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3 Solo Encruzilhada Embrapa

O estudo analisa os solos do município de Encruzilhada do Sul, RS, destacando sua formação sobre rochas graníticas e características de relevo que favorecem a agricultura. A vegetação local, predominantemente de savana, tem sido alterada por práticas agrícolas, com ênfase em culturas como soja e milho. O documento também discute a evolução econômica da região e os desafios enfrentados na sustentabilidade e uso das terras.

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O estudo analisa os solos do município de Encruzilhada do Sul, RS, destacando sua formação sobre rochas graníticas e características de relevo que favorecem a agricultura. A vegetação local, predominantemente de savana, tem sido alterada por práticas agrícolas, com ênfase em culturas como soja e milho. O documento também discute a evolução econômica da região e os desafios enfrentados na sustentabilidade e uso das terras.

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ISSN 1516-8832

Estudo de Solos do Município de


Encruzilhada do Sul - RS

45 Resumo
O município de Encruzilhada do Sul, situado no noroeste do Planalto Sul-Rio-Grandense,
Técnica
Circular

está constituído sobre um embasamento de rochas graníticas diversificadas,


denominadas de Escudo Cristalino Sul-Rio-Grandense. Localmente, possui caraterísticas
de um planalto central, onde superfícies aplainadas e serras nas bordas evidenciam a
alta dissecação, causada pelos processos erosivos hídricos, próprios dos climas
passados. Pela natureza heterogênea das rochas graníticas, metamórficas e
sedimentares e suas amplas extensões regionais, verifica-se um modelamento local, nas
formas de relevo, muito particulares a cada região.

A vegetação denominada pelo IBGE (1986) como composta inicialmente por uma
Savana Parque, já está praticamente modificada, com restos ocasionais em áreas
isoladas de mata ciliar nos vales de drenagem. A savana local, que constitui uma
vegetação de mata rala, alternada por árvores esparsas, entre gramíneas, que formam
"capões" isolados, está sendo modificada para uma vegetação mais arbustiva. Onde há
culturas e campos limpos os processos agrícolas são ativos. As culturas são
principalmente de soja, milho, trigo, azevém e aveia que cobrem ocasionalmente a
Pelotas, RS paisagem em cultivos alternados com forrageiras nativas. Nos vales dos rios a mata
Dezembro, está perdendo as espécies de melhor aproveitamento no uso das construções rurais.
2005
As formas de relevo caraterizam o município como constituído por serras rochosas
Autores cercando um planalto central com coxilhas e poucas planícies nas bordas no lado leste.
Noel Gomes da Cunha A configuração de um planalto granítico, que pela natureza e espessura da cobertura
Eng. Agrôn., M.Sc., sedimentar anterior não se aplainou com uniformidade, deixando uma superfície áspera,
Embrapa Clima Temperado. com ocorrência interna de cerros e morros isolados, mostra-se pela sua amplitude como
um relevo parcialmente favorável às atividades agrícolas.
Ruy José da Costa Silveira
Eng. Agrôn. M.Sc. Prof.
UFPel-FAEM, Pelotas, RS.
Os solos foram antes denominados de Litólicos distróficos, Brunizem raso, Podzólico
Vermelho-Amarelo e Laterítico Bruno-Avermelhado entre afloramentos rochosos por
Carlos Roberto Soares Costa Lemos, em Brasil (1973) e IBGE (1986). Esse último ainda constatava a
Severo existência de Regossolos e Cambissolos. Constatou-se a ocorrência diversificada de
Eng. Agrôn. M.Sc. Prof.
UFPel-FAEM, Pelotas, RS.

Luiz Fernando Spinelli Pinto


Geol. Dr., Prof.
UFPel-FAEM, Pelotas, RS

Roger Garcia Mendes


Estudante Técnico em
Informática.

Juliana Brito da Silva


Acadêmico em Química
Ambiental.

Lilian Rosa Duarte


Acadêmico em Química
Ambiental.

Rafael Lizandro Schumacher Enquanto as figueiras contemplam e eternizam


Acadêmico em o passado riograndense, parrerais e silvicultura
Agronomia. despertam novos ciclos econômicos.
2 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

solos rasos e muito rasos, distróficos ou alumínicos Nesse contexto, regiões circunvizinhas desse planalto,
(álicos) em áreas muito rochosas nas serras (Neossolos embora tenham enfrentado ao longo do tempo crises
Litólicos Distróficos saprolíticos). Nas partes aplainadas contínuas da pecuária, pouco têm mudado nas suas
do planalto ocorrem solos desde rasos a profundos, atividades agrícolas. Os períodos de crises são mais
distróficos ou alumínicos (Argissolos Vermelho- marcantes para as camadas sociais que gradativamente
Amarelos Tb Alumínicos abrúpticos) . Nas coxilhas deixam as suas atividades no campo e buscam novas
solos profundos eutróficos e distróficos (Argissolos atividades em uma economia que se ajusta em função
Vermelhos Distróficos abrúpticos). Todos de parâmetros globais, onde novas ações são
essencialmente cauliníticos. incorporadas ao processo produtivo e substituem o
conhecimento campesino do homem rural no trabalho
Quanto ao uso agrícola das terras, o sistema de do campo.
classificação (capacidade de uso das terras), que se
propunha a uma ordenação do uso e controle da Atualmente, segmentos da sociedade estão
degradação das terras, tem a finalidade atual de questionando se a grande intensificação do cultivo de
caraterizar a potencialidade agrícola local das terras. pinus e acácia negra, além de transportar do campo o
No caso, as terras altas aplainadas do planalto (Sg0 e pequeno pecuarista das antigas propriedades rurais,
Sg1) e coxilhas (C1) oferecem o melhor potencial para a cidade, vai interferir no equilíbrio ecológico, com
agrícola local para uma agricultura desenvolvida esta mata transitória que não produz subprodutos aos
(classes IIIse-1, IIIse-2 e IIIse3). Totalizam 38,58% de animais silvestres. Nos cultivos de pinus não se
todo o município. As áreas diversificadas entre terras encontram animais silvestres. Estes questionamentos,
que suportam pequenas culturas localizadas por si só, parecem ser uma mudança de rumo, para
(agricultura familiar) e pastagens cultivadas (classes uma nova geração, já que as antigas não encontraram
VIse-1, VIse-2 e VIse-3) somam 14,09%. As áreas soluções econômicas para conviverem com as savanas
indicadas para atividades com silvicultura, pelas e as matas ralas entremeadas pela pecuária. O
restrições de uso com cultivos (classes VIIse-1, VIIse-2 imediatismo desta dinâmica econômica, agora imposta
e VIIse-3), distribuem-se em 23,64% do total. As a esta região, tem de ser reavaliado em termos de
superfícies muito rochosas e escarpadas não têm equilíbrio florestal.
recomendação de uso para uma agricultura
desenvolvida, entretanto os produtores usam essas Os aspectos de um florestamento que marcha
terras em pastoreio e pequenas roças (classes VIIIse-1 acelerado para caminhos pouco conhecidos em sua
e VIIIse-2), somam 20,48%. As terras planas de sustentabilidade quando a sociedade local possui
várzeas, próprias a culturas irrigadas (classes Vd e IIsd), poucos parâmetros, para avaliação dos aspectos sociais
com limitações de drenagem ou alagamentos, e econômicos, nas suas terras, ao longo do tempo,
totalizaram apenas 3,14%. devem ser postos em discussão. Este estudo de solos
pretende fornecer um conhecimento regional das
paisagens fisiográficas locais e suas relações com as
Introdução terras.

O estudo dos solos do município de Encruzilhada do


Até onde registra a história, a região de serras e Sul, em nível de reconhecimento, faz parte das
planalto do município de Encruzilhada do Sul teve ciclos proposições da Embrapa Clima Temperado para
distintos na sua economia, que começaram com a fomentar o desenvolvimento regional. Além disso,
exploração, pelos jesuítas, do trabalho indígena. O também responde em parte ao questionamento dos
domínio da terra por colonos imigrantes estabeleceu um produtores rurais e de seus órgãos representativos que,
progressivo incremento da pecuária. Posteriormente, as após quase dois séculos contínuos com atividades
grandes fazendas foram se estabelecendo, num relacionadas a pecuária extensiva e que gradativamente
processo lento de povoamento, onde a igreja parece ter deixa de ser rentável, procuram novos parâmetros para
norteado as ações gerais de convivência local. Mais a diversificação com culturas ou outras atividades
tarde, cultivos de trigo, milho e soja, além da criação de rurais.
gado, estabeleceram-se progressivamente. Essa
evolução lenta só foi incrementada economicamente Ao se estudar os solos e suas distribuições em
com a exploração da cassiterita, produto muito superfícies determinadas, busca-se, inicialmente,
necessário ao país para a produção de munição nos relacionar os conhecimentos que a ciência (pedologia)
conflitos do início do século passado. As atividades tem reunido ao longo do tempo, sobre todos os
relacionadas a mineração foram marcantes. No geral, componentes de variabilidade desses resíduos
houve um crescimento econômico regional, pelas novas superficiais das rochas, suas transformações e relações
atividades e pela maior intensidade do uso da terra com com os fatores externos temporais relacionados ao
a pecuária. clima (água, luz, etc) e bióticos.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 3

Ao se generalizar os estudos de solos, que têm como Em 1822, é fundada a Capela de São José do
base essa confluência de informações específicas de Patrocínio e em 1849 estas duas capelas foram
ciências, que se distanciam entre si e que se isolam nas desmembradas de Rio Pardo, formando a Vila de
suas especificidades, como a geologia (estudo das Encruzilhada, com cerca de 2000 habitantes. Em 1890,
rochas), a geomorfologia (estudo das formas de relevo), com a chegada de imigrantes alemães e poloneses,
a pedologia (estudo dos solos) e a edafologia (estudo teve início uma nova organização (Pimentel 1949).
do uso das terras), percorrem-se caminhos Provavelmente um marco entre as atividades exclusivas
considerados como o de uma metodologia muito da pecuária e o início das atividades na lavoura de
abrangente e pouco adequada. maior porte. Novas tecnologias foram introduzidas.

Converter essa diversificação de informações, dispersas O município de Encruzilhada do Sul está localizado na
entre si, a um conjunto interativo e limitado e encosta da Serra do Herval, no divisores das águas das
evidenciá-las, dentro de uma praticidade de uso ao bacias do Jacuí e Camaquã. A navegação do rio Jacuí
meio agrícola, para a sua aplicação, é o objetivo desses foi de extrema importância para o desenvolvimento
estudos regionais de solos. regional, permitindo que a maioria da produção local
excedente pudesse ser escoada para os grandes
Este estudo é um degrau de um segmento, onde os centros. Já o rio Camaquã, que só é navegável nas
problemas que se inserem na sustentabilidade dos épocas de cheias, foi utilizado, na época, como local de
ecossistemas, relações de produtividade e produtos pesca.
adicionados, que sustentam ações na agricultura ou
silvicultura precisam de pesquisas específicas. Conforme Pimentel (1949), o clima local é temperado,
com a temperatura média de 17,5ºC. A máxima alcança
os 36,7ºC e a mínima pode chegar a 1,9ºC. Os meses
Revisão bibliográfica mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro, já os
mais frios são junho, julho e agosto. A diferença das
temperaturas entre inverno e verão alcança os 36ºC.
Aspectos locais Nos anos normais, a distribuição de chuva é regular e
oportuna, nos meses de setembro a novembro, época
Os primeiros habitantes de Encruzilhada vieram das de plantio das culturas de verão. Nessa época não há
Ilhas dos Açores, Laguna, São Paulo e Rio Pardo, em escassez de umidade. Já nos meses de dezembro a
meados do século XVIII e se estabeleceram nos maio, o volume de chuvas é menor e esparso. A
arredores da Capela de Santa Bárbara de Encruzilhada. insolação média diária é de 6 horas e 18 minutos.
Esta Capela foi construída pelos jesuítas que migraram
do Uruguai para o vale do Jacuí, trazendo consigo os Entretanto, dados mais generalizados (Tabela 1)
índios missioneiros. Desses índios a história não tem conforme Wrege 2005, registram para essa região
registros posteriores. Nesse local foi estabelecida uma medidas desde 1931 a 1960.
povoação jesuíta. Os primeiros registros de cultivo da
terra datam de 1780, quando o distrito de Encruzilhada
figura com a produção de 2015 alqueires de trigo.

Tabela 1. Dados climatológicos de temperatura, precipitação, evaporação e umidade relativa.


Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Ano
Temp.mínima 16,7 16,9 16,0 12,3 10,6 9,1 7,9 8,6 9,6 11,2 13,1 15,1 12,3
média °C
Temp. máxima 28,1 27,3 26,0 22,1 19,1 17,1 16,6 17,8 19,2 21,6 24,7 26,9 22,2
média °C
Temp.média °C 20,8 21,3 20,2 16,7 14,3 12,4 11,6 12,2 13,7 15,6 18,2 20,4 16,5
Média dias de 10 10 10 10 10 12 11 10 11 10 7 9 120
Chuva
Precipt. Pluvial 120 122 95 137 146 149 136 132 148 152 76 92 1500
(mm) i 155 135 117 151 164 138 161 152 125 128 125 110 1166
U.R (%) 75 78 78 79 80 82 81 78 80 79 75 75 78
Evaporação 83,4 69,0 62,9 53,2 45,0 39,8 42,0 48,4 52,4 65,0 78,9 88,0 727,9
(mm)
Fonte: Instituto de Pesquisas Agronômicas, 1989.
4 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Conforme IBGE(1986) o balanço hídrico local Essas diversificações lentas conduzem a contrastes no
apresenta um total médio de deficiência hídrica de meio rural, tanto sociais como econômicos (Fig. 1 a 6).
85mm distribuídos nos meses de novembro a março. A
reposição começa a partir de abril. Os excessos de Atualmente, o município possui uma bacia leiteira
água ocorrem de maio a outubro com 394mm. Deve-se organizada, que fornece matéria-prima para o laticínio
acentuar que esses dados não consideram alguns existente no município, sendo o excedente
aspectos importantes: comercializado para as indústrias do setor.
Pimentel (1949), informa que a criação de ovinos, além
A) aos solos locais no geral são rasos e muito rasos, de grande, era de alta qualidade, com diversas raças,
portanto a água armazenada é menor do que a prevista sendo sua lã de elevado preço e com grande aceitação.
no cálculo (1m de espessura de solo). Inicialmente pode Este município foi em épocas próximas passadas,
haver um déficit anterior ao calculado. Há também uma percorrido pelos representantes dos principais
sobra de água maior do que a calculada. estabelecimentos compradores do Estado, nas épocas
B) não é considerado o índice de infiltração em relação de produção de lã. Conforme Cardoso (2005), a cadeia
ao tempo. A metodologia admite que toda água de produtiva de ovinos, possui forte tendência a voltar aos
chuva se infiltra no solo, o que não é verdadeiro. patamares de destaque ocupados anteriormente. Neste
sentido, há anualmente o Festival Estadual da Ovelha,
A agricultura foi, com o tempo, tendo desenvolvimento sugerindo modificações na política de mercado e
natural em Encruzilhada do Sul. A produção agrícola melhoramento genético dos rebanhos. O rebanho de
está baseada nas lavouras de soja, arroz irrigado, feijão, ovinos que já foi de 160.000 animais, hoje não
milho e aveia preta (Tabela 2). A produção atual de ultrapassa os 63.000 (Tabelas 3 a 5).
fumo ocupa lugar de destaque entre os pequenos
produtores, sendo para a maioria das famílias do meio Tabela 3. Produção de lã recebida pela Cooperativa
rural a principal fonte de renda. Agrícola Mista de Encruzilhada do Sul, (COOPAMES).
Safras Quantidade recebida de lã pela
Coopames (kg)
Tabela 2. Principais culturas, produtividade, produção e
1986/1987 488.466
área.
1987/1988 539.024
Cultura Área (ha) Produtividade Produção (t)
1988/1989 546.297
(kg/ha)
1989/1990 399.362
soja 4.000 1. 880 7. 520
1990/1991 418.923
arroz 1. 200 5. 285 6. 342
1991/1992 285.189
feijão 1. 500 720 1. 080
1997 186.000
milho 6. 000 2. 400 14. 400 Fonte: Cardoso, 2003.
fumo 900 1. 833 1. 650
aveia preta 500 - - Tabela 4. Histórico da criação de animais ao longo do
tempo (Pimentel,1949).
Fonte: Cardoso, 2003. Ano 1909 1920 1939
rebanho ----------------n° de animais ----------------
Não há registros de quando e como se iniciou a criação
bovino 39. 000 136. 048 175. 000
de gado e de ovelhas no município. Acredita-se que pela
formação do gaúcho, cavaleiro destemido, proposto à ovino 15. 045 49. 112 60. 000
lida com animais bravios, hábil no manejo da lança, da eqüino 3. 020 27. 478 15. 000
bolhadeira e do laço, entusiasta da independência e da suíno 2. 800 24. 066 10. 000
Fonte: Pimentel, 1949.
liberdade, que moldou o comportamento desta terra,
essa atividade tenha tido início nas épocas de
Tabela 5. Principais rebanhos em quantidades de
contendas pelas pastagens e lindas povoações do Rio
animais.
Grande do Sul. Conforme Pimentel (1949) na pecuária rebanho n° de animais
local destacou-se Geraldino Silveira, que em 1897 já
bovino 154. 000
fazia as primeiras importações de gado europeu para o
ovino 63. 000
município. Dentre as raças, destacavam-se Devon e
bubalino 1. 000
Hereford.
caprino 1. 405
Conforme Cardoso (2003), tendo sua economia no setor eqüino 6. 700
primário, os criadores estão diversificando as atividades. suíno 8. 500
Fonte: Cardoso, 2003.
1
Comunicação pessoal do eng. agrôn. Marcus Oliveira Wrege, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, para os autores.
2
Período de 1931 a 1961.
3
Período de 1982 a 1998.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 5

A fruticultura é uma atividade que tem tomado grande terras antigamente não possuíam elevado valor
espaço nos últimos anos, principalmente pela econômico. Na história da Revolução Farroupilha, não
implantação do Programa de Fruticultura Integrada da há registros de contendas travadas nesses campos,
Metade Sul, o qual visa fomentar o desenvolvimento onde a luta, fundamentalmente, era tanto pela posse de
local, incentivando os produtores e organizando a terras como pelo gado (Tabela 7).
cadeia produtiva na produção de vinhedo , maçã,
área (ha) n° de propriedades %
pêssego, amora, figo, citros, melancia, kiwi, entre
outros. Destaca-se também a instalação de vinícolas 3 – 10 2.738 47,49
oriundas da serra gaúcha. São empresas atraídas por 11 – 30 1.395 24,20
questões edafo-climáticas e de logística (Tabela 6). 31 – 100 903 15,66
101 – 800 729 12,64
Tabela 6. Principais tipos de frutíferas e suas Fonte: Cardoso, 2003.
respectivas áreas.
Fruticultura área (ha)
maçã 230
pêssego 160
uvas de mesa 10
amora 8
melancia 2. 000
kiwi 3
figo 8
uvas finas 180
Fonte: Cardoso, 2003.

Ainda conforme Pimentel (1949), o município é um dos


mais ricos do Rio Grande do Sul em minerais, onde são
explorados e beneficiados por indústrias locais 16 tipos
de granitos. As primeiras explorações de rochas
iniciaram-se em 1873, com a extração de mármore. Em
1903, através de pesquisas das zonas mineralizadas,
deu-se início à exploração de minas de estanho. Fig.1. Parreirais que se estendem atualmente nos
Acredita-se hoje que a alternativa de extração de campos aplainados, onde a pecuária, há mais de dois
minérios tenha partido inicialmente devido a qualidade séculos, é a principal atividade rural.
das pastagens que comparativamente não tinham a
sustentabilidade de uma pecuária extensiva, semelhante
aos campos da fronteira. Haviam também dificuldades
na produção agrícola, pelas formas de relevo bastante
acentuadas e pela menor fertilidade dos solos.
Conforme Cardoso (2003), essas explorações minerais
contribuíram para o desenvolvimento do setor. O
município conta ainda com indústrias do ramo
moveleiro, onde a matéria prima é extraída de 43.000
hectares de floresta exótica, composta por pinus e
acácia negra.

A distribuição fundiária do município consiste


basicamente em pequenos produtores, sendo que 71%
das propriedades, totalizando 4.133 estabelecimentos,
possuem área variando entre 3 a 30 hectares. Nestas
propriedades observa-se uma agricultura e pecuária de
sobrevivência, onde o agricultor não possui recursos Fig.2. Escolas abandonadas no campo fazem parte de
para investir na produção de excedentes além da uma nova cultura que remove o camponês do seu meio
alimentação. Possivelmente, pelas formas acentuadas de aprendizagem. O fator econômico atualmente se
de relevo e pela dificuldade na criação do gado, essas justifica por si, onde não se medem as perdas sociais.
6 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

principais espécies cultivadas, na proposição atual de


florestar o município. Cobrem os campos
independentemente da qualidade das terras. Substituem
o gado nas antigas fazendas, muitas, hoje, com as
sedes abandonadas.

Fig.3. pequeno açude na parte central do município.


Durante o período de verão, muito seco (2005), se
apresenta como último refúgio (único na época) para
aves silvestres na região.

Fig.6. Cultura de soja no planalto central nas terras


altas aplainadas, próprias a cultivos anuais. Unidade
Sg0.

Aspectos de vegetação
A vegetação atual que cobre o município é
praticamente toda constituída de uma sucessão
intermitente de matas ralas nas encostas mais úmidas e
gramíneas, na maior parte formando campos, além de
galerias nos vales de sangas. Nas partes secas do
planalto há uma cobertura de campos limpos, talvez
Fig.4. Pequeno produtor agrícola nas serras da região de estabelecida pela ação do fogo intermitente nas
rochas cristalinas. Local de uma região muito pobre em propriedades.
relação a existência de terras cultiváveis.
Conforme IBGE (1986), a ocorrência de uma savana é
comum em todo Planalto Sul-Rio-Grandense entretanto
são feitas distinções entre as variações dessa cobertura
vegetal um tanto modificada pelo uso atual. O termo
savana é antigo e originário da América do Sul,
possivelmente utilizado para designar formações
graminosas mais ou menos ricas em árvores e arbustos.
Lindman (1906), estudando a vegetação campestre do
Rio Grande do Sul, justifica a denominação de campo.
A savana, como a entende, IBGE (1986), ocorre em
ambientes caraterizados pelas seguintes condições:
clima estacional; solos rasos ou arenosos lixiviados;
relevo geralmente aplainado; pedogênese férrica (solos
distróficos ou álicos); e vegetação gramíneo-lenhosa.

No Planalto Sul-Rio-Grandense, a savana ocupa área de


relevo aplainado e dissecado, em altitudes até pouco
Fig.5. Plantações de acácia negra (Acácia decursens) superiores a 400 m, caraterizada por solos litólicos,
que juntamente com pinus se constituem nas distróficos, e eutróficos, rasos, bem como solos
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 7

podzólicos, onde predominam granitos e gnaisses do antigos na área atestam que há mais de 50 anos os
Pré-Cambriano. Apresenta vasta distribuição geográfica campos em geral eram mais "limpos". Haviam menos
em todo Planalto, razão pela qual faz limites com todos grupos de arvoretas (microfanerófitas) e menores
os tipos de vegetação existente na área estudada. quantidade de vassourais (caméfitas), hoje em dia
muito freqüentes.
Com referência ao clima, esta vegetação, face à sua
extensa área de dispersão, desenvolve-se tanto em
condições ombrófilas como estacionais, neste último
caso em função do frio. Lindman (1906), analisa e
conclui que o clima seria o fator de influência no
desenvolvimento da vegetação campestre. Rambo,
citado pelo IBGE (1986), referindo-se ao estudo
geográfico da região, concluiu que o fator edáfico é
determinante na constituição da savana. Ainda
referindo-se ao clima da savana, esse mesmo autor,
baseando-se em outros pesquisadores admite que as
savanas foram constituídas em climas secos no
passado.

Segundo IBGE (1986), o estabelecimento e a


manutenção da Savana Parque, situada em áreas de
relevo forte ondulado até montanhoso, onde
predominam solos litólicos e podzólicos, distróficos,
pouco profundos, com afloramentos rochosos, muito Fig.7. Árvores isoladas de grande porte, entre uma
susceptíveis à erosão, é conseqüência do relevo e da vegetação arbustiva. São restos de uma floresta que
textura superficial leve dos solos. Estes solos são cobriam as bordas do planalto, onde se localizam as
derivados de granitos, gnaisses, arenitos e xistos do serras escarpadas.
período Pré-Cambriano.

A vegetação original ainda conservada, é caraterizada Aspectos geomorfológicos


pela existência de um estrato herbáceo contínuo,
composto basicamente por gramíneas cespitosas e, em As formas de relevo do município de Encruzilhada do
menor escala, rizomatosas, sobre o qual encontram-se Sul, caraterizam-se por uma grande variação dentro de
distribuídos, de forma isolada ou pouco agrupada, unidades específicas locais. A complexidade e
espécies arbóreas e grupos de arvoretas. variabilidade das formas se acentuam nas variações dos
complexos geológicos locais e no grau a que foram
Esta fitofisionomia é consideravelmente desuniforme, submetidas de metamorfismos regionais e locais (Fig. 8
ora predominando longos trechos com raros exemplares a 15).
arbóreos ou grupos de arvoretas, ora trechos
densamente povoados, junto a agrupamentos mais ou A constituição de um relevo que se modelou,
menos extensos de floresta, situados nas encostas dos alternadamente, ao longo do tempo, em climas que se
morros e junto aos cursos de água, formando galerias. sucederam, tem nas variações geológicas o fator básico
de sua formação. Esse modelamento, que teve nos
Rambo, citado no IBGE (1986), confere aos fatores processos tectônicos (orogênese) no final do Pré-
edáficos a grande diversidade das comunidades Cambriano, muitas vezes, ações drásticas, em
vegetais nestas áreas, chegando a afirmar que, onde o intervalos de milhões de anos, criando contrastes
solo permite, por exigência do clima, ocorre a "floresta altimétricos agudos, que em parte, estão sendo
subtropical" (Fig. 7). atenuados ao longo do tempo por processos erosivos.
Agem ainda, embora de forma pouco perceptíveis,
Ainda conforme IBGE (1986), a composição florística aplainando as superfícies.
desta vegetação foi alterada desde a época do
povoamento das áreas campestres, por volta de 1800, O solo, esta capa superficial recente (Quaternário) de
sendo, no início, pela atividade pastoril e mais tarde resíduos minerais, ao qual se incorporam
pelos cultivos agrícolas, nos locais de solo mais gradativamente os processos vitais orgânicos, é um
profundos e férteis. Não há referências à provável fator conseqüente deste equilíbrio dinâmico que
composição botânica que vigorava na área, antes da decompõe, adiciona, transfere ou remove sucessivos
interferência humana. Informações de moradores mantos vegetais e rochosos. Conjugado a esta
8 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

instabilidade do relevo, as alternâncias dos fatores Esse rio comanda uma drenagem de padrão dentrítico e
geológicos condicionam aos solos variações bruscas e subdentrítico. Seus principais afluentes pela margem
transitoriedade nas suas formas. À medida que os esquerda direcionam-se, marcadamente, para o sul
processos de remoção são predominantes, com (arroios dos Nobres, das Pedras, dos Vargas). Os da
formações de solos rasos com baixos níveis nutricionais margem direita, geralmente, são mais extensos, e
e muito pouca capacidade de retenção de água, o ciclo apresentam padrão de drenagem dentrítico subparalelo.
erosivo se apresenta contínuo com cobertura rala de
arbustos.

IBGE (1986), define o Planalto Sul-Rio-Grandense como


composto por duas estruturas básicas que são Planaltos
Residuais de Canguçu e Caçapava e os Planaltos
Rebaixados Marginais. Os Planaltos Residuais
compreendem as superfícies elevadas muito aplainadas,
praticamente não gastas pelos processos erosivos.
Ainda formam superfícies muito antigas com as bordas
muito conservadas e lisas. Estão distribuídas nas cotas
superiores a 400 m. O Planalto Rebaixado Marginal é
composto pelas superfícies muito dissecadas que estão
normalmente próximas das cotas de 200 m.
Localmente, Encruzilhada do Sul se situa nos planaltos
rebaixados que sofrem processos profundos de
dissecação. Para IBGE (1986), a complexidade da
estrutura geológica se revela no relevo através de
saliências, que assimilam a justaposição de camadas
dobradas de resistências diferentes, configurando Fig.8. Vale profundo e marcante do rio Camaquã,
marcas de enrugamento. Destacam-se também, relevos estabelecido ao longo do tempo. Corta o planalto
alongados de topo plano ou convexo, com vertentes de formado por vários complexos de rochas cristalinas
forte declividade, coincidindo com camadas resistentes, entrecortadas entre si por fraturas, suturas,
dobradas e truncadas por erosão e posteriormente falhamentos, etc.
dissecadas. Destacam-se das demais camadas ,
compondo crista ou barra de relevo dobrado. Os rios,
muitas vezes, se adaptaram a linhas de fratura, contato
estratigráfico ou zona de cisalhamento, originando
assim vales ou sulcos estruturais.

Ainda conforme esses autores, observa-se que há


muitas linhas de cumeada, que correspondem a formas
alongadas, que seguem a direção do alinhamento
principal do relevo. Relevos residuais dos tipos pontões
e morros testemunhos, os primeiros geralmente de topo
convexo acentuado, e os segundos apresentando,
geralmente, topos planos, ambos com vertentes
íngremes com depósitos de tálus, ocorrem
disseminados por toda área.

De modo geral, os rios que drenam o planalto


encontram-se encaixados. O rio Camaquã apresenta
trechos, separados entre si por depressões alveolares,
onde ocorrem planícies e terraços (fossas tectônicas). Fig.9. Linha de falhamento geológico na região de
Nos trechos onde o rio Camaquã é encaixado, o corte serras. Situa-se como divisor de águas de sub-bacias
está profundo, sem barreiras geológicas formando hidrográficas. Compõem os campos de pecuária
cachoeiras antes das fossas tectônicas. Onde ele é extensiva do município de Encruzilhada do Sul.
amplo, no seu vale ocorrem meandros abandonados.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 9

Fig.10. Depósitos sedimentares paleozóicos elevados. Fig.13. Borda do planalto central no contato com as
Constituem "inselbergs" isolados, situados sobre serras desenvolvidas de metassedimentos na região
rochas cristalinas dos complexos graníticos que formam depressiva do Sistema Dobrado Tijucas. Topos planos
o planalto central do município. antes cultivados apresentam vegetação distinta das
encostas com campos "sujos".

Fig.14. Formas de relevo aplainadas nas nascentes e


Fig.11. Os cerros, com coberturas sedimentares divisores de águas. Planalto central constituído de
paleozóicas e mesozóicas, testemunhos de um passado rochas graníticas, com campos abertos de savana
geológico milenar, empolgam pela aspereza das bordas possivelmente constituída parcialmente pelo uso do
e pela lisura do seu platô. São pontos isolados no fogo. As matas persistem ao longo dos drenos naturais.
planalto.

Fig.15. Arroios que compõem as sub-bacias


hidrográficas do rio Camaquã, cortando sedimentos
Fig.12. Falhamentos, vales, superfícies aplainadas,
paleozóicos e mesozóicos. Na "Serra das Encantadas"
cerros e vegetação. As características dessas unidades
possuem altas cargas hidráulicas, ainda não exploradas
de formas de relevo interagem com a vegetação.
como fonte de água ou energia, para uso local.
10 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Aspectos geológicos subsidências e sedimentações foram formando sob


diferentes ambientes várias formações geológicas até
que um megaevento de vulcanismo fissural rachou o
Nos seus aspectos geológicos locais, Encruzilhada do
supercontinente dividindo o mesmo nos atuais
Sul foi destacada na região do Escudo Cristalino Sul-
continentes e formando o Oceano Atlântico. A região
Rio-Grandense, como portadora de minérios onde se
do município de Encruzilhada também, registra
estabeleceu a exploração de cassiterita (minério de
formações sedimentares relacionadas à bacia
estanho). A ocorrência de cassiterita está relacionada
sedimentar do Paraná.
aos granitos Campinas e Figueiras, com mineralizações
nos granitos e nos xistos encaixantes, com destaque a
Em relação aos eventos geológicos relatados acima, a
partir da localidade de Pinheiros na direção do rio
geologia do município pode ser subdividida da seguinte
Camaquã, ao longo do falhamento geológico Passo do
forma:
Marinheiro. A mineração de superfície ocorre nos
resíduos de deposições coluviais e aluviais onde há
maior concentração do minério (IBGE, 1986). Além da
mineração de metais, a exploração de caulim (silicato
Embasamento Paleoproterozóico Retrabalhado
de alumínio) em alterações de rochas do Complexo
Metamórfico Porongos e da Formação Rio Bonito Compreende rochas de formação anterior ao evento
(Rangrab et al., 2000) e de rochas para outras brasiliano, ou seja, mais antigas que 1 bilhão de anos,
finalidades, toma caminhos no local em virtude da que se mostram em maior ou menor grau afetadas pelo
diversificação geológica. evento.

Na sua amplitude regional, a área do município foi Gnaisses Encantadas (Em): Ortognaisses com
formada por uma complexidade de ajustes na crosta bandamento composto marcado por alternância de
terrestre entre blocos de formações geológicas desde bandas trondhjemíticas e tonalíticas, com intercalações
há tempos muito remotos, em episódios distintos. de lentes anfibolíticas, freqüentemente milonitizados.
Esses processos orogênicos, onde ocorreram choques, Metamorfismo da fácies anfibolito (Paleoproterozóico).
falhas, cisalhamentos, rupturas de estruturas e criação
e preenchimento de fossas tectônicas, influenciaram o Complexo Metamórfico Várzea do Capivarita (Vc):
atual relevo do município. Gnaisses pelíticos, quartzo-feldspáticos, calcissilicáticos
e lentes de mármore, que ocorrem como megaxenólitos
Segundo Holz (1999), Encruzilhada do Sul no seu limite nos ortognaisses Arroio dos Ratos. Metamorfismos da
com Santana da Boa Vista se situa em uma região de fácies anfibolito superior (Paleoproterozóico).
colisão entre dois blocos continentais (craton Rio de La
Plata e craton Kalahari) que se uniram durante o evento Complexo Gnáissico Arroio dos Ratos (Ar):
denominado brasiliano entre aproximadamente 1 bilhão Ortognaisses tonalíticos, granodioríticos e
e 700 milhões de anos atrás. Nessa colisão, rochas trondhjemíticos, até monzograníticos, incluindo ainda
com feições horizontalizadas (sedimentares) ou de sienogranitos miloníticos. Metamorfismo das fácies
textura caótica (como ígneas) adquiriram feições anfibolito superior a, localmente, granulito
caraterísticas de rochas metamórficas (orientação dos (Paleoproterozóico).
minerais, bandas e dobramentos), bem como na sua
fase final foram mobilizadas grandes quantidades de Anortosito Capivarita (Ac): Anortosito maciço de
magmas graníticos do interior da crosta. Ainda, como textura equigranular média a grossa, localmente
registro final desse choque, foi formada há mais ou bandado e com intercalações de anfibolito.
menos 500 milhões de anos uma depressão onde hoje Metamorfismo de fácies anfibolito superior
corre o rio Camaquã, na forma de um amplo vale (Paleoproterozóico).
alongado, tomado por água, que foi preenchida por
sedimentos freqüentemente grosseiros (Bacia do Granitóides Milonitizados Santana da Boa Vista (Ys):
Camaquã). Sienogranito róseo, fino a médio, raramente
pegmatóide. Ambos estão intensamente deformados
A união dos cratons citados, juntamente com outros, com geração de proto, orto e ultramilonitos, quartzo
vieram constituir um supercontinente chamado de milonitos e filonitos. Metamorfismo retrogressivo das
Gondwana que englobava os atuais continentes da fácies anfibolito a xisto verde (Paleoproterozóico).
América do Sul, África, Antártica, Austrália e ainda a
Índia. No período Permiano (280 milhões de anos
Complexos Metamórficos do Início do
atrás), esse supercontinente passou a sofrer um
rebaixamento de uma grande área formando a chamada Proterozóico
Bacia Sedimentar do Paraná, onde lentas e sucessivas
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 11

São rochas relacionadas ao metamorfismo decorrente e quartzo pela orientação dos filossilicatos
da colisão entre os dois blocos cratônicos. (Neoproterozóico).

Complexo Metamórfico Porongos (Pv): Complexo Granito Passo da Mozinha (Pm): Sienogranito, médio a
metamórfico Porongos: metavulcânicas intermediárias, grosso, com textura granolepidoblástica, localmente
metavulcânicas andesíticas a dacíticas associadas a com porfiroclastos de feldspato vermelho-amarronzado,
metauvulcanoclásticas, interdigitadas com cloritóide com foliação marcada pela orientação dos porfiroclastos
xistos e lentes de xistos grafitosos (Neoproterozóico). e estiramento dos minerais da matriz (Neoproterozóico).
(Pva): Metavulcânicas ácidas de granulação muito fina,
com microporfiroclastos de quartzo e feldspato alcalino, Granito Arroio Moinho (Mo): sieno a monzogranito,
associadas a metatufos e metaepiclásticas, presença cinza a róseos, porfiríticos com fenocristais e
subordinada de "metacherts" (Neoproterozóico). (Pp): fenoclastos de feldspato alcalino imersos em matriz
Unidade metapelítica, associação de filitos, biotita- grossa, quartzo-feldspática à biotita. Foliação milonítica
muscovita xistos, estaurolita-granada xistos e, mais desenvolvidas nas bordas.
subordidamente, quartzito, lentes de mármore e
pequenos corpos de rochas ultramáficas
(Neoproterozóico). Granitóides Tardi a Pós-Tectônicos

São granitos que intrudiram no final da colisão,


Granitóides Sintranscorrentes considerados assim por possuírem caraterísticas
químicas transicionais entre os granitóides
São granitóides formados a partir de magmas que sintranscorrentes (calcialcalinos) e os pós-tectônicos
ascenderam em um período em que os blocos ainda (alcalinos).
estavam colidindo, mostrando então feições texturais e
estruturais decorrentes desse movimento. Granito Pitangueiras (Pi): Monzogranito acinzentado,
equigranular fino a porfirítico, com nítida foliação
Filonitos e Blastomilonitos (Mi): Faixas miloníticas ou marcada pela orientação da biotita, feldspato e quartzo,
filoníticas instaladas sobre, ou concomitantes, à localmente milonitizado (Neoproterozóico).
geração das litologias Domínio Dorsal de Canguçu,
incluindo filonitos, quartzo milonitos maciços, quartzo Granitóides tipo Campinas (Ca): "Stocks" de
milonitos micáceos, quartzo muscovita xistos e composição monzograníticas a granodiorítica, leuco a
blastomilonitos à granada (Neoproterozóico). mesocráticos, finos a médios, localmente porfiríticos
(Neoproterozóico). Fácies Figueiras (Fi): Sienogranitos,
Metagranito Quitéria (Qi): Monzogranito a granodiorito rosa-claros a esbranquiçados, médios a grossos, á
porfirítico grosseiro, com fenocristais e fenoblastos de muscovita, localmente milonitizados, associados aos
microclínio. Foliação magmática do estado transicional Granitóides Campinas (Neoproterozóico).
e sólido de fáceis xisto-verde superior, marcada pela
orientação dos fenoblastos e da biotita, plagioclásio e
quartzo da matriz (Neoproterozóico). (Mq): Sienogranito Granitos Pós-tectônicos
a granodiorito cinza, grosso, porfirítico, com
fenocristais de até 18cm e fenoclastos de microclínio São granitos que, provenientes de magmas que
orientados por fluxo magmático. Textura milonítica ascenderam quando a colisão já tinha cessado, cortam
paralela à foliação magmática, marcada pelo todas as unidades anteriores e apresentam
estiramento de fenoclastos e orientação dos minerais características texturais e estruturais mais homogêneas.
da matriz (Neoproterozóico).
Suíte Intrusiva Arroio do Silva (As): Associação de
Suíte Granítica Cordilheira (Co): Muscovita-biotita rochas leuco a mesocrática, granulação média a fina,
metagranitos leucocráticos, avemelhados a cinza, que mostram marcante orientação bidimensional dos
granulação média a fina, composição dominantes cristais de anfibólio (fluxo magmático) e grande
sienograníticas, apresentando granada e turmalina heterogeneidade composicional, caraterizando três
como varietais. Foliação milonítica marcada pelo fácies distintas dos quartzo-dioritos, quartzo-
estiramento e/ou quebramento do quartzo e feldspato, monzonitos e quartzo-sienitos (Neoproterozóico).
e orientação dos filossilicatos (Neoproterozóico).
Metagranito Arroio Francisquinho (Af): Leucogranito Sienito Piquiri (Sp): Sienitos e quartzo-sienitos
equigranular , fino a médio, com muscovita, biotita, equigranulares finos, nas bordas, a grossos, localmente
turmalina e granada. Foliação milonítica de fácies xisto- porfiríticos, com foliação magmática marcante
verde superior, marcada pelo estiramento de feldspato delineada pela orientação dos cristais de ortoclásio e
12 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

anfibólio (Neoproterozóico). Formação Rio Bonito (Rb): Siltitos cinzentos e folhelhos


escuros, carbonosos, com leitos e camadas de carvão.
Suíte Granítica Dom Feliciano (Dfs): Sienogranitos Associações de arenitos cinza-esbranquiçados, finos a
isótropos, róseos a avermelhados, equigranulares finos grossos, localmente conglomeráticos. Estratificações
a dominantemente grossos, localmente porfiríticos, plano-paralela e cruzada acanalada (Permiano)
compostos principalmente de feldspato alcalino,
quartzo e plagioclásio, com biotita subordinada Formação Palermo (Pa): Siltitos cinza a amarelo-
(Neoproterozóico). Suíte granítica Dom Feliciano (Dfm): esverdeados com arenitos finos na base e na porção
Monzogranitos isótropos, cinza-claros a levemente superior, cimento calcífero. Bioturbação intensa,
avermelhados, inequigranulares, freqüentemente laminação cruzada, lenticular, ondulada, "wavy, linsen,
porfiríticos, com fenocristais de feldspato alcalino flaser e drape" (Permiano).
imersos em matriz variando de fina a grossa
(Neoproterozóico). Formação Estrada Nova e Formação Irati (Ie): Argilitos
folhelhos e siltitos cinza a cinza-escuros ou pretos, com
Suíte Granítica Encruzilhada do Sul (Es): Monzogranito lentes arenosas calcíferas, laminação ondulada, "flaser"
porfirítico e sienogranito equigranular a heterogranular e gretas de contração (Formação Estrada Nova).
(Neoproterozóico). Argilitos e folhelhos cinza-escuros a pretos,
pirobetuminosos no topo, intercalando lentes de margas
são próprias da formação Irati (Permiano).
Coberturas Sedimentares das Bacias do
Camaquã e Piquiri Formação Santa Maria (Rs): Arenitos muito finos a
sílticos, sigmoidais, sobrepostos por arenitos brancos,
quartzosos; no topo, pelitos vermelhos, maciços ou
São formações geológicas relacionadas à bacia
tenuamente laminados (Triássico).
alongada que se formou durante o período final do
choque entre os blocos (crátons) antigos

Formação Arroio dos Nobres (Anc): Fácies


Coberturas Cenozóicas
conglomerática. Conglomerados polimíticos com clastos
de xisto, quartzito, granitóides, quartzo e arenito; Depósitos Continentais de Encosta e Leques Aluviais
arcóseos grossos a muito grossos, conglomeráticos, em (Te): Arenitos arcoseanos, arenitos conglomeráticos e
camadas lenticulares, maciças ou com acamadamento conglomerados fracamente consolidados, com cores
gradacional normal (Neoproterozóico). Fácies pelítica amareladas, acinzentadas e avermelhadas nas fácies
(Anp): Pelitos e arcóseos finos a muito finos, laterizadas (Plioceno).
castanho-escuros, em camadas tabulares maciças ou
com acamadamento gradacional normal, laminação Depósitos Aluvionares Subatuais (Q2): Areias e
plano-paralela, "climbing ripples" e, eventualmente cascalhos imaturos, mal classificados, ao longo das
intraclastos de pelito (Neoproterozóico). calhas dos cursos d´àgua; areias finas, siltes e argilas
orgânicas nas planícies aluviais (Pleistoceno).
Formação Santa Fé (Sf): Conglomerados oligomíticos e
polimíticos, com predomínio de clastos de vulcânicas Depósitos Aluvionares Atuais (Q1): Areias e cascalhos
ácidas e granitos, em camadas lenticulares com imaturos, mal classificados, ao longo das calhas dos
acamadamento gradacional normal; subordinadamente cursos d´àgua; areias finas, siltes e argilas orgânicas
arcóseos róseos, conglomeráticos (Cambriano). nas planícies aluviais (Holoceno).

Coberturas Sedimentares da Bacia Paraná Metodologia


São formações geológicas que se sucederam em uma O estudo em nível de reconhecimento delineia
ampla área deprimida do supercontinente gonduânico, cartograficamente, por meio de fotos aéreas verticais,
mostrando uma gradação de um ambiente continental na escala 1:60.000, do ano de 1965, unidades de
glacial (Grupo Itararé) no início para ambiente costeiro relevo onde são determinados solos, classes de
(Formações Rio Bonito e Palermo) e desse para marinho capacidade de uso, aptidão agrícola das terras,
(Formações Irati e Estrada Nova), retornando então a principais estradas de rodagem, redes hidrográficas e
uma ambiente continental fluvial (Formação Santa açudes.
Maria) e desse para desértico (Formação Botucatu - não
representada no município de Encruzilhada do Sul).
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 13

Para a classificação taxonômica foram usados o Os efeitos inerentes dos tratos culturais ainda são os
Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa, mesmos; portanto, as diferenças e graus de
1999), a Proposta de Revisão e Atualização do Sistema dificuldades entre classes ainda existem. Situar essas
Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa 2003) e o diferenças e dificuldades e corrigi-las dentro de uma
Sistema de Classificação Americano Soil Taxonomy ordem que efetivamente represente os fatores
(USA, Soil Survey Staff, 1996). econômicos, parece um caminho para uma nova
taxonomia.
As terras foram classificadas utilizando-se o sistema
denominado capacidade de uso das terras (Lepsch et Além disso, está sendo usado o sistema de aptidão
al., 1983 e ESTADOS UNIDOS, 1951), que se baseia agrícola das terras (Ramalho Filho & Beek, 1995), que
nos fatores limitantes à sua utilização e seu se diferencia do anterior por procurar atender, embora
relacionamento com a intensidade de uso. Este sistema subjetivamente, a uma relação custo/benefício
foi elaborado, primordialmente, para atender ao favorável. No caso, não foram considerados fatores
planejamento de práticas de conservação do solo, econômicos. Atende-se a uma realidade compatível com
prevendo oito classes de capacidade de uso, a média das possibilidades dos agricultores, numa
convencionadas pelos algarismos romanos de I a VIII. tendência econômica a longo prazo, sem perder de vista
As classes I, II e III são próprias para culturas anuais, o nível tecnológico adotado. O sistema consta de seis
porém os riscos de degradação ou grau de limitação ao grupos de aptidão agrícola de terras. São eles os grupos
uso aumentam da classe I à III; a classe IV somente 1, 2, 3 (cultivos anuais), 4 (pastagens cultivadas), 5
deve ser utilizada ocasionalmente para culturas anuais, (pastagem natural e silvicultura) e 6 (inapto ao uso
mesmo assim com sérios problemas de conservação. agrícola praticamente inexistente no município). Além
disso, o sistema considera três tipos de níveis de
As classes V, VI e VII são inadequadas para culturas manejo: A (primitivo, sem tecnologia), B
anuais, mas próprias para culturas permanentes (intermediário, com alguma tecnologia) e C (alto nível
(pastagem ou reflorestamento), nas quais os problemas tecnológico). Para cada tipo de manejo (A, B ou C), a
de conservação aumentam da classe V à VII. A classe aptidão da terra pode ser "boa" (representada pela letra
V é restrita a terras planas inundáveis e a classe VIII é maiúscula do respectivo manejo), "regular" (letra
imprópria para qualquer tipo de cultivo (anual, minúscula), "restrita" (letra minúscula entre parênteses)
pastagem ou reflorestamento). Para determinar a e "inapta" (ausência de letras).
capacidade de uso das terras, consideram-se os fatores
que possam ser limitantes à produtividade das culturas
Para determinar a aptidão agrícola, consideram-se os
ao longo do tempo. Os fatores são identificados pela
seguintes fatores limitantes: fertilidade natural, excesso
letra minúscula "e" (limitação por suscetibilidade à
de água, falta de água, suscetibilidade à erosão e
erosão), "s" (limitação relativa ao solo), "d" (limitação impedimentos à mecanização. Cada um destes fatores é
devida ao excesso de água) e "c" (limitação climática). avaliado quanto à intensidade ou grau da limitação,
Esses símbolos gerais são considerados subclasses e podendo ser nula (N), ligeira (L), moderada (M), forte (F)
têm por objetivo evidenciar as principais limitações. No e muito forte (MF). O grau de limitação mais acentuado,
caso, não se considera a subclasse clima como variável define a classe de aptidão em cada nível de manejo. A
para a classificação, entretanto a deficiência de água avaliação do grau de limitação é baseada na experiência
está diretamente relacionada a esse fator. As glebas de dos executores e em dados regionais. Os materiais
terras de mesma classe e subclasse, quando cartográficos básicos à disposição para o levantamento
necessitam tratamentos diferenciados pela constituição foram aerofotos na escala de 1:60.000, carta do
dos solos, principalmente, são denominadas de Serviço Geográfico do Exército na escala 1:50.000, e
unidades de produção. Na verdade, essa classificação programas de computador Idrisi, CartaLinx e
foi feita para dar condições à implementação efetiva de CorelDraw.
sistemas de controle à erosão que no início do século
passado estava destruindo os solos na América do Os mapas anexados no final do texto indicam a
Norte. Aqui no país tem sido usada para fomentar uma descrição geral da área, solos (classificação
idéia de potencialidade agrícola das terras. Esse taxonômica), formas de relevo, capacidade de uso,
conceito generalizado parece próprio, pois à medida que bacias hidrográficas e aptidão agrícola das terras, na
a erosão acelerada passou a ser quase debelada por escala aproximada de 1:53.000.
práticas conservacionistas de plantio direto, essa
diferença de risco imediato, que diferenciava uma A seqüência de atividades desenvolvidas foi:
classe da outra, parece ter se tornado menor. a) fotointerpretação preliminar para delineamento de
superfícies homogêneas, sob o ponto de vista de
Em virtude disso, cultivar a terra suscetível à erosão tonalidade fotográfica e relevo;
acelerada é possível, mas o conjunto de dificuldades e b) percurso da área para analisar a relação entre as
14 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

superfícies homogêneas delineadas, material de determinado apenas com dispersão em água.


origem, vegetação, características, distribuição dos
solos e coleta de perfis de solos; Os solos foram descritos conforme se inserem nas
c) confecção da legenda preliminar com as formas de unidades de formas de relevo, (chapadas, coxilhas,
relevo das diferentes superfícies; vales aplainados e vales íngremes) aqui diferenciadas
d) novo percurso da área, para certificar-se dos pontos nas fotos aéreas, mais especificamente por seus
onde havia dúvidas sobre a geologia e solos; aspectos geológicos, padrões de drenagem, vegetação,
e) interpretação das análises químicas para etc. Assume-se que os solos estão distribuídos neste
caraterização das unidades; contexto como apenas mais um dos componentes.
f) classificação dos solos nos diferentes sistemas Além disso, as formas de relevo se relacionam
taxonômicos e em dois sistemas interpretativos; intimamente com o uso agrícola das terras, objetivo
g) confecção dos mapas e relatório descritivo. preponderante neste trabalho. Os perfis foram
coletados em cortes de estradas. As estradas
As análises químicas necessárias, com exceção do municipais dão acesso a todas as propriedades onde a
carbono orgânico, foram realizadas de acordo com constatação dos solos foi feita sem restrições.
os métodos descritos no Manual de Métodos de
Análises de Solo Embrapa (Brasil, 1979): Os resultados analíticos, a qualificação das
- pH em água e pH em KCl; caraterísticas dos solos estão inseridas nas descrições
- Ca2+, Mg2+, extraídos com KCl 1 M e determinados morfológicas das unidades de relevo. Além disto, foram
por espectofotometria de absorção atômica; utilizadas terminologias semelhantes que comparam
- Na+, K+, extraídos com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 M solos regionais.
e determinados por fotometria de chama;
- P, extraído com HCl 0,05 M+H2SO4 0,025 M e
determinado elo espectofotômetro; Resultados
- H+ + Al3+, extraídos com Ca(OAc)2 1 M pH 7,0 e
titulados com NaOH 0,0606 M e fenolftaleína como a) Terras baixas e aplainadas
indicador;
- Al3+, extraído com KCl 1M e titulado com NaOH São terras aplainadas ou até levemente onduladas que
0,025 M e azul-bromotimol como indicador; se situam em cotas inferiores, próximas aos rios e
- A determinação do carbono orgânico no solo, descrita arroios, desenvolvidas de formações sedimentares e
por Tedesco et al. (1995), é baseada no método de que naturalmente sofrem processos de hidromorfismo
Walkley & Black, descrito por Alisson (1965). É em alguma época do ano.
caraterizada pela oxidação com dicromato de
potássio (K2Cr2O7 1,25 M) em meio ácido. A São planícies que geralmente têm um rio como
determinação do C orgânico, envolve a conversão de provedor destes sedimentos e que através destas
todas as formas de C para o dióxido de carbono deposições marcam a história da evolução deste rio na
(CO2) por combustão úmida. O calor é obtido a partir fisiografia regional. Em alguns casos a natureza coluvial
da diluição do ácido sulfúrico (H2SO4 concentrado) de sedimentos em superfícies aplainadas, em contato
em água deionizada, pelo aquecimento externo. A com serras adjacentes, muito próximas as condições
titulação é feita por sulfato ferroso (FeSO4 0,25M). destas deposições, se tornam superfícies expressivas
A cor da solução, no início varia de laranja- no contexto regional.
amarelado a verde-escuro, mudando para cinza
túrbido antes do ponto final de viragem e então, As deposições sedimentares, mesmo de pequenas
muda abruptamente para um vermelho tijolo, no dimensões, ocupam uma importância muito grande na
ponto final da titulação. região de pequenas propriedades, pois são as mais
- Ferro total extraído com solução de H2S04 e favoráveis aos pequenos cultivos. As limitações pelos
determinado de acordo com o método descrito no excessos de água geralmente são contornadas pela
Manual de Métodos de Análises de Solo da Embrapa época do plantio, nem sempre com sucessos.
(Brasil 1979). Entretanto, a maior fertilidade destes solos coluviais e
aluviais, favorecidos pelos excessos de água em alguns
- Análise granulométrica determinada por dispersão em
períodos, mantém a vegetação expontânea nativa
água com agente químico (NaOH) e agitação
mecânica de alta rotação, sedimentação e sempre densa. Quando cultivados são altamente
determinação de argila pelo método da pipeta, com produtivos em boas condições de umidade.
areia grossa e areia fina, separadas por
peneiramento, e silte calculado por diferença, não
sendo empregado pré-tratamento para eliminação da Unidade Pb.
matéria orgânica. O teor de argila natural foi
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 15

Compreende as planícies baixas alagadas após as sedimentos do período Triássico, sobrepostos


chuvas. São áreas de depósitos sedimentares recentes posteriormente por sedimentos pliocênicos,
nas bordas dos rios. Sofrem inundações freqüentes em pleistocênicos e holocênicos, embora erosiva pela
todas as épocas de chuvas. São sedimentos recentes natureza do rio, deixou muitos sedimentos na bacia
da época do Holoceno. Há hidromorfismo esporádico triássica a montante (Santana da Boa Vista).
nas terras no período de verão. São áreas planas de Atualmente, estão em processos de remoção neste
pequenos depósitos segmentadas por leitos de riachos local. Possivelmente houve formações lacustres
fósseis. quaternárias ou terciárias que foram parcialmente
removidas.
Estas planícies estão condicionadas diretamente na
distribuição e no estabelecimento dos volumes dos Localmente, a jusante, as planícies baixas sedimentares
depósitos sedimentares e na extensão da bacia do rio Camaquã, na sua maior expressão de áreas,
hidrográfica dos rios e arroios que lhes dão origem. estão situadas na fossa tectônica, sobre sedimentos
Além disso, a dimensão, natureza e espessura de cada mais antigos, nos limites com o município de Amaral
manto de sedimentação, estão relacionadas aos ciclos Ferrador (Triássico). São compostas por terraços
climáticos passados e a proporcionalidade com que as fluviais muito estreitos e longos. Após ao período
rochas liberam seus minerais no processo erosivo. As Pleistocênico, os leitos fósseis paralelos ao rio Camaquã
sedimentações têm maiores expressões ao longo do rio apresentam um alinhamento na direção leste, como se
Camaquã e nos arroios com maiores bacias o rompimento da borda tenha sido abrupto e
hidrográficas, principalmente onde os gradientes insuficiente para alterar as deposições de sedimentos
hidráulicos desses rios e arroios são menores (fossa antigos, mas muito erosivo para a deposição de
tectônica). sedimentos posteriores. Ao cortar as partes aplainadas
e depressivas, quando aumentou o gradiente hidráulico,
Nas planícies que acumulam sedimentos do rio os terraços sedimentares recentes foram parcialmente
Camaquã (leitos eventuais fósseis e suas bordas), erodidos e seccionados em vários leitos a medida que
inúmeros terraços de sedimentações distintas atestam os novos fluxos bloqueavam os leitos menos rasos.
contrastes climáticos passados e a turbulência Estas planícies baixas do rio Camaquã, muito
constante das águas nas cheias atuais. Este aspecto é descontinuas, atualmente parecem não ser receptoras
bem diferenciado nas áreas de arroios, onde as de sedimentos finos.
deposições são menores, mais homogêneas e os
estratos deposicionais menos alternados. No geral, quando há seqüências de terraços em
planícies estáveis, os contrastes deposicionais refletem
O rompimento transversal, do atual planalto maciço de toda a diversificação de ciclos que os rios principais
rochas cristalinas, feito pelo rio Camaquã, que serve de tiveram no passado. Os solos na planície baixa do
limite entre os municípios de Canguçu e Encruzilhada Camaquã, apesar da heterogeneidade própria do
do Sul, deve estar relacionado aos períodos finais do material de origem, trazem em vários estratos
Terciário ou início do Pleistoceno. Aparentemente, acumulativos condições de uso agrícola a nível de uma
datam dessas épocas restos de sedimentações antigas, agricultura de subsistência com riscos próprios da
não consolidadas, tanto nas planícies mais elevadas incerteza da freqüência e intensidade das cheias.
deste rio, como nos topos de alguns dos morros que
ainda apresentam coberturas significativas de seixos Na planície moderna, os estratos siltosos, próprios da
rastreando a história desta passagem. fase holocênica de ampla sedimentação e rupturas de
leitos, constituem solos novos, situados sobre outros
Na região do planalto de rochas cristalinas, as mais antigos, com gradientes texturais já desenvolvidos
deposições sedimentares holocênicas e pleistocênicas em terraços conservados. Também abriga sedimentos já
na borda do rio Camaquã e de arroios são pré-intemperizados, possivelmente pertencentes aos
insignificantes. Normalmente, são transitórias em estratos triássicos da principal cobertura erodida das
função da alta carga hidráulica local, que tanto permite fossas tectônicas. Os sedimentos constituídos em
a constituição de novos e volumosos estratos, como já terraços sobrepostos e intermitentes na borda do rio
remobiliza as deposições. Neste corte que o rio Camaquã apresentam solos com caraterísticas residuais
Camaquã fez, em uma região de rochas duras e com cauliníticas (Sul-31).
falhamentos transversais, somente se verificam
depósitos contínuos de seixos formando terraços ao Este solo apresentou uma camada superficial horizonte
sopé de alguns morros ou em muitas curvas A1 de até 20 cm, cor bruno-escuro, textura franca, forte
expressivas no rio. Aparentam sedimentações recentes. estrutura granular, teor de matéria orgânica de 4,10 %,
pH de 5,26, alumínio trocável de 2,32 cmolc/kg, soma
A transposição do rio Camaquã, unindo duas pequenas de bases trocáveis de 4,20 cmolc/kg, capacidade de
fossas tectônicas, anteriormente depositárias de troca de cátions de 7,50 cmolc/kg e saturação de bases
16 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

de 56 %. teor de matéria orgânica de 1,17 %, pH de 5,23,


alumínio trocável de 4,98 cmolc/kg, soma de bases
A camada superior seguinte, horizonte A2, de 20 cm, trocáveis de 1,01 cmolc/kg, capacidade de troca de
possui cor acinzentado-escuro, textura franco-siltosa, cátions de 6,31 cmolc/kg e saturação de bases de 16 %
forte estrutura granular e em blocos subangulares (Tabelas 8 e 9).
pequenos, teor de matéria orgânica de 2,46 %, pH de
4,83, alumínio trocável de 4,30 cmolc/kg, soma de
A diversificação de solos, manifestada através dos
bases trocáveis de 1,34 cmolc/kg, capacidade de troca inúmeros cortes de riachos fósseis e em seus atributos
de cátions de 5,74 cmolc/kg e saturação de bases de relacionados à alta fertilidade, observada através de
23 %. roças ocasionais, não permite uma análise real com a
amostragem colhida. Observa-se na amostragem
A camada inferior horizonte AC, de 20 cm, possui cor apenas que os processos de remoção de nutrientes são
bruno-amarelado-escuro, textura franco-siltosa, muito acentuados e que os solos férteis como os que
moderada estrutura granular e em blocos subangulares ocorrem na foz do rio Camaquã, são mais raros.
pequenos, teor de matéria orgânica de 0,86 %, pH de
4,87, alumínio trocável de 4,29 cmolc/kg, soma de Esses solos têm sido classificados conforme Embrapa
bases trocáveis de 1,02 cmolc/kg, capacidade de troca (1999), como Neossolos Flúvicos Tb Distróficos
de cátions de 5,52 cmolc/kg e saturação de bases de gleicos. Alguns planossolos esporadicamente compõem
18 %. pequenos terraços mais antigos ainda restantes apesar
dos fortes processos erosivos nessas bordas de arroios
A camada inferior argilosa, horizonte 2C1, possui uma e do rio Camaquã.
espessura de 20 cm, cor bruno-amarelado-escuro,
textura franco-siltosa, estrutura em blocos Com respeito ao uso agrícola essas planícies
subangulares pequenos, teor de matéria orgânica de sedimentares pouco têm sido cultivadas na sua parte
0,72 %, pH de 5,11, alumínio trocável de 4,70 baixa. Ocasionalmente em pequenas planícies de arroios
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,85 cmolc/kg, e até mesmo nas planícies do rio Camaquã, algumas
capacidade de troca de cátions de 5,65 cmolc/kg e roças são cultivadas, entretanto, as cheias sempre
saturação de bases de 15 %. foram limitantes até mesmo no cultivo de roças
familiares. Além de pastagens nativas ou cultivadas há
Nesta menor camada há um horizonte 2C2, que possui poucas perspectivas de outras atividades agrícolas,
uma espessura de 20 cm, cor preta, textura argilo- como repor as árvores de madeira especiais que têm
siltosa, forte estrutura em blocos subangulares médios, sido removidas da mata nativa.

Tabela 8. Informações do perfil Sul - 31 da unidade Pb.


a) Classificação: NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico gleico; Soil Taxonomy – Oxyaquic Udifluvent. b) Localização: coordenadas
E = 346.519; N = 6.575.184 km (Fuso 22s), altitude = 55 m. c) Geologia regional: terraço fluvial do Holocêno. d) Material de
origem: sedimentos argilosos. e) Geomorfologia: terraço fluvial argiloso. f) Situação do perfil: centro de terraço. g) Declividade: 0
%. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: não há . m) Rochosidade: não há.
n) Drenabilidade: muito mal drenado. o) Vegetação: floresta. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido), bruno-acinzentado (10 YR 5/2, seco); franco- siltosa; granular e blocos
subangulares pequenos, forte; muito plástica, muito pegajosa, firme, dura; transição gradual e plana.
A2 20-40 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido), bruno-acinzentado (10 YR 5/2, seco); franco-siltosa; granular
e blocos subangulares pequenos, forte; muito plástica, muito pegajosa, firme, dura; muito porosa; transição
gradual e plana.
AC 40-60 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 3/4, úmido), bruno-acinzentado (10 YR 5/2, seco); franco-siltoso; granular
e blocos subangulares pequenos, forte; muito plástica, muito pegajosa, firme, dura; muito porosa; transição
gradual e plana.
2Cg1 60-80 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido); blocos subangulares pequenos e médios, forte; muito plástica,
muito firme, muito dura; muito poroso; transição gradual e plana.
2Cg2 80-100 Preto (2,5 Y 2,5/2, úmido); argila-siltosa; blocos angulares médios, forte; muito plástica, muito firme, muito
dura; muito porosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 17

Tabela 9. Informações do perfil Sul-31 da unidade Pb.


Horizontes
Fatores A1 A2 AC 2C1 2C2
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 60-80 80-100
C. orgânico (g kg-1) 23,8 14,30 5,00 4,20 6,80
M. O. % 4,10 2,46 0,86 0,72 1,17
P (mg kg-1) 4,0 4,40 5,50 5,0 2,0
pH (H2O) - 5,26 4,83 4,87 5,11 5,23
pH (KCl) - 3,70 3,59 3,56 3,50 3,29
Ca (c molc kg-1) 2,70 0,70 0,50 0,40 0,30
Mg “ 1,30 0,50 0,40 0,30 0,50
K “ 0,11 0,05 0,05 0,05 0,04
Na “ 0,09 0,09 0,07 0,10 0,17
S “ 4,20 1,34 1,02 0,85 1,01
Al “ 2,32 4,30 4,29 4,70 4,98
H+Al “ 3,30 4,40 4,50 4,80 5,30
T “ 7,50 5,74 5,52 5,65 6,31
T(arg.) “ 30 20 25 24 21
V % 56 23 18 15 16
Sat. Al “ 36 76 81 85 83
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ - - - - <1
Areia grossa “ 9 4 1 4 22
Areia fina “ 129 112 154 241 218
Silte “ 611 594 623 519 453
Argila “ 251 290 222 236 307
Argila natural “ 64 119 92 95 146
Agregação % 74 59 59 60 52
Silte/argila - 2,43 2,04 2,81 2,20 1,48
Textura - SiL SiL SiL SiL L
SiL- franco-siltosa, L – franca.

m) indicam que as transgressões marinhas do


Unidade Pa Pleistoceno podem ter participado, parcialmente, direta
ou indiretamente, no estabelecimento das formações,
São as planícies altas sedimentares na borda do rio na fossa tectônica entre Amaral Ferrador e Encruzilhada
Camaquã e arroios, que ocupam posições topográficas do Sul.
elevadas atuais e não estão mais sujeitas a inundações.
Foram formadas no período do Pleistoceno quando a Os solos destas deposições sedimentares, geralmente
dinâmica dos processos erosivos não eram iguais aos são constituídos por planossolos que desenvolveram
atuais. Geralmente são muito planas com solos horizontes argílicos impermeáveis e uma transição
hidromórficos bem desenvolvidos e argilosos. Essas abrupta entre as camadas superiores e inferiores. Na
planícies só foram constituídas em áreas significativas região Sul as transições claras ou graduais entre as
nas bordas aplainadas dos grandes arroios e no rio camadas (horizontes superficiais e argílico), sempre
Camaquã. Nos pequenos riachos e sangas só restam identificam formações sedimentares mais recentes.
pequenos terraços que não são significativos para o Além disso, as formações mais antigas apresentam um
uso agrícola. horizonte A mais espesso. Estas variações pedológicas
muitas vezes são perturbadas por deposições
Essas planícies se formaram quando o sistema de sedimentares superficiais mais recentes sobrepostas em
drenagem que sulca a região não tinha se aprofundado alguns períodos climáticos diferenciadas por obstruções
como atualmente. Com isso as fossas tectônicas, onde no dreno natural (rio).
os maiores volumes de estratos sedimentares foram
depositados ainda continham lagos ou se formavam O solo descrito em um terraço, possivelmente da época
pequenas lagoas por algum tempo, no período das do Holoceno ou no início do Pleistoceno, avaliado pelo
cheias. Os drenos naturais não sulcavam seu nível sedimentar elevado e pouco desenvolvimento
profundamente as áreas das principais fossas do horizonte B argílico, apresenta atributos que o
tectônicas que preservam estes sedimentos. colocam em um grau inferior de evolução se comparado
com os planossolos de sedimentos marinhos da planície
As altitudes desses sedimentos (abaixo de cotas de 70 costeira (Sul-30).
18 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

A camada superficial, horizonte A1 de até 20 cm, Planossolos Hidromórficos Eutróficos arênicos. Pela
possui cor bruno-acinzentado-escuro, textura franco- nova proposição de correção do sistema "Proposta de
arenosa, fraca estrutura granular a maciça, teor de Revisão e Atualização do Sistema Brasileiro de
matéria orgânica de 2,08%, pH de 5,61, alumínio Classificação" Embrapa (2003), o solo descrito está
trocável de 0,07, soma de bases trocáveis de 2,11 definido por Planossolo Háplico Eutrófico arênico
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,31 partindo-se do pressuposto, questionável, de que todos
cmolc/kg e saturação de bases de 64 %. os planossolos são hidromórficos. Quanto ao caráter
arênico, no quarto nível, é importante registrar que
A camada superior, horizonte A2, de 20 cm, possui cor mesmo que os teores de areia, determinados pela
bruno-acinzentado, textura franco-argilo-arenosa, análise granulométrica, não correspondam a classe areia
estrutura granular pequena a maciça, teor de matéria franca ou areia, os autores assumem a presença do
orgânica de 1,57 %, pH de 5,69, alumínio trocável de caráter arênico, em razão das diferenças constatadas
0,07 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,13 entre os horizontes superficiais e subsuperficiais,
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,53 quando da descrição no campo.
cmolc/kg e saturação de bases de 60 % .
Com respeito ao uso agrícola as planícies antigas da
A camada inferior mais argilosa, horizonte Bt1, de 20 época do Pleistoceno, por não serem inundadas, sempre
foram cultivadas com arroz irrigado e, eventualmente,
cm, possui cor cinzento-muito-escuro, textura franco-
por culturas de subsistência como o milho, melancia,
argilo-arenosa, fraca estrutura em blocos subangulares
mandioca, feijão, etc. São as terras mais favoráveis a
médios e pequenos, teor de matéria orgânica de 1,34
cultivos por não oferecerem riscos de erosão e nem
%, pH de 5,65, alumínio trocável de 0,54 cmolc/kg,
restrições à mecanização agrícola com ocorrência de
soma de bases trocáveis de 2,31 cmolc/kg, capacidade
rochas e pedras. Entretanto, culturas, ditas de sequeiro,
de troca de cátions de 4,30 cmolc/kg e saturação de
muitas vezes sofrem restrições pela má drenagem
bases trocáveis de 53 %. interna do solo em virtude da ocorrência de um
horizonte Bt argílico de muito pouca permeabilidade.
A camada inferior, horizonte Bt2, possui uma espessura Mesmo assim, estas terras comportam todos os tipos
de 20 cm, cor bruno-acinzentado-muito escuro, textura de agricultura desde a desenvolvida (mecanizada e
franco-arenosa, moderada estrutura em blocos insumos) a familiar (praticamente com uso de pouco
subangulares médios, teor de matéria orgânica de 0,96 insumos).
%, pH de 5,71, alumínio trocável de 0,50 cmolc/kg,
soma de bases trocáveis de 2,03 cmolc/kg, capacidade O desenvolvimento de pesquisas criando cultivares de
de troca de cátions de 3,53 cmolc/kg e saturação de milho e soja que suportam o hidromorfismo e o
bases trocáveis de 57 % (Tabelas 10 e 11). estabelecimento de sistemas de drenagem para a
remoção parcial da umidade superficial, têm sido os
Quanto à classificação proposta pelo sistema da mecanismos usados para o estabelecimento de áreas
Embrapa (1999), estes solos no geral seriam produtivas nos planossolos.

Tabela 10. Informações do perfil Sul - 30 da unidade Pa.


a) Classificação: PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico arênico; Soil Taxonomy – Arenic Umbraqualf. b) Localização: coordenadas E
= 344.848; N = 6.576.900 km (Fuso 22s), altitude = 60 m. c) Geologia regional: sedimentos fluviais do Holoceno/Pleistoceno.
d) Material de origem: sedimentos argilosos fluviais. e) Geomorfologia: terraço fluvial antigo. f) Situação do perfil: centro de
terraço. g) Declividade: 0 a 0,5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: nula. l) Pedregosidade: não há .
m) Rochosidade: não há. n) Drenabilidade: mal drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 3/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
A2 20-50 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 3/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
Bt1 50-70 Cinzento-muito escuro (10 YR 3/1, úmido); franco-arenosa; granular pequena, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
Bt2 70-90 + Bruno-acinzentado-muito escuro (10 YR 3/3, úmido); franco-argilo-arenosa a argila-arenosa; blocos
angulares e subangulares médios, moderada; pegajosa, plástica, firme, dura; cerosidade pouca, fraca.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 19

Tabela 11. Informações do perfil Sul-30 da unidade Pa.


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-20 20-50 50-70 70-90
C. orgânico (g kg-1) 12,10 9,10 7,80 5,60
M. O. % 2,08 1,57 1,34 0,96
P (mg kg-1) 1,60 1,50 0,50 0,30
pH (H2O) - 5,61 5,69 5,65 5,71
pH (KCl) - 4,31 4,33 4,15 4,13
Ca (c molc kg-1) 1,70 1,80 1,70 1,40
Mg “ 0,30 0,20 0,50 0,50
K “ 0,06 0,07 0,06 0,07
Na “ 0,05 0,06 0,05 0,06
S “ 2,11 2,13 2,31 2,03
Al “ 0,07 0,07 0,54 0,50
H+Al “ 1,2 1,4 2,0 1,5
T “ 3,31 3,53 4,30 3,53
T(arg.) “ 47 43 36 29
V % 64 60 53 57
Sat. Al “ 3 5 19 20
Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 24 13 8 23
Areia grossa “ 173 209 149 124
Areia fina “ 494 447 451 405
Silte “ 263 262 282 351
Argila “ 70 82 118 120
Argila natural “ 11 20 35 42
Agregação % 84 76 70 70
Silte/argila - 3,75 3,20 2,39 2,93
Textura - SL SL SCL L
L - franca, SL- franco-arenosa, SCL- franco-argilo-arenosa.

bordas do contato do planalto granítico com as partes


Unidade L depressivas são formadas por sedimentos finos. Em
poucas áreas próximas ao leito do rio há calhaus e
São as áreas muito aplainadas de sedimentações
pedras ocasionais. Constituem uma superfície aplainada
fluviais antigas do início do Pleistoceno ou do final do
de sedimentos finos onde foram constantemente
Terciário, que estão sofrendo efeitos de modelamento
adicionados eventuais depósitos. Atualmente, os solos
por processos erosivos quaternários, sem entretanto
de natureza parcialmente hidromórficos apresentam
apresentarem modificações significativas nas formas
contrastes em função das variações entre umidade
geomórficas. São restos de lombadas que foram áreas
excessiva e secagem ao longo do tempo (bandas e
planas de maior amplitude e que sofrem ainda
variadas cores cinzentas e amareladas ou pigmentações
hidromorfismo, nas partes de sedimentação fina, por
pontuais diversificadas). Os solos apresentam variações
efeito da má drenagem interna. Ocorrem na borda das
que acentuam maior ou menor intensidade do grau de
fossas tectônicas como se fossem deposições coluviais.
hidromorfismo, no passado. Estão definidos, na maior
Outras próximas aos leitos do rio Camaquã e arroios,
parte, como o perfil Sul 25 e o solo representante
sugerem depósitos de enxurradas sedimentares em
apresenta na camada superior um horizonte A1, de 30
lago, quando o nível da água do rio e arroios era mais
cm, cor cinzento-escuro, textura franco-arenosa, forte
alto, antes dos drenos naturais se aprofundarem na
estrutura granular, teor de matéria orgânica de 3,00%,
direção leste. Formam os primeiros e principais leques
pH de 4,95, alumínio trocável de 1,24 cmolc/kg, soma
aluviais que se depositaram na borda do lago na entrada
de bases trocáveis de 0,63 cmolc/kg, capacidade de
do rio Camaquã na planície (fossa tectônica).
troca de cátions de 2,73 cmolc/kg e saturação de
As lombadas, que restam próximas a entrada do rio bases trocáveis de 23 %.
Camaquã, quando formadas somente por sedimentos
fluviais, estão constituídas por seixos com camadas A camada superior, ainda apresenta horizonte A2, de 20
espessas. Parecem ter mais cascalhos do que as cm, cor cinzento-escuro, textura franco-arenosa, fraca
formadas por intrusões de sedimentos coluviais estrutura granular, teor de matéria orgânica de 0,95 %,
provenientes da serra (Fig. 16). As lombadas das pH de 4,90, alumínio trocável de 1,38 cmolc/kg, soma
20 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

de bases trocáveis de 0,55 cmolc/kg, capacidade de hidromorfismo mais intensivos e são mais rasos. O alto
troca de cátions de 2,35 cmolc/kg e saturação de grau de intemperismo dos sedimentos pressupõe a sua
bases trocáveis de 23 % . origem terciária como propõem Rangrab et al. (2000).
Seguindo-se as proposições da Embrapa (1999) e
A camada subseqüente, horizonte E, possui uma Embrapa (2003) optou-se pela denominação de
espessura de 15 cm, cor bruno-acinzentado, textura Planossolo Háplico Distrófico arênico.
franco-arenosa, sem estrutura, teor de matéria orgânica
de 0,67 %, pH de 4,95, alumínio trocável de 1,44 Os terraços formados integralmente por seixos ou com
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,41 cmolc/kg, camadas arenosas estratificadas entre seixos
capacidade de troca de cátions de 1,51 cmolc/kg e constituem solos muito profundos (Fig.16). São
Neossolos Flúvicos Distróficos saprolíticos. Localçizam-
saturação de bases trocáveis de 27 %.
se em áreas isoladas ao longo do percurso do rio
Camaquã. Não têm sido aproveitados como áreas
A camada inferior argilosa, horizonte Bt1, possui agrícolas.
espessura de 15 cm, cor bruno-amarelado-claro, textura
franca, estrutura em blocos subangulares médios, teor Quanto ao uso agrícola essas terras têm sido cultivadas
de matéria orgânica de 0,93 %, pH de 5,06, alumínio há quase dois séculos por roças ocasionais. No verão as
trocável de 1,53 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de secas mais prolongadas reduzem os rendimentos. A
1,10 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,10 irrigação nas áreas planas ocorre somente onde se
cmolc/kg e saturação de bases de 35 %. cultiva o arroz. (fossa tectônica).

A camada inferior, horizonte Bt2, possui uma espessura São terras próprias às atividades agrícolas com
de 15 cm, cor bruno-amarelado-claro, textura franco- limitações que podem ser corrigidas com insumos de
argilosa, estrutura em blocos subangulares médios, calcário e fósforo. Não há impedimentos a
teor de matéria orgânica de 0,84 %, pH de 5,07,
alumínio trocável de 3,05 cmolc/kg, soma de bases
trocáveis de 1,98 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 3,98 cmolc/kg e saturação de bases de 50 %
(Tabelas 12 e 13).

Esses solos, no geral de ocorrências restritas, têm


pouca expressão como área agrícola mas conservam as
boas condições próprias de terras aplainadas com leves
restrições em virtude das condições de hidromorfismo
no inverno apenas. Nos solos mais antigos se observa
uma evolução que os põe entre as ordens e subordens
dos Argissolos Acinzentados e os Planossolos
Hidromórficos. São menos caraterizados, pelo
hidromorfismo Atualmente são denominados de
Háplícos (mais comum). Talvez esses planossolos mais
antigos (espessos e com horizontes mais diferenciados) Fig.16. Neossolo Flúvico Distrófico saprolítico
deveriam constar em uma subordem distinta. São mais constituído em terraços fluviais de origem
úteis na diversificação agrícola do que os planossolos provavelmente terciária, nas bordas do rio Camaquã,
típicos que estão submetidos a processos de próximo à fossa tectônica no seu limite com o planalto.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 21

Tabela 12. Informações do perfil Sul - 25 da unidade L.


a) Classificação: PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico arênico; Soil Taxonomy: Typic Albaqualf. b) Localização: coordenadas E =
351.198; N = 6.580.052 km (Fuso 22s), altitude = 65 m. c) Geologia regional: sedimentos do Pleistoceno/Plioceno. d) Material
de origem: sedimentos fluviais antigos do Plioceno. e) Geomorfologia: lombadas de borda de serra. f) Situação do perfil: borda de
lombada. g) Declividade: 3 a 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano a suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: ligeira. l)
Pedregosidade: não há. m) Rochosidade: restos de calhaus na borda de serra. n) Drenabilidade: imperfeitamente drenado. o)
Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-30 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido), bruno-acinzentado (10 YR 5/2, seco); franco-arenosa; granular
pequena, fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, dura, friável; transição gradual e plana.
A2 30-50 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido), bruno-acinzentado (10 YR 5/2, seco); franco-arenosa; granular
pequena, fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, dura, friável; transição gradual e plana.
E 50-65 Bruno-acinzentado (10 YR 5/2, úmido e seco); franco-arenosa; maciça, pegajosa, plástica, muito friável,
dura; transição gradual e plana.
Bt1 65-80 Bruno-amarelo-claro (10 YR 6/4, úmido e seco); franco-argilosa a argilosa; blocos subangulares médios e
grandes, fraca; pegajosa, plástica, muito dura, firme; cerosidade abundante; transição gradual e plana.
Bt1 80-90 Bruno-amarelo-claro (10 YR 6/4, úmido e seco); franco-argilosa a argilosa; blocos subangulares médios e
grandes, fraca; pegajosa, plástica, muito dura, firme; cerosidade abundante.

Tabela 13. Informações do perfil Sul-25 da unidade L.


Horizontes
Fatores A1 A2 E Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-65 65-80 80-95
C. orgânico (g kg-1) 17,40 5,50 3,90 5,40 4,90
M. O. % 3,00 0,95 0,67 0,93 0,84
P (mg kg-1) 1,80 1,30 1,80 1,90 1,80
pH (H2O) - 4,95 4,90 4,95 5,06 5,07
pH (KCl) - 3,84 3,86 3,80 3,72 3,64
Ca (c molc kg-1) 0,40 0,30 0,20 0,60 1,10
Mg “ 0,10 0,10 0,10 0,40 0,70
K “ 0,10 0,09 0,07 0,08 0,11
Na “ 0,03 0,06 0,04 0,02 0,07
S “ 0,63 0,55 0,41 1,10 1,98
Al “ 1,24 1,38 1,44 1,53 3,05
H+Al “ 2,10 1,80 1,50 2,0 3,80
T “ 2,73 2,35 1,51 3,10 3,98
T(arg.) “ 27 20 13 20 15
V % 23 23 27 35 50
Sat. Al “ 68 72 78 58 61
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 12 36 63 68 70
Areia grossa “ 124 137 107 138 114
Areia fina “ 529 471 423 389 296
Silte ” 247 276 357 320 330
Argila 100 116 113 153 260
Argila natural 6 4 11 21 33
Agregação % 94 97 90 86 87
Silte/argila - 2,47 2,38 3,16 2,09 1,27
Textura - SL SL SL SL SL
SL- franco-arenosa.
22 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Palermo e Rio Bonito) e a leste, na fossa tectônica, nos


b) Coxilhas limites com Amaral Ferrador, por sedimentos do período
Triássico na sua maior parte.
São as áreas aplainadas de superfícies muito antigas,
de relevo ondulado e suave ondulado. São constituídas As coxilhas de relevo menos acentuado, que compõem
por um espigão básico liso e aplainado com encostas esta unidade, constituem-se em ondulações com a parte
desde amplas e muito abauladas, juntamente com superior brandamente abaulada, dando idéia de terem
baixos declives constantes (5-15%). Nas mesmas
constituído no passado um leve platô. Geralmente, o
superfícies, há pequenas encostas com fortes declives
(>45%), onde no sopé afloram nascentes de água. ramo principal, ou seja, o espigão divisor de águas,
Estão situadas nas bordas das terras altas onde segue quase sempre uma direção perpendicular do
desenvolveram solos mais profundos nas cotas dreno natural. Lateralmente, dá origem a segmentos
inferiores a 200 m. São áreas no geral, onde os secundários com caraterísticas semelhantes, mas com
processos erosivos de remoção constituíram depósitos relevo que se torna mais suave. Generalizando-se para a
sedimentares espessos no sopé das serras. São região Sul do Estado, há uma igualdade de níveis
próprias às atividades agrícolas com solos profundos e topográficos dos ramos principais das coxilhas. Há uma
muito suscetíveis a erosão.
similaridade na situação junto à serra, ou seja, ocorrem
nas bordas deprimidas dos complexos graníticos
individualizados por falhamentos e fossas tectônicas ou
Apresentam uma vegetação de savanas onde as
gramíneas de ampla variabilidade, pouco palatáveis simplesmente por depressões. Possuem grande
pelos herbívoros, estão entremeadas de uma profundidade do solo e cascalhos com arestas um tanto
diversidade muito grande de forrageiras dispersas. gastas nos topos, que caraterizam os solos de origem
Aquelas são predominantes, nesta savana, entre sedimentar como componentes anteriores de grandes
espécies arbustivas resistentes as secas. Praticamente planícies, hoje quase extintas pela erosão. Compunham
se desenvolvem raras árvores espinhentas neste estrato patamares semelhantes na borda dos granitos de toda a
de vegetação entre as terras altas e as planícies. região Sul (Sombroek, 1969).

Localmente, há ocasionais cascalhos desarestados


Unidade C1 semelhantes aos que ocorrem em rochas situadas entre
falhas (milonitos). Isto, possivelmente, definiria esses
São as áreas, de relevo levemente ondulado a solos como ainda integrantes da parte alta do planalto,
ondulado, desenvolvidas de sedimentos antigos o que contrasta com o aspecto geomorfológico.
aplainados dos períodos Triássico e Permiano
denominadas, regionalmente, de coxilhas. Geralmente O sistema de drenagem, que se inicia numa depressão
estão situadas nos sopés dos complexos graníticos que acentuada em relação à parte superior, prolonga-se até
formam o planalto. São formas antigas de relevo que, quase a sanga principal sem apresentar sulcos, para
pela dissecação erosiva, formam superfícies depois, quase junto a essa, constituir uma sanga
fisiográficas muito particulares sem sulcos abertos de profunda, com alguma mata nas bordas. Nas
drenagem com vertentes somente na parte inferior das depressões que ocorrem quase junto ao eixo principal
encostas. Assemelham-se as desenvolvidas em rochas da coxilha, formam-se pequenos banhados de 10 a 20
graníticas ou outras rochas em um mesmo período m de diâmetro, que são alimentados, anualmente, por
climático, em cotas semelhantes e com o águas provenientes de fendas das rochas ou, mesmo,
desenvolvimento de uma vegetação de savana. pela água que se infiltra nestes solos profundos.
Apresentam caraterísticas próprias dessa formação Geralmente, os banhados, em algumas partes, têm a
geomorfológica. Ao sopé dessas ondulações, onde saída bloqueada por sedimentos recentes,
afloram vertentes, há "capões" isolados de mata ciliar, permanecendo, durante todo o ano, com uma pequena
circundando os banhados de vegetação arbustiva e lâmina de água. Em alguns locais não submersos, há
aquática (Cyperus sp.). uma capa de argila endurecida, que, juntamente com
raízes, cobre alguma argila que está em suspensão em
Generalizando-se, regionalmente esta unidade, situada água. Em tais locais, denominados mananciais, é
entre as zonas planas sedimentares quaternárias e o comum a ocorrência de uma pastagem um tanto fina,
planalto, tem, por suas condições de relevo suave entre macegas, e, também, atoleiros.
ondulado a ondulado, boas possibilidades de uso
agrícola. Normalmente, são ondulações de até 100 m No leste, os solos desenvolvidos de granitos
de altitude, com declives brandos (2-12%) e que se metamorfizados na borda inferior da fossa tectônica são
tornam mais suaves à medida que se aproximam dos menos avermelhados do que os desenvolvidos de
vales e dos arroios. Localmente ao norte, são formadas sedimentos do período Triássico mais no interior da
por sedimentos do período Permiano (formações fossa tectônica. Estão representados pelo perfil Sul-1,
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 23

que apresenta na camada superior um horizonte A1, de O perfil Sul14 desenvolvido em sedimentos marinhos da
20 cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura franco- formação Palermo apresenta na camada superior um
arenosa, média estrutura granular, teor de matéria horizonte A1, de 30 cm, cor bruno-avermelhado-escuro,
orgânica de 2,26 %, pH de 5,01, alumínio trocável de textura franco-arenosa, forte estrutura granular
1,12 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,88 pequena, teor de matéria orgânica de 3,00 %, pH de
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,58 5,56, alumínio trocável de 0,33 cmolc/kg, soma de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 41%. bases trocáveis de 4,91 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 7,11 cmolc/kg e saturação de bases
A camada superior logo a seguir, apresenta um trocáveis de 69 %.
horizonte A2, de 25 cm, cor bruno-amarelado-escuro,
textura franco-arenosa, forte estrutura granular, teor de Apresenta na camada superior um horizonte A2, de 20
matéria orgânica de 1,71 %, pH de 4,99, alumínio cm, cor bruno-avermelhado-escuro, textura franco-
trocável de 1,48 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de argilo-arenosa, moderada estrutura granular e blocos
0,89 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,79 subangulares pequenos, teor de matéria orgânica de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 23 %. 0,98 %, pH de 5,15, alumínio trocável de 1,22
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 4,04 cmolc/kg,
Posteriormente, há uma a camada inferior com um capacidade de troca de cátions de 6,54 cmolc/kg e
horizonte E, de 10 cm, cor bruno-avermelhado-escuro, saturação de bases trocáveis de 62 %.
textura franco-arenosa, estrutura maciça a granular,
teor de matéria orgânica de 0,95 %, pH de 5,08, Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 20 cm, cor
alumínio trocável de 1,59 cmolc/kg, soma de bases bruno-avermelhado-escuro, forte textura argilosa,
trocáveis de 0,84 cmolc/kg, capacidade de troca de moderada estrutura blocos subangulares médios, teor
cátions de 3,34 cmolc/kg e saturação de bases de matéria orgânica de 1,34 %, pH de 5,07, alumínio
trocáveis de 25 %. trocável de 0,98 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
5,75 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,15
A camada inferior possui um horizonte Bt1, de 10 cm, cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 71 %.
cor bruno-avermelhado, textura franco-argilo-arenosa
forte, estrutura em blocos angulares e subangulares Posterior a esta camada há um horizonte Bt2, de 20 cm,
médios, teor de matéria orgânica de 1,57 %, pH de cor bruno-avermelhado-escuro, textura argilosa, forte
5,01, alumínio trocável de 3,01 cmolc/kg, soma de estrutura blocos subangulares médios, teor de matéria
bases trocáveis de 1,50 cmolc/kg, capacidade de troca orgânica de 1,48 %, pH de 4,76, alumínio trocável de
de cátions de 5,40 cmolc/kg e saturação de bases 0,80 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 7,27
trocáveis de 28 %. cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 9,77
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 74 %.
Esta camada inferior prolonga-se a um horizonte Bt2, de
40 cm, cor vermelha, textura argilosa, forte estrutura Na sua parte inferior há um horizonte Bt3, de 20 cm, cor
em blocos subangulares médios, teor de matéria vermelho-escuro, textura argilosa, estrutura blocos
orgânica de 1,72 %, pH de 4,81, alumínio trocável de subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,22
4,80 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,09 %, pH de 4,91, alumínio trocável de 0,70 cmolc/kg,
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,89 soma de bases trocáveis de 6,43 cmolc/kg, capacidade
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 30 %, de troca de cátions de 7,63 cmolc/kg e saturação de
(Tabelas 14 e 15). bases trocáveis de 84 %.

Este solo pelo sistema proposto pela Embrapa (1999), Segue-se uma camada mais inferior com um horizonte
está situado como Argissolo Vermelho Distrófico Bt4, de 30 cm, possui cor vermelho-escuro, textura
arênico. Muitas variações de subgrupos ocorrem ao argilosa, estrutura blocos médios e grandes forte, teor
longo da catena. Pela proposição de revisão do sistema, de matéria orgânica de 1,10 %, pH de 4,87, alumínio
conforme Embrapa (2003), a classificação se define trocável de 0,72 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
como Argissolo Vermelho Tb Alumínico arênico. 6,73 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,73
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 77 %.
Ao norte a intrusão de sedimentos marinhos do período
Permiano capeando as rochas graníticas da suíte Nos limites da camada inferior há um horizonte BC, de
granítica Encruzilhada do Sul, Sienito Pequiri e 20 cm, possui cor vermelha, textura argilosa, estrutura
complexo granítico Arroio dos Ratos, constituiu solos blocos médios e grandes forte, teor de matéria orgânica
muito semelhantes nessa unidade geomorfológica de 1,41 %, pH de 4,97, alumínio trocável de 0,51
embora com alguns atributos distintos. cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 7,10 cmolc/kg,
24 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

capacidade de troca de cátions de 9,00 cmolc/kg e médios, teor de matéria orgânica de 2,54 - 3,52, pH de
saturação de bases trocáveis de 79 %, (Tabelas 16 e 4,76 - 4,81, alumínio trocável de 0,92 - 1,15 cmolc/kg,
17). soma de bases trocáveis de 0,92 - 1,15 cmolc/kg,
capacidade de troca de cátions de 3,75 - 4,62 cmolc/kg
Esse solo, relativamente pouco intemperizado, pelo e saturação de bases trocáveis de 20 - 31 %.
sistema proposto pela Embrapa (1999), foi classificado
como Argissolo Vermelho Eutrófico chernossólico (Fig. Segue-se nesta camada um horizonte Bt3, de 30 cm,
17). Ao nível de subgrupo muitos outros estão cor vermelho-escuro, textura muito argilosa, moderada
distribuídos nessa unidade de formas de relevo. estrutura blocos subangulares médios, teor de matéria
orgânica de 1,79 %, pH de 4,83, alumínio trocável de
Nesses mesmos sedimentos, ocorrem solos mais 3,81 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,79
lateralizados como os perfis Sul-27 e Sul-29 que cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,59
representam o grande grupo de Distróficos e subgrupos cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %.
de abrúpticos e latossólicos.
Na última camada inferior há um horizonte Bt4, de 40
Na camada superior apresentam um horizonte A1, de 20
cm, cor vermelho-escuro, textura muito argilosa,
cm, cor cinzento-escuro a bruno-avermelhado-escuro, moderada estrutura blocos subangulares médios, teor
textura franco-argilarenosa, forte moderada e fraca de matéria orgânica de 1,27 %, pH de 4,93, alumínio
estrutura granular pequena e média, teor de matéria trocável de 2,81 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
orgânica de 2,79 - 3,89 %, pH de 4,92 - 5,63,
2,87 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,37
alumínio trocável de 0,39 - 2,16 cmolc/kg, soma de
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 20 %,
bases trocáveis de 1,54 - 3,24 cmolc/kg, capacidade de
(Tabelas 18 e 21).
troca de cátions de 4,44 - 5,34 cmolc/kg e saturação
de bases trocáveis de 58 - 61 %. Os solos mais laterizados em encostas, que foram
expostas aos maiores rigores do intemperismo, em
Apresentam nesta camada um horizonte A2 A/B, de 20 condições climáticas passadas, constituem ocorrências
cm, cor cinzento-escuro a bruno-avermelhado-escuro, intermitentes em superfícies que se desgastam pela
textura franco-argilarenosa a franco-argilosa, forte erosão. Estão situados como Argissolos Vermelhos Tb
moderada e fraca estrutura granular pequena e média, Alumínicos abrúpticos (Fig.18). Caraterizam uma
teor de matéria orgânica de 2,27 - 2,76 %, pH de 4,83 evolução inicial incipiente interrelacionada com a
- 5,26, alumínio trocável de 3,03 - 0,99 cmolc/kg, soma constituição dos latossolos.
de bases trocáveis de 1,17 - 2,39 cmolc/kg, capacidade
de troca de cátions de 4,49 - 4,97 cmolc/kg e Quanto ao uso agrícola, as terras, apesar de terem
saturação de bases trocáveis de 24 - 53 %. solos relativamente bons (profundos), mas
relativamente ácidos, são muito suscetíveis à erosão.
Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 20 - 30 Conforme o sistema de classificação capacidade de uso
cm, cor bruno-avermelhado a bruno-avermelhado- das terras, as áreas mais favoráveis seriam da classe III-
escuro, textura muito argilosa, moderada estrutura se. São próprias a cultivos anuais com limitações
blocos subangulares pequenos e médios, teor de acentuadas pela excessiva acidez e alta suscetibilidade
matéria orgânica de 1,98 - 2,12 %, pH de 4,81 - 4,82, à erosão.
alumínio trocável de 2,65 - 4,45 cmolc/kg, soma de
bases trocáveis de 0,98 - 2,06 cmolc/kg, capacidade de Quanto ao sistema proposto para usuários distintos de
troca de cátions de 4,96 - 5,68 cmolc/kg e saturação aptidão agrícola as terras, classificadas como abC, são
de bases trocáveis de 17 - 41 %. "boa" a uma agricultura com alta tecnologia e
‘'regular'' para médios e pequenos agricultores que não
Posteriormente neta camada há um horizonte Bt2, de 10 possam empregar insumos suficientes para controlar a
- 40 cm, cor vermelho a vermelho-escuro, textura baixa fertilidade, alta acidez e a alta suscetibilidade à
muito argilosa, moderada estrutura blocos subangulares erosão.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 25

Fig.17. Argissolo Vermelho Eutrófico chernossólico com Fig.18. Argissolo Vermelho Distrófico abrúptico
ocorrência nas superfícies de exposição mais modernas (arênico). São solos profundos com ocorrências
nas coxilhas onde há uma vegetação ocasional de alternadas em superfícies mais antigas de Tb
butiazeiros (Butia eiosphata). Alumínico; raros são Ta Eutróficos.

Tabela 14. Informações do perfil Sul-1 da unidade C1 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico arênico; Soil Taxonomy: Rhodic Oxic Paleudult. b) Localização:
coordenadas E = 349.227; N = 6.583.108 km (Fuso 22s), altitude=115 m. c) Geologia regional: sedimentos mesozóicos do
período Triássico. d) Material de origem: sedimentos do período Triássico. e) Geomorfologia: coxilhas. f) Situação do perfil: meia
encosta. g) Declividade: 5 - 12 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade:
não há. m) Rochosidade: 1 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 3/6, úmido); franco-arenosa e franco-argilo-arenosa; granular média e
pequena, moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, friável, lig. dura; transição gradual e plana.
A2 20-45 Bruno-amarelado (7,5 YR 3/4, úmido); franco-argilo-arenosa; granular pequena e blocos subangulares
médios e pequenos, fraca; lig. pegajosa, friável, lig. plástica, dura; transição clara e plana.
E 45-55 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/4, úmido); franco-arenosa e franco-argilo-arenosa; maciça a
granular média e pequena, moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, friável, lig. dura; transição gradual e
plana.
Bt1 55-65 Bruno-avermelhado (5 YR 4/4, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares médios; fraca; pegajosa,
plástica, friável, dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt2 65-105t Vermelho (2,5 YR 4/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, fraca; pegajosa, plástica, friável,
dura; cerosidade pouca, fraca.
26 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 15. Informações do perfil Sul-1 da unidade C1 .


Horizontes
Fatores A1 A2 E Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-20 20-45 45-55 55-65 65-105
C. orgânico (g kg-1) 13,10 9,90 5,50 9,10 10,0
M. O. % 2,26 1,71 0,95 1,57 1,72
P (mg kg-1) 0,90 0,30 0,10 0,20 1,80
pH (H2O) - 5,01 4,99 5,08 5,01 4,81
pH (KCl) - 3,78 3,78 3,85 3,72 3,55
Ca (c molc kg-1) 0,90 0,40 0,40 0,80 1,10
Mg “ 0,80 0,40 0,30 0,60 0,90
K “ 0,14 0,06 0,09 0,06 0,05
Na “ 0,04 0,03 0,05 0,04 0,04
S “ 1,88 0,89 0,84 1,50 2,09
Al “ 1,12 1,48 1,59 3,01 4,54
H+Al “ 2,70 2,90 2,50 3,90 4,80
T “ 4,58 3,79 3,34 5,40 6,89
T(arg.) “ 35 42 26 20 14
V % 41 23 25 28 30
Sat. Al “ 37 62 65 67 68
Fe (total) “ - - - - 4,4
Calhaus (g kg-1) 5 - - - -
Cascalho “ 15 38 56 52 26
Areia grossa “ 49 61 57 40 36
Areia fina “ 669 670 616 509 366
Silte “ 151 179 199 181 117
Argila “ 131 90 128 270 481
Argila natural “ 15 17 20 43 61
Agregação % 89 81 84 84 87
Silte/argila - 1,15 1,98 1,55 0,67 0,75
Textura - SL SL SL SCL C
C – argilosa, SL- franco-arenosa, SCL- franco-argilo-arenosa.

Tabela 16. Informações do perfil Sul-14 da unidade C1 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico chernossólico; Soil Taxonomy: Rhodic Argiudoll. b) Localização: coordenadas
E = 340.986; N= 6.653.739 km (Fuso 22s), altitude = 97 m. c) Geologia regional: Grupo Guará, formação Palermo. d) Material
de origem: metassedimentos finos. e) Geomorfologia: coxilhas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 10 - 25 %. h)
Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Pedregosidade: não há. m) Rochosidade: não há.n)
Drenabilidade: muito bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-30 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3, úmido); franco-arenosa; granular e blocos subangulares
pequenos e médios, moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, dura; transição gradual e
plana.
A2 30-50 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/4, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares pequenos e
médios, moderada; muito pegajosa, muito plástica, friável, dura; películas de argila comuns, moderada;
transição gradual e plana.
Bt1 50-70 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3 , úmido); franco-argilo-arenosa; granular e blocos subangulares
pequenos e médios, moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, dura; transição gradual e
plana.
Bt2 70-90 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3, úmido); argilosa, granular e blocos subangulares pequenos e
médios, moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, dura; transição gradual e plana.
Bt3 90-110 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios, forte; muito
pegajosa, muito plástica, firme, dura; transição gradual e plana.
Bt4 110-140 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios, forte; muito
pegajosa, muito plástica, firme, dura; transição gradual e plana.
BC 140-160 Vermelho-escuro (2,5 YR 4/6, úmido); argilosa; blocos subangulares grandes, moderada; muito
pegajosa, muito plástica, friável, dura; cerosidade pouca, fraca.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 27

Tabela 17. Informações do perfil Sul-14 da unidade C1 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3 Bt4 BC
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-70 70-90 90-110 110-140 140-160
C. orgânico (g kg-1) 17,40 5,70 7,80 8,60 7,10 6,40 8,20
M. O. % 3,00 0,98 1,34 1,48 1,22 1,10 1,41
P (mg kg-1) 1,60 1,00 1,00 1,50 1,00 2,00 1,90
pH (H2O) - 5,56 5,15 5,07 4,76 4,91 4,87 4,97
pH (KCl) - 4,14 3,81 3,82 3,88 3,90 3,92 3,94
Ca (c molc kg-1) 2,70 2,50 3,50 4,20 3,50 3,60 3,70
Mg “ 1,70 1,20 2,00 2,90 2,80 2,90 3,20
K “ 0,48 0,26 0,15 0,09 0,06 0,15 0,12
Na “ 0,03 0,08 0,10 0,08 0,07 0,08 0,08
S “ 4,91 4,04 5,75 7,27 6,43 6,73 7,10
Al “ 0,33 1,22 0,98 0,80 0,70 0,72 0,51
H+Al “ 2,20 2,50 2,40 2,50 1,20 2,00 1,90
T “ 7,11 6,54 8,15 9,77 7,63 8,73 9,00
T(arg.) “ 42 27 16 17 15 17 26
V % 69 62 71 74 84 77 79
Sat. Al “ 6 23 15 10 13 15 12
Fe (total) “ - - - - 6 - -
Calhaus (g kg-1) - - - - - - -
Cascalho “ 13 102 81 60 66 67 70
Areia grossa “ 186 206 149 121 121 139 147
Areia fina “ 279 270 154 110 106 123 137
Silte “ 367 283 203 186 277 218 366
Argila “ 168 241 494 583 496 520 350
Argila natural “ 32 48 59 292 65 77 56
Agregação % 81 80 88 50 87 85 84
Silte/argila - 2,18 1,17 0,41 0,32 0,56 0,42 1,05
Textura - SL SCL C C C C CL
C – argilosa, CL – franco-argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, SL- franco-arenosa.

Tabela 18. Informações do perfil Sul - 27 da unidade C1.


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abrúptico; Soil Taxonomy: Rhodic Oxic paleudult. b) Localização:
coordenadas E = 344.693; N = 6.630.547 km (Fuso 22s), altitude = 319 m. c) Geologia regional: complexo metamorfizado
Várzea do Capivarita (DNPM 1989). d) Material de origem: formação Palermo do Permiano (IBGE 1986). e) Geomorfologia:
terras altas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 5 a 12 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado. j)
Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: não há . m) Rochosidade: 1 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o)
Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Cinzento-escuro (5 YR 4/1, úmido), cinzento-avermelhado-escuro (5 YR 4/2, seca); franco-arenosa a
franco-argilo-arenosa; granular, pequena e média forte; pegajosa, plástica, muito friável, dura; transição
gradual e plana.
A2 20-40 Cinzento-escuro (5 YR 4/1, úmido), cinzento-avermelhado-escuro (5 YR 4/2, seca); franco-arenosa a
franco-argilo-arenosa; granular, pequena e média forte; pegajosa, plástica, muito friável, dura; transição
clara e plana.
Bt1 40-70 Bruno-avermelhado (5 YR 4/3 e 4/4, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares médios moderada;
pegajosa, plástica, muito friável, dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt2 70-80 Vermelho (2,5 YR 4/8); argilosa; blocos subangulares médios moderada; pegajosa, plástica, muito friável,
dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt3 80-110 Vermelho-escuro (10 YR 4/6); argilosa; blocos subangulares médios moderada; pegajosa, plástica, muito
friável, dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt4 110-150 Vermelho-escuro (10 YR 4/6); argilosa; blocos subangulares médios moderada; pegajosa, plástica, muito
friável, dura; cerosidade pouca, fraca.
28 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 19. Informações do perfil Sul-27 da unidade C1.


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3 Bt4
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-70 70-80 80-110 110-150
C. orgânico (g kg-1) 16,20 13,20 11,50 12,70 10,40 10,40
M. O. % 2,79 2,27 1,98 2,19 1,79 1,27
P (mg kg-1) 2,60 2,30 1,30 2,50 1,60 2,0
pH (H2O) - 4,92 4,83 4,82 4,76 4,83 4,93
pH (KCl) - 3,66 3,66 3,59 3,63 3,70 3,68
Ca (c molc kg-1) 0,70 0,70 0,60 0,50 0,50 0,50
Mg “ 0,60 0,30 0,30 0,30 0,20 0,30
K “ 0,21 0,10 0,06 0,10 0,07 0,05
Na “ 0,03 0,07 0,02 0,02 0,0,2 0,02
S “ 1,54 1,17 0,98 0,92 0,79 0,87
Al “ 2,16 3,03 4,45 3,52 3,10 2,81
H+Al “ 2,90 3,80 4,70 3,70 3,80 3,50
T “ 4,44 4,97 5,68 4,62 4,59 4,37
T(arg.) “ 14 13 8 7 7 7
V % 35 24 17 20 17 20
Sat. Al “ 58 72 82 81 84 82
Fe (total) “ - - - - 6 7
Calhaus (g kg-1) - - - - - -
Cascalho “ 27 45 38 67 58 35
Areia grossa “ 207 238 125 116 105 104
Areia fina “ 297 69 73 76 64 20
Silte “ 184 309 131 139 164 236
Argila “ 312 384 671 669 667 640
Argila natural “ 40 40 14 16 13 12
Agregação % 87 90 98 98 98 98
Silte/argila - 0,59 0,80 0,20 0,21 0,25 0,37
Textura - SCL CL Cp Cp Cp Cp
Cp – muito argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa.

Tabela 20. Informações do perfil Sul - 29 da unidade C1.


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abrúptico ; Soil Taxonomy – Rhodic Oxic Paleudult. b) Localização:
coordenadas E = 338.956; N = 6.633.426 km (Fuso 22s), altitude = 258 m. c) Geologia regional: sedimentos da era
Paleozóicos. d) Material de origem: sedimentos do período Permiano. e) Geomorfologia: platô de sedimentos paleozóicos em
dissecação. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 5 a 12 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j)
Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: não há . m) Rochosidade: 1 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o)
Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3, úmido e seco); granular pequena a média, moderada a fraca;
pegajosa, plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e plana.
A2 20-40 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/4, seco); granular pequena a média, moderada a fraca; pegajosa,
plástica, muito friável, lig. dura; transição clara e plana.
Bt1 40-60 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4, úmido e seco); blocos subangulares pequenos e médios,
moderada; fanco-argilosa; muito pegajosa, muito plástica, friável, lig. dura; cerosidade abundante, forte;
transição gradual e plana.
Bt2 60-100 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido); blocos subangulares pequenos e médios, moderada; fanco-argilosa;
muito pegajosa, muito plástica, friável, lig. dura; cerosidade abundante, forte.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 29

Tabela 21. Informações do perfil Sul-29 da unidade C1.


Horizontes
Fatores A AB Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 60-100
C. orgânico (g kg-1) 22,30 16,0 12,30 8,60
M. O. % 3,89 2,76 2,12 1,48
P (mg kg-1) 1,70 0,80 0,50 0,50
pH (H2O) - 5,63 5,26 4,81 4,79
pH (KCl) - 4,18 4,07 4,05 4,01
Ca (c molc kg-1) 1,60 1,10 0,60 0,50
Mg “ 1,20 0,90 0,40 0,30
K “ 0,41 0,36 0,60 0,32
Na “ 0,03 0,03 0,04 0,03
S “ 3,24 2,39 2,06 1,15
Al “ 0,39 0,99 2,65 2,54
H+Al “ 2,10 2,10 2,90 2,60
T “ 5,34 4,49 4,96 3,75
T(arg.) “ 22 15 7 6
V % 61 53 41 31
Sat. Al “ 11 29 56 69
Fe (total) “ - - - 6
Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 29 45 22 23
Areia grossa “ 203 196 118 94
Areia fina “ 356 351 95 47
Silte “ 197 157 121 230
Argila “ 244 296 666 629
Argila natural “ 26 53 0,4 0,8
Agregação % 89 82 99 99
Silte/argila - 0,80 0,53 0,18 0,37
Textura - SCL SCL C C
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa.

Unidade C2 climas completamente distintos (alguns quentes e


ocasionalmente úmidos). Essas condições possibilitaram
posteriormente o estabelecimento de savanas que
Compreende as terras onduladas a fortemente foram progressivamente sendo cobertas por mata de
onduladas, predominantemente desenvolvidas de galeria e capões ao longo dos solos mais profundos.
rochas sedimentares das formações Palermo e Rio Têm-se denominado de borda de planalto essas formas
Bonito, sobrepostas entre afloramentos esparsos das mais erodidas das coxilhas. Embora tenham formas
suites granítica Encruzilhada do Sul, complexo achatadas, estão sendo removidas e se remodelando
Gnáissico Arroio dos Ratos, Sienito Piquiri e complexo quase que totalmente, mas ainda conservam,
metamórfico Várzea do Capivarita (Rangrab 2000). parcialmente, volumes significativos de solos espessos
e descontínuos sobre o relevo moderno, que se
Os aspectos morfológicos desta unidade parecem modifica com as novas rochas da base (granitos).
constituir restos de antigas coxilhas que foram erodidas Conservam, entretanto, contrastes nos sulcos de
da região norte. São superfícies situadas sobre a borda drenagem que se aprofundam lentamente cortando
dos complexos graníticos, que sofreram elevações rochas duras do complexo cristalino. Nas coxilhas
(epirogenese) ao longo do tempo o que acentuou os (Unidade C1) são depressões homogêneas. As bordas
processos erosivos destes sedimentos. Atualmente são ravinas profundas que contrastam pelas formas
apresentam formas descontínuas aplainadas ou abruptas e ângulos estreitos nos vales, com as formas
inclinadas com extensas encostas formando um relevo lisas aplainadas das superfícies das coxilhas e que
forte ondulado a ondulado mas com superfícies muito indicam ainda a possível existência de antigo planalto.
lisas. Ainda possuem formas externas modeladas A mata ciliar acompanha os drenos abertos e
intermitentes que se assemelham as coxilhas. A profundos.
diversificação rochosa de base (granítica), hoje
expostas em muitos locais, cria contrastes nas fotos Os solos vermelhos, profundos e parcialmente
em aplainamento, tonalidade e formas de drenagem. lateralizados, contínuos no nível superior do relevo
Essas superfícies estiveram cobertas por uma (topos), contrastam com os desenvolvidos de rochas
sedimentação Permiana ou Triássica. Foram modeladas graníticas e metamórficas distintas, pouco evoluídos
posteriormente em formas de coxilhas em
30 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

que aparentam diversificações constantes. A despeito 4,15 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,65
da heterogeneidade de solos, predominam, nas cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 62 %.
superfícies, os mais antigos, já parcialmente
lateralizados, que, embora com baixos teores de ferro, Nesta camada inferior há um horizonte Bt2, de 20 cm,
possuem formas oxidadas que aparentam teores mais cor vermelho-escuro, textura argilosa, forte estrutura
altos. blocos subangulares médios e pequenos, teor de
matéria orgânica de 1,62 %, pH de 5,14, alumínio
Estas superfícies, embora aplainadas, estão muito trocável de 2,35 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
dissecadas pelos processos erosivos. Contêm vales 2,72 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,12
profundos, diferenciados das depressões sinuosas e cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 53 %,
lisas das coxilhas, mais conservadas. As superfícies (Tabelas 22 e 23).
arqueadas e lisas são contrastantes, com as coxilhas
(C1), pelos drenos naturais profundos, que formam Pelo sistema da Embrapa (1999), esses solos estão
depressões com vegetação arbórea abundante. classificados como Argissolos Vermelhos Eutróficos
abrúpticos, outros subgrupos podem estar relacionados.
No geral, os solos possuem uma granulometria franco- Em coberturas menos espessas, ainda conservadas, se
arenosa fina superficial, o que lhes dá nas fotos aéreas encontram solos menos intemperizados como o perfil
uma coloração clara, contrastando com o alto teor de Sul-13 que apresenta na camada superior um horizonte
argila do interior do perfil. São profundos e com boas A1, de 30 cm, cor bruno-escuro, textura franco-
condições físicas. As rochas (graníticas e arenosa, forte estrutura granular, teor de matéria
metamórficas), raramente, aparecem na superfície, orgânica média de 2,52 %, pH de 5,63, alumínio
enquanto que pedras somente ocorrem em trocável de 0,42 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
agrupamentos isolados, sem chegarem a constituir
7,24 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 9,74
obstáculos à agricultura. Praticamente, só há
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 74 %.
afloramentos rochosos onde a camada de solos antigos
foi removida. A ocorrência de pedras e rochas
Na camada superior há, ainda, um horizonte A2, de 15
predomina totalmente onde as deposições sedimentares
foram removidas. Essas rochas estão relacionadas ao cm, cor bruno-amarelado, textura franco-arenosa, forte
embasamento granítico de base, muito diversificado na estrutura granular, teor de matéria orgânica de 1,08 %,
região. pH de 5,56, alumínio trocável de 1,16 cmolc/kg, soma
de bases trocáveis de 6,64 cmolc/kg, capacidade de
Embora, ainda haja pequenas superfícies com solos troca de cátions de 9,24 cmolc/kg e saturação de bases
mais recentes e rasos, no geral os solos estão trocáveis de 72 %.
parcialmente laterizados como perfil Sul-24 (Fig.19) que
apresenta na camada superior um horizonte A, de 20 Há uma camada inferior com um horizonte Bt, de 20
cm, cor bruno-escuro, textura franco-argilo-arenosa, cm, cor vermelha, textura argilosa, forte estrutura
forte estrutura em blocos subangulares médios e granular, teor de matéria orgânica de 1,17, pH de
pequenos, teor de matéria orgânica de 4,22 %, pH de 4,01, alumínio trocável de 0,86 cmolc/kg, soma de
5,10, alumínio trocável de 0,26 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 11,34 cmolc/kg, alta capacidade de
bases trocáveis de 4,25 cmolc/kg, capacidade de troca troca de cátions de 13,14 cmolc/kg e saturação de
de cátions de 6,35 cmolc/kg e saturação de bases bases trocáveis de 86 %, (Tabelas 24 e 25).
trocáveis de 65 %.
Este solo, pelo sistema proposto por Embrapa (1999),
Apresenta, ainda, na camada superior um horizonte AB, se carateriza como Chernossolo Argilúvico Órtico
de 20 cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura léptico (Fig. 20 a 22).
argilosa, forte estrutura em blocos subangulares médios
e pequenos, teor de matéria orgânica de 2,31 %, pH de As terras são utilizadas, principalmente, para pastagem,
5,07, alumínio trocável de 0,93 cmolc/kg, soma de sendo a cobertura de pasto de regular qualidade, sem a
bases trocáveis de 3,51 cmolc/kg, capacidade de troca ocorrência de invasoras de grande porte. Em algumas
de cátions de 5,91 cmolc/kg e saturação de bases partes, encontram-se lavouras de cultivos como a soja
trocáveis de 59 %. ou pastagem posterior. Os solos, no geral, possuem
uma certa diversificação, conforme sua posição em
Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 40 cm, cor relação ao declive e rochas. Os solos são mais
profundos e pesados e mais férteis quando estão
bruno-avermelhado, textura argilosa, forte estrutura
menos intemperizados, por serem as superfícies
blocos subangulares médios e pequenos, teor de
expostas mais recentes.
matéria orgânica de 1,90 %, pH de 4,87, alumínio
trocável de 1,76 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 31

Quanto ao uso agrícola, estas terras muito sujeitas aos


processos erosivos, têm sido usadas com pastagens de
inverno e ocasionalmente com cultivos esparsos nas
encostas menos íngremes.

Como um todo essas terras não são próprias a uma


agricultura desenvolvida para o uso generalizado de
máquinas. As pequenas glebas se isoladas do todo
possuem boas condições para utilização com culturas
anuais. Seriam regulares para pequenos produtores que
possam localizar suas lavouras nas áreas favoráveis ao
uso contínuo.

A alta declividade de algumas encostas (15%), situadas Fig.20. Terras em superfícies aplainadas e intermitentes
entre outras de declives menores, com o uso mais desenvolvidas em rochas sedimentares antigas
intensivo, poderá, ocasionar sérios problemas de formações Palermo e Rio Bonito, que ainda cobrem as
erosão, principalmente junto às vias de drenagem. rochas graníticas nas bordas do Cerro Partido, formação
Devido a este fator, a capacidade de uso a terra é da sedimentar paleozóica e mesozóica.
classe VI-se. São próprias para pastagens cultivadas,
em virtude das limitações de suscetibilidade à erosão,
alta acidez e baixos teores de fósforo. Cultivos
ocasionais em áreas selecionadas podem ser alternados
com cultivo de pastagens.

Fig.19. Argissolo Bruno-Acinzentado Eutrófico Fig. 21. Solos profundos desenvolvidos de rochas
abrúptico desenvolvido em superfícies sedimentares sedimentares antigas. Formações Palermo e Rio Bonito
antigas do período Permiano da formação Palermo com que se situam onde os processos erosivos ainda não
vegetação campestre e aglomerações de butiazeiros expõem os granitos.
(Butia eiosphata) nos vales mais úmidos.
32 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Fig. 22. Argissolo Vermelho Distrófico abrúptico com


estruturas em blocos angulares e subangulares
moderada a fraca, com minerais incompletamente
intemperizados nos horizontes inferiores.

Tabela 22. Informações do perfil Sul-24 da unidade C2 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abrúptico ; Soil Taxonomy: Rhodic Oxic Paleudalf. b) Localização: coordenadas
E = 348.804; N = 6.636.639 km (Fuso 22s), altitude = 134 m. c) Geologia regional: complexo metamórfico Várzea do
Capivarita. d) Material de origem: sedimentos argilosos das formações Palermo e Rio Bonito. e) Geomorfologia: planalto em
dissecação com coxilhas suaves onduladas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 20 %. h) Erosão: não há. i) Relevo:
ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Pedregosidade: 2 – 5 % m) Rochosidade: 5 % n) Drenabilidade: bem drenado. o)
Vegetação: campestre (mata removida). p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-20 Bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido); bruno-amarelada, escura (10 YR 4/4, seca); franco-argilo-arenosa;
blocos subangulares médios, moderada; pegajosa, plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e
plana..
AB 20 – 40 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares médios, moderada;
pegajosa, plástica, friável, lig. dura; moderada; transição clara e plana.
Bt1 40 – 80 Bruno-avermelhado (2,5 YR 4/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, moderada; muito pegajosa,
muito plástica, muito friável, lig. dura; cerosidade pouca, moderada; transição gradual e plana.
Bt2 80 - 100 Vermelho-escuro (2,5 YR 5/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, moderada; muito pegajosa,
muito plástica, muito friável, dura; cerosidade pouca, moderada; transição gradual e plana.
Tabela 23. Informações do perfil Sul-24 da unidade C2 .
Horizontes
Fatores A AB Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-80 80-100
C. orgânico (g kg-1) 24,50 13,40 11,0 9,40
M. O. % 4,22 2,31 1,90 1,62
P (mg kg-1) 1,90 1,50 2,00 1,50
pH (H2O) - 5,10 5,07 4,87 5,14
pH (KCl) - 4,09 3,86 3,86 3,83
Ca (c molc kg-1) 2,70 2,00 1,80 1,40
Mg “ 1,20 0,90 0,90 1,10
K “ 0,32 0,58 0,40 0,18
Na “ 0,03 0,03 0,05 0,04
S “ 4,25 3,51 4,15 2,72
Al “ 0,26 0,93 1,76 2,35
H+Al “ 2,10 2,40 2,50 2,40
T “ 6,35 5,91 6,65 5,12
T(arg.) “ 25 15 12 9
V % 65 59 62 53
Sat. Al “ 6 2 30 51
Fe (total) “ - - 7 6
Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 25 146 77 50
Areia grossa “ 178 169 165 114
Areia fina “ 385 275 131 118
Silte “ 179 150 151 172
Argila “ 258 406 553 596
Argila natural “ 45 75 56 7
Agregação % 83 81 90 99
Silte/argila - 0,69 0,37 0,27 0,29
Textura - SCL SC C C
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, SC- argilo-arenosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 33

Tabela 24. Informações do perfil Sul-13 da unidade C2 .


a)Classificação: CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico léptico; Soil Taxonomy: Rhodic Argiudoll. b) Localização: coordenadas E =
320.651; N = 6.638.608 km (Fuso 22s), altitude = 143 m. c) Geologia regional: sedimentos Pré-cambrianos, formação Arroio
dos Nobres . d) Material de origem: grupo Guará formação Palermo. e) Geomorfologia: coxilhas. f) Situação do perfil: meia
encosta. g) Declividade: 5 - 12 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade:
não há. m) Rochosidade: 1 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-30 Bruno-acinzentado-muito escuro (10 YR 3/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena, fraca; lig.
pegajosa, lig. plástica, muito friável, duro; transição gradual e plana.
A2 30-45 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido); franco-argilosa; granular pequena, fraca; lig. pegajosa,
lig. plástica, muito friável, dura; transição gradual e plana.
Bt 45-65 Vermelho (2,5 YR 4/8, úmido); argilosa; granular pequena fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, muito
friável, dura; transição gradual e plana.
BC 65+ Rochas em decomposição

Tabela 25. Informações do perfil Sul-13 da unidade C2 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt BC
Espessura (cm) 0-30 30-45 45-65 65+
C. orgânico (g kg-1) 14,60 6,30 6,80 -
M. O. % 2,52 1,08 1,17 -
P (mg kg-1) 1,90 0,80 19,9 -
pH (H2O) - 5,63 5,56 4,01 -
pH (KCl) - 4,09 3,81 3,83 -
Ca (c molc kg-1) 3,20 2,60 4,20 -
Mg “ 3,30 3,70 6,70 -
K “ 0,65 0,18 0,15 -
Na “ 0,09 0,16 0,29 -
S “ 7,24 6,64 11,34 -
Al “ 0,42 1,16 0,86 -
H+Al “ 2,50 2,60 1,80 -
T “ 9,74 9,24 13,14 -
T(arg.) “ 67 54 82 -
V % 74 72 86 -
Sat. Al “ 5 15 7 -
Fe (total) “ - - 7 -
Calhaus (g kg-1) 93 - - -
Cascalho “ 269 303 267 -
Areia grossa “ 370 463 370 -
Areia fina “ 270 240 199 -
Silte “ 215 125 171 -
Argila “ 145 172 260 -
Argila natural “ 44 54 70 -
Agregação % 70 68 56 -
Silte/argila - 1,48 0,73 1,06 -
Textura - SL SL SL -
SL- franco-arenosa.

c) Terras altas vezes com inúmeras espécies arbustivas. Trata-se de


uma vegetação de savana com mais condições de
São as terras altas sobre e entre blocos de rochas contornar os períodos de carência de água. Nos
graníticas, que formam um relevo aplainado desde "capões", há predominância de árvores espinhentas e
suave ondulado a ondulado com rochosidade e com folhas muito suberizadas, próprias para
pedregosidade esparsa em áreas diversificadas. Essas contornarem os climas áridos passados. Atualmente,
terras, observadas como um todo, formam um planalto. nos climas amenos do período quaternário recente,
Ocupam as partes centrais do município. Os campos essas espécies, contornando as rochas, se localizam em
são cobertos por vegetação de savana onde as árvores solos rasos e pedregosos entre os matacões.
de porte médio estão nos vales dos arroios (matas de
galerias) ou constituindo "capões" isolados Os campos aplainados estão contidos em superfícies
entremeados de afloramentos rochosos com espécies homogêneas conservadas que incluem aglomerados
mais resistentes a seca. No geral, domina a vegetação rochosos esparsamente distribuídos. Onde a
de gramíneas compondo pastagens nativas muitas rochosidade compõe cerros isolados ou bordas de
34 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

serras, no contato entre blocos graníticos distintos, a de granitos condiciona que cada paisagem em
vegetação de mata baixa com arbustos é predominante. aplainamento constituindo, uma bacia hidrográfica,
Inúmeras falhas e fraturas cortam essa continuidade de tenha sua história evolutiva, em tempos distintos, que
relevo aplainado, criando alinhamentos rochosos. As necessariamente não foram em climas semelhantes.
rochas aflorando no relevo são cercados por árvores
baixas, típicas da melhor adaptação ao período de seca. Observa-se que os processos erosivos têm sido
As superfícies aplainadas se constituem em pequenos seletivos, com isso os grupamentos de rochas muito
segmentos do planalto que se unem nos vales. No metamorfizadas têm deixado superfícies conservadas
geral, são sulcados por pequenos arroios isolados que, aplainadas, com solos profundos de cores avermelhadas
com sangas abertas, formam um modelo de drenagem e muito intemperizados. Observa-se também que em
denominado de espinha de peixe, constituindo a outras áreas de granitos de granulometria mais
drenagem principal. As pequenas bordas externas e grosseira, o modelamento tem sido mais intensivamente
grupamentos destas intrusões de blocos rochosos erosivo e os resíduos finos têm sido eliminados
distintos, de consistência mais dura, muitas vezes com constituindo solos cascalhentos e rasos, com o
aspecto transicional de serras, mais pela exposição modelamento da superfície mais abaulado.
rochosa do que pelos declives não tão acentuados,
constituem contrastes com as áreas aplainadas próprias Onde há superfícies mais antigas, em superfícies planas
ao desenvolvimento de atividades agrícolas residuais muito semelhantes entre si, nos distintos
generalizadas. blocos graníticos, os solos são mais profundos e
formados por argilas cauliníticas. Variam as cores em
função do maior ou menor hidromorfismo de épocas
Unidade Sgo passadas. Não há variações significativas da
composição de rochas que lhe deram origem. Os mais
drenados parecem constituir patamares anteriores aos
São as terras do planalto granítico que apresentam um que se formaram nas coxilhas. Assemelham-se na
relevo suave com leves ondulações, com encostas constituição interior do perfil como resultante de
amplas, muito pouco pedregosas e cascalhentas. processos de forte laterização sem entretanto
Ocupam as áreas generalizadas de nascentes e terço apresentarem óxidos de ferro superiores a 6 %. Muitos
médio das bacias hidrográficas e os patamares elevados parecem provir de antigos metassedimentos finos, em
antigos. Os solos são rasos ou pouco profundos e virtude dos baixos teores de cascalhos. Apresentam
pouco cascalhentos (Fig. 23 e 24). gradientes texturais abruptos como se tivessem
evoluído em algumas épocas em superfícies planas.
Compreendem as superfícies aplainadas de um conjunto
de rochas graníticas variáveis onde seus resíduos têm No geral, os solos que ocupam restos de antigos platôs
sido menos erodidos (Fig. 25 e 26). São superfícies residuais estão dispersos entre os tipos de colinas e
modeladas em uma diversificação muito grande de encostas de um relevo ondulado pelo modelamento
constituintes rochosos que foram deixando restos de quaternário. Normalmente, estes solos antigos ocupam
rochas endurecidas, compondo morros e cerros que se os divisores das bacias hidrográficas dos arroios e
isolam na paisagem. sangas e estão descritos como o perfil Sul-6 . Este solo
apresenta uma camada superior um horizonte A1, de 25
São formas fisiográficas que se aplainam ou se cm, cor bruno-escuro, textura franco-argilarenosa,
inclinam. Retraem-se pelo processo erosivo natural moderada estrutura granular média, teor de matéria
deixando constituídos patamares que se assemelham orgânica de 4,22%, pH de 5,06, alumínio trocável de
ou se contrastam e se afastam entre si. As bordas 1,65 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,82
endurecidas de outros complexos rochosos ou
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,52
simplesmente endurecidas pelos falhamentos e
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 43 %.
cisalhamentos dessas suturas graníticas localizadas
constituem morrotes que se isolam.
Na camada superior há um horizonte A2, de 25 cm, cor
Os solos são rasos e cascalhentos nas partes mais bruno-amarelado-escuro, textura franco-argilosa, forte
elevadas das encostas com declives mais acentuados, estrutura granular média, teor de matéria orgânica de
entretanto, nos patamares mais aplainados, ocorrem 2,69 %, pH de 4,91, alumínio trocável de 2,64
solos profundos. Estão diversificados, tanto pela cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,72 cmolc/kg,
natureza dos processos erosivos, como pela natureza capacidade de troca de cátions de 6,42 cmolc/kg e
das rochas graníticas. Mesmo nas superfícies saturação de bases trocáveis de 27 %.
conservadas, há muita variação na constituição dos
perfis, que são de origem recente. A variação de Apresenta na camada inferior um horizonte Bt1, de 20
resistência ao intemperismo destes blocos semelhantes cm, cor vermelha, textura franco-argilosa, forte
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 35

estrutura em blocos subangulares, teor de matéria bases trocáveis de 1,80 cmolc/kg, alta capacidade de
orgânica de 1,93 %, pH de 4,72, alumínio troca de cátions de 6,00 cmolc/kg e baixa saturação de
trocável de 4,26cmolc/kg, soma de bases bases trocáveis de 30 %.
trocáveis de 1,53 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,93 cmolc/kg e saturação de bases Apresentam na camada inferior um horizonte Bt1, de 20
trocáveis de 26 %. cm, cor bruno-escuro a bruno-forte, textura argilosa,
fraca a forte estrutura em blocos subangulares
Nesta última camada inferior destaca-se horizonte pequenos e médios, teor de matéria orgânica de 1,81 -
Bt2, de 30 cm, cor vermelha, textura muito 2,43 %, acidez com pH de 4,71 - 4,99, alumínio
argilosa, forte estrutura em blocos subangulares trocável de 3,90 - 4,03 cmolc/kg, soma de bases
médios, teor de matéria orgânica de 2,24 %, pH trocáveis de 1,59 - 1,76 cmolc/kg, capacidade de troca
de 4,54, alumínio trocável de 4,64 cmolc/kg, de cátions de 5,66 - 6,99 cmolc/kg e saturação de
soma de cátions trocáveis de 1,96 cmolc/kg, bases trocáveis de 23 - 31 %.
capacidade de troca de cátions de 7,26 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 27 %, (Tabelas Esta camada é seguida de um horizonte Bt2, de 15 - 25
26 e 27). cm, cor bruno-escuro a bruno-forte, textura argilosa,
moderada a forte estrutura em blocos subangulares
Este solo, conforme Embrapa (1999), estaria médios, teor de matéria orgânica de 1,57 - 2,31 %,
situado como Argissolo Vermelho Distrófico acidez com pH de 4,83 - 4,98, alumínio trocável de
abrúptico com outros subgrupos. A proposta de 3,87 - 4,39 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,33
modificação no sistema em Embrapa (2003), - 1,55 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,45
situa-o como Argissolo Vermelho Tb Alumínico - 6,33 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 20 -
abruptico. 28%.

Outros solos (Sul-7 e Sul-28) profundos ocupam Nesta mesma camada, segue-se um horizonte Bt3, de
antigos divisores de águas das bacias 15 - 25 cm, cor vermelho-amarelado a bruno-forte,
hidrográficas mais recentes nos principais arroios. textura argilosa, moderada a forte estrutura em blocos
Possuem na camada superior com horizonte A1, de subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,34
20 cm, cor bruno muito escuro a bruno-cinzento - 1,48 %, acidez com pH de 4,60 - 4,96, alumínio
muito escuro, textura franco-argilarenosa, fraca trocável de 3,53 - 4,96 cmolc/kg, soma de bases
estrutura granular pequena a fraca estrutura em trocáveis de 1,14 - 1,31 cmolc/kg, capacidade de troca
blocos subangulares pequenos, teor de matéria de cátions de 4,84 - 5,71 cmolc/kg e saturação de
orgânica de 2,34 - 4,40 %, acidez com pH de bases trocáveis de 23 - 24 %.
4,95 - 5,05, alumínio trocável de 1,20 - 1,21
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,74 - 2,84 Na sua parte inferior há um horizonte Bt4, de 40 cm, cor
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,04 - vermelho-escuro, textura argilosa, moderada a forte
7,14 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de estrutura em blocos subangulares, teor de matéria
40 - 45 %. orgânica de 1,00 %, acidez com pH de 4,55, alumínio
trocável de 3,59 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
Destaca-se na camada superior um horizonte A2, 1,14 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 3,94
de 20 cm, cor bruno muito escuro a bruno cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 29 %.
acinzentado-escuro, textura franco-argilarenosa a
franco, forte estrutura granular pequena a fraca Na sua parte mais inferior, possui um horizonte Bt5, de
estrutura em blocos subangulares pequenos, teor
45 cm, cor vermelho-escuro, textura argilosa, moderada
de matéria orgânica de 2,96 - 3,19 %, acidez com
a forte estrutura em blocos subangulares, teor de
pH de 4,78 - 5,05, alumínio trocável de 1,20 -
matéria orgânica de 1,03 acidez com pH de 4,57,
2,31 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,00 -
alumínio trocável de 3,23 cmolc/kg, soma de bases
2,08 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
trocáveis de 1,14 cmolc/kg, capacidade de troca de
5,90 - 7,08 cmolc/kg e saturação de bases
cátions de 3,84 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
trocáveis de 24 - 29 %.
de 30 %.
Nesta camada há um horizonte A3, de 15 cm, cor
Nos limites com a parte rochosa há uma camada inferior
bruno muito escuro, textura franco-argilo-arenosa,
um horizonte C , de 10 cm, cor vermelho-escuro,
moderada estrutura blocos angulares e
textura franco-argilosa, sem estrutura, teor de matéria
subangulares pequenos e médios, teor de matéria
orgânica de 1,48 %, acidez com pH de 4,98, alumínio
orgânica alta de 1,98 %, alta acidez com pH 4,88,
trocável de 4,58 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
alto alumínio trocável de 3,13 cmolc/kg, soma de
36 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

cmolc/kg e saturação de trocáveis de 20 %, (Tabelas Essas áreas menos drenadas das encostas caraterizam
28 a 31). os Argissolos Bruno-Acinzentados Tb Alumínicos
típicos, com inclusões de outros subgrupos,
São os solos mais profundos que ocorrem no planalto parcialmente laterizados.
granítico. Estão situados no sistema taxonômico
proposto pela Embrapa (1999) como Argissolos Ocasionalmente (2 5 %) ocorrem intrusões de rochas
Vermelho-Amarelos Distróficos típicos e Argissolos graníticas alcalinas como os tonalitos e dioritos que
Vermelho-Amarelos Tb Alumínicos abrupticos os que constituem afloramentos com solos férteis. Além destas
apresentam alumínio trocável alto (Fig. 27). rochas, outras mais alcalinas do complexo granítico
Arroio dos Ratos estabelecem solos diferenciados muito
Os solos das encostas inferiores das bacias férteis. O solo, representante daqueles, caraterizado
hidrográficas dos arroios e sangas, são mais sujeitos a pelo perfil Sul-9, apresenta na camada superior um
períodos mais longos de hidromorfismo como o perfil horizonte A1, de 25 cm, cor bruno muito escuro, textura
Sul-11. Em geral, este solo apresenta na camada franco-argilarenosa, moderada, granular pequena e
superior um horizonte A1, de 25 cm, cor bruno- média estrutura, teor de matéria orgânica de 3,46 %,
acinzentado muito escuro, textura franco-argilo- pH de 5,26, alumínio trocável de 1,12 cmolc/kg, soma
arenosa, moderada estrutura granular pequena e média, de bases trocáveis de 4,71 cmolc/kg, capacidade de
teor de matéria orgânica de 3,50 %, pH de 4,84, troca de cátions de 9,41 cmolc/kg e saturação de bases
alumínio trocável de 1,19 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 50 %.
trocáveis de 2,50 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 6,20 cmolc/kg e saturação de bases Esta camada superior tem um horizonte A2, de 25 cm,
trocáveis de 40 %. cor bruno-muito escuro, textura franco-arenosa, forte
estrutura em blocos subangulares pequenos, teor de
Possui na camada superior um horizonte A2, de 12 cm, matéria orgânica alta de 2,79 %, pH de 5,21, alumínio
cor bruno-escuro, textura franco-argilo-arenosa, trocável de 1,94 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
moderada estrutura granular pequena e média, teor de 2,75 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,35
matéria orgânica de 3,31 %, pH de 4,68, alumínio cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 37 %.
trocável de 2,36 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
0,93 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 0,93 Na camada argilosa inferior há um horizonte Bt1, de 30
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %. cm, cor bruno-amarelado-escuro, textura franco-argilo-
arenosa, forte estrutura em blocos subangulares
A camada argilosa inferior é seguida por um horizonte médios, teor de matéria orgânica média de 1,69 %, pH
Bt1, de 10 cm, cor bruno-escuro, textura franco- de 5,41, alumínio trocável de 2,30 cmolc/kg, soma de
argilosa, fraca estrutura em blocos subangulares bases trocáveis de 3,90 cmolc/kg, capacidade de troca
médios, teor de matéria orgânica de 1,88 %, pH de de cátions de 8,00 cmolc/kg e saturação de bases
4,65, alumínio trocável de 2,07 cmolc/kg, soma de trocáveis de 49 %.
bases trocáveis de 0,90 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,40 cmolc/kg e saturação de bases A seguir, há uma camada inferior com horizonte Bt2, de
trocáveis de 17 %. 30 cm, cor bruno-forte, textura argilosa, estrutura em
blocos subangulares médios forte, teor de matéria
Na sua parte média há um horizonte Bt2, de 30 cm, cor orgânica baixa de 1,33 %, pH de 5,69, alumínio
bruno-amarelado-escuro, textura argilosa, forte trocável de 1,87 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
estrutura em blocos subangulares médios, teor de 10,23 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
matéria orgânica de 1,96 %, pH de 4,64, alumínio 13,03 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 79
trocável de 3,82 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de %.
0,63cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
5,53cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 11%. Nos limites com as rochas há um horizonte C, de 30
cm, cor bruno-amarelado, textura franco-arenosa, fraca
Na camada parte inferior há um horizonte Bt3, de 15 estrutura em blocos subangulares médios, teor de
cm, cor bruno-escuro, textura argilosa, forte estrutura matéria orgânica de 0,71 %, pH de 6,02, alumínio
em blocos subangulares médios, teor de matéria trocável de 0,67 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
orgânica de 2,19 %, pH de 4,73, alumínio trocável de 13,41 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
4,29 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 0,97 15,21 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 88
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 5,07 %, (Tabelas 34 e 35).
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 19 %,
(Tabelas 32 e 33).
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 37

Pelo sistema proposto pela Embrapa (1999), estão


situados como Luvissolos Hipocrômicos Órticos
chernossólicos (Fig. 28). Trata-se de antigos
chernossolos que foram superficialmente degradados
pelo tempo. Quanto ao uso agrícola estas terras
aplainadas são próprias a uma agricultura desenvolvida.
O relevo pouco inclinado da maior parte das encostas
(2-5%) e uma maior continuidade das superfícies
favoráveis ao uso agrícola de forma mecanizável
proporciona maior aproveitamento relativo das áreas.
Constituem as terras que podem produzir grãos de uma
forma generalizada no município. São aptas também a
uma agricultura familiar com limitações inerentes a
elevada acidez e falta de fósforo. É de se estimar que,
mesmo caraterizada como área própria ao uso
generalizado de atividades agrícolas, o aproveitamento
das superfícies mecanizáveis, não são comparáveis
com o Planalto Sul-Rio-Grandense onde as glebas são
contínuas. Rochosidade, pedregosidade e partes
depressivas com solos hidromórficos são áreas
excludentes não caraterizadas na proposta dos mapas.

Fig. 24. solos rasos no planalto central, nas colinas


aplainadas levemente mamilonares desenvolvidas de
rochas graníticas metamorfizadas. Unidade Sg0 - terras
altas aplainadas.

Fig. 23. Solos profundos no planalto central nos


divisores de água das sub-bacias hidrográficas. Unidade
Sg0 - terras altas aplainadas.

Fig. 25. Terras aplainadas do planalto central, no início


das nascentes dos arroios. Culturas de inverno após
colheita. Campos limpos com matas no terço inferior
das encostas mais inclinadas. Declividade <5%. Muitos
solos são rasos e cascalhentos.
38 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Fig. 28. Luvissolo Hipocrômico Órtico chernossólico


desenvolvido em dioritos ou tonalitos que pela alta
Fig. 26. Campos limpos da unidade Sg0 nos limites com
meteorização superficial não cumprem a caraterização
elevações rochosas isoladas que estão situadas como
dos chernossolos (falta de estrutura e baixa saturação
Unidade Srg.
de bases no horizonte A). Ocorrência restrita no planalto
na região do complexo Arroio dos Ratos.

Tabela 26. Informações do perfil Sul-6 da unidade Sg0 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico
abrúptico; Soil Taxonomy: Rhodic Kandihumult. b)
Localização: coordenadas E = 328.721; N= 6.591.760 km
(Fuso 22s), altitude = 319 m. c) Geologia regional:
sedimentos mesozóicos do período Triássico sobre granitos.
d) Material de origem: sedimentos finos do período Triássico.
e) Geomorfologia: superfícies aplainadas sedimentares sobre
planalto granítico. f) Situação do perfil: centro de superfície
aplainada. g) Declividade: 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo:
levemente ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada.
l) Pedregosidade: não há. m) Rochosidade: não há. n)
Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: compatível. p)
Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-25 Bruno escuro (7,5 YR 3/4, úmido); franca;
granular média e pequena, moderada; lig.
pegajosa, plástica, muito friável, lig. dura;
transição gradual e plana.
A2 25-50 Bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3,
úmido); franca; granular média e pequena,
moderada; lig. pegajosa, plástica, muito
friável, lig. dura; transição clara e plana.
Bt1 50-70 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido);
franco-argilosa; blocos subangulares
pequenos, moderada á fraca; muito
pegajosa, muito plástica, friável, lig. dura;
cerosidade pouca e pequena; transição
gradual e plana.
Bt2 70-100 Vermelho (2,5 YR 4/6, úmido); argilosa;
blocos subangulares pequenos, moderada
Fig. 27. Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico á fraca; muito pegajosa, muito plástica,
abrúptico de ocorrência dominante nas terras altas do friável, lig. dura; cerosidade pouca e
planalto de Encruzilhada do Sul. pequena.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 39

Tabela 27. Resultados das análises do perfil Sul-6 da unidade Sg0 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-25 25-50 50-70 70-100
C. orgânico (g kg-1) 24,50 15,60 11,20 13,0
M. O. % 4,22 2,69 1,93 2,24
P (mg kg-1) 0,40 0,60 0,50 0,50
pH (H2O) - 5,06 4,91 4,72 4,54
pH (KCl) - 3,74 3,67 3,65 3,63
Ca (c molc kg-1) 1,40 0,90 0,80 1,10
Mg “ 0,90 0,60 0,60 0,70
K “ 0,48 0,18 0,09 0,08
Na “ 0,04 0,04 0,04 0,08
S “ 2,82 1,72 1,53 1,96
Al “ 1,65 2,64 4,26 4,64
H+Al “ 3,70 4,70 4,40 5,30
T “ 6,52 6,42 5,93 7,26
T(arg.) “ 24 20 11 11
V % 43 27 26 27
Sat. Al “ 37 61 74 70
Fe (total) “ - - - 6
Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 5 16 62 111
Areia grossa “ 166 148 171 155
Areia fina “ 319 249 148 63
Silte “ 247 274 145 104
Argila “ 268 329 536 678
Argila natural “ 10 32 86 24
Agregação % 96 90 84 96
Silte/argila - 0,92 0,83 0,27 0,15
Textura - SCL CL C Cp
C – argilosa, Cp – muito argilosa, SCL – franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa.

Tabela 28. Informações do perfil Sul-7 da unidade Sg0 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abrúptico; Soil Taxonomy: Humic Rhodic Kandihumult. b)
Localização: coordenadas E = 337.261; N = 6.603.684 km (Fuso 22s), altitude = 392 m. c) Geologia regional: complexo
granítico Encruzilhada do Sul. d) Material de origem: granitos. e) Geomorfologia: superfícies aplainadas intermitentes entre colinas
rochosa. f) Situação do perfil: centro de superfícies muito aplainadas. g) Declividade: 2 - 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo:
levemente ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: ligeira. l) Pedregosidade: 1 %. m) Rochosidade: 2 - 5 %. n) Drenabilidade: bem
drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-15 Bruno muito-escuro (10 YR 2/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
A2 20-40 Bruno muito-escuro (10 YR 2/2, úmido); franco; granular pequena, fraca; lig. pegajosa, lig. plástica,
friável, dura; transição gradual e plana.
Bt1 40-60 Bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido); franco-argilo-arenosa; blocos subangulares pequenos, fraca; lig.
pegajosa, lig. plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
Bt2 60-75 Bruno-escuro (7,5 YR 3/4, úmido); franco-argilosa a argilosa; blocos subangulares médios forte;
pegajosa, plástica, firme, dura; cerosidade comum, moderada; transição gradual e plana.
Bt3 75-90 Vermelho-amarelado (5 YR 4/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, forte; pegajosa,
plástica, friável, dura; cerosidade comum, moderada; transição gradual e plana.
C 90-110 + Vermelho (2,5 YR 4/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, forte; pegajosa, plástica, friável,
dura.
40 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 29. Resultados das análises do perfil Sul-7 da unidade Sg0 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3 C
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-60 60-75 75-90 90-100
C. orgânico (g kg-1) 25,50 18,50 14,10 13,40 8,60 8,60
M. O. % 4,40 3,19 2,43 2,31 1,48 1,48
P (mg kg-1) 5,80 1,00 0,80 0,50 0,60 0,70
pH (H2O) - 5,05 5,05 4,99 4,98 4,96 4,98
pH (KCl) - 3,77 3,72 3,67 3,68 3,67 3,68
Ca (c molc kg-1) 1,30 1,00 0,70 0,60 0,60 0,50
Mg “ 1,00 0,60 0,60 0,50 0,50 0,40
K “ 0,49 0,41 0,25 0,20 0,17 0,16
Na “ 0,05 0,07 0,04 0,03 0,04 0,04
S “ 2,84 2,08 1,59 1,33 1,31 1,10
Al “ 1,20 1,20 4,03 4,39 4,40 4,40
H+Al “ 4,30 5,00 5,40 5,30 5,04 4,58
T “ 7,14 7,08 6,99 6,63 5,71 5,50
T(arg.) “ 25 24 16 11 12 15
V % 40 29 23 20 23 20
Sat. Al “ 30 37 72 77 79 81
Fe (total) “ - - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - 58 - -
Cascalho “ 7 9 46 121 59 49
Areia grossa “ 171 170 280 200 265 372
Areia fina “ 373 383 192 104 82 75
Silte “ 175 154 100 116 167 175
Argila “ 281 293 428 580 486 378
Argila natural “ 51 25 45 5 46 45
Agregação % 82 91 89 99 91 88
Silte/argila - 0,62 0,52 0,23 0,20 0,34 0,46
Textura - SCL SCL C C C SC
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, SC - argila arenosa.

Tabela 30. Informações do perfil Sul-28 da unidade Sg0.


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico (abruptico); Soil Taxonomy: Oxic Paleudult. b) Localização:
coordenadas E = 344.274; N = 6.601.624 km (Fuso 22s), altitude = 367 m. c) Geologia regional: complexo metamórfico Várzea
do Capivarita. d) Material de origem: dioritos. e) Geomorfologia: planalto em dissecação. f) Situação do perfil: meia encosta de
colinas. g) Declividade: 5 - 15 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado a suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l)
Pedregosidade: 2 – 5 % m) Rochosidade: 5 %n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-20 Bruno-acinzentado-muito escuro (10 YR 3/2) e bruno-muito escuro (10YR 2/2, úmida); franco-arenosa;
blocos subangulares pequenos, fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e
plana.
A2 20 – 40 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/1, úmido); franco-arenosa; lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, lig.
dura ; transição gradual e plana.
A3 40 –55 Bruno (7,5 YR 5/4, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios e pequenos, moderado; muito
plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade pouca, moderada; transição gradual e plana.
Bt1 55 – 75 Bruno-forte (7,5 YR 5/6, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios e pequenos, forte;
muito plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade abundante, forte; transição gradual e plana.
Bt2 75 – 100 Bruno-forte (7,5 YR 5/8, úmido e seco); argila-arenosa; blocos subangulares médios, moderada; pegajosa,
plástica, firme, dura; cerosidade abundante, transição gradual e plana.
Bt3 100 – 125 Bruno-forte (7,5 YR 5/8, úmido e seco); argila-arenosa; blocos subangulares médios, moderada; pegajosa,
plástica, firme, dura; cerosidade abundante, transição gradual e plana.
Bt4 125 – 165 Bruno-forte (7,5 YR 5/8, úmido e seco); argila-arenosa; blocos subangulares médios, moderada; pegajosa,
plástica, firme, dura; cerosidade abundante, transição gradual e plana.
Bt5 165-210 Bruno-forte (7,5 YR 5/8, úmido e seco); argila-arenosa; blocos subangulares médios, moderada; pegajosa,
plástica, firme, dura.
C 210 +
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 41

Tabela 31. Informações do perfil Sul-28 da unidade Sg0 .


Horizontes
Fatores A1 A2 A3 Bt1 Bt2 Bt3 Bt4 Bt5
Espessura (cm) 0-20 20-40 40-55 55-75 75-100 100-125 125-165 165-210
C. orgânico (g kg-1) 13,60 17,20 11,50 10,50 9,10 7,80 13,60 17,20
M. O. % 2,34 2,96 1,98 1,81 1,57 1,34 1,00 1,03
P (mg kg-1) 1,90 1,90 1,90 1,90 1,80 1,70 1,60 2,20
pH (H2O) - 4,95 4,78 4,88 4,71 4,83 4,60 4,55 4,57
pH (KCl) - 3,82 3,71 3,69 3,66 3,65 3,56 3,61 3,64
Ca (c molc kg-1) 1,40 1,20 1,0 0,80 0,70 0,50 0,50 0,40
Mg “ 0,60 0,40 0,40 0,30 0,30 0,20 0,20 0,20
K “ 0,66 0,34 0,34 0,57 0,49 0,38 0,38 0,47
Na “ 0,08 0,06 0,06 0,09 0,06 0,06 0,06 0,07
S “ 2,74 2,00 1,80 1,76 1,55 1,14 1,14 1,14
Al “ 1,21 2,31 3,13 3,90 3,87 3,53 3,59 3,23
H+Al “ 3,30 3,90 4,20 4,90 3,90 3,70 2,80 2,80
T “ 6,04 5,90 6,00 5,66 5,45 4,84 3,94 3,84
T(arg.) “ 26 22 15 11 11 10 8 8
V % 45 24 30 31 28 24 29 30
Sat. Al “ 31 54 67 70 73 76 76 74
Fe (total) “ - - - - - 4 4 -
Calhaus (g kg-1) - - - - - - - 15,31
Cascalho “ 10 23 53 45 62 74 73 182
Areia grossa “ 187 174 202 193 184 159 309 201
Areia fina “ 332 246 206 28 131 55 0 83
Silte “ 253 307 186 269 174 295 211 256
Argila “ 228 273 406 510 511 491 480 460
Argila natural “ 18 23 32 27 44 10 1 2
Agregação % 92 92 92 95 91 98 99 99
Silte/argila - 1,11 1,35 0,46 0,53 0,34 0,60 0,44 0,56
Textura - SCL L C C C C C C
C- argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, L- franco.

Tabela 32. Informações do perfil Sul-11 da unidade Sg0 .


a) Classificação: ARGISSOLO BRUNO-ACINZENTADO Tb Alumínico típico; Soil Taxonomy: Kandihumult. b) Localização:
coordenadas E = 331.972; N= 6.622.146 km (Fuso 22s), altitude = 498 m. c) Geologia regional: Complexo Granítico
Encruzilhada do Sul. d) Material de origem: granitos. e) Geomorfologia: colinas entre áreas aplainadas. f) Situação do perfil: área
aplainada de vale. g) Declividade: 2 - 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l)
Pedregosidade: 5 %. m) Rochosidade: 10 - 20 %. n) Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: campestre e mata (
capões). p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-25 Bruna-acinzentada-muito escuro (10 YR 3/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena a média,
moderada; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e plana.
A2 25-38 Bruna-escuro (10 YR 4/3, úmido); franco-arenosa; granular pequena a média, moderada; lig. pegajosa,
lig. plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e plana.
Bt1 38-55 Bruna-escuro (10 YR 4/3, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares médios e pequenos, fraca;
pegajosa, plástica, friável, dura; películas de argila poucas, fraca; transição clara e plana.
Bt2 55-65 Bruna-amarelada-escuro (10 YR 4/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, fraca a moderada;
pegajosa, plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
Bt3 65-80 Bruna-escura (7,5 YR 3/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, fraca a moderada; pegajosa,
plástica, friável, dura; transição gradual e plana.
C 80+ Rocha em desagregação
42 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 33. Informações do perfil Sul-11 da unidade Sg0 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3
Espessura (cm) 0-25 25-38 38-55 55-65 65-80
C. orgânico (g kg-1) 20,30 19,20 10,90 11,40 12,70
M. O. % 3,50 3,31 1,88 1,96 2,19
P (mg kg-1) 1,0 1,20 1,0 0,90 0,60
pH (H2O) - 4,84 4,68 4,65 4,64 4,73
pH (KCl) - 3,74 3,58 3,54 3,51 3,49
Ca (c molc kg-1) 1,60 0,40 0,30 0,20 0,40
Mg “ 0,60 0,30 0,40 0,20 0,30
K “ 0,25 0,19 0,17 0,19 0,21
Na “ 0,05 0,04 0,03 0,04 0,06
S “ 2,50 0,93 0,90 0,63 0,97
Al “ 1,19 2,36 2,07 3,82 4,29
H+Al “ 3,70 3,90 4,50 4,90 4,10
T “ 6,20 4,83 5,40 5,53 5,07
T(arg.) “ 29 19 19 13 10
V % 40 19 17 11 19
Sat. Al “ 33 72 67 86 82
Fe (total) “ - - - 5 -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 22 31 45 134 266
Areia grossa “ 258 243 241 225 216
Areia fina “ 266 251 174 131 72
Silte “ 262 254 306 230 204
Argila “ 214 252 279 414 508
Argila natural “ 48 88 81 198 90
Agregação % 78 65 71 52 82
Silte/argila - 1,22 1,00 1,09 0,56 0,40
Textura - SCL SCL CL C C
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa.

Tabela 34. Informações do perfil Sul-9 da unidade Sg0 .


a) Classificação: LUVISSOLO HIPOCRÔMICO Órtico planossólico (vértico); Soil Taxonomy: Vertic Argiudoll. b) Localização:
coordenadas E = 357.269; N = 6.621.261 km (Fuso 22s), altitude = 396 m. c) Geologia regional: complexo granítico
Encruzilhada do Sul. d) Material de origem: dioritos ou tonalitos. e) Geomorfologia: superfícies aplainadas com colinas
esporadicamente rochosas. f) Situação do perfil: borda de colina. g) Declividade: 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado
a ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 2 - 5 %. m) Rochosidade: 10 %. n) Drenabilidade: bem
drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-25 Bruno-muito escuro (10 YR 2/2, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares pequenos, forte;
pegajosa, plástica, muito firme, dura; transição gradual e plana.
A2 25-50 Bruno muito escuro (10 YR 2/2, úmido); franco-argilosa; blocos subangulares pequenos; forte;
pegajosa; plástica muito firme; dura; transição clara e plana.
Bt1 50-70 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios forte; muito
plástica, muito pegajosa, muito firme, muito dura; películas de argila comuns, forte; transição gradual e
plana.
Bt2 70-100 Bruno-forte (7,5 YR 4/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios forte; muito plástica, muito
pegajosa, muito firme, muito dura; películas de argila comuns, forte; transição gradual e plana.
C 100-130 Bruno-amarelado (10 YR 4/8, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, fraca; muito plástica,
muito pegajosa, muito firme, muito dura; películas de argila comuns, forte.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 43

Tabela 35. Informações do perfil Sul-9 da unidade Sg0 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 C
Espessura (cm) 0-25 25-50 50-70 70-100 100-130
C. orgânico (g kg-1) 20,10 16,20 9,80 7,70 4,10
M. O. % 3,46 2,79 1,69 1,33 0,71
P (mg kg-1) 5,20 1,20 0,50 1,0 0,90
pH (H2O) - 5,26 5,21 5,41 5,69 6,02
pH (KCl) - 3,86 3,79 3,73 3,76 3,82
Ca (c molc kg-1) 2,90 1,70 1,70 3,70 4,80
Mg “ 1,60 0,90 1,90 6,20 8,30
K “ 0,15 0,09 0,09 0,11 0,10
Na “ 0,06 0,06 0,21 0,22 0,21
S “ 4,71 2,75 3,90 10,23 13,41
Al “ 1,12 1,94 2,30 1,87 0,67
H+Al “ 4,70 4,60 4,10 2,80 1,80
T “ 9,41 7,35 8,00 13,03 15,21
T(arg.) “ 40 41 27 29 87
V % 50 37 49 79 88
Sat. Al “ 19 41 37 15 5
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 16 109 128 52 136
Areia grossa “ 148 175 198 191 432
Areia fina “ 351 325 290 133 231
Silte “ 266 321 212 232 162
Argila “ 235 179 300 444 175
Argila natural “ 24 16 73 104 57
Agregação % 90 91 76 77 67
Silte/argila - 1,13 1,79 0,71 0,52 1,42
Textura - SCL SL SCL C SL
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, SL – franco-arenosa.

Unidade Sg1 de cada unidade fisiográfica. Constituem uma


vegetação diferenciada. As segmentações de drenagem
compõem sangas abertas e profundas com mata nas
São as terras do planalto granítico que apresentam um bordas. Entretanto, os capões de mata de alto porte,
relevo desde suave ondulado a forte ondulado, situadas situados na parte baixa, atingem até as meias encostas.
entre blocos rochosos distintos, formando vales muito O desmatamento se iniciou nessas unidades pelas
depressivos. São pouco mais íngremes do que as bordas mais elevadas em direção ao dreno natural.
aplainadas(Sg0). São desenvolvidas de rochas graníticas
metamórficas, mais alcalinas, que ocorrem nos A variabilidade das rochas graníticas com superfícies
patamares elevados dos blocos graníticos, depressivas e solos mais profundos, constitui uma
principalmente na região leste no complexo diversificação regional do uso da terra. São áreas onde
metamórfico Várzea do Capivarita e complexo gnáissico as pequenas atividades agrícolas se intensificam. Estão
Arroio dos Ratos, Rangrab et al. (1997). Apresentam circundadas por áreas onde as pastagens nativas,
alguns afloramentos rochosos e resíduos cascalhentos esparsas entre arbustos não aproveitáveis pelos animais
nos topos de colinas. São desenvolvidas de rochas domésticos, são dominantes. Normalmente são áreas
graníticas muito diversificadas e menos silicosas e de estreitas nas quais a agricultura de subsistência, marca
granulometria fina entre áreas externas de granitos de passo, entre colheitas prósperas e perdas pelas
granulometria grosseira. Os solos mais recentes e mais estiagens de verão. A vegetação é típica de áreas
férteis são muito diversificados. Ocupam áreas isoladas secas.
e pequenas dentro do contexto muito amplo de rochas
cristalinas. Com isso, sendo rochas de menor O perfil Sul-19 representa os solos desenvolvidos de
resistência ao intemperismo, se situam em depressões granito do complexo D. Feliciano. Este solo apresenta
formando um relevo suave ondulado entre áreas na camada superior um horizonte A1, de 25 cm, cor
íngremes. Essas áreas, diferenciadas entre si bruno-acinzentado muito escuro, textura franco-
geralmente possuem solos mais profundos, muitos com arenosa, fraca estrutura maciça que se desagrega em
deposições adicionais de sedimentos coluviais. Não granular, teor de matéria orgânica alta de 5,07 %, pH
constituem perfis homogêneos pela diversificação do de 4,86, alumínio trocável de 1,29 cmolc/kg, soma de
conjunto de fatores que atuam na formação dos solos bases trocáveis de 2,59 cmolc/kg, capacidade de troca
44 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

de cátions de 7,29 cmolc/kg e saturação de bases e Sul-23).


trocáveis de 36 %.
Estes solos apresentam na camada superior um
Ainda, na camada superior, há um horizonte A2, de 25 horizonte A, de 20 a 30 cm, possuem cores preto a
cm, cor bruno-acinzentado muito escuro, textura franco- bruno-acinzentado muito escuro, textura franco-argilo-
arenosa, estrutura maciça que se desagrega em arenosa, forte estrutura granular e em blocos
granular, fraca, teor de matéria orgânica de 3,01 %, pH subangulares pequenos , teor de matéria orgânica de
de 4,77, alumínio trocável de 1,96 cmolc/kg, soma de 3,45 - 5,50 %, pH de 4,54 - 5,22, alumínio trocável de
bases trocáveis de 1,54 cmolc/kg, capacidade de troca 0,11 - 1,16 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 3,62
de cátions de 6,94 cmolc/kg e saturação de bases - 9,96 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,42
trocáveis de 22 %. - 13,18 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 56 -
76 %.
Esta camada prolonga-se até um horizonte A3, de 22
cm, cor preto, textura franco-arenosa, fraca estrutura Nesta camada, há um horizonte AB, de 15 a 20 cm,
que se situa como maciça que se desagrega em possuem cores preto a bruno-acinzentado-escuro,
granular, teor de matéria orgânica de 2,83 %, pH de textura franco-argilosa, forte estrutura granular e em
4,78, alumínio trocável de 3,95 cmolc/kg, soma de blocos subangulares pequenos , teor de matéria
bases trocáveis de 1,71 cmolc/kg, capacidade de troca orgânica de 2,43 - 3,08 %, pH de 5,26 - 6,08, alumínio
de cátions de 5,71 cmolc/kg e saturação de bases trocável de 0,13 - 2,42 cmolc/kg, soma de bases
trocáveis de 30 %. trocáveis de 4,95 - 11,23 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 8,25 - 13,63 cmolc/kg e saturação de
Na camada inferior há um horizonte Bt1, de 35 cm, cor bases trocáveis de 60 - 82 %.
bruno-escuro, textura argilosa, forte estrutura blocos
subangulares pequenos, teor de matéria orgânica de Na camada superior argilosa há um horizonte Bt1, de 15
2,19 %, pH de 4,80, alumínio trocável de 5,00 a 20 cm, possuem cores bruno-escuro a bruno-
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,52 cmolc/kg, amarelado, textura argilosa, forte estrutura blocos
capacidade de troca de cátions de 6,62 cmolc/kg e angulares e subangulares pequenos e médios, teor de
saturação de bases trocáveis de 23 %, matéria orgânica de 1,67 - 2,22 %, pH de 5,25 - 6,09,
alumínio trocável de 0,27 - 3,17 cmolc/kg, soma de
Posteriormente segue-se um horizonte Bt2, de 35 cm, bases trocáveis de 4,99 - 14,15 cmolc/kg, capacidade
cor bruno, textura argilosa, forte estrutura de blocos de troca de cátions de 8,09 - 16,45 cmolc/kg e
subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,93 saturação de bases trocáveis de 62 - 86%.
%, pH de 4,91, alumínio trocável de 3,98 cmolc/kg,
soma de bases trocáveis de 1,32 cmolc/kg, capacidade Esta camada inferior possui um horizonte Bt2, de 20 a
de troca de cátions de 5,32 cmolc/kg e saturação de 25 cm, possuem cores bruno-amarelado a cinzento-
bases trocáveis de 25 %. muito escuro, textura franco-argilosa, forte estrutura em
blocos angulares e subangulares pequenos e médios,
Ainda nesta camada há um horizonte Bt3, de 20 cm, cor teor de matéria orgânica de 0,95 - 1,33 %, pH de 5,50
bruno-forte, textura argilosa, forte estrutura blocos - 6,40, alumínio trocável de 0,32 - 2,64 cmolc/kg, soma
subangulares médios, teor de matéria orgânica de 1,34 de bases trocáveis de 4,93 - 12,72 cmolc/kg,
%, pH de 5,02, alumínio trocável de 2,95 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,63 - 14,52
soma de bases trocáveis de 1,14 cmolc/kg, capacidade cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 75 - 87 %.
de troca de cátions de 4,24 cmolc/kg e saturação de
bases trocáveis de 27 %, (Tabelas 36 e 37). Na parte inferior há um horizonte C, de 25 cm, possuem
cores cinzento a bruno-amarelado-claro, textura franco-
Estes solos no geral pelo sistema proposto por Embrapa arenosa, estrutura maciça, teor de matéria orgânica de
(1999 e 2003), situam-se como Argissolos Vermelho- 0,95 %, pH de 5,67, alumínio trocável de 1,76
Amarelos Tb Alumínicos abrúpticos com ocorrência de cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 5,53 cmolc/kg,
vários subgrupos distintos. capacidade de troca de cátions de 7,33 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 75 % (Tabelas 38 a
A leste, os solos desenvolvidos do complexo 41).
metamórfico Várzea do Capivarita e complexo gnáissico
Arroio dos Ratos estão alternados, entre ocorrências de As áreas mais íngremes e rochosas das bordas dessas
afloramentos superficiais de distintas litologias (Fig. 29 partes depressivas, estão situadas como Neossolos
e 30). São superfícies recentes diversificadas, onde há Regolíticos Distróficos saprolíticos (Fig. 31 e 32).
ocorrência significativa (20 a 30 %) de solos muito
férteis, como os Chernossolos Argilúvicos Órticos Quanto à aptidão agrícola apresentam "boa" condições
vérticos e Chernossolos Ebânicos Órticos vérticos (Sul-8 para uma agricultura de nível familiar que possa
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 45

selecionar as áreas mais férteis. São "regular” para uma


agricultura desenvolvida, mas as terras são ácidas com
excessivo alumínio trocável. Além disso, ocorrem
ocasionais afloramentos rochosos que dificultam a
execução das tarefas por máquinas agrícolas.

As áreas cultivadas quando separadas do contexto de


sangas, afloramentos rochosos, depressões úmidas e
matas ciliares, são da classe III-se de capacidade de uso
que representa terras próprias a culturas anuais com
restrições de suscetibilidade a erosão e de solos com
carências de corretivos (fósforo e calcário).Entretanto as
pequenas glebas isoladas entre os aspectos restritivos
são de uso "favorável” a uma agricultura pouco
desenvolvida.

Fig. 31. Solos rasos coluviais desenvolvidos nos sopés


dos vales. São Neossolos Regolíticos Eutróficos ou
Distróficos saprolíticos. Unidade Sg1.
Fig. 29. Chernossolo Ebânico Órtico vértico que ocorre
ocasionalmente nos aglomerados de rochas graníticas
alcalinas do complexo metamórfico Várzea do
Capivarita e Complexo Gnáissico Arroio dos Ratos.
Unidade Sg1.

Fig. 32. Solos rasos no planalto com calhaus e alguma


Fig.30. Chernossolo Argilúvico Órtico abrúptico que rochosidade nas bordas das sub-bacias hidrográficas de
ocorre nas rochas enriquecidas de carbonatos no declives mais acentuados nas terras aplainadas.
complexo metamórfico Várzea do Capivarita. Unidade Unidade Sg1.
Sg1.
46 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 36. Informações do perfil Sul-19 da unidade Sg1 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abrúptico; Soil Taxonomy: Rhodic Oxic Kandihumult. b)
Localização: coordenadas E= 358.450; N = 6.592.545 km (Fuso 22s), altitude = 308 m. c) Geologia regional: granitos do
complexo Canguçu. d) Material de origem: dioritos. e) Geomorfologia: planalto com coxilhas suave onduladas. f) Situação do
perfil: meia encosta. g) Declividade: 5 - 15 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l)
Pedregosidade: 2 – 5 % m) Rochosidade: 5 % n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0-25 Bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido ); bruno-escuro (10 YR 4/3, seca); franco-arenosa;
maciça que se desagrega em granular pequena, fraca; muito friável, lig. plástica, lig. pegajosa, transição
gradual e plana.
A2 25 - 50 Bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido ); bruno-escuro (10 YR 4/3, seca); franco-arenosa;
maciça que se desagrega em granular pequena, fraca; muito friável, lig plástica, lig. pegajosa; transição
gradual e plana.

A3 50 -75 Preto (10 YR 2/1, úmido); franco-arenosa; maciça porosa que se desagrega em granular pequena, fraca e
blocos subangulares pequenos, fraca; lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, lig. dura; transição clara e
ondulada.
Bt1 75 – 110 Bruno-escuro (7,5 YR 3/2, úmido); franco-argilo-arenosa; blocos subangulares pequenos, forte; pegajosa,
plástica, muito firme, dura; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt2 110 – 145 Bruno (7,5 YR 4/4, úmido e seco), franco-argilosa; blocos subangulares médios, forte; muito plástica,
muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade comum, forte; transição gradual e plana.
Bt3 145 – 165 Bruno-forte (7,5 YR 4/4, úmido e seco); franco-argilosa; blocos subangulares médios, forte; muito
plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade comum, forte.

Tabela 37. Informações do perfil Sul-19 da unidade Sg1 .


Horizontes
Fatores A1 A2 A3 Bt1 Bt2 Bt3
Espessura (cm) 0-25 25-50 50-75 75-110 110 -145 145-165
C. orgânico (g kg-1) 29,40 17,50 16,40 12,70 11,20 7,80
M. O. % 5,07 3,01 2,83 2,19 1,93 1,34
P (mg kg-1) 1,0 1,20 1,0 1,0 1,30 1,0
pH (H2O) - 4,86 4,77 4,78 4,80 4,91 5,02
pH (KCl) - 3,76 3,68 3,67 3,58 3,61 3,59
Ca (c molc kg-1) 1,70 1,0 1,0 0,90 0,70 0,50
Mg “ 0,70 0,40 0,60 0,50 0,50 0,50
K “ 0,15 0,10 0,07 0,07 0,07 0,08
Na “ 0,04 0,04 0,04 0,05 0,05 0,06
S “ 2,59 1,54 1,71 1,52 1,32 1,14
Al “ 1,29 1,96 3,95 5,00 3,98 2,95
H+Al “ 4,70 5,10 4,0 5,10 4,00 3,10
T “ 7,29 6,94 5,71 6,62 5,32 4,24
T(arg.) “ 38 34 16 12 11 10
V % 36 22 30 23 25 27
Sat. Al “ 40 62 78 85 78 78
Fe (total) “ - - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - - -
Cascalho “ 48 86 346 98 136 101
Areia grossa “ 251 261 323 205 234 270
Areia fina “ 329 330 162 109 145 171
Silte “ 227 205 151 129 146 152
Argila “ 193 204 364 557 475 407
Argila natural “ 21 28 31 215 77 178
Agregação % 89 86 91 61 84 56
Silte/argila - 1,18 1,00 0,41 0,23 0,31 0,37
Textura - SL SL SL C C C
C – argilosa, SL- franco-arenosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 47

Tabela 38. Informações do perfil Sul-8 da unidade Sg1 .


a) Classificação: CHERNOSSOLO EBÂNICO Órtico vértico; Soil Taxonomy: Vertic Argiudoll. b) Localização: coordenadas E =
368.850; N = 6.634.521 km (Fuso 22s), altitude = 104 m. c) Geologia regional: complexo granítico Encruzilhada do Sul. d)
Material de origem: granodioritos. e) Geomorfologia: superfícies aplainadas com colinas esporadicamente rochosas. f) Situação
do perfil: borda de colina. g) Declividade: 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado a ondulado. j) Suscetibilidade à
erosão: moderada. l) Pedregosidade: 2 - 5 %. m) Rochosidade: 10 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre.
p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-30 Preto (10 YR 2/1, úmido); franca a franco-siltosa; blocos subangulares pequenos, moderada;
pegajosa, muito plástica, muito firme, dura; transição gradual e plana.
AB 30-50 Preto (10 YR 2/1, úmido); franca a franco-siltosa; blocos subangulares pequenos, moderada;
pegajosa, muito plástica, muito firme, dura; transição gradual e plana.
Bt1 50-70 Bruno-escuro (10 YR 2/2, úmido); franca-argilosa ; blocos subangulares médios e pequenos; forte;
muito plástica, muito pegajosa, muito firme, muito dura; cerosidade comum, moderada; transição
gradual e plana.
Bt2 70-90 Cinzento-muito escuro (10 YR 3/1, úmido); franco-argilosa a argilosa; blocos subangulares médios e
pequenos, forte; muito plástica, muito pegajosa, muito firme, muito dura; cerosidade comum,
moderada; transição gradual e plana.
C 90-100+ Bruno-acinzentado (10 YR 5/2 , úmido).

Tabela 39. Informações do perfil Sul-8 da unidade Sg1 .


Horizontes
Fatores A AB Bt1 Bt2
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-70 70-90
C. orgânico (g kg-1) 31,90 14,10 54,30 7,70
M. O. % 5,50 2,43 2,22 1,33
P (mg kg-1) 0,50 0,60 0,60 0,60
pH (H2O) - 5,86 6,08 6,09 6,40
pH (KCl) - 4,54 4,30 4,10 4,10
Ca (c molc kg-1) 8,00 9,70 12,80 11,80
Mg “ 1,40 1,00 0,90 0,40
K “ 0,50 0,42 0,27 0,09
Na “ 0,08 0,11 0,18 0,43
S “ 9,98 11,23 14,15 12,72
Al “ 0,11 0,13 0,27 0,32
H+Al “ 3,20 2,40 2,30 1,80
T “ 13,18 13,63 16,45 14,52
T(arg.) “ 41 39 35 44
V % 76 82 86 87
Sat. Al “ 1,0 1,0 2,0 2,0
Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 24 173 20 39
Areia grossa “ 151 249 101 131
Areia fina “ 285 173 134 202
Silte “ 241 228 300 337
Argila “ 323 350 465 330
Argila natural “ 51 36 106 76
Agregação % 84 90 77 77
Silte/argila - 0,75 0,65 0,65 1,02
Textura - SCL CL C CL
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa.
48 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 40. Informações do perfil Sul-23 da unidade Sg1 .


a) Classificação: CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico vértico; Soil Taxonomy: Vertic Argiudoll. b) Localização: coordenadas E =
352.973; N = 6.632.286 km (Fuso 22s), altitude = 293 m. c) Geologia regional: Complexo Metamórfico Várzea do Capivarita.
d) Material de origem: dioritos. e) Geomorfologia: planalto em dissecação. f) Situação do perfil: meia encosta de colinas. g)
Declividade: 5 - 15 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado a suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l)
Pedregosidade: 2 – 5 % m) Rochosidade: 5 % n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-20 Bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2) e bruno muito- escuro (10YR 2/2, úmida); franco-arenosa;
blocos subangulares pequenos, fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, lig. dura; transição
gradual e plana.
AB 20 – 35 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido); franco-argilo-arenosa a franco-argilosa; plástica,
pegajosa, firme, dura; transição gradual e plana.
Bt1 35 –50 Bruno-amarelado ( 10 YR 5/4, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios e pequenos,
forte; muito plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade comum, moderada; transição gradual
e plana.
Bt2 50 – 75 Bruno-amarelado ( 10 YR 5/8, úmido); argilosa; blocos angulares e subangulares médios e pequenos,
forte; muito plástica, muito pegajosa, muito firme, dura; cerosidade abundante, forte; transição clara e
plana.
C 75 – 100 Bruno-amarelado-claro ( 10 YR 6/4, úmido e seco); franco-argilo-arenosa; maciça que se desagrega em
grãos soltos; lig. pegajosa, lig. plástica, friável, lig. dura.

Tabela 41. Informações do perfil Sul-23 da unidade Sg1 .


Horizontes
Fatores A1 AB Bt1 Bt2 C
Espessura (cm) 0-20 20-35 35-50 50-75 75-100
C. orgânico (g kg-1) 20,0 17,90 9,70 5,40 5,50
M. O. % 3,45 3,08 1,67 0,93 0,95
P (mg kg-1) 0,90 1,50 1,0 0,50 0,80
pH (H2O) - 5,22 5,20 5,25 5,50 5,67
pH (KCl) - 3,81 3,69 3,62 3,63 3,67
Ca (c molc kg-1) 2,10 2,70 2,70 2,60 2,80
Mg “ 1,10 1,80 2,0 2,10 2,50
K “ 0,37 0,39 0,21 0,11 0,07
Na “ 0,05 0,06 0,08 0,12 0,16
S “ 3,62 4,95 4,99 4,93 5,53
Al “ 1,16 2,42 3,17 2,64 1,76
H+Al “ 2,80 3,30 3,20 2,70 1,80
T “ 6,42 8,25 8,09 7,63 7,33
T(arg.) “ 31 21 19 25 37
V % 56 60 62 65 75
Sat. Al “ 24 33 39 37 26
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) 13 - - - -
Cascalho “ 50 58 79 67 60
Areia grossa “ 151 163 202 164 227
Areia fina “ 467 285 208 294 350
Silte “ 176 165 171 233 224
Argila “ 206 387 419 309 199
Argila natural “ 94 81 140 62 160
Agregação % 54 79 67 80 20
Silte/argila - 0,85 0,43 0,41 0,75 1,13
Textura - SCL CL C CL SL
C – argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa, SL- franco-arenosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 49

Unidade Sa Triássico. Essas superfícies constituem tabuleiros dos


topos aos terços superiores das elevações que são
São terras altas muito aplainadas desenvolvidas de antigos patamares sedimentares sobre o planalto, ainda
rochas sedimentares predominantemente de arenitos e conservados, como o perfil Sul-16. Este solo apresenta
siltitos para e orto metamorfizadas que originalmente na camada superior horizonte A1, de 30 cm, cor bruno-
compunham superfícies planas situadas sobre granitos escuro, textura franco argilarenosa, forte estrutura
do complexo Encruzilhada do Sul. São restos de antigas granular e blocos subangulares pequenos , teor de
chapadas sedimentares, hoje fragmentadas em matéria orgânica de 1,70 %, pH de 5,68, baixo
pequenas superfícies que alternadamente sobram do alumínio trocável de 0,27 cmolc/kg, soma de bases
processo erosivo de remoção que expôs, parcialmente, trocáveis de 5,57 cmolc/kg, capacidade de troca de
as rochas graníticas. Apresentam solos rochosos e cátions de 8,67 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
pouco profundos. Estão sendo completamente de 67 %.
dissecadas pelos processos erosivos, sem ainda
constituírem sulcos profundos de drenagem. Nesta mesma camada há um horizonte A2, de 20 cm,
cor bruno-escuro, textura franco-argilosa, forte
A cobertura residual é formada por restos de seixos estrutura granular e em blocos subangulares pequenos,
sobre granitos locais e depósitos sedimentares teor de matéria orgânica de 1,88 %, pH de 5,29,
cascalhentos que cobrem o planalto cristalino e que alumínio trocável de 2,00 cmolc/kg, soma de bases
foram quase removidos completamente. No geral se trocáveis de 3,66 cmolc/kg, capacidade de troca de
constituem em solos rasos com seixos, de tamanho cátions de 7,86 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
correspondente a calhaus, de antigas rochas de 47 %.
sedimentares. Ocasionalmente, os solos são
desenvolvidos de granitos ou gnaisses subjacentes. Os Na sua parte inicial a camada inferior possui um
solos desenvolvidos dos sedimentos residuais horizonte Bt1, de 20 cm, cor bruno-avermelhado-escuro,
cascalhentos são muitos rasos com predominância de textura argilosa, forte estrutura em blocos subangulares
calhaus sobre horizontes A e AC (Fig. 33 a 37). pequenos, teor de matéria orgânica média de 1,96 %,
pH de 5,19, alumínio trocável de 3,90 cmolc/kg, soma
Nessa unidade, também estão incluídas superfícies de bases trocáveis de 3,34 cmolc/kg, capacidade de
muito aplainadas situadas na fossa tectônica troca de cátions de 7,24 cmolc/kg e saturação de bases
denominada de Sistema Dobrado Tijucas, cobertas por trocáveis de 46 %.
sedimentos ultra-metamorfizados denominados de
metapelitos de granulometria fina da formação Arroio Na sua parte média há um horizonte Bt2, de 30 cm, cor
dos Nobres. Nesses sedimentos os solos são muito vermelho-escuro, textura muito argilosa, forte estrutura
rasos e alguns férteis em razão da origem vulcânica de em blocos subangulares pequenos e médios, teor de
algumas dessas rochas. matéria orgânica de 1,88 %, pH de 5,12, alumínio
trocável de 4,83 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
O perfil Sul-17, representa solos muito rasos. Este solo
2,42 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,72
possui uma camada superior com horizonte A, de 20
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 31 %.
cm, cor bruno, textura muito cascalhenta, fraca
estrutura maciça e granular, teor de matéria orgânica de Esta mesma camada possui um horizonte Bt3, de 20 cm,
6,50 %, pH de 5,30, alumínio trocável de 0,65
cor vermelho-escuro, textura muito argilosa, forte
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,64 cmolc/kg,
estrutura em blocos subangulares pequenos e médios,
capacidade de troca de cátions de 4,14 cmolc/kg e teor de matéria orgânica de 1,72 %, pH de 4,99,
saturação de bases trocáveis de 40 % (Tabelas 42 e alumínio trocável de 5,00 cmolc/kg, soma de bases
43). trocáveis de 2,20 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 7,70 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
Outros solos mais profundos com horizontes A1 e A2
de 29 %, (Tabelas 44 e 45).
acima de 40 cm compõem as variações desses solos
cascalhentos. Conforme Embrapa (1999) esses solos Este solo está situado nos Argissolos Vermelhos Tb
estão situados na taxonomia como Neossolos Litólicos Alumínicos abrúpticos. As superfícies mais inclinadas
Distróficos húmicos. Entretanto ocorrem Neossolos apresentam subgrupos distintos freqüentemente.
Litólicos Distróficos lépticos entre outros similares,
onde atualmente há menor ocorrência de mata nativa. Outras superfícies aplainadas desenvolvidas de
metassedimentos finos, com solos rasos, estão situadas
Além dessas áreas, em algumas superfícies aplainadas na região do Sistema de Dobramentos Tijucas. Muitas
residuais ainda se conservam pequenos vales formados dessas áreas, próximas das suturas de blocos
em gnaisses ou metassedimentos finos do período graníticos, são superfícies compostas por mantos de
50 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

calhaus e cascalhos residuais das formações rochosas


do complexo metamórfico Porongos. Localmente,
predominam superfícies depressivas formando rochas
de granulometria fina ultrametamorfizadas como o perfil
Sul 18 que apresenta na camada superior um horizonte
A, de 20 cm, cor cinzento-amarelado-escuro, textura
franco-siltosa, sem estrutura, teor de matéria orgânica
de 6,31 %, pH de 5,36, alumínio trocável de 1,25
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 5,36 cmolc/kg,
capacidade de troca de cátions de 9,24 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 58 %, (Tabelas 46 e
47).

Este solo apresenta variações com horizontes


superficiais mais profundos, sobre um embasamento
rochoso. Algumas áreas podem conter horizontes B
incipientes (Bi) nas partes mais deprimidas do relevo
aplainado. Fig. 34. Neossolo Litólico Distrófico húmico (léptico)
desenvolvido em metapelitos da formação Arroio dos
No geral este solo está situado nos Neossolos Litólicos Nobres. Solos muito rasos com aproveitamento em
Ta Eutróficos típicos, embora possam ser caraterizados pastagens nativas.
outros subgrupos como vérticos, gleicos, etc.

A vegetação nas áreas deprimidas é de savanas.


Quanto ao uso agrícola essas terras, no geral, são
próprias a pastagens cultivadas ou nativas. Entretanto
nos platôs residuais, com áreas menos significativas
dentro do contexto, o solo embora muito intemperizado
(muito ácido e com alumínio trocável), pode ser usado
com cultivos anuais.

Fig.35. Rochas ultrametamorfizadas de sedimentos


paleozóicos que cobrem o planalto e afloram na borda
da "Serra das Encantadas". Estão associadas as
ocorrências de Neossolo Litólico Distrófico léptico.

Fig. 33. Neossolo Litólico Eutrófico húmico


desenvolvido em metapelitos com maior espessura no
centro depressivo da formação Arroio dos Nobres. Uso
em cultivos anuais e pastoreio.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 51

Tabela 42. Informações do perfil Sul-17 da unidade Sa.


a)Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO DISTRÓFICO Húmico
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização:
coordenadas E = 326.410; N = 6.608.459 km (Fuso 22s),
altitude = 396 m. c) Geologia regional: Complexo Cerro da
Árvore – Pré-Cambriano Superior. d) Material de origem:
ardósia. e) Geomorfologia: platô. f) Situação do perfil:
centro de platô. g) Declividade: 5 %. h) Erosão: não há. i)
Relevo: suave ondulado. j) Suscetibilidade à erosão:
moderada. l) Pedregosidade: 10% m) Rochosidade: 50 % n)
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: mata
e campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-20 Bruno ( 7,5 YR 4/4, úmido); franco-
arenosa muito cascalhenta; maciça a
granular fraca e grãos soltos; muito
friável, muito dura; transição abrupta e
quebrada.
R 20+ Rocha em desagregação

Tabela 43. Informações do perfil Sul-17 da unidade Sa.


Horizontes
Fig.36. Superfícies rochosas expostas de rochas Fatores A
Espessura (cm) 0-20
vulcânicas ácidas da formação Arroio dos Nobres
C. orgânico (g kg-1) 37,0
constituindo vales aplainados nas bases por onde são
M. O. % 6,50
drenadas as águas provenientes das serras. P (mg kg-1) 0,20
pH (H2O) - 5,30
pH (KCl) - 4,04
Ca (c molc kg-1) 1,00
Mg “ 0,50
K “ 0,08
Na “ 0,06
S “ 1,64
Al “ 0,65
H+Al “ 2,50
T “ 4,14
T(arg.) “ 2,6
V % 40
Sat. Al “ 47
Fe (total) “ -
Calhaus (g kg-1) 326
Cascalho “ 252
Areia grossa “ 176
Areia fina “ 301
Silte “ 365
Argila “ 158
Argila natural “ 38
Fig. 37. Solos desenvolvidos de sedimentos paleozóicos Agregação % 76
finos, ultrametamorfizados, na borda do planalto. Estão Silte/argila - 2,31
cobertos por uma lâmina de sedimentos cascalhentos Textura - SL
com seixos pertencentes à formação Porongos. SL- franco-arenosa.
52 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 44. Informações do perfil Sul-16 da unidade Sa.


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abrúptico; Soil Taxonomy: Rhodic Oxic Paleudult. b) Localização:
coordenadas E = 319.412; N = 6.590.076 km (Fuso 22s), altitude = 326 m. c) Geologia regional: gnaisses e sedimentos do
período Triássico. d) Material de origem: ardósias. e) Geomorfologia: planalto. f) Situação do perfil: borda de planalto. g)
Declividade: 2 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: ligeira. l) Pedregosidade: não há.m)
Rochosidade: não há.n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-30 Bruno-escuro (10 YR 2/2, úmido); franco-argilo-arenosa; granular pequena e média, forte; lig.
pegajosa, lig. plástica, muito friável; macia; transição gradual e plana.
A2 30-50 Bruno-escuro (7,5 YR 3/4, úmido); franco-argilosa; granular pequena e média, forte; lig. pegajosa,
lig. plástica, muito friável, macia; transição clara e plana.
Bt1 50-70 Bruno-avermelhado-escuro (7,5 YR 3/4, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, forte a
moderada; muito plástica, muito pegajosa, friável, macia; cerosidade pouca, fraca; transição gradual
e plana.
Bt2 70-100 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, forte a moderada;
muito plástica, muito pegajosa, friável, macia; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
Bt3 100-120 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido); argilosa; blocos subangulares médios, forte a moderada;
muito plástica, muito pegajosa, friável, macia; cerosidade pouca, fraca; transição gradual e plana.
C 120+ Rochas em decomposição

Tabela 45. Informações do perfil Sul-16 da unidade Sa.


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 Bt3
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-70 70-100 100-120
C. orgânico (g kg-1) 9,80 10,90 11,40 10,90 10,00
M. O. % 1,70 1,88 1,96 1,88 1,72
P (mg kg-1) 2,20 0,90 0,80 1,0 0,90
pH (H2O) - 5,68 5,29 5,19 5,12 4,99
pH (KCl) - 4,23 3,74 3,61 3,56 3,53
Ca (c molc kg-1) 3,0 2,0 1,30 1,20 0,90
Mg “ 2,10 1,50 1,90 1,10 1,20
K “ 0,43 0,11 0,10 0,07 0,06
Na “ 0,04 0,05 0,04 0,05 0,04
S “ 5,57 3,66 3,34 2,42 2,20
Al “ 0,27 2,00 3,90 4,83 5,00
H+Al “ 3,10 4,20 3,90 5,30 5,50
T “ 8,67 7,86 7,24 7,72 7,70
T(arg.) “ 39 26 13 14 11
V % 64 47 46 31 29
Sat. Al “ 9 43 65 79 81
Fe (total) “ - - - 60 6
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 5 38 125 39 7
Areia grossa “ 106 179 139 156 73
Areia fina “ 275 194 125 125 92
Silte “ 398 322 163 148 165
Argila “ 221 305 573 571 670
Argila natural “ 16 19 42 46 64
Agregação % 93 94 93 92 90
Silte/argila - 1,80 1,05 0,28 0,26 0,25
Textura - SCL CL C Cp Cp
C – argilosa, Cp – muito argilosa, SCL – franco-argilo-arenosa, CL- franco-argilosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 53

Tabela 46. Informações do perfil Sul-18 da unidade Sa. (>20%). As rochas superficiais em desagregação
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Eutrófico húmico; ocupam a maior parte das áreas. Ravinas incipientes e
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: profundas estão sendo abertas nas bordas. No geral o
coordenadas E = 320.899; N = 6.613.943 km (Fuso conjunto de formas de relevo abrange estratos de
22s), altitude = 237 m. c) Geologia regional: formação planaltos rochosos aplainados nos topos. Algumas
Arroio dos Nobres. d) Material de origem: ardósia ou
formas distorcidas pelos falhamentos são mais
metaxisto. e) Geomorfologia: vale deprimido. f) Situação
do perfil: centro de vale. g) Declividade: 2 %. h) Erosão: alongadas, entretanto as formas circulares são mais
não há. i) Relevo: plano. j) Suscetibilidade à erosão: fraca. comuns. Não há árvores de grande porte formando
l) Pedregosidade: 2 % m) Rochosidade: 10 - 20 % n) grupamentos (capões). A cobertura vegetal é de
Drenabilidade: mal drenado. o) Vegetação: campestre. p) gramíneas e pequenos arbustos onde há solos residuais
Descrição do perfil: rasos. Onde há solos mais profundos, árvores esparsas
(hz) (cm) (solo) ocorrem ocasionalmente mas não chegam a crescer no
A 0-20 Cinzento-avermelhado-escuro ( 5 YR 4/2, seu porte máximo. É uma vegetação típica de regiões
úmido); franco-siltosa, muito cascalhenta; secas.
maciça; não pegajosa, não plástica, solta,
muito dura; transição abrupta e quebrada.
R 20+ Metassedimentos finos em decomposição.
Unidade Sr0
São terras altas rochosas de nível superior muito
Tabela 47. Informações do perfil Sul-18 da unidade Sa. aplainadas e lisas nos topos (Fig. 38 e 42). Constituem
Horizontes patamares aplainados rochosos e elevados, mais
Fatores A vagarosamente alterados pelos processos de
Espessura (cm) 0-20 degradação do que as rochas que os circundam. As
C. orgânico (g kg-1) 36,60 incisões de vales e ravinas adjacentes são incipientes
M. O. % 6,31 constituindo um relevo muito íngreme a partir das
P (mg kg-1) 2,00
bordas. São formadas por rochas geralmente graníticas,
pH (H2O) - 5,36
pH (KCl) - 3,78 muitas vezes endurecidas por processos metamórficos,
Ca (c molc kg-1) 3,60 falhas e fraturas ou mesmo por granitos expostos pela
Mg “ 1,60 maior resistência ao intemperismo do que as rochas
K “ 0,09 adjacentes.
Na “ 0,05
S “ 5,34 No geral compõem as superfícies desenvolvidas de
Al “ 1,25 rochas graníticas dos complexos Encruzilhada do Sul,
H+Al “ 3,90 Várzea do Capivarita (Santos, 1989), Cordilheira e Dom
T “ 9,24 Feliciano (Rangrab et al. 2000) . Algumas pouco
T(arg.) “ 34 alteradas pelos processos de metamorfismo de contato,
V % 58
estão situadas entre as linhas de falhamentos no lado
Sat. Al “ 27
Fe (total) “ - leste. Outras, dissecadas pelos processos erosivos
Calhaus (g kg-1) 232 acentuados nas bordas dos contatos de blocos
Cascalho “ 137 rochosos distintos, constituíram um relevo ondulado
Areia grossa “ 114 com colinas de topos roliços e convexos ou de ângulos
Areia fina “ 99 agudos, em algumas linhas de fraturas.
Silte “ 518
Argila “ 269 Nesse contexto formaram-se solos rasos e cascalhentos
Argila natural “ 68 que pouco variam de espessura ao longo das encostas,
Agregação % 75 muito desprovidas de coberturas arbóreas. Algumas
Silte/argila - 1,93 superfícies ainda estão cobertas nos topos por
Textura - SiL
sedimentos residuais já intemperizados como cascalho,
SiL- franco-siltosa.
calhaus e seixos de várias origens rochosas. No geral,
o material de origem dos solos tanto é constituído de
d) Serras aplainadas rochosas resíduos coluviais de rochas sedimentares antigas, que
cobriam os granitos e gnaisses, como por essas próprias
São terras elevadas com topos aplainados do planalto rochas graníticas em decomposição. Os solos são
granítico e metamorfizadas em que os processos incipientes, entre afloramentos rochosos aplainados,
erosivos removeram a maior parte dos resíduos pois o processo erosivo de remoção dos resíduos
rochosos. No geral, são morros isolados ou pequenos decompostos das rochas atua com maior intensidade do
conjuntos pouco salientes no planalto. Os declives são que os processos de decomposição e desagregação.
baixos (<25%) mas a rochosidade é alta Entretanto, em alguns locais, esta remoção é parcial.
54 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Com isto se encontram em alguns locais, coberturas Nesta mesma camada inferior, há um horizonte Bt, de
residuais ainda em trânsito. Há coberturas de seixos 25 cm, cor bruno muito escuro, textura franco
nos topos de algumas superfícies, próximas ao rio argilarenosa, fraca estrutura granular pequena, teor de
Camaquã, como também em alguns locais de baixos matéria orgânica de 3,60%, pH de 5,09, alumínio
declives nos divisores de água de bacias hidrográficas. trocável de 4,36 cmolc/kg, soma de bases trocáveis de
1,58 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 4,58
No terço superior, estes solos são muito rasos ou não
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 34%.
existem e os resíduos grosseiros constituem um
esqueleto muito acentuado. São solos recentes onde Ainda, na camada inferior, próximo as rochas há um
os processos erosivos naturais não permitem a horizonte BC, de 25 cm, cor vermelho-amarelado,
constituição de horizontes argílicos espessos. Os textura franco-arenosa, moderada estrutura blocos
resíduos que não se alteraram significativamente no subangulares médios, teor de matéria orgânica de
local pela ação do clima, tempo e posição no relevo 0,93%, pH de 4,95, alumínio trocável de 3,34
nem receberam significativas contribuições de outras cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,10 cmolc/kg,
fontes. Os processos de remoção atuam com mais capacidade de troca de cátions de 5,50 cmolc/kg e
energia do que a decomposição dos minerais. Os topos saturação de bases trocáveis de 38% (Tabelas 48 a
destas unidades rochosas são cobertas por uma savana 51).
de gramíneas e arbustos de baixo e médio porte, muito
rala, com espécies muito resistentes as estiagens onde Em termos gerais ocorrem solos muito rasos como os
cactáceas e árvores de baixo porte, espécies muito Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos, mas há
espinhentas, estão situadas entre algumas gramíneas predominância de Cambissolos Húmicos Alumínicos
grosseiras. saprolíticos. Em relação a estes, outros subgrupos como
lítico e argissólico podem ocorrer conforme a proposição
O perfil Sul-33 representa ocorrências destes solos a de alteração do sistema taxonômico, Embrapa (2003).
partir da meia encosta das colinas. Estes solos Com respeito ao uso agrícola, essas terras altas e
possuem na camada superior um horizonte A1, de 20 a rochosas têm sido usadas ao longo do tempo por uma
40 cm, cor preto a bruno-escuro, textura franco-argilo- pecuária muito extensiva. Na pecuária, a criação de
arenosa a argilosa, fraca a moderada estrutura granular ovelhas tinha um peso alto na lotação das áreas. Esta
pequena, teor de matéria orgânica de 7,35%, pH de aptidão para a criação de animais ainda persiste devido
4,83, alumínio trocável de 3,31 cmolc/kg, soma de a pouca possibilidade econômica de mudar o meio.
bases trocáveis de 2,37 cmolc/kg, capacidade de troca Entretanto, novas ações de criação de animais de outras
de cátions de 9,27c molc/kg e saturação de bases espécies e cultivos em áreas específicas de pastagens
trocáveis de 26%. exóticas estão abertas.
Apresentam nesta camada, um horizonte AB, de 30 Dentro das condições de uma agricultura convencional e
cm, cor bruno-muito-escuro, textura argilosa, moderada regional as terras seriam da classe-VIse de capacidade
estrutura granular pequena, teor de matéria orgânica de de uso da terra e 5s(n) de aptidão agrícola. São terras
4,60%, pH de 4,83, alumínio trocável de 6,29 destinadas a pastagens cultivadas ou nativas. Há
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,34 cmolc/kg, restrições à qualidade das pastagens nativas. Podem ser
capacidade de troca de cátions de 10,84 cmolc/kg e cultivadas com árvores perenes (fruticultura), ou até
saturação de bases trocáveis de 12%. mesmo florestamento. Nas glebas mais suscetíveis a
erosão.
Na camada inferior, apresentam um horizonte Bi, de 40
cm, cor vermelho, textura muito argilosa, moderada
estrutura granular pequena, teor de matéria orgânica de
3,50%, pH de 4,82, alumínio trocável de 6,58
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 1,01 cmolc/kg,
capacidade de troca de cátions de 8,71 cmolc/kg e
saturação de bases trocáveis de 12%.
Raros solos apresenta horizonte com acumulação de
argilas na parte inferior (Bt). Estes solos (Sul-3)
possuem um horizonte A de 25 cm, cor preta, textura
franco-argiloso-arenosa, estrutura granular pequena,
teor de matéria orgânica de 4,55%, pH de 5,15,
alumínio trocável de 1,44 cmolc/kg, soma de bases
trocáveis de 2,20 cmolc/kg, capacidade de troca de Fig.38. Topos aplainados dos morros de rochas
cátions de 5,60 cmolc/kg e saturação de bases graníticas da formação Dom Feliciano que ocorrem na
trocáveis de 39%. borda do planalto.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 55

Fig.39. Pecuária familiar nas bordas das serras, com


gramíneas nativas após o desmatamento generalizado
do planalto.

Fig.42. Cambissolo Húmico Distrófico típico nas bordas


das serras onde havia floresta anteriormente. Embora no
atual estágio do Sistema Brasileiro não esteja previsto o
subgrupo glóssico esse é o que melhor representaria
este solo.
Tabela 48. Informações do perfil Sul-3 da unidade Sr0 .
a)Classificação: CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico
Fig.40. Argissolo Vermelho-Amarelo Tb Alumínico saprolítico; Soil Taxonomy: Lithic Haplumbrept. b)
léptico que ocupa os topos dos morros aplainados com Localização: coordenadas E = 338.500; N= 6.586.758 km
aspectos de meia laranja que bordejam as serras. (Fuso 22s), altitude = 399 m. c) Geologia regional: granitos
Cerro Frio do Complexo Canguçu. d) Material de origem:
granitos grosseiros. e) Geomorfologia: serras rochosas. f)
Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 5 - 12 %.
h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à
erosão: moderada. l) Pedregosidade: não há. m)
Rochosidade: 1 %. n) Drenabilidade: excessivamente
drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A 0-40 Bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido); franco-
arenosa cascalhenta; granular pequena,
moderada; não pegajosa, não plástica,
solto, lig. dura; transição clara e plana.
AB 40-70 Bruno-muito escuro (10 YR 2/2, úmido);
franco-arenosa cascalhenta; granular
pequena, moderada; não pegajosa, não
plástica, solta, lig. dura; transição gradual e
ondulada.
Bi 70-110 Vermelho (2,5 YR 4/6, úmido); franco-
arenosa cascalhenta; granular pequena,
Fig.41. Neossolo Litólico Distrófico típico que ocorre na moderada; não pegajosa, não plástica,
borda das serras no complexo granítico Dom Feliciano. solta, lig. dura.
56 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 49. Resultados das análises do perfil Sul-3 da unidade Tabela 51. Informações do perfil Sul-33 da unidade Sr0.
Sr0. Horizontes
Fatores A AB Bi Fatores A Bt BC C
Espessura (cm) 0-40 40-70 70-110 Espessura (cm) 0-25 25-50 50-75 75-100
C. orgânico (g kg-1) 42,60 26,70 20,30 C. orgânico (g kg-1) 26,40 20,90 5,40 -
M. O. % 7,35 4,60 3,50 M. O. % 4,55 3,60 0,93 -
P (mg kg-1) 1,40 0,50 0,50 P (mg kg-1) 0,90 0,20 0,40 -
pH (H2O) - 4,83 4,83 4,82 pH (H2O) - 5,15 5,09 4,95 -
pH (KCl) - 3,66 3,69 3,67 pH (KCl) - 3,93 3,84 3,83 -
Ca (cmolc kg-1) 1,30 0,70 0,40 Ca (c molc kg-1) 1,10 0,80 1,0 -
Mg “ 0,80 0,50 0,50 Mg “ 0,90 0,60 0,90 -
K “ 0,21 0,08 0,06 K “ 0,17 0,14 0,16 -
Na “ 0,06 0,06 0,05 Na “ 0,03 0,04 0,04 -
S “ 2,37 1,34 1,01 S “ 2,20 1,58 2,10 -
Al “ 3,31 6,29 6,58 Al “ 1,44 4,36 3,34 -
H+Al “ 6,90 9,50 7,70 H+Al “ 3,40 5,00 3,40 -
T “ 9,27 10,84 8,71 T “ 5,60 4,58 5,50 -
T(arg.) “ 23 19 13 T(arg.) “ 22 8 15 -
V % 26 12 12 V % 39 34 38 -
Sat. Al “ 58 82 87 Sat. Al “ 40 73 61 -
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) 122 59 - Calhaus (g kg-1) - - - -
Cascalho “ 580 520 416 Cascalho “ 350 234 396 -
Areia grossa “ 266 283 113 Areia grossa “ 327 145 113 -
Areia fina “ 115 34 33 Areia fina “ 257 114 206 -
Silte “ 207 98 164 Silte “ 165 275 328 -
Argila “ 412 585 690 Argila “ 251 465 353 -
Argila natural “ 28 18 24 Argila natural “ 6 34 12 -
Agregação % 93 97 97 Agregação % 98 94 97 -
Silte/argila - 0,50 0,16 0,23 Silte/argila - 0,66 0,46 0,93 -
Textura - C C Cp Textura - SCL SCL CL -
C- argilosa, Cp – muito argilosa. SCL- franco-argilo-arenosa, CL- franco-arenosa.

Tabela 50. Informações do perfil Sul - 33 da unidade Sr0.


Unidade Srf
a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb
Alumínico léptico; Soil Taxonomy – Lthic Kaudihu multh
b) Localização: coordenadas E = 313.948; N = Terras altas rochosas desenvolvidas em falhas, suturas
6.579.576 (Fuso 22s), altitude = 205 m. c) Geologia de blocos geológicos e fraturas rochosas com
regional: rochas graníticas. d) Material de origem: granitos afloramentos alinhados por longas extensões.
indiferenciados. e) Geomorfologia: colinas mamilonares. f) Apresentam solos muito rasos, muito cascalhentos,
Situação do perfil: terço superior de morrote. g) com calhaus e vegetação baixa de gramíneas. Há raros
Declividade: 20 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. arbustos de médio porte. Compõem afloramentos
j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Pedregosidade: 2 %. rochosos sedimentares antigos muito metamorfizados
m) Rochosidade: 10 a 15 %. n) Drenabilidade: bem onde a remoção parcial dos resíduos constituiu um
drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
acúmulo gradativo de restos silicosos, alguns mais
(hz) (cm) (solo)
rochosos entre os cascalhos. São platôs sedimentares
A1 0-25 Preto (5 YR 2,5/1, úmido); franco-
arenosa; granular, pequena, fraca; lig.
elevados ainda planos ou inclinados pelo metamorfismo
plástica, lig. pegajosa, muito friável, lig. posterior, muito salientes em relação ao relevo regional.
dura; transição gradual e plana. O complexo rochoso sedimentar foi retorcido por
Bt 25-50 Bruno-muito-escuro (10 YR 2/2, úmido); metamorfismo ou elevado por epirogênese. Constituem
franco-arenosa fraca granular, pequena, formas pontuais estreitas isoladas no relevo do planalto
lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, granítico que se assemelham a "inselbergs". Essas
lig. dura; transição gradual e plana. superfícies em fase final de existência estão quase
BC 50-75 Vermelho-amarelado (5 YR 3/6, úmido); sempre endurecidas pelas transformações
argilosas; blocos subangulares médios,
metamórficas, que prolongam a sua existência, em
moderada; lig. plástico, lig. pegajosa,
muito friável, dura; transição gradual e
relação às profundas camadas sedimentares existentes
plana. anteriormente que já foram erodidas.
C 75-100 Vermelho-amarelado (5 YR 5/6, úmido);
granitos em decomposição. Os platôs mais metamorfizados apresentam, nas bases,
metassedimentos com características de xistos,
entretanto os solos são similares como os perfis Sul-21
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 57

e Sul-22. Estes solos apresentam na camada superior


um horizonte A, de 25 cm, cor bruno-acizentado-
escuro, textura franco argilo-arenosa a franco-argilosa
muito cascalhenta, fraca estrutura granular pequena a
grande, teor de matéria orgânica de 4,48 - 6,95%, pH
de 4,54 - 4,92, alumínio trocável de 2,12 - 2,57
cmolc/kg, soma de bases trocáveis de 2,72 - 2,92
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,22 -
7,72 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 35 -
47% (Tabelas 52 a 55).

Os solos dessas áreas são Neossolos Litólicos Húmicos


lépticos, conservados sobre rochas sedimentares
antigas provavelmente de origem sedimentar. Formam
restos elevados de antigos solos. Outros solos, menos
orgânicos, ocorrem de forma generalizada como os
Neossolos Litólicos Distróficos húmicos, entre outros
possíveis nestas superfícies que se desagregam e se
decompõem em uma dinâmica lenta em relação aos
granitos de nível superior (Fig. 43 a 45).

Essas terras, no geral, não têm aproveitamento Fig.44. Neossolo Litólico Distrófico saprolítico sobre
agrícola. Entretanto, pela beleza dos contrastes metassedimentos na borda da "Serra das Encantadas".
altimétricos e pelas formas que contrastam com o
relevo que se modela no planalto, em cotas inferiores,
têm sido usadas, ao longo do tempo, como locais de
moradias das antigas fazendas. São áreas de abrigo dos
animais e talvez de futuras organizações de turismo.
São restos geológicos de uma história pouco conhecida
ou, se conhecida, pouco divulgada.

Fig.45. Solos rasos ao longo das superfícies de


falhamentos, com predominância de calhaus silicosos
altamente metamorfizados. Dominância de Neossolo
Fig.43. Neossolos Litólicos Distróficos saprolíticos
Litólico Psamítico saprolítico.
sobre metassedimentos em superfícies residuais
elevadas.
58 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 48. Informações do perfil Sul-21 da unidade Srf Tabela 50. Informações do perfil Sul-22 da unidade Srf.
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico Húmico; a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Húmico léptico; Soil
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: coordenadas E =
coordenadas E = 363.853 N = 6.621.118 km (Fuso 22s), 344.958; N = 6.596.122 km (Fuso 22s), altitude = 401 m.
altitude = 426 m. c) Geologia regional: meta Sedimentos do c) Geologia regional: granitos. d) Material de origem: rochas
Triássico. d) Material de origem: ardósia. e) Geomorfologia: graníticas metamorfizadas. e) Geomorfologia: falha geológica.
falha geológica. f) Situação do perfil: borda de falhamento. f) Situação do perfil: topo de falhamento. g) Declividade: 10
g) Declividade: 10 - 20 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: %. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondulado a montanhoso.
montanhoso. j) Suscetibilidade à erosão: forte l) j) Suscetibilidade à erosão: muito forte. l) Pedregosidade: 95
Pedregosidade: 70 % m) Rochosidade: 90 % n) % m) Rochosidade: 50 % n) Drenabilidade: excessivamente
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
campestre. p) Descrição do perfil: (hz) (cm) (solo)
(hz) (cm) (solo) A 0-25 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido);
A 0-25 Bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, franco-arenosa muito cascalhenta; granular
úmido); franco-arenosa muito pequena, fraca; lig. plástica, lig. pegajosa, muito
cascalhenta; granular pequena, fraca; friável, lig. dura; transição clara e quebrada.
lig. plástica, lig. pegajosa, muito friável, R 25+ Rocha em decomposição.
lig. dura; transição clara e quebrada.
R 25 + Rocha em decomposição.

Tabela 49. Informações do perfil Sul-21 da unidade Srf. Tabela 51. Informações do perfil Sul-22 da unidade Srf.
Horizontes Horizontes
Fatores A R Fatores A
Espessura (cm) 0-25 - Espessura (cm) 0-25
C. orgânico (g kg-1) 26,0 - C. orgânico (g kg-1) 40,30
M. O. % 4,48 - M. O. % 6,95
P (mg kg-1) 1,70 - P (mg kg-1) 2,20
pH (H2O) - 4,54 - pH (H2O) - 4,92
pH (KCl) - 3,50 - pH (KCl) - 3,65
Ca (c molc kg-1) 1,60 - Ca (c molc kg-1) 1,40
Mg “ 1,00 - Mg “ 0,90
K “ 0,29 - K “ 0,36
Na “ 0,03 - Na “ 0,06
S “ 2,92 - S “ 2,72
Al “ 2,12 - Al “ 2,57
H+Al “ 3,30 - H+Al “ 5,0
T “ 6,22 - T “ 7,72
T(arg.) “ 27 - T(arg.) “ 22
V % 47 - V % 35
Sat. Al “ 42 - Sat. Al “ 49
Fe (total) “ - - Fe (total) “ -
Calhaus (g kg-1) 132 - Calhaus (g kg-1) 296
Cascalho “ 329 - Cascalho “ 349
Areia grossa “ 208 - Areia grossa “ 198
Areia fina “ 336 - Areia fina “ 211
Silte “ 222 - Silte “ 234
Argila “ 234 - Argila “ 357
Argila natural “ 48 - Argila natural “ 31
Agregação % 79 - Agregação % 91
Silte/argila - 0,95 - Silte/argila - 0,66
Textura - SCL Textura - CL
SCL- franco-argilo-arenosa. CL- franco-argilosa
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 59

Unidade Srg mata nativa. A disponibilidade de água no solo controla


a vegetação.

São as terras altas rochosas com médios declives


(>15% e <30%) cobertas por grandes e ocasionais Serras rochosas
conjuntos de afloramentos de rochas graníticas
(matacões de migmatitos, dioritos, tonalitos, etc.). São as áreas rochosas com altos declives. Os
Formam morros isolados ou pequenos segmentos de segmentos de drenagem iniciam-se em ravinas
blocos rochosos. Essas superfícies ocorrem em profundas que dão ao relevo, nas partes mais íngremes,
intervalos variados e se isolam pouco distantes uns dos a conotação de escarpado. Parte dessas superfícies
outros. Contrastam, pela vegetação mais arbórea, com rochosas, ásperas e inclinadas tinham no passado a
o planalto de savana de matas ralas e campos com denominação de "Serra das Encantadas", mais pela
arbustos diversificados (campos sujos). As ocorrências dificuldade que impunha ao trânsito comum da época
rochosas são intermitentes ao longo do planalto. do que por sua beleza.
Constituem, em algumas partes, pequenos morros ou
conjunto de elevações de baixas altitudes que As terras são caraterizadas por superfícies com declives
contrastam com as terras aplainadas do planalto. São muito acentuados (>25%) que se estabelecem no
pontos isolados de concentração rochosa. As causas contato entre si de blocos de granitos distintos, bordas
de tais ocorrências, pode ser a variação da constituição de fossas tectônicas e também contatos de rochas
do próprio bloco granítico, mas, muitas vezes se deve muito metamorfizadas por falhamentos com blocos
apenas a encostas pertencentes a blocos rochosos graníticos que sofreram processos epirogênicos
distintos. São suturas de blocos ou simplesmente (elevação e subsidência de camadas rochosas).
constituem topos estreitos e longos devido às variações
mineralógicas e dureza das rochas graníticas alteradas Nas regiões de contato de rochas graníticas com rochas
pelo metamorfismo. metamorfizadas e sedimentares se estabelecem os
Os solos, rasos e pouco profundos, se alternam nestas maiores contrastes altimétricos entre planaltos de
paisagens cascalhentas. baixos declives (topos de morros arredondados) com
superfícies quebradas pelo metamorfismo. Nesse caso a
Acredita-se que, algumas das ocorrências das dissecação posterior é áspera ou seja, as superfícies são
formações isoladas de topos pouco agudos, com alternadas por encostas curtas com altos declives.
médias altitudes, sobre os granitos, se devam a maior
resistência ao intemperismo da espessa camada Nas rochas metamórficas as superfícies são mais
sedimentar horizontal que os cobriam. contrastantes pela remoção de parte das formas de
relevo. Junto as falhas e fraturas próximas ao planalto
A cobertura vegetal das áreas rochosas ainda residual, o relevo assume um caráter fisiográfico muito
permanece como sendo de mata um tanto rala como áspero. São acentuadas as superfícies rochosas
"capões" mas com uma tendência de dominância de convexas e pedregosas nas formas de relevo resultantes
espécie com maior resistência à seca. que ocorrem sob a dissecação de rochas metamórficas.
Criam-se contrastes agudos, embora rasos, no relevo,
As terras são aproveitadas no contexto de "campos em pequenas dimensões.
sujos" pela pecuária extensiva, sem alternativas
melhores do que a silvicultura. Os solos são rasos e
raramente há desenvolvimento de perfis profundos Unidade Srs
entre os estratos rochosos. Na maior parte ocorrem os
Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos. Raramente São terras altas rochosas desenvolvidas de rochas
ocorrem Argissolos e quando ocorrem são de forma sedimentares muito metamorfizadas com afloramentos
intermitente na encosta. alinhados por longas extensões e solos rasos com
profundas ravinas em pequenas distâncias, formando
Quanto ao uso agrícola, as terras têm sido, a mais de um relevo escarpado. Há espessas coberturas
um século, usadas com roças familiares e a introdução sedimentares cascalhentas antigas e com calhaus
da pecuária extensiva e ocasional. A sua mata cobrindo as colinas. A desagregação das rochas
intermitente tem sido seletivamente explorada, com a metassedimentares com calhaus e seixos constituem
extração das madeiras mais usadas em cerca, um relevo próprio com pequenas encostas que dão um
construções rurais, currais e carvão. Atualmente padrão típico de fotos aéreas. São áreas pedregosas e
poucas áreas têm sido ocasionalmente cultivadas. rochosas muito cascalhentas provenientes de
Desenvolvem-se algumas pastagens perenes em nível sedimentos retrabalhados do complexo metamórfico
de pequena propriedade onde a vegetação original já foi Porongos, formações Arroio dos Nobres e Santa Fé
modificada. O pastoreio com gado e ovelhas tem sido onde as superfícies são de encostas muito curtas e
60 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

quebradas com uma capa (horizonte A) com muito trocável de 0,91cmolc/kg, saturação com alumínio de
cascalho e calhaus de 20 40 cm, cobrindo um 18%, soma de bases trocáveis de 4,19 cmolc/kg,
horizonte Bi muito raso (20cm), sobre uma rocha capacidade de troca de cátions de 7,99 cmolc/kg e
xistosa fina em decomposição. saturação de bases trocáveis de 52%.

Os solos muito rasos das encostas e topos Nesta mesma camada há um horizonte A2, pouco
cascalhentos (Sul-34 e Sul-35) apresentam na camada espesso de 25cm, possui cor escura, textura argilo-
superior, horizonte A, pouco espesso, de 20 25 cm, arenosa muito cascalhenta, estrutura maciça e grãos
cor bruno-avermelhado-escuro, textura franco-arenosa simples, teor de matéria orgânica de 3,31%, pH de
muito cascalhenta, moderada estrutura em blocos 4,87, alumínio trocável de 4,34cmolc/kg, saturação com
subangulares pequenos e médios, teor de matéria alumínio de 67%, soma de bases trocáveis de 2,10
orgânica de 3,69 - 5,02%, pH 5,35 - 5,51, alumínio cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 8,60
trocável de 0,48 - 3,92 cmolc/kg, saturação com cmolc/kg, saturação de bases trocáveis de 24%.
alumínio de 10 - 70%, soma de bases trocáveis de
1,70 - 4,52 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions A camada mais argilosa se assemelha a um horizonte
de 6,20 - 7,12 cmolc/kg e média saturação de bases Bi, espesso de 40cm, possui cor bruno-avermelhado-
trocáveis de 27 - 63%. escuro, textura argilosa cascalhenta, fraca estrutura
granular, teor de matéria orgânica de 2,00%, pH de
A camada inferior, horizonte Bi, pouco espesso, de 10 - 4,71, muito alto alumínio trocável de 5,28 cmolc/kg,
20 cm, cor vermelho, textura argila-arenosa a argilosa saturação com alumínio de 86%, soma de bases
cascalhenta, moderada estrutura em blocos trocáveis de 0,85 cmolc/kg, média capacidade de troca
subangulares pequenos e médios, teor de matéria de cátions de 6,15cmolc/kg e saturação de bases
orgânica de 2,28%, pH de 5,17 - 5,33, alumínio trocáveis de 14%.
trocável de 3,55 - 4,24 cmolc/kg, saturação com
alumínio de 61 - 81%, soma de bases trocáveis de Semelhante a camada inferior há um horizonte 2C muito
0,97 - 2,28 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions cascalhento, pouco espesso de 30cm, possui cor
de 5,57 - 5,88 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis vermelho-escuro, textura argilosa, sem estrutura , teor
de 17 - 39%. de matéria orgânica de 1,36%, pH de 4,65, alumínio
trocável de 4,58cmolc/kg, saturação com alumínio de
Próximo a rocha em decomposição há um horizonte C, 91%, soma de bases trocáveis de 0,45 cmolc/kg,
pouco espesso, de 20 - 30cm, cor vermelho- capacidade de troca de cátions de 5,15cmolc/kg e
amarelado, textura franco-argilosa cascalhenta, saturação de bases trocáveis de 9% (Tabelas 56 e 57).
estrutura maciça, teor de matéria orgânica de 1,29 -
1,24%, pH de 5,08 - 5,17, alumínio trocável de 3,21 - São solos com aparência de Neossolos Regolíticos, pela
3,27 cmolc/kg, saturação com alumínio de 82 - 86%, maior espessura intemperizada da rocha matriz e teores
soma de bases trocáveis de 0,52 - 0,68 cmolc/kg, de seixos e calhaus, provenientes de sedimentaçãos
capacidade de troca de cátions de 4,22 - 4,28 cmolc/kg antigas. Entretanto, estão sendo caraterizados como
e baixa a média saturação de bases trocáveis de 12 - Cambissolos Húmicos pela formação de um horizonte
16% (Tabelas 52 a 55). incipiente e acumulação de argilas na parte superior da
camada. Pela ampla concentração de alumínio trocável,
Estes solos têm sido denominados no sistema cascalhos e altos teores relativos de matéria orgânica
taxonômico atual (Embrapa, 1999 e 2003) como foram classificados como Tb Alumínicos saprolíticos.
Cambissolos Háplicos Tb Alumínicos ou Distróficos
lépticos ou húmicos (Fig. 46). Os solos das partes superiores das encostas têm sido
caraterizados como Neossolos Regolíticos Eutróficos
Os solos do terço inferior das encostas das bacias lépticos os mais férteis (Sul-12). Outros são de baixa
hidrográficas próximas ao rio Camaquã, se apresentam fertilidade com altos teores de alumínio trocável mas
mais profundos e com completa sedimentações de conservam ainda altos valores de matéria orgânica.
calhaus e cascalhos provenientes de formações Esses solos têm sido situados como Cambissolos
metassedimentares quartenárias embora provenientes Húmicos Alumínicos com muitos subgrupos possíveis
de sedimentos Pré-Cambrianos remobilizados como o (lítico, saprolítico, léptico etc.) Entretanto estima-se que
perfil Sul-32 (Fig. 47 a 50). a maior ocorrência seja de Neossolos Regoliticos devido
à ampla espessura do manto cascalhento que
Apresentam na camada superior, horizonte A1, pouco continuamente cobrem essas superfícies ásperas e
espesso, de 25cm, cor preta, textura franca muito rochosas. Apresentam na camada superior, horizonte
cascalhenta, estrutura maciça e grãos simples, alto teor A1, 30cm de espessura, cor bruno-muito escuro,
de matéria orgânica de 6,57%, pH de 5,15, alumínio textura franco-arenosa, estrutura granular e grãos
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 61

soltos, teor de matéria orgânica de 4,33%, pH de


5,50, alumínio trocável de 0,40 cmolc/kg, saturação
com alumínio de 8%, soma de bases trocáveis de 4,74
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,74
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 61%.

A camada inferior, horizonte C1, possui 30cm e


espessura, cor bruno, textura franco-arenosa, estrutura
em grãos soltos, teor de matéria orgânica de 3,48%,
pH de 5,04, alumínio trocável de 1,16 cmolc/kg,
saturação com alumínio de 22%, soma de bases
trocáveis de 4,18 cmolc/kg, capacidade de troca de
cátions de 7,48 cmolc/kg e saturação de bases
trocáveis de 56% (Tabelas 58 e 59).

Quanto ao uso agrícola, as terras são próprias à


silvicultura, entretanto, o uso atual tem sido com a
criação de ovelhas.

Fig.47. Neossolo Regolítico Húmico cambissólico


(saprolítico) desenvolvido de pelitos e arcóseos muito
finos do complexo metámorfico Porongos na "Serra das
Encantadas". A evolução das encostas contribui para o
estabelecimento de um manto cascalhento na superfície
que se acumula progressivamente.

Fig.46. Cambissolo Háplico Tb Distrófico húmico


(saprólitico) desenvolvido do complexo metámorfico
Porongos composto por pelitos e arcóseos finos na
"Serra das Encantadas"

Fig.48. Neossolo Litólico Distrófico saprolítico de


ocorrência dos topos das colinas sobre rochas
metamorfizadas.
62 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 52. Informações do perfil Sul-34 da unidade Srs.


a)Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Alumínico
húmico; Soil Taxonomy: Lithic Eutric Haplumbrept. b)
Localização: coordenadas E = 313.707; N = 6.608.235
km (Fuso 22s), altitude = 345 m. c) Geologia
regional: Complexo Cerro da Árvore, xistos –
arcósios, gnáisses, metandesitos, melapelitos. d)
Material de origem: arcósio. e) Geomorfologia: colinas
dissecadas. f) Situação do perfil: topo de colina. g)
Declividade: 10 %. h) Erosão: não há. i) Relevo:
ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l)
Pedregosidade: 2 a 5 %. m) Rochosidade: 2 a 5 %. n)
Drenabilidade: excessivamente drenado. o)
Vegetação: campestre – árvores nos vales. p)
Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
Fig.49.Neossolo Regolítico Distrófico saprolítico na A 0-20 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4,
úmida e seca); franco-arenosa muito
região de serras. Mantos cascalhentos superficiais
cascalhenta; granular pequena, fraca; não
cobrem as rochas constituindo solos pouco pegajosa, não plástica, solta, solta;
aproveitáveis para a agricultura. transição gradual e plana.
Bi 20-30 Vermelho ( 2,5 YR 4/6, úmido); franco-
algilo-siltosa; blocos subangulares pequenos
e médios, moderada ; pegajoso, plástica,
friável, maciça, cerosidade pouca fraca;
transição clara e quebrada.
C 30-50 Vermelho-amarelado ( 5 YR 4/6, úmido);
arcósio em desagregação.

Tabela 53. Informações do perfil Sul-34 da unidade Srs.


Horizontes
Fatores A Bi C
Espessura (cm) 0-20 20-30 30-50
C. orgânico (g kg-1) 29,10 13,20 7,50
M. O. % 5,02 2,28 1,29
P (mg kg-1) 0,90 0,40 0,30
pH (H2O) - 5,35 5,17 5,17
pH (KCl) - 3,75 3,87 3,83
Ca (c molc kg-1) 0,60 0,40 0,10
Mg “ 0,70 0,30 0,20
Fig.50. Neossolo Regolítico Distrófico saprolítico de
K “ 0,36 0,24 0,19
ocorrência generalizada na "Serra das Encantadas" Na “ 0,04 0,03 0,03
sobre a formação Porongos. Vegetação de savana que S “ 1,70 0,97 0,52
lembra o cerrado do Brasil Central. Manto cascalhento Al “ 3,92 4,24 3,27
com calhaus. H+Al “ 4,50 4,60 3,70
T “ 6,20 5,57 4,22
T(arg.) “ 18 9 11
V % 27 17 12
Sat. Al “ 70 81 86
Fe (total) “ - - -
Calhaus (g kg-1) 577 6 40
Cascalho “ 234 55 107
Areia grossa “ 384 68 73
Areia fina “ 107 101 156
Silte “ 165 252 397
Argila “ 344 579 374
Argila natural “ 103 48 12
Agregação % 70 92 97
Silte/argila - 0,48 0,44 1,06
Textura - SC SC CL
CL- franco-argilosa, SC- argila-arenosa
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 63

Tabela 54. Informações do perfil Sul-35 da unidade Srs. Tabela 56. Informações do perfil Sul - 32 da unidade Srs.
a)Classificação: CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico a) Classificação: CAMBISSOLO HÚMICO Tb Alumínico
léptico; Soil Taxonomy: Lithic Eutric Haplumbrept. b) saprolítico ; Soil Taxonomy – Lithic Eutric Haplumbrept. b)
Localização: coordenadas E = 313.707; N = 6.605.297 km Localização: coordenadas E = 311.441; N = 6.582.863 km
(Fuso 22s), altitude = 314 m. c) Geologia regional: (Fuso 22s), altitude = 122 m. c) Geologia regional:
complexo Cerro da Árvore (xistos, arcósios, gnaisses, sedimentos quaternários do Pleistoceno. d) Material de
metandesitos e melapelitos). d) Material de origem: arcósio. origem: sedimentos de seixos rolados. e) Geomorfologia:
e) Geomorfologia: colinas dissecadas. f) Situação do perfil: terraço. f) Situação do perfil: centro de terraço. g)
topo de colina. g) Declividade: 10 %. h) Erosão: não há. i) Declividade: 0 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: plano. j)
Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Suscetibilidade à erosão: nula. l) Pedregosidade: 0 %. m)
Pedregosidade: 2 a 5 %. m) Rochosidade: 2 a 5 %. n) Rochosidade: 5 %. n) Drenabilidade: bem drenado. o)
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: Vegetação: arbustiva. p) Descrição do perfil:
campestre – árvores nos vales. p) Descrição do perfil: (hz) (cm) (solo)
(hz) (cm) (solo) A1 0-25 Preto (2,5 YR 2/0, úmido); franco-arenosa
A 0-25 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4, muito cascalhenta; granular; não plástica;
úmido e seco); franco-arenoso muito não pegajosa, solta, solta; transição
cascalhento; granular pequena, fraca; não gradual e plana.
pegajosa, não plástica, solta, solta; A2 25-50 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/2, úmido);
transição gradual e plana. franco-arenosa muito cascalhenta granular;
Bi 25-40 Vermelho ( 2,5 YR 4/6, úmido); franco- não plástica, não pegajosa, solta, solta;
45 algilo-siltoso; blocos subangulares transição gradual e plana.
pequenos e médios, moderada ; pegajoso, Bi 50-90 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 4/4,
plástico, friável, maciço, cerosidade pouca úmido); franco-arenosa muito cascalhenta;
fraca; transição clara e quebrada. granular; não plástica, não pegajosa, solta,
C 40 Arcósio em desagregação. solta; transição gradual e plana.
45-50 2C 90-120 Vermelho-escuro (2,5 YR 3/6, úmido);
franco-arenosa muito cascalhenta, granular;
não plástica, não pegajosa, solta, solta.

Tabela 55. Informações do perfil Sul-35da unidade Srs. Tabela 57. Informações do perfil Sul-32 da unidade Srs.
Horizontes Horizontes
Fatores A Bi C Fatores A1 A2 Bi 2C
Espessura (cm) 0-25 25-45 45-70 Espessura (cm) 0 –25 25-50 50-90 90-120
C. orgânico (g kg-1) 21,40 13,20 7,20 C. orgânico (g kg-1) 38,10 19,20 11,60 7,90
M. O. % 3,69 2,28 1,24 M. O. % 6,57 3,31 2,00 1,36
P (mg kg-1) 3,90 5,0 0,50 P (mg kg-1) 2,70 0,30 0,40 0,80
pH (H2O) - 5,51 5,33 5,08 pH (H2O) - 5,15 4,87 4,71 4,65
pH (KCl) - 4,27 3,91 3,81 pH (KCl) - 4,05 3,83 3,79 3,75
Ca (c molc kg-1) 2,40 1,10 0,30 Ca (c molc kg-1) 2,60 1,50 0,50 0,20
Mg “ 1,80 0,80 0,20 Mg “ 1,40 0,50 0,30 0,20
K “ 0,27 0,34 0,15 K “ 0,18 0,08 0,03 0,03
Na “ 0,05 0,04 0,03 Na “ 0,01 0,02 0,02 0,02
S “ 4,52 2,28 0,68 S “ 4,19 2,10 0,85 0,45
Al “ 0,48 3,55 3,21 Al “ 0,91 4,34 5,28 4,58
H+Al “ 2,60 3,60 3,60 H+Al “ 3,80 6,50 5,30 4,70
T “ 7,12 5,88 4,28 T “ 7,99 8,60 6,15 5,15
T(arg.) “ 21 14 12 T(arg.) “ 30 22 12 10
V % 63 39 16 V % 52 24 14 09
Sat. Al “ 10 61 82 Sat. Al “ 18 67 86 91
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) 520 - - Calhaus (g kg-1) 234 542 272 256
Cascalho “ 602 21 2 Cascalho “ 306 385 330 266
Areia grossa “ 139 69 53 Areia grossa “ 101 150 95 82
Areia fina “ 147 132 201 Areia fina “ 328 273 151 168
Silte “ 368 353 389 Silte “ 309 189 235 211
Argila “ 346 446 357 Argila “ 262 388 519 539
Argila natural “ 45 194 71 Argila natural“ 11 25 21 57
Agregação % 87 57 80 Agregação % 96 94 96 89
Silte/argila - 1,06 0,79 1,08 Silte/argila - 1,80 0,49 0,45 0,39
Textura - CL C CL Textura - L SC C C
CL- franco-argilosa, C- argilosa. C – argilosa, L - franca, SC- argilo-arenosa.
64 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 58 Informações do perfil Sul-12 da unidade Srs.


Unidade Sra
a) Classificação: NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico léptico;
Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização:
coordenadas E = 326.973; N = 6.631.996 km (Fuso 22s), São as terras altas com aspectos de serras e declives
altitude = 194 m. c) Geologia regional: sedimentos pré- maiores do que 20% com ocorrências de rochosidade
cambrianos da Formação Arroio dos Nobres . d) Material de exposta nos vales localizados ao norte. São superfícies
origem: sedimentos de conglomerados. e) Geomorfologia: gastas de formas de relevo intermitentes que foram
colinas e vales. f) Situação do perfil: topo de colina. g) desenvolvidas em restos de rochas sedimentares finas
Declividade: 2 - 5 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. (formações Palermo e Rio Bonito). São restos de antigas
j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 2 - coxilhas que se sobrepõem aos granitos em áreas
10 %. m) Rochosidade: 5 - 20 %. n) Drenabilidade: dissecadas. As superfícies rochosas de base do
excessivamente drenado. o) Vegetação: campestre. p)
embasamento do complexo gnaissico Arroio dos Ratos
Descrição do perfil:
muitas vezes afloram, dando solos recentes e
(hz) (cm) (solo)
diversificados em pequenas extensões.
A 0-30 Bruno-muito escuro (10 YR 2/2, úmido);
areia muito cascalhenta; grãos soltos de
areia com cascalhos ; transição difusa. Esta região que aparenta pequena serra, é cortada por
C1 30-60 Bruno (10 YR 4/3, úmido); areia muito arroios profundos que vão formar o arroio Irui. Está
cascalhenta; grãos soltos de areia com coberta por uma mata densa ciliar nas bordas das
cascalhos; transição difusa. colinas. A cobertura vegetal pouco a pouco tem sido
C2 60+ Rocha em desagregação. removida das partes mais altas principalmente em
função da sua melhor qualidade para o uso agrícola
local (construções rurais).

Os solos são semelhantes aos da unidade C2 com


maiores ocorrências rochosas e com ainda alguma
sedimentação coluvial proveniente da desagregação das
rochas da era Paleozóica.

Quanto ao uso agrícola, as terras sempre foram usadas


Tabela 59. Informações do perfil Sul-12 da unidade Srs. em roças ocasionais intermitentes ao longo do tempo. A
Horizontes pecuária extensiva tem ocupado os campos, entre as
Fatores A C1 matas, há mais de dois séculos. Com os riscos
Espessura (cm) 0-30 30-60 provenientes da alta suscetibilidade à erosão, as partes
C. orgânico (g kg-1) 25,10 20,20 menos rochosas se caraterizam como classe VII-se de
M. O. % 4,33 3,48
capacidade de uso e 4p de aptidão agrícola que seriam
P (mg kg-1) 5,50 1,20
pH (H2O) - 5,02 5,04
próprias à silvicultura e as partes melhores aplainadas a
pH (KCl) - 3,83 3,64 cultivos de pastagens perenes para uma agricultura
Ca (c molc kg-1) 2,90 2,70 familiar.
Mg “ 1,40 1,10
K “ 0,41 0,35
Na “ 0,03 0,03
S “ 4,74 4,18 Unidade Sr1
Al “ 0,40 1,16
H+Al “ 3,0 3,30
T “ 7,74 7,48 São os vales situados no planalto que inicialmente
T(arg.) “ 43 39 constróem as serras rochosas graníticas. Estão
V % 61 56 situados em nível superior a partir da metade das bacias
Sat. Al “ 8 22 hidrográficas que colhem água para o rio Camaquã
Fe (total) “ - - principalmente. Começam após os topos aplainados do
Calhaus (g kg-1) 259 897 planalto formando um relevo ondulado a forte ondulado
Cascalho “ 645 516
no seu conjunto. Há também a conjugação de
Areia grossa “ 269 167
patamares às vezes rochosos elevados, pouco alterados
Areia fina “ 170 163
Silte “ 383 476 pelos processos de degradação, com as incisões de
Argila “ 178 194 vales abertos e ravinas incipientes que caracterizam
Argila natural “ 39 56 aspectos de serras (Fig. 51). No geral há predominância
Agregação % 78 71 de altos declives (>20%) constituindo as encostas mais
Silte/argila - 2,15 2,45 fortemente inclinadas, que juntamente com os aspectos
Textura - SL SL de alternâncias, entre lisas e quebradas, e rochosidade
SL- franco-arenosa. constróem um relevo forte ondulado. Constituem-se em
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 65

serras menos acentuadas do que a unidade Sr2. saturação de bases trocáveis de 22% .
Apresentam um relevo com rochosidade marcante na
constituição das encostas quando os declives são A camada mais argilosa inferior, horizonte Bt2, pouco
baixos. Há alternâncias constantes na fisiografia das espesso, de 20cm, possui cor com predominância de
encostas tanto pela variação da rochosidade como bruno-avermelhado-escuro, textura argilosa cascalhenta,
pelas suas dimensões. No geral se constituem em fraca estrutura, de blocos subangulares médios, teor de
pequenas sub-bacias hidrográficas dos afluentes dos matéria orgânica de 1,91%, pH de 5,15, alumínio
rios principais com incisões de pequenos maciços trocável de 6,22cmolc/kg, saturação com alumínio de
rochosos alongados. 75%, de bases trocáveis de 2,09cmolc/kg, capacidade
de troca de cátions de 8,39cmolc/kg e saturação de
A cobertura vegetal atual é de campos sujos, como bases trocáveis de 25% (Tabelas 60 e 61).
uma savana, constituidos pelo pastoreio da pecuária,
ao longo do tempo, nas bordas mais aplainadas. Nas Pelo sistema taxonômico, proposto (Embrapa 1999 e
partes mais inclinadas, em vales com incisões de 2003), este solo se situa nos Argissolos Bruno-
ângulos mais agudos, restos de uma mata de porte Acinzentados Tb Alumínicos típicos que representam
médio, muito explorada, sem as espécies arbóreas mais solos antigos que evoluíram em condições de muita
valiosas, ainda cobrem as encostas. Junto às partes umidade, caraterísticas dos aluminosos.
rochosas, há mata mais densa e de pior qualidade em
termos de aproveitamento da madeira. A vegetação de Os solos que ocorrem no terço superior das colinas com
mata está situada alternadamente entre rochas e formatos mamilonares próximas do rio Camaquã com
gramíneas forrageiras nativas de pequeno porte. declives acentuados entre o planalto granítico (Sg0 e
Sg1) e as serras rochosas (unidade Sr2), representam os
Os solos que ocorrem no início das encostas são solos mais antigos dessas áreas iniciais de serras (Sul-5
semelhantes aos desenvolvidos de granitos descritos e Sul-20). Evoluíram em condições mais secas do que
nos patamares aplainados das unidades de forma de os anteriores. Apresentam na camada superior,
relevo Sg0 e Sg1, mas se diversificam ao longo das horizonte A, pouco espesso, de 15 20cm, cor com
variações graníticas como o perfil Sul- 4 que representa predominância de bruno-escuro a amarelado-escuro,
os solos desenvolvidos em encostas úmidas (Fig. 52). textura franco-arenosa, muito cascalhenta com calhaus,
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria
Estes solos estão definidos pela camada superior, orgânica de 1,33 - 3,38%, pH de 4,69 - 5,11, alumínio
horizonte A1, de 25cm, cor bruno-acinzentado muito trocável de 1,33 - 1,79 cmolc/kg, saturação com
escuro, textura franco-arenosa muito cascalhenta, alumínio de 47 - 59%, soma de bases trocáveis de 1,22
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria - 1,61 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de
orgânica de 3,29%, pH de 5,30, alumínio trocável de 4,41 - 5,52 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de
0,31 cmolc/kg, saturação com alumínio de 7%, soma 22 - 37%.
de bases trocáveis de 4,03 cmolc/kg, capacidade de
troca de cátions de 7,23 cmolc/kg e saturação de bases Nesta camada há um horizonte A2, pouco espesso, de
trocáveis de 56%. 15cm, possui cor com predominância de bruno, textura
franco-argilo-arenosa, pouco cascalhenta, fraca
Nesta camada há um horizonte A2, pouco espesso, de estrutura granular e blocos subangulares médios, teor
20cm, possui cor com predominância de bruno-escuro, de matéria orgânica de 2,17%, pH de 4,61, alumínio
textura franco-argilo-arenosa, muito cascalhenta, trocável de 2,31cmolc/kg, saturação com alumínio de
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria 71%, soma de bases trocáveis de 0,97cmolc/kg,
orgânica de 3,33%, pH de 5,24, alumínio trocável de capacidade de troca de cátions de 3,77cmolc/kg e
2,62cmolc/kg, saturação com alumínio de 49%, soma saturação de bases trocáveis de 26% .
de bases trocáveis de 2,71cmolc/kg, capacidade de
troca de cátions de 8,41cmolc/kg e saturação de bases Posteriormente segue-se um horizonte Bt1, pouco
trocáveis de 32%. espesso, de 15 - 20cm, possui cor com predominância
de bruno-forte, textura argilosa a franco argilosa
A camada argilosa inferior, horizonte Bt1, de 15cm,
cascalhenta, moderada estrutura, blocos subangulares
possui cor com predominância de cinzento-escuro, médios, teor de matéria orgânica de 2,34 - 2,64%, pH
textura franco-argilosa muito cascalhenta, moderada de 4,53 - 5,10, alumínio trocável de 3,00 - 3,81
estrutura em blocos subangulares médios, teor de cmolc/kg, saturação com alumínio de 75 - 84%, soma
matéria orgânica de 3,03%, pH de 5,12, alumínio
de bases trocáveis de 0,72 - 0,98cmolc/kg, capacidade
trocável de 4,90cmolc/kg, saturação com alumínio de
de troca de cátions de 5,52 - 5,78 cmolc/kg e
71%, soma de bases trocáveis de 1,98cmolc/kg,
saturação de bases trocáveis de 13 - 17%.
capacidade de troca de cátions de 8,88cmolc/kg e
66 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Na sua parte inferior, horizonte Bt2, pouco espesso, de cátions de 5,47 cmolc/kg e saturação de bases trocáveis
20cm, possui cor com predominância de bruno-forte a de 51%.
amarelado, textura argilosa pouco cascalhenta,
moderada estrutura em blocos subangulares médios, Após a esta camada há um horizonte AC, pouco
teor de matéria orgânica de 1,79 - 2,09%, pH de 4,55 espesso, de 20cm, cor com predominância de bruno-
- 5,00, alumínio trocável de 3,27 - 3,98 cmolc/kg, escuro, textura muito cascalhenta, estrutura maciça e
saturação com alumínio de 80 - 91%, soma de bases grãos simples, teor de matéria orgânica de 4,30%, pH
trocáveis de 0,45 - 0,83 cmolc/kg, média capacidade de de 5,61, alumínio trocável de 1,16 cmolc/kg, saturação
troca de cátions de 4,45 - 4,93 cmolc/kg e saturação com alumínio de 30%, soma de bases trocáveis de 3,38
de bases trocáveis de 10 - 17%. cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,13
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 62%.
A camada inferior, horizonte BC, pouco espesso, de
30cm, possui cor bruno, textura franco-argilosa, pouco Nesta camada segue-se um horizonte C, pouco espesso,
cascalhenta, fraca estrutura em blocos subangulares de 10cm, possui cor com predominância de vermelho-
médios, teor de matéria orgânica de 1,55%, pH de amarelado, textura franco-arenosa muito cascalhenta,
4,62, alumínio trocável de 3,69 cmolc/kg, saturação fraca estrutura de grãos simples, granular, teor de
matéria orgânica de 0,14%, pH de 5,75, alumínio
com alumínio de 89, soma de bases trocáveis de 0,46
trocável de 0,53 cmolc/kg, saturação com alumínio de
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,96
18%, soma de bases trocáveis de 4,01 cmolc/kg,
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 23%.
capacidade de troca de cátions de 5,21 cmolc/kg e
O horizonte C, pouco espesso, de 45cm, possui cor saturação de bases trocáveis de 77% (Tabelas 66 e
vermelho, textura franco-argilarenosa, pouco 67).
cascalhenta, fraca estrutura em blocos subangulares Os solos rasos de alternâncias entre superfícies
médios, teor de matéria orgânica de 0,95, pH de 4,97, rochosas e vales, que constituem contrastes com perfis
alumínio trocável de 3,27cmolc/kg, saturação com muito distintos entre cada vale, são Neossolos
alumínio de 84%, soma de bases trocáveis de 0,64 Regolíticos Eutróficos húmicos. Ocorrem nos terços
cmolc/kg, baixa capacidade de troca de cátions de 4,04 superiores das encostas onde afloram os complexos
cmolc/kg e média a baixa saturação de bases trocáveis graníticos.
de 16% (Tabelas 62 e 65).
Quanto ao uso agrícola, essas terras têm sido usadas
Embora distintos por condições climáticas diversas, os como pecuária ao longo do tempo onde a criação de
solos conservam parâmetros analíticos semelhantes no ovelhas é predominante.
complexo de troca aos que mais ocorrem na região. Pertencem a classe VI-se de capacidade de uso que são
São denominados de Argissolos Vermelho-Amarelos próprias as pastagens melhoradas ou até mesmo
Distrófico típicos. cultivadas. As partes mais íngremes comportam cultivos
mais específicos de florestamento.
Os solos mais rasos que ocorrem nos complexos
graníticos de granulometria mais grosseira como o Dom
Feliciano são muitos cascalhentos e pouco evoluídos
como o perfil Sul-15 (Fig. 53 e 54). Esses solos
possuem na camada superior, horizonte A1, de 30cm,
cor com predominância de bruno-escuro, textura
franco-arenosa, muito cascalhenta, fraca estrutura
granular e grãos simples, teor de matéria orgânica de
3,57%, pH de 5,30, alumínio trocável de 0,87
cmolc/kg, saturação com alumínio de 30%, soma de
bases trocáveis de 2,94 cmolc/kg, capacidade de troca
de cátions de 5,64 cmolc/kg e saturação de bases
trocáveis de 52% .

A camada inferior, horizonte A2, pouco espesso, de


20cm, possui cor com predominância de bruno-escuro,
textura muito cascalhenta, fraca estrutura granular e
grãos simples, teor de matéria orgânica de 3,80%, pH Fig.51. Formas de relevo típicos das serras rochosas,
de 5,26, alto alumínio trocável de 1,58 cmolc/kg, pouco íngremes que se iniciam por vales rochosos. À
saturação com alumínio de 44%, soma de bases direita, topo de platô sedimentar da unidade Sr0,
trocáveis de 2,77 cmolc/kg, capacidade de troca de cultivos de pinus próximos ao rio Camaquã.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 67

Fig.52. Horizonte escuro na parte superior do Bi, com


caraterística de "horizonte sômbrico" descrito na Soil
Toxonomy, 1975. Sua constituição é atribuído a um
clima úmido passado.
Fig.54. Cambissolo Háplico Ta Distrófico glóssico que
ocorre nos vales próximos a falhas geológicas,
constituindo mantos de cascalhos na superfície.

Tabela 60. Informações do perfil Sul-4 da unidade Sr1.


a) Classificação: ARGISSOLO BRUNO-ACINZENTADO Tb
Alumínico típico; Soil Taxonomy: Humic Hapludult. b)
Localização: coordenadas E = 332.676; N = 6.584.082 km
(Fuso 22s), altitude = 321 m. c) Geologia regional: granitos
do complexo Dom Feliciano. d) Material de origem: granitos de
granulometria grosseira. e) Geomorfologia: vales nas bordas
de serra. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade:
10 - 15 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j)
Suscetibilidade à erosão: moderada a forte l) Pedregosidade: 2
- 5 %. m) Rochosidade: 10 - 15 %. n) Drenabilidade:
moderadamente drenado. o) Vegetação: campestre. p)
Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
Fig.53. Cambissolo Húmico Eutrófico glóssico
A1 0-25 Bruno-acinzentado-muito escuro (10 YR
desenvolvido em topo de colina, aparentemente com 3/6, úmido); granular pequena, fraca;
desmatamento recente. franco-arenosa; lig. pegajosa, lig. plástica,
friável, dura; transição gradual e plana.
A2 25-45 Bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido); franco-
argilo-arenosa; granular e blocos
subangulares pequenos, fraca; pegajosa,
plástica, friável, dura; transição clara e
plana.
Bt1 45-60 Cinzento-avermelhado-escuro (5 YR 4/2,
úmido); argilosa; blocos subangulares
médios, moderada; muito pegajosa, muito
plástica, muito dura, muito firme;
cerosidade pouca, fraca; transição gradual
e plana.
Bt2 60-80 Bruno-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4,
úmido); argilosa; blocos subangulares
médios, moderada; muito pegajosa, muito
plástica, muito dura, muito firme;
cerosidade comum; forte; transição clara e
quebrada.
C 80-100t Rocha em decomposição.
68 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 61. Informações do perfil Sul-4 da unidade Sr1.


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 C
Espessura (cm) 0-25 25-45 45-60 60-80 80-100t
C. orgânico (g kg-1) 19,10 19,30 14,60 11,10 -
M. O. % 3,29 3,33 3,03 1,91 -
P (mg kg-1) 0,50 1,50 0,60 0,50 -
pH (H2O) - 5,30 5,24 5,12 5,15 -
pH (KCl) - 4,05 3,77 3,70 3,60 -
Ca (c molc kg-1) 2,70 1,40 0,80 0,80 -
Mg “ 1,10 1,10 0,90 1,00 -
K “ 0,19 0,16 0,23 0,21 -
Na “ 0,04 0,05 0,05 0,08 -
S “ 4,03 2,71 1,98 2,09 -
Al “ 0,31 2,62 4,90 6,22 -
H+Al “ 3,20 5,70 6,90 6,30 -
T “ 7,23 8,41 8,88 8,39 -
T(arg.) “ 47 28 22 13 -
V % 56 32 22 25 -
Sat. Al “ 7 49 71 75 -
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 443 603 353 47 -
Areia grossa “ 414 313 223 43 -
Areia fina “ 191 134 96 87 -
Silte “ 240 250 270 234 -
Argila “ 155 303 411 636 -
Argila natural “ 17 11 78 102 -
Agregação % 89 96 81 84 -
Silte/argila - 1,55 0,82 0,66 0,36 -
Textura - SL SCL CL Cp -
CL – franco- argilosa, Cp – muito argilosa, SL – franco-arenosa, SCL – franco-argilo-arenosa
Tabela 62. Informações do perfil Sul-5 da unidade Sr1. Tabela 63. Informações do perfil Sul-5 da unidade Sr1.
a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Horizontes
Distrófico típico; Soil Taxonomy: Typic Hapludult. b) Fatores A1 Bt1 Bt2 C
Localização: coordenadas E = 326.811; N = 6.586.743 km Espessura (cm) 0-15 15-35 35-55 55-100
(Fuso 22s), altitude = 314 m. c) Geologia regional: granito C. orgânico (g kg-1) 7,70 13,60 10,40 5,50
Cordilheira. d) Material de origem: granitos grosseiros. e) M. O. % 1,33 2,34 1,79 0,95
Geomorfologia: topo de planalto com formações mamilonares P (mg kg-1) 0,60 0,50 0,50 0,50
no relevo. f) Situação do perfil: topo do planalto. g) pH (H2O) - 5,11 5,10 5,00 4,97
Declividade: 2 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: levemente pH (KCl) - 3,90 3,84 3,87 3,90
ondulado no planalto. j) Suscetibilidade à erosão: ligeira. l) Ca (c molc kg-1) 0,50 0,30 0,20 0,20
Pedregosidade: 1 %. m) Rochosidade: 5 - 10 %. n) Mg “ 0,50 0,40 0,30 0,30
Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: K “ 0,20 0,25 0,31 0,12
campestre. p) Descrição do perfil: Na “ 0,02 0,03 0,02 0,02
(hz) (cm) (solo) S “ 1,22 0,98 0,83 0,64
A1 0-15 Bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido); Al “ 1,79 3,00 3,27 3,27
franco-arenosa muito cascalhenta; granular H+Al “ 4,30 4,80 4,10 3,40
pequena, fraca; não pegajosa, não plástica, T “ 5,52 5,78 4,93 4,04
muito friável, dura; transição gradual e plana. T(arg.) “ 21 15 13 14
Bt1 15-35 Bruno-forte ( 7,5 YR 4/6, úmido); franco-argilo- V % 22 17 17 16
arenosa a franco-arenosa cascalhenta; Sat. Al “ 59 75 80 84
estrutura em blocos subangulares pequenos, Fe (total) “ - - - -
fraca, lig. plástica, lig. pegajosa, muito firme, Calhaus (g kg-1) 541 - - -
muito dura; cerosidade pouca, fraca; transição Cascalho “ 318 273 237 232
gradual e plana. Areia grossa “ 442 256 207 175
Bt2 35-55 Vermelho-amarelado ( 5 YR 4/6, úmido); Areia fina “ 147 66 156 252
franco-argilo-arenosa; blocos subangulares Silte “ 150 287 243 285
pequenos e médios, fraca; lig. pegajosa, Argila “ 261 391 394 288
plástica, muito firme, muito dura; cerosidade Argila natural “ 35 44 85 50
pouca, fraca; transição gradual e plana. Agregação % 87 89 78 83
C 55-100 Vermelho ( 2,5 YR 4/4 ); argila; blocos Silte/argila - 0,57 0,73 0,62 0,99
subangulares médios, fraca; pegajosa, plástica, Textura - SCL CL CL SCL
friável, dura; cerosidade pouca, fraca. CL – franco-argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 69

Tabela 64. Informações do perfil Sul-20 da unidade Sr1 .


a) Classificação: ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico típico; Soil Taxonomy: Oxic Kandiudult. b) Localização:
coordenadas E = 355.896; N = 6.599.187 km (Fuso 22s), altitude = 339 m. c) Geologia regional: granitos do complexo Dom
Feliciano. d) Material de origem: granitos grosseiros. e) Geomorfologia: planalto com coxilhas suaves onduladas. f) Situação do
perfil: meia encosta. g) Declividade: 5 - 15 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: moderada. l)
Pedregosidade: 2 – 5 % m) Rochosidade: 5 % n) Drenabilidade: bem drenado. o) Vegetação: campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
A1 0 - 20 Bruno-escuro (7,5 YR 3/2, úmido); franco-arenosa; granular e blocos subangulares pequenos e médios,
fraca; lig. pegajosa, lig. plástica, muito friável, lig. dura, transição gradual e plana.
A2 20 – 35 Bruno (7,5 YR 4/2, úmido e seco); franco-arenosa; blocos subangulares pequenos e médios, fraca; lig.
pegajosa, lig. plástica, muito friável, lig. dura, transição clara e plana.
Bt1 35 –50 Bruno-forte (7,5 YR 3/4 e 4/4, úmido e seco); franco-argilo-arenosa; maciça que se desagrega em blocos
subangulares médios, moderada; pegajosa, plástica, firme, lig. dura; cerosidade pouca, fraca; transição
gradual e plana.
Bt2 50 - 70 Bruno-forte ( 7,5 YR 3/4 e 4/4, úmido); argilosa a franco-argilosa; blocos subangulares, médios,
moderada, plástica, pegajosa, dura, firme; cerosidade comum, moderada; transição gradual e plana.
BC 70 – 100 Bruno (7,5 YR 4/4 e 4/6 ); franco-argilosa; blocos subangulares médios, fraca; macio, muito friável,
plástica, pegajosa, cerosidade pouca, fraca.

Tabela 65. Informações do perfil Sul-20 da unidade Sr1 .


Horizontes
Fatores A1 A2 Bt1 Bt2 BC
Espessura (cm) 0-20 20-35 35-50 50-70 70-100
C. orgânico (g kg-1) 19,60 12,60 15,30 12,10 9,00
M. O. % 3,38 2,17 2,64 2,09 1,55
P (mg kg-1) 1,90 1,0 1,90 1,90 1,80
pH (H2O) - 4,69 4,61 4,53 4,55 4,62
pH (KCl) - 3,70 3,65 3,60 3,59 3,62
Ca (c molc kg-1) 0,90 0,60 0,40 0,20 0,20
Mg “ 0,50 0,20 0,20 0,10 0,10
K “ 0,18 0,14 0,09 0,12 0,14
Na “ 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02
S “ 1,61 0,97 0,72 0,45 0,46
Al “ 1,33 2,31 3,81 3,98 3,69
H+Al “ 2,80 2,80 4,80 4,0 4,50
T “ 4,41 3,77 5,52 4,45 7,96
T(arg.) “ 21 13 12 7 4
V % 37 26 13 10 23
Sat. Al “ 47 71 84 91 89
Fe (total) “ - - - - -
Calhaus (g kg-1) - - - - -
Cascalho “ 33 77 319 68 72
Areia grossa “ 251 204 262 173 177
Areia fina “ 360 330 128 110 132
Silte “ 180 180 141 115 143
Argila “ 209 286 469 602 548
Argila natural “ 33 77 65 2 1
Agregação % 84 73 86 99 99
Silte/argila - 0,86 0,47 0,30 0,19 0,26
Textura - SL SCL C Cp C
C – argilosa, Cp – muito argilosa, SL - franco-arenosa, SCL- franco-argilo-arenosa.
70 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 66. Informações do perfil Sul-15 da unidade Sr1 .


a) Classificação: NEOSSOLO REGOLÍTICO Eutrófico húmico; Soil Taxonomy: Lithic Quartzipsamment. b) Localização: coordenadas
E = 324.820; N = 6.580.985 km (Fuso 22s), altitude = 118 m. c) Geologia regional: complexo granítico Encruzilhada do Sul. d)
Material de origem: resíduos coluviais de granitos. e) Geomorfologia: serras. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: 30
%. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondulado e ondulado. j) Suscetibilidade à erosão: forte. l) Pedregosidade: 10 % m)
Rochosidade: 20 % n) Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: mata e campestre. p) Descrição do perfil:
(hz) (cm) (solo)
Al 0-30 Bruno-escuro ( 10 YR 2/2, úmido); franco-arenosa; granular pequena a média, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e plana.
A2 30-50 Bruno-escuro ( 7,5 YR 3/4, úmido); franco-argilosa; granular pequena a média, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica, muito friável, lig. dura; transição gradual e plana.
AC 50-70 Bruno-escuro ( 7,5 YR 3/4, úmido); franco-argiloso; granular pequena a média, fraca; lig. pegajosa, lig.
plástica; muito friável, lig. dura; películas de argila poucas, fraca; blocos subangulares médios, fraca;
transição gradual e ondulada.
C 70-80+ Vermelho-amarelado ( 5 YR 4/6, úmido); franco-arenoso; maciça que se desagrega em grãos soltos.

Tabela 67. Informações do perfil Sul-15 da unidade Sr1 .


Horizontes
Fatores Al A2 AC C
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-70 70-80+
C. orgânico (g kg-1) 20,70 11,30 18,60 0,84
M. O. % 3,57 3,80 4,30 0,14
P (mg kg-1) 2,50 2,38 0,74 1,90
pH (H2O) - 5,30 5,26 5,61 5,75
pH (KCl) - 3,93 3,81 3,84 3,95
Ca (c molc kg-1) 2,0 2,30 3,20 3,0
Mg “ 0,70 0,30 0,50 0,80
K “ 0,19 0,10 0,05 0,09
Na “ 0,05 0,07 0,08 0,12
S “ 2,94 2,77 3,83 4,01
Al “ 0,87 1,58 1,16 0,53
H+Al “ 2,70 2,70 2,30 1,20
T “ 5,64 5,47 6,13 5,21
T(arg.) “ 45 42 83 81
V % 52 51 62 77
Sat. Al “ 30 44 30 18
Fe (total) “ - - - -
Calhaus (g kg-1) 4 - - -
Cascalho “ 389 572 493 391
Areia grossa “ 426 478 492 395
Areia fina “ 302 223 232 319
Silte “ 148 169 202 222
Argila “ 124 130 74 64
Argila natural “ 8 16 15 22
Agregação % 93 88 80 66
Silte/argila - 1,19 1,30 2,73 3,47
Textura - SL SL SL SL
SL- franco-arenosa.

sedimentares situadas sobre o complexo granítico


Unidade Sr2 aplainado, acentuando a constituição escarpada do
relevo.
São as formas de relevo que constituem as serras
rochosas graníticas escarpadas. Iniciam nas bordas dos Poucas áreas rochosas escarpadas ainda estão cobertas
morros rochosos aplainados. Estabelecem os limites do por uma vegetação de mata densa. Conservam raras
planalto até aos fundos dos vales de estratos rochosos espécies florestais de porte alto e de maior valor para as
aplainados depressivos. Constituem patamares construções rurais. Grande parte das árvores foi
rochosos elevados, muito alterados pelos processos de removida ao longo do tempo, restando vestígios apenas
degradação, onde as incisões de vales e ravinas são de sua existência. Muitas roças intermitentes de
profundas e estreitas (muito agudas) constituindo um pequenos agricultores se inserem nos vales e encostas
relevo escarpado até aos níveis inferiores dos vales. onde a terra tinha e ainda tem um valor baixo, pois não
Muitas incisões destes vales começam cortando rochas comporta a pecuária extensiva da região (Fig. 55 e 56).
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 71

Os solos são muito rasos entre os afloramentos de Na camada inferior, há um horizonte C, espesso, de
granitos. Em grande parte estão cobertos por 65cm, cor com predominância de bruno-avermelhado-
sedimentos coluviais e restos de granitos que rolam nas claro, textura argilosa muito cascalhenta, estrutura
encostas (Fig. 57 e 58). Nas superfícies roliças, a partir maciça e grãos simples, teor de matéria orgânica de
da meia encosta, se encontram solos rasos 2,83%, pH de 4,86, alto alumínio trocável de 3,92
desenvolvidos de granitos grosseiros como o perfil Sul- cmolc/kg, saturação com alumínio de 80%, soma de
26. Este solo apresenta na camada superior, horizonte bases trocáveis de 0,98 cmolc/kg, média a alta
A1, de 30cm, cor com predominância de cinzento- capacidade de troca de cátions de 5,58 cmolc/kg e
escuro, textura franco-arenosa muito cascalhenta, baixa saturação de bases trocáveis de 18% (Tabelas 70
estrutura granular e grãos simples, teor de matéria e 71).
orgânica de 1,98%, pH de 5,01, alumínio trocável de
1,27 cmolc/kg, saturação com alumínio de 36%, soma Entre esses solos rasos, alguns desenvolveram um
de bases trocáveis de 2,27 cmolc/kg, capacidade de horizonte de acumulação de argila, que os diferencia
troca de cátions de 4,46 cmolc/kg e saturação de bases dos anteriores, como o perfil Sul-10, o qual apresenta
trocáveis de 51%. uma camada superior, horizonte A, de 25cm, cor com
predominância de bruno-muito escuro, textura franco-
A camada inferior, horizonte A2, de 20cm, possui cor arenosa cascalhenta, estrutura granular e grãos simples,
com predominância de cinzento-escuro, textura franco- teor de matéria orgânica de 4,19%, pH de 5,04,
arenosa cascalhenta, estrutura granular e grãos alumínio trocável de 1,21cmolc/kg, saturação com
simples, teor de matéria orgânica de 1,79%, pH de alumínio de 33%, soma de bases trocáveis de
4,96, alumínio trocável de 2,95 cmolc/kg, saturação 2,51cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,11
com alumínio de 51%, soma de bases trocáveis de cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 41%.
2,81 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 6,21
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 45%. A camada inferior, horizonte Bi, pouco espesso, de
25cm, possui cor com predominância de bruno-muito
A camada seguinte, horizonte C, pouco espesso, de escuro, textura argilosa muito cascalhenta, estrutura
10cm, possui cor com predominância de bruno- blocos subangulares e grãos simples, teor de matéria
amarelado, textura franco-arenosa cascalhenta, orgânica de 2,28%, pH de 4,79, alumínio trocável de
estrutura de grãos simples, teor de matéria orgânica de 3,19 cmolc/kg, saturação com alumínio de 65%, soma
0,62%, pH de 4,88, alumínio trocável de 3,32 de bases trocáveis de 1,69 cmolc/kg, capacidade de
cmolc/kg, saturação com alumínio de 62%, soma de troca de cátions de 6,39 cmolc/kg e saturação de bases
bases trocáveis de 2,02 cmolc/kg, capacidade de troca trocáveis de 26% (Tabelas 72 e 73).
de cátions de 6,12cmolc/kg e saturação de bases
trocáveis de 33% (Tabelas 68 e 69). Os solos mais rasos têm sido classificados pelo sistema
proposto por Embrapa (1999), com alterações em
Outros solos rasos com depósitos coluviais se Embrapa (2003), como Neossolos Litólicos Distróficos e
apresentam com maiores teores de resíduos orgânicos Húmicos geralmente típicos ou lépticos e outros como
como o perfil Sul-2 que apresenta uma camada Neossolos Regolíticos Húmicos típicos ou lépticos por
superior, horizonte A1, de 25cm, cor com apresentarem estratos residuais pouco intemperizados e
predominância de bruno muito escuro, textura franco- espessos sobre a rocha matriz. As variações se
arenosa muito cascalhenta, estrutura granular e grãos verificam entre a natureza e existência de adições
simples, teor de matéria orgânica de 6,48%, pH de coluviais. Os mais rasos, não coluviais, contêm menos
5,30, alumínio trocável de 0,55 cmolc/kg, saturação teores de compostos orgânicos. Alguns com
com alumínio de 12%, soma de bases trocáveis de acumulações incipientes de argilas na camada inferior
4,21 cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,91 têm sido situados como Cambissolos Húmicos
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 53%. Distróficos lépticos.

A camada superior, horizonte A2, de 30cm, possui cor As serras têm sido o último refúgio de animais silvestres
e de algumas espécies de árvores nativas. Quanto ao
com predominância de bruno, textura franco-argilosa
uso agrícola contata-se que as pequenas roças de
muito cascalhenta, estrutura granular e grãos simples,
subsistência têm, ao longo dos anos, tornado raras as
teor de matéria orgânica de 4,00%, pH de 4,90,
espécies de árvores de grande porte.
alumínio trocável de 2,01 cmolc/kg, saturação com
alumínio de 50%, soma de bases trocáveis de 2,03
Hoje a silvicultura tem alcançado parte das bordas
cmolc/kg, capacidade de troca de cátions de 7,33
dessas serras e penetrado nas partes mais acessíveis.
cmolc/kg e saturação de bases trocáveis de 28%.
Está substituindo a pecuária familiar local. As terras,
salvo criação esporádica de ovelhas nas suas áreas já
72 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

"limpas", não se tornam favorecidas a atividades


agrícolas convencionais. Há que se criar um sistema de
uso da mata ainda existente, com um enriquecimento
de espécies locais que possam dar retorno sem
afugentar os animais silvestres.

Fig.57. Neossolo Litólico Eutrófico típico nas regiões de


serras rochosas desenvolvidas em granitos do complexo
Dom Feliciano.

Fig.55. Local de transposição do rio Camaquã, cortando


o maciço granítico, e caraterizando uma serra íngreme e
rochosa pelo efeito erosivo natural de seu alto gradiente
hidráulico.

Fig.56. Borda das serras rochosas no contato com as


partes depressivas com vegetação secundária
arbustiva. Nessas superfícies rochosas e íngremes, há Fig.58. Neossolo Regolítico Distrófico cambissólico
pequenos produtores que ainda cultivam a terra em desenvolvido em granitos do complexo Dom Feliciano
pequenas roças. no terço superior de cerros rochosos.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 73

Tabela 68. Informações do perfil Sul - 26 da unidade Sr2. Tabela 70. Informações do perfil Sul-2 da unidade Sr2 .
a) Classificação: NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico a) Classificação: NEOSSOLO Regolítico Húmico típico; Soil
(léptico); Soil Taxonomy: Lithic Udorthent. b) Localização: Taxonomy: Lithic Haplumbrept. b) Localização: coordenadas
coordenadas E = 350.818; N = 6.588.915 km (Fuso 22s), E = 347.003; N 6.585.798 km (Fuso 22s), altitude = 341
altitude = 184 m. c) Geologia regional: granitos de m. c) Geologia regional: granitos do complexo Canguçu-
formação Dom Feliciano. d) Material de origem: granitos Cerro frio. d) Material de origem: granitos de granulometria
com granulometria grosseira. e) Geomorfologia: serras grosseira. e) Geomorfologia: planalto granítico. f) Situação
rochosas. f) Situação do perfil: meia encosta. g) Declividade: do perfil: topo do planalto. g) Declividade: 2 - 10 %. h)
25 %. h) Erosão: não há. i) Relevo: forte ondulado. j) Erosão: não há. i) Relevo: aplainado, com encostas
Suscetibilidade à erosão: muito forte. l) Pedregosidade: abauladas em colinas mamilonares. j) Suscetibilidade à
muito pedregoso. m) Rochosidade: muito rochoso 10-20 %. erosão: nos topos, ligeira, nas encostas, muito forte. l)
n) Drenabilidade: fortemente drenado. o) Vegetação: Pedregosidade: 10 - 20 %. m) Rochosidade: 60 %. n)
mata/serrana. p) Descrição do perfil: Drenabilidade: excessivamente drenado. o) Vegetação: mata
(hz) (cm) (solo) com vegetação arbustiva. p) Descrição do perfil:
A1 0-30 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido), bruno- (hz) (cm) (solo)
acinzentado-escuro (10 YR 4/2, seco); A1 0-25 Bruno-muito escuro ( 10 YR 2/2, úmido);
franco-arenosa muito cascalhenta; granular granular média a pequena, moderada;
pequena, fraca; lig. pegajosa, não plástica, franco-arenosa cascalhenta; lig. pegajosa,
muito friável; transição gradual e plana. lig. plástica, muito friável; transição
A2 30-50 Cinzento-escuro (10 YR 4/1, úmido e seco); gradual e plana.
bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, A2 25-55 Bruno ( 10 YR 4/3, úmido); granular
seco); franco-arenosa muito cascalhenta; média e blocos subangulares médios,
granular pequena, fraca; não pegajosa, não fraca; franco-arenosa cascalhenta; lig.
plástica, muito friável; transição gradual e pegajosa, lig. plástica, muito friável;
plana. transição clara e ondulada.
AC 50-60 Bruno-amarelado (10 YR 5/4, úmido e C 55-120 Bruno-avermelhado-escuro ( 2,5 YR 4/4 );
seco); franca a franco-arenosa; granito em desagregação.

Tabela 69. Resultados das análises do perfil Sul-26 da Tabela 71. Resultados das análises do perfil Sul-2 da unidade
unidade Sr2. Sr2.
Horizontes Horizontes
Fatores A1 A2 C Fatores A1 A2 C
Espessura (cm) 0-30 30-50 50-60 Espessura (cm) 0-25 25-55 55-120
C. orgânico (g kg-1) 11,50 10,40 3,60 C. orgânico (g kg-1) 37,60 23,20 16,40
M. O. % 1,98 1,79 0,62 M. O. % 6,48 4,00 2,83
P (mg kg-1) 1,70 1,90 2,30 P (mg kg-1) 0,90 0,50 1,40
pH (H2O) - 5,01 4,96 4,88 pH (H2O) - 5,30 4,90 4,86
pH (KCl) - 3,80 3,70 3,63 pH (KCl) - 4,13 3,73 3,69
Ca (cmolc kg-1) 1,50 1,70 0,90 Ca (cmolc kg-1) 2,40 0,80 0,20
Mg “ 0,60 0,90 0,80 Mg “ 1,50 0,90 0,50
K “ 0,09 0,14 0,21 K “ 0,27 0,29 0,22
Na “ 0,07 0,07 0,11 Na “ 0,04 0,04 0,06
S “ 2,26 2,81 2,02 S “ 4,21 2,03 0,98
Al “ 1,27 2,95 3,32 Al “ 0,55 2,01 3,92
H+Al “ 2,20 3,40 4,10 H+Al “ 3,70 5,30 4,60
T “ 4,46 6,21 6,12 T “ 7,91 7,33 5,58
T(arg.) “ 33 30 50 T(arg.) “ 33 24 12
V % 51 45 33 V % 53 28 18
Sat. Al “ 36 51 62 Sat. Al “ 12 50 80
Fe (total) “ - - - Fe (total) “ - - -
Calhaus (g kg-1) - - - Calhaus (g kg-1) - 10 20
Cascalho “ 494 401 418 Cascalho “ 353 502 345
Areia grossa “ 363 263 469 Areia grossa “ 294 274 254
Areia fina “ 280 247 204 Areia fina “ 210 178 115
Silte “ 222 285 205 Silte “ 253 242 165
Argila “ 135 205 122 Argila “ 243 306 466
Argila natural “ 13 36 26 Argila natural “ 18 23 32
Agregação % 90 82 79 Agregação % 93 92 93
Silte/argila - 1,64 1,39 1,68 Silte/argila - 1,04 0,79 0,35
Textura - SL SCL SL Textura - SCL CL C
SL- franco-arenosa, SCL- franco-argilo-arenosa. C- argilosa, CL- franco-argilosa, SCL- franco-argilo-arenosa.
74 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 72. Informações do perfil Sul-10 da unidade Sr2 .


a) Classificação: CAMBISSOLO Húmico Distrófico léptico; Discussão
Soil Taxonomy: Lithic Haplumbrept. b) Localização:
coordenadas E = 333.258; N = 6.622.747 km (Fuso 22s),
altitude = 498 m. c) Geologia regional: complexo granítico Formas de relevo e solos
Encruzilhada do Sul. d) Material de origem: granitos. e)
Geomorfologia: colinas entre áreas aplainadas. f) Situação O município de Encruzilhada do Sul, situado na Serra do
do perfil: área aplainada de vale. g) Declividade: 2 - 5 %. h)
Sudeste na região do Planalto Sul-Rio-Grandense, mais
Erosão: não há. i) Relevo: suave ondulado. j) Suscetibilidade
especificamente na região norte do Escudo Cristalino,
à erosão: moderada. l) Pedregosidade: 5 %. m)
Rochosidade: 10 - 20 %. n) Drenabilidade: excessivamente tem seus limites físicos, ao norte, com a borda da
drenado. o) Vegetação: campestre e mata ( capões). p) Depressão Central, ao sul com o rio Camaquã, a oeste
Descrição do perfil: com arroio dos Vargas e afluentes do Piquiri e a leste
(hz) (cm) (solo) com o município de Amaral Ferrador.
A 0-25 Bruno-muito escuro (10 YR 2/2, úmido);
franco-arenosa; granular pequena, forte; O planalto local como um todo está embasado sobre
pegajosa, plástica, muito friável, lig. rochas graníticas, metamórficas e sedimentares, muito
dura; transição gradual e plana. perturbadas por processos tectônicos de pequena
Bi 25-50 Bruno-muito escuro (10 YR 2/2, úmido); intensidade, que sem criar grandes contrastes
franco-argilo-arenosa; blocos altimétricos, têm regionalmente diferenciado esta
subangulares médios, fraca; pegajosa,
região predominantemente em um planalto em estado
plástica, firme, dura; películas de argila
poucas, fraca; transição clara e quebrada. de dissecação.
C 50-60+ Rocha em desagregação.
Bordejam esse planalto granítico, fossas tectônicas com
sedimentos triássicos e permianos e outras com
sedimentos Pré-cambrianos, ultra metamorfizados
posteriormente. Estão situadas ao longo de falhamentos
longitudinais nordeste-sudeste que construíram
contrastes altimétricos suficientes para uma
caraterização de serras nas bordas desse planalto.
Tabela 73. Informações do perfil Sul-10 da unidade Sr2 .
Horizontes A configuração estática atual é de um planalto
Fatores A Bi C composto por distintos blocos de rochas graníticas,
Espessura (cm) 0-25 25-50 50-60+ acoplados entre si por suturas drásticas e marcantes,
C. orgânico (g kg-1) 24,30 13,20 - que mudaram pontualmente a homogeinidade relativa,
M. O. % 4,19 2,28 - textura e estrutura dessas rochas cristalinas.
P (mg kg-1) 0,9 1,0 -
Entretanto, a configuração da dinâmica, das formas
PH (H2O) - 5,04 4,79 -
PH (KCl) - 3,79 3,59 -
geomórficas superficiais, sugerida pelos vestígios em
Ca (c molc kg-1) 1,10 0,60 - seqüência das rochas, é de um planalto que emergiu de
Mg “ 1,10 0,80 - forma lenta, juntamente com parte da crosta rochosa
K “ 0,27 0,25 - regional, elevando parte de uma planície sedimentar
Na “ 0,04 0,04 - marinha e posteriormente deltaica espessa, que o
S “ 2,51 1,69 - cobria integralmente, até cotas pouco menores do que
Al “ 1,21 3,19 - 500 m. Atualmente, muito gasto pelos processos
H+Al “ 3,60 4,70 - erosivos, o planalto conserva vestígios dessas rochas
T “ 6,11 6,39 -
constituindo "inselbergs" que cronologicamente
T(arg.) “ 28 15 -
V % 41 26 -
registram o passado distante.
Sat. Al “ 33 65 -
Fe (total) “ - - - A crosta, ao se retrabalhar e se fragmentar, pelos
Calhaus (g kg-1) - - - processos metamórficos e epirogênicos locais,
Cascalho “ 123 360 - relativamente de baixa intensidade, pois não constituem
Areia grossa “ 231 210 - grandes serras, tem criado, ao ser erodida, muitas
Areia fina “ 269 138 - formas de relevo distintas. As formas de relevo
Silte “ 279 229 - ásperas, com encostas quebradas e de pequenas
Argila “ 221 423 - dimensões, que ao serem erodidas, pelo processo
Argila natural “ 36 90 -
natural, constituem sulcos de drenos naturais que
Agregação % 84 79 -
Silte/argila - 1,26 0,54 -
mudam de padrão constantemente, são próprias de
Textura - SCL C superfícies metamorfizadas. Modelam formas
SCL- franco-argilo-arenosa, C – argilosa. geomórficas superficiais muito segmentadas por
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 75

fraturas e falhas, muitas vezes ainda cobertas por nas partes superiores dos vales, matacões isolados
esparsas e finas camadas sedimentares já entre as superfícies de solos de textura fina, sem os
intemperizadas. A incompleta remoção de entulhos resíduos grosseiros dos efeitos da decomposição e
sedimentares antigos e a fragmentação das rochas desagregação (cascalho, calhaus e pedras).
deixam as superfícies, muitas vezes diversificadas com
morrotes isolados ou unidos em pequenos segmentos O conjunto das rochas, que formam o relevo, evoluindo
longitudinais nesse aplainamento da fisiografia regional. em agrupamentos heterogêneos, ao longo do tempo,
constituíram formas que se moldam muito
Constata-se que constituir um padrão de resíduos particularmente em serras, terras altas rochosas, terras
superficiais homogêneos intemperizados, em uma altas, terras altas aplainadas e planícies.
conjuntura de rochas graníticas duras, silicosas e
heterogêneas, muito alteradas por ações metamórficas Procurando uma base para o entendimento de como a
de baixa intensidade, além da variabilidade temporal da variabilidade, de solos rasos e pouco profundos se
exposição gradativa dessas superfícies, não é a distribuiu nas superfícies, Costa Lemos, em Brasil
tendência natural dessas formas de relevo, que se (1973), determinou uma toposseqüência lógica para a
sucedem, nesse planalto. Além disso, manter estes variação de solos da Serra do Sudeste, onde os
sedimentos residuais intemperizados, evoluídos no afloramentos rochosos se iniciam nas partes agudas e
tempo, em amplas superfícies conservadas, também altas do relevo, seguidos de solos litólicos. Ao longo do
não tem sido um fator comum. Isso se verifica, até início da encosta, são caraterizados solos rasos e
mesmo nos divisores das sub-bacias hidrográficas, onde pouco férteis e a partir das meias encostas,
raramente há solos profundos. predominam solos poucos profundos e férteis.

Conforme Penteado (1980), a elaboração do relevo nas O solo, como produto natural dos componentes
rochas cristalinas está diretamente relacionada com a residuais, produzidos pela intemperização das camadas
dureza da rocha. Os graus de coesão, além da natureza superficiais das rochas ao longo do tempo, teria uma
da cimentação entre os grãos, são dependentes da maior uniformidade relativa à medida que os fatores
porosidade e das dimensões granulométricas. Nas climáticos e temporais, que são marcantes na sua
rochas mais duras, heterogêneas e diaclasadas evolução, pouco ativassem os elementos que
(fissuradas) no modelamento das superfícies, pelos contribuem para acelerar a dinâmica responsável pelos
efeitos erosivos, há predominância da erosão linear processos erosivos.
(remoção dos sedimentos desagregados com o Na amplitude de variabilidade de solos, que ocorrem
estabelecimento progressivo de sulcos). As rochas nesse planalto de rochas graníticas, observa-se que há
coerentes resistem mais aos processos areolares quatro fatores marcantes:
(descamação). O cavamento vertical é mais atuante. A
incisão dos talvegues é mais acentuada do que a a) processo de laterização parcial antigo (Terciário) que
evolução das vertentes. Além disso, em regiões atingiu toda região e ainda permanece muito evidente
temperadas, verifica-se a conservação dos relevos nos restos de superfícies sedimentares aplainadas,
antigos com acentuada formação convexa, menos atingidas pelos processos erosivos do clima
predominância dos estratos quartzosos, nas fraturas ou quaternário posterior (coxilhas e platôs);
na própria variação da rocha, para estratos mais
silicosos. As bases de deposições sedimentares b) constituição de solos no clima quaternário com
geralmente são arenosas e têm concavidades horizontes argílicos invertendo completamente a
depressivas. A rede de drenagem é muito ramificada, tendência anterior. Nota-se a formação de caraterísticas
em virtude da dureza das rochas. Onde as rochas são de atributos próprios de horizontes argílicos (eluviação,
mais permeáveis a rede se inicia por vertentes estrutura, grau de cerosidade, em horizontes
depressivas e úmidas, com pequenas nascentes ao anteriormente já muito intemperizados);
longo das encostas.
c) caraterização de desagregação e decomposição das
As rochas não compactadas (mais moles) permitem um argilas mais complexas até ao nível das caulinitas em
aplainamento nas nascentes, pois há maior produção de todos os horizontes inferiores;
sedimentos, com um relevo que se abranda ao longo do
d) remoção das bases trocáveis do horizonte Bt.
tempo. O grau de permeabilidade, que depende da
comunicabilidade entre os poros da rocha, falhas e Com isso, particularizando a complexidade regional do
fissuras, nivela as alternâncias de umidade. planalto, se observa que os solos vermelhos, mais
antigos, que ocasionalmente se encontram, no norte e
Localmente nos complexos graníticos, os vales se
leste, em pequenas superfícies conservadas,
estendem com relativamente baixos declives e longas
possivelmente sedimentares, registram um período mais
encostas. Apresentam-se somente encaixados e
drástico em relação ao clima (quente e úmido).
estreitos próximos às bordas do planalto. Formam-se,
76 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Praticamente nesse planalto a representatividade Vermelho-Amarelo distrófico e afloramentos rochosos.


desses solos é muito pequena (2-5%). Essa laterização Nas áreas sedimentares antigas estão situados como
parcial foi constatada por Costa Lemos, em Brasil Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico (Triássico) e
(1973), quando caraterizou os solos das superfícies Podzólico Vermelho- Escuro distrófico (Permiano).
sedimentares antigas, situados no norte, como
Laterítico Bruno-Avermelhado a unidade Alto das Canas
Entretanto, Cecílio (1973) de uma forma mais específica
e outras unidades mais laterizadas. e muito didática, conseguiu tipificar a diversificação, os
Entretanto, os solos mais significativos desse planalto, fatores, a abrangência e a amplitude dos limites dessa
em toda a seqüência geomorfológica, são os que se variabilidade de solos, ao estudar detalhadamente a
desenvolveram totalmente no período quaternário. catena, desenvolvida a partir do divisor de águas, de
Todos têm em comum a constituição ou a tendência de uma sub-bacia hidrográfica, deste planalto granítico. Na
verdade, a diversificação encontrada aparenta a
constituírem horizontes argílicos (com argila iluvial),
constituição de um tabuleiro segmentado em placas
com cores desde acinzentadas a avermelhadas
planas, tanto pelas alterações metamórficas, que
acentuando a grande variabilidade dos contrastes
descaraterizam a continuidade das rochas matrizes,
hídricos nos quais eles foram moldados. Acentuam
como também pela variabilidade do posicionamento da
também essa grande variabilidade de espessura que
encosta que se altera, a medida que recebe ou perde
carateriza o planalto como uma superfície em uma
sedimentos e modifica o grau de umidade, no tempo, de
dinâmica muito erosiva onde os perfis são sempre cada solo já constituído. O pesquisador encontrou
transicionais. As encostas não se perpetuam, ou seja praticamente quase todas as unidades evidenciadas
obedecem a uma transitoriedade mais intensiva do que anteriormente em outros estudos. Descreve quatro
outras regiões locais com gradientes hidráulicos mais classes (ordens) citadas no sistema taxonômico antigo
acentuados. Não há, praticamente, superfícies coluviais (Camargo et al. 1987) e nove séries e cinco
compondo perfis evoluídos. As remoções constróem associações dessas séries entre rochas. Todas
superfícies com horizontes A rasos. Os solos nas áreas representam a variabilidade de solos de uma catena
de rochas não metamorfizadas com superfícies quaternária onde o tempo, a intensidade do processo
arredondadas (mamilonares) são muito rasos e com erosivo e o grau de hidromorfismo (posição na encosta)
linhas de pedras sobrepostas. Evidenciam que contribuíram nas variações das ordens, bem como na
depósitos antigos estão sendo removidos sendo esta a ocorrência, ao acaso, das distribuições de afloramentos
caraterística principal da dinâmica de constituição do rochosos, como dos solos rasos antigos, já erodidos e
perfil. As estruturas dos solos são novas (pouca muitos, já remodelados por sedimentações recentes.
iluviação) e fracas, como se os solos não Tais aspectos foram parcialmente evidenciados na inter-
envelhecessem fisicamente. As estruturas se relação de uso do sistema taxonômico antigo com a
enfraquecem e facilmente se fragmentam após a "Soil Taxonomy".
decomposição das argilas até ao nível das caulinitas o
que está generalizado.
A seqüência sintética de variabilidade na encosta local,
Os solos de Encruzilhada do Sul têm sido estudados a encontrada por Cecílio (1973), poderia ser ordenada,
partir da década de 70 por Costa Lemos em Brasil conforme a taxonomia da época, em afloramentos
(1973). Generalizando essa região de serras, esse autor rochosos cambissolos podzólicos hidromórfico
evidenciou a ocorrência predominantemente de cinzento glei húmico. Todos os solos são
afloramentos rochosos sobre as superfícies em todas as distróficos, com perdas sistêmicas das bases trocáveis
áreas. Nas áreas menos rochosas do planalto os solos do perfil, e as posições de trocas ocupadas por altos
foram caracterizados como unidade Pinheiro Machado índices de alumínio, constituindo alta saturação com
que definia Solos Litólicos distróficos. As partes mais esse elemento. Tudo se passa como se esse
aplainadas, do leste da cidade, ainda sobre granitos modelamento fisiográfico das superfícies tivesse
diversificados do complexo Encruzilhada do Sul, foram passado ultimamente por um clima úmido que modificou
definidas como unidade Bexigoso que correspondia ao parcialmente um sistema evolutivo antigo.
Brunizem raso entre Solos Litólicos distróficos. Nas
Com a perspectiva de tentar estabelecer as relações,
pequenas bordas sedimentares antigas, os solos foram
entre si, das unidades fisiográficas de relevo, que estão
caracterizados como Podzólico Vermelho-Amarelo
embasando as séries de solos encontradas por Cecílio
(Triássico) e Laterítico Bruno-Avermelhado (Permiano).
(1973), Moraes (1975) estudou a composição
IBGE (1986), nas "Serra das Encantadas" situa os solos mineralógica de três séries. Duas situadas como
como Regossolos eutróficos e afloramentos rochosos. Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico e outra como
Glei Húmico distrófico. Constatou que todas as séries
Na parte central do planalto, como Podzólico Vermelho- estão essencialmente cauliníticas em todos os
Amarelo distrófico. As serras graníticas da periferia do horizontes e que não foram conclusivos, embora
planalto, como solos Litólicos, Cambissolos, Podzólico pertinentes, os níveis altos de intemperismo calculados
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 77

nas três séries de solos. Os resultados apresentados Na taxonomia atual (Embrapa 1999 e 2003) estes solos
por Moraes (1975) sugerem condições semelhantes nas estão situados como Neossolos nas regiões serranas.
formações dos Podzólicos, salvo o tempo de exposição Muitos situados sobre rochas duras são denominados
da superfície ao intemperismo. A série que representa o de Litólicos por serem rasos e não apresentarem um
Glei Húmico corresponderia possivelmente a uma horizonte C espesso, já parcialmente decomposto e em
formação sedimentar recente proveniente da erosão de desagregação, que são os Regolíticos. Alguns solos
camadas superficiais das séries de solos antigos locais. ainda relacionados a existência de mata, são Húmicos ,
outros relacionados as savanas e rochas ácidas
Os resultados gerais encontrados na região evidenciam (silicosas e pobres em elementos como cálcio,
que o clima úmido entretanto foi muito regional, pois ao manganês, potássio etc.) são Distróficos. Muitos
sul, a partir de pouco além do rio Camaquã, os solos, subgrupos estão relacionados à espessura e aos
mesmo antigos do planalto granítico, apresentam ainda resíduos grosseiros. Poucos solos estabelecem perfis
acúmulos de bases trocáveis no horizonte Bt o que se pouco profundos que caraterizam Cambissolos e
acentua mais para a região Sul. Argissolos. Geralmente são do grande grupo dos
Na verdade, a medida que as superfícies se Distróficos e subgrupos dos lépticos.
transformam, particularizando-se em segmentos, os
Nas terras altas e coxilhas que são mais aplainadas
resíduos tomam rumos diferentes no processo evolutivo
predominam os Argissolos que variam de Vermelho-
direcionado por suas transformações e pelas condições
Amarelo a Bruno-Acinzentado. Geralmente são Tb
externas. Assim sendo torna-se difícil compor uma
Alumínico ou raramente Distrófico. Vários subgrupos
taxonomia paralela que situe as transgressões e
estão relacionados. São solos essencialmente
regressões evidenciando os fatores do intemperismo.
cauliníticos. Nas planícies, Planossolos Háplicos e
No caso, mesmo a taxonomia atual “Soil Taxonomy”
Gleissolos Melânicos são dominantes, muitos são
com a concepção de evidenciar uma direção evolutiva,
Eutróficos. Os subgrupos com maiores ocorrências são
na abrangência das inter-relações entre Inceptissolos e
arênico e gleico (Tabela 74).
Ultissolos, não se
mostra suficiente e parece muitas vezes conflitante
para definir solos desde incipientes, remodelados,
antigos e transicionais.
78 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 74 – Formas de relevo, solos, aptidão agrícola, capacidade de uso das terras e áreas (km2 ) do município de Encruzilhada do Sul.
Formas de relevo Solos Área
a) Terras baixas Legenda Classes km2 %
e aplainadas Ordem Subordem Grande-grupo Subgrupo
Pb RUbd NEOSSOLO FLÚVICO Tb Distrófico gleico. 43,42 1,26
PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico gleico.
Pa SXe PLANOSSOLO HÁPLICO Eutrófico arênico. 29,36 0,85
GLEISSOLO MELÂNICO Eutrófico típico.
L SXd PLANOSSOLO HÁPLICO Distrófico arênico. 35,34 1,03
NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico esquelético.
b) Coxilhas
C1 PVba ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abruptico. 297,29 8,63
ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abruptico.
C2 PVe ARGISSOLO VERMELHO Eutrófico abruptico. 73,46 2,13
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico léptico.
c) Terras altas
Sg0 PVAba1 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abruptico. 775,58 22,52
ARGISSOLO VERMELHO Distrófico abruptico.
Sg1 PVAba2 ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Tb Alumínico abruptico. 255,87 7,43
CHERNOSSOLO ARGILÚVICO Órtico vértico.
Sa RLd0 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico húmico. 202,76 5,89
ARGISSOLO VERMELHO Tb Alumínico abruptico.
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 CHa CAMBISSOLO HÚMICO Alumínico saprolítico (léptico). 245,22 7,12
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico típico.
Srf RLh NEOSSOLO LITÓLICO Húmico léptico. 202,24 5,87
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico húmico.
Srg RLd1 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico léptico. 176,33 5,12
NEOSSOLO REGOLITICO Distrófico léptico.
e) Serras rochosas
Srs RRg NEOSSOLO REGOLITICO Psamítico léptico. 326,85 9,49
CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico léptico.
Sra PVd ARGISSOLO VERMELHO Distrófico típico. 67,66 1,96
NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico léptico.
Sr1 PBACba ARGISSOLO BRUNO-ACINZENTADO Tb Alumínico abruptico. 209,07 6,07
ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Distrófico léptico.
Sr2 RLd2 NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico típico . 503,03 14,61
NEOSSOLO REGOLITICO Húmico léptico.

Uso da terra que eram comuns em todo o País, por quase meio
século, envolveram, nas áreas agrícolas, uma grande
fonte de recursos, no que se refere à pesquisa e na
A forma como a terra tem sido usada, ao longo do
adição de insumos necessários à correção dos solos.
tempo, tem marcado historicamente as gerações
passadas. No RS, a pecuária não deixou marcas nos As pesquisas, até 1990, tinham como prioridade a
solos, pois os cultivos que a acompanhavam eram contenção dos processos erosivos e a correção dos
insignificantes e localizados apenas para a subsistência, solos com respeito a reposição de nutrientes (fósforo) e
onde a carne era quase somente o alimento básico. No controle da acidez (calcário). Nesse período, muito se
município de Encruzilhada do Sul, não houve períodos estudou sobre os atributos desses solos locais. Muitos
críticos e marcantes na estrutura econômica e social. A parâmetros físicos e químicos foram determinados,
fragmentação das grandes fazendas por uma sucessão principalmente os que avaliaram as variações entre o
natural aconteceu concomitantemente com a tentativa solo sem tratamento e o submetido ao uso agrícola
ocasional de mineração. O estabelecimento de um contínuo.
modelo de pecuária extensiva substituído por uma
pecuária familiar parece ter atingido os limites de A partir da década de 90, as pesquisas continuaram em
saturação, com o início de um processo produtivo relação às degradações físicas condicionadas pelo uso.
acentuado de silvicultura e a plantação de pomares. A Foram além, expandiram-se na procura de manejos
moderna colonização, ou seja, a reforma agrária atual, adequados para a nova dinâmica de plantio direto, que
mais assistida pelo governo, que se parece a antiga controlava cerca de 90% da erosão, mas não se
colonização da terra em pequenas propriedades, onde a apresentava como um manejo definitivo. Entretanto,
agricultura se torna a fonte básica de subsistência, traz deve-se acentuar que o controle quase efetivo do
os problemas conseqüentes do uso intensivo: a erosão processo erosivo, por técnicas de plantio direto, trouxe
e a perda gradativa da fertilidade. Estes dois fatores, uma tranqüilidade aos agricultores e aos que buscavam
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 79

soluções, ou seja, a pesquisa aliada a um sistema de inicialmente pela qualidade das terras, usando-se como
apoio de órgãos de extensão muito atuantes. As referência os aspectos limitantes propostos pelo sistema
técnicas, agora em vigor, estão, de certa forma, de capacidade de uso das terras para as formas de
estabilizando as atividades no campo, mesmo com uma relevo e solos descritos. As limitações em suas
degradação física pouco aparente das terras. O aspecto variabilidades propostas seriam referentes a
que situou as lavouras até as áreas de alto risco, suscetibilidade a erosão, deficiência de drenagem,
contribuiu para um aumento de produção, que está no fatores adversos do solo e do clima.
limite possível, pela expansão das áreas agrícolas. O
controle dos efeitos erosivos ainda vigentes, que é uma As limitações encontradas nas formas de relevo
busca contínua da pesquisa, atualmente está muito propostas levam a se concluir pelas classes de uso das
relacionado às coberturas vegetais nos intervalos entre terras conforme as Tabelas 75 e 76.
as culturas produtoras de grãos. O manejo, com
culturas de cobertura, objetiva, além de servir de Os fatores econômicos que controlam as correções,
adições de resíduos orgânicos, que subsidiam as muitas possíveis atualmente (herbicidas, calcários e
culturas posteriores, recuperar parte das estruturas e fosfatos) além da relações solo-água, seriam um
porosidade do solo e obter a redução do adensamento caminho para uma classificação mais moderna.
das camadas inferiores do solo, através de sistemas
radiculares profundos (Fontaneli et al., 1997). No caso regional, ao se separar as classes, propõe-se
que as terras mais favoráveis a uma agricultura
Entretanto, a estabilidade do modelo produtivo atual, desenvolvida de produção de grãos estejam situadas nas
baseado em insumos da indústria química, é posta em formas de relevo das terras baixas aplainadas (Pa e L),
dúvida, com a hipótese de que não haverá coxilhas (C1) e terras altas (Sg0 e Sg1). As coxilhas e
sustentabilidade com base majoritária em produtos da terras altas estariam mais sujeitas a serem erodidas,
agroindústria química. As primeiras interrogações pelo uso indevido, do que as partes aplainadas, se não
lógicas pressupõem alterações e mudanças no cultivadas pelo sistema que utiliza o plantio direto. A
ecossistema, onde a água vai ser a primeira atingida. O suscetibilidade à erosão nas terras altas aplainadas,
solo, por sua pouca espessura e média capacidade de embora menor, também é um fator de risco.
adsorsão, certamente não irá apresentar sintomas de
mudanças para a geração atual, salvo a degradação Com os resultados alcançados, antes da disponibilidade
física (compactação) que, desde o início da de uma nova taxonomia, que trate do uso da terra, está
mecanização agrícola, já pôde ser constatada. se propondo esta sistemática existente, que ainda serve
para caraterizar a potencialidade agrícola da região.
A agricultura do futuro não se prenderá somente à
adição de produtos, como atualmente está ocorrendo.
Entretanto, com o objetivo de caraterizar as terras, em
A água deverá ter uso incrementado, sempre que
um país onde há agricultores de todas as classes sociais
disponível, e sua relação com o solo deverá ser melhor
e as tecnologias empregadas na agricultura se estendem
estudada, já que a deficiência atual nas culturas de
desde primárias até muito desenvolvidas, Ramalho Filho
verão é marcante, com perdas anuais variáveis. Além
& Beek (1978) propuseram o Sistema de Aptidão
do que, a água será veículo de adição de nutrientes e,
Agrícola.
conseqüentemente, fonte de contaminação do solo.
Similar ao sistema anterior, os grupos propostos visam
Associações de plantas e manejo de culturas, em
qualificar as terras em função das deficiências ao uso
relação às posições do relevo, certamente deverão ser
agrícola (Tabela 75). O peso da suscetibilidade à erosão,
analisadas para novas espécies, quando as
atenuado de certa forma, torna o sistema menos
modificações da economia tornarem viáveis as culturas
diferenciado entre os grupos. Cabe acentuar que esse
atuais.
sistema foi proposto, na metade do século passado,
para um Brasil predominantemente subdesenvolvido e
Para um planejamento de fatores, que irão controlar os
com regiões muito diversificadas em termos de práticas
meios para um desenvolvimento agrícola organizado,
agrícolas. Neste caso, o sistema proposto prevê três
tem sido propostas ordenações na qualidade das terras
usuários, com distintos níveis de manejo (primitivo,
em geral. Em locais de um Brasil já desenvolvido, no
pouco desenvolvido e desenvolvido). Quando proposto
sistema agrícola, a classificação de capacidade de uso
para uma região muito desenvolvida, no campo agrícola,
da terra deixou de ser somente um caminho para o uso
os mapas de uso das terras praticamente se confundem
posterior, e atua mais como uma indicação da
com o Sistema de Capacidade de Uso. Com isso, pelo
potencialidade de onde e como as terras estão sendo
sistema proposto, as terras podem ser classificadas
usadas.
conforme as Tabelas 75 e 77.
Assim, constata-se que em Encruzilhada do Sul, o
campo agrícola potencialmente pode ser definido
80 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

Tabela 75. Unidades de formas relevo e limitações do solo referentes à suscetibilidade à erosão, falta e excesso de água e
emprego de mecanização e classes de aptidão agrícola e capacidade de uso das terras.
Unidades Limitações das Terras Classes
Formas de Fertilidade* -H20 **(déficit) +H20 (drenagem) Erosão Mecanização Apt. agrícola Cap. de uso
relevo
a) Terras baixas e aplainadas
Pb N N F N L 2a(b) Vd (IIsd)
Pa L L M N N 1aBC IIsd
L L L L L N 1abC IIsd
b) Coxilhas
C1 L L/M N M N 1abC IIIse-1
C2 L L/M N F M 2a(b) VIse-2
c) Terras altas aplainadas
Sg0 L L/M N L L 1ABC IIIse-2
Sg1 L L/M N M L/M 1Abc IIIse-3
Sa M L/M N M L/M 2ab(c) VIse-1
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 M M/F N F MF 5s(n) VIIse-1
Srf M MF N L/M MF 5s(n) VIIIse-1
Srg L M N M F 4p VIIse-4
e) Serras rochosas
Srs M M N M MF 5s(n) VIIse-2
Sra L L N M F 4p VIIse-3
Sr1 L/M L N M/F M 4p VIse-3
Sr2 L/M M N MF MF 5(s) VIIIse-2
*Limitações relativas à aptidão agrícola: N-nula; L-ligeira; M-moderada; F-forte; MF-muito forte
**O grau de limitações segue os conceitos gerais de Ramalho Filho & Beek, 1995. Entretanto, foram estabelecidos para definir
toda a variabilidade de déficit hídrico das distintas regiões do País. No caso, são muito amplos e não caraterizam com maior rigor
as estiagens de verão locais, que limitam a produtividade.

No sistema de capacidade de uso, as terras foram distribuídas nas unidades de formas de relevo como se segue
na (Tabela 76).

Tabela 76. Formas de relevo e classes e limitações de capacidade de uso das terras
Unidades classes Limitações
a) Terras baixas e aplainadas
Pb Vd (IIsd) Terras alagáveis ocasionalmente. Caso sejam evitadas as inundações por barragens seriam próprias a
cultivos.
Pa IIsd Terras próprias a cultivos anuais com limitações de solos e drenagem interna.
L IIsd II

b) Coxilhas
C1 IIIse-1 Terras próprias a cultivos anuais com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa fertilidade.
C2 Vlse-2 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
c) Terras altas aplainadas
Sg0 lllse-2 Terras próprias a cultivos anuais com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa fertilidade.
Sg1 IIIse-3 II

Sa VIse-1 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
d) Serras aplainadas rochosas
Sr0 VIIse-1 Terras próprias a silvicultura com limitações pela alta suscetibilidade a erosão e solos rasos cascalhentos.
Srf VIIIse-1 Terras impróprias ao uso agrícola por limitações de solos e alta suscetibilidade a erosão.
Srg VIIse-4 Terras próprias a silvicultura com limitações pela alta suscetibilidade a erosão e solos rasos cascalhentos.
e) Serras rochosas
Srs VIIse-2 II

Sra VIIse-3 II

Sr1 VIse-3 Terras próprias a cultivos de pastagens com limitações de suscetibilidade a erosão e solos de baixa
fertilidade.
Sr2 VIIIse-2 Terras impróprias ao uso agrícola por limitações de solos e suscetibilidade a erosão.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 81

Tabela 77. Formas de relevo e subgrupos de aptidão agrícola das terras


Unidades grupos Limitações
a) Terras baixas e aplainadas
Pb 2a(b) Terras “regular” para cultivos de pequenos agricultores e “restrita” a médios agricultores. É “inapta” a
cultivos desenvolvidos.
Pa 1aBC Terras “regular” para cultivos de pequenos agricultores e “boa” para outros agricultores com
tecnologias.
L 1abC Terras “regular” para cultivos de pequenos e médios agricultores e “boa” para uma agricultura
desenvolvida.
b) Coxilhas
C1 1abC Terras “regular” para cultivos de pequenos e médios agricultores e “boa” para uma agricultura
desenvolvida.
C2 2a(b) Terras “regular” para pequenos agricultores e “restrita” a médios agricultores. “Inapta” a cultivos
desenvolvidos.
c) Terras altas aplainadas
Sg0 1ABC Terras “boa” para todos os cultivos agrícolas.
Sg1 1Abc Terras “boa” a uma agricultura desenvolvida e “regular” a médios e pequenos agricultores.
Sa 2ab(c) Terras “regular” para pequenos e médios agricultores e “restrita” a uma agricultura desenvolvida.

d) Serras aplainadas rochosas


Sr0 5s(n) Terras “regular” para silvicultura e “restrita” para pastagens nativas. “Inapta” a outras atividades.
Srf 5s(n) Terras “regular” para silvicultura” e “restrita” para pastagens nativas. “Inapta” a outras atividades.
Srg 4p Terras “regular” para pastagens cultivadas. Podem ser usadas com silvicultura.
e) Serras rochosas
Srs 5s(n) Terras “regular” para silvicultura e “restrita” para pastagens nativas. Podem ser usadas com silvicultura.
Sra 4p Terras “regular” para pastagens cultivadas. Podem ser usadas com silvicultura.
Sr1 4p Terras “regular” para pastagens cultivadas. Podem ser usadas com silvicultura.
Sr2 5(s) Terras “restrita” para silvicultura. “Inapta” a outras atividades.

Cabe salientar que os modelos propostos de nove séries de solos e quatro associações desses solos
classificação não produzem "unidades de classes" com rochas. Concluiu que somente 60% da área era
essencialmente equivalentes. O que pode levar a que se aproveitável para cultivos anuais. Na região do Planalto,
tenham erros ao se estabelecer equivalência entre no máximo, haveria duas séries de solos nestas
unidades de capacidade de uso em locais diferentes. As dimensões e a totalidade da área seria de uso agrícola.
terras do Planalto Sul-Rio-Grandense de classe- lllse dos
municípios de Chiapeta e Santo Augusto não são Conclusões
equivalentes às terras da classe- lllse de Encruzilhada
do Sul. As terras do Planalto Sul-Rio-Grandense O estudo de solos do município de Encruzilhada do Sul,
desenvolvidas de basalto alcalino possuem solos em nível de reconhecimento, situado na parte noroeste
férteis, profundos, muito permeáveis e são contínuos do Planalto Sul-Rio-Grandense, carateriza um planalto
em seus atributos. Estão situadas nesta classe- lllse central rebaixado em fase de desgaste acentuado pelos
pelas condições de suscetibilidade a erosão. processos erosivos naturais compondo bordas
Praticamente toda a superfície pode ser aproveitada fortemente dissecadas na periferia que acentuam
nas glebas. Não há quebra de lisura do relevo em caraterísticas de serras. Limitado nas bordas do
função das alternâncias na sua constituição, até município, está constituído superficialmente, na parte
mesmo o grau de umidade disponível nas posições das central menos erodida, por um relevo suave ondulado,
encostas são comparáveis. Não há surgimento de áreas devido à individualização gradativa de elevações que
úmidas ocasionais e alternâncias de solos nas posições
marcaram os divisores de água no centro desse
do relevo. Não há rochas nem pedras aflorando no
planalto. As sub-bacias lisas, com amplas encostas são
relevo.
segmentadas parcialmente por depressões, em forma de
espinha de peixe, com formas de vales que constituem
Nas terras do Escudo Cristalino Sul-Rio-Grandense um sistema de drenagem antigo e raso. Ocasionalmente
desenvolvidas de rochas graníticas, metamórficas e ocorrem cerros, suturas de blocos geológicos e linhas
sedimentos, a variabilidade de solos se multiplica à de falhamento que tornam o relevo áspero. Onde os
medida que rochas se metamorfizam no tempo. Nesse processos erosivos são mais atuantes, nas bordas do
universo diversificado de solos, Cecílio, 1973, em uma planalto, o relevo tem uma conotação de serras
área aplainada (divisor de águas de sub-bacias) de escarpadas. As formas sedimentares antigas mais
terras da classe- lllse da unidade Sg0 conseguiu, em dissecadas situadas em nível inferior que margeiam as
área experimental de menos do que 400 ha, separar bordas planalto formam um relevo ondulado,
82 Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS

aparentando as coxilhas do Sul. Suas chapadas As áreas indicadas para atividades com silvicultura,
estreitas adquirem formas arqueadas, alongadas e pelas restrições de uso com cultivos (classes VIIse-1,
roliças. Os vales entre estas formas de relevo são VIIse-2 e VIIse-3), se distribuem em 23,64% do total.
estreitos e profundos.
As superfícies muito rochosas e escarpadas não têm
A vegetação, outrora de galeria nos arroios, era parte uma recomendação de uso. Entretanto, os produtores
de uma região de Savana Parque, IBGE (1986), que têm usado essas terras em pastoreio e pequenas roças
hoje está completamente modificada com alguma mata (classes VIIIse-1 e VIIIse-2). Somam 20,48%. As terras
de galeria restante e as terras estão cobertas por planas de várzeas, próprias a culturas irrigadas,
campos com invasoras arbustivas onde outrora havia (classes Vd e IIsd) umas com limitações de drenagem,
cultivos anuais de verão e inverno, ocupados por outras com alagamentos, totalizam apenas 3,14%.
culturas com predominância de milho, soja e trigo.

Os solos, desenvolvidos de rochas graníticas de ampla Agradecimento


variabilidade de natureza ácida (silicosas), se
estabelecem em sucessivos blocos únicos, através de Os autores agradecem a colaboração de todo o corpo
fissuras, falhas e suturas que expõem a superfície em técnico da Emater de Encruzilhada do Sul,
alinhamentos rochosos silicosos. Localmente, o principalmente ao zootecnista Edson Reis Nascimento,
conjunto destes estratos rochosos metamorfizados, às ao técnico em agropecuária Genésio Olavo Schäper, o
vezes cobertos por metassedimentos, compõem eng. agrôn. Samuel Rodrigues Rutz, ao médico
superfícies ásperas (cerros e morros isolados) em um veterinário Idalton Luz Cardoso e as secretárias Iara
relevo que se aplaina lentamente. Anãnã Schevcuk e Enriqueta Couto Preto pelo apoio a
todas as ações que possibilitaram esta publicação.
Os solos regionalmente foram antes denominados de
Litólicos distróficos, Brunizem raso, Podzólico
Vermelho-Amarelo e Laterítico bruno-avermelhado entre
afloramentos rochosos por Costa Lemos, em Brasil
(1973) e IBGE (1986). Esta última obra ainda
Referências bibliográficas
constatava a existência de Regossolos e Cambissolos.
ALMEIDA, F.F.M de. Síntese sobre a tectônia da Bacia
do Paraná. In: SIMPÓSIO
Atualmente, constatou-se uma diversificação acentuada
REGIONAL DE GEOLOGIA, 3., 1981, Curitiba. Brasilia:
de solos rasos, muito rasos e afloramentos rochosos
CNPq, 1981 p. 1-20. Conferência de Abertura.
nas áreas serranas. Nas áreas aplainadas do planalto,
Argissolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos Distróficos
BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento de
ou Alumínicos. Nas coxilhas, Argissolos Vermelhos
reconhecimento dos solos do Estado do Rio Grande do
Eutróficos, Distróficos e Alumínicos, com
Sul. Recife, 1973. 431 p. (Boletim Técnico, 30).
predominância geral dos solos alumínicos (álicos). Nas
superfícies mais aplainadas na formação Arroio dos
CAMARGO, M. N.;KLAMT, E.;KAUFFMAN, J. H.
Ratos há áreas pequenas com Chernossolo Argilúvico
Classificação de Solos Usada em Levantamentos
Órtico vértico. No geral, os solos são totalmente
Pedológicos no Brasil. Boletim informativo da Sociedade
cauliníticos como se tivessem passado por um clima
Brasileira Ciência do Solo, Campinas, v. 12, n. 1, p.
mais úmido no norte do Escudo Cristalino.
11-33, jan./abr. 1987.
Quanto ao uso agrícola das terras, o sistema de CARDOSO, D.R. Perfil social e econômico - município
classificação (capacidade de uso das terras), que se de Encruzilhada do Sul/RS. Encruzilhada do Sul:
propunha a uma ordenação do uso e controle da Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Indústria,
degradação das terras, tem a finalidade atual de Comércio, Mineração e Turismo. 2003. 14 p.
caraterizar a potencialidade agrícola local das terras.
CECÍLIO, V. Levantamento detalhado, Classificações e
No caso, as terras aplainadas do planalto (Sg0 e Sg1) e possibilidades de utilização dos solos da Estação
coxilhas (C1) oferecem o melhor potencial agrícola local Experimental de Encruzilhada do Sul. 1973. 149 f.
para uma agricultura desenvolvida (classes IIIse-2, IIIse- Dissertação (Mestrado em Solos) Universidade Federal
3 e IIIse1). Totalizam 38,58% de todo o município. As do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1973.
áreas diversificadas entre terras que suportam culturas
localizadas (agricultura familiar) e pastagens cultivadas EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e
(classes VIse-1, VIse-2 e VIse-3) somam 14,09%. Conservação de Solos. Manual de métodos e análises
de solos. Rio de Janeiro, 1979. Paginação irregular.
Estudo dos solos do município de Encruzilhada do Sul - RS 83

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Técnica, 45 Embrapa Clima Temperado publicações Secretário-Executivo: Joseane Mary Lopes Garcia
Endereço: BR 392, Km 78, Caixa Postal 403 Membros: Cláudio Alberto Souza da Silva, Lígia
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E-mail: www.cpact.embrapa.br Regina das Graças Vasconcelos dos Santos
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Expediente Supervisor editorial: Sadi Macedo Sapper
1 impressão (2005): 30
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Fotos: Roger garcia Mendes
Revisão de texto: Sadi Macedo Sapper
Editoração eletrônica: Oscar Castro

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