RDC 636 2022
RDC 636 2022
CAPÍTULO IV
ADOÇÃO DA LIBERAÇÃO PARAMÉTRICA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 17. A segurança para a adoção da liberação paramétrica como parte
do sistema de qualidade depende do cumprimento integral das Boas Práticas de
Fabricação conforme disposto na Resolução da Diretoria Colegiada-RDC nº 301, de 21
de agosto de 2019, ou outra que vier a lhe suceder.
Art. 18. O histórico de desvios e os resultados insatisfatórios de testes de
esterilidade em outros produtos que utilizam sistema de garantia de esterilidade igual
ou similar devem ser considerados.
Art. 19. Se algum fato implicar na redução da confiabilidade da liberação
paramétrica para um determinado produto, seja ele resultante de inspeção sanitária,
recebimento de reclamação ou desvio de qualidade comprovado, será instaurado
processo administrativo para apurar a irregularidade, podendo ensejar o
cancelamento da concessão da adoção da liberação paramétrica, sem prejuízo das
demais medidas administrativas cabíveis.
Art. 20. A concessão para adoção da liberação paramétrica será
considerada cancelada, se houver alterações ou inclusões, mesmo as que não são
passíveis de peticionamento junto à Anvisa, que possam impactar na composição, no
processo produtivo ou no sistema de garantia da esterilidade.
§ 1º Nos casos descritos no caput deste artigo, a empresa deverá informar
imediatamente às áreas competentes.
§ 2º Somente será deferido novo pedido para adoção da liberação
paramétrica após comprovação do cumprimento integral desta Resolução.
Seção II
Sistema de Garantia da Esterilidade e das Condições para a Liberação Paramétrica
Art. 21. A empresa deve manter disponível documento contendo
descrição clara do sistema de garantia da esterilidade.
Parágrafo único. O documento de que trata o caput deste artigo deve
conter, no mínimo:
I - análise de risco de todas as etapas do processo produtivo, incluindo as
potenciais falhas de equipamentos, de procedimentos e humanas;
II - descrição das características do processo produtivo, dos procedimentos
e dos treinamentos que mitigam os riscos a níveis aceitáveis; e
Art. 41. A disposição das cargas nos estudos de validação deve ser
precisamente definida e refletir as cargas processadas na rotina.
Art. 42. Os estudos de validação devem demonstrar que a distribuição do
agente de esterilização é homogênea ou segue um padrão esperado dentro da câmara,
e que o agente de esterilização atinge todas as partes do produto.
Art. 43. Para a manutenção do estado de validação dos processos de
esterilização, os seguintes aspectos devem ser considerados:
I - o equipamento de esterilização deve ser mantido dentro das mesmas
condições de operação (mecânica, elétrica e de software) utilizadas durante a
validação;
II - as mudanças introduzidas estão de acordo com o sistema de controle
de mudanças;
III - o controle de mudanças deve ser aprovado pelo engenheiro do
sistema de garantia da esterilidade e pelo profissional de nível superior com pós-
graduação em microbiologia ou alternativamente pelo Comitê de Liberação
Paramétrica;
IV - as manutenções não programadas devem seguir o mesmo padrão de
revisão e aprovação das manutenções programadas;
V - programas de manutenção preventiva devem ser documentados e
realizados nas datas programadas;
VI - diariamente e antes do início dos processos de esterilização, deve-se
confirmar que os testes de verificação iniciais do equipamento de esterilização e das
utilidades foram realizados com sucesso;
VII - durante as operações, as utilidades tais como água, gases, ar
comprimido e vapor, devem permanecer de acordo com as condições previamente
validadas;
VIII - os dispositivos de medição críticos tais como os de temperatura e de
doses de radiação, devem ser suficientes para confirmar que o ciclo validado é o
mesmo aplicado na rotina, e devem ser independentes dos dispositivos de medição de
controle do equipamento;
IX - durante as operações, os sensores utilizados devem ser suficientes
para mapear a câmara ou o produto e devem estar devidamente calibrados e nas
posições definidas durante os estudos de validação; e
X - os padrões utilizados na calibração dos instrumentos de medida devem
ter precisão definida e ser rastreáveis a padrões oficiais.
Seção VII
Liberação pelo Processo de Garantia da Esterilidade
Art. 50. O sistema de identificação das cargas de esterilização como, por
exemplo, indicadores químicos de exposição ao calor, deve fornecer evidências
documentais de que cada transportador de produto, tais como carrinhos e bandejas,
tenha sido submetido ao processo de esterilização.
Art. 51. Devem existir evidências documentadas de que os indicadores de
esterilização utilizados asseguram que o ciclo de esterilização foi completado.
Parágrafo único. Devem ser utilizados indicadores que demonstram que os
parâmetros críticos de processo estão em conformidade com os utilizados na validação
para cada carga e ciclo de esterilização.
Art. 52. Deve ser confirmado que o ciclo de esterilização utilizado para
liberar o produto foi iniciado dentro das restrições de tempo necessárias para controle
da carga microbiana.
Art. 53. Os registros do ciclo de esterilização devem cumprir as
especificações e serem avaliados pelos responsáveis da produção e do sistema de
garantia da esterilidade.
Art. 54. Os produtos somente devem ser liberados se os parâmetros do
ciclo de esterilização estiverem dentro dos critérios de aceitação definidos durante a
validação e de acordo com procedimentos previamente estabelecidos.
Art. 55. Os sistemas informatizados utilizados na liberação de produtos
devem ser previamente validados.
Art. 56. Para a liberação de cada lote de produto, a empresa deve verificar
e atender, no mínimo, aos seguintes itens:
I - CBPF vigente e específico para a adoção de liberação paramétrica;
II - condições da integridade do sistema de barreira estéril do produto e
sua conformidade com as especificações;
III - atendimento a todos os critérios de aceitação para a carga microbiana
do produto pré-esterilização;
IV - os indicadores microbiológicos, quando utilizados, devem indicar que
o processo de esterilização foi efetivo;
V - testes de integridade de filtros satisfatórios, se aplicável;
VI - verificação da realização das manutenções preventivas do
equipamento de esterilização;