01CSTurismo 2023
01CSTurismo 2023
Em 2023, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT) e o Consumo do Turismo no Território
Económico (CTTE) registaram, respetivamente, aumentos nominais de 16,0% e 15,5%, revelando um
dinamismo superior ao da economia nacional (o VAB e o PIB nacionais cresceram 10,1% e 9,6%,
respetivamente). Estes crescimentos consolidaram a recuperação do turismo no período pós-pandemia, após
se terem observado aumentos muito intensos do VABGT e do CTTE em 2022 (69,6% e 78,1%, respetivamente).
O VABGT representou 9,1% do VAB nacional em 2023 (8,6% em 2022) e o CTTE foi equivalente a 16,5% do PIB
(15,6% em 2022), reforçando assim o seu peso relativo no total da economia e atingindo máximos históricos.
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output aos principais resultados da Conta Satélite
do Turismo, estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 33,8 mil
milhões de euros para o PIB em 2023, o que corresponde a 12,7% (12,1% em 2022 e 7,8% em 2021). Estes
resultados refletem um contributo de 1,1 pontos percentuais (p.p.) para o crescimento real do PIB em 2023
(2,3%).
O Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta a estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo (CST)
para 2023, para quatro agregados principais: o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) e, com
recurso ao sistema de matrizes Input-Output, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT), o VAB
total do turismo e o PIB1 total do turismo.
Divulgam-se igualmente resultados provisórios da CST para 2022 (para os quatro agregados principais), bem
como os resultados definitivos para 2021.
No portal do INE, na área de divulgação das Contas Nacionais (secção das Contas Satélite), são disponibilizados
quadros adicionais com informação mais detalhada.
Juntamente com este destaque é ainda divulgada uma infografia que ilustra os principais resultados.
Note-se que o sistema de matrizes Input-Output foi utilizado nesta edição, excecionalmente, para estimar o
valor final do VABGT de 2021, em que não foram compilados os habituais quadros detalhados da Conta de
produção e da Oferta interna (ver “Nota metodológica” no final do destaque).
1 De acordo com a metodologia das Contas Nacionais (SEC2010), o PIB corresponde à soma do VAB acrescido dos impostos líquidos de subsídios sobre os produtos
1/20
1. Em 2023, o VAB (direto) gerado pelo turismo aumentou 16,0%, correspondendo a 9,1% do VAB nacional
O VABGT totalizou 21 051 milhões de euros em 2023 e representou 9,1% do VAB nacional (8,6% em 2022),
voltando a registar um novo peso relativo máximo desde 2000, ano mais recuado para o qual se dispõe de
informação da CST.
O CTTE cifrou-se em 43 683 milhões de euros e aumentou o peso relativo no PIB para 16,5%, ultrapassando
igualmente os registos verificados em anos anteriores (15,6% em 2022).
Principais indicadores 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022Po 2023Pe
O VABGT e o CTTE registaram, respetivamente, aumentos nominais de 16,0% e 15,5% em 2023 face a 2022. O
VABGT e o CTTE aumentaram de forma mais acentuada que o VAB (10,1%) e o PIB nacionais (9,6%) evidenciando
um maior dinamismo do setor do turismo do que o observado para o total da economia em 2023.
2/20
1.1 Em 2023, o consumo turístico teve um contributo total de 12,7% para o PIB
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output2 aos principais resultados da CST, é possível
determinar o impacto direto e indireto da atividade turística na economia nacional.
Este sistema, respeitando um equilíbrio geral entre procura e oferta agregadas, representa as interconexões
entre os ramos da atividade económica e permite apurar, mediante certas condições e hipóteses 3, o efeito da
propagação das variações da procura turística aos diversos ramos de atividade.
Estima-se que, em 2023, o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 12,7% (33,8
mil milhões de euros) para o PIB e de 12,4% (28,7 mil milhões de euros) para o VAB da economia nacional. Neste
ano, o PIB do Turismo aumentou 15,2% em termos nominais face a 2022 e 33,1% face ao período pré-pandemia
(2019). Contudo, é importante notar que há um forte efeito preço neste período, pelo que, em volume, o PIB
do Turismo deverá ter-se situado 13,5% acima dos valores de 2019.
Em termos reais, o PIB aumentou 2,3% em 2023, prolongando o ciclo de crescimento iniciado dois anos antes
(5,7% em 2021 e 6,8% em 2022). O turismo foi determinante para esta expansão, contribuindo com quase
metade (1,1 p.p.) para o crescimento real do PIB em 2023 (2,3%).
2Aos resultados definitivos da CST para 2020 foram aplicadas as Matrizes Input-Output de 2020. Aos resultados definitivos, provisórios e preliminares da CST
de 2021, 2022 e 2023, respetivamente, foram aplicadas as Matrizes Input-Output de 2017, por se considerar que as matrizes desse ano são mais adequadas
para retratar a estrutura da economia portuguesa no período pós-pandemia caracterizado por uma rápida recuperação da atividade turística.
3Entre essas hipóteses salientam-se: coeficientes técnicos constantes; inexistência de economias de escala; ausência de variação de preços relativos e de
efeitos de substituição; capacidade produtiva ilimitada; produtos homogéneos; e ausência de restrições financeiras.
3/20
2. Evolução do turismo 2016 – 2023
Os principais agregados da CST, o CTTE e o VABGT, bem como os respetivos pesos no PIB e no VAB nacionais,
refletiram a forte dinâmica do turismo nos períodos pré-pandemia, 2016 – 2019, e pós-pandemia 2022 – 2023.
Entre 2016 e 2019, o CTTE cresceu 40,0% e o seu peso no PIB aumentou 2,7 p.p.; o VABGT cresceu 35,7% e o
seu peso no VAB nacional aumentou 1,2 p.p. Esta dinâmica foi interrompida em 2020 pela pandemia, altura em
que se registaram acentuados decréscimos nestas variáveis, mas que apresentam uma rápida e acentuada
recuperação. Com efeito, o CTTE e o VABGT registaram já em 2022 valores superiores aos de anos anteriores,
que foram novamente superados em 2023, correspondendo a máximos históricos.
4/20
O VAB total gerado pelo turismo acompanhou a trajetória do VABGT entre 2016 e 2023. Efetivamente, a
pandemia determinou uma interrupção na trajetória de crescimento destes agregados, mas desde 2022 que se
assiste a uma recuperação, a um ritmo mais intenso do que no período anterior à pandemia COVID-19,
verificando-se máximos históricos nos últimos dois anos. Assim, e apesar dos dois anos de crise no setor
motivados pela pandemia, entre 2016 e 2023 o VAB total gerado pelo turismo aumentou o seu peso no VAB em
2,9 p.p..
Figura 2. Evolução do peso (%) do VABGT (direto), do VAB total do turismo e do PIB total do turismo na economia
nacional (2016 – 2023)
O peso do turismo no PIB também tem vindo a aumentar, verificando-se, desde 2022, um contributo direto e
indireto para o PIB superior ao que se verificou em 2019, retomando-se a trajetória de crescimento que se
registava no período pré-pandemia, e a um ritmo mais intenso. À semelhança do verificado com o VAB, também
o peso do turismo no PIB nacional subiu no período 2016-2023 (+3,0 p.p.), apesar dos resultados menos
favoráveis em 2020 e 2021, o que enfatiza o significativo crescimento no período pós-pandemia.
No período entre 2020 e 2023, o contributo do turismo para a evolução real do PIB da economia foi significativo.
Em 2020, primeiro ano de pandemia, o turismo foi responsável por cerca de dois terços do decréscimo do PIB
nacional (-5,5 p.p. em -8,3%). Em 2022, já em contexto de recuperação, voltou a registar uma significativa
importância relativa (4,2 p.p. em 6,8%), bem como em 2023, ano em que o turismo foi responsável por cerca
de metade do crescimento real do PIB (1,1 p.p. em 2,3%).
5/20
Figura 3. PIB da economia nacional e contributo do PIB do turismo no PIB nacional (2020 – 2023)
Entre 2016 e 2023, o VABGT, registou um maior dinamismo do que a economia nacional. Com exceção dos anos
atípicos da pandemia e respetiva recuperação (2020 a 2022), foi em 2017 que se tinha verificado a maior
distância (12,6 p.p.) entre o crescimento do VAB nacional (4,7%) e do VABGT (17,3%), seguido de 2023 com 5,9
p.p. (com o VAB nacional e o VABGT a registarem taxas de variação de 10,1% e 16,0%, respetivamente).
6/20
Figura 4. Taxas de variação nominal do VAB nacional e do VABGT (2017 – 2023)
Entre 2016 e 2023, as exportações de turismo aumentaram 96,2% e as importações 77,5%. Esta variação refletiu
um forte ritmo de crescimento do turismo, apesar dos decréscimos muito acentuados em 2020 (-57,8%
e -47,1%, para as exportações e importações de turismo, respetivamente), ano em que mais se fizeram sentir
os efeitos da pandemia.
Excluindo da análise os anos de 2020 e 2021, verifica-se que o ritmo de crescimento nos últimos dois anos tem
sido mais intenso que o registado até 2019, principalmente nas exportações. Assim, entre 2016 e 2019, a taxa
de variação média de crescimento das exportações foi 12,2%, subindo para 17,3% em termos médios, no
período pós-pandemia (2022-2023).
7/20
Figura 5. Viagens e Turismo (crédito e débito) - Balança de Pagamentos (BdP) (2016 – 2023)
8/20
Figura 6. Dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal (Residentes, Não residentes) (2016 – 2023)
Portugal manteve o segundo peso relativo mais elevado da procura turística (CTTE) no PIB, em 2022 (15,6%)
Em 2022, e à semelhança do verificado no ano anterior, de entre os países europeus para os quais há informação
disponível (dados provisórios ou preliminares), Portugal foi o segundo país que registou maior importância
relativa da procura turística no PIB (15,6%), tendo sido apenas superado pela Islândia (17,4%). Todos os países
em análise aumentaram o peso do CTTE no PIB, traduzindo a recuperação do setor do turismo no período pós-
pandemia.
9/20
Figura 7. Peso (%) do CTTE no PIB em alguns países europeus (2021 e 2022)
% 0 4 8 12 16 20
Islândia 11,3
17,4
Portugal 9,8
15,6
Espanha 8,8
12,5
Países Baixos 6,7
9,6
Áustria 4,0
6,9
Finlândia 4,6
5,0
Hungria 3,3
4,6
Chéquia 2,5
4,1
2021 2022
Fontes: INE (Conta Satélite do Turismo); Statistics Iceland; Instituto Nacional de Estadistica (España); Statistics Austria; Statistics Netherlands; Statistics Finland;
Hungarian Central Statistical Office e Czech Statistical Office
Com exceção da Áustria, que iniciou a recuperação da sua procura turística apenas em 2022, este grupo de
países europeus não só prosseguiu a trajetória de recuperação da procura turística iniciada em 2021 como a
intensificou, verificando-se taxas de variação do CTTE superiores em 2022, quando comparado com o ano
anterior.
A taxa de variação mais alta verificou-se na Áustria (90,2%) e a mais baixa na Finlândia (17,4%).
Em Portugal, a procura turística aumentou 78,1% em 2022, depois de ter aumentado 26,1%, em 2021
(decréscimo de 48,8% em 2020).
Figura 8. Taxa de variação (%) do CTTE em alguns países europeus (2020/2021 e 2021/2022)
% 90,2 84,3 82,3
90 78,1
69,4
61,6 56,0
70
50 65,8
54,7 17,4
30
10 26,1 29,8 12,7
-10 13,7 11,3
-30 -23,8
Áustria Chéquia Islândia Portugal Hungria Países Baixos Espanha Finlândia
Fontes: INE (Conta Satélite do Turismo); Statistics Iceland; Instituto Nacional de Estadistica (España); Statistics Austria; Statistics Netherlands; Statistics Finland;
Hungarian Central Statistical Office e Czech Statistical Office
10/20
4. Resultados definitivos de 2021: último ano com resultados finais na base 2016 das Contas Nacionais
4.1 Despesa do turismo recetor e interno com taxas de variação aproximadas: 28,2% e 29,4%, respetivamente
A despesa do turismo recetor apresentou, em 2021, uma taxa de variação positiva de 28,2%, mais próxima, mas
ainda inferior à do turismo interno, com 29,4%. Estas variações positivas sucedem-se a decréscimos
significativos ocorridos em 2020: -59,4% no turismo recetor e -34,7% no turismo interno. A despesa de outras
componentes do consumo do turismo aumentou 2,5% em 2021 (1,7% em 2020).
Figura 9. Taxa de variação (%) da despesa do turismo recetor, da despesa do turismo interno e das outras componentes
do consumo turístico (2017–2021)
Em 2021, a despesa do turismo recetor contribuiu com 51,9% para o total do CTTE e a despesa do turismo
interno com 40,0%, valores idênticos aos de 2020 (51,0% e 39,0%, respetivamente) em resultado de uma
evolução semelhante de cada uma daquelas componentes, entre os dois anos: 29,4%, na despesa do turismo
interno e 28,2% na despesa do turismo recetor.
Note-se que, em 2021, em consequência da recuperação apenas parcial da atividade turística, ainda não se
tinha atingido a composição do CTTE do período pré-pandemia onde, em média entre 2016 e 2019, o peso da
despesa do turismo recetor foi 64,6% e o da despesa do turismo interno foi 29,9%. No entanto, em toda a série
2016 a 2021, a despesa do turismo recetor manteve-se como a mais preponderante face à despesa do turismo
interno e às outras componentes.
11/20
Figura 10. Peso (%) da despesa do turismo recetor, da despesa do turismo interno e das outras componentes no
consumo turístico (2016–2021)
%
100 5,2 5,1
6,4 5,5 10,0 8,2
50
0
2016 2017 2018 2019 2020 2021
A despesa do turismo recetor representou 12,3% do total das exportações de bens e serviços, em 2021, mais
0,7 p.p. do que em 2020, ano em que foi atingido o mínimo da série iniciada em 2016 (11,6%).
Figura 11. Evolução da despesa do turismo recetor e do total das exportações de bens e serviços (2016 – 2021)
12/20
O maior dinamismo do turismo recetor, que registou um aumento nominal de 28,2% em 2021, quando comparado
com o das exportações de bens e serviços no mesmo ano (20,4%), resultou num aumento de 6,5% do peso do
turismo recetor no total das exportações de bens e serviços.
Figura 12. Taxa de variação (%) da despesa do turismo recetor, das exportações de bens e serviços e do peso do turismo
recetor nas exportações de bens e serviços (2017–2021)
A despesa do turismo emissor registou igualmente uma recuperação, com um aumento de 31,2%, ligeiramente
acima do da despesa do turismo recetor (28,2%), traduzindo-se num crescimento de 26,6% do saldo dos fluxos
turísticos. Em 2021, este saldo fixou-se em 7 090 milhões de euros, que foi apenas cerca de metade (46,7%) do
registado em 2019 (15 196 milhões de euros).
Figura 13. Despesa do turismo recetor, despesa do turismo emissor e saldo dos fluxos turísticos (2019 –2021)
13/20
4.2. Em 2021, o emprego e as remunerações das atividades caraterísticas do turismo cresceram 0,1% e 5,3%
respetivamente, mas com ritmos inferiores aos do total da economia (2,4% e 7,2%, pela mesma ordem)
O emprego nas atividades caraterísticas do turismo cresceu apenas marginalmente em 2021 (variação 0,1%),
enquanto a economia nacional registou um aumento mais expressivo de 2,4%. Este diferente comportamento
resultou num ligeiro decréscimo (-0,2 p.p.) do peso do emprego medido em equivalentes a tempo completo
(ETC) das atividades caraterísticas do turismo no total do emprego nacional. Os 426 230 ETC daquelas atividades
passaram a representar 8,9% do total, em 2021.
Figura 14. Taxa de variação (%) do total do emprego (ETC) da economia nacional e do emprego total, remunerado e
não remunerado das atividades caraterísticas do turismo (2017–2021)
14/20
A quase estagnação do emprego das atividades caraterísticas do turismo em 2021 (0,1%) resulta, no entanto,
de um dinamismo distinto das respetivas componentes de emprego remunerado e não remunerado daquelas
atividades. Enquanto o emprego não remunerado aumentou 11,2% face a 2020, o emprego remunerado
decresceu 1,9%. A recuperação mais acelerada do emprego não remunerado surgiu após diminuir de forma
mais acentuada em 2020 (-15,3%) do que o emprego remunerado (-6,7%), refletindo os impactos fortemente
negativos da pandemia sobre a atividade turística.
Os serviços culturais e desporto, recreação e lazer, a par dos outros transportes (rodoviários, ferroviários e
marítimos), foram as atividades caraterísticas do turismo que, em 2021, evidenciaram um crescimento do
emprego (ETC). Todas as outras atividades registaram decréscimos, com maior impacto nos transportes aéreos
(-11,0%) e nas agências de viagens (-9,8%).
As remunerações das atividades caraterísticas do turismo registaram uma recuperação mais pronunciada (5,3%)
do que o total dos ETC daquelas atividades (0,1%). Os transportes aéreos e as agências de viagens foram as
atividades que, em 2021, ainda evidenciaram uma dinâmica de redução, -11,7% e -3,6%, respetivamente.
Figura 15. Taxa de variação (%) do emprego total (ETC) e das remunerações das atividades caraterísticas do turismo
(2020/2021)
%
Figura 9. Taxa de variação (%) do emprego total (ETC) e das remunerações das atividades caraterísticas do turismo
15
(2019/2020)
9,0 7,4 8,1
5,3
4,6 3,9
5 8,8
1,6 0,1
-0,2 -3,6
-5 -1,3
-11,0
-7,8 -11,7
-9,8
-15
Serviços culturais Outros Total das Restaurantes e Hotéis e similares Aluguer de Agências de Transportes
e Desporto, transportes atividades similares equipamento… viagens… aéreos
recreação e lazer caraterísticas
15/20
A remuneração média por trabalhador nas atividades caraterísticas do turismo foi inferior à média nacional,
tendo-se verificado, no entanto, uma ligeira redução nessa diferença face ao ano anterior: -10,8% em 2021, que
compara com -12,8% em 2020 (e -3,9% em 2019).
Registaram-se, no entanto, diferenças relevantes por atividade em 2021, com remunerações médias superiores
à média da economia nacional (7,2%) nos transportes aéreos (116,2%), no desporto, recreação e lazer (42,7%)
e no aluguer de equipamento de transporte (7,4%).
As restantes atividades agravaram o distanciamento da remuneração média por trabalhador face à da economia
nacional, destacando-se os restaurantes e similares (-27,3%) e os hotéis e similares (-14,2%). Esta é uma
realidade que já se verificava em 2020 e também no período pré-pandemia.
Figura 16. Índice de remuneração por trabalhador nas atividades caraterísticas do turismo (2020–2021)
Economia nacional = 100
16/20
NOTA METODOLÓGICA
A Conta Satélite do Turismo (CST) tem como principais documentos metodológicos de referência o manual European
Implementation on Tourism Satellite Accounts do Eurostat e o documento Tourism Satellite Account: Recommended
Methodological Framework 2008 das Nações Unidas, OCDE, Eurostat e UNTourism.
Por outro lado, e uma vez que a CST é um projeto coerente com o Sistema de Contas Nacionais, o recurso aos
conceitos e nomenclaturas deste último afigura-se imprescindível, sendo observadas as suas referências
metodológicas, nomeadamente o Sistema de Contas Nacionais das Nações Unidas (SCN2008) e o Sistema Europeu
de Contas (SEC2010).
As Recomendações das Estatísticas do Turismo, das Nações Unidas, constituem a principal referência conceptual do
Turismo Internacional, assegurando a coerência da CST com o Subsistema de Informação Estatística do Turismo, a
nível de conceitos e definições, assim como com outros subsistemas, como a Balança de Pagamentos. São ainda
referência as publicações Measuring the role of tourism in OECD economies. The OECD manual on tourism satellite
accounts and employment da OCDE e Designing the Tourism Satellite Account (TSA) e Methodological Framework
UNTourism.
Consumo do Turismo no Território Económico (Procura turística) e VAB gerado pelo turismo
- A despesa do turismo recetor, que corresponde ao consumo efetuado por visitantes não residentes em Portugal;
- A despesa do turismo interno, que corresponde ao consumo dos visitantes residentes que viajam no país de
referência, em lugares distintos do seu ambiente habitual, assim como à componente de consumo interno efetuada
pelos visitantes residentes no país aquando de uma viagem turística no exterior do país (componente de consumo
interno do turismo emissor);
- As outras componentes do consumo turístico, que compreendem os serviços de habitação das habitações
secundárias por conta própria, os serviços de intermediação financeira imputados e as componentes do consumo
turístico que não são passíveis de desagregação por tipo de turismo e de visitante. Nas outras componentes,
incluem-se ainda os produtos cuja despesa é das administrações públicas, mas cujo consumo é de natureza individual.
O Valor Acrescentado Bruto Gerado pelo Turismo (VABGT) corresponde à parcela do VAB que é gerada na produção
de bens e serviços consumidos pelos visitantes em Portugal, sejam residentes no país ou não. Este valor pode ser
considerado como a contribuição da atividade turística para o VAB da economia.
A despesa do turismo emissor corresponde ao consumo efetuado pelos visitantes residentes portugueses no
estrangeiro. Esta despesa não faz parte do conceito CTTE.
CONTA SATÉLITE DO TURISMO – 2023 – Base 2016
17/20
Estimativas para 2022 e 2023 e a estimativa VABGT para 2021
As estimativas para 2022 e 2023 contemplam quatro agregados principais: CTTE e, recorrendo ao sistema de matrizes
Input-Output, o VABGT, o VAB total e o PIB do turismo.
Note-se que o mesmo sistema foi utilizado nesta edição, excecionalmente, para estimar o valor final do VABGT de
2021, em que não foram compilados os habituais quadros detalhados da Conta de produção e da Oferta interna. É
importante ainda referir que 2021 é o último ano com dados finais na base 2016 das Contas Nacionais Portuguesas.
Com efeito, em setembro de 2024 serão publicados novos dados das Contas Nacionais Portuguesas, tendo 2021 como
ano de base, apresentando-se dados finais para 2022 e revendo a informação para toda a série disponível.
As componentes do CTTE de 2022 e 2023 foram estimadas a partir da projeção dos valores da CST de 2021 e 2022,
respetivamente, com base nas fontes de informação disponíveis, mais adequadas a cada componente da CST:
- Despesa do turismo recetor – Balança de Pagamentos (rubricas de crédito de Viagens e Turismo e Transporte de
passageiros4).
- Despesa do turismo interno – Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros alojamentos (IPHH),
Inquérito à Deslocação de Residentes (IDR) e Índice de Preços no Consumidor (IPC). Estas fontes foram combinadas
de acordo com a natureza dos agregados da CST, ou seja, o motivo da viagem (pessoal ou profissional) e o destino
principal da viagem (Portugal ou estrangeiro). Utilizaram-se também as estatísticas da Associação Nacional dos
Locadores de Veículos (ARAC).
Para 2022, utilizou-se ainda a Informação Empresarial Simplificada (IES) e as versões provisórias das Contas Nacionais
Portuguesas (CNP), em particular as estimativas por ramos de atividade.
- Rendas das habitações próprias sazonais - Contas Nacionais, Índice de Preços da Habitação e IPC.
- Restantes componentes - CNP, em particular as estimativas por setores institucionais, Conta Geral do
Estado, Contas das Administrações Públicas e os próprios agregados da CST, entretanto calculados, dada a
natureza mais indireta destas componentes relativamente ao turismo.
Revisões
As revisões da CST decorreram essencialmente das revisões das principais fontes de informação que, entretanto,
disponibilizaram dados revistos atualizados, designadamente a Balança de Pagamentos, as Contas Nacionais, a IES,
fontes de informação fiscal e estatísticas mais diretamente relacionadas com o turismo, nomeadamente a rubrica das
Viagens e Turismo da Balança de Pagamentos, o IPHH e o IDR.
18/20
Quadro 2. Revisões da CST (2021 e 2022)
2021 VAB total (milhões de euros) 14 422 14 228 14 352 - 194 124
VAB total (Peso % no VAB nacional) 7,9 7,7 7,7 -0,2 0,0
PIB total (Peso % no PIB nacional) 8,0 7,8 7,8 -0,2 0,0
SINAIS CONVENCIONAIS
19/20
SIGLAS E ABREVIATURAS
20/20