesquisadores admite que as
savanas foram constituídas em climas secos no
passado.
instabilidade do relevo, as alternâncias dos fatores Esse rio comanda uma drenagem de padrão dentrítico e
geológicos condicionam aos solos variações bruscas e subdentrítico. Seus principais afluentes pela margem
transitoriedade nas suas formas. À medida que os esquerda direcionam-se, marcadamente, para o sul
processos de remoção são predominantes, com (arroios dos Nobres, das Pedras, dos Vargas). Os da
formações de solos rasos com baixos níveis nutricionais margem direita, geralmente, são mais extensos, e
e muito pouca capacidade de retenção de água, o ciclo apresentam padrão de drenagem dentrítico subparalelo.
erosivo se apresenta contínuo com cobertura rala de
arbustos.
Fig.10. Depósitos sedimentares paleozóicos elevados. Fig.13. Borda do planalto central no contato com as
Constituem "inselbergs" isolados, situados sobre serras desenvolvidas de metassedimentos na região
rochas cristalinas dos complexos graníticos que formam depressiva do Sistema Dobrado Tijucas. Topos planos
o planalto central do município. antes cultivados apresentam vegetação distinta das
encostas com campos "sujos".
Na sua amplitude regional, a área do município foi Gnaisses Encantadas (Em): Ortognaisses com
formada por uma complexidade de ajustes na crosta bandamento composto marcado por alternância de
terrestre entre blocos de formações geológicas desde bandas trondhjemíticas e tonalíticas, com intercalações
há tempos muito remotos, em episódios distintos. de lentes anfibolíticas, freqüentemente milonitizados.
Esses processos orogênicos, onde ocorreram choques, Metamorfismo da fácies anfibolito (Paleoproterozóico).
falhas, cisalhamentos, rupturas de estruturas e criação
e preenchimento de fossas tectônicas, influenciaram o Complexo Metamórfico Várzea do Capivarita (Vc):
atual relevo do município. Gnaisses pelíticos, quartzo-feldspáticos, calcissilicáticos
e lentes de mármore, que ocorrem como megaxenólitos
Segundo Holz (1999), Encruzilhada do Sul no seu limite nos ortognaisses Arroio dos Ratos. Metamorfismos da
com Santana da Boa Vista se situa em uma região de fácies anfibolito superior (Paleoproterozóico).
colisão entre dois blocos continentais (craton Rio de La
Plata e craton Kalahari) que se uniram durante o evento Complexo Gnáissico Arroio dos Ratos (Ar):
denominado brasiliano entre aproximadamente 1 bilhão Ortognaisses tonalíticos, granodioríticos e
e 700 milhões de anos atrás. Nessa colisão, rochas trondhjemíticos, até monzograníticos, incluindo ainda
com feições horizontalizadas (sedimentares) ou de sienogranitos miloníticos. Metamorfismo das fácies
textura caótica (como ígneas) adquiriram feições anfibolito superior a, localmente, granulito
caraterísticas de rochas metamórficas (orientação dos (Paleoproterozóico).
minerais, bandas e dobramentos), bem como na sua
fase final foram mobilizadas grandes quantidades de Anortosito Capivarita (Ac): Anortosito maciço de
magmas graníticos do interior da crosta. Ainda, como textura equigranular média a grossa, localmente
registro final desse choque, foi formada há mais ou bandado e com intercalações de anfibolito.
menos 500 milhões de anos uma depressão onde hoje Metamorfismo de fácies anfibolito superior
corre o rio Camaquã, na forma de um amplo vale (Paleoproterozóico).
alongado, tomado por água, que foi preenchida por
sedimentos freqüentemente grosseiros (Bacia do Granitóides Milonitizados Santana da Boa Vista (Ys):
Camaquã). Sienogranito róseo, fino a médio, raramente
pegmatóide. Ambos estão intensamente deformados
A união dos cratons citados, juntamente com outros, com geração de proto, orto e ultramilonitos, quartzo
vieram constituir um supercontinente chamado de milonitos e filonitos. Metamorfismo retrogressivo das
Gondwana que englobava os atuais continentes da fácies anfibolito a xisto verde (Paleoproterozóico).
América do Sul, África, Antártica, Austrália e ainda a
Índia. No período Permiano (280 milhões de anos
Complexos Metamórficos do Início do
atrás), esse supercontinente passou a sofrer um
rebaixamento de uma grande área formando a chamada Proterozóico
Bacia Sedimentar do Paraná, onde lentas e sucessivas
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 11
São rochas relacionadas ao metamorfismo decorrente e quartzo pela orientação dos filossilicatos
da colisão entre os dois blocos cratônicos. (Neoproterozóico).
Complexo Metamórfico Porongos (Pv): Complexo Granito Passo da Mozinha (Pm): Sienogranito, médio a
metamórfico Porongos: metavulcânicas intermediárias, grosso, com textura granolepidoblástica, localmente
metavulcânicas andesíticas a dacíticas associadas a com porfiroclastos de feldspato vermelho-amarronzado,
metauvulcanoclásticas, interdigitadas com cloritóide com foliação marcada pela orientação dos porfiroclastos
xistos e lentes de xistos grafitosos (Neoproterozóico). e estiramento dos minerais da matriz (Neoproterozóico).
(Pva): Metavulcânicas ácidas de granulação muito fina,
com microporfiroclastos de quartzo e feldspato alcalino, Granito Arroio Moinho (Mo): sieno a monzogranito,
associadas a metatufos e metaepiclásticas, presença cinza a róseos, porfiríticos com fenocristais e
subordinada de "metacherts" (Neoproterozóico). (Pp): fenoclastos de feldspato alcalino imersos em matriz
Unidade metapelítica, associação de filitos, biotita- grossa, quartzo-feldspática à biotita. Foliação milonítica
muscovita xistos, estaurolita-granada xistos e, mais desenvolvidas nas bordas.
subordidamente, quartzito, lentes de mármore e
pequenos corpos de rochas ultramáficas
(Neoproterozóico). Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos
Para a classificação taxonômica foram usados o Os efeitos inerentes dos tratos culturais ainda são os
Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa, mesmos; portanto, as diferenças e graus de
1999), a Proposta de Revisão e Atualização do Sistema dificuldades entre classes ainda existem. Situar essas
Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa 2003) e o diferenças e dificuldades e corrigi-las dentro de uma
Sistema de Classificação Americano Soil Taxonomy ordem que efetivamente represente os fatores
(USA, Soil Survey Staff, 1996). econômicos, parece um caminho para uma nova
taxonomia.
As terras foram classificadas utilizando-se o sistema
denominado capacidade de uso das terras (Lepsch et Além disso, está sendo usado o sistema de aptidão
al., 1983 e ESTADOS UNIDOS, 1951), que se baseia agrícola das terras (Ramalho Filho & Beek, 1995), que
nos fatores limitantes à sua utilização e seu se diferencia do anterior por procurar atender, embora
relacionamento com a intensidade de uso. Este sistema subjetivamente, a uma relação custo/benefício
foi elaborado, primordialmente, para atender ao favorável. No caso, não foram considerados fatores
planejamento de práticas de conservação do solo, econômicos. Atende-se a uma realidade compatível com
prevendo oito classes de capacidade de uso, a média das possibilidades dos agricultores, numa
convencionadas pelos algarismos romanos de I a VIII. tendência econômica a longo prazo, sem perder de vista
As classes I, II e III são próprias para culturas anuais, o nível tecnológico adotado. O sistema consta de seis
porém os riscos de degradação ou grau de limitação ao grupos de aptidão agrícola de terras. São eles os grupos
uso aumentam da classe I à III; a classe IV somente 1, 2, 3 (cultivos anuais), 4 (pastagens cultivadas), 5
deve ser utilizada ocasionalmente para culturas anuais, (pastagem natural e silvicultura) e 6 (inapto ao uso
mesmo assim com sérios problemas de conservação. agrícola praticamente inexistente no município). Além
disso, o sistema considera três tipos de níveis de
As classes V, VI e VII são inadequadas para culturas manejo: A (primitivo, sem tecnologia), B
anuais, mas próprias para culturas permanentes (intermediário, com alguma tecnologia) e C (alto nível
(pastagem ou reflorestamento), nas quais os problemas tecnológico). Para cada tipo de manejo (A, B ou C), a
de conservação aumentam da classe V à VII. A classe aptidão da terra pode ser "boa" (representada pela letra
V é restrita a terras planas inundáveis e a classe VIII é maiúscula do respectivo manejo), "regular" (letra
imprópria para qualquer tipo de cultivo (anual, minúscula), "restrita" (letra minúscula entre parênteses)
pastagem ou reflorestamento). Para determinar a e "inapta" (ausência de letras).
capacidade de uso das terras, consideram-se os fatores
que possam ser limitantes à produtividade das culturas
Para determinar a aptidão agrícola, consideram-se os
ao longo do tempo. Os fatores são identificados pela
seguintes fatores limitantes: fertilidade natural, excesso
letra minúscula "e" (limitação por suscetibilidade à
de água, falta de água, suscetibilidade à erosão e
erosão), "s" (limitação relativa ao solo), "d" (limitação impedimentos à mecanização. Cada um destes fatores é
devida ao excesso de água) e "c" (limitação climática). avaliado quanto à intensidade ou grau da limitação,
Esses símbolos gerais são considerados subclasses e podendo ser nula (N), ligeira (L), moderada (M), forte (F)
têm por objetivo evidenciar as principais limitações. No e muito forte (MF). O grau de limitação mais acentuado,
caso, não se considera a subclasse clima como variável define a classe de aptidão em cada nível de manejo. A
para a classificação, entretanto a deficiência de água avaliação do grau de limitação é baseada na experiência
está diretamente relacionada a esse fator. As glebas de dos executores e em dados regionais. Os materiais
terras de mesma classe e subclasse, quando cartográficos básicos à disposição para o levantamento
necessitam tratamentos diferenciados pela constituição foram aerofotos na escala de 1:60.000, carta do
dos solos, principalmente, são denominadas de Serviço Geográfico do Exército na escala 1:50.000, e
unidades de produção. Na verdade, essa classificação programas de computador Idrisi, CartaLinx e
foi feita para dar condições à implementação efetiva de CorelDraw.
sistemas de controle à erosão que no início do século
passado estava destruindo os solos na América do Os mapas anexados no final do texto indicam a
Norte. Aqui no país tem sido usada para fomentar uma descrição geral da área, solos (classificação
idéia de potencialidade agrícola das terras. Esse taxonômica), formas de relevo, capacidade de uso,
conceito generalizado parece próprio, pois à medida que bacias hidrográficas e aptidão agrícola das terras, na
a erosão acelerada passou a ser quase debelada por escala aproximada de 1:53.000.
práticas conservacionistas de plantio direto, essa
diferença de risco imediato, que diferenciava uma A seqüência de atividades desenvolvidas foi:
classe da outra, parece ter se tornado menor. a) fotointerpretação preliminar para delineamento de
superfícies homogêneas, sob o ponto de vista de
Em virtude disso, cultivar a terra suscetível à erosão tonalidade fotográfica e relevo;
acelerada é possível, mas o conjunto de dificuldades e b) percurso da área para analisar a relação entre as
14 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
A camada superficial, horizonte A1 de até 20 cm, Planossolos Hidromórficos Eutróficos arênicos. Pela
possui cor bruno-acinzentado-escuro, textura franco- nova proposição de correção do sistema "Proposta de
arenosa, fraca estrutura granular a maciça, teor de Revisão e Atualização do Sistema Brasileiro de
matéria orgânica de 2,08%, pH de 5,61, alumínio Classificação" Embrapa (2003), o solo descrito está
trocável de 0,07, soma de bases trocáveis de 2,11 definido por Planossolo Háplico Eutrófico arênico
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,31 partindo-se do pressuposto, questionável, de que todos
cmolc/kg e saturação de bases de 64 %. os planossolos são hidromórficos. Quanto ao caráter
arênico, no quarto nível, é importante registrar que
A camada superior, horizonte A2, de 20 cm, possui cor mesmo que os teores de areia, determinados pela
bruno-acinzentado, textura franco-argilo-arenosa, análise granulométrica, não correspondam a classe areia
estrutura granular pequena a maciça, teor de matéria franca ou areia, os autores assumem a presença do
orgânica de 1,57 %, pH de 5,69, alumínio trocável de caráter arênico, em razão das diferenças constatadas
0,07 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,13 entre os horizontes superficiais e subsuperficiais,
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,53 quando da descrição no campo.
cmolc/kg e saturação de bases de 60 % .
Com respeito ao uso agrícola as planícies antigas da
A camada inferior mais argilosa, horizonte Bt1, de 20 época do Pleistoceno, por não serem inundadas, sempre
foram cultivadas com arroz irrigado e, eventualmente,
cm, possui cor cinzento-muito-escuro, textura franco-
por culturas de subsistência como o milho, melancia,
argilo-arenosa, fraca estrutura em blocos subangulares
mandioca, feijão, etc. São as terras mais favoráveis a
médios e pequenos, teor de matéria orgânica de 1,34
cultivos por não oferecerem riscos de erosão e nem
%, pH de 5,65, alumínio trocável de 0,54 cmolc/kg,
restrições à mecanização agrícola com ocorrência de
soma de bases trocáveis de 2,31 cmolc/kg, capacidade
rochas e pedras. Entretanto, culturas, ditas de sequeiro,
de troca de cátions de 4,30 cmolc/kg e saturação de
muitas vezes sofrem restrições pela má drenagem
bases trocáveis de 53 %. interna do solo em virtude da ocorrência de um
horizonte Bt argílico de muito pouca permeabilidade.
A camada inferior, horizonte Bt2, possui uma espessura Mesmo assim, estas terras comportam todos os tipos
de 20 cm, cor bruno-acinzentado-muito escuro, textura de agricultura desde a desenvolvida (mecanizada e
franco-arenosa, moderada estrutura em blocos insumos) a familiar (praticamente com uso de pouco
subangulares médios, teor de matéria orgânica de 0,96 insumos).
%, pH de 5,71, alumínio trocável de 0,50 cmolc/kg,
soma de bases trocáveis de 2,03 cmolc/kg, capacidade O desenvolvimento de pesquisas criando cultivares de
de troca de cátions de 3,53 cmolc/kg e saturação de milho e soja que suportam o hidromorfismo e o
bases trocáveis de 57 % (Tabelas 10 e 11). estabelecimento de sistemas de drenagem para a
remoção parcial da umidade superficial, têm sido os
Quanto à classificação proposta pelo sistema da mecanismos usados para o estabelecimento de áreas
Embrapa (1999), estes solos no geral seriam produtivas nos planossolos.
de bases trocáveis de 0,55 cmolc/kg, capacidade de hidromorfismo mais intensivos e são mais rasos. O alto
troca de cátions de 2,35 cmolc/kg e saturação de grau de intemperismo dos sedimentos pressupõe a sua
bases trocáveis de 23 % . origem terciária como propõem Rangrab et al. (2000).
Seguindo-se as proposições da Embrapa (1999) e
A camada subseqüente, horizonte E, possui uma Embrapa (2003) optou-se pela denominação de
espessura de 15 cm, cor bruno-acinzentado, textura Planossolo Háplico Distrófico arênico.
franco-arenosa, sem estrutura, teor de matéria orgânica
de 0,67 %, pH de 4,95, alumínio trocável de 1,44 Os terraços formados integralmente por seixos ou com
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,41 cmolc/kg, camadas arenosas estratificadas entre seixos
capacidade de troca de cátions de 1,51 cmolc/kg e constituem solos muito profundos (Fig.16). São
Neossolos Flúvicos Distróficos saprolíticos. Localçizam-
saturação de bases trocáveis de 27 %.
se em áreas isoladas ao longo do percurso do rio
Camaquã. Não têm sido aproveitados como áreas
A camada inferior argilosa, horizonte Bt1, possui agrícolas.
espessura de 15 cm, cor bruno-amarelado-claro, textura
franca, estrutura em blocos subangulares médios, teor Quanto ao uso agrícola essas terras têm sido cultivadas
de matéria orgânica de 0,93 %, pH de 5,06, alumínio há quase dois séculos por roças ocasionais. No verão as
trocável de 1,53 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de secas mais prolongadas reduzem os rendimentos. A
1,10 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,10 irrigação nas áreas planas ocorre somente onde se
cmolc/kg e saturação de bases de 35 %. cultiva o arroz. (fossa tectônica).
A camada inferior, horizonte Bt2, possui uma espessura São terras próprias às atividades agrícolas com
de 15 cm, cor bruno-amarelado-claro, textura franco- limitações que podem ser corrigidas com insumos de
argilosa, estrutura em blocos subangulares médios, calcário e fósforo. Não há impedimentos a
teor de matéria orgânica de 0,84 %, pH de 5,07,
alumínio trocável de 3,05 cmolc/kg, soma de bases
trocáveis de 1,98 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 3,98 cmolc/kg e saturação de bases de 50 %
(Tabelas 12 e 13).
que apresenta na camada superior um horizonte A1, de O perfil Sul14 desenvolvido em sedimentos marinhos da
20 cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura franco- formação Palermo apresenta na camada superior um
arenosa, média estrutura granular, teor de matéria horizonte A1, de 30 cm, cor bruno-avermelhado-escuro,
orgânica de 2,26 %, pH de 5,01, alumínio trocável de textura franco-arenosa, forte estrutura granular
1,12 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,88 pequena, teor de matéria orgânica de 3,00 %, pH de
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,58 5,56, alumínio trocável de 0,33 cmolc/kg, soma de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 41%. bases trocáveis de 4,91 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 7,11 cmolc/kg e saturação de bases
A camada superior logo a seguir, apresenta um trocáveis de 69 %.
horizonte A2, de 25 cm, cor bruno-amarelado-escuro,
textura franco-arenosa, forte estrutura granular, teor de Apresenta na camada superior um horizonte A2, de 20
matéria orgânica de 1,71 %, pH de 4,99, alumínio cm, cor bruno-avermelhado-escuro, textura franco-
trocável de 1,48 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de argilo-arenosa, moderada estrutura granular e blocos
0,89 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,79 subangulares pequenos, teor de matéria orgânica de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 23 %. 0,98 %, pH de 5,15, alumínio trocável de 1,22
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 4,04 cmolc/kg,
Posteriormente, há uma a camada inferior com um capacidade de troca de cátions de 6,54 cmolc/kg e
horizonte E, de 10 cm, cor bruno-avermelhado-escuro, saturação de bases trocáveis de 62 %.
textura franco-arenosa, estrutura maciça a granular,
teor de matéria orgânica de 0,95 %, pH de 5,08, Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 20 cm, cor
alumínio trocável de 1,59 cmolc/kg, soma de bases bruno-avermelhado-escuro, forte textura argilosa,
trocáveis de 0,84 cmolc/kg, capacidade de troca de moderada estrutura blocos subangulares médios, teor
cátions de 3,34 cmolc/kg e saturação de bases de matéria orgânica de 1,34 %, pH de 5,07, alumínio
trocáveis de 25 %. trocável de 0,98 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
5,75 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,15
A camada inferior possui um horizonte Bt1, de 10 cm, cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 71 %.
cor bruno-avermelhado, textura franco-argilo-arenosa
forte, estrutura em blocos angulares e subangulares Posterior a esta camada há um horizonte Bt2, de 20 cm,
médios, teor de matéria orgânica de 1,57 %, pH de cor bruno-avermelhado-escuro, textura argilosa, forte
5,01, alumínio trocável de 3,01 cmolc/kg, soma de estrutura blocos subangulares médios, teor de matéria
bases trocáveis de 1,50 cmolc/kg, capacidade de troca orgânica de 1,48 %, pH de 4,76, alumínio trocável de
de cátions de 5,40 cmolc/kg e saturação de bases 0,80 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 7,27
trocáveis de 28 %. cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 9,77
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 74 %.
Esta camada inferior prolonga-se a um horizonte Bt2, de
40 cm, cor vermelha, textura argilosa, forte estrutura Na sua parte inferior há um horizonte Bt3, de 20 cm, cor
em blocos subangulares médios, teor de matéria vermelho-escuro, textura argilosa, estrutura blocos
orgânica de 1,72 %, pH de 4,81, alumínio trocável de subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,22
4,80 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,09 %, pH de 4,91, alumínio trocável de 0,70 cmolc/kg,
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,89 soma de bases trocáveis de 6,43 cmolc/kg, capacidade
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 30 %, de troca de cátions de 7,63 cmolc/kg e saturação de
(Tabelas 14 e 15). bases trocáveis de 84 %.
Este solo pelo sistema proposto pela Embrapa (1999), Segue-se uma camada mais inferior com um horizonte
está situado como Argissolo Vermelho Distrófico Bt4, de 30 cm, possui cor vermelho-escuro, textura
arênico. Muitas variações de subgrupos ocorrem ao argilosa, estrutura blocos médios e grandes forte, teor
longo da catena. Pela proposição de revisão do sistema, de matéria orgânica de 1,10 %, pH de 4,87, alumínio
conforme Embrapa (2003), a classificação se define trocável de 0,72 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
como Argissolo Vermelho Tb Alumínico arênico. 6,73 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,73
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 77 %.
Ao norte a intrusão de sedimentos marinhos do período
Permiano capeando as rochas graníticas da suíte Nos limites da camada inferior há um horizonte BC, de
granítica Encruzilhada do Sul, Sienito Pequiri e 20 cm, possui cor vermelha, textura argilosa, estrutura
complexo granítico Arroio dos Ratos, constituiu solos blocos médios e grandes forte, teor de matéria orgânica
muito semelhantes nessa unidade geomorfológica de 1,41 %, pH de 4,97, alumínio trocável de 0,51
embora com alguns atributos distintos. cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 7,10 cmolc/kg,
24 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
capacidade de troca de cátions de 9,00 cmolc/kg e médios, teor de matéria orgânica de 2,54 - 3,52, pH de
saturação de bases trocáveis de 79 %, (Tabelas 16 e 4,76 - 4,81, alumínio trocável de 0,92 - 1,15 cmolc/kg,
17). soma de bases trocáveis de 0,92 - 1,15 cmolc/kg,
capacidade de troca de cátions de 3,75 - 4,62 cmolc/kg
Esse solo, relativamente pouco intemperizado, pelo e saturação de bases trocáveis de 20 - 31 %.
sistema proposto pela Embrapa (1999), foi classificado
como Argissolo Vermelho Eutrófico chernossólico (Fig. Segue-se nesta camada um horizonte Bt3, de 30 cm,
17). Ao nível de subgrupo muitos outros estão cor vermelho-escuro, textura muito argilosa, moderada
distribuídos nessa unidade de formas de relevo. estrutura blocos subangulares médios, teor de matéria
orgânica de 1,79 %, pH de 4,83, alumínio trocável de
Nesses mesmos sedimentos, ocorrem solos mais 3,81 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,79
lateralizados como os perfis Sul-27 e Sul-29 que cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,59
representam o grande grupo de Distróficos e subgrupos cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %.
de abrúpticos e latossólicos.
Na última camada inferior há um horizonte Bt4, de 40
Na camada superior apresentam um horizonte A1, de 20
cm, cor vermelho-escuro, textura muito argilosa,
cm, cor cinzento-escuro a bruno-avermelhado-escuro, moderada estrutura blocos subangulares médios, teor
textura franco-argilarenosa, forte moderada e fraca de matéria orgânica de 1,27 %, pH de 4,93, alumínio
estrutura granular pequena e média, teor de matéria trocável de 2,81 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
orgânica de 2,79 - 3,89 %, pH de 4,92 - 5,63,
2,87 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,37
alumínio trocável de 0,39 - 2,16 cmolc/kg, soma de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 20 %,
bases trocáveis de 1,54 - 3,24 cmolc/kg, capacidade de
(Tabelas 18 e 21).
troca de cátions de 4,44 - 5,34 cmolc/kg e saturação
de bases trocáveis de 58 - 61 %. Os solos mais laterizados em encostas, que foram
expostas aos maiores rigores do intemperismo, em
Apresentam nesta camada um horizonte A2 A/B, de 20 condições climáticas passadas, constituem ocorrências
cm, cor cinzento-escuro a bruno-avermelhado-escuro, intermitentes em superfícies que se desgastam pela
textura franco-argilarenosa a franco-argilosa, forte erosão. Estão situados como Argissolos Vermelhos Tb
moderada e fraca estrutura granular pequena e média, Alumínicos abrúpticos (Fig.18). Caraterizam uma
teor de matéria orgânica de 2,27 - 2,76 %, pH de 4,83 evolução inicial incipiente interrelacionada com a
- 5,26, alumínio trocável de 3,03 - 0,99 cmolc/kg, soma constituição dos latossolos.
de bases trocáveis de 1,17 - 2,39 cmolc/kg, capacidade
de troca de cátions de 4,49 - 4,97 cmolc/kg e Quanto ao uso agrícola, as terras, apesar de terem
saturação de bases trocáveis de 24 - 53 %. solos relativamente bons (profundos), mas
relativamente ácidos, são muito suscetíveis à erosão.
Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 20 - 30 Conforme o sistema de classificação capacidade de uso
cm, cor bruno-avermelhado a bruno-avermelhado- das terras, as áreas mais favoráveis seriam da classe III-
escuro, textura muito argilosa, moderada estrutura se. São próprias a cultivos anuais com limitações
blocos subangulares pequenos e médios, teor de acentuadas pela excessiva acidez e alta suscetibilidade
matéria orgânica de 1,98 - 2,12 %, pH de 4,81 - 4,82, à erosão.
alumínio trocável de 2,65 - 4,45 cmolc/kg, soma de
bases trocáveis de 0,98 - 2,06 cmolc/kg, capacidade de Quanto ao sistema proposto para usuários distintos de
troca de cátions de 4,96 - 5,68 cmolc/kg e saturação aptidão agrícola as terras, classificadas como abC, são
de bases trocáveis de 17 - 41 %. "boa" a uma agricultura com alta tecnologia e
‘'regular'' para médios e pequenos agricultores que não
Posteriormente neta camada há um horizonte Bt2, de 10 possam empregar insumos suficientes para controlar a
- 40 cm, cor vermelho a vermelho-escuro, textura baixa fertilidade, alta acidez e a alta suscetibilidade à
muito argilosa, moderada estrutura blocos subangulares erosão.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 25
Fig.17. Argissolo Vermelho Eutrófico chernossólico com Fig.18. Argissolo Vermelho Distrófico abrúptico
ocorrência nas superfícies de exposição mais modernas (arênico). São solos profundos com ocorrências
nas coxilhas onde há uma vegetação ocasional de alternadas em superfícies mais antigas de Tb
butiazeiros (Butia eiosphata). Alumínico; raros são Ta Eutróficos.
que aparentam diversificações constantes. A despeito 4,15 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,65
da heterogeneidade de solos, predominam, nas cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 62 %.
superfícies, os mais antigos, já parcialmente
lateralizados, que, embora com baixos teores de ferro, Nesta camada inferior há um horizonte Bt2, de 20 cm,
possuem formas oxidadas que aparentam teores mais cor vermelho-escuro, textura argilosa, forte estrutura
altos. blocos subangulares médios e pequenos, teor de
matéria orgânica de 1,62 %, pH de 5,14, alumínio
Estas superfícies, embora aplainadas, estão muito trocável de 2,35 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
dissecadas pelos processos erosivos. Contêm vales 2,72 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,12
profundos, diferenciados das depressões sinuosas e cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 53 %,
lisas das coxilhas, mais conservadas. As superfícies (Tabelas 22 e 23).
arqueadas e lisas são contrastantes, com as coxilhas
(C1), pelos drenos naturais profundos, que formam Pelo sistema da Embrapa (1999), esses solos estão
depressões com vegetação arbórea abundante. classificados como Argissolos Vermelhos Eutróficos
abrúpticos, outros subgrupos podem estar relacionados.
No geral, os solos possuem uma granulometria franco- Em coberturas menos espessas, ainda conservadas, se
arenosa fina superficial, o que lhes dá nas fotos aéreas encontram solos menos intemperizados como o perfil
uma coloração clara, contrastando com o alto teor de Sul-13 que apresenta na camada superior um horizonte
argila do interior do perfil. São profundos e com boas A1, de 30 cm, cor bruno-escuro, textura franco-
condições físicas. As rochas (graníticas e arenosa, forte estrutura granular, teor de matéria
metamórficas), raramente, aparecem na superfície, orgânica média de 2,52 %, pH de 5,63, alumínio
enquanto que pedras somente ocorrem em trocável de 0,42 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
agrupamentos isolados, sem chegarem a constituir
7,24 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 9,74
obstáculos à agricultura. Praticamente, só há
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 74 %.
afloramentos rochosos onde a camada de solos antigos
foi removida. A ocorrência de pedras e rochas
Na camada superior há, ainda, um horizonte A2, de 15
predomina totalmente onde as deposições sedimentares
foram removidas. Essas rochas estão relacionadas ao cm, cor bruno-amarelado, textura franco-arenosa, forte
embasamento granítico de base, muito diversificado na estrutura granular, teor de matéria orgânica de 1,08 %,
região. pH de 5,56, alumínio trocável de 1,16 cmolc/kg, soma
de bases trocáveis de 6,64 cmolc/kg, capacidade de
Embora, ainda haja pequenas superfícies com solos troca de cátions de 9,24 cmolc/kg e saturação de bases
mais recentes e rasos, no geral os solos estão trocáveis de 72 %.
parcialmente laterizados como perfil Sul-24 (Fig.19) que
apresenta na camada superior um horizonte A, de 20 Há uma camada inferior com um horizonte Bt, de 20
cm, cor bruno-escuro, textura franco-argilo-arenosa, cm, cor vermelha, textura argilosa, forte estrutura
forte estrutura em blocos subangulares médios e granular, teor de matéria orgânica de 1,17, pH de
pequenos, teor de matéria orgânica de 4,22 %, pH de 4,01, alumínio trocável de 0,86 cmolc/kg, soma de
5,10, alumínio trocável de 0,26 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 11,34 cmolc/kg, alta capacidade de
bases trocáveis de 4,25 cmolc/kg, capacidade de troca troca de cátions de 13,14 cmolc/kg e saturação de
de cátions de 6,35 cmolc/kg e saturação de bases bases trocáveis de 86 %, (Tabelas 24 e 25).
trocáveis de 65 %.
Este solo, pelo sistema proposto por Embrapa (1999),
Apresenta, ainda, na camada superior um horizonte AB, se carateriza como Chernossolo Argilúvico Órtico
de 20 cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura léptico (Fig. 20 a 22).
argilosa, forte estrutura em blocos subangulares médios
e pequenos, teor de matéria orgânica de 2,31 %, pH de As terras são utilizadas, principalmente, para pastagem,
5,07, alumínio trocável de 0,93 cmolc/kg, soma de sendo a cobertura de pasto de regular qualidade, sem a
bases trocáveis de 3,51 cmolc/kg, capacidade de troca ocorrência de invasoras de grande porte. Em algumas
de cátions de 5,91 cmolc/kg e saturação de bases partes, encontram-se lavouras de cultivos como a soja
trocáveis de 59 %. ou pastagem posterior. Os solos, no geral, possuem
uma certa diversificação, conforme sua posição em
Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 40 cm, cor relação ao declive e rochas. Os solos são mais
profundos e pesados e mais férteis quando estão
bruno-avermelhado, textura argilosa, forte estrutura
menos intemperizados, por serem as superfícies
blocos subangulares médios e pequenos, teor de
expostas mais recentes.
matéria orgânica de 1,90 %, pH de 4,87, alumínio
trocável de 1,76 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 31
A alta declividade de algumas encostas (15%), situadas Fig.20. Terras em superfícies aplainadas e intermitentes
entre outras de declives menores, com o uso mais desenvolvidas em rochas sedimentares antigas
intensivo, poderá, ocasionar sérios problemas de formações Palermo e Rio Bonito, que ainda cobrem as
erosão, principalmente junto às vias de drenagem. rochas graníticas nas bordas do Cerro Partido, formação
Devido a este fator, a capacidade de uso a terra é da sedimentar paleozóica e mesozóica.
classe VI-se. São próprias para pastagens cultivadas,
em virtude das limitações de suscetibilidade à erosão,
alta acidez e baixos teores de fósforo. Cultivos
ocasionais em áreas selecionadas podem ser alternados
com cultivo de pastagens.
Fig.19. Argissolo Bruno-Acinzentado Eutrófico Fig. 21. Solos profundos desenvolvidos de rochas
abrúptico desenvolvido em superfícies sedimentares sedimentares antigas. Formações Palermo e Rio Bonito
antigas do período Permiano da formação Palermo com que se situam onde os processos erosivos ainda não
vegetação campestre e aglomerações de butiazeiros expõem os granitos.
(Butia eiosphata) nos vales mais úmidos.
32 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
serras, no contato entre blocos graníticos distintos, a de granitos condiciona que cada paisagem em
vegetação de mata baixa com arbustos é predominante. aplainamento constituindo, uma bacia hidrográfica,
Inúmeras falhas e fraturas cortam essa continuidade de tenha sua história evolutiva, em tempos distintos, que
relevo aplainado, criando alinhamentos rochosos. As necessariamente não foram em climas semelhantes.
rochas aflorando no relevo são cercados por árvores
baixas, típicas da melhor adaptação ao período de seca. Observa-se que os processos erosivos têm sido
As superfícies aplainadas se constituem em pequenos seletivos, com isso os grupamentos de rochas muito
segmentos do planalto que se unem nos vales. No metamorfizadas têm deixado superfícies conservadas
geral, são sulcados por pequenos arroios isolados que, aplainadas, com solos profundos de cores avermelhadas
com sangas abertas, formam um modelo de drenagem e muito intemperizados. Observa-se também que em
denominado de espinha de peixe, constituindo a outras áreas de granitos de granulometria mais
drenagem principal. As pequenas bordas externas e grosseira, o modelamento tem sido mais intensivamente
grupamentos destas intrusões de blocos rochosos erosivo e os resíduos finos têm sido eliminados
distintos, de consistência mais dura, muitas vezes com constituindo solos cascalhentos e rasos, com o
aspecto transicional de serras, mais pela exposição modelamento da superfície mais abaulado.
rochosa do que pelos declives não tão acentuados,
constituem contrastes com as áreas aplainadas próprias Onde há superfícies mais antigas, em superfícies planas
ao desenvolvimento de atividades agrícolas residuais muito semelhantes entre si, nos distintos
generalizadas. blocos graníticos, os solos são mais profundos e
formados por argilas cauliníticas. Variam as cores em
função do maior ou menor hidromorfismo de épocas
Unidade Sgo passadas. Não há variações significativas da
composição de rochas que lhe deram origem. Os mais
drenados parecem constituir patamares anteriores aos
São as terras do planalto granítico que apresentam um que se formaram nas coxilhas. Assemelham-se na
relevo suave com leves ondulações, com encostas constituição interior do perfil como resultante de
amplas, muito pouco pedregosas e cascalhentas. processos de forte laterização sem entretanto
Ocupam as áreas generalizadas de nascentes e terço apresentarem óxidos de ferro superiores a 6 %. Muitos
médio das bacias hidrográficas e os patamares elevados parecem provir de antigos metassedimentos finos, em
antigos. Os solos são rasos ou pouco profundos e virtude dos baixos teores de cascalhos. Apresentam
pouco cascalhentos (Fig. 23 e 24). gradientes texturais abruptos como se tivessem
evoluído em algumas épocas em superfícies planas.
Compreendem as superfícies aplainadas de um conjunto
de rochas graníticas variáveis onde seus resíduos têm No geral, os solos que ocupam restos de antigos platôs
sido menos erodidos (Fig. 25 e 26). São superfícies residuais estão dispersos entre os tipos de colinas e
modeladas em uma diversificação muito grande de encostas de um relevo ondulado pelo modelamento
constituintes rochosos que foram deixando restos de quaternário. Normalmente, estes solos antigos ocupam
rochas endurecidas, compondo morros e cerros que se os divisores das bacias hidrográficas dos arroios e
isolam na paisagem. sangas e estão descritos como o perfil Sul-6 . Este solo
apresenta uma camada superior um horizonte A1, de 25
São formas fisiográficas que se aplainam ou se cm, cor bruno-escuro, textura franco-argilarenosa,
inclinam. Retraem-se pelo processo erosivo natural moderada estrutura granular média, teor de matéria
deixando constituídos patamares que se assemelham orgânica de 4,22%, pH de 5,06, alumínio trocável de
ou se contrastam e se afastam entre si. As bordas 1,65 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,82
endurecidas de outros complexos rochosos ou
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,52
simplesmente endurecidas pelos falhamentos e
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 43 %.
cisalhamentos dessas suturas graníticas localizadas
constituem morrotes que se isolam.
Na camada superior há um horizonte A2, de 25 cm, cor
Os solos são rasos e cascalhentos nas partes mais bruno-amarelado-escuro, textura franco-argilosa, forte
elevadas das encostas com declives mais acentuados, estrutura granular média, teor de matéria orgânica de
entretanto, nos patamares mais aplainados, ocorrem 2,69 %, pH de 4,91, alumínio trocável de 2,64
solos profundos. Estão diversificados, tanto pela cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,72 cmolc/kg,
natureza dos processos erosivos, como pela natureza capacidade de troca de cátions de 6,42 cmolc/kg e
das rochas graníticas. Mesmo nas superfícies saturação de bases trocáveis de 27 %.
conservadas, há muita variação na constituição dos
perfis, que são de origem recente. A variação de Apresenta na camada inferior um horizonte Bt1, de 20
resistência ao intemperismo destes blocos semelhantes cm, cor vermelha, textura franco-argilosa, forte
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 35
estrutura em blocos subangulares, teor de matéria bases trocáveis de 1,80 cmolc/kg, alta capacidade de
orgânica de 1,93 %, pH de 4,72, alumínio troca de cátions de 6,00 cmolc/kg e baixa saturação de
trocável de 4,26cmolc/kg, soma de bases bases trocáveis de 30 %.
trocáveis de 1,53 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,93 cmolc/kg e saturação de bases Apresentam na camada inferior um horizonte Bt1, de 20
trocáveis de 26 %. cm, cor bruno-escuro a bruno-forte, textura argilosa,
fraca a forte estrutura em blocos subangulares
Nesta última camada inferior destaca-se horizonte pequenos e médios, teor de matéria orgânica de 1,81 -
Bt2, de 30 cm, cor vermelha, textura muito 2,43 %, acidez com pH de 4,71 - 4,99, alumínio
argilosa, forte estrutura em blocos subangulares trocável de 3,90 - 4,03 cmolc/kg, soma de bases
médios, teor de matéria orgânica de 2,24 %, pH trocáveis de 1,59 - 1,76 cmolc/kg, capacidade de troca
de 4,54, alumínio trocável de 4,64 cmolc/kg, de cátions de 5,66 - 6,99 cmolc/kg e saturação de
soma de cátions trocáveis de 1,96 cmolc/kg, bases trocáveis de 23 - 31 %.
capacidade de troca de cátions de 7,26 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 27 %, (Tabelas Esta camada é seguida de um horizonte Bt2, de 15 - 25
26 e 27). cm, cor bruno-escuro a bruno-forte, textura argilosa,
moderada a forte estrutura em blocos subangulares
Este solo, conforme Embrapa (1999), estaria médios, teor de matéria orgânica de 1,57 - 2,31 %,
situado como Argissolo Vermelho Distrófico acidez com pH de 4,83 - 4,98, alumínio trocável de
abrúptico com outros subgrupos. A proposta de 3,87 - 4,39 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,33
modificação no sistema em Embrapa (2003), - 1,55 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,45
situa-o como Argissolo Vermelho Tb Alumínico - 6,33 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 20 -
abruptico. 28%.
Outros solos (Sul-7 e Sul-28) profundos ocupam Nesta mesma camada, segue-se um horizonte Bt3, de
antigos divisores de águas das bacias 15 - 25 cm, cor vermelho-amarelado a bruno-forte,
hidrográficas mais recentes nos principais arroios. textura argilosa, moderada a forte estrutura em blocos
Possuem na camada superior com horizonte A1, de subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,34
20 cm, cor bruno muito escuro a bruno-cinzento - 1,48 %, acidez com pH de 4,60 - 4,96, alumínio
muito escuro, textura franco-argilarenosa, fraca trocável de 3,53 - 4,96 cmolc/kg, soma de bases
estrutura granular pequena a fraca estrutura em trocáveis de 1,14 - 1,31 cmolc/kg, capacidade de troca
blocos subangulares pequenos, teor de matéria de cátions de 4,84 - 5,71 cmolc/kg e saturação de
orgânica de 2,34 - 4,40 %, acidez com pH de bases trocáveis de 23 - 24 %.
4,95 - 5,05, alumínio trocável de 1,20 - 1,21
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,74 - 2,84 Na sua parte inferior há um horizonte Bt4, de 40 cm, cor
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,04 - vermelho-escuro, textura argilosa, moderada a forte
7,14 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de estrutura em blocos subangulares, teor de matéria
40 - 45 %. orgânica de 1,00 %, acidez com pH de 4,55, alumínio
trocável de 3,59 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
Destaca-se na camada superior um horizonte A2, 1,14 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,94
de 20 cm, cor bruno muito escuro a bruno cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 29 %.
acinzentado-escuro, textura franco-argilarenosa a
franco, forte estrutura granular pequena a fraca Na sua parte mais inferior, possui um horizonte Bt5, de
estrutura em blocos subangulares pequenos, teor
45 cm, cor vermelho-escuro, textura argilosa, moderada
de matéria orgânica de 2,96 - 3,19 %, acidez com
a forte estrutura em blocos subangulares, teor de
pH de 4,78 - 5,05, alumínio trocável de 1,20 -
matéria orgânica de 1,03 acidez com pH de 4,57,
2,31 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,00 -
alumínio trocável de 3,23 cmolc/kg, soma de bases
2,08 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
trocáveis de 1,14 cmolc/kg, capacidade de troca de
5,90 - 7,08 cmolc/kg e saturação de bases
cátions de 3,84 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
trocáveis de 24 - 29 %.
de 30 %.
Nesta camada há um horizonte A3, de 15 cm, cor
Nos limites com a parte rochosa há uma camada inferior
bruno muito escuro, textura franco-argilo-arenosa,
um horizonte C , de 10 cm, cor vermelho-escuro,
moderada estrutura blocos angulares e
textura franco-argilosa, sem estrutura, teor de matéria
subangulares pequenos e médios, teor de matéria
orgânica de 1,48 %, acidez com pH de 4,98, alumínio
orgânica alta de 1,98 %, alta acidez com pH 4,88,
trocável de 4,58 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
alto alumínio trocável de 3,13 cmolc/kg, soma de
36 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
cmolc/kg e saturação de trocáveis de 20 %, (Tabelas Essas áreas menos drenadas das encostas caraterizam
28 a 31). os Argissolos Bruno-Acinzentados Tb Alumínicos
típicos, com inclusões de outros subgrupos,
São os solos mais profundos que ocorrem no planalto parcialmente laterizados.
granítico. Estão situados no sistema taxonômico
proposto pela Embrapa (1999) como Argissolos Ocasionalmente (2 5 %) ocorrem intrusões de rochas
Vermelho-Amarelos Distróficos típicos e Argissolos graníticas alcalinas como os tonalitos e dioritos que
Vermelho-Amarelos Tb Alumínicos abrupticos os que constituem afloramentos com solos férteis. Além destas
apresentam alumínio trocável alto (Fig. 27). rochas, outras mais alcalinas do complexo granítico
Arroio dos Ratos estabelecem solos diferenciados muito
Os solos das encostas inferiores das bacias férteis. O solo, representante daqueles, caraterizado
hidrográficas dos arroios e sangas, são mais sujeitos a pelo perfil Sul-9, apresenta na camada superior um
períodos mais longos de hidromorfismo como o perfil horizonte A1, de 25 cm, cor bruno muito escuro, textura
Sul-11. Em geral, este solo apresenta na camada franco-argilarenosa, moderada, granular pequena e
superior um horizonte A1, de 25 cm, cor bruno- média estrutura, teor de matéria orgânica de 3,46 %,
acinzentado muito escuro, textura franco-argilo- pH de 5,26, alumínio trocável de 1,12 cmolc/kg, soma
arenosa, moderada estrutura granular pequena e média, de bases trocáveis de 4,71 cmolc/kg, capacidade de
teor de matéria orgânica de 3,50 %, pH de 4,84, troca de cátions de 9,41 cmolc/kg e saturação de bases
alumínio trocável de 1,19 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 50 %.
trocáveis de 2,50 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 6,20 cmolc/kg e saturação de bases Esta camada superior tem um horizonte A2, de 25 cm,
trocáveis de 40 %. cor bruno-muito escuro, textura franco-arenosa, forte
estrutura em blocos subangulares pequenos, teor de
Possui na camada superior um horizonte A2, de 12 cm, matéria orgânica alta de 2,79 %, pH de 5,21, alumínio
cor bruno-escuro, textura franco-argilo-arenosa, trocável de 1,94 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
moderada estrutura granular pequena e média, teor de 2,75 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,35
matéria orgânica de 3,31 %, pH de 4,68, alumínio cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 37 %.
trocável de 2,36 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
0,93 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 0,93 Na camada argilosa inferior há um horizonte Bt1, de 30
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %. cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura franco-argilo-
arenosa, forte estrutura em blocos subangulares
A camada argilosa inferior é seguida por um horizonte médios, teor de matéria orgânica média de 1,69 %, pH
Bt1, de 10 cm, cor bruno-escuro, textura franco- de 5,41, alumínio trocável de 2,30 cmolc/kg, soma de
argilosa, fraca estrutura em blocos subangulares bases trocáveis de 3,90 cmolc/kg, capacidade de troca
médios, teor de matéria orgânica de 1,88 %, pH de de cátions de 8,00 cmolc/kg e saturação de bases
4,65, alumínio trocável de 2,07 cmolc/kg, soma de trocáveis de 49 %.
bases trocáveis de 0,90 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,40 cmolc/kg e saturação de bases A seguir, há uma camada inferior com horizonte Bt2, de
trocáveis de 17 %. 30 cm, cor bruno-forte, textura argilosa, estrutura em
blocos subangulares médios forte, teor de matéria
Na sua parte média há um horizonte Bt2, de 30 cm, cor orgânica baixa de 1,33 %, pH de 5,69, alumínio
bruno-amarelado-escuro, textura argilosa, forte trocável de 1,87 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
estrutura em blocos subangulares médios, teor de 10,23 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
matéria orgânica de 1,96 %, pH de 4,64, alumínio 13,03 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 79
trocável de 3,82 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de %.
0,63cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
5,53cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 11%. Nos limites com as rochas há um horizonte C, de 30
cm, cor bruno-amarelado, textura franco-arenosa, fraca
Na camada parte inferior há um horizonte Bt3, de 15 estrutura em blocos subangulares médios, teor de
cm, cor bruno-escuro, textura argilosa, forte estrutura matéria orgânica de 0,71 %, pH de 6,02, alumínio
em blocos subangulares médios, teor de matéria trocável de 0,67 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
orgânica de 2,19 %, pH de 4,73, alumínio trocável de 13,41 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
4,29 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,97 15,21 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 88
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,07 %, (Tabelas 34 e 35).
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %,
(Tabelas 32 e 33).
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 37
A3 50 -75 Preto (10 YR 2/1, úmido); franco-arenosa; maciça porosa que se desagrega em granular pequena, fraca e
blocos subangulares pequenos, fraca; lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, lig. dura; transição clara e
ondulada.
Bt1 75 – 110 Bruno-escuro (7,5 YR 3/2, úmido); franco-argilo-arenosa; blocos subangulares pequenos, forte; pegajosa,
plástica, muito firme, dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt2 110 – 145 Bruno (7,5 YR 4/4, úmido e seco), franco-argilosa; blocos subangulares médios, forte; muito plástica,
muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade comum, forte; transição gradual e plana.
Bt3 145 – 165 Bruno-forte (7,5 YR 4/4, úmido e seco); franco-argilosa; blocos subangulares médios, forte; muito
plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade comum, forte.
Tabela 46. Informações do perfil Sul-18 da unidade Sa. (>20%). As rochas superficiais em desagregação
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico húmico; ocupam a maior parte das áreas. Ravinas incipientes e
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: profundas estão sendo abertas nas bordas. No geral o
coordenadas E = 320.899; N = 6.613.943 km (Fuso conjunto de formas de relevo abrange estratos de
22s), altitude = 237 m. c) Geologia regional: formação planaltos rochosos aplainados nos topos. Algumas
Arroio dos Nobres. d) Material de origem: ardósia ou
formas distorcidas pelos falhamentos são mais
metaxisto. e) Geomorfologia: vale deprimido. f) Situação
do perfil: centro de vale. g) Declividade: 2 %. h) Erosão: alongadas, entretanto as formas circulares são mais
não há. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: fraca. comuns. Não há árvores de grande porte formando
l) Pedregosidade: 2 % m) Rochosidade: 10 - 20 % n) grupamentos (capões). A cobertura vegetal é de
Drenabilidade: mal drenado. o) Vegetação: campestre. p) gramíneas e pequenos arbustos onde há solos residuais
Descrição do perfil: rasos. Onde há solos mais profundos, árvores esparsas
(hz) (cm) (solo) ocorrem ocasionalmente mas não chegam a crescer no
A 0-20 Cinzento-avermelhado-escuro ( 5 YR 4/2, seu porte máximo. É uma vegetação típica de regiões
úmido); franco-siltosa, muito cascalhenta; secas.
maciça; não pegajosa, não plástica, solta,
muito dura; transição abrupta e quebrada.
R 20+ Metassedimentos finos em decomposição.
Unidade Sr0
São terras altas rochosas de nível superior muito
Tabela 47. Informações do perfil Sul-18 da unidade Sa. aplainadas e lisas nos topos (Fig. 38 e 42). Constituem
Horizontes patamares aplainados rochosos e elevados, mais
Fatores A vagarosamente alterados pelos processos de
Espessura (cm) 0-20 degradação do que as rochas que os circundam. As
C. orgânico (g kg-1) 36,60 incisões de vales e ravinas adjacentes são incipientes
M. O. % 6,31 constituindo um relevo muito íngreme a partir das
P (mg kg-1) 2,00
bordas. São formadas por rochas geralmente graníticas,
pH (H2O) - 5,36
pH (KCl) - 3,78 muitas vezes endurecidas por processos metamórficos,
Ca (c molc kg-1) 3,60 falhas e fraturas ou mesmo por granitos expostos pela
Mg “ 1,60 maior resistência ao intemperismo do que as rochas
K “ 0,09 adjacentes.
Na “ 0,05
S “ 5,34 No geral compõem as superfícies desenvolvidas de
Al “ 1,25 rochas graníticas dos complexos Encruzilhada do Sul,
H+Al “ 3,90 Várzea do Capivarita (Santos, 1989), Cordilheira e Dom
T “ 9,24 Feliciano (Rangrab et al. 2000) . Algumas pouco
T(arg.) “ 34 alteradas pelos processos de metamorfismo de contato,
V % 58
estão situadas entre as linhas de falhamentos no lado
Sat. Al “ 27
Fe (total) “ - leste. Outras, dissecadas pelos processos erosivos
Calhaus (g kg-1) 232 acentuados nas bordas dos contatos de blocos
Cascalho “ 137 rochosos distintos, constituíram um relevo ondulado
Areia grossa “ 114 com colinas de topos roliços e convexos ou de ângulos
Areia fina “ 99 agudos, em algumas linhas de fraturas.
Silte “ 518
Argila “ 269 Nesse contexto formaram-se solos rasos e cascalhentos
Argila natural “ 68 que pouco variam de espessura ao longo das encostas,
Agregação % 75 muito desprovidas de coberturas arbóreas. Algumas
Silte/argila - 1,93 superfícies ainda estão cobertas nos topos por
Textura - SiL
sedimentos residuais já intemperizados como cascalho,
SiL- franco-siltosa.
calhaus e seixos de várias origens rochosas. No geral,
o material de origem dos solos tanto é constituído de
d) Serras aplainadas rochosas resíduos coluviais de rochas sedimentares antigas, que
cobriam os granitos e gnaisses, como por essas próprias
São terras elevadas com topos aplainados do planalto rochas graníticas em decomposição. Os solos são
granítico e metamorfizadas em que os processos incipientes, entre afloramentos rochosos aplainados,
erosivos removeram a maior parte dos resíduos pois o processo erosivo de remoção dos resíduos
rochosos. No geral, são morros isolados ou pequenos decompostos das rochas atua com maior intensidade do
conjuntos pouco salientes no planalto. Os declives são que os processos de decomposição e desagregação.
baixos (<25%) mas a rochosidade é alta Entretanto, em alguns locais, esta remoção é parcial.
54 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
Com isto se encontram em alguns locais, coberturas Nesta mesma camada inferior, há um horizonte Bt, de
residuais ainda em trânsito. Há coberturas de seixos 25 cm, cor bruno muito escuro, textura franco
nos topos de algumas superfícies, próximas ao rio argilarenosa, fraca estrutura granular pequena, teor de
Camaquã, como também em alguns locais de baixos matéria orgânica de 3,60%, pH de 5,09, alumínio
declives nos divisores de água de bacias hidrográficas. trocável de 4,36 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
1,58 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,58
No terço superior, estes solos são muito rasos ou não
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 34%.
existem e os resíduos grosseiros constituem um
esqueleto muito acentuado. São solos recentes onde Ainda, na camada inferior, próximo as rochas há um
os processos erosivos naturais não permitem a horizonte BC, de 25 cm, cor vermelho-amarelado,
constituição de horizontes argílicos espessos. Os textura franco-arenosa, moderada estrutura blocos
resíduos que não se alteraram significativamente no subangulares médios, teor de matéria orgânica de
local pela ação do clima, tempo e posição no relevo 0,93%, pH de 4,95, alumínio trocável de 3,34
nem receberam significativas contribuições de outras cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,10 cmolc/kg,
fontes. Os processos de remoção atuam com mais capacidade de troca de cátions de 5,50 cmolc/kg e
energia do que a decomposição dos minerais. Os topos saturação de bases trocáveis de 38% (Tabelas 48 a
destas unidades rochosas são cobertas por uma savana 51).
de gramíneas e arbustos de baixo e médio porte, muito
rala, com espécies muito resistentes as estiagens onde Em termos gerais ocorrem solos muito rasos como os
cactáceas e árvores de baixo porte, espécies muito Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos, mas há
espinhentas, estão situadas entre algumas gramíneas predominância de Cambissolos Húmicos Alumínicos
grosseiras. saprolíticos. Em relação a estes, outros subgrupos como
lítico e argissólico podem ocorrer conforme a proposição
O perfil Sul-33 representa ocorrências destes solos a de alteração do sistema taxonômico, Embrapa (2003).
partir da meia encosta das colinas. Estes solos Com respeito ao uso agrícola, essas terras altas e
possuem na camada superior um horizonte A1, de 20 a rochosas têm sido usadas ao longo do tempo por uma
40 cm, cor preto a bruno-escuro, textura franco-argilo- pecuária muito extensiva. Na pecuária, a criação de
arenosa a argilosa, fraca a moderada estrutura granular ovelhas tinha um peso alto na lotação das áreas. Esta
pequena, teor de matéria orgânica de 7,35%, pH de aptidão para a criação de animais ainda persiste devido
4,83, alumínio trocável de 3,31 cmolc/kg, soma de a pouca possibilidade econômica de mudar o meio.
bases trocáveis de 2,37 cmolc/kg, capacidade de troca Entretanto, novas ações de criação de animais de outras
de cátions de 9,27c molc/kg e saturação de bases espécies e cultivos em áreas específicas de pastagens
trocáveis de 26%. exóticas estão abertas.
Apresentam nesta camada, um horizonte AB, de 30 Dentro das condições de uma agricultura convencional e
cm, cor bruno-muito-escuro, textura argilosa, moderada regional as terras seriam da classe-VIse de capacidade
estrutura granular pequena, teor de matéria orgânica de de uso da terra e 5s(n) de aptidão agrícola. São terras
4,60%, pH de 4,83, alumínio trocável de 6,29 destinadas a pastagens cultivadas ou nativas. Há
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,34 cmolc/kg, restrições à qualidade das pastagens nativas. Podem ser
capacidade de troca de cátions de 10,84 cmolc/kg e cultivadas com árvores perenes (fruticultura), ou até
saturação de bases trocáveis de 12%. mesmo florestamento. Nas glebas mais suscetíveis a
erosão.
Na camada inferior, apresentam um horizonte Bi, de 40
cm, cor vermelho, textura muito argilosa, moderada
estrutura granular pequena, teor de matéria orgânica de
3,50%, pH de 4,82, alumínio trocável de 6,58
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,01 cmolc/kg,
capacidade de troca de cátions de 8,71 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 12%.
Raros solos apresenta horizonte com acumulação de
argilas na parte inferior (Bt). Estes solos (Sul-3)
possuem um horizonte A de 25 cm, cor preta, textura
franco-argiloso-arenosa, estrutura granular pequena,
teor de matéria orgânica de 4,55%, pH de 5,15,
alumínio trocável de 1,44 cmolc/kg, soma de bases
trocáveis de 2,20 cmolc/kg, capacidade de troca de Fig.38. Topos aplainados dos morros de rochas
cátions de 5,60 cmolc/kg e saturação de bases graníticas da formação Dom Feliciano que ocorrem na
trocáveis de 39%. borda do planalto.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 55
Tabela 49. Resultados das análises do perfil Sul-3 da unidade Tabela 51. Informações do perfil Sul-33 da unidade Sr0.
Sr0. Horizontes
Fatores A AB Bi Fatores A Bt BC C
Espessura (cm) 0-40 40-70 70-110 Espessura (cm) 0-25 25-50 50-75 75-100
C. orgânico (g kg-1) 42,60 26,70 20,30 C. orgânico (g kg-1) 26,40 20,90 5,40 -
M. O. % 7,35 4,60 3,50 M. O. % 4,55 3,60 0,93 -
P (mg kg-1) 1,40 0,50 0,50 P (mg kg-1) 0,90 0,20 0,40 -
pH (H2O) - 4,83 4,83 4,82 pH (H2O) - 5,15 5,09 4,95 -
pH (KCl) - 3,66 3,69 3,67 pH (KCl) - 3,93 3,84 3,83 -
Ca (cmolc kg-1) 1,30 0,70 0,40 Ca (c molc kg-1) 1,10 0,80 1,0 -
Mg “ 0,80 0,50 0,50 Mg “ 0,90 0,60 0,90 -
K “ 0,21 0,08 0,06 K “ 0,17 0,14 0,16 -
Na “ 0,06 0,06 0,05 Na “ 0,03 0,04 0,04 -
S “ 2,37 1,34 1,01 S “ 2,20 1,58 2,10 -
Al “ 3,31 6,29 6,58 Al “ 1,44 4,36 3,34 -
H+Al “ 6,90 9,50 7,70 H+Al “ 3,40 5,00 3,40 -
T “ 9,27 10,84 8,71 T “ 5,60 4,58 5,50 -
T(arg.) “ 23 19 13 T(arg.) “ 22 8 15 -
V % 26 12 12 V % 39 34 38 -
Sat. Al “ 58 82 87 Sat. Al “ 40 73 61 -
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) 122 59 - Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 580 520 416 Cascalho “ 350 234 396 -
Areia grossa “ 266 283 113 Areia grossa “ 327 145 113 -
Areia fina “ 115 34 33 Areia fina “ 257 114 206 -
Silte “ 207 98 164 Silte “ 165 275 328 -
Argila “ 412 585 690 Argila “ 251 465 353 -
Argila natural “ 28 18 24 Argila natural “ 6 34 12 -
Agregação % 93 97 97 Agregação % 98 94 97 -
Silte/argila - 0,50 0,16 0,23 Silte/argila - 0,66 0,46 0,93 -
Textura - C C Cp Textura - SCL SCL CL -
C- argilosa, Cp – muito argilosa. SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-arenosa.
Essas terras, no geral, não têm aproveitamento Fig.44. Neossolo Litólico Distrófico saprolítico sobre
agrícola. Entretanto, pela beleza dos contrastes metassedimentos na borda da "Serra das Encantadas".
altimétricos e pelas formas que contrastam com o
relevo que se modela no planalto, em cotas inferiores,
têm sido usadas, ao longo do tempo, como locais de
moradias das antigas fazendas. São áreas de abrigo dos
animais e talvez de futuras organizações de turismo.
São restos geológicos de uma história pouco conhecida
ou, se conhecida, pouco divulgada.
Tabela 48. Informações do perfil Sul-21 da unidade Srf Tabela 50. Informações do perfil Sul-22 da unidade Srf.
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico Húmico; a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Húmico léptico; Soil
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: coordenadas E =
coordenadas E = 363.853 N = 6.621.118 km (Fuso 22s), 344.958; N = 6.596.122 km (Fuso 22s), altitude = 401 m.
altitude = 426 m. c) Geologia regional: meta Sedimentos do c) Geologia regional: granitos. d) Material de origem: rochas
Triássico. d) Material de origem: ardósia. e) Geomorfologia: graníticas metamorfizadas. e) Geomorfologia: falha geológica.
falha geológica. f) Situação do perfil: borda de falhamento. f) Situação do perfil: topo de falhamento. g) Declividade: 10
g) Declividade: 10 - 20 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: %. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondulado a montanhoso.
montanhoso. j) Suscetibilidade à erosão: forte l) j) Suscetibilidade à erosão: muito forte. l) Pedregosidade: 95
Pedregosidade: 70 % m) Rochosidade: 90 % n) % m) Rochosidade: 50 % n) Drenabilidade: excessivamente
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
campestre. p) Descrição do perfil: (hz) (cm) (solo)
(hz) (cm) (solo) A 0-25 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido);
A 0-25 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, franco-arenosa muito cascalhenta; granular
úmido); franco-arenosa muito pequena, fraca; lig. plástica, lig. pegajosa, muito
cascalhenta; granular pequena, fraca; friável, lig. dura; transição clara e quebrada.
lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, R 25+ Rocha em decomposição.
lig. dura; transição clara e quebrada.
R 25 + Rocha em decomposição.
Tabela 49. Informações do perfil Sul-21 da unidade Srf. Tabela 51. Informações do perfil Sul-22 da unidade Srf.
Horizontes Horizontes
Fatores A R Fatores A
Espessura (cm) 0-25 - Espessura (cm) 0-25
C. orgânico (g kg-1) 26,0 - C. orgânico (g kg-1) 40,30
M. O. % 4,48 - M. O. % 6,95
P (mg kg-1) 1,70 - P (mg kg-1) 2,20
pH (H2O) - 4,54 - pH (H2O) - 4,92
pH (KCl) - 3,50 - pH (KCl) - 3,65
Ca (c molc kg-1) 1,60 - Ca (c molc kg-1) 1,40
Mg “ 1,00 - Mg “ 0,90
K “ 0,29 - K “ 0,36
Na “ 0,03 - Na “ 0,06
S “ 2,92 - S “ 2,72
Al “ 2,12 - Al “ 2,57
H+Al “ 3,30 - H+Al “ 5,0
T “ 6,22 - T “ 7,72
T(arg.) “ 27 - T(arg.) “ 22
V % 47 - V % 35
Sat. Al “ 42 - Sat. Al “ 49
Fe (total) “ - - Fe (total) “ -
Calhaus (g kg-1) 132 - Calhaus (g kg-1) 296
Cascalho “ 329 - Cascalho “ 349
Areia grossa “ 208 - Areia grossa “ 198
Areia fina “ 336 - Areia fina “ 211
Silte “ 222 - Silte “ 234
Argila “ 234 - Argila “ 357
Argila natural “ 48 - Argila natural “ 31
Agregação % 79 - Agregação % 91
Silte/argila - 0,95 - Silte/argila - 0,66
Textura - SCL Textura - CL
SCL- franco-argilo-arenosa. CL- franco-argilosa
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 59
quebradas com uma capa (horizonte A) com muito trocável de 0,91cmolc/kg, saturação com alumínio de
cascalho e calhaus de 20 40 cm, cobrindo um 18%, soma de bases trocáveis de 4,19 cmolc/kg,
horizonte Bi muito raso (20cm), sobre uma rocha capacidade de troca de cátions de 7,99 cmolc/kg e
xistosa fina em decomposição. saturação de bases trocáveis de 52%.
Os solos muito rasos das encostas e topos Nesta mesma camada há um horizonte A2, pouco
cascalhentos (Sul-34 e Sul-35) apresentam na camada espesso de 25cm, possui cor escura, textura argilo-
superior, horizonte A, pouco espesso, de 20 25 cm, arenosa muito cascalhenta, estrutura maciça e grãos
cor bruno-avermelhado-escuro, textura franco-arenosa simples, teor de matéria orgânica de 3,31%, pH de
muito cascalhenta, moderada estrutura em blocos 4,87, alumínio trocável de 4,34cmolc/kg, saturação com
subangulares pequenos e médios, teor de matéria alumínio de 67%, soma de bases trocáveis de 2,10
orgânica de 3,69 - 5,02%, pH 5,35 - 5,51, alumínio cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,60
trocável de 0,48 - 3,92 cmolc/kg, saturação com cmolc/kg, saturação de bases trocáveis de 24%.
alumínio de 10 - 70%, soma de bases trocáveis de
1,70 - 4,52 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions A camada mais argilosa se assemelha a um horizonte
de 6,20 - 7,12 cmolc/kg e média saturação de bases Bi, espesso de 40cm, possui cor bruno-avermelhado-
trocáveis de 27 - 63%. escuro, textura argilosa cascalhenta, fraca estrutura
granular, teor de matéria orgânica de 2,00%, pH de
A camada inferior, horizonte Bi, pouco espesso, de 10 - 4,71, muito alto alumínio trocável de 5,28 cmolc/kg,
20 cm, cor vermelho, textura argila-arenosa a argilosa saturação com alumínio de 86%, soma de bases
cascalhenta, moderada estrutura em blocos trocáveis de 0,85 cmolc/kg, média capacidade de troca
subangulares pequenos e médios, teor de matéria de cátions de 6,15cmolc/kg e saturação de bases
orgânica de 2,28%, pH de 5,17 - 5,33, alumínio trocáveis de 14%.
trocável de 3,55 - 4,24 cmolc/kg, saturação com
alumínio de 61 - 81%, soma de bases trocáveis de Semelhante a camada inferior há um horizonte 2C muito
0,97 - 2,28 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions cascalhento, pouco espesso de 30cm, possui cor
de 5,57 - 5,88 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis vermelho-escuro, textura argilosa, sem estrutura , teor
de 17 - 39%. de matéria orgânica de 1,36%, pH de 4,65, alumínio
trocável de 4,58cmolc/kg, saturação com alumínio de
Próximo a rocha em decomposição há um horizonte C, 91%, soma de bases trocáveis de 0,45 cmolc/kg,
pouco espesso, de 20 - 30cm, cor vermelho- capacidade de troca de cátions de 5,15cmolc/kg e
amarelado, textura franco-argilosa cascalhenta, saturação de bases trocáveis de 9% (Tabelas 56 e 57).
estrutura maciça, teor de matéria orgânica de 1,29 -
1,24%, pH de 5,08 - 5,17, alumínio trocável de 3,21 - São solos com aparência de Neossolos Regolíticos, pela
3,27 cmolc/kg, saturação com alumínio de 82 - 86%, maior espessura intemperizada da rocha matriz e teores
soma de bases trocáveis de 0,52 - 0,68 cmolc/kg, de seixos e calhaus, provenientes de sedimentaçãos
capacidade de troca de cátions de 4,22 - 4,28 cmolc/kg antigas. Entretanto, estão sendo caraterizados como
e baixa a média saturação de bases trocáveis de 12 - Cambissolos Húmicos pela formação de um horizonte
16% (Tabelas 52 a 55). incipiente e acumulação de argilas na parte superior da
camada. Pela ampla concentração de alumínio trocável,
Estes solos têm sido denominados no sistema cascalhos e altos teores relativos de matéria orgânica
taxonômico atual (Embrapa, 1999 e 2003) como foram classificados como Tb Alumínicos saprolíticos.
Cambissolos Háplicos Tb Alumínicos ou Distróficos
lépticos ou húmicos (Fig. 46). Os solos das partes superiores das encostas têm sido
caraterizados como Neossolos Regolíticos Eutróficos
Os solos do terço inferior das encostas das bacias lépticos os mais férteis (Sul-12). Outros são de baixa
hidrográficas próximas ao rio Camaquã, se apresentam fertilidade com altos teores de alumínio trocável mas
mais profundos e com completa sedimentações de conservam ainda altos valores de matéria orgânica.
calhaus e cascalhos provenientes de formações Esses solos têm sido situados como Cambissolos
metassedimentares quartenárias embora provenientes Húmicos Alumínicos com muitos subgrupos possíveis
de sedimentos Pré-Cambrianos remobilizados como o (lítico, saprolítico, léptico etc.) Entretanto estima-se que
perfil Sul-32 (Fig. 47 a 50). a maior ocorrência seja de Neossolos Regoliticos devido
à ampla espessura do manto cascalhento que
Apresentam na camada superior, horizonte A1, pouco continuamente cobrem essas superfícies ásperas e
espesso, de 25cm, cor preta, textura franca muito rochosas. Apresentam na camada superior, horizonte
cascalhenta, estrutura maciça e grãos simples, alto teor A1, 30cm de espessura, cor bruno-muito escuro,
de matéria orgânica de 6,57%, pH de 5,15, alumínio textura franco-arenosa, estrutura granular e grãos
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 61
Tabela 54. Informações do perfil Sul-35 da unidade Srs. Tabela 56. Informações do perfil Sul - 32 da unidade Srs.
a)Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico a) Classificação: CAMBISSOLO HÚMICO Tb Alumínico
léptico; Soil Taxonomy: Lithic Eutric Haplumbrept. b) saprolítico ; Soil Taxonomy – Lithic Eutric Haplumbrept. b)
Localização: coordenadas E = 313.707; N = 6.605.297 km Localização: coordenadas E = 311.441; N = 6.582.863 km
(Fuso 22s), altitude = 314 m. c) Geologia regional: (Fuso 22s), altitude = 122 m. c) Geologia regional:
complexo Cerro da Árvore (xistos, arcósios, gnaisses, sedimentos quaternários do Pleistoceno. d) Material de
metandesitos e melapelitos). d) Material de origem: arcósio. origem: sedimentos de seixos rolados. e) Geomorfologia:
e) Geomorfologia: colinas dissecadas. f) Situação do perfil: terraço. f) Situação do perfil: centro de terraço. g)
topo de colina. g) Declividade: 10 %. h) Erosão: não há. i) Declividade: 0 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano. j)
Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Suscetibilidade à erosão: nula. l) Pedregosidade: 0 %. m)
Pedregosidade: 2 a 5 %. m) Rochosidade: 2 a 5 %. n) Rochosidade: 5 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o)
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: Vegetação: arbustiva. p) Descrição do perfil:
campestre – árvores nos vales. p) Descrição do perfil: (hz) (cm) (solo)
(hz) (cm) (solo) A1 0-25 Preto (2,5 YR 2/0, úmido); franco-arenosa
A 0-25 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4, muito cascalhenta; granular; não plástica;
úmido e seco); franco-arenoso muito não pegajosa, solta, solta; transição
cascalhento; granular pequena, fraca; não gradual e plana.
pegajosa, não plástica, solta, solta; A2 25-50 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/2, úmido);
transição gradual e plana. franco-arenosa muito cascalhenta granular;
Bi 25-40 Vermelho ( 2,5 YR 4/6, úmido); franco- não plástica, não pegajosa, solta, solta;
45 algilo-siltoso; blocos subangulares transição gradual e plana.
pequenos e médios, moderada ; pegajoso, Bi 50-90 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 4/4,
plástico, friável, maciço, cerosidade pouca úmido); franco-arenosa muito cascalhenta;
fraca; transição clara e quebrada. granular; não plástica, não pegajosa, solta,
C 40 Arcósio em desagregação. solta; transição gradual e plana.
45-50 2C 90-120 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido);
franco-arenosa muito cascalhenta, granular;
não plástica, não pegajosa, solta, solta.
Tabela 55. Informações do perfil Sul-35da unidade Srs. Tabela 57. Informações do perfil Sul-32 da unidade Srs.
Horizontes Horizontes
Fatores A Bi C Fatores A1 A2 Bi 2C
Espessura (cm) 0-25 25-45 45-70 Espessura (cm) 0 –25 25-50 50-90 90-120
C. orgânico (g kg-1) 21,40 13,20 7,20 C. orgânico (g kg-1) 38,10 19,20 11,60 7,90
M. O. % 3,69 2,28 1,24 M. O. % 6,57 3,31 2,00 1,36
P (mg kg-1) 3,90 5,0 0,50 P (mg kg-1) 2,70 0,30 0,40 0,80
pH (H2O) - 5,51 5,33 5,08 pH (H2O) - 5,15 4,87 4,71 4,65
pH (KCl) - 4,27 3,91 3,81 pH (KCl) - 4,05 3,83 3,79 3,75
Ca (c molc kg-1) 2,40 1,10 0,30 Ca (c molc kg-1) 2,60 1,50 0,50 0,20
Mg “ 1,80 0,80 0,20 Mg “ 1,40 0,50 0,30 0,20
K “ 0,27 0,34 0,15 K “ 0,18 0,08 0,03 0,03
Na “ 0,05 0,04 0,03 Na “ 0,01 0,02 0,02 0,02
S “ 4,52 2,28 0,68 S “ 4,19 2,10 0,85 0,45
Al “ 0,48 3,55 3,21 Al “ 0,91 4,34 5,28 4,58
H+Al “ 2,60 3,60 3,60 H+Al “ 3,80 6,50 5,30 4,70
T “ 7,12 5,88 4,28 T “ 7,99 8,60 6,15 5,15
T(arg.) “ 21 14 12 T(arg.) “ 30 22 12 10
V % 63 39 16 V % 52 24 14 09
Sat. Al “ 10 61 82 Sat. Al “ 18 67 86 91
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) 520 - - Calhaus (g kg-1) 234 542 272 256
Cascalho “ 602 21 2 Cascalho “ 306 385 330 266
Areia grossa “ 139 69 53 Areia grossa “ 101 150 95 82
Areia fina “ 147 132 201 Areia fina “ 328 273 151 168
Silte “ 368 353 389 Silte “ 309 189 235 211
Argila “ 346 446 357 Argila “ 262 388 519 539
Argila natural “ 45 194 71 Argila natural“ 11 25 21 57
Agregação % 87 57 80 Agregação % 96 94 96 89
Silte/argila - 1,06 0,79 1,08 Silte/argila - 1,80 0,49 0,45 0,39
Textura - CL C CL Textura - L SC C C
CL- franco-argilosa, C- argilosa. C – argilosa, L - franca, SC- argilo-arenosa.
64 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
serras menos acentuadas do que a unidade Sr2. saturação de bases trocáveis de 22% .
Apresentam um relevo com rochosidade marcante na
constituição das encostas quando os declives são A camada mais argilosa inferior, horizonte Bt2, pouco
baixos. Há alternâncias constantes na fisiografia das espesso, de 20cm, possui cor com predominância de
encostas tanto pela variação da rochosidade como bruno-avermelhado-escuro, textura argilosa cascalhenta,
pelas suas dimensões. No geral se constituem em fraca estrutura, de blocos subangulares médios, teor de
pequenas sub-bacias hidrográficas dos afluentes dos matéria orgânica de 1,91%, pH de 5,15, alumínio
rios principais com incisões de pequenos maciços trocável de 6,22cmolc/kg, saturação com alumínio de
rochosos alongados. 75%, de bases trocáveis de 2,09cmolc/kg, capacidade
de troca de cátions de 8,39cmolc/kg e saturação de
A cobertura vegetal atual é de campos sujos, como bases trocáveis de 25% (Tabelas 60 e 61).
uma savana, constituidos pelo pastoreio da pecuária,
ao longo do tempo, nas bordas mais aplainadas. Nas Pelo sistema taxonômico, proposto (Embrapa 1999 e
partes mais inclinadas, em vales com incisões de 2003), este solo se situa nos Argissolos Bruno-
ângulos mais agudos, restos de uma mata de porte Acinzentados Tb Alumínicos típicos que representam
médio, muito explorada, sem as espécies arbóreas mais solos antigos que evoluíram em condições de muita
valiosas, ainda cobrem as encostas. Junto às partes umidade, caraterísticas dos aluminosos.
rochosas, há mata mais densa e de pior qualidade em
termos de aproveitamento da madeira. A vegetação de Os solos que ocorrem no terço superior das colinas com
mata está situada alternadamente entre rochas e formatos mamilonares próximas do rio Camaquã com
gramíneas forrageiras nativas de pequeno porte. declives acentuados entre o planalto granítico (Sg0 e
Sg1) e as serras rochosas (unidade Sr2), representam os
Os solos que ocorrem no início das encostas são solos mais antigos dessas áreas iniciais de serras (Sul-5
semelhantes aos desenvolvidos de granitos descritos e Sul-20). Evoluíram em condições mais secas do que
nos patamares aplainados das unidades de forma de os anteriores. Apresentam na camada superior,
relevo Sg0 e Sg1, mas se diversificam ao longo das horizonte A, pouco espesso, de 15 20cm, cor com
variações graníticas como o perfil Sul- 4 que representa predominância de bruno-escuro a amarelado-escuro,
os solos desenvolvidos em encostas úmidas (Fig. 52). textura franco-arenosa, muito cascalhenta com calhaus,
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria
Estes solos estão definidos pela camada superior, orgânica de 1,33 - 3,38%, pH de 4,69 - 5,11, alumínio
horizonte A1, de 25cm, cor bruno-acinzentado muito trocável de 1,33 - 1,79 cmolc/kg, saturação com
escuro, textura franco-arenosa muito cascalhenta, alumínio de 47 - 59%, soma de bases trocáveis de 1,22
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria - 1,61 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
orgânica de 3,29%, pH de 5,30, alumínio trocável de 4,41 - 5,52 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de
0,31 cmolc/kg, saturação com alumínio de 7%, soma 22 - 37%.
de bases trocáveis de 4,03 cmolc/kg, capacidade de
troca de cátions de 7,23 cmolc/kg e saturação de bases Nesta camada há um horizonte A2, pouco espesso, de
trocáveis de 56%. 15cm, possui cor com predominância de bruno, textura
franco-argilo-arenosa, pouco cascalhenta, fraca
Nesta camada há um horizonte A2, pouco espesso, de estrutura granular e blocos subangulares médios, teor
20cm, possui cor com predominância de bruno-escuro, de matéria orgânica de 2,17%, pH de 4,61, alumínio
textura franco-argilo-arenosa, muito cascalhenta, trocável de 2,31cmolc/kg, saturação com alumínio de
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria 71%, soma de bases trocáveis de 0,97cmolc/kg,
orgânica de 3,33%, pH de 5,24, alumínio trocável de capacidade de troca de cátions de 3,77cmolc/kg e
2,62cmolc/kg, saturação com alumínio de 49%, soma saturação de bases trocáveis de 26% .
de bases trocáveis de 2,71cmolc/kg, capacidade de
troca de cátions de 8,41cmolc/kg e saturação de bases Posteriormente segue-se um horizonte Bt1, pouco
trocáveis de 32%. espesso, de 15 - 20cm, possui cor com predominância
de bruno-forte, textura argilosa a franco argilosa
A camada argilosa inferior, horizonte Bt1, de 15cm,
cascalhenta, moderada estrutura, blocos subangulares
possui cor com predominância de cinzento-escuro, médios, teor de matéria orgânica de 2,34 - 2,64%, pH
textura franco-argilosa muito cascalhenta, moderada de 4,53 - 5,10, alumínio trocável de 3,00 - 3,81
estrutura em blocos subangulares médios, teor de cmolc/kg, saturação com alumínio de 75 - 84%, soma
matéria orgânica de 3,03%, pH de 5,12, alumínio
de bases trocáveis de 0,72 - 0,98cmolc/kg, capacidade
trocável de 4,90cmolc/kg, saturação com alumínio de
de troca de cátions de 5,52 - 5,78 cmolc/kg e
71%, soma de bases trocáveis de 1,98cmolc/kg,
saturação de bases trocáveis de 13 - 17%.
capacidade de troca de cátions de 8,88cmolc/kg e
66 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
Na sua parte inferior, horizonte Bt2, pouco espesso, de cátions de 5,47 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
20cm, possui cor com predominância de bruno-forte a de 51%.
amarelado, textura argilosa pouco cascalhenta,
moderada estrutura em blocos subangulares médios, Após a esta camada há um horizonte AC, pouco
teor de matéria orgânica de 1,79 - 2,09%, pH de 4,55 espesso, de 20cm, cor com predominância de bruno-
- 5,00, alumínio trocável de 3,27 - 3,98 cmolc/kg, escuro, textura muito cascalhenta, estrutura maciça e
saturação com alumínio de 80 - 91%, soma de bases grãos simples, teor de matéria orgânica de 4,30%, pH
trocáveis de 0,45 - 0,83 cmolc/kg, média capacidade de de 5,61, alumínio trocável de 1,16 cmolc/kg, saturação
troca de cátions de 4,45 - 4,93 cmolc/kg e saturação com alumínio de 30%, soma de bases trocáveis de 3,38
de bases trocáveis de 10 - 17%. cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,13
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 62%.
A camada inferior, horizonte BC, pouco espesso, de
30cm, possui cor bruno, textura franco-argilosa, pouco Nesta camada segue-se um horizonte C, pouco espesso,
cascalhenta, fraca estrutura em blocos subangulares de 10cm, possui cor com predominância de vermelho-
médios, teor de matéria orgânica de 1,55%, pH de amarelado, textura franco-arenosa muito cascalhenta,
4,62, alumínio trocável de 3,69 cmolc/kg, saturação fraca estrutura de grãos simples, granular, teor de
matéria orgânica de 0,14%, pH de 5,75, alumínio
com alumínio de 89, soma de bases trocáveis de 0,46
trocável de 0,53 cmolc/kg, saturação com alumínio de
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,96
18%, soma de bases trocáveis de 4,01 cmolc/kg,
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 23%.
capacidade de troca de cátions de 5,21 cmolc/kg e
O horizonte C, pouco espesso, de 45cm, possui cor saturação de bases trocáveis de 77% (Tabelas 66 e
vermelho, textura franco-argilarenosa, pouco 67).
cascalhenta, fraca estrutura em blocos subangulares Os solos rasos de alternâncias entre superfícies
médios, teor de matéria orgânica de 0,95, pH de 4,97, rochosas e vales, que constituem contrastes com perfis
alumínio trocável de 3,27cmolc/kg, saturação com muito distintos entre cada vale, são Neossolos
alumínio de 84%, soma de bases trocáveis de 0,64 Regolíticos Eutróficos húmicos. Ocorrem nos terços
cmolc/kg, baixa capacidade de troca de cátions de 4,04 superiores das encostas onde afloram os complexos
cmolc/kg e média a baixa saturação de bases trocáveis graníticos.
de 16% (Tabelas 62 e 65).
Quanto ao uso agrícola, essas terras têm sido usadas
Embora distintos por condições climáticas diversas, os como pecuária ao longo do tempo onde a criação de
solos conservam parâmetros analíticos semelhantes no ovelhas é predominante.
complexo de troca aos que mais ocorrem na região. Pertencem a classe VI-se de capacidade de uso que são
São denominados de Argissolos Vermelho-Amarelos próprias as pastagens melhoradas ou até mesmo
Distrófico típicos. cultivadas. As partes mais íngremes comportam cultivos
mais específicos de florestamento.
Os solos mais rasos que ocorrem nos complexos
graníticos de granulometria mais grosseira como o Dom
Feliciano são muitos cascalhentos e pouco evoluídos
como o perfil Sul-15 (Fig. 53 e 54). Esses solos
possuem na camada superior, horizonte A1, de 30cm,
cor com predominância de bruno-escuro, textura
franco-arenosa, muito cascalhenta, fraca estrutura
granular e grãos simples, teor de matéria orgânica de
3,57%, pH de 5,30, alumínio trocável de 0,87
cmolc/kg, saturação com alumínio de 30%, soma de
bases trocáveis de 2,94 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,64 cmolc/kg e saturação de bases
trocáveis de 52% .
Os solos são muito rasos entre os afloramentos de Na camada inferior, há um horizonte C, espesso, de
granitos. Em grande parte estão cobertos por 65cm, cor com predominância de bruno-avermelhado-
sedimentos coluviais e restos de granitos que rolam nas claro, textura argilosa muito cascalhenta, estrutura
encostas (Fig. 57 e 58). Nas superfícies roliças, a partir maciça e grãos simples, teor de matéria orgânica de
da meia encosta, se encontram solos rasos 2,83%, pH de 4,86, alto alumínio trocável de 3,92
desenvolvidos de granitos grosseiros como o perfil Sul- cmolc/kg, saturação com alumínio de 80%, soma de
26. Este solo apresenta na camada superior, horizonte bases trocáveis de 0,98 cmolc/kg, média a alta
A1, de 30cm, cor com predominância de cinzento- capacidade de troca de cátions de 5,58 cmolc/kg e
escuro, textura franco-arenosa muito cascalhenta, baixa saturação de bases trocáveis de 18% (Tabelas 70
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria e 71).
orgânica de 1,98%, pH de 5,01, alumínio trocável de
1,27 cmolc/kg, saturação com alumínio de 36%, soma Entre esses solos rasos, alguns desenvolveram um
de bases trocáveis de 2,27 cmolc/kg, capacidade de horizonte de acumulação de argila, que os diferencia
troca de cátions de 4,46 cmolc/kg e saturação de bases dos anteriores, como o perfil Sul-10, o qual apresenta
trocáveis de 51%. uma camada superior, horizonte A, de 25cm, cor com
predominância de bruno-muito escuro, textura franco-
A camada inferior, horizonte A2, de 20cm, possui cor arenosa cascalhenta, estrutura granular e grãos simples,
com predominância de cinzento-escuro, textura franco- teor de matéria orgânica de 4,19%, pH de 5,04,
arenosa cascalhenta, estrutura granular e grãos alumínio trocável de 1,21cmolc/kg, saturação com
simples, teor de matéria orgânica de 1,79%, pH de alumínio de 33%, soma de bases trocáveis de
4,96, alumínio trocável de 2,95 cmolc/kg, saturação 2,51cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,11
com alumínio de 51%, soma de bases trocáveis de cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 41%.
2,81 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,21
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 45%. A camada inferior, horizonte Bi, pouco espesso, de
25cm, possui cor com predominância de bruno-muito
A camada seguinte, horizonte C, pouco espesso, de escuro, textura argilosa muito cascalhenta, estrutura
10cm, possui cor com predominância de bruno- blocos subangulares e grãos simples, teor de matéria
amarelado, textura franco-arenosa cascalhenta, orgânica de 2,28%, pH de 4,79, alumínio trocável de
estrutura de grãos simples, teor de matéria orgânica de 3,19 cmolc/kg, saturação com alumínio de 65%, soma
0,62%, pH de 4,88, alumínio trocável de 3,32 de bases trocáveis de 1,69 cmolc/kg, capacidade de
cmolc/kg, saturação com alumínio de 62%, soma de troca de cátions de 6,39 cmolc/kg e saturação de bases
bases trocáveis de 2,02 cmolc/kg, capacidade de troca trocáveis de 26% (Tabelas 72 e 73).
de cátions de 6,12cmolc/kg e saturação de bases
trocáveis de 33% (Tabelas 68 e 69). Os solos mais rasos têm sido classificados pelo sistema
proposto por Embrapa (1999), com alterações em
Outros solos rasos com depósitos coluviais se Embrapa (2003), como Neossolos Litólicos Distróficos e
apresentam com maiores teores de resíduos orgânicos Húmicos geralmente típicos ou lépticos e outros como
como o perfil Sul-2 que apresenta uma camada Neossolos Regolíticos Húmicos típicos ou lépticos por
superior, horizonte A1, de 25cm, cor com apresentarem estratos residuais pouco intemperizados e
predominância de bruno muito escuro, textura franco- espessos sobre a rocha matriz. As variações se
arenosa muito cascalhenta, estrutura granular e grãos verificam entre a natureza e existência de adições
simples, teor de matéria orgânica de 6,48%, pH de coluviais. Os mais rasos, não coluviais, contêm menos
5,30, alumínio trocável de 0,55 cmolc/kg, saturação teores de compostos orgânicos. Alguns com
com alumínio de 12%, soma de bases trocáveis de acumulações incipientes de argilas na camada inferior
4,21 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,91 têm sido situados como Cambissolos Húmicos
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 53%. Distróficos lépticos.
A camada superior, horizonte A2, de 30cm, possui cor As serras têm sido o último refúgio de animais silvestres
e de algumas espécies de árvores nativas. Quanto ao
com predominância de bruno, textura franco-argilosa
uso agrícola contata-se que as pequenas roças de
muito cascalhenta, estrutura granular e grãos simples,
subsistência têm, ao longo dos anos, tornado raras as
teor de matéria orgânica de 4,00%, pH de 4,90,
espécies de árvores de grande porte.
alumínio trocável de 2,01 cmolc/kg, saturação com
alumínio de 50%, soma de bases trocáveis de 2,03
Hoje a silvicultura tem alcançado parte das bordas
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,33
dessas serras e penetrado nas partes mais acessíveis.
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 28%.
Está substituindo a pecuária familiar local. As terras,
salvo criação esporádica de ovelhas nas suas áreas já
72 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
Tabela 68. Informações do perfil Sul - 26 da unidade Sr2. Tabela 70. Informações do perfil Sul-2 da unidade Sr2 .
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico a) Classificação: NEOSSOLO Regolítico Húmico típico; Soil
(léptico); Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: Taxonomy: Lithic Haplumbrept. b) Localização: coordenadas
coordenadas E = 350.818; N = 6.588.915 km (Fuso 22s), E = 347.003; N 6.585.798 km (Fuso 22s), altitude = 341
altitude = 184 m. c) Geologia regional: granitos de m. c) Geologia regional: granitos do complexo Canguçu-
formação Dom Feliciano. d) Material de origem: granitos Cerro frio. d) Material de origem: granitos de granulometria
com granulometria grosseira. e) Geomorfologia: serras grosseira. e) Geomorfologia: planalto granítico. f) Situação
rochosas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: do perfil: topo do planalto. g) Declividade: 2 - 10 %. h)
25 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondulado. j) Erosão: não há. i) Relevo: aplainado, com encostas
Suscetibilidade à erosão: muito forte. l) Pedregosidade: abauladas em colinas mamilonares. j) Suscetibilidade à
muito pedregoso. m) Rochosidade: muito rochoso 10-20 %. erosão: nos topos, ligeira, nas encostas, muito forte. l)
n) Drenabilidade: fortemente drenado. o) Vegetação: Pedregosidade: 10 - 20 %. m) Rochosidade: 60 %. n)
mata/serrana. p) Descrição do perfil: Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: mata
(hz) (cm) (solo) com vegetação arbustiva. p) Descrição do perfil:
A1 0-30 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido), bruno- (hz) (cm) (solo)
acinzentado-escuro (10 YR 4/2, seco); A1 0-25 Bruno-muito escuro ( 10 YR 2/2, úmido);
franco-arenosa muito cascalhenta; granular granular média a pequena, moderada;
pequena, fraca; lig. pegajosa, não plástica, franco-arenosa cascalhenta; lig. pegajosa,
muito friável; transição gradual e plana. lig. plástica, muito friável; transição
A2 30-50 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido e seco); gradual e plana.
bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, A2 25-55 Bruno ( 10 YR 4/3, úmido); granular
seco); franco-arenosa muito cascalhenta; média e blocos subangulares médios,
granular pequena, fraca; não pegajosa, não fraca; franco-arenosa cascalhenta; lig.
plástica, muito friável; transição gradual e pegajosa, lig. plástica, muito friável;
plana. transição clara e ondulada.
AC 50-60 Bruno-amarelado (10 YR 5/4, úmido e C 55-120 Bruno-avermelhado-escuro ( 2,5 YR 4/4 );
seco); franca a franco-arenosa; granito em desagregação.
Tabela 69. Resultados das análises do perfil Sul-26 da Tabela 71. Resultados das análises do perfil Sul-2 da unidade
unidade Sr2. Sr2.
Horizontes Horizontes
Fatores A1 A2 C Fatores A1 A2 C
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-60 Espessura (cm) 0-25 25-55 55-120
C. orgânico (g kg-1) 11,50 10,40 3,60 C. orgânico (g kg-1) 37,60 23,20 16,40
M. O. % 1,98 1,79 0,62 M. O. % 6,48 4,00 2,83
P (mg kg-1) 1,70 1,90 2,30 P (mg kg-1) 0,90 0,50 1,40
pH (H2O) - 5,01 4,96 4,88 pH (H2O) - 5,30 4,90 4,86
pH (KCl) - 3,80 3,70 3,63 pH (KCl) - 4,13 3,73 3,69
Ca (cmolc kg-1) 1,50 1,70 0,90 Ca (cmolc kg-1) 2,40 0,80 0,20
Mg “ 0,60 0,90 0,80 Mg “ 1,50 0,90 0,50
K “ 0,09 0,14 0,21 K “ 0,27 0,29 0,22
Na “ 0,07 0,07 0,11 Na “ 0,04 0,04 0,06
S “ 2,26 2,81 2,02 S “ 4,21 2,03 0,98
Al “ 1,27 2,95 3,32 Al “ 0,55 2,01 3,92
H+Al “ 2,20 3,40 4,10 H+Al “ 3,70 5,30 4,60
T “ 4,46 6,21 6,12 T “ 7,91 7,33 5,58
T(arg.) “ 33 30 50 T(arg.) “ 33 24 12
V % 51 45 33 V % 53 28 18
Sat. Al “ 36 51 62 Sat. Al “ 12 50 80
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - -
Calhaus (g kg-1) - - - Calhaus (g kg-1) - 10 20
Cascalho “ 494 401 418 Cascalho “ 353 502 345
Areia grossa “ 363 263 469 Areia grossa “ 294 274 254
Areia fina “ 280 247 204 Areia fina “ 210 178 115
Silte “ 222 285 205 Silte “ 253 242 165
Argila “ 135 205 122 Argila “ 243 306 466
Argila natural “ 13 36 26 Argila natural “ 18 23 32
Agregação % 90 82 79 Agregação % 93 92 93
Silte/argila - 1,64 1,39 1,68 Silte/argila - 1,04 0,79 0,35
Textura - SL SCL SL Textura - SCL CL C
SL- franco-arenosa, SCL- franco-argilo-arenosa. C- argilosa, CL- franco-argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa.
74 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
fraturas e falhas, muitas vezes ainda cobertas por nas partes superiores dos vales, matacões isolados
esparsas e finas camadas sedimentares já entre as superfícies de solos de textura fina, sem os
intemperizadas. A incompleta remoção de entulhos resíduos grosseiros dos efeitos da decomposição e
sedimentares antigos e a fragmentação das rochas desagregação (cascalho, calhaus e pedras).
deixam as superfícies, muitas vezes diversificadas com
morrotes isolados ou unidos em pequenos segmentos O conjunto das rochas, que formam o relevo, evoluindo
longitudinais nesse aplainamento da fisiografia regional. em agrupamentos heterogêneos, ao longo do tempo,
constituíram formas que se moldam muito
Constata-se que constituir um padrão de resíduos particularmente em serras, terras altas rochosas, terras
superficiais homogêneos intemperizados, em uma altas, terras altas aplainadas e planícies.
conjuntura de rochas graníticas duras, silicosas e
heterogêneas, muito alteradas por ações metamórficas Procurando uma base para o entendimento de como a
de baixa intensidade, além da variabilidade temporal da variabilidade, de solos rasos e pouco profundos se
exposição gradativa dessas superfícies, não é a distribuiu nas superfícies, Costa Lemos, em Brasil
tendência natural dessas formas de relevo, que se (1973), determinou uma toposseqüência lógica para a
sucedem, nesse planalto. Além disso, manter estes variação de solos da Serra do Sudeste, onde os
sedimentos residuais intemperizados, evoluídos no afloramentos rochosos se iniciam nas partes agudas e
tempo, em amplas superfícies conservadas, também altas do relevo, seguidos de solos litólicos. Ao longo do
não tem sido um fator comum. Isso se verifica, até início da encosta, são caraterizados solos rasos e
mesmo nos divisores das sub-bacias hidrográficas, onde pouco férteis e a partir das meias encostas,
raramente há solos profundos. predominam solos poucos profundos e férteis.
Conforme Penteado (1980), a elaboração do relevo nas O solo, como produto natural dos componentes
rochas cristalinas está diretamente relacionada com a residuais, produzidos pela intemperização das camadas
dureza da rocha. Os graus de coesão, além da natureza superficiais das rochas ao longo do tempo, teria uma
da cimentação entre os grãos, são dependentes da maior uniformidade relativa à medida que os fatores
porosidade e das dimensões granulométricas. Nas climáticos e temporais, que são marcantes na sua
rochas mais duras, heterogêneas e diaclasadas evolução, pouco ativassem os elementos que
(fissuradas) no modelamento das superfícies, pelos contribuem para acelerar a dinâmica responsável pelos
efeitos erosivos, há predominância da erosão linear processos erosivos.
(remoção dos sedimentos desagregados com o Na amplitude de variabilidade de solos, que ocorrem
estabelecimento progressivo de sulcos). As rochas nesse planalto de rochas graníticas, observa-se que há
coerentes resistem mais aos processos areolares quatro fatores marcantes:
(descamação). O cavamento vertical é mais atuante. A
incisão dos talvegues é mais acentuada do que a a) processo de laterização parcial antigo (Terciário) que
evolução das vertentes. Além disso, em regiões atingiu toda região e ainda permanece muito evidente
temperadas, verifica-se a conservação dos relevos nos restos de superfícies sedimentares aplainadas,
antigos com acentuada formação convexa, menos atingidas pelos processos erosivos do clima
predominância dos estratos quartzosos, nas fraturas ou quaternário posterior (coxilhas e platôs);
na própria variação da rocha, para estratos mais
silicosos. As bases de deposições sedimentares b) constituição de solos no clima quaternário com
geralmente são arenosas e têm concavidades horizontes argílicos invertendo completamente a
depressivas. A rede de drenagem é muito ramificada, tendência anterior. Nota-se a formação de caraterísticas
em virtude da dureza das rochas. Onde as rochas são de atributos próprios de horizontes argílicos (eluviação,
mais permeáveis a rede se inicia por vertentes estrutura, grau de cerosidade, em horizontes
depressivas e úmidas, com pequenas nascentes ao anteriormente já muito intemperizados);
longo das encostas.
c) caraterização de desagregação e decomposição das
As rochas não compactadas (mais moles) permitem um argilas mais complexas até ao nível das caulinitas em
aplainamento nas nascentes, pois há maior produção de todos os horizontes inferiores;
sedimentos, com um relevo que se abranda ao longo do
d) remoção das bases trocáveis do horizonte Bt.
tempo. O grau de permeabilidade, que depende da
comunicabilidade entre os poros da rocha, falhas e Com isso, particularizando a complexidade regional do
fissuras, nivela as alternâncias de umidade. planalto, se observa que os solos vermelhos, mais
antigos, que ocasionalmente se encontram, no norte e
Localmente nos complexos graníticos, os vales se
leste, em pequenas superfícies conservadas,
estendem com relativamente baixos declives e longas
possivelmente sedimentares, registram um período mais
encostas. Apresentam-se somente encaixados e
drástico em relação ao clima (quente e úmido).
estreitos próximos às bordas do planalto. Formam-se,
76 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
nas três séries de solos. Os resultados apresentados Na taxonomia atual (Embrapa 1999 e 2003) estes solos
por Moraes (1975) sugerem condições semelhantes nas estão situados como Neossolos nas regiões serranas.
formações dos Podzólicos, salvo o tempo de exposição Muitos situados sobre rochas duras são denominados
da superfície ao intemperismo. A série que representa o de Litólicos por serem rasos e não apresentarem um
Glei Húmico corresponderia possivelmente a uma horizonte C espesso, já parcialmente decomposto e em
formação sedimentar recente proveniente da erosão de desagregação, que são os Regolíticos. Alguns solos
camadas superficiais das séries de solos antigos locais. ainda relacionados a existência de mata, são Húmicos ,
outros relacionados as savanas e rochas ácidas
Os resultados gerais encontrados na região evidenciam (silicosas e pobres em elementos como cálcio,
que o clima úmido entretanto foi muito regional, pois ao manganês, potássio etc.) são Distróficos. Muitos
sul, a partir de pouco além do rio Camaquã, os solos, subgrupos estão relacionados à espessura e aos
mesmo antigos do planalto granítico, apresentam ainda resíduos grosseiros. Poucos solos estabelecem perfis
acúmulos de bases trocáveis no horizonte Bt o que se pouco profundos que caraterizam Cambissolos e
acentua mais para a região Sul. Argissolos. Geralmente são do grande grupo dos
Na verdade, a medida que as superfícies se Distróficos e subgrupos dos lépticos.
transformam, particularizando-se em segmentos, os
Nas terras altas e coxilhas que são mais aplainadas
resíduos tomam rumos diferentes no processo evolutivo
predominam os Argissolos que variam de Vermelho-
direcionado por suas transformações e pelas condições
Amarelo a Bruno-Acinzentado. Geralmente são Tb
externas. Assim sendo torna-se difícil compor uma
Alumínico ou raramente Distrófico. Vários subgrupos
taxonomia paralela que situe as transgressões e
estão relacionados. São solos essencialmente
regressões evidenciando os fatores do intemperismo.
cauliníticos. Nas planícies, Planossolos Háplicos e
No caso, mesmo a taxonomia atual “Soil Taxonomy”
Gleissolos Melânicos são dominantes, muitos são
com a concepção de evidenciar uma direção evolutiva,
Eutróficos. Os subgrupos com maiores ocorrências são
na abrangência das inter-relações entre Inceptissolos e
arênico e gleico (Tabela 74).
Ultissolos, não se
mostra suficiente e parece muitas vezes conflitante
para definir solos desde incipientes, remodelados,
antigos e transicionais.
78 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
Tabela 74 – Formas de relevo, solos, aptidão agrícola, capacidade de uso das terras e áreas (km2 ) do município de Encruzilhada do Sul.
Formas de relevo Solos Área
a) Terras baixas Legenda Classes km2 %
e aplainadas Ordem Subordem Grande-grupo Subgrupo
Pb RUbd NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico gleico. 43,42 1,26
PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico gleico.
Pa SXe PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico arênico. 29,36 0,85
GLEISSOLO MELÂNICO Eutrófico típico.
L SXd PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico arênico. 35,34 1,03
NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico esquelético.
b) Coxilhas
C1 PVba ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abruptico. 297,29 8,63
ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abruptico.
C2 PVe ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abruptico. 73,46 2,13
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico léptico.
c) Terras altas
Sg0 PVAba1 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abruptico. 775,58 22,52
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abruptico.
Sg1 PVAba2 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abruptico. 255,87 7,43
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico vértico.
Sa RLd0 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico húmico. 202,76 5,89
ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abruptico.
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 CHa CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico saprolítico (léptico). 245,22 7,12
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico típico.
Srf RLh NEOSSOLO LITÓLICO Húmico léptico. 202,24 5,87
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico húmico.
Srg RLd1 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico léptico. 176,33 5,12
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico léptico.
e) Serras rochosas
Srs RRg NEOSSOLO REGOLITICO Psamítico léptico. 326,85 9,49
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico.
Sra PVd ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico. 67,66 1,96
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico léptico.
Sr1 PBACba ARGISSOLO BRUNO-ACINZENTADO Tb Alumínico abruptico. 209,07 6,07
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico léptico.
Sr2 RLd2 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico . 503,03 14,61
NEOSSOLO REGOLITICO Húmico léptico.
Uso da terra que eram comuns em todo o País, por quase meio
século, envolveram, nas áreas agrícolas, uma grande
fonte de recursos, no que se refere à pesquisa e na
A forma como a terra tem sido usada, ao longo do
adição de insumos necessários à correção dos solos.
tempo, tem marcado historicamente as gerações
passadas. No RS, a pecuária não deixou marcas nos As pesquisas, até 1990, tinham como prioridade a
solos, pois os cultivos que a acompanhavam eram contenção dos processos erosivos e a correção dos
insignificantes e localizados apenas para a subsistência, solos com respeito a reposição de nutrientes (fósforo) e
onde a carne era quase somente o alimento básico. No controle da acidez (calcário). Nesse período, muito se
município de Encruzilhada do Sul, não houve períodos estudou sobre os atributos desses solos locais. Muitos
críticos e marcantes na estrutura econômica e social. A parâmetros físicos e químicos foram determinados,
fragmentação das grandes fazendas por uma sucessão principalmente os que avaliaram as variações entre o
natural aconteceu concomitantemente com a tentativa solo sem tratamento e o submetido ao uso agrícola
ocasional de mineração. O estabelecimento de um contínuo.
modelo de pecuária extensiva substituído por uma
pecuária familiar parece ter atingido os limites de A partir da década de 90, as pesquisas continuaram em
saturação, com o início de um processo produtivo relação às degradações físicas condicionadas pelo uso.
acentuado de silvicultura e a plantação de pomares. A Foram além, expandiram-se na procura de manejos
moderna colonização, ou seja, a reforma agrária atual, adequados para a nova dinâmica de plantio direto, que
mais assistida pelo governo, que se parece a antiga controlava cerca de 90% da erosão, mas não se
colonização da terra em pequenas propriedades, onde a apresentava como um manejo definitivo. Entretanto,
agricultura se torna a fonte básica de subsistência, traz deve-se acentuar que o controle quase efetivo do
os problemas conseqüentes do uso intensivo: a erosão processo erosivo, por técnicas de plantio direto, trouxe
e a perda gradativa da fertilidade. Estes dois fatores, uma tranqüilidade aos agricultores e aos que buscavam
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 79
soluções, ou seja, a pesquisa aliada a um sistema de inicialmente pela qualidade das terras, usando-se como
apoio de órgãos de extensão muito atuantes. As referência os aspectos limitantes propostos pelo sistema
técnicas, agora em vigor, estão, de certa forma, de capacidade de uso das terras para as formas de
estabilizando as atividades no campo, mesmo com uma relevo e solos descritos. As limitações em suas
degradação física pouco aparente das terras. O aspecto variabilidades propostas seriam referentes a
que situou as lavouras até as áreas de alto risco, suscetibilidade a erosão, deficiência de drenagem,
contribuiu para um aumento de produção, que está no fatores adversos do solo e do clima.
limite possível, pela expansão das áreas agrícolas. O
controle dos efeitos erosivos ainda vigentes, que é uma As limitações encontradas nas formas de relevo
busca contínua da pesquisa, atualmente está muito propostas levam a se concluir pelas classes de uso das
relacionado às coberturas vegetais nos intervalos entre terras conforme as Tabelas 75 e 76.
as culturas produtoras de grãos. O manejo, com
culturas de cobertura, objetiva, além de servir de Os fatores econômicos que controlam as correções,
adições de resíduos orgânicos, que subsidiam as muitas possíveis atualmente (herbicidas, calcários e
culturas posteriores, recuperar parte das estruturas e fosfatos) além da relações solo-água, seriam um
porosidade do solo e obter a redução do adensamento caminho para uma classificação mais moderna.
das camadas inferiores do solo, através de sistemas
radiculares profundos (Fontaneli et al., 1997). No caso regional, ao se separar as classes, propõe-se
que as terras mais favoráveis a uma agricultura
Entretanto, a estabilidade do modelo produtivo atual, desenvolvida de produção de grãos estejam situadas nas
baseado em insumos da indústria química, é posta em formas de relevo das terras baixas aplainadas (Pa e L),
dúvida, com a hipótese de que não haverá coxilhas (C1) e terras altas (Sg0 e Sg1). As coxilhas e
sustentabilidade com base majoritária em produtos da terras altas estariam mais sujeitas a serem erodidas,
agroindústria química. As primeiras interrogações pelo uso indevido, do que as partes aplainadas, se não
lógicas pressupõem alterações e mudanças no cultivadas pelo sistema que utiliza o plantio direto. A
ecossistema, onde a água vai ser a primeira atingida. O suscetibilidade à erosão nas terras altas aplainadas,
solo, por sua pouca espessura e média capacidade de embora menor, também é um fator de risco.
adsorsão, certamente não irá apresentar sintomas de
mudanças para a geração atual, salvo a degradação Com os resultados alcançados, antes da disponibilidade
física (compactação) que, desde o início da de uma nova taxonomia, que trate do uso da terra, está
mecanização agrícola, já pôde ser constatada. se propondo esta sistemática existente, que ainda serve
para caraterizar a potencialidade agrícola da região.
A agricultura do futuro não se prenderá somente à
adição de produtos, como atualmente está ocorrendo.
Entretanto, com o objetivo de caraterizar as terras, em
A água deverá ter uso incrementado, sempre que
um país onde há agricultores de todas as classes sociais
disponível, e sua relação com o solo deverá ser melhor
e as tecnologias empregadas na agricultura se estendem
estudada, já que a deficiência atual nas culturas de
desde primárias até muito desenvolvidas, Ramalho Filho
verão é marcante, com perdas anuais variáveis. Além
& Beek (1978) propuseram o Sistema de Aptidão
do que, a água será veículo de adição de nutrientes e,
Agrícola.
conseqüentemente, fonte de contaminação do solo.
Similar ao sistema anterior, os grupos propostos visam
Associações de plantas e manejo de culturas, em
qualificar as terras em função das deficiências ao uso
relação às posições do relevo, certamente deverão ser
agrícola (Tabela 75). O peso da suscetibilidade à erosão,
analisadas para novas espécies, quando as
atenuado de certa forma, torna o sistema menos
modificações da economia tornarem viáveis as culturas
diferenciado entre os grupos. Cabe acentuar que esse
atuais.
sistema foi proposto, na metade do século passado,
para um Brasil predominantemente subdesenvolvido e
Para um planejamento de fatores, que irão controlar os
com regiões muito diversificadas em termos de práticas
meios para um desenvolvimento agrícola organizado,
agrícolas. Neste caso, o sistema proposto prevê três
tem sido propostas ordenações na qualidade das terras
usuários, com distintos níveis de manejo (primitivo,
em geral. Em locais de um Brasil já desenvolvido, no
pouco desenvolvido e desenvolvido). Quando proposto
sistema agrícola, a classificação de capacidade de uso
para uma região muito desenvolvida, no campo agrícola,
da terra deixou de ser somente um caminho para o uso
os mapas de uso das terras praticamente se confundem
posterior, e atua mais como uma indicação da
com o Sistema de Capacidade de Uso. Com isso, pelo
potencialidade de onde e como as terras estão sendo
sistema proposto, as terras podem ser classificadas
usadas.
conforme as Tabelas 75 e 77.
Assim, constata-se que em Encruzilhada do Sul, o
campo agrícola potencialmente pode ser definido
80 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
Tabela 75. Unidades de formas relevo e limitações do solo referentes à suscetibilidade à erosão, falta e excesso de água e
emprego de mecanização e classes de aptidão agrícola e capacidade de uso das terras.
Unidades Limitações das Terras Classes
Formas de Fertilidade* -H20 **(déficit) +H20 (drenagem) Erosão Mecanização Apt. agrícola Cap. de uso
relevo
a) Terras baixas e aplainadas
Pb N N F N L 2a(b) Vd (IIsd)
Pa L L M N N 1aBC IIsd
L L L L L N 1abC IIsd
b) Coxilhas
C1 L L/M N M N 1abC IIIse-1
C2 L L/M N F M 2a(b) VIse-2
c) Terras altas aplainadas
Sg0 L L/M N L L 1ABC IIIse-2
Sg1 L L/M N M L/M 1Abc IIIse-3
Sa M L/M N M L/M 2ab(c) VIse-1
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 M M/F N F MF 5s(n) VIIse-1
Srf M MF N L/M MF 5s(n) VIIIse-1
Srg L M N M F 4p VIIse-4
e) Serras rochosas
Srs M M N M MF 5s(n) VIIse-2
Sra L L N M F 4p VIIse-3
Sr1 L/M L N M/F M 4p VIse-3
Sr2 L/M M N MF MF 5(s) VIIIse-2
*Limitações relativas à aptidão agrícola: N-nula; L-ligeira; M-moderada; F-forte; MF-muito forte
**O grau de limitações segue os conceitos gerais de Ramalho Filho & Beek, 1995. Entretanto, foram estabelecidos para definir
toda a variabilidade de déficit hídrico das distintas regiões do País. No caso, são muito amplos e não caraterizam com maior rigor
as estiagens de verão locais, que limitam a produtividade.
No sistema de capacidade de uso, as terras foram distribuídas nas unidades de formas de relevo como se segue
na (Tabela 76).
Tabela 76. Formas de relevo e classes e limitações de capacidade de uso das terras
Unidades classes Limitações
a) Terras baixas e aplainadas
Pb Vd (IIsd) Terras alagáveis ocasionalmente. Caso sejam evitadas as inundações por barragens seriam próprias a
cultivos.
Pa IIsd Terras próprias a cultivos anuais com limitações de solos e drenagem interna.
L IIsd II
b) Coxilhas
C1 IIIse-1 Terras próprias a cultivos anuais com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa fertilidade.
C2 Vlse-2 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
c) Terras altas aplainadas
Sg0 lllse-2 Terras próprias a cultivos anuais com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa fertilidade.
Sg1 IIIse-3 II
Sa VIse-1 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 VIIse-1 Terras próprias a silvicultura com limitações pela alta suscetibilidade a erosão e solos rasos cascalhentos.
Srf VIIIse-1 Terras impróprias ao uso agrícola por limitações de solos e alta suscetibilidade a erosão.
Srg VIIse-4 Terras próprias a silvicultura com limitações pela alta suscetibilidade a erosão e solos rasos cascalhentos.
e) Serras rochosas
Srs VIIse-2 II
Sra VIIse-3 II
Sr1 VIse-3 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
Sr2 VIIIse-2 Terras impróprias ao uso agrícola por limitações de solos e suscetibilidade a erosão.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 81
Cabe salientar que os modelos propostos de nove séries de solos e quatro associações desses solos
classificação não produzem "unidades de classes" com rochas. Concluiu que somente 60% da área era
essencialmente equivalentes. O que pode levar a que se aproveitável para cultivos anuais. Na região do Planalto,
tenham erros ao se estabelecer equivalência entre no máximo, haveria duas séries de solos nestas
unidades de capacidade de uso em locais diferentes. As dimensões e a totalidade da área seria de uso agrícola.
terras do Planalto Sul-Rio-Grandense de classe- lllse dos
municípios de Chiapeta e Santo Augusto não são Conclusões
equivalentes às terras da classe- lllse de Encruzilhada
do Sul. As terras do Planalto Sul-Rio-Grandense O estudo de solos do município de Encruzilhada do Sul,
desenvolvidas de basalto alcalino possuem solos em nível de reconhecimento, situado na parte noroeste
férteis, profundos, muito permeáveis e são contínuos do Planalto Sul-Rio-Grandense, carateriza um planalto
em seus atributos. Estão situadas nesta classe- lllse central rebaixado em fase de desgaste acentuado pelos
pelas condições de suscetibilidade a erosão. processos erosivos naturais compondo bordas
Praticamente toda a superfície pode ser aproveitada fortemente dissecadas na periferia que acentuam
nas glebas. Não há quebra de lisura do relevo em caraterísticas de serras. Limitado nas bordas do
função das alternâncias na sua constituição, até município, está constituído superficialmente, na parte
mesmo o grau de umidade disponível nas posições das central menos erodida, por um relevo suave ondulado,
encostas são comparáveis. Não há surgimento de áreas devido à individualização gradativa de elevações que
úmidas ocasionais e alternâncias de solos nas posições
marcaram os divisores de água no centro desse
do relevo. Não há rochas nem pedras aflorando no
planalto. As sub-bacias lisas, com amplas encostas são
relevo.
segmentadas parcialmente por depressões, em forma de
espinha de peixe, com formas de vales que constituem
Nas terras do Escudo Cristalino Sul-Rio-Grandense um sistema de drenagem antigo e raso. Ocasionalmente
desenvolvidas de rochas graníticas, metamórficas e ocorrem cerros, suturas de blocos geológicos e linhas
sedimentos, a variabilidade de solos se multiplica à de falhamento que tornam o relevo áspero. Onde os
medida que rochas se metamorfizam no tempo. Nesse processos erosivos são mais atuantes, nas bordas do
universo diversificado de solos, Cecílio, 1973, em uma planalto, o relevo tem uma conotação de serras
área aplainada (divisor de águas de sub-bacias) de escarpadas. As formas sedimentares antigas mais
terras da classe- lllse da unidade Sg0 conseguiu, em dissecadas situadas em nível inferior que margeiam as
área experimental de menos do que 400 ha, separar bordas planalto formam um relevo ondulado,
82 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS
aparentando as coxilhas do Sul. Suas chapadas As áreas indicadas para atividades com silvicultura,
estreitas adquirem formas arqueadas, alongadas e pelas restrições de uso com cultivos (classes VIIse-1,
roliças. Os vales entre estas formas de relevo são VIIse-2 e VIIse-3), se distribuem em 23,64% do total.
estreitos e profundos.
As superfícies muito rochosas e escarpadas não têm
A vegetação, outrora de galeria nos arroios, era parte uma recomendação de uso. Entretanto, os produtores
de uma região de Savana Parque, IBGE (1986), que têm usado essas terras em pastoreio e pequenas roças
hoje está completamente modificada com alguma mata (classes VIIIse-1 e VIIIse-2). Somam 20,48%. As terras
de galeria restante e as terras estão cobertas por planas de várzeas, próprias a culturas irrigadas,
campos com invasoras arbustivas onde outrora havia (classes Vd e IIsd) umas com limitações de drenagem,
cultivos anuais de verão e inverno, ocupados por outras com alagamentos, totalizam apenas 3,14%.
culturas com predominância de milho, soja e trigo.
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Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Walkyria Bueno Scivittaro
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Revisão de texto: Sadi Macedo Sapper
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