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RelatorioPesquisadeMercadoFinal2.2.1a

O relatório apresenta uma pesquisa de mercado sobre refrigeradores comerciais no Brasil, parte do projeto para acelerar a eficiência energética e reduzir emissões. O projeto, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e implementado pela U4E, visa estabelecer padrões mínimos de eficiência energética e políticas relacionadas. O documento inclui análises sobre o consumo de energia, dinâmicas de mercado e características dos diferentes tipos de refrigeradores.
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O relatório apresenta uma pesquisa de mercado sobre refrigeradores comerciais no Brasil, parte do projeto para acelerar a eficiência energética e reduzir emissões. O projeto, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e implementado pela U4E, visa estabelecer padrões mínimos de eficiência energética e políticas relacionadas. O documento inclui análises sobre o consumo de energia, dinâmicas de mercado e características dos diferentes tipos de refrigeradores.
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Pesquisa de Mercado para

Refrigeradores Comerciais

Projeto:
“Marco Nacional para Aceleração da
Eficiência Energética e Redução de Emissões
nos Refrigeradores Comerciais no Brasil”

Atividade 2.2.1a

Abril 2023
United for Efficiency - U4E

Miquel Pitarch Mocholí


Marcio Nascimento de Oliveira
Roberto Borjabad Garcia
Rocio Soledad Garcia

Ministério de Minas Energia - MME

Alexandra Albuquerque Maciel


Samira Sana Fernandes de Sousa

Elaboração

Miquel Pitarch Mocholi (U4E)


miquel.pitarch@un.org

Revisão Técnica

Alexandra Albuquerque Maciel (MME)


Conrado Augustus Melo (UFABC)
Marcio Nascimento de Oliveira (U4E)
Samira Sana Fernandes de Sousa (MME)

Participantes do Grupo de Trabalho (Policy Working Group - PWG)

Alessandra da Costa Barbosa Pires de Souza - Cepel


Ana Cristina Braga Maia - EPE
Andre Rosa - Nidec Global Appliance
Arthur Ngai-Dian Ting - ABRAVA
Bruno Pussoli - Metalfrio
Carlos Alexandre Principe Pires - MME
Carlos Eduardo Carreira Firmeza Brito - ANEEL
Cássio Borrás Santos - ANEEL
Célio Luis Paulo - SDIC
Danielle Assafin Vieira Souza Silva - INMETRO
Davi Miyazaki - Fricon
Fabiano Meinicke - Ártico
Fabio Giroldo de Araujo - Esmaltec
Fabio Machado Cucinoto - Esmaltec
Flávio Giongo - Gelopar
Flavio Rios - Tecumseh
Frank Edney Gontijo Amorim - MMA
Geraldo Nawa - ABINEE
Gilson Fernando Kosuiresko - Gelopar

2
Gustavo Galdi Heidinger - Eletrofrio
Gustavo Haverroth - Eletrofrio
Gustavo Weber - Tecumseh
Hercules Antonio da Silva Souza - INMETRO
Homero Cremm Busnello - Tecumseh
Israel Dulcimar Teixeira - Labelo/PUCRS
João Paulo Rossetto - Nidec Global Appliance
Larissa Cataldo - Metalfrio
Leandro Jose Weschenfelder - Labelo/PUCRS
Leandro Oliveira - UL do Brasil
Leonardo Takaoka Corradini - Metalfrio
Luiz Carlos de Almeida Junior - SDIC
Luiz Renato de Oliveira Chueire - Eletrofrio
Magna Leite Luduvice - MMA
Maicon Oliveira - SGS
Marcello Soares Rocha - Eletrobrás
Marcos Heck - Metalfrio
Mariana Bacarin - Nidec Global Appliance
Michael Matos - Fricon
Oswaldo Bueno - ABRAVA
Pablo de Abreu Lisboa - Cepel
Robson Freitas - ABINEE
Rodolfo da Silva Espíndola - UFSC
Sandro Batista - Arneg
Samuel Mariano do Nascimento - Eletrofrio
Thiago Toneli Chagas - EPE
Tiago Nascimento - Fricon
Thomas Schiller - Arneg
Victor Zidan da Fonseca - Eletrobrás
Viviane Lima - Nidec Global Appliance
Vinicius Pereira Brandão - Refrimate
Wagner Duboc - Cepel

United for Efficiency U4E

Energy, Climate and Technology Branch


Economy Division
UN Environment
1 rue Miollis, Building VII
75015 Paris, França
Telefone: +33 1 44 37 42 61
http://united4efficiency.org/

3
Sumário
SUMÁRIO .............................................................................................................................................. 4

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................................. 5

LISTA DE TABELAS.................................................................................................................................. 6

1 INTRODUÇÃO E RESUMO .............................................................................................................. 7

2 RESUMO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE MERCADO DO PROCEL ........................................... 9

2.1 DINÂMICA DO MERCADO .................................................................................................................. 9


2.1.1 Fabricantes.......................................................................................................................... 10
2.1.2 Fornecedores de fabricantes ............................................................................................... 11
2.1.3 Distribuidores ...................................................................................................................... 12
2.2 PRINCIPAIS ATORES ....................................................................................................................... 12
2.3 PRINCIPAIS TIPOS DE REFRIGERADORES COMERCIAIS ............................................................................. 13
2.4 CONSUMO DE ENERGIA E ECONOMIA ................................................................................................ 14
2.5 CONCLUSÕES OBTIDAS A PARTIR DE ENTREVISTAS REALIZADAS COM A CADEIA DE SUPRIMENTO E COM USUÁRIOS
FINAIS 15
2.6 CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 16

3 OUTROS ESTUDOS E INFORMAÇÕES ........................................................................................... 17

4 RESULTADOS DA PESQUISA DE MERCADO COM OS FABRICANTES .............................................. 19

4.1 REFRIGERADORES DE BEBIDAS ......................................................................................................... 19


4.1.1 Características dos refrigeradores de bebidas .................................................................... 20
4.1.2 Consumo de energia dos refrigeradores de bebidas ........................................................... 21
4.2 EXPOSITOR FRIGORÍFICO INTEGRAL ................................................................................................... 23
4.2.1 Características dos expositores frigoríficos integrais .......................................................... 23
4.2.2 Consumo de energia dos expositores frigoríficos integrais ................................................. 25
4.3 EXPOSITOR FRIGORÍFICO REMOTO .................................................................................................... 27
4.3.1 Características dos expositores frigoríficos remotos .......................................................... 27
4.3.2 Consumo de energia dos expositores frigoríficos remotos ................................................. 30
4.4 CONSERVADOR PARA SORVETES ....................................................................................................... 34
4.4.1 Características e consumo de energia dos conservadores para sorvete ............................. 34
4.5 REFRIGERADOR DE ARMAZENAMENTO .............................................................................................. 35

5 BASE INSTALADA E ESTIMATIVA DO CONSUMO .......................................................................... 37

5.1 DISTRIBUIÇÃO POR TIPO DE REFRIGERADOR ........................................................................................ 37


5.2 PROJEÇÃO DA BASE INSTALADA ........................................................................................................ 38
5.2.1 Evolução de vendas ............................................................................................................. 38
5.2.2 Ciclo de vida e função de sobrevivência .............................................................................. 39
5.2.3 Projeção da base instalada ................................................................................................. 41
5.3 CONSUMO DA BASE INSTALADA ....................................................................................................... 41
5.3.1 Tamanho e consumo médio ................................................................................................ 42
5.3.2 Evolução da eficiência energética para o cenário base ...................................................... 43
5.3.3 Consumo da base instalada ................................................................................................ 44

6 DISTRIBUIÇÃO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA UNIÃO EUROPEIA ............................................... 46

6.1 REFRIGERADOR DE BEBIDAS ............................................................................................................ 46


6.2 EXPOSITOR FRIGORÍFICO INTEGRAL E REMOTO ................................................................................... 47

4
6.2.1 Vertical para resfriados ....................................................................................................... 47
6.2.2 Vertical para congelados .................................................................................................... 49
6.2.3 Horizontal para resfriados .................................................................................................. 50
6.2.4 Horizontal para congelados ................................................................................................ 54
6.2.5 Combinado para resfriados e congelados ........................................................................... 56
6.3 CONSERVADOR PARA SORVETES ....................................................................................................... 56

7 ENQUETES DO GRUPO DE TRABALHO ......................................................................................... 58

7.1 ENQUETES SOBRE REFRIGERADORES DE BEBIDAS................................................................................. 59


7.2 ENQUETES SOBRE EXPOSITORES FRIGORÍFICOS.................................................................................... 60
7.3 ENQUETES SOBRE CONSERVADORES PARA SORVETES ........................................................................... 62
7.4 ENQUETES SOBRE REFRIGERADORES DE ARMAZENAMENTO ................................................................... 63
7.5 OUTRAS ENQUETES ....................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 65

Lista de Figuras
Figura 1 Distribuição de refrigeradores de bebidas por tipo ..................................................................... 20
Figura 2 Número de modelos de refrigeradores de bebidas por faixa de volume ...................................... 20
Figura 3 Consumo de energia dos modelos de refrigeradores de bebidas e os MEPS da União Europeia
(2021 e 2023) e México ajustado a 32,2°C e 65% UR ........................................................................ 22
Figura 4 Índice de eficiência energética (Ie), para os modelos de refrigeradores de bebidas .................... 23
Figura 5 Distribuição de modelos de expositores frigoríficos integrais por faixa de volume...................... 25
Figura 6 Consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos integrais verticais para resfriados e
os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e México ajustado a 25°C e 60% UR ............................... 26
Figura 7 Número de modelos por comprimento para os expositores frigoríficos remotos ........................ 29
Figura 8 Distribuição de modelos de expositor frigorífico remoto por faixa de área total de exposição .... 29
Figura 9 Distribuição de modelos de expositores frigoríficos remotos por faixa de volume ...................... 29
Figura 10 Consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos verticais para resfriados e
os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e Transparente) ajustado a 25°C
e 60% UR ......................................................................................................................................... 30
Figura 11 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos horizontais para
resfriados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e Transparente)
ajustado a 25°C e 60% UR ................................................................................................................ 32
Figura 12 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos verticais para
congelados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e Transparente)
ajustado a 25°C e 60% UR ................................................................................................................ 33
Figura 13 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos horizontais para
congelados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e Transparente)
ajustado a 25°C e 60% UR ................................................................................................................ 33
Figura 14 Consumo anual de energia dos modelos de conservadores para sorvetes e os MEPS da União
Europeia (2021 e 2023) ajustados a 30°C e 55% UR .......................................................................... 35
Figura 15 Consumo anual de energia dos modelos de congelador horizontal comercial com porta cega e o
consumo padrão no novo regulamento brasileiro para refrigeradores residenciais em 2025 e 2030 36
Figura 16 Probabilidade de sobrevivência segundo a função Weibull no ano 2020 para os refrigeradores
de bebidas vendidos entre 2005 e 2019 ........................................................................................... 40
Figura 17 Projeção da base instalada por tipo de refrigerador comercial .................................................. 41
Figura 18 Projeção do consumo de energia anual da base instalada por tipo de refrigerador comercial ... 45

5
Figura 19 Distribuição dos modelos de refrigeradores de bebidas da base de dados EPREL em função da
classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022. ............................. 47
Figura 20 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos verticais para resfriados: a) Integral b)
Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União
Europeia para o ano 2022 ................................................................................................................ 48
Figura 21 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos verticais para resfriados: a) Integral b)
Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União
Europeia para o ano 2022 ................................................................................................................ 50
Figura 22 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos horizontais para resfriados: a) Integral b)
Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União
Europeia para o ano 2022 ................................................................................................................ 52
Figura 23 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos balcões de serviço (atendimento) para
resfriados: a) Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência
energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022 ............................................................. 53
Figura 24 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos horizontais para resfriados: a) Integral b)
Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União
Europeia para o ano 2022 ................................................................................................................ 55
Figura 25 Distribuição dos modelos dos conservadores de sorvete da base de dados EPREL em função da
classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022 .............................. 57
Figura 26 Enquetes sobre refrigeradores de bebidas: norma de ensaio a ser utilizada e condições
ambientais para ensaio de consumo de energia .............................................................................. 59
Figura 27 Enquetes para expositores frigoríficos, abertura de portas e condições ambientais para ensaio
de consumo de energia .................................................................................................................... 60
Figura 28 Enquetes para expositores frigoríficos: coeficiente compensatório de classe de temperatura,
coeficiente compensatório de classe climática, e uso da área de exposição no cálculo do consumo
padrão ............................................................................................................................................. 61
Figura 29 Enquetes para refrigeradores de bebidas, norma de ensaio a ser utilizada, e condições
ambientais para ensaio de consumo de energia .............................................................................. 63
Figura 30 Tipo de refrigerador fabricado e tipo de laboratório ................................................................. 64

Lista de Tabelas
Tabela 1 Fabricantes de refrigeradores comerciais no Brasil, .................................................................... 10
Tabela 2 Participação no mercado por tipo de refrigerador comercial ...................................................... 13
Tabela 3 Consumo total de energia em diferentes tipos de estabelecimento ........................................... 18
Tabela 4 Consumo total de energia em diferentes tipos de estabelecimento ........................................... 18
Tabela 5 Distribuição dos modelos de expositor frigorífico integral segundo a temperatura alvo, o tipo de
fechamento, e a orientação ............................................................................................................. 24
Tabela 6 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos remotos (modelos base) segundo a
temperatura alvo, o tipo de fechamento, e a orientação ................................................................. 28
Tabela 7 Distribuição dos tipos e subtipos de refrigeradores comerciais na base instalada ...................... 38
Tabela 8 Estimativa de distribuição da base instalada por faixa de idade do refrigerador: calculada com o
modelo da base instalada e comparada com os dados do estudo PROCEL ....................................... 40
Tabela 9 Tamanho e consumo médio por tipo e subtipo de refrigeradores comerciais ............................. 42
Tabela 10 Participantes do Grupo de Trabalho (PWG) .............................................................................. 58

6
1 Introdução e Resumo

Este relatório faz parte de uma série de produtos do Projeto “Marco Nacional para
Aceleração da Eficiência Energética e Redução de Emissões nos Refrigeradores
Comerciais no Brasil”, financiado pelo Fundo Verde para o Clima (Green Climate Fund
– GCF), contando com a coordenação do Ministério de Minas e Energia – MME e
implementação da U4E (United for Efficiency), iniciativa do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA.

O Projeto visa estabelecer as bases para a implementação de Padrões Mínimos de


Eficiência Energética (MEPS, na sigla em inglês), além de etiquetas comparativas e/ou
selos de endosso e outras políticas de eficiência energética no Setor de Refrigeração
Comercial no Brasil.

É importante destacar que a obtenção de dados específicos de consumo de energia


e outras características para os diferentes tipos de equipamentos de refrigeração
comercial disponíveis no mercado Brasileiro constitui-se em uma tarefa bastante
complexa e de difícil execução, especialmente porque o Brasil ainda não possui um
sistema de registro de produtos ou um regulamento de eficiência energética para este
tipo de equipamento.

Para realizar este estudo foram utilizados dados sobre os produtos disponíveis no
mercado nacional obtidos diretamente da própria indústria, dos usuários ou em outros
estudos realizados sobre o tema, como o estudo de mercado realizado para o PROCEL
em 2021.

Além desta seção introdutória, o relatório foi organizado em mais 06 seções, com o
seguinte conteúdo:

Seção 2 – Resumo do estudo do PROCEL: Principais informações constantes do


estudo encomendado pelo PROCEL, consideradas importantes para a tomada de
decisões sobre a implementação de regulamentos técnicos de MEPS e etiquetas para
refrigeradores comerciais. O estudo do PROCEL [1] foi publicado em dezembro de
2021, e se baseou principalmente em entrevistas realizadas junto à indústria e a
usuários finais de refrigeradores comerciais

Seção 3 – Outros estudos e informações: Apresenta as conclusões de outros


relatórios e estudos relacionados com os refrigeradores comerciais, incluindo a
“Pesquisa de Campo no Setor de Serviços do Brasil” [3].

Seção 4 – Pesquisa de mercado com fabricantes: Apresenta os resultados da


pesquisa de mercado realizada pela equipe do Projeto GCF com os fabricantes que
participam do Grupo de Trabalho de Políticas (Policy Working Group – PWG) para
complementar as informações de outros estudos como o realizado pelo PROCEL. A
pesquisa contém informações de modelos dos diferentes tipos de refrigeradores
7
comerciais disponíveis no Brasil, tais como tamanho, consumo de energia, tipo de
fluido refrigerante, tipo de porta, etc.

Seção 5 – Base instalada e estimativa do consumo: Apresenta o modelo da base


instalada e estimativa do consumo energético desta base instalada, elaborado pela
equipe do projeto GCF. O modelo utiliza as informações das seções anteriores e adota
premissas para dados que atualmente não estão disponíveis.

Seção 6 – Distribuição de eficiência energética na União Europeia: Apresenta as


análises feitas pela equipe do projeto GCF sobre a base de dados da União Europeia
para a etiqueta (European Product Registry for Energy Labelling - EPREL). Mostra a
distribuição dos índices de eficiência energética para os diferentes tipos de
refrigeradores comerciais disponíveis na União Europeia. Esses dados podem ajudar a
entender melhor a distribuição de eficiência dos refrigeradores comerciais com dados
confiáveis de consumo, já que no caso dos dados atualmente disponíveis no Brasil os
fabricantes por vezes adotam condições de ensaio diversas, principalmente por não
existir um regulamento técnico que obrigue aos fabricantes a seguirem regras
especificas estabelecendo as condições para realização de ensaios de consumo e
eficiência energética. Assim, foram utilizadas premissas e cálculos estimativos para se
comparar os dados dos equipamentos produzidos pelos fabricantes nacionais.

Seção 7 – Enquetes do Grupo de Trabalho: Apresenta os resultados das enquetes


realizadas durante as reuniões e workshops do Grupo de Trabalho de Políticas (Policy
Working Group - PWG). Para proporcionar uma ampla discussão sobre o regulamento
de refrigeradores comerciais, os principais interessados na questão regulatória do
setor foram convidados a integrar o PWG, cuja missão foi discutir e acompanhar as
atividades do projeto. Contando com apoio técnico da U4E e a coordenação do MME, o
PWG contou com a participação dos principais fabricantes e empresas do setor, além
de associações, laboratórios de ensaio, órgãos reguladores e instâncias
governamentais.

Além deste relatório, outros relatórios foram elaborados pela equipe técnica do
Projeto, cujos resultados são utilizados como subsídios nas recomendações do
presente estudo. Outros relatórios deste projeto são:

• “Melhores práticas internacionais em MEPS e etiquetas para regulamentação


de refrigeradores comerciais”
• “Recomendações para as métricas, normas de ensaio e níveis de MEPS e
Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”
• “Recomendações para MVC: Avaliação da Conformidade e Vigilância de
mercado dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”
• “Compras Públicas sustentáveis para Refrigeradores”

8
2 Resumo dos Resultados da Pesquisa de Mercado do
PROCEL
O projeto “Mapeamento do Mercado de Refrigeradores Comerciais” do PROCEL [1]
foi finalizado em dezembro de 2021, com os seguintes pontos principais:

• Dinâmica do mercado de refrigeradores comerciais no brasil


• Características do mercado – tipos e categorias
• Características do mercado – ambiente competitivo
• Características do mercado – ambiente regulatório
• Referências internacionais
• Características do mercado – usuários finais

O estudo analisa o mercado de refrigeradores comerciais de uma forma abrangente,


com entrevistas junto à indústria e usuários finais, mas sem mostrar dados de modelos
específicos de refrigeradores. Por este motivo, a equipe do projeto GCF elaborou uma
pesquisa de mercado própria junto aos fabricantes (Seção 4), assim como outros
estudos, para completar a informação necessária ao estudo da implementação de MEPS
e etiquetas para refrigeradores comerciais no país.

A seguir é apresentado um resumo dos principais resultados do estudo do PROCEL,


dentre os que a equipe do projeto GCF considerou mais importantes para auxiliar a
tomada de decisões no processo de implementação de regulamentos técnicos de MEPS
e etiquetas para refrigeradores comerciais. O estudo completo do PROCEL pode ser
consultado no site: PROCELinfo.

2.1 Dinâmica do mercado


A maioria dos refrigeradores comerciais utilizados no Brasil são de fabricantes
instalados no país (95%), desde pequenas empresas regionais até empresas maiores,
que atuam no mercado nacional e/ou exportando equipamentos para fora do Brasil. De
acordo com o estudo do PROCEL, o mercado brasileiro de refrigeradores comerciais
novos movimentou 1.191.000 de unidades em 2020, estimando-se uma base instalada
de 6,8 milhões de unidades (o ciclo de vida média foi estimado em 5,7 anos). Os dados
foram baseados em extensa pesquisa secundária, questionários com 1925 usuários
finais e mais de 30 entrevistas em profundidade com participantes da cadeia de valor
de refrigeração comercial.

Os principais clientes de refrigeradores comerciais são hipermercados,


supermercados, bares, lanchonetes, lojas de conveniência, restaurantes e padarias,
dentre outros. Uma tendência apontada para o segmento pelo estudo do PROCEL foi o
aumento do uso de refrigeradores domésticos por parte de estabelecimentos
comerciais de pequeno porte durante a pandemia do COVID, o que já era uma prática
observada antes deste período. Porém, também foi apontada uma pequena elevação
9
nas vendas de refrigeradores comerciais destinados ao segmento doméstico
(principalmente refrigeradores de bebidas que são instalados em áreas de
churrasqueiras), o que deve ser uma tendência para os próximos anos.

Os equipamentos podem ser vendidos diretamente ao cliente e instalados pelo


fabricante de refrigeradores, ou por meio de uma distribuidora. Também existe o
segmento institucional, onde marcas de bebidas, sorvetes e similares são responsáveis
pela aquisição e disponibilização de equipamentos de refrigeração em regime de
“comodato”. Neste modelo, os donos dos equipamentos não são os responsáveis pela
conta de energia do estabelecimento, mas somente de sua manutenção periódica, feita
muitas vezes pelo serviço de assistência técnica dos próprios fabricantes.

Além da venda de equipamentos novos, alguns fabricantes e empresas também


oferecem serviços de retrofit, que consiste na recuperação e modernização de
equipamentos usados. Este serviço teve um aumento na demanda durante o ano 2020.
De acordo com o estudo do PROCEL, o retrofit movimenta algo em torno de 1 milhão
de equipamentos por ano no mercado brasileiro.

2.1.1 Fabricantes

A Tabela 1 mostra os 7 maiores fabricantes de Refrigeradores Comerciais no Brasil,


os quais detêm 70% do mercado, sendo que os outros 30% são divididos entre mais de
200 empresas de menor porte. Cada um dos fabricantes líderes possui um foco de
atuação no mercado. Por exemplo, para os refrigeradores comerciais integrais (com
compressor incorporado), assim como os refrigeradores de bebidas, conservadores de
sorvetes, refrigeradores multiuso, e outros, as empresas Metalfrio e Imbera são as
principais, e atuam fortemente no setor institucional. Já Mercofricon lidera no
segmento dos refrigeradores horizontais tipo ilha, e a Gelopar lidera no segmento de
foodservice.

Além destas, é importante salientar o domínio da Eletrofrio no segmento de


supermercados e hipermercados, detendo aproximadamente 80% deste segmento
(lojas com mais de 400 m2), onde os refrigeradores do tipo remoto são mais comuns.
Os outros 20% do mercado no setor supermercadista estão divididos entre outros
fabricantes como, Arneg, Plotter Racks e AHT Service, dentre outros.

A Tabela 1 também mostra o volume de vendas em 1000 unidades para os principais


fabricantes no ano de 2020. Cabe salientar que estes dados são em unidades, e não em
valor, ou em capacidade de refrigeração. Por exemplo, é de se esperar que os
refrigeradores vendidos pela Eletrofrio (líder do setor supermercadista), sejam de
maior tamanho, em média, que os de outros fabricantes. Assim, mesmo tendo uma
menor quantidade de unidades instaladas, quando comparado a outros fabricantes, a
capacidade de refrigeração total poderia ser maior (ou seja, isto dependerá dos tipos
de refrigeradores vendidos pelos outros fabricantes).

Tabela 1 Fabricantes de refrigeradores comerciais no Brasil,


10
Volume de vendas 2020 em
Fabricantes Principais
1000 unidades
Metalfrio Solutions 270
Mercofricon 230
Imbera 130
Gelopar 100
Refrimate 70
Esmaltec 30
Eletrofrio 18
Outros Fabricantes
Arneg Sem informação
Plotter Racks Sem informação
AHT Service Sem informação
Venax Eletrodomésticos Sem informação
Conservex Sem informação
Castellmaq Sem informação
Kofisa Sem informação
Ártico Sem informação
Polofrio Sem informação
Polar Sem informação
outros Total vendas outros = 343
Tota de venda Brasil 1.191
(Fonte: estudo do PROCEL [1])

2.1.2 Fornecedores de fabricantes

Os principais fornecedores dos fabricantes de refrigeradores comerciais são


empresas nacionais, apesar de que alguns itens são importados, principalmente da
Ásia, tais como portas de vidro, fitas de LED e alguns componentes elétricos. Existe
também uma forte dependência de importação de matérias primas, como aço, cobre, e
também de fluidos refrigerantes.

Os principais atores identificados na cadeia de suprimentos são:

• Compressores: os maiores fabricantes no Brasil de compressores para


refrigeradores comerciais integrais são: Embraco/Nidec e Tecumseh.
• Fabricantes de vidros: Schott, Cebrace, Unividros, VTC Vidros, Linde Vidros,
entre outros.
• Fabricantes de controladores e sensores: Coel, Full Gauge Controls, entre
outros.
• Gaxetas: Ilpea do Brasil
• Perfilados plásticos: Tecnoperfil Plásticos

11
2.1.3 Distribuidores

Os principais distribuidores de refrigeradores comerciais trabalham com um


portfólio de marcas parceiras, dando capilaridade à distribuição dos principais
fabricantes, com vendas em diferentes regiões do país.

Os principais distribuidores identificados na pesquisa são: Catral, Dufrio, Acimaq,


Frigelar e Frigo.

2.2 Principais atores


Os principais atores interessados num regulamento de eficiência energética para os
refrigeradores comerciais, segundo o estudo PROCEL, são:

• INMETRO: Principal responsável governamental pela implementação dos


regulamentos técnicos (incluídos os de etiquetagem de eficiência
energética), a avaliação da conformidade e vigilância de mercado
• Ministério de Minas e Energia (MME): Principal responsável governamental
pela implementação de MEPS. Coordena o Comitê Gestor de Indicadores de
Eficiência Energética (CGIEE), que inclui outros órgãos além do MME.
• PROCEL: Principal responsável governamental pela implementação do Selo
PROCEL
• Fabricantes, fornecedores de fabricantes e distribuidores (ver Seção 2.1)
• Laboratórios: Os maiores fabricantes possuem laboratórios próprios,
adequados para testar a maioria de seus produtos. Em relação aos
laboratórios de terceira parte, observa-se que CEPEL, Labelo e POLO
atualmente possuem ou planejam1 obter em breve a capacidade para testar
equipamentos de refrigeração comercial
• ABRAVA: Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação
e Aquecimento
• ABRAS: Associação Brasileira de Supermercados (estabelecimentos do
varejo de alimentação, como supermercados e hipermercados, ...)
• ABRASEL: Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
• Instituto Clima e Sociedade (ICS): organização filantrópica que promove
projetos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa
• Programa Brasileiro para Eliminação dos HCFC (PBH): Programa do
Ministério do Meio Ambiente para a eliminação dos HCFC

1 De acordo com as entrevistas realizadas no estudo do PROCEL e de acordo com as discussões


realizadas durante as reuniões do Policy Working Group - PWG, a percepção é que à medida que o
programa de certificação de eficiência energética para refrigeradores comerciais começar a se
consolidar, a tendência é que mais laboratórios se qualifiquem para realizar a testagem deste tipo de
equipamento.

12
2.3 Principais tipos de refrigeradores comerciais
O estudo do PROCEL identifica os expositores frigoríficos com unidade
condensadora integrada como os mais utilizados no mercado brasileiro,
principalmente a unidade do tipo vertical com porta de vidro, sendo sua principal
aplicação como refrigerador de bebidas.

Os refrigeradores comerciais integrais estão presentes em todos os tipos de


estabelecimentos, como hipermercados, supermercados, restaurantes, padarias, bares,
lanchonetes e lojas de conveniência, dentre outros. Além disso, de acordo com o estudo,
nos últimos anos as grandes lojas estão perdendo espaço no cenário nacional para as
pequenas lojas de bairro, o que, entre outras questões, está favorecendo o uso de
equipamentos menores e reduzindo o uso de sistemas centralizados com expositores
frigoríficos remotos.

A Tabela 2 fornece detalhes sobre a participação de mercado para diferentes tipos


de refrigeradores comerciais integrais, com base em entrevistas realizadas durante o
estudo do PROCEL.

Nota 1: Embora os refrigeradores integrais tenham sido os mais comuns durante o


estudo do PROCEL em quantidade de unidades, observa-se que os expositores
frigoríficos remotos apresentam forte presença em supermercados e hipermercados
(área acima de 400 m2). Devido ao porte destes estabelecimentos, mesmo se o número
de lojas for menor quando comparado com lojas menores, a equipe do projeto GCF
acredita que o consumo de energia, e o potencial de economia associado aos
expositores frigoríficos remotos é considerável dentro do setor de refrigeradores
comerciais. Além disso, a norma ISO 23953 já inclui procedimentos de ensaio para esse
tipo de equipamento, e eles já são regulados pelas principais economias do mundo.
Neste sentido, recomenda-se incluir também os expositores remotos na
regulamentação e estudos das próximas seções deste relatório (pesquisa de mercado
com os fabricantes da Seção 4)

Nota 2: É importante notar que parte dos conservadores de sorvete na Tabela 2


poderiam ser identificados como expositores frigoríficos, em termos de categorização
para aplicação de MEPS e etiquetas, caso não atendam à definição de Congeladores
para Sorvetes da ISO 22043:2020.

Tabela 2 Participação no mercado por tipo de refrigerador comercial


Tipo de refrigerador comercial Presença no mercado
Refrigeradores para bebidas 45-55%
Refrigeradores genéricos 17-21%
Refrigeradores para sorvetes 11-13%
Refrigeradores para carnes 8-9%
Refrigeradores para lácteos 7-8%
Outros 3-4%
(Fonte: estudo do PROCEL [1])
13
2.4 Consumo de energia e economia
De acordo com o estudo do PROCEL:

• As grandes marcas de refrigeradores comerciais possuem modelos com


compressores de velocidade variável, mas representam somente 5% do
mercado nacional. O compressor em si representa ao redor de 15% do custo
total do refrigerador, chegando a 30% para o compressor com velocidade
variável, que é mais eficiente.
• Os principais fornecedores de vidro possuem a tecnologia low-e, ou de baixa
emissividade, mas que ainda é muito pouco empregada no setor de
refrigeradores comerciais no Brasil, devido ao seu custo ser 30% maior
comparado ao vidro usualmente utilizado pelos fabricantes
• Tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial vêm sendo
empregadas pelos fornecedores de sensores no intuito de operarem de
forma mais eficiente e proporcionarem maior economia de energia para os
equipamentos. Como essas tecnologias permitem a customização para o uso
específico de determinado equipamento, essa tendência tecnológica deve
permitir a otimização da base instalada.

A maior parte dos fabricantes acredita que uma movimentação para a aquisição de
compressores de velocidade variável não seria feita voluntariamente, dado ao seu alto
custo em comparação com o compressor padrão. Da mesma forma, outras tecnologias
energeticamente mais eficientes e mais caras, como vidros low-e, sensores e
controladores inteligentes, entre outros, dependem de normatização ou programas
governamentais de incentivo para uma adesão mais ampla.

O estudo do PROCEL também incluiu a distribuição da base instalada por consumo


de energia, com base nas entrevistas com os usuários finais, sendo que a maioria dos
equipamentos (45-65%) consomem entre 101 e 200 kWh/mês.

Nota 3: Considerando a base instalada de 6,8 milhões de equipamentos, e as faixas


de consumo estimadas pelo estudo do PROCEL, pode se estimar um consumo da base
instalada de 16 TWh por ano. Este dado está próximo dos valores estimados a partir
de outros estudos (Seção 3) e os valores calculados pela equipe com o modelo de base
instalada (Seção 5)

14
2.5 Conclusões obtidas a partir de entrevistas realizadas com a
cadeia de suprimento e com usuários finais
As principais conclusões advindas das entrevistas realizadas pelo PROCEL junto à
cadeia produtiva e aos usuários finais em relação à eficiência energética são:

➢ Falta conscientização do usuário final sobre os benefícios da eficiência


energética, tendo sido observado que o preço de aquisição do equipamento
ainda é considerado mais importante do que uma eventual economia no
consumo de energia, principalmente nas lojas menores.
➢ Supermercados maiores estão mais atentos aos benefícios na eficiência
energética, mas ainda se trata de um mercado muito orientado pelo preço de
aquisição do produto, e que se preocupa mais com os possíveis aumentos nos
custos destes equipamentos.
➢ Em relação à indústria, os fabricantes e fornecedores de peças estão atentos
à questão da eficiência energética e da sustentabilidade, e lançaram
recentemente produtos com melhorias significativas nestes quesitos, porém
observa-se que essas melhorias ainda não foram aplicadas na maioria dos
modelos disponíveis. Por exemplo, a maioria dos refrigeradores comerciais
integrais no Brasil ainda utiliza compressores de velocidade fixa.

Em relação à adoção de selos de endosso, como o Selo PROCEL, observa-se uma


preocupação da indústria em relação aos custos envolvidos, pois existem taxas de
obtenção e de manutenção do selo, assim acreditamos que programas de endossos
voluntários possam ter baixa adesão em função desses custos. Segundo o estudo do
PROCEL há sugestões por parte da indústria para que sejam adotados programas de
adesão compulsória, ou mesmo de programas voluntários, mas que sejam apoiados por
incentivos governamentais e renúncias fiscais, a fim de compensar os custos adicionais.

Em termos de período de adequação necessário para que os fabricantes do setor de


refrigeração comercial adotem essas novas tecnologias, segundo o estudo do PROCEL,
a indústria estima um tempo médio de 5 anos para que todos os fabricantes, incluindo
os de pequeno porte – que somam mais de 200 fabricantes no Brasil – possam ter os
recursos necessários como capital, mão-de-obra qualificada, equipamentos de medição
e acesso a laboratórios de testes próprios ou de terceiros. Neste sentido, segundo eles,
os incentivos fiscais seriam de extrema importância para que não haja perda de
competitividade das indústrias menores, que muitas vezes competem diretamente
com multinacionais.

Conforme indicado nas entrevistas realizadas pelo PROCEL, a ABRAVA manifestou


opinião de que para se obter sucesso na regulamentação sobre eficiência energética do
setor de refrigeração comercial, um fator crucial seria a adoção de um pacote de
incentivos, incluindo fiscais, por parte do governo, de forma a compensar o aumento
nos custos de produção nos investimentos em tecnologia por parte dos fabricantes.
15
Nota 4: Mesmo que a implementação de regulamentos técnicos para eficiência
energética possam implicar a necessidade de investimentos por parte da indústria
para que possam cumprir com os requisitos, como indicado pela equipe do projeto GCF
no relatório “Melhores Práticas Internacionais”, a experiência em outros países (como
os Estados Unidos) é que no médio e longo prazo, a implementação de regulamentos
técnicos não implicam um aumento do preço final ao consumidor, mesmo sem
subsídios públicos. Além disso, a implementação de índices mínimos de eficiência
energética elimina do mercado os equipamentos menos eficientes, que são os que
apresentam um maior impacto nos custos de operação para o consumidor, pelo maior
consumo de energia elétrica. O objetivo deste relatório não é fazer recomendações
sobre a adoção de subsídios públicos. Uma discussão mais profunda sobre a redução
de impostos para os equipamentos mais eficientes se encontra no relatório
“Recomendações para as métricas, normas de ensaio e níveis de MEPS e Etiquetas dos
Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

2.6 Conclusões
As principais conclusões do estudo realizado pelo PROCEL sobre Refrigeradores
Comerciais são:

➢ MEPS devem ser implantados como ponto de partida para os refrigeradores


integrais, seguidos da implantação de um Selo PROCEL, tanto por sua
importância no mercado e potencial de impacto, quanto pela relativa
facilidade de implantação. As grandes empresas em geral enxergam com
bons olhos a introdução de MEPS, até um certo nível.
➢ Devido à falta de conscientização sobre os benefícios da eficiência energética
por parte dos usuários finais, considera-se que, além da implementação de
MEPS e de selo de endosso (selo PROCEL), é fundamental a implementação
de etiquetas comparativas de eficiência, semelhantes às que são utilizadas
em refrigeradores domésticos.

16
3 Outros estudos e informações
Fora o estudo de mercado do PROCEL e os estudos que estão sendo realizados
atualmente durante as atividades do projeto GCF, há pouca informação especifica sobre
refrigeradores comerciais no Brasil que possa ser adotada como base para elaboração
de regulamentos técnicos em eficiência energética no setor.

Uma das primeiras discussões sobre a regulamentação dos refrigeradores


comerciais aconteceu no ano 2015. De acordo com o estudo do PROCEL, houve um
debate sobre a inclusão dos compressores utilizados em refrigeradores comerciais
integrais na proposta de regulação. Porém, a proposta foi rejeitada pelo Comitê Gestor
de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética (CGIEE) devido à falta de
embasamento técnico suficiente para se criar um instrumento regulatório levando em
consideração apenas um componente.

Nota 5: O posicionamento da equipe do projeto GCF é o mesmo do CGIEE,


recomendando regulamentar o refrigerador comercial como um todo, e não apenas
um dos seus componentes.

Em agosto de 2018, a ABRAVA promoveu o seminário Programa Brasileiro de


Etiquetagem em Eficiência Energética para Sistemas de Refrigeração e Ar-
condicionado com a participação de importantes órgãos vinculados ao setor como
MME, Eletrobrás, PROCEL, INMETRO e CEPEL. Na ocasião, se discutiu o
desenvolvimento de um plano de ação para a regulamentação da eficiência energética
em equipamentos e sistemas no segmento de refrigeração e ar-condicionado não
certificados, mas o tema não foi analisado de novo até o projeto atual do GCF.

A Tabela 3 mostra uma estimativa do consumo de energia em diferentes


estabelecimentos comerciais [2], apresentada no seminário de 2018. Pode se observar
que mesmo havendo maior presença de lojas de conveniência, os hipermercados ainda
são os que representam o maior consumo de energia.

Considerando que os refrigeradores comerciais são responsáveis por 25% do


consumo total de energia elétrica nesse tipo de lojas [2], o consumo total anual para os
refrigeradores comerciais no Brasil, de acordo com a Tabela 3, seria de 0,65 TWh, o que
nos parece um valor muito pequeno quando comparado com outras fontes, pelo que
entendemos que possam estar faltando dados do consumo na Tabela 3. Esse é o caso
quando comparamos os resultados com os obtidos na “Pesquisa de Campo no Setor de
Serviços do Brasil” elaborada pela EPE em 2015 [3]. A Tabela 4 mostra o consumo
anual estimado dos segmentos que utilizam os refrigeradores comerciais segundo a
pesquisa elaborada pela EPE [3], o que dá um total de 46,0 TWh anual, muito superior
aos 2,6 TWh mostrados na Tabela 3.

Considerando que os refrigeradores comerciais são responsáveis por 25% do


consumo neste tipo de lojas [2], o consumo total anual para os refrigeradores

17
comerciais no Brasil, de acordo com a Tabela 4, seria de 11,5 TWh. Esse valor é
estimativo, já que podem existir lojas que consomem menos de 25% de seu consumo
total de energia com os refrigeradores comerciais contemplados no escopo do projeto
GCF, e outras que consomem mais do que 25%.

Os resultados da pesquisa elaborada pela EPE coincidem com as conclusões obtidas


do Plano Decenal de Expansão de Energia de 2031 [4], onde estimou-se que no ano de
2021 o consumo de energia elétrica do setor comercial foi de 135 TWh, o que resultaria
em aproximadamente 67,5 TWh para os segmentos que utilizam os refrigeradores
comerciais (aplicando o percentual de 50% do total encontrado na pesquisa EPE [3]),
e um consumo estimativo de 16,9 TWh para os refrigeradores comerciais (aplicando
25% para este segmento [2]).

Neste sentido, para 2022 nos parece razoável esperar um consumo de energia dos
refrigeradores comerciais no Brasil entre 9 e 16 TWh/ano.

Tabela 3 Consumo total de energia em diferentes tipos de estabelecimento


Número Area Media Consumo Consumo Consumo
Tipo de loja de lojas de Vendas estimado por estimado total estimado total
total (m2) loja [kWh/h] [MWh/mês] [GWh/ano]
Conveniência 2.187 58 5 7.873 94
Sortimento 64
614 428 12 5.305
limitado
Supermercado 2.843 1.464 70 143.287 1.719
Hipermercado 230 5.336 160 26.496 318
Atacado 311 3.173 150 33.588 403
Total 2.599
(Fonte: apresentação seminário refrigeração comercial [2])
Tabela 4 Consumo total de energia em diferentes tipos de estabelecimento
Consumo estimado
Tipo de loja
total [GWh/ano]
Alojamento 2.750
Hiper e supermercados 8.382
Atacado com predominância de produtos alimentícios 2.036
Atacado com predominância de produtos perecíveis 4.467
Atacado com predominância de produtos não- 500
perecíveis
Restaurantes, Lanchonetes, Bares, Casas de Chá, de 5.794
Sucos e Similares
Outros serviços de comida 800
Comércio varejista 10.490
Padarias e confeitarias 2.193
Outros varejos de comida 8.576
Total 45.988
(Fonte: pesquisa EPE [3])

18
4 Resultados da pesquisa de mercado com os fabricantes
Após analisar os dados do estudo do PROCEL, observamos a necessidade de realizar
uma pesquisa complementar com os fabricantes, de forma a obter dados mais
detalhados acerca dos diferentes tipos de refrigeradores comerciais produzidos, já que
o estudo do PROCEL se baseou em dados mais gerais e em entrevistas com os usuários
finais e fabricantes, sem incluir dados específicos dos modelos atualmente
comercializados no país.

A pesquisa buscou conhecer não apenas a distribuição no consumo de energia e


eficiência dos equipamentos, mas também detalhes como o tamanho, tipo de
fechamento, condições adotadas pelos fabricantes para os ensaios de consumo, classe
climática, temperatura alvo dos equipamentos, etc. A seguir, são apresentados os
resultados para os diferentes tipos de refrigeradores comerciais obtidos a partir das
informações fornecidas por quatro grandes fabricantes2 de refrigeradores comerciais
no Brasil. Os resultados apresentados neste estudo estão agregados, sem identificação
dos respectivos fabricantes.

É importante salientar que os resultados apresentados são qualitativos, já que os


resultados de consumo dos modelos entre si, e a comparação com os MEPS de
outros países são resultado de uma estimativa. A equipe do projeto desenvolveu
um modelo matemático que proporciona uma estimativa na variação do consumo de
energia com as variações de temperatura e umidade para comparar modelos que foram
ensaiados em condições diferentes. Outras diferenças, como o fluxo de ar dentro da
sala de ensaios não foi considerado. Também cabe lembrar que os dados apresentados
correspondem à informação prestada por quatro grandes fabricantes do Brasil, que
apesar de representar a maior fatia do mercado não representam a totalidade dos
modelos comercializados no país.

4.1 Refrigeradores de bebidas


Os fabricantes encaminharam informação de 70 modelos de refrigeradores de
bebidas, porém, após analisar os dados, a equipe do projeto concluiu que apenas 48
modelos cumpriam com a definição de Refrigerador de Bebidas adotada na ISO
22044:2021, ou seja, equipamentos que têm capacidade de reduzir a temperatura das
bebidas introduzidas à temperatura ambiente num determinado tempo limite, sendo
destinado somente a bebidas não perecíveis. Os outros refrigeradores (22 modelos)
foram considerados na categoria de expositores frigoríficos integrais. A seguir são
apresentados os resultados dos 48 modelos de refrigeradores de bebidas.

2 A pesquisa de mercado foi encaminhada a todos os fabricantes participantes do Grupo de Trabalho


(7 fabricantes, ver Tabela 10), porém apenas 4 enviaram informação sobre seus equipamentos.

19
4.1.1 Características dos refrigeradores de bebidas

Temperatura alvo:

A Figura 1 mostra a distribuição de refrigeradores de bebidas por temperatura alvo,


onde as Cervejeiras representam 62% dos modelos. A faixa típica de temperaturas para
cada tipo segundo a temperatura alvo é:

• Cervejeiras → entre -6°C e 5°C


• Água e refrigerantes → entre -2°C e 5°C
• Bebidas, frios e laticínios → entre 0°C e 7°C

Capacidade:

A capacidade (ou tamanho) dos refrigeradores de bebidas normalmente é expresso


em volume (litros). A Figura 2 mostra o número de modelos de refrigeradores de
bebidas por faixa de volume. A maioria dos modelos (68%) fica abaixo dos 500 Litros,
sendo que todas as Cervejeiras têm um volume de menor do que 600 Litros. O menor
refrigerador de bebidas tem um volume de 114 Litros, e a maior de 2.340 litros.

Figura 1 Distribuição de refrigeradores de bebidas por tipo

Figura 2 Número de modelos de refrigeradores de bebidas por faixa de volume


20
Tipo de fechamento:

Todos os modelos de refrigeradores de bebidas apresentados pelos fabricantes são


fechados com porta. Sendo que 61% dos modelos possuem porta transparente, 33%
possuem porta cega, e 6% são dotados de portas combinadas, quer dizer, possuem
portas cegas com janelas transparentes.

Vertical vs. Horizontal:

94% dos modelos de refrigeradores de bebidas são verticais, e 6% horizontais (03


dos 48 modelos).

Fluido refrigerante:

Dos 48 modelos, 45 tinham informação sobre o tipo de fluido refrigerante usado no


refrigerador, sendo que:

• 49% usam o fluido refrigerante natural R290 (Propano)


• 31% usam o HFC R134a
• 20% usam HFC R134a, mas tem como opcional o R290

Tipo de refrigeração:

Todos os refrigeradores de bebidas verticais (94%) possuem refrigeração forçada,


enquanto os refrigeradores de bebidas horizontais adotam refrigeração estática
(convecção natural).

4.1.2 Consumo de energia dos refrigeradores de bebidas

Apesar de não ser obrigatório realizar o teste de consumo de energia para


refrigeradores comerciais de bebidas no Brasil, dos 48 modelos de refrigeradores de
bebidas 35 tinham informação sobre o consumo de energia. Porém, nem todos foram
ensaiados nas mesmas condições de temperatura e umidade relativa (UR), sendo
distribuídos da seguinte forma:

• 32°C e 65% UR → 74%


• 35°C e 75% UR → 26%

Em geral, foi indicada a ABNT ISO 23953-2:2018 como norma de referência, mas na
maioria dos casos o teste foi realizado sem a abertura de portas, o que coincide com a
nova norma de ensaios ISO para refrigeradores de bebidas ISO 22044:2021.

Para comparar os resultados de refrigerados de bebidas ensaiados em condições


diferentes, foi adotado um modelo matemático, desenvolvido pela equipe do projeto,
que proporciona uma estimativa na variação do consumo de energia com as variações
de temperatura e umidade relativa no ambiente. Este modelo é apresentado com mais
detalhe no relatório “Recomendações para as métricas, normas de ensaio, e níveis de
MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”.
21
A Figura 3 apresenta o consumo de energia dos modelos de refrigeradores de
bebidas ajustado a 32,2°C e 65% de Umidade Relativa - UR (condição recomendada
para consumo de energia no Brasil, mais detalhes no relatório “Recomendações para as
métricas, normas de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais
no Brasil”). A figura também apresenta o consumo máximo permitido (MEPS) na União
Europeia para 2021 e 2023, e os valores de consumo máximo para o México.

Para os modelos em estudo (35), 6 modelos não passariam nos MEPS da União
Europeia para 2021, e 11 modelos não passariam nos MEPS que serão adotados a partir
de 2023. Seriam ainda 9 modelos que não passariam os MEPS atuais do México.

O gráfico também mostra uma grande dispersão no consumo de energia para os


equipamentos nas mesmas faixas de volumes, indicando que existe uma oportunidade
de melhoria em sua eficiência. Os modelos mais eficientes têm uma redução no
consumo de energia entre o 50% e 80%, dependendo do volume.

Se comparamos modelos com porta transparente e cega, os refrigeradores com


porta transparente apresentam uma redução no consumo de energia entre 6% e 40%,
dependendo do volume.

Figura 3 Consumo de energia dos modelos de refrigeradores de bebidas e os MEPS da União


Europeia (2021 e 2023) e México ajustado a 32,2°C e 65% UR

A Figura 4 mostra o índice de eficiência energética dos modelos calculado de acordo


com os regulamentos técnicos. Esse índice indica a eficiência energética comparando o
consumo de energia medido no laboratório para um modelo específico com o consumo
padrão para esse modelo, o qual é definido no regulamento técnico, e indicado em
percentagem do consumo padrão. Nesse sentido, um índice de eficiência energética
com o valor de 100% significa que o consumo do refrigerador medido no laboratório

22
coincide com o consumo padrão, calculado de acordo com o regulamento técnico. Da
mesma forma, um modelo com eficiência de 80% significa que consome 20% menos
que o consumo padrão. A faixa de eficiências com maior quantidade de modelos de
Refrigeradores de Bebidas é a faixa entre 60% e 80%, com 38% dos modelos.

Para mais informações nas recomendações para a definição de eficiência energética


e consumo padrão, ver o relatório de “Recomendações para as métricas, normas de
ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

Figura 4 Índice de eficiência energética (Ie), para os modelos de refrigeradores de bebidas

4.2 Expositor frigorífico integral


Os fabricantes encaminharam informação de 131 modelos de expositores
frigoríficos integrais, que são apresentados a seguir.

4.2.1 Características dos expositores frigoríficos integrais

Temperatura alvo, tipo de fechamento, e orientação:

A Tabela 5 mostra a distribuição dos expositores frigoríficos integrais segundo a


temperatura alvo (para resfriados ou congelados), e outras caraterísticas como
orientação principal, subclassificação, e tipo de fechamento. Por exemplo, 82% dos
expositores frigoríficos para resfriados estariam classificados como verticais com base
em sua orientação principal e, dentre os verticais resfriados, 53% são verticais, 16%
Semi-verticais, 12% Multi-prateleiras e 19% de atendimento.

Para congelados, 100% dos modelos são fechados com porta transparente. Para
resfriados depende do tipo, sendo os fechados com porta transparente os mais comuns,
diferentes dos verticais multi-prateleira, que são abertos.
23
Tabela 5 Distribuição dos modelos de expositor frigorífico integral segundo a temperatura alvo,
o tipo de fechamento, e a orientação
Temperatura Orientação
Classificação Tipo de fechamento
alvo principal
Porta transparente (95%)
Vertical (53%)
Aberto (5%)
Porta transparente (73%)
Semi-vertical (16%)
Vertical Aberto (27%)
Para
(82%) Multi-prateleiras Porta transparente (0%)
Resfriados
(12%) Aberto (100%)
(64%)
Porta transparente (100%)
Atendimento (19%)
Aberto (0%)
Horizontal Horizontal (33%) Porta transparente (100%)
(12%) Atendimento (67%) Porta transparente (100%)
Para Vertical (34%) Vertical (100%) Porta transparente (100%)
Congelados Horizontal Horizontal (39%) Porta transparente (100%)
(36%) (66%) Ilha (61%) Porta transparente (100%)

Fluido refrigerante:

Os fluidos refrigerantes mais comuns nos expositores frigoríficos integrais são os


HFCs R134a, R404a além do fluido refrigerante natural R290.

Capacidade:

Dos 131 modelos, 117 continham informação sobre o volume, sendo que 37 também
apresentavam informação sobre a área total de exposição (Total Display Area – ou TDA,
na sigla em inglês). A ISO 23953-2:2015 só inclui procedimentos para medir a área de
exposição, não o volume, de forma que, se o volume for considerado uma informação
importante para o consumidor, deve estar explicitado no regulamento para que todos
utilizem o mesmo procedimento de cálculo de volume. É importante destacar que
muitos países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, adotam a área de
exposição como parâmetro principal para o cálculo de eficiência energética para os
expositores frigoríficos integrais e remotos.

A Figura 5 mostra a distribuição de modelos de expositor frigorífico integral por


faixa de volume, distinguindo também por temperatura alvo (resfriados e congelados)
e pela orientação principal (vertical ou horizontal). A maioria dos modelos (32%) se
encontra na faixa de volume entre 700 e 100 litros, e para os verticais para resfriados,
o volume mais comum é superior a 1.500 litros.

24
Figura 5 Distribuição de modelos de expositores frigoríficos integrais por faixa de volume

4.2.2 Consumo de energia dos expositores frigoríficos integrais

Apesar de não ser obrigatório realizar o teste de consumo de energia para


expositores frigoríficos integrais no Brasil, todos os modelos (131) possuíam
informação sobre o seu consumo de energia. Porém, observou-se que nem todos foram
ensaiados nas mesmas condições de temperatura e umidade relativa (UR). Os
fabricantes informaram as seguintes condições utilizadas para os ensaios do consumo
de energia:

• 27°C e 70% UR → 28% dos modelos


• 30°C e 55% UR → 11% dos modelos
• 32°C e 65% UR → 47% dos modelos
• 35°C e 75% UR → 14% dos modelos

Para possibilitar a comparação dos resultados de refrigeradores de bebidas


ensaiados em condições diferentes, foi adotado um modelo matemático, desenvolvido
pela equipe do projeto, que proporciona uma estimativa na variação do consumo de
energia com as variações de temperatura e da umidade relativa no ambiente. Este
modelo é apresentado com mais detalhe no relatório “Recomendações para as métricas,
normas de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

A Figura 6 apresenta o consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos


integrais verticais para resfriados (51 modelos) ajustado a 25°C e 60% de UR (condição
recomendada para consumo de energia no Brasil, ver mais detalhes no relatório
“Recomendações para as métricas, normas de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos
Refrigeradores Comerciais no Brasil”).

25
Figura 6 Consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos integrais verticais para
resfriados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e México ajustado a 25°C e 60% UR

A figura também apresenta o consumo máximo permitido (MEPS) na União


Europeia para 2021 e 2023, e os valores de consumo máximo para México (para
equipamentos com resfriamento forçado e estático). De forma geral, os expositores
abertos consomem mais energia. Os MEPS na União Europeia são os mesmos para
abertos e fechados. No caso do México, os MEPS são aplicados apenas para expositores
fechados.

Para os modelos em estudo (51), 7 modelos não passariam nos MEPS da União
Europeia para 2021, e 9 modelos não passariam nos MEPS de 2023. No caso do México,
seriam 38 modelos que não passariam os MEPS atuais para refrigeradores com
refrigeração forçada.

Como no caso dos refrigeradores para bebidas, os expositores frigoríficos integrais


também apresentam uma grande dispersão no consumo de energia para os mesmos
volumes, indicando que existe uma oportunidade de melhora da eficiência. Os modelos
mais eficientes apresentam uma redução no consumo de energia de até 80%,
dependendo do volume.

Enquanto aos expositores frigoríficos integrais horizontais para resfriados (15


modelos), poucos modelos passariam nos MEPS de 2021 da União Europeia. Estes
resultados foram considerados suspeitos, já que para outros tipos de expositores
integrais, os modelos brasileiros conseguiram se posicionar bem nos MEPS da União
Europeia. Se os resultados estiverem corretos, e os expositores horizontais para
resfriados estiverem realmente longe de passar nos MEPS da União Europeia, um
motivo poderia ser o uso de expositores horizontais que podem funcionar para
resfriados e congelados (dupla função), o que faz que o compressor seja

26
superdimensionado quando o expositor é usado para resfriados, aumentando o
consumo de energia. Cabe salientar que, no caso dos expositores de dupla função, o
expositor deve ser certificado na menor das temperaturas.

Para os expositores frigoríficos integrais para congelados (31 modelos horizontais


e 16 modelos verticais), a maioria passariam nos MEPS da União Europeia de 2021 e
2023.

4.3 Expositor frigorífico remoto


Normalmente, os expositores frigoríficos remotos são utilizados em supermercados
e hipermercados com mais 400 m2. Para poder se ajustar aos espaços da loja, um
mesmo corte técnico de expositor pode ser executado com vários comprimentos,
larguras e alturas.

Os fabricantes encaminharam informação de 76 modelos base (cortes técnicos),


onde cada modelo base possui outros modelos associados, com diferentes
comprimentos e temperaturas-alvo, somando um total de 534 configurações
diferentes. Os modelos com aquecimento e os gabinetes de canto3 foram descartados,
já que não entrariam no escopo do regulamento técnico.

A seguir são apresentados os resultados das análises das 534 configurações


(modelos) de expositores frigoríficos remotos.

4.3.1 Características dos expositores frigoríficos remotos

Temperatura alvo, tipo de fechamento e orientação:

A Tabela 6 mostra a distribuição dos expositores frigoríficos remotos (modelos


base) segundo a temperatura alvo (para resfriados ou congelados), e outras
caraterísticas como orientação principal, subclassificação, e tipo de fechamento. Por
exemplo, 51% dos modelos resfriados estariam classificados como verticais em
orientação principal, e dentro dos verticais resfriados, 42% são verticais e 58% Semi-
verticais. Para congelados verticais, 100% dos modelos são fechados com porta
transparente.

3 Os gabinetesde canto não possuem eixo longitudinal nem comprimento identificáveis, uma vez que
consistem apenas numa forma de preenchimento do canto (em cunha ou semelhante), e não são
concebidos para funcionar como unidades refrigeradas de instalação livre. O ângulo entre as duas
extremidades laterais do gabinete de canto varia entre 30° e 90°;

27
Tabela 6 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos remotos (modelos base) segundo a
temperatura alvo, o tipo de fechamento, e a orientação
Temperatura Orientação
Classificação Tipo de porta
alvo principal
Porta transparente (54%)
Vertical (42%)
Vertical Aberto (46%)
(51%) Porta transparente (17%)
Para Semi-vertical (58%)
Aberto (83%)
Resfriados
Horizontal (14%) Aberto (100%)
(80%)
Horizontal Porta transparente (71%)
Ilha (23%)
(49%) Aberto (29%)
Atendimento (63%) -
Vertical Vertical (75%) Porta transparente (100%)
Para
(27%) Semi-vertical (25%) Porta transparente (100%)
Congelados
Horizontal Porta transparente (73%)
(20%) Ilha (100%)
(73%) Aberto (27%)

Comprimento:

Como observado anteriormente, cada modelo base ou corte técnico pode ser
executado com várias opções de comprimento. A Figura 7 mostra o número de modelos
(ou configurações) por comprimento, em metros. Os comprimentos mais comuns são
os de 1,25 – 1,875 – 2,5 e 3,75 metros, sendo que o comprimento de 2,5m é o mais
comum, com 135 modelos. Outros comprimentos menos usados são os de 1,5m;
2,167m; 2,25m; e 3m.

Capacidade:

Os expositores frigoríficos remotos traziam informação sobre a área total de


exposição (TDA, a sigla em inglês) e do volume. A norma ISO 23953-2:2015 inclui
apenas procedimentos para medir a área de exposição, e não o volume. Se o volume for
considerado pelo mercado Brasileiro uma informação importante para o consumidor,
o cálculo deste, deve estar explícito na futura regulamentação, para que todos adotem
o mesmo procedimento de cálculo.

Observa-se, também, que alguns países, como Estados Unidos e a União Europeia,
adotam a área de exposição como parâmetro principal para o cálculo de eficiência
energética para os expositores frigoríficos remotos e integrais.

A Figura 8 mostra a distribuição de modelos de expositores frigoríficos remotos por


faixa de área de exposição, e a Figura 9 por faixa de volume. A faixa de área de exposição
com mais configurações é a que fica entre 3 e 4 m2, e a faixa de volume mais comum é
a de 100 a 2000 litros.

28
Figura 7 Número de modelos por comprimento para os expositores frigoríficos remotos

Figura 8 Distribuição de modelos de expositor frigorífico remoto por faixa de área total de
exposição

Figura 9 Distribuição de modelos de expositores frigoríficos remotos por faixa de volume


29
4.3.2 Consumo de energia dos expositores frigoríficos remotos

No caso dos expositores frigoríficos remotos, o consumo de energia de todas as


configurações foi informado para as mesmas condições de ensaio:

• 27°C e 70% UR → 28% dos modelos

Mesmo com todos os modelos ensaiados nas mesmas condições, o consumo foi
ajustado para as condições de 25°C e 60% UR, para possibilitar a comparação com os
MEPS da União Europeia, e também porque esta é a condição recomendada para o
ensaio de consumo de energia no Brasil neste tipo de refrigerador comercial. O modelo
matemático adotado para o ajuste no consumo de energia em diferentes condições
ambientais pode ser consultado no relatório “Recomendações para as métricas, normas
de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

A Figura 10 apresenta o consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos


remotos verticais resfriados (280 configurações), ajustado a 25°C e 60% UR (condição
recomendada para consumo de energia no Brasil, mais detalhes no relatório
“Recomendações para as métricas, normas de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos
Refrigeradores Comerciais no Brasil”). A figura também apresenta o consumo máximo
permitido (MEPS) na União Europeia para 2021 e 2023, e os valores de consumo
máximo para os Estados Unidos. Os MEPS na União Europeia são os mesmos para
abertos e fechados.

Figura 10 Consumo de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos verticais para
resfriados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e
Transparente) ajustado a 25°C e 60% UR

30
Mesmo consumindo mais energia que os modelos fechados, todos os modelos
abertos passariam nos MEPS dos Estados Unidos e da União Europeia para 2021, e
somente 4 modelos não passariam nos MEPS que serão adotados na União Europeia
em 2023. A União Europeia não faz diferença entre os MEPS para expositores abertos
e fechados, com o intuito de serem mais rigorosos com os expositores abertos e assim
forçarem os fabricantes a dar mais ênfase aos expositores fechados. Nos parece que,
pelo menos no que se refere aos dados obtidos com os fabricantes Brasileiros, a maioria
dos equipamentos do tipo aberto passam nos MEPS, e não haveria nenhum incentivo
para melhorar a eficiência dos fechados. No caso dos fechados, todos4 passariam nos
MEPS da União Europeia e dos Estados Unidos.

Se consideramos a dispersão de consumo de energia para áreas de exposição


similares nos expositores remotos fechados (vertical para resfriados), os modelos mais
eficientes apresentam uma redução no consumo de energia de até 40%, dependendo
da área de exposição, podendo chegar até 60% se consideramos expositores abertos e
fechados juntos. Uma etiqueta de eficiência energética conjunta para abertos e
fechados poderia valorizar mais os expositores fechados, já que os abertos não
conseguiriam atingir as classes de eficiência mais altas.

Cabe salientar que, a dispersão no consumo de energia para verticais resfriados,


conforme visto na Figura 10, não se deve somente aos diferentes níveis de eficiência
energética, já que existem modelos para diferentes temperaturas alvo. Os modelos do
estudo mostram três temperaturas alvo diferentes para resfriados, 0°C, 4°C e 6°C. Os
expositores verticais fechados para 0°C consomem aproximadamente 9% mais que os
expositores para 4°C, e 17% mais que os expositores para 6°C. Os expositores verticais
abertos para 0°C consomem aproximadamente 20% mais que os expositores para 4°C,
e 30% mais que os expositores para 6°C.

Quanto aos dados dos expositores frigoríficos remotos horizontais para resfriados,
os expositores fechados mostraram um consumo mais elevado do que os abertos
(Figura 11). Após conferir com os fabricantes, concluímos que este resultado se deve
ao fato de que esses modelos são projetados para dupla função (congelados e
resfriados) de forma que estes deveriam ser classificados como congelados. Mesmo
assim, ao contrário dos expositores remotos verticais para resfriados, existem mais
modelos que não passariam nos MEPS da União Europeia de 2021. Os MEPS dos
Estados Unidos também diferem bastante dos MEPS da União Europeia neste caso.

Neste sentido, recomendamos uma atenção especial a este tipo de expositor para
avaliar os MEPS propostos para o Brasil, caso sejam necessários ajustes.

4 Houve 12 modelos de expositores fechados que foram desconsiderados após falar com o fabricante
por serem projetados para congelados, mas identificados para resfriados.

31
Figura 11 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos
horizontais para resfriados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos
(Aberto e Transparente) ajustado a 25°C e 60% UR

Quanto aos expositores frigoríficos remotos verticais para congelados, os dados


também mostram um bom posicionamento destes quando comparados com os MEPS
da União Europeia, já que todos passariam nos MEPS de 2021 e ficam muito perto de
passar nos MEPS de 2023. Porém, não passariam nos MEPS dos Estados Unidos (Figura
12).

Assim como os expositores frigoríficos remotos horizontais para resfriados, os


horizontais para congelados também apresentaram resultados piores frente aos MEPS
da União Europeia quando comparados com os expositores verticais (Figura 13).
Observamos que 50% das configurações não passariam nos MEPS da União Europeia
2021 e 80% não passariam nos MEPS de 2023. Os MEPS dos Estados Unidos são ainda
mais rigorosos, assim nenhum dos modelos com portas transparentes passariam nos
MEPS dos EUA.

Cabe lembrar que os resultados apresentados são qualitativos, já que os resultados


de consumo dos modelos e a comparação com os MEPS de outros países são resultantes
de uma estimativa, devido às diferenças nas condições e nas normas de ensaio.

32
Figura 12 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos verticais
para congelados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos (Aberto e
Transparente) ajustado a 25°C e 60% UR

30000 Horizontal Congelados


Aberto
Transparente
25000 MEPS UE 2021
Consumo Annual [kWh/a]

MEPS UE 2023
MEPS EUA Aberto
20000 MEPS EUA Transparente

15000

10000

5000

0
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
Area Exposição TDA [m2]

Figura 13 Consumo anual de energia dos modelos de expositores frigoríficos remotos


horizontais para congelados e os MEPS da União Europeia (2021 e 2023) e Estados Unidos
(Aberto e Transparente) ajustado a 25°C e 60% UR

33
4.4 Conservador para sorvetes
Os fabricantes enviaram informação sobre 22 modelos de conservadores para
sorvetes, 16 deles com informação sobre o consumo de energia. Cabe lembrar que só
serão considerados na categoria “conservadores para sorvetes”, aqueles
refrigeradores comerciais que cumpram com a definição de Conservador para Sorvetes
da ISO 22043:2020, ou seja, um equipamento que:

a) É projetado para armazenamento, exibição e acesso dos consumidores a


sorvetes congelados pré-embalados,
b) É integral,
c) Pode ser acessado se abrindo uma tampa (opaca ou transparente),
d) Tem um volume líquido (VN) não superior a 600 L, e
e) Tem uma relação entre seu VN e a área total de exibição (TDA) maior ou igual
a 0,35 m.

Outros conservadores para sorvetes que não cumpram com os requisitos da ISO
22043:2020, devem ser considerados na categoria a que melhor correspondam (por
exemplo, a de expositores frigoríficos).

4.4.1 Características e consumo de energia dos conservadores para sorvete

Os 22 modelos de conservadores para sorvetes analisados são horizontais e com


porta transparente.

Os fluidos refrigerantes mais usados são o R134a e o R290.

Os fabricantes utilizaram as seguintes condições para os ensaios do consumo de


energia (16 modelos):

• 32°C e 65% UR
• 35°C e 75% UR

A Figura 14 apresenta o consumo de energia dos modelos de conservadores para


sorvetes ajustado a 30°C e 55% UR (condição indicada pela ISO 22043:2020 e
recomendada para o consumo de energia no Brasil).

Só um modelo não passaria nos MEPS da União Europeia 2021, porém 10 dos 16
modelos não passariam nos MEPS de 2023.

34
Figura 14 Consumo anual de energia dos modelos de conservadores para sorvetes e os MEPS da
União Europeia (2021 e 2023) ajustados a 30°C e 55% UR

4.5 Refrigerador de armazenamento


Os fabricantes encaminharam informação de 23 modelos de refrigeradores de
armazenamento.

Podemos separar os refrigeradores de armazenamento em dois grupos:

1) Congelador horizontal comercial com porta cega → informações de 15 modelos,


sendo 7 deles com ação dupla (congelados e resfriados)

2) Refrigerador de cozinha industrial → informações de 7 modelos (este tipo não


foi incluído no escopo do projeto)

35
Uma possibilidade para se regulamentar o congelador horizontal comercial com
porta cega seria adotar as mesmas métricas, normas de ensaio e MEPS que são
utilizados nos congeladores horizontais residenciais com porta cega, já que estes
possuem muitas semelhanças, e alguns países já seguem esta prática (por exemplo, na
União Europeia e no Chile).

Os fabricantes adotaram as seguintes condições para os ensaios do consumo de


energia:

• 32°C e 65% UR → 47% dos modelos


• 35°C e 75% UR → 14% dos modelos

A Figura 15 apresenta o consumo de energia dos modelos de congeladores


horizontais comerciais com porta cega (13 modelos) ajustado a 25°C (condição
adotada no regulamento para refrigeradores residenciais). A figura também apresenta
o consumo padrão incluído no novo regulamento técnico de refrigeradores
residenciais no Brasil para 2025 e 2030, para efeito de comparação. Cabe lembrar que
o consumo padrão adotado é utilizado para o cálculo do índice de eficiência energética,
mas não necessariamente tem que coincidir com os MEPS que serão implementados.

Figura 15 Consumo anual de energia dos modelos de congelador horizontal comercial com
porta cega e o consumo padrão no novo regulamento brasileiro para refrigeradores
residenciais em 2025 e 2030

36
5 Base instalada e estimativa do consumo
A base instalada se refere à quantidade de refrigeradores comerciais considerados
no escopo do projeto e que estão em funcionamento a cada ano (isso inclui
refrigeradores comerciais de vários tipos e idades).

Para estimar o impacto na economia de energia a partir da implementação de MEPS


e etiquetas de eficiência energética, a equipe do projeto elaborou um modelo da base
instalada no Brasil. Este modelo foi criado com base nas informações obtidas no estudo
do PROCEL, na pesquisa realizada com os fabricantes, e em outros estudos que foram
mencionados neste relatório. Devido à carência de informação sobre o mercado de
refrigeradores comerciais foram consideradas várias premissas, que são apresentadas
a seguir.

5.1 Distribuição por tipo de refrigerador


A Tabela 7 mostra a distribuição estimativa dos diferentes tipos e subtipos de
refrigeradores comerciais na base instalada, tomando como base o ano 2021. Para os
refrigeradores de bebidas e conservadores de sorvetes foram utilizados os resultados
do estudo do PROCEL. Para a distribuição entre expositores integrais e remotos foi
utilizada a experiência internacional, ajustada para a realidade do Brasil.

Finalmente, para a distribuição entre os diferentes subtipos de expositores


frigoríficos foram utilizados os dados sobre a quantidade de modelos enviados pelos
fabricantes durante a pesquisa de mercado (Seção 4). Cabe lembrar que a distribuição
por modelos não precisa necessariamente coincidir com a distribuição real das
unidades vendidas e instaladas (por exemplo, pode haver modelos que vendem mais
que outros) porém, na falta destas informações, foi adotada a premissa de que a
distribuição dos modelos disponíveis por subtipo segundo os modelos enviados pelos
fabricantes é a mesma que a das unidades vendidas e instaladas.

Cabe salientar que estas percentagens referem-se à distribuição do números de


equipamentos na base instalada por tipo de refrigerador comercial. O impacto no
consumo de energia por tipo de refrigerador comercial dependerá não só do número
de refrigeradores em funcionamento, mas também do consumo médio para cada tipo
de refrigerador comercial.

37
Tabela 7 Distribuição dos tipos e subtipos de refrigeradores comerciais na base instalada
% de stock
Tipo Principal Subtipo Código
em 2021
Refrigeradores de Todas as combinações
RB 50,0%
Bebidas (50% do total) (ISO 22044:2021)
Conservadores de Todas as combinações
CS 16,0%
Sorvetes (16% do total) (ISO 22043:2020)
Vertical Fechado para refrigerados EFI-VFR 8,5%
Vertical Aberto para refrigerados EFI-VAR 1,7%
Expositores Frigoríficos Vertical Fechado para congelados EFI-VFC 2,4%
Integrais (19% do total) Horizontal Fechado para resfriados EFI-HFR 0,6%
Horizontal Fechado para cong. EFI-HFC 4,6%
Balcão Atendimento EFI-BA 1,1%
Vertical Fechado para refrigerados EFR-VFR 3,3%
Vertical Aberto para refrigerados EFR-VAR 5,6%
Vertical Fechado para congelados EFR-VFC 1,1%
Expositores Frigoríficos Horizontal Fechado para resfriados EFR-HFR 0,5%
Remotos (15% do total) Horizontal Aberto para resfriados EFR-HAR 0,8%
Horizontal Fechado para cong. EFR-HFC 0,9%
Horizontal Aberto para congelados EFR-HAC 0,4%
Balcão Atendimento EFR-BA 2,5%

5.2 Projeção da base instalada


Para estimar a base instalada e a evolução no tempo de cada um dos tipos e subtipos
de refrigeradores comerciais mostrados na seção anterior, foi necessário adotar
algumas premissas acerca da evolução das vendas, do ciclo de vida, e da forma como
os refrigeradores antigos são retirados da base instalada (função de sobrevivência).

A seguir são mostradas as premissas adotadas acerca da evolução das vendas, do


ciclo de vida e da função de sobrevivência, assim como a projeção da base instalada.

5.2.1 Evolução de vendas

De acordo com o estudo do PROCEL, no ano 2020 foram vendidos um total de


1.190.000 refrigeradores comerciais, totalizando uma base instalada de 6,8 milhões de
unidades (Seção 2.1). Esse número de vendas se refere a refrigeradores comerciais em
geral, podendo incluir unidades resultantes de retrofit, ou mesmo alguns tipos de
refrigeradores comerciais que não foram incluídos no escopo do projeto, como por
exemplo, os refrigeradores comerciais de armazenamento.

Por fim, a equipe do projeto adotou como premissa a venda de 1.100.000


unidades de refrigeradores comerciais para o ano 2020.

38
Não foram encontrados dados de vendas de outros anos, de forma que para realizar
o cálculo da base instalada foram utilizadas premissas de variação no número de
vendas antes e depois de 2020, baseadas no crescimento populacional do Brasil e em
outras experiências internacionais. Para o período antes de 2020 (entre 2005 e
2020), foi utilizada uma variação média de +3% no número de vendas por ano
para todos os tipos de refrigeradores comerciais. Para o período posterior a
2020 (entre 2021 e 2035), foi utilizada uma variação média de +1% no número
de vendas por ano para todos os refrigeradores comerciais integrais e de 0,6%
para os expositores frigoríficos remotos.

A maior variação média no número de vendas antes de 2020 foi baseada


principalmente no crescimento populacional do Brasil, cujas projeções5 da taxa de
crescimento são menores para o período 2020-2035. Para o período posterior a 2020,
a diferença na variação de vendas entre refrigeradores integrais e remotos foi baseada
nas informações do estudo do PROCEL, que indicou que as pequenas lojas de bairro
(usuárias de refrigeradores integrais) estão ganhando espaço no mercado nacional.

5.2.2 Ciclo de vida e função de sobrevivência

O ciclo de vida médio identificado no estudo do PROCEL é de 5,7 anos para os


refrigeradores comerciais (Seção 2.1). Porém, o estudo não deixa claro se essa vida
média considera que os refrigeradores podem ter uma segunda vida, seja por meio da
venda de produtos usados ou revitalizados por retrofit, o que significaria que os
refrigeradores continuariam fazendo parte da base instalada. Durante as reuniões do
grupo de trabalho do projeto (PWG), um fabricante indicou que o retrofit prolonga a
vida dos refrigeradores por volta de 2 a 3 anos. Além disso, a União Europeia adotou
uma vida média de 8 anos para refrigeradores de bebidas e conservadores de sorvete
e de 9 anos para os equipamentos do setor de supermercados (expositores frigoríficos
integrais e remotos) no estudo para a implementação dos regulamentos europeus [5].

Com base nestas informações, a equipe do projeto adotou uma vida média de 7
anos para refrigeradores de bebidas e conservadores de sorvete e de 8 anos para
os equipamentos do setor de supermercados (expositores frigoríficos integrais
e remotos) para realizar os cálculos da base instalada no Brasil.

Para estimar quantos refrigeradores vendidos nos anos anteriores continuam


em funcionamento para um determinado ano, foi utilizada a função de
sobrevivência Weibull ajustada para refrigeradores comerciais, com a seguinte
equação [7]:

𝑥−𝜃 𝛽
−𝐿𝑛(2)∙( )
𝑃(𝑥) = 𝑒 𝑀−𝜃

5 Projeções população: https://ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/

39
Onde P(x) é a probabilidade de que um refrigerador comercial ainda esteja em
operação em uma determinada idade x, θ é o parâmetro de atraso (primeiros anos com
poucas falhas) que foi considerado como sendo de 3 anos, M é a mediana, ou seja, a
idade em que a geladeira tem 50% das possibilidades de estar em funcionamento, onde
foram consideradas as premissas de vida média para cada tipo de refrigerador, e β é o
parâmetro de forma da curva, e que foi considerado com um valor de 3.

A Figura 16 mostra a curva de probabilidade Weibull para o ano 2020 para os


refrigeradores de bebidas (ciclo de vida médio de 7 anos). O eixo temporal se refere ao
ano de entrada do equipamento na base instalada e o eixo vertical se refere à probabilidade do
mesmo equipamento ainda estar operando em 2020. Neste caso, um refrigerador instalado
no ano 2013 teria 50% de possibilidade de sobrevivência, ou seja, se estima que só 50%
de refrigeradores instalados no ano 2013 continuaram na base instalada em 2020,
sendo 15% e 86% para os refrigeradores vendidos em 2011 e 2015, respectivamente.

A Tabela 8 mostra uma estimativa da distribuição da base instalada por faixa de


idade do refrigerador, calculada com o modelo da base instalada (função Weibull e
premissas de vendas). Para fins de comparação, também mostra os dados estimados
no estudo PROCEL. Pode se observar que existe uma razoável semelhança entre os
dados calculados com o modelo da base instalada e os estimados pelo estudo do
PROCEL.

Figura 16 Probabilidade de sobrevivência segundo a função Weibull no ano 2020 para os


refrigeradores de bebidas vendidos entre 2005 e 2019
Tabela 8 Estimativa de distribuição da base instalada por faixa de idade do refrigerador:
calculada com o modelo da base instalada e comparada com os dados do estudo PROCEL
Estimativa
Faixa de idade Estudo PROCEL [1]
Modelo
Menos de 3 anos de uso 44% 38% - 46%
Entre 4 e 6 anos de uso 34% 26% - 32%
Entre 7 e 9 anos de uso 19% 19% - 23%
Mais de 10 anos de uso 3% 7% – 9%
40
5.2.3 Projeção da base instalada

A base instalada foi calculada com base no modelo apresentado nas seções
anteriores (Seções 5.2.1 e 5.2.2). A Figura 17 mostra a projeção da base instalada por
tipo de refrigerador comercial entre os anos de 2018 e 2035. Para 2021, a base
instalada está estimada em 6,6 milhões de equipamentos, sendo 50% de refrigeradores
para bebidas, 16% de conservadores para sorvetes, 19% de expositores frigoríficos
integrais, e 15% de expositores frigoríficos remotos. A estimativa para a base instalada
no ano 2035 é de cerca de 8,4 milhões de equipamentos.

Vale lembrar que esses dados são considerados para a base instalada em função de
número de equipamentos, mas não em função de capacidade e consumo de energia, o
que daria um resultado diferente como se pode observar na seção 5.3.

Figura 17 Projeção da base instalada por tipo de refrigerador comercial

5.3 Consumo da base instalada


O consumo da base instalada dependerá das características e distribuição por tipo
de refrigerador comercial na base instalada. Para isso, deve-se considerar a evolução
do consumo médio dos diferentes tipos de refrigeradores comerciais, a evolução da
base instalada de cada tipo de refrigeradores comerciais (Seção 5.2), e o ano para o
qual está sendo considerado o consumo de energia da base instalada.

Nas subseções a seguir, são apresentadas as premissas das características dos


refrigeradores comerciais e a estimativa do consumo da base instalada para o cenário
base.
41
5.3.1 Tamanho e consumo médio

A Tabela 9 mostra o tamanho médio e o consumo de energia anual médio para os


diferentes tipos de refrigeradores comerciais. A média de consumo para cada tipo de
refrigerador é calculada como a média aritmética do consumo dos modelos obtidos
durante a pesquisa de mercado com os fabricantes, para os quais não se possuem dados
de unidades vendidas para cada modelo.

A Tabela 9 também mostra a estimativa de consumo médio anual ajustado para a


vida real. De acordo com a norma de ensaio ISO 23953, podem existir diferenças entre
o consumo medido no laboratório e o consumo real do refrigerador na loja. Algumas
das causas possíveis que ocasionam estas divergências são: diferenças na corrente de
ar, variações na temperatura da loja comparada com a temperatura da classe climática
no laboratório, variações na carga do refrigerador, etc. Os valores destas variações são
difíceis de serem estimados, pois dependem das características de cada loja. Porém, o
objetivo da norma de ensaio não é o de reproduzir a realidade de cada loja, mas apenas
proporcionar as mesmas condições, a partir das quais a comparação entre diferentes
refrigeradores se torna possível, e assim os valores de MEPS e da etiqueta de eficiência
energética podem ser melhor definidos.

Tabela 9 Tamanho e consumo médio por tipo e subtipo de refrigeradores comerciais


Consumo médio Consumo médio
% de vendas Tamanho
Refrigerador estimado laboratório estimado vida real
em 2021 médio
(2021) kWh/ano (2021) kWh/ano
RB 50,0% 408 L 1.834 1.651
CS 16,0% 326 L 1.059 953
EFI-VFR 8,5% 1.297 L 3.549 3.194
EFI-VAR 1,7% 870 L 5.944 5.052
EFI-VFC 2,4% 589 L 5.870 5.283
EFI-HFR 0,6% 431 L 6.136 5.522
EFI-HFC 4,6% 831 L 2.732 2.459
EFI-BA 1,1% 1.207 L 2.877 2.589
EFR-VFR 3,3% 3,31 m2 4.737 4.263
EFR-VAR 5,6% 3,35 m2 6.979 5.932
EFR-VFC 1,1% 2,98 m2 18.348 16.513
EFR-HFR 0,5% 4,08 m2 11.536 10.382
EFR-HAR 0,8% 2,81 m2 5.411 4.870
EFR-HFC 0,9% 3,67 m2 15.315 13.784
EFR-HAC 0,4% 4,56 m2 15.857 14.271
EFR-BA 2,5% 2,07 m2 4.939 4.445

42
Estudos realizados na União Europeia comparam consumos de refrigeradores
comerciais em laboratório com o consumo medido na vida real. Os resultados mostram
que o consumo em laboratório geralmente é maior que o medido na vida real. Assim, a
União Europeia adotou os seguintes valores de correção para as estimativas de
economia de energia na vida real [5]:

• Refrigerador de bebidas: 80% do consumo medido em laboratório


• Conservador para sorvetes: 89% do consumo medido em laboratório
• Expositor frigorífico integral: 80% do consumo medido em laboratório
• Expositor frigorífico remoto horizontal (aberto e fechado): 85% do consumo
medido em laboratório
• Expositor frigorífico remoto vertical aberto: 70% do consumo medido em
laboratório

Mesmo que grande parte das lojas sejam climatizadas (especialmente


supermercados), de forma geral é esperado que as condições ambientais onde os
refrigeradores são instalados sejam mais rigorosas no Brasil do que na União Europeia.
Portanto, os fatores de correção foram ajustados como segue:

• Refrigerador de bebidas: 90% do consumo medido em laboratório


• Conservador para sorvetes: 90% do consumo medido em laboratório
• Expositor frigorífico integral: 90% do consumo medido em laboratório
• Expositor frigorífico remoto horizontal (aberto e fechado): 90% do consumo
medido em laboratório
• Expositor frigorífico remoto vertical aberto: 85% do consumo medido em
laboratório
• Expositor frigorífico remoto vertical fechado: 85% do consumo medido em
laboratório

5.3.2 Evolução da eficiência energética para o cenário base

Para se estimar o consumo da base instalada e projeções na economia de energia, é


necessário se conhecer a variação da eficiência energética ao longo do tempo.

Além dos dados de consumo de energia obtidos durante a pesquisa de mercado com
os fabricantes, não foram encontrados dados sobre o consumo em outros anos, desta
forma foram utilizadas premissas de redução na eficiência antes de 2021 e aumento de
eficiência após 2021.

Para o período 2005 a 2021 foi considerada uma melhora na eficiência


energética por ano de 1,5%. Nos estudos da União Europeia [5] foi utilizada uma
melhoria de eficiência por ano de 2% para o período 1997-2013, 1,5% para o período
2013-2017, e 0,5% para o período 2017-2021.

43
Para o período após 2021 (até 2035), o incremento na eficiência (ou a diminuição
do consumo) dependerá do cenário de políticas considerado, assim como do tipo
de refrigerador comercial e de outros parâmetros. Para o cenário base (sem
implementação de políticas de eficiência energética) foi considerada uma
redução no consumo médio unitário de 0,5% anual em todos os refrigeradores
comerciais integrais e abertos remotos, enquanto para os fechados remotos foi
considerada uma redução de 0,25%. Estas premissas foram baseadas nos estudos
da União Europeia [5], mas com pequenos ajustes considerando a realidade brasileira.
Na União Europeia foi utilizada uma melhoria de eficiência por ano de 0,5% para o
período 2017-2021, e 0,25% para o período 2021-2030 no cenário base, sem políticas
de eficiência.

Os refrigeradores integrais fechados apresentam um maior potencial de economia


de energia que os remotos, já que podem melhorar a sua eficiência com mudanças nos
compressores e no fluido refrigerante (os remotos também podem melhorar com
compressor e fluido refrigerante, porém esse resultado não será observado no ensaio
de laboratório para certificação). No caso do estudo de impacto da União Europeia [5],
foi utilizada uma melhora na eficiência energética de 0,25% para todos os
equipamentos para o período após 2021.

Cabe salientar que, mesmo sem políticas de eficiência energética, as premissas na


melhoria da eficiência energética para o caso base estão baseadas no avance
tecnológico que acontece com o tempo mesmo sem a adoção de políticas especificas.
Para cenários com políticas especificas de eficiência energética (MEPS e etiquetas), o
avance da eficiência energética no mercado seria maior.

Para os cenários de MEPS e etiquetas, a evolução do consumo deverá ser baseada no


tipo e ambição da política de eficiência energética (MEPS e etiquetas), nos valores de
consumo dos modelos informados pelos fabricantes durante a pesquisa de mercado,
no tipo de refrigerador e em outras informações sobre potencial de economia de
energia. As premissas para esses cenários são apresentadas no relatório
“Recomendações para as métricas, normas de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos
Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

5.3.3 Consumo da base instalada

Aplicando as premissas das seções anteriores (Seções 5.2, 5.3. 1 e 5.3.2), o modelo
desenvolvido estima o consumo de energia da base instalada para 2021 em 18,4 TWh
ano. Esse consumo está um pouco acima do esperado, segundo os estudos
apresentados na Seção 3, entre 9 e 16 TWh para o ano 2021, assim foi aplicado um
coeficiente de correção de 0,75 para se obter uma melhor estimativa na economia do
consumo de energia nos diferentes cenários de políticas de eficiência energética. Com
o coeficiente de correção de 0,75, o consumo de energia no ano 2021 foi estimado
em 14,3 TWh.

44
A Figura 18 mostra a projeção do consumo de energia anual da base instalada por
tipo de refrigerador comercial entre os anos de 2020 e 2035 no cenário base, onde não
são implementadas políticas de eficiência energética. Para 2021, o consumo da base
instalada foi estimado em 14,3 TWh, onde os refrigeradores de bebidas são
responsáveis por 31% do consumo, os conservadores para sorvetes por 6%, os
expositores frigoríficos integrais por 25%, e os expositores frigoríficos remotos por
39%.

Portanto, os expositores frigoríficos remotos apresentam o maior consumo de


energia na base instalada, mesmo sendo os modelos que possuem a menor
quantidade de unidades na base instalada. A estimativa para a base instalada no ano
de 2035 é de cerca de 8,0 milhões de equipamentos.

Figura 18 Projeção do consumo de energia anual da base instalada por tipo de refrigerador
comercial

45
6 Distribuição de eficiência energética na União Europeia
Desde 2021, todos os refrigeradores comerciais afetados pelo regulamento (EU)
2019/2018 [6], devem ser inseridos na base de dados EPREL da União Europeia [7], que
assim se constituiu em uma excelente fonte de dados acerca dos equipamentos
comercializados naquela região. Foi então realizada uma busca e uma análise sobre os
diversos modelos que aparecem na base de dados EPREL, com o intuito de se conhecer a
eficiência energética dos diferentes tipos de refrigeradores comerciais disponíveis no
mercado Europeu, comparando com os dados dos modelos produzidos pelos fabricantes
nacionais, de forma a ajudar na tomada de decisões acerca dos níveis de MEPS e etiquetas
a serem adotados no Brasil. Os dados do EPREL foram obtidos durante o mês de julho de
2022.

Cabe salientar que as métricas recomendadas para o cálculo de eficiência energética no


Brasil, assim como as normas de ensaio, são parecidas com as que são adotadas na União
Europeia, na maioria dos casos. Porém, existem alguns tipos de refrigeradores onde as
recomendações para o Brasil diferem das métricas utilizadas na União Europeia. As
recomendações de métricas, normas de ensaio e níveis de MEPS e etiquetas são
apresentadas com mais detalhe no relatório “Recomendações para as métricas, normas
de ensaio, e níveis de MEPS e Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”.

6.1 Refrigerador de bebidas


A Figura 19 mostra a distribuição dos modelos de refrigeradores de bebidas da base
de dados EPREL para o ano de 2022 em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia, para um total de 2.998 modelos. Na parte superior da
etiqueta se mostram as faixas do índice de eficiência energética (EEI) para as diferentes
classes de eficiência, sendo “A” a classe mais eficiente, e “G” a menos eficiente. Os
valores de EEI são proporcionais ao consumo de energia, assim um valor de EEI de 60%
significa que o equipamento apresenta uma redução no consumo de energia de 40%
quando comparado com o consumo padrão, representado por um EEI de 100%.

A maior concentração de modelos no mercado europeu está na classe “D”, que são
os que apresentam um EEI entre 35% e 50%. Existem poucos modelos nas classes A e
B (5% do total, somando as duas), e a maioria de modelos na classe “A” são
refrigeradores de bebidas horizontais.

Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de EEI=100%
e para 2023 serão atualizados para um EEI de 80%. Em 2022 (Figura 19) existem ao
redor de 6% de modelos de Refrigerador de Bebidas na classe “G”, que será eliminada
com os MEPS da União Europeia a partir de 2023. Quando comparado com dados de
modelos do ano 2012, o estudo de impacto da União Europeia [5], estimava que mais
de 70% dos modelos de 2012 não conseguiriam passar nos MEPS de 2023 (EEI=80),
fato que demostra a mudança significativa ocorrida no consumo de energia deste tipo

46
de equipamento, quando comparados com o consumo de energia dos modelos
comercializados atualmente na UE (Figura 19).

Figura 19 Distribuição dos modelos de refrigeradores de bebidas da base de dados EPREL em


função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022.

6.2 Expositor Frigorífico Integral e Remoto

6.2.1 Vertical para resfriados

A Figura 20 a) e b) mostra a distribuição dos modelos de expositores frigoríficos


verticais para resfriados integrais e remotos da base de dados EPREL para o ano de
2022, em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia. Além
da separação entre integrais e remotos, os expositores verticais para resfriados foram
subdivididos em 4 subtipos:

a) Integrais (33.984 modelos) b) Remotos (79.054 modelos)


- VC1: Semi-vertical (7.157 modelos Integrais e 15.857 modelos Remotos)
- VC2: Multi-prateleira (12.807 modelos Integrais e 27.918 modelos Remotos)
- VC3: Frente basculante (Roll-in) (133 modelos Integrais e 296 modelos Remotos)
- VC4: Vertical porta transparente (13.887 modelos Integrais e 34.983 modelos
Remotos)

Os expositores mais eficientes são os verticais com porta transparente, e mesmo


assim a maior concentração de modelos está nas classes “C” e “D” (os integrais também
possuem mais de 20% dos modelos na classe “B”), e a classe de eficiência “A” está
praticamente vazia. A maior concentração de modelos Semi-verticais e Multi-
pratileiras está nas classes “E” e “F”, já que muitos destes modelos são abertos.
Aparentemente, os expositores integrais têm um pouco mais de modelos nas classes de
maior eficiência, mas não tanto.

47
Cabe salientar que para passar da classe “E” (EEI mínimo de 50%) à classe “C” (EEI
máximo de 35%) o expositor precisa diminuir o seu consumo de energia em 30%, e
para passar à classe “B” (EEI máximo de 20%) precisaria uma redução de 60% no
consumo de energia.

a)

b)

Figura 20 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos verticais para resfriados: a)


Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia para o ano 2022

48
Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de
EEI=100%, e em 2023 serão atualizados para um EEI de 80%. Em 2022 (Figura 20)
aproximadamente 20% dos modelos remotos verticais abertos para resfriados (RVC1
e RVC2) ainda se encontram na classe “G”, que será eliminada com os MEPS que serão
adotados a partir de 2023 na União Europeia. Quando comparado com dados de
modelos de 2012, o estudo de impacto da União Europeia [5], estimava que
aproximadamente 80% dos modelos abertos de expositores frigoríficos verticais
remotos de 2012 não conseguiriam passar nos MEPS de 2023 (EEI=80), comprovando
que de fato já ocorreu uma mudança significativa no consumo de energia dos modelos
vendidos atualmente na UE. No caso dos modelos fechados, a maioria dos modelos de
2012 já conseguia passar os MEPS de 2023, já que somente 8% não conseguiriam, e
para os modelos de 2022, somente 1% dos modelos não passariam nos MEPS de 2023.

6.2.2 Vertical para congelados

A Figura 21 a) e b) mostra a distribuição dos modelos de expositores frigoríficos


verticais para congelados integrais e remotos da base de dados EPREL para o ano de
2022 em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia.
Observamos que a quantidade de equipamentos verticais para congelados é menor do
que a de modelos verticais resfriados:

a) Integrais (2.412 modelos) b) Remotos (5.587 modelos)


- VF1: Semi-vertical (53 modelos Integrais e 0 modelos Remotos)
- VF2: Multi-prateleira (55 modelos Integrais e 0 modelos Remotos)
- VF4: Vertical porta transparente (2.304 modelos Integrais e 5.587 modelos
Remotos)

Para os modelos do tipo remoto, só existem expositores verticais com porta


transparente (RVF4), distribuídos entre as classes “D”, “E”, “F” e “G”. Para os Integrais,
os multi-prateleiras (IVF2) estão concentrados na classe D. No caso dos verticais com
porta transparente (IVF4), estão distribuídos entre as classes “C” e “G”, e os semi-
verticais (IVF1) estão distribuídos entre as classes “B” e “E”.

Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de


EEI=100%, e para 2023 serão atualizados para um EEI de 80%. No ano 2022 (Figura
21) pode ser observar que ainda existem mais de 25% de modelos remotos verticais
para congelados na classe “G”, a qual será eliminada com os MEPS da União Europeia
de 2023. Quando comparado com dados de modelos do ano de 2012, o estudo de
impacto da União Europeia [5], estimava que mais de 80% dos modelos remotos
verticais para congelados de 2012 (sem data para os integrais) não conseguiriam
passar nos MEPS de 2023 (EEI=80). Assim, observamos que houve uma melhoria na
eficiência energética deste tipo de equipamento nos últimos anos.

49
a)

b)

Figura 21 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos verticais para resfriados: a)


Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia para o ano 2022

6.2.3 Horizontal para resfriados

A Figura 22 a) e b) mostra a distribuição dos modelos de expositores frigoríficos


horizontais para resfriados integrais e remotos da base de dados EPREL para o ano
2022 em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia. Além
da separação entre integrais e remotos, os expositores horizontais para resfriados
foram separados em 4 subtipos:

50
a) Integrais (8.781 modelos) b) Remotos (2.132 modelos)
- HC3: De parede aberto (2.874 modelos Integrais e 534 modelos Remotos)
- HC4: Ilha aberto (5.011 modelos Integrais e 1.178 modelos Remotos)
- HC5: De parede porta transparente (71 modelos Integrais e 61 modelos
Remotos)
- HC6: Ilha porta transparente (825 modelos Integrais e 359 modelos Remotos)

Neste caso existem mais modelos integrais do que remotos, e a maioria dos modelos
são do tipo aberto.

Para os integrais, os fechados são os mais eficientes, especialmente os de parede


(IHC5), e os abertos estão concentrados na classe de pior eficiência “G”, que será
eliminada com os MEPS da União Europeia a partir de 2023, e, portanto, deverão
melhorar a sua eficiência, seja instalando portas ou de outra forma.

Para os remotos, surpreendentemente, existem mais equipamentos abertos do tipo


parede nas classes de maior eficiência do que os fechados do tipo parede com porta de
vidro. Esta tendência também foi observada nos dados de expositores frigoríficos
horizontais para resfriados dos fabricantes brasileiros (Seção 4.3.2). No caso do
expositor tipo ilha com porta transparente (RHC6), mais de 50% dos modelos estão
classificados como classe “G”, a qual será eliminada com os MEPS da União Europeia a
partir de 2023.

a)

51
b)

Figura 22 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos horizontais para resfriados: a)


Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia para o ano 2022

Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de


EEI=100%, e para 2023 serão atualizados para um EEI de 80%. No ano 2022 (Figura
22) nota-se que ainda existem 35% de modelos remotos tipo parede abertos (RHC3) e
10% de modelos integrais tipo ilha fechados (RHC6) na classe “G”, que será eliminada
com os MEPS da União Europeia de 2023. Quando comparado com dados de modelos
do ano 2012, o estudo de impacto da União Europeia [5], estimava que mais de 80%
dos modelos remotos tipo parede abertos (RHC3) e 20% de modelos integrais tipo ilha
fechados (RHC6) não conseguiriam passar nos MEPS de 2023.

Segundo a norma ISO 23953-1, os equipamentos do tipo balcão de serviço


(atendimento) estão classificados como refrigeradores horizontais e estão
distribuídos em 4 subtipos. A Figura 23 a) e b) mostra a distribuição dos modelos de
expositores frigoríficos do tipo balcões de serviço resfriados integrais e remotos da
base de dados EPREL para o ano 2022 em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia:

a) Integrais (6.897 modelos) b) Remotos (11.167 modelos)


- HC1: Balcão de serviço aberto (3.542 modelos Integrais e 8.190 modelos
Remotos)
- HC2: Balcão de serviço aberto, com armazenagem integrada (263 modelos
Integrais e 4 modelos Remotos)
- HC7: Balcão de serviço fechado (2.439 modelos Integrais e 2.320 modelos
Remotos)
- HC8: Balcão de serviço fechado, com armazenagem integrada (653 modelos
Integrais e 13 modelos Remotos)

52
a)

b)

Figura 23 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos balcões de serviço (atendimento)


para resfriados: a) Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de
eficiência energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022

Existem poucos modelos de balcões de serviço remotos com armazenagem


integrada na UE. Cabe lembrar que, segundo o regulamento da etiqueta da União
Europeia [6], os balcões de serviço remotos com armazenagem integrada com mais de
100 litros por metro (m), e que normalmente são colocados na base do balcão de
serviço, ficam de fora do regulamento e não devem ser etiquetados.

A maioria dos modelos de balcões de serviço estão concentrados nas classes de


eficiência energética “E”, “F” e “G”. São observadas poucas diferenças entre as
eficiências dos balcões abertos e fechados.

53
Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de EEI=100%
e para 2023 serão atualizados para um EEI de 80%. Em 2022 (Figura 23) ainda existem
48% de modelos remotos tipo balcão de atendimento (RHC1) na classe “G”, que será
eliminada com os MEPS da União Europeia de 2023. Quando comparado com dados de
modelos do ano 2012, o estudo de impacto da União Europeia [5], estimava que 90%
dos modelos de balcões remotos abertos (RHC1) de 2012 (sem data para os integrais
nem fechado) não conseguiriam passar nos MEPS de 2023 (EEI=80).

6.2.4 Horizontal para congelados

A Figura 24 a) e b) mostra a distribuição dos modelos de expositores frigoríficos


horizontais para congelados integrais e remotos da base de dados EPREL para o ano
2022 em função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia. Além
da separação entre integrais e remotos, os expositores horizontais para resfriados
foram subdivididos em 4 subtipos:

a) Integrais (4.817 modelos) b) Remotos (4.854 modelos)


- HF3: De parede aberto (68 modelos Integrais e 112 modelos Remotos)
- HF4: Ilha aberto (854 modelos Integrais e 536 modelos Remotos)
- HF5: De parede porta transparente (1.996 modelos Integrais e 642 modelos
Remotos)
- HF6: Ilha porta transparente (1.899 modelos Integrais e 3.564 modelos
Remotos)

Neste caso, observamos que existem mais modelos fechados com porta transparente
do que abertos.

No caso dos integrais do tipo parede, ocorre o mesmo que nos horizontais remotos
para resfriados (tipo parede): os modelos abertos (IHF3) são um pouco mais eficientes
que os modelos fechados (IHF5).

Para os equipamentos remotos, os fechados são mais eficientes que os abertos. No


caso dos equipamentos do tipo ilha, abertos (RHF4), mais de 60% estão na classe de
eficiência “G”, que será eliminada com os MEPS da União Europeia a partir de 2023.

Os MEPS da União Europeia de 2021 para este tipo de refrigerador são de


EEI=100%, e para 2023 serão atualizados para um EEI de 80% (com isso eliminarão a
classe “G”). No ano 2022 (Figura 24) não conseguiriam passar os MEPS de 2023
aproximadamente 32% dos modelos RHF3, 17% dos IHF3, 64% dos RHF4, e 45% dos
IHF4. Quando comparado com dados de modelos do ano 2012, o estudo de impacto da
União Europeia [5], estimava que 100% dos modelos tipo ilha e parede abertos para
congelados (RHC3, IHF3, RHF4 e IHF4) de 2012 não conseguiriam passar nos MEPS de
2023 (EEI=80).

54
a)

b)

Figura 24 Distribuição dos modelos de expositores frigoríficos horizontais para resfriados: a)


Integral b) Remoto, da base de dados EPREL em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia para o ano 2022

Existem poucos equipamentos do tipo balcão de serviço (atendimento) para


congelados na base de dados EPREL, motivo pelo qual este tipo de equipamento não
foi incluído nos gráficos.

a) Integrais (6.897 modelos) b) Remotos (11.167 modelos)


- HF1: Balcão de serviço aberto (4 modelos Integrais e 4 modelos Remotos)
- HF7: Balcão de serviço fechado (48 modelos Integrais e 0 modelos Remotos)

55
6.2.5 Combinado para resfriados e congelados

Os expositores frigoríficos combinados são aqueles que combinam as direções de


visualização e abertura de refrigeradores verticais e horizontais. A maioria dos
subtipos não possuem muitos modelos na base de dados EPREL, assim não foram
incluídos os gráficos de distribuição de eficiência, apenas as informações de modelos
por subtipo de expositor frigorifico.

O subtipo de expositor frigorífico combinado com maior número de modelos é o que


possui a parte superior e a base fechadas com porta de vidro. A maioria dos
equipamentos estão nas classes de eficiência “E”, “F” e “G”.

a) Integrais (111 modelos) b) Remotos (1.009 modelos)


- YC1: Parte superior aberta, base aberta (1 modelos Integrais e 8 modelos
Remotos)
- YF1: Parte superior aberta, base aberta (1 modelos Integrais e 1 modelos
Remotos)
- YC2: Parte superior aberta, base fechada (1 modelos Integrais e 1 modelos
Remotos)
- YC3: Parte superior fechada, base aberta (0 modelos Integrais e 30 modelos
Remotos)
- YF3: Parte superior fechada, base aberta (5 modelos Integrais e 222 modelos
Remotos)
- YC4: Parte superior fechada, base fechada (4 modelos Integrais e 0 modelos
Remotos)
- YF4: Parte superior fechada, base fechada (100 modelos Integrais e 748 modelos
Remotos)
- YM8: Multi-temperatura, parte superior fechada, base fechada (2 modelos
Integrais e 0 modelos Remotos)

6.3 Conservador para sorvetes


A Figura 25 mostra a distribuição dos modelos de conservadores para sorvetes da
base de dados EPREL para o ano 2022 em função da classe de eficiência energética na
etiqueta da União Europeia, para um total de 1.265 modelos. Lembrando que somente
são considerados conservadores para sorvetes aqueles refrigeradores comerciais que
cumpram com a definição de Conservador para Sorvetes da ISO 22043:2020 (ver seção
4.4).

A maior concentração de modelos está na classe “D”, com um EEI entre 35% e 50%.
Existem poucos modelos nas classes “A” e “B”, e a classe “G” não possui nenhum
modelo, já que no caso dos conservadores para sorvetes, os MEPS da União Europeia
de 2021 são de EEI=80%, e para 2023 serão atualizados para um EEI de 50%,
eliminando também os modelos das classes “E” e “F”, que contêm mais de 45% dos
modelos em 2022.
56
Quando comparado com dados de modelos de2012, o estudo de impacto da União
Europeia [5], estimava que 65% dos modelos de conservador para sorvete de 2012 não
conseguiriam passar o nivel de eficiencia6 de EEI=65, enquanto no caso dos modelos
de 2022 seriam 26% os que não passariam neste nível de eficiência.

Figura 25 Distribuição dos modelos dos conservadores de sorvete da base de dados EPREL em
função da classe de eficiência energética na etiqueta da União Europeia para o ano 2022

6No caso do Conservador para Sorvetes, os MEPS planejados durante os estudos da União Europeia
eram de EEI=65%, por isso não coincidem com os MEPS finalmente implementados (EEI=50% em 2023)

57
7 Enquetes do Grupo de Trabalho

Com o objetivo de proporcionar uma ampla discussão sobre o futuro regulamento


de refrigeradores comerciais, os principais interessados na questão regulatória do
setor foram convidados a integrar o Grupo de Trabalho de Políticas (Policy Working
Group - PWG), instituído em julho de 2021, o qual teve a missão de discutir e
acompanhar as atividades do Projeto. Contando com apoio técnico da U4E e a
coordenação do MME, o PWG contou com a participação dos principais fabricantes e
empresas do setor, além de associações, laboratórios de ensaio, órgãos reguladores e
instâncias governamentais (ver Tabela 10).

Até o momento (novembro de 2022), já foram realizadas 6 reuniões/workshops


com o PWG, além de reuniões bilaterais com diferentes participantes do grupo de
trabalho e outras instâncias. Após cada uma das reuniões do PWG foi elaborada uma
minuta, posteriormente compartilhada com o grupo, assim como os slides
apresentados e relatórios de apoio.

Esta seção, apresenta os resultados de enquetes realizadas durante as


reuniões/workshops do PWG, e servem como subsídio para a tomada de decisões na
elaboração das recomendações para o regulamento de refrigeradores comerciais. As
respostas são anônimas, sendo que somente são compartilhados os resultados de
forma agregada.

Cabe salientar que durante as reuniões do PWG ocorreram diversas discussões que
também colaboraram para a tomada de decisões, mas que não foram objetos de
enquetes. Neste caso, as discussões e seus desdobramentos estão registrados nas
minutas das respectivas reuniões e nos relatórios desenvolvidos ao longo do Projeto.

Tabela 10 Participantes do Grupo de Trabalho (PWG)

Governamental Fabricantes Laboratórios Outros


Ministério de Minas e Energia Metalfrio LABELO-PUCRS ABRAVA
Ministério do Meio Ambiente Eletrofrio CEPEL ABINEE
SDIC (Ministério da Economia) Gelopar UL do Brasil GCF/U4E (ONU)
Inmetro Esmaltec CEBDS
EPE (Empresa de Pesquisa
Arneg
Energética)
Procel (Eletrobras) Refrimate
ANEEL Fricon
Ártico
Nidec Global
Appliance
Tecumseh

58
7.1 Enquetes sobre Refrigeradores de Bebidas
A Figura 26 mostra o resultado das duas enquetes realizadas sobre os refrigeradores
de bebidas, com questões sobre as normas de ensaio a serem utilizadas, e sobre as
condições ambientais para ensaio de consumo de energia. Observa-se que todos os
participantes indicaram preferir a ISO 22044:2021 como norma de ensaio para os
refrigeradores de bebidas, e a maioria (77%) indicou preferência pelas condições de
ensaio para o consumo de energia de 32,2°C e 65% de umidade relativa.

Além destas, foi colocada também a seguinte pergunta, com resposta aberta:

Consideram necessário incluir uma classe de temperatura mais baixa do


que a mínima que aparece na ISO 22044:2021? ou consideram que as
classes de temperatura da ISO são suficientes? Em caso afirmativo,
indiquem a temperatura mínima, máxima e média, segundo definido na
ISO 22044:2021 para a nova classe de temperatura.

De 11 respostas, 9 indicaram ser a favor de incluir uma nova classe de temperatura,


apenas 1 foi contra, e 1 não soube responder. Dos 9 que responderam a favor, 3
também deram sugestões de limites de temperatura, sendo que os três concordam que
os limites devem ser:

• Temperatura mínima = -6°C


• Temperatura máxima = +1°C
• Temperatura média = -2,4°C

Figura 26 Enquetes sobre refrigeradores de bebidas: norma de ensaio a ser utilizada e


condições ambientais para ensaio de consumo de energia

59
7.2 Enquetes sobre Expositores Frigoríficos
A Figura 27 mostra o resultado das enquetes realizadas sobre os expositores
frigoríficos sobre abertura de portas e condições ambientais para ensaio de consumo
de energia, com o número de participantes e suas respostas.

A questão sobre a abertura de portas se mostrou relevante devido a estudos da


União Europeia que indicaram que os expositores frigoríficos verticais com
refrigeração estática poderiam ter dificuldade em passar nos requisitos de abertura de
portas da ISO 23953-2:2015, sendo que algumas aplicações exigem que o expositor
possua refrigeração estática. Apesar desta constatação, 89% dos participantes
preferem aplicar a abertura de portas em todos os tipos de expositores, sendo que um
dos fabricantes informou que já realizam ensaios com abertura de portas em todos os
tipos de expositores, e são de opinião que deve se cumprir os requisitos da ISO 23953-
2:2015, já que no uso cotidiano ocorre a abertura de portas.

Quanto às condições ambientais, houve um empate entre as condições:

• 25°C e 60% UR
• 32,2°C e 65% UR

Porém, as condições 32,2°C e 65% UR, não são consideradas na ISO 23953-2:2015,
que será a norma de ensaios a ser utilizada para os expositores frigoríficos.

Além das perguntas que aparecem na Figura 27, também foram feitas outras três
perguntas relacionadas com os expositores frigoríficos, cujos resultados são mostrados
na Figura 28.

Duas perguntas estão relacionadas com os coeficientes compensatórios adotados


para o cálculo do consumo padrão, e a terceira é sobre o uso da área de exposição para
o cálculo do consumo padrão, o qual será usado no cálculo de eficiência energética.

Figura 27 Enquetes para expositores frigoríficos, abertura de portas e condições ambientais


para ensaio de consumo de energia

60
A pergunta sobre coeficientes compensatórios para diferentes classes de
temperatura se justificou porque a equipe do projeto observou que os valores
utilizados pela União Europeia pareciam estar superdimensionados para os
expositores frigoríficos, e subdimensionados para os refrigeradores de bebidas,
segundo os cálculos feitos pela própria equipe, razão pela qual foram apresentadas
propostas de coeficientes compensatórios para o Brasil. Observamos que 67% dos
respondentes concordam que os valores usados pela União Europeia devem ser
avaliados e ajustados, caso necessário. Esta pergunta também está relacionada com os
refrigeradores de bebidas.

Figura 28 Enquetes para expositores frigoríficos: coeficiente compensatório de classe de


temperatura, coeficiente compensatório de classe climática, e uso da área de exposição no
cálculo do consumo padrão

61
A pergunta sobre coeficientes compensatórios para diferentes classes climáticas foi
justificada porque se observou que a União Europeia não utiliza este tipo de coeficiente
compensatório para expositores frigoríficos, porém nas reuniões do PWG foi apontado
pelos participantes que para o Brasil poderia ser interessante usar este tipo de
coeficiente, devido ao clima mais quente e a necessidade de produzir equipamentos
para algumas aplicações onde o expositor estará exposto a condições mais rigorosas
do que as utilizadas para o cálculo do consumo de energia (provavelmente 25°C e 60%
UR). Os resultados mostraram que a maioria prefere não adotar coeficientes
compensatórios para os expositores frigoríficos, já que 38% acham que não devem ser
utilizados coeficientes em qualquer tipo de refrigerador comercial e 25% acham que
não deveriam ser adotados coeficientes compensatórios para os expositores
frigoríficos.

A pergunta sobre a área de exposição foi motivada porque a equipe do projeto


observou que o uso da área total de exposição (TDA) beneficiava os equipamentos
expositores que possuem laterais transparentes, fazendo com que estes aparentem ter
um índice de eficiência energética maior, comparado com modelos similares com
laterais cegas, mesmo consumindo mais energia.

A equipe do projeto apresentou alternativas para que este tipo de expositores não
seja beneficiado na etiqueta de eficiência energética (a proposta pode ser conferida no
relatório de “Recomendações para as métricas, normas de ensaio, e níveis de MEPS e
Etiquetas dos Refrigeradores Comerciais no Brasil”). Observou-se, assim, que 57% dos
participantes consideram que a área total de exposição deve ser adotada para o cálculo
de eficiência, no caso dos MEPS, e no caso da etiqueta deve ser utilizada a área de
exposição sem incluir a área das laterais.

7.3 Enquetes sobre Conservadores para Sorvetes


A Figura 29 mostra as enquetes sobre os conservadores para sorvetes, que
perguntaram sobre as normas de ensaio a ser utilizadas e sobre as condições
ambientais para ensaio de consumo de energia, com o número de participantes e suas
respostas. Observamos que 92% dos participantes indicaram a preferência pela adoção
da ISO 22043:2020 como norma de ensaio, e a maioria (71%) prefere adotar como
condições de ensaio para o consumo de energia a temperatura de 30°C e a umidade
relativa de 55%, condição indicada também na ISO 22043:2020.

62
Figura 29 Enquetes para refrigeradores de bebidas, norma de ensaio a ser utilizada, e condições
ambientais para ensaio de consumo de energia

7.4 Enquetes sobre Refrigeradores de Armazenamento


A seguir são apresentadas as perguntas colocadas sobre os refrigeradores de
armazenamento, especificamente sobre como devem ser regulados os
congeladores/conservadores comerciais horizontais com porta cega.

Observamos que 85% dos participantes opinaram que este tipo de equipamento
deve ser regulado no mesmo regulamento de refrigeradores comerciais.

• Como deveriam ser regulamentados os Congeladores/Conservadores Horizontais


com Porta Cega que são declarados pelos fabricantes como comerciais?

a) Deveriam ser incluídos na regulamentação de refrigeradores comerciais com


os expositores frigoríficos, refrigeradores para bebidas, e congeladores para
sorvetes (85%)

b) Mesmo sendo declarados como comerciais, deveriam ser incluídos na


regulamentação de Refrigeradores e Assemelhados (residenciais) como é feito
na União Europeia (15%)

c) Deveriam ser incluídos na regulamentação de Refrigeradores de cozinhas


industriais (0%)

d) Outros (explicar) (0%)

63
7.5 Outras Enquetes
A Figura 30 mostra os resultados de uma enquete com resposta múltipla, utilizada
para identificar o tipo de refrigeradores fabricados por cada participantes e sobre o
tipo de laboratório estes fabricantes possuem. Responderam a enquete 2 fabricantes
de compressores, 2 laboratórios, e 6 fabricantes de refrigeradores comerciais.

Dos 6 fabricantes de refrigeradores comerciais, dois informaram que também


fabricam refrigeradores domésticos. Entre os 10 respondentes, 6 possuem
laboratórios que cumprem com os requisitos das normas de ensaio para refrigeradores
comerciais e 6 possuem laboratórios que cumprem com os requisitos das normas de
ensaio para refrigeradores residenciais.

Figura 30 Tipo de refrigerador fabricado e tipo de laboratório

64
Referências

[1] PROCEL (2021), Mapeamento do Mercado de Refrigeradores Comerciais; Produto 1,


2, 3 e 4. http://www.procelinfo.com.br/main.asp

[2] Eduardo de Almeida (2018), Apresentação: Refrigeração Comercial “Quem somos e


para onde vamos”.

[3] EPE (2015), Projeto de Assistência Técnica dos Setores de Energia e Mineral – Projeto
META. https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/projeto-de-
assistencia-tecnica-dos-setores-de-energia-e-mineral-projeto-meta

[4] Plano Decenal de Expansão de Energia: PDE 2031 (2022).


https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/plano-decenal-
de-expansao-de-energia-2031

[5] EU (2019), Impact Assessment for the Review Study Ecodesign & Energy Labelling
on Commercial Refrigeration

[6] REGULATION (EU) 2019/2018, supplementing Regulation (EU) 2017/1369 of the


European Parliament and of the Council with regard to energy labelling of refrigerating
appliances with a direct sales function. https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/EN/TXT/?uri=CELEX%3A32019R2018

[7] James D. Lutz, et. al. (2011), Using National Survey Data to Estimate Lifetimes of
Residential Appliances. Lawrence Berkeley National Laboratory

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