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Vade Mecum PMCE

O documento aborda a aplicação da lei penal militar, incluindo definições sobre crimes militares em tempo de paz e guerra, territorialidade, e a retroatividade de leis mais benéficas. Também menciona a equiparação de militares da reserva a ativos e as responsabilidades de servidores da Justiça Militar. Além disso, discute a relação de causalidade no contexto dos crimes militares.

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Vade Mecum PMCE

O documento aborda a aplicação da lei penal militar, incluindo definições sobre crimes militares em tempo de paz e guerra, territorialidade, e a retroatividade de leis mais benéficas. Também menciona a equiparação de militares da reserva a ativos e as responsabilidades de servidores da Justiça Militar. Além disso, discute a relação de causalidade no contexto dos crimes militares.

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Francisco Christian

christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08
Francisco Christian
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Tempo do crime
Art. 5º Considera-se praticado o crime no
momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o do resultado.
Lugar do crime
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lu-
gar em que se desenvolveu a atividade criminosa,
LIVRO ÚNICO no todo ou em parte, e ainda que sob forma de
participação, bem como onde se produziu ou de-
TÍTULO I veria produzir-se o resultado. Nos crimes omissi-
DA APLICAÇÃO vos, o fato considera-se praticado no lugar em que
deveria realizar-se a ação omitida.
DA LEI PENAL MILITAR
Territorialidade, Extraterritorialidade
Princípio de legalidade Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem pre-
juízo de convenções, tratados e regras de direito
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o
internacional, ao crime cometido, no todo ou em
defina, nem pena sem prévia cominação legal.
parte no território nacional, ou fora dele, ainda
Lei supressiva de incriminação que, neste caso, o agente esteja sendo processa-
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato do ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira.
Francisco Christian
que lei posterior deixa de considerar crime, ces- Território nacional por extensão
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sando em virtude dela a execução e os efeitos § 1° Para os efeitos da lei penal militar consi-
penais da sentença condenatória. (Redação 077.967.703-08
dada deram-se como extensão do território nacional as
pela Lei nº 14.688, de 2023) aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que
Retroatividade de lei mais benigna se encontrem, sob comando militar ou militarmen-
te utilizados ou ocupados por ordem legal de auto-
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro
ridade competente, ainda que de propriedade pri-
modo, favorece o agente, aplica-se retroativamen-
vada.
te, ainda quando já tenha sobrevindo sentença
condenatória irrecorrível. Ampliação a aeronaves ou navios estran-
geiros
Apuração da maior benignidade
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorá-
crime praticado a bordo de aeronaves ou navios
vel, a lei posterior e a anterior devem ser conside-
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à admi-
radas separadamente, cada qual no conjunto de
nistração militar, e o crime atente contra as insti-
suas normas aplicáveis ao fato.
tuições militares.
Medidas de segurança
Conceito de navio
Art. 3º As medidas de segurança regem-se § 3º Para efeito da aplicação deste Código,
pela lei vigente ao tempo da sentença, prevale- considera-se navio toda embarcação sob coman-
cendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao do militar.’
tempo da execução.
Pena cumprida no estrangeiro
Lei excepcional ou temporária
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro ate-
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, em- nua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
bora decorrido o período de sua duração ou ces- quando diversas, ou nela é computada, quando
sadas as circunstâncias que a determinaram, apli- idênticas.
ca-se ao fato praticado durante sua vigência.

1
Crimes militares em tempo de paz c) contra militar em formatura, ou durante o
período de prontidão, vigilância, observação, ex-
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em
ploração, exercício, acampamento, acantonamen-
tempo de paz: to ou manobras;
I - os crimes de que trata este Código, quando d) ainda que fora do lugar sujeito à adminis-
definidos de modo diverso na lei penal comum, ou tração militar, contra militar em função de natureza
nela não previstos, qualquer que seja o agente, militar, ou no desempenho de serviço de vigilân-
salvo disposição especial; cia, garantia e preservação da ordem pública, ad-
II – os crimes previstos neste Código e os ministrativa ou judiciária, quando legalmente re-
previstos na legislação penal, quando pratica- quisitado para aquele fim, ou em obediência a
dos: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017) determinação legal superior.
a) por militar da ativa contra militar na mesma § 1º Os crimes de que trata este artigo, quan-
situação; (Redação dada pela Lei nº 14.688, de do dolosos contra a vida e cometidos por militares
2023) contra civil, serão da competência do Tribunal do
b) por militar da ativa, em lugar sujeito à ad- Júri. (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)
ministração militar, contra militar da reserva ou § 2o Os crimes militares de que trata este arti-
reformado ou contra civil; (Redação dada pela go, incluídos os previstos na legislação penal, nos
Lei nº 14.688, de 2023) termos do inciso II do caput deste artigo, quando
c) por militar em serviço ou atuando em razão dolosos contra a vida e cometidos por militares
da função, em comissão de natureza militar, ou das Forças Armadas contra civil, serão da compe-
em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à tência da Justiça Militar da União, se praticados
administração militar contra militar da reserva, ou no contexto: (Redação dada pela Lei nº 14.688,
reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº de 2023)
9.299, de 8.8.1996) Francisco Christian
I – do cumprimento de atribuições que lhes fo-
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d) por militar, durante o período de manobras rem estabelecidas pelo Presidente da República
077.967.703-08 Ministro de Estado da Defesa; (Incluído
ou exercício, contra militar da reserva ou reforma- ou pelo
do ou contra civil; (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 13.491, de 2017)
14.688, de 2023 II – de ação que envolva a segurança de insti-
e) por militar da ativa contra o patrimônio sob tuição militar ou de missão militar, mesmo que não
a administração militar ou contra a ordem adminis- beligerante; ou (Incluído pela Lei nº 13.491, de
trativa militar; (Redação dada pela Lei nº 14.688, 2017)
de 2023) III – de atividade de natureza militar, de ope-
f) revogada. (Redação dada pela Lei nº 9.299, ração de paz, de garantia da lei e da ordem ou de
de 8.8.1996) atribuição subsidiária, realizadas em conformidade
com o disposto no art. 142 da Constituição Fede-
III - os crimes praticados por militar da reser- ral e na forma dos seguintes diplomas legais: (In-
va, ou reformado, ou por civil, contra as institui- cluído pela Lei nº 13.491, de 2017)
ções militares, considerando-se como tais não só
os compreendidos no inciso I, como os do inciso a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986-
II, nos seguintes casos: Código Brasileiro de Aeronáutica; (Incluída pela
Lei nº 13.491, de 2017)
a) contra o patrimônio sob a administração
militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de
1999; (Incluída pela Lei nº 13.491, de 2017)
b) em lugar sujeito à administração militar,
contra militar da ativa ou contra servidor público c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de
das instituições militares ou da Justiça Militar, no 1969 - Código de Processo Penal Militar; e (Inclu-
exercício de função inerente ao seu cargo; (Reda- ída pela Lei nº 13.491, de 2017)
ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023); d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Có-
digo Eleitoral. (Incluída pela Lei nº 13.491, de
2017)

2
Crimes militares em tempo de guerra prática do crime. (Redação dada pela Lei nº
14.688, de 2023)
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em
tempo de guerra: Tempo de guerra
I - os especialmente previstos neste Código Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos
para o tempo de guerra; da aplicação da lei penal militar, começa com a
II - os crimes militares previstos para o tempo declaração ou o reconhecimento do estado de
de paz; guerra, ou com o decreto de mobilização se nele
estiver compreendido aquele reconhecimento; e
III - os crimes previstos neste Código, embora termina quando ordenada a cessação das hostili-
também o sejam com igual definição na lei penal dades.
comum ou especial, quando praticados, qualquer
que seja o agente: Contagem de prazo

a) em território nacional, ou estrangeiro, mili- Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o
tarmente ocupado; dia do começo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
b) em qualquer lugar, se comprometem ou
podem comprometer a preparação, a eficiência ou Legislação especial. Salário-mínimo
as operações militares ou, de qualquer outra for- Art. 17. As regras gerais deste Código apli-
ma, atentam contra a segurança externa do País
cam-se aos fatos incriminados por lei penal militar
ou podem expô-la a perigo;
especial, se esta não dispõe de modo diverso.
IV - os crimes definidos na lei penal comum Para os efeitos penais, salário mínimo é o maior
ou especial, embora não previstos neste Código, mensal vigente no país, ao tempo da sentença.
quando praticados em zona de efetivas operações
Crimes praticados em prejuízo de país ali-
militares ou em território estrangeiro, militarmente
Francisco Christian
ado
ocupado.
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Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste
Militares estrangeiros
077.967.703-08
Código os crimes praticados em prejuízo de país
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em guerra contra país inimigo do Brasil:
em comissão ou em estágio em instituições milita-
I - se o crime é praticado por brasileiro;
res, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira,
ressalvado o disposto em tratados ou em conven- II - se o crime é praticado no território nacio-
ções internacionais. (Redação dada pela Lei nº nal, ou em território estrangeiro, militarmente ocu-
14.688, de 2023) pado por força brasileira, qualquer que seja o
agente.
Equiparação a militar da ativa
Infrações disciplinares
Art. 12. O militar da reserva ou reformado,
quando empregado na administração militar, equi- Art. 19. Este Código não compreende as in-
para-se ao militar da ativa, para o efeito da aplica- frações dos regulamentos disciplinares.
ção da lei penal militar. (Redação dada pela Lei nº Crimes praticados em tempo de guerra
14.688, de 2023)
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de
Militar da reserva ou reformado
guerra, salvo disposição especial, aplicam-se as
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, penas cominadas para o tempo de paz, com o
conserva as responsabilidades e prerrogativas do aumento de um terço.
posto ou graduação, para o efeito da aplicação da Assemelhado
lei penal militar, quando pratica ou contra ele é
praticado crime militar. Art. 21. Considera-se assemelhado o servi-
dor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do
Defeito de incorporação ou de matrícula
Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito
Art. 14. O defeito do ato de incorporação ou de disciplina militar, em virtude de lei ou regula-
de matrícula não exclui a aplicação da lei penal mento. (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
militar, salvo se alegado ou conhecido antes da Vigência

3
Pessoa considerada militar Servidores da Justiça Militar
Art. 22. É militar, para o efeito da aplicação Art. 27. Para o efeito da aplicação deste
deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de Código, consideram-se servidores da Justiça Mili-
paz ou de guerra, seja incorporada a instituições tar os juízes, os servidores públicos e os auxiliares
militares ou nelas matriculada, para servir em pos- da Justiça Militar. (Redação dada pela Lei nº
to ou em graduação ou em regime de sujeição à 14.688, de 2023)
disciplina militar. (Redação dada pela Lei nº Casos de prevalência do Código Penal Mi-
14.688, de 2023) litar
Equiparação a comandante
Art. 28. Os crimes contra a segurança ex-
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o terna do país ou contra as instituições militares,
efeito da aplicação da lei penal militar, toda autori- definidos neste Código, excluem os da mesma
dade com função de direção. natureza definidos em outras leis.
Conceito de superior
Art. 24. Considera-se superior para fins de TÍTULO II
aplicação da lei penal militar: (Redação dada pela DO CRIME
Lei nº 14.688, de 2023)
I – o militar que ocupa nível hierárquico, posto Relação de causalidade
ou graduação superiores, conforme a antiguidade,
nos termos da Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de Art. 29. O resultado de que depende a exis-
1980 (Estatuto dos Militares), e de leis das unida- tência do crime somente é imputável a quem lhe
des da Federação que regulam o regime jurídico deu causa. Considera-se causa a ação ou omis-
de seus militares; (Incluído pela Lei nº 14.688, de são sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Francisco Christian
2023) § 1º A superveniência de causa relativamente
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II – o militar que, em virtude da função, exerce independente exclui a imputação quando, por si
077.967.703-08
só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, im-
autoridade sobre outro de igual posto ou gradua-
ção. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) putam-se, entretanto, a quem os praticou.
Parágrafo único. O militar sobre o qual se § 2º A omissão é relevante como causa
exerce autoridade nas condições descritas nos quando o omitente devia e podia agir para evitar o
incisos I e II do caput deste artigo é considerado resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha
inferior hierárquico para fins de aplicação da lei por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
penal militar. (Incluído pela Lei nº 14.688, de cia; a quem, de outra forma, assumiu a responsa-
2023) bilidade de impedir o resultado; e a quem, com
seu comportamento anterior, criou o risco de sua
Crime praticado em presença do inimigo
superveniência.
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença
Art. 30. Diz-se o crime:
do inimigo, quando o fato ocorre em zona de efeti-
vas operações militares, ou na iminência ou em Crime consumado
situação de hostilidade. I - consumado, quando nele se reúnem todos
Referência a "brasileiro" ou "nacional" os elementos de sua definição legal;

Art. 26. Quando a lei penal militar se refere Tentativa


a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pes- II - tentado, quando, iniciada a execução, não
soas enumeradas como brasileiros na Constitui- se consuma por circunstâncias alheias à vontade
ção do Brasil. do agente.
Estrangeiros Pena de tentativa
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a
militar, são considerados estrangeiros os apátri- pena correspondente ao crime, diminuída de um a
das e os brasileiros que perderam a nacionalida- dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcio-
de.

4
nal gravidade, aplicar a pena do crime consuma- Erro culposo
do. § 1º Se o erro deriva de culpa, a este título
Desistência voluntária e arrependimento responde o agente, se o fato é punível como crime
eficaz culposo.
Art. 31. O agente que, voluntariamente, de- Erro provocado
siste de prosseguir na execução ou impede que o § 2º Se o erro é provocado por terceiro, res-
resultado se produza, só responde pelos atos já ponderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa,
praticados. conforme o caso.
Crime impossível Erro sobre a pessoa
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do Art. 37. Quando o agente, por erro de per-
meio empregado ou por absoluta impropriedade cepção ou no uso dos meios de execução, ou
do objeto, é impossível consumar-se o crime, ne- outro acidente, atinge uma pessoa em vez de ou-
nhuma pena é aplicável. tra, responde como se tivesse praticado o crime
Art. 33. Diz-se o crime: contra aquela que realmente pretendia atingir.
Devem ter-se em conta não as condições e quali-
Culpabilidade dades da vítima, mas as da outra pessoa, para
I - doloso, quando o agente quis o resultado configuração, qualificação ou exclusão do crime, e
ou assumiu o risco de produzi-lo; agravação ou atenuação da pena.
II - culposo, quando o agente, deixando de Erro quanto ao bem jurídico
empregar a cautela, atenção, ou diligência ordiná- § 1º Se, por erro ou outro acidente na execu-
ria, ou especial, a que estava obrigado em face ção, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo
das circunstâncias, não prevê o resultado que agente, responde este por culpa, se o fato é pre-
Francisco Christian
podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente visto como crime culposo.
christianpet2002@gmail.com
que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
Duplicidade do resultado
Excepcionalidade do crime culposo 077.967.703-08
§ 2º Se, no caso do artigo, é também atingida
Parágrafo único. Salvo os casos expressos a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo anteri-
em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto or, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se
como crime, senão quando o pratica dolosamente. a regra do art. 79.
Nenhuma pena sem culpabilidade Art. 38. Não é culpado quem comete o cri-
Art. 34. Pelos resultados que agravam es- me:
pecialmente as penas só responde o agente Coação irresistível
quando os houver causado, pelo menos, culpo-
a) sob coação irresistível ou que lhe suprima
samente.
a faculdade de agir segundo a própria vontade;
Erro de direito
Obediência hierárquica
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou subs- b) em estrita obediência a ordem direta de
tituída por outra menos grave quando o agente, superior hierárquico, em matéria de serviços.
salvo em se tratando de crime que atente contra o
dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou § 1° Responde pelo crime o autor da coação
erro de interpretação da lei, se escusáveis. ou da ordem.

Erro de fato § 2º Se a ordem do superior tem por objeto a


prática de ato manifestamente criminoso, ou há
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar excesso nos atos ou na forma da execução, é
o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a punível também o inferior hierárquico. (Redação
inexistência de circunstância de fato que o consti- dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
tui ou a existência de situação de fato que tornaria
a ação legítima.

5
Estado de necessidade, com excludente Legítima defesa
de culpabilidade
Art. 44. Entende-se em legítima defesa
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, quem, usando moderadamente dos meios neces-
para proteger direito próprio ou de pessoa a quem sários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
está ligado por estreitas relações de parentesco a direito seu ou de outrem.
ou afeição, contra perigo certo e atual, que não Excesso culposo
provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifi-
ca direito alheio, ainda quando superior ao direito Art. 45. O agente que, em qualquer dos ca-
protegido, desde que não lhe era razoavelmente sos de exclusão de crime, excede culposamente
exigível conduta diversa. os limites da necessidade, responde pelo fato, se
Coação física ou material este é punível, a título de culpa.
Excesso escusável
Art. 40. Nos crimes em que há violação do
dever militar, o agente não pode invocar coação Parágrafo único. Não é punível o excesso
irresistível senão quando física ou material. quando resulta de escusável surpresa ou pertur-
bação de ânimo, em face da situação.
Atenuação de pena
Excesso doloso
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b ,
se era possível resistir à coação, ou se a ordem Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda
não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. quando punível o fato por excesso doloso.
39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do Elementos não constitutivos do crime
direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condi-
ções pessoais do réu, pode atenuar a pena. Art. 47. Deixam de ser elementos constituti-
vos do crime:
Exclusão de crime Francisco Christian
I – a qualidade de superior ou a de inferior hi-
Art. 42. Não há crime quando christianpet2002@gmail.com
o agente pra- erárquico, quando não conhecida do agente;
tica o fato: 077.967.703-08
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
I - em estado de necessidade; II – a qualidade de superior ou a de inferior
II - em legítima defesa; hierárquico, a de oficial de dia, de serviço ou de
quarto, ou a de sentinela, vigia ou plantão, quando
III - em estrito cumprimento do dever legal; a ação é praticada em repulsa a agressão. (Reda-
IV - em exercício regular de direito. ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Parágrafo único. Não há igualmente crime
quando o comandante de navio, aeronave ou pra-
TÍTULO III
ça de guerra, na iminência de perigo ou grave
calamidade, compele os subalternos, por meios DA IMPUTABILIDADE PENAL
violentos, a executar serviços e manobras urgen-
tes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o Inimputáveis
desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a re-
volta ou o saque. Art. 48. Não é imputável quem, no momento
da ação ou da omissão, não possui a capacidade
Estado de necessidade, como excludente
de entender o caráter ilícito do fato ou de determi-
do crime
nar-se de acordo com esse entendimento, em
Art. 43. Considera-se em estado de neces- virtude de doença mental, de desenvolvimento
sidade quem pratica o fato para preservar direito mental incompleto ou retardado.
seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não Redução Facultativa da Pena
provocou, nem podia de outro modo evitar, desde
que o mal causado, por sua natureza e importân- Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência
mental não suprime, mas diminui consideravel-
cia, é consideravelmente inferior ao mal evitado, e
o agente não era legalmente obrigado a arrostar o mente a capacidade de entendimento da ilicitude
perigo. do fato ou a de autodeterminação, não fica excluí-
da a imputabilidade, mas a pena pode ser reduzi-

6
da de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), sem pre- Agravação de pena
juízo do disposto no art. 113 deste Código. (Reda- § 2° A pena é agravada em relação ao agente
ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023) que:
Embriaguez I - promove ou organiza a cooperação no cri-
Art. 49. Não é igualmente imputável o agen- me ou dirige a atividade dos demais agentes;
te que, por embriaguez completa proveniente de II - coage outrem à execução material do cri-
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da me;
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de en-
III - instiga ou determina a cometer o crime
tender o caráter criminoso do fato ou de determi-
alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível
nar-se de acordo com esse entendimento.
em virtude de condição ou qualidade pessoal;
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de
IV - executa o crime, ou nele participa, medi-
um a dois terços, se o agente por embriaguez
ante paga ou promessa de recompensa.
proveniente de caso fortuito ou força maior, não
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a ple- Atenuação de pena
na capacidade de entender o caráter criminoso do § 3º A pena é atenuada com relação ao agen-
fato ou de determinar-se de acordo com esse en- te, cuja participação no crime é de somenos im-
tendimento. portância.
Menores Cabeças
Art. 50. O menor de 18 (dezoito) anos é pe- § 4º Na prática de crime de autoria coletiva
nalmente inimputável, ficando sujeito às normas necessária, reputam-se cabeças os que dirigem,
estabelecidas na legislação especial. (Redação provocam, instigam ou excitam a ação.
dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 5º Quando o crime é cometido por inferiores
Equiparação a maiores Francisco Christian
hierárquicos e um ou mais oficiais, são estes con-
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siderados cabeças, assim como os inferiores hie-
Art. 51. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
077.967.703-08
rárquicos que exercem função de oficial. (Reda-
2023)
ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
a) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
Casos de impunibilidade
b) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instiga-
c) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023) ção e o auxílio, salvo disposição em contrário, não
Art. 52. (Revogado pela Lei nº 14.688, de são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a
2023) ser tentado.

TÍTULO V
TÍTULO IV
DAS PENAS
DO CONCURSO DE AGENTES

CAPÍTULO
Coautoria
DAS PENAS PRINCIPAIS
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre
para o crime incide nas penas a este cominadas. Penas principais
Condições ou circunstâncias pessoais Art. 55. As penas principais são:
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concor-
a) morte;
rentes é independente da dos outros, determinan-
do-se segundo a sua própria culpabilidade. Não b) reclusão;
se comunicam, outrossim, as condições ou cir- c) detenção;
cunstâncias de caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime. d) prisão;
e) impedimento;

7
f) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023) Pena superior a dois anos, imposta a mili-
g) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023) tar

Pena de morte Art. 61. A pena privativa da liberdade por


mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cum-
Art. 56. A pena de morte é executada por prida em penitenciária militar e, na falta dessa, em
fuzilamento. estabelecimento prisional civil, ficando o recluso
Comunicação ou detento sujeito ao regime conforme a legisla-
ção penal comum, de cujos benefícios e conces-
Art. 57. A sentença definitiva de condena- sões, também, poderá gozar.
ção à morte é comunicada, logo que passe em
julgado, ao Presidente da República, e não pode Pena privativa da liberdade imposta a civil
ser executada senão depois de sete dias após a Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela
comunicação. Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil,
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zo- ficando ele sujeito ao regime conforme a legisla-
na de operações de guerra, pode ser imediata- ção penal comum, de cujos benefícios e conces-
mente executada, quando o exigir o interesse da sões, também, poderá gozar.
ordem e da disciplina militares. Cumprimento em penitenciária militar
Mínimos e máximos genéricos Parágrafo único - Por crime militar praticado
Art. 58. O mínimo da pena de reclusão é de em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a
um ano, e o máximo de trinta anos; o mínimo da cumprir a pena, no todo ou em parte em peniten-
pena de detenção é de trinta dias, e o máximo de ciária militar, se, em benefício da segurança naci-
dez anos. onal, assim o determinar a sentença.

Pena até dois anos imposta a militarFrancisco ChristianPena de impedimento


Art. 63. A pena de impedimento sujeita o
Art. 59. A pena de reclusão ouchristianpet2002@gmail.com
de detenção
condenado a permanecer no recinto da unidade,
077.967.703-08
até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida
em pena de prisão e cumprida, quando não cabí- sem prejuízo da instrução militar.
vel a suspensão condicional: Pena de suspensão do exercício do posto,
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento graduação, cargo ou função (Revogado pela
militar; Lei nº 14.688, de 2023)

II - pela praça, em estabelecimento penal mili- Art. 64. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
tar, onde ficará separada de presos que estejam 2023)
cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de Caso de reserva, reforma ou aposentado-
liberdade por tempo superior a dois anos. ria (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
Separação de praças especiais e gradua- Parágrafo único. Se o condenado, quando
das proferida a sentença, já estiver na reserva, ou
Parágrafo único. Para efeito de separação, no reformado ou aposentado, a pena prevista neste
cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, artigo será convertida em pena de detenção, de
também, à condição das praças especiais e à das três meses a um ano.
graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, à das Pena de reforma (Revogado pela Lei nº
que tenham graduação especial. 14.688, de 2023)
Pena do assemelhado Art. 65. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
Art. 60. (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
2023) Superveniência de doença mental
Pena dos não assemelhados Art. 66. O condenado a que sobrevenha do-
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº ença mental deve ser recolhido a manicômio judi-
14.688, de 2023) ciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento

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adequado, onde lhe seja assegurada custódia e b) para facilitar ou assegurar a execução, a
tratamento. ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
Tempo computável crime;
c) depois de embriagar-se, salvo se a embria-
Art. 67. Computam-se na pena privativa de
guez decorre de caso fortuito, engano ou força
liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil maior;
ou no estrangeiro, e o de internação em hospital
ou manicômio, bem como o excesso de tempo, d) à traição, de emboscada, com surpresa, ou
reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no mediante outro recurso insidioso que dificultou ou
cumprimento da pena, por outro crime, desde que tornou impossível a defesa da vítima;
a decisão seja posterior ao crime de que se trata. e) com o emprego de veneno, asfixia, tortura,
Transferência de condenados fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimula-
do ou cruel, ou de que podia resultar perigo co-
Art. 68. O condenado pela Justiça Militar de mum;
uma região, distrito ou zona pode cumprir pena
f) contra ascendente, descendente, irmão ou
em estabelecimento de outra região, distrito ou
cônjuge;
zona.
g) com abuso de poder ou violação de dever
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
CAPÍTULO II
h) contra criança, pessoa maior de 60 (ses-
DA APLICAÇÃO DA PENA
senta) anos, pessoa enferma, mulher grávida ou
pessoa com deficiência; (Redação dada pela Lei
Fixação da pena privativa de liberdade
nº 14.688, de 2023)
Art. 69. Para fixação da pena privativa de li- i) quando o ofendido estava sob a imediata
Francisco
berdade, o juiz aprecia a gravidade do crime prati- Christian
proteção da autoridade;
cado e a personalidade do réu, christianpet2002@gmail.com
devendo ter em
conta a intensidade do dolo ou grau da culpa, a j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe,
077.967.703-08
alagamento, inundação, ou qualquer calamidade
maior ou menor extensão do dano ou perigo de
dano, os meios empregados, o modo de execu- pública, ou de desgraça particular do ofendido;
ção, os motivos determinantes, as circunstâncias l) estando de serviço;
de tempo e lugar, os antecedentes do réu e sua m) com emprego de arma, material ou instru-
atitude de insensibilidade, indiferença ou arrepen- mento de serviço, para esse fim procurado;
dimento após o crime.
n) em auditório da Justiça Militar ou local on-
Determinação da pena de tenha sede a sua administração;
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o o) em país estrangeiro.
juiz deve determinar qual delas é aplicável.
Parágrafo único. As circunstâncias das le-
Limites legais da pena tras c , salvo no caso de embriaguez preordenada,
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada den- l , m e o , só agravam o crime quando praticado
tro dos limites legais a quantidade da pena aplicá- por militar.
vel. Reincidência
Circunstâncias agravantes
Art. 71. Verifica-se a reincidência quando o
Art. 70. São circunstâncias que sempre agente comete novo crime, depois de transitar em
agravam a pena, quando não integrantes ou quali- julgado a sentença que, no país ou no estrangeiro,
ficativas do crime: o tenha condenado por crime anterior.
I - a reincidência; Temporariedade da reincidência
II - ter o agente cometido o crime: § 1º Não se toma em conta, para efeito da
a) por motivo fútil ou torpe; reincidência, a condenação anterior, se, entre a
data do cumprimento ou extinção da pena e o

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crime posterior, decorreu período de tempo supe- dendo-se como tais as que resultam dos motivos
rior a cinco anos. determinantes do crime, da personalidade do
Crimes não considerados para efeito da agente, e da reincidência. Se há equivalência en-
reincidência tre umas e outras, é como se não tivessem ocorri-
do.
§ 2º Para efeito da reincidência, não se consi-
deram os crimes anistiados. Majorantes e minorantes

Art. 72. São circunstâncias que sempre ate- Art. 76. Quando a lei prevê causas especi-
nuam a pena: ais de aumento ou diminuição da pena, não fica o
juiz adstrito aos limites da pena cominada ao cri-
Circunstância atenuantes me, senão apenas aos da espécie de pena aplicá-
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior vel (art. 58).
de setenta anos; Parágrafo único. No concurso dessas causas
II - ser meritório seu comportamento anterior; especiais, pode o juiz limitar-se a um só aumento
ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a
III - ter o agente:
causa que mais aumente ou diminua.
a) cometido o crime por motivo de relevante
Cálculo da pena
valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e Art. 77. A pena-base será fixada de acordo
com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou com o critério definido no art. 69 deste Código e,
minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do em seguida, serão consideradas as circunstâncias
julgamento, reparado o dano; atenuantes e agravantes e, por último, as causas
de diminuição e de aumento de pena. (Redação
c) cometido o crime sob a influência de violen- dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
ta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Francisco Christian
Parágrafo único. Salvo na aplicação das cau-
d) confessado espontaneamente, perante a
christianpet2002@gmail.com
sas de diminuição e de aumento, a pena não po-
autoridade, a autoria do crime, ignorada ou impu-
077.967.703-08
derá ser fixada aquém do mínimo nem acima do
tada a outrem; máximo previsto em abstrato para o crime. (In-
e) sofrido tratamento com rigor não permitido cluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
em lei. Não atendimento de atenuantes Criminoso habitual ou por tendência
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena
Art. 78. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado
2023)
atender, ou não, às circunstâncias atenuantes
enumeradas no artigo. Limite da pena indeterminada
Quantum da agravação ou atenuação § 1º (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 73. Quando a lei determina a agravação Habitualidade presumida
ou atenuação da pena sem mencionar § 2º (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
o quantum , deve o juiz fixá-lo entre um quinto e
a) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
um terço, guardados os limites da pena cominada
ao crime. Habitualidade reconhecível pelo juiz
Mais de uma agravante ou atenuante b) (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)

Art. 74. Quando ocorre mais de uma agra- Criminoso por tendência
vante ou mais de uma atenuante, o juiz poderá § 3º (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
limitar-se a uma só agravação ou a uma só atenu- Ressalva do art. 113
ação.
§ 4º (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
Concurso de agravantes e atenuantes
Crimes da mesma natureza
Art. 75. No concurso de agravantes e ate-
§ 5º (Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023)
nuantes, a pena deve aproximar-se do limite indi-
cado pelas circunstâncias preponderantes, enten- Concurso de crimes

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Art. 79. Quando o agente, mediante mais de Art. 81. A pena unificada não pode ultrapas-
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais cri- sar de trinta anos, se é de reclusão, ou de quinze
mes, idênticos ou não, aplicam-se-lhe cumulati- anos, se é de detenção.
vamente as penas privativas de liberdade em que Redução facultativa da pena
haja incorrido. (Redação dada pela Lei nº 14.688,
de 2023) § 1º A pena unificada pode ser diminuída de
um sexto a um quarto, no caso de unidade de
Parágrafo único. No caso de aplicação cumu- ação ou omissão, ou de crime continuado.
lativa de penas de reclusão e de detenção, execu-
ta-se primeiro aquela. (Incluído pela Lei nº 14.688, Graduação no caso de pena de morte
de 2023) § 2° Quando cominada a pena de morte como
Art. 79-A. Quando o agente, mediante uma grau máximo e a de reclusão como grau mínimo,
aquela corresponde, para o efeito de graduação, à
só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
de reclusão por trinta anos.
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das
penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, Cálculo da pena aplicável à tentativa
mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 (um § 3° Nos crimes punidos com a pena de mor-
sexto) até metade. (Incluído pela Lei nº 14.688, te, esta corresponde à de reclusão por trinta anos,
de 2023) para cálculo da pena aplicável à tentativa, salvo
§ 1º As penas aplicam-se, entretanto, cumula- disposição especial.
tivamente, se a ação ou omissão é dolosa e os Ressalva do art. 78, § 2º, letra b
crimes concorrentes resultam de desígnios autô-
nomos, consoante o disposto no art. 79 deste Có- Art. 82. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
digo. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) 2023)
§ 2º Não poderá a pena exceder aFrancisco Penas não privativas de liberdade
que seria Christian
cabível pela regra do art. 79 deste Código. (Incluí- Art. 83. As penas não privativas de liberda-
do pela Lei nº 14.688, de 2023)
christianpet2002@gmail.com
de são aplicadas distinta e integralmente, ainda
077.967.703-08
Crime continuado que previstas para um só dos crimes concorren-
Art. 80. Quando o agente, mediante mais de tes.
uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, CAPÍTULO III
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
devem os subsequentes ser havidos como conti-
nuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só Pressupostos da suspensão
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se di-
versas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 (um Art. 84. A execução da pena privativa de li-
sexto) a 2/3 (dois terços). (Redação dada pela Lei berdade não superior a 2 (dois) anos pode ser
nº 14.688, de 2023) suspensa por 3 (três) a 5 (cinco) anos, no caso de
pena de reclusão, e por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
Parágrafo único. Nos crimes dolosos contra no caso de pena de detenção, desde que: (Reda-
vítimas diferentes cometidos com violência ou ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
grave ameaça à pessoa, poderá o juízo, conside-
rando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta I - o sentenciado não haja sofrido no País ou
social e a personalidade do agente, bem como os no estrangeiro, condenação irrecorrível por outro
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de crime a pena privativa da liberdade, salvo o dis-
um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, posto no 1º do art. 71; (Redação dada pela Lei nº
se diversas, até o triplo, observadas as regras dos 6.544, de 30.6.1978)
§§ 1º e 2º do art. 79-A e do art. 81 deste Código. II – a culpabilidade, os antecedentes, a con-
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) duta social e a personalidade do agente, bem co-
Limite da pena unificada mo os motivos e as circunstâncias do crime, auto-
rizem a concessão do benefício. (Redação dada
pela Lei nº 14.688, de 2023)

11
Restrições Art. 88. A suspensão condicional da pena
§ 1º A suspensão não se estende à pena não se aplica:
acessória nem exclui a aplicação de medida de I - ao condenado por crime cometido em tem-
segurança não detentiva. (Incluído pela Lei nº po de guerra;
14.688, de 2023)
II - em tempo de paz:
§ 2º A execução da pena privativa de liberda-
de não superior a 4 (quatro) anos poderá ser sus- a) por crime contra a segurança nacional, de
pensa por 4 (quatro) a 6 (seis) anos, desde que o aliciação e incitamento, de violência contra supe-
condenado seja maior de 70 (setenta) anos de rior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, senti-
idade ou existam razões de saúde que justifiquem nela, vigia ou plantão, de desrespeito a superior,
a suspensão. (Incluído pela Lei nº 14.688, de de insubordinação, ou de deserção;
2023) b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161,
Condições 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a IV.

Art. 85. A sentença deve especificar as con-


dições a que fica subordinada a suspensão. CAPÍTULO IV
Revogação obrigatória da suspensão DO LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 86. A suspensão é revogada se, no cur-


so do prazo, o beneficiário: Requisitos

I – é condenado por crime doloso, na Justiça Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou
Militar ou na Justiça Comum, por sentença irrecor- de detenção por tempo igual ou superior a dois
rível; (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) anos pode ser liberado condicionalmente, desde
que:
II - não efetua, sem motivo justificado,Francisco
a repa- Christian
ração do dano; I - tenha cumprido:
christianpet2002@gmail.com
III – (revogado). (Redação dada pela Lei 077.967.703-08
nº a) metade da pena, se primário;
14.688, de 2023) b) dois terços, se reincidente;
Revogação facultativa II - tenha reparado, salvo impossibilidade de
§ 1º A suspensão também pode ser revogada fazê-lo, o dano causado pelo crime;
se o condenado deixar de cumprir qualquer das III - sua boa conduta durante a execução da
obrigações constantes da sentença ou, se militar, pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstân-
for punido por infração disciplinar considerada cias atinentes a sua personalidade, ao meio social
grave. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de e à sua vida pregressa permitem supor que não
2023) voltará a delinquir.
Prorrogação de prazo Penas em concurso de infrações
§ 2º Quando facultativa a revogação, o juiz § 1º No caso de condenação por infrações
pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período penais em concurso, deve ter-se em conta a pena
de prova até o máximo, se este não foi o fixado. unificada.
§ 3º Se o beneficiário está respondendo a Condenação de menor de 21 ou maior de
processo que, no caso de condenação, pode acar- 70 anos
retar a revogação, considera-se prorrogado o pra-
zo da suspensão até o julgamento definitivo. § 2º Se o condenado é primário e menor de
vinte e um ou maior de setenta anos, o tempo de
Extinção da pena cumprimento da pena pode ser reduzido a um
Art. 87. Se o prazo expira sem que tenha si- terço.
do revogada a suspensão, fica extinta a pena pri- Especificações das condições
vativa de liberdade.
Art. 90. A sentença deve especificar as con-
Não aplicação da suspensão condicional dições a que fica subordinado o livramento.
da pena

12
Preliminares da concessão Extinção da pena
Art. 91. O livramento somente se concede Art. 95. Se, até o seu termo, o livramento
mediante parecer do Conselho Penitenciário, ou- não é revogado, considera-se extinta a pena pri-
vidos o diretor do estabelecimento em que está ou vativa de liberdade.
tenha estado o liberando e o representante do Parágrafo único. Enquanto não passa em jul-
Ministério Público da Justiça Militar; e, se imposta gado a sentença em processo, a que responde o
medida de segurança detentiva, após perícia con- liberado por infração penal cometida na vigência
clusiva da não periculosidade do liberando. do livramento, deve o juiz abster-se de declarar a
Observação cautelar e proteção do libera- extinção da pena.
do Não aplicação do livramento condicional
Art. 92. O liberado fica sob observação cau- Art. 96. O livramento condicional não se
telar e proteção realizadas por patronato oficial ou aplica ao condenado por crime cometido em tem-
particular, dirigido aquele e inspecionado este pelo po de guerra.
Conselho Penitenciário. Na falta de patronato, o
liberado fica sob observação cautelar realizada Casos especiais do livramento condicional
por serviço social penitenciário ou órgão similar. Art. 97. Em tempo de paz, o livramento con-
Revogação obrigatória dicional por crime contra a segurança externa do
país, ou de revolta, motim, aliciação e incitamento,
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o libera-
violência contra superior ou militar de serviço, só
do vem a ser condenado, em sentença irrecorrí- será concedido após o cumprimento de dois ter-
vel, a penal privativa de liberdade: ços da pena, observado ainda o disposto no art.
I - por infração penal cometida durante a vi- 89, preâmbulo, seus números II e III e §§ 1º e 2º.
gência do benefício; Francisco Christian
II - por infração penal anterior,christianpet2002@gmail.com
salvo se, tendo CAPÍTULO V
de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o
077.967.703-08 DAS PENAS ACESSÓRIAS
requisito do art. 89, nº I, letra a
Revogação facultativa Penas Acessórias
§ 1º O juiz pode, também, revogar o livramen- Art. 98. São penas acessórias:
to se o liberado deixa de cumprir qualquer das
obrigações constantes da sentença ou é irrecorri- I - a perda de posto e patente;
velmente condenado, por motivo de contravenção, II - a indignidade para o oficialato;
a pena que não seja privativa de liberdade; ou, se
III - a incompatibilidade com o oficialato;
militar, sofre penalidade por transgressão discipli-
nar considerada grave. IV - a exclusão das forças armadas;
Infração sujeita à jurisdição penal comum V - a perda da função pública, ainda que ele-
tiva;
§ 2º Para os efeitos da revogação obrigatória,
são tomadas, também, em consideração, nos ter- VI - a inabilitação para o exercício de função
mos dos ns. I e II deste artigo, as infrações sujei- pública;
tas à jurisdição penal comum; e, igualmente, a VII – a incapacidade para o exercício do po-
contravenção compreendida no § 1º, se assim, der familiar, da tutela ou da curatela, quando tal
com prudente arbítrio, o entender o juiz. medida for determinante para salvaguardar os
Efeitos da revogação interesses do filho, do tutelado ou do curatelado;
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 94. Revogado o livramento, não pode
VIII - a suspensão dos direitos políticos.
ser novamente concedido e, salvo quando a revo-
gação resulta de condenação por infração penal Função pública equiparada
anterior ao benefício, não se desconta na pena o Parágrafo único. Equipara-se à função pública
tempo em que esteve solto o condenado. a que é exercida em empresa pública, autarquia,
sociedade de economia mista, ou sociedade de

13
que participe a União, o Estado ou o Município abuso de poder ou violação do dever militar ou
como acionista majoritário. inerente à função pública.
Perda de posto e patente Termo inicial
Art. 99. A perda de posto e patente resulta Parágrafo único. O prazo da inabilitação para
da condenação a pena privativa de liberdade por o exercício de função pública começa ao termo da
tempo superior a 2 (dois) anos, por crimes co- execução da pena privativa de liberdade ou da
muns e militares, e importa a perda das condeco- medida de segurança imposta em substituição, ou
rações, desde que submetido o oficial ao julga- da data em que se extingue a referida pena.
mento previsto no inciso VI do § 3º do art. 142 da Suspensão do pátrio poder, tutela ou cura-
Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº tela
14.688, de 2023)
Art. 105. O condenado por cometimento de
Indignidade para o oficialato crime doloso sujeito a pena de reclusão praticado
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indig- contra outrem igualmente titular do mesmo poder
nidade para o oficialato o militar condenado, qual- familiar ou contra filho, tutelado ou curatelado po-
quer que seja a pena, nos crimes de traição, espi- derá, justificadamente e em atendimento ao me-
onagem ou cobardia, ou em qualquer dos defini- lhor interesse do menor ou do curatelado, ter de-
dos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, cretada a incapacidade para o exercício do poder
251, 252, 303, 304, 311 e 312. familiar, da tutela ou da curatela, enquanto durar a
execução da pena ou da medida de segurança
Incompatibilidade com o oficialato imposta em substituição nos termos do art. 113
Art. 101. Fica sujeito à declaração de in- deste Código. (Redação dada pela Lei nº 14.688,
compatibilidade com o oficialato o militar conde- de 2023)
nado nos crimes dos arts. 141 e 142. Incapacidade provisória
Francisco Christian
Exclusão das forças armadas christianpet2002@gmail.com
Parágrafo único. Durante o processo para
Art. 102. A condenação da praça a pena 077.967.703-08 dos crimes descritos no caput deste
apuração
artigo, poderá o juízo, justificadamente e em aten-
privativa de liberdade, por tempo superior a dois
dimento ao melhor interesse do menor ou do cura-
anos, importa sua exclusão das forças armadas.
telado, decretar a incapacidade provisória para o
Perda da função pública exercício do poder familiar, da tutela ou da curate-
Art. 103. Incorre na perda da função pública la. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
o civil: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de Suspensão dos direitos políticos
2023)
Art. 106. Durante a execução da pena priva-
I - condenado a pena privativa de liberdade tiva de liberdade ou da medida de segurança im-
por crime cometido com abuso de poder ou viola- posta em substituição, ou enquanto perdura a
ção de dever inerente à função pública; inabilitação para função pública, o condenado não
II - condenado, por outro crime, a pena priva- pode votar, nem ser votado.
tiva de liberdade por mais de dois anos. Imposição de pena acessória
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica- Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103,
se ao militar da reserva, ou reformado, se estiver
nº II, e 106, a imposição da pena acessória deve
no exercício de função pública de qualquer natu- constar expressamente da sentença.
reza.
Tempo computável
Inabilitação para o exercício de função pú-
blica Art. 108. Computa-se no prazo das inabili-
tações temporárias o tempo de liberdade resultan-
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exer-
te da suspensão condicional da pena ou do livra-
cício de função pública, pelo prazo de dois até mento condicional, se não sobrevém revogação.
vinte anos, o condenado a reclusão por mais de
quatro anos, em virtude de crime praticado com

14
CAPÍTULO VI I - aos civis;
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO II – aos militares condenados a pena privativa
de liberdade por tempo superior a 2 (dois) anos,
aos que de outro modo hajam perdido função,
Obrigação de reparar o dano
posto ou patente ou aos que tenham sido excluí-
Art. 109. São efeitos da condenação: dos das Forças Armadas; (Redação dada pela Lei
nº 14.688, de 2023)
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano
resultante do crime; III – aos militares, no caso do art. 48 deste
Código; (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
Perda em favor da Fazenda Pública
2023)
II – a perda em favor da Fazenda Pública,
IV – aos militares, no caso do art. 115 deste
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
Código, com aplicação dos seus §§ 1º, 2º e 3º.
boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
2023)
Manicômio judiciário
a) dos instrumentos do crime, desde que con-
sistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, Art. 112. Quando o agente é inimputável,
porte ou detenção constitua fato ilícito; nos termos do art. 48 deste Código, o juiz poderá
b) do produto do crime ou de qualquer bem determinar sua internação em estabelecimento de
ou valor que constitua proveito auferido pelo agen- custódia e tratamento. (Redação dada pela Lei nº
te com a sua prática. 14.688, de 2023)
Prazo de internação
TÍTULO VI § 1º A internação ou o tratamento ambulatori-
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Francisco Christianpor tempo indeterminado, perdurando en-
al será
quanto não for averiguada, mediante perícia mé-
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dica, a cessação da periculosidade, observado
Espécies de medidas de segurança
077.967.703-08
que o prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3
Art. 110. As medidas de segurança são (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
pessoais ou patrimoniais. (Redação dada pela Lei 2023)
nº 14.688, de 2023)
Perícia médica
§ 1º As medidas de segurança pessoais sub-
§ 2º A perícia médica realizar-se-á ao término
dividem-se em: (Incluído pela Lei nº 14.688, de
do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de
2023)
ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar
I – detentivas: compreendem a internação em o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº
estabelecimento de custódia e tratamento ou em 14.688, de 2023)
seção especial de estabelecimento penal; (Incluí-
Desinternação ou liberação condicional
do pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 3º A desinternação ou a liberação será
II – não detentivas: compreendem o tratamen-
sempre condicional, devendo ser restabelecida a
to ambulatorial, a interdição de licença para dire-
situação anterior se o agente, antes do decurso de
ção de veículos motorizados, o exílio local e a
1 (um) ano, praticar fato indicativo de persistência
proibição de frequentar determinados lugares.
de sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
14.688, de 2023)
§ 2º As medidas de segurança patrimoniais
§ 4º Durante o período previsto no § 3º deste
compreendem a interdição de estabelecimento ou
artigo, aplicar-se-á o disposto no art. 92 deste
sede de sociedade ou associação e o confisco.
Código. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
2023)
Pessoas sujeitas às medidas de segurança
§ 5º Em qualquer fase do tratamento ambula-
Art. 111. As medidas de segurança somen- torial, poderá o juiz determinar a internação do
te podem ser impostas: agente, se essa providência for necessária para

15
fins curativos. (Incluído pela Lei nº 14.688, de da data da suspensão condicional da pena ou da
2023) concessão do livramento ou desinternação condi-
Substituição da pena por internação cionais.
§ 2º Se, antes de expirado o prazo estabele-
Art. 113. Na hipótese do parágrafo único do
cido, é averiguada a cessação do perigo condicio-
art. 48 deste Código, e se o condenado necessitar nante da interdição, esta é revogada; mas, se o
de especial tratamento curativo destinado aos perigo persiste ao termo do prazo, prorroga-se
inimputáveis, a pena privativa de liberdade poderá este enquanto não cessa aquele.
ser substituída por internação ou por tratamento
ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 § 3º A cassação da licença deve ser determi-
(três) anos, nos termos do art. 112 deste Código. nada ainda no caso de absolvição do réu em ra-
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) zão de inimputabilidade.
Superveniência de cura Exílio local
§ 1º Sobrevindo a cura, pode o internado ser Art. 116. O exílio local, aplicável quando o
transferido para o estabelecimento penal, não juiz o considera necessário como medida preven-
ficando excluído o seu direito a livramento condi- tiva, a bem da ordem pública ou do próprio con-
cional. denado, consiste na proibição de que este resida
Persistência do estado mórbido ou permaneça, durante um ano, pelo menos, na
localidade, município ou comarca em que o crime
§ 2º Se, ao término do prazo, persistir o mór- foi praticado.
bido estado psíquico do internado, condicionante
de periculosidade atual, a internação passa a ser Parágrafo único. O exílio deve ser cumprido
por tempo indeterminado, aplicando-se o disposto logo que cessa ou é suspensa condicionalmente a
nos §§ 1º a 4º do artigo anterior. execução da pena privativa de liberdade.
Francisco Christian
Proibição de frequentar determinados lu-
Ébrios habituais ou toxicômanos
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gares
§ 3º À idêntica internação para fim curativo,
077.967.703-08
Art. 117. A proibição de frequentar determi-
sob as mesmas normas, ficam sujeitos os conde-
nados reconhecidos como ébrios habituais ou nados lugares consiste em privar o condenado,
toxicômanos. durante um ano, pelo menos, da faculdade de
acesso a lugares que favoreçam, por qualquer
Regime de internação
motivo, seu retorno à atividade criminosa.
Art. 114. A internação, em qualquer dos ca- Parágrafo único. Para o cumprimento da proi-
sos previstos nos artigos precedentes, deve visar bição, aplica-se o disposto no parágrafo único do
não apenas ao tratamento curativo do internado, artigo anterior.
senão também ao seu aperfeiçoamento, a um
regime educativo ou de trabalho, lucrativo ou não, Interdição de estabelecimento, sociedade
segundo o permitirem suas condições pessoais. ou associação

Cassação de licença para dirigir veículos Art. 118. A interdição de estabelecimento


motorizados comercial ou industrial, ou de sociedade ou asso-
ciação, pode ser decretada por tempo não inferior
Art. 115. Ao condenado por crime cometido a quinze dias, nem superior a seis meses, se o
na direção ou relacionada mente à direção de estabelecimento, sociedade ou associação serve
veículos motorizados, deve ser cassada a licença de meio ou pretexto para a prática de infração
para tal fim, pelo prazo mínimo de um ano, se as penal.
circunstâncias do caso e os antecedentes do con-
denado revelam a sua inaptidão para essa ativi- § 1º A interdição consiste na proibição de
dade e consequente perigo para a incolumidade exercer no local o mesmo comércio ou indústria,
alheia. ou a atividade social.

§ 1º O prazo da interdição se conta do dia em § 2º A sociedade ou associação, cuja sede é


que termina a execução da pena privativa de li- interditada, não pode exercer em outro local as
berdade ou da medida de segurança detentiva, ou suas atividades.

16
Confisco TÍTULO VIII
Art. 119. O juiz, embora não apurada a au- DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
toria, ou ainda quando o agente é inimputável, ou
não punível, deve ordenar o confisco dos instru- Causas extintivas
mentos e produtos do crime, desde que consistam
em coisas: Art. 123. Extingue-se a punibilidade:

I - cujo fabrico, alienação, uso, porte ou de- I - pela morte do agente;


tenção constitui fato ilícito; II – pela anistia, graça ou indulto; (Redação
II - que, pertencendo às forças armadas ou dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
sendo de uso exclusivo de militares, estejam em III - pela retroatividade de lei que não mais
poder ou em uso do agente, ou de pessoa não considera o fato como criminoso;
devidamente autorizada;
IV - pela prescrição;
III - abandonadas, ocultas ou desaparecidas.
V – (revogado); (Redação dada pela Lei nº
Parágrafo único. É ressalvado o direito do le- 14.688, de 2023)
sado ou de terceiro de boa-fé, nos casos dos ns. I
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato
e III.
culposo (art. 303, § 4º).
Imposição da medida de segurança
VII – pelo perdão judicial, nos casos previstos
Art. 120. A medida de segurança é imposta em lei. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
em sentença, que lhe estabelecerá as condições, Parágrafo único. A extinção da punibilidade
nos termos da lei penal militar. de crime, que é pressuposto, elemento constituti-
Parágrafo único. A imposição da medida de vo ou circunstância agravante de outro, não se
Francisco Christian
segurança não impede a expulsão do estrangeiro. estende a este. Nos crimes conexos, a extinção
da punibilidade de um deles não impede, quanto
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aos outros, a agravação da pena resultante da
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TÍTULO VII conexão.
DA AÇÃO PENAL
Espécies de prescrição
Propositura da ação penal Art. 124. A prescrição refere-se à pretensão
punitiva ou à executória. (Redação dada pela Lei
Art. 121. A ação penal é promovida pelo
nº 14.688, de 2023)
Ministério Público, na forma da lei. (Redação dada
pela Lei nº 14.688, de 2023) Prescrição da ação penal
Parágrafo único. Será admitida ação privada, Art. 125. A prescrição da pretensão puniti-
se a ação pública não for intentada no prazo legal. va, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) pelo máximo da pena privativa de liberdade comi-
Dependência de requisição nada ao crime, verificando-se: (Redação dada
pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136
I - em trinta anos, se a pena é de morte;
a 141 deste Código, a ação penal, quando o agen-
te for militar, depende da requisição do Comando II - em vinte anos, se o máximo da pena é su-
da Força a que aquele estiver subordinado, ob- perior a doze;
servado que, no caso do art. 141, quando o agen- III - em dezesseis anos, se o máximo da pena
te for civil e não houver coautor militar, a requisi- é superior a oito e não excede a doze;
ção será do Ministério da Justiça. (Redação dada
IV - em doze anos, se o máximo da pena é
pela Lei nº 14.688, de 2023)
superior a quatro e não excede a oito;
V - em oito anos, se o máximo da pena é su-
perior a dois e não excede a quatro;

17
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é II – pela sentença condenatória ou acórdão
igual a um ano ou, sendo superior, não excede a condenatório recorríveis; (Redação dada pela
dois; Lei nº 14.688, de 2023)
VII – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é III – pelo início ou continuação da execução
inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº provisória ou definitiva da pena; e (Incluído pela
14.688, de 2023) Lei nº 14.688, de 2023)
Superveniência de sentença condenatória IV – pela reincidência. (Incluído pela Lei nº
de que somente o réu recorre 14.688, de 2023)
§ 1º Sobrevindo sentença condenatória, de § 6º A interrupção da prescrição produz efeito
que somente o réu tenha recorrido, a prescrição relativamente a todos os autores do crime; e nos
passa a regular-se pela pena imposta, e deve ser crimes conexos, que sejam objeto do mesmo pro-
logo declarada, sem prejuízo do andamento do cesso, a interrupção relativa a qualquer deles es-
recurso se, entre a última causa interruptiva do tende-se aos demais.
curso da prescrição (§ 5°) e a sentença, já decor- Prescrição da execução da pena ou da
reu tempo suficiente. medida de segurança que a substitui
Termo inicial da prescrição da ação penal
Art. 126. A prescrição da execução da pena
§ 2º A prescrição da ação penal começa a privativa de liberdade ou da medida de segurança
correr: que a substitui (art. 113) regula-se pelo tempo
a) do dia em que o crime se consumou; fixado na sentença e verifica-se nos mesmos pra-
zos estabelecidos no art. 125, os quais se aumen-
b) no caso de tentativa, do dia em que cessou
tam de um terço, se o condenado é criminoso ha-
a atividade criminosa;
bitual ou por tendência.
c) nos crimes permanentes, do dia Francisco
em que Christian
§ 1º Começa a correr a prescrição:
cessou a permanência;
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a) do dia em que passa em julgado a senten-
d) nos crimes de falsidade, da data em que o
077.967.703-08
ça condenatória ou a que revoga a suspensão
fato se tornou conhecido.
condicional da pena ou o livramento condicional;
Caso de concurso de crimes ou de crime
b) do dia em que se interrompe a execução,
continuado
salvo quando o tempo da interrupção deva com-
§ 3º No caso de concurso de crimes ou de putar-se na pena.
crime continuado, a prescrição é referida, não à
§ 2º No caso de evadir-se o condenado ou de
pena unificada, mas à de cada crime considerado
revogar-se o livramento ou desinternação condici-
isoladamente.
onais, a prescrição se regula pelo restante tempo
Suspensão da prescrição da execução.
§ 4º A prescrição da ação penal não corre: § 3º O curso da prescrição da execução da
I - enquanto não resolvida, em outro proces- pena suspende-se enquanto o condenado está
so, questão de que dependa o reconhecimento da preso por outro motivo, e interrompe-se pelo início
existência do crime; ou continuação do cumprimento da pena, ou pela
reincidência.
II - enquanto o agente cumpre pena no es-
trangeiro. Prescrição no caso de reforma ou suspen-
são de exercício
III – enquanto pendentes embargos de decla-
ração ou recursos ao Supremo Tribunal Federal, Art. 127. (Revogado pela Lei nº 14.688, de
se estes forem considerados inadmissíveis. (In- 2023)
cluído pela Lei nº 14.688, de 2023) Disposições comuns a ambas as espécies
Interrupção da prescrição de prescrição
§ 5º O curso da prescrição da ação penal in- Art. 128. Interrompida a prescrição, salvo o
terrompe-se: caso do § 3º, segunda parte, do art. 126, todo o
I - pela instauração do processo;

18
prazo começa a correr, novamente, do dia da in- a) em favor dos que foram reconhecidos peri-
terrupção. gosos, salvo prova cabal em contrário;
Redução b) em relação aos atingidos pelas penas
acessórias do art. 98, inciso VII, se o crime for de
Art. 129. São reduzidos de metade os pra-
natureza sexual em detrimento de filho, tutelado
zos da prescrição, quando o criminoso era, ao ou curatelado.
tempo do crime, menor de vinte e um anos ou
maior de setenta. Prazo para renovação do pedido
Imprescritibilidade das penas acessórias § 3º Negada a reabilitação, não pode ser no-
vamente requerida senão após o decurso de dois
Art. 130. É imprescritível a execução das anos.
penas acessórias.
§ 4º Os prazos para o pedido de reabilitação
Prescrição no caso de insubmissão serão contados em dobro no caso de criminoso
Art. 131. A prescrição começa a correr, no habitual ou por tendência.
crime de insubmissão, do dia em que o insubmis- Revogação
so atinge a idade de trinta anos. § 5º A reabilitação será revogada de ofício, ou
Prescrição no caso de deserção a requerimento do Ministério Público, se a pessoa
reabilitada for condenada, por decisão definitiva,
Art. 132. No crime de deserção, embora de-
ao cumprimento de pena privativa da liberdade.
corrido o prazo da prescrição, esta só extingue a
punibilidade quando o desertor atinge a idade de Cancelamento do registro de condenações
quarenta e cinco anos, e, se oficial, a de sessenta. penais
Declaração de ofício Art. 135. Declarada a reabilitação, serão
Francisco Christian
Art. 133. A prescrição, embora não alegada,
cancelados, mediante averbação, os anteceden-
tes criminais.
christianpet2002@gmail.com
deve ser declarada de ofício.
077.967.703-08Sigilo sobre antecedentes criminais
Reabilitação
Parágrafo único. Concedida a reabilitação, o
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer registro oficial de condenações penais não pode
penas impostas por sentença definitiva. ser comunicado senão à autoridade policial ou
§ 1º A reabilitação poderá ser requerida de- judiciária, ou ao representante do Ministério Públi-
corridos cinco anos do dia em que for extinta, de co, para instrução de processo penal que venha a
qualquer modo, a pena principal ou terminar a ser instaurado contra o reabilitado.
execução desta ou da medida de segurança apli-
cada em substituição (art. 113), ou do dia em que
terminar o prazo da suspensão condicional da LIVRO I
pena ou do livramento condicional, desde que o DOS CRIMES MILITARES
condenado: EM TEMPO DE PAZ
a) tenha tido domicílio no País, no prazo aci-
ma referido; TÍTULO I
b) tenha dado, durante esse tempo, demons- DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA
tração efetiva e constante de bom comportamento EXTERNA DO PAÍS
público e privado;
c) tenha ressarcido o dano causado pelo cri- Hostilidade contra país estrangeiro
me ou demonstre absoluta impossibilidade de o
fazer até o dia do pedido, ou exiba documento que Art. 136. Praticar o militar ato de hostilidade
comprove a renúncia da vítima ou novação da contra país estrangeiro, expondo o Brasil a perigo
dívida. de guerra:
§ 2º A reabilitação não pode ser concedida: Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

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Resultado mais grave Tentativa contra a soberania do Brasil
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti- Art. 142. Tentar:
cas, represália ou retorsão:
I - submeter o território nacional, ou parte de-
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. le, à soberania de país estrangeiro;
§ 2º Se resulta guerra: II - desmembrar, por meio de movimento ar-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. mado ou tumultos planejados, o território nacional,
desde que o fato atente contra a segurança exter-
Provocação a país estrangeiro
na do Brasil ou a sua soberania;
Art. 137. Provocar o militar, diretamente, pa- III - internacionalizar, por qualquer meio, regi-
ís estrangeiro a declarar guerra ou mover hostili- ão ou parte do território nacional:
dade contra o Brasil ou a intervir em questão que
respeite à soberania nacional: Pena - reclusão, de quinze a trinta anos, para
os cabeças; de dez a vinte anos, para os demais
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. agentes.
Ato de jurisdição indevida Consecução de notícia, informação ou do-
Art. 138. Praticar o militar, indevidamente, cumento para fim de espionagem
no território nacional, ato de jurisdição de país Art. 143. Conseguir, para o fim de espiona-
estrangeiro, ou favorecer a prática de ato dessa gem militar, notícia, informação ou documento,
natureza: cujo sigilo seja de interesse da segurança externa
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos. do Brasil:
Violação de território estrangeiro Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 139. Violar o militar território estrangei- § 1º A pena é de reclusão de dez a vinte
Francisco Christian
ro, com o fim de praticar ato de jurisdição em no- anos:
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me do Brasil: I - se o fato compromete a preparação ou efi-
077.967.703-08
Pena - reclusão, de dois a seis anos. ciência bélica do Brasil, ou o agente transmite ou
fornece, por qualquer meio, mesmo sem remune-
Entendimento para empenhar o Brasil à ração, a notícia, informação ou documento, a au-
neutralidade ou à guerra toridade ou pessoa estrangeira;
Art. 140. Entrar ou tentar entrar o militar em II - se o agente, em detrimento da segurança
entendimento com país estrangeiro, para empe- externa do Brasil, promove ou mantém no territó-
nhar o Brasil à neutralidade ou à guerra: rio nacional atividade ou serviço destinado à espi-
Pena - reclusão, de seis a doze anos. onagem;

Entendimento para gerar conflito ou diver- III - se o agente se utiliza, ou contribui para
gência com o Brasil que outrem se utilize, de meio de comunicação,
para dar indicação que ponha ou possa pôr em
Art. 141. Entrar em entendimento com país perigo a segurança externa do Brasil.
estrangeiro, ou organização nele existente, para
Modalidade culposa
gerar conflito ou divergência de caráter internacio-
nal entre o Brasil e qualquer outro país, ou para § 2º Contribuir culposamente para a execução
lhes perturbar as relações diplomáticas: do crime:
Pena - reclusão, de quatro a oito anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
no caso do artigo; ou até quatro anos, no caso do
Resultado mais grave
§ 1º, nº I.
§ 1º Se resulta ruptura de relações diplomáti-
Revelação de notícia, informação ou do-
cas:
cumento
Pena - reclusão, de seis a dezoito anos.
Art. 144. Revelar notícia, informação ou do-
§ 2º Se resulta guerra: cumento, cujo sigilo seja de interesse da seguran-
Pena - reclusão, de dez a vinte e quatro anos. ça externa do Brasil:

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Pena - reclusão, de três a oito anos. Desenho ou levantamento de plano ou
Fim da espionagem militar planta de local militar ou de engenho de guerra

§ 1º Se o fato é cometido com o fim de espio- Art. 147. Fazer desenho ou levantar plano
nagem militar: ou planta de fortificação, quartel, fábrica, arsenal,
hangar ou aeródromo, ou de navio, aeronave ou
Pena - reclusão, de seis a doze anos.
engenho de guerra motomecanizado, utilizados ou
Resultado mais grave em construção sob administração ou fiscalização
§ 2º Se o fato compromete a preparação ou a militar, ou fotografá-los ou filmá-los:
eficiência bélica do país: Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
Pena - reclusão, de dez a vinte anos. não constitui crime mais grave.
Modalidade culposa Sobrevoo em local interdito
§ 3º Se a revelação é culposa: Art. 148. Sobrevoar local declarado interdi-
to:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
no caso do artigo; ou até quatro anos, nos casos Pena - reclusão, até três anos.
dos §§ 1° e 2.
Turbação de objeto ou documento
TÍTULO II
Art. 145. Suprimir, subtrair, deturpar, alterar, DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE
desviar, ainda que temporariamente, objeto ou OU DISCIPLINA MILITAR
documento concernente à segurança externa do
Brasil:
CAPÍTULO I
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Francisco Christian DO MOTIM E DA REVOLTA
Resultado mais grave christianpet2002@gmail.com
§ 1º Se o fato compromete a segurança ou a
077.967.703-08 Motim
eficiência bélica do país:
Art. 149. Reunirem-se militares: (Redação
Pena - Reclusão, de dez a vinte anos.
dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Modalidade culposa
I - agindo contra a ordem recebida de superi-
§ 2º Contribuir culposamente para o fato: or, ou negando-se a cumpri-la;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. II - recusando obediência a superior, quando
Penetração com o fim de espionagem estejam agindo sem ordem ou praticando violên-
cia;
Art. 146. Penetrar, sem licença, ou introdu-
III - assentindo em recusa conjunta de obedi-
zir-se clandestinamente ou sob falso pretexto, em
ência, ou em resistência ou violência, em comum,
lugar sujeito à administração militar, ou centro
contra superior;
industrial a serviço de construção ou fabricação
sob fiscalização militar, para colher informação IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fá-
destinada a país estrangeiro ou agente seu: brica ou estabelecimento militar, ou dependência
Pena - reclusão, de três a oito anos. de qualquer deles, hangar, aeródromo ou aerona-
ve, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de
Parágrafo único. Entrar, em local referido no qualquer daqueles locais ou meios de transporte,
artigo, sem licença de autoridade competente, para ação militar, ou prática de violência, em de-
munido de máquina fotográfica ou qualquer outro sobediência a ordem superior ou em detrimento
meio hábil para a prática de espionagem: da ordem ou da disciplina militar:
Pena - reclusão, até três anos. Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com
aumento de um terço para os cabeças.

21
Revolta Título: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
Parágrafo único. Se os agentes estavam ar- 2023)
mados: Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com Incitamento
aumento de um terço para os cabeças.
Art. 155. Incitar à desobediência, à indisci-
Organização de grupo para a prática de vi- plina ou à prática de crime militar:
olência
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
Art. 150. Reunirem-se dois ou mais milita-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
res, com armamento ou material bélico de propri- quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito
edade militar, praticando violência à pessoa ou à à administração militar, material impresso, manus-
coisa pública ou particular em lugar sujeito ou não crito ou produzido por meio eletrônico, fotocopiado
à administração militar: (Redação dada pela Lei nº ou gravado que contenha incitamento à prática
14.688, de 2023) dos atos previstos no caput deste artigo. (Reda-
Pena - reclusão, de quatro a oito anos. ção dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Omissão de lealdade militar Apologia de fato criminoso ou do seu au-
tor
Art. 151. Deixar o militar de levar ao conhe-
cimento do superior o motim ou a revolta de cuja Art. 156. Fazer apologia de fato que a lei
preparação teve notícia ou, se presenciar o ato militar considera crime, ou do autor do mesmo, em
criminoso, não usar de todos os meios ao seu lugar sujeito à administração militar:
alcance para impedi-lo: (Redação dada pela Lei nº Pena - detenção, de seis meses a um ano.
14.688, de 2023)
Pena - reclusão, de três a cinco anos. Francisco Christian
Conspiração christianpet2002@gmail.com CAPÍTULO III
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU
077.967.703-08
Art. 152. Concertarem-se militares para a
MILITAR DE SERVIÇO
prática do crime previsto no art. 149 deste Código:
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Violência contra superior
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Isenção de pena Art. 157. Praticar violência contra superior:

Parágrafo único. É isento de pena aquele Pena - detenção, de três meses a dois anos.
que, antes da execução do crime e quando era Formas qualificadas
ainda possível evitar-lhe as consequências, de-
§ 1º Se o superior é comandante da unidade
nuncia o ajuste de que participou.
a que pertence o agente, ou oficial general:
Cumulação de penas
Pena - reclusão, de três a nove anos.
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são § 2º Se a violência é praticada com arma, a
aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à pena é aumentada de um terço.
violência.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal,
aplica-se, além da pena da violência, a do crime
CAPÍTULO II contra a pessoa.
DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO § 4º Se da violência resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Aliciação para motim ou revolta § 5º A pena é aumentada da sexta parte, se o
Art. 154. Aliciar militar para a prática de crime ocorre em serviço.
qualquer dos crimes previstos no Capítulo I deste

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Violência contra militar de serviço Pena - detenção, de seis meses a um ano.
Art. 158. Praticar violência contra oficial de Parágrafo único. A pena é aumentada da me-
dia, de serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, tade, se o fato é praticado diante da tropa, ou em
vigia ou plantão: público.
Pena - reclusão, de três a oito anos.
CAPÍTULO V
Formas qualificadas
DA INSUBORDINAÇÃO
§ 1º Se a violência é praticada com arma, a
pena é aumentada de um terço.
Recusa de obediência
§ 2º Se da violência resulta lesão corporal,
aplica-se, além da pena da violência, a do crime Art. 163. Recusar obedecer a ordem do su-
contra a pessoa. perior sobre assunto ou matéria de serviço, ou
relativamente a dever imposto em lei, regulamento
§ 3º Se da violência resulta morte: ou instrução:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato
Ausência de dolo no resultado não constitui crime mais grave.
Art. 159. Quando da violência resulta morte Oposição a ordem de sentinela
ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam Art. 164. Opor-se às ordens da sentinela:
que o agente não quis o resultado nem assumiu o
risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pes- Pena - detenção, de seis meses a um ano, se
soa é diminuída de metade. o fato não constitui crime mais grave.
Reunião ilícita
CAPÍTULO IV Art. 165. Promover a reunião de militares,
Francisco Christian
DO DESRESPEITO A SUPERIOR EA
christianpet2002@gmail.com
ou nela tomar parte, para discussão de ato de
SÍMBOLO NACIONAL OU A FARDA superior ou assunto atinente à disciplina militar:
077.967.703-08
Pena - detenção, de seis meses a um ano a
Desrespeito a superior quem promove a reunião; de dois a seis meses a
quem dela participa, se o fato não constitui crime
Art. 160. Desrespeitar superior diante de
mais grave.
outro militar:
Publicação ou crítica indevida
Pena - detenção, de três meses a um ano, se
o fato não constitui crime mais grave. Art. 166. Publicar o militar ou assemelhado,
Desrespeito a comandante, oficial general sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar
ou oficial de serviço publicamente ato de seu superior ou assunto ati-
nente à disciplina militar, ou a qualquer resolução
Parágrafo único. Se o fato é praticado contra do Governo:
o comandante da unidade a que pertence o agen-
te, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de Pena - detenção, de dois meses a um ano, se
quarto, a pena é aumentada da metade. o fato não constitui crime mais grave.

Desrespeito a símbolo nacional


CAPÍTULO VI
Art. 161. Praticar o militar diante da tropa,
ou em lugar sujeito à administração militar, ato DA USURPAÇÃO E DO EXCESSO
que se traduza em ultraje a símbolo nacional: OU ABUSO DE AUTORIDADE
Pena - detenção, de um a dois anos.
Assunção de comando sem ordem ou au-
Despojamento desprezível
torização
Art. 162. Despojar-se de uniforme, condeco-
Art. 167. Assumir o militar, sem ordem ou
ração militar, insígnia ou distintivo, por menospre-
autorização, salvo se em grave emergência, qual-
zo ou vilipêndio:

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quer comando, ou a direção de estabelecimento Abuso de requisição militar
militar:
Art. 173. Abusar do direito de requisição mi-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o litar, excedendo os poderes conferidos ou recu-
fato não constitui crime mais grave. sando cumprir dever imposto em lei:
Conservação ilegal de comando Pena - detenção, de um a dois anos.
Art. 168. Conservar comando ou função le- Rigor excessivo
gitimamente assumida, depois de receber ordem
Art. 174. Exceder a faculdade de punir o
de seu superior para deixá-los ou transmiti-los a
outrem: subordinado, fazendo-o com rigor não permitido,
ou ofendendo-o por palavra, ato ou escrito:
Pena - detenção, de um a três anos.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos,
Operação militar sem ordem superior se o fato não constitui crime mais grave. (Redação
Art. 169. Determinar o comandante, sem dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
ordem superior e fora dos casos em que essa se Violência contra inferior
dispensa, movimento de tropa ou ação militar:
Art. 175. Praticar violência contra inferior hi-
Pena - reclusão, de três a cinco anos. erárquico: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
Forma qualificada 2023)
Parágrafo único. Se o movimento da tropa ou Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
ação militar é em território estrangeiro ou contra anos. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
força, navio ou aeronave de país estrangeiro: Resultado mais grave
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, se o Parágrafo único. Se da violência resulta lesão
fato não constitui crime mais grave. Francisco Christian
corporal ou morte é também aplicada a pena do
Ordem arbitrária de invasão christianpet2002@gmail.com
crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for
o caso, ao disposto no art. 159.
077.967.703-08
Art. 170. Ordenar, arbitrariamente, o co-
mandante de força, navio, aeronave ou engenho Ofensa aviltante a inferior hierárquico
de guerra motomecanizado a entrada de coman- Art. 176. Ofender inferior hierárquico, medi-
dados seus em águas ou território estrangeiro, ou ante ato de violência que, por natureza ou pelo
sobrevoá-los: meio empregado, seja considerado aviltante: (Re-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. dação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Uso indevido por militar de uniforme, dis- (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
tintivo ou insígnia Parágrafo único. Aplica-se o disposto no pa-
Art. 171. Usar o militar, indevidamente, uni- rágrafo único do artigo anterior.
forme, distintivo ou insígnia de posto ou de gradu-
ação superior: (Redação dada pela Lei nº 14.688,
CAPÍTULO VII
de 2023)
DA RESISTÊNCIA
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se
o fato não constitui crime mais grave.
Resistência mediante ameaça ou violência
Uso indevido de uniforme, distintivo ou in-
sígnia militar por qualquer pessoa Art. 177. Opor-se à execução de ato legal,
mediante ameaça ou violência ao executor, ou a
Art. 172. Usar, indevidamente, uniforme,
quem esteja prestando auxílio:
distintivo ou insígnia militar a que não tenha direi-
to: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, até seis meses.

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Forma qualificada Evasão de preso ou internado
§ 1º Se o ato não se executa em razão da re- Art. 180. Evadir-se, ou tentar evadir-se o
sistência: preso ou internado, usando de violência contra a
Pena - reclusão de dois a quatro anos. pessoa:
§ 1º-A. Se da resistência resulta morte: Pena - detenção, de um a dois anos, além da
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) correspondente à violência.
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. § 1º Se a evasão ou a tentativa ocorre medi-
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) ante arrombamento da prisão militar:
Cumulação de penas Pena - detenção, de seis meses a um ano.
§ 2º As penas previstas no caput e no § 1º Cumulação de penas
deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das cor- § 2º Se ao fato sucede deserção, aplicam-se
respondentes à violência. (Redação dada pela Lei cumulativamente as penas correspondentes.
nº 14.688, de 2023)
Arrebatamento de preso ou internado
Art. 181. Arrebatar preso ou internado, a fim
CAPÍTULO VIII de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob
DA FUGA, EVASÃO, ARREBATAMENTO guarda ou custódia militar:
E AMOTINAMENTO DE PRESOS Pena - reclusão, até quatro anos, além da
correspondente à violência.
Fuga de preso ou internado Amotinamento
Art. 178. Promover ou facilitar a fuga de Art. 182. Amotinarem-se presos, ou interna-
pessoa legalmente presa ou submetidaFrancisco
a medida Christian
dos, perturbando a disciplina do recinto de prisão
de segurança detentiva: christianpet2002@gmail.com
militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois077.967.703-08
anos. Pena - reclusão, até três anos, aos cabeças;
Formas qualificadas aos demais, detenção de um a dois anos.
§ 1º Se o crime é praticado a mão armada ou Responsabilidade de participe ou de oficial
por mais de uma pessoa, ou mediante arromba- Parágrafo único. Na mesma pena incorre
mento: quem participa do amotinamento ou, sendo oficial
Pena - reclusão, de dois a seis anos. e estando presente, não usa os meios ao seu al-
cance para debelar o amotinamento ou evitar-lhe
§ 2º Se há emprego de violência contra pes- as consequências.
soa, aplica-se também a pena correspondente à
violência.
§ 3º Se o crime é praticado por pessoa sob TÍTULO III
cuja guarda, custódia ou condução está o preso DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO
ou internado: MILITAR E O DEVER MILITAR
Pena - reclusão, até quatro anos.
Modalidade culposa CAPÍTULO I
Art. 179. Deixar, por culpa, fugir pessoa le- DA INSUBMISSÃO
galmente presa, confiada à sua guarda ou condu-
ção: Insubmissão
Pena - detenção, de três meses a um ano. Art. 183. Deixar de apresentar-se o convo-
cado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi
marcado, ou, apresentando-se, ausentar-se antes
do ato oficial de incorporação:
Pena - impedimento, de três meses a um ano.

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Caso assimilado Pena - detenção, de seis meses a dois anos;
§ 1º Na mesma pena incorre quem, dispensa- se oficial, a pena é agravada.
do temporariamente da incorporação, deixa de se Casos assimilados
apresentar, decorrido o prazo de licenciamento.
Art. 188. Na mesma pena incorre o militar
Diminuição da pena que:
§ 2º A pena é diminuída de um terço: I - não se apresenta no lugar designado, den-
a) pela ignorância ou a errada compreensão tro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;
dos atos da convocação militar, quando escusá- II - deixa de se apresentar a autoridade com-
veis; petente, dentro do prazo de oito dias, contados
b) pela apresentação voluntária dentro do daquele em que termina ou é cassada a licença
prazo de um ano, contado do último dia marcado ou agregação ou em que é declarado o estado de
para a apresentação. sítio ou de guerra;
Criação ou simulação de incapacidade fí- III - tendo cumprido a pena, deixa de se apre-
sica sentar, dentro do prazo de oito dias;

Art. 184. Criar ou simular incapacidade físi- IV - consegue exclusão do serviço ativo ou si-
ca, que inabilite o convocado para o serviço mili- tuação de inatividade, criando ou simulando inca-
tar: pacidade.

Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 189. Nos crimes dos arts. 187 e 188,
ns. I, II e III:
Substituição de convocado
Atenuante especial
Art. 185. Substituir-se o convocado por ou-
trem na apresentação ou na inspeção de saúde. I - se o agente se apresenta voluntariamente
Francisco Christian
dentro em oito dias após a consumação do crime,
Pena - detenção, de seis meses christianpet2002@gmail.com
a dois anos. a pena é diminuída de metade; e de um terço, se
Parágrafo único. Na mesma pena incorre 077.967.703-08
de mais de oito dias e até sessenta;
quem substitui o convocado. Agravante especial
Favorecimento a convocado II - se a deserção ocorre em unidade estacio-
Art. 186. Dar asilo a convocado, ou tomá-lo nada em fronteira ou país estrangeiro, a pena é
a seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe agravada de um terço.
transporte ou meio que obste ou dificulte a incor- Deserção especial
poração, sabendo ou tendo razão para saber que
Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se
cometeu qualquer dos crimes previstos neste ca-
pítulo: no momento da partida do navio ou aeronave, de
que é tripulante, ou do deslocamento da unidade
Pena - detenção, de três meses a um ano. ou força em que serve:
Isenção de pena Pena - detenção, até três meses, se após a
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen- partida ou deslocamento se apresentar, dentro de
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimino- vinte e quatro horas, à autoridade militar do lugar,
so, fica isento de pena. ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
comunicada a apresentação ao comando militar
competente.
CAPÍTULO II § 1º Se a apresentação se der dentro de pra-
DA DESERÇÃO zo superior a vinte e quatro horas e não exceden-
te a cinco dias:
Deserção Pena - detenção, de dois a oito meses.
Art. 187. Ausentar-se o militar, sem licença, § 2o Se superior a cinco dias e não excedente
da unidade em que serve, ou do lugar em que a oito dias:
deve permanecer, por mais de oito dias:

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Pena - detenção, de três meses a um ano. Abandono de posto
§ 2o-A. Se superior a oito dias: Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. posto ou lugar de serviço que lhe tenha sido de-
signado, ou o serviço que lhe cumpria, antes de
Aumento de pena
terminá-lo:
§ 3o A pena é aumentada de um terço, se se
Pena - detenção, de três meses a um ano.
tratar de sargento, subtenente ou suboficial, e de
metade, se oficial. Descumprimento de missão
Concerto para deserção Art. 196. Deixar o militar de desempenhar a
missão que lhe foi confiada:
Art. 191. Concertarem-se militares para a
prática da deserção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui crime mais grave.
I - se a deserção não chega a consumar-se:
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumenta-
Pena - detenção, de três meses a um ano.
da de um terço.
Modalidade complexa
§ 2º Se o agente exercia função de comando,
II - se consumada a deserção: a pena é aumentada de metade.
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Modalidade culposa
Deserção por evasão ou fuga § 3º Se a abstenção é culposa:
Art. 192. Evadir-se o militar do poder da es- Pena - detenção, de três meses a um ano.
colta, ou de recinto de detenção ou de prisão, ou Retenção indevida
fugir em seguida à prática de crime para evitar
prisão, permanecendo ausente por mais Francisco Art. 197. Deixar o oficial de restituir, por
de oito Christian
dias: ocasião da passagem de função, ou quando lhe é
christianpet2002@gmail.com
exigido, objeto, plano, carta, cifra, código ou do-
Pena - detenção, de seis meses a dois077.967.703-08
anos.
cumento que lhe haja sido confiado:
Favorecimento a desertor
Pena – detenção, até 6 (seis) meses, se o fa-
Art. 193. Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a to não constitui crime mais grave. (Redação dada
seu serviço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe pela Lei nº 14.688, de 2023)
transporte ou meio de ocultação, sabendo ou ten- Parágrafo único. Se o objeto, plano, carta, ci-
do razão para saber que cometeu qualquer dos fra, código, ou documento envolve ou constitui
crimes previstos neste capítulo: segredo relativo à segurança nacional:
Pena - detenção, de quatro meses a um ano. Pena - detenção, de três meses a um ano, se
Isenção de pena o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o favorecedor é ascen- Omissão de eficiência da força
dente, descendente, cônjuge ou irmão do crimino- Art. 198. Deixar o comandante de manter a
so, fica isento de pena.
força sob seu comando em estado de eficiência:
Omissão de oficial
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
Art. 194. Deixar o oficial de proceder contra ano. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
desertor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se Omissão de providências para evitar da-
entre os seus comandados: nos
Pena - detenção, de seis meses a um ano. Art. 199. Deixar o comandante de empregar
todos os meios ao seu alcance para evitar perda,
CAPÍTULO III destruição ou inutilização de instalações militares,
navio, aeronave ou engenho de guerra motome-
DO ABANDONO DE PÔSTO E DE canizado em perigo:
OUTROS CRIMES EM SERVIÇO
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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Modalidade culposa edade comercial, ou dela ser sócio ou participar,
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa: exceto como acionista ou cotista em sociedade
anônima, ou por cotas de responsabilidade limita-
Pena - detenção, de três meses a um ano. da:
Omissão de providências para salvar co- Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
mandados (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 200. Deixar o comandante, em ocasião
de incêndio, naufrágio, encalhe, colisão, ou outro TÍTULO IV
perigo semelhante, de tomar todas as providên- DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
cias adequadas para salvar os seus comandados
e minorar as consequências do sinistro, não sen-
CAPÍTULO I
do o último a sair de bordo ou a deixar a aeronave
ou o quartel ou sede militar sob seu comando: DO HOMICÍDIO

Pena - reclusão, de dois a seis anos. Homicídio simples


Modalidade culposa
Art. 205. Matar alguém:
Parágrafo único. Se a abstenção é culposa:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Minoração facultativa da pena
Omissão de socorro
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por
Art. 201. Deixar o comandante de socorrer, motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
sem justa causa, navio de guerra ou mercante, o domínio de violenta emoção, logo em seguida a
nacional ou estrangeiro, ou aeronave, em perigo, injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
ou náufragos que hajam pedido socorro: Francisco Christian
pena, de um sexto a um terço.
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 christianpet2002@gmail.com
(dois) anos. Homicídio qualificado
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) 077.967.703-08
§ 2° Se o homicídio é cometido:
Embriaguez em serviço I - por motivo fútil;
Art. 202. Embriagar-se o militar, quando em II - mediante paga ou promessa de recom-
serviço, ou apresentar-se embriagado para prestá- pensa, por cupidez, para excitar ou saciar desejos
lo: sexuais, ou por outro motivo torpe;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. III - com emprego de veneno, asfixia, tortura,
Dormir em serviço fogo, explosivo, ou qualquer outro meio dissimula-
do ou cruel, ou de que possa resultar perigo co-
Art. 203. Dormir o militar, quando em servi- mum;
ço, como oficial de quarto ou de ronda, ou em
IV - à traição, de emboscada, com surpresa
situação equivalente, ou, não sendo oficial, em
ou mediante outro recurso insidioso, que dificultou
serviço de sentinela, vigia, plantão às máquinas,
ou tornou impossível a defesa da vítima;
ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de na-
tureza semelhante: V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime;
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) VI - prevalecendo-se o agente da situação de
serviço:

CAPÍTULO IV VII – contra autoridade ou agente descrito nos


arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integran-
DO EXERCÍCIO DE COMÉRCIO tes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em
Exercício de comércio por oficial decorrência dela, ou contra seu cônjuge, compa-
nheiro ou parente consanguíneo até o terceiro
Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou
tomar parte na administração ou gerência de soci-

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grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei pendência, levando-o, em razão disso, à prática
nº 14.688, de 2023) de suicídio: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 2023)

Homicídio culposo Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.


(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 206. Se o homicídio é culposo:
Redução de pena
Pena - detenção, de um a quatro anos. § 3° Se o suicídio é apenas tentado, e da ten-
§ 1° A pena pode ser agravada se o crime re- tativa resulta lesão grave, a pena é reduzida de
sulta de inobservância de regra técnica de profis- um a dois terços.
são, arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres-
tar imediato socorro à vítima.
CAPÍTULO II
Aumento de pena
DO GENOCÍDIO
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço):
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Genocídio
I – se o crime resulta da inobservância de re-
gra técnica de profissão, arte ou ofício; (Incluído Art. 208. Matar membros de um grupo naci-
pela Lei nº 14.688, de 2023) onal, étnico, religioso ou pertencente a determina-
II – se o agente deixa de prestar imediato so- da raça, com o fim de destruição total ou parcial
corro à vítima, não procura diminuir as conse- desse grupo:
quências do seu ato ou foge para evitar prisão em Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
flagrante. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Casos assimilados
Multiplicidade de vítimas Francisco Christian
Parágrafo único. Será punido com reclusão,
§ 2º Se, em consequência dechristianpet2002@gmail.com
uma só ação ou de quatro a quinze anos, quem, com o mesmo fim:
omissão culposa, ocorre morte de mais de uma
077.967.703-08I - inflige lesões graves a membros do grupo;
pessoa ou também lesões corporais em outras
pessoas, a pena é aumentada de um sexto até II - submete o grupo a condições de existên-
metade. cia, físicas ou morais, capazes de ocasionar a
eliminação de todos os seus membros ou parte
§ 3º O juízo poderá deixar de aplicar a pena
deles;
se as consequências da infração atingirem o pró-
prio agente de forma tão grave que a sanção pe- III - força o grupo à sua dispersão;
nal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº IV - impõe medidas destinadas a impedir os
14.688, de 2023) nascimentos no seio do grupo;
Provocação direta ou auxílio a suicídio V - efetua coativamente a transferência de
Art. 207. Instigar ou induzir alguém a suici- crianças do grupo para outro grupo.
dar-se, ou prestar-lhe auxílio para que o faça, vin-
do o suicídio consumar-se:
CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de dois a seis anos. DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA
Aumento de pena
§ 1º Se o crime é praticado por motivo egoís- Lesão leve
tico, ou a vítima é menor ou tem diminuída, por
Art. 209. Ofender a integridade corporal ou
qualquer motivo, a resistência moral, a pena é
duplicada. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de a saúde de outrem:
2023) Pena - detenção, de três meses a um ano.
Provocação indireta ao suicídio Lesão grave
§ 2º Infligir, desumana e reiteradamente, § 1º Se se produz, dolosamente, aceleração
maus-tratos a alguém, sob sua autoridade ou de- de parto, perigo de vida, debilidade permanente

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de membro, sentido ou função, ou incapacidade para evitar prisão em flagrante. (Redação dada
para as ocupações habituais, por mais de 30 (trin- pela Lei nº 14.688, de 2023)
ta) dias: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de Aumento de pena
2023)
§ 2º Se, em consequência de uma só ação ou
Pena - reclusão, até cinco anos. omissão culposa, ocorrem lesões em várias pes-
§ 2º Se se produz, dolosamente, enfermidade soas, a pena é aumentada de um sexto até meta-
incurável, perda ou inutilização de membro, senti- de.
do ou função, incapacidade permanente para o § 3º O juiz poderá deixar de aplicar a pena se
trabalho, deformidade duradoura ou aborto: as consequências da infração atingirem o próprio
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) agente de forma tão grave que a sanção penal se
Pena - reclusão, de dois a oito anos. torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 14.688,
Lesão qualificada pelo resultado de 2023)

§ 3º Se os resultados previstos nos §§ 1º e 2º Participação em rixa


deste artigo forem causados culposamente: Art. 211. Participar de rixa, salvo para sepa-
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) rar os contendores:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Pena - detenção, até dois meses.
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão
§ 3º-A. Se da lesão resultar morte e as cir- grave, aplica-se, pelo fato de participação na rixa,
cunstâncias evidenciarem que o agente não quis o a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo:
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 12Francisco
(doze) CAPÍTULO IV
Christian
anos. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) DA PERICLITAÇÃO DA VIDA
christianpet2002@gmail.com
Minoração facultativa da pena OU DA SAÚDE
077.967.703-08
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor moral ou social ou sob o Abandono de pessoa
domínio de violenta emoção, logo em seguida a Art. 212. Abandonar o militar pessoa que
injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autori-
pena, de um sexto a um terço. dade e, por qualquer motivo, incapaz de defender-
§ 5º No caso de lesões leves, se estas são se dos riscos resultantes do abandono:
recíprocas, não se sabendo qual dos contendores Pena - detenção, de seis meses a três anos.
atacou primeiro, ou quando ocorre qualquer das
hipóteses do parágrafo anterior, o juiz pode dimi- Formas qualificadas pelo resultado
nuir a pena de um a dois terços. § 1º Se do abandono resulta lesão grave:
Lesão levíssima Pena - reclusão, até cinco anos.
§ 6º No caso de lesões levíssimas, o juiz pode § 2º Se resulta morte:
considerar a infração como disciplinar.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Lesão culposa
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº
Art. 210. Se a lesão é culposa: 14.688, de 2023)
Pena - detenção, de dois meses a um ano. § 3º As penas cominadas neste artigo são
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se aumentadas de 1/3 (um terço): (Incluído pela Lei
o crime resulta da inobservância de regra técnica nº 14.688, de 2023)
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa I – se o abandono ocorre em lugar ermo;
de prestar imediato socorro à vítima, não procura (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
diminuir as consequências do seu ato ou foge

30
II – se o agente é ascendente ou descenden- II - se o fato é imputado a qualquer das pes-
te, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima; soas indicadas no nº I do art. 218;
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) III - se do crime imputado, embora de ação
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) pública, o ofendido foi absolvido por sentença irre-
anos, menor de 14 (quatorze) anos ou pessoa corrível.
com deficiência. (Incluído pela Lei nº 14.688, de Difamação
2023)
Art. 215. Difamar alguém, imputando-lhe fa-
Maus tratos
to ofensivo à sua reputação:
Art. 213. Expor a perigo a vida ou saúde,
Pena - detenção, de três meses a um ano.
em lugar sujeito à administração militar ou no
exercício de função militar, de pessoa sob sua Parágrafo único. A exceção da verdade so-
autoridade, guarda ou vigilância, para o fim de mente se admite se a ofensa é relativa ao exercí-
educação, instrução, tratamento ou custódia, quer cio da função pública, militar ou civil, do ofendido.
privando-a de alimentação ou cuidados indispen- Injúria
sáveis, quer sujeitando-a a trabalhos excessivos
ou inadequados, quer abusando de meios de cor- Art. 216. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a
reção ou disciplina: dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Pena - detenção, até seis meses.
Formas qualificadas pelo resultado § 1º O juízo pode deixar de aplicar a pena:
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 1º Se do fato resulta lesão grave:
I – quando o ofendido, de forma reprovável,
Pena - reclusão, até quatro anos. provocou diretamente a injúria; (Incluído pela Lei
§ 2º Se resulta morte: nº 14.688, de 2023)
Francisco Christian
Pena - reclusão, de dois a dezchristianpet2002@gmail.com
anos. II – no caso de retorsão imediata, que consis-
077.967.703-08
§ 3º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se ta em outra injúria. (Incluído pela Lei nº 14.688, de
o crime é praticado contra pessoa menor de 14 2023)
(quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou Injúria qualificada
com deficiência. (Incluído pela Lei nº 14.688, de § 2º Se a injúria consiste na utilização de
2023) elementos referentes a raça, a cor, a etnia, a reli-
gião, a origem, a orientação sexual ou a condição
CAPÍTULO V de pessoa idosa ou com deficiência: (Incluído pela
DOS CRIMES CONTRA A HONRA Lei nº 14.688, de 2023)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Calúnia (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 214. Caluniar alguém, imputando-lhe Injúria real
falsamente fato definido como crime: Art. 217. Se a injúria consiste em violência,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ou outro ato que atinja a pessoa, e, por sua natu-
reza ou pelo meio empregado, se considera avil-
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo
tante:
falsa a imputação, a propala ou divulga.
Pena - detenção, de três meses a um ano,
Exceção da verdade
além da pena correspondente à violência.
§ 2º A prova da verdade do fato imputado ex-
Disposições comuns
clui o crime, mas não é admitida:
I - se, constituindo o fato imputado crime de Art. 218. As penas cominadas nos antece-
ação privada, o ofendido não foi condenado por dentes artigos deste capítulo aumentam-se de um
sentença irrecorrível; terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República ou chefe
de governo estrangeiro;

31
II - contra superior; CAPÍTULO VI
III – contra militar ou servidor público, em ra- DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
zão das suas funções; (Redação dada pela Lei nº
14.688, de 2023)
SEÇÃO I
IV – na presença de 2 (duas) ou mais pesso- DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
as ou de inferior hierárquico do ofendido, ou por
INDIVIDUAL
meio que facilite a divulgação da calúnia, da difa-
mação ou da injúria. (Redação dada pela Lei nº
14.688, de 2023) Constrangimento ilegal
Parágrafo único. Se o crime é cometido medi- Art. 222. Constranger alguém, mediante vio-
ante paga ou promessa de recompensa, aplica-se lência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver
a pena em dobro, se o fato não constitui crime reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade
mais grave. de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou
Ofensa às forças armadas a fazer ou a tolerar que se faça, o que ela não
manda:
Art. 219. Propalar fatos, que sabe inverídi-
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
cos, capazes de ofender a dignidade ou abalar o
ano. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
crédito das forças armadas ou a confiança que
estas merecem do público: Aumento de pena
Pena - detenção, de seis meses a um ano. § 1º A pena aplica-se em dobro, quando, para
a execução do crime, se reúnem mais de três
Parágrafo único. A pena será aumentada de
pessoas, ou há emprego de arma, ou quando o
um terço, se o crime é cometido pela imprensa,
constrangimento é exercido com abuso de autori-
rádio ou televisão.
Francisco Christian
dade, para obter de alguém confissão de autoria
Exclusão de pena de crime ou declaração como testemunha.
christianpet2002@gmail.com
Art. 220. Não constitui ofensa punível, salvo
077.967.703-08
§ 2º Além da pena cominada, aplica-se a cor-
quando inequívoca a intenção de injuriar, difamar respondente à violência.
ou caluniar: Exclusão de crime
I - a irrogada em juízo, na discussão da cau- § 3º Não constitui crime:
sa, por uma das partes ou seu procurador contra a
outra parte ou seu procurador; I - Salvo o caso de transplante de órgãos, a
intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
II - a opinião desfavorável da crítica literária, mento do paciente ou de seu representante legal,
artística ou científica; se justificada para conjurar iminente perigo de
III - a apreciação crítica às instituições milita- vida ou de grave dano ao corpo ou à saúde;
res, salvo quando inequívoca a intenção de ofen- II - a coação exercida para impedir suicídio.
der;
Ameaça
IV - o conceito desfavorável em apreciação ou
informação prestada no cumprimento do dever de Art. 223. Ameaçar alguém, por palavra, es-
ofício. crito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico,
de lhe causar mal injusto e grave:
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e IV,
responde pela ofensa quem lhe dá publicidade. Pena - detenção, até seis meses, se o fato
não constitui crime mais grave.
Equivocidade da ofensa
Parágrafo único. Se a ameaça é motivada por
Art. 221. Se a ofensa é irrogada de forma fato referente a serviço de natureza militar, a pena
imprecisa ou equívoca, quem se julga atingido é aumentada de um terço.
pode pedir explicações em juízo. Se o interpelado
se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá
satisfatórias, responde pela ofensa.

32
Desafio para duelo Forma qualificada
Art. 224. Desafiar outro militar para duelo ou § 1º Se o crime é cometido durante o repouso
aceitar-lhe o desafio, embora o duelo não se reali- noturno, ou com emprego de violência ou de ar-
ze: ma, ou mediante arrombamento, ou por duas ou
mais pessoas:
Pena - detenção, até três meses, se o fato
não constitui crime mais grave. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
além da pena correspondente à violência.
Sequestro ou cárcere privado
Aumento de pena
Art. 225. Privar alguém de sua liberdade,
§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
mediante sequestro ou cárcere privado:
o fato é cometido por militar em serviço ou por
Pena - reclusão, até três anos. servidor público, fora dos casos legais, ou com
Aumento de pena inobservância das formalidades prescritas em lei
ou com abuso de poder. (Redação dada pela Lei
§ 1º A pena é de reclusão, de 2 (dois) a 5 nº 14.688, de 2023)
(cinco) anos: (Redação dada pela Lei nº 14.688,
de 2023) Exclusão de crime
I – se a vítima é ascendente, descendente, § 3º Não constitui crime a entrada ou perma-
cônjuge, companheira do agente, maior de 60 nência em casa alheia ou em suas dependências:
(sessenta) anos, menor de 18 (dezoito) anos ou I - durante o dia, com observância das forma-
pessoa com deficiência; (Redação dada pela Lei lidades legais, para efetuar prisão ou outra dili-
nº 14.688, de 2023) gência em cumprimento de lei ou regulamento
II - se o crime é praticado mediante interna- militar;
ção da vítima em casa de saúde ou hospital; II - a qualquer hora do dia ou da noite para
Francisco Christian
III - se a privação de liberdade dura mais de acudir vítima de desastre ou quando alguma infra-
christianpet2002@gmail.com
quinze dias. ção penal está sendo ali praticada ou na iminência
077.967.703-08
de o ser.
IV – se o crime é praticado com fins libidino-
sos. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) Compreensão do termo "casa"
Formas qualificadas pelo resultado § 4º O termo "casa" compreende:
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus I - qualquer compartimento habitado;
tratos ou da natureza da detenção, grave sofri- II - aposento ocupado de habitação coletiva;
mento físico ou moral:
III - compartimento não aberto ao público, on-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. de alguém exerce profissão ou atividade.
§ 3º Se, pela razão do parágrafo anterior, re- § 5º Não se compreende no termo "casa":
sulta morte:
I - hotel, hospedaria, ou qualquer outra habi-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. tação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição
do nº II do parágrafo anterior;

SEÇÃO II II - taverna, boate, casa de jogo e outras do


mesmo gênero.
DO CRIME CONTRA A
INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO
SEÇÃO III
Violação de domicílio DOS CRIMES CONTRA A
Art. 226. Entrar ou permanecer, clandestina INVIOLABILIDADE
ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa DE CORRESPONDÊNCIA OU
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou COMUNICAÇÃO
em suas dependências:
Pena - detenção, até três meses.

33
Violação de correspondência Pena - detenção, até um ano.
Art. 227. Devassar indevidamente o conte- § 1º Na mesma pena incorre quem divulga os
údo de correspondência privada dirigida a outrem: fatos captados. (Incluído pela Lei nº 14.688, de
2023)
Pena - detenção, até seis meses.
§ 2º Considera-se processo técnico, para os
§ 1º Nas mesmas penas incorre: fins deste artigo, qualquer meio que registre in-
I - quem se apossa de correspondência formações, dados, imagens ou outros similares,
alheia, fechada ou aberta, e, no todo ou em parte, não consentidos pela vítima. (Incluído pela Lei nº
a sonega ou destrói; 14.688, de 2023)
II - quem indevidamente divulga, transmite a Violação de segredo profissional
outrem ou utiliza, abusivamente, comunicação
Art. 230. Revelar, sem justa causa, segredo
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou
conversação telefônica entre outras pessoas; de que tem ciência, em razão de função ou profis-
são, exercida em local sob administração militar,
III - quem impede a comunicação ou a con- desde que da revelação possa resultar dano a
versação referida no número anterior. outrem:
Aumento de pena Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º A pena aumenta-se de metade, se há Natureza militar do crime
dano para outrem.
Art. 231. Os crimes previstos nos arts. 228
§ 3º Se o agente comete o crime com abuso
e 229 somente são considerados militares no caso
de função, em serviço postal, telegráfico, radioelé-
do art. 9º, nº II, letra a .
trico ou telefônico:
Pena - detenção, de um a três anos. Francisco Christian
Natureza militar do crime CAPÍTULO VII
christianpet2002@gmail.com
§ 4º Salvo o disposto no parágrafo anterior, 077.967.703-08 DOS CRIMES SEXUAIS
qualquer dos crimes previstos neste artigo só é
considerado militar no caso do art. 9º, nº II, letra a. Estupro
Art. 232. Constranger alguém, mediante vio-
SEÇÃO IV lência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que com ele se pratique ou-
DOS CRIMES CONTRA A tro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº
INVIOLABILIDADE 14.688, de 2023)
DOS SEGREDOS DE CARÁTER Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
PARTICULAR (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 1º Se da conduta resulta lesão de natureza
Divulgação de segredo grave, ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) e
maior de 14 (quatorze) anos: (Incluído pela Lei nº
Art. 228. Divulgar, sem justa causa, conteú-
14.688, de 2023)
do de documento particular sigiloso ou de corres-
pondência confidencial, de que é detentor ou des- Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
tinatário, desde que da divulgação possa resultar (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
dano a outrem: § 2º Se da conduta resulta morte: (Incluído
Pena - detenção, até seis meses. pela Lei nº 14.688, de 2023)
Violação de recato Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)
anos. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 229. Violar, mediante processo técnico
§ 3º Se a vítima é menor de 14 (quatorze)
o direito ao recato pessoal ou o direito ao res-
anos ou, por enfermidade ou deficiência mental,
guardo das palavras que não forem pronunciadas
não tem o necessário discernimento para a prática
publicamente:

34
do ato ou, por qualquer outra causa, não pode Pena - detenção de três meses a um ano.
oferecer resistência: (Incluído pela Lei nº 14.688, Parágrafo único. A pena é agravada, se o fato
de 2023) é praticado por militar em serviço ou por oficial.
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) Escrito ou objeto obsceno
anos. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 239. Produzir, distribuir, vender, expor à
Atentado violento ao pudor
venda, exibir, adquirir ou ter em depósito para o
Art. 233. Revogado pela Lei nº 14.688, de fim de venda, distribuição ou exibição, livros, jor-
2023) nais, revistas, escritos, pinturas, gravuras, estam-
Pena - Revogado pela Lei nº 14.688, de 2023) pas, imagens, desenhos ou qualquer outro objeto
de caráter obsceno, em lugar sujeito à administra-
Corrupção de menores ção militar, ou durante o período de exercício ou
Art. 234. Induzir alguém menor de 14 (qua- manobras:
torze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: (Re- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
dação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) Parágrafo único.Na mesma pena incorre
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. quem distribui, vende, oferece à venda ou exibe a
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) militares em serviço objeto de caráter obsceno.
Ato de libidinagem
Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que TÍTULO V
com ele se pratique, ato libidinoso em lugar sujeito DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
à administração militar ou no exercício de função
militar: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
CAPÍTULO I
2023) Francisco Christian DO FURTO
Pena - detenção, de seis meseschristianpet2002@gmail.com
a um ano.
Presunção de violência 077.967.703-08
Furto simples
Art. 236. Presume-se a violência, se a víti- Art. 240. Subtrair, para si ou para outrem,
ma: coisa alheia móvel:
I - não é maior de quatorze anos, salvo fun- Pena - reclusão, até seis anos.
dada suposição contrária do agente;
Furto atenuado
II - é doente ou deficiente mental, e o agente
conhecia esta circunstância; § 1º Se o agente é primário e é de pequeno
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
III - não pode, por qualquer outra causa, ofe- de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a
recer resistência. dois terços, ou considerar a infração como disci-
Aumento de pena plinar. Entende-se pequeno o valor que não exce-
da a um décimo da quantia mensal do mais alto
Art. 237. Nos crimes previstos neste capítu-
salário mínimo do país.
lo, a pena é agravada, se o fato é praticado:
§ 2º A atenuação do parágrafo anterior é
I - com o concurso de duas ou mais pessoas;
igualmente aplicável no caso em que o criminoso,
II - por oficial, ou por militar em serviço. sendo primário, restitui a coisa ao seu dono ou
repara o dano causado, antes de instaurada a
ação penal.
CAPÍTULO VIII
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR Energia de valor econômico
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elé-
Ato obsceno trica ou qualquer outra que tenha valor econômi-
co.
Art. 238. Praticar ato obsceno em lugar su-
Furto qualificado
jeito à administração militar:

35
4º Se o furto é praticado durante a noite: havê-la, por qualquer modo, reduzido à impossibi-
Pena reclusão, de dois a oito anos. lidade de resistência:

§ 5º Se a coisa furtada pertence à Fazenda Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.


Pública: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de § 1º Na mesma pena incorre quem, em se-
2023) guida à subtração da coisa, emprega ou ameaça
Pena - reclusão, de dois a seis anos. empregar violência contra pessoa, a fim de asse-
gurar a impunidade do crime ou a detenção da
§ 6º Se o furto é praticado: coisa para si ou para outrem.
I - com destruição ou rompimento de obstácu- Roubo qualificado
lo à subtração da coisa;
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até me-
II - com abuso de confiança ou mediante tade:
fraude, escalada ou destreza;
I - se a violência ou ameaça é exercida com
III - com emprego de chave falsa; emprego de arma;
IV - mediante concurso de duas ou mais pes- II - se há concurso de duas ou mais pessoas;
soas:
III - se a vítima está em serviço de transporte
Pena - reclusão, de três a dez anos. de valores, e o agente conhece tal circunstância;
§ 6º-A. Na mesma pena do § 6º deste artigo IV - se a vítima está em serviço de natureza
incorre quem subtrai arma, munição, explosivo ou militar;
outro material de uso restrito militar ou que conte-
nha sinal indicativo de pertencer a instituição mili- V - se é dolosamente causada lesão grave;
tar. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) VI - se resulta morte e as circunstâncias evi-
§ 7º Aos casos previstos nos §§ 4º eFrancisco
5º são denciam que o agente não quis esse resultado,
Christian
nem assumiu o risco de produzi-lo.
aplicáveis as atenuações a que se referem os §§
christianpet2002@gmail.com
1º e 2º, e aos casos previstos nos §§ 6º e 6º-A é VII – se a subtração é de veículo automotor
077.967.703-08
aplicável a atenuação referida no § 2º deste artigo. que venha a ser transportado para outra unidade
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) da Federação ou para o exterior; (Incluído pela Lei
Furto de uso nº 14.688, de 2023)
VIII – se o agente mantém a vítima em seu
Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim
poder, restringindo sua liberdade; (Incluído pela
de uso momentâneo e, a seguir, vem a ser ime- Lei nº 14.688, de 2023)
diatamente restituída ou reposta no lugar onde se
achava: IX – se a coisa subtraída é arma, munição,
explosivo ou outro material de uso restrito militar
Pena - detenção, até seis meses. ou que contenha sinal indicativo de pertencer a
Parágrafo único. A pena é aumentada de me- instituição militar. (Incluído pela Lei nº 14.688, de
tade se a coisa usada é veículo motorizado, em- 2023)
barcação, aeronave ou arma, e de 1/3 (um terço) Latrocínio
se é animal de sela ou de tiro. (Redação dada
pela Lei nº 14.688, de 2023) § 3º Se, para praticar o roubo, ou assegurar a
impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o
agente ocasiona dolosamente a morte de alguém,
CAPÍTULO II a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos,
DO ROUBO E DA EXTORSÃO sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de
consumar-se. Se há mais de uma vítima dessa
violência à pessoa, aplica-se o disposto no art. 79.
Roubo simples
Extorsão simples
Art. 242. Subtrair coisa alheia móvel, para si
Art. 243. Obter para si ou para outrem inde-
ou para outrem, mediante emprego ou ameaça de
vida vantagem econômica, constrangendo al-
emprego de violência contra pessoa, ou depois de
guém, mediante violência ou grave ameaça:

36
a) a praticar ou tolerar que se pratique ato le- Extorsão indireta
sivo do seu patrimônio, ou de terceiro;
Art. 246. Obter de alguém, como garantia
b) a omitir ato de interesse do seu patrimônio, de dívida, abusando de sua premente necessida-
ou de terceiro: de, documento que pode dar causa a procedimen-
Pena - reclusão, de quatro a quinze anos. to penal contra o devedor ou contra terceiro:
Formas qualificadas Pena - reclusão, até três anos.
§ 1º Aplica-se à extorsão o disposto no § 2º Aumento de pena
do art. 242. Art. 247. Nos crimes previstos neste capítu-
§ 2º Aplica-se à extorsão, praticada mediante lo, a pena é agravada, se a violência é contra su-
violência, o disposto no § 3º do art. 242. perior, ou militar de serviço.
Extorsão mediante sequestro
Art. 244. Extorquir ou tentar extorquir para CAPÍTULO III
si ou para outrem, mediante sequestro de pessoa, DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
indevida vantagem econômica:
Pena - reclusão, de seis a quinze anos. Apropriação indébita simples
Formas qualificadas
Art. 248. Apropriar-se de coisa alheia mó-
§ 1º Se o sequestro dura mais de vinte e qua- vel, de que tem a posse ou detenção:
tro horas, ou se o sequestrado é menor de dezes-
Pena - reclusão, até seis anos.
seis ou maior de sessenta anos, ou se o crime é
cometido por mais de duas pessoas, a pena é de Agravação de pena
reclusão de oito a vinte anos. Francisco Christian
Parágrafo único. A pena é agravada, se o va-
§ 2º Se à pessoa sequestrada, em razão de lor da
christianpet2002@gmail.com coisa excede vinte vezes o maior salário
mínimo,
maus tratos ou da natureza do sequestro,077.967.703-08
resulta ou se o agente recebeu a coisa:
grave sofrimento físico ou moral, a pena de reclu- I - em depósito necessário;
são é aumentada de um terço.
II - em razão de ofício, emprego ou profissão.
§ 3º Se o agente vem a empregar violência
contra a pessoa sequestrada, aplicam-se, corres- Apropriação de coisa havida acidental-
pondentemente, as disposições do art. 242, § 2º, mente
ns. V e VI ,e § 3º. Art. 249. Apropriar-se alguém de coisa
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito
concorrente que o denunciar à autoridade, facili- ou força da natureza:
tando a libertação do sequestrado, terá sua pena Pena - detenção, até um ano.
reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) Apropriação de coisa achada

Chantagem Parágrafo único. Na mesma pena incorre


quem acha coisa alheia perdida e dela se apro-
Art. 245. Obter ou tentar obter de alguém, pria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la
para si ou para outrem, indevida vantagem eco- ao dono ou legítimo possuidor, ou de entregá-la à
nômica, mediante a ameaça de revelar fato, cuja autoridade competente, dentro do prazo de quinze
divulgação pode lesar a sua reputação ou de pes- dias.
soa que lhe seja particularmente cara:
Art. 250. Nos crimes previstos neste capítu-
Pena - reclusão, de três a dez anos. lo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
Parágrafo único. Se a ameaça é de divulga-
ção pela imprensa, radiodifusão ou televisão, a
pena é agravada. CAPÍTULO IV
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES

37
Estelionato Art. 253. Nos crimes previstos neste capítu-
Art. 251. Obter, para si ou para outrem, van- lo, aplica-se o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.
tagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil
CAPÍTULO V
ou qualquer outro meio fraudulento:
DA RECEPTAÇÃO
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Receptação
Disposição de coisa alheia como própria
Art. 254. Adquirir, receber ou ocultar em
I - vende, permuta, dá em pagamento, em lo- proveito próprio ou alheio, coisa proveniente de
cação ou em garantia, coisa alheia como própria; crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
Alienação ou oneração fraudulenta de coi- adquira, receba ou oculte:
sa própria Pena - reclusão, até cinco anos.
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em § 1º São aplicáveis os §§ 1º e 2º do art. 240.
garantia coisa própria inalienável, gravada de (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender
a terceiro, mediante pagamento em prestações, Receptação qualificada
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; § 2º Se a coisa é arma, munição, explosivo ou
Defraudação de penhor outro material militar de uso restrito ou que conte-
nha sinal indicativo de pertencer a instituição mili-
III - defrauda, mediante alienação não con- tar: (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
sentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empe- Pena – reclusão de 3 (três) a 10 (dez) anos.
nhado; Francisco Christian
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)

Fraude na entrega de coisa


christianpet2002@gmail.com
Receptação culposa
077.967.703-08
IV - defrauda substância, qualidade ou quan- Art. 255. Adquirir ou receber coisa que, por
tidade de coisa que entrega a adquirente; sua natureza ou pela manifesta desproporção
entre o valor e o preço, ou pela condição de quem
Fraude no pagamento de cheque
a oferece, deve presumir-se obtida por meio cri-
V - defrauda de qualquer modo o pagamento minoso:
de cheque que emitiu a favor de alguém.
Pena - detenção, até um ano.
§ 2º Os crimes previstos nos ns. I a V do pa-
Parágrafo único. Se o agente é primário e o
rágrafo anterior são considerados militares so-
valor da coisa não é superior a um décimo do sa-
mente nos casos do art. 9º, nº II, letras a e e .
lário mínimo, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
Agravação de pena
Punibilidade da receptação
§ 3º A pena é agravada, se o crime é cometi-
do em detrimento da administração militar. Art. 256. A receptação é punível ainda que
desconhecido ou isento de pena o autor do crime
Abuso de pessoa de que proveio a coisa.
Art. 252. Abusar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de função, em unidade, repar-
tição ou estabelecimento militar, da necessidade, CAPÍTULO VI
paixão ou inexperiência, ou da doença ou defici- DA USURPAÇÃO
ência mental de outrem, induzindo-o à prática de
ato que produza efeito jurídico, em prejuízo pró- Alteração de limites
prio ou de terceiro, ou em detrimento da adminis-
tração militar: Art. 257. Suprimir ou deslocar tapume, mar-
Pena - reclusão, de dois a seis anos. co ou qualquer outro sinal indicativo de linha divi-
sória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de
coisa imóvel sob administração militar:

38
Pena - detenção, até seis meses. II - com emprego de substância inflamável ou
§ 1º Na mesma pena incorre quem: explosiva, se o fato não constitui crime mais gra-
ve;
Usurpação de águas
III - por motivo egoístico ou com prejuízo con-
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou siderável:
de outrem, águas sob administração militar;
Pena - reclusão, até quatro anos, além da pe-
Invasão de propriedade na correspondente à violência.
II - invade, com violência à pessoa ou à coisa, Dano em material ou aparelhamento de
ou com grave ameaça, ou mediante concurso de guerra
duas ou mais pessoas, terreno ou edifício sob
administração militar. Art. 262. Praticar dano em material ou apa-
relhamento de guerra ou de utilidade militar, ainda
Pena correspondente à violência
que em construção ou fabricação, ou em efeitos
§ 2º Quando há emprego de violência, fica recolhidos a depósito, pertencentes ou não às
ressalvada a pena a esta correspondente. forças armadas:
Aposição, supressão ou alteração de mar- Pena - reclusão, até seis anos.
ca
Dano em navio de guerra ou mercante em
Art. 258. Apor, suprimir ou alterar, indevi- serviço militar
damente, em gado ou rebanho alheio, sob guarda Art. 263. Causar a perda, destruição, inutili-
ou administração militar, marca ou sinal indicativo
zação, encalhe, colisão ou alagamento de navio
de propriedade:
de guerra ou de navio mercante em serviço militar,
Pena - detenção, de seis meses a três anos. ou nele causar avaria:
Francisco Christian
Pena - reclusão, de três a dez anos.
CAPÍTULO VIIchristianpet2002@gmail.com
§ 1º Se resulta lesão grave, a pena corres-
DO DANO
077.967.703-08
pondente é aumentada da metade; se resulta a
morte, é aplicada em dobro.

Dano simples § 2º Se, para a prática do dano previsto no ar-


tigo, usou o agente de violência contra a pessoa,
Art. 259. Destruir, inutilizar, deteriorar ou fa- ser-lhe-á aplicada igualmente a pena a ela corres-
zer desaparecer coisa alheia: pondente.
Pena - detenção, até seis meses. Dano em aparelhos e instalações de avia-
Parágrafo único. Se se trata de bem público: ção e navais, e em estabelecimentos militares

Pena - detenção, de seis meses a três anos. Art. 264. Praticar dano:
Dano atenuado I - em aeronave, hangar, depósito, pista ou
instalações de campo de aviação, engenho de
Art. 260. Nos casos do artigo anterior, se o guerra motomecanizado, viatura em comboio mili-
criminoso é primário e a coisa é de valor não ex- tar, arsenal, dique, doca, armazém, quartel, alo-
cedente a um décimo do salário mínimo, o juiz jamento ou em qualquer outra instalação militar;
pode atenuar a pena, ou considerar a infração
como disciplinar. II - em estabelecimento militar sob regime in-
dustrial, ou centro industrial a serviço de constru-
Parágrafo único. O benefício previsto no arti- ção ou fabricação militar:
go é igualmente aplicável, se, dentro das condi-
ções nele estabelecidas, o criminoso repara o Pena - reclusão, de dois a dez anos.
dano causado antes de instaurada a ação penal. Parágrafo único. Aplica-se o disposto nos pa-
Dano qualificada rágrafos do artigo anterior.

Art. 261. Se o dano é cometido:


I - com violência à pessoa ou grave ameaça;

39
Desaparecimento, consunção ou extravio Incêndio
Art. 265. Fazer desaparecer, consumir ou Art. 268. Causar incêndio em lugar sujeito à
extraviar combustível, armamento, munição ou administração militar, expondo a perigo a vida, a
peças de equipamento de navio, de aeronave ou integridade física ou o patrimônio de outrem:
de outros equipamentos militares: (Redação dada Pena - reclusão, de três a oito anos.
pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 1º A pena é agravada:
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não
constitui crime mais grave. Agravação de pena
Modalidades culposas I - se o crime é cometido com intuito de obter
vantagem pecuniária para si ou para outrem;
Art. 266. Se o crime dos arts. 262, 263, 264
II - se o incêndio é:
e 265 deste Código é culposo, a pena é de deten-
ção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e, se dele a) em casa habitada ou destinada a habita-
resulta lesão corporal ou morte, aplica-se também ção;
a pena cominada ao crime culposo contra a pes- b) em edifício público ou qualquer construção
soa. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) destinada a uso público ou a obra de assistência
social ou de cultura;
CAPÍTULO VIII c) em navio, aeronave, comboio ou veículo de
transporte coletivo;
DA USURA
d) em estação ferroviária, rodoviária, aeró-
dromo ou construção portuária;
Usura pecuniária
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
Art. 267. Obter ou estipular, para si Francisco
ou para Christian
outrem, no contrato de mútuo de dinheiro, abu- f) em depósito de explosivo, combustível ou
christianpet2002@gmail.com
inflamável;
sando da premente necessidade, inexperiência ou
077.967.703-08
leviandade do mutuário, juro que excede a taxa g) em poço petrolífero ou galeria de minera-
fixada em lei, regulamento ou ato oficial: ção;
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Casos assimilados § 2º Se culposo o incêndio:
§ 1º Na mesma pena incorre quem, em repar- Incêndio culposo
tição ou local sob administração militar, recebe Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
vencimento ou provento de outrem, ou permite
que estes sejam recebidos, auferindo ou permitin- Explosão
do que outrem aufira proveito cujo valor excede a Art. 269. Causar ou tentar causar explosão,
taxa de três por cento em lugar sujeito à administração militar, expondo
Aumento de pena a perigo a vida, a integridade ou o patrimônio de
outrem:
§ 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
o crime é cometido por superior, por militar ou por Pena - reclusão, até quatro anos.
servidor público, em razão da função. (Redação Forma qualificada
dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
§ 1º Se a substância utilizada é dinamite ou
outra de efeitos análogos:
TÍTULO VI Pena - reclusão, de três a oito anos.
DOS CRIMES CONTRA A Agravação de pena
INCOLUMIDADE PÚBLICA
§ 2º A pena é agravada se ocorre qualquer
das hipóteses previstas no § 1º, nº I, do artigo
CAPÍTULO I anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coi-
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM sas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.

40
§ 3º Se a explosão é causada pelo desenca- Art. 273. Remover, destruir ou inutilizar obs-
deamento de energia nuclear: táculo natural ou obra destinada a impedir inunda-
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos. ção, expondo a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem, em lugar sujeito à ad-
Modalidade culposa
ministração militar:
§ 4º No caso de culpa, se a explosão é cau-
Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
sada por dinamite ou substância de efeitos análo-
gos, a pena é detenção, de seis meses a dois Desabamento ou desmoronamento
anos; se é causada pelo desencadeamento de Art. 274. Causar desabamento ou desmo-
energia nuclear, detenção de três a dez anos; nos
ronamento, em lugar sujeito à administração mili-
demais casos, detenção de três meses a um ano.
tar, expondo a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem:
Emprego de gás tóxico ou asfixiante Pena - reclusão, até cinco anos.
Art. 270. Expor a perigo a vida, a integrida- Modalidade culposa
de física ou o patrimônio de outrem, em lugar su- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
jeito à administração militar, usando de gás tóxico
ou asfixiante ou prejudicial de qualquer modo à Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
incolumidade da pessoa ou da coisa: Subtração, ocultação ou inutilização de
Pena - reclusão, até cinco anos. material de socorro

Modalidade culposa Art. 275. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por


ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
outro desastre ou calamidade, aparelho, material
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ou qualquer meio destinado a serviço de combate
Francisco Christian
Abuso de radiação ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir
christianpet2002@gmail.com
ou dificultar serviço de tal natureza:
Art. 271. Expor a perigo a vida ou a077.967.703-08
integri-
Pena - reclusão, de três a seis anos.
dade física de outrem, em lugar sujeito à adminis-
tração militar, pelo abuso de radiação ionizante ou Fatos que expõem a perigo aparelhamento
de substância radioativa: militar
Pena - reclusão, até quatro anos. Art. 276. Praticar qualquer dos fatos previs-
Modalidade culposa tos nos artigos anteriores deste capítulo, expondo
a perigo, embora em lugar não sujeito à adminis-
Parágrafo único. Se o crime é culposo: tração militar navio, aeronave, material ou enge-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. nho de guerra motomecanizado ou não, ainda que
em construção ou fabricação, destinados às for-
ças armadas, ou instalações especialmente a ser-
viço delas:
Pena - reclusão de dois a seis anos.
Inundação Modalidade culposa
Art. 272. Causar inundação, em lugar sujei- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
to à administração militar, expondo a perigo a vi- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
da, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Formas qualificadas pelo resultado
Pena - reclusão, de três a oito anos.
Art. 277. Se do crime doloso de perigo co-
Modalidade culposa
mum resulta, além da vontade do agente, lesão
Parágrafo único. Se o crime é culposo: grave, a pena é aumentada de metade; se resulta
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se
do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se
Perigo de inundação
de metade; se resulta morte, aplica-se a pena

41
cominada ao homicídio culposo, aumentada de Art. 282. Impedir ou perturbar serviço de es-
um terço. trada de ferro, sob administração ou requisição
Difusão de epizootia ou praga vegetal militar emanada de ordem legal:

Art. 278. Difundir doença ou praga que pos- I - danificando ou desarranjando, total ou par-
sa causar dano a floresta, plantação, pastagem ou cialmente, linha férrea, material rodante ou de
animais de utilidade econômica ou militar, em lu- tração, obra de arte ou instalação;
gar sob administração militar: II - colocando obstáculo na linha;
Pena - reclusão, até três anos. III - transmitindo falso aviso acerca do movi-
Modalidade culposa mento dos veículos, ou interrompendo ou emba-
raçando o funcionamento dos meios de comuni-
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é cação;
de detenção, até seis meses.
IV - praticando qualquer outro ato de que
Embriaguez ao volante possa resultar desastre:
Art. 279. Dirigir veículo motorizado, sob Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
administração militar na via pública, encontrando- Desastre efetivo
se em estado de embriaguez, por bebida alcoóli-
ca, ou qualquer outro inebriante: § 1º Se do fato resulta desastre:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Perigo resultante de violação de regra de § 2º Se o agente quis causar o desastre ou
trânsito assumiu o risco de produzi-lo:

Art. 280. Violar regra de regulamento de Pena - reclusão, de quatro a quinze anos.
Francisco
trânsito, dirigindo veículo sob administração mili- Christian
Modalidade culposa
tar, expondo a efetivo e grave perigo christianpet2002@gmail.com
a incolumi- § 3º No caso de culpa, ocorrendo desastre:
dade de outrem: 077.967.703-08
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, até seis meses.
Conceito de "estrada de ferro"
Fuga após acidente de trânsito
§ 4º Para os efeitos deste artigo, entende-se
Art. 281. Causar, na direção de veículo mo- por "estrada de ferro" qualquer via de comunica-
torizado, sob administração militar, ainda que sem ção em que circulem veículos de tração mecânica,
culpa, acidente de trânsito, de que resulte dano em trilhos ou por meio de cabo aéreo.
pessoal, e, em seguida, afastar-se do local, sem
Atentado contra transporte
prestar socorro à vítima que dele necessite:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, Art. 283. Expor a perigo aeronave, ou navio
sem prejuízo das cominadas nos arts. 206 e 210. próprio ou alheio, sob guarda, proteção ou requi-
sição militar emanada de ordem legal, ou em lugar
Isenção de prisão em flagrante sujeito à administração militar, bem como praticar
Parágrafo único. Se o agente se abstém de qualquer ato tendente a impedir ou dificultar nave-
fugir e, na medida que as circunstâncias o permi- gação aérea, marítima, fluvial ou lacustre sob ad-
tam, presta ou providencia para que seja prestado ministração, guarda ou proteção militar:
socorro à vítima, fica isento de prisão em flagran- Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
te.
Superveniência de sinistro
§ 1º Se do fato resulta naufrágio, submersão
CAPÍTULO II
ou encalhe do navio, ou a queda ou destruição da
DOS CRIMES CONTRA OS MEIOS aeronave:
DE TRANSPORTE E DE COMUNICAÇÃO
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Perigo de desastre ferroviário Modalidade culposa
§ 2º No caso de culpa, se ocorre o sinistro:

42
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. de comunicação militar; ou impedir ou dificultar a
Atentado contra viatura ou outro meio de sua instalação em lugar sujeito à administração
transporte militar, ou desde que para esta seja de interesse
qualquer daqueles serviços ou meios:
Art. 284. Expor a perigo viatura ou outro
Pena - detenção, de um a três anos.
meio de transporte militar, ou sob guarda, prote-
ção ou requisição militar emanada de ordem legal, Aumento de pena
impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Art. 289. Nos crimes previstos neste capítu-
Pena - reclusão, até três anos. lo, a pena será agravada, se forem cometidos em
Desastre efetivo ocasião de calamidade pública.

§ 1º Se do fato resulta desastre, a pena é re-


clusão de dois a cinco anos. CAPÍTULO III
Modalidade culposa DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE
§ 2º No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, até um ano. Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou
substância de efeito similar
Formas qualificadas pelo resultado
Art. 290. Receber, preparar, produzir, ven-
Art. 285. Se de qualquer dos crimes previs- der, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em
tos nos arts. 282 a 284, no caso de desastre ou depósito, transportar, trazer consigo, ainda que
sinistro, resulta morte de alguém, aplica-se o dis- para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar de
posto no art. 277. qualquer forma a consumo substância entorpe-
Arremesso de projétil cente, ou que determine dependência física ou
Francisco Christian
psíquica, em lugar sujeito à administração militar,
Art. 286. Arremessar projétil contra veículo
christianpet2002@gmail.com
sem autorização ou em desacordo com determi-
militar, em movimento, destinado a transporte por nação legal ou regulamentar:
077.967.703-08
terra, por água ou pelo ar:
Pena - reclusão, até cinco anos.
Pena - detenção, até seis meses.
Casos assimilados
Forma qualificada pelo resultado
§ 1º Na mesma pena incorre, ainda que o fato
Parágrafo único. Se do fato resulta lesão cor- incriminado ocorra em lugar não sujeito à adminis-
poral, a pena é de detenção, de seis meses a dois tração militar:
anos; se resulta morte, a pena é a do homicídio
culposo, aumentada de um terço. I - o militar que fornece, de qualquer forma,
substância entorpecente ou que determine de-
Atentado contra serviço de utilidade militar pendência física ou psíquica a outro militar;
Art. 287. Atentar contra a segurança ou o II - o militar que, em serviço ou em missão de
funcionamento de serviço de água, luz, força ou natureza militar, no país ou no estrangeiro, pratica
acesso, ou qualquer outro de utilidade, em edifício qualquer dos fatos especificados no artigo;
ou outro lugar sujeito à administração militar:
III - quem fornece, ministra ou entrega, de
Pena - reclusão, até cinco anos. qualquer forma, substância entorpecente ou que
Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de determine dependência física ou psíquica a militar
um terço até metade, se o dano ocorrer em virtude em serviço, ou em manobras ou exercício.
de subtração de material essencial ao funciona- Forma qualificada
mento do serviço.
§ 2º Se o agente é farmacêutico, médico, den-
Interrupção ou perturbação de serviço ou tista ou veterinário:
meio de comunicação
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 288. Interromper, perturbar ou dificultar § 3º Na mesma pena incorre o militar que se
serviço telegráfico, telefônico, telemétrico, de tele- apresentar para o serviço sob o efeito de substân-
visão, telepercepção, sinalização, ou outro meio

43
cia entorpecente. (Incluído pela Lei nº 14.688, de sempenhem em missão para a qual tenham rece-
2023) bido ordem superior ou tenham sido legalmente
§ 4º A pena é aumentada de metade se as requisitados.
condutas descritas no caput deste artigo são co- Epidemia
metidas por militar em serviço. (Incluído pela Lei
Art. 292. Causar epidemia, em lugar sujeito
nº 14.688, de 2023)
à administração militar, mediante propagação de
§ 5º Tratando-se de tráfico de drogas, a pena germes patogênicos:
será de reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos.
(Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023) Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.

Receita ilegal Forma qualificada


§ 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplica-
Art. 291. Prescrever o médico ou dentista,
da em dobro.
ou aviar o farmacêutico receita, ou fornecer subs-
tância entorpecente ou que determine dependên- Modalidade culposa
cia física ou psíquica fora dos casos indicados § 2º No caso de culpa, a pena é de detenção,
pela terapêutica, ou em dose evidentemente maior de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a
que a necessária, ou com infração de preceito quatro anos.
legal ou regulamentar, para uso de militar ou para
Envenenamento com perigo extensivo
entrega a este, ou para qualquer fim, a qualquer
pessoa, em consultório, gabinete, farmácia, labo- Art. 293. Envenenar água potável ou subs-
ratório ou lugar sujeitos à administração militar: tância alimentícia ou medicinal, expondo a perigo
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) a saúde de militares em manobras ou exercício,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ou de indefinido número de pessoas, em lugar
sujeito à administração militar:
Casos assimilados Francisco Christian
Pena - reclusão, de cinco a quinze anos.
christianpet2002@gmail.com
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
077.967.703-08
Caso assimilado
I – o militar ou o servidor público que, tendo
sob sua guarda ou cuidado substância entorpe- § 1º Está sujeito à mesma pena quem em lu-
cente ou que determine dependência física ou gar sujeito à administração militar, entrega a con-
psíquica, em farmácia, em laboratório, em consul- sumo, ou tem em depósito, para o fim de ser dis-
tório, em gabinete ou em depósito militar, dela tribuída, água ou substância envenenada.
lança mão para uso próprio ou de outrem, ou para Forma qualificada
destino que não seja lícito ou regular; (Redação
§ 2º Se resulta a morte de alguém:
dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
II - quem subtrai substância entorpecente ou
que determine dependência física ou psíquica, ou Modalidade culposa
dela se apropria, em lugar sujeito à administração § 3º Se o crime é culposo, a pena é de deten-
militar, sem prejuízo da pena decorrente da sub- ção, de seis meses a dois anos; ou, se resulta a
tração ou apropriação indébita; morte, de dois a quatro anos.
III - quem induz ou instiga militar em serviço Corrupção ou poluição de água potável
ou em manobras ou exercício a usar substância
entorpecente ou que determine dependência física Art. 294. Corromper ou poluir água potável
ou psíquica; de uso de quartel, fortaleza, unidade, navio, aero-
nave ou estabelecimento militar, ou de tropa em
IV - quem contribui, de qualquer forma, para
manobras ou exercício, tornando-a imprópria para
incentivar ou difundir o uso de substância entor-
consumo ou nociva à saúde:
pecente ou que determine dependência física ou
psíquica, em quartéis, navios, arsenais, estabele- Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
cimentos industriais, alojamentos, escolas, colé- Modalidade culposa
gios ou outros quaisquer estabelecimentos ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
lugares sujeitos à administração militar, bem como
entre militares que estejam em serviço, ou o de- Pena - detenção, de dois meses a um ano.

44
Fornecimento de substância nociva Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui outro crime.
Art. 295. Fornecer às forças armadas subs-
tância alimentícia ou medicinal corrompida, adulte- Desacato a servidor público
rada ou falsificada, tornada, assim, nociva à saú- Art. 300. Desacatar servidor público no
de: exercício de função ou em razão dela, em lugar
Pena - reclusão, de dois a seis anos. sujeito à administração militar: (Redação dada
Modalidade culposa pela Lei nº 14.688, de 2023)

Parágrafo único. Se o crime é culposo: Desobediência

Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 301. Desobedecer a ordem legal de au-
toridade militar:
Art. 296. Fornecer às forças armadas subs-
tância alimentícia ou medicinal alterada, reduzin- Pena - detenção, até seis meses.
do, assim, o seu valor nutritivo ou terapêutico: Ingresso clandestino
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 302. Penetrar em fortaleza, quartel, es-
Modalidade culposa tabelecimento militar, navio, aeronave, hangar ou
em outro lugar sujeito à administração militar, por
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
onde seja defeso ou não haja passagem regular,
Pena - detenção, até seis meses. ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:
Omissão de notificação de doença Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 297. Deixar o médico militar, no exercí-
cio da função, de denunciar à autoridade pública
doença cuja notificação é compulsória: Francisco Christian CAPÍTULO II
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Pena - detenção, de seis meses a dois anos. DO PECULATO
077.967.703-08
TÍTULO VII Peculato
DOS CRIMES CONTRA Art. 303. Apropriar-se de dinheiro, valor ou
A ADMINISTRAÇÃO MILITAR qualquer outro bem móvel, público ou particular,
de que tem a posse ou detenção, em razão do
cargo ou comissão, ou desviá-lo em proveito pró-
CAPÍTULO I
prio ou alheio:
DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA
Pena - reclusão, de três a quinze anos.
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o ob-
Desacato a superior
jeto da apropriação ou desvio é de valor superior a
Art. 298. Desacatar superior, ofendendo-lhe vinte vezes o salário mínimo.
a dignidade ou o decoro, ou procurando deprimir- Peculato-furto
lhe a autoridade:
§ 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor
não constitui crime mais grave. ou bem, o subtrai, ou contribui para que seja sub-
Agravação de pena traído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se
Parágrafo único. A pena é agravada, se o su- da facilidade que lhe proporciona a qualidade de
perior é oficial general ou comandante da unidade militar ou de servidor público. (Redação dada pela
a que pertence o agente. Lei nº 14.688, de 2023)

Desacato a militar Peculato culposo


§ 3º Se o servidor público ou o militar contribui
Art. 299. Desacatar militar no exercício de
culposamente para que outrem subtraia ou desvie
função de natureza militar ou em razão dela:

45
o dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie: Corrupção passiva
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 308. Solicitar ou receber, para si ou pa-
Pena - detenção, de três meses a um ano. ra outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora
Extinção ou minoração da pena da função ou antes de assumi-la, mas em razão
dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de
§ 4º No caso do parágrafo anterior, a repara-
tal vantagem: (Redação dada pela Lei nº 14.688,
ção do dano, se precede a sentença irrecorrível,
de 2023)
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz
de metade a pena imposta. Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos.
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Peculato mediante aproveitamento do erro
de outrem Aumento de pena

Art. 304. Apropriar-se de dinheiro ou qual- § 1º A pena é aumentada de um terço, se, em


quer utilidade que, no exercício do cargo ou co- consequência da vantagem ou promessa, o agen-
missão, recebeu por erro de outrem: te retarda ou deixa de praticar qualquer ato de
ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Pena - reclusão, de dois a sete anos.
Diminuição de pena
§ 2º Se o agente pratica, deixa de praticar ou
CAPÍTULO III retarda o ato de ofício com infração de dever fun-
DA CONCUSSÃO, EXCESSO cional, cedendo a pedido ou influência de outrem:
DE EXAÇÃO E DESVIO Pena - detenção, de três meses a um ano.
Corrupção ativa
Concussão
Art. 309. Dar, oferecer ou prometer dinheiro
Francisco Christian
Art. 305. Exigir, para si ou para outrem, di- ou vantagem indevida para a prática, omissão ou
reta ou indiretamente, ainda que forachristianpet2002@gmail.com
da função ou retardamento de ato funcional:
077.967.703-08
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem Pena - reclusão, até oito anos.
indevida:
Aumento de pena
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um
Excesso de exação terço, se, em razão da vantagem, dádiva ou pro-
Art. 306. Exigir imposto, taxa ou emolumen- messa, é retardado ou omitido o ato, ou praticado
to que sabe indevido, ou, quando devido, empre- com infração de dever funcional.
gar na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a Participação ilícita
lei não autoriza:
Art. 310. Participar, de modo ostensivo ou
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. simulado, diretamente ou por interposta pessoa,
Desvio em contrato, fornecimento, ou concessão de qual-
quer serviço concernente à administração militar,
Art. 307. Desviar, em proveito próprio ou de
sobre que deva informar ou exercer fiscalização
outrem, o que recebeu indevidamente, em razão em razão do ofício:
do cargo ou função, para recolher aos cofres pú-
blicos: Pena - reclusão, de dois a quatro anos.

Pena - reclusão, de dois a doze anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem adquire para si, direta ou indiretamente, ou
por ato simulado, no todo ou em parte, bens ou
CAPÍTULO IV efeitos em cuja administração, depósito, guarda,
DA CORRUPÇÃO fiscalização ou exame, deve intervir em razão de
seu emprego ou função, ou entra em especulação
de lucro ou interesse, relativamente a esses bens
ou efeitos.

46
CAPÍTULO V Certidão ou atestado ideologicamente fal-
DA FALSIDADE so
Art. 314. Atestar ou certificar falsamente,
Falsificação de documento em razão de função, ou profissão, fato ou circuns-
tância que habilite alguém a obter cargo, posto ou
Art. 311. Falsificar, no todo ou em parte, função, ou isenção de ônus ou de serviço, ou
documento público ou particular, ou alterar docu- qualquer outra vantagem, desde que o fato atente
mento verdadeiro, desde que o fato atente contra contra a administração ou serviço militar:
a administração ou o serviço militar:
Pena - detenção, até dois anos.
Pena - sendo documento público, reclusão,
Agravação de pena
de dois a seis anos; sendo documento particular,
reclusão, até cinco anos. Parágrafo único. A pena é agravada se o cri-
me é praticado com o fim de lucro ou em prejuízo
Agravação da pena
de terceiro.
§ 1º A pena é agravada se o agente é oficial
Uso de documento falso
ou exerce função em repartição militar.
Documento por equiparação Art. 315. Fazer uso de qualquer dos docu-
mentos falsificados ou alterados por outrem, a que
§ 2º Equipara-se a documento, para os efeitos se referem os artigos anteriores:
penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio de apa-
relho eletromagnético a que se incorpore declara- Pena - a cominada à falsificação ou à altera-
ção destinada à prova de fato juridicamente rele- ção.
vante. Supressão de documento
Falsidade ideológica Art. 316. Destruir, suprimir ou ocultar, em
Francisco Christian
Art. 312. Omitir, em documento público ou benefício
christianpet2002@gmail.com próprio ou de outrem, ou em prejuízo
particular, declaração que dele devia constar, ou alheio, documento verdadeiro, de que não podia
077.967.703-08
dispor, desde que o fato atente contra a adminis-
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou
diversa da que devia ser escrita, com o fim de tração ou o serviço militar:
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a ver- Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o do-
dade sobre fato juridicamente relevante, desde cumento é público; reclusão, até cinco anos, se o
que o fato atente contra a administração ou o ser- documento é particular.
viço militar:
Uso de documento pessoal alheio
Pena - reclusão, até cinco anos, se o docu-
mento é público; reclusão, até três anos, se o do- Art. 317. Usar, como próprio, documento de
cumento é particular. identidade alheia, ou de qualquer licença ou privi-
légio em favor de outrem, ou ceder a outrem do-
Cheque sem fundos cumento próprio da mesma natureza, para que
Art. 313. Emitir cheque sem suficiente pro- dele se utilize, desde que o fato atente contra a
visão de fundos em poder do sacado, se a emis- administração ou o serviço militar:
são é feita de militar em favor de militar, ou se o Pena - detenção, até seis meses, se o fato
fato atenta contra a administração militar: não constitui elemento de crime mais grave.
Pena - reclusão, até cinco anos. Falsa identidade
Circunstância irrelevante Art. 318. Atribuir-se, ou a terceiro, perante a
§ 1º Salvo o caso do art. 245, é irrelevante ter administração militar, falsa identidade, para obter
sido o cheque emitido para servir como título ou vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para
garantia de dívida. causar dano a outrem:
Atenuação de pena Pena - detenção, de três meses a um ano, se
§ 2º Ao crime previsto no artigo aplica-se o o fato não constitui crime mais grave.
disposto nos §§ 1º e 2º do art. 240.

47
CAPÍTULO VI Pena – se o fato foi praticado por tolerância,
DOS CRIMES CONTRA detenção de 1 (um) a 3 (três) anos, e, se por ne-
gligência, detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos.
O DEVER FUNCIONAL (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Violação ou divulgação indevida de cor-
Prevaricação
respondência ou comunicação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, in-
Art. 325. Devassar indevidamente o conte-
devidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
údo de correspondência dirigida à administração
expressa disposição de lei, para satisfazer inte-
militar, ou por esta expedida:
resse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de dois a seis meses, se o
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
fato não constitui crime mais grave.
Violação do dever funcional com o fim de
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
lucro
quem, ainda que não seja servidor público, mas
Art. 320. Violar, em qualquer negócio de desde que o fato atente contra a administração
que tenha sido incumbido pela administração mili- militar: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
tar, seu dever funcional para obter especulativa- 2023)
mente vantagem pessoal, para si ou para outrem: I - indevidamente se se apossa de correspon-
Pena - reclusão, de dois a oito anos. dência, embora não fechada, e no todo ou em
parte a sonega ou destrói;
Extravio, sonegação ou inutilização de li-
vro ou documento II - indevidamente divulga, transmite a outrem,
ou abusivamente utiliza comunicação de interesse
Art. 321. Extraviar livro oficial, ou qualquer militar;
documento, de que tem a guarda em razão do
Francisco Christian
cargo, sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcial- III - impede a comunicação referida no núme-
christianpet2002@gmail.com
ro anterior.
mente:
077.967.703-08
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o fato Violação de sigilo funcional
não constitui crime mais grave. Art. 326. Revelar fato de que tem ciência
Condescendência criminosa em razão do cargo ou função e que deva perma-
necer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação, em
Art. 322. Deixar de responsabilizar subordi- prejuízo da administração militar:
nado que comete infração no exercício do cargo,
ou, quando lhe falte competência, não levar o fato Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
ao conhecimento da autoridade competente: se o fato não constitui crime mais grave.

Pena - se o fato foi praticado por indulgência, § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Inclu-
detenção até seis meses; se por negligência, de- ído pela Lei nº 14.688, de 2023)
tenção até três meses. I – permite ou facilita, mediante atribuição,
Não inclusão de nome em lista fornecimento ou empréstimo de senha, ou de
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não
Art. 323. Deixar, no exercício de função, de autorizadas a sistemas de informações ou banco
incluir, por negligência, qualquer nome em relação de dados da administração militar; (Incluído pela
ou lista para o efeito de alistamento ou de convo- Lei nº 14.688, de 2023)
cação militar:
II – se utiliza indevidamente do acesso restri-
Pena - detenção, até seis meses. to. (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
Inobservância de lei, regulamento ou ins- § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à
trução administração militar ou a outrem: (Incluído pela
Lei nº 14.688, de 2023)
Art. 324. Deixar, no exercício de função, de
observar lei, regulamento ou instrução, dando Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
causa direta à prática de ato prejudicial à adminis- (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
tração militar:

48
Violação de sigilo de proposta de concor- despesa, ordem ou folha de pagamento, comuni-
rência cação, ofício ou qualquer outro documento que
sabe, ou deve saber, serem inexatos ou irregula-
Art. 327. Devassar o sigilo de proposta de
res, desde que o fato atente contra a administra-
concorrência de interesse da administração militar ção ou o serviço militar: (Redação dada pela Lei
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: nº 14.688, de 2023)
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
Obstáculo à hasta pública, concorrência se o fato não constitui crime mais grave.
ou tomada de preços Forma qualificada
Art. 328. Impedir, perturbar ou fraudar a § 1º A pena é agravada, se do fato decorre
realização de hasta pública, concorrência ou to- prejuízo material ou processo penal militar para a
mada de preços, de interesse da administração pessoa de cuja confiança ou boa-fé se abusou.
militar:
Modalidade culposa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 2º Se a apresentação ou remessa decorre
Exercício funcional ilegal de culpa:
Art. 329. Entrar no exercício de posto ou Pena - detenção, até seis meses.
função militar, ou de cargo ou função em reparti- Violência arbitrária
ção militar, antes de satisfeitas as exigências le-
gais, ou continuar o exercício, sem autorização, Art. 333. Praticar violência, em repartição
depois de saber que foi exonerado, ou afastado, ou estabelecimento militar, no exercício de função
legal e definitivamente, qualquer que seja o ato ou a pretexto de exercê-la:
determinante do afastamento: Pena - detenção, de seis meses a dois anos,
Francisco
Pena - detenção, até quatro meses, se o fato Christian
além da correspondente à violência.
não constitui crime mais grave. christianpet2002@gmail.com
Patrocínio indébito
Abandono de cargo 077.967.703-08
Art. 334. Patrocinar, direta ou indiretamente,
Art. 330. Abandonar cargo público, em re- interesse privado perante a administração militar,
partição ou estabelecimento militar: valendo-se da qualidade de servidor público ou de
militar: (Redação dada pela Lei nº 14.688, de
Pena - detenção, até dois meses.
2023)
Formas qualificadas
Pena - detenção, até três meses.
§ 1º Se do fato resulta prejuízo à administra-
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
ção militar:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido
na faixa de fronteira: CAPÍTULO VII
Pena - detenção, de um a três anos. DOS CRIMES PRATICADOS
Aplicação ilegal de verba ou dinheiro POR PARTICULAR CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO MILITAR
Art. 331. Dar às verbas ou ao dinheiro pú-
blico aplicação diversa da estabelecida em lei:
Usurpação de função
Pena - detenção, até seis meses.
Art. 335. Usurpar o exercício de função em
Abuso de confiança ou boa-fé
repartição ou estabelecimento militar:
Art. 332. Abusar da confiança ou da boa-fé
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere
de militar ou de servidor público, em serviço ou vantagem: (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)
em razão deste, apresentando-lhe ou remetendo-
lhe, para aprovação, recebimento, anuência ou Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
aposição de visto, relação, nota, empenho de (Incluído pela Lei nº 14.688, de 2023)

49
Tráfico de influência § 2º É aumentada a pena de um terço, se o
crime ocorre em período de grave crise econômi-
Art. 336. Solicitar, exigir, cobrar ou obter,
ca.
para si ou para outrem, vantagem ou promessa de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado TÍTULO VIII
por militar ou por servidor público de local sujeito à DOS CRIMES CONTRA A
administração militar no exercício da função: ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Recusa de função na Justiça Militar
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Aumento de pena Art. 340. Recusar-se o militar a exercer,
sem motivo legal, função que lhe seja atribuída na
Parágrafo único. A pena é aumentada de me- administração da Justiça Militar: (Redação dada
tade se o agente alega ou insinua que a vantagem pela Lei nº 14.688, de 2023)
é também destinada ao militar ou ao servidor pú-
blico. (Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023) Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
(Redação dada pela Lei nº 14.688, de 2023)
Subtração ou inutilização de livro, proces-
so ou documento Desacato

Art. 337. Subtrair ou inutilizar, total ou par- Art. 341. Desacatar autoridade judiciária mi-
cialmente, livro oficial, processo ou qualquer do- litar no exercício da função ou em razão dela:
cumento, desde que o fato atente contra a admi- Pena - reclusão, até quatro anos.
nistração ou o serviço militar:
Coação
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fa-
Art. 342. Usar de violência ou grave amea-
to não constitui crime mais grave. Francisco Christian
ça, com o fim de favorecer interesse próprio ou
christianpet2002@gmail.com
Inutilização de edital ou de sinal oficial alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
Art. 338. Rasgar, ou de qualquer forma077.967.703-08
inu- pessoa que funciona, ou é chamada a intervir em
tilizar ou conspurcar edital afixado por ordem da inquérito policial, processo administrativo ou judi-
autoridade militar; violar ou inutilizar selo ou sinal cial militar:
empregado, por determinação legal ou ordem de Pena - reclusão, até quatro anos, além da pe-
autoridade militar, para identificar ou cerrar qual- na correspondente à violência.
quer objeto:
Denunciação caluniosa
Pena - detenção, até um ano.
Art. 343. Dar causa à instauração de inqué-
Impedimento, perturbação ou fraude de rito policial ou processo judicial militar contra al-
concorrência guém, imputando-lhe crime sujeito à jurisdição
Art. 339. Impedir, perturbar ou fraudar em militar, de que o sabe inocente:
prejuízo da Fazenda Nacional, concorrência, has- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
ta pública ou tomada de preços ou outro qualquer
Agravação de pena
processo administrativo para aquisição ou venda
de coisas ou mercadorias de uso das forças ar- Parágrafo único. A pena é agravada, se o
madas, seja elevando arbitrariamente os preços, agente se serve do anonimato ou de nome supos-
auferindo lucro excedente a um quinto do valor da to.
transação, seja alterando substância, qualidade Comunicação falsa de crime
ou quantidade da coisa ou mercadoria fornecida,
seja impedindo a livre concorrência de outros for- Art. 344. Provocar a ação da autoridade,
necedores, ou por qualquer modo tornando mais comunicando-lhe a ocorrência de crime sujeito à
onerosa a transação: jurisdição militar, que sabe não se ter verificado:
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - detenção, até seis meses.
§ 1º Na mesma pena incorre o intermediário
na transação.

50
Autoacusação falsa § 2º Nos casos do art. 118 e seus §§ 1º e 2º,
a pena pela desobediência é aplicada ao repre-
Art. 345. Acusar-se, perante a autoridade,
sentante, ou representantes legais, do estabele-
de crime sujeito à jurisdição militar, inexistente ou cimento, sociedade ou associação.
praticado por outrem:
Favorecimento pessoal
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 350. Auxiliar a subtrair-se à ação da au-
Falso testemunho ou falsa perícia
toridade autor de crime militar, a que é cominada
Art. 346. Fazer afirmação falsa, ou negar ou pena de morte ou reclusão:
calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor Pena - detenção, até seis meses.
ou intérprete, em inquérito policial, processo ad-
ministrativo ou judicial, militar: Diminuição de pena
Pena - reclusão, de dois a seis anos. § 1º Se ao crime é cominada pena de deten-
ção ou de impedimento: (Redação dada pela Lei
Aumento de pena nº 14.688, de 2023)
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o Pena - detenção, até três meses.
crime é praticado mediante suborno.
Isenção de pena
Retratação
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente,
§ 2º O fato deixa de ser punível, se, antes da descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
sentença o agente se retrata ou declara a verda- isento da pena.
de.
Favorecimento real
Corrupção ativa de testemunha, perito ou
intérprete Art. 351. Prestar a criminoso, fora dos ca-
Francisco sos de coautoria ou de receptação, auxílio desti-
Art. 347. Dar, oferecer ou prometer dinheiro Christian
nado a tornar seguro o proveito do crime:
christianpet2002@gmail.com
ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito,
077.967.703-08
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, Pena - detenção, de três meses a um ano.
negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, Inutilização, sonegação ou descaminho de
tradução ou interpretação, em inquérito policial, material probante
processo administrativo ou judicial, militar, ainda
que a oferta não seja aceita: Art. 352. Inutilizar, total ou parcialmente,
sonegar ou dar descaminho a autos, documento
Pena - reclusão, de dois a oito anos. ou objeto de valor probante, que tem sob guarda
Publicidade opressiva ou recebe para exame:
Art. 348. Fazer pela imprensa, rádio ou te- Pena - detenção, de seis meses a três anos,
levisão, antes da intercorrência de decisão defini- se o fato não constitui crime mais grave.
tiva em processo penal militar, comentário tenden- Modalidade culposa
te a exercer pressão sobre declaração de teste-
Parágrafo único. Se a inutilização ou o des-
munha ou laudo de perito:
caminho resulta de ação ou omissão culposa:
Pena - detenção, até seis meses.
Pena - detenção, até seis meses.
Desobediência a decisão judicial
Exploração de prestígio
Art. 349. Deixar, sem justa causa, de cum-
Art. 353. Solicitar ou receber dinheiro ou
prir decisão da Justiça Militar, ou retardar ou frau-
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em
dar o seu cumprimento:
juiz, órgão do Ministério Público, servidor público
Pena - detenção, de três meses a um ano. da Justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemu-
§ 1º No caso de transgressão dos arts. 116, nha, na Justiça Militar: (Redação dada pela Lei nº
117 e 118, a pena será cumprida sem prejuízo da 14.688, de 2023)
execução da medida de segurança. Pena - reclusão, até cinco anos.

51
Aumento de pena genho de guerra motomecanizado, provisões ou
Parágrafo único. A pena é aumentada de um qualquer outro elemento de ação militar;
terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro IV - sacrificando ou expondo a perigo de sa-
ou utilidade também se destina a qualquer das crifício força militar;
pessoas referidas no artigo. V - abandonando posição ou deixando de
Desobediência a decisão sobre perda ou cumprir missão ou ordem:
suspensão de atividade ou direito Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 354. Exercer função, atividade, direito, anos, grau mínimo.
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou pri- Tentativa contra a soberania do Brasil
vado por decisão da Justiça Militar:
Art. 357. Praticar o nacional o crime definido
Pena - detenção, de três meses a dois anos. no art. 142:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
LIVRO II anos, grau mínimo.
DOS CRIMES MILITARES Coação a comandante
EM TEMPO DE GUERRA Art. 358. Entrar o nacional em conluio, usar
de violência ou ameaça, provocar tumulto ou de-
TÍTULO I sordem com o fim de obrigar o comandante a não
DO FAVORECIMENTO AO INIMIGO empreender ou a cessar ação militar, a recuar ou
render-se:

CAPÍTULO I Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte


anos, grau mínimo.
DA TRAIÇÃO Francisco Christian
Informação ou auxílio ao inimigo
christianpet2002@gmail.com
Traição Art. 359. Prestar o nacional ao inimigo in-
077.967.703-08
formação ou auxílio que lhe possa facilitar a ação
Art. 355. Tomar o nacional armas contra o militar:
Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas
forças armadas de nação em guerra contra o Bra- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
sil: anos, grau mínimo.

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Aliciação de militar


anos, grau mínimo. Art. 360. Aliciar o nacional algum militar a
Favor ao inimigo passar-se para o inimigo ou prestar-lhe auxílio
para esse fim:
Art. 356. Favorecer ou tentar o nacional fa-
vorecer o inimigo, prejudicar ou tentar prejudicar o Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
bom êxito das operações militares, comprometer anos, grau mínimo.
ou tentar comprometer a eficiência militar: Ato prejudicial à eficiência da tropa
I - empreendendo ou deixando de empreen- Art. 361. Provocar o nacional, em presença
der ação militar; do inimigo, a debandada de tropa, ou guarnição,
II - entregando ao inimigo ou expondo a peri- impedir a reunião de uma ou outra ou causar
go dessa consequência navio, aeronave, força ou alarme, com o fim de nelas produzir confusão,
posição, engenho de guerra motomecanizado, desalento ou desordem:
provisões ou qualquer outro elemento de ação Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
militar; anos, grau mínimo.
III - perdendo, destruindo, inutilizando, deteri-
orando ou expondo a perigo de perda, destruição,
inutilização ou deterioração, navio, aeronave, en- CAPÍTULO II
DA TRAIÇÃO IMPRÓPRIA

52
Traição imprópria Pena - reclusão, de três a seis anos.
Art. 362. Praticar o estrangeiro os crimes Penetração de estrangeiro
previstos nos arts. 356, ns. I, primeira parte, II, III Art. 367. Entrar o estrangeiro em território
e IV, 357 a 361: nacional, ou insinuar-se em força ou unidade em
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez operações de guerra, ainda que fora do território
anos, grau mínimo. nacional, a fim de colher documento, notícia ou
informação de caráter militar, em benefício do
inimigo, ou em prejuízo daquelas operações:
CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de dez a vinte anos, se o fa-
DA COBARDIA to não constitui crime mais grave.

Cobardia
CAPÍTULO V
Art. 363. Subtrair-se ou tentar subtrair-se o DO MOTIM E DA REVOLTA
militar, por temor, em presença do inimigo, ao
cumprimento do dever militar:
Motim, revolta ou conspiração
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 368. Praticar qualquer dos crimes defi-
Cobardia qualificada
nidos nos arts. 149 e seu parágrafo único, e 152:
Art. 364. Provocar o militar, por temor, em Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re-
presença do inimigo, a debandada de tropa ou clusão, de quinze anos, grau mínimo. Aos coauto-
guarnição; impedir a reunião de uma ou outra, ou res, reclusão, de dez a trinta anos.
causar alarme com o fim de nelas produzir confu-
são, desalento ou desordem: Forma qualificada
Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Parágrafo único. Se o fato é praticado em
anos, grau mínimo presença
077.967.703-08 do inimigo:

Fuga em presença do inimigo Pena - aos cabeças, morte, grau máximo; re-
clusão, de vinte anos, grau mínimo. Aos coauto-
Art. 365. Fugir o militar, ou incitar à fuga, res, morte, grau máximo; reclusão, de quinze
em presença do inimigo: anos, grau mínimo.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Omissão de lealdade militar
anos, grau mínimo.
Art. 369. Praticar o crime previsto no artigo
151:
CAPÍTULO IV Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
DA ESPIONAGEM

CAPÍTULO VI
Espionagem
DO INCITAMENTO
Art. 366. Praticar qualquer dos crimes pre-
vistos nos arts. 143 e seu § 1°, 144 e seus §§ 1º e
Incitamento
2º, e 146, em favor do inimigo ou comprometendo
a preparação, a eficiência ou as operações milita- Art. 370. Incitar militar à desobediência, à
res: indisciplina ou à prática de crime militar:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Pena - reclusão, de três a dez anos.
anos, grau mínimo.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
Caso de concurso quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito
Parágrafo único. No caso de concurso por à administração militar, impressos, manuscritos ou
culpa, para execução do crime previsto no art. material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
143, § 2º, ou de revelação culposa (art. 144, § 3º):

53
em que se contenha incitamento à prática dos Entrega ou abandono culposo
atos previstos no artigo.
Art. 376. Dar causa, por culpa, ao abandono
Incitamento em presença do inimigo ou à entrega ao inimigo de posição, navio, aero-
Art. 371. Praticar qualquer dos crimes pre- nave, engenho de guerra, provisões, ou qualquer
vistos no art. 370 e seu parágrafo, em presença outro elemento de ação militar:
do inimigo: Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez Captura ou sacrifício culposo
anos, grau mínimo.
Art. 377. Dar causa, por culpa, ao sacrifício
ou captura de força sob o seu comando:
CAPÍTULO VII Pena - reclusão, de dez a trinta anos.
DA INOBSERVÂNCIA DO DEVER MILITAR Separação reprovável
Art. 378. Separar o comandante, em caso
Rendição ou capitulação de capitulação, a sorte própria da dos oficiais e
Art. 372. Render-se o comandante, sem ter praças:
esgotado os recursos extremos de ação militar; Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
ou, em caso de capitulação, não se conduzir de anos, grau mínimo.
acordo com o dever militar:
Abandono de comboio
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo. Art. 379. Abandonar comboio, cuja escolta
lhe tenha sido confiada:
Omissão de vigilância
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Francisco Christian
Art. 373. Deixar-se o comandante surpre-
ender pelo inimigo. christianpet2002@gmail.com
Resultado mais grave
077.967.703-08
§ 1º Se do fato resulta avaria grave, ou perda
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato
total ou parcial do comboio:
não constitui crime mais grave.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Resultado mais grave
anos, grau mínimo.
Parágrafo único. Se o fato compromete as
Modalidade culposa
operações militares:
§ 2º Separar-se, por culpa, do comboio ou da
Pena - reclusão, de cinco a vinte anos, se o
escolta:
fato não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
Descumprimento do dever militar
não constitui crime mais grave.
Art. 374. Deixar, em presença do inimigo, Caso assimilado
de conduzir-se de acordo com o dever militar:
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem, de
Pena - reclusão, até cinco anos, se o fato não igual forma, abandona material de guerra, cuja
constitui crime mais grave. guarda lhe tenha sido confiada.
Falta de cumprimento de ordem Separação culposa de comando
Art. 375. Dar causa, por falta de cumpri- Art. 380. Permanecer o oficial, por culpa,
mento de ordem, à ação militar do inimigo: separado do comando superior:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato
Resultado mais grave não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. Se o fato expõe a perigo for- Tolerância culposa
ça, posição ou outros elementos de ação militar:
Art. 381. Deixar, por culpa, evadir-se prisio-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte neiro:
anos, grau mínimo.

54
Pena - reclusão, até quatro anos. res, ou de qualquer forma atenta contra a segu-
Entendimento com o inimigo rança externa do país:
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Art. 382. Entrar o militar, sem autorização,
anos, grau mínimo.
em entendimento com outro militar ou emissário
de país inimigo, ou servir, para esse fim, de inter- Modalidade culposa
mediário: Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, até três anos, se o fato não Pena - detenção, de dois a oito anos.
constitui crime mais grave.

CAPÍTULO IX
CAPÍTULO VIII DOS CRIMES CONTRA A
DO DANO INCOLUMIDADE PÚBLICA

Dano especial Crimes de perigo comum


Art. 383. Praticar ou tentar praticar qualquer Art. 386. Praticar crime de perigo comum
dos crimes definidos nos arts. 262, 263, §§ 1º e definido nos arts. 268 a 276 e 278, na modalidade
2º, e 264, em benefício do inimigo, ou comprome- dolosa:
tendo ou podendo comprometer a preparação, a
eficiência ou as operações militares: I - se o fato compromete ou pode comprome-
ter a preparação, a eficiência ou as operações
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte militares;
anos, grau mínimo.
II - se o fato é praticado em zona de efetivas
Modalidade culposa Francisco Christian
operações militares e dele resulta morte:
Parágrafo único. Se o crime échristianpet2002@gmail.com
culposo: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
Pena - detenção, de quatro a dez anos.077.967.703-08
anos, grau mínimo.
Dano em bens de interesse militar
Art. 384. Danificar serviço de abastecimento CAPÍTULO X
de água, luz ou força, estrada, meio de transporte, DA INSUBORDINAÇÃO E DA VIOLÊNCIA
instalação telegráfica ou outro meio de comunica-
ção, depósito de combustível, inflamáveis, maté-
rias-primas necessárias à produção, depósito de Recusa de obediência ou oposição
víveres ou forragens, mina, fábrica, usina ou qual- Art. 387. Praticar, em presença do inimigo,
quer estabelecimento de produção de artigo ne- qualquer dos crimes definidos nos arts. 163 e 164:
cessário à defesa nacional ou ao bem-estar da
população e, bem assim, rebanho, lavoura ou Pena - morte, grau máximo; reclusão, de dez
anos, grau mínimo.
plantação, se o fato compromete ou pode com-
prometer a preparação, a eficiência ou as opera- Coação contra oficial general ou coman-
ções militares, ou de qualquer forma atenta contra dante
a segurança externa do país:
Art. 388. Exercer coação contra oficial ge-
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte neral ou comandante da unidade, mesmo que não
anos, grau mínimo. seja superior, com o fim de impedir-lhe o cumpri-
Envenenamento, corrupção ou epidemia mento do dever militar:

Art. 385. Envenenar ou corromper água po- Pena - reclusão, de cinco a quinze anos, se o
fato não constitui crime mais grave.
tável, víveres ou forragens, ou causar epidemia
mediante a propagação de germes patogênicos,
se o fato compromete ou pode comprometer a
preparação, a eficiência ou as operações milita-

55
Violência contra superior ou militar de ser- dentro do prazo marcado, no centro de mobiliza-
viço ção ou ponto de concentração:
Art. 389. Praticar qualquer dos crimes defi- Pena - detenção, de um a seis anos.
nidos nos arts. 157 e 158, a que esteja cominada, Parágrafo único. Se o agente é oficial da re-
no máximo, reclusão, de trinta anos: serva, aplica-se a pena com aumento de um terço.
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo.
CAPÍTULO XIII
Parágrafo único. Se ao crime não é comina-
DA LIBERTAÇÃO, DA EVASÃO E DO
da, no máximo, reclusão de trinta anos, mas é
praticado com arma e em presença do inimigo: AMOTINAMENTO DE PRISIONEIROS
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
quinze anos, grau mínimo. Libertação de prisioneiro
Art. 394. Promover ou facilitar a libertação
de prisioneiro de guerra sob guarda ou custódia
CAPÍTULO XI
de força nacional ou aliada:
DO ABANDONO DE PÔSTO
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
quinze anos, grau mínimo.
Abandono de posto
Evasão de prisioneiro
Art. 390. Praticar, em presença do inimigo,
Art. 395. Evadir-se prisioneiro de guerra e
crime de abandono de posto, definido no art. 195:
voltar a tomar armas contra o Brasil ou Estado
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte aliado:
anos, grau mínimo. Francisco Christian
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
christianpet2002@gmail.com
anos, grau mínimo.
077.967.703-08
CAPÍTULO XII Parágrafo único. Na aplicação deste artigo,
DA DESERÇÃO E DA FALTA serão considerados os tratados e as convenções
DE APRESENTAÇÃO internacionais, aceitos pelo Brasil relativamente ao
tratamento dos prisioneiros de guerra.
Amotinamento de prisioneiros
Deserção
Art. 396. Amotinarem-se prisioneiros em
Art. 391. Praticar crime de deserção defini-
presença do inimigo:
do no Capítulo II, do Título III, do Livro I, da Parte
Especial: Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
anos, grau mínimo.
Pena - a cominada ao mesmo crime, com
aumento da metade, se o fato não constitui crime
mais grave.
CAPÍTULO XIV
Parágrafo único. Os prazos para a consuma- DO FAVORECIMENTO CULPOSO
ção do crime são reduzidos de metade.
AO INIMIGO
Deserção em presença do inimigo
Art. 392. Desertar em presença do inimigo: Favorecimento culposo
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte Art. 397. Contribuir culposamente para que
anos, grau mínimo. alguém pratique crime que favoreça o inimigo:
Falta de apresentação Pena - reclusão, de dois a quatro anos, se o
Art. 393. Deixar o convocado, no caso de fato não constitui crime mais grave.
mobilização total ou parcial, de apresentar-se,

56
TÍTULO II Casos assimilados
DA HOSTILIDADE E DA ORDEM Art. 402. Praticar, com o mesmo fim e na
ARBITRÁRIA zona referida no artigo anterior, qualquer dos atos
previstos nos ns. I, II, III, IV ou V, do parágrafo
único, do art. 208:
Prolongamento de hostilidades
Pena - reclusão, de seis a vinte e quatro
Art. 398. Prolongar o comandante as hosti- anos.
lidades, depois de oficialmente saber celebrada a
paz ou ajustado o armistício.
Pena - reclusão, de dois a dez anos. CAPÍTULO III
Ordem arbitrária DA LESÃO CORPORAL

Art. 399. Ordenar o comandante contribui-


Lesão leve
ção de guerra, sem autorização, ou excedendo os
limites desta: Art. 403. Praticar, em presença do inimigo,
Pena - reclusão, até três anos. crime definido no art. 209:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

TÍTULO III Lesão grave


DOS CRIMES CONTRA A PESSOA § 1º No caso do § 1° do art. 209:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos.
CAPÍTULO I § 2º No caso do § 2º do art. 209:
DO HOMICÍDIO Francisco Christian
Pena - reclusão, de seis a quinze anos.
christianpet2002@gmail.com
Lesões qualificadas pelo resultado
Homicídio simples 077.967.703-08
§ 3º No caso do § 3º do art. 209:
Art. 400. Praticar homicídio, em presença
Pena - reclusão, de oito a vinte anos no caso
do inimigo:
de lesão grave; reclusão, de dez a vinte e quatro
I - no caso do art. 205: anos, no caso de morte.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos; Minoração facultativa da pena
II - no caso do § 1º do art. 205, o juiz pode re- § 4º No caso do § 4º do art. 209, o juiz pode
duzir a pena de um sexto a um terço; reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado § 5º No caso do § 5º do art. 209, o juiz pode
III - no caso do § 2° do art. 205: diminuir a pena de um terço.

Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte


anos, grau mínimo. TÍTULO IV
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO II
DO GENOCÍDIO Furto
Art. 404. Praticar crime de furto definido nos
Genocídio arts. 240 e 241 e seus parágrafos, em zona de
Art. 401. Praticar, em zona militarmente operações militares ou em território militarmente
ocupado:
ocupada, o crime previsto no art. 208:
Pena - reclusão, no dobro da pena cominada
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte
para o tempo de paz.
anos, grau mínimo.

57
Roubo ou extorsão b) morte:
Art. 405. Praticar crime de roubo, ou de ex- Pena - morte, grau máximo; reclusão, de
torsão definidos nos arts. 242, 243 e 244, em zona quinze anos, grau mínimo.
de operações militares ou em território militarmen-
te ocupado: DISPOSIÇÕES FINAIS
Pena - morte, grau máximo, se cominada pe-
na de reclusão de trinta anos; reclusão pelo dobro Art. 409. São revogados o Decreto-lei nú-
da pena para o tempo de paz, nos outros casos.
mero 6.227, de 24 de janeiro de 1944, e demais
Saque disposições contrárias a este Código, salvo as leis
especiais que definem os crimes contra a segu-
Art. 406. Praticar o saque em zona de ope-
rança nacional e a ordem política e social.
rações militares ou em território militarmente ocu-
pado: Art. 410. Este Código entrará em vigor no
Pena - morte, grau máximo; reclusão, de vinte dia 1º de janeiro de 1970.
anos, grau mínimo.

TÍTULO V
DO RAPTO E DA VIOLÊNCIA CARNAL

Rapto
Art. 407. Raptar mulher honesta, mediante
Francisco
violência ou grave ameaça, para fim libidinoso, em Christian
lugar de efetivas operações militares:christianpet2002@gmail.com
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. 077.967.703-08
Resultado mais grave
§ 1º Se da violência resulta lesão grave:
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
§ 2º Se resulta morte:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Cumulação de pena
§ 3º Se o autor, ao efetuar o rapto, ou em se-
guida a este, pratica outro crime contra a raptada,
aplicam-se, cumulativamente, a pena correspon-
dente ao rapto e a cominada ao outro crime.
Violência carnal
Art. 408. Praticar qualquer dos crimes de
violência carnal definidos nos arts. 232 e 233, em
lugar de efetivas operações militares:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Resultado mais grave
Parágrafo único. Se da violência resulta:
a) lesão grave:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos;

58
como o suplemento dos princípios gerais de
direito.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probató-
ria do órgão de acusação.
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsá-
vel pelo controle da legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais
LIVRO I cuja franquia tenha sido reservada à autorização
prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe espe-
DO PROCESSO EM GERAL
cialmente:
I - receber a comunicação imediata da prisão,
TÍTULO I
nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Constituição Federal;
II - receber o auto da prisão em flagrante para
Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em to- o controle da legalidade da prisão, observado o
do o território brasileiro, por este Código, ressal- disposto no art. 310 deste Código;
vados: Francisco Christian
III - zelar pela observância dos direitos do
I - os tratados, as convençõeschristianpet2002@gmail.com
e regras de di- preso, podendo determinar que este seja conduzi-
reito internacional; do à sua presença, a qualquer tempo;
077.967.703-08
II - as prerrogativas constitucionais do Presi- IV - ser informado sobre a instauração de
dente da República, dos ministros de Estado, nos qualquer investigação criminal;
crimes conexos com os do Presidente da Repúbli- V - decidir sobre o requerimento de prisão
ca, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal,
provisória ou outra medida cautelar, observado o
nos crimes de responsabilidade (Constituição, disposto no § 1º deste artigo;
arts. 86, 89, § 2º, e 100);
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra me-
III - os processos da competência da Justiça dida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-
Militar;
las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do
IV - os processos da competência do tribunal contraditório em audiência pública e oral, na forma
especial (Constituição, art. 122, no 17); do disposto neste Código ou em legislação espe-
V - os processos por crimes de imprensa. (Vi- cial pertinente;
de ADPF nº 130) VII - decidir sobre o requerimento de produ-
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, es- ção antecipada de provas consideradas urgentes
te Código aos processos referidos nos nos. IV e V, e não repetíveis, assegurados o contraditório e a
quando as leis especiais que os regulam não dis- ampla defesa em audiência pública e oral;
puserem de modo diverso. VIII - prorrogar o prazo de duração do inquéri-
to, estando o investigado preso, em vista das ra-
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á
zões apresentadas pela autoridade policial e ob-
desde logo, sem prejuízo da validade dos atos
servado o disposto no § 2º deste artigo;
realizados sob a vigência da lei anterior.
IX - determinar o trancamento do inquérito po-
Art. 3º. A lei processual penal admitirá in- licial quando não houver fundamento razoável
terpretação extensiva e aplicação analógica, bem para sua instauração ou prosseguimento;

59
X - requisitar documentos, laudos e informa- assim a investigação não for concluída, a prisão
ções ao delegado de polícia sobre o andamento será imediatamente relaxada.
da investigação;
Art. 3º-C. A competência do juiz das garan-
XI - decidir sobre os requerimentos de: tias abrange todas as infrações penais, exceto as
a) interceptação telefônica, do fluxo de comu- de menor potencial ofensivo, e cessa com o rece-
nicações em sistemas de informática e telemática bimento da denúncia ou queixa na forma do art.
ou de outras formas de comunicação; 399 deste Código.
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as ques-
dados e telefônico; tões pendentes serão decididas pelo juiz da ins-
trução e julgamento.
c) busca e apreensão domiciliar;
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das ga-
d) acesso a informações sigilosas;
rantias não vinculam o juiz da instrução e julga-
e) outros meios de obtenção da prova que mento, que, após o recebimento da denúncia ou
restrinjam direitos fundamentais do investigado; queixa, deverá reexaminar a necessidade das
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes medidas cautelares em curso, no prazo máximo
do oferecimento da denúncia; de 10 (dez) dias.

XIII - determinar a instauração de incidente de § 3º Os autos que compõem as matérias de


insanidade mental; competência do juiz das garantias ficarão acaute-
lados na secretaria desse juízo, à disposição do
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia Ministério Público e da defesa, e não serão apen-
ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; sados aos autos do processo enviados ao juiz da
XV - assegurar prontamente, quando se fizer instrução e julgamento, ressalvados os documen-
necessário, o direito outorgado ao investigado e tos relativos às provas irrepetíveis, medidas de
Francisco Christian
ao seu defensor de acesso a todos os elementos obtenção de provas ou de antecipação de provas,
christianpet2002@gmail.com
informativos e provas produzidos no âmbito da que deverão ser remetidos para apensamento em
investigação criminal, salvo no que concerne,077.967.703-08
es- apartado.
tritamente, às diligências em andamento; § 4º Fica assegurado às partes o amplo aces-
XVI - deferir pedido de admissão de assisten- so aos autos acautelados na secretaria do juízo
te técnico para acompanhar a produção da perí- das garantias.
cia;
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investiga-
XVII - decidir sobre a homologação de acordo ção, praticar qualquer ato incluído nas competên-
de não persecução penal ou os de colaboração cias dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido
premiada, quando formalizados durante a investi- de funcionar no processo.
gação;
Parágrafo único. Nas comarcas em que funci-
XVIII - outras matérias inerentes às atribui- onar apenas um juiz, os tribunais criarão um sis-
ções definidas no caput deste artigo. tema de rodízio de magistrados, a fim de atender
§ 1º (VETADO). às disposições deste Capítulo.
§ 1º O preso em flagrante ou por força de Art. 3º-E. O juiz das garantias será designa-
mandado de prisão provisória será encaminhado à do conforme as normas de organização judiciária
presença do juiz de garantias no prazo de 24 (vin- da União, dos Estados e do Distrito Federal, ob-
te e quatro) horas, momento em que se realizará servando critérios objetivos a serem periodica-
audiência com a presença do Ministério Público e mente divulgados pelo respectivo tribunal.
da Defensoria Pública ou de advogado constituí-
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá asse-
do, vedado o emprego de videoconferência.
gurar o cumprimento das regras para o tratamento
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de
garantias poderá, mediante representação da au- qualquer autoridade com órgãos da imprensa para
toridade policial e ouvido o Ministério Público, explorar a imagem da pessoa submetida à prisão,
prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito sob pena de responsabilidade civil, administrativa
por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda e penal.

60
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as esta, verificada a procedência das informações,
autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e mandará instaurar inquérito.
oitenta) dias, o modo pelo qual as informações § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação
sobre a realização da prisão e a identidade do pública depender de representação, não poderá
preso serão, de modo padronizado e respeitada a sem ela ser iniciado.
programação normativa aludida no caput deste
artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a § 5o Nos crimes de ação privada, a autorida-
efetividade da persecução penal, o direito à infor- de policial somente poderá proceder a inquérito a
mação e a dignidade da pessoa submetida à pri- requerimento de quem tenha qualidade para inten-
são. tá-la.
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prá-
tica da infração penal, a autoridade policial deve-
TÍTULO II
rá:
DO INQUÉRITO POLICIAL
I - dirigir-se ao local, providenciando para que
não se alterem o estado e conservação das coi-
Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pe- sas, até a chegada dos peritos criminais; (Reda-
las autoridades policiais no território de suas res- ção dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
pectivas circunscrições e terá por fim a apuração II - apreender os objetos que tiverem relação
das infrações penais e da sua autoria. (Redação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Parágrafo único. A competência definida nes- III - colher todas as provas que servirem para
te artigo não excluirá a de autoridades administra- o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
tivas, a quem por lei seja cometida a mesma fun-
ção. IV - ouvir o ofendido;
Francisco Christian
V - ouvir o indiciado, com observância, no que
Art. 5º. Nos crimes de açãochristianpet2002@gmail.com
pública o inqué-
for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título
rito policial será iniciado: 077.967.703-08
Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser
I - de ofício; assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
II - mediante requisição da autoridade judiciá- ouvido a leitura;
ria ou do Ministério Público, ou a requerimento do VI - proceder a reconhecimento de pessoas e
ofendido ou de quem tiver qualidade para repre- coisas e a acareações;
sentá-lo.
VII - determinar, se for caso, que se proceda
§ 1o O requerimento a que se refere o no II a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
conterá sempre que possível: perícias;
a) a narração do fato, com todas as circuns- VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
tâncias; processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
b) a individualização do indiciado ou seus si- aos autos sua folha de antecedentes;
nais característicos e as razões de convicção ou IX - averiguar a vida pregressa do indiciado,
de presunção de ser ele o autor da infração, ou os sob o ponto de vista individual, familiar e social,
motivos de impossibilidade de o fazer; sua condição econômica, sua atitude e estado de
c) a nomeação das testemunhas, com indica- ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
ção de sua profissão e residência. quaisquer outros elementos que contribuírem para
a apreciação do seu temperamento e caráter.
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimen-
to de abertura de inquérito caberá recurso para o X - colher informações sobre a existência de
chefe de Polícia. filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual res-
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver co- ponsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
nhecimento da existência de infração penal em pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou 2016)
por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e

61
Art. 7º. Para verificar a possibilidade de ha- IV - representar acerca da prisão preventiva.
ver a infração sido praticada de determinado mo- Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts.
do, a autoridade policial poderá proceder à repro- 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159
dução simulada dos fatos, desde que esta não do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
contrarie a moralidade ou a ordem pública. 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei
Art. 8º. Havendo prisão em flagrante, será no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Cri-
observado o disposto no Capítulo II do Título IX ança e do Adolescente), o membro do Ministério
deste Livro. Público ou o delegado de polícia poderá requisitar,
de quaisquer órgãos do poder público ou de em-
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial presas da iniciativa privada, dados e informações
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela auto- pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
ridade.
Parágrafo único. A requisição, que será aten-
Art. 10. O inquérito deverá terminar no pra- dida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conte-
zo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em rá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
flagrante, ou estiver preso preventivamente, con- 2016) (Vigência)
tado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em I - o nome da autoridade requisitante; (Incluí-
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo do pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela. II - o número do inquérito policial; e (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do
que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz III - a identificação da unidade de polícia judi-
competente. ciária responsável pela investigação. (Incluído
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Francisco Christian
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à
christianpet2002@gmail.com
mencionando o lugar onde possam ser encontra- 077.967.703-08
repressão dos crimes relacionados ao tráfico de
das. pessoas, o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderão requisitar, mediante
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e
autorização judicial, às empresas prestadoras de
o indiciado estiver solto, a autoridade poderá re-
serviço de telecomunicações e/ou telemática que
querer ao juiz a devolução dos autos, para ulterio-
disponibilizem imediatamente os meios técnicos
res diligências, que serão realizadas no prazo
adequados – como sinais, informações e outros –
marcado pelo juiz.
que permitam a localização da vítima ou dos sus-
Art. 11. Os instrumentos do crime, bem peitos do delito em curso. (Incluído pela Lei nº
como os objetos que interessarem à prova, acom- 13.344, de 2016) (Vigência)
panharão os autos do inquérito. § 1o Para os efeitos deste artigo, sinal signifi-
Art. 12. O inquérito policial acompanhará a ca posicionamento da estação de cobertura, seto-
denúncia ou queixa, sempre que servir de base a rização e intensidade de radiofrequência. (Incluído
uma ou outra. pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade poli- § 2o Na hipótese de que trata o caput, o si-
nal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
cial:
2016) (Vigência)
I - fornecer às autoridades judiciárias as in-
I - não permitirá acesso ao conteúdo da co-
formações necessárias à instrução e julgamento
municação de qualquer natureza, que dependerá
dos processos;
de autorização judicial, conforme disposto em lei;
II - realizar as diligências requisitadas pelo ju- (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
iz ou pelo Ministério Público;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de
III - cumprir os mandados de prisão expedidos telefonia móvel celular por período não superior a
pelas autoridades judiciárias; 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por

62
igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de representação do investigado. (Incluído pela Lei nº
2016) (Vigência) 13.964, de 2019) (Vigência)
III - para períodos superiores àquele de que § 3º Havendo necessidade de indicação de
trata o inciso II, será necessária a apresentação defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa
de ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e,
2016) (Vigência) nos locais em que ela não estiver instalada, a
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o in- União ou a Unidade da Federação correspondente
quérito policial deverá ser instaurado no prazo à respectiva competência territorial do procedi-
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do mento instaurado deverá disponibilizar profissional
registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído para acompanhamento e realização de todos os
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) atos relacionados à defesa administrativa do in-
vestigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
§ 4o Não havendo manifestação judicial no 2019) (Vigência)
prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competen-
te requisitará às empresas prestadoras de serviço § 4º A indicação do profissional a que se refe-
de telecomunicações e/ou telemática que disponi- re o § 3º deste artigo deverá ser precedida de ma-
bilizem imediatamente os meios técnicos adequa- nifestação de que não existe defensor público
dos – como sinais, informações e outros – que lotado na área territorial onde tramita o inquérito e
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos com atribuição para nele atuar, hipótese em que
do delito em curso, com imediata comunicação ao poderá ser indicado profissional que não integre
juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de os quadros próprios da Administração. (Incluído
2016) (Vigência) pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defenso-
Art. 14. O ofendido, ou seu representante
ria Pública, os custos com o patrocínio dos inte-
legal, e o indiciado poderão requerer qualquer resses dos investigados nos procedimentos de
diligência, que será realizada, ou não, Francisco
a juízo da Christian
que trata este artigo correrão por conta do orça-
autoridade. christianpet2002@gmail.com
mento próprio da instituição a que este esteja vin-
077.967.703-08
Art. 14-A. Nos casos em que servidores culado à época da ocorrência dos fatos investiga-
vinculados às instituições dispostas no art. 144 da dos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Constituição Federal figurarem como investigados 2019) (Vigência)
em inquéritos policiais, inquéritos policiais milita- § 6º As disposições constantes deste artigo
res e demais procedimentos extrajudiciais, cujo se aplicam aos servidores militares vinculados às
objeto for a investigação de fatos relacionados ao instituições dispostas no art. 142 da Constituição
uso da força letal praticados no exercício profissi- Federal, desde que os fatos investigados digam
onal, de forma consumada ou tentada, incluindo respeito a missões para a Garantia da Lei e da
as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe- 2019) (Vigência)
nal), o indiciado poderá constituir defensor. (Inclu-
ído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á
nomeado curador pela autoridade policial.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste
artigo, o investigado deverá ser citado da instau- Art. 16. O Ministério Público não poderá re-
ração do procedimento investigatório, podendo querer a devolução do inquérito à autoridade poli-
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e cial, senão para novas diligências, imprescindíveis
oito) horas a contar do recebimento da citação. ao oferecimento da denúncia.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
Art. 17. A autoridade policial não poderá
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste mandar arquivar autos de inquérito.
artigo com ausência de nomeação de defensor
STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por
pelo investigado, a autoridade responsável pela despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça,
investigação deverá intimar a instituição a que não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
estava vinculado o investigado à época da ocor-
rência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 Art. 18. Depois de ordenado o arquivamen-
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a to do inquérito pela autoridade judiciária, por falta

63
de base para a denúncia, a autoridade policial Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do
poderá proceder a novas pesquisas, se de outras inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
provas tiver notícia. oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística,
Súmula nº 524, STF: “Arquivado o inquérito policial, por ou repartição congênere, mencionando o juízo a
despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos
não pode a ação penal ser iniciada sem novas provas”. à infração penal e à pessoa do indiciado.
Art. 19. Nos crimes em que não couber
ação pública, os autos do inquérito serão remeti-
TÍTULO III
dos ao juízo competente, onde aguardarão a inici-
ativa do ofendido ou de seu representante legal, DA AÇÃO PENAL
ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
mediante traslado. Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta
Art. 20. A autoridade assegurará no inquéri- será promovida por denúncia do Ministério Públi-
to o sigilo necessário à elucidação do fato ou exi- co, mas dependerá, quando a lei o exigir, de re-
gido pelo interesse da sociedade. quisição do Ministro da Justiça, ou de representa-
ção do ofendido ou de quem tiver qualidade para
Parágrafo único. Nos atestados de antece- representá-lo.
dentes que lhe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anota- § 1o No caso de morte do ofendido ou quan-
ções referentes a instauração de inquérito contra do declarado ausente por decisão judicial, o direito
os requerentes. (Redação dada pela Lei nº de representação passará ao cônjuge, ascenden-
12.681, de 2012) te, descendente ou irmão. (Parágrafo único renu-
merado pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elemen- § 2o Seja qual for o crime, quando praticado
tos de prova que, já documentados em procedimento Francisco
in- Christian
em detrimento do patrimônio ou interesse da Uni-
vestigatório realizado por órgão com competência de polí-
christianpet2002@gmail.com
cia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de de-
ão, Estado e Município, a ação penal será pública.
fesa. 077.967.703-08
(Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993)

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado Art. 25. A representação será irretratável,


dependerá sempre de despacho nos autos e so- depois de oferecida a denúncia.
mente será permitida quando o interesse da soci- Art. 26. A ação penal, nas contravenções,
edade ou a conveniência da investigação o exigir.
será iniciada com o auto de prisão em flagrante ou
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que por meio de portaria expedida pela autoridade
não excederá de três dias, será decretada por judiciária ou policial.
despacho fundamentado do Juiz, a requerimento
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá
da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o dis- provocar a iniciativa do Ministério Público, nos
posto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Or- casos em que caiba a ação pública, fornecendo-
dem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 lhe, por escrito, informações sobre o fato e a auto-
de abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº ria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de
5.010, de 30.5.1966) convicção.

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas Art. 28. Ordenado o arquivamento do inqué-
em que houver mais de uma circunscrição policial, rito policial ou de quaisquer elementos informati-
a autoridade com exercício em uma delas poderá, vos da mesma natureza, o órgão do Ministério
nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar Público comunicará à vítima, ao investigado e à
diligências em circunscrição de outra, independen- autoridade policial e encaminhará os autos para a
temente de precatórias ou requisições, e bem as- instância de revisão ministerial para fins de homo-
sim providenciará, até que compareça a autorida- logação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei
de competente, sobre qualquer fato que ocorra em nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI
sua presença, noutra circunscrição. 6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal,
não concordar com o arquivamento do inquérito

64
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do § 2º O disposto no caput deste artigo não se
recebimento da comunicação, submeter a matéria aplica nas seguintes hipóteses:
à revisão da instância competente do órgão minis- I - se for cabível transação penal de compe-
terial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. tência dos Juizados Especiais Criminais, nos ter-
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) mos da lei;
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes pra- II - se o investigado for reincidente ou se hou-
ticados em detrimento da União, Estados e Muni- ver elementos probatórios que indiquem conduta
cípios, a revisão do arquivamento do inquérito criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão se insignificantes as infrações penais pretéritas;
a quem couber a sua representação judicial. (In-
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco)
anos anteriores ao cometimento da infração, em
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento acordo de não persecução penal, transação penal
e tendo o investigado confessado formal e cir- ou suspensão condicional do processo; e
cunstancialmente a prática de infração penal sem
IV - nos crimes praticados no âmbito de vio-
violência ou grave ameaça e com pena mínima
lência doméstica ou familiar, ou praticados contra
inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público po-
a mulher por razões da condição de sexo femini-
derá propor acordo de não persecução penal,
no, em favor do agressor.
desde que necessário e suficiente para reprova-
ção e prevenção do crime, mediante as seguintes § 3º O acordo de não persecução penal será
condições ajustadas cumulativa e alternativamen- formalizado por escrito e será firmado pelo mem-
te: bro do Ministério Público, pelo investigado e por
seu defensor.
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima,
exceto na impossibilidade de fazê-lo; § 4º Para a homologação do acordo de não
Francisco
II - renunciar voluntariamente a bens e direi- Christian
persecução penal, será realizada audiência na
qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade,
christianpet2002@gmail.com
tos indicados pelo Ministério Público como instru-
por meio da oitiva do investigado na presença do
mentos, produto ou proveito do crime; 077.967.703-08
seu defensor, e sua legalidade.
III - prestar serviço à comunidade ou a enti-
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insufi-
dades públicas por período correspondente à pe-
cientes ou abusivas as condições dispostas no
na mínima cominada ao delito diminuída de um a
acordo de não persecução penal, devolverá os
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
autos ao Ministério Público para que seja reformu-
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº
lada a proposta de acordo, com concordância do
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe-
investigado e seu defensor.
nal); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigên-
cia) § 6º Homologado judicialmente o acordo de
não persecução penal, o juiz devolverá os autos
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipu-
ao Ministério Público para que inicie sua execução
lada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº
perante o juízo de execução penal.
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Pe-
nal), a entidade pública ou de interesse social, a § 7º O juiz poderá recusar homologação à
ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, proposta que não atender aos requisitos legais ou
preferencialmente, como função proteger bens quando não for realizada a adequação a que se
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemen- refere o § 5º deste artigo.
te lesados pelo delito; ou § 8º Recusada a homologação, o juiz devolve-
V - cumprir, por prazo determinado, outra rá os autos ao Ministério Público para a análise da
condição indicada pelo Ministério Público, desde necessidade de complementação das investiga-
que proporcional e compatível com a infração pe- ções ou o oferecimento da denúncia.
nal imputada. § 9º A vítima será intimada da homologação
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada do acordo de não persecução penal e de seu des-
ao delito a que se refere o caput deste artigo, cumprimento.
serão consideradas as causas de aumento e di-
minuição aplicáveis ao caso concreto.

65
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições § 2o Será prova suficiente de pobreza o ates-
estipuladas no acordo de não persecução penal, o tado da autoridade policial em cuja circunscrição
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para residir o ofendido.
fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18
denúncia.
anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado
§ 11. O descumprimento do acordo de não mental, e não tiver representante legal, ou colidi-
persecução penal pelo investigado também pode- rem os interesses deste com os daquele, o direito
rá ser utilizado pelo Ministério Público como justi- de queixa poderá ser exercido por curador espe-
ficativa para o eventual não oferecimento de sus- cial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
pensão condicional do processo. Ministério Público, pelo juiz competente para o
§ 12. A celebração e o cumprimento do acor- processo penal.
do de não persecução penal não constarão de Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e
certidão de antecedentes criminais, exceto para
maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser
os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
exercido por ele ou por seu representante legal.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de
não persecução penal, o juízo competente decre-
tará a extinção de punibilidade. 27.11.1997)

§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministé- Art. 36. Se comparecer mais de uma pes-
rio Público, em propor o acordo de não persecu- soa com direito de queixa, terá preferência o côn-
ção penal, o investigado poderá requerer a re- juge, e, em seguida, o parente mais próximo na
messa dos autos a órgão superior, na forma do ordem de enumeração constante do art. 31, po-
art. 28 deste Código. dendo, entretanto, qualquer delas prosseguir na
ação, caso o querelante desista da instância ou a
Art. 29. Será admitida ação privada nos
Francisco Christian
abandone.
crimes de ação pública, se esta nãochristianpet2002@gmail.com
for intentada
no prazo legal, cabendo ao Ministério Público adi- Art. 37. As fundações, associações ou so-
077.967.703-08
tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs- ciedades legalmente constituídas poderão exercer
titutiva, intervir em todos os termos do processo, a ação penal, devendo ser representadas por
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a quem os respectivos contratos ou estatutos desig-
todo tempo, no caso de negligência do querelante, narem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores
retomar a ação como parte principal. ou sócios-gerentes.
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qua- Art. 38. Salvo disposição em contrário, o
lidade para representá-lo caberá intentar a ação ofendido, ou seu representante legal, decairá no
privada. direito de queixa ou de representação, se não o
exercer dentro do prazo de seis meses, contado
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou do dia em que vier a saber quem é o autor do cri-
quando declarado ausente por decisão judicial, o me, ou, no caso do art. 29, do dia em que se es-
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação gotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão. Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência
do direito de queixa ou representação, dentro do
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo
a requerimento da parte que comprovar a sua único, e 31.
pobreza, nomeará advogado para promover a
ação penal. Art. 39. O direito de representação poderá
ser exercido, pessoalmente ou por procurador
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não com poderes especiais, mediante declaração,
puder prover às despesas do processo, sem pri- escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
var-se dos recursos indispensáveis ao próprio Público, ou à autoridade policial.
sustento ou da família.
§ 1o A representação feita oralmente ou por
escrito, sem assinatura devidamente autenticada
do ofendido, de seu representante legal ou procu-

66
rador, será reduzida a termo, perante o juiz ou tado da data em que o órgão do Ministério Público
autoridade policial, presente o órgão do Ministério receber os autos do inquérito policial, e de 15 di-
Público, quando a este houver sido dirigida. as, se o réu estiver solto ou afiançado. No último
§ 2o A representação conterá todas as infor- caso, se houver devolução do inquérito à autori-
mações que possam servir à apuração do fato e dade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data
da autoria. em que o órgão do Ministério Público receber no-
vamente os autos.
§ 3o Oferecida ou reduzida a termo a repre-
sentação, a autoridade policial procederá a inqué- § 1o Quando o Ministério Público dispensar o
rito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à au- inquérito policial, o prazo para o oferecimento da
toridade que o for. denúncia contar-se-á da data em que tiver recebi-
do as peças de informações ou a representação
§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou
perante este reduzida a termo, será remetida à § 2o O prazo para o aditamento da queixa
autoridade policial para que esta proceda a inqué- será de 3 dias, contado da data em que o órgão
rito. do Ministério Público receber os autos, e, se este
não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos
o inquérito, se com a representação forem ofere- demais termos do processo.
cidos elementos que o habilitem a promover a
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia Art. 47. Se o Ministério Público julgar ne-
no prazo de quinze dias. cessários maiores esclarecimentos e documentos
complementares ou novos elementos de convic-
Art. 40. Quando, em autos ou papéis de ção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais-
que conhecerem, os juízes ou tribunais verifica- quer autoridades ou funcionários que devam ou
rem a existência de crime de ação pública, reme- possam fornecê-los.
terão ao Ministério Público as cópias eFrancisco
os docu- Christian
mentos necessários ao oferecimento da denúncia. Art. 48. A queixa contra qualquer dos auto-
christianpet2002@gmail.com
res do crime obrigará ao processo de todos, e o
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá077.967.703-08
a ex- Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
posição do fato criminoso, com todas as suas cir-
cunstâncias, a qualificação do acusado ou escla- Art. 49. A renúncia ao exercício do direito
recimentos pelos quais se possa identificá-lo, a de queixa, em relação a um dos autores do crime,
classificação do crime e, quando necessário, o rol a todos se estenderá.
das testemunhas. Art. 50. A renúncia expressa constará de
Art. 42. O Ministério Público não poderá declaração assinada pelo ofendido, por seu repre-
desistir da ação penal. sentante legal ou procurador com poderes especi-
ais.
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de
2008). Parágrafo único. A renúncia do representante
legal do menor que houver completado 18 (dezoi-
Art. 44. A queixa poderá ser dada por pro- to) anos não privará este do direito de queixa,
curador com poderes especiais, devendo constar nem a renúncia do último excluirá o direito do pri-
do instrumento do mandato o nome do querelante meiro.
e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
Art. 51. O perdão concedido a um dos que-
esclarecimentos dependerem de diligências que
devem ser previamente requeridas no juízo crimi- relados aproveitará a todos, sem que produza,
nal. todavia, efeito em relação ao que o recusar.

Art. 45. A queixa, ainda quando a ação pe- Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e
nal for privativa do ofendido, poderá ser aditada maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser
pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em exercido por ele ou por seu representante legal,
todos os termos subsequentes do processo. mas o perdão concedido por um, havendo oposi-
ção do outro, não produzirá efeito.
Art. 46. O prazo para oferecimento da de-
Art. 53. Se o querelado for mentalmente en-
núncia, estando o réu preso, será de 5 dias, con-
fermo ou retardado mental e não tiver represen-

67
tante legal, ou colidirem os interesses deste com Parágrafo único. No caso de requerimento do
os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao Ministério Público, do querelante ou do réu, o juiz
curador que o juiz Ihe nomear. mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a parte
contrária e, se o julgar conveniente, concederá o
Art. 54. Se o querelado for menor de 21
prazo de cinco dias para a prova, proferindo a
anos, observar-se-á, quanto à aceitação do per- decisão dentro de cinco dias ou reservando-se
dão, o disposto no art. 52. para apreciar a matéria na sentença final.
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por Art. 62. No caso de morte do acusado, o ju-
procurador com poderes especiais. iz somente à vista da certidão de óbito, e depois
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extrapro- de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a
cessual expresso o disposto no art. 50. punibilidade.

Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito STF: Súmula 594 - Os direitos de queixa e de represen-
tação podem ser exercidos, independentemente, pelo
admitirão todos os meios de prova. ofendido ou por seu representante legal.

Art. 58. Concedido o perdão, mediante de- STF: Súmula 714 - É concorrente a legitimidade do ofen-
dido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicio-
claração expressa nos autos, o querelado será nada à representação do ofendido, para a ação penal por
intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, crime contra a honra de servidor público em razão do
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de exercício de suas funções.
que o seu silêncio importará aceitação. STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministé-
rio Público na fase investigatória criminal não acarreta o
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julga- seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da
rá extinta a punibilidade. denúncia.
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de le-
Art. 59. A aceitação do perdão fora do pro- são corporal resultante de violência doméstica contra a
cesso constará de declaração assinada pelo que- mulher é pública incondicionada.
Francisco Christian
relado, por seu representante legal ou procurador
com poderes especiais.
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08 TÍTULO IX
Art. 60. Nos casos em que somente se pro-
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES
cede mediante queixa, considerar-se-á perempta
a ação penal: E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar
de promover o andamento do processo durante 30 CAPÍTULO I
dias seguidos; DISPOSIÇÕES GERAIS
II - quando, falecendo o querelante, ou sobre-
vindo sua incapacidade, não comparecer em juí- Art. 282. As medidas cautelares previstas
zo, para prosseguir no processo, dentro do prazo neste Título deverão ser aplicadas observando-se
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a a:
quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art.
36; I - necessidade para aplicação da lei penal,
para a investigação ou a instrução criminal e, nos
III - quando o querelante deixar de compare- casos expressamente previstos, para evitar a prá-
cer, sem motivo justificado, a qualquer ato do pro- tica de infrações penais;
cesso a que deva estar presente, ou deixar de
formular o pedido de condenação nas alegações II - adequação da medida à gravidade do cri-
finais; me, circunstâncias do fato e condições pessoais
do indiciado ou acusado.
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurí-
dica, esta se extinguir sem deixar sucessor. § 1o As medidas cautelares poderão ser apli-
cadas isolada ou cumulativamente.
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas
juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no
declará-lo de ofício. curso da investigação criminal, por representação
da autoridade policial ou mediante requerimento

68
do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº ções relativas à inviolabilidade do domicílio. (Inclu-
13.964, de 2019) ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de Art. 284. Não será permitido o emprego de
perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber força, salvo a indispensável no caso de resistência
o pedido de medida cautelar, determinará a inti- ou de tentativa de fuga do preso.
mação da parte contrária, para se manifestar no
prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão
requerimento e das peças necessárias, permane- fará expedir o respectivo mandado.
cendo os autos em juízo, e os casos de urgência Parágrafo único. O mandado de prisão:
ou de perigo deverão ser justificados e fundamen-
tados em decisão que contenha elementos do a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela
autoridade;
caso concreto que justifiquem essa medida ex-
cepcional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de b) designará a pessoa, que tiver de ser presa,
2019) por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer c) mencionará a infração penal que motivar a
das obrigações impostas, o juiz, mediante reque- prisão;
rimento do Ministério Público, de seu assistente d) declarará o valor da fiança arbitrada, quan-
ou do querelante, poderá substituir a medida, im- do afiançável a infração;
por outra em cumulação, ou, em último caso, de-
cretar a prisão preventiva, nos termos do parágra- e) será dirigido a quem tiver qualidade para
fo único do art. 312 deste Código. (Redação dada dar-lhe execução.
pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 286. O mandado será passado em du-
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das plicata, e o executor entregará ao preso, logo de-
partes, revogar a medida cautelar ou Francisco pois da prisão, um dos exemplares com declara-
substituí-la Christian
ção do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega
quando verificar a falta de motivo christianpet2002@gmail.com
para que subsis-
ta, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem deverá o preso passar recibo no outro exemplar;
077.967.703-08
razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei se recusar, não souber ou não puder escrever, o
nº 13.964, de 2019) fato será mencionado em declaração, assinada
por duas testemunhas.
§ 6º A prisão preventiva somente será deter-
minada quando não for cabível a sua substituição Art. 287. Se a infração for inafiançável, a
por outra medida cautelar, observado o art. 319 falta de exibição do mandado não obstará a pri-
deste Código, e o não cabimento da substituição são, e o preso, em tal caso, será imediatamente
por outra medida cautelar deverá ser justificado de apresentado ao juiz que tiver expedido o manda-
forma fundamentada nos elementos presentes do do, para a realização de audiência de custódia.
caso concreto, de forma individualizada. (Redação (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão,
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão sem que seja exibido o mandado ao respectivo
em flagrante delito ou por ordem escrita e funda- diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia
mentada da autoridade judiciária competente, em assinada pelo executor ou apresentada a guia
decorrência de prisão cautelar ou em virtude de expedida pela autoridade competente, devendo
condenação criminal transitada em julgado. (Re- ser passado recibo da entrega do preso, com de-
dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) claração de dia e hora.
o
§ 1 As medidas cautelares previstas neste Parágrafo único. O recibo poderá ser passa-
Título não se aplicam à infração a que não for do no próprio exemplar do mandado, se este for o
isolada, cumulativa ou alternativamente cominada documento exibido.
pena privativa de liberdade. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011). Art. 289. Quando o acusado estiver no ter-
ritório nacional, fora da jurisdição do juiz proces-
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qual- sante, será deprecada a sua prisão, devendo
quer dia e a qualquer hora, respeitadas as restri- constar da precatória o inteiro teor do mandado.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

69
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisi- § 6o O Conselho Nacional de Justiça regula-
tar a prisão por qualquer meio de comunicação, mentará o registro do mandado de prisão a que se
do qual deverá constar o motivo da prisão, bem refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela 12.403, de 2011).
Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, pas-
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisi- sar ao território de outro município ou comarca, o
ção tomará as precauções necessárias para ave- executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde
riguar a autenticidade da comunicação. (Incluído o alcançar, apresentando-o imediatamente à auto-
pela Lei nº 12.403, de 2011). ridade local, que, depois de lavrado, se for o caso,
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a o auto de flagrante, providenciará para a remoção
remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) do preso.
dias, contados da efetivação da medida. (Incluído § 1o - Entender-se-á que o executor vai em
pela Lei nº 12.403, de 2011). perseguição do réu, quando:
Art. 289-A. O juiz competente providencia- a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem in-
rá o imediato registro do mandado de prisão em terrupção, embora depois o tenha perdido de vis-
banco de dados mantido pelo Conselho Nacional ta;
de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela Lei b) sabendo, por indícios ou informações fide-
nº 12.403, de 2011). dignas, que o réu tenha passado, há pouco tem-
§ 1o Qualquer agente policial poderá efetuar po, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o
a prisão determinada no mandado de prisão regis- procure, for no seu encalço.
trado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que § 2o Quando as autoridades locais tiverem
fora da competência territorial do juiz que o expe- fundadas razões para duvidar da legitimidade da
diu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). pessoa do executor ou da legalidade do mandado
o
Francisco Christian
§ 2 Qualquer agente policial poderá efetuar que apresentar, poderão pôr em custódia o réu,
christianpet2002@gmail.com
a prisão decretada, ainda que sem registro no até que fique esclarecida a dúvida.
Conselho Nacional de Justiça, adotando as pre-
077.967.703-08
Art. 291. A prisão em virtude de mandado
cauções necessárias para averiguar a autentici-
dade do mandado e comunicando ao juiz que a entender-se-á feita desde que o executor, fazen-
decretou, devendo este providenciar, em seguida, do-se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado
o registro do mandado na forma do caput deste e o intime a acompanhá-lo.
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 292. Se houver, ainda que por parte de
o
§ 3 A prisão será imediatamente comunica- terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
da ao juiz do local de cumprimento da medida o determinada por autoridade competente, o execu-
qual providenciará a certidão extraída do registro tor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar
do Conselho Nacional de Justiça e informará ao dos meios necessários para defender-se ou para
juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto
de 2011). subscrito também por duas testemunhas.
§ 4o O preso será informado de seus direitos, Parágrafo único. É vedado o uso de algemas
o
nos termos do inciso LXIII do art. 5 da Constitui- em mulheres grávidas durante os atos médico-
ção Federal e, caso o autuado não informe o no- hospitalares preparatórios para a realização do
me de seu advogado, será comunicado à Defen- parto e durante o trabalho de parto, bem como em
soria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de mulheres durante o período de puerpério imediato.
2011). (Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017)
§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de alge-
mas em casos de resistência e de fundado receio de fuga
sobre a legitimidade da pessoa do executor ou ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionali-
no § 2o do art. 290 deste Código. (Incluído pela Lei dade por escrito, sob pena de responsabilidade discipli-
nº 12.403, de 2011). nar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulida-
de da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

70
Art. 293. Se o executor do mandado verifi- XI - os delegados de polícia e os guardas-
car, com segurança, que o réu entrou ou se en- civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.
contra em alguma casa, o morador será intimado (Redação dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966)
a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não § 1o A prisão especial, prevista neste Código
for obedecido imediatamente, o executor convoca- ou em outras leis, consiste exclusivamente no
rá duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força recolhimento em local distinto da prisão comum.
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
noite, o executor, depois da intimação ao morador,
§ 2o Não havendo estabelecimento específico
se não for atendido, fará guardar todas as saídas,
para o preso especial, este será recolhido em cela
tornando a casa incomunicável, e, logo que ama-
distinta do mesmo estabelecimento. (Incluído pela
nheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
Parágrafo único. O morador que se recusar a
§ 3o A cela especial poderá consistir em alo-
entregar o réu oculto em sua casa será levado à
jamento coletivo, atendidos os requisitos de salu-
presença da autoridade, para que se proceda con-
bridade do ambiente, pela concorrência dos fato-
tra ele como for de direito.
res de aeração, insolação e condicionamento tér-
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, mico adequados à existência humana. (Incluído
observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
for aplicável. § 4o O preso especial não será transportado
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a juntamente com o preso comum. (Incluído pela Lei
prisão especial, à disposição da autoridade com- nº 10.258, de 11.7.2001)
petente, quando sujeitos a prisão antes de conde- § 5o Os demais direitos e deveres do preso
nação definitiva: especial serão os mesmos do preso comum. (In-
I - os ministros de Estado; cluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
Francisco Christian
II - os governadores ou interventores de Esta- Art. 296. Os inferiores e praças de pré, on-
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dos ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, de for possível, serão recolhidos à prisão, em es-
077.967.703-08
seus respectivos secretários, os prefeitos munici- tabelecimentos militares, de acordo com os res-
pais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Re- pectivos regulamentos.
dação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)
Art. 297. Para o cumprimento de mandado
III - os membros do Parlamento Nacional, do expedido pela autoridade judiciária, a autoridade
Conselho de Economia Nacional e das Assem- policial poderá expedir tantos outros quantos ne-
bléias Legislativas dos Estados; cessários às diligências, devendo neles ser fiel-
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; mente reproduzido o teor do mandado original.
V - os oficiais das Forças Armadas e os milita- Art. 298. (Revogado pela Lei nº 12.403, de
res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- 2011).
rios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de
Art. 299. A captura poderá ser requisitada,
11.7.2001)
à vista de mandado judicial, por qualquer meio de
VI - os magistrados; comunicação, tomadas pela autoridade, a quem
VII - os diplomados por qualquer das faculda- se fizer a requisição, as precauções necessárias
des superiores da República; para averiguar a autenticidade desta. (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas; Art. 300. As pessoas presas provisoriamen-
te ficarão separadas das que já estiverem definiti-
X - os cidadãos que já tiverem exercido efeti- vamente condenadas, nos termos da lei de exe-
vamente a função de jurado, salvo quando excluí- cução penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
dos da lista por motivo de incapacidade para o de 2011).
exercício daquela função;
Parágrafo único. O militar preso em flagrante
delito, após a lavratura dos procedimentos legais,
será recolhido a quartel da instituição a que per-

71
tencer, onde ficará preso à disposição das autori- § 3o Quando o acusado se recusar a assinar,
dades competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão
de 2011). em flagrante será assinado por duas testemunhas,
que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
CAPÍTULO II
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em fla-
DA PRISÃO EM FLAGRANTE grante deverá constar a informação sobre a exis-
tência de filhos, respectivas idades e se possuem
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as au- alguma deficiência e o nome e o contato de even-
tual responsável pelos cuidados dos filhos, indica-
toridades policiais e seus agentes deverão pren-
do pela pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257,
der quem quer que seja encontrado em flagrante
de 2016)
delito.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do
Art. 302. Considera-se em flagrante delito
escrivão, qualquer pessoa designada pela autori-
quem:
dade lavrará o auto, depois de prestado o com-
I - está cometendo a infração penal; promisso legal.
II - acaba de cometê-la; Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, local onde se encontre serão comunicados ime-
pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situa- diatamente ao juiz competente, ao Ministério Pú-
ção que faça presumir ser autor da infração; blico e à família do preso ou à pessoa por ele indi-
IV - é encontrado, logo depois, com instru- cada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
mentos, armas, objetos ou papéis que façam pre-
sumir ser ele autor da infração. § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a
Francisco Christian
realização da prisão, será encaminhado ao juiz
Art. 303. Nas infrações permanentes,
christianpet2002@gmail.com
en-
competente o auto de prisão em flagrante e, caso
077.967.703-08
tende-se o agente em flagrante delito enquanto o autuado não informe o nome de seu advogado,
não cessar a permanência. cópia integral para a Defensoria Pública. (Reda-
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
competente, ouvirá esta o condutor e colherá, § 2o No mesmo prazo, será entregue ao pre-
desde logo, sua assinatura, entregando a este so, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome
seguida, procederá à oitiva das testemunhas que do condutor e os das testemunhas. (Redação da-
o acompanharem e ao interrogatório do acusado da pela Lei nº 12.403, de 2011).
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após
cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavran- Art. 307. Quando o fato for praticado em
do, a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada presença da autoridade, ou contra esta, no exer-
pela Lei nº 11.113, de 2005) cício de suas funções, constarão do auto a narra-
ção deste fato, a voz de prisão, as declarações
§ 1o Resultando das respostas fundada a que fizer o preso e os depoimentos das testemu-
suspeita contra o conduzido, a autoridade manda- nhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
rá recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se preso e pelas testemunhas e remetido imediata-
solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos mente ao juiz a quem couber tomar conhecimento
do inquérito ou processo, se para isso for compe- do fato delituoso, se não o for a autoridade que
tente; se não o for, enviará os autos à autoridade houver presidido o auto.
que o seja.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar
§ 2o A falta de testemunhas da infração não
impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nes- em que se tiver efetuado a prisão, o preso será
logo apresentado à do lugar mais próximo.
se caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
menos duas pessoas que hajam testemunhado a Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser
apresentação do preso à autoridade. posto em liberdade, depois de lavrado o auto de
prisão em flagrante.

72
Art. 310. Após receber o auto de prisão em 2019) (Vigência) (Vide ADI 6.298) (Vide ADI
flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e qua- 6.300) (Vide ADI 6.305)
tro) horas após a realização da prisão, o juiz deve- Súmula nº 145, STF: “Não há crime, quando a prepara-
rá promover audiência de custódia com a presen- ção do flagrante pela polícia torna impossível a sua con-
ça do acusado, seu advogado constituído ou sumação. ”
membro da Defensoria Pública e o membro do
Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deve-
CAPÍTULO III
rá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019) (Vigência) DA PRISÃO PREVENTIVA

I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei


nº 12.403, de 2011). Art. 311. Em qualquer fase da investigação
II - converter a prisão em flagrante em pre- policial ou do processo penal, caberá a prisão
ventiva, quando presentes os requisitos constan- preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do
tes do art. 312 deste Código, e se revelarem ina- Ministério Público, do querelante ou do assistente,
dequadas ou insuficientes as medidas cautelares ou por representação da autoridade policial. (Re-
diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, dação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2011). Art. 312. A prisão preventiva poderá ser de-
III - conceder liberdade provisória, com ou cretada como garantia da ordem pública, da or-
sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). dem econômica, por conveniência da instrução
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em criminal ou para assegurar a aplicação da lei pe-
flagrante, que o agente praticou o fato em qual- nal, quando houver prova da existência do crime e
quer das condições constantes dos incisos I, II ou indício suficiente de autoria e de perigo gerado
III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de pelo estado de liberdade do imputado. (Redação
Francisco
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, Christian
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
fundamentadamente, conceder ao christianpet2002@gmail.com
acusado liber- § 1º A prisão preventiva também poderá ser
dade provisória, mediante termo de compareci- 077.967.703-08
decretada em caso de descumprimento de qual-
mento obrigatório a todos os atos processuais, quer das obrigações impostas por força de outras
sob pena de revogação. (Renumerado do pará- medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação da-
grafo único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) da pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reinci- § 2º A decisão que decretar a prisão preventi-
dente ou que integra organização criminosa ar- va deve ser motivada e fundamentada em receio
mada ou milícia, ou que porta arma de fogo de de perigo e existência concreta de fatos novos ou
uso restrito, deverá denegar a liberdade provisó- contemporâneos que justifiquem a aplicação da
ria, com ou sem medidas cautelares. (Incluído medida adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) 2019)
§ 3º A autoridade que deu causa, sem moti- Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Có-
vação idônea, à não realização da audiência de digo, será admitida a decretação da prisão pre-
custódia no prazo estabelecido no caput deste ventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
artigo responderá administrativa, civil e penalmen- 2011).
te pela omissão. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019) (Vigência) I - nos crimes dolosos punidos com pena pri-
vativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro)
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
após o decurso do prazo estabelecido 2011).
no caput deste artigo, a não realização de audi-
ência de custódia sem motivação idônea ensejará II - se tiver sido condenado por outro crime
também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada doloso, em sentença transitada em julgado, res-
pela autoridade competente, sem prejuízo da pos- salvado o disposto no inciso I do caput do art. 64
sibilidade de imediata decretação de prisão pre- do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
ventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).

73
III - se o crime envolver violência doméstica e dência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
familiar contra a mulher, criança, adolescente, 2019)
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para III - invocar motivos que se prestariam a justi-
garantir a execução das medidas protetivas de ficar qualquer outra decisão; (Incluído pela Lei nº
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 13.964, de 2019)
2011).
IV - não enfrentar todos os argumentos dedu-
IV - (revogado). (Revogado pela Lei nº zidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
12.403, de 2011). conclusão adotada pelo julgador; (Incluído pela
§ 1º Também será admitida a prisão preven- Lei nº 13.964, de 2019)
tiva quando houver dúvida sobre a identidade civil V - limitar-se a invocar precedente ou enunci-
da pessoa ou quando esta não fornecer elemen- ado de súmula, sem identificar seus fundamentos
tos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso determinantes nem demonstrar que o caso sob
ser colocado imediatamente em liberdade após a julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Inclu-
identificação, salvo se outra hipótese recomendar ído pela Lei nº 13.964, de 2019)
a manutenção da medida. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019) VI - deixar de seguir enunciado de súmula, ju-
risprudência ou precedente invocado pela parte,
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão sem demonstrar a existência de distinção no caso
preventiva com a finalidade de antecipação de em julgamento ou a superação do entendimento.
cumprimento de pena ou como decorrência imedi- (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
ata de investigação criminal ou da apresentação
ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedi-
13.964, de 2019) do das partes, revogar a prisão preventiva se, no
correr da investigação ou do processo, verificar a
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum
Francisco falta de motivo para que ela subsista, bem como
Christian
caso será decretada se o juiz verificar pelas pro- novamente decretá-la, se sobrevierem razões que
christianpet2002@gmail.com
vas constantes dos autos ter o agente praticado o a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº 13.964,
fato nas condições previstas nos incisos I, II077.967.703-08
e III de 2019)
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
de dezembro de 1940 - Código Penal. (Redação Parágrafo único. Decretada a prisão preventi-
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). va, deverá o órgão emissor da decisão revisar a
necessidade de sua manutenção a cada 90 (no-
Art. 315. A decisão que decretar, substituir venta) dias, mediante decisão fundamentada, de
ou denegar a prisão preventiva será sempre moti- ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal. (Incluído
vada e fundamentada. (Redação dada pela Lei nº pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019)
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apela-
§ 1º Na motivação da decretação da prisão ção do réu independe de sua prisão.
preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz Súmula Vinculante nº 11, STF: “Só é lícito o uso de al-
deverá indicar concretamente a existência de fa- gemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo a integridade física própria ou
tos novos ou contemporâneos que justifiquem a alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
aplicação da medida adotada. (Incluído pela Lei nº excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabili-
13.964, de 2019) dade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade
e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se re-
§ 2º Não se considera fundamentada qual- fere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. ”
quer decisão judicial, seja ela interlocutória, sen- STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a
tença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso
13.964, de 2019) de prazo na instrução.
STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica su-
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à perada a alegação de constrangimento por excesso de
paráfrase de ato normativo, sem explicar sua rela- prazo.
ção com a causa ou a questão decidida; (Incluído STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o
pela Lei nº 13.964, de 2019) excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa.
II - empregar conceitos jurídicos indetermina-
dos, sem explicar o motivo concreto de sua inci-

74
CAPÍTULO IV nativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluí-
DA PRISÃO DOMICILIAR do pela Lei nº 13.769, de 2018).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
CAPÍTULO V
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no re-
DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
colhimento do indiciado ou acusado em sua resi-
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
dência, só podendo dela ausentar-se com autori-
zação judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). Art. 319. São medidas cautelares diversas
da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão 2011).
preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - comparecimento periódico em juízo, no
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para in-
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela formar e justificar atividades; (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011). Lei nº 12.403, de 2011).
II - extremamente debilitado por motivo de II - proibição de acesso ou frequência a de-
doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403, de terminados lugares quando, por circunstâncias
2011). relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
III - imprescindível aos cuidados especiais de permanecer distante desses locais para evitar o
pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei
deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). nº 12.403, de 2011).
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº III - proibição de manter contato com pessoa
13.257, de 2016) determinada quando, por circunstâncias relacio-
Francisco Christian
nadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
V - mulher com filho de até 12christianpet2002@gmail.com
(doze) anos de permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº
idade incompletos; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 12.403, de 2011).
2016)
077.967.703-08
IV - proibição de ausentar-se da Comarca
VI - homem, caso seja o único responsável quando a permanência seja conveniente ou ne-
pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de cessária para a investigação ou instrução; (Incluí-
idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de do pela Lei nº 12.403, de 2011).
2016)
V - recolhimento domiciliar no período noturno
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz e nos dias de folga quando o investigado ou acu-
exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos sado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de pela Lei nº 12.403, de 2011).
2011).
VI - suspensão do exercício de função pública
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à ou de atividade de natureza econômica ou finan-
mulher gestante ou que for mãe ou responsável ceira quando houver justo receio de sua utilização
por crianças ou pessoas com deficiência será para a prática de infrações penais; (Incluído pela
substituída por prisão domiciliar, desde que: (In- Lei nº 12.403, de 2011).
cluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
VII - internação provisória do acusado nas hi-
I - não tenha cometido crime com violência ou póteses de crimes praticados com violência ou
grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
13.769, de 2018). inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código
II - não tenha cometido o crime contra seu fi- Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela
lho ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, Lei nº 12.403, de 2011).
de 2018). VIII - fiança, nas infrações que a admitem, pa-
Art. 318-B. A substituição de que tratam os ra assegurar o comparecimento a atos do proces-
so, evitar a obstrução do seu andamento ou em
arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuí-
caso de resistência injustificada à ordem judicial;
zo da aplicação concomitante das medidas alter-
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

75
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei I - nos crimes de racismo; (Redação dada pe-
nº 12.403, de 2011). la Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o (Revogado). (Revogado pela Lei nº II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de en-
12.403, de 2011). torpecentes e drogas afins, terrorismo e nos defi-
§ 2o (Revogado). (Revogado pela Lei nº nidos como crimes hediondos; (Redação dada
12.403, de 2011). pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 3o (Revogado). (Revogado pela Lei nº III - nos crimes cometidos por grupos arma-
12.403, de 2011). dos, civis ou militares, contra a ordem constitucio-
nal e o Estado Democrático; (Redação dada pela
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as Lei nº 12.403, de 2011).
disposições do Capítulo VI deste Título, podendo
ser cumulada com outras medidas cautelares. IV - (revogado; (Revogado pela Lei nº 12.403,
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). de 2011).
V - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403,
Art. 320. A proibição de ausentar-se do Pa-
de 2011).
ís será comunicada pelo juiz às autoridades en-
carregadas de fiscalizar as saídas do território Art. 324. Não será, igualmente, concedida
nacional, intimando-se o indiciado ou acusado fiança: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte 2011).
e quatro) horas. (Redação dada pela Lei nº I - aos que, no mesmo processo, tiverem
12.403, de 2011). quebrado fiança anteriormente concedida ou in-
fringido, sem motivo justo, qualquer das obriga-
ções a que se referem os arts. 327 e 328 deste
CAPÍTULO VI
Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
DA LIBERDADE PROVISÓRIA,Francisco Christian
2011).
COM OU SEM FIANÇA
christianpet2002@gmail.com
II - em caso de prisão civil ou militar; (Reda-
077.967.703-08
ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 321. Ausentes os requisitos que autori- III - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
zam a decretação da prisão preventiva, o juiz de- de 2011).
verá conceder liberdade provisória, impondo, se IV - quando presentes os motivos que autori-
for o caso, as medidas cautelares previstas no art. zam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
319 deste Código e observados os critérios cons- (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
tantes do art. 282 deste Código. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 325. O valor da fiança será fixado pela
autoridade que a conceder nos seguintes limites:
I - (revogado) (Revogado pela Lei nº 12.403,
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
de 2011).
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº
II - (revogado).(Revogado pela Lei nº 12.403,
12.403, de 2011).
de 2011).
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº
Art. 322. A autoridade policial somente po- 12.403, de 2011).
derá conceder fiança nos casos de infração cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja su- c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº
perior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei 12.403, de 2011).
nº 12.403, de 2011). I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos,
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança quando se tratar de infração cuja pena privativa de
será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (qua- liberdade, no grau máximo, não for superior a 4
renta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº (quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
12.403, de 2011). 2011).
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mí-
Art. 323. Não será concedida fiança: (Re-
nimos, quando o máximo da pena privativa de
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

76
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. O réu e quem prestar a fi-
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). ança serão pelo escrivão notificados das obriga-
§ 1o Se assim recomendar a situação eco- ções e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o
nômica do preso, a fiança poderá ser: (Redação que constará dos autos.
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 330. A fiança, que será sempre definiti-
I - dispensada, na forma do art. 350 deste va, consistirá em depósito de dinheiro, pedras,
Código; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pú-
2011). blica, federal, estadual ou municipal, ou em hipo-
teca inscrita em primeiro lugar.
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois ter-
ços); ou (Redação dada pela Lei nº 12.403, de § 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, ob-
2011). jetos ou metais preciosos será feita imediatamente
por perito nomeado pela autoridade.
III - aumentada em até 1.000 (mil) ve-
zes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o Quando a fiança consistir em caução de
títulos da dívida pública, o valor será determinado
§ 2o (Revogado): (Revogado pela Lei nº
pela sua cotação em Bolsa, e, sendo nominativos,
12.403, de 2011).
exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
I - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403,
de 2011). Art. 331. O valor em que consistir a fiança
será recolhido à repartição arrecadadora federal
II - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, ou estadual, ou entregue ao depositário público,
de 2011). juntando-se aos autos os respectivos conhecimen-
III - (revogado). (Revogado pela Lei nº 12.403, tos.
de 2011). Parágrafo único. Nos lugares em que o de-
Art. 326. Para determinar o valorFrancisco
da fiança, Christian
pósito não se puder fazer de pronto, o valor será
a autoridade terá em consideração a natureza da entregue ao escrivão ou pessoa abonada, a crité-
christianpet2002@gmail.com
rio da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á
infração, as condições pessoais de fortuna077.967.703-08
e vida
pregressa do acusado, as circunstâncias indicati- ao valor o destino que Ihe assina este artigo, o
vas de sua periculosidade, bem como a importân- que tudo constará do termo de fiança.
cia provável das custas do processo, até final jul- Art. 332. Em caso de prisão em flagrante,
gamento. será competente para conceder a fiança a autori-
Art. 327. A fiança tomada por termo obriga- dade que presidir ao respectivo auto, e, em caso
rá o afiançado a comparecer perante a autoridade, de prisão por mandado, o juiz que o houver expe-
todas as vezes que for intimado para atos do in- dido, ou a autoridade judiciária ou policial a quem
quérito e da instrução criminal e para o julgamen- tiver sido requisitada a prisão.
to. Quando o réu não comparecer, a fiança será Art. 333. Depois de prestada a fiança, que
havida como quebrada. será concedida independentemente de audiência
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob do Ministério Público, este terá vista do processo
pena de quebramento da fiança, mudar de resi- a fim de requerer o que julgar conveniente.
dência, sem prévia permissão da autoridade pro- Art. 334. A fiança poderá ser prestada en-
cessante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias quanto não transitar em julgado a sentença con-
de sua residência, sem comunicar àquela autori- denatória. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
dade o lugar onde será encontrado. 2011).
Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias Art. 335. Recusando ou retardando a auto-
de polícia, haverá um livro especial, com termos ridade policial a concessão da fiança, o preso, ou
de abertura e de encerramento, numerado e rubri- alguém por ele, poderá prestá-la, mediante sim-
cado em todas as suas folhas pela autoridade, ples petição, perante o juiz competente, que deci-
destinado especialmente aos termos de fiança. O dirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada
termo será lavrado pelo escrivão e assinado pela pela Lei nº 12.403, de 2011).
autoridade e por quem prestar a fiança, e dele
extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.

77
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como IV - resistir injustificadamente a ordem judici-
fiança servirão ao pagamento das custas, da in- al; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
denização do dano, da prestação pecuniária e da V - praticar nova infração penal dolosa. (Inclu-
multa, se o réu for condenado. (Redação dada ído pela Lei nº 12.403, de 2011).
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 342. Se vier a ser reformado o julga-
Parágrafo único. Este dispositivo terá aplica- mento em que se declarou quebrada a fiança,
ção ainda no caso da prescrição depois da sen- esta subsistirá em todos os seus efeitos
tença condenatória (art. 110 do Código Penal).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 343. O quebramento injustificado da fi-
ança importará na perda de metade do seu valor,
Art. 337. Se a fiança for declarada sem
cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de ou-
efeito ou passar em julgado sentença que houver tras medidas cautelares ou, se for o caso, a decre-
absolvido o acusado ou declarada extinta a ação tação da prisão preventiva. (Redação dada pela
penal, o valor que a constituir, atualizado, será Lei nº 12.403, de 2011).
restituído sem desconto, salvo o disposto no pa-
rágrafo único do art. 336 deste Código. (Redação Art. 344. Entender-se-á perdido, na totali-
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). dade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado
não se apresentar para o início do cumprimento
Art. 338. A fiança que se reconheça não
da pena definitivamente imposta. (Redação dada
ser cabível na espécie será cassada em qualquer pela Lei nº 12.403, de 2011).
fase do processo.
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu
Art. 339. Será também cassada a fiança
valor, deduzidas as custas e mais encargos a que
quando reconhecida a existência de delito inafian- o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fun-
çável, no caso de inovação na classificação do do penitenciário, na forma da lei. (Redação dada
delito. Francisco Christian
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 340. Será exigido o reforçochristianpet2002@gmail.com
da fiança: Art. 346. No caso de quebramento de fian-
077.967.703-08
I - quando a autoridade tomar, por engano, fi- ça, feitas as deduções previstas no art. 345 deste
ança insuficiente; Código, o valor restante será recolhido ao fundo
II - quando houver depreciação material ou penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela
perecimento dos bens hipotecados ou cauciona- Lei nº 12.403, de 2011).
dos, ou depreciação dos metais ou pedras precio- Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art.
sas; 345, o saldo será entregue a quem houver presta-
III - quando for inovada a classificação do de- do a fiança, depois de deduzidos os encargos a
lito. que o réu estiver obrigado.
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver
o réu será recolhido à prisão, quando, na confor- sido prestada por meio de hipoteca, a execução
midade deste artigo, não for reforçada. será promovida no juízo cível pelo órgão do Minis-
tério Público.
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança
quando o acusado: (Redação dada pela Lei nº Art. 349. Se a fiança consistir em pedras,
12.403, de 2011). objetos ou metais preciosos, o juiz determinará a
I - regularmente intimado para ato do proces- venda por leiloeiro ou corretor.
so, deixar de comparecer, sem motivo justo; (In- Art. 350. Nos casos em que couber fiança,
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). o juiz, verificando a situação econômica do preso,
II - deliberadamente praticar ato de obstrução poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujei-
ao andamento do processo; (Incluído pela Lei nº tando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e
12.403, de 2011). 328 deste Código e a outras medidas cautelares,
se for o caso. (Redação dada pela Lei nº 12.403,
III - descumprir medida cautelar imposta cu-
de 2011).
mulativamente com a fiança; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).

78
Parágrafo único. Se o beneficiado descum- sor, da inexistência do crime ou da improcedência
prir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou da ação.
medidas impostas, aplicar-se-á o disposto no §
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa,
4o do art. 282 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011). será o acusado citado, na forma estabelecida
no Capítulo I do Título X do Livro I.
Art. 518. Na instrução criminal e nos de-
CAPÍTULO II mais termos do processo, observar-se-á o dispos-
DO PROCESSO E DO JULGAMENTO to nos Capítulos I e III, Título I, deste Livro.
DOS CRIMES DE RESPONSABILIDADE
DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
CAPÍTULO X
DO HABEAS CORPUS E SEU PROCESSO
Art. 513. Os crimes de responsabilidade
dos funcionários públicos, cujo processo e julga- Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre
mento competirão aos juízes de direito, a queixa que alguém sofrer ou se achar na iminência de
ou a denúncia será instruída com documentos ou sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade
justificação que façam presumir a existência do de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
delito ou com declaração fundamentada da im-
possibilidade de apresentação de qualquer dessas Art. 647-A. No âmbito de sua competência ju-
provas. risdicional, qualquer autoridade judicial poderá
expedir de ofício ordem de habeas corpus, indivi-
STJ: Súmula 330 - É desnecessária a resposta preliminar
de que trata o artigo 514 do Código de Processo Penal,
dual ou coletivo, quando, no curso de qualquer
na ação penal instruída por inquérito policial. processo judicial, verificar que, por violação ao
Francisco Christian
ordenamento jurídico, alguém sofre ou se acha
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
christianpet2002@gmail.com
denúncia ou queixa em devida forma, o juiz man- liberdade de locomoção. (Incluído pela Lei nº
dará autuá-la e ordenará a notificação do077.967.703-08
acusa- 14.836, de 2024)
do, para responder por escrito, dentro do prazo de
quinze dias. Parágrafo único. A ordem de habeas corpus
poderá ser concedida de ofício pelo juiz ou pelo
Súmula nº 330, STJ: “É desnecessária a resposta preli- tribunal em processo de competência originária ou
minar de que trata o artigo 514 do Código de Processo
Penal, na ação penal instruída por inquérito policial. ” recursal, ainda que não conhecidos a ação ou o
#CUIDADO: O STF entende de forma contrária ao STJ: “É recurso em que veiculado o pedido de cessação
indispensável a defesa prévia nas hipóteses do art. 514 de coação ilegal. (Incluído pela Lei nº 14.836, de
do Código de Processo Penal, mesmo quando a denúncia
2024)
é lastreada em inquérito policial” (HC 110361; HC
110361). Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
Parágrafo único. Se não for conhecida a re- I - quando não houver justa causa;
sidência do acusado, ou este se achar fora da
jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a II - quando alguém estiver preso por mais
quem caberá apresentar a resposta preliminar. tempo do que determina a lei;

Art. 515. No caso previsto no artigo anteri- III - quando quem ordenar a coação não tiver
competência para fazê-lo;
or, durante o prazo concedido para a resposta, os
autos permanecerão em cartório, onde poderão IV - quando houver cessado o motivo que au-
ser examinados pelo acusado ou por seu defen- torizou a coação;
sor. V - quando não for alguém admitido a prestar
Parágrafo único. A resposta poderá ser ins- fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
truída com documentos e justificações. VI - quando o processo for manifestamente
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou de- nulo;
núncia, em despacho fundamentado, se conven- VII - quando extinta a punibilidade.
cido, pela resposta do acusado ou do seu defen-

79
Art. 649. O juiz ou o tribunal, dentro dos li- b) a declaração da espécie de constrangimen-
mites da sua jurisdição, fará passar imediatamen- to ou, em caso de simples ameaça de coação, as
te a ordem impetrada, nos casos em que tenha razões em que funda o seu temor;
cabimento, seja qual for a autoridade coatora. c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a
Art. 650. Competirá conhecer, originaria- seu rogo, quando não souber ou não puder escre-
ver, e a designação das respectivas residências.
mente, do pedido de habeas corpus:
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos
para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
previstos no Art. 101, I, g, da Constituição;
quando no curso de processo verificarem que al-
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os guém sofre ou está na iminência de sofrer coação
atos de violência ou coação forem atribuídos aos ilegal.
governadores ou interventores dos Estados ou
Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a Art. 655. O carcereiro ou o diretor da pri-
seus secretários, ou aos chefes de Polícia. são, o escrivão, o oficial de justiça ou a autoridade
judiciária ou policial que embaraçar ou procrasti-
§ 1o A competência do juiz cessará sempre nar a expedição de ordem de habeas corpus, as
que a violência ou coação provier de autoridade informações sobre a causa da prisão, a condução
judiciária de igual ou superior jurisdição. e apresentação do paciente, ou a sua soltura, será
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a pri- multado na quantia de duzentos mil-réis a um con-
são administrativa, atual ou iminente, dos respon- to de réis, sem prejuízo das penas em que incor-
sáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazen- rer. As multas serão impostas pelo juiz do tribunal
da Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu que julgar o habeas corpus, salvo quando se
recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido tratar de autoridade judiciária, caso em que cabe-
for acompanhado de prova de quitação ou de de- rá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de
pósito do alcance verificado, ou se a prisão Francisco
exce- Christian
Apelação impor as multas.
der o prazo legal. christianpet2002@gmail.com
Art. 656. Recebida a petição de habeas
Art. 651. A concessão do habeas corpus 077.967.703-08
corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver pre-
não obstará, nem porá termo ao processo, desde so o paciente, mandará que este Ihe seja imedia-
que este não esteja em conflito com os fundamen- tamente apresentado em dia e hora que designar.
tos daquela. Parágrafo único. Em caso de desobediência,
Art. 652. Se o habeas corpus for concedi- será expedido mandado de prisão contra o deten-
do em virtude de nulidade do processo, este será tor, que será processado na forma da lei, e o juiz
renovado. providenciará para que o paciente seja tirado da
prisão e apresentado em juízo.
Art. 653. Ordenada a soltura do paciente
em virtude de habeas corpus, será condenada Art. 657. Se o paciente estiver preso, ne-
nas custas a autoridade que, por má-fé ou eviden- nhum motivo escusará a sua apresentação, salvo:
te abuso de poder, tiver determinado a coação. I - grave enfermidade do paciente;
Parágrafo único. Neste caso, será remetida Il - não estar ele sob a guarda da pessoa a
ao Ministério Público cópia das peças necessárias quem se atribui a detenção;
para ser promovida a responsabilidade da autori-
III - se o comparecimento não tiver sido de-
dade.
terminado pelo juiz ou pelo tribunal.
Art. 654. O habeas corpus poderá ser im- Parágrafo único. O juiz poderá ir ao local em
petrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de que o paciente se encontrar, se este não puder
outrem, bem como pelo Ministério Público. ser apresentado por motivo de doença.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
Art. 658. O detentor declarará à ordem de
a) o nome da pessoa que sofre ou está ame- quem o paciente estiver preso.
açada de sofrer violência ou coação e o de quem
exercer a violência, coação ou ameaça;

80
Art. 659. Se o juiz ou o tribunal verificar que que o habeas corpus deva ser indeferido in limi-
já cessou a violência ou coação ilegal, julgará pre- ne. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câ-
judicado o pedido. mara ou turma, para que delibere a respeito.

Art. 660. Efetuadas as diligências, e inter- Art. 664. Recebidas as informações, ou


rogado o paciente, o juiz decidirá, fundamentada- dispensadas, o habeas corpus será julgado na
mente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas. primeira sessão, podendo, entretanto, adiar-se o
julgamento para a sessão seguinte.
§ 1o Se a decisão for favorável ao paciente,
será logo posto em liberdade, salvo se por outro Parágrafo único. A decisão será tomada por
motivo dever ser mantido na prisão. maioria de votos. Havendo empate, se o presiden-
te não tiver tomado parte na votação, proferirá
§ 2o Se os documentos que instruírem a peti- voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá
ção evidenciarem a ilegalidade da coação, o juiz a decisão mais favorável ao paciente.
ou o tribunal ordenará que cesse imediatamente o
constrangimento. Art. 665. O secretário do tribunal lavrará a
§ 3o Se a ilegalidade decorrer do fato de não ordem que, assinada pelo presidente do tribunal,
ter sido o paciente admitido a prestar fiança, o juiz câmara ou turma, será dirigida, por ofício ou tele-
arbitrará o valor desta, que poderá ser prestada grama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade
perante ele, remetendo, neste caso, à autoridade que exercer ou ameaçar exercer o constrangimen-
os respectivos autos, para serem anexados aos to.
do inquérito policial ou aos do processo judicial. Parágrafo único. A ordem transmitida por te-
§ 4o Se a ordem de habeas corpus for con- legrama obedecerá ao disposto no art. 289, pará-
cedida para evitar ameaça de violência ou coação grafo único, in fine.
ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assina- Art. 666. Os regimentos dos Tribunais de
do pelo juiz. Francisco Christian
Apelação estabelecerão as normas complementa-
o christianpet2002@gmail.com
§ 5 Será incontinenti enviada cópia da deci- res para o processo e julgamento do pedido
são à autoridade que tiver ordenado a prisão ou de habeas corpus de sua competência originária.
077.967.703-08
tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar- Art. 667. No processo e julgamento
se aos autos do processo.
do habeas corpus de competência originária do
§ 6o Quando o paciente estiver preso em lu- Supremo Tribunal Federal, bem como nos de re-
gar que não seja o da sede do juízo ou do tribunal curso das decisões de última ou única instância,
que conceder a ordem, o alvará de soltura será denegatórias de habeas corpus, observar-se-á,
expedido pelo telégrafo, se houver, observadas as no que Ihes for aplicável, o disposto nos artigos
formalidades estabelecidas no art. 289, parágrafo anteriores, devendo o regimento interno do tribu-
único, in fine, ou por via postal. nal estabelecer as regras complementares.
Art. 661. Em caso de competência originá- Súmula nº 208, STF: “O assistente do Ministério Público
não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão con-
ria do Tribunal de Apelação, a petição de habeas cessiva de habeas corpus. ”
corpus será apresentada ao secretário, que a
Súmula nº 299, STF: “O recurso ordinário e o extraordi-
enviará imediatamente ao presidente do tribunal, nário interpostos no mesmo processo de mandado de se-
ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver gurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjunta-
reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. mente pelo Tribunal Pleno. ”
Súmula nº 319, STF: “O prazo do recurso ordinário para
Art. 662. Se a petição contiver os requisitos o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus ou man-
do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário, re- dado de segurança, é de cinco dias. ”
quisitará da autoridade indicada como coatora STF: Súmula 344 - Sentença de primeira instância con-
informações por escrito. Faltando, porém, qual- cessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado
quer daqueles requisitos, o presidente mandará em detrimento de bens, serviços ou interesses da união,
está sujeita a recurso "ex officio". 120 ID: É proibido o
preenchê-lo, logo que Ihe for apresentada a peti- compartilhamento desse material, ainda que sem fins lu-
ção. crativos. Registramos “CPF, e-mail e Internet Protocol
(IP)” do comprador em nosso site e nos arquivos PDF.
Art. 663. As diligências do artigo anterior
STF: Súmula 395 - Não se conhece de recurso de habe-
não serão ordenadas, se o presidente entender as corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das cus-

81
tas, por não estar mais em causa a liberdade de locomo- e) extorsão mediante sequestro (art. 159, ca-
ção.
put, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
Súmula nº 431, STF: “É nulo o julgamento de recurso
criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação
publicação da pauta, salvo em habeas corpus. ” com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide
STF: Súmula 606 - Não cabe habeas corpus originário Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plená-
rio, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput,
e sua combinação com o art. 223, caput, e pará-
STF: Súmula 691 - Não compete ao Supremo Tribunal
Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra de- grafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
cisão do Relator que, em habeas corpus requerido a Tri-
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação
bunal Superior, indefere a liminar.
com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide
STF: Súmula 692 - Não se conhece de habeas corpus
contra omissão de relator de extradição, se fundado em
Decreto-Lei nº 2.848, de 1940)
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos i) epidemia com resultado de morte (art. 267,
autos, nem foi ele provocado a respeito.
§ 1°);
STF: Súmula 693 - Não cabe habeas corpus contra deci-
são condenatória a pena de multa, ou relativo a processo j) envenenamento de água potável ou subs-
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja tância alimentícia ou medicinal qualificado pela
a única cominada. morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
STF: Súmula 694 - Não cabe habeas corpus contra a im-
posição da pena de exclusão de militar ou de perda de l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Có-
patente ou de função pública. digo Penal;
STF: Súmula 695 - Não cabe habeas corpus quando já m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889,
extinta a pena privativa de liberdade.
de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368,
Francisco Christian
de 21 de outubro de 1976);
christianpet2002@gmail.com
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n°
077.967.703-08
7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
(Incluído pela Lei nº 13.260, de 2016)

Art. 1° Caberá prisão temporária: Art. 2° A prisão temporária será decretada


pelo Juiz, em face da representação da autoridade
I - quando imprescindível para as investiga- policial ou de requerimento do Ministério Público,
ções do inquérito policial; e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por
II - quando o indicado não tiver residência fixa igual período em caso de extrema e comprovada
ou não fornecer elementos necessários ao escla- necessidade.
recimento de sua identidade; § 1° Na hipótese de representação da autori-
III - quando houver fundadas razões, de acor- dade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o
do com qualquer prova admitida na legislação Ministério Público.
penal, de autoria ou participação do indiciado nos § 2° O despacho que decretar a prisão tempo-
seguintes crimes: rária deverá ser fundamentado e prolatado dentro
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a
2°); partir do recebimento da representação ou do re-
querimento.
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, ca-
put, e seus §§ 1° e 2°); § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requeri-
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e mento do Ministério Público e do Advogado, de-
3°); terminar que o preso lhe seja apresentado, solici-
tar informações e esclarecimentos da autoridade
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e policial e submetê-lo a exame de corpo de delito.
2°);

82
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir- Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de
se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das sua publicação.
quais será entregue ao indiciado e servirá como
nota de culpa. Art. 7° Revogam-se as disposições em con-
trário.
§ 4º-A O mandado de prisão conterá neces-
sariamente o período de duração da prisão tempo- Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da
rária estabelecido no caput deste artigo, bem co- Independência e 101° da República.
mo o dia em que o preso deverá ser libertado.
(Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
§ 5° A prisão somente poderá ser executada
depois da expedição de mandado judicial.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial
informará o preso dos direitos previstos no art. 5°
da Constituição Federal. O Processo Penal em nosso país en-
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de de- contra-se resguardado e norteado não apenas
tenção, o preso deverá ser posto imediatamente por princípios infraconstitucionais, mas tam-
em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua bém por preceitos fundamentais com previsão
prisão preventiva.
constitucional, mediante princípios essenciais
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado da política processual penal adotada pelo or-
de prisão, a autoridade responsável pela custódia
denamento jurídico.
deverá, independentemente de nova ordem da
autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em
A seguir, os mais importantes princí-
liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da
Francisco Christian
pios constitucionais que guardam relação ao
prorrogação da prisão temporária ou da decreta-
christianpet2002@gmail.com
ção da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº Direito Processual Penal.
13.869. de 2019) 077.967.703-08
Igualdade (ou Paridade de Armas)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do man-
dado de prisão no cômputo do prazo de prisão Decorre do caput do artigo 5° da Cons-
temporária. (Redação dada pela Lei nº 13.869. de
2019)
tituição Federal de 1988 a determinação de
que "todos são iguais perante a lei, sem dis-
Art. 3° Os presos temporários deverão per-
tinção de qualquer natureza". Dessa forma, as
manecer, obrigatoriamente, separados dos de-
mais detentos.
partes devem ser igualmente oportunizadas
em juízo de fazer valer suas indagações, e
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de de- serem tratadas igualitariamente, na medida de
zembro de 1965, fica acrescido da alínea i, com a
suas igualdades, e desigualmente, na propor-
seguinte redação:
ção de suas desigualdades. Consagra-se o
"Art. 4°
Princípio da Igualdade de direitos.
..............................................................
i) prolongar a execução de prisão temporária, Legalidade
de pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia- Pedra basilar do Estado de Direito e
tamente ordem de liberdade;" igualmente vital ao Estado Democrático de
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judi- Direito, o princípio da legalidade está expres-
ciárias haverá um plantão permanente de vinte e samente previsto no artigo 5°, inciso II, da
quatro horas do Poder Judiciário e do Ministério Constituição Federal de 1988, onde se asse-
Público para apreciação dos pedidos de prisão
gura que "ninguém será obrigado a fazer ou
temporária.
deixar de fazer alguma coisa senão em virtu-

83
de de lei". Trata-se da sujeição de toda ativi- A Carta Política de 1988 consagrou em
dade à lei democrática, expressão da vontade seu artigo 5°, inciso LV, que "aos litigantes,
do povo, que atende aos princípios da igual- em processo judicial ou administrativo, e aos
dade e da justiça no intuito de igualar materi- acusados em geral são assegurados o con-
almente os desiguais. traditório e ampla defesa, com os meios e re-
cursos a ela inerentes". No Processo Penal,
O princípio da legalidade é, por essên- diferente do que ocorre no âmbito civil, o efe-
cia, um limite constitucional ao poder arbitrário tivo contraponto à acusação é indispensável
do Estado, pois prevê que apenas por meio para o atingimento dos objetivos da jurisdição,
de espécies normativas elaboradas com o que só é possível com a absoluta paridade de
devido rigor técnico – igualmente previsto nos armas conferida às partes. O réu, pelo princí-
dispositivos da Lei Maior – é que o Poder Pú- pio do contraditório, tem o direito de conhecer
blico poderá criar obrigações para o indivíduo. a acusação a ele imputada e de contrariá-la,
Com a prioridade da lei, cessa o privilégio da evitando que venha a ser condenado sem ser
vontade caprichosa do detentor do poder. ouvido.
Destarte, no princípio da legalidade, mais do
que um direito, tem-se uma garantia constitu- Ampla Defesa
cional que impede a interveniência estatal
senão por meio de lei. O Estado tem o dever de proporcionar
a todo acusado condições para o pleno exer-
Devido Processo Legal cício de seu direito de defesa, possibilitando-o
trazer ao processo os elementos que julgar
Francisco Christian
O processo é o instrumento pelo qual a
christianpet2002@gmail.com
necessários ao esclarecimento da verdade. O
prestação jurisdicional é exercida pelo Esta-
077.967.703-08
princípio constitucional da ampla defesa está
do-Juiz seguindo os imperativos da ordem expressamente previsto no artigo 5°, inciso
jurídica que envolve diversas garantias, den- LV, da Constituição Federal: “LV - aos litigan-
tre as quais o contraditório, a plenitude do tes, em processo judicial ou administrativo, e
direito de defesa, a busca da verdade real, do aos acusados em geral são assegurados o
in dubio pro reu, sendo estes corolários do contraditório e ampla defesa, com os meios e
princípio do devido processo legal. Assim, é recursos a ela inerentes”.
por meio do processo que a parte pode, legal
e legitimamente, obter o deferimento de sua NEMU TENETUR SE DETEGERE
pretensão, de seu direito garantido. A ativida-
de jurisdicional do Juiz, no intuito de ofertar ao Direito ao Silêncio (autodefesa negati-
caso a solução mais justa, é exercida tendo va): O direito a não se autoincriminar foi con-
como palco o processo, onde, equilibrada- cebido, num primeiro momento, a partir da
mente, as partes têm garantia ativa - na me- interpretação sistemática de consagradas ga-
dida em que, utilizando-o, pode reparar ilega- rantias constitucionais, notadamente, os prin-
lidades - e passiva - porque impede a justiça cípios da ampla defesa, da presunção de ino-
pelas próprias mãos e possibilita a plenitude cência e, como não poderia deixar de ser, do
de defesa contra a pretensão punitiva do Es- devido processo legal. Concluiuse, portanto,
tado, desautorizado que está de impor restri- que ninguém seria obrigado a se autoincrimi-
ções à liberdade do indivíduo sem o devido nar, não podendo o acusado ou suspeito ser
processo legal. coagido a produzir prova contra si mesmo.

Contraditório Juiz Natural (ou juiz constitucional)

84
Trata-se de princípio que garante ao cumpre, em especial no processo criminal,
cidadão o direito de não ser subtraído de seu exercer o jus puniendi estatal somente contra
Juiz Constitucional ou Natural, entendido co- aquele que efetivamente praticou a infração
mo aquele pré-constituído por lei para exercer penal, nos limites de sua culpa.
validamente a função jurisdicional, de forma
absolutamente imparcial. Com efeito, o exer- Para tanto, o Processo Penal não deve
cício legítimo e legal da jurisdição pressupõe encontrar limites na forma ou na iniciativa das
que, no caso concreto, o magistrado o faça partes, sendo necessária a busca e o desco-
não só com imparcialidade subjetiva (dimana- brimento da verdade real, material, ou seja,
da de sua relação com qualquer das partes), cumpre ao Juiz averiguar além dos limites
mas também com a chamada imparcialidade artificiais da verdade formal, com o intuito cla-
objetiva, que deriva não da relação do juiz ro e determinado de valer fazer a função puni-
com as partes, e sim de sua relação com os tiva em face daquele que realmente tenha
fatos da causa cuja apreciação lhe é submeti- cometido um ilícito penal.
da.

Publicidade

Determina a Constituição Federal que


"a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimi-
dade ou o interesse social o exigirem" (artigo Christian
Francisco
5°, inciso LX). christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08
Estabelece ainda que

"todos os julgamentos dos órgãos do


Poder Judiciário são públicos, e fundamenta-
das todas as decisões, sob pena de nulidade,
podendo a lei, se o interesse público o exigir,
limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou so-
mente a estes" (artigo 93, inciso IX) e que "to-
dos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão presta-
das no prazo da lei, sob pena de responsabi-
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado" (artigo 5°, inciso XXXIII).

Verdade Real

A atual abordagem do processo não


mais admite o órgão jurisdicional agindo como
se fosse mero expectador da demanda judici-
al, reconhecida a autonomia do juiz a quem

85
Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08

86
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação, independen-
temente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o di-
reito a indenização pelo dano material ou moral de-
TÍTULO II corrente de sua violação;
DOS DIREITOS E XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
GARANTIAS FUNDAMENTAIS guém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
CAPÍTULO I desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105,
DOS DIREITOS E DEVERES de 2015) (Vigência)
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das co-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem municações telefônicas, salvo, no último caso, por
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a estabelecer para fins de investigação criminal ou
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual- instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de
dade, à segurança e à propriedade, nos Francisco
termos se- Christian
1996)
guintes: christianpet2002@gmail.com
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho,
077.967.703-08
I - homens e mulheres são iguais em direitos e ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro-
obrigações, nos termos desta Constituição; fissionais que a lei estabelecer;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de XIV - é assegurado a todos o acesso à infor-
fazer alguma coisa senão em virtude de lei; mação e resguardado o sigilo da fonte, quando ne-
III - ninguém será submetido a tortura nem a cessário ao exercício profissional;
tratamento desumano ou degradante; XV - é livre a locomoção no território nacional
IV - é livre a manifestação do pensamento, em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
sendo vedado o anonimato; termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens;
V - é assegurado o direito de resposta, propor-
cional ao agravo, além da indenização por dano XVI - todos podem reunir-se pacificamente,
material, moral ou à imagem; sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frus-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e trem outra reunião anteriormente convocada para o
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a pro- autoridade competente;
teção aos locais de culto e a suas liturgias;
XVII - é plena a liberdade de associação para
VII - é assegurada, nos termos da lei, a presta- fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
ção de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva; XVIII - a criação de associações e, na forma da
lei, a de cooperativas independem de autorização,
VIII - ninguém será privado de direitos por mo- sendo vedada a interferência estatal em seu funci-
tivo de crença religiosa ou de convicção filosófica onamento;
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

87
XIX - as associações só poderão ser compul- XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros si-
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus- tuados no País será regulada pela lei brasileira em
pensas por decisão judicial, exigindo-se, no pri- benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sem-
meiro caso, o trânsito em julgado; pre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
XX - ninguém poderá ser compelido a asso- do "de cujus";
ciar-se ou a permanecer associado; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XXI - as entidades associativas, quando ex- defesa do consumidor;
pressamente autorizadas, têm legitimidade para re- XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
presentar seus filiados judicial ou extrajudicial- públicos informações de seu interesse particular,
mente; ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
XXII - é garantido o direito de propriedade; das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
XXIII - a propriedade atenderá a sua função à segurança da sociedade e do Estado; (Regula-
social; mento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para XXXIV - são a todos assegurados, indepen-
desapropriação por necessidade ou utilidade pú- dentemente do pagamento de taxas:
blica, ou por interesse social, mediante justa e pré-
via indenização em dinheiro, ressalvados os casos a) o direito de petição aos Poderes Públicos
previstos nesta Constituição; em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
XXV - no caso de iminente perigo público, a
autoridade competente poderá usar de propriedade b) a obtenção de certidões em repartições pú-
particular, assegurada ao proprietário indenização blicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
ulterior, se houver dano; situações de interesse pessoal;
Francisco
XXVI - a pequena propriedade rural, assim de- Christian
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Po-
der Judiciário
finida em lei, desde que trabalhadachristianpet2002@gmail.com
pela família, lesão ou ameaça a direito;
não será objeto de penhora para pagamento de 077.967.703-08
dé- XXXVI - a lei não prejudicará o direito adqui-
bitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- rido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu de- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exce-
senvolvimento; ção;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri,
de utilização, publicação ou reprodução de suas com a organização que lhe der a lei, assegurados:
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que
a lei fixar; a) a plenitude de defesa;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: b) o sigilo das votações;
a) a proteção às participações individuais em c) a soberania dos veredictos;
obras coletivas e à reprodução da imagem e voz d) a competência para o julgamento dos crimes
humanas, inclusive nas atividades desportivas; dolosos contra a vida;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento XXXIX - não há crime sem lei anterior que o
econômico das obras que criarem ou de que parti- defina, nem pena sem prévia cominação legal;
ciparem aos criadores, aos intérpretes e às respec-
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para be-
tivas representações sindicais e associativas;
neficiar o réu;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inven-
XLI - a lei punirá qualquer discriminação aten-
tos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
tatória dos direitos e liberdades fundamentais;
ção, bem como proteção às criações industriais, à
propriedade das marcas, aos nomes de empresas XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
e a outros signos distintivos, tendo em vista o inte- fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
resse social e o desenvolvimento tecnológico e são, nos termos da lei;
econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;

88
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e LIII - ninguém será processado nem sentenci-
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor- ado senão pela autoridade competente;
tura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas LIV - ninguém será privado da liberdade ou de
afins, o terrorismo e os definidos como crimes he- seus bens sem o devido processo legal;
diondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omiti- LV - aos litigantes, em processo judicial ou ad-
rem; (Regulamento) ministrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescri- e recursos a ela inerentes;
tível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrá- LVI - são inadmissíveis, no processo, as pro-
tico; vas obtidas por meios ilícitos;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do LVII - ninguém será considerado culpado até o
condenado, podendo a obrigação de reparar o trânsito em julgado de sentença penal condenató-
dano e a decretação do perdimento de bens ser, ria;
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e LVIII - o civilmente identificado não será sub-
contra eles executadas, até o limite do valor do pa- metido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
trimônio transferido; previstas em lei; (Regulamento)
XLVI - a lei regulará a individualização da pena LIX - será admitida ação privada nos crimes de
e adotará, entre outras, as seguintes: ação pública, se esta não for intentada no prazo le-
a) privação ou restrição da liberdade; gal;
b) perda de bens; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos
atos processuais quando a defesa da intimidade ou
c) multa; o interesse social o exigirem;
d) prestação social alternativa; Francisco Christian
LXI - ninguém será preso senão em flagrante
christianpet2002@gmail.com
e) suspensão ou interdição de direitos; delito ou por ordem escrita e fundamentada de au-
077.967.703-08
toridade judiciária competente, salvo nos casos de
XLVII - não haverá penas:
transgressão militar ou crime propriamente militar,
a) de morte, salvo em caso de guerra decla- definidos em lei;
rada, nos termos do art. 84, XIX;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local
b) de caráter perpétuo; onde se encontre serão comunicados imediata-
c) de trabalhos forçados; mente ao juiz competente e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada;
d) de banimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
e) cruéis;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
XLVIII - a pena será cumprida em estabeleci- assegurada a assistência da família e de advo-
mentos distintos, de acordo com a natureza do de- gado;
lito, a idade e o sexo do apenado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
integridade física e moral; tório policial;
L - às presidiárias serão asseguradas condi- LXV - a prisão ilegal será imediatamente rela-
ções para que possam permanecer com seus filhos xada pela autoridade judiciária;
durante o período de amamentação;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
naturalizado, em caso de crime comum, praticado com ou sem fiança;
antes da naturalização, ou de comprovado envolvi-
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
afins, na forma da lei;
inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
LII - não será concedida extradição de estran- sitário infiel;
geiro por crime político ou de opinião;

89
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre b) a certidão de óbito;
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer LXXVII - são gratuitas as ações de habeas cor-
violência ou coação em sua liberdade de locomo- pus e habeas data, e, na forma da lei, os atos ne-
ção, por ilegalidade ou abuso de poder; cessários ao exercício da cidadania.(Regulamento)
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e adminis-
para proteger direito líquido e certo, não amparado trativo, são assegurados a razoável duração do
por habeas corpus ou habeas data, quando o res- processo e os meios que garantam a celeridade de
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au- sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucio-
toridade pública ou agente de pessoa jurídica no nal nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392)
exercício de atribuições do Poder Público;
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o di-
LXX - o mandado de segurança coletivo pode reito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos
ser impetrado por: meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucio-
a) partido político com representação no Con- nal nº 115, de 2022)
gresso Nacional; § 1º As normas definidoras dos direitos e ga-
b) organização sindical, entidade de classe ou rantias fundamentais têm aplicação imediata.
associação legalmente constituída e em funciona- § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
mento há pelo menos um ano, em defesa dos inte- Constituição não excluem outros decorrentes do re-
resses de seus membros ou associados; gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tra-
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção tados internacionais em que a República Federa-
sempre que a falta de norma regulamentadora tiva do Brasil seja parte.
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades § 3º Os tratados e convenções internacionais
constitucionais e das prerrogativas inerentes à na- sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cionalidade, à soberania e à cidadania;
Francisco Christian
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
LXXII - conceder-se-á habeas data: por três quintos dos votos dos respectivos mem-
christianpet2002@gmail.com
bros, serão equivalentes às emendas constitucio-
a) para assegurar o conhecimento de informa-077.967.703-08
ções relativas à pessoa do impetrante, constantes nais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de registros ou bancos de dados de entidades go- de 2004) (Atos aprovados na forma deste pará-
vernamentais ou de caráter público; grafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009,
DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de 2018) (Vide
b) para a retificação de dados, quando não se ADIN 3392)
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad-
ministrativo; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribu-
nal Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para festado adesão. (Incluído pela Emenda Constituci-
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao onal nº 45, de 2004)
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o CAPÍTULO II
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas ju- DOS DIREITOS SOCIAIS
diciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica Art. 6º São direitos sociais a educação, a sa-
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- úde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-
cia de recursos; porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
LXXV - o Estado indenizará o condenado por proteção à maternidade e à infância, a assistência
erro judiciário, assim como o que ficar preso além aos desamparados, na forma desta Constituição.
do tempo fixado na sentença; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90,
LXXVI - são gratuitos para os reconhecida- de 2015)
mente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, Parágrafo único. Todo brasileiro em situação
de 1989) de vulnerabilidade social terá direito a uma renda
a) o registro civil de nascimento; básica familiar, garantida pelo poder público em

90
programa permanente de transferência de renda, da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
cujas normas e requisitos de acesso serão determi- de trabalho; (vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
nados em lei, observada a legislação fiscal e orça- XIV - jornada de seis horas para o trabalho re-
mentária (Incluído pela Emenda Constitucional nº alizado em turnos ininterruptos de revezamento,
114, de 2021) salvo negociação coletiva;
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urba- XV - repouso semanal remunerado, preferen-
nos e rurais, além de outros que visem à melhoria cialmente aos domingos;
de sua condição social:
XVI - remuneração do serviço extraordinário
I - relação de emprego protegida contra despe- superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do
dida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de normal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
lei complementar, que preverá indenização com-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
pensatória, dentre outros direitos;
pelo menos, um terço a mais do que o salário nor-
II - seguro-desemprego, em caso de desem- mal;
prego involuntário;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do em-
III - fundo de garantia do tempo de serviço; prego e do salário, com a duração de cento e vinte
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacional- dias;
mente unificado, capaz de atender a suas necessi- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados
dades vitais básicas e às de sua família com mora- em lei;
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuá-
XX - proteção do mercado de trabalho da mu-
rio, higiene, transporte e previdência social, com re-
lher, mediante incentivos específicos, nos termos
ajustes periódicos que lhe preservem o poder aqui-
da lei;
sitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
Francisco Christian
serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
V - piso salarial proporcionalchristianpet2002@gmail.com
à extensão e à
da lei;
complexidade do trabalho; 077.967.703-08
XXII - redução dos riscos inerentes ao traba-
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto
lho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
em convenção ou acordo coletivo;
rança;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mí-
XXIII - adicional de remuneração para as ativi-
nimo, para os que percebem remuneração variável;
dades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
VIII - décimo terceiro salário com base na re- da lei;
muneração integral ou no valor da aposentadoria;
XXIV - aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior
XXV - assistência gratuita aos filhos e depen-
à do diurno;
dentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
X - proteção do salário na forma da lei, consti- idade em creches e pré-escolas; (Redação dada
tuindo crime sua retenção dolosa; pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XI – participação nos lucros, ou resultados, XXVI - reconhecimento das convenções e
desvinculada da remuneração, e, excepcional- acordos coletivos de trabalho;
mente, participação na gestão da empresa, con-
XXVII - proteção em face da automação, na
forme definido em lei;
forma da lei;
XII - salário-família pago em razão do depen-
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
dente do trabalhador de baixa renda nos termos da
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
20, de 1998)
culpa;
XIII - duração do trabalho normal não superior
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes
a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
das relações de trabalho, com prazo prescricional
facultada a compensação de horários e a redução
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e ru-
rais, até o limite de dois anos após a extinção do

91
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e
Constitucional nº 28, de 2000) interesses coletivos ou individuais da categoria, in-
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda clusive em questões judiciais ou administrativas;
Constitucional nº 28, de 2000) IV - a assembleia geral fixará a contribuição
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda que, em se tratando de categoria profissional, será
Constitucional nº 28, de 2000) descontada em folha, para custeio do sistema con-
federativo da representação sindical respectiva, in-
XXX - proibição de diferença de salários, de dependentemente da contribuição prevista em lei;
exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a man-
ter-se filiado a sindicato;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
tocante a salário e critérios de admissão do traba- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos
lhador portador de deficiência; nas negociações coletivas de trabalho;

XXXII - proibição de distinção entre trabalho VII - o aposentado filiado tem direito a votar e
manual, técnico e intelectual ou entre os profissio- ser votado nas organizações sindicais;
nais respectivos; VIII - é vedada a dispensa do empregado sin-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, peri- dicalizado a partir do registro da candidatura a
goso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- cargo de direção ou representação sindical e, se
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo eleito, ainda que suplente, até um ano após o final
na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; do mandato, salvo se cometer falta grave nos ter-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, mos da lei.
de 1998) Parágrafo único. As disposições deste artigo
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalha- aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
dor com vínculo empregatício permanenteFrancisco
e o tra- Christian
colônias de pescadores, atendidas as condições
balhador avulso. que a lei estabelecer.
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Parágrafo único. São assegurados à categoria Art. 9º É assegurado o direito de greve, com-
077.967.703-08
dos trabalhadores domésticos os direitos previstos petindo aos trabalhadores decidir sobre a oportuni-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, dade de exercê-lo e sobre os interesses que devam
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e por meio dele defender.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es-
lei e observada a simplificação do cumprimento das senciais e disporá sobre o atendimento das neces-
obrigações tributárias, principais e acessórias, de- sidades inadiáveis da comunidade.
correntes da relação de trabalho e suas peculiari-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV § 2º Os abusos cometidos sujeitam os respon-
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência sáveis às penas da lei.
social. (Redação dada pela Emenda Constitucional Art. 10. É assegurada a participação dos tra-
nº 72, de 2013) balhadores e empregadores nos colegiados dos ór-
Art. 8º É livre a associação profissional ou gãos públicos em que seus interesses profissionais
sindical, observado o seguinte: ou previdenciários sejam objeto de discussão e de-
liberação.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
para a fundação de sindicato, ressalvado o registro Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a empregados, é assegurada a eleição de um repre-
interferência e a intervenção na organização sindi- sentante destes com a finalidade exclusiva de pro-
cal; mover-lhes o entendimento direto com os empre-
gadores.
II - é vedada a criação de mais de uma organi-
zação sindical, em qualquer grau, representativa de CAPÍTULO IV
categoria profissional ou econômica, na mesma DOS DIREITOS POLÍTICOS
base territorial, que será definida pelos trabalhado-
res ou empregadores interessados, não podendo
ser inferior à área de um Município;

92
Art. 14. A soberania popular será exercida e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renun-
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, ciar aos respectivos mandatos até seis meses an-
com valor igual para todos, e, nos termos da lei, tes do pleito.
mediante: § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição
I - plebiscito; do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Pre-
II - referendo; sidente da República, de Governador de Estado ou
III - iniciativa popular. Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
I - obrigatórios para os maiores de dezoito eletivo e candidato à reeleição.
anos;
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
II - facultativos para: seguintes condições:
a) os analfabetos; I - se contar menos de dez anos de serviço,
b) os maiores de setenta anos; deverá afastar-se da atividade;
c) os maiores de dezesseis e menores de de- II - se contar mais de dez anos de serviço, será
zoito anos. agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
sará automaticamente, no ato da diplomação, para
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os
a inatividade.
estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos. § 9º Lei complementar estabelecerá outros ca-
sos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação,
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma
a fim de proteger a probidade administrativa, a mo-
da lei:
ralidade para exercício de mandato considerada
I - a nacionalidade brasileira; Francisco Christian
vida pregressa do candidato, e a normalidade e le-
christianpet2002@gmail.com
gitimidade das eleições contra a influência do poder
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
077.967.703-08
econômico ou o abuso do exercício de função,
III - o alistamento eleitoral; cargo ou emprego na administração direta ou indi-
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; reta. (Redação dada pela Emenda Constitucional
V - a filiação partidária; de Revisão nº 4, de 1994)

VI - a idade mínima de: § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado


ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice- contados da diplomação, instruída a ação com pro-
Presidente da República e Senador; vas de abuso do poder econômico, corrupção ou
b) trinta anos para Governador e Vice-Gover- fraude.
nador de Estado e do Distrito Federal; § 11. A ação de impugnação de mandato tra-
c) vinte e um anos para Deputado Federal, De- mitará em segredo de justiça, respondendo o autor,
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-
e juiz de paz; fé.
d) dezoito anos para Vereador. § 12. Serão realizadas concomitantemente às
eleições municipais as consultas populares sobre
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfa-
questões locais aprovadas pelas Câmaras Munici-
betos.
pais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no-
§ 5º O Presidente da República, os Governa- venta) dias antes da data das eleições, observados
dores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos os limites operacionais relativos ao número de que-
e quem os houver sucedido, ou substituído no sitos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um 111, de 2021)
único período subsequente. (Redação dada pela
§ 13. As manifestações favoráveis e contrárias
Emenda Constitucional nº 16, de 1997)
às questões submetidas às consultas populares
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Pre- nos termos do § 12 ocorrerão durante as campa-
sidente da República, os Governadores de Estado nhas eleitorais, sem a utilização de propaganda

93
gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o des-
Emenda Constitucional nº 111, de 2021) membramento de Municípios, far-se-ão por lei es-
tadual, dentro do período determinado por Lei
Art. 15. É vedada a cassação de direitos po-
Complementar Federal, e dependerão de consulta
líticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos ca- prévia, mediante plebiscito, às populações dos Mu-
sos de: nicípios envolvidos, após divulgação dos Estudos
I - cancelamento da naturalização por sen- de Viabilidade Municipal, apresentados e publica-
tença transitada em julgado; dos na forma da lei. (Redação dada pela Emenda
II - incapacidade civil absoluta; Constitucional nº 15, de 1996)

III - condenação criminal transitada em julgado, Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao
enquanto durarem seus efeitos; Distrito Federal e aos Municípios:
IV - recusa de cumprir obrigação a todos im- I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub-
posta ou prestação alternativa, nos termos do art. vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
5º, VIII; manter com eles ou seus representantes relações
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
V - improbidade administrativa, nos termos do
da lei, a colaboração de interesse público;
art. 37, § 4º.
II - recusar fé aos documentos públicos;
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se III - criar distinções entre brasileiros ou prefe-
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data rências entre si.
de sua vigência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 4, de 1993) CAPÍTULO II
DA UNIÃO
Francisco Christian
TÍTULO III
christianpet2002@gmail.com
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Art. 20. São bens da União:
077.967.703-08
I - os que atualmente lhe pertencem e os que
CAPÍTULO I lhe vierem a ser atribuídos;
DA ORGANIZAÇÃO
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA das fronteiras, das fortificações e construções mili-
tares, das vias federais de comunicação e à preser-
Art. 18. A organização político-administrativa vação ambiental, definidas em lei;
da República Federativa do Brasil compreende a III - os lagos, rios e quaisquer correntes de
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- água em terrenos de seu domínio, ou que banhem
pios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- mais de um Estado, sirvam de limites com outros
ção. países, ou se estendam a território estrangeiro ou
§ 1º Brasília é a Capital Federal. dele provenham, bem como os terrenos marginais
e as praias fluviais;
§ 2º Os Territórios Federais integram a União,
e sua criação, transformação em Estado ou reinte- IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí-
gração ao Estado de origem serão reguladas em lei trofes com outros países; as praias marítimas; as
complementar. ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as que contenham a sede de Municípios, exceto
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, aquelas áreas afetadas ao serviço público e a uni-
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem dade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;
a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46,
Federais, mediante aprovação da população dire- de 2005)
tamente interessada, através de plebiscito, e do
Congresso Nacional, por lei complementar. V - os recursos naturais da plataforma conti-
nental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;

94
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; X - manter o serviço postal e o correio aéreo
VIII - os potenciais de energia hidráulica; nacional;

IX - os recursos minerais, inclusive os do sub- XI - explorar, diretamente ou mediante autori-


solo; zação, concessão ou permissão, os serviços de te-
lecomunicações, nos termos da lei, que disporá so-
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sí- bre a organização dos serviços, a criação de um
tios arqueológicos e pré-históricos; órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8,
índios. de 15/08/95:)
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, XII - explorar, diretamente ou mediante autori-
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a zação, concessão ou permissão:
participação no resultado da exploração de petró- a) os serviços de radiodifusão sonora, e de
leo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda
geração de energia elétrica e de outros recursos Constitucional nº 8, de 15/08/95:)
minerais no respectivo território, plataforma conti-
nental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, b) os serviços e instalações de energia elétrica
ou compensação financeira por essa exploração. e o aproveitamento energético dos cursos de água,
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº em articulação com os Estados onde se situam os
102, de 2019) (Produção de efeito) potenciais hidroenergéticos;

§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilôme- c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-


tros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, estrutura aeroportuária;
designada como faixa de fronteira, é considerada d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
fundamental para defesa do território nacional, e viário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais,
sua ocupação e utilização serão reguladas Francisco
em lei. Christian
ou que transponham os limites de Estado ou Terri-
tório;
Art. 21. Compete à União: christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08e) os serviços de transporte rodoviário interes-
I - manter relações com Estados estrangeiros tadual e internacional de passageiros;
e participar de organizações internacionais;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
II - declarar a guerra e celebrar a paz;
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
III - assegurar a defesa nacional; Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
IV - permitir, nos casos previstos em lei com- rios e a Defensoria Pública dos Territórios; (Reda-
plementar, que forças estrangeiras transitem pelo ção dada pela Emenda Constitucional nº 69, de
território nacional ou nele permaneçam temporaria- 2012) (Produção de efeito)
mente; XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
V - decretar o estado de sítio, o estado de de- penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
fesa e a intervenção federal; tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comér- cia financeira ao Distrito Federal para a execução
cio de material bélico; de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
VII - emitir moeda; 104, de 2019)
VIII - administrar as reservas cambiais do País XV - organizar e manter os serviços oficiais de
e fiscalizar as operações de natureza financeira, estatística, geografia, geologia e cartografia de âm-
especialmente as de crédito, câmbio e capitaliza- bito nacional;
ção, bem como as de seguros e de previdência pri-
vada; XVI - exercer a classificação, para efeito indi-
cativo, de diversões públicas e de programas de rá-
IX - elaborar e executar planos nacionais e re- dio e televisão;
gionais de ordenação do território e de desenvolvi-
mento econômico e social; XVII - conceder anistia;

95
XVIII - planejar e promover a defesa perma- I - direito civil, comercial, penal, processual,
nente contra as calamidades públicas, especial- eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
mente as secas e as inundações; do trabalho;
XIX - instituir sistema nacional de gerencia- II - desapropriação;
mento de recursos hídricos e definir critérios de ou- III - requisições civis e militares, em caso de
torga de direitos de seu uso; (Regulamento) iminente perigo e em tempo de guerra;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento IV - águas, energia, informática, telecomunica-
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e ções e radiodifusão;
transportes urbanos;
V - serviço postal;
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
sistema nacional de viação; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
garantias dos metais;
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela VII - política de crédito, câmbio, seguros e
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) transferência de valores;
XXIII - explorar os serviços e instalações nu- VIII - comércio exterior e interestadual;
cleares de qualquer natureza e exercer monopólio IX - diretrizes da política nacional de transpor-
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento tes;
e reprocessamento, a industrialização e o comércio
X - regime dos portos, navegação lacustre, flu-
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos
vial, marítima, aérea e aeroespacial;
os seguintes princípios e condições:
XI - trânsito e transporte;
a) toda atividade nuclear em território nacional
somente será admitida para fins pacíficos e medi- XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
metalurgia;
ante aprovação do Congresso Nacional; Francisco Christian
b) sob regime de permissão, sãochristianpet2002@gmail.com
autorizadas a XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
077.967.703-08
comercialização e a utilização de radioisótopos XIV - populações indígenas;
para pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de XV - emigração e imigração, entrada, extradi-
2022) ção e expulsão de estrangeiros;

c) sob regime de permissão, são autorizadas a XVI - organização do sistema nacional de em-
produção, a comercialização e a utilização de ra- prego e condições para o exercício de profissões;
dioisótopos para pesquisa e uso médicos; (Re- XVII - organização judiciária, do Ministério Pú-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de blico do Distrito Federal e dos Territórios e da De-
2022) fensoria Pública dos Territórios, bem como organi-
d) a responsabilidade civil por danos nucleares zação administrativa destes; (Redação dada pela
independe da existência de culpa; (Redação dada Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produção
pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) de efeito)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico
do trabalho; e de geologia nacionais;

XXV - estabelecer as áreas e as condições XIX - sistemas de poupança, captação e ga-


para o exercício da atividade de garimpagem, em rantia da poupança popular;
forma associativa. XX - sistemas de consórcios e sorteios;
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tra- XXI - normas gerais de organização, efetivos,
tamento de dados pessoais, nos termos da lei. (In- material bélico, garantias, convocação, mobiliza-
cluído pela Emenda Constitucional nº 115, de ção, inatividades e pensões das polícias militares e
2022) dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Art. 22. Compete privativamente à União le-
gislar sobre: XXII - competência da polícia federal e das po-
lícias rodoviária e ferroviária federais;

96
XXIII - seguridade social; VIII - fomentar a produção agropecuária e or-
XXIV - diretrizes e bases da educação nacio- ganizar o abastecimento alimentar;
nal; IX - promover programas de construção de mo-
XXV - registros públicos; radias e a melhoria das condições habitacionais e
de saneamento básico; (Vide ADPF 672)
XXVI - atividades nucleares de qualquer natu-
reza; X - combater as causas da pobreza e os fato-
res de marginalização, promovendo a integração
XXVII – normas gerais de licitação e contrata- social dos setores desfavorecidos;
ção, em todas as modalidades, para as administra-
ções públicas diretas, autárquicas e fundacionais XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as con-
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cessões de direitos de pesquisa e exploração de
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as em- recursos hídricos e minerais em seus territórios;
presas públicas e sociedades de economia mista, XII - estabelecer e implantar política de educa-
nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada ção para a segurança do trânsito.
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Parágrafo único. Leis complementares fixarão
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, normas para a cooperação entre a União e os Es-
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacio- tados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em
nal; vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es-
XXIX - propaganda comercial. tar em âmbito nacional. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXX - proteção e tratamento de dados pesso-
ais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
de 2022) Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
Parágrafo único. Lei complementar Francisco I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
poderá au- Christian
torizar os Estados a legislar sobre questões espe- econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de
christianpet2002@gmail.com
2019)
cíficas das matérias relacionadas neste artigo.
077.967.703-08
Art. 23. É competência comum da União, dos II - orçamento;
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: III - juntas comerciais;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e IV - custas dos serviços forenses;
das instituições democráticas e conservar o patri- V - produção e consumo;
mônio público;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação
II - cuidar da saúde e assistência pública, da da natureza, defesa do solo e dos recursos natu-
proteção e garantia das pessoas portadoras de de- rais, proteção do meio ambiente e controle da po-
ficiência; (Vide ADPF 672) luição;
III - proteger os documentos, as obras e outros VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo- artístico, turístico e paisagístico;
numentos, as paisagens naturais notáveis e os sí-
tios arqueológicos; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambi-
ente, ao consumidor, a bens e direitos de valor ar-
IV - impedir a evasão, a destruição e a desca- tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
racterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico ou cultural; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciên-
cia, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inova-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, ção; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à 85, de 2015)
inovação; (Redação dada pela Emenda Constituci-
onal nº 85, de 2015) X - criação, funcionamento e processo do jui-
zado de pequenas causas;
VI - proteger o meio ambiente e combater a po-
luição em qualquer de suas formas; XI - procedimentos em matéria processual;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; XII - previdência social, proteção e defesa da
saúde; (Vide ADPF 672)

97
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
XIV - proteção e integração social das pessoas obras da União;
portadoras de deficiência; II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras,
XV - proteção à infância e à juventude; que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas
sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
XVI - organização, garantias, direitos e deve-
res das polícias civis. III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencen-
tes à União;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer IV - as terras devolutas não compreendidas en-
normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) tre as da União.

§ 2º A competência da União para legislar so- Art. 27. O número de Deputados à Assem-
bre normas gerais não exclui a competência suple- bleia Legislativa corresponderá ao triplo da repre-
mentar dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) sentação do Estado na Câmara dos Deputados e,
atingido o número de trinta e seis, será acrescido
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
de tantos quantos forem os Deputados Federais
os Estados exercerão a competência legislativa
acima de doze.
plena, para atender a suas peculiaridades. (Vide
Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Será de quatro anos o mandato dos De-
putados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras
§ 4º A superveniência de lei federal sobre nor-
desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviola-
mas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
bilidade, imunidades, remuneração, perda de man-
que lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
dato, licença, impedimentos e incorporação às For-
ças Armadas.
CAPÍTULO III § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será
DOS ESTADOS FEDERADOS Francisco Christian
fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legisla-
christianpet2002@gmail.com
tiva, na razão de, no máximo, setenta e cinco por
cento daquele estabelecido, em espécie, para os
077.967.703-08
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem- Deputados Federais, observado o que dispõem os
se pelas Constituições e leis que adotarem, obser- arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
vados os princípios desta Constituição. I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
§ 1º São reservadas aos Estados as compe- 19, de 1998)
tências que não lhes sejam vedadas por esta Cons- § 3º Compete às Assembleias Legislativas dis-
tituição. por sobre seu regimento interno, polícia e serviços
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, administrativos de sua secretaria, e prover os res-
pectivos cargos.
ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de § 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no
medida provisória para a sua regulamentação. (Re- processo legislativo estadual.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 5, de
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-
1995)
Governador de Estado, para mandato de 4 (quatro)
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei comple- anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outu-
mentar, instituir regiões metropolitanas, aglomera- bro, em primeiro turno, e no último domingo de ou-
ções urbanas e microrregiões, constituídas por tubro, em segundo turno, se houver, do ano ante-
agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- rior ao do término do mandato de seus antecesso-
grar a organização, o planejamento e a execução res, e a posse ocorrerá em 6 de janeiro do ano sub-
de funções públicas de interesse comum. sequente, observado, quanto ao mais, o disposto
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Esta- no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela
dos: Emenda Constitucional nº 111, de 2021)

I - as águas superficiais ou subterrâneas, flu- § 1º Perderá o mandato o Governador que as-


entes, emergentes e em depósito, ressalvadas, sumir outro cargo ou função na administração pú-
blica direta ou indireta, ressalvada a posse em vir-
tude de concurso público e observado o disposto

98
no art. 38, I, IV e V. (Renumerado do parágrafo d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de
único, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Go- 80.000 (oitenta mil) habitantes; (Incluída pela
vernador e dos Secretários de Estado serão fixados Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, ob- e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios
servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, de mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Incluído pela Emenda 120.000 (cento e vinte mil) habitantes; (Incluída
Constitucional nº 19, de 1998) pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios
CAPÍTULO IV de mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e
de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes; (In-
DOS MUNICÍPIOS cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgâ- de mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitan-
nica, votada em dois turnos, com o interstício mí- tes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes; (In-
nimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos cluída pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009)
membros da Câmara Municipal, que a promulgará,
atendidos os princípios estabelecidos nesta Cons- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios
tituição, na Constituição do respectivo Estado e os de mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de
seguintes preceitos: até 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitan-
tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos 2009)
Vereadores, para mandato de quatro anos, medi-
ante pleito direto e simultâneo realizado em todo o i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta
País; Francisco Christian
mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil)
christianpet2002@gmail.com
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito reali- habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
zada no primeiro domingo de outubro do ano 077.967.703-08
ante- nº 58, de 2009)
rior ao término do mandato dos que devam suce-
der, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu- j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios
nicípios com mais de duzentos mil eleitores; (Reda- de mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e
ção dada pela Emenda Constitucional nº 16, de até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitan-
de1997) tes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, de
2009)
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia
1º de janeiro do ano subseqüente ao da eleição; k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta
IV - para a composição das Câmaras Munici- mil) habitantes e de até 900.000 (novecentos mil)
pais, será observado o limite máximo de: (Redação habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional
dada pela Emenda Constitucional nº 58, de nº 58, de 2009)
2009) (Produção de efeito) (Vide ADIN 4307)
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até de mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e
15.000 (quinze mil) habitantes; (Redação dada pela de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habi-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58,
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de de 2009)
mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municí-
30.000 (trinta mil) habitantes; (Redação dada pela pios de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e du-
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com zentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda
mais de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até Constitucional nº 58, de 2009)
50.000 (cinquenta mil) habitantes; (Redação dada n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municí-
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) pios de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos

99
mil) habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e tre- x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Mu-
zentos e cinquenta mil) habitantes; (Incluída pela nicípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de ha-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municí- 58, de 2009)
pios de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cin- V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e
quenta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um mi- dos Secretários Municipais fixados por lei de inicia-
lhão e quinhentos mil) habitantes; (Incluída pela tiva da Câmara Municipal, observado o que dis-
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municí- § 2º, I; (Redação dada pela Emenda constitucional
pios de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos nº 19, de 1998)
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e oi- VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pe-
tocentos mil) habitantes; (Incluída pela Emenda las respectivas Câmaras Municipais em cada legis-
Constitucional nº 58, de 2009) latura para a subseqüente, observado o que dispõe
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municí- esta Constituição, observados os critérios estabe-
pios de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes
mil) habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e limites máximos: (Redação dada pela Emenda
quatrocentos mil) habitantes; (Incluída pela Constitucional nº 25, de 2000)
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) a) em Municípios de até dez mil habitantes, o
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Muni- subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
cípios de mais de 2.400.000 (dois milhões e qua- vinte por cento do subsídio dos Deputados Estadu-
trocentos mil) habitantes e de até 3.000.000 (três ais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de
milhões) de habitantes; (Incluída pela Emenda 2000)
Constitucional nº 58, de 2009) b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta
Francisco Christian
mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Mu-
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nicípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de ha- corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
bitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de ha- Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
077.967.703-08
bitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 25, de 2000)
58, de 2009) c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Muni- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cípios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de corresponderá a quarenta por cento do subsídio
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
habitantes; (Incluída pela Emenda Constitucional Constitucional nº 25, de 2000)
nº 58, de 2009) d) em Municípios de cem mil e um a trezentos
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Muni- mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
cípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de ha- corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio
bitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habi- dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, Constitucional nº 25, de 2000)
de 2009) e) em Municípios de trezentos mil e um a qui-
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Muni- nhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Ve-
cípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de ha- readores corresponderá a sessenta por cento do
bitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de habi- subsídio dos Deputados Estaduais; (Incluído pela
tantes; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 58, Emenda Constitucional nº 25, de 2000)
de 2009) f) em Municípios de mais de quinhentos mil ha-
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Mu- bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores cor-
nicípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de ha- responderá a setenta e cinco por cento do subsídio
bitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habi- dos Deputados Estaduais; (Incluído pela Emenda
tantes; e (Incluída pela Emenda Constitucional nº Constitucional nº 25, de 2000)
58, de 2009) VII - o total da despesa com a remuneração
dos Vereadores não poderá ultrapassar o montante

100
de cinco por cento da receita do Município; (Inclu- II - 6% (seis por cento) para Municípios com
ído pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (tre-
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas zentos mil) habitantes; (Redação dada pela
opiniões, palavras e votos no exercício do mandato Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
e na circunscrição do Município; (Renumerado do 2009)
inciso VI, pela Emenda Constitucional nº 1, de III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
1992) população entre 300.001 (trezentos mil e um) e
IX - proibições e incompatibilidades, no exercí- 500.000 (quinhentos mil) habitantes; (Redação
cio da vereança, similares, no que couber, ao dis- dada pela Emenda Constituição Constitucional nº
posto nesta Constituição para os membros do Con- 58, de 2009)
gresso Nacional e na Constituição do respectivo IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por
Estado para os membros da Assembléia Legisla- cento) para Municípios com população entre
tiva; (Renumerado do inciso VII, pela Emenda 500.001 (quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três mi-
Constitucional nº 1, de 1992) lhões) de habitantes; (Redação dada pela Emenda
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal Constituição Constitucional nº 58, de 2009)
de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela V - 4% (quatro por cento) para Municípios com
Emenda Constitucional nº 1, de 1992) população entre 3.000.001 (três milhões e um) e
XI - organização das funções legislativas e fis- 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (Incluído
calizadoras da Câmara Municipal; (Renumerado do pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
inciso IX, pela Emenda Constitucional nº 1, de 2009)
1992) VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por
XII - cooperação das associações representa- cento) para Municípios com população acima de
tivas no planejamento municipal; (Renumerado do 8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. (Incluído
Francisco Christian
pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de
inciso X, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
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2009)
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de in-
077.967.703-08§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de
teresse específico do Município, da cidade ou de
bairros, através de manifestação de, pelo menos, setenta por cento de sua receita com folha de pa-
cinco por cento do eleitorado; (Renumerado do in- gamento, incluído o gasto com o subsídio de seus
ciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 25, de 2000)
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos ter-
mos do art. 28, parágrafo único. (Renumerado do § 2o Constitui crime de responsabilidade do
inciso XII, pela Emenda Constitucional nº 1, de Prefeito Municipal: (Incluído pela Emenda Constitu-
1992) cional nº 25, de 2000)
I - efetuar repasse que supere os limites defini-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Le-
dos neste artigo; (Incluído pela Emenda Constituci-
gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Ve- onal nº 25, de 2000)
readores e excluídos os gastos com inativos, não
poderá ultrapassar os seguintes percentuais, rela- II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada
tivos ao somatório da receita tributária e das trans- mês; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº
o
ferências previstas no § 5 do art. 153 e nos arts. 25, de 2000)
158 e 159, efetivamente realizado no exercício an- III - enviá-lo a menor em relação à proporção
terior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, fixada na Lei Orçamentária. (Incluído pela Emenda
de 2000) (Vide Emenda Constitucional nº 109, de Constitucional nº 25, de 2000)
2021) (Vigência)
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do
I - 7% (sete por cento) para Municípios com po- Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao
pulação de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Re- § 1o deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitu-
dação dada pela Emenda Constituição Constituci- cional nº 25, de 2000)
onal nº 58, de 2009) (Produção de efeito)
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;

101
II - suplementar a legislação federal e a esta- CAPÍTULO V
dual no que couber; (Vide ADPF 672) DO DISTRITO FEDERAL
III - instituir e arrecadar os tributos de sua com- E DOS TERRITÓRIOS
petência, bem como aplicar suas rendas, sem pre-
juízo da obrigatoriedade de prestar contas e publi-
car balancetes nos prazos fixados em lei; SEÇÃO I
DO DISTRITO FEDERAL
IV - criar, organizar e suprimir distritos, obser-
vada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob re- Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divi-
gime de concessão ou permissão, os serviços pú- são em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, vo-
blicos de interesse local, incluído o de transporte tada em dois turnos com interstício mínimo de dez
coletivo, que tem caráter essencial; dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legis-
lativa, que a promulgará, atendidos os princípios
VI - manter, com a cooperação técnica e finan- estabelecidos nesta Constituição.
ceira da União e do Estado, programas de educa-
ção infantil e de ensino fundamental; (Redação § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) petências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios.
VII - prestar, com a cooperação técnica e finan-
ceira da União e do Estado, serviços de atendi- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Gover-
mento à saúde da população; nador, observadas as regras do art. 77, e dos De-
putados Distritais coincidirá com a dos Governado-
VIII - promover, no que couber, adequado or- res e Deputados Estaduais, para mandato de igual
denamento territorial, mediante planejamento e duração.
controle do uso, do parcelamento e da ocupação
do solo urbano; § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Le-
Francisco Christian
gislativa aplica-se o disposto no art. 27.
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IX - promover a proteção do patrimônio histó-
rico-cultural local, observada a legislação e a 077.967.703-08
ação § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
fiscalizadora federal e estadual. Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da po-
lícia penal, da polícia militar e do corpo de bombei-
Art. 31. A fiscalização do Município será ros militar. (Redação dada pela Emenda Constitu-
exercida pelo Poder Legislativo Municipal, medi- cional nº 104, de 2019)
ante controle externo, e pelos sistemas de controle
interno do Poder Executivo Municipal, na forma da
lei. SEÇÃO II
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal DOS TERRITÓRIOS
será exercido com o auxílio dos Tribunais de Con-
tas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos Art. 33. A lei disporá sobre a organização ad-
ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde hou- ministrativa e judiciária dos Territórios.
ver.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão com- Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
petente sobre as contas que o Prefeito deve anual- disposto no Capítulo IV deste Título.
mente prestar, só deixará de prevalecer por deci-
são de dois terços dos membros da Câmara Muni- § 2º As contas do Governo do Território serão
cipal. submetidas ao Congresso Nacional, com parecer
prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante
sessenta dias, anualmente, à disposição de qual- § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem
quer contribuinte, para exame e apreciação, o qual mil habitantes, além do Governador nomeado na
poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários
da lei. de primeira e segunda instância, membros do Mi-
nistério Público e defensores públicos federais; a lei
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conse- disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial
lhos ou órgãos de Contas Municipais. e sua competência deliberativa.

102
CAPÍTULO I esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dis-
DO PODER LEGISLATIVO por sobre todas as matérias de competência da
União, especialmente sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribui-
SEÇÃO I
ção de rendas;
DO CONGRESSO NACIONAL
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
orçamento anual, operações de crédito, dívida pú-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo blica e emissões de curso forçado;
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
III - fixação e modificação do efetivo das For-
dos Deputados e do Senado Federal.
ças Armadas;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a dura-
IV - planos e programas nacionais, regionais e
ção de quatro anos.
setoriais de desenvolvimento;
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe- V - limites do território nacional, espaço aéreo
se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema e marítimo e bens do domínio da União;
proporcional, em cada Estado, em cada Território e
no Distrito Federal. VI - incorporação, subdivisão ou desmembra-
mento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas
§ 1º O número total de Deputados, bem como as respectivas Assembléias Legislativas;
a representação por Estado e pelo Distrito Federal,
será estabelecido por lei complementar, proporcio- VII - transferência temporária da sede do Go-
nalmente à população, procedendo-se aos ajustes verno Federal;
necessários, no ano anterior às eleições, para que VIII - concessão de anistia;
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha
IX - organização administrativa, judiciária, do
menos de oito ou mais de setenta Deputados.
Francisco Christian
Ministério Público e da Defensoria Pública da União
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. e dos Territórios e organização judiciária e do Mi-
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nistério Público do Distrito Federal; (Redação dada
Art. 46. O Senado Federal compõe-se 077.967.703-08
de re-
pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Pro-
presentantes dos Estados e do Distrito Federal,
dução de efeito)
eleitos segundo o princípio majoritário.
X - criação, transformação e extinção de car-
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão
gos, empregos e funções públicas, observado o
três Senadores, com mandato de oito anos.
que estabelece o art. 84, VI, b ; (Redação dada
§ 2º A representação de cada Estado e do Dis- pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
trito Federal será renovada de quatro em quatro
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos
anos, alternadamente, por um e dois terços.
da administração pública; (Redação dada
§ 3º Cada Senador será eleito com dois su- pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
plentes.
XII - telecomunicações e radiodifusão;
Art. 47. Salvo disposição constitucional em XIII - matéria financeira, cambial e monetária,
contrário, as deliberações de cada Casa e de suas instituições financeiras e suas operações;
Comissões serão tomadas por maioria dos votos,
presente a maioria absoluta de seus membros. XIV - moeda, seus limites de emissão, e mon-
tante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Su-
SEÇÃO II premo Tribunal Federal, observado o que dispõem
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Re-
NACIONAL dação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a Art. 49. É da competência exclusiva do Con-
sanção do Presidente da República, não exigida gresso Nacional:

103
I - resolver definitivamente sobre tratados, XVI - autorizar, em terras indígenas, a explora-
acordos ou atos internacionais que acarretem en- ção e o aproveitamento de recursos hídricos e a
cargos ou compromissos gravosos ao patrimônio pesquisa e lavra de riquezas minerais;
nacional; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou
II - autorizar o Presidente da República a de- concessão de terras públicas com área superior a
clarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças dois mil e quinhentos hectares.
estrangeiras transitem pelo território nacional ou XVIII - decretar o estado de calamidade pública
nele permaneçam temporariamente, ressalvados de âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C,
os casos previstos em lei complementar; 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constitui-
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109,
da República a se ausentarem do País, quando a de 2021)
ausência exceder a quinze dias;
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender convocar Ministro de Estado, quaisquer titulares de
qualquer uma dessas medidas; órgãos diretamente subordinados à Presidência da
V - sustar os atos normativos do Poder Execu- República ou o Presidente do Comitê Gestor do Im-
tivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos posto sobre Bens e Serviços para prestarem, pes-
limites de delegação legislativa; soalmente, informações sobre assunto previa-
mente determinado, importando crime de respon-
VI - mudar temporariamente sua sede;
sabilidade a ausência sem justificação adequada.
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Federais e os Senadores, observado o que dis- 132, de 2023)
põem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153,
§ 1º Os Ministros de Estado poderão compare-
Francisco Christian
§ 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional
cer ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados,
nº 19, de 1998) christianpet2002@gmail.com
ou a qualquer de suas Comissões, por sua inicia-
VIII - fixar os subsídios do Presidente 077.967.703-08
e do tiva e mediante entendimentos com a Mesa respec-
Vice-Presidente da República e dos Ministros de tiva, para expor assunto de relevância de seu Mi-
Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, nistério.
39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Senado Federal poderão encaminhar pedidos es-
IX - julgar anualmente as contas prestadas critos de informações a Ministros de Estado ou a
pelo Presidente da República e apreciar os relató- qualquer das pessoas referidas no caput deste ar-
rios sobre a execução dos planos de governo; tigo, importando em crime de responsabilidade a
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Execu- dias, bem como a prestação de informações fal-
tivo, incluídos os da administração indireta; sas. (Redação dada pela Emenda Constitucional
de Revisão nº 2, de 1994)
XI - zelar pela preservação de sua competên-
cia legislativa em face da atribuição normativa dos
outros Poderes; SEÇÃO III
XII - apreciar os atos de concessão e renova- DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
ção de concessão de emissoras de rádio e televi-
são; Art. 51. Compete privativamente à Câmara
XIII - escolher dois terços dos membros do Tri- dos Deputados:
bunal de Contas da União; I - autorizar, por dois terços de seus membros,
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo re- a instauração de processo contra o Presidente e o
ferentes a atividades nucleares; Vice-Presidente da República e os Ministros de Es-
tado;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

104
II - proceder à tomada de contas do Presidente chefes de missão diplomática de caráter perma-
da República, quando não apresentadas ao Con- nente;
gresso Nacional dentro de sessenta dias após a V - autorizar operações externas de natureza
abertura da sessão legislativa; financeira, de interesse da União, dos Estados, do
III - elaborar seu regimento interno; Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
IV - dispor sobre sua organização, funciona- VI - fixar, por proposta do Presidente da Repú-
mento, polícia, criação, transformação ou extinção blica, limites globais para o montante da dívida con-
dos cargos, empregos e funções de seus serviços, solidada da União, dos Estados, do Distrito Federal
e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remu- e dos Municípios;
neração, observados os parâmetros estabelecidos VII - dispor sobre limites globais e condições
na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada para as operações de crédito externo e interno da
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
V - eleger membros do Conselho da República, nicípios, de suas autarquias e demais entidades
nos termos do art. 89, VII. controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a
SEÇÃO IV concessão de garantia da União em operações de
crédito externo e interno;
DO SENADO FEDERAL
IX - estabelecer limites globais e condições
para o montante da dívida mobiliária dos Estados,
Art. 52. Compete privativamente ao Senado
do Distrito Federal e dos Municípios;
Federal:
X - suspender a execução, no todo ou em
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Pre-
parte, de lei declarada inconstitucional por decisão
sidente da República nos crimes de responsabili-
Francisco Christian
dade, bem como os Ministros de Estado e os Co-
definitiva do Supremo Tribunal Federal;
mandantes da Marinha, do Exército christianpet2002@gmail.com
e da Aeronáu- XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
tica nos crimes da mesma natureza conexos 077.967.703-08
com secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucio- Geral da República antes do término de seu man-
nal nº 23, de 02/09/99) dato;
II - processar e julgar os Ministros do Supremo XII - elaborar seu regimento interno;
Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacio- XIII - dispor sobre sua organização, funciona-
nal de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério mento, polícia, criação, transformação ou extinção
Público, o Procurador-Geral da República e o Ad- dos cargos, empregos e funções de seus serviços,
vogado-Geral da União nos crimes de responsabi- e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remu-
lidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional neração, observados os parâmetros estabelecidos
nº 45, de 2004) na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada
III - aprovar previamente, por voto secreto, pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
após argüição pública, a escolha de: XIV - eleger membros do Conselho da Repú-
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta blica, nos termos do art. 89, VII.
Constituição; XV - avaliar periodicamente a funcionalidade
b) Ministros do Tribunal de Contas da União in- do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e
dicados pelo Presidente da República; seus componentes, e o desempenho das adminis-
trações tributárias da União, dos Estados e do Dis-
c) Governador de Território;
trito Federal e dos Municípios. (Incluído pela
d) Presidente e diretores do banco central; Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
e) Procurador-Geral da República; Parágrafo único. Nos casos previstos nos inci-
f) titulares de outros cargos que a lei determi- sos I e II, funcionará como Presidente o do Su-
nar; premo Tribunal Federal, limitando-se a condena-
ção, que somente será proferida por dois terços
IV - aprovar previamente, por voto secreto, dos votos do Senado Federal, à perda do cargo,
após arguição em sessão secreta, a escolha dos

105
com inabilitação, por oito anos, para o exercício de § 7º A incorporação às Forças Armadas de De-
função pública, sem prejuízo das demais sanções putados e Senadores, embora militares e ainda que
judiciais cabíveis. em tempo de guerra, dependerá de prévia licença
da Casa respectiva. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 35, de 2001)
SEÇÃO V
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senado-
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES res subsistirão durante o estado de sítio, só po-
dendo ser suspensas mediante o voto de dois ter-
ços dos membros da Casa respectiva, nos casos
Art. 53. Os Deputados e Senadores são in- de atos praticados fora do recinto do Congresso
violáveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas Nacional, que sejam incompatíveis com a execu-
opiniões, palavras e votos. (Redação dada ção da medida. (Incluído pela Emenda Cons-
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) titucional nº 35, de 2001)
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a ex- Art. 54. Os Deputados e Senadores não po-
pedição do diploma, serão submetidos a julga- derão:
mento perante o Supremo Tribunal Federal. I - desde a expedição do diploma:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35,
de 2001) a) firmar ou manter contrato com pessoa jurí-
dica de direito público, autarquia, empresa pública,
§ 2º Desde a expedição do diploma, os mem-
sociedade de economia mista ou empresa conces-
bros do Congresso Nacional não poderão ser pre- sionária de serviço público, salvo quando o contrato
sos, salvo em flagrante de crime inafiançável. obedecer a cláusulas uniformes;
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de
vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, b) aceitar ou exercer cargo, função ou em-
pelo voto da maioria de seus membros, resolvaFrancisco
so- prego remunerado, inclusive os de que sejam de-
Christian
bre a prisão. missíveis "ad nutum", nas entidades constantes da
(Redação dadachristianpet2002@gmail.com
pela Emenda
Constitucional nº 35, de 2001) alínea anterior;
077.967.703-08
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou II - desde a posse:
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o a) ser proprietários, controladores ou diretores
Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa res- de empresa que goze de favor decorrente de con-
pectiva, que, por iniciativa de partido político nela trato com pessoa jurídica de direito público, ou nela
representado e pelo voto da maioria de seus mem- exercer função remunerada;
bros, poderá, até a decisão final, sustar o anda-
b) ocupar cargo ou função de que sejam de-
mento da ação. (Redação dada pela Emenda
missíveis "ad nutum", nas entidades referidas no in-
Constitucional nº 35, de 2001)
ciso I, "a";
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela
c) patrocinar causa em que seja interessada
Casa respectiva no prazo improrrogável de qua-
qualquer das entidades a que se refere o inciso I,
renta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa
"a";
Diretora. (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 35, de 2001) d) ser titulares de mais de um cargo ou man-
dato público eletivo.
§ 5º A sustação do processo suspende a pres-
crição, enquanto durar o mandato. (Redação Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabe-
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão lecidas no artigo anterior;
obrigados a testemunhar sobre informações rece- II - cujo procedimento for declarado incompatí-
bidas ou prestadas em razão do exercício do man- vel com o decoro parlamentar;
dato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou
III - que deixar de comparecer, em cada ses-
deles receberam informações. (Redação
são legislativa, à terça parte das sessões ordinárias
dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001)

106
da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente,
por esta autorizada; far-se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos de quinze meses para o término do mandato.
políticos; § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Se-
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos nador poderá optar pela remuneração do mandato.
casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sen- CAPÍTULO II
tença transitada em julgado. DO PODER EXECUTIVO
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamen-
tar, além dos casos definidos no regimento interno, SEÇÃO II
o abuso das prerrogativas asseguradas a membro
DAS ATRIBUIÇÕES DO
do Congresso Nacional ou a percepção de vanta-
gens indevidas. PRESIDENTE DA REPÚBLICA
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do
mandato será decidida pela Câmara dos Deputa- Art. 84. Compete privativamente ao Presi-
dos ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, dente da República:
mediante provocação da respectiva Mesa ou de I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
partido político representado no Congresso Nacio-
nal, assegurada ampla defesa. (Redação II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Es-
dada pela Emenda Constitucional nº 76, de 2013) tado, a direção superior da administração federal;

§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a III - iniciar o processo legislativo, na forma e
perda será declarada pela Mesa da Casa respec- nos casos previstos nesta Constituição;
tiva, de ofício ou mediante provocação deFrancisco
qualquer ChristianIV - sancionar, promulgar e fazer publicar as
de seus membros, ou de partido político represen- leis,
christianpet2002@gmail.com bem como expedir decretos e regulamentos
tado no Congresso Nacional, assegurada ampla
077.967.703-08 sua fiel execução;
para
defesa. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a
VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação
processo que vise ou possa levar à perda do man- dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
dato, nos termos deste artigo, terá seus efeitos sus-
pensos até as deliberações finais de que tratam os a) organização e funcionamento da administra-
§§ 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constituci- ção federal, quando não implicar aumento de des-
onal de Revisão nº 6, de 1994) pesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado 2001)
ou Senador:
b) extinção de funções ou cargos públicos,
I - investido no cargo de Ministro de Estado, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucio-
Governador de Território, Secretário de Estado, do nal nº 32, de 2001)
Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Ca-
VII - manter relações com Estados estrangei-
pital ou chefe de missão diplomática temporária;
ros e acreditar seus representantes diplomáticos;
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo
VIII - celebrar tratados, convenções e atos in-
de doença, ou para tratar, sem remuneração, de in-
ternacionais, sujeitos a referendo do Congresso
teresse particular, desde que, neste caso, o afasta-
Nacional;
mento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão
legislativa. IX - decretar o estado de defesa e o estado de
sítio;
§ 1º O suplente será convocado nos casos de
vaga, de investidura em funções previstas neste ar- X - decretar e executar a intervenção federal;
tigo ou de licença superior a cento e vinte dias. XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da

107
sessão legislativa, expondo a situação do País e XXV - prover e extinguir os cargos públicos fe-
solicitando as providências que julgar necessárias; derais, na forma da lei;
XII - conceder indulto e comutar penas, com XXVI - editar medidas provisórias com força de
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei, nos termos do art. 62;
lei; XXVII - exercer outras atribuições previstas
XIII - exercer o comando supremo das Forças nesta Constituição.
Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do XXVIII - propor ao Congresso Nacional a de-
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais- cretação do estado de calamidade pública de âm-
generais e nomeá-los para os cargos que lhes são bito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-
privativos; (Redação dada pela Emenda Constituci- D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Inclu-
onal nº 23, de 02/09/99) ído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Parágrafo único. O Presidente da República
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal poderá delegar as atribuições mencionadas nos in-
e dos Tribunais Superiores, os Governadores de cisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de
Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre- Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
sidente e os diretores do banco central e outros Advogado-Geral da União, que observarão os limi-
servidores, quando determinado em lei; tes traçados nas respectivas delegações.
XV - nomear, observado o disposto no art. 73,
os Ministros do Tribunal de Contas da União;
SEÇÃO IV
XVI - nomear os magistrados, nos casos pre-
vistos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da DOS MINISTROS DE ESTADO
União;
XVII - nomear membros do Conselho da Francisco
Repú- Art. 87. Os Ministros de Estado serão esco-
Christian
blica, nos termos do art. 89, VII; lhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um
christianpet2002@gmail.com
anos e no exercício dos direitos políticos.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da077.967.703-08
Re-
pública e o Conselho de Defesa Nacional; Parágrafo único. Compete ao Ministro de Es-
tado, além de outras atribuições estabelecidas
XIX - declarar guerra, no caso de agressão es-
nesta Constituição e na lei:
trangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo I - exercer a orientação, coordenação e super-
das sessões legislativas, e, nas mesmas condi- visão dos órgãos e entidades da administração fe-
ções, decretar, total ou parcialmente, a mobilização deral na área de sua competência e referendar os
nacional; atos e decretos assinados pelo Presidente da Re-
pública;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o refe-
rendo do Congresso Nacional; II - expedir instruções para a execução das
leis, decretos e regulamentos;
XXI - conferir condecorações e distinções ho-
noríficas; III - apresentar ao Presidente da República re-
latório anual de sua gestão no Ministério;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei com-
plementar, que forças estrangeiras transitem pelo IV - praticar os atos pertinentes às atribuições
território nacional ou nele permaneçam temporaria- que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presi-
mente; dente da República.
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extin-
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentá- ção de Ministérios e órgãos da administração pú-
rias e as propostas de orçamento previstos nesta blica. (Redação dada pela Emenda Constitucional
Constituição; nº 32, de 2001)
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Na-
cional, dentro de sessenta dias após a abertura da
CAPÍTULO III
sessão legislativa, as contas referentes ao exercí-
cio anterior; DO PODER JUDICIÁRIO

108
SEÇÃO I tegrar o juiz a primeira quinta parte da lista de anti-
DISPOSIÇÕES GERAIS güidade desta, salvo se não houver com tais requi-
sitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o desem-
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
penho e pelos critérios objetivos de produtividade e
I - o Supremo Tribunal Federal; presteza no exercício da jurisdição e pela freqüên-
I - A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído cia e aproveitamento em cursos oficiais ou reco-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) nhecidos de aperfeiçoamento; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
II - o Superior Tribunal de Justiça;
d) na apuração de antigüidade, o tribunal so-
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído mente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
pela Emenda Constitucional nº 92, de 2016) fundamentado de dois terços de seus membros,
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes conforme procedimento próprio, e assegurada am-
Federais; pla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a in-
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; dicação; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 45, de 2004)
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
e) não será promovido o juiz que, injustificada-
VI - os Tribunais e Juízes Militares; mente, retiver autos em seu poder além do prazo
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o
Distrito Federal e Territórios. devido despacho ou decisão; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm III - o acesso aos tribunais de segundo grau far-
sede na Capital Federal. (Incluído pela Emenda se-á por antigüidade e merecimento, alternada-
Francisco
Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN 3392) Christian
mente, apurados na última ou única entrância; (Re-
christianpet2002@gmail.com
dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribu-
2004)
077.967.703-08
nais Superiores têm jurisdição em todo o território
nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº IV - previsão de cursos oficiais de preparação,
45, de 2004) aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
constituindo etapa obrigatória do processo de vita-
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do liciamento a participação em curso oficial ou reco-
Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Esta- nhecido por escola nacional de formação e aperfei-
tuto da Magistratura, observados os seguintes prin- çoamento de magistrados; (Redação dada pela
cípios: Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide ADIN
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será 3392)
o de juiz substituto, mediante concurso público de V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Su-
provas e títulos, com a participação da Ordem dos periores corresponderá a noventa e cinco por cento
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo- do subsídio mensal fixado para os Ministros do Su-
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de premo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomea- magistrados serão fixados em lei e escalonados,
ções, à ordem de classificação; (Redação dada em nível federal e estadual, conforme as respecti-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) vas categorias da estrutura judiciária nacional, não
II - promoção de entrância para entrância, al- podendo a diferença entre uma e outra ser superior
ternadamente, por antiguidade e merecimento, a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem
atendidas as seguintes normas: exceder a noventa e cinco por cento do subsídio
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores,
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts.
por três vezes consecutivas ou cinco alternadas em
37, XI, e 39, § 4º; (Redação dada pela Emenda
lista de merecimento;
Constitucional nº 19, de 1998)
b) a promoção por merecimento pressupõe
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pen-
dois anos de exercício na respectiva entrância e in-
são de seus dependentes observarão o disposto no

109
art. 40; (Redação dada pela Emenda Constitucional XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta,
nº 20, de 1998) sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca, de segundo grau, funcionando, nos dias em que
salvo autorização do tribunal; (Redação dada pela não houver expediente forense normal, juízes em
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) plantão permanente; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 45, de 2004)
VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade
do magistrado, por interesse público, fundar-se-á XIII - o número de juízes na unidade jurisdicio-
em decisão por voto da maioria absoluta do respec- nal será proporcional à efetiva demanda judicial e à
tivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, respectiva população; (Incluído pela Emenda
assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Constitucional nº 45, de 2004)
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) XIV - os servidores receberão delegação para
VIII-A - a remoção a pedido de magistrados de a prática de atos de administração e atos de mero
comarca de igual entrância atenderá, no que cou- expediente sem caráter decisório; (Incluído pela
ber, ao disposto nas alíneas "a", "b", "c" e "e" do Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
inciso II do caput deste artigo e no art. 94 desta XV a distribuição de processos será imediata,
Constituição; (Redação dada pela Emenda Consti- em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela
tucional nº 130, de 2023) Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
III-B - a permuta de magistrados de comarca Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
de igual entrância, quando for o caso, e dentro do Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e
mesmo segmento de justiça, inclusive entre os juí- do Distrito Federal e Territórios será composto de
zes de segundo grau, vinculados a diferentes tribu- membros, do Ministério Público, com mais de dez
nais, na esfera da justiça estadual, federal ou do anos de carreira, e de advogados de notório saber
trabalho, atenderá, no que couber, ao disposto nas jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
Francisco
alíneas "a", "b", "c" e "e" do inciso II do caput deste Christian
anos de efetiva atividade profissional, indicados em
artigo e no art. 94 desta Constituição;christianpet2002@gmail.com
(Incluído pela lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
Emenda Constitucional nº 130, de 2023) 077.967.703-08
respectivas classes.
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, esco-
limitar a presença, em determinados atos, às pró- lherá um de seus integrantes para nomeação.
prias partes e a seus advogados, ou somente a es-
tes, em casos nos quais a preservação do direito à Art. 95. Os juízes gozam das seguintes ga-
intimidade do interessado no sigilo não prejudique rantias:
o interesse público à informação; (Redação dada I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) adquirida após dois anos de exercício, dependendo
X - as decisões administrativas dos tribunais a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
serão motivadas e em sessão pública, sendo as tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos de-
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta mais casos, de sentença judicial transitada em jul-
de seus membros; (Redação dada pela Emenda gado;
Constitucional nº 45, de 2004) II - inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
XI - nos tribunais com número superior a vinte resse público, na forma do art. 93, VIII;
e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão es- III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
pecial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
e cinco membros, para o exercício das atribuições III, e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda
administrativas e jurisdicionais delegadas da com- Constitucional nº 19, de 1998)
petência do tribunal pleno, provendo-se metade
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
das vagas por antigüidade e a outra metade por
eleição pelo tribunal pleno; (Redação dada pela I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) cargo ou função, salvo uma de magistério;

110
II - receber, a qualquer título ou pretexto, cus- dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação
tas ou participação em processo; dada pela Emenda Constitucional nº 41,
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 19.12.2003)

IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxí- c) a criação ou extinção dos tribunais inferio-
lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades res;
públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre- d) a alteração da organização e da divisão ju-
vistas em lei; (Incluído pela Emenda Constitucional diciárias;
nº 45, de 2004) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes es-
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do taduais e do Distrito Federal e Territórios, bem
qual se afastou, antes de decorridos três anos do como os membros do Ministério Público, nos cri-
afastamento do cargo por aposentadoria ou exone- mes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
ração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, competência da Justiça Eleitoral.
de 2004) Parágrafo único. Nos Tribunais de Justiça
Art. 96. Compete privativamente: compostos de mais de 170 (cento e setenta) de-
sembargadores em efetivo exercício, a eleição para
I - aos tribunais: os cargos diretivos, de que trata a alínea "a" do in-
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus ciso I do caput deste artigo, será realizada entre os
regimentos internos, com observância das normas membros do tribunal pleno, por maioria absoluta e
de processo e das garantias processuais das par- por voto direto e secreto, para um mandato de 2
tes, dispondo sobre a competência e o funciona- (dois) anos, vedada mais de 1 (uma) recondução
mento dos respectivos órgãos jurisdicionais e ad- sucessiva. (Incluído pela Emenda Constitucional
ministrativos; nº 134, de 2024)
b) organizar suas secretarias e serviços auxili-
Francisco ChristianArt. 97. Somente pelo voto da maioria abso-
ares e os dos juízos que lhes forem vinculados, ve- luta de seus membros ou dos membros do respec-
lando pelo exercício da atividade christianpet2002@gmail.com
correicional res- tivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
pectiva; 077.967.703-08
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Po-
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, der Público.
os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdi- Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos
ção;
Territórios, e os Estados criarão:
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
I - juizados especiais, providos por juízes toga-
e) prover, por concurso público de provas, ou dos, ou togados e leigos, competentes para a con-
de provas e títulos, obedecido o disposto no art. ciliação, o julgamento e a execução de causas cí-
169, parágrafo único, os cargos necessários à ad- veis de menor complexidade e infrações penais de
ministração da Justiça, exceto os de confiança as- menor potencial ofensivo, mediante os procedi-
sim definidos em lei; mentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóte-
f) conceder licença, férias e outros afastamen- ses previstas em lei, a transação e o julgamento de
tos a seus membros e aos juízes e servidores que recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
lhes forem imediatamente vinculados; II - justiça de paz, remunerada, composta de
II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e se-
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao creto, com mandato de quatro anos e competência
Poder Legislativo respectivo, observado o disposto para, na forma da lei, celebrar casamentos, verifi-
no art. 169: car, de ofício ou em face de impugnação apresen-
tada, o processo de habilitação e exercer atribui-
a) a alteração do número de membros dos tri- ções conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além
bunais inferiores; de outras previstas na legislação.
b) a criação e a extinção de cargos e a remu- § 1º Lei federal disporá sobre a criação de jui-
neração dos seus serviços auxiliares e dos juízos zados especiais no âmbito da Justiça Federal. (Re-
que lhes forem vinculados, bem como a fixação do numerado pela Emenda Constitucional nº 45, de
subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive 2004) (Vide ADIN 3392)

111
§ 2º As custas e emolumentos serão destina- pessoas nas dotações orçamentárias e nos crédi-
dos exclusivamente ao custeio dos serviços afetos tos adicionais abertos para este fim. (Redação
às atividades específicas da Justiça. (Incluído pela dada pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Vide Emenda Constitucional nº 62, de 2009)
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada au- § 1º Os débitos de natureza alimentícia com-
tonomia administrativa e financeira. preendem aqueles decorrentes de salários, venci-
mentos, proventos, pensões e suas complementa-
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas or- ções, benefícios previdenciários e indenizações
çamentárias dentro dos limites estipulados conjun- por morte ou por invalidez, fundadas em responsa-
tamente com os demais Poderes na lei de diretrizes bilidade civil, em virtude de sentença judicial transi-
orçamentárias. tada em julgado, e serão pagos com preferência
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos sobre todos os demais débitos, exceto sobre aque-
os outros tribunais interessados, compete: les referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada
I - no âmbito da União, aos Presidentes do Su- pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos
com a aprovação dos respectivos tribunais; titulares, originários ou por sucessão hereditária,
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Fe- tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam por-
deral e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais tadores de doença grave, ou pessoas com defici-
de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribu- ência, assim definidos na forma da lei, serão pagos
nais. com preferência sobre todos os demais débitos, até
o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não enca- fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fra-
minharem as respectivas propostas orçamentárias cionamento para essa finalidade, sendo que o res-
dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes or- tante será pago na ordem cronológica de apresen-
çamentárias, o Poder Executivo considerará, Francisco
para Christian
tação do precatório. (Redação dada pela Emenda
fins de consolidação da proposta christianpet2002@gmail.com
orçamentária Constitucional nº 94, de 2016)
anual, os valores aprovados na lei orçamentária vi-
077.967.703-08
gente, ajustados de acordo com os limites estipula- § 3º O disposto no caput deste artigo relativa-
dos na forma do § 1º deste artigo. (Incluído pela mente à expedição de precatórios não se aplica
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) aos pagamentos de obrigações definidas em leis
como de pequeno valor que as Fazendas referidas
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que devam fazer em virtude de sentença judicial transi-
trata este artigo forem encaminhadas em desa- tada em julgado. (Redação dada pela Emenda
cordo com os limites estipulados na forma do § 1º, Constitucional nº 62, de 2009).
o Poder Executivo procederá aos ajustes necessá-
rios para fins de consolidação da proposta orça- § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão
mentária anual. (Incluído pela Emenda Constitucio- ser fixados, por leis próprias, valores distintos às
nal nº 45, de 2004) entidades de direito público, segundo as diferentes
capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao
§ 5º Durante a execução orçamentária do exer- valor do maior benefício do regime geral de previ-
cício, não poderá haver a realização de despesas dência social. (Redação dada pela Emenda Cons-
ou a assunção de obrigações que extrapolem os li- titucional nº 62, de 2009).
mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá-
rias, exceto se previamente autorizadas, mediante § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das
a abertura de créditos suplementares ou especi- entidades de direito público de verba necessária ao
ais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de pagamento de seus débitos oriundos de sentenças
2004) transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fa- o pagamento até o final do exercício seguinte,
zendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Mu- quando terão seus valores atualizados monetaria-
nicipais, em virtude de sentença judiciária, far-se- mente. (Redação dada pela Emenda Consti-
ão exclusivamente na ordem cronológica de apre- tucional nº 114, de 2021)
sentação dos precatórios e à conta dos créditos
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de
abertos serão consignados diretamente ao Poder

112
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que subsidiariamente, débitos com a administração au-
proferir a decisão exequenda determinar o paga- tárquica e fundacional do mesmo ente; (Incluído
mento integral e autorizar, a requerimento do cre- pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
dor e exclusivamente para os casos de preteri- II - compra de imóveis públicos de propriedade
mento de seu direito de precedência ou de não alo- do mesmo ente disponibilizados para venda;
cação orçamentária do valor necessário à satisfa- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de
ção do seu débito, o sequestro da quantia respec- 2021)
tiva. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
62, de 2009). III - pagamento de outorga de delegações de
serviços públicos e demais espécies de concessão
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, negocial promovidas pelo mesmo ente; (Incluído
por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
frustrar a liquidação regular de precatórios incor-
rerá em crime de responsabilidade e responderá, IV - aquisição, inclusive minoritária, de partici-
também, perante o Conselho Nacional de Justiça. pação societária, disponibilizada para venda, do
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de respectivo ente federativo; ou (Incluído pela
2009). Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios com- V - compra de direitos, disponibilizados para
plementares ou suplementares de valor pago, bem cessão, do respectivo ente federativo, inclusive, no
como o fracionamento, repartição ou quebra do va- caso da União, da antecipação de valores a serem
lor da execução para fins de enquadramento de recebidos a título do excedente em óleo em contra-
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. tos de partilha de petróleo. (Incluído pela
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 62, de Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
2009). § 12. A partir da promulgação desta Emenda
§ 9º Sem que haja interrupção no pagamento Constitucional, a atualização de valores de requisi-
Francisco Christian
do precatório e mediante comunicação da Fazenda tórios, após sua expedição, até o efetivo paga-
christianpet2002@gmail.com
mento, independentemente de sua natureza, será
Pública ao Tribunal, o valor correspondente aos
077.967.703-08
eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra o feita pelo índice oficial de remuneração básica da
credor do requisitório e seus substituídos deverá caderneta de poupança, e, para fins de compensa-
ser depositado à conta do juízo responsável pela ção da mora, incidirão juros simples no mesmo per-
ação de cobrança, que decidirá pelo seu destino centual de juros incidentes sobre a caderneta de
definitivo. (Redação dada pela Emenda Constitu- poupança, ficando excluída a incidência de juros
cional nº 113, de 2021) compensatórios. (Incluído pela Emenda Constituci-
onal nº 62, de 2009).
§ 10. Antes da expedição dos precatórios, o
Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, § 13. O credor poderá ceder, total ou parcial-
para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de mente, seus créditos em precatórios a terceiros, in-
perda do direito de abatimento, informação sobre dependentemente da concordância do devedor,
os débitos que preencham as condições estabele- não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§
cidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído 2º e 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 62,
pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). de 2009).
§ 11. É facultada ao credor, conforme estabe- § 14. A cessão de precatórios, observado o
lecido em lei do ente federativo devedor, com auto disposto no § 9º deste artigo, somente produzirá
aplicabilidade para a União, a oferta de créditos lí- efeitos após comunicação, por meio de petição pro-
quidos e certos que originalmente lhe são próprios tocolizada, ao Tribunal de origem e ao ente federa-
ou adquiridos de terceiros reconhecidos pelo ente tivo devedor. (Redação dada pela Emenda Cons-
federativo ou por decisão judicial transitada em jul- titucional nº 113, de 2021)
gado para: (Redação dada pela Emenda Cons- § 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei
titucional nº 113, de 2021) complementar a esta Constituição Federal poderá
I - quitação de débitos parcelados ou débitos estabelecer regime especial para pagamento de
inscritos em dívida ativa do ente federativo deve- crédito de precatórios de Estados, Distrito Federal
dor, inclusive em transação resolutiva de litígio, e, e Municípios, dispondo sobre vinculações à receita

113
corrente líquida e forma e prazo de liquidação. (In- prevista no inciso IV do art. 167 da Constituição Fe-
cluído pela Emenda Constitucional nº 62, de 2009). deral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94,
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, de 2016)
a União poderá assumir débitos, oriundos de pre- § 20. Caso haja precatório com valor superior
catórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, a 15% (quinze por cento) do montante dos preca-
refinanciando-os diretamente. (Incluído pela tórios apresentados nos termos do § 5º deste ar-
Emenda Constitucional nº 62, de 2009) tigo, 15% (quinze por cento) do valor deste preca-
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e tório serão pagos até o final do exercício seguinte
os Municípios aferirão mensalmente, em base e o restante em parcelas iguais nos cinco exercí-
anual, o comprometimento de suas respectivas re- cios subsequentes, acrescidas de juros de mora e
ceitas correntes líquidas com o pagamento de pre- correção monetária, ou mediante acordos diretos,
catórios e obrigações de pequeno valor. (Incluído perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Preca-
pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) tórios, com redução máxima de 40% (quarenta por
cento) do valor do crédito atualizado, desde que em
§ 18. Entende-se como receita corrente lí- relação ao crédito não penda recurso ou defesa ju-
quida, para os fins de que trata o § 17, o somatório dicial e que sejam observados os requisitos defini-
das receitas tributárias, patrimoniais, industriais, dos na regulamentação editada pelo ente federado.
agropecuárias, de contribuições e de serviços, de (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de
transferências correntes e outras receitas corren- 2016)
tes, incluindo as oriundas do § 1º do art. 20 da
Constituição Federal, verificado no período com- § 21. Ficam a União e os demais entes federa-
preendido pelo segundo mês imediatamente ante- tivos, nos montantes que lhes são próprios, desde
rior ao de referência e os 11 (onze) meses prece- que aceito por ambas as partes, autorizados a utili-
dentes, excluídas as duplicidades, e deduzidas: (In- zar valores objeto de sentenças transitadas em jul-
cluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) gado devidos a pessoa jurídica de direito público
Francisco Christian
para amortizar dívidas, vencidas ou vincendas:
christianpet2002@gmail.com
I - na União, as parcelas entregues aos Esta- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 113, de
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios por deter-
077.967.703-08
2021)
minação constitucional; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 94, de 2016) I - nos contratos de refinanciamento cujos cré-
ditos sejam detidos pelo ente federativo que figure
II - nos Estados, as parcelas entregues aos como devedor na sentença de que trata o caput
Municípios por determinação constitucional; (Inclu- deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucio-
ído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) nal nº 113, de 2021)
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal II - nos contratos em que houve prestação de
e nos Municípios, a contribuição dos servidores garantia a outro ente federativo; (Incluído pela
para custeio de seu sistema de previdência e assis- Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
tência social e as receitas provenientes da compen-
sação financeira referida no § 9º do art. 201 da III - nos parcelamentos de tributos ou de con-
Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Cons- tribuições sociais; e (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 94, de 2016) titucional nº 113, de 2021)

§ 19. Caso o montante total de débitos decor- IV - nas obrigações decorrentes do descumpri-
rentes de condenações judiciais em precatórios e mento de prestação de contas ou de desvio de re-
obrigações de pequeno valor, em período de 12 cursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
(doze) meses, ultrapasse a média do comprometi- 113, de 2021)
mento percentual da receita corrente líquida nos 5 § 22. A amortização de que trata o § 21 deste
(cinco) anos imediatamente anteriores, a parcela artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
que exceder esse percentual poderá ser financi- 113, de 2021)
ada, excetuada dos limites de endividamento de I - nas obrigações vencidas, será imputada pri-
que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Consti- meiramente às parcelas mais antigas; (Incluído
tuição Federal e de quaisquer outros limites de en- pela Emenda Constitucional nº 113, de 2021)
dividamento previstos, não se aplicando a esse fi-
nanciamento a vedação de vinculação de receita II - nas obrigações vincendas, reduzirá unifor-
memente o valor de cada parcela devida, mantida

114
a duração original do respectivo contrato ou parce- XII dois advogados, indicados pelo Conselho
lamento. (Incluído pela Emenda Constitucional Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Inclu-
nº 113, de 2021) ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
SEÇÃO II reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Deputados e outro pelo Senado Federal. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presi-
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça
dente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas au-
compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato
sências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do
de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional
Emenda Constitucional nº 61, de 2009)
nº 61, de 2009)
§ 2º Os demais membros do Conselho serão
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
nomeados pelo Presidente da República, depois de
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61,
aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
de 2009)
nado Federal. (Redação dada pela Emenda Cons-
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, titucional nº 61, de 2009)
indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indica-
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
ções previstas neste artigo, caberá a escolha ao
III um Ministro do Tribunal Superior do Traba- Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Emenda
lho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Constitucional nº 45, de 2004)
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atua-
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, ção administrativa e financeira do Poder Judiciário
Francisco Christian
indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído e do cumprimento dos deveres funcionais dos juí-
pela Emenda Constitucional nº 45,christianpet2002@gmail.com
de 2004) zes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que
077.967.703-08
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tri- lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
bunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucio- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
nal nº 45, de 2004) 2004)

VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indi- I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e
cado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, po-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de
sua competência, ou recomendar providências; (In-
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tri- cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
bunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constituci-
onal nº 45, de 2004) II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar,
de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, atos administrativos praticados por membros ou ór-
indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Inclu- gãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-
ído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal providências necessárias ao exato cumprimento da
Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Cons- lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de
titucional nº 45, de 2004) Contas da União; (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004)
X um membro do Ministério Público da União,
indicado pelo Procurador-Geral da República; (In- III - receber e conhecer das reclamações con-
cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) tra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclu-
XI um membro do Ministério Público estadual, sive contra seus serviços auxiliares, serventias e
escolhido pelo Procurador-Geral da República den- órgãos prestadores de serviços notariais e de re-
tre os nomes indicados pelo órgão competente de gistro que atuem por delegação do poder público
cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda ou oficializados, sem prejuízo da competência dis-
Constitucional nº 45, de 2004) ciplinar e correicional dos tribunais, podendo avo-
car processos disciplinares em curso, determinar a

115
remoção ou a disponibilidade e aplicar outras san- § 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
ções administrativas, assegurada ampla defesa; Territórios, criará ouvidorias de justiça, competen-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº tes para receber reclamações e denúncias de qual-
103, de 2019) quer interessado contra membros ou órgãos do Po-
IV - representar ao Ministério Público, no caso der Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares,
de crime contra a administração pública ou de representando diretamente ao Conselho Nacional
abuso de autoridade; (Incluído pela Emenda Cons- de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
titucional nº 45, de 2004) 45, de 2004)

V - rever, de ofício ou mediante provocação, os CAPÍTULO IV


processos disciplinares de juízes e membros de tri- DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA
bunais julgados há menos de um ano; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
SEÇÃO I
VI - elaborar semestralmente relatório estatís- DO MINISTÉRIO PÚBLICO
tico sobre processos e sentenças prolatadas, por
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do
Poder Judiciário; (Incluído pela Emenda Constituci- Art. 127. O Ministério Público é instituição
onal nº 45, de 2004) permanente, essencial à função jurisdicional do Es-
tado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica,
VII - elaborar relatório anual, propondo as pro-
do regime democrático e dos interesses sociais e
vidências que julgar necessárias, sobre a situação
individuais indisponíveis.
do Poder Judiciário no País e as atividades do Con-
selho, o qual deve integrar mensagem do Presi- § 1º São princípios institucionais do Ministério
dente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da dência funcional.
Francisco
sessão legislativa. (Incluído pela Emenda Constitu- Christian
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada auto-
cional nº 45, de 2004) christianpet2002@gmail.com
nomia funcional e administrativa, podendo, obser-
077.967.703-08
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça vado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legis-
exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará lativo a criação e extinção de seus cargos e servi-
excluído da distribuição de processos no Tribunal, ços auxiliares, provendo-os por concurso público
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem de provas ou de provas e títulos, a política remune-
conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as se- ratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre
guintes: (Incluído pela Emenda Constitucional nº sua organização e funcionamento. (Redação dada
45, de 2004) pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - receber as reclamações e denúncias, de § 3º O Ministério Público elaborará sua pro-
qualquer interessado, relativas aos magistrados e posta orçamentária dentro dos limites estabeleci-
aos serviços judiciários; (Incluído pela Emenda dos na lei de diretrizes orçamentárias.
Constitucional nº 45, de 2004) § 4º Se o Ministério Público não encaminhar a
II - exercer funções executivas do Conselho, respectiva proposta orçamentária dentro do prazo
de inspeção e de correição geral; (Incluído pela estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Poder Executivo considerará, para fins de consoli-
dação da proposta orçamentária anual, os valores
III - requisitar e designar magistrados, dele-
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados
gando-lhes atribuições, e requisitar servidores de
de acordo com os limites estipulados na forma do §
juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito
3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
Federal e Territórios. (Incluído pela Emenda Cons-
2004)
titucional nº 45, de 2004)
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-
este artigo for encaminhada em desacordo com os
Geral da República e o Presidente do Conselho Fe-
limites estipulados na forma do § 3º, o Poder Exe-
deral da Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído
cutivo procederá aos ajustes necessários para fins
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
de consolidação da proposta orçamentária anual.

116
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de I - as seguintes garantias:
2004) a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
§ 6º Durante a execução orçamentária do exer- não podendo perder o cargo senão por sentença
cício, não poderá haver a realização de despesas judicial transitada em julgado;
ou a assunção de obrigações que extrapolem os li- b) inamovibilidade, salvo por motivo de inte-
mites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá- resse público, mediante decisão do órgão colegi-
rias, exceto se previamente autorizadas, mediante ado competente do Ministério Público, pelo voto da
a abertura de créditos suplementares ou especiais. maioria absoluta de seus membros, assegurada
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Cons-
2004) titucional nº 45, de 2004)
Art. 128. O Ministério Público abrange: c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma
I - o Ministério Público da União, que compre- do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts.
ende: 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) o Ministério Público Federal;
II - as seguintes vedações:
b) o Ministério Público do Trabalho;
a) receber, a qualquer título e sob qualquer
c) o Ministério Público Militar; pretexto, honorários, percentagens ou custas pro-
d) o Ministério Público do Distrito Federal e cessuais;
Territórios; b) exercer a advocacia;
II - os Ministérios Públicos dos Estados. c) participar de sociedade comercial, na forma
§ 1º O Ministério Público da União tem por da lei;
chefe o Procurador-Geral da República, nomeado d) exercer, ainda que em disponibilidade, qual-
Francisco
pelo Presidente da República dentre integrantes da Christian
quer outra função pública, salvo uma de magistério;
carreira, maiores de trinta e cincochristianpet2002@gmail.com
anos, após a
aprovação de seu nome pela maioria absoluta 077.967.703-08
dos e) exercer atividade político-partidária; (Reda-
membros do Senado Federal, para mandato de ção dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
dois anos, permitida a recondução. 2004)
§ 2º A destituição do Procurador-Geral da Re- f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxí-
pública, por iniciativa do Presidente da República, lios ou contribuições de pessoas físicas, entidades
deverá ser precedida de autorização da maioria ab- públicas ou privadas, ressalvadas as exceções pre-
soluta do Senado Federal. vistas em lei. (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)
§ 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o
do Distrito Federal e Territórios formarão lista trí- § 6º Aplica-se aos membros do Ministério Pú-
plice dentre integrantes da carreira, na forma da lei blico o disposto no art. 95, parágrafo único, V. (In-
respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, cluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, Art. 129. São funções institucionais do Minis-
para mandato de dois anos, permitida uma recon- tério Público:
dução.
I - promover, privativamente, a ação penal pú-
§ 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no blica, na forma da lei;
Distrito Federal e Territórios poderão ser destituí-
dos por deliberação da maioria absoluta do Poder II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pú-
Legislativo, na forma da lei complementar respec- blicos e dos serviços de relevância pública aos di-
tiva. reitos assegurados nesta Constituição, promo-
vendo as medidas necessárias a sua garantia;
§ 5º Leis complementares da União e dos Es-
tados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos III - promover o inquérito civil e a ação civil pú-
Procuradores-Gerais, estabelecerão a organiza- blica, para a proteção do patrimônio público e so-
ção, as atribuições e o estatuto de cada Ministério cial, do meio ambiente e de outros interesses difu-
Público, observadas, relativamente a seus mem- sos e coletivos;
bros:

117
IV - promover a ação de inconstitucionalidade Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministé-
ou representação para fins de intervenção da União rio Público compõe-se de quatorze membros no-
e dos Estados, nos casos previstos nesta Constitui- meados pelo Presidente da República, depois de
ção; aprovada a escolha pela maioria absoluta do Se-
V - defender judicialmente os direitos e interes- nado Federal, para um mandato de dois anos, ad-
ses das populações indígenas; mitida uma recondução, sendo: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
VI - expedir notificações nos procedimentos
administrativos de sua competência, requisitando I - o Procurador-Geral da República, que o pre-
informações e documentos para instruí-los, na side;
forma da lei complementar respectiva; II - quatro membros do Ministério Público da
VII - exercer o controle externo da atividade po- União, assegurada a representação de cada uma
licial, na forma da lei complementar mencionada no de suas carreiras;
artigo anterior; III - três membros do Ministério Público dos Es-
VIII - requisitar diligências investigatórias e a tados;
instauração de inquérito policial, indicados os fun- IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo
damentos jurídicos de suas manifestações proces- Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de
suais; Justiça;
IX - exercer outras funções que lhe forem con- V - dois advogados, indicados pelo Conselho
feridas, desde que compatíveis com sua finalidade, Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con-
sultoria jurídica de entidades públicas. VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
§ 1º A legitimação do Ministério Público para Deputados e outro pelo Senado Federal.
Francisco
as ações civis previstas neste artigo não impede a Christian
de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o § 1º Os membros do Conselho oriundos do Mi-
christianpet2002@gmail.com
nistério Público serão indicados pelos respectivos
disposto nesta Constituição e na lei.
077.967.703-08
Ministérios Públicos, na forma da lei.
§ 2º As funções do Ministério Público só podem
ser exercidas por integrantes da carreira, que de- § 2º Compete ao Conselho Nacional do Minis-
verão residir na comarca da respectiva lotação, tério Público o controle da atuação administrativa e
salvo autorização do chefe da instituição. (Redação financeira do Ministério Público e do cumprimento
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) dos deveres funcionais de seus membros, cabendo
lhe:
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Pú-
blico far-se-á mediante concurso público de provas I zelar pela autonomia funcional e administra-
e títulos, assegurada a participação da Ordem dos tiva do Ministério Público, podendo expedir atos re-
Advogados do Brasil em sua realização, exigindo- gulamentares, no âmbito de sua competência, ou
se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de recomendar providências;
atividade jurídica e observando-se, nas nomea- II zelar pela observância do art. 37 e apreciar,
ções, a ordem de classificação. (Redação dada de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) atos administrativos praticados por membros ou ór-
§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que gãos do Ministério Público da União e dos Estados,
couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) para que se adotem as providências necessárias
ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da com-
§ 5º A distribuição de processos no Ministério petência dos Tribunais de Contas;
Público será imediata. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) III - receber e conhecer das reclamações con-
tra membros ou órgãos do Ministério Público da
Art. 130. Aos membros do Ministério Público União ou dos Estados, inclusive contra seus servi-
junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as dispo- ços auxiliares, sem prejuízo da competência disci-
sições desta seção pertinentes a direitos, vedações plinar e correicional da instituição, podendo avocar
e forma de investidura. processos disciplinares em curso, determinar a re-

118
moção ou a disponibilidade e aplicar outras san- § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe
ções administrativas, assegurada ampla defesa; o Advogado-Geral da União, de livre nomeação
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº pelo Presidente da República dentre cidadãos mai-
103, de 2019) ores de trinta e cinco anos, de notável saber jurí-
IV - rever, de ofício ou mediante provocação, dico e reputação ilibada.
os processos disciplinares de membros do Ministé- § 2º O ingresso nas classes iniciais das carrei-
rio Público da União ou dos Estados julgados há ras da instituição de que trata este artigo far-se-á
menos de um ano; mediante concurso público de provas e títulos.
V - elaborar relatório anual, propondo as provi- § 3º Na execução da dívida ativa de natureza
dências que julgar necessárias sobre a situação do tributária, a representação da União cabe à Procu-
Ministério Público no País e as atividades do Con- radoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o
selho, o qual deve integrar a mensagem prevista no disposto em lei.
art. 84, XI.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
§ 3º O Conselho escolherá, em votação se- Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
creta, um Corregedor nacional, dentre os membros ingresso dependerá de concurso público de provas
do Ministério Público que o integram, vedada a re- e títulos, com a participação da Ordem dos Advo-
condução, competindo-lhe, além das atribuições gados do Brasil em todas as suas fases, exercerão
que lhe forem conferidas pela lei, as seguintes: a representação judicial e a consultoria jurídica das
I - receber reclamações e denúncias, de qual- respectivas unidades federadas. (Redação dada
quer interessado, relativas aos membros do Minis- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
tério Público e dos seus serviços auxiliares; Parágrafo único. Aos procuradores referidos
II - exercer funções executivas do Conselho, neste artigo é assegurada estabilidade após três
de inspeção e correição geral; anos de efetivo exercício, mediante avaliação de
Francisco Christian
desempenho perante os órgãos próprios, após re-
III - requisitar e designar membros do Ministé-
christianpet2002@gmail.com
latório circunstanciado das corregedorias. (Incluído
rio Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar
077.967.703-08
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
servidores de órgãos do Ministério Público.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Or-
dem dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Con- SEÇÃO III
selho. DA ADVOCACIA
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvi-
dorias do Ministério Público, competentes para re-
ceber reclamações e denúncias de qualquer inte- Art. 133. O advogado é indispensável à ad-
ressado contra membros ou órgãos do Ministério ministração da justiça, sendo inviolável por seus
Público, inclusive contra seus serviços auxiliares, atos e manifestações no exercício da profissão, nos
representando diretamente ao Conselho Nacional limites da lei.
do Ministério Público.
SEÇÃO IV
SEÇÃO II DA DEFENSORIA PÚBLICA
DA ADVOCACIA PÚBLICA

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição


Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a ins- permanente, essencial à função jurisdicional do Es-
tituição que, diretamente ou através de órgão vin- tado, incumbindo-lhe, como expressão e instru-
culado, representa a União, judicial e extrajudicial- mento do regime democrático, fundamentalmente,
mente, cabendo-lhe, nos termos da lei complemen- a orientação jurídica, a promoção dos direitos hu-
tar que dispuser sobre sua organização e funciona- manos e a defesa, em todos os graus, judicial e ex-
mento, as atividades de consultoria e assessora- trajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de
mento jurídico do Poder Executivo. forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição

119
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucio- § 2º Não caberá habeas corpus em relação a
nal nº 80, de 2014) punições disciplinares militares.
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria § 3º Os membros das Forças Armadas são de-
Pública da União e do Distrito Federal e dos Terri- nominados militares, aplicando-se-lhes, além das
tórios e prescreverá normas gerais para sua orga- que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes dis-
nização nos Estados, em cargos de carreira, provi- posições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº
dos, na classe inicial, mediante concurso público de 18, de 1998)
provas e títulos, assegurada a seus integrantes a I - as patentes, com prerrogativas, direitos e
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício deveres a elas inerentes, são conferidas pelo Pre-
da advocacia fora das atribuições institucionais; sidente da República e asseguradas em plenitude
(Renumerado do parágrafo único pela Emenda aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados,
Constitucional nº 45, de 2004) sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e,
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são as- juntamente com os demais membros, o uso dos
seguradas autonomia funcional e administrativa e a uniformes das Forças Armadas; (Incluído pela
iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamen- II - o militar em atividade que tomar posse em
tárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º; cargo ou emprego público civil permanente, ressal-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de vada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alí-
2004) nea "c", será transferido para a reserva, nos termos
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso- da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
rias Públicas da União e do Distrito Federal. (Inclu- nº 77, de 2014)
ído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) III - o militar da ativa que, de acordo com a lei,
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria tomar posse em cargo, emprego ou função pública
Francisco Christian
Pública a unidade, a indivisibilidade e a indepen- civil temporária, não eletiva, ainda que da adminis-
dência funcional, aplicando-se também, christianpet2002@gmail.com
no que tração indireta, ressalvada a hipótese prevista no
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do077.967.703-08
art. art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao
96 desta Constituição Federal. (Incluído pela respectivo quadro e somente poderá, enquanto
Emenda Constitucional nº 80, de 2014) permanecer nessa situação, ser promovido por an-
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape-
Art. 135. Os servidores integrantes das car-
nas para aquela promoção e transferência para a
reiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capí- reserva, sendo depois de dois anos de afasta-
tulo serão remunerados na forma do art. 39, § 4º. mento, contínuos ou não, transferido para a re-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, serva, nos termos da lei; (Redação dada pela
de 1998) Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e
CAPÍTULO II a greve; (Incluído pela Emenda Constitucional
DAS FORÇAS ARMADAS nº 18, de 1998)
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não
pode estar filiado a partidos políticos; (Incluído
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, or- VI - o oficial só perderá o posto e a patente se
ganizadas com base na hierarquia e na disciplina, for julgado indigno do oficialato ou com ele incom-
sob a autoridade suprema do Presidente da Repú- patível, por decisão de tribunal militar de caráter
blica, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
dos poderes constitucionais e, por iniciativa de pecial, em tempo de guerra; (Incluído pela
qualquer destes, da lei e da ordem. Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas VII - o oficial condenado na justiça comum ou
gerais a serem adotadas na organização, no pre- militar a pena privativa de liberdade superior a dois
paro e no emprego das Forças Armadas. anos, por sentença transitada em julgado, será

120
submetido ao julgamento previsto no inciso ante- V - polícias militares e corpos de bombeiros mi-
rior; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de litares.
1998) VI - polícias penais federal, estaduais e distri-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. tal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 104, de 2019)
37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma § 1º A polícia federal, instituída por lei como ór-
da lei e com prevalência da atividade militar, no art. gão permanente, organizado e mantido pela União
37, inciso XVI, alínea "c"; (Redação dada pela e estruturado em carreira, destina-se a: (Redação
Emenda Constitucional nº 77, de 2014) dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº I - apurar infrações penais contra a ordem po-
41, de 19.12.2003) lítica e social ou em detrimento de bens, serviços e
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças interesses da União ou de suas entidades autárqui-
Armadas, os limites de idade, a estabilidade e ou- cas e empresas públicas, assim como outras infra-
tras condições de transferência do militar para a ções cuja prática tenha repercussão interestadual
inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, ou internacional e exija repressão uniforme, se-
as prerrogativas e outras situações especiais dos gundo se dispuser em lei;
militares, consideradas as peculiaridades de suas II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor-
atividades, inclusive aquelas cumpridas por força pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca-
de compromissos internacionais e de guerra. (In- minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
cluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) órgãos públicos nas respectivas áreas de compe-
Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos tência;
termos da lei. III - exercer as funções de polícia marítima, ae-
§ 1º Às Forças Armadas compete, na roportuária
forma da Christian e de fronteiras; (Redação dada pela
Francisco
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
lei, atribuir serviço alternativo aoschristianpet2002@gmail.com
que, em tempo
de paz, após alistados, alegarem imperativo de
077.967.703-08IV - exercer, com exclusividade, as funções de
consciência, entendendo-se como tal o decorrente polícia judiciária da União.
de crença religiosa e de convicção filosófica ou po-
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão perma-
lítica, para se eximirem de atividades de caráter es-
nente, organizado e mantido pela União e estrutu-
sencialmente militar. (Regulamento)
rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam trulhamento ostensivo das rodovias federais. (Re-
isentos do serviço militar obrigatório em tempo de dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei 1998)
lhes atribuir. (Regulamento)
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão perma-
nente, organizado e mantido pela União e estrutu-
CAPÍTULO III rado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
trulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Re-
DA SEGURANÇA PÚBLICA
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
Art. 144. A segurança pública, dever do Es-
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados
tado, direito e responsabilidade de todos, é exer- de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
cida para a preservação da ordem pública e da in- competência da União, as funções de polícia judi-
columidade das pessoas e do patrimônio, através ciária e a apuração de infrações penais, exceto as
dos seguintes órgãos: militares.
I - polícia federal; § 5º Às polícias militares cabem a polícia os-
II - polícia rodoviária federal; tensiva e a preservação da ordem pública; aos cor-
III - polícia ferroviária federal; pos de bombeiros militares, além das atribuições
definidas em lei, incumbe a execução de atividades
IV - polícias civis; de defesa civil.

121
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão
administrador do sistema penal da unidade federa-
tiva a que pertencem, cabe a segurança dos esta-
belecimentos penais. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bom-
beiros militares, forças auxiliares e reserva do Exér-
cito subordinam-se, juntamente com as polícias ci-
vis e as polícias penais estaduais e distrital, aos
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e
dos Territórios. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 104, de 2019)
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcio-
namento dos órgãos responsáveis pela segurança
pública, de maneira a garantir a eficiência de suas
atividades. (Vide Lei nº 13.675, de 2018) Vigên-
cia
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas
municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a
lei. (Vide Lei nº 13.022, de 2014)
§ 9º A remuneração dos servidores policiais in-
tegrantes dos órgãos relacionados neste artigo
Francisco Christian
será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, dechristianpet2002@gmail.com
1998)
§ 10. A segurança viária, exercida para a077.967.703-08
pre-
servação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
I - compreende a educação, engenharia e fis-
calização de trânsito, além de outras atividades
previstas em lei, que assegurem ao cidadão o di-
reito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos
ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)

122
que a base dos direitos humanos é a dignidade da
pessoa.
Mas o que é dignidade?
Segundo a doutrina, dignidade é a convicção
de que todos os seres humanos têm direito a ser
TERMINOLOGIA igualmente respeitados, pelo simples fato de ser
humano. Ou seja, assegurar a dignidade de um ser
Antes de iniciarmos o estudo da disciplina, é humano é respeitá-lo e tratá-lo de forma igualitária,
importante realizarmos uma observação para evitar independentemente de quaisquer condições soci-
confusões, qual seja: devemos distinguir Direitos ais, culturais ou econômicas.
Humanos de Direitos Fundamentais.
Pode-se dizer que, ontologicamente, inexiste FUNDAMENTAÇÃO
diferença entre ambos, pois ambos designam, em
suas essências, direitos que materializam a digni-
dade da pessoa humana. Mas é possível diferen- Os fundamentos envolvem as bases, sobre as
ciar-lhes no que se refere à positivação. quais os Direitos Humanos encontram suas razões.
A expressão "direitos fundamentais" é utilizada Isso é importante para que possamos compreender
para referir-se aos direitos positivados na ordem ju- as premissas que envolvem a nossa matéria, Esse
rídica interna do Estado, enquanto a expressão "di- tema é abstrato, envolvendo conceitos históricos e
Francisco Christian
discussões filosóficas. Entretanto, vamos trazer ele
reitos humanos" costuma ser adotada para identifi-
christianpet2002@gmail.com
car os direitos positivados na ordem internacional. de forma sucinta e didática, com destaque para as
077.967.703-08
principais informações.
Como vocês podem perceber, os conceitos
são praticamente idênticos. Assim, a distinção não Em linhas gerais, busca-se responder ao se-
reside no conteúdo de tais direitos, mas no plano guinte questionamento: Por que esses direitos de-
de positivação. vem ser validados e respeitados? Qual o amparo
filosófico que os legitima?
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento
CONCEITO
está em normas anteriores e superiores ao direito
estatal posto, decorrente de um conjunto de ideias,
A definição consagrada na doutrina atualmente de origem divina ou fruto da natureza
é a de Antônio Peres Luño (1995, p.48), segundo o humana.
qual os direitos humanos constituem um: conjunto
de faculdades e instituições que, em cada mo- Conforme Rafael Barreto (2014, p.26), os direi-
mento histórico, concretizam as exigências de dig- tos humanos extrairiam validade de uma ordem na-
nidade, liberdade e igualdade humanas, as quais tural própria das coisas, de um Direito natural, de
devem ser reconhecidas positivamente pelos orde- base moral, que antecede ao próprio direito posi-
namentos jurídicos em nível nacional e internacio- tivo.
nal. Segundo o pensamento positivista, a validade
A essência do conceito da disciplina centra-se dos direitos humanos decorre do seu reconheci-
na proteção aos direitos mais importantes das pes- mento nas constituições, isto é, do direito valida-
soas, notadamente, a dignidade. Ou seja, a ideia mente posto pelo Estado como normas vigentes. A
central é materializar os direitos básicos, imprescin- normatização dos direitos humanos confere segu-
díveis para a defesa da dignidade das pessoas. rança jurídica às relações sociais, tendo finalidade
pedagógica perante a comunidade na medida em
Percebeu como falamos em dignidade da pes- que faz prevalecer valores éticos que estão positi-
soa humana para conceituar a matéria? Então, vados nas normas jurídicas.
muita atenção! Afirmam os estudiosos, portanto,

123
Cumpre nos destacar que, no curso da história, das dimensões (ou gerações), ou seja, a disciplina
todas essas teses já foram adotadas e todas tive- é expansiva.
ram sua importância no processo de afirmação dos O que significa dizer que a caminhada histórica
direitos humanos, mas cabe destacar que, inega- é sempre no sentido de reconhecer novos direitos
velmente devemos adotar o conjunto desses fun- e ampliar a proteção à pessoa, não se admitindo
damentos com vistas a realização da dignidade da suprimir direitos já reconhecidos na ordem jurídica,
pessoa. Essa é a compreensão que você usará no pois isso configuraria um retrocesso.
dia da prova. Tá ok?!
Universalidade
Essa característica deve ser compreendida em
CARACTERÍSTICAS dois sentidos.
No sentido de que esses direitos destinam-se
Em razão da consolidação dos Direitos Huma- a todas as pessoas, independentemente de suas
nos no estudo do Direito Internacional Público, por características pessoais, culturais, sociais ou eco-
meio da edição de inúmeros tratados internacio- nômicas.
nais, hoje é possível enumerar diversas caracterís-
ticas que permeiam o estudo da nossa matéria. E também no sentido de abranger todos os ter-
Além disso, você notará que muitas dessas carac- ritórios, isto é, de validade em todos os países e em
terísticas são intuitivas e estão relacionadas umas todas as sociedades. É dizer, direito válidos em
às outras. Essas características gerais são: qualquer lugar do planeta, direitos pertencentes a
uma sociedade mundial.
- Historicidade;
Diz-se, portanto, que os Direitos Humanos são
- Universalidade; universais, pois se aplicam a todas as pessoas em
- Irrenunciabilidade; qualquer lugar do mundo!
- Inalienabilidade; Francisco Christian
Irrenunciabilidade
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- Imprescritibilidade; Por envolver o rol de direitos mais importantes
077.967.703-08
de uma pessoa, não poderão ser renunciados,
- Relatividade;
ainda que se deseje abrir mão deles. O titular não
- Essencialidade; pode dispor do núcleo essencial ou mínimo dos
- Inexauribilidade; seus direitos humanos. Isto é, se revela a impossi-
bilidade de o próprio ser humano – titular desses
- Aplicabilidade imediata;
direitos – abrir mão de sua condição humana e per-
- Vedação ao retrocesso; mitir a violação desses direitos. Desta caracterís-
As características constituem um recurso didá- tica decorre que eventual manifestação de vontade
tico que tem por finalidade permitir uma visão glo- da pessoa em abdicar de sua dignidade não terá
bal de determinado assunto, a partir de categorias valor jurídico, sendo reputada nula.
e grupos de temas. Em nosso estudo, faz-se ne- Inalienabilidade
cessário estudar de forma objetiva e direta estes Os direitos humanos não são objetos de co-
atributos de afirmação e consolidação dos direitos mércio. A inalienabilidade pugna pela impossibili-
humanos nos mais diversos ambientes.
dade de se atribuir uma dimensão pecuniária des-
Historicidade ses direitos para fins de venda. Realmente, a digni-
Os direitos humanos são frutos do processo dade da pessoa humana não é um valor econô-
histórico, de modo que, resultam de uma longa ca- mico, não é negociável.
minhada histórica, marcada muitas vezes por lutas, Imprescritibilidade
sofrimento e violação da dignidade da pessoa hu- A pretensão de respeito e concretização de di-
mana.
reitos humanos não se esgota e nem se consome
Assim, não podemos afirmar que o conjunto de pelo passar dos anos, podem ser exigida a qual-
direitos que compõe nossa matéria surge em deter- quer momento.
minado fixo. A historicidade é a base para o estudo
Atenção! A imprescritibilidade não deve ser
confundida com a prescritibilidade da reparação

124
econômica decorrente da violação de direitos hu- Vedação do retrocesso
manos. Os direitos humanos devem sempre (e cada
Relatividade vez mais) agregar algo de novo e melhor ao ser hu-
Passa a ideia de que os direitos humanos po- mano, não podendo o Estado proteger menos do
dem sofrer limitações, podem ser relativizados, não que já protegia anteriormente. Ou seja, os Estados
se afirmando como absolutos. Ou seja, podem so- estão proibidos de retroceder em matéria de prote-
frer limitações para adequá-los a outros valores co- ção dos direitos humanos.
existentes na ordem jurídica. Assim, se uma norma posterior revoga ou nuli-
Excepcionalmente, a doutrina aponta que exis- fica uma norma anterior mais benéfica, essa norma
tem dois direitos que são ditos como absolutos! posterior é inválida por violar o princípio internacio-
São direitos que não podem ser relativizados em nal da vedação do retrocesso (igualmente conhe-
hipótese alguma, quais sejam: direito à proibição cido como princípio da “proibição de regresso”, do
de tortura e proibição de escravidão. “não retorno” ou “efeito cliquet”).

Essencialidade Os tratados internacionais de direitos huma-


nos, da mesma forma que as leis internas, também
Os direitos humanos são essenciais por natu- não podem impor restrições que diminuam ou nuli-
reza, tendo por conteúdo os valores supremos do fiquem direitos já anteriormente assegurados, tanto
ser humano e a prevalência da dignidade humana no plano interno quanto na própria órbita internaci-
(conteúdo material), revelando-se essenciais, tam- onal. Nesse sentido, vários tratados de direitos hu-
bém, pela sua especial posição normativa (conte- manos já contêm cláusulas a prever que nenhuma
údo formal), permitindo-se a revelação de outros di- de suas disposições “pode ser interpretada no sen-
reitos fundamentais fora do rol de direitos expresso tido de limitar o gozo e exercício de qualquer direito
nos textos constitucionais. ou liberdade que possam ser reconhecidos em vir-
Inexauribilidade tude de leis de qualquer dos Estados-partes ou em
Francisco Christian
virtude de Convenções em que seja parte um dos
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Os direitos humanos são inexauríveis, no sen-
referidos Estados”, tal como faz o art. 29, b, da Con-
tido de que têm a possibilidade de expansão, 077.967.703-08
a eles
venção Americana sobre Direitos Humanos de
podendo ser sempre acrescidos novos direitos, a
1969.
qualquer tempo, exatamente na forma apregoada
pelo § 2.º do art. 5.º da Constituição Federal de
1988 (segundo o qual os “direitos e garantias ex- DIMENSÕES (OU GERAÇÕES)
pressos nesta Constituição não excluem outros de-
correntes do regime e dos princípios por ela adota- Outro tema pertinente ao estudo da teoria geral
dos, ou dos tratados internacionais em que a Re- refere-se a análise de suas dimensões ou gera-
pública Federativa do Brasil seja parte”). Percebe- ções. Trata-se de uma associação em períodos em
se, aqui, que a Constituição (pela expressão “não que a sociedade se preocupou com um ou outro di-
excluem outros…”) diz serem duplamente inexaurí- reito humano. Segundo Rafael Barreto (2014, p.
veis os direitos nela consagrados, uma vez que 44), a expressão representa um conjunto de direi-
eles podem ser complementados tanto por direitos tos institucionalizados num determinado momento
decorrentes do regime e dos princípios por ela ado- histórico, com características similares e um valor
tados como por direitos advindos dos tratados in- comum.
ternacionais (de direitos humanos) em que o Brasil
seja parte. Não há consenso quanto ao número de gera-
ções - havendo quem fale em 3, 4 e até 5 - mas
Aplicabilidade Imediata existe entendimento pacífico sobre as 3 primeiras
Consiste no reconhecimento formal de que os gerações, que, em linhas gerais podem ser assim
direitos humanos são completos e, por serem dota- identificadas.
dos de eficácia plena, podem, desde logo, ser apli- 1° geração → direitos de liberdade → civis e
cados. Regras e princípios que disciplinam a maté- políticos;
ria possuem aplicabilidade imediata e direta, não
2° geração → direitos de igualdade → sociais,
precisam de outras normas que venham especificar
econômicos e culturais;
como será a aplicação desses direitos.

125
3° geração → direitos de fraternidade → difu- qualquer condicionamento quanto à origem, etnia,
sos, dos povos, da coletividade (meio ambiente, sexo ou qualquer outro fator que configure uma dis-
consumidor, desenvolvimento); criminação.
Feitas as observações preliminares, vejamos Assim, os direitos de terceira dimensão englo-
cada uma das dimensões: bam, por exemplo, os direitos ao desenvolvimento,
1° (primeira) dimensão meio ambiente e a proteção ao consumidor. Per-
ceba, portanto, que a proteção se destina à coleti-
Compreende os direitos civis e políticos, ditos vidade.
direitos da liberdade, decorrentes das revoluções
liberais e da transição do Estado absolutista para o O acontecimento histórico que marca essa ge-
Estado de direito. Esta categoria impõe uma abs- ração é o pós Segunda Guerra Mundial, em espe-
tenção estatal, por limitarem a atuação do Estado cial o surgimento da Organização das Nações Uni-
em defesa dos direitos das pessoas. das (ONU), em 1945. Possuindo como marco jurí-
dico a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
Os acontecimentos históricos que marcam a criada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948.
primeira geração são a Revolução Gloriosa, na In-
glaterra, em 1688; O processo de Independência Outras gerações de direitos humanos
dos Estados Unidos da América, em 1776; e, prin- Alguns doutrinadores afirma existir a quarta e
cipalmente, a Revolução Francesa, de 1789. E por a quinta dimensão dos Direitos Humanos. Deve-
fim, possuem como referenciais jurídicos a Consti- mos saber, inicialmente, que essas dimensões não
tuição Americana, de 1787 e a Declaração dos Di- são consenso na doutrina, mas, por vezes, apare-
reitos do Homem e do Cidadão, de 1789, na cem em provas.
França. Segundo Norberto Bobbio, a quarta dimensão
2° (segunda) dimensão dos Direitos Humanos compreende os direitos rela-
cionados às pesquisas biológicas e à manipulação
Francisco
Compreende os direitos sociais, econômicos e Christian
culturais, que são os direitos da igualdade, furto da do patrimônio genético das pessoas. Paulo Bona-
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vides também afirma a existência de uma quarta
transição do Estado liberal para o Estado social.
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geração, compreendida pelo direito à democracia,
São direitos notadamente prestacionais. Exige do
Estado uma obrigação a atuar de forma positiva e de uma quinta geração, que compreende o direito
para assegurar tais direitos. à paz.

Os acontecimentos históricos que marcam


essa geração são a Revolução Mexicana, de 1910,
e, principalmente, a Revolução Russa, de 1917,
que levou à implantação do Estado Socialista na
Rússia e impactou profundamente o cenário polí-
tico mundial. E por fim, possuem como referenciais
jurídicos a Constituição Mexicana, de 1917 (pri-
meiro texto constitucional a proclamar os direitos
sociais), e a Constituição de Weimar na Alemanha,
em 1919. Introdução
3° (terceira) dimensão A política nacional de direitos humanos do Bra-
sil teve início com o retorno à democracia do país,
Compreende os direitos difusos dos povos e em 1985, após o período de ditadura militar. Desde
da humanidade, ditos direito da fraternidade ou so- aquela época movimentos da sociedade civil e or-
lidariedade. Constituem, na realidade, os direitos ganizações não governamentais vêm exigindo do
assegurados às pessoas em geral.
governo federal que o tema dos direitos humanos
Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de se torne uma “questão de Estado” no Brasil, por
Rafael Barreto (2019, p. 48), sua característica cen- meio do que o governo brasileiro tomaria como sua
tral não estará relacionada com o papel do Estado, a responsabilidade em dirigir uma política voltada à
mas sim com o fato de serem direitos reconhecidos asserção e proteção dos direitos humanos no país.
ao homem pela mera condição humana, direitos
Há três versões do Programa Nacional de Di-
pertencentes à humanidade, independente de reitos Humanos já publicadas, tendo sido as duas

126
primeiras elaboradas no governo Fernando Henri- a) Diretriz 1: Interação democrática entre Es-
que Cardoso (1996 e 2002), e a última durante o tado e sociedade civil como instrumento de fortale-
governo Lula (2009). cimento da democracia participativa;
Tratam-se de propostas para temas de debate b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Hu-
nacional em matéria de direitos humanos, que não manos como instrumento transversal das políticas
têm força normativa (ou seja, não são leis). públicas e de interação democrática; e
A elaboração dos Programas Nacionais de Di- c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos siste-
reitos Humanos decorreu de recomendação feita mas de informações em Direitos Humanos e cons-
na Conferência Mundial de Direitos Humanos de trução de mecanismos de avaliação e monitora-
Viena (1993) para que os Estados promovam “o mento de sua efetivação;
respeito universal e a observância e proteção de II – Eixo Orientador II: Desenvolvimento e
todos os direitos humanos e liberdades fundamen- Direitos Humanos:
tais de todas as pessoas, em conformidade com a
Carta das Nações Unidas, outros instrumentos re- a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desen-
lacionados aos direitos humanos e o direito interna- volvimento sustentável, com inclusão social e eco-
cional”, bem como para que criem “condições favo- nômica, ambientalmente equilibrado e tecnologica-
ráveis nos níveis nacional, regional e internacional mente responsável, cultural e regionalmente di-
para garantir o pleno e efetivo exercício dos direitos verso, participativo e não discriminatório;
humanos” (§§ 1.º e 13.º da Declaração e Programa b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana
de Ação de Viena, 1993). como sujeito central do processo de desenvolvi-
3º Programa Nacional de Direitos Humanos mento; e
(PNDH-3) c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos
O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos ambientais como Direitos Humanos, incluindo as
estabeleceu “eixos orientadores” (compostoFrancisco
de vá- Christian
gerações futuras como sujeitos de direitos;
rias “diretrizes”) que ampliam sobremaneira o de-
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III – Eixo Orientador III: Universalizar direi-
bate acerca da promoção e proteção dos 077.967.703-08
direitos tos em um contexto de desigualdades:
humanos no Brasil.
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos
Uma das características marcantes do PNDH- de forma universal, indivisível e interdependente,
3 consiste na incorporação da transversalidade en- assegurando a cidadania plena;
tre as suas diretrizes e objetivos, à luz da qual os
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crian-
direitos humanos são princípios transversais a se-
ças e adolescentes para o seu desenvolvimento in-
rem considerados em todas as políticas públicas e
tegral, de forma não discriminatória, assegurando
de interação democrática.
seu direito de opinião e participação;
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estru-
DECRETO Nº 7.037/2009 turais; e
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diver-
sidade;
Art. 1o Fica aprovado o Programa Nacional
IV – Eixo Orientador IV: Segurança Pública,
de Direitos Humanos - PNDH-3, em consonância
Acesso à Justiça e Combate à Violência:
com as diretrizes, objetivos estratégicos e ações
programáticas estabelecidos, na forma do Anexo a) Diretriz 11: Democratização e moderniza-
deste Decreto. ção do sistema de segurança pública;

Art. 2o O PNDH-3 será implementado de b) Diretriz 12: Transparência e participação


acordo com os seguintes eixos orientadores e suas popular no sistema de segurança pública e justiça
respectivas diretrizes: criminal;

I – Eixo Orientador I: Interação democrática c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da cri-


entre Estado e sociedade civil: minalidade e profissionalização da investigação de
atos criminosos;

127
d) Diretriz 14: Combate à violência institucio- Saliente-se, também, que os Estados, o Dis-
nal, com ênfase na erradicação da tortura e na re- trito Federal, os Municípios e os órgãos do Poder
dução da letalidade policial e carcerária; Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas blico, serão convidados a aderir ao PNDH-3.
de crimes e de proteção das pessoas ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de
execução penal, priorizando a aplicação de penas
e medidas alternativas à privação de liberdade e
melhoria do sistema penitenciário; e
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça VÍTIMA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS
mais acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento,
a garantia e a defesa de direitos; Vítimas, são pessoas que, individual ou coletiva-
V – Eixo Orientador V: Educação e Cultura mente, tenham sofrido um prejuízo, nomeada-
em Direitos Humanos: mente um atentado à sua integridade física ou
mental, um sofrimento de ordem moral, uma perda
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos material, ou um grave atentado aos seus direitos
princípios da política nacional de educação em Di- fundamentais, como consequência de atos ou de
reitos Humanos para fortalecer uma cultura de di- omissões violadores das leis em vigor num Estado.
reitos;
Também são consideradas vítimas, a família ou as
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da pessoas a cargo da vítima direta, bem como, as
democracia e dos Direitos Humanos nos sistemas pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervi-
de educação básica, nas instituições de ensino su- rem para prestar assistência às vítimas em situa-
perior e nas instituições formadoras; ção de carência ou para impedir a vitimização. Por
Francisco
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação Christian
exemplo, a vítima direta do homicídio, é quem per-
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não formal como espaço de defesa e promoção dos deu a vida, mas também há vítimas indiretas, como
Direitos Humanos; a família e pessoas próximas que sofrem um dano
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em sua esfera moral devido à perda daquela pes-
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Di- soa. Também são vítimas indiretas aquelas pes-
reitos Humanos no serviço público; e soas que dependiam da vítima direta para se sus-
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunica- tentar.
ção democrática e ao acesso à informação para
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos; DIREITOS RECONHECIDOS
e
Não discriminação
VI – Eixo Orientador VI: Direito à Memória e
à Verdade: O princípio da não discriminação é considerado um
princípio basilar do direito internacional e dos direi-
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e
tos humanos, podendo ser considerado até mesmo
da verdade como Direito Humano da cidadania e
uma norma jus cogens, isto é, uma norma que tem
dever do Estado; uma força maior.
b) Diretriz 24: Preservação da memória histó-
rica e construção pública da verdade; e O princípio da não discriminação significa que nin-
guém pode ser excluído, prejudicado ou deixar de
c) Diretriz 25: Modernização da legislação re- gozar direitos em virtude de critérios irrelevantes,
lacionada com promoção do direito à memória e à como sexo, idade, cor da pele, orientação sexual;
verdade, fortalecendo a democracia. nada disso pode prejudicar o gozo dos direitos das
Cabe ressaltar que a implementação do pessoas e dos direitos humanos.
PNDH-3, além dos responsáveis nele indicados,
envolve parcerias com outros órgãos federais rela- Acesso à justiça e tratamento equitativo
cionados com os temas tratados nos eixos orienta- As vítimas devem ser tratadas com compaixão e
dores e suas diretrizes. respeito pela sua dignidade. As vítimas têm direito
ao acesso às instâncias judiciárias e a uma rápida

128
reparação do prejuízo por si sofrido. Isto é, deve ser Obrigação de restituição e de reparação
colocado a sua disposição mecanismos judiciários
e administrativos que permitam às vítimas a obten- Os autores ou os terceiros responsáveis pelo seu
ção de reparação através de procedimentos que comportamento devem se necessário, reparar de
sejam rápidos, de baixo custo e acessíveis. forma equitativa o prejuízo causado às vítimas, às
suas famílias ou às pessoas a seu cargo.
A Constituição garante a todos o acesso à justiça,
ao prever que “a lei não excluirá da apreciação do Tal reparação deve incluir a restituição dos bens,
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Deste uma indenização pelo prejuízo ou pelas perdas so-
modo, as vítimas devem ser informadas dos direi- fridas, o reembolso das despesas feitas como con-
tos que lhes são reconhecidos para procurar a ob- sequência da vitimização, a prestação de serviços
tenção de reparação por estes meios. No intuito de e o restabelecimento dos direitos. Portanto, na me-
garantir a participação voluntária das vítimas na in- dida do possível, o autor do crime deve reestabele-
vestigação e no processo, estas devem dispor de cer o status quo ante, restituir o bem (quando pos-
toda a informação que lhes permita compreender o sível), pagar indenização reparatória, reembolsar
sentido da investigação e do processo em todas as despesas, ou seja, a reparação deve ser a mais in-
suas etapas. Por exemplo, nos casos envolvendo tegral possível.
violência doméstica e familiar, as vítimas devem
ser informadas sobre as medidas protetivas e a Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
possibilidade de solicitá-las no decorrer do pro- (...) IV – fixará valor mínimo para reparação dos da-
cesso, cabendo ao seu representante legal reque- nos causados pela infração, considerando os pre-
rer as medidas cabíveis nos moldes da Lei Maria juízos sofridos pelo ofendido;
da Penha.
Uma dimensão importante do direito à reparação
Devem ser tomadas medidas para minimizar, tanto tem a ver com o impacto da violência na vida das
quanto possível, as dificuldades encontradas pelas pessoas, seu sustento, condições de vida e desen-
Francisco
vítimas, proteger a sua vida privada e garantir a sua Christian
volvimento. Dentre as tantas medidas possíveis de
segurança, bem como a da sua família e a das suas serem asseguradas para as vítimas, encontram-se,
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testemunhas. Isto é, durante as tomadas de decla- por exemplo, o atendimento à saúde física e men-
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tal, incluindo o acompanhamento psicológico e o
rações e depoimentos ou em quaisquer outras cir-
cunstâncias, deve ser realizado em espaços ade- acesso a cirurgias reparadoras de danos estéticos
quados e que contribuam para a privacidade, con- decorrentes da violência sofrida, entre outras medi-
fidencialidade e a segurança dos envolvidos; As in- das que devem ser avaliadas caso a caso e de
formações coletadas, sobretudo aquelas que tra- acordo com a legislação vigente.
tam de aspectos íntimos da vida
da vítima, devem ser protegidas para que não se Indenização
tornem públicas, sobretudo pela exploração midiá-
Quando não seja possível obter do delinquente ou
tica dos casos; E, antes de qualquer coisa deve-se
de outras fontes uma indenização completa, os Es-
evitar o emprego de linguagem discriminatória e
tados devem procurar assegurar uma indenização
questionamentos eivados por juízos de valor que
financeira:
questionem hábitos, atitudes ou comportamentos
da vítima, ou responsabilizem a vítima pela violên- • Às vítimas que tenham sofrido um dano cor-
cia sofrida. poral ou um atentado importante à sua inte-
gridade física ou mental, como consequên-
E não menos importante deve ser oportunizados os
cia de atos criminosos graves;
meios extrajudiciários de solução de diferendos, in-
cluindo a mediação, a arbitragem e as práticas de
• À família, em particular às pessoas a cargo
direito consuetudinário ou as práticas autóctones
das pessoas que tenham falecido ou que te-
de justiça, devem ser utilizados, quando se revelem
nham sido atingidas por incapacidade física
adequados, para facilitar a conciliação e obter a re-
ou mental como consequência da vitimiza-
paração em favor das vítimas. Entretanto, esses
ção.
mecanismos não podem ser utilizados em qualquer
caso, mas apenas quando se revelarem adequa- Nesse sentido, o STJ entende, inclusive, que “a in-
dos. denização por dano moral não é preço matemático,
mas sim compensação parcial, aproximativa, pela
dor injustamente provocada” (RE n°.409.518 – BA).

129
Obtenção de serviços contra alguém em situação de vulnerabilidade de-
vido a sua identidade de gênero ou orientação se-
As vítimas devem receber a assistência material, xual. Importante destacar que nem todo ato contra
médica, psicológica e social de que necessitem, a mulher é violência de gênero, isso por que para
através de organismos estatais, de voluntariado, que uma agressão seja classificada como violência
comunitários e autóctones; devem ser informadas de gênero deve ser direcionada a vítima em razão
da existência de serviços de saúde, de serviços so- de sua identificação sexual ou de gênero.
ciais e de outras formas de assistência que lhes
possam ser úteis, e devem ter fácil acesso a esses Outro instituto que se desenvolve dentro deste
serviços. conceito de gênero é a identidade de gênero, que
se traduz na percepção subjetiva que a pessoa tem
de si mesmo, podendo identificar-se como do gê-
nero masculino, feminino, ou alguma combinação
entre os gêneros. É a identificação que a pessoa
tem de si para o mundo.

IDENTIDADE DE GÊNERO
DIVERSIDADE SEXUAL
Cisgênero
Pessoa cuja identidade de gênero está ali-
Conceitos
nhada ao seu sexo biológico. Por ex., aquelas que
Diversidade sexual é um conceito amplo que são biologicamente mulheres e possuem identi-
envolve expressões de sexualidade, sexo bioló- dade de gênero feminina;
gico, identidade de gênero e orientação sexual.
Transgênero
Francisco
Conceito que foi alterado ao longo dos anos, em Christian
decorrência das transformações sociais. Descreve pessoas que transitam entre os gê-
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Atualmente, os conceitos de sexo, gênero não re- neros.
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presentam o mesmo significado. Agênero (não binário)
Sexo Pessoa que não se identifica ou não se sente
O sexo biológico é entendido como um ele- pertencente a nenhum gênero.
mento da natureza, sendo um conjunto de informa-
ções cromossômicas, órgãos genitais e reproduto- ORIENTAÇÃO SEXUAL
res, com características fisiológicas e secundárias
distinguidas pela medicina, diferenciando os cor-
A orientação sexual trata-se de uma atração
pos entre “machos” e “fêmeas”.
afetiva e/ou sexual que uma pessoa se manifesta
Gênero em relação à outra.
Gênero é uma construção social, a forma pela As orientações são diversas, vejamos:
qual os indivíduos se identificam, podendo estar ou
Heterossexual
não de acordo com seu sexo e ainda extrapolar a
binaridade homem/mulher. Consiste no conjunto Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexu-
de aspectos sociais, culturais, políticos relaciona- almente por pessoas do sexo/gênero oposto.
dos a diferenças percebidas entre os papéis mas- Homossexual
culinos e femininos em uma sociedade. Por ser
Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexu-
uma construção social e também cultural, não nas-
almente por pessoas do mesmo sexo/gênero
cem com a pessoa e, não, necessariamente, rela-
cionam-se com o sexo biológico. Bissexual
Dentro deste conceito é interessante mencio- Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou sexu-
narmos alguns pontos relacionados a “violência de almente por pessoas de ambos os sexos/gêneros.
gênero”, que se define como qualquer tipo de Assexual
agressão física, psicológica, sexual ou simbólica

130
É um indivíduo que não sente nenhuma atra- Além de uma questão cultural, ainda presente
ção sexual, seja pelo sexo/gênero oposto ou pelo em vários contextos, de perseguição e violação de
sexo/gênero igual. direitos de todo gênero à comunidade LGBTI, há
ainda questões políticas que fomentam a violência
e a perseguição a esses grupos, em flagrante des-
DISCRIMINAÇÃO POR ORIENTAÇÃO respeito aos princípios e normas do contemporâ-
SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO E O neo direito internacional público.
CRIME DE RACISMO De fato, em pleno século XXI ainda existem pa-
íses, como Uganda, que promulgam leis que pre-
veem pena de prisão perpétua para os que manti-
A discriminação e a violência perpetrada con- verem relação sexual com pessoa do mesmo sexo,
tra a comunidade lésbica, gay, bissexual, transe- ainda que a prática seja entre adultos e consentida,
xual, de travestis, transgêneros e intersexuais (co- bem como para os que “promoverem a homosse-
munidade LGBTI) vêm sendo sentida há vários xualidade” pela disseminação de material porno-
anos até os dias atuais, levando à preocupação gráfico ou pelo financiamento de grupos de direitos
crescente da sociedade internacional e dos orga- homossexuais, punindo ainda a “tentativa de ho-
nismos internacionais de proteção dos direitos hu- mossexualidade”, como tocar outra pessoa com a
manos. intenção de “cometer ato homossexual”.
Nesse sentido, a Comissão Interamericana de O que é mais espantoso é que não só Uganda,
Direitos Humanos tem constantemente reiterado senão outros 75 países criminalizam – pelas cha-
“sua preocupação com a situação de violência e madas “leis de sodomia” – indivíduos em razão de
discriminação contra pessoas LGBTI, ou que são sua orientação sexual ou identidade de gênero.
percebidas como tais na América, instando os Es-
A Corte Interamericana de Direitos Humanos
tados membros da OEA a adotarem medidas para
Francisco interpretou o conceito de igualdade no sentido de
prevenir, investigar e punir tais atos, e também para Christian
que ela “advém diretamente da natureza una do gê-
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eliminar as causas subjacentes dessa violência e
nero humano e é inseparável da dignidade essen-
discriminação, e a que coletem dados sobre esse
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cial da pessoa, diante da qual é incompatível toda
tipo de violência”, especialmente por constatar que
situação que, por considerar superior um determi-
“um grande número de casos por ela documenta-
nado grupo, venha a tratá-lo com privilégio; ou que,
dos evidencia requintes de crueldade e níveis ele-
por outro lado, por considerá-lo inferior, o trate com
vados de violência com base na percepção da ori-
hostilidade ou de qualquer forma o discrimine do
entação sexual e da identidade/expressão de gê-
gozo de direitos que se reconhecem a quem não se
nero”.
considera incluído em tal situação de inferioridade”.
Do mesmo modo, a Comissão tem expressado
Nesse sentido, diversos instrumentos interna-
sua preocupação com a violência e discriminação
cionais preveem a proteção à igualdade e à não
sofridas por jovens LGBTI em nosso Continente, os
discriminação de qualquer natureza entre seres hu-
quais constantemente enfrentam rejeição por suas
manos, abrangendo tanto o respeito à igualdade
famílias e comunidades que reprovam a sua orien-
sexual quanto o direito de constituir família.
tação sexual e identidade de gênero.
Perceba-se que o Pacto Internacional de Direi-
Para a Comissão, as “atitudes que tem a soci-
tos Civis e Políticos, em seu art. 2.º, prevê o dever
edade contra pessoas LGBT e intersex não podem
de o Estado respeitar tais direitos, consagrando
ser usadas como justificativa para promover leis e
uma “cláusula geral de não discriminação”. Por sua
políticas discriminatórias, perpetuar tratamentos
vez, o direito à proteção da família é previsto tanto
discriminatórios ou para não investigar, processar
pelo art. 17 da Convenção Americana de Direitos
e julgar os responsáveis por atos de violência con-
Humanos quanto pelo art. 23 do Pacto Internacio-
tra crianças e jovens LGBT e intersex”, devendo os
nal sobre Direitos Civis e Políticos, ambos dispondo
Estados “tomar medidas para superar estes pre-
que “a família é o elemento natural e fundamental
conceitos e estereótipos, através de iniciativas de
da sociedade e deve ser protegida pela sociedade
combate à discriminação nas escolas e por meio de
e pelo Estado”.
campanhas públicas de educação”.
Como se não bastasse, o Comitê de Direitos
Humanos da ONU, responsável por implementar a

131
aplicação do Pacto Internacional sobre Direitos Ci- sexo no registro civil, independentemente da cirur-
vis e Políticos, ao interpretar o art. 23 do PIDCP en- gia de transgenitalização ou da realização de trata-
tendeu que os tipos de união familiar são atual- mentos hormonais ou patologizantes.
mente múltiplos e que as diversas maneiras de se O Supremo Tribunal Federal deu provimento
constituir família devem ser respeitadas. ao recurso para reconhecer às pessoas transgêne-
Por fim, merecem destaque os chamados Prin- ras o direito subjetivo à alteração de seu prenome
cípios de Yogyakarta sobre a aplicação da legisla- e de sua classificação de gênero no registro civil,
ção internacional de direitos humanos relativa à ori- independentemente de procedimento cirúrgico de
entação sexual e identidade de gênero, elaborados redesignação. Determinou a averbação da informa-
no ano de 2007, na Indonésia, os quais constituem ção à margem no assento de nascimento, vedada
um evoluído mosaico de 29 princípios que sistema- a inclusão do termo “transexual”.
tizam os objetivos que os Estados devem perseguir Trata-se de mandado de injunção, cujo objeto
para proteger os direitos das pessoas pertencentes é a omissão do Congresso Nacional quanto ao seu
à comunidade LGBTI. dever de criminalização de condutas ofensivas,
Tais Princípios indicam aos Estados a maneira ameaçadoras e discriminatórias, em razão da ori-
pela qual devem aplicar as normas internacionais entação sexual e/ou identidade de gênero.
de proteção dos direitos humanos às questões de O Supremo Tribunal Federal julgou procedente
orientação sexual e identidade de gênero, compre- a ação para: (I) reconhecer a mora inconstitucional
endendo que ambas são essenciais à dignidade de do Legislativo e (II) determinar, com efeitos pros-
cada ser humano, e que, por isso, não podem ser pectivos, a aplicação da tipificação constante da Lei
objeto de qualquer discriminação. 7.716/1989, pertinente aos crimes de discrimina-
O Supremo Tribunal Federal recebeu a ADPF ção ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
como ADI e julgou procedentes ambas as ações, procedência nacional, à discriminação por orienta-
para o fim de excluir qualquer significado Francisco
que im- ção sexual e/ou identidade de gênero, até que se
Christian
peça o reconhecimento da união entre pessoas do venha legislar a respeito.
christianpet2002@gmail.com
mesmo sexo como entidade familiar, atribuindo- Trata-se de ação direta de inconstitucionali-
077.967.703-08
lhe, ainda, as mesmas regras e consequências ju- dade por omissão que tem por objeto a omissão do
rídicas inerentes à união estável heterossexual. Congresso Nacional na criminalização de condutas
Trata-se de arguição de descumprimento de homotransfóbicas.
preceito fundamental que tem como objeto o art. O Supremo Tribunal Federal conheceu parcial-
235 do Código Penal Militar. O Supremo Tribunal mente da ação e, em tal extensão, julgou proce-
Federal julgou parcialmente procedente a ação e dente o pedido para afirmar a inconstitucionalidade
declarou não recepcionados pela Constituição Fe- por omissão e determinar que, até que sobrevenha
deral os termos “pederastia ou outro”, bem como a norma a respeito, deve-se aplicar a condutas ho-
expressão “homossexual ou não”, constante do ca- motransfóbicas a Lei 7.716/1989, que tipifica os cri-
put do dispositivo, por conflitarem com o direito à mes resultantes de discriminação ou preconceito
liberdade de orientação sexual. de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio-
O Supremo Tribunal Federal deu provimento nal.
ao recurso e declarou o direito do recorrente à he- O Supremo Tribunal Federal julgou procedente
rança de seu companheiro, com base nos princí- o pedido formulado na ação, para declarar a in-
pios da dignidade da pessoa humana, da igual- constitucionalidade, formal e material, da referida
dade, da proporcionalidade, da vedação do retro- legislação, por usurpação da competência privativa
cesso, assim como tendo em vista a não hierarqui- da União para legislar a respeito de diretrizes e ba-
zação entre entidades familiares. ses da educação, do princípio da liberdade de
O Supremo Tribunal Federal julgou procedente aprender e de ensinar, e do dever estatal de com-
a ação e atribuiu ao dispositivo interpretação con- bate à discriminação por orientação sexual e de gê-
forme à Constituição e ao Pacto de São José da nero, entre outros.
Costa Rica, à luz dos direitos à dignidade, à honra Trata-se de ação direta de inconstitucionali-
e à liberdade, entre outros, para reconhecer aos dade que tem como objeto o art. 64, IV, da Portaria
transgêneros o direito à substituição de prenome e nº 158/2016 do Ministério da Saúde, e o art. 25,

132
XXX, “d”, da Resolução da Diretoria Colegiada da Art. 3o Os entes da Federação que aderirem
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA à Política Nacional para a População em Situação
(RDC nº 34/2014 da ANVISA). O Supremo Tribunal de Rua deverão instituir comitês gestores interse-
Federal julgou procedente a ação para declarar in- toriais, integrados por representantes das áreas re-
constitucionais os referidos dispositivos, por confi- lacionadas ao atendimento da população em situa-
gurarem indevida discriminação por orientação se- ção de rua, com a participação de fóruns, movimen-
xual e ofenderem a dignidade da pessoa humana e tos e entidades representativas desse segmento da
o direito à igualdade. população.
Trata-se de arguição de descumprimento de Art. 4o O Poder Executivo Federal poderá fir-
preceito fundamental que tem como objeto a aná-
mar convênios com entidades públicas e privadas,
lise do art. 3º, X, parte final, da Lei 3.468/2015 do
sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a
Município de Paranaguá (PR), que que veda o en-
execução de projetos que beneficiem a população
sino sobre gênero e orientação sexual.
em situação de rua e estejam de acordo com os
O Supremo Tribunal Federal julgou procedente princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Po-
o pedido formulado na ação, para declarar a in- lítica Nacional para a População em Situação de
constitucionalidade, formal e material, do disposi- Rua.
tivo em questão, uma vez que a norma compro-
Art. 5o São princípios da Política Nacional
mete o acesso de crianças, adolescentes e jovens
a conteúdos relevantes, pertinentes à sua vida ín- para a População em Situação de Rua, além
tima e social, em desrespeito à doutrina da prote- da igualdade e equidade:
ção integral. I - respeito à dignidade da pessoa humana;
II - direito à convivência familiar e comunitária;
III - valorização e respeito à vida e à cidadania;
Francisco Christian
IV - atendimento humanizado e universali-
christianpet2002@gmail.com
zado; e
077.967.703-08
V - respeito às condições sociais e diferenças
Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de origem, raça, idade, nacionalidade, gênero, ori-
para a População em Situação de Rua, a ser imple- entação sexual e religiosa, com atenção especial
mentada de acordo com os princípios, diretrizes e às pessoas com deficiência.
objetivos previstos neste Decreto.
Art. 6o São diretrizes da Política Nacional
Parágrafo único. Para fins deste Decreto, con- para a População em Situação de Rua:
sidera-se população em situação de rua o grupo
populacional heterogêneo que possui em comum a I - promoção dos direitos civis, políticos,
pobreza extrema, os vínculos familiares interrompi- econômicos, sociais, culturais e ambientais;
dos ou fragilizados e a inexistência de moradia con- II - responsabilidade do poder público pela sua
vencional regular, e que utiliza os logradouros pú- elaboração e financiamento;
blicos e as áreas degradadas como espaço de mo-
III - articulação das políticas públicas federais,
radia e de sustento, de forma temporária ou perma-
estaduais, municipais e do Distrito Federal;
nente, bem como as unidades de acolhimento para
pernoite temporário ou como moradia provisória. IV - integração das políticas públicas em cada
nível de governo;
Art. 2o A Política Nacional para a População
em Situação de Rua será implementada de forma V - integração dos esforços do poder público e
descentralizada e articulada entre a União e os de- da sociedade civil para sua execução;
mais entes federativos que a ela aderirem por meio VI - participação da sociedade civil, por meio
de instrumento próprio. de entidades, fóruns e organizações da população
Parágrafo único. O instrumento de adesão de- em situação de rua, na elaboração, acompanha-
finirá as atribuições e as responsabilidades a serem mento e monitoramento das políticas públicas;
compartilhadas. VII - incentivo e apoio à organização da popu-
lação em situação de rua e à sua participação nas

133
diversas instâncias de formulação, controle social, VIII - incentivar a criação, divulgação e dispo-
monitoramento e avaliação das políticas públicas; nibilização de canais de comunicação para o rece-
VIII - respeito às singularidades de cada terri- bimento de denúncias de violência contra a popu-
tório e ao aproveitamento das potencialidades e re- lação em situação de rua, bem como de sugestões
cursos locais e regionais na elaboração, desenvol- para o aperfeiçoamento e melhoria das políticas
vimento, acompanhamento e monitoramento das públicas voltadas para este segmento;
políticas públicas; IX - proporcionar o acesso das pessoas em si-
IX - implantação e ampliação das ações edu- tuação de rua aos benefícios previdenciários e as-
cativas destinadas à superação do preconceito, e sistenciais e aos programas de transferência de
de capacitação dos servidores públicos para me- renda, na forma da legislação específica;
lhoria da qualidade e respeito no atendimento deste X - criar meios de articulação entre o Sistema
grupo populacional; e Único de Assistência Social e o Sistema Único de
X - democratização do acesso e fruição dos Saúde para qualificar a oferta de serviços;
espaços e serviços públicos. XI - adotar padrão básico de qualidade, segu-
rança e conforto na estruturação e reestruturação
Art. 7o São objetivos da Política Nacional
dos serviços de acolhimento temporários, de
para a População em Situação de Rua: acordo com o disposto no art. 8o;
I - assegurar o acesso amplo, simplificado e XII - implementar centros de referência especi-
seguro aos serviços e programas que integram as alizados para atendimento da população em situa-
políticas públicas de saúde, educação, previdência, ção de rua, no âmbito da proteção social especial
assistência social, moradia, segurança, cultura, es- do Sistema Único de Assistência Social;
porte, lazer, trabalho e renda;
XIII - implementar ações de segurança alimen-
II - garantir a formação e capacitação perma- tar e nutricional suficientes para proporcionar
nente de profissionais e gestores para atuaçãoFrancisco
no Christian
acesso permanente à alimentação pela população
desenvolvimento de políticas públicas christianpet2002@gmail.com
intersetori- em situação de rua à alimentação, com qualidade;
ais, transversais e intergovernamentais direciona-
077.967.703-08
e
das às pessoas em situação de rua;
XIV - disponibilizar programas de qualificação
III - instituir a contagem oficial da população profissional para as pessoas em situação de rua,
em situação de rua; com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mer-
IV - produzir, sistematizar e disseminar dados cado de trabalho.
e indicadores sociais, econômicos e culturais sobre
Art. 8o O padrão básico de qualidade, segu-
a rede existente de cobertura de serviços públicos
à população em situação de rua; rança e conforto da rede de acolhimento temporário
deverá observar limite de capacidade, regras de
V - desenvolver ações educativas permanen- funcionamento e convivência, acessibilidade, sa-
tes que contribuam para a formação de cultura de lubridade e distribuição geográfica das unidades
respeito, ética e solidariedade entre a população de acolhimento nas áreas urbanas, respeitado o di-
em situação de rua e os demais grupos sociais, de reito de permanência da população em situação de
modo a resguardar a observância aos direitos hu- rua, preferencialmente nas cidades ou nos centros
manos; urbanos.
VI - incentivar a pesquisa, produção e divulga- § 1o Os serviços de acolhimento temporário
ção de conhecimentos sobre a população em situ- serão regulamentados nacionalmente pelas instân-
ação de rua, contemplando a diversidade humana cias de pactuação e deliberação do Sistema Único
em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de de Assistência Social.
gênero e geracional, nas diversas áreas do conhe-
cimento; § 2o A estruturação e reestruturação de servi-
ços de acolhimento devem ter como referência a
VII - implantar centros de defesa dos direitos necessidade de cada Município, considerando-se
humanos para a população em situação de rua; os dados das pesquisas de contagem da popula-
ção em situação de rua.

134
§ 3o Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Art. 16. Este Decreto entra em vigor na data
Social e Combate à Fome, por intermédio da Se- de sua publicação.
cretaria Nacional de Assistência Social, fomentar e
promover a reestruturação e a ampliação da rede
de acolhimento a partir da transferência de recur-
sos aos Municípios, Estados e Distrito Federal.
§ 4o A rede de acolhimento temporário exis-
tente deve ser reestruturada e ampliada para incen-
tivar sua utilização pelas pessoas em situação de
rua, inclusive pela sua articulação com programas
de moradia popular promovidos pelos Governos
Federal, estaduais, municipais e do Distrito Fede-
ral.
Art. 9. (Revogado).
Art.10. (Revogado).
Art.11. (Revogado).
Art.12. (Revogado).
Art.13. (Revogado).
Art.14. (Revogado).
Art. 15. A Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República Francisco
instituirá o Christian
christianpet2002@gmail.com
Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos
077.967.703-08
para a População em Situação de Rua, destinado
a promover e defender seus direitos, com as se-
guintes atribuições:
I - divulgar e incentivar a criação de serviços,
programas e canais de comunicação para denún-
cias de maus tratos e para o recebimento de suges-
tões para políticas voltadas à população em situa-
ção de rua, garantido o anonimato dos denuncian-
tes;
II - apoiar a criação de centros de defesa dos
direitos humanos para população em situação de
rua, em âmbito local;
III - produzir e divulgar conhecimentos sobre o
tema da população em situação de rua, contem-
plando a diversidade humana em toda a sua ampli-
tude étnico-racial, sexual, de gênero e geracional
nas diversas áreas;
IV - divulgar indicadores sociais, econômicos e
culturais sobre a população em situação de rua
para subsidiar as políticas públicas; e
V - pesquisar e acompanhar os processos ins-
taurados, as decisões e as punições aplicadas aos
acusados de crimes contra a população em situa-
ção de rua.

135
Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08

136
PROCESSO ADMINISTRATIVO NA
VISÃO MODERNA

Processo significa uma sequência de ações


que se sucedem para chegar a um determinado
ponto. Uma maneira sistemática de fazer as coi-
sas. É um meio, método ou maneira de conduzir
certas atividades. A administração é um processo,
posto que todos os administradores, independen-
temente de seus níveis ou funções, se engajam
continuamente em certas atividades inter-
PROCESSO ADMINISTRATIVO NA
relacionadas – como planejar, organizar, dirigir e
VISÃO DE FAYOL controlar – para alcançar os objetivos desejados.
Assim, o processo administrativo é o conjunto e
Conceito de administração sequência das funções administrativas.
Fayol define o ato de administrar como: pre- Segundo descreve Chiavenato (2003), quan-
ver, organizar, comandar, coordenar e controlar. do consideradas em um todo integrado, as fun-
As funções administrativas envolvem os elemen- ções administrativas formam o processo adminis-
tos da administração, isto é, as funções do admi- trativo. Quando consideradas isoladamente, o
nistrador: planejamento, a organização, a direção e o con-
Francisco
1. Prever: visualizar o futuro e traçar o pro- Christian
trole constituem funções administrativas.
grama de ação. christianpet2002@gmail.comPlanejamento
077.967.703-08Planejamento é o processo administrativo que
2. Organizar: constituir o duplo organismo
material e social da empresa. determina antecipadamente o que um grupo de
3. Comandar: dirigir e orientar o pessoal. pessoas deve fazer e quais as metas que devem
ser atingidas. O planejamento administrativo signi-
4. Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os
fica decidir adiantado o que deve ser feito para
atos e esforços coletivos.
alcançar determinado objetivo ou metas.
5. Controlar: verificar que tudo ocorra de Ele apresenta algumas características de co-
acordo com as regras estabelecidas e as ordens mo estabelecer um processo permanente e contí-
dadas.
nuo, que se preocupa com a racionalidade de to-
Esses são os elementos da administração mada de decisões, sendo voltado para o futuro
que constituem o chamado processo administrati- selecionando entre várias alternativas disponíveis
vo – são localizáveis no trabalho do administrador um curso de ação onde é sistêmico e interativo.
em qualquer nível ou área de atividade da empre- Organização
sa.
Segundo Chiavenato (2000), “a palavra orga-
Em outros termos, tanto o diretor, o gerente, o
nização denota todo empreendimento humano
chefe, como o supervisor – cada qual em seu res- moldado intencionalmente para atingir determina-
pectivo nível – desempenham atividades de previ- dos objetivos”.
são, organização, comando, coordenação e con-
trole, como atividades administrativas essenciais. De acordo com Chiavenato (2000), “a impor-
tância da organização entre outras é basicamente
a de agrupar pessoas e estruturar todos os recur-
sos organizacionais para atingir os objetivos pre-
determinados”.
Com a organização a empresa reúne e inte-
gra os recursos, define a estrutura de órgãos que

137
deverão administrá-los. Estabelecendo então a • É interativo: isto é, cada função administra-
divisão do trabalho por diferenciação, possibilita tiva interage com as demais, influenciando-as e
os meios de coordenar as diferentes atividades sendo por elas influenciada;
pela integração de seus setores e define os níveis • É iterativo: o processo administrativo é uma
de autoridade e de responsabilidade. sequência de passos que, embora não sejam rigi-
Verifica-se então que as empresas definem damente seguidos, formam o itinerário sujeito a
os seus domínios, objetivos que pretendem alcan- ajustamentos e correções, avanços e recuos, ao
çar e seu ambiente de atuação onde procuram a longo de sua implementação; e
sobrevivência e o crescimento, ou seja, “estabele- • É sistêmico: o processo não pode ser ana-
cem estratégias para melhor aproveitamento e lisado em cada uma de suas partes tomadas iso-
aplicação de seus recursos”. (Chiavenato, 2000). ladamente, mas em sua totalidade e globalidade.
Direção Para entender cada uma das funções administra-
Para Hampton (1990) direção designa o pro- tivas, é necessário conhecer todas as demais.
cesso pelo qual os gerentes procuram lidar com Nenhuma delas pode ser administrada sem uma
seus subordinados, liderando-os e comunicando- estreita vinculação com as outras.
se com eles. Os outros processos administrativos A imagem a seguir representa os passos bá-
– planejamento, organização e controle – podem sicos do Processo Organizacional.
ser vistos como interpessoais. Um gerente poderia
praticá-los sozinho em seu escritório. Porém, lide- "Administrar as relações com futuro"
rar, ou a liderança, é diferente. A liderança refere- Definir missão, objetivos, políticas e recursos.
se ao processo interpessoal por meio do qual um Planejar Avaliar a situação atual (interna e externa).
Formular planos (meios) para alcançar os
gerente procura influenciar os empregados para objetivos.
que eles cumpram as tarefas. A liderança aconte- Definir mecanismos de controle e avaliação.
ce não isoladamente, mas na inteiração. De todas
Francisco Christian "Dispor/Alocar os recursos em uma estru-
as funções da administração, a liderança parece tura que facilite a realização dos objetivos"
christianpet2002@gmail.com
Organizar Desenhar a estrutura organizacional e alocar
ser a mais estudada, e possivelmente a menos recursos.
compreendida.
077.967.703-08
Dividir o trabalho – especializar.
Agrupar atividades e cargos – departamentali-
Controle zar.
Definir hierarquia (autoridade) e responsabili-
Pressupõe em um trabalho coordenado, que dades.
facilite a troca de informações, estabelece princí- “Administrar pessoas para alcançar objeti-
pios de acordo com o programa adotado, a função vos”
administrativa do controle tem por objetivo medir e Dirigir Designar pessoas
Liderar, orientar, coordenar esforços
corrigir o desempenho dos subordinados para Incentivar, motivar
assegurar que os objetivos da organização e os Comunicar
planos estabelecidos possam ser alcançados. “Assegurar a realização de objetivos”
Controlar Definir padrões de desempenho.
A finalidade do controle e assegurar que os Monitorar o desempenho.
resultados do que foi planejado, organizado e diri- Comparar resultados com previsões – avaliar.
gido se ajustem tanto quanto possível aos objeti- Corrigir falhas e melhorar.
vos previamente estabelecidos. A essência do
controle está na veracidade se a atividade contro-
lada está ou não alcançando os objetivos determi-
nados e os resultados desejados.
Chiavenato (2004) aponta que o processo
administrativo apresenta as seguintes caracte-
rísticas básicas: 1. Conceito de planejamento
• É cíclico e repetitivo: o processo é perma- Chiavenato afirma que [...] O planejamento fi-
nente e contínuo e está sempre sendo completado gura como a primeira função administrativa, por
e repetido continuamente. Em cada ciclo, o pro- ser aquela que serve de base para as demais fun-
cesso tende a melhorar e aperfeiçoar-se continu- ções. [...] determina antecipadamente quais são
amente; os objetivos que devem ser atingidos e como se

138
deve fazer para alcançá-los. [...] começa com a se de gerar cenários alternativos para os estados
determinação dos objetivos e detalha os planos futuros das ações, analisando o que pode ajudar
necessários para atingi-los da melhor maneira ou prejudicar o progresso em relação aos objeti-
possível. (CHIAVENATO, 2004, p.126). vos.
Planejamento é a função administrativa que 4. Analisar as alternativas de ação: O quarto
define os objetivos e decide sobre os recursos e passo do planejamento é a busca e análise dos
tarefas necessárias para alcançá-los adequada- cursos alternativos de ação. Trata-se de relacionar
mente. A principal consequência do planejamento e avaliar as ações que devem ser empreendidas.
são os planos, estes não somente demonstram 5. Escolher um curso de ação entre as várias
uma organização bem sucedida na realização de alternativas: O quinto passo é selecionar o curso
suas metas e objetivos, como também funciona de ação adequada para alcançar os objetivos pro-
como verdadeiros guias ou balizamentos (OLI- postos. Trata-se de uma tomada de decisão, em
VEIRA, 2007). que se escolhe uma alternativa e se abandona as
Segundo Stoner e Fremann (1999, p. 136) demais. A alternativa escolhida se transforma em
planejamento “é o processo de estabelecer objeti- um plano para alcance dos objetivos.
vos e as linhas de ação adequada para alcançá- 6. Implementar o plano e avaliar os resulta-
los”. Já para Bateman e Snell (2009, p. 117) pla- dos: Fazer aquilo que o plano determina e avaliar
nejamento “é o processo consciente, sistemático cuidadosamente os resultados para assegurar o
de tomar decisões sobre metas e atividades que alcance dos objetivos, seguir através do que foi
um indivíduo, gruo, uma unidade de trabalho ou planejado e empreender as ações corretivas à
uma organização buscarão o futuro”. medida que se tornarem necessárias.
Resumo 2. Conceito de estratégia.
Planejar significa olhar para frente, visualizar A palavra estratégia tem origem grega. Pro-
Francisco
o futuro e o que deverá ser feito, elaborar bons Christian
vém de stratego, que significa literalmente a arte
planos, é ajudar as pessoas a fazerchristianpet2002@gmail.com
hoje as ações da liderança. Era utilizada para designar a função
necessárias para melhor enfrentar os desafios do
077.967.703-08
do chefe do exército. Durante vários séculos os
amanhã. Em outros termos o planejamento consti- militares utilizaram esta palavra para designar o
tui hoje um componente essencial em qualquer caminho que era dado à guerra, visando a vitória
tipo de organização ou atividade. militar. Assim, a elaboração de planos de guerra
Na lição de Chiavenato (2006), o planejamen- passou a ser denominada estratégia.
to pode ser considerado como um processo cons- [...] A estratégia é a ação ou o caminho mais
tituído de uma série sequencial de seis passos: adequado a ser executado para alcançar, prefe-
1. Definição dos objetivos: O primeiro passo rencialmente desafios e metas estabelecidos, no
do planejamento é o estabelecimento dos objeti- melhor posicionamento da empresa perante seu
vos que se pretende alcançar, ou seja, os objeti- ambiente. É importante procurar substabelecer
vos da organização devem orientar todos os prin- estratégias alternativas para facilitar as alterações
cipais planos, servindo de base os objetivos de- dos caminhos ou ações de acordo com as neces-
partamentais. Os objetivos devem especificar re- sidades (OLIVEIRA, 2007, p. 53).
sultados desejados e os pontos finais a que se CHIAVENATO e SAPIRO (2003, p. 41) con-
pretende chegar, para se conhecer quais os pas- ceitua o termo estratégia como “um padrão ou
sos intermediários para chegar lá. plano que integra as principais políticas, objetivos,
2. Verificação da situação atual em relação metas e ações da organização”. Nessa mesma
aos objetivos: Simultaneamente à definição dos linha de raciocínio CHIAVENATO e SAPIRO
objetivos deve-se avaliar a situação atual em con- (2003, p. 41) descreve que “uma boa estratégia
traposição aos objetivos desejados, verificar onde pode assegurar a melhor alocação dos recursos
se está e o que precisa ser feito. em antecipação aos movimentos, planejados ou
3. Desenvolver premissas quanto às condi- não, dos oponentes ou às circunstancias do ambi-
ções futuras: Premissas constituem os ambientes ente”.
esperados dos planos em operação. Como a or-
ganização opera em ambientes complexos. Trata-

139
CARACTERÍSTICAS DO ve para guiar a ação organizacional por um prazo
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, TÁTICO de três a cinco anos.
E OPERACIONAL: Portanto, Planejamento estratégico, pode ser
conceituado como um processo continuado e
Planejamento estratégico adaptativo por meio do qual uma organização de-
fine (e redefine) sua missão, seus objetivos e suas
De acordo com Bateman e Snell (2009, p. metas, escolhe as estratégias e meios para atingi-
121) planejamento estratégico é o “conjunto de las em um determinado período de tempo, através
procedimentos para tomada de decisão sobre os de constante influência com o ambiente externo
objetivos e as estratégias de longo prazo” (MEYER JUNIOR, 1988).
Para Peter Drucker (apud Stoner, 1985, p.86) Planejamento tático
o planejamento estratégico é no campo de sua
eficácia e eficiência identificada como fazer a coi- O planejamento tático tem como finalidade
sa certa em relação a seleção de seus objetivos e melhorar determinada área de resultado e não a
depois na determinação de como atingi-los, pois, empresa como um todo, trabalhando com decom-
se não observados podem influenciar demasia- posições dos objetivos, estratégias e políticas es-
damente na sobrevivência e no crescimento de tabelecidas no planejamento estratégico (OLIVEI-
uma organização. RA, 2004).

Segundo Oliveira (2004) planejamento estra- Conforme Bateman e Snell (2009, p. 122)
tégico é o processo administrativo que estabelece planejamento tático é o “conjunto de procedimen-
a melhor direção a ser adotada pela empresa, tos para traduzir objetivos estratégicos abrangen-
visando otimizado grau de interação com os am- tes em objetivos e planos específicos relevantes
bientes externo e interno, operando de forma ino- para determinada parte da organização”.
vadora e diferenciada, sendo capaz de influenciar De acordo com Pereira (2010, p.54) o plane-
todos da empresa.
Francisco
Christian
jamento tático:
christianpet2002@gmail.com
Conforme Schermerhorn (2008, p.144) plano
077.967.703-08Relaciona-se com os objetivos de médio
estratégico “identifica diretrizes de longo prazo prazo;
para a organização”
Tem por finalidade otimizar determinada
O planejamento estratégico é de forma geral área de resultado e não a organização como um
entendido como um processo no qual a instituição todo;
determina seu futuro desejado e as formas efeti-
Trabalha com decomposições das estraté-
vas de fazê-lo acontecer (ANSOFF; MCDON-
gicas e ações estratégicas estabelecidas no pla-
NELL, 1993).
nejamento estratégico;
Pereira (2010, p.47) assegura que Planeja-
É de responsabilidade da administração de
mento estratégico:
nível médio.
“é um processo que consiste na análise dos
Assim, o planejamento tático é o planejamen-
pontos fortes (competências) e fracos (incompe-
to focado no médio prazo e que enfatiza as ativi-
tências ou possibilidades de melhorias) da organi-
dades correntes das várias unidades ou departa-
zação e das oportunidades e ameaças do ambien-
mentos da organização. O médio prazo é definido
te externo, com o fim de formular (formar) estraté-
como o período que se estende por um ano. O
gias e ações estratégicas com a intenção de au-
administrador utiliza o planejamento tático para
mentar a competividade e seu grau de resolutivi-
delinear o que as várias partes da organização,
dade¨.
como departamentos ou divisões, devem fazer
O planejamento estratégico é um processo para que a organização alcance sucesso no de-
organizacional compreensivo de adaptação atra- correr do período de um ano de seu exercício. Os
vés da aprovação, tomada de decisão e avaliação. planos táticos geralmente são desenvolvidos para
Procura responder a questões básicas, como: por as áreas de produção, marketing, pessoal, finan-
que a organização existe, o que ela faz e como ças e contabilidade. Para ajustar-se ao planeja-
faz. O resultado do processo é um plano que ser- mento tático, o exercício contábil da organização e

140
os planos de produção, de vendas, de investimen- quotidianas da organização. Refere-se especifi-
tos etc. abrangem geralmente o período anual. camente às tarefas e operações realizadas no
Os planos táticos geralmente envolvem: nível operacional. Como está inserido na lógica de
sistema fechado, o planejamento operacional está
1. Planos de produção: Envolvendo métodos voltado para a otimização e maximização de resul-
e tecnologias necessárias para as pessoas em tados, enquanto o planejamento tático está volta-
seu trabalho, arranjo físico do trabalho e equipa- do para a busca de resultados satisfatórios..
mentos como suportes para as atividades e tare-
fas. O planejamento operacional é constituído de
uma infinidade de planos operacionais que prolife-
2. Planos financeiros: Envolvendo captação e ram nas diversas áreas e funções dentro da orga-
aplicação do dinheiro necessário para suportar as nização. Cada plano pode consistir em muitos
várias operações da organização. subplanos com diferentes graus de detalhamento.
3. Planos de marketing: Envolvendo os requi- No fundo, os planos operacionais cuidam da ad-
sitos de vender e distribuir bens e serviços no ministração da rotina para assegurar que todos
mercado e atender ao cliente. executem as tarefas e operações de acordo com
os procedimentos estabelecidos pela organização,
4. Planos de recursos humanos: Envolvendo
a fim de que esta possa alcançar os seus objeti-
recrutamento, seleção e treinamento das pessoas
vos. Os planos operacionais estão voltados para a
nas várias atividades dentro da organização. Re-
eficiência (ênfase nos meios), pois a eficácia (ên-
centemente, as organizações estão também se
fase nos fins) é problema dos níveis institucional e
preocupando com a aquisição de competências
intermediário da organização.
essenciais para o negócio através da gestão do
conhecimento corporativo. Apesar de serem heterogêneos e diversifica-
dos, os planos operacionais podem ser classifica-
Contudo, os planos táticos podem também se
dos em quatro tipos, a saber:
Francisco Christian
referir à tecnologia utilizada pela organização
(tecnologia da informação, tecnologia de produção 1. Procedimentos: São os planos operacio-
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etc.), investimentos, obtenção de recursos etc. nais relacionados com métodos.
077.967.703-08
Planejamento Operacional 2. Orçamentos: São os planos operacionais
relacionados com dinheiro.
Para Bateman e Snell (2009, p.122) planeja-
mento operacional é o “processo de identificar 3. Programas (ou programações): São os pla-
procedimentos e processos específicos requeridos nos operacionais relacionados com o tempo.
nos níveis mais baixos de uma organização”. 4. Regulamentos: São os planos operacionais
O planejamento operacional pode ser verifi- relacionados com comportamentos das pessoas.
cado como uma formalização dos dois anteriores, Resumidamente, encontram-se abaixo as de-
através de documentos escritos, das metodologias finições destes níveis de planejamento.
de desenvolvimento e implantação estabelecidas
(OLIVEIRA, 2004) O nível de influência operacio-
nal importa nas estratégias táticas, ou ações to- PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
madas por partes menores de uma empresa, que
se adaptam aos instrumentos administrativos bá- Planejamento estratégico é um conjunto de
sicos para o dia a dia do executivo, visto que en- atividades realizadas por meio de análise do que
foca em um curto prazo, abordando apenas uma foi feito no passado, idealizando-se, assim, um
tarefa, ou uma operação (KICH; PEREIRA, 2011). objetivo adequado para o futuro. É uma ferramen-
ta de trabalho que facilita para as organizações
Assegura Stoner e Fremann (1999, p.166)
lidarem com situações de mudanças.
que plano operacional é o “plano que descreve os
detalhes necessários para se incorporar a estraté- O planejamento estratégico envolve vários fa-
gia nas operações do dia a dia”. tores, que devem ser pensados de forma a alcan-
çar o que a empresa deseja. Deve-se, então, pla-
O planejamento operacional é focalizado para
nejar o que deve ser feito, como deve ser feito,
o curto prazo e abrange cada uma das tarefas ou
quando, quanto, para quem, por que, por quem e
operações individualmente. Preocupa-se com “o
onde (AMORIM, 2012).
que fazer” e com o “como fazer” as atividades

141
Tudo que for realizado no planejamento para O planejamento estratégico é um processo
a empresa deve decorrer de decisões presentes e de construção de consenso. Devido à diversidade
que irão surtir efeito no futuro. É uma atividade dos interesses e necessidades dos parceiros en-
que analisa a organização como um todo, verifica volvidos, o planejamento deve oferecer um meio
quais são suas oportunidades e ameaças, por de atender a todos na direção futura que melhor
meio de estudos sobre seus pontos fortes e fra- convenha para que a organização possa alcançar
cos, buscando criar métodos corretos a serem seus objetivos. Para isso, é preciso aceitação am-
seguidos pela organização, a fim de executar a pla e irrestrita para que o planejamento estratégi-
missão da empresa e fazer com que a empresa co possa ser realizado através dessas pessoas
siga na direção do que ela pretende ser (OLIVEI- em todos os níveis da organização.
RA, 2004). O planejamento estratégico é uma forma
A criação do planejamento estratégico da de aprendizagem organizacional. Por estar orien-
empresa é uma atividade complexa, posto que se tado para a adaptação da organização ao contex-
trata de uma atividade que determina os estados to ambiental, o planejamento constitui uma tentati-
futuros e a avaliação das ações realizadas pela va constante de aprender a ajustar-se a um ambi-
empresa para se alcançar os objetivos. É um pro- ente complexo, competitivo e suscetível a mudan-
cesso contínuo. Entretanto, não segue a mesma ças.
linha, já que a empresa sofre várias influências
internas e externas, sobre as quais, muitas vezes,
ETAPAS DO PLANEJAMENTO
ela não pode interferir (CHIAVENATO e SAPIRO,
2009). ESTRATÉGICO

No entanto, Matos e Chiavenato (1999) lecio- As etapas do planejamento estratégico repre-


nam que o planejamento estratégico apresenta sentam uma verdadeira polêmica. Não há um
cinco características fundamentais: consenso entre os autores.
Francisco Christian
O planejamento estratégico está relaciona-
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Para Maximiano, o planejamento estratégi-
do com a adaptação da organização a um ambi- co é uma sequência de análises e decisões
077.967.703-08
ente mutável: Ou seja, sujeito à incerteza a respei- que compreende os seguintes componentes
to dos eventos ambientais. Por se defrontar com a principais:
incerteza tem suas decisões baseadas em julga-
mentos e não em dados concretos. Reflete uma - Entendimento da missão. (Em que ponto es-
orientação externa que focaliza as respostas ade- tamos?)
quadas às forças e pressões que estão situadas - Análise do ambiente externo. (Quais são as
do lado de fora da organização. ameaças e oportunidades do ambiente?)
O planejamento estratégico é orientado pa- - Análise do ambiente interno. (Quais são os
ra o futuro: Seu horizonte de tempo é o longo pra- pontos fortes e fracos dos sistemas internos da
zo. Durante o curso do planejamento, a conside- organização?)
ração dos problemas atuais é dada em função dos
- Definição do plano estratégico. (Para onde
obstáculos e barreiras que eles possam provocar
devemos ir? O que devemos fazer para chegar
para um almejado lugar no futuro.
lá?)
O planejamento estratégico é compreensi-
Por seu turno, Chiavenato descreve sete
vo: Ele envolve a organização como uma totalida-
etapas do planejamento estratégico:
de, abarcando todos os seus recursos, no sentido
de obter efeitos sinergéticos de todas as capaci- - Determinação dos objetivos;
dades e potencialidades da organização. A res- - Análise ambiental externa;
posta estratégica da organização envolve um
comportamento global, compreensivo e sistêmico. - Análise organizacional interna;
A participação das pessoas é fundamental nesse - Formulação de alternativas;
aspecto, pois o planejamento estratégico não de- - Elaboração do planejamento;
ve ficar apenas no papel, mas na cabeça e no
coração de todos os envolvidos. São eles que o - Implementação e execução;
realizam e o fazem acontecer. - Avaliação dos resultados.

142
Ademais, Djalma Rebouças de Oliveira, realização de suas atividades, sua estrutura e os
dispõe que o planejamento estratégico com- processos de se conquistar os objetivos propos-
põe-se por quatro fases básicas: tos. Após isso, é feita uma avaliação dos dados e
Fase I – Diagnóstico estratégico – também será possível verificar se há problemas na estra-
denominada auditoria de posição, deve-se deter- tégia da empresa ou se está tudo de acordo para
minar “como se está”. As pessoas representativas uma gestão adequada (OLIVEIRA, 2004).
devem analisar os aspectos inerente à realidade Para a elaboração do diagnóstico estratégico
interna e externa da empresa. Essa fase pode ser são necessárias várias análises, tais como: a
dividida em cinco etapas básicas: (a) identificação identificação da missão empresarial, visão, análise
da visão; (b) identificação dos valores; (c) análise do ambiente em que a empresa está inserida, o
externa; (d) análise interna; e (e) análise dos con- estabelecimento dos seus objetivos e, posterior-
correntes. mente, elaborar as ações estratégicas a serem
Fase II – Missão da empresa – nesse mo- seguidas (AMORIM, 2012).
mento, deve ser estabelecida a razão de ser da É a partir do diagnóstico estratégico que o
empresa, bem como o seu posicionamento estra- executivo saberá quais as prioridades de ação,
tégico. Essa fase divide-se em cinco etapas: (a) que dará um direcionamento para a organização
estabelecimento da missão da empresa; (b) esta- saber por onde começar para se alcançar o que
belecimento dos propósitos atuais e potenciais; (c) deseja (CHIAVENATO e SAPIRO, 2009).
estruturação e debate de cenários; (d) estabele- Conceito de missão
cimento da postura estratégica; e (e) estabeleci-
mento das macroestratégias e macropolíticas; “A missão é a razão de ser da empresa. Nes-
se ponto procura-se determinar qual o negócio da
Fase III – Instrumentos prescritivos e quantita- empresa, por que ela existe, ou, ainda, em que
tivos – nessa fase, deve-se estabelecer “de onde tipos de atividades a empresa deverá concentrar-
se quer chegar” e de “como chegar na situação Christian
Francisco se no futuro. Aqui se procura responder á pergun-
que se deseja”. Assim, pode-se christianpet2002@gmail.com
dividi-la em dois ta básica: “Aonde se quer chegar com a empresa?
instrumentos perfeitamente interligados: (a) ins- ” OLIVEIRA (2007, p.126).
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trumentos prescritivos (explicitação do que deve
ser feito pela empresa); e (b) instrumentos quanti- CHIAVENATO e SAPIRO (2003, p. 56) des-
tativos (projeções econômico-financeiras do pla- creve o conceito de missão é que a declaração
nejamento orçamentário); da “missão (mission statement) de uma organiza-
ção incorpora o mercado nas considerações sobre
Fase IV – Controle e avaliação – deve verifi- a concretização da visão de negócios.
car “como a empresa está indo” para a situação
desejada. A missão deve estar clara a todos os inte-
grantes da organização, ela deve ser entendida
como uma identificação a ser seguida. Ao estipu-
COMPONENTES/ELEMENTOS DO
lar a missão da empresa, os gestores devem se
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO atentar para os diversos fatores que compõem o
desenvolvimento de sua missão, ela deve ser fo-
Diagnóstico estratégico calizada no sentido da satisfação das necessida-
O diagnóstico é um estudo detalhado de toda des dos clientes, uma vez que, a satisfação do
a organização, tanto estudo interno, quanto exter- cliente trará benefícios para a empresa e ela con-
no da empresa. A estratégia empresarial será cri- seguirá o sucesso. A missão deve ser capaz de
ada por meio de uma análise de todos os pontos refletir as aptidões essenciais da empresa, devem
fortes, fracos e oportunidades e ameaças que a ser compreensíveis por todos, realistas e motiva-
empresa tiver, a fim de diagnosticar qual é a real doras, cativando os envolvidos a cumprirem com o
situação da empresa perante o ambiente em que determinado (OLIVEIRA, 2004).
se encontra (TAVARES, 2010). Entendemos que a Missão é o horizonte ao
Um eficiente diagnóstico irá estudar a compe- qual a organização prevê seu futuro, sendo a ra-
titividade da organização, seu portfólio de produ- zão do existir no qual o gestor, no processo de
tos e serviços, o grau de vulnerabilidade em rela- elaboração da missão deverá responder as se-
ção às ameaças, os recursos disponíveis para a guintes perguntas: Quem somos? Por que existi-

143
mos? Quais são as necessidades que satisfazem cionamento da empresa e em que a organização
na sociedade? pode transformar-se.
Sabendo-se aonde chegar com a empresa, A visão da empresa pode ser conceituada das
deve-se estabelecer o caminho que a organização seguintes formas:
se propõe a fazer e assim com as lideranças rela- Articulação das aspirações de uma empre-
cionadas a cada setor mostrar aos colaboradores sa a respeito do seu futuro (Hart, 1994:8);
o por que a organização existe, o que é proposto
para empresa fazer e para quem executar servi- Clara e permanente demonstração, para a
ços de qualidade, assim interagindo e seduzido comunidade, da natureza e da essência da em-
principal alvo, o cliente, de forma que, o mesmo presa em termos de seus propósitos, do escopo
se sinta acolhido e retorne aquela instituição. do negócio e da liderança competitiva, para prover
a estrutura que regula as relações entre a empre-
Conforme OLIVEIRA (2008), Missão é a ma- sa e os principais interessados e para os objetivos
neira de determinar os valores, crenças, ou áreas gerais de desempenho da empresa (Hax e Majluf,
básicas de atuação, conforme filosofias e tradi- 1984:17)
ções da empresa.
Algo que se vislumbre para o futuro dese-
Conceito de visão jado da empresa (Quigley, 1993:4);
A visão relaciona-se diretamente com os obje- Idealização de um futuro desejado para a
tivos gerais, de longo prazo, descrevendo as aspi- empresa (Collins e Porras, 1993:10)
rações da Instituição para o futuro, sem especifi-
car os meios para alcançá-las. É o que se espera Afirma-se também que a visão expressa a
ser num determinado tempo e espaço. Descreve o previsão da alta direção de como a empresa deve
que a organização quer realizar objetivamente nos estar durante certo período, por exemplo, daqui a
próximos anos da sua existência, normalmente a 10 anos. Deve ser elaborada pela alta direção, e
longo prazo. Francisco Christian
deve ser criada observando o mercado em que se
insere e os valores e princípios que a organização
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A visão com mais efeito é aquela que cria deseja chegar. A visão também deve ser divulga-
077.967.703-08
inspiração e esta inspiração é normalmente querer da por toda a empresa.
mais, melhor e maior. Assim, ela deve ser ambici-
osamente voltada para o futuro e simultaneamen- Essa visão precisa ser respiradora para todos
te inspiradora, clara, concisa, coerente com a mis- os membros da organização, ou seja, uma ponte
são, de modo a que todos a compreendam e a norteadora do compromisso organizacional em
sintam. A visão deve, ainda, ser suficientemente prol do futuro a ser alcançado.
atrativa e constituir um desafio, ao mesmo tempo,
atingível, por forma a motivar todos os colabora- CENÁRIOS
dores.
Descrevo que a Visão é a explicitação do que Refere-se à etapa de diagnóstico estratégico,
se realiza para alcançar um determinado objetivo considerando variáveis do ambiente interno e ex-
organizacional no futuro, sendo o desejo e a in- terno à organização, referenciais obrigatórios para
tenção do direcionamento da instituição. a definição de estratégias e objetivos.
A visão, literalmente, significa uma imagem. A ferramenta mais utilizada para a definição
Visão de negócio ou visão organizacional ou, ain- de cenários é a matriz de análise SWOT. O termo
da, visão de futuro é o sonho acalentado pela or- vem do inglês e representa as iniciais das pala-
ganização. É a imagem com a qual ela se vê no vras Strenghts (forças), Weaknesses (fraquezas),
futuro. É a explicação do por que, diariamente, Opportunities (oportunidades) e Threats (amea-
todos se levantam e dedicam a maior parte dos ças).
seus dias ao sucesso da organização onde traba-
A análise de cenário se divide em ambiente
lham, onde investem ou fazem negócios (CHIA-
interno (Forças e Fraquezas) e ambiente externo
VENATO e SAPIRO 2009, p. 87).
(Oportunidades e Ameaças). As forças e fraque-
BATEMAN (2006, P. 125) relata que “a visão zas são determinadas pela posição atual da em-
estratégica vai além da declaração da missão pa- presa e se relacionam, quase sempre, a fatores
ra promover uma perspectiva em relação ao dire- internos. Já as oportunidades e ameaças são an-

144
tecipações do futuro e estão relacionadas a fato- FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO
res externos.
O ambiente interno pode ser controlado pe- Fatores críticos de sucesso (do inglês Critical
los dirigentes da empresa, uma vez que ele é re- Success Factors - CSF) são os fatores que defi-
sultado das estratégias de atuação definidas pelos nem o sucesso ou o fracasso de uma empresa.
próprios membros da organização. Desta forma, São pontos sobre os quais você deve redobrar a
durante a análise, quando for percebido um ponto atenção, pois não se pode falhar. Quando bem
forte, ele deve ser ressaltado ao máximo; e quan- definidos, os fatores críticos de sucesso tornam-se
do for percebido um ponto fraco, a organização ponto de referência para as pessoas que admiram
deve agir para controlá-lo ou, pelo menos, minimi- o seu trabalho, os seus produtos/serviços.
zar seu efeito. Conceito de objetivo
Já o ambiente externo está totalmente fora Os objetivos são resultados a serem alcança-
do controle da organização. Mas, apesar de não dos pela instituição no contexto de seu ambiente
poder controlá-lo, a empresa deve conhecê-lo e para concretizar a sua visão do futuro e cumprir
monitorá-lo com frequência, de forma a aproveitar sua missão. Segundo a norma ISO 9001, os obje-
as oportunidades e evitar as ameaças. Evitar tivos devem ser consistentes com a política e
ameaças nem sempre é possível, no entanto po- comprometidos com a melhoria contínua, e seus
de-se fazer um planejamento para enfrentá-las, resultados devem ser mensuráveis e atingíveis.
minimizando seus efeitos.
OLIVEIRA (2007, p.159) também define Obje-
Conceito de valores tivo como:
São ideias fundamentais em torno das quais Objetivo é o alvo ou ponto quantificado, com
se constrói a organização. Representam as con- prazo de realização e responsável estabelecidos,
vicções dominantes, as crenças básicas, aquilo que se pretende atingir através de esforço extra.
Francisco
em que as pessoas da organização acreditam. Os Christian
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valores permeiam todas as atividades e relações Esse aspecto, também, está relacionado ao
com os clientes. Os valores descrevem 077.967.703-08
como a fato de o objetivo poder ter dois tipos básicos de
organização pretende atuar no cotidiano enquanto valor:
busca realizar sua visão. Instrumental: permite a obtenção ou reten-
Os valores são elementos motivadores que ção de algo de valor. Como exemplo, pode-se
direcionam as ações das pessoas na organização, citar a situação da empresa que tem como objeti-
contribuindo para a unidade e a coerência do tra- vo aumentar o volume de vendas e manter a atual
balho. Sinalizam o que se persegue em termos de participação de mercado diante de seus concor-
padrão de comportamento de toda a equipe de rentes;
colaboradores na busca da excelência. Estilístico: tem o valor por si mesmo. Como
Conceito de negócio exemplo pode-se ter o objetivo de diversificação,
que reflete um estilo de administração.
Aponta a área de atuação à qual a organiza-
ção pública ou empresa privada quer se dedicar, Logo, a missão, a visão e objetivo devem ser
considerando o universo de possibilidades exis- usadas de forma que conquista não só os colabo-
tentes no ambiente empresarial em que se insere. radores da empresa mas também seus clientes,
tornando assim uma empresa competitiva no mer-
Exemplos: cado.
O negócio da IBM é informação; Metas e Indicadores
O da Xerox é automação de escritórios; Indicadores são formas de representação
O dos estúdios de Hollywood é entretenimen- quantificáveis de características de produtos e
to. processos, utilizadas para acompanhar e melhorar
os resultados e o desempenho da organização ao
longo do tempo. A partir dos indicadores são tra-
çadas as metas, que representam os resultados a
serem alcançados para atingir os objetivos pro-
postos. Elas podem ser definidas, ainda, como o

145
padrão ideal de desempenho a ser alcançado ou ção das forças e fraquezas da organização com
mantido. as oportunidades e ameaças do mercado.
O estabelecimento de metas permite um me- ULRICH (2002, p. 212) finaliza a contextuali-
lhor controle dos resultados, pois as mesmas de- zação mencionando:
vem ser observáveis, quantificadas por meio dos A análise SWOT é uma das técnicas mais uti-
indicadores, conter prazos de execução e defini- lizadas em investigação social, quer na elabora-
ção de responsabilidade. É importante frisar que a ção de diagnósticos, quer em análise organizacio-
definição das metas deve estar focada na análise nal ou elaboração de planos. No entanto a sua
das necessidades, expectativas e satisfação do utilização, nem sempre se traduz em contributos
cliente. efetivos para os processos, sendo que, muitas
Características das metas: vezes, ela surge mais como um ritual ou uma ten-
- desafiantes, para estimular os executores; tativa desprovida de conteúdo real, de sermos
mais científicos ou técnicos nos processos de pla-
- significado particular à organização, geran- nejamento e/ou avaliação. Na realidade, devido a
do comprometimento e motivação; sua aparente simplicidade, esta técnica emergiu
- relevantes, importantes para o alcance dos como uma das preferidas por técnicos de todas as
objetivos; áreas.
- claras, precisam evitar ambiguidades e to- Os pontos fracos e fortes de uma empresa
dos devem entender; são constituídos dos seus recursos, que incluem
os recursos humanos (experiências, capacidades,
- específicas, metas genéricas não geram
conhecimentos, habilidades); os recursos organi-
resultados observáveis, claros;
zacionais (sistemas e processos da empresa co-
- mensuráveis, precisam ser quantificadas mo estratégias, estrutura, cultura, etc.); e os re-
por meio dos indicadores; cursos físicos (instalações, equipamentos, tecno-
Francisco Christian
- temporais, com prazo bem definido, con- logia, canais, etc.).
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tendo dia, mês e ano; Já as oportunidades são situações externas e
077.967.703-08
- viáveis, precisam ser alcançáveis. não controláveis pela empresa, atuais ou futuras
que, se adequadamente aproveitadas pela em-
presa, podem influencia-la positivamente. Quanto
ANÁLISE SWOT as ameaças são situações externas e não contro-
láveis pela empresa, atuais ou futuras que, se não
No planejamento estratégico a análise de ce- eliminadas, minimizadas ou evitadas pela empre-
nários é de suma importância para a vida de uma sa, podem afetá-la negativamente.
organização. A análise SWOT que na sua tradu-
Na concepção de Oliveira (2007, p. 37) define
ção é força, fraqueza, oportunidade e ameaça, é
a análise SWOT da seguinte forma:
uma técnica utilizada para a gestão e o planeja-
mento das empresas, seja ela de pequeno ou 1. Ponto forte é a diferenciação conseguida
grande porte. pela empresa – variável controlável – que lhe pro-
porciona uma vantagem operacional no ambiente
A origem segundo Fagundes (2010), modelo
empresarial (onde estão os assuntos não contro-
da "Matriz SWOT", surgiu na década de 1960, em
láveis pela empresa).
discussões na escola de administração, que co-
meçaram a focar a compatibilização entre as "For- 2. Ponto Fraco é a situação inadequada da
ças" e "Fraquezas" de uma organização, sua empresa – variável controlável – que lhe proporci-
competência distintiva, e as "Oportunidades" e ona uma desvantagem operacional no ambiente
"Ameaças". empresarial.
O SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportuni- 3. Oportunidade é a força ambiental incontro-
ties e Threats) é uma técnica que auxilia a elabo- lável pela empresa, que pode favorecer sua ação
ração do planejamento estratégico das Organiza- estratégica, desde que conhecida e aproveitada,
ções que começou a ser desenvolvido nas esco- satisfatoriamente, enquanto perdura.
las americanas. O objetivo é focalizar a combina- 4. Ameaça é a força ambiental incontrolável
pela empresa, que cria obstáculos à sua ação

146
estratégica, mas que poderá ou não ser evitada, • Alcance de um maior grau de conhecimento
desde que reconhecida em tempo hábil. diante do negócio, ambiente e do nicho de merca-
O objetivo da SWOT é levantar estratégias do da empresa.
para, no contexto do planejamento estratégico, • Domínio do Problema
manter pontos fortes, reduzir a intensidade de Ambiente interno (variáveis controláveis):
pontos fracos, aproveitando-se de oportunidades
e protegendo-se de ameaças. A análise também é Pontos fortes (strengths) - são competên-
útil para revelar pontos fortes que ainda não foram cias, fatores ou características internas positivas
plenamente utilizados e identificar pontos fracos que a organização possui – Ex.: funcionários ca-
que podem ser corrigidos. pacitados; e
Diante da predominância de pontos fortes ou Pontos fracos (weaknesses) - são deficiên-
fracos, e de oportunidades ou ameaças, podem- cias, fatores ou características internas negativas
se adotar estratégias que busquem a sobrevivên- que prejudicam o desempenho e o cumprimento
cia, a manutenção, crescimento ou desenvolvi- da missão organizacional – Ex.: funcionários não
mento da organização. capacitados.
As definições de pontos fortes e fracos da or- Ambiente externo (variáveis não controlá-
ganização são uns dos principais desafios dessa veis):
técnica. Para solucionar esse problema busca-se Oportunidades (opportunities) - as oportu-
identificar quais aspectos da organização são du- nidades são as forças externas à organização que
radouros e imutáveis durante períodos relativa- influenciam positivamente no cumprimento da
mente longos e quais aspectos são necessaria- missão, mas que não temos controle sobre elas –
mente mais responsivos às mudanças no merca- Ex.: mercado internacional em expansão; e
do e às pressões de forças ambientais.
Ameaças (threats) - são aspectos externos à
A função principal da análise SWOTFrancisco
é levar Christian
organização que impactam negativamente no de-
ao estabelecimento de objetivos christianpet2002@gmail.com
para a organiza- sempenho e no cumprimento da missão – Ex.:
ção. Analisando-se as variáveis incontroláveis do
077.967.703-08
governo cria um novo imposto.
ambiente externo, tais como de aspectos socioe-
conômicos, políticos, de legislação entre outros,
pode-se esperar um cenário otimista ou pessimis- TIPOS DE ESTRATÉGIAS
ta. Tal cenário é então confrontado com a capaci-
dade da empresa e assim avalia-se os meios para O executivo poderá escolher determinado tipo
competir em mercados concorridos. Desse modo, de estratégia que seja o mais adequado, tendo em
são estabelecidos os objetivos que irão definir o vista a sua capacitação e o objetivo estabelecido.
que deverá ser feito para os próximos anos. É, Entretanto, deverá estar ciente de que a escolha
pois, nesse sentido, que se afirma que a estraté- poderá nortear o seu desenvolvimento por um
gia e a Inteligência Competitiva devem andar jun- período de tempo que poderá ser longo.
tas (Stollenwerk, 2005) As estratégias podem ser estabelecidas de
Há várias vantagens na utilização desta técni- acordo com a situação da empresa: podem estar
ca, dentre elas estão: voltadas à sobrevivência, manutenção, crescimen-
• Auxiliar a empresa a identificar o que a torna to ou desenvolvimento, conforme postura estraté-
mais efetiva (forças), aumentando a confiança nas gica da empresa.
ações a serem tomadas, indicando um caminho A combinação de estratégias deve ser feita
mais seguro para sua ação no mercado; de forma que aproveite todas as oportunidades
• Planejar ações de correção e ajuste, identifi- possíveis, e utilizando a estratégia certa no me-
cando os pontos de melhoria da empresa (fraque- mento certo.
zas); Estratégia de sobrevivência
• Usufruir das oportunidades identificadas; Este tipo de estratégia deve ser adotado pela
• Diminuir os riscos referentes às ameaças empresa quando não existir outra alternativa para
identificadas; a mesma, ou seja, apenas quando o ambiente e a
empresa estão em situação inadequada com mui-

147
tas dificuldades ou quando apresentam péssimas situação prefere tomar uma atitude defensiva di-
perspectivas (alto índice de pontos fracos internos ante das ameaças.
e ameaças externas). Em qualquer outra situação, A estratégia de manutenção pode apresentar
quando a empresa adota esta estratégia como três situações:
precaução, as consequências podem ser desas-
trosas, pois numa postura de sobrevivência, nor- Estratégia de estabilidade: procura, princi-
malmente a primeira decisão do executivo é parar palmente, a manutenção de um estado de equilí-
os investimentos e reduzir, ao máximo, as despe- brio ameaçado, ou ainda, o seu retorno em caso
sas. de sua perda.
A sobrevivência pode ser uma situação ade- Estratégia de especialização: a empresa
quada como condição mínima para atingir outros busca conquistar ou manter a liderança no merca-
objetivos mais tangíveis no futuro, como lucros do através da concentração dos esforços de ex-
maiores, vendas incrementadas, maior participa- pansão numa única ou em poucas atividades da
ção no mercado, etc, mas não como um objetivo relação produto/mercado. Sua vantagem é a re-
único da empresa, ou seja, estar numa situação dução dos custos unitários e a desvantagem é a
de “sobreviver por sobreviver”. vulnerabilidade pela alta dependência de poucas
modalidades de fornecimento de produção e ven-
Os tipos que se enquadram na situação de das.
estratégia de sobrevivência são:
Estratégia de nicho: a empresa procura
Redução de custos: utilizada normalmente em dominar um segmento de mercado que ela atua,
período de recessão, que consiste na redução de concentrando o seu esforço e recursos em pre-
todos os custos possíveis para que a empresa servar algumas vantagens competitivas. Pode
possa subsistir. ficar entendido que este tipo de empresa tem um
Desinvestimento: quando as empresas en- ambiente ecológico bem restrito, não procura ex-
Francisco
contram-se em conflito com linhas de produtos Christian
pandir-se geograficamente e segue a estratégia
christianpet2002@gmail.com
que deixam de ser interessantes, portanto, é me- do menor risco, executando-se aquele que é ine-
lhor desinvestir do que comprometer toda a077.967.703-08
em- rente a quem se encontra num só segmento. As-
presa. sim a empresa dedica-se a um único produto,
Se nenhuma estratégia básica de sobrevivên- mercado ou tecnologia, pois não há interesse em
cia der certo, o executivo penderá para a adoção desviar os seus recursos para outras atenções.
da estratégia de - Liquidação de negócio: estraté- Estratégia de crescimento
gia usada em último caso, quando não existe ou- Nesta situação, o ambiente está proporcio-
tra saída, a não ser fechar o negócio. nando situações favoráveis que podem transfor-
Estratégia de manutenção mar-se em oportunidades, quando efetivamente é
Neste caso, a empresa identifica um ambien- usufruída a situação favorável pela empresa.
te com predominância de ameaças; entretanto, ela Normalmente, o executivo procura, nesta situa-
possui uma série de pontos fortes (disponibilidade ção, lançar novos produtos, aumentar o volume de
financeira, recursos humanos, tecnologia, etc.) vendas, etc.
acumulados ao longo dos anos, que possibilitam Algumas das estratégias inerentes à postura
ao administrador, além de querer continuar sobre- de crescimento são:
vivendo, também manter a sua posição conquis- Estratégia de inovação: a empresa procura
tada até o momento. Para tanto, deverá sedimen- antecipar-se aos concorrentes através de frequen-
tar e usufruir ao máximo os seus pontos fortes, tes desenvolvimentos e lançamentos de novos
tendo em vista, inclusive, minimizar os seus pon- produtos e serviços; portanto, a empresa deve ter
tos fracos, tentando ainda, maximizar os pontos acesso rápido e direto a todas as informações
fracos e minimizar os pontos fortes dos concorren- necessárias num mercado de rápida evolução
tes. tecnológica.
A estratégia de manutenção é uma postura Estratégia de joint venture: trata-se de uma
preferível quando a empresa está enfrentando ou estratégia usada para entrar em novo mercado
espera encontrar dificuldades, e a partir dessa onde duas empresas se associam para produzir
um produto. Normalmente, uma empresa entre no

148
negócio com capital e a outra com a tecnologia te ao contrário; e ambas buscam a união para o
necessária. fortalecimento em ambos aspectos.
Estratégia de internacionalização: a empresa Desenvolvimento de capacidades: ocorre
estende suas atividades para fora do seu país de quando a associação é realizada entre uma em-
origem. Embora o processo seja lento e arriscado, presa com ponto fraco em tecnologia e alto índice
esta estratégia pode ser muito interessante para de oportunidades usufruídas e/ou potenciais, e
empresas de grande porte, pela atual evolução de outra empresa com ponto forte em tecnologia,
sistemas, como logísticos e comunicação. mas com baixo nível de oportunidades ambientais.
Estratégia de expansão: o processo de ex- Desenvolvimento de estabilidade: corres-
pansão das empresas devem ser muito bem pla- ponde a uma associação ou fusão de empresas
nejados, pois caso contrário, podem ser absorvi- que procuram tornar as suas evoluções uniformes,
das pelo Governo ou outras empresas nacionais principalmente quanto ao aspecto mercadológico.
ou multinacionais. Muitas vezes a não-expansão Entretanto a estratégia mais forte do desen-
na hora certa pode provocar uma perda de mer- volvimento de uma empresa corresponde à diver-
cado, onde a única providência da empresa pe- sificação, que são divididas em dois modelos:
rante esta situação seja a venda ou a associação
com empresas de maior porte. Diversificação horizontal: através desta es-
tratégia, a empresa concentra o seu capital, pela
A decisão em investir na expansão é mais compra ou associação com empresas similares. A
comum que na diversificação, pois esta última empresa atua em ambiente econômico que lhe é
envolve uma mudança mais radical dos produtos, familiar, porque os consumidores são do mesmo
e dos seus usos atuais, enquanto a expansão tipo. O potencial de ganhos de sinergia neste tipo
aproveita uma situação de sinergia potencial muito de diversificação é baixo, com exceção da siner-
forte. gia comercial, uma vez que os mesmos canis de
Estratégia de desenvolvimento Francisco Christian
distribuição são usados.
Neste caso a predominânciachristianpet2002@gmail.com
na situação da Diversificação vertical: ocorre quando a
077.967.703-08
empresa, é de pontos fortes e de oportunidades. empresa passa a produzir novo produto ou servi-
Diante disso, o executivo deve procurar desenvol- ço, que se acha entre o seu mercado de matérias-
ver a sua empresa através de duas direções: po- primas e o consumidor final do produto que já se
dem-se procurar novos mercados e clientes ou fabrica.
então, novas tecnologias diferentes daquelas que Diversificação concêntrica: diversificação
a empresa domina. A combinação destas permite da linha de produtos, com o aproveitamento da
ao executivo construir novos negócios no merca- mesma tecnologia ou força de vendas, oferecen-
do. do-se uma quantidade maior de produtos no
Desenvolvimento de mercado: ocorre mesmo mercado. A empresa pode ter ganhos
quando a empresa procura maiores vendas, le- substanciais em termos de flexibilidade.
vando seus produtos a novos mercados. Diversificação conglomerada: consiste na
Desenvolvimento de produto ou serviços: diversificação de negócios em que a empresa não
ocorre quando a empresa procura maiores vendas aproveitará a mesma tecnologia ou força de ven-
mediante o desenvolvimento de melhores produ- das.
tos e/ou serviços para seus mercados atuais. Este Diversificação interna: corresponde a uma
desenvolvimento pode ocorrer através de novas situação em que a diversificação da empresa é,
características do produto/serviço; variações de basicamente, gerada pelos fatores internos, e so-
qualidade; ou diferentes modelos e tamanhos fre menos influência dos fatores externos.
(proliferação de produtos).
Diversificação mista: trata-se de uma situa-
Desenvolvimento financeiro: união de duas ção em que a empresa apresenta mais que um
ou mais empresas através da associação ou fu- tipo anterior de diversificação ao mesmo tempo.
são, para a formação de uma nova empresa. Isto
ocorre quando uma empresa apresenta poucos
recursos financeiros e muitas oportunidades; en-
quanto a outra empresa tem um quadro totalmen-

149
MATRIZ BCG (OU MATRIZ DE Nenhum produto ou mercado pode crescer
CRESCIMENTO-PARTICIPAÇÃO) indefinidamente.
A matriz BCG de crescimento-participação foi
Bruce Henderson, fundador do BCG e criador considerada como uma aplicação de estratégia
da matriz afirma que por meio da utilização desta decisiva.
ferramenta é possível prever a lucratividade, a O valor de um produto depende totalmente da obtenção
capacidade de endividamento, o potencial de de uma participação dominante em seu mercado, antes
crescimento e a força competitiva da empresa de o crescimento desacelerar (Mintzberg, 2010).
(Mintzberg, 2010).
A matriz BCG possui o pressuposto de que a MATRIZ ANSOFF
empresa precisa ter um portfólio de produtos com
diferentes taxas de crescimento e diferentes parti-
Um dos fatores mais importantes para o su-
cipações de mercado.
cesso de uma organização ou de qualquer outro
A matriz tem duas dimensões: taxa de cres- negócio é a análise estratégica do mercado. Igor
cimento do mercado e participação de mercado Ansoff, professor e consultor russo, desenvolveu
(que é a participação da empresa em relação à em 1965, uma ferramenta de análise e de defini-
participação de seu maior concorrente). ção dos problemas estratégicos.
Ao observar a matriz BCG pode-se notar que A matriz de produtos e mercados de Ansoff
suas dimensões são: tem como foco principal mostrar a expansão de
Crescimento de mercado: basicamente é produtos e mercados visando criar oportunidades
como o produto lançado atingiu o público-alvo, de crescimento para as empresas. Você pode
ganhou força com o aumento das vendas e con- usar essa matriz no momento em que estiver ma-
segue ampliar a fatia de consumidores com um peando o portfólio da sua organização. Neste
Francisco Christian
momento, você vai analisar a receita criada pelos
esforço relativamente algo em seu início, mas que
irá diminuir ao longo do tempo; christianpet2002@gmail.com
produtos existentes, e vai compará-la com a recei-
077.967.703-08
ta que a sua organização pretende alcançar. A
Participação relativa de mercado: é a fatia matriz permite estruturar e definir a estratégia para
conquistada, quanto mais consumidores estiverem esse crescimento.
adquirindo o produto, melhor, mas há o risco do
produto tornar-se um problema para a empresa. A matriz Ansoff é um quadrante composto por
duas dimensões: produtos e mercados. Do lado
Este portfólio deve ser composto em função direito encontram-se os produtos novos; e do es-
do equilíbrio entre fluxos de caixa. Produtos de querdo, os existentes. Essa combinação forma
alto crescimento exigem injeções de dinheiro para quatro estratégias para o crescimento e o desen-
crescer. Por outro lado, produtos de baixo cresci- volvimento da empresa. Essas estratégias são: o
mento devem gerar excesso de caixa. A matriz desenvolvimento do mercado, a penetração no
BCG deve ser usada para auxiliar a organização a mercado, a diversificação e o desenvolvimento do
equilibrar estes pontos. produto.
Existem quatro regras que determinam o fluxo Desenvolvimento do mercado
de caixa de um produto, conforme explica Mintz-
berg (2010): No desenvolvimento de mercado, a empresa
deseja vender seus produtos existentes em um
As margens e o caixa gerado são funções mercado novo. Essa estratégia de desenvolvimen-
da participação de mercado. Esta relação é expli- to de mercado deve analisar os mercados pareci-
cada pela curva de experiência. dos com o seu, e pensar na expansão de seus
O crescimento requer recursos para finan- negócios. Essa expansão deve analisar alguns
ciar os ativos adicionais. Esses recursos são uma fatores como localização geográfica e idade.
função das taxas de crescimento. Imagine uma loja de camisas on-line que
Uma alta participação de mercado precisa vende apenas em um estado. Ela pode expandir
ser conquistada ou comprada. suas vendas para outras unidades federativas,
incluindo outros serviços de entrega. Se o público-
alvo dessa loja for homens de uma determinada

150
faixa etária, ela pode aumentar esse público ao têm sido adotadas no setor fotográfico e audiovi-
incluir outras idades. sual baseadas na competitividade e na busca pela
Penetração de mercado excelência.

A penetração de mercado visa vender os pro- Michael Porter desenvolveu um modelo de


dutos existentes em um mercado existente, ou cinco forças competitivas. Esses fatores são os
seja, pretende-se desenvolver uma estratégia pa- seguintes:
ra aumentar sua presença onde ela já atua. Essa Ameaça de Novos Entrantes – Alto investi-
estratégia pode ser feita por meio de liquidações, mento necessário e economias de escala são al-
fidelização de clientes, promoções, entre outras guns dos fatores que podem dificultar a entrada
ações. de um novo competidor em um mercado. Natu-
Diversificação ralmente, é mais difícil abrir uma nova indústria
aeronáutica do que uma nova loja de roupas.
A diversificação é uma estratégia que objetiva Dessa forma, as empresas que estão em setores
criar produtos, para atuar em novos mercados. com altas barreiras à entrada sofrem menos com-
Essa estratégia busca a inovação que inevitavel- petição dos que as que estão em mercados com
mente proporciona riscos, pois a empresa está baixas barreiras de entrada.
entrando em um campo desconhecido. Logo, não
tem muito como fugir desse fator. Criar uma estra- Poder de Negociação dos Clientes – Quan-
tégia para crescer e desenvolver nesse mercado é to mais informados estão os clientes, mais eles
inerente a uma organização na maioria das vezes. normalmente podem exigir das empresas qualida-
de, preço e serviços. Os clientes são poderosos
Desenvolvimento do produto quando são poucos, ou compram em grande
Essa estratégia sugere o desenvolvimento de quantidade, quando os custos de trocar de forne-
novos produtos em mercados existentes. Isso cedor são baixos, quando eles conhecem as es-
Francisco
pode ser feito por meio de aperfeiçoamento truturas de custos das empresas e quando podem
do Christian
produto e de melhorias tecnológicas. Um bom deixar de consumir os produtos ou fabricá-los in-
christianpet2002@gmail.com
exemplo é a ação de empresas de refrigerantes ternamente.
077.967.703-08
que incluem em seu MIX de sucos e refrigerantes, Poder de Negociação dos Fornecedores –
versões diet e light. Muitos dos fatores que podem deixar os clientes
fortes podem deixar os fornecedores poderosos
ANÁLISE COMPETITIVA E se forem invertidos! Os fornecedores são fortes
ESTRATÉGIAS GENÉRICAS DE quando: são poucos e/ou dominam o mercado,
MICHAEL PORTER quando o custo de trocar de fornecedor é alto,
quando os clientes são pouco importantes e
quando podem se tornar competidores, ou seja,
Para que a empresa se destaque no mercado passar a concorrer no mercado do cliente.
é necessário que ela tenha estratégia competitiva,
sendo essa entendida como um conjunto de pla- Ameaça de Produtos Substitutos – Um
nos, políticas, programas e ações desenvolvidas produto é substituto quando satisfaz a mesma
para ampliar ou manter, de modo sustentável, necessidade dos clientes (exemplo: manteiga e
suas vantagens frente aos seus concorrentes. margarina). Se existem muitos produtos que po-
Essa estratégia deve nascer de um conhecimento dem substituir o produto que sua empresa forne-
detalhado da estrutura da indústria e da maneira ce, a posição estratégica é difícil e o setor será
pela qual esta se modifica. menos atraente e lucrativo.
Segundo Porter (1986) a natureza da compe- Rivalidade entre os Concorrentes – Se
tição está materializada em cinco forças competi- existem muitos concorrentes em um mercado e se
tivas que são: 1. Novos entrantes, 2. Poder de a força deles é semelhante, pode ocorrer uma
barganha dos fornecedores, 3. Poder de barganha guerra de preços, levando a uma queda na atrati-
dos clientes, 4. Produtos substitutos e 5. Concor- vidade do setor. Outros fatores que levam a isso
rentes. As empresas podem adotar três tipos de são: custos fixos elevados, que podem levar as
estratégia competitiva: 1. Liderança em custos, 2. empresas a buscar operar com capacidade total, e
Diferenciação e 3. Enfoque. Muitas estratégias uma grande barreira de saída, como instalações
caras, de difícil venda, maquinário específico e

151
altas indenizações que podem levar empresas a dição de indicadores de desempenho. Serve como
continuar investindo e operando em mercados instrumento de alinhamento entre o planejamento
com lucratividades baixas. estratégico e o operacional. Compreende a tradu-
A partir das características de cada um dos ção da visão e da estratégia de uma organização
fatores acima, as empresas podem tomar uma em um conjunto integrado de objetivos e indicado-
das três estratégicas genéricas propostas por Por- res de desempenho que formam a base para um
ter: liderança em custo, diferenciação e foco (tam- sistema de gerenciamento estratégico e de comu-
bém chama da enfoque ou estratégia de nicho). nicação.

Liderança em custos – Nessa estratégia, a Na opinião de Martins (1998), a empresa de-


empresa busca ser a mais eficiente na produção ve criar riqueza e isso requer que as informações
de produtos e serviços em seu mercado, de modo possibilitem aos executivos fazer julgamentos in-
que tenha vantagem competitiva em relação aos formados, tanto acerca de diagnósticos da situa-
seus concorrentes. Pode-se alcançar isso com: ção quanto à respeito de questionar a estratégia e
economias de escala, acesso a matérias-primas as suposições da empresa sobre o negócio dela.
mais baratas, entre outras. Essa posição de custo O sistema de informação de gestão torna possí-
mais baixo que seus concorrentes permite uma veis diagnósticos, estratégias e decisões e tam-
série de vantagens, como operar com lucrativida- bém destaca a necessidade da informação predi-
de quando seus concorrentes estão perdendo tiva para focalizar os fatores que irão conduzir ao
dinheiro, por exemplo. desempenho futuro desejado e, dessa forma, será
possível atingir a melhoria com êxito maior.
Diferenciação – Uma empresa também pode
ter vantagens competitivas tendo produtos com O modelo de avaliação de desempenho Ba-
características únicas na percepção de seus clien- lanced Scorecard desenvolvido por Kaplan e Nor-
tes, que lhe possibilitem cobrar um preço mais alto ton (1997), teve como objetivo desenvolver um
sem perder sua clientela. Um exemplo atual é a novo modelo de medição de desempenho para as
Francisco Christian
organizações que refletisse o equilíbrio entre obje-
Apple. Essa empresa, com seus produtos inova-
christianpet2002@gmail.com
dores como o iPhone e o iPad, tem conquistado tivos de curto e longo prazo, entre medidas finan-
077.967.703-08
uma maior lealdade de seus clientes e maior lu- ceiras e não financeiras e, também, medisse o
cratividade. A diferenciação pode ocorrer na qua- desempenho sob as perspectivas: financeira, do
lidade do produto, no atendimento, no estilo do cliente, dos processos internos e do aprendizado
produto, na marca etc. e crescimento. Para Neely et al., citado por Bond
e Carpinetti (1999) a medição de desempenho
Foco ou Enfoque – Também é chamada de pode ser compreendida como a técnica usada
estratégia de nicho. Nessa situação, a empresa para quantificar a eficiência e a eficácia das ativi-
foca seus esforços em um mercado pequeno (seja dades de negócio.
geográfico, produto ou clientela) de modo a con-
seguir uma vantagem específica naquele merca- Considerando as mudanças ocorridas, ao
do, que não tenha como conseguir em todo o longo dos anos anteriores, nos métodos existen-
mercado (a Ferrari buscou essa estratégia com o tes de avaliação do desempenho empresarial, que
foco em carros de alto desempenho, pois era pe- se baseavam apenas em indicadores contábeis e
quena para concorrer no mercado de automóveis financeiros, e que, gradativamente, vinham se
populares, muito maior, antes de ser comprada tornando insuficientes, Rocha (2002), nos coloca
pela Fiat). que o BSC surge com a utilidade de manter sem-
pre o dia-a-dia dos gerentes conectados direta-
mente à estratégia empresarial. Esta conexão se
BALANCED SCORECARD dará através da visualização dos indicadores de
desempenho sobre o comportamento de cada
O Balanced Scorecard é um Painel Balance- área e de cada ponto relevante escolhido pela
ado de Indicadores, conceito desenvolvido por organização. O BSC é um sistema de gestão, ba-
Robert Kaplan e David Norton que detectaram que seado em indicadores que impulsionam o desem-
o controle dos resultados baseados em indicado- penho, proporcionando à organização visão do
res financeiros não mais atendia. A geração de negócio atual e futura, de forma abrangente. Co-
valor dependia do acompanhamento do desem- mo Stewart (1998, p. 46) expôs, “as empresas
penho estratégico organizacional através da me- estão no negócio para ganhar dinheiro e seu su-

152
cesso ou fracasso final são expressos em termos Para Kaplan e Norton (2004) existem temas
financeiros, mas a linguagem da gerência é, cada estratégicos para a perspectiva financeira a partir
vez mais, não financeira”. das estratégias de crescimento e sustentação, são
O Balanced Scorecard deve traduzir a mis- eles: crescimento e mix de receita, redução de
são, visão e a estratégia da organização em obje- custos e melhoria de produtividade e utilização
tivos e medidas tangíveis. As medidas represen- dos ativos e estratégias de investimentos.
tam o equilíbrio entre indicadores externos volta- Perspectiva do cliente
dos para acionistas e clientes, e as medidas inter- De acordo com Kaplan e Norton (2004), a es-
nas dos processos críticos de negócios, inovação, tratégia da empresa é definida de acordo com o
aprendizado e crescimento (KAPLAN e NORTON, segmento de cliente e mercado e pode ser formu-
1997). As empresas criativas usam o BSC como lada através de pesquisa de mercado. Os seg-
um sistema de gestão estratégica uma vez que o mentos de mercado e as preferências do cliente
método introduz uma nova forma de abordar e podem dimensionar o preço, qualidade, funciona-
chamar a atenção dos gerentes para os quatro lidade, serviço e outros.
aspectos mais importantes que, separada ou
complementarmente, contribuem para conectar os O grupo de medidas essenciais dos clientes
objetivos estratégicos a longo prazo aos resulta- mostra a relação de causa e efeito através de in-
dos e ações a curto prazo, segundo Campos dicadores como a participação de mercado, reten-
(1998). ção de clientes, capacitação de clientes, satisfa-
ção de clientes e lucratividade de clientes.
“O BSC surge com o objetivo de resolver os
problemas que existem em se ter uma única vi- Essa perspectiva permite que os gestores
são, ou perspectiva como preferem os autores, na traduzam a declaração da missão da empresa em
condução das tomadas de decisão em uma orga- serviço ao cliente e em medidas especificas que
nização, contrapondo a contabilidade tradicional, refletem os fatores preocupantes dos mesmos,
Francisco
que usa uma linha exclusivamente financeira”.
Christian
que foram agrupadas por Kaplan e Norton (2004)
(ROCHA, 2002, p. 48) christianpet2002@gmail.com
em três categorias distintas: tempo, qualidade e
preço.
077.967.703-08
Perspectivas do BSC
Perspectiva dos processos internos da
Kaplan e Norton (2004) apresentam quatro empresa
perspectivas de mensuração do desempenho:
financeira, do cliente, dos processos internos da A perspectiva dos processos internos da em-
empresa e de aprendizagem e crescimento, que presa deve ser desenvolvida depois da perspecti-
serão vistas a seguir. va financeira e do cliente para que as empresas
focalizem as metas dos processos internos de
Perspectiva financeira acordo com os objetivos dos clientes e acionistas.
Conforme Kaplan e Norton (2004) as medidas Para Kaplan e Norton (2004, p. 97-98)
de desempenho financeiro informam se a estraté-
gia da empresa, bem como sua implementação e Recomendamos que os executivos definam
execução, estão contribuindo para a melhoria dos uma cadeia de valor completa dos processos in-
resultados financeiros. terno que tenha início com o processo de inova-
ção – identificação das necessidades atuais e
Ao iniciar o desenvolvimento das medidas fi- futuras dos clientes e desenvolvimento de novas
nanceiras, os gestores devem identificar as mais soluções para essas necessidades -, prossiga
adequadas à sua estratégia, os objetivos e as com os processos de operações – entrega dos
medidas precisam exercer um duplo papel: primei- produtos e prestação dos serviços aos clientes
ro definir o desempenho financeiro esperado e, existentes – e termine com o serviço pós-venda –
segundo servir de meta principal para os objetivos oferta de serviços pós-venda que complementem
e metas de todas as outras perspectivas (KAPLAN o valor proporcionado aos clientes pelos produtos
e NORTON, 2004). ou serviços de uma empresa.
Os objetivos financeiros podem diferir muito Os sistemas convencionais se preocupam
em cada fase do ciclo de vida de uma empresa. apenas em monitorar e melhorar os indicadores
Em função do tipo de organização várias estraté- de custos, qualidade e tempo dos processos. O
gias de negócios poderão surgir. BSC, ao contrário, faz com que os requisitos de

153
desempenho decorram das expectativas de parti- treinamentos para transmitir aos funcionários os
cipantes externos específicos (KAPLAN e NOR- conceitos estratégicos e demais informações rela-
TON, 2004). cionadas à remuneração por incentivos e ao tra-
Perspectiva de aprendizagem e crescimen- balho em conjunto para a execução da estratégia.
to • Converter a estratégia em processo contí-
A quarta perspectiva do BSC tem como obje- nuo: na implementação do processo de gerencia-
tivo apresentar os resultados das demais. Para mento da estratégia nas empresas três passos
Kaplan e Norton (2004) a capacidade dos funcio- foram identificados: a conexão da estratégia ao
nários, capacidade dos sistemas de informação, a processo orçamentário, objetivando conciliar as
motivação, empowerment (delegar poder) e ali- iniciativas de longo prazo com o desempenho es-
nhamento são as categorias principais dessa perado no curto prazo; a realização de reuniões
perspectiva. gerenciais para avaliação da estratégia; e o
aprendizado organizacional, com adaptação da
Um grupo essencial de três indicadores foca- estratégia.
dos nos funcionários – satisfação, produtividade e
retenção – monitora resultados a partir dos inves- • Mobilizar a mudança por meio da liderança
timentos feitos em funcionários, sistemas e ali- executiva: a implementação da estratégia deman-
nhamento organizacional. Os vetores desses re- da trabalho contínuo e em equipe. Caso a alta
sultados são, até o momento, um tanto genérico e direção da organização não se envolva ou atue
menos desenvolvidos do que os das outras três com pouca dedicação, a estratégia não será im-
perspectivas do Balanced Scorecard. Eles incluem plementada. Esse princípio contempla: a mobiliza-
índices agregados de cobertura de funções Estra- ção para a mudança organizacional (esclareci-
tégicas, disponibilidade de informações estratégi- mento sobre a importância da mudança), e defini-
cas e nível de alinhamento pessoal, de equipe e ção do processo de governança que orientará e
de departamento com os objetivos estratégicos direcionará as mudanças (há um rompimento da
Francisco Christian
estrutura tradicional de poder).
(KAPLAN e NORTON, 2004, p. 152).christianpet2002@gmail.com
Em síntese, o Balanced Scorecard traduz a Mapa estratégico
077.967.703-08
estratégia em objetivos e medidas através de um O Mapa Estratégico é um diagrama que re-
conjunto equilibrado de perspectivas. “O Score- presenta a hipótese estratégica da organização,
card inclui medidas dos resultados desejados e abrigando, então, o pensamento estratégico sobre
dos processos capazes de assegurar a obtenção o qual se desenvolvem as iniciativas estratégicas
desses resultados desejados no futuro” (MAR- que deverão conduzir a organização ao alcance
TINS e TURRIONI, 2002, p. 3). da sua visão/missão. No mapa devem ficar claras
Processo de elaboração do bsc as relações de causa e efeito (precedência) entre
os objetivos estratégicos, distribuídos com coe-
O processo de elaboração do Balanced Sco- rência entre os diversos vetores de desempenho
recard descrito por Christiane Ogassawara (2009) ou perspectivas (finanças, mercado e clientes,
possui cinco princípios: processos internos, infraestrutura, pessoas etc.).
• Traduzir a estratégia em guias operacionais: Segundo Kaplan e Norton (2000), o mapa es-
cria-se um referencial para a descrição e imple- tratégico do Balanced Scorecard explicita a hipó-
mentação das estratégias: o mapa estratégico. tese da estratégia, e cada indicador se converte
Esse mapa descreve a estratégia e fornece os em parte integrante de uma cadeia lógica de cau-
fundamentos que guiarão o projeto de um BSC. sa e efeito que conecta os resultados almejados
• Alinhar a organização à estratégia: as áreas da estratégia. O mapa estratégico descreve o pro-
ou unidades de negócio se ligam à estratégia cor- cesso de transformação de ativos intangíveis em
porativa. resultados tangíveis para os clientes e, por conse-
guinte, em resultados financeiros. Essa ferramen-
• Transformar a estratégia em tarefa de todos:
ta fornece aos executivos um referencial para a
essa transformação ocorre por meio da comunica-
descrição e gerenciamento da estratégia.
ção da estratégia (de cima para baixo), que deve
ser traduzida em linguajar claro para que todos os Com base na identificação das perspectivas e
colaboradores da organização a entendam e dire- na definição dos objetivos estratégicos da empre-
cionem sua atuação para ela. São necessários sa, é possível desenhar um mapa estratégico, o

154
qual, segundo Rezende (2003), “retrata relações Objetivos estratégicos: é o que deve ser
de causa e efeito referente ao atingimento da vi- alcançado e o que é crítico para o sucesso da
são estabelecida para uma organização e coorde- organização.
na as atividades em todos os níveis com base em Indicadores de desempenho: são medi-
uma só direção estratégica”. Costa (2006, p. 12) das de quantificação de como estão sendo reali-
observou que o desenho do mapa tem a “finalida- zadas as atividades, com o propósito de compará-
de de decodificar os complexos processos de es- las com as metas estabelecidas.
colha, frente aos quais os gestores de todos os
níveis são expostos diariamente”. Metas: trata-se do nível de desempenho
esperado ou a taxa de melhoria necessária para
Esta percepção é confirmada por Kaplan & cada indicador de desempenho. Esse processo de
Norton (2004, p. 104), ao descreverem o mapa estabelecimento de metas permite que a organi-
estratégico como sendo o pilar para a construção zação quantifique os resultados pretendidos a
do Balanced Scorecard. Segundo a ótica dos au- longo prazo; identifique mecanismos e forneça
tores, o mapa pode ser considerado como uma recursos para que os resultados sejam alcança-
forma de explicitar esta transformação intangível dos; estabeleça referenciais de curto prazo para
em resultados tangíveis, uma vez que ele “mostra que as medidas financeiras e não financeiras do
como a organização planeja converter seus vários scorecard.
ativos em resultados almejados”.
Plano de ações: associados às metas es-
Essa implementação do BSC, que envolve a tabelecidas, o plano de ações deverá ser elabora-
lógica de esclarecer, obter consenso e focalizar a do a fim de viabilizar seu alcance. Essa fase de
estratégia, é composta basicamente por cinco elaboração de planos de ações está ligada ao
componentes (KAPLAN; NORTON, 1997): controle.
I. Mapa estratégico;
II. Objetivos estratégicos; Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
III. Indicadores de desempenho;
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IV. Metas; e
V. Plano de ações.
Conceitos
Vejamos cada um desses componentes:
As organizações privadas ou públicas, quer
Mapas estratégicos: permitem que as or- queiram ou não, podem ser vistas como um con-
ganizações descrevam e ilustrem de forma nítida junto de processos. Todo processo deve ter, no
e detalhada todos os seus objetivos, iniciativas, mínimo, entrada, processamento e saída. Os pro-
mercados-alvo, indicadores de desempenho e as dutos mais típicos da saída são: bens, serviços e
ligações entre todos os elementos de sua estraté- informações. É no “processamento” que estão
gia. Além disso, proporcionam uma visão clara concentradas as atividades do processo.
aos colaboradores de como suas funções estão
ligadas aos objetivos gerais da organização, per- Atenção → O processo existe em todas as
mitindo que trabalhem de forma colaborativa em empresas – de forma bem definida ou de forma
prol das metas planejadas pela empresa. Em um
mapa estratégico, os indicadores do BSC estabe- fragmentada (ainda que as empresas não consi-
lecem uma relação de causa e efeito entre os ve- gam visualizá-lo e defini-lo como tal).
tores e o resultado da estratégia. Segundo Kaplan Atenção → O valor é o cliente quem atribui,
e Norton, o mapa estratégico, ajustado à estraté-
reconhecendo sua importância e demonstrando
gia específica da organização, descreve como os
disposição em pagar o preço estabelecido.
ativos intangíveis impulsionam melhorias de de-
sempenho dos processos internos da organiza- Um processo compreende uma série de ativi-
ção, que exercem o máximo de alavancagem no dades, racionalmente sequenciais e inter-
fornecimento de valor para os clientes, os acionis- relacionadas, que devem ser executadas para se
tas e as comunidades. obter determinado resultado pretendido. É um
modo de transformar insumos em produtos para
atender a necessidade de algum cliente. O pro-

155
cesso inicia com a identificação de uma necessi- inter-relação entre os diferentes agentes da ca-
dade e termina com a entrega do produto (bem ou deia de valor (cliente, fornecedor, executores do
serviço) ao cliente. processo)”
Na visão de Thomas Davenport “o processo é Cadeia de Valor
uma ordenação específica das atividades de tra- Cadeia de Valor, para Michael Porter, é o
balho no tempo e no espaço, com um começo e conjunto de atividades tecnológicas e econômicas
um fim, inputs e outputs claramente identificados”. distintas que uma organização utiliza para entre-
Segundo o mesmo autor, tais atividades são es- gar produtos e serviços aos seus clientes.
truturadas com a finalidade de agregar valor às
entradas (inputs), resultando em um produto para Cada uma dessas atividades (produção, dis-
um cliente. tribuição, comercialização etc.) deve entregar al-
gum “valor”. Quanto mais valor agregado, mais
Harrington define processo como a utilização competitiva fica a empresa. Este é um conceito
de recursos da empresa para oferecer resultados relacionado com a vantagem competitiva.
objetivos aos seus clientes. Assim sendo, o pro-
cesso seria um fluxo de trabalho, em que existiri- Atenção → A Cadeia de Valor de Michael
am os inputs (materiais, informação, equipamen- Porter é um modelo que ajuda a analisar ativida-
tos, etc.) que seriam trabalhados, de forma a des específicas através das quais as empresas
agregar valor. Desta forma, o fluxo resultaria em criam valor e vantagem competitiva. Ou seja, é um
uma série de outputs (produtos e serviços deseja- conjunto de atividades que uma organização reali-
dos pelos clientes). za para criar valor para os seus clientes. A manei-
Para o GesPública (2011), o “processo é um ra como as atividades dessa cadeia são realiza-
conjunto de decisões que transformam insumos das determina os custos e afeta os lucros.
em valores gerados ao cliente/cidadão”. Classificados dos processos:
Portanto, cada atividade destas pode Francisco
agregar Christian
Os processos podem ser assim classificados:
christianpet2002@gmail.com
valor ou não ao processo, pois um erro ou demora
em uma destas acabará por prejudicar o cliente. Processos negó-
077.967.703-08
cio/principais/primários/chaves/essenciais/finalístic
Assim, quando pensamos em processo temos os que são os processos que resultam na entrega
de entender que estas atividades estão interliga- de algum bem ou serviço ao cliente final – devem
das e que não adianta uma delas ser muito bem satisfazer as necessidades e expectativas dos
feita se outra for deficiente. clientes e demais partes interessadas. Ex: Produ-
Desta forma, a gestão por processos implica ção de um bem/prestação de serviço direto ao
uma ênfase em “como” o produto ou serviço é cliente final.
feito, ao contrário do foco no “quê” é feito, caracte- Processos secundários/administrativo/de
rística das organizações tradicionais. suporte/auxiliares/meio que são os processos in-
Assim, é possível afirmar que toda vez que ti- ternos que geram apenas bens e serviços inter-
vermos um conjunto de atividades e tarefas sendo nos, mas que, ao mesmo tempo, são indispensá-
executadas de forma integrada para produzir um veis para que os processos principais possam ser
produto (bem ou serviço) com vistas a atender executados (dão suporte à execução dos proces-
necessidades de clientes – teremos um processo sos principais), contribuindo para o sucesso da
– seja ele reconhecido ou não, nominado ou não, organização. Ex: Gestão de pessoas, compras,
compreendido como tal ou não. manutenção em geral, contas a pagar, processos
de recursos humanos etc.
Atenção → De acordo com Nunes,“O modelo
Processos gerenciais, ligados às estraté-
de organização orientado por processos passou a gias e utilizados na tomada de decisão, no estabe-
ser considerado como alternativa mais adequada lecimento de metas, na coordenação dos demais
para promover uma maior efetividade organizaci- processos e na avaliação dos resultados. Ex: Pla-
onal. O pressuposto foi o de que nessa forma de nejamento estratégico, gestão do conhecimento,
organização ocorresse uma eliminação de barrei- avaliação de desempenho, avaliação da satisfa-
ras dentro da empresa, possibilitando a visualiza- ção dos clientes etc.
ção da organização como um todo e uma maior

156
Níveis de detalhamento dos processos O GUIA BPM CBOK
Em toda empresa, existem alguns processos
mais complexos e outros mais simples. Além dis- O gerenciamento de processos na adminis-
so, existem processos mais importantes e outros tração pública brasileira utiliza as boas práticas
menos importantes. O nível de detalhamento de previstas no guia Business Process Management
um processo está relacionado com a complexida- Common Book Of Knowledge (BPM CBOK) - cujo
de de um processo. nome pode ser traduzido como Guia para o Corpo
Quanto mais complexo (mais atividades, en- Comum de Conhecimentos sobre Gerenciamento
de Processos de Negócio.
tradas ou produtos resultantes), mais provável que
tenhamos de “decompô-lo” em subprocessos para Trata-se de uma abordagem que busca identi-
que seja mais fácil a análise e o controle. ficar, desenhar, medir, monitorar, controlar e me-
A decomposição de um processo segue a lhorar os processos de negócio nas organizações.
seguinte lógica: A ideia é alinhar os processos de negócio à estra-
tégia da organização para que ela obtenha o de-
• Macroprocesso: compreende a visão mais sempenho desejado.
geral do processo, que, em regra, abrange vários
Nas palavras do Guia BPM CBOK:
processos principais ou secundários e envolvem
mais de uma função organizacional; Gerenciamento de Processos de Negócio
(BPM) é uma abordagem disciplinada para identi-
• Processo: conjunto de operações (ativida-
des e tarefas) que recebe um insumo, agrega va- ficar, desenhar, executar, documentar, medir, mo-
nitorar, controlar e melhorar processos de negócio
lor e transforma num produto (bem/serviço) desti-
automatizados ou não para alcançar os resultados
nado ao atendimento de necessidades dos clien-
tes internos e externos; pretendidos consistentes e alinhados com as me-
tas estratégicas de uma organização. BPM envol-
• Subprocesso: refere-se a uma parte
Francisco
espe- Christian
ve a definição deliberada, colaborativa e cada vez
cífica do processo, composto porchristianpet2002@gmail.com
um conjunto de mais assistida por tecnologia, melhoria, inovação
atividades que demandam insumos próprios e e gerenciamento de processos de negócio ponta-
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resultam em subproduto(s) que concorre(m) para a-ponta que conduzem a resultados de negócios,
o produto final do processo; criam valor e permitem que uma organização
• Atividade: é um conjunto de tarefas com cumpra com seus objetivos de negócio com mais
procedimentos definidos que descrevem o passo agilidade. BPM permite que uma organização ali-
a passo para a execução de acordo com algum nhe seus processos de negócio à sua estratégia
método/técnica. A atividade terá nome próprio, organizacional, conduzindo a um desempenho
será precedida por um input (entrada) e resultará eficiente em toda a organização através de melho-
num output (saída), num produto parcial que con- rias das atividades específicas de trabalho em um
corre para o produto final do processo. departamento, a organização como um todo ou
entre organizações.
Atenção → São as atividades que agregam
O gerenciamento de processos do BPM é es-
valor ao processo, assim, a cada atividade execu- tabelecido com base em um ciclo de vida que
tada o processo deve adquirir um valor maior. possui seis etapas:
• Tarefa: é a menor divisão do trabalho, ex- 1. Planejamento;
clusivamente operacional, que corresponde ao
fazer. É uma partição da atividade com rotina ou 2. Análise;
procedimento específico. 3. Desenho e modelagem;
Atenção → Nos macroprocessos a visão é 4. Implantação;
geral, sem detalhamentos, nos processos tem-se 5. Monitoramento e controle;
um nível intermediário de detalhamento, já para as
6. Refinamento;
atividades e tarefas o nível de detalhamento deve
ser amplo, de forma a permitir que cada detalhe
importante que compõe o processo possa ser cla-
ramente visualizado e compreendido.

157
Planejamento. Conforme consta no Guia CBOK, o desenho
É a primeira etapa do ciclo de gerenciamento dos processos trata da
de processos. É aqui que é desenvolvido um pla- "criação de especificações para processos de
no e uma estratégia dirigida aos processos da negócio novos ou modificados dentro do contexto
organização, estabelecendo a estratégia e o dire- dos objetivos de negócio, objetivos de desempe-
cionamento do BPM. O início do plano se dá atra- nho de processo, fluxo de trabalho, aplicações de
vés do entendimento das estratégias e metas que negócio, plataformas tecnológicas, recursos de
são desenhadas para garantir que o cliente per- dados, controles financeiros e operacionais, e
ceba valor nos processos de negócio da organiza- integração com outros processos internos e exter-
ção. A estrutura e o direcionamento dos proces- nos".
sos centrados no cliente são baseados no plano. Sobre a modelagem do processo, o Guia de
O planejamento deve assegurar que a abor- Gestão de Processos de Governo do GesPública
dagem de gestão dos processos de negócio inte- afirma o seguinte:
gre a estratégia, as pessoas, processos e siste- Já a modelagem de processo é definida como
mas ao longo dos limites funcionais. "um conjunto de atividades envolvidas na criação
É aqui também que são identificados os pa- de representações de um processo de negócio
péis e responsabilidades organizacionais de ge- existente ou proposto", tendo por objetivo "criar
renciamento de projetos, o patrocínio executivo, uma representação do processo em uma perspec-
metas, expectativas quanto à medição do desem- tiva ponta-a-ponta que o descreva de forma ne-
penho e as metodologias a serem utilizadas. cessária e suficiente para a tarefa em questão".
Análise. Alternativamente chamada de fase de "identifica-
ção", a modelagem pode ser também definida
Após considerar as metas e objetivos deseja- como "fase onde ocorre a representação do pro-
dos, a análise dos processos busca entender os cesso presente exatamente como o mesmo se
Francisco Christian
processos atuais, também chamados de AS IS (do apresenta na realidade, buscando-se ao máximo
inglês - "como é" - em oposição aoschristianpet2002@gmail.com
processos a não recorrer à redução ou simplificação de qual-
serem implementados no futuro, chamados de077.967.703-08
TO quer tipo".
BE "como será"), no contexto das metas e objeti-
vos desejados. O Guia CBOK ressalta, no entanto, que a
modelagem de processos pode ser executada
Segundo o Guia de Gestão de Processos de tanto para o mapeamento dos processos atuais
Governo do GesPública, a análise reúne informa- como para o mapeamento de propostas de melho-
ções oriundas de planos estratégicos, modelos de ria. (...)
processo, medições de desempenho, mudanças
no ambiente externo e outros fatores, a fim de Implementação.
compreender os processos no escopo da organi- Para a realização das atividades de imple-
zação como um todo. Nessa etapa são vistos al- mentação, subentende-se que as fases anteriores
guns pontos como: objetivos da modelagem de criaram e aprovaram um conjunto de especifica-
negócio, ambiente do negócio que será modelado, ções que podem ser executados sofrendo apenas
principais stakeholders e escopo da modelagem pequenos ajustes pontuais.
de processos relacionados com o objetivo geral. Deste modo, a implementação nada mais é
A análise dos processos leva em conta dife- do que a realização do desenho do processo de
rentes metodologias para facilitar as atividades de negócio aprovado. Ela se dá através de procedi-
identificação do contexto e de diagnóstico da situ- mentos e fluxos de trabalho documentados, testa-
ação atual, que constituem o foco desta etapa. dos e operacionais.
Desenho e modelagem. Monitoramento e controle.
O desenho esta focado sobre o desenho in- Esta etapa busca fornecer informações-chave
tencional e cuidadoso dos processos de negócio de desempenho de processos através de métricas
que entregam valor ao cliente. É no desenho que ligadas às metas estabelecidas e ao valor para a
se definem as especificações dos processos de organização. A análise do desempenho realizada
negócio, de modo que fique claro o quê, quando, nesta etapa pode fazer com que se desenvolvam
onde, quem e como o trabalho será realizado.

158
atividades de melhoria, redesenho ou reengenha- Entre os benefícios que uma organização po-
ria. de ter ao mapear seus processos, temos:
Refinamento. Compreender o impacto que o processo
Segundo o Guia BPM CBOK, "o refinamento tem para a organização e seus clientes;
trata aspectos de ajustes e melhorias pós- Entender a relação de dependência entre
implementação de processos com base nos indi- os setores no processo;
cadores e informações-chave de desempenho". Compreender quais são os “atores” envol-
Estes ajustes são feitos com base nas infor- vidos no processo;
mações obtidas por meio da medição e do monito- Analisar se o processo é necessário e se é
ramento de processos de negócio. bem executado;
O Guia de Gestão de Processos de Governo Propor mudanças no processo;
afirma que esta etapa também pode ser chamada
de "encenação", revendo o modelo de processo e Identificar quais são os fatores críticos no
implantando as mudanças propostas após o estu- processo.
do de variados cenários. Projeto de Mapeamento e Modelagem de
Mapeamento de Processos Processos
Para que possamos melhorar um processo O BPMN (Business Process Modeling Nota-
necessitamos antes conhecê-lo. Desta maneira, tion) é o padrão utilizado para o desenho (ou mo-
precisamos analisar o processo, de forma a en- delagem) dos processos em uma organização.
tender o fluxo de trabalho envolvido, quais são os Consiste de um conjunto de notações gráfi-
setores e pessoas envolvidas e as decisões que cas, ou seja, um conjunto de símbolos padroniza-
devem ser tomadas durante o processo. dos que servem para que possamos descrever e
Francisco
Portanto, o trabalho de “entender” e visualizar Christian
redesenhar um processo. Esse diagrama que nos
um processo de trabalho é chamado de mapea- permite visualizar um processo também é conhe-
christianpet2002@gmail.com
cido como fluxograma.
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mento de processos. Este trabalho é executado,
normalmente, através de uma ferramenta chama- Assim, essa é a ferramenta utilizada para efe-
da de fluxograma, que será analisada posterior- tuar o mapeamento e a modelagem dos proces-
mente. sos. Desta forma, ele é utilizado para descrever,
Técnicas de mapeamento, análise e melho- de modo gráfico, um processo através do uso de
ria de processos símbolos e linhas.
Para que um profissional possa mapear um
processo, ele deve primeiro compreendê-lo. Para
que isso ocorra, existem diversas técnicas que
podem ser utilizadas. As principais são:
Entrevistas e reuniões;
Origens das teorias das relações humanas
Observação das atividades “in loco”;
em administração
Análise da documentação e dos sistemas
A Teoria das Relações Humanas tem suas
existentes;
origens nos seguintes fatos:
Coleta de dados e evidências
Necessidade de humanizar e democratizar
Ao mapearmos um processo, este será des- a administração, libertando-a dos conceitos rígi-
crito desde o início, de forma a representar cada dos e mecanicistas da Teoria Clássica e ade-
atividade e decisão envolvida nele. Desta forma, a quando-a aos novos padrões de vida do povo
pessoa que estiver fazendo o mapeamento deverá americano. Nesse sentido, a Teoria das Relações
compreender os elementos: (fornecedores, entra- Humanas se revelou um movimento tipicamente
das, processo, saídas e clientes) de modo a des- americano e voltado para a democratização dos
crever todos os aspectos do processo. conceitos administrativos.

159
Desenvolvimento das ciências humanas, elevadíssima rotatividade de pessoal (ao redor de
principalmente a psicologia, bem como sua cres- 250% ao ano) e que havia tentado inutilmente
cente influência intelectual e suas primeiras apli- vários esquemas de incentivos salariais. Mayo
cações à organização industrial. As ciências hu- introduziu um intervalo de descanso, delegou aos
manas vieram demonstrar a inadequação dos operários a decisão sobre horários de produção e
princípios da Teoria Clássica. contratou uma enfermeira. Em pouco tempo,
Ideias da filosofia pragmática de John De- emergiu um espírito de grupo, a produção aumen-
wey e da psicologia dinâmica de Kurt Lewin fun- tou e a rotatividade do pessoal diminuiu.
damentais para o humanismo na administração. Em 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas
Elton Mayo é o fundador da escola. Dewey e Le- iniciou uma experiência na fábrica de Hawthorne
win também contribuíram para sua concepção, e a da
sociologia de Pareto foi fundamental. Western Electric Company, situada em Chi-
Conclusões da Experiência de Hawthorne: cago, para avaliar a correlação entre iluminação e
realizada entre 1927 e 1932, sob a coordenação eficiência dos operários, medida por meio da pro-
de Elton Mayo, que puseram em xeque os princi- dução. A experiência foi coordenada por Elton
pais postulados da Teoria Clássica da administra- Mayo, e estendeu-se à fadiga, aos acidentes no
ção. trabalho, à rotatividade do pessoal (turnover) e ao
As críticas à abordagem clássica efeito das condições de trabalho sobre a produti-
vidade do pessoal. Os pesquisadores verificaram
A Teoria Clássica pretendeu desenvolver uma nova filo-
sofia empresarial, uma civilização industrial, na qual a que os resultados da experiência eram prejudica-
tecnologia e o método de trabalho fossem as preocupa- dos por variáveis de natureza psicológica. Tenta-
ções básicas do administrador. Todavia, apesar da hege- ram eliminar ou neutralizar o fator psicológico,
monia da Teoria Clássica e do fato de não ter sido questi-
onada por nenhuma outra teoria administrativa durante as
então estranho e impertinente, o que fez a experi-
quatro primeiras décadas do século XX, seus princípios ência se prolongar até 1932.
nem sempre foram pacificamente aceitos. Em um país
Francisco Christian
democrático como os Estados Unidos, os trabalhadores e
Maximiano (2009, p. 44) destaca o fato desta
christianpet2002@gmail.com
sindicatos passaram a visualizar e interpretar a Adminis- experiência ter sido um dos eventos mais impor-
077.967.703-08
tração Científica como um meio sofisticado de exploração tantes na historia do enfoque comportamental na
de empregados a favor dos interesses patronais. A Pes- administração, sendo que esta revelou “a impor-
quisa de Hoxie foi um alerta à autocracia do sistema de
Taylor. Verificou-se que a administração se baseava em tância do grupo sobre o desempenho dos indiví-
princípios inadequados ao estilo democrático de vida duos e deu a partida para os estudos sistemáticos
americano. Assim, a Teoria das Relações Humanas nas- sobre o sistema social das organizações”. O
ceu da necessidade de corrigir a tendência à desumani-
zação do trabalho com a aplicação de métodos científicos
mesmo autor continua apontando que a experiên-
e precisos. cia de Hawthorne “demonstrou que o principal
fator determinante da produtividade era o compor-
tamento dos funcionários” (MAXIMIANO, 2009, p.
Conceito de homem social
44).
Os precursores da Administração Científica se baseavam
no conceito do homo economicus − pelo qual o homem é Este estudo que aconteceu na empresa Wes-
motivado e incentivado por estímulos salariais − e elabo- tern Eletric em 1923 foi dividido em 4 fases. As
ravam planos de incentivo salarial para elevar a eficiência
fases e as conclusões são apresentadas a seguir
e baixar os custos operacionais. Para a Teoria das Rela-
ções Humanas, a motivação econômica é secundária na por Chiavenato (2003, pp. 102–107):
determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as
pessoas são motivadas pela necessidade de reconheci-
Primeira fase da experiência de Hawthorne
mento, aprovação social e participação nas atividades dos Na primeira fase da experiência foram esco-
grupos sociais nos quais convivem.
lhidos dois grupos de operários que faziam o
A Experiência de Hawthorne mesmo trabalho e em condições idênticas: um
Em 1924, a Academia Nacional de Ciências grupo de observação trabalhava sob intensidade
dos Estados Unidos fez uma pesquisa para verifi- de luz variável, enquanto o grupo de controle tinha
car a correlação entre produtividade e iluminação intensidade constante. Pretendia-se conhecer o
do local de trabalho, dentro dos pressupostos da efeito da iluminação sobre o rendimento dos ope-
Administração Científica. Pouco antes, Mayo con- rários. Os observadores não encontraram correla-
duzira uma pesquisa em uma indústria têxtil com ção direta entre ambas as variáveis, mas verifica-
ram, desapontados, a existência de uma variável

160
difícil de ser isolada, denominada fator psicológi- mantendo-se as condições e o horário de trabalho
co: os operários reagiam à experiência de acordo normais e medindo-se o ritmo de produção. Serviu
com suas suposições pessoais, ou seja, eles se para verificar o efeito da mudança de local de tra-
julgavam na obrigação de produzir mais quando a balho.
intensidade de iluminação aumentava e, o contrá- 3º Neste período modificou-se o sistema de
rio, quando diminuía. Comprovou-se a preponde- pagamento. No grupo de controle havia o paga-
rância do fator psicológico sobre o fator fisiológico: mento por tarefas em grupo. Os grupos eram nu-
a eficiência dos operários é afetada por condições merosos - compostos por mais de cem moças -;
psicológicas. Reconhecendo o fator psicológico as variações de produção de cada moça eram
apenas quanto à sua influência negativa, os pes- diluídas na produção e não se refletiam no salário
quisadores pretenderam isolá-lo ou eliminá-lo da individual. Separou-se o pagamento do grupo ex-
experiência, por considerá-lo inoportuno. perimental e, como ele era pequeno, os esforços
Segunda fase da experiência da Hawthor- individuais repercutiam diretamente no salário.
ne Esse período durou oito semanas. Verificou-se
A segunda fase da experiência começou em aumento de produção.
1927. Foi criado um grupo de observação (ou gru- 4º Este período marca o início da introdução
po experimental): cinco moças montavam os re- de mudanças no trabalho: um intervalo de cinco
lês, enquanto uma sexta operária fornecia as pe- minutos de descanso no período da manhã e ou-
ças para abastecer o trabalho. A sala de provas tro igual no período da tarde. Verificou-se novo
era separada do departamento (onde estava o aumento de produção.
grupo de controle) por uma divisão de madeira. O 5º Neste período os intervalos de descanso
equipamento de trabalho era idêntico ao utilizado foram aumentados para dez minutos cada, verifi-
no departamento, apenas incluindo um plano in- cando-se novo aumento de produção.
clinado com um contador de peças que marcava a
produção em fita perfurada. Francisco Christian
6º Neste período introduziu-se três intervalos
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de cinco minutos na manhã e três à tarde. A pro-
A produção foi o índice de comparação entre dução não aumentou, havendo queixas das mo-
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o grupo experimental (sujeito a mudanças nas ças quanto à quebra do ritmo de trabalho.
condições de trabalho) e o grupo de controle (tra-
balho em condições constantes). O grupo experi- 7º Neste período voltou-se a dois intervalos
mental tinha um supervisor, como no grupo de de dez minutos, em cada período, servindo-se um
controle, além de um observador que permanecia lanche leve. A produção aumentou novamente.
na sala e observava o trabalho e assegurava o 8º Neste período foram mantidas as mesmas
espírito de cooperação das moças. Elas foram condições do período anterior, e o grupo experi-
convidadas para participar na pesquisa e esclare- mental passou a trabalhar até às 16h30min e não
cidas quanto aos seus objetivos: determinar o até às 17 horas, como o grupo de controle. Houve
efeito de certas mudanças nas condições de tra- acentuado aumento da produção.
balho (períodos de descanso, lanches, redução no
9º Neste período o grupo experimental pas-
horário de trabalho etc.). Eram informadas a res-
sou a trabalhar até às 16 horas. A produção per-
peito dos resultados e as modificações eram antes
maneceu estacionária.
submetidas a sua aprovação. Insistia-se para que
trabalhassem dentro do normal e que ficassem à 10º Neste período o grupo experimental vol-
vontade no trabalho. A pesquisa com o grupo ex- tou a trabalhar até às 17 horas, como no 7º perío-
perimental foi dividida em 12 períodos, para ob- do. A produção aumentou bastante.
servar sua produção. 11º Neste período estabeleceu-se a semana
1º Este período durou duas semanas. Foi es- de cinco dias, com sábado livre. A produção diária
tabelecida a capacidade produtiva em condições do grupo experimental continuou a subir.
normais de trabalho (2.400 unidades semanais 12º Neste período voltou-se às mesmas con-
por força) que passou a ser comparada com a dos dições do 3º período, tirando-se todos os benefí-
demais períodos. cios dados, com o assentimento das moças. Esse
2º Este período durou cinco semanas. O gru- período, último e decisivo, durou 12 semanas.
po experimental foi isolado na sala de provas, Inesperadamente, a produção atingiu um índice

161
jamais alcançado anteriormente (3.000 unidades sores e os resultados se mostraram animadores.
semanais por moça). Em função disso, foi criada a Divisão de Pesqui-
As condições físicas de trabalho foram iguais sas Industriais para ampliar o programa de entre-
nos 7º, 10º e 12º períodos. Contudo, a produção vistas e entrevistar anualmente todos os empre-
aumentou seguidamente de um período para o gados. Para uma empresa com mais de 40.000
outro. No 11º período, um ano após o início da empregados, o plano se revelou ambicioso. Entre
experiência, os pesquisadores perceberam que os 1928 e 1930 foram entrevistados cerca de 21.126
resultados eram estranhos. Havia um fator psico- empregados.
lógico que já havia aparecido na experiência ante- Em 1931, adotou-se a técnica da entrevista
rior sobre iluminação. não-diretiva, que permitia que os operários falas-
A experiência da sala de montagem de re- sem livremente, sem que o entrevistador desvias-
lés trouxe as seguintes conclusões: se o assunto ou tentasse impor um roteiro prévio.
Com a organização informal, os operários se man-
a) as moças gostavam de trabalhar na sala de têm unidos através de laços de lealdade. Quando
provas porque era divertido e a supervisão branda o operário pretende também ser leal à empresa,
(ao contrário da supervisão de controle rígido na essa lealdade dividida entre o grupo e a compa-
sala de montagem) permitia trabalhar com liber- nhia traz conflito, tensão, inquietação e descon-
dade e menor ansiedade; tentamento. Para estudar esse fenômeno, os pes-
b) havia um ambiente amistoso e sem pres- quisadores desenvolveram uma quarta fase da
sões, no qual a conversa era permitida, o que au- experiência.
mentava a satisfação no trabalho; Quarta fase da experiência de Hawthorne
c) não havia temor ao supervisor, pois esse Foi escolhido um grupo experimental para
funcionava como orientador; trabalhar em uma sala especial com condições de
d) houve um desenvolvimento social do Francisco
grupo trabalho idênticas às do departamento. Um obser-
Christian
experimental. As moças faziam amizades entre si vador ficava dentro da sala e um entrevistador do
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e tornaram-se uma equipe; lado de fora entrevistava o grupo. Essa experiên-
077.967.703-08
cia visava analisar a organização informal dos
e) o grupo desenvolveu objetivos comuns,
operários. O sistema de pagamento era baseado
como o de aumentar o ritmo de produção, embora
na produção do grupo, havendo um salário-hora
fosse solicitado a trabalhar normalmente.
com base em fatores e um salário mínimo horário,
Terceira fase da experiência de Hawthorne para o caso de interrupções na produção. Os salá-
Preocupados com a diferença de atitudes en- rios só podiam ser maiores se a produção total
tre as moças do grupo experimental e as do grupo aumentasse. Assim que se familiarizou com o
de controle, os pesquisadores se afastaram do grupo experimental, o observador pôde constatar
objetivo inicial de verificar as condições físicas de que os operários dentro da sala usavam várias
trabalho e passaram a se fixar no estudo das rela- artimanhas - logo que os operários montavam o
ções humanas no trabalho. Verificaram que, no que julgavam ser a sua produção normal, reduzi-
grupo de controle, as moças consideravam humi- am seu ritmo de trabalho. Os operários passaram
lhante a supervisão vigilante e constrangedora. a apresentar certa uniformidade de sentimentos e
Apesar de sua política pessoal aberta, a empresa solidariedade grupal. O grupo desenvolveu méto-
pouco ou nada sabia acerca dos fatores determi- dos para assegurar suas atitudes, considerando
nantes das atitudes das operárias em relação à delator o membro que prejudicasse algum compa-
supervisão, aos equipamentos de trabalho e à nheiro e pressionando os mais rápidos para “esta-
própria organização. bilizarem” sua produção por meio de punições
simbólicas. Essa quarta fase permitiu o estudo
Assim, em 1928, iniciou-se o Programa de das relações entre a organização informal dos
Entrevistas (Interviewing Program) com os empre- empregados e a organização formal da fábrica.
gados para conhecer suas atitudes e sentimentos,
ouvir suas opiniões quanto ao trabalho e trata- A Experiência de Hawthorne foi suspensa em
mento que recebiam, bem como ouvir sugestões a 1932 por motivos financeiros. Sua influência sobre
respeito do treinamento dos supervisores. O pro- a teoria administrativa foi fundamental, abalando
grama foi bem recebido entre operários e supervi-

162
os princípios básicos da Teoria Clássica então são péssimos colegas se o comportamento se
dominante. afasta delas.
Conclusões da experiência de Hawthorne d) Grupos informais
A Experiência de Hawthorne proporcionou o Enquanto os clássicos se preocupavam com
delineamento dos princípios básicos da Escola aspectos formais da organização (como autorida-
das Relações Humanas. Suas conclusões são as de, responsabilidade, especialização, estudos de
seguintes: tempos e movimentos, princípios gerais de Admi-
a) O nível de produção é resultante da in- nistração, departamentalização etc.), os autores
tegração social humanistas se concentravam nos aspectos infor-
mais da organização (como grupos informais,
O nível de produção não é determinado pela comportamento social dos empregados, crenças,
capacidade física ou fisiológica do empregado atitude e expectativa, motivação etc.). A empresa
(como afirmava a Teoria Clássica), mas por nor- passou a ser visualizada como uma organização
mas sociais e expectativas grupais. É a capacida- social composta de grupos sociais informais, cuja
de social do trabalhador que determina o seu nível estrutura nem sempre coincide com a organização
de competência e eficiência e não sua capacidade formal da empresa, ou seja, com os propósitos
de executar movimentos eficientes dentro do tem- definidos pela empresa.
po estabelecido. Quanto maior a integração social
no grupo de trabalho, tanto maior a disposição de Os grupos informais constituem a organiza-
produzir. Se o empregado apresentar excelentes ção humana da empresa, muitas vezes em con-
condições físicas e fisiológicas para o trabalho e traposição à organização formal estabelecida pela
não estiver socialmente integrado, sua eficiência direção. Os grupos informais definem suas regras
sofrerá a influência de seu desajuste social. de comportamento, formas de recompensas ou
sanções sociais, objetivos, escala de valores soci-
b) Comportamento social dos empregados ais, crenças e expectativas que cada participante
Francisco Christian
O comportamento do indivíduo se apoia to- vai assimilando e integrando em suas atitudes e
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talmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou comportamento.
077.967.703-08
reagem isoladamente como indivíduos, mas como e) Relações humanas
membros de grupos. A qualquer desvio das nor-
mas grupais, o trabalhador sofre punições sociais No local de trabalho, as pessoas participam
ou morais dos colegas, no intuito de se ajustar aos de grupos sociais dentro da organização e man-
padrões do grupo. Enquanto os padrões do grupo têm-se em uma constante interação social. Para
permanecerem imutáveis, o indivíduo resistirá a explicar o comportamento humano nas organiza-
mudanças para não se afastar deles. ções, a Teoria das Relações Humanas passou a
estudar essa interação social. As relações huma-
c) Recompensas e sanções sociais nas são as ações e as atitudes desenvolvidas a
O comportamento dos trabalhadores está partir dos contatos entre pessoas e grupos. Cada
condicionado a normas e padrões sociais. Os ope- pessoa possui uma personalidade própria e dife-
rários que produziram acima ou abaixo da norma renciada que influi no comportamento e nas atitu-
socialmente determinada perderam o respeito e a des das outras com quem mantém contatos e é,
consideração dos colegas. Os operários preferi- por outro lado, igualmente influenciada pelas ou-
ram produzir menos - e ganhar menos - a pôr em tras. As pessoas procuram ajustar-se às demais
risco suas relações amistosas com os colegas. pessoas e grupos: querem ser compreendidas,
Cada grupo social desenvolve crenças e expecta- aceitas e participar, no intuito de atender a seus
tivas em relação à Administração. Essas crenças interesses e aspirações pessoais. O comporta-
e expectativas - sejam reais ou imaginárias - influ- mento humano é influenciado pelas atitudes e
em nas atitudes e nas normas e padrões de com- normas informais existentes nos grupos dos quais
portamento que o grupo define como aceitáveis. participa. É dentro da organização que surgem as
As pessoas são avaliadas pelo grupo em relação oportunidades de relações humanas, devido ao
a essas normas e padrões de comportamento: grande número de grupos e interações resultan-
são bons colegas se seu comportamento se ajusta tes. A compreensão das relações humanas permi-
a suas normas e padrões de comportamento ou te ao administrador melhores resultados de seus
subordinados e a criação de uma atmosfera na

163
qual cada pessoa é encorajada a exprimir-se de mem: o homem social, que se baseia nos seguin-
forma livre e sadia. tes aspectos:
f) Importância do conteúdo do cargo Trabalhadores são criaturas sociais com-
A especialização não é a maneira mais efici- plexas, dotados de sentimentos, desejos e temo-
ente de divisão do trabalho. Embora não tenham res. O comportamento no trabalho – como o com-
se preocupado com esse aspecto, Mayo e seus portamento em qualquer lugar – é uma conse-
colaboradores verificaram que a especialização quência de muitos fatores motivacionais.
proposta pela Teoria Clássica não cria a organiza- Pessoas são motivadas por necessidades
ção mais eficiente. Observaram que os operários humanas e alcançam suas satisfações por meio
trocavam de posição para variar e evitar a mono- da interação com grupos sociais. Dificuldades em
tonia, contrariando a política da empresa. Essas participar e em se relacionar com o grupo provo-
trocas provocavam efeitos negativos na produção, cam elevação da rotatividade de pessoal (turno-
mas elevavam o moral do grupo. O conteúdo e a ver), abaixamento do moral, fadiga psicológica,
natureza do trabalho têm influência sobre o moral redução dos níveis de desempenho, etc.
do trabalhador. Trabalhos simples e repetitivos O comportamento dos grupos sociais é in-
tornam-se monótonos e maçantes afetando nega- fluenciado pelo estilo de supervisão e liderança. O
tivamente a atitude do trabalhador e reduzindo a supervisor eficaz é aquele que possui habilidade
sua satisfação e eficiência. para influenciar seus subordinados, obtendo leal-
g) Ênfase nos aspectos emocionais dade, padrões elevados de desempenho e alto
Os elementos emocionais não planejados e ir- compromisso com os objetivos da organização.
racionais do comportamento humano merecem Normas sociais do grupo funcionam como
atenção especial da Teoria das Relações Huma- mecanismos reguladores do comportamento dos
nas. Daí a denominação de sociólogos da organi- membros. Os níveis de produção são controlados
zação aos autores humanistas. Francisco Christian
informalmente pelas normas do grupo. Esse con-
christianpet2002@gmail.com
Fonte: Chiavenato (2003, p. 102–107). trole social adota tanto sanções positivas (estímu-
los, aceitação social, etc.) como negativas (goza-
077.967.703-08
Decorrências da Teoria das Relações Hu- ções, esfriamento por parte do grupo, sanções
manas simbólicas, etc.).
O advento da Teoria das Relações Humanas
trouxe uma nova linguagem que passou a dominar
o repertório administrativo: fala-se agora em moti-
vação, liderança, comunicação, organização in-
formal, dinâmica de grupo, etc. Os conceitos clás-
sicos de autoridade, hierarquia, racionalização do
trabalho, departamentalização, princípios gerais Introdução
de administração, etc. passaram a ser contesta- O Estado de bem estar social (“Welfare Sta-
dos ou deixados de lado. Subitamente, explora-se te”) consagrado no Brasil pela CF/88 impôs ao
o reverso da medalha. O engenheiro e o técnico Estado brasileiro a prestação de uma quantidade
cedem lugar ao psicólogo e ao sociólogo. O méto- elevada de serviços públicos, que são também
do e a máquina perdem a primazia em favor da direitos fundamentais sociais de segunda dimen-
dinâmica de grupo. A felicidade humana passa a são, ou seja, estabelecem deveres prestacionais
ser vista sob um ângulo diferente, pois o homo ou uma atuação positiva por parte do Estado bra-
economicus cede o lugar para o homem social. sileiro.
Essa revolução na administração ocorreu nos
prenúncios da Segunda Guerra Mundial, ressal- O art. 6° da CRFB/88 positivou os seguintes
tando o caráter democrático da administração. A direitos sociais fundamentais:
ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída Art. 6º. São direitos sociais a educação, a sa-
pela ênfase nas pessoas. úde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
Com a Teoria das Relações Humanas, surgiu transporte, o lazer, a segurança, a previdên-
uma nova concepção sobre a natureza do ho- cia social, a proteção à maternidade e à in-
fância, a assistência aos desamparados, na

164
forma desta constituição. (artigo com redação a titularidade e a execução de determinado servi-
dada pela emenda constitucional nº 90, de 2015) ço público.
Descentralização por colaboração é a que se
Ante à complexidade da máquina estatal bra- verifica quando, por meio de contrato ou ato ad-
sileira, organizada para prestar os serviços públi- ministrativo unilateral, se transfere a execução de
cos e a atividade administrativa, o Estado brasilei- determinado serviço público à pessoa jurídica de
ro passou a adotar técnicas de organização admi- direito privado, previamente existente, conservan-
nistrativas diversas. do o Poder Público a titularidade do serviço.
Carvalho Filho destaca três técnicas de orga-
nização administrativa: centralização, descentrali-
Descentralização Criação de Pessoas
zação e a desconcentração. Para fins de concur-
Administrativa Jurídicas distintas.
sos públicos, vamos tratar das técnicas da des-
centralização e da desconcentração, que são as
mais abordadas nas provas.
Descentralização Criação de
Obs.: Se você compreender a desconcentração e Territorial territórios federais.
a descentralização, também compreende a cen-
tralização e a concentração, pois são o oposto das
primeiras.
Por
Mediante
Outorga ou
Técnicas de Organização Administrativa Lei.
legal.
Conforme destacado acima, as duas princi- Descentralização
pais técnicas de organização administrativa mais de Serviços
cobradas nos concursos são a descentralização e Por
a desconcentração. Francisco Christian Mediante
Colabora-
Contrato.
Descentralização: christianpet2002@gmail.com ção.
077.967.703-08
Hely Lopes Meireles leciona que “Descentrali-
zar, em sentido comum, é afastar do centro; des-
centralizar, em sentido jurídico-administrativo, é Desconcentração:
atribuir a outrem poderes da Administração.” A desconcentração é técnica de organização
Portanto, a descentralização é técnica de or- administrativa onde a Administração Pública cria
ganização administrativa onde a Administração órgãos públicos dentro da própria estrutura esta-
Pública cria entidade administrativa, transferindo tal, especializando a prestação dos serviços públi-
para ela a titularidade e a execução do serviço cos. Nela, há hierarquia ou subordinação, posto
público, ou delega a um particular a execução de que é dentro de uma única pessoa jurídica.
determinado serviço público. Nela, não há hierar- Em resumo, segundo Hely Lopes Meireles:
quia ou subordinação, mas controle finalístico ou
“A descentralização administrativa pressu-
tutela. Esta modalidade pressupõe a existência
põe, portanto, a existência de uma pessoa,
de, pelo menos, duas pessoas jurídicas distintas.
distinta da do Estado, a qual, investida dos
Di Pietro esclarece que existem três modali- necessários poderes de administração,
dades de descentralização, a saber: exercita atividade pública ou de utilidade
“Descentralização territorial ou geográfica é a pública. O ente descentralizado age por
que se verifica quando uma entidade local, geo- outorga do serviço ou atividade ou por
graficamente delimitada, é dotada de personalida- delegação de sua execução, mas sempre
de jurídica própria, de direito público, com capaci- em nome próprio. Diversa da descentrali-
dade administrativa genérica. zação é a desconcentração administrativa,
que significa repartição de funções entre
Descentralização por serviços, funcional ou os vários órgãos (despersonalizados) de
técnica é a que se verifica quando o Poder Público uma mesma Administração sem quebra de
(União, Estados ou Municípios) cria uma pessoa hierarquia. Na descentralização, a execu-
jurídica de direito público ou privado e a ela atribui ção de atividades ou a prestação de servi-

165
ços pelo Estado é indireta e mediata; na parte de seu patrimônio ao novo ente, o qual terá
desconcentração é direta e imediata.” liberdade para usá-lo.
• Possuem capacidade de autoadministração
QUADRO COMPARATIVO (autonomia técnica + administrativa).
ENTRE DESCONCENTRAÇÃO E
Cuidado! Essa capacidade de autoadministração NÃO
DESCENTRALIZAÇÃO
significa que elas podem definir regras para se organiza-
rem (matéria já foi objeto de questão do CESPE).Devem
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO ter finalidade pública. NÃO poderão ter finalidade lucrati-
va, mas o lucro poderá ser uma consequência da ativida-
de.
Órgãos Entidades • Sujeitas à supervisão ministerial (e NÃO ao
Não possuem persona- A personalidade jurídi- poder hierárquico).
lidade jurídica. ca distinta do Estado.
Forma de controle que pode ocorrer por meio
Não podem ser acio- de 3 hipóteses:
nados judicialmente,
Respondem Judicial- 1) Controle Finalístico: deve-se assegurar
exceto aqueles que
mente, pois são sujei- que as entidades da Administração Indireta não
detém capacidade ju-
tos de direito e de estão se desviando dos fins previstos nas leis ins-
diciária para o exercí-
obrigações. tituidoras;
cio das prerrogativas
institucionais. 2) Controle Político: a Administração Direta
Exemplos de órgãos pode nomear e exonerar livremente os dirigentes
despersonalizados: das entidades administrativas. Exceção: dirigentes
Ministérios, Secretari- das agências reguladoras;
as, Delegacias da Re- Ex.: IBAMA, INSS, 3) Controle Financeiro: exercido pelo Poder
ceita Federal. INCRA, Banco do Bra-
Francisco Christian
Legislativo com auxílio do TCU. Para a doutrina,
Dica: A Câmara Muni- sil, CEF,christianpet2002@gmail.com
Petrobras, além das autarquias e fundações públicas, as es-
cipal é órgão, mas po- EBSERH etc. tatais também se submetem ao controle financei-
077.967.703-08
de exercer excepcio- ro, desde que prestem serviço público.
nalmente capacidade
judiciária. • Necessidade de lei específica para criação
das autarquias e autorização para criação dos
demais entes da administração indireta, neste
caso, sendo imprescindível o registro dos atos
constitutivos no cartório de pessoas jurídicas ou
na junta comercial para empresas estatais.
OBS.: Criação de subsidiárias também exige lei.

⦁ NÃO precisa ser lei específica. A própria lei


ADMINISTRAÇÃO DIRETA que institui a entidade pode autorizar.

A administração direta é constituída pelos ór- ⦁ A lei deve ser minuciosa, trazendo todas as
gãos relacionados aos entes da federação, como áreas de atuação da entidade de forma específica
a União, os estados, o Distrito Federal e os muni- (princípio da especialidade). Já a organização
cípios, por exemplo. Eles estão subordinados ao pode ser feita através de ato administrativo.
chefe do poder ao qual pertencem. Entidades administrativas que compõe a
Administração Pública Indireta:
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Conforme o visto anteriormente, a Adminis-
tração Pública Indireta é composta por entidades
Características administrativas, a saber:
• Gozam de personalidade jurídica própria. • Fundações Públicas (de direito público ou
privado);
• Possuem patrimônio próprio. No momento
da sua criação, a entidade responsável transfere • Autarquias;

166
• Empresas Públicas; letistas para a prestação dos serviços nos entes
• Sociedades de economia mista; da administração direta, autárquica e fundacional.

• Consórcios Públicos ou Associações Pú- • Submetem-se ao regime de precatórios,


blicas. SALVO os conselhos profissionais.
• Possuem imunidade tributária recíproca em
relação aos IMPOSTOS.
ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
AUTARQUIAS
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Conceito
Definição
São pessoas jurídicas de direito público in-
Pessoas jurídicas sem fins lucrativos, cujo
terno, pertencentes à Administração Indireta, cria-
elemento essencial é a utilização do patrimônio
das por lei específica para o exercício de ativida-
para a satisfação de objetivos sociais, definidos
des típicas, próprias do Estado (ou seja: ativida-
pelo instituidor. Em outras palavras: a fundação é
des que só podem ser desempenhadas por pes-
um patrimônio afetado (destinado) à realização de
soas jurídicas de direito público). Possuem regime
um fim, possuindo, por essa razão, personalidade
muito semelhante aos dos entes da Administração
jurídica própria distinta de seu instituidor. Desse
Direta.
modo, o instituidor da fundação separa (destaca)
Ex.: INSS, INCRA, conselhos de classe, UF, um determinado patrimônio (dinheiro, imóveis,
IBAMA, BANCO CENTRAL, autarquias territoriais, créditos etc.) declarando que esses bens serão
agências reguladoras, associações públicas de utilizados para a realização de um objetivo especí-
regime público (Lei n°11.107/05). fico.
Características Criação
Francisco Christian
• NÃO possuem autonomia política, mas pos- • Fundações públicas de direito público -
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suem autonomia financeira e de autorregulação.
077.967.703-08criadas por lei ordinária específica, mas seu
são
• Possuem regime jurídico de Direito Público. objeto de atuação deve ser definido por lei com-
plementar.
• São CRIADAS por lei específica (competên-
cia do chefe do Poder Executivo), através da des- • Fundações públicas de direito privado - a
centralização por outorga ou descentralização criação é autorizada por lei ordinária específica,
legal. (art. 37, XIX da CF). sendo criadas após o registro no cartório compe-
tente, mas seu objeto de atuação deve ser defini-
Art. 37, XIX - Somente por lei específica poderá ser cria-
da autarquia e autorizada a instituição de empresa públi- do por lei complementar.
ca, de sociedade de economia mista e de fundação, ca- Art. 37, XIX – somente por lei específica poderá ser cria-
bendo à lei complementar, neste último caso, definir as da autarquia e autorizada a instituição de empresa públi-
áreas de sua atuação. ca, de sociedade de economia mista e de fundação, ca-
bendo à lei complementar, neste último caso, definir as
• Possuem personalidade jurídica própria. áreas de sua atuação;
• Possuem patrimônio próprio.
Possuem regime híbrido ou misto;
• Bens autárquicos são bens públicos que,
• Direito Público: Autarquias fundacionais cuja
portanto, sujeitam-se à impenhorabilidade, im- criação ocorre por lei específica.
prescritibilidade e inalienabilidade relativa.
• Direito Privado: Fundações governamentais
• Praticam atos administrativos.
(regime híbrido ou misto) cuja criação é autorizada
• Precisam fazer licitação quando firmarem por lei.
contratos administrativos, podendo haver a previ-
são de cláusulas exorbitantes.
• Sujeitas a controle financeiro do Tribunal de
Contas.
• Sujeitas ao regime estatutário, razão pela
qual NÃO se admite o ingresso de servidores ce-

167
EMPRESAS ESTATAIS Estado, do Distrito Federal ou do Município, será
(LEI N°13.303/2016) admitida, no capital da empresa pública, a partici-
pação de outras pessoas jurídicas de direito públi-
co interno, bem como de entidades da administra-
Conceito
ção indireta da União, dos Estados, do Distrito
As Empresas Públicas (EP) e Sociedades de Federal e dos Municípios.
Economia Mista (SEM) são pessoas jurídicas de
direito privado integrantes da Administração Públi- Art. 4°. Sociedade de economia mista é a enti-
ca Indireta. dade dotada de personalidade jurídica de direi-
São regidas por um regime predominante- to privado, com criação autorizada por lei, sob
mente privado, chamado por alguns de regime a forma de sociedade anônima, cujas ações
híbrido, sui generis. Isso porque, por mais que com direito a voto pertençam em sua maioria à
sejam influenciadas pelo regime privado, possuem União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Muni-
características do regime de direito público. cípios ou a entidade da administração indireta.
Obs.: NÃO serão titulares de serviço, rece- Perceba-se que, enquanto as Autarquias são
bendo apenas sua descentralização para a exe- criadas por lei específica, as estatais têm sua cri-
cução (NÃO há outorga do serviço). ação autorizada por lei específica, conforme os
Obs.: NÃO serão titulares de serviço, recebendo apenas dispositivos acima e a CF/88, em seu art. 37, XIX.
sua descentralização para a execução (NÃO há outorga Veja-se:
do serviço).

Em regra, a estatal precisa de lei autorizativa


XIX – somente por lei específica poderá ser
para a sua criação, bem como para a criação de
CRIADA autarquia e AUTORIZADA a instituição
suas subsidiárias e participação em outras empre-
de empresa pública, de sociedade de econo-
sas privadas. Há algumas exceções previstas no
Francisco Christian
mia mista e de fundação, cabendo à lei comple-
§3º. Isso é basicamente uma repetição do art. 37,
mentar, neste último caso, definir as áreas de sua
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XIX e XX, da CRFB/88.
atuação; (Inciso com redação dada pela Emenda
077.967.703-08
Finalidades Constitucional nº 19, de 1998)
Pode ter duas finalidades:
Portanto, as estatais têm personalidade jurídi-
1) Prestadora de serviço público; ca de direito privado, sendo seus bens de nature-
2) Exploradora de atividade econômica. za privada. Do mesmo modo, os atos e os contra-
tos são, em regra, privados.
O seu objeto será definido pela lei autorizativa
Enunciado 8 da I Jornada de Direito Administrativo
CJF/STJ - O exercício da função social das empresas es- e poderá ser a exploração de atividade econômica
tatais é condicionado ao atendimento da sua finalidade ou a prestação de serviço público.
pública específica e deve levar em conta os padrões de
eficiência exigidos das sociedades empresárias atuantes O regime de pessoal das estatais é o celetis-
no mercado, conforme delimitações e orientações dos §§ ta, ou seja, apesar de serem obrigadas a realizar
1º a 3º do art. 27 da Lei 13.303/2016. concurso público para selecionar seus funcioná-
A Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016, es- rios em geral, os aprovados no certame serão
tabeleceu o conceito legal de Empresas Públicas regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho –
e de Sociedade de Economia Mista. Vejamos: CLT. Ou seja, o regime aqui é de natureza contra-
tual.

Art. 3°. Empresa pública é a entidade dotada de


personalidade jurídica de direito privado com
criação autorizada por lei e com patrimônio Sociedades de
Empresas
próprio, cujo capital social é integralmente detido Economia Mista
públicas (EP)
pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou (SEM)
pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital
votante permaneça em propriedade da União, do

168
Conceito: Conceito: Exemplos: BNDES, Exemplos: PETRO-
CAIXA ECONÔMICA BRÁS, BANCO DO
Pessoa jurídica de di- Pessoa jurídica de FEDERAL (CEF), EM- BRASIL (BB), BANCO
reito privado, integrante direito privado, inte- PRESA DE CORREIOS DO NORDESTE (BN)
da Administração Indi- grante da Ad- E TELÉGRADOS DO etc.
reta, criada por autori- ministração Indireta, BRASIL (ECT), EM-
zação legal. criada por autoriza- BRAPA, INFRAERO e
ção legal. CASA DA MOEDA.

Capital: Capital:
Obs.: O regramento legal das subsidiárias é o mesmo das
Integralmente público. Público e privado. estatais às quais estão vinculadas e será estabelecido na
lei autorizativa e na Lei nº 13.303 de 30 de junho de 2016.
Obs.: É permitido que uma empresa pública seja formada
por mais de um ente (ex.: União e Esta-do-membro) ou
Forma societária: Forma societária: entidade (ex.: Estado-membro e empresa pública federal),
conforme o art. 3º, parágrafo único, da Lei nº 13.303 de
30 de junho de 2016, desde que a maioria do capital vo-
Qualquer forma Apenas Sociedade tante permaneça em propriedade da União, do Estado, do
societária admitida Anônima - S/A. Distrito Federal ou do Município..
em Direito.
Veja-se o disposto na Lei nº 13.303 de 30 de
junho de 2016:
Foro competente: Foro competente:
Depende da instância a) Regra: Justiça
federativa: Estadual. Francisco Christian
Art. 1°. Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurí-
a) Federal – Justiça christianpet2002@gmail.com
b) Exceção: Justiça dico da empresa pública, da sociedade de
Federal Federal. 077.967.703-08 economia mista e de suas subsidiárias,
b) Estadual/distrital abrangendo toda e qualquer empresa públi-
ou municipal – STF, Súmula 517: ca e sociedade de economia mista da União,
Justiça Estadual. As sociedades de dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
economia mista só têm cípios que explore atividade econômica de
foro na Justiça Fede- produção ou comercialização de bens ou de
ral, quando a União prestação de serviços, ainda que a atividade
intervém como assis- econômica esteja sujeita ao regime de mo-
tente ou opoente. nopólio da União ou seja de prestação de
serviços públicos.
Patrimônio: Patrimônio:
Privado. Privado. A alienação do CONTROLE ACIONÁRIO de em-
presas públicas e sociedades de economia mista
exige autorização legislativa e licitação. Por outro
Responsabilidade Responsabilidade
lado, não se exige autorização legislativa para
Civil: Civil:
a alienação do controle de suas subsidiárias e
controladas. Nesse caso, a operação pode ser
a) Prestadora de ser- a) Prestadora de
realizada sem a necessidade de licitação, des-
viço público: obje- serviço público:
de que siga procedimentos que observem os
tiva, com base no objetiva, com base
princípios da administração pública inscritos
art. 37, §6°, da no art. 37, §6°, da
no art. 37 da CF/88, respeitada, sempre, a exi-
CF/88. CF/88.
gência de necessária competitividade.
b) Exploradora de b) Exploradora de
atividade econô- atividade econô-
STF. Plenário. ADI 5624 MC-Ref/DF, Rel. Min.
mica: subjetiva, em mica: subjetiva, em
Ricardo Lewandowski, julgado em 5 e 6/6/2019
regra. regra.
(Info 943).

169
Súmula 517, STF: As sociedades de economia mista só a qual a lei representa uma limitação à vontade do
têm foro na justiça federal, quando a união intervém como Administrador.
assistente ou opoente.
Súmula 556 do STF: É competente a Justiça Comum pa- (2) Reserva de Lei: o tratamento de certas
ra julgar as causas em que é parte sociedade de econo- matérias deve ser formalizado necessariamente
mia mista. pela legislação.
Relaciona-se com a POSITIVE BINDUNG
(VINCULAÇÃO POSITIVA), condiciona a validade
da atuação dos agentes públicos à prévia autori-
zação legal. Atualmente, prevalece a ideia da vin-
culação positiva da Administração à lei, ou seja, a
atuação do administrador depende de prévia habi-
litação legal para ser legítima.
Assim denominados pois constam expressa- Considerações importantes:
mente no art. 37 da CF/88. São eles: [LIMPE]
• A legalidade deve ser reinterpretada a partir
• Legalidade da constitucionalização do Direito Administrativo.
• Impessoalidade • Por ser submissa ao princípio da legalidade,
• Moralidade a Administração, não pode levar a termo interpre-
tação extensiva ou restritiva de direitos, quando a
• Publicidade
lei assim não o prever de modo expresso.
• Eficiência
• A legalidade encontra-se inserida no deno-
OBS: Além dos princípios expressos pelo Direito Adminis-
minado PRINCÍPIO DA JURIDICIDADE, que exige
trativo existem princípios implícitos (ou reconhecidos) ex-
a submissão da atuação administrativa à lei e ao
traídos pela interpretação sistemática, reconhecidos pela
jurisprudência e doutrina. Direito → Exige-se compatibilidade com o BLOCO
Francisco
Christian
DE LEGALIDADE. Pelo princípio da juridicidade,
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Legalidade (Juridicidade)
deve se respeitar, inclusive, a noção de legitimi-
077.967.703-08
Pelo princípio da legalidade, a atuação da dade do Direito.
administração pública subordina-se à lei, de modo
Há exceções ao princípio da legalidade
que o agente público somente poderá fazer o que administrativa?
proclama a lei. Assim, não havendo previsão le-
gal, está proibida a atuação do ente público e Segundo o Prof. Celso Antônio Bandeira de
qualquer conduta praticada de forma arbitrária por Melo (Curso de Direito Administrativo, 26ª Ed.,
ele. Ressalta-se que a legalidade no âmbito do pág. 105 e 126-136), é possível apontar três res-
direito administrativo não se confunde com a lega- trições excepcionais ao princípio da legalidade:
lidade privada, em que é permitido fazer tudo que a) Estado de defesa;
não é proibido (autonomia privada). Ex.: O princí-
b) Estado de sítio e
pio da legalidade veda à administração a prática
de atos inominados, embora estes sejam permiti- c) Medida provisória.
dos aos particulares. Nesses três casos, deve a Administração atu-
Note a flagrante diferença entre os regimes ar, mesmo que não haja lei regulamentando sua
jurídicos de direito público e direito privado, posto atuação, o que revela a mitigação da obrigatorie-
que, neste último é possível realizar tudo o que a dade do princípio da legalidade.
lei não proíbe, ao passo que, no primeiro, o admi- Princípio da Impessoalidade
nistrador somente pode atuar mediante previa
autorização legal. O princípio da legalidade com- Pelo princípio da impessoalidade, a atuação
porta dois desdobramentos: da administração pública deve ser imparcial, não
visando beneficiar ou prejudicar pessoa determi-
(1) Supremacia da Lei: A lei prevalece e tem nada, tendo em vista que a sua atuação está vol-
preferência sobre os atos da Administração. tada à busca do interesse público em geral.
· Relaciona-se com a doutrina da NEGATIVE OBS.: Para o professor Hely Lopes Meirelles (doutrina
BINDUNG (VINCULAÇÃO NEGATIVA), segundo minoritária), o princípio da impessoalidade nada mais é
que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao

170
administrador público que só pratique o ato para atingir o Ressalta-se, ainda, que a publicidade também
objetivo indicado expressa ou virtualmente pela norma de
direito, de forma impessoal.
representa condição de eficácia dos atos adminis-
trativos, de modo que estes só começam a produ-
Em que pese não ser a doutrina que prevale- zir efeitos a partir de sua publicidade. Assim, en-
ce atualmente, posto que a doutrina moderna en- quanto o ato não é publicado, o particular não
tende que os princípios da impessoalidade e da toma conhecimento deste, e sem tomar ciência,
finalidade não se confundem (são autônomos), tal não pode praticar e/ou observá-lo. Logo, não tem
questão já foi cobrada para prova de Delegado de capacidade de ser eficiente, daí porque se fala
Polícia, motivo pelo qual devemos ficar atentos! que a publicidade é um pressuposto de eficácia.
O princípio da impessoalidade possui duas Princípio da Eficiência
acepções:
O princípio da eficiência foi inserido pela EC
I. Igualdade ou Isonomia: A Administração 19/98 para substituir a Administração Pública bu-
deve dispensar tratamento impessoal e isonômico rocrática pela gerencial, tendo em vista a necessi-
aos particulares para atender a finalidade pública. dade de efetivação célere das finalidades públicas
Ex.: realização de concurso público é uma forma elencadas no ordenamento jurídico.
de observar o princípio da igualdade ou isonomia
Nesse sentido, o princípio da eficiência exige
e princípio republicano*.
que a atividade administrativa seja exercida com
II. Proibição de promoção pessoal: Vedação presteza, perfeição e rendimento funcional, sua
do exercício da máquina pública para atingir inte- aplicação orienta e serve de fundamento para a
resses particulares. Veja o art. 37, §1º da CF/88: construção de uma concepção de Administração
“A publicidade dos atos, programas, obras, Pública Gerencial.
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá Quadro mnemônico dos
ter caráter educativo, informativo ou de orientação princípios EXPLÍCITOS
social, dela não podendo constar nomes, Francisco
símbolos Christian
ou imagens que caracterizem promoção pessoal
christianpet2002@gmail.com LIMPE
de autoridades ou serviços públicos 077.967.703-08
Legalidade Obediência à Lei.
Princípio da Moralidade
Impessoalidade Neutralidade.
O princípio da moralidade traduz a ideia de
honestidade, obediência a princípios éticos, boa- Moralidade Honestidade.
fé, lealdade, boa administração, correção de atitu- Transparência - Controle.
des. É diferente da moralidade comum (certo e Publicidade
errado do convívio social) por ser mais rígida, exi- Economicidade
gindo a correção de atitudes e a boa administra- Eficiência e Qualidade.
ção. Trata-se, portanto, da atuação segundo pa-
drões éticos de probidade e decoro.
Outros princípios Administrativos
Princípio da Publicidade
Além dos princípios acima, a CF/88, a legisla-
O princípio da publicidade, impõe a divulga- ção ordinária e a Doutrina/Jurisprudência consa-
ção e exteriorização dos atos do poder público, graram os seguintes princípios ligados à função
guardando relação com o princípio democrático, administrativa do Estado:
ao possibilitar o controle social sobre os atos pú-
blicos. Em outras palavras: a atuação da Adminis-
tração pública deve ser sempre o mais transpa- PRINCÍPIOS DEFINIÇÃO
rente possível.
Supremacia do Superioridade do interesse
Inclusive, atualmente, nos moldes da LIA –
Interesse público em relação ao
Lei de Improbidade Administrativa, constitui-se em
Público interesse particular.
ato de improbidade administrativa que atenta con-
tra os princípios da administração pública, negar Indisponibili- O administrador não pode
publicidade aos atos oficiais. dade do dispor do que não é seu,
Interesse pois o interesse público é da
Público coletividade.

171
Necessidade de justificação negligências praticadas.
Motivação
dos atos realizados.
A Administração Pública po- Jurisprudência sobre o princípio da autotutela:
de rever e fiscalizar os pró-
prios atos. Assim, quando Súmula n° 346, STF: A Administração pública pode de-
clarar a nulidade dos seus próprios atos.
inoportunos, poderá revogá-
Autotutela los e, quando praticados
Súmula n°473, STF: A Administração pode anular seus
invalidamente, pode ela próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
mesma, sem necessitar re- ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
correr ao Poder Judiciário, los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respei-
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
decretar a sua e anulação. casos, a apreciação judicial.
Presunção RELATIVA de
Presunção de que os atos estatais são pra- Enunciado 20 da I Jornada de Direito Administrativo
Legitimidade ticados de acordo com o CJF/STJ: O exercício da autotutela administrativa, para o
desfazimento do ato administrativo que produza efeitos
Direito. concretos favoráveis aos seus destinatários, está condici-
Presunção RELATIVA de onado à prévia intimação e oportunidade de contraditório
que os atos estatais são pra- aos beneficiários do ato.
Presunção de
ticados de acordo com a
Veracidade
verdade ou realidade. Fé
pública.
A Atividade administrativa
Continuidade
não pode ser interrompida.
Possibilidade de utilizar
Ampla Defesa qualquer meio de defesaFrancisco Christian
em direito permitido. AGÊNCIAS REGULADORAS
christianpet2002@gmail.com
Direito de conhecer e con-
077.967.703-08
tradizer todos os atos que Agências Reguladoras
Contraditório
lhe estejam sendo imputa-
• Autarquias em regime especial.
dos.
Criação de Entes Administra- • Regulamentam a prestação de serviços pú-
Especialidade tivos para o exercício de atri- blicos e a exploração dos bens públicos.
buições específicas. • Servem para fiscalizar/ controlar.
Estabilidade das relações • As agências reguladoras possuem maior au-
jurídicas/ Veda aplicação tonomia frente às demais autarquias comuns.
Segurança retroativa de nova interpreta-
Jurídica ção jurídica pela Administra- • Podem ser controladas pelo poder judiciário.
ção. Conceito
Ao mesmo dispositivo legal.
Assim, de acordo com Maria Sylvia Di Pietro,
Atuação dentro dos agência reguladora, em sentido amplo, é “qual-
Razoabilidade
limites do aceitável. quer órgão da Administração Direta ou Indireta
Equilíbrio entre a necessida- com função de regular a matéria específica que
Proporcionali- de lhe está afeta”.
dade e a adequação de uma
As Agências Reguladoras ganharam força
conduta estatal.
com as Reformas Administrativas dos anos de
Direito de participar da 1990, quando o Estado brasileiro passou a ser
Administração pública, no muito mais regulador do que executor.
tocante ao acesso das infor-
Participação mações e na promoção de Segundo a doutrina de José Maria Pinhei-
reclamações, quanto aos ro, regulação é "Atividade desenvolvida por agen-
serviços prestados e repre- tes independentes, no sentido de estabelecer
sentações contra abusos e marcos ou pontos ótimos de equilíbrio em deter-

172
minados segmentos do mercado, harmonizando e Características especiais das Agências
buscando a eficiência máxima na realização dos Reguladoras
diversos interesses dos agentes econômicos do Mandato fixo de seus diretores.
mercado, quer do ponto de vista equitativo, quer
sob a ótica distributiva". “Estabilidade” para os Dirigentes, que é ga-
rantida pela Lei 9.986/2000, a qual aponta (art. 9º)
Incide em diversas áreas, como a fiscaliza- que o mandato dos dirigentes só será perdido em
ção, sancionatória e solucionadora de conflitos. razão de renúncia, de condenação judicial transi-
Conforme a doutrina conservadora, as Agên- tada em julgado ou de processo administrativo
cias não podem inovar o ordenamento, tendo em disciplinar. Ao saírem do mandato os diretores
conta a estrita visão do princípio da legalidade, o passarão por uma quarentena: caso passem pelo
qual ordena que “ninguém será obrigado a fazer menos seis meses no desempenho do mandato,
ou deixar de fazer nada senão em virtude de LEI”. não podem voltar ao setor regulado por um perío-
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, do mínimo de seis meses, contados da exonera-
as Agências Nacional de Petróleo (ANP) e ção ou do término do seu mandato (art. 8º da Lei
de Telecomunicações (ANATEL), por te- 9.986/2000).
rem previsão constitucional, teriam competências Processo de escolha dos dirigentes diferenci-
normativas mais amplas do que as demais ausen- ado. Em nível federal, o Presidente da Repúbli-
tes da Constituição. ca escolhe a pessoa para Dirigente da Agência
Isto é, as Agências Reguladoras criadas ape- Reguladora, mas só pode nomeá-la após
nas a partir da Lei. Mas, ainda assim, para a auto- a aprovação do Senado Federal.
ra e para o STF, os atos sempre estarão No que se refere ao regime de pessoal, atu-
em PATAMAR HIERÁRQUICO INFERIOR às leis, almente, as Reguladoras federais possuem servi-
as quais são os veículos normativos que podem dores estatutários em seus quadros.
inovar o ordenamento. Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
Alguns doutrinadores apontam a existência de AGÊNCIAS EXECUTIVAS
um maior grau de “discricionariedade técnica”077.967.703-08
das
Reguladoras. Agências Executivas
“Deslegalização” é a transferência da ativida- Agências/ fundações públicas.
de normativa para o nível infralegal, com caráter
• Celebram contrato de gestão através de de-
de complementariedade com relação à lei, apenas
creto
básica, com as normas de execução concebidas
pela instituição administrativa incumbida da tarefa. • Possuem autonomia gerencial, orçamentária
e financeira.
No que diga respeito à solução de conflitos
havidos em suas áreas de atuação, a Agência tem • Fazem plano estratégico de reestruturação e
competências para isso, o que, entretanto, não de desenvolvimento institucional.
impede o questionamento ao Judiciário quanto às • OBS: Se as Autarquias e as Fundações Pú-
decisões tomadas por aquela. blicas não cumprirem as metas, perdem a qualifi-
É possível que órgãos exerçam funções regu- cação de agências executivas.
latórias. A Secretaria de Direito Econômico do Não são “novas entidades”, mas, sim, uma
Ministério da Justiça, por exemplo, exerce funções antiga autarquia ou fundação que passa por um
regulatórias no que respeita à concentração de processo de qualificação.
mercado.
Pressupostos necessários para a qualifi-
Atualmente, todas as reguladoras federais cação
são Autarquias.
• Celebrado contrato de gestão com o respec-
No Brasil, as Reguladoras vêm sendo criadas tivo ministério supervisor; e, cumulativamente.
sob a forma de autarquia, por meio de LEI ESPE-
CÍFICA. • Um plano estratégico de reestruturação ou
de desenvolvimento institucional em andamento.
As Reguladoras compõem a Administração
Indireta.

173
A qualificação da entidade virá após a cele- (art. 6°, § 2°, da Lei
bração do contrato de gestão, isto é, a entidade 8.987/1995).
pretendente não é qualificada no contrato de ges-
tão, mas depois que o firmar. Em âmbito federal,
a titulação de agên- Generalidade Atendimento ao maior
cia é conferida discricionariamente por Decreto ou número possível de usuá-
do Presidente da República. Universalidade rios.
Muitos doutrinadores não veem (e talvez com
razão) nada de muito diferente para as Executivas
no nosso atual ordenamento jurídico, a não ser a Eficiência Oferecer um serviço de
duplicação do limite de dispensa de licitação ba- qualidade
seado em valor (parágrafo único art. 24 da Lei
8.666/1993). No caso, para os órgãos e entidades
administrativos, de modo geral, as licitações são Cortesia Tratar bem os usuários.
dispensáveis quando o valor estimado é de até 8
Oferecer o serviço em
mil reais, para compras e serviços; e de até 15 mil
Segurança boas condições para não
reais, para obras e serviços de engenharia (incs. I
colocar em risco os usuá-
e II do art. 24 da Lei 8.666/1993); para
rios.
as Executivas, esses valores alcançam R$ 16 e
R$ 30 mil reais, respectivamente. O valor cobrado do usuá-
rio deve ser proporcional
Modicidade ao custo do respectivo
serviço, com o objetivo de
viabilizar o acesso ao
Francisco Christian maior número possível de
pessoas.
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08
Classificação dos serviços públicos
Princípios dos serviços públicos
Vários são os critérios estabelecidos pela
Por este princípio, em Doutrina para classificar os serviços públicos. No
regra, a prestação dos entanto, destacamos os mais cobrados em provas
serviços públicos não po- de concurso:
de parar. Ou seja, deve
Continuidade haver regularidade e só
podem ser interrompidos 1. Quanto ao NÍVEL Federais
excepcionalmente, nos ou TITULARIDADE
FEDERATIVA Estaduais / Distritais
casos descritos em lei.
Municipais
Por este princípio, todos
têm direito a serem trata-
dos com igualdade na a) Essenciais ou de
Isonomia prestação do serviço pú- necessidade públi-
blico, salvo quando a lei ca:
distinguir. - São considerados
de necessidade pú-
Os serviços públicos de-
2. Quanto à blica;
vem se adaptar à evolu-
ESSENCIALIDADE: - Não podem faltar,
ção social e tecnológica.
pois são indispen-
Mutabilidade Compreende a moderni-
sáveis à vida e a
ou dade das técnicas, do
conveniência dos
Atualidade equipamento e das insta-
administrados na
lações e a sua conserva-
sociedade.
ção, bem como a melhoria
- Ex.: segurança na-
e expansão do serviço

174
cional, segurança por taxa;
pública, serviços ju- - Não podem ser in-
diciários. terrompidos, mesmo
por falta de paga-
mento;
b) Não Essenciais ou - Ex.: serviço de cole-
de utilidade públi- ta de lixo, de esgoto,
ca: de vacinação obri-
- A lei ou a própria gatória, internação
natureza do serviço de doentes portado-
estabelecem a con- res de doenças de
sideração de servi- caráter infectocon-
ços tidos por não tagioso.
essenciais;
- São considerados
de utilidade pública; b) Facultativos:
- A execução é facul- - São postos à dispo-
tada aos particula- sição dos usuários
res. Ex.: serviços sem lhes impor a
funerários utilização;
- São remunerados
por tarifa ou preço
a) Uti universiti ou público;
gerais: - Poderão ser inter-
- Atendem aFrancisco
toda a Christian rompidos mediante
christianpet2002@gmail.com
população adminis- a falta de pgto.
trada; 077.967.703-08
- Os utentes não são
determinados; a) Execução Direta:
- Indivisíveis; - São prestados pela
- Ex.: segurança pú- Administração Pú-
blica, segurança na- blica por seus ór-
3. Quanto aos cional. gãos e agentes.
DESTINATÁRIOS:
b) Uti singuli ou es-
pecíficos: b) Execução Indireta:
- Usuários certos ou - São aqueles pres-
determinados; 5. Quanto à forma tados por terceiros
- Fruem individual- de EXECUÇÃO: (permissionários,
mente; concessionários);
- Divisíveis - A escolha do pres-
- Ex.: telefonia, servi- tador será sempre
ço postal, distribui- por licitação (art.
ção domiciliar de 175 da CF);
água. - Qualquer serviço,
salvo em tese os
essenciais, pode
4. Em razão da a) Compulsórios: ser objeto de exe-
OBRIGATORIEDADE - A utilização pelos cução indireta.
da utilização: administrados é
obrigatória;
- São remunerados a) Próprios:

175
São de titularidade licitação, aos concessionários e permissionários
exclusiva do Estado de serviço público.
e a execução pode Essa conclusão acima pode ser extraída do
ser feita diretamen- art. 175, da CF/88. Vejamos:
te pelo Poder Públi-
co ou indiretamente
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na
por meio de con-
6. Quanto à cessão ou permis- forma da lei, diretamente ou sob regime
TITULARIDADE: são (ex.: transporte de concessão ou permissão, sempre atra-
vés de licitação, a prestação de serviços
público).
públicos.

Além das duas possibilidades acima, o Poder


b) Impróprios:
Público ainda pode realizar as chamadas Parceri-
São as atividades, as Público-Privadas (PPPs) e atuar em conjunto
executadas por par- com os particulares na prestação de serviços pú-
ticulares, que aten- blicos.
dem às necessida-
des da coletividade, Prestação indireta de serviços públicos
mas que não são ti- A prestação indireta de serviços públicos é
tularizadas, ao me- feita por meio de delegação negocial da execução
nos com exclusivi- do serviço público a particular. Essa delegação
dade, pelo Estado. deve ser precedida de licitação pública e formali-
zada por meio de contrato administrativo.
Nessa modalidade, temos a adoção da técni-
Francisco Christian
ca de descentralização por colaboração, conforme
christianpet2002@gmail.com
a) Inerentes: já estudamos no capítulo de organização adminis-
São aqueles geneti-
077.967.703-08
trativa.
camente ligados às
7. Quanto à funções estatais tí- As formas de delegação negocial são: con-
CRIAÇÃO: picas, que envol- cessão, permissão e autorização. Memorize o
vem o exercício do quadro a seguir:
poder de autorida-
de. (Ex.: prestação
jurisdicional). FORMAS DE DELEGAÇÃO
DE SERVIÇOS PÚBLICOS

b) Por opção legisla-


tiva:
CONCESSÃO PERMISSÃO AUTORIZAÇÃO
São atividades eco-
nômicas considera-
das como serviços Contrato
Contrato Ato
públicos por deter- Administrati-
Administrativo administrativo
minada norma jurí- vo (de
(de adesão) (unilateral)
dica. adesão)
Em regra, não
Licitação na Qualquer há Licitação –
Prestação dos serviços públicos modalidade modalidade Discricionário
concorrência de Licitação da Administra-
A prestação dos serviços públicos poderá ser ção
feita diretamente pelo Poder Público (Administra-
Prazo
ção Pública Direta e Indireta) ou indiretamente, Prazo Prazo
INdetermina-
por meio de delegação da execução, mediante determinado INdeterminado
do

176
Apenas para nome próprio, por sua conta e risco, nas condi-
Para Pessoa Para Pessoa ções fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Po-
Pessoa Jurídi-
Física ou Física ou der Público, mas sob garantia contratual de um
ca ou Consór-
Jurídica Jurídica equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se
cio
Irrevogável ou Revogável Revogável ou pela própria exploração do serviço, em geral e
não precário ou precário precário basicamente mediante tarifas cobradas diretamen-
te dos usuários do serviço.
Predomina o Predomina o
interesse da interesse do Conforme o art. 2°, da Lei 11.079/04, Parceria
XXX Público-Privada é o contrato administrativo de
coletividade particular
Ex.: Conces- Ex.: transporte concessão, na modalidade patrocinada ou admi-
são de abaste- Ex.: em Vans esco- nistrativa.
cimento ener- Permissão lares, táxi e Rafael Oliveira ensina que a expressão "par-
gético – ENEL, Dos lotéricos. moto-táxi. cerias público-privadas" admite dois sentidos:
no Ceará.
a) sentido amplo: PPP é todo e qualquer
Obs.: Todo e qualquer contrato administra- ajuste firmado entre o Estado e o particular para
tivo propriamente dito é um contrato de ade- consecução do interesse público (ex.: conces-
são, porque as cláusulas do contrato são redigi- sões, permissões, convênios, terceirizações, con-
das pela administração pública, sem possibilidade tratos de gestão, termos de parceria etc.);
de negociação dessas cláusulas pelo particular
contratante (se isso fosse possível, ocorreria ver- b) sentido restrito: PPP refere-se exclusi-
dadeira fraude à licitação, uma vez que já no edi- vamente às parcerias público-privadas previstas
tal da licitação deve constar a minuta do futuro na Lei 11.079/2004, sob a modalidade patrocinada
contrato a ser firmado, justamente para que pos- ou administrativa.”
Francisco Christian
sam os particulares, com precisão, saber se têm
ou não interesse em participar dochristianpet2002@gmail.com
certame). Lem- Concessão Concessão
brando que sempre há licitação prévia aos077.967.703-08
contra- Patrocinada Administrativa
tos de concessão e de permissão de serviço pú-
blico). Caracterizado pela Caracterizada pela
Espécies de concessão presença de investi- existência de serviços
As concessões de serviços públicos podem mentos do Poder que a Administração
ser comuns/tradicionais ou especiais. As conces- Público (parceiro pú- Pública seja usuária,
sões comuns ou tradicionais são regidas pela Lei blico) e tarifa dos além de execução de
8.987/95 e as especiais ou Parcerias Público- Pri- usuários. obra.
vadas (PPPs), são regidas pela Lei 11.079/04.
Segue um quadro comparativo para diferenci-
ar concessões comuns ou tradicionais das con-
Concessões Concessões cessões especiais ou PPPs:
Comuns Especiais
Remuneração Remuneração paga
paga pelo usuário com participação da
mediante tarifa Administração CONCESSÕES DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Responsabilidade
Compartilhamento CONCESSÃO
pela prestação
dos riscos e dos CONCESSÃO
por conta e risco ESPECIAL -
resultados COMUM
do particular PPPs
Contra-
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, prestação
Facultativa Obrigatória
concessão de serviço público comum é o instituto do Poder
através do qual o Estado atribui o exercício de um Público
serviço público a alguém que aceita prestá-lo em

177
Do pelo Estado posterior.
Risco ordi- Do
Concessionário ao concessi- Paga pelo
nário do concessioná-
e do Poder onário Estado ao
negócio rio
Público concessioná-
Valor R$ rio
Inexistente
mínimo 10.000.000,00
1
Inexistente • mínimo: 05 [MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasi-
leiro. 42. ed. Atualizada por José Emmanuel Burle Filho.
Prazo previsão le- anos. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 890.)
gal • máximo: 35
anos. 2 [DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrati-
vo. 29. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 518-521].

Serviços 3 [MEIRELLES, 2016, p. 891].


Serviços
Objeto públicos e/ou
públicos 4 [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de
serviços
administrativos Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros,
2009, p. 140].

Variável e vincu- 5 [DI PIETRO, 2016, págs. 646].


lada ao desem- 6 [OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
penho – paga
Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 81].
Remunera- Em regra, pelo Poder Pú-
ção por Tarifa blico e/ou usuá- 7 [MEIRELLES, 2016, p. 71].
rio e Poder Pú-
8
blico, a [OLIVEIRA, 2017, Pág. 87-89].
Francisco Christian
depender da 9 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 93].
christianpet2002@gmail.com
modalidade. 10 [OLIVEIRA, 2017, Pág. 117].
077.967.703-08
11 [OLIVEIRA, 2017, p. 239].
Extinção das concessões comuns: 12 [ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.
As concessões podem ser extintas de várias Tradução de Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo:
maneiras, mas destacaremos apenas as mais Malheiros, 2015, p. 90-91].
cobradas nas provas de concurso público. Veja- 13 [OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito
mos: Administrativo. 5 ed. São Paulo: Método, 2017, p. 45].

14 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Direito Administra-


FORMA DE tivo Descomplicado. 23 ed. 2015, p 772.
ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE
EXTINÇÃO
15 [MELLO, Celso Antônio Bandeira de. P. 382. Curso de
Direito Administrativo. 26 ed. São Paulo, Malheiros,
Interesse Inadimple- 2009, p. 696].
Público mento con-
Fundamento 16 [OLIVEIRA, 2017, 187-188].
tratual do
concessioná-
rio

Autorização Processo
legal Administrati-
Formalização + vo
Decreto +
Decreto

Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtu-


Indenização de da prática de atos de improbidade administrati-
Prévia e paga Eventual e

178
va, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição do ilícito sobre a contribuição dos cofres públi-
Federal; e dá outras providências. cos.
§ 8º Não configura improbidade a ação ou
CAPÍTULO omissão decorrente de divergência interpretativa
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS da lei, baseada em jurisprudência, ainda que não
pacificada, mesmo que não venha a ser posteri-
ormente prevalecente nas decisões dos órgãos de
Art. 1º O sistema de responsabilização por controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.
atos de improbidade administrativa tutelará a pro-
bidade na organização do Estado e no exercício Art. 2º Para os efeitos desta Lei, conside-
de suas funções, como forma de assegurar a inte- ram-se agente público o agente político, o servidor
gridade do patrimônio público e social, nos termos público e todo aquele que exerce, ainda que tran-
desta Lei. sitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
Parágrafo único. (Revogado).
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
§ 1º Consideram-se atos de improbidade ad- cargo, emprego ou função nas entidades referidas
ministrativa as condutas dolosas tipificadas nos no art. 1º desta Lei.
arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, ressalvados tipos pre-
Parágrafo único. No que se refere a recursos
vistos em leis especiais.
de origem pública, sujeita-se às sanções previstas
§ 2º Considera-se dolo a vontade livre e nesta Lei o particular, pessoa física ou jurídica,
consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado que celebra com a administração pública convê-
nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, não bastando a nio, contrato de repasse, contrato de gestão, ter-
voluntariedade do agente. mo de parceria, termo de cooperação ou ajuste
§ 3º O mero exercício da função ou desem- administrativo equivalente.
penho de competências públicas, sem Francisco
comprova- Christian
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicá-
ção de ato doloso com fim ilícito, christianpet2002@gmail.com
afasta a respon- veis, no que couber, àquele que, mesmo não sen-
077.967.703-08
sabilidade por ato de improbidade administrati- do agente público, induza ou concorra dolosamen-
va. te para a prática do ato de improbidade.
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade § 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os
disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais colaboradores de pessoa jurídica de direito priva-
do direito administrativo sancionador. do não respondem pelo ato de improbidade que
§ 5º Os atos de improbidade violam a probi- venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se,
dade na organização do Estado e no exercício de comprovadamente, houver participação e benefí-
suas funções e a integridade do patrimônio públi- cios diretos, caso em que responderão nos limites
co e social dos Poderes Executivo, Legislativo e da sua participação.
Judiciário, bem como da administração direta e § 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à
indireta, no âmbito da União, dos Estados, dos pessoa jurídica, caso o ato de improbidade admi-
Municípios e do Distrito Federal. nistrativa seja também sancionado como ato lesi-
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os vo à administração pública de que trata a Lei nº
atos de improbidade praticados contra o patrimô- 12.846, de 1º de agosto de 2013.
nio de entidade privada que receba subvenção,
Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de en-
2021)
tes públicos ou governamentais, previstos no § 5º
deste artigo. Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de
§ 7º Independentemente de integrar a admi- 2021)
nistração indireta, estão sujeitos às sanções desta Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de
Lei os atos de improbidade praticados contra o 2021)
patrimônio de entidade privada para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no Art. 7º Se houver indícios de ato de improbi-
seu patrimônio ou receita atual, limitado o ressar- dade, a autoridade que conhecer dos fatos repre-
cimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão

179
sentará ao Ministério Público competente, para as cação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação
providências necessárias. de serviços pelas entidades referidas no art. 1°
Parágrafo único. (Revogado). por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou
Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou lo-
que causar dano ao erário ou que se enriquecer cação de bem público ou o fornecimento de servi-
ilicitamente estão sujeitos apenas à obrigação de ço por ente estatal por preço inferior ao valor de
repará-lo até o limite do valor da herança ou do mercado;
patrimônio transferido.
IV - utilizar, em obra ou serviço particular,
Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposi-
que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na ção de qualquer das entidades referidas no art. 1º
hipótese de alteração contratual, de transforma- desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de
ção, de incorporação, de fusão ou de cisão socie- empregados ou de terceiros contratados por es-
tária. sas entidades;
Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de V - receber vantagem econômica de qualquer
incorporação, a responsabilidade da sucessora natureza, direta ou indireta, para tolerar a explora-
será restrita à obrigação de reparação integral do ção ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de
dano causado, até o limite do patrimônio transferi- narcotráfico, de contrabando, de usura ou de
do, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promes-
previstas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos sa de tal vantagem;
ocorridos antes da data da fusão ou da incorpora-
VI - receber vantagem econômica de qualquer
ção, exceto no caso de simulação ou de evidente
natureza, direta ou indireta, para fazer declaração
intuito de fraude, devidamente comprovados.
falsa sobre qualquer dado técnico que envolva
Francisco Christian
obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre
CAPÍTULO II christianpet2002@gmail.com
quantidade, peso, medida, qualidade ou caracte-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE 077.967.703-08
rística de mercadorias ou bens fornecidos a qual-
quer das entidades referidas no art. 1º desta
ADMINISTRATIVA
Lei;

SEÇÃO I VII - adquirir, para si ou para outrem, no exer-


cício de mandato, de cargo, de emprego ou de
DOS ATOS DE IMPROBIDADE função pública, e em razão deles, bens de qual-
ADMINISTRATIVA QUE IMPORTAM quer natureza, decorrentes dos atos descritos no
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional
à evolução do patrimônio ou à renda do agente
Art. 9º Constitui ato de improbidade adminis- público, assegurada a demonstração pelo agente
trativa importando em enriquecimento ilícito aufe- da licitude da origem dessa evolução;
rir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer
de vantagem patrimonial indevida em razão do atividade de consultoria ou assessoramento para
exercício de cargo, de mandato, de função, de pessoa física ou jurídica que tenha interesse sus-
emprego ou de atividade nas entidades referidas cetível de ser atingido ou amparado por ação ou
no art. 1º desta Lei, e notadamente: omissão decorrente das atribuições do agente
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, público, durante a atividade;
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem IX - perceber vantagem econômica para in-
econômica, direta ou indireta, a título de comis- termediar a liberação ou aplicação de verba públi-
são, percentagem, gratificação ou presente de ca de qualquer natureza;
quem tenha interesse, direto ou indireto, que pos- X - receber vantagem econômica de qualquer
sa ser atingido ou amparado por ação ou omissão natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
decorrente das atribuições do agente público; de ofício, providência ou declaração a que esteja
II - perceber vantagem econômica, direta ou obrigado;
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou lo-

180
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu VI - realizar operação financeira sem obser-
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores inte- vância das normas legais e regulamentares ou
grantes do acervo patrimonial das entidades men- aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
cionadas no art. 1° desta lei; VII - conceder benefício administrativo ou fis-
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, cal sem a observância das formalidades legais ou
verbas ou valores integrantes do acervo patrimo- regulamentares aplicáveis à espécie;
nial das entidades mencionadas no art. 1° desta VIII - frustrar a licitude de processo licitatório
lei. ou de processo seletivo para celebração de parce-
rias com entidades sem fins lucrativos, ou dispen-
SEÇÃO II sá-los indevidamente, acarretando perda patrimo-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE nial efetiva;
ADMINISTRATIVA QUE CAUSAM IX - ordenar ou permitir a realização de des-
PREJUÍZO AO ERÁRIO pesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo
Art. 10. Constitui ato de improbidade admi- ou de renda, bem como no que diz respeito à con-
nistrativa que causa lesão ao erário qualquer ação servação do patrimônio público;
ou omissão dolosa, que enseje, efetiva e compro- XI - liberar verba pública sem a estrita obser-
vadamente, perda patrimonial, desvio, apropria- vância das normas pertinentes ou influir de qual-
ção, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou quer forma para a sua aplicação irregular;
haveres das entidades referidas no art. 1º desta XII - permitir, facilitar ou concorrer para que
Lei, e notadamente: terceiro se enriqueça ilicitamente;
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, XIII - permitir que se utilize, em obra ou servi-
Francisco
para a indevida incorporação ao patrimônio parti- Christian
ço particular, veículos, máquinas, equipamentos
cular, de pessoa física ou jurídica, de bens, de
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ou material de qualquer natureza, de propriedade
rendas, de verbas ou de valores integrantes do
077.967.703-08
ou à disposição de qualquer das entidades menci-
acervo patrimonial das entidades referidas no art. onadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
1º desta Lei; de servidor público, empregados ou terceiros con-
II - permitir ou concorrer para que pessoa físi- tratados por essas entidades.
ca ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas XIV – celebrar contrato ou outro instrumento
ou valores integrantes do acervo patrimonial das que tenha por objeto a prestação de serviços pú-
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a blicos por meio da gestão associada sem observar
observância das formalidades legais ou regula- as formalidades previstas na lei;
mentares aplicáveis à espécie;
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como público sem suficiente e prévia dotação orçamen-
ao ente despersonalizado, ainda que de fins edu- tária, ou sem observar as formalidades previstas
cativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou na lei.
valores do patrimônio de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer for-
das formalidades legais e regulamentares aplicá- ma, para a incorporação, ao patrimônio particular
veis à espécie; de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, ver-
bas ou valores públicos transferidos pela adminis-
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta tração pública a entidades privadas mediante ce-
ou locação de bem integrante do patrimônio de lebração de parcerias, sem a observância das
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
lei, ou ainda a prestação de serviço por parte de- à espécie;
las, por preço inferior ao de mercado;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta física ou jurídica privada utilize bens, rendas, ver-
ou locação de bem ou serviço por preço superior bas ou valores públicos transferidos pela adminis-
ao de mercado; tração pública a entidade privada mediante cele-
bração de parcerias, sem a observância das for-

181
malidades legais ou regulamentares aplicáveis à I - (revogado);
espécie; II - (revogado);
XVIII - celebrar parcerias da administração III - revelar fato ou circunstância de que tem
pública com entidades privadas sem a observân- ciência em razão das atribuições e que deva per-
cia das formalidades legais ou regulamentares manecer em segredo, propiciando beneficiamento
aplicáveis à espécie; por informação privilegiada ou colocando em risco
XIX - agir para a configuração de ilícito na ce- a segurança da sociedade e do Estado;
lebração, na fiscalização e na análise das presta- IV - negar publicidade aos atos oficiais, exce-
ções de contas de parcerias firmadas pela admi- to em razão de sua imprescindibilidade para a
nistração pública com entidades privadas; segurança da sociedade e do Estado ou de outras
XX - liberar recursos de parcerias firmadas hipóteses instituídas em lei;
pela administração pública com entidades priva- V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o ca-
das sem a estrita observância das normas perti- ráter concorrencial de concurso público, de cha-
nentes ou influir de qualquer forma para a sua mamento ou de procedimento licitatório, com vis-
aplicação irregular. tas à obtenção de benefício próprio, direto ou indi-
XXI - (revogado); reto, ou de terceiros;
XXII - conceder, aplicar ou manter benefício VI - deixar de prestar contas quando esteja
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o obrigado a fazê-lo, desde que disponha das con-
caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar dições para isso, com vistas a ocultar irregularida-
nº 116, de 31 de julho de 2003. des;
§ 1º Nos casos em que a inobservância de VII - revelar ou permitir que chegue ao conhe-
formalidades legais ou regulamentares não impli- cimento de terceiro, antes da respectiva divulga-
car perda patrimonial efetiva, não ocorreráFrancisco
imposi- Christian
ção oficial, teor de medida política ou econômica
ção de ressarcimento, vedado o enriquecimento capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
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sem causa das entidades referidas no art. 1º desta serviço.
077.967.703-08
Lei. VIII - descumprir as normas relativas à cele-
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da bração, fiscalização e aprovação de contas de
atividade econômica não acarretará improbidade parcerias firmadas pela administração pública com
administrativa, salvo se comprovado ato doloso entidades privadas.
praticado com essa finalidade. IX - (revogado);
X - (revogado);
SEÇÃO II-A
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
Art. 10-A. (Revogado pela Lei nº 14.230, de
terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante
2021) ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de con-
SEÇÃO III
fiança ou, ainda, de função gratificada na adminis-
DOS ATOS DE IMPROBIDADE tração pública direta e indireta em qualquer dos
ADMINISTRATIVA QUE ATENTAM Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ral e dos Municípios, compreendido o ajuste me-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA diante designações recíprocas;
XII - praticar, no âmbito da administração pú-
Art. 11. Constitui ato de improbidade admi- blica e com recursos do erário, ato de publicidade
nistrativa que atenta contra os princípios da admi- que contrarie o disposto no § 1º do art. 37 da
nistração pública a ação ou omissão dolosa que Constituição Federal, de forma a promover inequí-
viole os deveres de honestidade, de imparcialida- voco enaltecimento do agente público e personali-
de e de legalidade, caracterizada por uma das zação de atos, de programas, de obras, de servi-
seguintes condutas: ços ou de campanhas dos órgãos públicos.

182
§ 1º Nos termos da Convenção das Nações da que por intermédio de pessoa jurídica da qual
Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo De- seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a
creto nº 5.687, de 31 de janeiro de 2006, somente 14 (catorze) anos;
haverá improbidade administrativa, na aplicação II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos
deste artigo, quando for comprovado na conduta bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patri-
funcional do agente público o fim de obter proveito mônio, se concorrer esta circunstância, perda da
ou benefício indevido para si ou para outra pessoa função pública, suspensão dos direitos políticos
ou entidade. até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil
§ 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo equivalente ao valor do dano e proibição de con-
a quaisquer atos de improbidade administrativa tratar com o poder público ou de receber benefí-
tipificados nesta Lei e em leis especiais e a quais- cios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
quer outros tipos especiais de improbidade admi- indiretamente, ainda que por intermédio de pes-
nistrativa instituídos por lei. soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
§ 3º O enquadramento de conduta funcional prazo não superior a 12 (doze) anos;
na categoria de que trata este artigo pressupõe a III - na hipótese do art. 11 desta Lei, paga-
demonstração objetiva da prática de ilegalidade mento de multa civil de até 24 (vinte e quatro) ve-
no exercício da função pública, com a indicação zes o valor da remuneração percebida pelo agen-
das normas constitucionais, legais ou infralegais te e proibição de contratar com o poder público ou
violadas. de receber benefícios ou incentivos fiscais ou cre-
§ 4º Os atos de improbidade de que trata este ditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
tutelado para serem passíveis de sancionamento majoritário, pelo prazo não superior a 4 (quatro)
e independem do reconhecimento da produção de anos;
danos ao erário e de enriquecimento Francisco IV - (revogado).
ilícito dos Christian
agentes públicos. christianpet2002@gmail.com
Parágrafo único. (Revogado).
§ 5º Não se configurará improbidade 077.967.703-08
a mera § 1º A sanção de perda da função pública,
nomeação ou indicação política por parte dos de- nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste
tentores de mandatos eletivos, sendo necessária artigo, atinge apenas o vínculo de mesma quali-
a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte dade e natureza que o agente público ou político
do agente. detinha com o poder público na época do cometi-
mento da infração, podendo o magistrado, na hi-
CAPÍTULO III pótese do inciso I do caput deste artigo, e em
DAS PENAS caráter excepcional, estendê-la aos demais víncu-
los, consideradas as circunstâncias do caso e a
gravidade da infração.
Art. 12. Independentemente do ressarcimen-
to integral do dano patrimonial, se efetivo, e das § 2º A multa pode ser aumentada até o dobro,
sanções penais comuns e de responsabilidade, se o juiz considerar que, em virtude da situação
civis e administrativas previstas na legislação es- econômica do réu, o valor calculado na forma dos
pecífica, está o responsável pelo ato de improbi- incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz
dade sujeito às seguintes cominações, que podem para reprovação e prevenção do ato de improbi-
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de dade.
acordo com a gravidade do fato: § 3º Na responsabilização da pessoa jurídica,
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos deverão ser considerados os efeitos econômicos e
bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patri- sociais das sanções, de modo a viabilizar a manu-
mônio, perda da função pública, suspensão dos tenção de suas atividades.
direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento § 4º Em caráter excepcional e por motivos re-
de multa civil equivalente ao valor do acréscimo levantes devidamente justificados, a sanção de
patrimonial e proibição de contratar com o poder proibição de contratação com o poder público po-
público ou de receber benefícios ou incentivos de extrapolar o ente público lesado pelo ato de
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ain- improbidade, observados os impactos econômicos

183
e sociais das sanções, de forma a preservar a cio do mandato, do cargo, do emprego ou da fun-
função social da pessoa jurídica, conforme dispos- ção.
to no § 3º deste artigo. § 3º Será apenado com a pena de demissão,
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agen-
bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção te público que se recusar a prestar a declaração
limitar-se-á à aplicação de multa, sem prejuízo do dos bens a que se refere o caput deste artigo
ressarcimento do dano e da perda dos valores dentro do prazo determinado ou que prestar de-
obtidos, quando for o caso, nos termos do caput claração falsa.
deste artigo. § 4º (Revogado).
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a
reparação do dano a que se refere esta Lei deverá
deduzir o ressarcimento ocorrido nas instâncias CAPÍTULO V
criminal, civil e administrativa que tiver por objeto DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E
os mesmos fatos. DO PROCESSO JUDICIAL
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas
com base nesta Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de Art. 14. Qualquer pessoa poderá represen-
agosto de 2013, deverão observar o princípio tar à autoridade administrativa competente para
constitucional do non bis in idem. que seja instaurada investigação destinada a apu-
§ 8º A sanção de proibição de contratação rar a prática de ato de improbidade.
com o poder público deverá constar do Cadastro § 1º A representação, que será escrita ou re-
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas duzida a termo e assinada, conterá a qualificação
(CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de do representante, as informações sobre o fato e
agosto de 2013, observadas as limitações territo- sua autoria e a indicação das provas de que tenha
Francisco
riais contidas em decisão judicial, conforme dis- Christian
conhecimento.
posto no § 4º deste artigo. christianpet2002@gmail.com
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a re-
077.967.703-08
§ 9º As sanções previstas neste artigo somen- presentação, em despacho fundamentado, se esta
te poderão ser executadas após o trânsito em não contiver as formalidades estabelecidas no §
julgado da sentença condenatória. 1º deste artigo. A rejeição não impede a represen-
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da tação ao Ministério Público, nos termos do art. 22
sanção de suspensão dos direitos políticos, com- desta lei.
putar-se-á retroativamente o intervalo de tempo § 3º Atendidos os requisitos da representa-
entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado ção, a autoridade determinará a imediata apura-
da sentença condenatória. ção dos fatos, observada a legislação que regula
o processo administrativo disciplinar aplicável ao
CAPÍTULO IV agente.
DA DECLARAÇÃO DE BENS Art. 15. A comissão processante dará co-
nhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou
Art. 13. A posse e o exercício de agente pú- Conselho de Contas da existência de procedimen-
blico ficam condicionados à apresentação de de- to administrativo para apurar a prática de ato de
claração de imposto de renda e proventos de improbidade.
qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Parágrafo único. O Ministério Público ou Tri-
Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, bunal ou Conselho de Contas poderá, a requeri-
a fim de ser arquivada no serviço de pessoal mento, designar representante para acompanhar
competente. o procedimento administrativo.
§ 1º (Revogado). Art. 16. Na ação por improbidade adminis-
§ 2º A declaração de bens a que se refere o trativa poderá ser formulado, em caráter antece-
caput deste artigo será atualizada anualmente e dente ou incidente, pedido de indisponibilidade de
na data em que o agente público deixar o exercí- bens dos réus, a fim de garantir a integral recom-

184
posição do erário ou do acréscimo patrimonial 16 de março de 2015 (Código de Processo Ci-
resultante de enriquecimento ilícito. vil).
§ 1º (Revogado). § 9º Da decisão que deferir ou indeferir a me-
§ 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens dida relativa à indisponibilidade de bens caberá
a que se refere o caput deste artigo poderá ser agravo de instrumento, nos termos da Lei nº
formulado independentemente da representação 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Pro-
de que trata o art. 7º desta Lei. cesso Civil).

§ 2º Quando for o caso, o pedido de indispo- § 10. A indisponibilidade recairá sobre bens
nibilidade de bens a que se refere o caput deste que assegurem exclusivamente o integral ressar-
artigo incluirá a investigação, o exame e o blo- cimento do dano ao erário, sem incidir sobre os
queio de bens, contas bancárias e aplicações fi- valores a serem eventualmente aplicados a título
nanceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial de-
termos da lei e dos tratados internacionais. corrente de atividade lícita.

§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a § 11. A ordem de indisponibilidade de bens


que se refere o caput deste artigo apenas será deverá priorizar veículos de via terrestre, bens
deferido mediante a demonstração no caso con- imóveis, bens móveis em geral, semoventes, na-
creto de perigo de dano irreparável ou de risco ao vios e aeronaves, ações e quotas de sociedades
resultado útil do processo, desde que o juiz se simples e empresárias, pedras e metais preciosos
convença da probabilidade da ocorrência dos atos e, apenas na inexistência desses, o bloqueio de
descritos na petição inicial com fundamento nos contas bancárias, de forma a garantir a subsistên-
respectivos elementos de instrução, após a oitiva cia do acusado e a manutenção da atividade em-
do réu em 5 (cinco) dias. presária ao longo do processo.

§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser § 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indispo-


Francisco Christian
nibilidade de bens do réu a que se refere o caput
decretada sem a oitiva prévia do réu, sempre que
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o contraditório prévio puder comprovadamente deste artigo, observará os efeitos práticos da de-
cisão, vedada a adoção de medida capaz de acar-
frustrar a efetividade da medida ou houver077.967.703-08
outras
circunstâncias que recomendem a proteção limi- retar prejuízo à prestação de serviços públi-
nar, não podendo a urgência ser presumida. cos.

§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a § 13. É vedada a decretação de indisponibili-


somatória dos valores declarados indisponíveis dade da quantia de até 40 (quarenta) salários mí-
não poderá superar o montante indicado na peti- nimos depositados em caderneta de poupança,
ção inicial como dano ao erário ou como enrique- em outras aplicações financeiras ou em conta-
cimento ilícito. corrente.

§ 6º O valor da indisponibilidade considerará § 14. É vedada a decretação de indisponibili-


a estimativa de dano indicada na petição inicial, dade do bem de família do réu, salvo se compro-
permitida a sua substituição por caução idônea, vado que o imóvel seja fruto de vantagem patri-
por fiança bancária ou por seguro-garantia judicial, monial indevida, conforme descrito no art. 9º desta
a requerimento do réu, bem como a sua reade- Lei.
quação durante a instrução do processo. Art. 17. A ação para a aplicação das san-
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro ções de que trata esta Lei será proposta pelo Mi-
dependerá da demonstração da sua efetiva con- nistério Público e seguirá o procedimento comum
corrência para os atos ilícitos apurados ou, quan- previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
do se tratar de pessoa jurídica, da instauração de (Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta
incidente de desconsideração da personalidade Lei.
jurídica, a ser processado na forma da lei proces- § 1º (Revogado).
sual.
§ 2º (Revogado).
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens re-
gida por esta Lei, no que for cabível, o regime da § 3º (Revogado).
tutela provisória de urgência da Lei nº 13.105, de § 4º (Revogado).

185
§ 4º-A A ação a que se refere o caput deste § 10-A. Havendo a possibilidade de solução
artigo deverá ser proposta perante o foro do local consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
onde ocorrer o dano ou da pessoa jurídica preju- interrupção do prazo para a contestação, por pra-
dicada. zo não superior a 90 (noventa) dias.
§ 5º A propositura da ação a que se refere o § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o
caput deste artigo prevenirá a competência do caso, ouvido o autor, o juiz:
juízo para todas as ações posteriormente intenta- I - procederá ao julgamento conforme o esta-
das que possuam a mesma causa de pedir ou o do do processo, observada a eventual inexistência
mesmo objeto. manifesta do ato de improbidade;
§ 6º A petição inicial observará o seguin- II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com
te: vistas a otimizar a instrução processual.
I - deverá individualizar a conduta do réu e § 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o
apontar os elementos probatórios mínimos que juiz proferirá decisão na qual indicará com preci-
demonstrem a ocorrência das hipóteses dos arts. são a tipificação do ato de improbidade adminis-
9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo im- trativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado modifi-
possibilidade devidamente fundamentada; car o fato principal e a capitulação legal apresen-
II - será instruída com documentos ou justifi- tada pelo autor.
cação que contenham indícios suficientes da ve- § 10-D. Para cada ato de improbidade admi-
racidade dos fatos e do dolo imputado ou com nistrativa, deverá necessariamente ser indicado
razões fundamentadas da impossibilidade de apenas um tipo dentre aqueles previstos nos arts.
apresentação de qualquer dessas provas, obser- 9º, 10 e 11 desta Lei.
vada a legislação vigente, inclusive as disposições
constantes dos arts. 77 e 80 da Lei nº 13.105, de § 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C
16 de março de 2015 (Código de Processo Francisco
Ci- Christian
deste artigo, as partes serão intimadas a especifi-
vil). car as provas que pretendem produzir.
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077.967.703-08
§ 6º-A O Ministério Público poderá requerer § 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou
as tutelas provisórias adequadas e necessárias, parcial da ação de improbidade administrativa
nos termos dos arts. 294 a 310 da Lei nº 13.105, que:
de 16 de março de 2015 (Código de Processo I - condenar o requerido por tipo diverso da-
Civil quele definido na petição inicial;
§ 6º-B A petição inicial será rejeitada nos ca- II - condenar o requerido sem a produção das
sos do art. 330 da Lei nº 13.105, de 16 de março provas por ele tempestivamente especificadas.
de 2015 (Código de Processo Civil), bem como
§ 11. Em qualquer momento do processo, ve-
quando não preenchidos os requisitos a que se
rificada a inexistência do ato de improbidade, o
referem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou
juiz julgará a demanda improcedente.
ainda quando manifestamente inexistente o ato de
improbidade imputado. § 12. (Revogado).
§ 7º Se a petição inicial estiver em devida § 13. (Revogado).
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a cita- § 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a
ção dos requeridos para que a contestem no pra- pessoa jurídica interessada será intimada para,
zo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo na caso queira, intervir no processo.
forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de mar-
ço de 2015 (Código de Processo Civil). § 15. Se a imputação envolver a desconside-
ração de pessoa jurídica, serão observadas as
§ 8º (Revogado). regras previstas nos arts. 133, 134, 135, 136 e
§ 9º (Revogado). 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil).
§ 9º-A Da decisão que rejeitar questões pre-
liminares suscitadas pelo réu em sua contestação § 16. A qualquer momento, se o magistrado
caberá agravo de instrumento. identificar a existência de ilegalidades ou de irre-
gularidades administrativas a serem sanadas sem
§ 10. (Revogado).

186
que estejam presentes todos os requisitos para a § 4º (VETADO).
imposição das sanções aos agentes incluídos no § 5º (VETADO).
polo passivo da demanda, poderá, em decisão
motivada, converter a ação de improbidade admi- Art. 17-B. O Ministério Público poderá, con-
nistrativa em ação civil pública, regulada pela Lei forme as circunstâncias do caso concreto, cele-
nº 7.347, de 24 de julho de 1985. brar acordo de não persecução civil, desde que
§ 17. Da decisão que converter a ação de im- dele advenham, ao menos, os seguintes resulta-
probidade em ação civil pública caberá agravo de dos:
instrumento. I - o integral ressarcimento do dano;
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser II - a reversão à pessoa jurídica lesada da
interrogado sobre os fatos de que trata a ação, e a vantagem indevida obtida, ainda que oriunda de
sua recusa ou o seu silêncio não implicarão con- agentes privados.
fissão. § 1º A celebração do acordo a que se refere o
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade caput deste artigo dependerá, cumulativamen-
administrativa: te:
I - a presunção de veracidade dos fatos ale- I - da oitiva do ente federativo lesado, em
gados pelo autor em caso de revelia; momento anterior ou posterior à propositura da
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na ação;
forma dos §§ 1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessen-
de 16 de março de 2015 (Código de Processo ta) dias, pelo órgão do Ministério Público compe-
Civil); tente para apreciar as promoções de arquivamen-
III - o ajuizamento de mais de uma ação de to de inquéritos civis, se anterior ao ajuizamento
da ação;
improbidade administrativa pelo mesmo Francisco
fato, Christian
competindo ao Conselho Nacional do Ministério III - de homologação judicial, independente-
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Público dirimir conflitos de atribuições entre mem- mente de o acordo ocorrer antes ou depois do
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bros de Ministérios Públicos distintos; ajuizamento da ação de improbidade administrati-
IV - o reexame obrigatório da sentença de im- va.
procedência ou de extinção sem resolução de § 2º Em qualquer caso, a celebração do acor-
mérito. do a que se refere o caput deste artigo considera-
§ 20. A assessoria jurídica que emitiu o pare- rá a personalidade do agente, a natureza, as cir-
cer atestando a legalidade prévia dos atos admi- cunstâncias, a gravidade e a repercussão social
nistrativos praticados pelo administrador público do ato de improbidade, bem como as vantagens,
ficará obrigada a defendê-lo judicialmente, caso para o interesse público, da rápida solução do
este venha a responder ação por improbidade caso.
administrativa, até que a decisão transite em jul- § 3º Para fins de apuração do valor do dano a
gado. ser ressarcido, deverá ser realizada a oitiva do
§ 21. Das decisões interlocutórias caberá Tribunal de Contas competente, que se manifesta-
agravo de instrumento, inclusive da decisão que rá, com indicação dos parâmetros utilizados, no
rejeitar questões preliminares suscitadas pelo réu prazo de 90 (noventa) dias.
em sua contestação. § 4º O acordo a que se refere o caput deste
artigo poderá ser celebrado no curso da investiga-
Art. 17-A. (VETADO):
ção de apuração do ilícito, no curso da ação de
I - (VETADO); improbidade ou no momento da execução da sen-
II - (VETADO); tença condenatória.

III - (VETADO). § 5º As negociações para a celebração do


acordo a que se refere o caput deste artigo ocor-
§ 1º (VETADO). rerão entre o Ministério Público, de um lado, e, de
§ 2º (VETADO). outro, o investigado ou demandado e o seu defen-
sor.
§ 3º (VETADO).

187
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste V - considerar na aplicação das sanções a
artigo poderá contemplar a adoção de mecanis- dosimetria das sanções relativas ao mesmo fato já
mos e procedimentos internos de integridade, de aplicadas ao agente;
auditoria e de incentivo à denúncia de irregulari- VI - considerar, na fixação das penas relati-
dades e a aplicação efetiva de códigos de ética e vamente ao terceiro, quando for o caso, a sua
de conduta no âmbito da pessoa jurídica, se for o atuação específica, não admitida a sua responsa-
caso, bem como de outras medidas em favor do bilização por ações ou omissões para as quais
interesse público e de boas práticas administrati- não tiver concorrido ou das quais não tiver obtido
vas. vantagens patrimoniais indevidas;
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a VII - indicar, na apuração da ofensa a princí-
que se refere o caput deste artigo, o investigado pios, critérios objetivos que justifiquem a imposi-
ou o demandado ficará impedido de celebrar novo ção da sanção.
acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, contado do
conhecimento pelo Ministério Público do efetivo § 1º A ilegalidade sem a presença de dolo
descumprimento. que a qualifique não configura ato de improbida-
de.
Art. 17-C. A sentença proferida nos proces-
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a
sos a que se refere esta Lei deverá, além de ob-
condenação ocorrerá no limite da participação e
servar o disposto no art. 489 da Lei nº 13.105, de
dos benefícios diretos, vedada qualquer solidarie-
16 de março de 2015 (Código de Processo Ci-
dade.
vil):
§ 3º Não haverá remessa necessária nas sen-
I - indicar de modo preciso os fundamentos
tenças de que trata esta Lei.
que demonstram os elementos a que se referem
os arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, que não podem ser Art. 17-D. A ação por improbidade adminis-
presumidos; Francisco Christian
trativa é repressiva, de caráter sancionatório, des-
II - considerar as consequências christianpet2002@gmail.com
práticas da tinada à aplicação de sanções de caráter pessoal
decisão, sempre que decidir com base em valores previstas nesta Lei, e não constitui ação civil, ve-
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jurídicos abstratos; dado seu ajuizamento para o controle de legalida-
de de políticas públicas e para a proteção do pa-
III - considerar os obstáculos e as dificuldades trimônio público e social, do meio ambiente e de
reais do gestor e as exigências das políticas públi- outros interesses difusos, coletivos e individuais
cas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos homogêneos.
administrados e das circunstâncias práticas que
houverem imposto, limitado ou condicionado a Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta
ação do agente; Lei, o controle de legalidade de políticas públicas
e a responsabilidade de agentes públicos, inclusi-
IV - considerar, para a aplicação das sanções, ve políticos, entes públicos e governamentais, por
de forma isolada ou cumulativa: danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
a) os princípios da proporcionalidade e da ra- direitos de valor artístico, estético, histórico, turís-
zoabilidade; tico e paisagístico, a qualquer outro interesse difu-
b) a natureza, a gravidade e o impacto da in- so ou coletivo, à ordem econômica, à ordem urba-
fração cometida; nística, à honra e à dignidade de grupos raciais,
étnicos ou religiosos e ao patrimônio público e
c) a extensão do dano causado; social submetem-se aos termos da Lei nº 7.347,
d) o proveito patrimonial obtido pelo agen- de 24 de julho de 1985.
te; Art. 18. A sentença que julgar procedente a
e) as circunstâncias agravantes ou atenuan- ação fundada nos arts. 9º e 10 desta Lei condena-
tes; rá ao ressarcimento dos danos e à perda ou à
f) a atuação do agente em minorar os prejuí- reversão dos bens e valores ilicitamente adquiri-
zos e as consequências advindas de sua conduta dos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
omissiva ou comissiva; prejudicada pelo ilícito.
g) os antecedentes do agente;

188
§ 1º Se houver necessidade de liquidação do ceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o
dano, a pessoa jurídica prejudicada procederá a sabe inocente.
essa determinação e ao ulterior procedimento Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
para cumprimento da sentença referente ao res-
sarcimento do patrimônio público ou à perda ou à Parágrafo único. Além da sanção penal, o de-
reversão dos bens. nunciante está sujeito a indenizar o denunciado
pelos danos materiais, morais ou à imagem que
§ 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não houver provocado.
adote as providências a que se refere o § 1º deste
artigo no prazo de 6 (seis) meses, contado do Art. 20. A perda da função pública e a sus-
trânsito em julgado da sentença de procedência pensão dos direitos políticos só se efetivam com o
da ação, caberá ao Ministério Público proceder à trânsito em julgado da sentença condenatória.
respectiva liquidação do dano e ao cumprimento § 1º A autoridade judicial competente poderá
da sentença referente ao ressarcimento do patri- determinar o afastamento do agente público do
mônio público ou à perda ou à reversão dos bens, exercício do cargo, do emprego ou da função,
sem prejuízo de eventual responsabilização pela sem prejuízo da remuneração, quando a medida
omissão verificada. for necessária à instrução processual ou para evi-
§ 3º Para fins de apuração do valor do ressar- tar a iminente prática de novos ilícitos.
cimento, deverão ser descontados os serviços § 2º O afastamento previsto no § 1º deste ar-
efetivamente prestados. tigo será de até 90 (noventa) dias, prorrogáveis
§ 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, uma única vez por igual prazo, mediante decisão
em até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais cor- motivada.
rigidas monetariamente, do débito resultante de
Art. 21. A aplicação das sanções previstas
condenação pela prática de improbidade adminis-
nesta lei independe:
trativa se o réu demonstrar incapacidade financei- Christian
Francisco
ra de saldá-lo de imediato. I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimô-
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nio público, salvo quanto à pena de ressarcimento
Art. 18-A. A requerimento do réu, na 077.967.703-08
fase de
e às condutas previstas no art. 10 desta Lei;
cumprimento da sentença, o juiz unificará eventu-
ais sanções aplicadas com outras já impostas em II - da aprovação ou rejeição das contas pelo
outros processos, tendo em vista a eventual conti- órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
nuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitu- Conselho de Contas.
des, observado o seguinte: § 1º Os atos do órgão de controle interno ou
I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz externo serão considerados pelo juiz quando tive-
promoverá a maior sanção aplicada, aumentada rem servido de fundamento para a conduta do
de 1/3 (um terço), ou a soma das penas, o que for agente público.
mais benéfico ao réu; § 2º As provas produzidas perante os órgãos
II - no caso de prática de novos atos ilícitos de controle e as correspondentes decisões deve-
pelo mesmo sujeito, o juiz somará as san- rão ser consideradas na formação da convicção
ções. do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo na
conduta do agente.
Parágrafo único. As sanções de suspensão
de direitos políticos e de proibição de contratar ou § 3º As sentenças civis e penais produzirão
de receber incentivos fiscais ou creditícios do po- efeitos em relação à ação de improbidade quando
der público observarão o limite máximo de 20 (vin- concluírem pela inexistência da conduta ou pela
te) anos. negativa da autoria.
§ 4º A absolvição criminal em ação que discu-
CAPÍTULO VI ta os mesmos fatos, confirmada por decisão cole-
giada, impede o trâmite da ação da qual trata esta
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS
Lei, havendo comunicação com todos os funda-
mentos de absolvição previstos no art. 386 do
Art. 19. Constitui crime a representação por Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
ato de improbidade contra agente público ou ter- (Código de Processo Penal).

189
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em I - pelo ajuizamento da ação de improbidade
outras esferas deverão ser compensadas com as administrativa;
sanções aplicadas nos termos desta Lei. II - pela publicação da sentença condenató-
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto ria;
nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a reque- III - pela publicação de decisão ou acórdão de
rimento de autoridade administrativa ou mediante Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal
representação formulada de acordo com o dispos- que confirma sentença condenatória ou que re-
to no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito forma sentença de improcedência;
civil ou procedimento investigativo assemelhado e
IV - pela publicação de decisão ou acórdão do
requisitar a instauração de inquérito policial.
Superior Tribunal de Justiça que confirma acórdão
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos pre- condenatório ou que reforma acórdão de improce-
vistos nesta Lei, será garantido ao investigado a dência;
oportunidade de manifestação por escrito e de
V - pela publicação de decisão ou acórdão do
juntada de documentos que comprovem suas ale-
Supremo Tribunal Federal que confirma acórdão
gações e auxiliem na elucidação dos fatos.
condenatório ou que reforma acórdão de improce-
dência.
CAPÍTULO VII § 5º Interrompida a prescrição, o prazo reco-
DA PRESCRIÇÃO meça a correr do dia da interrupção, pela metade
do prazo previsto no caput deste artigo.
Art. 23. A ação para a aplicação das san- § 6º A suspensão e a interrupção da prescri-
ções previstas nesta Lei prescreve em 8 (oito) ção produzem efeitos relativamente a todos os
anos, contados a partir da ocorrência do fato ou, que concorreram para a prática do ato de improbi-
no caso de infrações permanentes, do dia Francisco
em que Christian
dade.
cessou a permanência. christianpet2002@gmail.com
§ 7º Nos atos de improbidade conexos que
I - (revogado); 077.967.703-08
sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e
II - (revogado); a interrupção relativas a qualquer deles estendem-
se aos demais.
III - (revogado).
§ 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o
§ 1º A instauração de inquérito civil ou de pro- Ministério Público, deverá, de ofício ou a requeri-
cesso administrativo para apuração dos ilícitos mento da parte interessada, reconhecer a prescri-
referidos nesta Lei suspende o curso do prazo ção intercorrente da pretensão sancionadora e
prescricional por, no máximo, 180 (cento e oitenta) decretá-la de imediato, caso, entre os marcos in-
dias corridos, recomeçando a correr após a sua terruptivos referidos no § 4º, transcorra o prazo
conclusão ou, caso não concluído o processo, previsto no § 5º deste artigo.
esgotado o prazo de suspensão.
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer
§ 2º O inquérito civil para apuração do ato de
contínua capacitação aos agentes públicos e polí-
improbidade será concluído no prazo de 365 (tre-
ticos que atuem com prevenção ou repressão de
zentos e sessenta e cinco) dias corridos, prorro-
atos de improbidade administrativa.
gável uma única vez por igual período, mediante
ato fundamentado submetido à revisão da instân- Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos
cia competente do órgão ministerial, conforme por esta Lei, não haverá adiantamento de custas,
dispuser a respectiva lei orgânica. de preparo, de emolumentos, de honorários peri-
§ 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste ciais e de quaisquer outras despesas.
artigo, a ação deverá ser proposta no prazo de 30 § 1º No caso de procedência da ação, as cus-
(trinta) dias, se não for caso de arquivamento do tas e as demais despesas processuais serão pa-
inquérito civil. gas ao final.
§ 4º O prazo da prescrição referido no caput § 2º Haverá condenação em honorários su-
deste artigo interrompe-se: cumbenciais em caso de improcedência da ação
de improbidade se comprovada má-fé.

190
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento
“A ética é teoria, investigação ou explicação de
ilícito, perda patrimonial, desvio, apropriação, um tipo de experiência humana ou forma de
malbaratamento ou dilapidação de recursos públi- comportamento dos homens, o da moral, con-
cos dos partidos políticos, ou de suas fundações, siderado porém na sua totalidade, diversidade e
serão responsabilizados nos termos da Lei nº variedade. [...] a ética é a teoria ou ciência do
9.096, de 19 de setembro de 1995. comportamento moral dos homens em soci-
edade. Ou seja, é ciência de uma forma espe-
cífica de comportamento humano.”
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 21-23.

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de


sua publicação.
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de
1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro Percebe-se, pois, que a ética é
de 1958 e demais disposições em contrário. universal, é teoria, é uma espécie de investiga-
ção sobre a moral e os comportamentos mo-
rais dos homens.

No entanto, é importante observar que a ética


não possui apenas este sentido. A ética pode ser
dividida em ética filosófica, ética científica e em
ética normativa. Enquanto a ética filosófica é mera
Noções de ética
reflexão sobre o bem e mal, a ética científica bus-
Francisco Christian
O termo ética deriva do grego “ethos”, que ca estudar e entender os diversos comportamen-
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significa caráter, modo de ser de uma pessoa. tos morais dos homens de modo racional e objeti-
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vo.
Mas, afinal, o que é ética? VALLS afirma que Assim, a definição de ética acima, de Vás-
quez, é uma definição da ética científica. É ela
“A ética é uma daquelas coisas que todo mun- que você deve levar para a sua prova.
do sabe o que são, mas que não são fáceis de
explicar, quando alguém pergunta”.

VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7. ed.


Brasiliense, 1993, p.7.
Palavras-chave sobre Ética: bem,
mal, reflexão, teoria, princípios e universal.

Já a ética normativa busca estabelecer pa-


drões de conduta para uma dada sociedade que
são tidos como adequadas para boa vida em so-
ciedade.

Por que estudar ética?


O homem é um animal político, como defen-
dia Aristóteles. Logo, ele necessita da vida em
sociedade para se desenvolver enquanto ser.
Ocorre que a vida em sociedade apresenta
uma série de desafio aos homens, principalmente
Segundo Adolfo Sánchez Vásquez quando seus interesses se confrontam.

191
Nessas horas é que se faz necessário um
conjunto de princípios estabelecidos socialmente Cheia de amor ao seu filho, a mulher cujo filho
que sirvam de parâmetro ou modelo para a condu- estava vivo suplicou: “Senhor, peço-vos que lhes
ta dos homens. deis a ela o menino vivo e não o mateis!”.
Pois bem, a ética se propõe a refletir sobre os A outra, pelo contrário, dizia: “Não seja para mim
padrões estabelecidos nas diversas sociedades nem para ti, mas divida-se”. Então Salomão disse:
no tempo e no espaço. Busca entendê-los. “Dai a primeira o menino vivo porque é ela a ver-
dadeira mãe”. E assim todo o povo de Israel sou-
be que a sabedoria de Deus assistia ao rei para
julgar com retidão.
Pode-se dizer que a ética busca res- Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_biblia/17.php.
ponder a três questionamentos: Quero? Devo? Acesso em: 08 set. 2011.
Posso?

Noções sobre moral

Francisco Christian
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Entendido o que é a ética, agora podemos


buscar entender o que vem a ser a moral. Regis-
tre-se que existe uma proximidade grande entre
os conceitos, mas saiba que ética e moral são
coisas bem distintas e não podem ser confundi-
das.
Já vimos que a moral é o objeto de estudo da
A sabedoria de Salomão
ética. Em sua etimologia, moral vem do latim
“mos” ou “mores”, que significa costume ou
Apresentaram-se duas mulheres a Salomão. Uma
disse: “Senhor, eu e esta mulher habitávamos na costumes.
mesma casa. Durante a noite, estando a dormir, Adolfo Sánchez Vásquez conceitua moral
sufocou o filho e, aproveitando-se do meu sono, como um sistema de normas que regulamen-
pôs o meu filho adormecido junto de si e colocou tam as relações entre os indivíduos em uma
aos meus pés o seu filho que estava morto. De dada sociedade, em um determinado tempo e em
manhã, olhando de perto para ele, vi que não era um espaço específico. Veja-se:
o meu filho”.

A outra mulher interrompeu: “Não, o meu filho é o


que está vivo, o teu morreu”. A primeira replicou: “A moral um sistema de normas, princípios e
“Não, o teu é que morreu. O que está vivo valores, segundo o qual são regulamentadas
é meu”. E continuaram a disputar. Então o rei dis- as relações mútuas entre os indivíduos ou
se: Trazei uma espada, dividi em duas partes o entre estes e a comunidade, de tal maneira
menino que está vivo e dai metade a cada uma!”. que estas normas, dotadas de um caráter his-

192
fenômenos da natureza, que apenas acontecem
tórico e social, sejam acatadas livre e cons- naturalmente.
cientemente, por uma convicção íntima, e
não de uma maneira mecânica, externa ou im- O homem, como ser moral, é dotado de ra-
pessoal.” zão e de consciência. Portanto, ele pode esco-
lher livremente, com autonomia, entre o que é
SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 32. Ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2011, p. 84. certo e o que é errado. E quem define o que é o
certo e o errado? A moral social.
Assim, o homem moral é aquele que pode
avaliar qual a conduta que deve ser realizada nas
Perceba-se que neste conceito o autor des- diversas situações sociais de acordo com os pa-
taca o caráter histórico e social da moral. Isso drões historicamente definidos como corretos ou
quer dizer que não existe ou existiu apenas errados.
uma moral, mas várias morais no tempo e no
espaço.

Francisco Christian
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Agora que já sabemos o que é moral e o que


é ética, podemos estabelecer um quadro esque-
matizado destacando os principais aspectos que
O Brasil já teve uma moral que reconhecia a diferenciam a moral da ética.
escravidão dos negros e a inferioridade das mu-
lheres. Atualmente, essa moral não mais subsiste Antes, é importante destacar que essas dife-
de modo hegemônico, ainda que persistam alguns renças entre a moral e a ética são muito cobradas
dos seus aspectos como herança cultural. em provas, por isso é preciso fixar essas diferen-
Aqui, destaca-se a ligação da moral com a ças.
cultura, ou seja, a produção do homem, seja em Assim, vejamos quais são essas diferenças:
suas relações sociais ou em suas relações com o
meio ambiente.
Assim, a moral é social, ou seja, conjunto de
regras de conduta estabelecidas em uma determi-
nada sociedade.
Observe ainda que, além da cultura, a liber-
dade e a consciência são outros aspectos im-
portantes para se compreender a moral.
Só há conduta moral se houver consciência e
liberdade, aspectos que diferenciam a conduta
dos homens da conduta dos demais animais e dos

193
“[...] ordem jurídica soberana que tem por fim
o bem comum de um povo situado em deter-
minado território.” (DALLARI, Dalmo. Elemen-
tos de Teoria do Estado. 29. ed. São Paulo:
Saraiva, 2010, p.119.

Note-se que, pelo conceito de Dalmo Dallari,


o estado possui quatro elementos, a saber: povo
(elemento humano), soberania (elemento político),
território (elemento geográfico) e o bem comum
(elemento finalístico ou teleológico).
Estado como ser ético-político
Dentre os elementos do Estado, destacamos
o bem comum. Mas afinal, o que seria o bem co-
mum? Quem define o que é o bem comum?
Ora, conforme já vimos, este é um campo pa-
ra a ética e para a moral, pois são os princípios
éticos e morais que vão se refletir nas escolhas
”De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver políticas e que vão nortear a atuação estatal, prin-
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injus- cipalmente, na produção das normas jurídicas que
tiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas dotarão os valores sociais hegemônicos de impe-
mãos dos maus, o homem chega a desanimar da ratividade, ou seja, de obrigatoriedade jurídica.
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonhaFrancisco
de ser Christian
Nesse sentido, fica evidente que o Estado é
honesto”. christianpet2002@gmail.com
um ente ético, pois reflete as escolhas políticas da
Ruy Barbosa
sociedade e os seus valores dominantes.
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Assim, estupro é crime porque, antes de se
tornar um crime por meio de uma lei, ele é repro-
vado socialmente como algo ruim, errado, imoral e
que fere princípios éticos de conduta. Aqui temos
uma interface entre o Direito e a moral. Isso por-
que o Direito positiva a moral, ou seja, torna legal
ou ilegal determinadas condutas sociais aprova-
Conceito de Estado das ou reprovadas pela comunidade.

Nesta disciplina, é muito importante compre- Como um ente ético, o Estado tem por esco-
ender o que é o Estado e qual o seu papel político po, em teoria, as boas práticas políticas, morais,
e social. institucionais, sociais, todas elas a partir da sua
soberania, autodeterminação e independência
O Estado possui um importante papel na re- nacional.
gulação social, pois ele é o responsável por elabo-
rar as normas jurídicas que são dotadas de impe- Nesse sentido, veja-se alguns dos princípios
ratividade. fundamentais que regem a República Federativa
do Brasil (Estado brasileiro) segundo a CRFB/88:
A definição do conceito e do papel do Estado
não é matéria fácil e está sujeita a inúmeros deba-
Art. 1º A República Federativa do Brasil,
tes entre os pensadores da Teoria Política e do
formada pela união indissolúvel dos Estados
Estado. No entanto, para os fins deste trabalho,
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
adotamos o conceito de Estado proposto por Dal-
se em Estado Democrático de Direito e
mo Dallari, para quem o Estado é tem como fundamentos:

I - a soberania;

194
II - a cidadania; III - ninguém será submetido a tortura nem a
III - a dignidade da pessoa humana; tratamento desumano ou degradante;
IV - os valores sociais do trabalho e da li-
vre iniciativa; Nota-se, pois, que essas normas constitucio-
V - o pluralismo político. nais refletem as escolhas políticas fundamentais
do Estado brasileiro, que foram positivadas, mas
Parágrafo único. Todo o poder emana do que, antes, foram estabelecidas por consensos
povo, que o exerce por meio de represen- sociais e políticos sobre o que seria o bom ou o
tantes eleitos ou diretamente, nos termos correto, passando, pois, pelo campo dos debates
desta Constituição. éticos e morais.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais Cidadania
da República Federativa do Brasil: A cidadania pode ser entendida sobre três
dimensões. Uma dimensão civil, que correspon-
I - construir uma sociedade livre, justa e de aos direitos referentes à vida em sociedade do
solidária; cidadão, com o reconhecimento da isonomia entre
os cidadãos, a sua liberdade de locomoção e o
II - garantir o desenvolvimento nacional;
seu direito de propriedade. Uma dimensão políti-
ca, que corresponde aos direitos dos cidadãos de
III - erradicar a pobreza e a marginaliza-
participarem do governo da sociedade, com direi-
ção e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; tos como o voto e a possibilidade de organizar
partidos. E uma dimensão social, com o reco-
IV - promover o bem de todos, sem pre- nhecimento da possibilidade do cidadão de ter
conceitos de origem, raça, sexo, cor, ida- acesso à riqueza produzida pela sociedade. Faz
de e quaisquer outras formas de discri- parte dos direitos que expressa essa dimensão os
minação.
Francisco Christian
direitos sociais como o acesso à educação e à
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saúde.
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Art. 4º A República Federativa do Brasil re-
ge-se nas suas relações internacionais pelos
seguintes princípios:
[...]
II - prevalência dos direitos humanos;
VI - defesa da paz; Nesse sentido, o título II da CF/88
VII - solução pacífica dos conflitos; trouxe um rol de direitos fundamentais que consa-
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; gram essas três dimensões. Ocorre que, em um
IX - cooperação entre os povos para o pro- sentido jurídico restrito, a cidadania correspon-
gresso da humanidade; de a uma qualificação que o Estado confere
aos seus integrantes. Assim, cidadão, em um sen-
No mesmo sentido, dispõe a CF/88, em seu tido estritamente jurídico, é o nacional que des-
artigo 5°, que são direitos fundamentais individu- fruta plenamente dos direitos políticos e que
ais: está em dia com as suas obrigações eleitorais
(art. 14, CF/88).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo- Ética e Administração Pública
se aos brasileiros e aos estrangeiros resi- O papel do Estado contemporâneo é proteger
dentes no País a inviolabilidade do direito e fomentar os direitos fundamentais dos cidadãos.
à vida, à liberdade, à igualdade, à segu- Assim, a atuação da Administração, por meio dos
rança e à propriedade, nos termos seguin- seus agentes, deve ser pautada no respeito a es-
tes: ses direitos fundamentais e no respeito aos prin-
cípios constitucionalmente positivados. Veja-se o
I - homens e mulheres são iguais em direitos art. 37 da CRFB/88:
e obrigações, nos termos desta Constitui-
ção;
[...]

195
Art. 37. A administração pública direta e indi- benefícios financeiros ou materiais para si, sua
reta de qualquer dos Poderes da União, dos família ou seus amigos.
Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios obedecerá aos princípios de legalida- Integridade
de, impessoalidade, moralidade, publici-
Os ocupantes de cargos públicos não deverão
dade e eficiência e, também, ao seguinte:
colocar-se em situação de obrigação financeira ou
(Redação dada pela Emenda Constitucional
de outra ordem para com indivíduos ou organiza-
nº 19, de 1998)
ções externas que possa influenciá-los no cum-
primento de seus deveres oficiais.
Esses princípios devem nortear a conduta dos
servidores públicos da administração pública dire-
Objetividade
ta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. No desempenho das atividades públicas, inclusive
nomeações, concessão de contratos ou recomen-
Digamos que eles são os princípios éticos- dação de pessoas para recompensas e benefí-
constitucionais para a conduta dos servidores pú- cios, os ocupantes de cargos públicos deverão
blicos brasileiros. decidir apenas com base no mérito.

A discussão britânica sobre padrões de “Accountability”


conduta na vida pública: Os ocupantes de cargos públicos são responsá-
Em maio de 1995, foi encaminhado ao primei- veis perante o público por suas decisões e ações,
ro-ministro do Reino Unido um relatório elaborado e devem submeter-se a qualquer fiscalização
pela assim chamada Comissão Nolan, sobre nor- apropriada ao seu cargo.
mas de conduta na vida pública britânica. A Co-
missão, presidida por Lord Nolan (cujo nome se Transparência
Francisco
aplica também ao relatório), reuniu-se durante Christian
Os ocupantes de cargos públicos devem conferir a
seis meses, recebeu cerca de duaschristianpet2002@gmail.com
mil cartas e suas decisões e ações a maior transparência pos-
ouviu mais de cem pessoas em audiências públi- 077.967.703-08
sível. Eles devem justificar suas decisões e res-
cas. tringir o acesso à informação somente se o inte-
resse maior do público assim o exigir.
Seu trabalho concentrou-se sobre questões
relativas ao Parlamento, a ministros e a servidores
Honestidade
do Executivo e às organizações não-
governamentais semi-autônomas. O Relatório Os ocupantes de cargos públicos tem o dever de
Nolan é um documento sóbrio que detecta e dis- declarar quaisquer interesses particulares que
cute problemas de um serviço público do qual os tenham relação com seus deveres públicos e de
britânicos muito se orgulham, pelo menos desde o tomar medidas para resolver quaisquer conflitos
século XIX. 1 que possam surgir de forma a proteger o interesse
público.

OS SETE PRINCÍPIOS DA VIDA PÚBLICA Liderança

Esses princípios aplicam-se a todos os aspectos Os ocupantes de cargos públicos devem promo-
da vida pública. A Comissão relacionou-os para o ver e apoiar estes princípios através da liderança
uso de todos que de alguma forma prestem servi- e do exemplo.
ço ao público.
O código de ética na administração pública
Interesse Público
Os ocupantes de cargos públicos deverão tomar
decisões baseadas unicamente no interesse pú-
blico. Não deverão decidir com o objetivo de obter

1 Retirado da obra cadernos do ENAP (Escola Nacional de Adminis-


tração Pública). Ética no Serviço Público – A reflexão estrangeira.

196
Além desses valores e princípios positivados
na CRFB/88, existem outras normas jurídicas que
consagram padrões de conduta ainda mais espe-
cíficos para os servidores públicos no Brasil.
Essas normas jurídicas são os Códigos de
Ética dos diversos entes políticos (União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios),
que possuem autonomia federativa para elaborar
seus próprios Códigos de Ética, desde que em
conformidade com a CF/88.
Assim, a Lei nº 13.407, de 21 de novembro de
Francisco
2003, Institui o Código Disciplinar da Polícia Militar Christian
do Ceará e do Corpo de Bombeiros christianpet2002@gmail.com
Militar do Es-
tado do Ceará, dispõe sobre o comportamento 077.967.703-08
ético dos militares estaduais, estabelece os
procedimentos para apuração da responsabilidade
administrativo-disciplinar dos militares estaduais e
dá outras providências.

197
Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08

198
’ § 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder
público criar as condições necessárias para o efe-
tivo exercício dos direitos enunciados no caput.
Art. 4. Na interpretação desta Lei, serão con-
siderados os fins sociais a que ela se destina e, es-
pecialmente, as condições peculiares das mulhe-
res em situação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
TÍTULO I CONTRA A MULHER
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
Art. 1. Esta Lei cria mecanismos para coibir e DISPOSIÇÕES GERAIS
prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Consti-
Art. 5. Para os efeitos desta Lei, configura vi-
tuição Federal, da Convenção sobre a Eliminação
olência doméstica e familiar contra a mulher qual-
de Todas as Formas de Violência contra a Mulher,
quer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi-
e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros
cológico e dano moral ou patrimonial:
tratados internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Ju- I - no âmbito da unidade doméstica, compreen-
Francisco
izados de Violência Doméstica e Familiar contra a Christian
dida como o espaço de convívio permanente de
christianpet2002@gmail.com
Mulher; e estabelece medidas de assistência e pro- pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
teção às mulheres em situação de violência 077.967.703-08
domés-
tica e familiar. II - no âmbito da família, compreendida como a
Art. 2. Toda mulher, independentemente de comunidade formada por indivíduos que são ou se
classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cul- consideram aparentados, unidos por laços natu-
tura, nível educacional, idade e religião, goza dos rais, por afinidade ou por vontade expressa;
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, III - em qualquer relação íntima de afeto, na
sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facili- qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
dades para viver sem violência, preservar sua sa- ofendida, independentemente de coabitação.
úde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
Parágrafo único. As relações pessoais enunci-
intelectual e social.
adas neste artigo independem de orientação se-
Art. 3. Serão asseguradas às mulheres as xual.
condições para o exercício efetivo dos direitos à STJ: Súmula 600 - Para configuração da violência domés-
vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à edu- tica e familiar prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei
cação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liber- vítima. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017.
dade, à dignidade, ao respeito e à convivência fa- ------------------------------------------------------------------------------
miliar e comunitária. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO
§ 1º O poder público desenvolverá políticas DA LEI MARIA DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E
FILHA. É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Ma-
que visem garantir os direitos humanos das mulhe-
ria da Penha) nas relações entre mãe e filha. Isso porque,
res no âmbito das relações domésticas e familiares de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura
no sentido de resguardá-las de toda forma de ne- violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
gligência, discriminação, exploração, violência, cru- ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
eldade e opressão. lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral
ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na qual

199
o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, in- IV - a violência patrimonial, entendida como
dependentemente de coabitação. Da análise do dispositivo qualquer conduta que configure retenção, subtra-
citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher
em situação de vulnerabilidade, não só em relação ao côn-
ção, destruição parcial ou total de seus objetos, ins-
juge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar trumentos de trabalho, documentos pessoais,
ou pessoa que conviva com a vítima, independentemente bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
do gênero do agressor. Nessa mesma linha, entende a ju- incluindo os destinados a satisfazer suas necessi-
risprudência do STJ que o sujeito ativo do crime pode ser dades;
tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente
o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma relação V - a violência moral, entendida como qualquer
de poder e submissão. HC 175.816-RS, Quinta Turma, conduta que configure calúnia, difamação ou injú-
DJe, 28/6/2013; HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe ria.
27/9/2013. HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado
em 6/11/2014.
TÍTULO III
Art. 6. A violência doméstica e familiar contra
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM
a mulher constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos. SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
FAMILIAR
CAPÍTULO II
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA CAPÍTULO I
DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE
MULHER PREVENÇÃO

Art. 7. São formas de violência doméstica e Art. 8. A política pública que visa coibir a vio-
familiar contra a mulher, entre outras: Francisco Christian
lência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á
christianpet2002@gmail.com
por meio de um conjunto articulado de ações da
I - a violência física, entendida como qualquer
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
077.967.703-08
conduta que ofenda sua integridade ou saúde cor-
nicípios e de ações não-governamentais, tendo por
poral;
diretrizes:
II - a violência psicológica, entendida como
I - a integração operacional do Poder Judiciá-
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e
rio, do Ministério Público e da Defensoria Pública
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e
com as áreas de segurança pública, assistência so-
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise de-
cial, saúde, educação, trabalho e habitação;
gradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangi- II - a promoção de estudos e pesquisas, esta-
mento, humilhação, manipulação, isolamento, vigi- tísticas e outras informações relevantes, com a
lância constante, perseguição contumaz, insulto, perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concer-
chantagem, violação de sua intimidade, ridiculari- nentes às causas, às consequências e à frequência
zação, exploração e limitação do direito de ir e vir da violência doméstica e familiar contra a mulher,
ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à para a sistematização de dados, a serem unifica-
saúde psicológica e à autodeterminação; dos nacionalmente, e a avaliação periódica dos re-
sultados das medidas adotadas;
III - a violência sexual, entendida como qual-
quer conduta que a constranja a presenciar, a man- III - o respeito, nos meios de comunicação so-
ter ou a participar de relação sexual não desejada, cial, dos valores éticos e sociais da pessoa e da
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da família, de forma a coibir os papéis estereotipados
força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de que legitimem ou exacerbem a violência doméstica
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso
de usar qualquer método contraceptivo ou que a III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à do art. 221 da Constituição Federal ;
prostituição, mediante coação, chantagem, su- IV - a implementação de atendimento policial
borno ou manipulação; ou que limite ou anule o especializado para as mulheres, em particular nas
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; Delegacias de Atendimento à Mulher;

200
V - a promoção e a realização de campanhas § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de
educativas de prevenção da violência doméstica e violência doméstica e familiar, para preservar sua
familiar contra a mulher, voltadas ao público esco- integridade física e psicológica:
lar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e I - acesso prioritário à remoção quando servi-
dos instrumentos de proteção aos direitos humanos dora pública, integrante da administração direta ou
das mulheres; indireta;
VI - a celebração de convênios, protocolos, II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
ajustes, termos ou outros instrumentos de promo- necessário o afastamento do local de trabalho, por
ção de parceria entre órgãos governamentais ou até seis meses.
entre estes e entidades não-governamentais, tendo
por objetivo a implementação de programas de er- III - encaminhamento à assistência judiciária,
radicação da violência doméstica e familiar contra quando for o caso, inclusive para eventual ajuiza-
a mulher; mento da ação de separação judicial, de divórcio,
de anulação de casamento ou de dissolução de
VII - a capacitação permanente das Polícias união estável perante o juízo competente. (Incluído
Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de pela Lei nº 13.894, de 2019)
Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos ór-
gãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às § 3º A assistência à mulher em situação de vi-
questões de gênero e de raça ou etnia; olência doméstica e familiar compreenderá o
acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvi-
VIII - a promoção de programas educacionais mento científico e tecnológico, incluindo os serviços
que disseminem valores éticos de irrestrito respeito de contracepção de emergência, a profilaxia das
à dignidade da pessoa humana com a perspectiva Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da
de gênero e de raça ou etnia; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
IX - o destaque, nos currículos escolares de to- outros procedimentos médicos necessários e cabí-
Francisco
dos os níveis de ensino, para os conteúdos relati- Christian
veis nos casos de violência sexual.
christianpet2002@gmail.com
vos aos direitos humanos, à equidade de gênero e § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar
de raça ou etnia e ao problema da violência 077.967.703-08
domés- lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano
tica e familiar contra a mulher. moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a res-
sarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir
ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com
CAPÍTULO II
a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM saúde prestados para o total tratamento das víti-
SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E mas em situação de violência doméstica e familiar,
FAMILIAR recolhidos os recursos assim arrecadados ao
Fundo de Saúde do ente federado responsável pe-
las unidades de saúde que prestarem os serviços.
Art. 9º A assistência à mulher em situação
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados
de violência doméstica e familiar será prestada em ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza-
caráter prioritário no Sistema Único de Saúde dos para o monitoramento das vítimas de violência
(SUS) e no Sistema Único de Segurança Pública doméstica ou familiar amparadas por medidas pro-
(Susp), de forma articulada e conforme os princí- tetivas terão seus custos ressarcidos pelo agres-
pios e as diretrizes previstos na Lei nº 8.742, de 7 sor.
de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência
Social), e em outras normas e políticas públicas de § 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e
proteção, e emergencialmente, quando for o caso. 5º deste artigo não poderá importar ônus de qual-
(Redação dada pela Lei nº 14.887, de 2024) quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus
dependentes, nem configurar atenuante ou ense-
§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a in- jar possibilidade de substituição da pena aplicada.
clusão da mulher em situação de violência domés-
tica e familiar no cadastro de programas assisten- § 7º A mulher em situação de violência domés-
ciais do governo federal, estadual e municipal. tica e familiar tem prioridade para matricular seus
dependentes em instituição de educação básica
mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para

201
essa instituição, mediante a apresentação dos do- delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferen-
cumentos comprobatórios do registro da ocorrência cialmente, o seguinte procedimento:
policial ou do processo de violência doméstica e fa- I - a inquirição será feita em recinto especial-
miliar em curso. mente projetado para esse fim, o qual conterá os
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de equipamentos próprios e adequados à idade da
seus dependentes matriculados ou transferidos mulher em situação de violência doméstica e fami-
conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o liar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da vio-
acesso às informações será reservado ao juiz, ao lência sofrida;
Ministério Público e aos órgãos competentes do po- II - quando for o caso, a inquirição será inter-
der público. mediada por profissional especializado em violên-
cia doméstica e familiar designado pela autoridade
CAPÍTULO III judiciária ou policial;
DO ATENDIMENTO PELA III - o depoimento será registrado em meio ele-
AUTORIDADE POLICIAL trônico ou magnético, devendo a degravação e a
mídia integrar o inquérito.

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prá- Art. 11. No atendimento à mulher em situa-
tica de violência doméstica e familiar contra a mu- ção de violência doméstica e familiar, a autoridade
lher, a autoridade policial que tomar conhecimento policial deverá, entre outras providências:
da ocorrência adotará, de imediato, as providências I - garantir proteção policial, quando necessá-
legais cabíveis. rio, comunicando de imediato ao Ministério Público
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput e ao Poder Judiciário;
deste artigo ao descumprimento de medida prote- II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto
tiva de urgência deferida. Francisco Christian
de saúde e ao Instituto Médico Legal;
christianpet2002@gmail.com
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de III - fornecer transporte para a ofendida e seus
077.967.703-08
violência doméstica e familiar o atendimento poli- dependentes para abrigo ou local seguro, quando
cial e pericial especializado, ininterrupto e prestado houver risco de vida;
por servidores - preferencialmente do sexo femi- IV - se necessário, acompanhar a ofendida
nino - previamente capacitados. para assegurar a retirada de seus pertences do lo-
§ 1º A inquirição de mulher em situação de vi- cal da ocorrência ou do domicílio familiar;
olência doméstica e familiar ou de testemunha de V - informar à ofendida os direitos a ela confe-
violência doméstica, quando se tratar de crime con- ridos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive
tra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: os de assistência judiciária para o eventual ajuiza-
I - salvaguarda da integridade física, psíquica mento perante o juízo competente da ação de se-
e emocional da depoente, considerada a sua con- paração judicial, de divórcio, de anulação de casa-
dição peculiar de pessoa em situação de violência mento ou de dissolução de união estável.
doméstica e familiar; Art. 12. Em todos os casos de violência do-
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a méstica e familiar contra a mulher, feito o registro
mulher em situação de violência doméstica e fami- da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar,
liar, familiares e testemunhas terão contato direto de imediato, os seguintes procedimentos, sem pre-
com investigados ou suspeitos e pessoas a eles re- juízo daqueles previstos no Código de Processo
lacionadas; Penal:
III - não revitimização da depoente, evitando I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrên-
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âm- cia e tomar a representação a termo, se apresen-
bitos criminal, cível e administrativo, bem como tada;
questionamentos sobre a vida privada.
II - colher todas as provas que servirem para o
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
violência doméstica e familiar ou de testemunha de
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da

202
ofendida, para a concessão de medidas protetivas § 1º (VETADO).
de urgência; § 2º (VETADO).
IV - determinar que se proceda ao exame de § 3º A autoridade policial poderá requisitar os
corpo de delito da ofendida e requisitar outros exa- serviços públicos necessários à defesa da mulher
mes periciais necessários; em situação de violência doméstica e familiar e de
V - ouvir o agressor e as testemunhas; seus dependentes.
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer Art. 12-C. Verificada a existência de risco
juntar aos autos sua folha de antecedentes crimi- atual ou iminente à vida ou à integridade física ou
nais, indicando a existência de mandado de prisão psicológica da mulher em situação de violência do-
ou registro de outras ocorrências policiais contra méstica e familiar, ou de seus dependentes, o
ele; agressor será imediatamente afastado do lar, domi-
VI-A - verificar se o agressor possui registro de cílio ou local de convivência com a ofendida: (Re-
porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de dação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
existência, juntar aos autos essa informação, bem I - pela autoridade judicial;
como notificar a ocorrência à instituição responsá-
vel pela concessão do registro ou da emissão do II - pelo delegado de polícia, quando o Municí-
porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de de- pio não for sede de comarca; ou
zembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento); III - pelo policial, quando o Município não for
VII - remeter, no prazo legal, os autos do in- sede de comarca e não houver delegado disponível
quérito policial ao juiz e ao Ministério Público. no momento da denúncia.

§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do ca-
pela autoridade policial e deverá conter: put deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em
Francisco Christian
I - qualificação da ofendida e do agressor; igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
christianpet2002@gmail.com
da medida aplicada, devendo dar ciência ao Minis-
II - nome e idade dos dependentes;
077.967.703-08
tério Público concomitantemente.
III - descrição sucinta do fato e das medidas
protetivas solicitadas pela ofendida. § 2º Nos casos de risco à integridade física da
ofendida ou à efetividade da medida protetiva de
IV - informação sobre a condição de a ofendida
urgência, não será concedida liberdade provisória
ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida
ao preso.
resultou deficiência ou agravamento de deficiência
preexistente.
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao do- TÍTULO IV
cumento referido no § 1º o boletim de ocorrência e DOS PROCEDIMENTOS
cópia de todos os documentos disponíveis em
posse da ofendida.
CAPÍTULO I
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os DISPOSIÇÕES GERAIS
laudos ou prontuários médicos fornecidos por hos-
pitais e postos de saúde.
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à exe-
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na
cução das causas cíveis e criminais decorrentes da
formulação de suas políticas e planos de atendi-
prática de violência doméstica e familiar contra a
mento à mulher em situação de violência doméstica
mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de
e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia
Processo Penal e Processo Civil e da legislação es-
Civil, à criação de Delegacias Especializadas de
pecífica relativa à criança, ao adolescente e ao
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Inves-
idoso que não conflitarem com o estabelecido
tigativos de Feminicídio e de equipes especializa-
nesta Lei.
das para o atendimento e a investigação das vio-
lências graves contra a mulher. Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordi-
Art. 12-B. (VETADO).
nária com competência cível e criminal, poderão

203
ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignifi-
Territórios, e pelos Estados, para o processo, o jul- cância nos crimes ou contravenções penais praticadas
contra a mulher no âmbito das relações domésticas
gamento e a execução das causas decorrentes da
prática de violência doméstica e familiar contra a Art. 17-A. O nome da ofendida ficará sob si-
mulher. gilo nos processos em que se apuram crimes prati-
Parágrafo único. Os atos processuais poderão cados no contexto de violência doméstica e familiar
realizar-se em horário noturno, conforme dispuse- contra a mulher. (Incluído pela Lei nº 14.857, de
rem as normas de organização judiciária. 2024)
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor Parágrafo único. O sigilo referido no caput
ação de divórcio ou de dissolução de união estável deste artigo não abrange o nome do autor do fato,
no Juizado de Violência Doméstica e Familiar con- tampouco os demais dados do processo. (Incluído
tra a Mulher. pela Lei nº 14.857, de 2024)
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a CAPÍTULO II
pretensão relacionada à partilha de bens.
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica
e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio URGÊNCIA
ou de dissolução de união estável, a ação terá pre-
ferência no juízo onde estiver. SEÇÃO I
Art. 15. É competente, por opção da ofen- DISPOSIÇÕES GERAIS
dida, para os processos cíveis regidos por esta Lei,
o Juizado:
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido
Francisco Christian
I - do seu domicílio ou de sua residência;
da ofendida,
christianpet2002@gmail.com caberá ao juiz, no prazo de 48 (qua-
II - do lugar do fato em que se baseou a de- renta e oito) horas:
manda; 077.967.703-08
I - conhecer do expediente e do pedido e deci-
III - do domicílio do agressor. dir sobre as medidas protetivas de urgência;
Art. 16. Nas ações penais públicas condicio- II - determinar o encaminhamento da ofendida
nadas à representação da ofendida de que trata ao órgão de assistência judiciária, quando for o
esta Lei, só será admitida a renúncia à representa- caso, inclusive para o ajuizamento da ação de se-
ção perante o juiz, em audiência especialmente de- paração judicial, de divórcio, de anulação de casa-
signada com tal finalidade, antes do recebimento mento ou de dissolução de união estável perante o
da denúncia e ouvido o Ministério Público. juízo competente; (Redação dada pela Lei nº
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Di-
13.894, de 2019)
reta de Inconstitucionalidade (ADI) 4424 conferiu natureza III - comunicar ao Ministério Público para que
pública e incondicionada à ação penal fundada na Lei Ma- adote as providências cabíveis.
ria da Penha (Lei 11.340/2006). Segundo a Suprema Corte,
se as referidas ações fossem condicionadas à representa- IV - determinar a apreensão imediata de arma
ção da ofendida, seria esvaziava a proteção constitucional de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei
assegurada às mulheres, uma vez que muitas delas aca- nº 13.880, de 2019)
bariam por retirar a queixa de agressão
Art. 19. As medidas protetivas de urgência
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
violência doméstica e familiar contra a mulher, de do Ministério Público ou a pedido da ofendida.
penas de cesta básica ou outras de prestação pe-
cuniária, bem como a substituição de pena que im- § 1º As medidas protetivas de urgência pode-
plique o pagamento isolado de multa. rão ser concedidas de imediato, independente-
mente de audiência das partes e de manifestação
Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção do Ministério Público, devendo este ser pronta-
penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena
mente comunicado.
privativa de liberdade por restritiva de direitos.

204
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão SEÇÃO II
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE
ser substituídas a qualquer tempo por outras de
maior eficácia, sempre que os direitos reconheci- URGÊNCIA QUE OBRIGAM O AGRESSOR
dos nesta Lei forem ameaçados ou violados.
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Art. 22. Constatada a prática de violência do-
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas méstica e familiar contra a mulher, nos termos
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao
concedidas, se entender necessário à proteção da agressor, em conjunto ou separadamente, as se-
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, guintes medidas protetivas de urgência, entre ou-
ouvido o Ministério Público. tras:
§ 4º As medidas protetivas de urgência serão I - suspensão da posse ou restrição do porte
concedidas em juízo de cognição sumária a partir de armas, com comunicação ao órgão competente,
do depoimento da ofendida perante a autoridade nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
policial ou da apresentação de suas alegações es- 2003 ;
critas e poderão ser indeferidas no caso de avalia- II - afastamento do lar, domicílio ou local de
ção pela autoridade de inexistência de risco à inte- convivência com a ofendida;
gridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou
moral da ofendida ou de seus dependentes. (Inclu- III - proibição de determinadas condutas, entre
ído pela Lei nº 14.550, de 2023) as quais:
§ 5º As medidas protetivas de urgência serão a) aproximação da ofendida, de seus familiares
concedidas independentemente da tipificação pe- e das testemunhas, fixando o limite mínimo de dis-
nal da violência, do ajuizamento de ação penal ou tância entre estes e o agressor;
cível, da existência de inquérito policial ou do regis- Christian
Francisco b) contato com a ofendida, seus familiares e
tro de boletim de ocorrência. (Incluído pela Lei nº
christianpet2002@gmail.compor qualquer meio de comunicação;
testemunhas
14.550, de 2023)
077.967.703-08c) frequentação de determinados lugares a fim
§ 6º As medidas protetivas de urgência vigora- de preservar a integridade física e psicológica da
rão enquanto persistir risco à integridade física, psi- ofendida;
cológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida
IV - restrição ou suspensão de visitas aos de-
ou de seus dependentes. (Incluído pela Lei nº
pendentes menores, ouvida a equipe de atendi-
14.550, de 2023)
mento multidisciplinar ou serviço similar;
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial V - prestação de alimentos provisionais ou pro-
ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva visórios.
do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a reque-
rimento do Ministério Público ou mediante repre- VI – comparecimento do agressor a programas
sentação da autoridade policial. de recuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei
nº 13.984, de 2020)
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
preventiva se, no curso do processo, verificar a VII – acompanhamento psicossocial do agres-
falta de motivo para que subsista, bem como de sor, por meio de atendimento individual e/ou em
novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus- grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de
tifiquem. 2020)
§ 1º As medidas referidas neste artigo não im-
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos
pedem a aplicação de outras previstas na legisla-
atos processuais relativos ao agressor, especial- ção em vigor, sempre que a segurança da ofendida
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da pri-
ou as circunstâncias o exigirem, devendo a provi-
são, sem prejuízo da intimação do advogado cons- dência ser comunicada ao Ministério Público.
tituído ou do defensor público.
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, en-
Parágrafo único. A ofendida não poderá entre-
contrando-se o agressor nas condições menciona-
gar intimação ou notificação ao agressor.
das no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao

205
respectivo órgão, corporação ou instituição as me- II - proibição temporária para a celebração de
didas protetivas de urgência concedidas e determi- atos e contratos de compra, venda e locação de
nará a restrição do porte de armas, ficando o supe- propriedade em comum, salvo expressa autoriza-
rior imediato do agressor responsável pelo cumpri- ção judicial;
mento da determinação judicial, sob pena de incor- III - suspensão das procurações conferidas
rer nos crimes de prevaricação ou de desobediên- pela ofendida ao agressor;
cia, conforme o caso.
IV - prestação de caução provisória, mediante
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas depósito judicial, por perdas e danos materiais de-
protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a correntes da prática de violência doméstica e fami-
qualquer momento, auxílio da força policial. liar contra a ofendida.
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste ar- Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartó-
tigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ rio competente para os fins previstos nos incisos II
5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro e III deste artigo.
de 1973 (Código de Processo Civil).

SEÇÃO IV
SEÇÃO III
DO CRIME DE DESCUMPRIMENTO DE
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE
MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
URGÊNCIA À OFENDIDA
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS
PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário,
sem prejuízo de outras medidas.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes
Francisco Christian
defere medidas protetivas de urgência previstas
a programa oficial ou comunitário de proteção ou
de atendimento; christianpet2002@gmail.com
nesta Lei:
077.967.703-08
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
II - determinar a recondução da ofendida e a
e multa. (Redação dada pela Lei nº 14.994, de
de seus dependentes ao respectivo domicílio, após
2024)
afastamento do agressor;
§ 1º A configuração do crime independe da
III - determinar o afastamento da ofendida do
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
medidas.
guarda dos filhos e alimentos;
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, ape-
IV - determinar a separação de corpos.
nas a autoridade judicial poderá conceder fiança.
V - determinar a matrícula dos dependentes da
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a apli-
ofendida em instituição de educação básica mais
cação de outras sanções cabíveis.
próxima do seu domicílio, ou a transferência deles
para essa instituição, independentemente da exis-
tência de vaga. CAPÍTULO III
VI – conceder à ofendida auxílio-aluguel, com DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
valor fixado em função de sua situação de vulnera-
bilidade social e econômica, por período não supe-
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando
rior a 6 (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 14.674,
de 2023) não for parte, nas causas cíveis e criminais decor-
rentes da violência doméstica e familiar contra a
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens mulher.
da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem
particular da mulher, o juiz poderá determinar, limi-
narmente, as seguintes medidas, entre outras: prejuízo de outras atribuições, nos casos de violên-
cia doméstica e familiar contra a mulher, quando
I - restituição de bens indevidamente subtraí- necessário:
dos pelo agressor à ofendida;

206
I - requisitar força policial e serviços públicos Art. 31. Quando a complexidade do caso exi-
de saúde, de educação, de assistência social e de gir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá de-
segurança, entre outros; terminar a manifestação de profissional especiali-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e zado, mediante a indicação da equipe de atendi-
particulares de atendimento à mulher em situação mento multidisciplinar.
de violência doméstica e familiar, e adotar, de ime- Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de
diato, as medidas administrativas ou judiciais cabí-
sua proposta orçamentária, poderá prever recursos
veis no tocante a quaisquer irregularidades consta-
para a criação e manutenção da equipe de atendi-
tadas;
mento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretri-
III - cadastrar os casos de violência doméstica zes Orçamentárias.
e familiar contra a mulher.

CAPÍTULO IV TÍTULO VI
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis Art. 33. Enquanto não estruturados os Juiza-
e criminais, a mulher em situação de violência do- dos de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu-
méstica e familiar deverá estar acompanhada de lher, as varas criminais acumularão as competên-
advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta cias cível e criminal para conhecer e julgar as cau-
Lei. sas decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a mulher, observadas as previsões
Art. 28. É garantido a toda mulher em situa-
do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação
Francisco
ção de violência doméstica e familiar o acesso aos Christian
processual pertinente.
serviços de Defensoria Pública ou de Assistência
christianpet2002@gmail.com
Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede po- Parágrafo único. Será garantido o direito de
077.967.703-08
preferência, nas varas criminais, para o processo e
licial e judicial, mediante atendimento específico e
humanizado. o julgamento das causas referidas no caput.

TÍTULO V TÍTULO VII


DA EQUIPE DE ATENDIMENTO DISPOSIÇÕES FINAIS
MULTIDISCIPLINAR
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violên-
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica cia Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá
ser acompanhada pela implantação das curadorias
e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados
necessárias e do serviço de assistência judiciária.
poderão contar com uma equipe de atendimento
multidisciplinar, a ser integrada por profissionais Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Esta-
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de dos e os Municípios poderão criar e promover, no
saúde. limite das respectivas competências:
Art. 30. Compete à equipe de atendimento I - centros de atendimento integral e multidisci-
multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe fo- plinar para mulheres e respectivos dependentes
rem reservadas pela legislação local, fornecer sub- em situação de violência doméstica e familiar;
sídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbal- dependentes menores em situação de violência do-
mente em audiência, e desenvolver trabalhos de méstica e familiar;
orientação, encaminhamento, prevenção e outras
medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
familiares, com especial atenção às crianças e aos serviços de saúde e centros de perícia médico-le-
adolescentes. gal especializados no atendimento à mulher em si-
tuação de violência doméstica e familiar;

207
IV - programas e campanhas de enfrentamento Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei
da violência doméstica e familiar; não excluem outras decorrentes dos princípios por
V - centros de educação e de reabilitação para ela adotados.
os agressores. Art. 40-A. Esta Lei será aplicada a todas as
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Fede- situações previstas no seu art. 5º, independente-
ral e os Municípios promoverão a adaptação de mente da causa ou da motivação dos atos de vio-
seus órgãos e de seus programas às diretrizes e lência e da condição do ofensor ou da ofendida. (In-
aos princípios desta Lei. cluído pela Lei nº 14.550, de 2023)

Art. 37. A defesa dos interesses e direitos Art. 41. Aos crimes praticados com violência
transindividuais previstos nesta Lei poderá ser doméstica e familiar contra a mulher, independen-
exercida, concorrentemente, pelo Ministério Pú- temente da pena prevista, não se aplica a Lei nº
blico e por associação de atuação na área, regular- 9.099, de 26 de setembro de 1995.
mente constituída há pelo menos um ano, nos ter-
mos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constitui-
ção poderá ser dispensado pelo juiz quando enten-
der que não há outra entidade com representativi-
dade adequada para o ajuizamento da demanda
coletiva.
Art. 38. As estatísticas sobre a violência do-
méstica e familiar contra a mulher serão incluídas
nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema
de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o Francisco
sistema Christian
christianpet2002@gmail.com
nacional de dados e informações relativo às mulhe- Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os
res. 077.967.703-08
crimes resultantes de discriminação ou preconceito
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacio-
Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão nal. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
remeter suas informações criminais para a base de
Art. 2º (Vetado).
dados do Ministério da Justiça.
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo lhe a
registro da medida protetiva de urgência. (Incluído dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia
pela Lei nº 13.827, de 2019) ou procedência nacional. (Incluído pela Lei nº
14.532, de 2023)
Parágrafo único. As medidas protetivas de ur-
gência serão, após sua concessão, imediatamente Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
registradas em banco de dados mantido e regula- multa. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
mentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garan- Parágrafo único. A pena é aumentada de me-
tido o acesso instantâneo do Ministério Público, da tade se o crime for cometido mediante concurso de
Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pú- 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº
blica e de assistência social, com vistas à fiscaliza- 14.532, de 2023)
ção e à efetividade das medidas protetivas. (Reda-
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de al-
ção dada Lei nº 14.310, de 2022)
guém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Fede- Administração Direta ou Indireta, bem como das
ral e os Municípios, no limite de suas competências concessionárias de serviços públicos.
e nos termos das respectivas leis de diretrizes or- Pena: reclusão de dois a cinco anos.
çamentárias, poderão estabelecer dotações orça-
mentárias específicas, em cada exercício finan- Parágrafo único. Incorre na mesma pena
ceiro, para a implementação das medidas estabe- quem, por motivo de discriminação de raça, cor, et-
lecidas nesta Lei.

208
nia, religião ou procedência nacional, obstar a pro- Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendi-
moção funcional. (Incluído pela Lei nº 12.288, mento em restaurantes, bares, confeitarias, ou lo-
de 2010) (Vigência) cais semelhantes abertos ao público.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa Pena: reclusão de um a três anos.
privada.
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendi-
Pena: reclusão de dois a cinco anos. mento em estabelecimentos esportivos, casas de
§ 1° Incorre na mesma pena quem, por motivo diversões, ou clubes sociais abertos ao público.
de discriminação de raça ou de cor ou práticas re- Pena: reclusão de um a três anos.
sultantes do preconceito de descendência ou ori-
gem nacional ou étnica: (Incluído pela Lei nº Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendi-
12.288, de 2010) (Vigência) mento em salões de cabeleireiros, barbearias, ter-
mas ou casas de massagem ou estabelecimento
I - deixar de conceder os equipamentos neces-
com as mesmas finalidades
sários ao empregado em igualdade de condições
com os demais trabalhadores; (Incluído pela Lei Pena: reclusão de um a três anos.
nº 12.288, de 2010) (Vigência) Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais
II - impedir a ascensão funcional do empre- em edifícios públicos ou residenciais e elevadores
gado ou obstar outra forma de benefício profissio- ou escada de acesso aos mesmos:
nal; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vi- Pena: reclusão de um a três anos.
gência)
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transpor-
III - proporcionar ao empregado tratamento di-
ferenciado no ambiente de trabalho, especialmente tes públicos, como aviões, navios barcas, barcos,
quanto ao salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de
de 2010) (Vigência) transporte concedido.
Francisco Christian
§ 2° Ficará sujeito às penas christianpet2002@gmail.com
de multa e de Pena: reclusão de um a três anos.
077.967.703-08
prestação de serviços à comunidade, incluindo ati- Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de al-
vidades de promoção da igualdade racial, quem, guém ao serviço em qualquer ramo das Forças Ar-
em anúncios ou qualquer outra forma de recruta- madas
mento de trabalhadores, exigir aspectos de aparên-
cia próprios de raça ou etnia para emprego cujas Pena: reclusão de dois a quatro anos.
atividades não justifiquem essas exigências. Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio
(Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) (Vigência) ou forma, o casamento ou convivência familiar e
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabe- social.
lecimento comercial, negando-se a servir, atender Pena: reclusão de dois a quatro anos.
ou receber cliente ou comprador.
Art. 15. (Vetado).
Pena: reclusão de um a três anos.
Art. 16. Constitui efeito da condenação a
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição perda do cargo ou função pública, para o servidor
ou ingresso de aluno em estabelecimento de en- público, e a suspensão do funcionamento do esta-
sino público ou privado de qualquer grau. belecimento particular por prazo não superior a três
Pena: reclusão de três a cinco anos. meses.
Parágrafo único. Se o crime for praticado con- Art. 17. (Vetado).
tra menor de dezoito anos a pena é agravada de
1/3 (um terço). Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16
e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospeda- motivadamente declarados na sentença.
gem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer es-
tabelecimento similar. Art. 19. (Vetado).

Pena: reclusão de três a cinco anos.

209
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discrimi- Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão
nação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a me-
procedência nacional. tade, quando ocorrerem em contexto ou com intuito
Pena: reclusão de um a três anos e multa. de descontração, diversão ou recreação. (Inclu-
ído pela Lei nº 14.532, de 2023)
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicu-
lar símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A
propaganda que utilizem a cruz suástica ou ga- e 20 desta Lei terão as penas aumentadas de 1/3
mada, para fins de divulgação do nazismo. (um terço) até a metade, quando praticados por
funcionário público, conforme definição prevista no
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste ar- (Código Penal), no exercício de suas funções ou a
tigo for cometido por intermédio dos meios de co- pretexto de exercê-las. (Incluído pela Lei nº
municação social, de publicação em redes sociais, 14.532, de 2023)
da rede mundial de computadores ou de publicação
de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz
nº 14.532, de 2023) deve considerar como discriminatória qualquer ati-
tude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos mi-
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. noritários que cause constrangimento, humilhação,
§ 2º-A Se qualquer dos crimes previstos neste vergonha, medo ou exposição indevida, e que usu-
artigo for cometido no contexto de atividades espor- almente não se dispensaria a outros grupos em ra-
tivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas zão da cor, etnia, religião ou procedência. (In-
ao público: (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) cluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cí-
proibição de frequência, por 3 (três) anos, a locais veis e criminais, a vítima dos crimes de racismo de-
Francisco Christian
destinados a práticas esportivas, artísticas ou cul- verá estar acompanhada de advogado ou defensor
turais destinadas ao público, conforme christianpet2002@gmail.com
o caso. público. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)
(Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023) 077.967.703-08
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de
§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à sua publicação. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
violência, incorre nas mesmas penas previstas no 21.9.1990)
caput deste artigo quem obstar, impedir ou empre-
gar violência contra quaisquer manifestações ou Art. 22. Revogam-se as disposições em con-
práticas religiosas. (Incluído pela Lei nº 14.532, trário. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de
de 2023) 21.9.1990)
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá
determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena
de desobediência: (Redação dada pela Lei nº
14.532, de 2023)
I - o recolhimento imediato ou a busca e apre-
ensão dos exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões
radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publica-
ção por qualquer meio;
TÍTULO I
III - a interdição das respectivas mensagens ou DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
páginas de informação na rede mundial de compu-
tadores.
Art. 1° Esta Lei institui o Estatuto da Igual-
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da
dade Racial, destinado a garantir à população ne-
condenação, após o trânsito em julgado da deci-
gra a efetivação da igualdade de oportunidades, a
são, a destruição do material apreendido.
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e

210
difusos e o combate à discriminação e às demais vítimas de desigualdade étnico-racial, a valoriza-
formas de intolerância étnica. ção da igualdade étnica e o fortalecimento da iden-
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, tidade nacional brasileira.
considera-se: Art. 4° A participação da população negra,
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda em condição de igualdade de oportunidade, na vida
distinção, exclusão, restrição ou preferência base- econômica, social, política e cultural do País será
ada em raça, cor, descendência ou origem nacional promovida, prioritariamente, por meio de:
ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir I - inclusão nas políticas públicas de desenvol-
o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade vimento econômico e social;
de condições, de direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, so- II - adoção de medidas, programas e políticas
cial, cultural ou em qualquer outro campo da vida de ação afirmativa;
pública ou privada; III - modificação das estruturas institucionais
II - desigualdade racial: toda situação injustifi- do Estado para o adequado enfrentamento e a su-
cada de diferenciação de acesso e fruição de bens, peração das desigualdades étnicas decorrentes do
serviços e oportunidades, nas esferas pública e pri- preconceito e da discriminação étnica;
vada, em virtude de raça, cor, descendência ou ori- IV - promoção de ajustes normativos para
gem nacional ou étnica; aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria desigualdades étnicas em todas as suas manifes-
existente no âmbito da sociedade que acentua a tações individuais, institucionais e estruturais;
distância social entre mulheres negras e os demais V - eliminação dos obstáculos históricos, soci-
segmentos sociais; oculturais e institucionais que impedem a represen-
IV - população negra: o conjunto de pessoas tação da diversidade étnica nas esferas pública e
Francisco Christian
privada;
que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o
christianpet2002@gmail.com
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto VI - estímulo, apoio e fortalecimento de inicia-
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),077.967.703-08
ou que tivas oriundas da sociedade civil direcionadas à
adotam autodefinição análoga; promoção da igualdade de oportunidades e ao
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e combate às desigualdades étnicas, inclusive medi-
programas adotados pelo Estado no cumprimento ante a implementação de incentivos e critérios de
de suas atribuições institucionais; condicionamento e prioridade no acesso aos recur-
sos públicos;
VI - ações afirmativas: os programas e medi-
das especiais adotados pelo Estado e pela inicia- VII - implementação de programas de ação
tiva privada para a correção das desigualdades ra- afirmativa destinados ao enfrentamento das desi-
ciais e para a promoção da igualdade de oportuni- gualdades étnicas no tocante à educação, cultura,
dades. esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho, mora-
dia, meios de comunicação de massa, financia-
Art. 2° É dever do Estado e da sociedade ga- mentos públicos, acesso à terra, à Justiça, e outros.
rantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo Parágrafo único. Os programas de ação afir-
a todo cidadão brasileiro, independentemente da mativa constituir-se-ão em políticas públicas desti-
etnia ou da cor da pele, o direito à participação na nadas a reparar as distorções e desigualdades so-
comunidade, especialmente nas atividades políti- ciais e demais práticas discriminatórias adotadas,
cas, econômicas, empresariais, educacionais, cul- nas esferas pública e privada, durante o processo
turais e esportivas, defendendo sua dignidade e de formação social do País.
seus valores religiosos e culturais.
Art. 5° Para a consecução dos objetivos desta
Art. 3° Além das normas constitucionais rela-
Lei, é instituído o Sistema Nacional de Promoção
tivas aos princípios fundamentais, aos direitos e ga- da Igualdade Racial (Sinapir), conforme estabele-
rantias fundamentais e aos direitos sociais, econô- cido no Título III.
micos e culturais, o Estatuto da Igualdade Racial
adota como diretriz político-jurídica a inclusão das

211
TÍTULO II IV - a inclusão do conteúdo da saúde da popu-
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS lação negra nos processos de formação e educa-
ção permanente dos trabalhadores da saúde;
CAPÍTULO I V - a inclusão da temática saúde da população
negra nos processos de formação política das lide-
DO DIREITO À SAÚDE
ranças de movimentos sociais para o exercício da
participação e controle social no SUS.
Art. 6° O direito à saúde da população negra
Parágrafo único. Os moradores das comunidades
será garantido pelo poder público mediante políti-
de remanescentes de quilombos serão beneficiá-
cas universais, sociais e econômicas destinadas à rios de incentivos específicos para a garantia do
redução do risco de doenças e de outros agravos. direito à saúde, incluindo melhorias nas condições
§ 1° O acesso universal e igualitário ao Sis- ambientais, no saneamento básico, na segurança
tema Único de Saúde (SUS) para promoção, prote- alimentar e nutricional e na atenção integral à sa-
ção e recuperação da saúde da população negra úde.
será de responsabilidade dos órgãos e instituições
públicas federais, estaduais, distritais e municipais, CAPÍTULO I
da administração direta e indireta. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA,
§ 2° O poder público garantirá que o segmento AO ESPORTE E AO LAZER
da população negra vinculado aos seguros priva-
dos de saúde seja tratado sem discriminação. SEÇÃO I
Art. 7° O conjunto de ações de saúde volta- DISPOSIÇÕES GERAIS
das à população negra constitui a Política Nacional
de Saúde Integral da População Negra, organizada Art. 9° A população negra tem direito a parti-
Francisco Christian
de acordo com as diretrizes abaixo especificadas:
cipar de atividades educacionais, culturais, esporti-
christianpet2002@gmail.com
I - ampliação e fortalecimento da participação vas e de lazer adequadas a seus interesses e con-
de lideranças dos movimentos sociais em defesa 077.967.703-08
dições, de modo a contribuir para o patrimônio cul-
da saúde da população negra nas instâncias de tural de sua comunidade e da sociedade brasileira.
participação e controle social do SUS;
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no
II - produção de conhecimento científico e tec- art. 9°, os governos federal, estaduais, distrital e
nológico em saúde da população negra; municipais adotarão as seguintes providências:
III - desenvolvimento de processos de informa- I - promoção de ações para viabilizar e ampliar
ção, comunicação e educação para contribuir com o acesso da população negra ao ensino gratuito e
a redução das vulnerabilidades da população ne- às atividades esportivas e de lazer;
gra.
II - apoio à iniciativa de entidades que mante-
Art. 8° Constituem objetivos da Política Naci- nham espaço para promoção social e cultural da
onal de Saúde Integral da População Negra: população negra;
I - a promoção da saúde integral da população III - desenvolvimento de campanhas educati-
negra, priorizando a redução das desigualdades ét- vas, inclusive nas escolas, para que a solidarie-
nicas e o combate à discriminação nas instituições dade aos membros da população negra faça parte
e serviços do SUS; da cultura de toda a sociedade;
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de IV - implementação de políticas públicas para
informação do SUS no que tange à coleta, ao pro- o fortalecimento da juventude negra brasileira.
cessamento e à análise dos dados desagregados
por cor, etnia e gênero;
III - o fomento à realização de estudos e pes-
quisas sobre racismo e saúde da população negra;

212
SEÇÃO II IV - estabelecer programas de cooperação téc-
DA EDUCAÇÃO nica, nos estabelecimentos de ensino públicos, pri-
vados e comunitários, com as escolas de educação
infantil, ensino fundamental, ensino médio e ensino
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fun- técnico, para a formação docente baseada em prin-
damental e de ensino médio, públicos e privados, é cípios de equidade, de tolerância e de respeito às
obrigatório o estudo da história geral da África e da diferenças étnicas.
história da população negra no Brasil, observado o
disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de Art. 14. O poder público estimulará e apoiará
1996. ações socioeducacionais realizadas por entidades
do movimento negro que desenvolvam atividades
§ 1° Os conteúdos referentes à história da po-
voltadas para a inclusão social, mediante coopera-
pulação negra no Brasil serão ministrados no âm-
ção técnica, intercâmbios, convênios e incentivos,
bito de todo o currículo escolar, resgatando sua
entre outros mecanismos.
contribuição decisiva para o desenvolvimento so-
cial, econômico, político e cultural do País. Art. 15. O poder público adotará programas
§ 2° O órgão competente do Poder Executivo de ação afirmativa.
fomentará a formação inicial e continuada de pro- Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio
fessores e a elaboração de material didático espe- dos órgãos responsáveis pelas políticas de promo-
cífico para o cumprimento do disposto no caput ção da igualdade e de educação, acompanhará e
deste artigo. avaliará os programas de que trata esta Seção.
§ 3° Nas datas comemorativas de caráter cí-
vico, os órgãos responsáveis pela educação incen-
tivarão a participação de intelectuais e representan- SEÇÃO III
tes do movimento negro para debater com os estu- DA CULTURA
Francisco Christian
dantes suas vivências relativas ao tema em come-
moração. christianpet2002@gmail.com
Art. 17. O poder público garantirá o reconhe-
077.967.703-08
Art. 12. Os órgãos federais, distritais e esta- cimento das sociedades negras, clubes e outras
duais de fomento à pesquisa e à pós-graduação formas de manifestação coletiva da população ne-
poderão criar incentivos a pesquisas e a programas gra, com trajetória histórica comprovada, como pa-
de estudo voltados para temas referentes às rela- trimônio histórico e cultural, nos termos dos arts.
ções étnicas, aos quilombos e às questões perti- 215 e 216 da Constituição Federal.
nentes à população negra. Art. 18. É assegurado aos remanescentes
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio das comunidades dos quilombos o direito à preser-
dos órgãos competentes, incentivará as institui- vação de seus usos, costumes, tradições e mani-
ções de ensino superior públicas e privadas, sem festos religiosos, sob a proteção do Estado.
prejuízo da legislação em vigor, a: Parágrafo único. A preservação dos documen-
I - resguardar os princípios da ética em pes- tos e dos sítios detentores de reminiscências histó-
quisa e apoiar grupos, núcleos e centros de pes- ricas dos antigos quilombos, tombados nos termos
quisa, nos diversos programas de pós-graduação do § 5o do art. 216 da Constituição Federal, rece-
que desenvolvam temáticas de interesse da popu- berá especial atenção do poder público.
lação negra; Art. 19. O poder público incentivará a cele-
II - incorporar nas matrizes curriculares dos bração das personalidades e das datas comemora-
cursos de formação de professores temas que in- tivas relacionadas à trajetória do samba e de outras
cluam valores concernentes à pluralidade étnica e manifestações culturais de matriz africana, bem
cultural da sociedade brasileira; como sua comemoração nas instituições de ensino
públicas e privadas.
III - desenvolver programas de extensão uni-
versitária destinados a aproximar jovens negros de Art. 20. O poder público garantirá o registro
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da e a proteção da capoeira, em todas as suas moda-
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários;

213
lidades, como bem de natureza imaterial e de for- III - a fundação e a manutenção, por iniciativa
mação da identidade cultural brasileira, nos termos privada, de instituições beneficentes ligadas às res-
do art. 216 da Constituição Federal. pectivas convicções religiosas;
Parágrafo único. O poder público buscará ga- IV - a produção, a comercialização, a aquisição
rantir, por meio dos atos normativos necessários, a e o uso de artigos e materiais religiosos adequados
preservação dos elementos formadores tradicio- aos costumes e às práticas fundadas na respectiva
nais da capoeira nas suas relações internacionais. religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas
por legislação específica;

SEÇÃO IV V - a produção e a divulgação de publicações


relacionadas ao exercício e à difusão das religiões
DO ESPORTE E LAZER
de matriz africana;
VI - a coleta de contribuições financeiras de
Art. 21. O poder público fomentará o pleno
pessoas naturais e jurídicas de natureza privada
acesso da população negra às práticas desporti-
para a manutenção das atividades religiosas e so-
vas, consolidando o esporte e o lazer como direi-
ciais das respectivas religiões;
tos sociais.
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de co-
Art. 22. A capoeira é reconhecida como des- municação para divulgação das respectivas religi-
porto de criação nacional, nos termos do art. 217 ões;
da Constituição Federal.
VIII - a comunicação ao Ministério Público para
§ 1° A atividade de capoeirista será reconhe- abertura de ação penal em face de atitudes e práti-
cida em todas as modalidades em que a capoeira cas de intolerância religiosa nos meios de comuni-
se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou cação e em quaisquer outros locais.
música, sendo livre o exercício em todo o território
nacional. Francisco Art. 25. É assegurada a assistência religiosa
Christian
christianpet2002@gmail.com
aos praticantes de religiões de matrizes africanas
§ 2° É facultado o ensino da capoeira nas ins-
internados em hospitais ou em outras instituições
077.967.703-08
tituições públicas e privadas pelos capoeiristas e
de internação coletiva, inclusive àqueles submeti-
mestres tradicionais, pública e formalmente reco-
dos a pena privativa de liberdade.
nhecidos.
Art. 26. O poder público adotará as medidas
necessárias para o combate à intolerância com as
CAPÍTULO III religiões de matrizes africanas e à discriminação de
DO DIREITO À LIBERDADE DE seus seguidores, especialmente com o objetivo de
CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA E AO LIVRE
I - coibir a utilização dos meios de comunica-
EXERCÍCIO DOS CULTOS RELIGIOSOS ção social para a difusão de proposições, imagens
ou abordagens que exponham pessoa ou grupo ao
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciên- ódio ou ao desprezo por motivos fundados na reli-
cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício giosidade de matrizes africanas;
dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a II - inventariar, restaurar e proteger os docu-
proteção aos locais de culto e a suas liturgias. mentos, obras e outros bens de valor artístico e cul-
Art. 24. O direito à liberdade de consciência tural, os monumentos, mananciais, flora e sítios ar-
e de crença e ao livre exercício dos cultos religiosos queológicos vinculados às religiões de matrizes
de matriz africana compreende: africanas;

I - a prática de cultos, a celebração de reuniões III - assegurar a participação proporcional de


relacionadas à religiosidade e a fundação e manu- representantes das religiões de matrizes africanas,
tenção, por iniciativa privada, de lugares reserva- ao lado da representação das demais religiões, em
dos para tais fins; comissões, conselhos, órgãos e outras instâncias
de deliberação vinculadas ao poder público.
II - a celebração de festividades e cerimônias
de acordo com preceitos das respectivas religiões

214
CAPÍTULO IV SEÇÃO II
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA DA MORADIA
ADEQUADA
Art. 35. O poder público garantirá a imple-
SEÇÃO I mentação de políticas públicas para assegurar o di-
DO ACESSO À TERRA reito à moradia adequada da população negra que
vive em favelas, cortiços, áreas urbanas subutiliza-
das, degradadas ou em processo de degradação,
Art. 27. O poder público elaborará e imple-
a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e promo-
mentará políticas públicas capazes de promover o ver melhorias no ambiente e na qualidade de vida.
acesso da população negra à terra e às atividades
produtivas no campo. Parágrafo único. O direito à moradia ade-
quada, para os efeitos desta Lei, inclui não apenas
Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento o provimento habitacional, mas também a garantia
das atividades produtivas da população negra no da infraestrutura urbana e dos equipamentos co-
campo, o poder público promoverá ações para via- munitários associados à função habitacional, bem
bilizar e ampliar o seu acesso ao financiamento como a assistência técnica e jurídica para a cons-
agrícola. trução, a reforma ou a regularização fundiária da
Art. 29. Serão assegurados à população ne- habitação em área urbana.
gra a assistência técnica rural, a simplificação do Art. 36. Os programas, projetos e outras
acesso ao crédito agrícola e o fortalecimento da in- ações governamentais realizadas no âmbito do Sis-
fraestrutura de logística para a comercialização da tema Nacional de Habitação de Interesse Social
produção. (SNHIS), regulado pela Lei no 11.124, de 16 de ju-
Art. 30. O poder público promoverá nho de 2005, devem considerar as peculiaridades
a educa- Christian
Francisco sociais, econômicas e culturais da população ne-
ção e a orientação profissional agrícola para os tra-
christianpet2002@gmail.com
gra.
balhadores negros e as comunidades negras ru-
077.967.703-08Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Fede-
rais.
ral e os Municípios estimularão e facilitarão a parti-
Art. 31. Aos remanescentes das comunida- cipação de organizações e movimentos represen-
des dos quilombos que estejam ocupando suas ter- tativos da população negra na composição dos
ras é reconhecida a propriedade definitiva, de- conselhos constituídos para fins de aplicação do
vendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará (FNHIS).
e desenvolverá políticas públicas especiais volta- Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou
das para o desenvolvimento sustentável dos rema- privados, promoverão ações para viabilizar o
nescentes das comunidades dos quilombos, res- acesso da população negra aos financiamentos ha-
peitando as tradições de proteção ambiental das bitacionais.
comunidades.
Art. 33. Para fins de política agrícola, os re-
CAPÍTULO V
manescentes das comunidades dos quilombos re-
DO TRABALHO
ceberão dos órgãos competentes tratamento espe-
cial diferenciado, assistência técnica e linhas espe-
ciais de financiamento público, destinados à reali- Art. 38. A implementação de políticas volta-
zação de suas atividades produtivas e de infraes- das para a inclusão da população negra no mer-
trutura. cado de trabalho será de responsabilidade do po-
der público, observando-se:
Art. 34. Os remanescentes das comunida-
des dos quilombos se beneficiarão de todas as ini- I - o instituído neste Estatuto;
ciativas previstas nesta e em outras leis para a pro-
moção da igualdade étnica.

215
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao identificar o segmento étnico e racial a que per-
ratificar a Convenção Internacional sobre a Elimi- tence o trabalhador retratado no respectivo docu-
nação de Todas as Formas de Discriminação Ra- mento, com utilização do critério da autoclassifica-
cial, de 1965; ção em grupos previamente delimitados. (Incluído
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao pela Lei nº 14.553, de 2023)
ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organi- § 9º Sem prejuízo de extensão obrigatória a
zação Internacional do Trabalho (OIT), que trata da outros documentos ou registros de mesma natu-
discriminação no emprego e na profissão; reza identificados em regulamento, aplica-se o dis-
IV - os demais compromissos formalmente as- posto no § 8º deste artigo a: (Incluído pela Lei nº
sumidos pelo Brasil perante a comunidade interna- 14.553, de 2023)
cional. I - formulários de admissão e demissão no em-
prego; (Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023)
Art. 39. O poder público promoverá ações
que assegurem a igualdade de oportunidades no II - formulários de acidente de trabalho; (In-
mercado de trabalho para a população negra, inclu- cluído pela Lei nº 14.553, de 2023)
sive mediante a implementação de medidas vi- III - instrumentos de registro do Sistema Naci-
sando à promoção da igualdade nas contratações onal de Emprego (Sine), ou de estrutura que venha
do setor público e o incentivo à adoção de medidas a suceder-lhe em suas finalidades; (Incluído pela
similares nas empresas e organizações privadas. Lei nº 14.553, de 2023)
§ 1° A igualdade de oportunidades será lo- IV - Relação Anual de Informações Sociais
grada mediante a adoção de políticas e programas (Rais), ou outro documento criado posteriormente
de formação profissional, de emprego e de geração com conteúdo e propósitos a ela assemelhados;
de renda voltados para a população negra. (Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023)
§ 2° As ações visando a promover a igualdade
Francisco Christian
V - documentos, inclusive os disponibilizados
de oportunidades na esfera da administração pú- em meio
christianpet2002@gmail.com eletrônico, destinados à inscrição de se-
blica far-se-ão por meio de normas estabelecidas gurados e dependentes no Regime Geral de Previ-
077.967.703-08
ou a serem estabelecidas em legislação específica dência Social; (Incluído pela Lei nº 14.553, de
e em seus regulamentos. 2023)
§ 3° O poder público estimulará, por meio de VI - questionários de pesquisas levadas a
incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor termo pela Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
privado. grafia e Estatística (IBGE), ou por órgão ou enti-
§ 4° As ações de que trata o caput deste artigo dade posteriormente incumbida das atribuições im-
assegurarão o princípio da proporcionalidade de putadas a essa autarquia. (Incluído pela Lei nº
gênero entre os beneficiários. 14.553, de 2023)
§ 5 Será assegurado o acesso ao crédito para Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo
a pequena produção, nos meios rural e urbano, de Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará po-
com ações afirmativas para mulheres negras. líticas, programas e projetos voltados para a inclu-
§ 6° O poder público promoverá campanhas são da população negra no mercado de trabalho e
de sensibilização contra a marginalização da mu- orientará a destinação de recursos para seu finan-
lher negra no trabalho artístico e cultural. ciamento.

§ 7° O poder público promoverá ações com o Art. 41. As ações de emprego e renda, pro-
objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação movidas por meio de financiamento para constitui-
profissional nos setores da economia que contem ção e ampliação de pequenas e médias empresas
com alto índice de ocupação por trabalhadores ne- e d programas de geração de renda, contemplarão
gros de baixa escolarização o estímulo à promoção de empresários negros.
§ 8º Os registros administrativos direcionados Parágrafo único. O poder público estimulará
a órgãos e entidades da Administração Pública, a as atividades voltadas ao turismo étnico com enfo-
empregadores privados e a trabalhadores que lhes que nos locais, monumentos e cidades que retra-
sejam subordinados conterão campos destinados a tem a cultura, os usos e os costumes da população
negra.

216
Art. 42. O Poder Executivo federal poderá diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe
implementar critérios para provimento de cargos vinculada ao projeto ou serviço contratado.
em comissão e funções de confiança destinados a § 3° A autoridade contratante poderá, se con-
ampliar a participação de negros, buscando repro- siderar necessário para garantir a prática de iguais
duzir a estrutura da distribuição étnica nacional ou, oportunidades de emprego, requerer auditoria por
quando for o caso, estadual, observados os dados órgão do poder público federal.
demográficos oficiais.
§ 4° A exigência disposta no caput não se
aplica às produções publicitárias quando aborda-
CAPÍTULO VI rem especificidades de grupos étnicos determina-
dos.
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos TÍTULO III


de comunicação valorizará a herança cultural e a DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO
participação da população negra na história do DA IGUALDADE RACIAL
País.
(SINAPIR)
Art. 44. Na produção de filmes e programas
destinados à veiculação pelas emissoras de televi- CAPÍTULO I
são e em salas cinematográficas, deverá ser ado- DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
tada a prática de conferir oportunidades de em-
prego para atores, figurantes e técnicos negros,
sendo vedada toda e qualquer discriminação de na- Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de
tureza política, ideológica, étnica ou artística. Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) como
Francisco forma de organização e de articulação voltadas à
Parágrafo único. A exigência disposta no ca- Christian
implementação do conjunto de políticas e serviços
christianpet2002@gmail.com
put não se aplica aos filmes e programas que abor- destinados a superar as desigualdades étnicas
077.967.703-08
dem especificidades de grupos étnicos determina- existentes no País, prestados pelo poder público fe-
dos. deral.
Art. 45. Aplica-se à produção de peças pu- § 1° Os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
blicitárias destinadas à veiculação pelas emissoras cípios poderão participar do Sinapir mediante ade-
de televisão e em salas cinematográficas o dis- são.
posto no art. 44.
§ 2° O poder público federal incentivará a so-
Art. 46. Os órgãos e entidades da adminis- ciedade e a iniciativa privada a participar do Si-
tração pública federal direta, autárquica ou funda- napir.
cional, as empresas públicas e as sociedades de
economia mista federais deverão incluir cláusulas
de participação de artistas negros nos contratos de CAPÍTULO II
realização de filmes, programas ou quaisquer ou- DOS OBJETIVOS
tras peças de caráter publicitário.
§ 1° Os órgãos e entidades de que trata este Art. 48. São objetivos do Sinapir:
artigo incluirão, nas especificações para contrata- I - promover a igualdade étnica e o combate às
ção de serviços de consultoria, conceituação, pro- desigualdades sociais resultantes do racismo, in-
dução e realização de filmes, programas ou peças clusive mediante adoção de ações afirmativas;
publicitárias, a obrigatoriedade da prática de iguais
oportunidades de emprego para as pessoas relaci- II - formular políticas destinadas a combater os
onadas com o projeto ou serviço contratado. fatores de marginalização e a promover a integra-
ção social da população negra;
§ 2° Entende-se por prática de iguais oportu-
nidades de emprego o conjunto de medidas siste- III - descentralizar a implementação de ações
máticas executadas com a finalidade de garantir a afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
municipais;

217
IV - articular planos, ações e mecanismos vol- Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará
tados à promoção da igualdade étnica; o repasse dos recursos referentes aos programas
V - garantir a eficácia dos meios e dos instru- e atividades previstos nesta Lei aos Estados, Dis-
mentos criados para a implementação das ações trito Federal e Municípios que tenham criado con-
afirmativas e o cumprimento das metas a serem es- selhos de promoção da igualdade étnica.
tabelecidas.
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO III DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA ACESSO À JUSTIÇA E À SEGURANÇA

Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará Art. 51. O poder público federal instituirá, na
plano nacional de promoção da igualdade racial forma da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e
contendo as metas, princípios e diretrizes para a Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesa da
implementação da Política Nacional de Promoção Igualdade Racial, para receber e encaminhar de-
da Igualdade Racial (PNPIR). núncias de preconceito e discriminação com base
em etnia ou cor e acompanhar a implementação de
§ 1° A elaboração, implementação, coordena- medidas para a promoção da igualdade.
ção, avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem
como a organização, articulação e coordenação do Art. 52. É assegurado às vítimas de discrimi-
Sinapir, serão efetivados pelo órgão responsável nação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria
pela política de promoção da igualdade étnica em Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério
âmbito nacional. (Vide Lei nº 12.990, de 2014) Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas
§ 2° É o Poder Executivo federal autorizado a instâncias, para a garantia do cumprimento de seus
instituir fórum intergovernamental de promoçãoFrancisco
da direitos.
Christian
igualdade étnica, a ser coordenado pelo christianpet2002@gmail.com
órgão res- Parágrafo único. O Estado assegurará aten-
ponsável pelas políticas de promoção da igualdade ção às mulheres negras em situação de violência,
077.967.703-08
étnica, com o objetivo de implementar estratégias garantida a assistência física, psíquica, social e ju-
que visem à incorporação da política nacional de rídica.
promoção da igualdade étnica nas ações governa-
Art. 53. O Estado adotará medidas especiais
mentais de Estados e Municípios.
para coibir a violência policial incidente sobre a po-
§ 3° As diretrizes das políticas nacional e regi- pulação negra.
onal de promoção da igualdade étnica serão elabo-
radas por órgão colegiado que assegure a partici- Parágrafo único. O Estado implementará
pação da sociedade civil. ações de ressocialização e proteção da juventude
negra em conflito com a lei e exposta a experiên-
§ 4º A Fundação Instituto Brasileiro de Geogra- cias de exclusão social.
fia e Estatística (IBGE) realizará, a cada 5 (cinco)
anos, pesquisa destinada a identificar o percentual Art. 54. O Estado adotará medidas para coi-
de ocupação por parte de segmentos étnicos e ra- bir atos de discriminação e preconceito praticados
ciais no âmbito do setor público, a fim de obter sub- por servidores públicos em detrimento da popula-
sídios direcionados à implementação da PNPIR. ção negra, observado, no que couber, o disposto
(Incluído pela Lei nº 14.553, de 2023) na Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989.

Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões
distrital e municipais, no âmbito das respectivas es- e das ameaças de lesão aos interesses da popula-
feras de competência, poderão instituir conselhos ção negra decorrentes de situações de desigual-
de promoção da igualdade étnica, de caráter per- dade étnica, recorrer-se-á, entre outros instrumen-
manente e consultivo, compostos por igual número tos, à ação civil pública, disciplinada na Lei no
de representantes de órgãos e entidades públicas 7.347, de 24 de julho de 1985.
e de organizações da sociedade civil representati-
vas da população negra.

218
CAPÍTULO V áreas referidas no § 1o deste artigo discriminarão
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS em seus orçamentos anuais a participação nos pro-
gramas de ação afirmativa referidos no inciso VII
DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
do art. 4o desta Lei.
§ 3° O Poder Executivo é autorizado a adotar
Art. 56. Na implementação dos programas e as medidas necessárias para a adequada imple-
das ações constantes dos planos plurianuais e dos mentação do disposto neste artigo, podendo esta-
orçamentos anuais da União, deverão ser observa- belecer patamares de participação crescente dos
das as políticas de ação afirmativa a que se refere programas de ação afirmativa nos orçamentos anu-
o inciso VII do art. 4o desta Lei e outras políticas ais a que se refere o § 2o deste artigo.
públicas que tenham como objetivo promover a
igualdade de oportunidades e a inclusão social da § 4° O órgão colegiado do Poder Executivo fe-
população negra, especialmente no que tange a deral responsável pela promoção da igualdade ra-
cial acompanhará e avaliará a programação das
I - promoção da igualdade de oportunidades ações referidas neste artigo nas propostas orça-
em educação, emprego e moradia; mentárias da União.
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de Art. 57. Sem prejuízo da destinação de re-
educação, saúde e emprego, voltadas para a me-
cursos ordinários, poderão ser consignados nos or-
lhoria da qualidade de vida da população negra;
çamentos fiscal e da seguridade social para finan-
III - incentivo à criação de programas e veícu- ciamento das ações de que trata o art. 56:
los de comunicação destinados à divulgação de
I - transferências voluntárias dos Estados, do
matérias relacionadas aos interesses da população
Distrito Federal e dos Municípios;
negra;
II - doações voluntárias de particulares;
IV - incentivo à criação e à manutenção de mi-
croempresas administradas por pessoas Francisco
autode- Christian
III - doações de empresas privadas e organiza-
claradas negras; christianpet2002@gmail.com
ções não governamentais, nacionais ou internacio-
nais
077.967.703-08
V - iniciativas que incrementem o acesso ea
permanência das pessoas negras na educação IV - doações voluntárias de fundos nacionais
fundamental, média, técnica e superior; ou internacionais;
VI - apoio a programas e projetos dos governos V - doações de Estados estrangeiros, por meio
estaduais, distrital e municipais e de entidades da de convênios, tratados e acordos internacionais.
sociedade civil voltados para a promoção da igual-
dade de oportunidades para a população negra;
TÍTULO IV
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, DISPOSIÇÕES FINAIS
da memória e das tradições africanas e brasileiras.
§ 1° O Poder Executivo federal é autorizado a Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não
adotar medidas que garantam, em cada exercício, excluem outras em prol da população negra que te-
a transparência na alocação e na execução dos re- nham sido ou venham a ser adotadas no âmbito da
cursos necessários ao financiamento das ações União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu-
previstas neste Estatuto, explicitando, entre outros, nicípios.
a proporção dos recursos orçamentários destina-
dos aos programas de promoção da igualdade, es- Art. 59. O Poder Executivo federal criará ins-
pecialmente nas áreas de educação, saúde, em- trumentos para aferir a eficácia social das medidas
prego e renda, desenvolvimento agrário, habitação previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento
popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte constante, com a emissão e a divulgação de rela-
e lazer. tórios periódicos, inclusive pela rede mundial de
§ 2° Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a computadores.
contar do exercício subsequente à publicação Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa)
deste Estatuto, os órgãos do Poder Executivo fede- dias após a data de sua publicação.
ral que desenvolvem políticas e programas nas

219
II - os fatores socioambientais, psicológicos e
pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades;
e
IV - a restrição de participação.
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos
para avaliação da deficiência. (Vide Lei nº 13.846,
de 2019) (Vide Lei nº 14.126, de 2021) (Vide Lei nº
LIVRO I
14.768, de 2023)
PARTE GERAL
§ 3º O exame médico-pericial componente da
avaliação biopsicossocial da deficiência de que
TÍTULO I trata o § 1º deste artigo poderá ser realizado com o
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES uso de tecnologia de telemedicina ou por análise
documental conforme situações e requisitos defini-
dos em regulamento. (Incluído pela Lei nº 14.724,
CAPÍTULO I
de 2023)
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2º-A. É instituído o cordão de fita com de-
senhos de girassóis como símbolo nacional de
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão identificação de pessoas com deficiências ocultas.
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa (Incluído pela Lei nº 14.624, de 2023)
com Deficiência), destinada a assegurar e a promo-
§ 1º O uso do símbolo de que trata o caput
ver, em condições de igualdade, o exercício dos di-
deste artigo é opcional, e sua ausência não preju-
reitos e das liberdades fundamentais por pessoa
Francisco Christian
com deficiência, visando à sua inclusão social e ci-
dica o exercício de direitos e garantias previstos em
lei. (Incluído pela Lei nº 14.624, de 2023)
christianpet2002@gmail.com
dadania.
077.967.703-08§ 2º A utilização do símbolo de que trata o ca-
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a
put deste artigo não dispensa a apresentação de
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
documento comprobatório da deficiência, caso seja
ficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados
solicitado pelo atendente ou pela autoridade com-
pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Le-
petente. (Incluído pela Lei nº 14.624, de 2023)
gislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em confor-
midade com o procedimento previsto no § 3º do art. Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, con-
5º da Constituição da República Federativa do Bra- sideram-se:
sil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico ex-
I - acessibilidade: possibilidade e condição de
terno, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados
alcance para utilização, com segurança e autono-
pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 ,
mia, de espaços, mobiliários, equipamentos urba-
data de início de sua vigência no plano interno.
nos, edificações, transportes, informação e comu-
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência nicação, inclusive seus sistemas e tecnologias,
aquela que tem impedimento de longo prazo de na- bem como de outros serviços e instalações abertos
tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o ao público, de uso público ou privados de uso cole-
qual, em interação com uma ou mais barreiras, tivo, tanto na zona urbana como na rural, por pes-
pode obstruir sua participação plena e efetiva na soa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
sociedade em igualdade de condições com as de- II - desenho universal: concepção de produtos,
mais pessoas. ambientes, programas e serviços a serem usados
§ 1º A avaliação da deficiência, quando neces- por todas as pessoas, sem necessidade de adap-
sária, será biopsicossocial, realizada por equipe tação ou de projeto específico, incluindo os recur-
multiprofissional e interdisciplinar e conside- sos de tecnologia assistiva;
rará: (Vigência) (Vide Decreto nº 11.063, de 2022) III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: pro-
I - os impedimentos nas funções e nas estrutu- dutos, equipamentos, dispositivos, recursos, meto-
ras do corpo; dologias, estratégias, práticas e serviços que obje-

220
tivem promover a funcionalidade, relacionada à ati- exercer, em igualdade de condições e oportunida-
vidade e à participação da pessoa com deficiência des com as demais pessoas, todos os direitos e li-
ou com mobilidade reduzida, visando à sua autono- berdades fundamentais;
mia, independência, qualidade de vida e inclusão VII - elemento de urbanização: quaisquer com-
social; ponentes de obras de urbanização, tais como os
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, ati- referentes a pavimentação, saneamento, encana-
tude ou comportamento que limite ou impeça a par- mento para esgotos, distribuição de energia elétrica
ticipação social da pessoa, bem como o gozo, a e de gás, iluminação pública, serviços de comuni-
fruição e o exercício de seus direitos à acessibili- cação, abastecimento e distribuição de água, pai-
dade, à liberdade de movimento e de expressão, à sagismo e os que materializam as indicações do
comunicação, ao acesso à informação, à compre- planejamento urbanístico;
ensão, à circulação com segurança, entre outros, VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos
classificadas em: existentes nas vias e nos espaços públicos, super-
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas postos ou adicionados aos elementos de urbaniza-
vias e nos espaços públicos e privados abertos ao ção ou de edificação, de forma que sua modifica-
público ou de uso coletivo; ção ou seu traslado não provoque alterações subs-
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos tanciais nesses elementos, tais como semáforos,
edifícios públicos e privados; postes de sinalização e similares, terminais e pon-
tos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
c) barreiras nos transportes: as existentes nos de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quios-
sistemas e meios de transportes; ques e quaisquer outros de natureza análoga;
d) barreiras nas comunicações e na informa- IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela
ção: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou com- que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de mo-
portamento que dificulte ou impossibilite a expres- vimentação, permanente ou temporária, gerando
Francisco Christian
são ou o recebimento de mensagens e de informa- redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da
ções por intermédio de sistemas de christianpet2002@gmail.com
comunicação e coordenação motora ou da percepção, incluindo
de tecnologia da informação; 077.967.703-08
idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comporta- colo e obeso;
mentos que impeçam ou prejudiquem a participa- X - residências inclusivas: unidades de oferta
ção social da pessoa com deficiência em igualdade do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de
de condições e oportunidades com as demais pes- Assistência Social (Suas) localizadas em áreas re-
soas; sidenciais da comunidade, com estruturas adequa-
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou das, que possam contar com apoio psicossocial
impedem o acesso da pessoa com deficiência às para o atendimento das necessidades da pessoa
tecnologias; acolhida, destinadas a jovens e adultos com defici-
ência, em situação de dependência, que não dis-
V - comunicação: forma de interação dos cida-
põem de condições de autossustentabilidade e
dãos que abrange, entre outras opções, as línguas,
com vínculos familiares fragilizados ou rompidos;
inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a
visualização de textos, o Braille, o sistema de sina- XI - moradia para a vida independente da pes-
lização ou de comunicação tátil, os caracteres am- soa com deficiência: moradia com estruturas ade-
pliados, os dispositivos multimídia, assim como a quadas capazes de proporcionar serviços de apoio
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas au- coletivos e individualizados que respeitem e am-
ditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, pliem o grau de autonomia de jovens e adultos com
meios e formatos aumentativos e alternativos de deficiência;
comunicação, incluindo as tecnologias da informa- XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou
ção e das comunicações; não da família, que, com ou sem remuneração, as-
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modi- siste ou presta cuidados básicos e essenciais à
ficações e ajustes necessários e adequados que pessoa com deficiência no exercício de suas ativi-
não acarretem ônus desproporcional e indevido, dades diárias, excluídas as técnicas ou os procedi-
quando requeridos em cada caso, a fim de assegu- mentos identificados com profissões legalmente
rar que a pessoa com deficiência possa gozar ou estabelecidas;

221
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
exerce atividades de alimentação, higiene e loco- esterilização compulsória;
moção do estudante com deficiência e atua em to- V - exercer o direito à família e à convivência
das as atividades escolares nas quais se fizer ne- familiar e comunitária; e
cessária, em todos os níveis e modalidades de en-
sino, em instituições públicas e privadas, excluídas VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à cura-
as técnicas ou os procedimentos identificados com tela e à adoção, como adotante ou adotando, em
profissões legalmente estabelecidas; igualdade de oportunidades com as demais pes-
soas.
XIV - acompanhante: aquele que acompanha
a pessoa com deficiência, podendo ou não desem- Art. 7º É dever de todos comunicar à autori-
penhar as funções de atendente pessoal. dade competente qualquer forma de ameaça ou de
violação aos direitos da pessoa com deficiência.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas fun-
CAPÍTULO II
ções, os juízes e os tribunais tiverem conhecimento
DA IGUALDADE E DA NÃO de fatos que caracterizem as violações previstas
DISCRIMINAÇÃO nesta Lei, devem remeter peças ao Ministério Pú-
blico para as providências cabíveis.
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem di- Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da
reito à igualdade de oportunidades com as demais família assegurar à pessoa com deficiência, com
pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discri- prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
minação. vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à ma-
§ 1º Considera-se discriminação em razão da ternidade, à alimentação, à habitação, à educação,
deficiência toda forma de distinção, restrição ou ex- à profissionalização, ao trabalho, à previdência so-
Francisco
clusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito Christian
cial, à habilitação e à reabilitação, ao transporte, à
acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo,
ou o efeito de prejudicar, impedir ou christianpet2002@gmail.com
anular o reco-
ao lazer, à informação, à comunicação, aos avan-
077.967.703-08
nhecimento ou o exercício dos direitos e das liber-
dades fundamentais de pessoa com deficiência, in- ços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao res-
cluindo a recusa de adaptações razoáveis e de for- peito, à liberdade, à convivência familiar e comuni-
necimento de tecnologias assistivas. tária, entre outros decorrentes da Constituição Fe-
deral, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
§ 2º A pessoa com deficiência não está obri- com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das
gada à fruição de benefícios decorrentes de ação leis e de outras normas que garantam seu bem-es-
afirmativa. tar pessoal, social e econômico.
Art. 5º A pessoa com deficiência será prote-
gida de toda forma de negligência, discriminação, SEÇÃO ÚNICA
exploração, violência, tortura, crueldade, opressão
DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
e tratamento desumano ou degradante.
Parágrafo único. Para os fins da proteção men-
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a
cionada no caput deste artigo, são considerados
especialmente vulneráveis a criança, o adoles- receber atendimento prioritário, sobretudo com a fi-
cente, a mulher e o idoso, com deficiência. nalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstân-
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capa-
cias;
cidade civil da pessoa, inclusive para:
II - atendimento em todas as instituições e ser-
I - casar-se e constituir união estável; viços de atendimento ao público;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; III - disponibilização de recursos, tanto huma-
III - exercer o direito de decidir sobre o número nos quanto tecnológicos, que garantam atendi-
de filhos e de ter acesso a informações adequadas mento em igualdade de condições com as demais
sobre reprodução e planejamento familiar; pessoas;

222
IV - disponibilização de pontos de parada, es- § 1º Em caso de pessoa com deficiência em
tações e terminais acessíveis de transporte coletivo situação de curatela, deve ser assegurada sua par-
de passageiros e garantia de segurança no embar- ticipação, no maior grau possível, para a obtenção
que e no desembarque; de consentimento.
V - acesso a informações e disponibilização de § 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa
recursos de comunicação acessíveis; com deficiência em situação de tutela ou de cura-
VI - recebimento de restituição de imposto de tela deve ser realizada, em caráter excepcional,
renda; apenas quando houver indícios de benefício direto
para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas
VII - tramitação processual e procedimentos ju- com deficiência e desde que não haja outra opção
diciais e administrativos em que for parte ou inte- de pesquisa de eficácia comparável com partici-
ressada, em todos os atos e diligências. pantes não tutelados ou curatelados.
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são ex- Art. 13. A pessoa com deficiência somente
tensivos ao acompanhante da pessoa com defici-
será atendida sem seu consentimento prévio, livre
ência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto
e esclarecido em casos de risco de morte e de
ao disposto nos incisos VI e VII deste artigo.
emergência em saúde, resguardado seu superior
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e pri- interesse e adotadas as salvaguardas legais cabí-
vados, a prioridade conferida por esta Lei é condi- veis.
cionada aos protocolos de atendimento médico.
CAPÍTULO II
TÍTULO II DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS REABILITAÇÃO
Francisco Christian
CAPÍTULO I Art. 14. O processo de habilitação e de rea-
christianpet2002@gmail.com
DO DIREITO À VIDA 077.967.703-08 é um direito da pessoa com deficiência.
bilitação
Parágrafo único. O processo de habilitação e
Art. 10. Compete ao poder público garantir a de reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento
dignidade da pessoa com deficiência ao longo de de potencialidades, talentos, habilidades e apti-
toda a vida. dões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais,
Parágrafo único. Em situações de risco, emer- atitudinais, profissionais e artísticas que contri-
gência ou estado de calamidade pública, a pessoa buam para a conquista da autonomia da pessoa
com deficiência será considerada vulnerável, de- com deficiência e de sua participação social em
vendo o poder público adotar medidas para sua igualdade de condições e oportunidades com as
proteção e segurança. demais pessoas.

Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá Art. 15. O processo mencionado no art. 14
ser obrigada a se submeter a intervenção clínica ou desta Lei baseia-se em avaliação multidisciplinar
cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização for- das necessidades, habilidades e potencialidades
çada. de cada pessoa, observadas as seguintes diretri-
zes:
Parágrafo único. O consentimento da pessoa
com deficiência em situação de curatela poderá ser I - diagnóstico e intervenção precoces;
suprido, na forma da lei. II - adoção de medidas para compensar perda
ou limitação funcional, buscando o desenvolvi-
Art. 12. O consentimento prévio, livre e escla-
mento de aptidões;
recido da pessoa com deficiência é indispensável
para a realização de tratamento, procedimento, III - atuação permanente, integrada e articu-
hospitalização e pesquisa científica. lada de políticas públicas que possibilitem a plena
participação social da pessoa com deficiência;

223
IV - oferta de rede de serviços articulados, com § 1º É assegurada a participação da pessoa
atuação intersetorial, nos diferentes níveis de com- com deficiência na elaboração das políticas de sa-
plexidade, para atender às necessidades específi- úde a ela destinadas.
cas da pessoa com deficiência; § 2º É assegurado atendimento segundo nor-
V - prestação de serviços próximo ao domicílio mas éticas e técnicas, que regulamentarão a atua-
da pessoa com deficiência, inclusive na zona rural, ção dos profissionais de saúde e contemplarão as-
respeitadas a organização das Redes de Atenção pectos relacionados aos direitos e às especificida-
à Saúde (RAS) nos territórios locais e as normas des da pessoa com deficiência, incluindo temas
do Sistema Único de Saúde (SUS). como sua dignidade e autonomia.
Art. 16. Nos programas e serviços de habili- § 3º Aos profissionais que prestam assistência
tação e de reabilitação para a pessoa com deficiên- à pessoa com deficiência, especialmente em servi-
cia, são garantidos: ços de habilitação e de reabilitação, deve ser ga-
rantida capacitação inicial e continuada.
I - organização, serviços, métodos, técnicas e
recursos para atender às características de cada § 4º As ações e os serviços de saúde pública
pessoa com deficiência; destinados à pessoa com deficiência devem asse-
gurar:
II - acessibilidade em todos os ambientes e
serviços; I - diagnóstico e intervenção precoces, realiza-
dos por equipe multidisciplinar;
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabili-
tação, materiais e equipamentos adequados e II - serviços de habilitação e de reabilitação
apoio técnico profissional, de acordo com as espe- sempre que necessários, para qualquer tipo de de-
cificidades de cada pessoa com deficiência; ficiência, inclusive para a manutenção da melhor
condição de saúde e qualidade de vida;
IV - capacitação continuada de todos os profis-
Francisco Christian
sionais que participem dos programas e serviços. III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tra-
tamento
christianpet2002@gmail.comambulatorial e internação;
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deve-
rão promover ações articuladas para garantir à077.967.703-08
IV - campanhas de vacinação;
pes-
soa com deficiência e sua família a aquisição de in- V - atendimento psicológico, inclusive para
formações, orientações e formas de acesso às po- seus familiares e atendentes pessoais;
líticas públicas disponíveis, com a finalidade de VI - respeito à especificidade, à identidade de
propiciar sua plena participação social. gênero e à orientação sexual da pessoa com defi-
Parágrafo único. Os serviços de que trata o ca- ciência;
put deste artigo podem fornecer informações e ori- VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o
entações nas áreas de saúde, de educação, de cul- direito à fertilização assistida;
tura, de esporte, de lazer, de transporte, de previ-
dência social, de assistência social, de habitação, VIII - informação adequada e acessível à pes-
de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao soa com deficiência e a seus familiares sobre sua
crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos condição de saúde;
e nas demais áreas que possibilitem à pessoa com IX - serviços projetados para prevenir a ocor-
deficiência exercer sua cidadania. rência e o desenvolvimento de deficiências e agra-
vos adicionais;
CAPÍTULO III X - promoção de estratégias de capacitação
DO DIREITO À SAÚDE permanente das equipes que atuam no SUS, em
todos os níveis de atenção, no atendimento à pes-
soa com deficiência, bem como orientação a seus
Art. 18. É assegurada atenção integral à sa- atendentes pessoais;
úde da pessoa com deficiência em todos os níveis
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxilia-
de complexidade, por intermédio do SUS, garantido
res de locomoção, medicamentos, insumos e fór-
acesso universal e igualitário.
mulas nutricionais, conforme as normas vigentes
do Ministério da Saúde.

224
§ 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se tam- úde deve adotar as providências cabíveis para su-
bém às instituições privadas que participem de prir a ausência do acompanhante ou do atendente
forma complementar do SUS ou que recebam re- pessoal.
cursos públicos para sua manutenção.
Art. 23. São vedadas todas as formas de dis-
Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações criminação contra a pessoa com deficiência, inclu-
destinadas à prevenção de deficiências por causas sive por meio de cobrança de valores diferenciados
evitáveis, inclusive por meio de: por planos e seguros privados de saúde, em razão
I - acompanhamento da gravidez, do parto e do de sua condição.
puerpério, com garantia de parto humanizado e se- Art. 24. É assegurado à pessoa com defici-
guro; ência o acesso aos serviços de saúde, tanto públi-
II - promoção de práticas alimentares adequa- cos como privados, e às informações prestadas e
das e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, recebidas, por meio de recursos de tecnologia as-
prevenção e cuidado integral dos agravos relacio- sistiva e de todas as formas de comunicação pre-
nados à alimentação e nutrição da mulher e da cri- vistas no inciso V do art. 3º desta Lei.
ança; Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde,
III - aprimoramento e expansão dos programas tanto públicos quanto privados, devem assegurar o
de imunização e de triagem neonatal; acesso da pessoa com deficiência, em conformi-
IV - identificação e controle da gestante de alto dade com a legislação em vigor, mediante a remo-
risco. ção de barreiras, por meio de projetos arquitetô-
nico, de ambientação de interior e de comunicação
V - aprimoramento do atendimento neonatal, que atendam às especificidades das pessoas com
com a oferta de ações e serviços de prevenção de deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
danos cerebrais e sequelas neurológicas em re-
cém-nascidos, inclusive por telessaúde. Francisco Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirma-
(Inclu- Christian
ído pela Lei nº 14.510, de 2022) christianpet2002@gmail.com
ção de violência praticada contra a pessoa com de-
ficiência serão objeto de notificação compulsória
077.967.703-08
Art. 20. As operadoras de planos e seguros pelos serviços de saúde públicos e privados à au-
privados de saúde são obrigadas a garantir à pes- toridade policial e ao Ministério Público, além dos
soa com deficiência, no mínimo, todos os serviços Conselhos dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
e produtos ofertados aos demais clientes.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei,
Art. 21. Quando esgotados os meios de aten- considera-se violência contra a pessoa com defici-
ção à saúde da pessoa com deficiência no local de ência qualquer ação ou omissão, praticada em lo-
residência, será prestado atendimento fora de do- cal público ou privado, que lhe cause morte ou
micílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, dano ou sofrimento físico ou psicológico.
garantidos o transporte e a acomodação da pessoa
com deficiência e de seu acompanhante.
CAPÍTULO IV
Art. 22. À pessoa com deficiência internada DO DIREITO À EDUCAÇÃO
ou em observação é assegurado o direito a acom-
panhante ou a atendente pessoal, devendo o órgão
ou a instituição de saúde proporcionar condições Art. 27. A educação constitui direito da pes-
adequadas para sua permanência em tempo inte- soa com deficiência, assegurados sistema educa-
gral. cional inclusivo em todos os níveis e aprendizado
ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o má-
§ 1º Na impossibilidade de permanência do ximo desenvolvimento possível de seus talentos e
acompanhante ou do atendente pessoal junto à habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e soci-
pessoa com deficiência, cabe ao profissional de sa- ais, segundo suas características, interesses e ne-
úde responsável pelo tratamento justificá-la por es- cessidades de aprendizagem.
crito.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família,
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista da comunidade escolar e da sociedade assegurar
no § 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de sa- educação de qualidade à pessoa com deficiência,

225
colocando-a a salvo de toda forma de violência, ne- X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas
gligência e discriminação. pelos programas de formação inicial e continuada
de professores e oferta de formação continuada
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar,
para o atendimento educacional especializado;
criar, desenvolver, implementar, incentivar, acom-
panhar e avaliar: XI - formação e disponibilização de professo-
res para o atendimento educacional especializado,
I - sistema educacional inclusivo em todos os de tradutores e intérpretes da Libras, de guias in-
níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao térpretes e de profissionais de apoio;
longo de toda a vida;
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva,
visando a garantir condições de acesso, permanên- de forma a ampliar habilidades funcionais dos es-
cia, participação e aprendizagem, por meio da tudantes, promovendo sua autonomia e participa-
oferta de serviços e de recursos de acessibilidade ção;
que eliminem as barreiras e promovam a inclusão
plena; XIII - acesso à educação superior e à educa-
ção profissional e tecnológica em igualdade de
III - projeto pedagógico que institucionalize o oportunidades e condições com as demais pes-
atendimento educacional especializado, assim soas;
como os demais serviços e adaptações razoáveis,
para atender às características dos estudantes com XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em
deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currí- cursos de nível superior e de educação profissional
culo em condições de igualdade, promovendo a técnica e tecnológica, de temas relacionados à pes-
conquista e o exercício de sua autonomia; soa com deficiência nos respectivos campos de co-
nhecimento;
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras
como primeira língua e na modalidade escrita da XV - acesso da pessoa com deficiência, em
Francisco Christian
língua portuguesa como segunda língua, em esco- igualdade de condições, a jogos e a atividades re-
christianpet2002@gmail.com
creativas, esportivas e de lazer, no sistema escolar;
las e classes bilíngues e em escolas inclusivas;
077.967.703-08
V - adoção de medidas individualizadas e co- XVI - acessibilidade para todos os estudantes,
letivas em ambientes que maximizem o desenvol- trabalhadores da educação e demais integrantes
vimento acadêmico e social dos estudantes com da comunidade escolar às edificações, aos ambi-
deficiência, favorecendo o acesso, a permanência, entes e às atividades concernentes a todas as mo-
a participação e a aprendizagem em instituições de dalidades, etapas e níveis de ensino;
ensino; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
VI - pesquisas voltadas para o desenvolvi- XVIII - articulação intersetorial na implementa-
mento de novos métodos e técnicas pedagógicas, ção de políticas públicas.
de materiais didáticos, de equipamentos e de recur-
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível
sos de tecnologia assistiva;
e modalidade de ensino, aplica-se obrigatoria-
VII - planejamento de estudo de caso, de ela- mente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX,
boração de plano de atendimento educacional es- X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do ca-
pecializado, de organização de recursos e serviços put deste artigo, sendo vedada a cobrança de va-
de acessibilidade e de disponibilização e usabili- lores adicionais de qualquer natureza em suas
dade pedagógica de recursos de tecnologia assis- mensalidades, anuidades e matrículas no cumpri-
tiva; mento dessas determinações.
VIII - participação dos estudantes com defici- § 2º Na disponibilização de tradutores e intér-
ência e de suas famílias nas diversas instâncias de pretes da Libras a que se refere o inciso XI do ca-
atuação da comunidade escolar; put deste artigo, deve-se observar o seguinte:
IX - adoção de medidas de apoio que favore- I - os tradutores e intérpretes da Libras atuan-
çam o desenvolvimento dos aspectos linguísticos, tes na educação básica devem, no mínimo, possuir
culturais, vocacionais e profissionais, levando-se ensino médio completo e certificado de proficiência
em conta o talento, a criatividade, as habilidades e na Libras;
os interesses do estudante com deficiência;

226
II - os tradutores e intérpretes da Libras, companhada, ou em moradia para a vida indepen-
quando direcionados à tarefa de interpretar nas sa- dente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em re-
las de aula dos cursos de graduação e pós-gradu- sidência inclusiva.
ação, devem possuir nível superior, com habilita- § 1º O poder público adotará programas e
ção, prioritariamente, em Tradução e Interpretação ações estratégicas para apoiar a criação e a manu-
em Libras. tenção de moradia para a vida independente da
Art. 29. (VETADO). pessoa com deficiência.

Art. 30. Nos processos seletivos para in- § 2º A proteção integral na modalidade de re-
sidência inclusiva será prestada no âmbito do Suas
gresso e permanência nos cursos oferecidos pelas
à pessoa com deficiência em situação de depen-
instituições de ensino superior e de educação pro-
dência que não disponha de condições de autos-
fissional e tecnológica, públicas e privadas, devem
sustentabilidade, com vínculos familiares fragiliza-
ser adotadas as seguintes medidas:
dos ou rompidos.
I - atendimento preferencial à pessoa com de-
ficiência nas dependências das Instituições de En- Art. 32. Nos programas habitacionais, públi-
sino Superior (IES) e nos serviços; cos ou subsidiados com recursos públicos, a pes-
soa com deficiência ou o seu responsável goza de
II - disponibilização de formulário de inscrição prioridade na aquisição de imóvel para moradia
de exames com campos específicos para que o própria, observado o seguinte:
candidato com deficiência informe os recursos de
acessibilidade e de tecnologia assistiva necessá- I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento)
rios para sua participação; das unidades habitacionais para pessoa com defi-
ciência;
III - disponibilização de provas em formatos
acessíveis para atendimento às necessidades es- II - (VETADO);
pecíficas do candidato com deficiência; Francisco ChristianIII - em caso de edificação multifamiliar, garan-
christianpet2002@gmail.com
IV - disponibilização de recursos de acessibili- tia de acessibilidade nas áreas de uso comum e
nas unidades habitacionais no piso térreo e de
dade e de tecnologia assistiva adequados,077.967.703-08
previa-
mente solicitados e escolhidos pelo candidato com acessibilidade ou de adaptação razoável nos de-
deficiência; mais pisos;
V - dilação de tempo, conforme demanda apre- IV - disponibilização de equipamentos urbanos
sentada pelo candidato com deficiência, tanto na comunitários acessíveis;
realização de exame para seleção quanto nas ati- V - elaboração de especificações técnicas no
vidades acadêmicas, mediante prévia solicitação e projeto que permitam a instalação de elevadores.
comprovação da necessidade;
§ 1º O direito à prioridade, previsto no ca-
VI - adoção de critérios de avaliação das pro- put deste artigo, será reconhecido à pessoa com
vas escritas, discursivas ou de redação que consi- deficiência beneficiária apenas uma vez.
derem a singularidade linguística da pessoa com
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os
deficiência, no domínio da modalidade escrita da
critérios de financiamento devem ser compatíveis
língua portuguesa;
com os rendimentos da pessoa com deficiência ou
VII - tradução completa do edital e de suas re- de sua família.
tificações em Libras.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência in-
teressada nas unidades habitacionais reservadas
CAPÍTULO V por força do disposto no inciso I do caput deste ar-
DO DIREITO À MORADIA tigo, as unidades não utilizadas serão disponibiliza-
das às demais pessoas.
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito Art. 33. Ao poder público compete:
à moradia digna, no seio da família natural ou subs-
I - adotar as providências necessárias para o
tituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desa-
cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta
Lei; e

227
II - divulgar, para os agentes interessados e a disponibilização de linhas de crédito, quando ne-
beneficiários, a política habitacional prevista nas le- cessárias.
gislações federal, estaduais, distrital e municipais,
com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
SEÇÃO II
DA HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E
CAPÍTULO VI
REABILITAÇÃO PROFISSIONAL
DO DIREITO AO TRABALHO
Art. 36. O poder público deve implementar
SEÇÃO I serviços e programas completos de habilitação pro-
DISPOSIÇÕES GERAIS fissional e de reabilitação profissional para que a
pessoa com deficiência possa ingressar, continuar
ou retornar ao campo do trabalho, respeitados sua
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito livre escolha, sua vocação e seu interesse.
ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em
ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base
oportunidades com as demais pessoas. em critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei,
programa de habilitação ou de reabilitação que
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, pri- possibilite à pessoa com deficiência restaurar sua
vado ou de qualquer natureza são obrigadas a ga- capacidade e habilidade profissional ou adquirir no-
rantir ambientes de trabalho acessíveis e inclusi- vas capacidades e habilidades de trabalho.
vos.
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em processo destinado a propiciar à pessoa com defi-
igualdade de oportunidades com as demais pes- ciência aquisição de conhecimentos, habilidades e
soas, a condições justas e favoráveis de trabalho, aptidões para exercício de profissão ou de ocupa-
incluindo igual remuneração por trabalho deFrancisco
igual Christian
ção, permitindo nível suficiente de desenvolvi-
valor. christianpet2002@gmail.com
mento profissional para ingresso no campo de tra-
077.967.703-08
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa balho.
com deficiência e qualquer discriminação em razão § 3º Os serviços de habilitação profissional, de
de sua condição, inclusive nas etapas de recruta- reabilitação profissional e de educação profissional
mento, seleção, contratação, admissão, exames devem ser dotados de recursos necessários para
admissional e periódico, permanência no emprego, atender a toda pessoa com deficiência, indepen-
ascensão profissional e reabilitação profissional, dentemente de sua característica específica, a fim
bem como exigência de aptidão plena. de que ela possa ser capacitada para trabalho que
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à par- lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de
ticipação e ao acesso a cursos, treinamentos, edu- conservá-lo e de nele progredir.
cação continuada, planos de carreira, promoções, § 4º Os serviços de habilitação profissional, de
bonificações e incentivos profissionais oferecidos reabilitação profissional e de educação profissional
pelo empregador, em igualdade de oportunidades deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e
com os demais empregados. inclusivos.
§ 5º É garantida aos trabalhadores com defici- § 5º A habilitação profissional e a reabilitação
ência acessibilidade em cursos de formação e de profissional devem ocorrer articuladas com as re-
capacitação. des públicas e privadas, especialmente de saúde,
Art. 35. É finalidade primordial das políticas de ensino e de assistência social, em todos os ní-
públicas de trabalho e emprego promover e garantir veis e modalidades, em entidades de formação pro-
condições de acesso e de permanência da pessoa fissional ou diretamente com o empregador.
com deficiência no campo de trabalho. § 6º A habilitação profissional pode ocorrer em
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empresas por meio de prévia formalização do con-
empreendedorismo e ao trabalho autônomo, inclu- trato de emprego da pessoa com deficiência, que
ídos o cooperativismo e o associativismo, devem será considerada para o cumprimento da reserva
prever a participação da pessoa com deficiência e

228
de vagas prevista em lei, desde que por tempo de- CAPÍTULO VII
terminado e concomitante com a inclusão profissi- DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
onal na empresa, observado o disposto em regula-
mento.
Art. 39. Os serviços, os programas, os proje-
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação tos e os benefícios no âmbito da política pública de
profissional atenderão à pessoa com deficiência. assistência social à pessoa com deficiência e sua
família têm como objetivo a garantia da segurança
SEÇÃO III de renda, da acolhida, da habilitação e da reabilita-
ção, do desenvolvimento da autonomia e da convi-
DA INCLUSÃO DA PESSOA COM
vência familiar e comunitária, para a promoção do
DEFICIÊNCIA NO TRABALHO acesso a direitos e da plena participação social.
§ 1º A assistência social à pessoa com defici-
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pes- ência, nos termos do caput deste artigo, deve en-
soa com deficiência no trabalho a colocação com- volver conjunto articulado de serviços do âmbito da
petitiva, em igualdade de oportunidades com as de- Proteção Social Básica e da Proteção Social Espe-
mais pessoas, nos termos da legislação trabalhista cial, ofertados pelo Suas, para a garantia de segu-
e previdenciária, na qual devem ser atendidas as ranças fundamentais no enfrentamento de situa-
regras de acessibilidade, o fornecimento de recur- ções de vulnerabilidade e de risco, por fragilização
sos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
no ambiente de trabalho.
§ 2º Os serviços socioassistenciais destinados
Parágrafo único. A colocação competitiva da à pessoa com deficiência em situação de depen-
pessoa com deficiência pode ocorrer por meio de dência deverão contar com cuidadores sociais para
trabalho com apoio, observadas as seguintes dire- prestar-lhe cuidados básicos e instrumentais.
trizes: Francisco Christian
Art. 40. É assegurado à pessoa com defici-
I - prioridade no atendimento àchristianpet2002@gmail.com
pessoa com de- ência que não possua meios para prover sua sub-
ficiência com maior dificuldade de inserção 077.967.703-08
no sistência nem de tê-la provida por sua família o be-
campo de trabalho; nefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos ter-
II - provisão de suportes individualizados que mos da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 .
atendam a necessidades específicas da pessoa
com deficiência, inclusive a disponibilização de re-
CAPÍTULO VIII
cursos de tecnologia assistiva, de agente facilitador
e de apoio no ambiente de trabalho; DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse
da pessoa com deficiência apoiada; Art. 41. A pessoa com deficiência segurada
do Regime Geral de Previdência Social (RGPS)
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
tem direito à aposentadoria nos termos da Lei
empregadores, com vistas à definição de estraté-
Complementar nº 142, de 8 de maio de 2013 .
gias de inclusão e de superação de barreiras, inclu-
sive atitudinais;
V - realização de avaliações periódicas; CAPÍTULO IX
DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE,
VI - articulação intersetorial das políticas públi-
cas; AO TURISMO E AO LAZER
VII - possibilidade de participação de organiza-
ções da sociedade civil. Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito
à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em
Art. 38. A entidade contratada para a realiza- igualdade de oportunidades com as demais pes-
ção de processo seletivo público ou privado para soas, sendo-lhe garantido o acesso:
cargo, função ou emprego está obrigada à obser-
I - a bens culturais em formato acessível;
vância do disposto nesta Lei e em outras normas
de acessibilidade vigentes.

229
II - a programas de televisão, cinema, teatro e deficiência ou que não tenham mobilidade redu-
outras atividades culturais e desportivas em for- zida, observado o disposto em regulamento.
mato acessível; e § 3º Os espaços e assentos a que se refere
III - a monumentos e locais de importância cul- este artigo devem situar-se em locais que garantam
tural e a espaços que ofereçam serviços ou even- a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompa-
tos culturais e esportivos. nhante da pessoa com deficiência ou com mobili-
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra inte- dade reduzida, resguardado o direito de se acomo-
lectual em formato acessível à pessoa com defici- dar proximamente a grupo familiar e comunitário.
ência, sob qualquer argumento, inclusive sob a ale- § 4º Nos locais referidos no caput deste artigo,
gação de proteção dos direitos de propriedade in- deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saí-
telectual. das de emergência acessíveis, conforme padrões
§ 2º O poder público deve adotar soluções des- das normas de acessibilidade, a fim de permitir a
tinadas à eliminação, à redução ou à superação de saída segura da pessoa com deficiência ou com
barreiras para a promoção do acesso a todo patri- mobilidade reduzida, em caso de emergência.
mônio cultural, observadas as normas de acessibi- § 5º Todos os espaços das edificações previs-
lidade, ambientais e de proteção do patrimônio his- tas no caput deste artigo devem atender às nor-
tórico e artístico nacional. mas de acessibilidade em vigor.
Art. 43. O poder público deve promover a par- § 6º As salas de cinema devem oferecer, em
ticipação da pessoa com deficiência em atividades todas as sessões, recursos de acessibilidade para
artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e recre- a pessoa com deficiência.
ativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo: § 7º O valor do ingresso da pessoa com defici-
I - incentivar a provisão de instrução, de treina- ência não poderá ser superior ao valor cobrado das
mento e de recursos adequados, em igualdade de demais pessoas.
Francisco Christian
oportunidades com as demais pessoas; Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares de-
christianpet2002@gmail.com
II - assegurar acessibilidade nos locais077.967.703-08
de vem ser construídos observando-se os princípios
eventos e nos serviços prestados por pessoa ou do desenho universal, além de adotar todos os
entidade envolvida na organização das atividades meios de acessibilidade, conforme legislação em
de que trata este artigo; e vigor.
III - assegurar a participação da pessoa com § 1º Os estabelecimentos já existentes deve-
deficiência em jogos e atividades recreativas, es- rão disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento)
portivas, de lazer, culturais e artísticas, inclusive no de seus dormitórios acessíveis, garantida, no mí-
sistema escolar, em igualdade de condições com nimo, 1 (uma) unidade acessível.
as demais pessoas. § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, es- artigo deverão ser localizados em rotas acessíveis.
tádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e § 3º Os meios de hospedagem já existentes
de conferências e similares, serão reservados es- que, por impossibilidade técnica decorrente de ris-
paços livres e assentos para a pessoa com defici- cos estruturais da edificação, não possam cumprir
ência, de acordo com a capacidade de lotação da o percentual estipulado no § 1º deste artigo, ficam
edificação, observado o disposto em regulamento. dispensados dessa exigência mediante comprova-
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere ção por laudo técnico estrutural, que deverá ser re-
este artigo devem ser distribuídos pelo recinto em novado a cada 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei
locais diversos, de boa visibilidade, em todos os se- nº 14.978, de 2024)
tores, próximos aos corredores, devidamente sina-
lizados, evitando-se áreas segregadas de público e CAPÍTULO X
obstrução das saídas, em conformidade com as
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À
normas de acessibilidade.
MOBILIDADE
§ 2º No caso de não haver comprovada pro-
cura pelos assentos reservados, esses podem, ex-
cepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem

230
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade possui comprometimento de mobilidade e é válida
da pessoa com deficiência ou com mobilidade re- em todo o território nacional.
duzida será assegurado em igualdade de oportuni- Art. 48. Os veículos de transporte coletivo
dades com as demais pessoas, por meio de identi- terrestre, aquaviário e aéreo, as instalações, as es-
ficação e de eliminação de todos os obstáculos e tações, os portos e os terminais em operação no
barreiras ao seu acesso. País devem ser acessíveis, de forma a garantir o
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços seu uso por todas as pessoas.
de transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, § 1º Os veículos e as estruturas de que trata
em todas as jurisdições, consideram-se como inte- o caput deste artigo devem dispor de sistema de
grantes desses serviços os veículos, os terminais, comunicação acessível que disponibilize informa-
as estações, os pontos de parada, o sistema viário ções sobre todos os pontos do itinerário.
e a prestação do serviço.
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiên-
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposi- cia prioridade e segurança nos procedimentos de
ções desta Lei, sempre que houver interação com embarque e de desembarque nos veículos de
a matéria nela regulada, a outorga, a concessão, a transporte coletivo, de acordo com as normas téc-
permissão, a autorização, a renovação ou a habili- nicas.
tação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
§ 3º Para colocação do símbolo internacional
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos, as empresas de transporte
de acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros dependem da certificação
coletivo de passageiros dependem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor público res-
de acessibilidade emitida pelo gestor público res- ponsável pela prestação do serviço.
ponsável pela prestação do serviço.
Art. 49. As empresas de transporte de freta-
Art. 47. Em todas as áreas de estaciona-
Francisco Christian
mento e de turismo, na renovação de suas frotas,
mento aberto ao público, de uso público ou privado são obrigadas ao cumprimento do disposto nos
christianpet2002@gmail.com
de uso coletivo e em vias públicas, devem ser re- arts. 46 e 48 desta Lei.
servadas vagas próximas aos acessos de 077.967.703-08
circula-
ção de pedestres, devidamente sinalizadas, para Art. 50. O poder público incentivará a fabrica-
veículos que transportem pessoa com deficiência ção de veículos acessíveis e a sua utilização como
com comprometimento de mobilidade, desde que táxis e vans , de forma a garantir o seu uso por to-
devidamente identificados. das as pessoas.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem
artigo devem equivaler a 2% (dois por cento) do to- reservar 10% (dez por cento) de seus veículos
tal, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devida- acessíveis à pessoa com deficiência.
mente sinalizada e com as especificações de dese-
nho e traçado de acordo com as normas técnicas § 1º É proibida a cobrança diferenciada de ta-
vigentes de acessibilidade. rifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi
prestado à pessoa com deficiência.
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas re-
§ 2º O poder público é autorizado a instituir in-
servadas devem exibir, em local de ampla visibili-
centivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibi-
dade, a credencial de beneficiário, a ser confeccio-
nada e fornecida pelos órgãos de trânsito, que dis- lidade dos veículos a que se refere o caput deste
ciplinarão suas características e condições de uso. artigo.

§ 3º A utilização indevida das vagas de que Art. 52. As locadoras de veículos são obriga-
trata este artigo sujeita os infratores às sanções das a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de
previstas no inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503, pessoa com deficiência, a cada conjunto de 20
de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito (vinte) veículos de sua frota.
Brasileiro) . Parágrafo único. O veículo adaptado deverá
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste ter, no mínimo, câmbio automático, direção hidráu-
artigo é vinculada à pessoa com deficiência que lica, vidros elétricos e comandos manuais de freio
e de embreagem.

231
TÍTULO III profissional e tecnológica e do ensino superior e na
DA ACESSIBILIDADE formação das carreiras de Estado.
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de
pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de
CAPÍTULO I
organismos públicos de auxílio à pesquisa e de
DISPOSIÇÕES GERAIS agências de fomento deverão incluir temas volta-
dos para o desenho universal.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas
à pessoa com deficiência ou com mobilidade redu- públicas deverão considerar a adoção do desenho
zida viver de forma independente e exercer seus universal.
direitos de cidadania e de participação social.
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das dis-
ou a mudança de uso de edificações abertas ao pú-
posições desta Lei e de outras normas relativas à blico, de uso público ou privadas de uso coletivo
acessibilidade, sempre que houver interação com a deverão ser executadas de modo a serem acessí-
matéria nela regulada: veis.
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urba- § 1º As entidades de fiscalização profissional
nístico ou de comunicação e informação, a fabrica- das atividades de Engenharia, de Arquitetura e cor-
ção de veículos de transporte coletivo, a prestação relatas, ao anotarem a responsabilidade técnica de
do respectivo serviço e a execução de qualquer tipo projetos, devem exigir a responsabilidade profissi-
de obra, quando tenham destinação pública ou co- onal declarada de atendimento às regras de aces-
letiva; sibilidade previstas em legislação e em normas téc-
II - a outorga ou a renovação de concessão, nicas pertinentes.
permissão, autorização ou habilitação de qualquer § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a
natureza; Francisco Christian
emissão de certificado de projeto executivo arqui-
christianpet2002@gmail.com
III - a aprovação de financiamento de projeto tetônico, urbanístico e de instalações e equipamen-
com utilização de recursos públicos, por meio 077.967.703-08
de tos temporários ou permanentes e para o licencia-
renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio mento ou a emissão de certificado de conclusão de
ou instrumento congênere; e obra ou de serviço, deve ser atestado o atendi-
IV - a concessão de aval da União para obten- mento às regras de acessibilidade.
ção de empréstimo e de financiamento internacio- § 3º O poder público, após certificar a acessi-
nais por entes públicos ou privados. bilidade de edificação ou de serviço, determinará a
colocação, em espaços ou em locais de ampla visi-
Art. 55. A concepção e a implantação de pro-
bilidade, do símbolo internacional de acesso, na
jetos que tratem do meio físico, de transporte, de
forma prevista em legislação e em normas técnicas
informação e comunicação, inclusive de sistemas e correlatas.
tecnologias da informação e comunicação, e de ou-
tros serviços, equipamentos e instalações abertos Art. 57. As edificações públicas e privadas de
ao público, de uso público ou privado de uso cole- uso coletivo já existentes devem garantir acessibi-
tivo, tanto na zona urbana como na rural, devem lidade à pessoa com deficiência em todas as suas
atender aos princípios do desenho universal, tendo dependências e serviços, tendo como referência as
como referência as normas de acessibilidade. normas de acessibilidade vigentes.
§ 1º O desenho universal será sempre tomado Art. 58. O projeto e a construção de edifica-
como regra de caráter geral. ção de uso privado multifamiliar devem atender aos
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente preceitos de acessibilidade, na forma regulamen-
o desenho universal não possa ser empreendido, tar.
deve ser adotada adaptação razoável. § 1º As construtoras e incorporadoras respon-
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclu- sáveis pelo projeto e pela construção das edifica-
são de conteúdos temáticos referentes ao desenho ções a que se refere o caput deste artigo devem
universal nas diretrizes curriculares da educação assegurar percentual mínimo de suas unidades in-
ternamente acessíveis, na forma regulamentar.

232
§ 2º É vedada a cobrança de valores adicionais Art. 62. É assegurado à pessoa com defici-
para a aquisição de unidades internamente acessí- ência, mediante solicitação, o recebimento de con-
veis a que se refere o § 1º deste artigo. tas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tribu-
Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e tos em formato acessível.
nos espaços públicos, o poder público e as empre-
sas concessionárias responsáveis pela execução CAPÍTULO II
das obras e dos serviços devem garantir, de forma DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À
segura, a fluidez do trânsito e a livre circulação e
acessibilidade das pessoas, durante e após sua COMUNICAÇÃO
execução.
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sí-
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas
tios da internet mantidos por empresas com sede
regras de acessibilidade previstas em legislação e
ou representação comercial no País ou por órgãos
em normas técnicas, observado o disposto na Lei
de governo, para uso da pessoa com deficiência,
nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 , nº 10.257,
garantindo-lhe acesso às informações disponíveis,
de 10 de julho de 2001 , e nº 12.587, de 3 de janeiro
conforme as melhores práticas e diretrizes de aces-
de 2012 :
sibilidade adotadas internacionalmente.
I - os planos diretores municipais, os planos di-
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de aces-
retores de transporte e trânsito, os planos de mobi-
sibilidade em destaque.
lidade urbana e os planos de preservação de sítios
históricos elaborados ou atualizados a partir da pu- § 2º Telecentros comunitários que receberem
blicação desta Lei; recursos públicos federais para seu custeio ou sua
instalação e lan houses devem possuir equipa-
II - os códigos de obras, os códigos de postura,
mentos e instalações acessíveis.
as leis de uso e ocupação do solo e as Francisco
leis do sis- Christian
tema viário; § 3º Os telecentros e as lan houses de que
christianpet2002@gmail.com
trata o § 2º deste artigo devem garantir, no mínimo,
III - os estudos prévios de impacto 077.967.703-08
de vizi-
10% (dez por cento) de seus computadores com
nhança;
recursos de acessibilidade para pessoa com defici-
IV - as atividades de fiscalização e a imposição ência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
de sanções; e equipamento, quando o resultado percentual for in-
V - a legislação referente à prevenção contra ferior a 1 (um).
incêndio e pânico. Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de de que trata o art. 63 desta Lei deve ser observada
funcionamento para qualquer atividade são condi- para obtenção do financiamento de que trata o in-
cionadas à observação e à certificação das regras ciso III do art. 54 desta Lei.
de acessibilidade.
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de ha- de telecomunicações deverão garantir pleno
bilitação equivalente e sua renovação, quando esta acesso à pessoa com deficiência, conforme regula-
tiver sido emitida anteriormente às exigências de mentação específica.
acessibilidade, é condicionada à observação e à
certificação das regras de acessibilidade. Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a
oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular
Art. 61. A formulação, a implementação e a com acessibilidade que, entre outras tecnologias
manutenção das ações de acessibilidade atende- assistivas, possuam possibilidade de indicação e
rão às seguintes premissas básicas: de ampliação sonoras de todas as operações e fun-
I - eleição de prioridades, elaboração de crono- ções disponíveis.
grama e reserva de recursos para implementação Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons
das ações; e
e imagens devem permitir o uso dos seguintes re-
II - planejamento contínuo e articulado entre os cursos, entre outros:
setores envolvidos.
I - subtitulação por meio de legenda oculta;

233
II - janela com intérprete da Libras; § 2º Os fornecedores devem disponibilizar,
III - audiodescrição. mediante solicitação, exemplares de bulas, pros-
pectos, textos ou qualquer outro tipo de material de
Art. 68. O poder público deve adotar meca- divulgação em formato acessível.
nismos de incentivo à produção, à edição, à difu-
Art. 70. As instituições promotoras de con-
são, à distribuição e à comercialização de livros em
formatos acessíveis, inclusive em publicações da gressos, seminários, oficinas e demais eventos de
administração pública ou financiadas com recursos natureza científico-cultural devem oferecer à pes-
públicos, com vistas a garantir à pessoa com defi- soa com deficiência, no mínimo, os recursos de tec-
ciência o direito de acesso à leitura, à informação e nologia assistiva previstos no art. 67 desta Lei.
à comunicação. Art. 71. Os congressos, os seminários, as ofi-
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive cinas e os demais eventos de natureza científico-
para o abastecimento ou a atualização de acervos cultural promovidos ou financiados pelo poder pú-
de bibliotecas em todos os níveis e modalidades de blico devem garantir as condições de acessibili-
educação e de bibliotecas públicas, o poder público dade e os recursos de tecnologia assistiva.
deverá adotar cláusulas de impedimento à partici- Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa
pação de editoras que não ofertem sua produção
e os projetos a serem desenvolvidos com o apoio
também em formatos acessíveis.
de agências de financiamento e de órgãos e enti-
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os ar- dades integrantes da administração pública que
quivos digitais que possam ser reconhecidos e atuem no auxílio à pesquisa devem contemplar te-
acessados por softwares leitores de telas ou ou- mas voltados à tecnologia assistiva.
tras tecnologias assistivas que vierem a substituí-
Art. 73. Caberá ao poder público, direta-
los, permitindo leitura com voz sintetizada, amplia-
ção de caracteres, diferentes contrastes e impres- mente ou em parceria com organizações da socie-
são em Braille. Francisco Christian
dade civil, promover a capacitação de tradutores e
christianpet2002@gmail.com
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de pro-
§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a fissionais habilitados em Braille, audiodescrição,
077.967.703-08
adaptação e a produção de artigos científicos em estenotipia e legendagem.
formato acessível, inclusive em Libras.
Art. 73-A. As campanhas sociais, preventi-
Art. 69. O poder público deve assegurar a vas e educativas devem ser acessíveis à pessoa
disponibilidade de informações corretas e claras com deficiência. (Incluído pela Lei nº 14.863, de
sobre os diferentes produtos e serviços ofertados, 2024)
por quaisquer meios de comunicação empregados,
inclusive em ambiente virtual, contendo a especifi-
cação correta de quantidade, qualidade, caracterís- CAPÍTULO III
ticas, composição e preço, bem como sobre os DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
eventuais riscos à saúde e à segurança do consu-
midor com deficiência, em caso de sua utilização,
Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência
aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 . acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas,
processos, métodos e serviços de tecnologia assis-
§ 1º Os canais de comercialização virtual e os tiva que maximizem sua autonomia, mobilidade
anúncios publicitários veiculados na imprensa es- pessoal e qualidade de vida.
crita, na internet, no rádio, na televisão e nos de-
mais veículos de comunicação abertos ou por assi- Art. 75. O poder público desenvolverá plano
natura devem disponibilizar, conforme a compatibi- específico de medidas, a ser renovado em cada pe-
lidade do meio, os recursos de acessibilidade de ríodo de 4 (quatro) anos, com a finalidade de:
que trata o art. 67 desta Lei, a expensas do forne- I - facilitar o acesso a crédito especializado, in-
cedor do produto ou do serviço, sem prejuízo da clusive com oferta de linhas de crédito subsidiadas,
observância do disposto nos arts. 36 a 38 da Lei nº específicas para aquisição de tecnologia assistiva;
8.078, de 11 de setembro de 1990 .

234
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimen- IV - garantia do livre exercício do direito ao voto
tos de importação de tecnologia assistiva, especi- e, para tanto, sempre que necessário e a seu pe-
almente as questões atinentes a procedimentos al- dido, permissão para que a pessoa com deficiência
fandegários e sanitários; seja auxiliada na votação por pessoa de sua esco-
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e lha.
à produção nacional de tecnologia assistiva, inclu- § 2º O poder público promoverá a participação
sive por meio de concessão de linhas de crédito da pessoa com deficiência, inclusive quando insti-
subsidiado e de parcerias com institutos de pes- tucionalizada, na condução das questões públicas,
quisa oficiais; sem discriminação e em igualdade de oportunida-
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia des, observado o seguinte:
produtiva e de importação de tecnologia assistiva; I - participação em organizações não governa-
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de mentais relacionadas à vida pública e à política do
novos recursos de tecnologia assistiva no rol de País e em atividades e administração de partidos
produtos distribuídos no âmbito do SUS e por ou- políticos;
tros órgãos governamentais. II - formação de organizações para representar
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto a pessoa com deficiência em todos os níveis;
neste artigo, os procedimentos constantes do plano III - participação da pessoa com deficiência em
específico de medidas deverão ser avaliados, pelo organizações que a representem.
menos, a cada 2 (dois) anos.
TÍTULO IV
CAPÍTULO IV DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA
PÚBLICA E POLÍTICA Francisco Christian Art. 77. O poder público deve fomentar o de-
christianpet2002@gmail.com
senvolvimento científico, a pesquisa e a inovação e
077.967.703-08
Art. 76. O poder público deve garantir à pes- a capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da
soa com deficiência todos os direitos políticos e a qualidade de vida e ao trabalho da pessoa com de-
oportunidade de exercê-los em igualdade de condi- ficiência e sua inclusão social.
ções com as demais pessoas. § 1º O fomento pelo poder público deve priori-
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado zar a geração de conhecimentos e técnicas que vi-
o direito de votar e de ser votada, inclusive por meio sem à prevenção e ao tratamento de deficiências e
das seguintes ações: ao desenvolvimento de tecnologias assistiva e so-
cial.
I - garantia de que os procedimentos, as insta-
lações, os materiais e os equipamentos para vota- § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva
ção sejam apropriados, acessíveis a todas as pes- e social devem ser fomentadas mediante a criação
soas e de fácil compreensão e uso, sendo vedada de cursos de pós-graduação, a formação de recur-
a instalação de seções eleitorais exclusivas para a sos humanos e a inclusão do tema nas diretrizes
pessoa com deficiência; de áreas do conhecimento.
II - incentivo à pessoa com deficiência a candi- § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecno-
datar-se e a desempenhar quaisquer funções pú- lógica de instituições públicas e privadas para o de-
blicas em todos os níveis de governo, inclusive por senvolvimento de tecnologias assistiva e social que
meio do uso de novas tecnologias assistivas, sejam voltadas para melhoria da funcionalidade e
quando apropriado; da participação social da pessoa com deficiência.
III - garantia de que os pronunciamentos ofici- § 4º As medidas previstas neste artigo devem
ais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates ser reavaliadas periodicamente pelo poder público,
transmitidos pelas emissoras de televisão pos- com vistas ao seu aperfeiçoamento.
suam, pelo menos, os recursos elencados no art. Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa,
67 desta Lei; o desenvolvimento, a inovação e a difusão de tec-
nologias voltadas para ampliar o acesso da pessoa

235
com deficiência às tecnologias da informação e co- justiça, sempre que figure em um dos polos da
municação e às tecnologias sociais. ação ou atue como testemunha, partícipe da lide
Parágrafo único. Serão estimulados, em espe- posta em juízo, advogado, defensor público, magis-
cial: trado ou membro do Ministério Público.

I - o emprego de tecnologias da informação e Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem


comunicação como instrumento de superação de garantido o acesso ao conteúdo de todos os atos
limitações funcionais e de barreiras à comunicação, processuais de seu interesse, inclusive no exercí-
à informação, à educação e ao entretenimento da cio da advocacia.
pessoa com deficiência; Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiên-
II - a adoção de soluções e a difusão de nor- cia serão garantidos por ocasião da aplicação de
mas que visem a ampliar a acessibilidade da pes- sanções penais.
soa com deficiência à computação e aos sítios da Art. 82. (VETADO).
internet, em especial aos serviços de governo ele-
trônico. Art. 83. Os serviços notariais e de registro
não podem negar ou criar óbices ou condições di-
ferenciadas à prestação de seus serviços em razão
LIVRO II de deficiência do solicitante, devendo reconhecer
PARTE ESPECIAL sua capacidade legal plena, garantida a acessibili-
dade.
TÍTULO I Parágrafo único. O descumprimento do dis-
DO ACESSO À JUSTIÇA posto no caput deste artigo constitui discriminação
em razão de deficiência.

CAPÍTULO I Francisco Christian


DISPOSIÇÕES GERAIS christianpet2002@gmail.com CAPÍTULO II
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE
077.967.703-08
Art. 79. O poder público deve assegurar o A LEI
acesso da pessoa com deficiência à justiça, em
igualdade de oportunidades com as demais pes- Art. 84. A pessoa com deficiência tem asse-
soas, garantindo, sempre que requeridos, adapta- gurado o direito ao exercício de sua capacidade le-
ções e recursos de tecnologia assistiva. gal em igualdade de condições com as demais pes-
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com soas.
deficiência em todo o processo judicial, o poder pú- § 1º Quando necessário, a pessoa com defici-
blico deve capacitar os membros e os servidores ência será submetida à curatela, conforme a lei.
que atuam no Poder Judiciário, no Ministério Pú-
blico, na Defensoria Pública, nos órgãos de segu- § 2º É facultado à pessoa com deficiência a
rança pública e no sistema penitenciário quanto adoção de processo de tomada de decisão apoi-
aos direitos da pessoa com deficiência. ada.

§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com de- § 3º A definição de curatela de pessoa com de-
ficiência submetida a medida restritiva de liberdade ficiência constitui medida protetiva extraordinária,
todos os direitos e garantias a que fazem jus os proporcional às necessidades e às circunstâncias
apenados sem deficiência, garantida a acessibili- de cada caso, e durará o menor tempo possível.
dade. § 4º Os curadores são obrigados a prestar,
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público anualmente, contas de sua administração ao juiz,
tomarão as medidas necessárias à garantia dos di- apresentando o balanço do respectivo ano.
reitos previstos nesta Lei. Art. 85. A curatela afetará tão somente os
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recur- atos relacionados aos direitos de natureza patrimo-
sos de tecnologia assistiva disponíveis para que a nial e negocial.
pessoa com deficiência tenha garantido o acesso à

236
§ 1º A definição da curatela não alcança o di- II - interdição das respectivas mensagens ou
reito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimô- páginas de informação na internet.
nio, à privacidade, à educação, à saúde, ao traba- § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui
lho e ao voto. efeito da condenação, após o trânsito em julgado
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, da decisão, a destruição do material apreendido.
devendo constar da sentença as razões e motiva-
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, pro-
ções de sua definição, preservados os interesses
do curatelado. ventos, pensão, benefícios, remuneração ou qual-
quer outro rendimento de pessoa com deficiência:
§ 3º No caso de pessoa em situação de institu-
cionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
preferência a pessoa que tenha vínculo de natu- multa.
reza familiar, afetiva ou comunitária com o curate- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
lado. (um terço) se o crime é cometido:
Art. 86. Para emissão de documentos ofici- I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, in-
ais, não será exigida a situação de curatela da pes- ventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
soa com deficiência. ou

Art. 87. Em casos de relevância e urgência e II - por aquele que se apropriou em razão de
ofício ou de profissão.
a fim de proteger os interesses da pessoa com de-
ficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência
ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requeri- em hospitais, casas de saúde, entidades de abriga-
mento do interessado, nomear, desde logo, curador mento ou congêneres:
provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três)
disposições do Código de Processo CivilFrancisco
. Christian
anos, e multa.
christianpet2002@gmail.com
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
TÍTULO II 077.967.703-08
quem não prover as necessidades básicas de pes-
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES soa com deficiência quando obrigado por lei ou
ADMINISTRATIVAS mandado.
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético,
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discrimina- qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa
ção de pessoa em razão de sua deficiência: com deficiência destinados ao recebimento de be-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e nefícios, proventos, pensões ou remuneração ou à
multa. realização de operações financeiras, com o fim de
obter vantagem indevida para si ou para outrem:
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se
a vítima encontrar-se sob cuidado e responsabili- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
dade do agente. anos, e multa.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no ca- Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3
put deste artigo é cometido por intermédio de (um terço) se o crime é cometido por tutor ou cura-
meios de comunicação social ou de publicação de dor.
qualquer natureza:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e TÍTULO III
multa. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz po-
derá determinar, ouvido o Ministério Público ou a Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de In-
pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob clusão da Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclu-
pena de desobediência: são), registro público eletrônico com a finalidade de
coletar, processar, sistematizar e disseminar infor-
I - recolhimento ou busca e apreensão dos
mações georreferenciadas que permitam a identifi-
exemplares do material discriminatório;

237
cação e a caracterização socioeconômica da pes- I - receba o benefício de prestação continuada
soa com deficiência, bem como das barreiras que previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezem-
impedem a realização de seus direitos. bro de 1993 , e que passe a exercer atividade re-
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado munerada que a enquadre como segurado obriga-
pelo Poder Executivo federal e constituído por base tório do RGPS;
de dados, instrumentos, procedimentos e sistemas II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos,
eletrônicos. o benefício de prestação continuada previsto
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclu- no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de
são serão obtidos pela integração dos sistemas de 1993 , e que exerça atividade remunerada que a
informação e da base de dados de todas as políti- enquadre como segurado obrigatório do RGPS.
cas públicas relacionadas aos direitos da pessoa Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de
com deficiência, bem como por informações cole- pessoa com deficiência perante os órgãos públicos
tadas, inclusive em censos nacionais e nas demais quando seu deslocamento, em razão de sua limita-
pesquisas realizadas no País, de acordo com os ção funcional e de condições de acessibilidade, im-
parâmetros estabelecidos pela Convenção sobre ponha-lhe ônus desproporcional e indevido, hipó-
os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro- tese na qual serão observados os seguintes proce-
tocolo Facultativo. dimentos:
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização I - quando for de interesse do poder público, o
de dados, é facultada a celebração de convênios, agente promoverá o contato necessário com a pes-
acordos, termos de parceria ou contratos com ins- soa com deficiência em sua residência;
tituições públicas e privadas, observados os requi-
sitos e procedimentos previstos em legislação es- II - quando for de interesse da pessoa com de-
pecífica. ficiência, ela apresentará solicitação de atendi-
mento domiciliar ou fará representar-se por procu-
Francisco
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a pri- Christian
rador constituído para essa finalidade.
vacidade e as liberdades fundamentais christianpet2002@gmail.com
da pessoa
com deficiência e os princípios éticos que regem a Parágrafo único. É assegurado à pessoa com
077.967.703-08
deficiência atendimento domiciliar pela perícia mé-
utilização de informações, devem ser observadas
as salvaguardas estabelecidas em lei. dica e social do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), pelo serviço público de saúde ou pelo ser-
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente viço privado de saúde, contratado ou conveniado,
poderão ser utilizados para as seguintes finalida- que integre o SUS e pelas entidades da rede soci-
des: oassistencial integrantes do Suas, quando seu des-
I - formulação, gestão, monitoramento e avali- locamento, em razão de sua limitação funcional e
ação das políticas públicas para a pessoa com de- de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
ficiência e para identificar as barreiras que impe- desproporcional e indevido.
dem a realização de seus direitos; Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em
II - realização de estudos e pesquisas. cada esfera de governo, a elaboração de relatórios
§ 6º As informações a que se refere este artigo circunstanciados sobre o cumprimento dos prazos
devem ser disseminadas em formatos acessíveis. estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de
novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezem-
Art. 93. Na realização de inspeções e de au- bro de 2000 , bem como o seu encaminhamento ao
ditorias pelos órgãos de controle interno e externo, Ministério Público e aos órgãos de regulação para
deve ser observado o cumprimento da legislação adoção das providências cabíveis.
relativa à pessoa com deficiência e das normas de
Parágrafo único. Os relatórios a que se refere
acessibilidade vigentes.
o caput deste artigo deverão ser apresentados no
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos prazo de 1 (um) ano a contar da entrada em vigor
termos da lei, a pessoa com deficiência moderada desta Lei.
ou grave que: Art. 121. Os direitos, os prazos e as obriga-
ções previstos nesta Lei não excluem os já estabe-
lecidos em outras legislações, inclusive em pactos,

238
tratados, convenções e declarações internacionais Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decor-
aprovados e promulgados pelo Congresso Nacio- ridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação
nal, e devem ser aplicados em conformidade com oficial .
as demais normas internas e acordos internacio-
nais vinculantes sobre a matéria. Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Indepen-
dência e 127º da República.
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais be-
néfica à pessoa com deficiência.
Art. 122. Regulamento disporá sobre a ade-
quação do disposto nesta Lei ao tratamento dife-
renciado, simplificado e favorecido a ser dispen-
sado às microempresas e às empresas de pequeno
porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei Complemen-
tar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 .
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositi-
Art. 1º Constitui crime de tortura:
vos: (Vigência)
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº 9.008, I - constranger alguém com emprego de violên-
de 21 de março de 1995 ; cia ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento fí-
sico ou mental:
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); a) com o fim de obter informação, declaração
ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); b) para provocar ação ou omissão de natureza
criminosa;
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº Francisco
10.406, de Christian
10 de janeiro de 2002 (Código Civil); c) em razão de discriminação racial ou religi-
christianpet2002@gmail.com
osa;
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 077.967.703-08
10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); II - submeter alguém, sob sua guarda, poder
ou autoridade, com emprego de violência ou grave
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de de caráter preventivo.
10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá § 1º Na mesma pena incorre quem submete
entrar em vigor em até 2 (dois) anos, contados da pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
entrada em vigor desta Lei. sofrimento físico ou mental, por intermédio da prá-
tica de ato não previsto em lei ou não resultante de
Art. 125. Devem ser observados os prazos a
medida legal.
seguir discriminados, a partir da entrada em vigor
desta Lei, para o cumprimento dos seguintes dis- § 2º Aquele que se omite em face dessas con-
positivos: dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-
las, incorre na pena de detenção de um a quatro
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta
anos.
e oito) meses;
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) me-
grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de qua-
ses; (Redação dada pela Lei nº 14.159, de 2021)
tro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; oito a dezesseis anos.
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um
terço:
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de
2021 a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro I - se o crime é cometido por agente público;
de 1995 .

239
II – se o crime é cometido contra criança, ges- III – cadastrar as autorizações de porte de
tante, portador de deficiência, adolescente ou arma de fogo e as renovações expedidas pela Po-
maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela lícia Federal;
Lei nº 10.741, de 2003) IV – cadastrar as transferências de proprie-
III - se o crime é cometido mediante sequestro. dade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências
§ 5º A condenação acarretará a perda do suscetíveis de alterar os dados cadastrais, inclu-
cargo, função ou emprego público e a interdição sive as decorrentes de fechamento de empresas de
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena segurança privada e de transporte de valores;
aplicada. V – identificar as modificações que alterem as
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insus- características ou o funcionamento de arma de
cetível de graça ou anistia. fogo;

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, VI – integrar no cadastro os acervos policiais já
salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da existentes;
pena em regime fechado. VII – cadastrar as apreensões de armas de
fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos poli-
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda
ciais e judiciais;
quando o crime não tenha sido cometido em terri-
tório nacional, sendo a vítima brasileira ou encon- VIII – cadastrar os armeiros em atividade no
trando-se o agente em local sob jurisdição brasi- País, bem como conceder licença para exercer a
leira. atividade;

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua IX – cadastrar mediante registro os produtores,
atacadistas, varejistas, exportadores e importado-
publicação.
res autorizados de armas de fogo, acessórios e mu-
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nºFrancisco
8.069, Christian
nições;
de 13 de julho de 1990 - Estatuto dachristianpet2002@gmail.com
Criança e do X – cadastrar a identificação do cano da arma,
Adolescente. 077.967.703-08
as características das impressões de raiamento e
de microestriamento de projétil disparado, con-
forme marcação e testes obrigatoriamente realiza-
dos pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pú-
blica dos Estados e do Distrito Federal os registros
e autorizações de porte de armas de fogo nos res-
pectivos territórios, bem como manter o cadastro
atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo
CAPÍTULO I não alcançam as armas de fogo das Forças Arma-
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS das e Auxiliares, bem como as demais que cons-
tem dos seus registros próprios.

Art. 1. O Sistema Nacional de Armas – Si-


narm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito CAPÍTULO II
da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o ter- DO REGISTRO
ritório nacional.
Art. 2. Ao Sinarm compete: Art. 3. É obrigatório o registro de arma de
I – identificar as características e a propriedade fogo no órgão competente.
de armas de fogo, mediante cadastro; Parágrafo único. As armas de fogo de uso res-
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, im- trito serão registradas no Comando do Exército, na
portadas e vendidas no País; forma do regulamento desta Lei.

240
Art. 4. Para adquirir arma de fogo de uso per- do regulamento, o interessado em adquirir arma de
mitido o interessado deverá, além de declarar a fogo de uso permitido que comprove estar autori-
efetiva necessidade, atender aos seguintes requi- zado a portar arma com as mesmas características
sitos: daquela a ser adquirida.
I - comprovação de idoneidade, com a apre- Art. 5. O certificado de Registro de Arma de
sentação de certidões negativas de antecedentes Fogo, com validade em todo o território nacional,
criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo
Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a in- exclusivamente no interior de sua residência ou do-
quérito policial ou a processo criminal, que poderão micílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu
ser fornecidas por meios eletrônicos; local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o
II – apresentação de documento comprobató- responsável legal pelo estabelecimento ou em-
rio de ocupação lícita e de residência certa; presa.

III – comprovação de capacidade técnica e de § 1o O certificado de registro de arma de fogo


aptidão psicológica para o manuseio de arma de será expedido pela Polícia Federal e será prece-
fogo, atestadas na forma disposta no regulamento dido de autorização do Sinarm.
desta Lei. § 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra e III do art. 4o deverão ser comprovados periodica-
de arma de fogo após atendidos os requisitos ante- mente, em período não inferior a 3 (três) anos, na
riormente estabelecidos, em nome do requerente e conformidade do estabelecido no regulamento
para a arma indicada, sendo intransferível esta au- desta Lei, para a renovação do Certificado de Re-
torização. gistro de Arma de Fogo.

§ 2o A aquisição de munição somente poderá § 3o O proprietário de arma de fogo com certi-


ser feita no calibre correspondente à arma ficados de registro de propriedade expedido por ór-
regis- Christian
Francisco gão estadual ou do Distrito Federal até a data da
trada e na quantidade estabelecidachristianpet2002@gmail.com
no regulamento
desta Lei. publicação desta Lei que não optar pela entrega es-
077.967.703-08
pontânea prevista no art. 32 desta Lei deverá re-
§ 3o A empresa que comercializar arma de nová-lo mediante o pertinente registro federal, até
fogo em território nacional é obrigada a comunicar o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresenta-
a venda à autoridade competente, como também a ção de documento de identificação pessoal e com-
manter banco de dados com todas as característi- provante de residência fixa, ficando dispensado do
cas da arma e cópia dos documentos previstos pagamento de taxas e do cumprimento das demais
neste artigo. exigências constantes dos incisos I a III do ca-
o
§ 4 A empresa que comercializa armas de put do art. 4o desta Lei.
fogo, acessórios e munições responde legalmente § 4o Para fins do cumprimento do disposto no
por essas mercadorias, ficando registradas como o
§ 3 deste artigo, o proprietário de arma de fogo po-
de sua propriedade enquanto não forem vendidas. derá obter, no Departamento de Polícia Federal,
o
§ 5 A comercialização de armas de fogo, certificado de registro provisório, expedido na rede
acessórios e munições entre pessoas físicas so- mundial de computadores - internet, na forma do
mente será efetivada mediante autorização do Si- regulamento e obedecidos os procedimentos a se-
narm. guir:
§ 6o A expedição da autorização a que se re- I - emissão de certificado de registro provisório
fere o § 1o será concedida, ou recusada com a de- pela internet, com validade inicial de 90 (noventa)
vida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias dias; e
úteis, a contar da data do requerimento do interes- II - revalidação pela unidade do Departamento
sado. de Polícia Federal do certificado de registro provi-
§ 7o O registro precário a que se refere o § sório pelo prazo que estimar como necessário para
o
4 prescinde do cumprimento dos requisitos dos in- a emissão definitiva do certificado de registro de
cisos I, II e III deste artigo. propriedade.
§ 8o Estará dispensado das exigências cons-
tantes do inciso III do caput deste artigo, na forma

241
§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos
do disposto no caput deste artigo, considera-se re- no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios
sidência ou domicílio toda a extensão do respectivo Públicos da União e dos Estados, para uso exclu-
imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 2019) sivo de servidores de seus quadros pessoais que
efetivamente estejam no exercício de funções de
segurança, na forma de regulamento a ser emitido
CAPÍTULO III
pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo
DO PORTE Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP.
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III,
Art. 6. É proibido o porte de arma de fogo em V e VI do caput deste artigo terão direito de portar
todo o território nacional, salvo para os casos pre- arma de fogo de propriedade particular ou forne-
vistos em legislação própria e para: cida pela respectiva corporação ou instituição,
mesmo fora de serviço, nos termos do regulamento
I – os integrantes das Forças Armadas;
desta Lei, com validade em âmbito nacional para
II – os integrantes de órgãos referidos nos inci- aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI.
sos I, II, III, IV e V do caput do art. 144 da Consti-
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de
tuição Federal e os da Força Nacional de Segu-
agentes e guardas prisionais poderão portar arma
rança Pública (FNSP);
de fogo de propriedade particular ou fornecida pela
III – os integrantes das guardas municipais das respectiva corporação ou instituição, mesmo fora
capitais dos Estados e dos Municípios com mais de de serviço, desde que estejam:
500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições
I - submetidos a regime de dedicação exclu-
estabelecidas no regulamento desta Lei;
siva;
IV - os integrantes das guardas municipais dos
II - sujeitos à formação funcional, nos termos
Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e
Francisco Christian
do regulamento; e
menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
quando em serviço;
christianpet2002@gmail.com
III - subordinados a mecanismos de fiscaliza-
077.967.703-08
ção e de controle interno.
V – os agentes operacionais da Agência Brasi-
leira de Inteligência e os agentes do Departamento § 1º-C. (VETADO).
de Segurança do Gabinete de Segurança Instituci- § 2o A autorização para o porte de arma de
onal da Presidência da República; (Vide Decreto nº fogo aos integrantes das instituições descritas nos
9.685, de 2019) incisos V, VI, VII e X do caput deste artigo está con-
VI – os integrantes dos órgãos policiais referi- dicionada à comprovação do requisito a que se re-
dos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição fere o inciso III do caput do art. 4o desta Lei nas
Federal; condições estabelecidas no regulamento desta Lei.
VII – os integrantes do quadro efetivo dos § 3o A autorização para o porte de arma de
agentes e guardas prisionais, os integrantes das fogo das guardas municipais está condicionada à
escoltas de presos e as guardas portuárias; formação funcional de seus integrantes em estabe-
lecimentos de ensino de atividade policial, à exis-
VIII – as empresas de segurança privada e de
tência de mecanismos de fiscalização e de controle
transporte de valores constituídas, nos termos
interno, nas condições estabelecidas no regula-
desta Lei;
mento desta Lei, observada a supervisão do Minis-
IX – para os integrantes das entidades de des- tério da Justiça.
porto legalmente constituídas, cujas atividades es-
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das
portivas demandem o uso de armas de fogo, na
polícias federais e estaduais e do Distrito Federal,
forma do regulamento desta Lei, observando-se, no
bem como os militares dos Estados e do Distrito
que couber, a legislação ambiental.
Federal, ao exercerem o direito descrito no art. 4o,
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da ficam dispensados do cumprimento do disposto
Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na forma do
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tribu- regulamento desta Lei.
tário.

242
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores probatória do preenchimento dos requisitos cons-
de 25 (vinte e cinco) anos que comprovem depen- tantes do art. 4o desta Lei quanto aos empregados
der do emprego de arma de fogo para prover sua que portarão arma de fogo.
subsistência alimentar familiar será concedido pela § 3o A listagem dos empregados das empresas
Polícia Federal o porte de arma de fogo, na catego- referidas neste artigo deverá ser atualizada semes-
ria caçador para subsistência, de uma arma de uso tralmente junto ao Sinarm.
permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2 (dois)
canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a Art. 7-A. As armas de fogo utilizadas pelos
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove servidores das instituições descritas no inciso XI do
a efetiva necessidade em requerimento ao qual de- art. 6o serão de propriedade, responsabilidade e
verão ser anexados os seguintes documentos: guarda das respectivas instituições, somente po-
I - documento de identificação pessoal; dendo ser utilizadas quando em serviço, devendo
estas observar as condições de uso e de armaze-
II - comprovante de residência em área rural; e nagem estabelecidas pelo órgão competente,
III - atestado de bons antecedentes. sendo o certificado de registro e a autorização de
porte expedidos pela Polícia Federal em nome da
§ 6o O caçador para subsistência que der ou-
instituição.
tro uso à sua arma de fogo, independentemente de
outras tipificações penais, responderá, conforme o § 1o A autorização para o porte de arma de
caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de que trata este artigo independe do paga-
fogo de uso permitido. mento de taxa.
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Mi-
dos Municípios que integram regiões metropolita- nistério Público designará os servidores de seus
nas será autorizado porte de arma de fogo, quando quadros pessoais no exercício de funções de segu-
em serviço. rança que poderão portar arma de fogo, respeitado
Francisco Christian
o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do
Art. 7. As armas de fogo utilizadas pelos pro-
christianpet2002@gmail.com
número de servidores que exerçam funções de se-
fissionais de segurança privada dos prestadores de
077.967.703-08
gurança.
serviços de segurança privada e das empresas e
dos condomínios edilícios possuidores de serviços § 3o O porte de arma pelos servidores das ins-
orgânicos de segurança privada, constituídas na tituições de que trata este artigo fica condicionado
forma da lei, serão de propriedade, responsabili- à apresentação de documentação comprobatória
dade e guarda das respectivas empresas, somente do preenchimento dos requisitos constantes do art.
podendo ser utilizadas quando em serviço, de- 4o desta Lei, bem como à formação funcional em
vendo essas observarem as condições de uso e de estabelecimentos de ensino de atividade policial e
armazenagem estabelecidas pelo órgão compe- à existência de mecanismos de fiscalização e de
tente, sendo o certificado de registro e a autoriza- controle interno, nas condições estabelecidas no
ção de porte expedidos pela Polícia Federal em regulamento desta Lei.
nome da empresa. (Redação dada pela Lei nº § 4o A listagem dos servidores das instituições
14.967, de 2024) de que trata este artigo deverá ser atualizada se-
§ 1o O proprietário ou diretor responsável de mestralmente no Sinarm.
empresa de segurança privada e de transporte de § 5o As instituições de que trata este artigo são
valores responderá pelo crime previsto no pará- obrigadas a registrar ocorrência policial e a comu-
grafo único do art. 13 desta Lei, sem prejuízo das nicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo
demais sanções administrativas e civis, se deixar ou outras formas de extravio de armas de fogo,
de registrar ocorrência policial e de comunicar à acessórios e munições que estejam sob sua
Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas de-
de extravio de armas de fogo, acessórios e muni- pois de ocorrido o fato.
ções que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
Art. 8. As armas de fogo utilizadas em entida-
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
des desportivas legalmente constituídas devem
§ 2o A empresa de segurança e de transporte obedecer às condições de uso e de armazenagem
de valores deverá apresentar documentação com-

243
estabelecidas pelo órgão competente, respon- § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao
dendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma custeio e à manutenção das atividades do Sinarm,
pela sua guarda na forma do regulamento desta da Polícia Federal e do Comando do Exército, no
Lei. âmbito de suas respectivas responsabilidades.
Art. 9. Compete ao Ministério da Justiça a au- § 2o São isentas do pagamento das taxas pre-
torização do porte de arma para os responsáveis vistas neste artigo as pessoas e as instituições a
pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita que se referem os incisos I a VII e X e o § 5o do art.
ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, 6o desta Lei.
nos termos do regulamento desta Lei, o registro e Art. 11-A. O Ministério da Justiça discipli-
a concessão de porte de trânsito de arma de fogo nará a forma e as condições do credenciamento de
para colecionadores, atiradores e caçadores e de profissionais pela Polícia Federal para comprova-
representantes estrangeiros em competição inter- ção da aptidão psicológica e da capacidade técnica
nacional oficial de tiro realizada no território nacio- para o manuseio de arma de fogo.
nal.
§ 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o
Art. 10. A autorização para o porte de arma valor cobrado pelo psicólogo não poderá exceder
de fogo de uso permitido, em todo o território naci- ao valor médio dos honorários profissionais para
onal, é de competência da Polícia Federal e so- realização de avaliação psicológica constante do
mente será concedida após autorização do Sinarm. item 1.16 da tabela do Conselho Federal de Psico-
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá logia.
ser concedida com eficácia temporária e territorial § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o
limitada, nos termos de atos regulamentares, e de- valor cobrado pelo instrutor de armamento e tiro
penderá de o requerente: não poderá exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acres-
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por cido do custo da munição.
Francisco Christian
exercício de atividade profissional de risco ou de § 3o A cobrança de valores superiores aos pre-
ameaça à sua integridade física;
christianpet2002@gmail.com
vistos nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o des-
077.967.703-08
credenciamento do profissional pela Polícia Fede-
II – atender às exigências previstas no art.
o
4 desta Lei; ral.
III – apresentar documentação de propriedade
de arma de fogo, bem como o seu devido registro CAPÍTULO IV
no órgão competente. DOS CRIMES E DAS PENAS
o
§ 2 A autorização de porte de arma de fogo,
prevista neste artigo, perderá automaticamente sua Posse irregular de arma de fogo de uso per-
eficácia caso o portador dela seja detido ou abor- mitido
dado em estado de embriaguez ou sob efeito de
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda
substâncias químicas ou alucinógenas.
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permi-
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, tido, em desacordo com determinação legal ou re-
nos valores constantes do Anexo desta Lei, pela gulamentar, no interior de sua residência ou depen-
prestação de serviços relativos: dência desta, ou, ainda no seu local de trabalho,
I – ao registro de arma de fogo; desde que seja o titular ou o responsável legal do
estabelecimento ou empresa:
II – à renovação de registro de arma de fogo;
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
III – à expedição de segunda via de registro de multa.
arma de fogo;
Omissão de cautela
IV – à expedição de porte federal de arma de
fogo; Art. 13. Deixar de observar as cautelas ne-
cessárias para impedir que menor de 18 (dezoito)
V – à renovação de porte de arma de fogo;
anos ou pessoa portadora de deficiência mental se
VI – à expedição de segunda via de porte fe- apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
deral de arma de fogo. ou que seja de sua propriedade:

244
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
anos, e multa. e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas in- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo
correm o proprietário ou diretor responsável de em- é inafiançável.
presa de segurança e transporte de valores que - Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo
deixarem de registrar ocorrência policial e de comu- 465 STF
nicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou Posse ou porte ilegal de arma de fogo de
munição que estejam sob sua guarda, nas primei- uso restrito
ras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, forne-
fato. cer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
Porte ilegal de arma de fogo de uso permi- ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, em-
tido pregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de
fogo, acessório ou munição de uso restrito, sem au-
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, rece- torização e em desacordo com determinação legal
ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, 13.964, de 2019)
manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, aces-
sório ou munição, de uso permitido, sem autoriza- Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
ção e em desacordo com determinação legal ou re- multa.
gulamentar: §1º Nas mesmas penas incorre quem: (Reda-
Para os Tribunais Superiores, o crime de porte de arma de ção dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
fogo consuma-se independentemente de estar a arma mu- I – suprimir ou alterar marca, numeração ou
niciada. Porém, segundo o STJ, se o laudo pericial reco-
qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou
nhecer a ineficácia total da arma de fogo e dasFrancisco
munições, Christian
a conduta será atípica. artefato;
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II – modificar as características de arma de
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
077.967.703-08
anos,
fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de
e multa.
fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de difi-
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo cultar ou de qualquer modo induzir a erro autori-
é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver dade policial, perito ou juiz;
registrada em nome do agente.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar ar-
- Declarado INCOSTITUCIONAL. tefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou
ADI 3112 – Informativo 465 do STF Relativamente aos em desacordo com determinação legal ou regula-
parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei 10.826/2003, mentar;
que proíbem o estabelecimento de fiança, respectiva-
mente, para os crimes de porte ilegal de arma de fogo de IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou for-
uso permitido e de disparo de arma de fogo, considerou-se necer arma de fogo com numeração, marca ou
desarrazoada a vedação, ao fundamento de que tais deli- qualquer outro sinal de identificação raspado, su-
tos não poderiam ser equiparados a terrorismo, prática de primido ou adulterado;
tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos
(CF, art. 5º, XLIII). Asseverou-se, ademais, cuidar-se, na V – vender, entregar ou fornecer, ainda que
verdade, de crimes de mera conduta que, embora impli- gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição
quem redução no nível de segurança coletiva, não podem ou explosivo a criança ou adolescente; e
ser igualados aos crimes que acarretam lesão ou ameaça
de lesão à vida ou à propriedade. VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem auto-
rização legal, ou adulterar, de qualquer forma, mu-
Disparo de arma de fogo nição ou explosivo.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar mu- § 2º Se as condutas descritas no caput e no §
nição em lugar habitado ou em suas adjacências, 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
em via pública ou em direção a ela, desde que essa proibido, a pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12
conduta não tenha como finalidade a prática de ou- (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
tro crime:

245
Comércio ilegal de arma de fogo Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15,
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade
conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, mon- se: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
tar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou I - forem praticados por integrante dos órgãos
de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei;
alheio, no exercício de atividade comercial ou in- ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
dustrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem II - o agente for reincidente específico em cri-
autorização ou em desacordo com determinação mes dessa natureza. (Incluído pela Lei nº 13.964,
legal ou regulamentar: de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17
e multa.(Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019) e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória.
- Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112-1 STF inafian-
Parágrafo único. Equipara-se à atividade co- çável.
mercial ou industrial, para efeito deste artigo, qual-
quer forma de prestação de serviços, fabricação ou
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exer- CAPÍTULO V
cido em residência. DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou in-
dustrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
Art. 22. O Ministério da Justiça poderá cele-
prestação de serviços, fabricação ou comércio irre-
gular ou clandestino, inclusive o exercido em resi- brar convênios com os Estados e o Distrito Federal
dência.(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) para o cumprimento do disposto nesta Lei.

§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou Art. 23. A classificação legal, técnica e geral
Francisco Christian
entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem bem como a definição das armas de fogo e demais
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produtos controlados, de usos proibidos, restritos,
autorização ou em desacordo com a determinação
077.967.703-08
legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão
quando presentes elementos probatórios razoáveis disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo
de conduta criminal preexistente. (Incluído pela Lei Federal, mediante proposta do Comando do Exér-
nº 13.964, de 2019) cito.
Tráfico internacional de arma de fogo § 1o Todas as munições comercializadas no
País deverão estar acondicionadas em embala-
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a en- gens com sistema de código de barras, gravado na
trada ou saída do território nacional, a qualquer tí- caixa, visando possibilitar a identificação do fabri-
tulo, de arma de fogo, acessório ou munição, sem cante e do adquirente, entre outras informações de-
autorização da autoridade competente: finidas pelo regulamento desta Lei.
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) § 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, so-
anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº mente serão expedidas autorizações de compra de
13.964, de 2019) munição com identificação do lote e do adquirente
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem no culote dos projéteis, na forma do regulamento
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou mu- desta Lei.
nição, em operação de importação, sem autoriza- § 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1
ção da autoridade competente, a agente policial (um) ano da data de publicação desta Lei conterão
disfarçado, quando presentes elementos probató- dispositivo intrínseco de segurança e de identifica-
rios razoáveis de conduta criminal preexis- ção, gravado no corpo da arma, definido pelo regu-
tente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) lamento desta Lei, exclusive para os órgãos previs-
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e tos no art. 6o.
18, a pena é aumentada da metade se a arma de § 4º As instituições de ensino policial, as guar-
fogo, acessório ou munição forem de uso proibido das municipais referidas no inciso III do caput do
ou restrito. art. 6º e no seu § 7º e as escolas de formação de

246
profissionais de segurança privada poderão adqui- § 3o O transporte das armas de fogo doadas
rir insumos e máquinas de recarga de munição será de responsabilidade da instituição benefici-
para o fim exclusivo de suprimento de suas ativida- ada, que procederá ao seu cadastramento no Si-
des, mediante autorização concedida nos termos narm ou no Sigma.
do regulamento. (Redação dada pela Lei nº § 4o (VETADO)
14.967, de 2024)
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se para o encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma,
refere o art. 2º desta Lei, compete ao Comando do conforme se trate de arma de uso permitido ou de
Exército autorizar e fiscalizar a produção, exporta- uso restrito, semestralmente, da relação de armas
ção, importação, desembaraço alfandegário e o co- acauteladas em juízo, mencionando suas caracte-
mércio de armas de fogo e demais produtos con- rísticas e o local onde se encontram.
trolados, inclusive o registro e o porte de trânsito de
arma de fogo de colecionadores, atiradores e caça- Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda,
dores. a comercialização e a importação de brinquedos,
réplicas e simulacros de armas de fogo, que com
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após estas se possam confundir.
a elaboração do laudo pericial e sua juntada aos
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as
autos, quando não mais interessarem à persecu-
réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
ção penal serão encaminhadas pelo juiz compe-
adestramento, ou à coleção de usuário autorizado,
tente ao Comando do Exército, no prazo de até 48
nas condições fixadas pelo Comando do Exército.
(quarenta e oito) horas, para destruição ou doação
aos órgãos de segurança pública ou às Forças Ar- Art. 27. Caberá ao Comando do Exército au-
madas, na forma do regulamento desta Lei. (Reda- torizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de
ção dada pela Lei nº 13.886, de 2019) fogo de uso restrito.
§ 1o As armas de fogo encaminhadas Francisco
ao Co- ChristianParágrafo único. O disposto neste artigo não
mando do Exército que receberemchristianpet2002@gmail.com
parecer favorá- se aplica às aquisições dos Comandos Militares.
vel à doação, obedecidos o padrão e a dotação077.967.703-08
de
cada Força Armada ou órgão de segurança pú- Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e
blica, atendidos os critérios de prioridade estabele- cinco) anos adquirir arma de fogo, ressalvados os
cidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Co- integrantes das entidades constantes dos incisos I,
mando do Exército, serão arroladas em relatório re- II, III, V, VI, VII e X do caput do art. 6o desta Lei.
servado trimestral a ser encaminhado àquelas ins- Art. 29. As autorizações de porte de armas
tituições, abrindo-se lhes prazo para manifestação de fogo já concedidas expirar-se-ão 90 (noventa)
de interesse. dias após a publicação desta Lei.
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreen- Parágrafo único. O detentor de autorização
didas em decorrência do tráfico de drogas de com prazo de validade superior a 90 (noventa) dias
abuso, ou de qualquer forma utilizadas em ativida- poderá renová-la, perante a Polícia Federal, nas
des ilícitas de produção ou comercialização de dro- condições dos arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo
gas abusivas, ou, ainda, que tenham sido adquiri- de 90 (noventa) dias após sua publicação, sem
das com recursos provenientes do tráfico de drogas ônus para o requerente.
de abuso, perdidas em favor da União e encami-
nhadas para o Comando do Exército, devem ser, Art. 30. Os possuidores e proprietários de
após perícia ou vistoria que atestem seu bom es- arma de fogo de uso permitido ainda não registrada
tado, destinadas com prioridade para os órgãos de deverão solicitar seu registro até o dia 31 de de-
segurança pública e do sistema penitenciário da zembro de 2008, mediante apresentação de docu-
unidade da federação responsável pela apreen- mento de identificação pessoal e comprovante de
são. (Incluído pela Lei nº 13.886, de 2019) residência fixa, acompanhados de nota fiscal de
compra ou comprovação da origem lícita da posse,
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a re-
pelos meios de prova admitidos em direito, ou de-
lação das armas a serem doadas ao juiz compe-
claração firmada na qual constem as característi-
tente, que determinará o seu perdimento em favor
cas da arma e a sua condição de proprietário, fi-
da instituição beneficiada.
cando este dispensado do pagamento de taxas e

247
do cumprimento das demais exigências constantes § 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem
dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. como objetivo cadastrar armas de fogo e armaze-
Parágrafo único. Para fins do cumprimento do nar características de classe e individualizadoras
disposto no caput deste artigo, o proprietário de de projéteis e de estojos de munição deflagrados
arma de fogo poderá obter, no Departamento de por arma de fogo.
Polícia Federal, certificado de registro provisório, § 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
expedido na forma do § 4o do art. 5o desta Lei. constituído pelos registros de elementos de muni-
ção deflagrados por armas de fogo relacionados a
Art. 31. Os possuidores e proprietários de ar-
crimes, para subsidiar ações destinadas às apura-
mas de fogo adquiridas regularmente poderão, a ções criminais federais, estaduais e distritais.
qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, me-
diante recibo e indenização, nos termos do regula- § 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
mento desta Lei. gerido pela unidade oficial de perícia criminal.

Art. 32. Os possuidores e proprietários de § 4º Os dados constantes do Banco Nacional


de Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele
arma de fogo poderão entregá-la, espontanea-
que permitir ou promover sua utilização para fins
mente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-
diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão ju-
fé, serão indenizados, na forma do regulamento, fi-
dicial responderá civil, penal e administrativa-
cando extinta a punibilidade de eventual posse ir-
mente.
regular da referida arma.
§ 5º É vedada a comercialização, total ou par-
Art. 33. Será aplicada multa de R$ cial, da base de dados do Banco Nacional de Perfis
100.000,00 (cem mil reais) a R$ 300.000,00 (tre- Balísticos.
zentos mil reais), conforme especificar o regula-
mento desta Lei: § 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
Nacional de Perfis Balísticos serão regulamenta-
Francisco Christian
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, dos em ato do Poder Executivo federal.
christianpet2002@gmail.com
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que delibe-
radamente, por qualquer meio, faça, promova,077.967.703-08
faci-
lite ou permita o transporte de arma ou munição CAPÍTULO VI
sem a devida autorização ou com inobservância DISPOSIÇÕES FINAIS
das normas de segurança;
II – à empresa de produção ou comércio de ar-
mamentos que realize publicidade para venda, es- Art. 35. É proibida a comercialização de arma
timulando o uso indiscriminado de armas de fogo, de fogo e munição em todo o território nacional,
exceto nas publicações especializadas. salvo para as entidades previstas no art. 6o desta
Lei.
Art. 34. Os promotores de eventos em locais
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, de-
fechados, com aglomeração superior a 1000 (um
penderá de aprovação mediante referendo popular,
mil) pessoas, adotarão, sob pena de responsabili-
a ser realizado em outubro de 2005.
dade, as providências necessárias para evitar o in-
gresso de pessoas armadas, ressalvados os even- § 2o Em caso de aprovação do referendo po-
tos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da Constitui- pular, o disposto neste artigo entrará em vigor na
ção Federal. data de publicação de seu resultado pelo Tribunal
Superior Eleitoral.
Parágrafo único. As empresas responsáveis
pela prestação dos serviços de transporte interna- Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de
cional e interestadual de passageiros adotarão as fevereiro de 1997.
providências necessárias para evitar o embarque
de passageiros armados. Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de
sua publicação.
Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o da In-
registros balísticos serão armazenados no Banco
dependência e 115o da República.
Nacional de Perfis Balísticos.

248
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede
ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de
infração penal que envolva organização criminosa.
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se
na atuação da organização criminosa houver em-
prego de arma de fogo.
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o
Art. 1º Esta Lei define organização criminosa comando, individual ou coletivo, da organização cri-
e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de minosa, ainda que não pratique pessoalmente atos
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o de execução.
procedimento criminal a ser aplicado.
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a
§ 1º Considera-se organização criminosa a as- 2/3 (dois terços):
sociação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
I - se há participação de criança ou adoles-
mente ordenada e caracterizada pela divisão de ta-
cente;
refas, ainda que informalmente, com objetivo de
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qual- II - se há concurso de funcionário público, va-
quer natureza, mediante a prática de infrações pe- lendo-se a organização criminosa dessa condição
nais cujas penas máximas sejam superiores a 4 para a prática de infração penal;
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacio- III - se o produto ou proveito da infração penal
nal. destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
§ 2º Esta Lei se aplica também: IV - se a organização criminosa mantém cone-
I - Às infrações penais previstas em tratado ou xão com outras organizações criminosas indepen-
convenção internacional quando, iniciada a execu- dentes;
ção no País, o resultado tenha ou devesseFrancisco
ter ocor- Christian
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem
christianpet2002@gmail.com
rido no estrangeiro, ou reciprocamente; a transnacionalidade da organização.
077.967.703-08
II - às organizações terroristas, entendidas § 5º Se houver indícios suficientes de que o
como aquelas voltadas para a prática dos atos de funcionário público integra organização criminosa,
terrorismo legalmente definidos poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar
Deve-se atentar para a diferença entre a Orga- do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da re-
nização Criminosa e a Associação Criminosa (Pre- muneração, quando a medida se fizer necessária à
vista no art. 288 do Código Penal). A associação investigação ou instrução processual.
Criminosa é composta por 3 (três) ou mais pes- § 6º A condenação com trânsito em julgado
soas, com o fim específico de cometer crimes. A acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
organização criminosa, por sua vez, exige a partici- função, emprego ou mandato eletivo e a interdição
pação de 4 (quatro) ou mais pessoas, além das se- para o exercício de função ou cargo público pelo
guintes características: ordenamento estrutural, di- prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumpri-
visão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou mento da pena.
indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas § 7º Se houver indícios de participação de po-
máximas sejam superiores a 4 anos ou possuam licial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedo-
caráter transnacional. ria de Polícia instaurará inquérito policial e comuni-
cará ao Ministério Público, que designará membro
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou inte- para acompanhar o feito até a sua conclusão.
grar, pessoalmente ou por interposta pessoa, orga-
§ 8º As lideranças de organizações criminosas
nização criminosa:
armadas ou que tenham armas à disposição deve-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e rão iniciar o cumprimento da pena em estabeleci-
multa, sem prejuízo das penas correspondentes às mentos penais de segurança máxima.
demais infrações penais praticadas.
§ 9º O condenado expressamente em sen-
tença por integrar organização criminosa ou por
crime praticado por meio de organização criminosa

249
não poderá progredir de regime de cumprimento de SEÇÃO I
pena ou obter livramento condicional ou outros be- DA COLABORAÇÃO PREMIADA
nefícios prisionais se houver elementos probatórios
que indiquem a manutenção do vínculo associativo.
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada
é negócio jurídico processual e meio de obtenção
CAPÍTULO II
de prova, que pressupõe utilidade e interesse pú-
blicos.
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para
OBTENÇÃO DA PROVA
formalização de acordo de colaboração demarca o
início das negociações e constitui também marco
Art. 3º Em qualquer fase da persecução pe- de confidencialidade, configurando violação de si-
nal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já gilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação
previstos em lei, os seguintes meios de obtenção de tais tratativas iniciais ou de documento que as
da prova: formalize, até o levantamento de sigilo por decisão
judicial.
I - colaboração premiada;
§ 1º A proposta de acordo de colaboração pre-
II - captação ambiental de sinais eletromagné- miada poderá ser sumariamente indeferida, com a
ticos, ópticos ou acústicos; devida justificativa, cientificando-se o interes-
III - ação controlada; sado.
IV - acesso a registros de ligações telefônicas § 2º Caso não haja indeferimento sumário, as
e telemáticas, a dados cadastrais constantes de partes deverão firmar Termo de Confidencialidade
bancos de dados públicos ou privados e a informa- para prosseguimento das tratativas, o que vinculará
ções eleitorais ou comerciais; Francisco Christian
os órgãos envolvidos na negociação e impedirá o
V - interceptação de comunicaçõeschristianpet2002@gmail.com
telefônicas indeferimento posterior sem justa causa.
077.967.703-08
e telemáticas, nos termos da legislação específica; § 3º O recebimento de proposta de colabora-
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancá- ção para análise ou o Termo de Confidencialidade
rio e fiscal, nos termos da legislação específica; não implica, por si só, a suspensão da investiga-
ção, ressalvado acordo em contrário quanto à pro-
VII - infiltração, por policiais, em atividade de positura de medidas processuais penais cautelares
investigação, na forma do art. 11; e assecuratórias, bem como medidas processuais
VIII - cooperação entre instituições e órgãos fe- cíveis admitidas pela legislação processual civil em
derais, distritais, estaduais e municipais na busca vigor.
de provas e informações de interesse da investiga- § 4º O acordo de colaboração premiada po-
ção ou da instrução criminal. derá ser precedido de instrução, quando houver ne-
§ 1º Havendo necessidade justificada de man- cessidade de identificação ou complementação de
ter sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá seu objeto, dos fatos narrados, sua definição jurí-
ser dispensada licitação para contratação de servi- dica, relevância, utilidade e interesse público.
ços técnicos especializados, aquisição ou locação § 5º Os termos de recebimento de proposta de
de equipamentos destinados à polícia judiciária colaboração e de confidencialidade serão elabora-
para o rastreamento e obtenção de provas previs- dos pelo celebrante e assinados por ele, pelo cola-
tas nos incisos II e V borador e pelo advogado ou defensor público com
§ 2º No caso do § 1º , fica dispensada a publi- poderes específicos.
cação de que trata o parágrafo único do art. 61 da § 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo
Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser por iniciativa do celebrante, esse não poderá se va-
comunicado o órgão de controle interno da realiza- ler de nenhuma das informações ou provas apre-
ção da contratação. sentadas pelo colaborador, de boa-fé, para qual-
quer outra finalidade.

250
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premi- § 2º Considerando a relevância da colabora-
ada deve estar instruída com procuração do inte- ção prestada, o Ministério Público, a qualquer
ressado com poderes específicos para iniciar o pro- tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inqué-
cedimento de colaboração e suas tratativas, ou fir- rito policial, com a manifestação do Ministério Pú-
mada pessoalmente pela parte que pretende a co- blico, poderão requerer ou representar ao juiz pela
laboração e seu advogado ou defensor público. concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda
que esse benefício não tenha sido previsto na pro-
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração pre- posta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28
miada deve ser realizada sem a presença de advo- do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
gado constituído ou defensor público. (Código de Processo Penal).
§ 2º Em caso de eventual conflito de interes- § 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou
ses, ou de colaborador hipossuficiente, o cele- o processo, relativos ao colaborador, poderá ser
brante deverá solicitar a presença de outro advo- suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por
gado ou a participação de defensor público. igual período, até que sejam cumpridas as medidas
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o co- de colaboração, suspendendo-se o respectivo
laborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os prazo prescricional.
quais concorreu e que tenham relação direta com § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste ar-
os fatos investigados. tigo, o Ministério Público poderá deixar de oferecer
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de denúncia se a proposta de acordo de colaboração
colaboração e os anexos com os fatos adequada- referir-se a infração de cuja existência não tenha
mente descritos, com todas as suas circunstâncias, prévio conhecimento e o colaborador:
indicando as provas e os elementos de corrobora- I - não for o líder da organização criminosa;
ção.
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração
Art. 4º O juiz poderá, a requerimentoFrancisco
das par- Christian
nos termos deste artigo.
tes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3
christianpet2002@gmail.com
§ 4º-A. Considera-se existente o conhecimento
(dois terços) a pena privativa de liberdade ou subs-
077.967.703-08
prévio da infração quando o Ministério Público ou a
tituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha
autoridade policial competente tenha instaurado in-
colaborado efetiva e voluntariamente com a inves-
quérito ou procedimento investigatório para apura-
tigação e com o processo criminal, desde que
ção dos fatos apresentados pelo colaborador.
dessa colaboração advenha um ou mais dos se-
guintes resultados: § 5º Se a colaboração for posterior à sentença,
a pena poderá ser reduzida até a metade ou será
I - a identificação dos demais coautores e par-
admitida a progressão de regime ainda que ausen-
tícipes da organização criminosa e das infrações
tes os requisitos objetivos.
penais por eles praticadas;
§ 6º O juiz não participará das negociações re-
II - a revelação da estrutura hierárquica e da
alizadas entre as partes para a formalização do
divisão de tarefas da organização criminosa;
acordo de colaboração, que ocorrerá entre o dele-
III - a prevenção de infrações penais decorren- gado de polícia, o investigado e o defensor, com a
tes das atividades da organização criminosa; manifestação do Ministério Público, ou, conforme o
IV - a recuperação total ou parcial do produto caso, entre o Ministério Público e o investigado ou
ou do proveito das infrações penais praticadas pela acusado e seu defensor.
organização criminosa; § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste
V - a localização de eventual vítima com a sua artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o res-
integridade física preservada. pectivo termo, as declarações do colaborador e có-
pia da investigação, devendo o juiz ouvir sigilosa-
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do bene- mente o colaborador, acompanhado de seu defen-
fício levará em conta a personalidade do colabora-
sor, oportunidade em que analisará os seguintes
dor, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a aspectos na homologação:
repercussão social do fato criminoso e a eficácia da
colaboração. I - regularidade e legalidade;

251
II - adequação dos benefícios pactuados àque- § 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial
les previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, ou não denunciado, o colaborador poderá ser ou-
sendo nulas as cláusulas que violem o critério de vido em juízo a requerimento das partes ou por ini-
definição do regime inicial de cumprimento de pena ciativa da autoridade judicial.
do art. 33 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezem- § 13. Sempre que possível, o registro dos atos
bro de 1940 (Código Penal), as regras de cada um de colaboração será feito pelos meios ou recursos
dos regimes previstos no Código Penal e na Lei nº de gravação magnética, estenotipia, digital ou téc-
7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Pe- nica similar, inclusive audiovisual, destinados a ob-
nal) e os requisitos de progressão de regime não ter maior fidelidade das informações.
abrangidos pelo § 5º deste artigo;
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de
III - adequação dos resultados da colaboração colaboração deverá ser feito pelos meios ou recur-
aos resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, sos de gravação magnética, estenotipia, digital ou
III, IV e V do caput deste artigo; técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a
IV - voluntariedade da manifestação de von- obter maior fidelidade das informações, garantindo-
tade, especialmente nos casos em que o colabora- se a disponibilização de cópia do material ao cola-
dor está ou esteve sob efeito de medidas cautela- borador.
res. § 14. Nos depoimentos que prestar, o colabo-
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à aná- rador renunciará, na presença de seu defensor, ao
lise fundamentada do mérito da denúncia, do per- direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso
dão judicial e das primeiras etapas de aplicação da legal de dizer a verdade. (Vide ADI 5567)
pena, nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de § 15. Em todos os atos de negociação, confir-
dezembro de 1940 (Código Penal) e do Decreto- mação e execução da colaboração, o colaborador
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de deverá estar assistido por defensor.
Processo Penal), antes de conceder os benefícios
Francisco Christian
pactuados, exceto quando o acordochristianpet2002@gmail.com
prever o não § 16. Nenhuma das seguintes medidas será
oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º- decretada ou proferida com fundamento apenas
A deste artigo ou já tiver sido proferida sen-
077.967.703-08
nas declarações do colaborador:
tença. I - medidas cautelares reais ou pessoais;
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões II - recebimento de denúncia ou queixa-
de renúncia ao direito de impugnar a decisão ho- crime;
mologatória.
III - sentença condenatória.
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescin-
proposta que não atender aos requisitos legais, de-
dido em caso de omissão dolosa sobre os fatos ob-
volvendo-a às partes para as adequações neces-
jeto da colaboração.
sárias.
§ 18. O acordo de colaboração premiada pres-
§ 9º Depois de homologado o acordo, o cola-
supõe que o colaborador cesse o envolvimento em
borador poderá, sempre acompanhado pelo seu
conduta ilícita relacionada ao objeto da colabora-
defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Pú-
ção, sob pena de rescisão.
blico ou pelo delegado de polícia responsável pelas
investigações. Art. 5º São direitos do colaborador:
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, I - usufruir das medidas de proteção previstas
caso em que as provas auto incriminatórias produ- na legislação específica;
zidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas
II - ter nome, qualificação, imagem e demais
exclusivamente em seu desfavor.
informações pessoais preservados;
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-
III - ser conduzido, em juízo, separadamente
se garantir ao réu delatado a oportunidade de ma-
dos demais coautores e partícipes;
nifestar-se após o decurso do prazo concedido ao
réu que o delatou. IV - participar das audiências sem contato vi-
sual com os outros acusados;
§ 11. A sentença apreciará os termos do
acordo homologado e sua eficácia.

252
V - não ter sua identidade revelada pelos SEÇÃO II
meios de comunicação, nem ser fotografado ou fil- DA AÇÃO CONTROLADA
mado, sem sua prévia autorização por escrito;
VI - cumprir pena em estabelecimento penal di-
verso dos demais corréus ou condenados. Art. 8º Consiste a ação controlada em retar-
dar a intervenção policial ou administrativa relativa
VI - cumprir pena ou prisão cautelar em esta- à ação praticada por organização criminosa ou a
belecimento penal diverso dos demais corréus ou ela vinculada, desde que mantida sob observação
condenados. e acompanhamento para que a medida legal se
Art. 6º O termo de acordo da colaboração concretize no momento mais eficaz à formação de
premiada deverá ser feito por escrito e conter: provas e obtenção de informações.

I - o relato da colaboração e seus possíveis re- § 1º O retardamento da intervenção policial ou


sultados; administrativa será previamente comunicado ao
juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os
II - as condições da proposta do Ministério Pú- seus limites e comunicará ao Ministério Público.
blico ou do delegado de polícia;
§ 2º A comunicação será sigilosamente distri-
III - a declaração de aceitação do colaborador buída de forma a não conter informações que pos-
e de seu defensor; sam indicar a operação a ser efetuada.
IV - as assinaturas do representante do Minis- § 3º Até o encerramento da diligência, o
tério Público ou do delegado de polícia, do colabo- acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério
rador e de seu defensor; Público e ao delegado de polícia, como forma de
V - a especificação das medidas de proteção garantir o êxito das investigações.
ao colaborador e à sua família, quando necessário. § 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á
Francisco Christian
Art. 7º O pedido de homologação do acordo auto circunstanciado acerca da ação controlada.
christianpet2002@gmail.com
será sigilosamente distribuído, contendo apenas in- Art. 9º Se a ação controlada envolver trans-
077.967.703-08
formações que não possam identificar o colabora- posição de fronteiras, o retardamento da interven-
dor e o seu objeto. ção policial ou administrativa somente poderá ocor-
§ 1º As informações pormenorizadas da cola- rer com a cooperação das autoridades dos países
boração serão dirigidas diretamente ao juiz a que que figurem como provável itinerário ou destino do
recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48 investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e
(quarenta e oito) horas. extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito
do crime.
§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz,
ao Ministério Público e ao delegado de polícia,
como forma de garantir o êxito das investigações,
SEÇÃO III
assegurando-se ao defensor, no interesse do re-
presentado, amplo acesso aos elementos de prova DA INFILTRAÇÃO DE AGENTES
que digam respeito ao exercício do direito de de-
fesa, devidamente precedido de autorização judi- Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em
cial, ressalvados os referentes às diligências em tarefas de investigação, representada pelo dele-
andamento. gado de polícia ou requerida pelo Ministério Pú-
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os blico, após manifestação técnica do delegado de
depoimentos do colaborador serão mantidos em si- polícia quando solicitada no curso de inquérito po-
gilo até o recebimento da denúncia ou da queixa- licial, será precedida de circunstanciada, motivada
crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá
publicidade em qualquer hipótese. seus limites.
DELAÇÃO PREMIADA E SIGILO. O sigilo so- § 1º Na hipótese de representação do dele-
bre o conteúdo de colaboração premiada deve per- gado de polícia, o juiz competente, antes de decidir,
durar, no máximo, até o recebimento da denúncia ouvirá o Ministério Público.

253
§ 2º Será admitida a infiltração se houver indí- e vinte) dias e seja comprovada sua necessi-
cios de infração penal de que trata o art. 1º e se a dade.
prova não puder ser produzida por outros meios § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo,
disponíveis. o relatório circunstanciado, juntamente com todos
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de os atos eletrônicos praticados durante a operação,
até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais re- deverá ser registrado, gravados, armazenados e
novações, desde que comprovada sua necessi- apresentados ao juiz competente, que imediata-
dade. mente cientificará o Ministério Público.
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º , o relatório § 6º No curso do inquérito policial, o delegado
circunstanciado será apresentado ao juiz compe- de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o
tente, que imediatamente cientificará o Ministério Ministério Público e o juiz competente poderão re-
Público. quisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado infiltração.
de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o § 7º É nula a prova obtida sem a observância
Ministério Público poderá requisitar, a qualquer do disposto neste artigo.
tempo, relatório da atividade de infiltração.
Art. 10-B. As informações da operação de in-
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes filtração serão encaminhadas diretamente ao juiz
de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requi- responsável pela autorização da medida, que ze-
sitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de lará por seu sigilo.
investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles co- Parágrafo único. Antes da conclusão da ope-
nexos, praticados por organizações criminosas, ração, o acesso aos autos será reservado ao juiz,
desde que demonstrada sua necessidade e indica- ao Ministério Público e ao delegado de polícia res-
dos o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ponsável pela operação, com o objetivo de garantir
ou apelidos das pessoas investigadas e, Francisco
quando Christian
o sigilo das investigações.
christianpet2002@gmail.com
possível, os dados de conexão ou cadastrais que
permitam a identificação dessas pessoas. 077.967.703-08 Art. 10-C. Não comete crime o policial que
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consi- oculta a sua identidade para, por meio da internet,
deram-se: colher indícios de autoria e materialidade dos cri-
mes previstos no art. 1º desta Lei.
I - dados de conexão: informações referentes
a hora, data, início, término, duração, endereço de Parágrafo único. O agente policial infiltrado
Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de ori- que deixar de observar a estrita finalidade da inves-
gem da conexão; tigação responderá pelos excessos praticados.

II - dados cadastrais: informações referentes a Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os


nome e endereço de assinante ou de usuário regis- atos eletrônicos praticados durante a operação de-
trado ou autenticado para a conexão a quem ende- verão ser registrados, gravados, armazenados e
reço de IP, identificação de usuário ou código de encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
acesso tenha sido atribuído no momento da cone- tamente com relatório circunstanciado.
xão. Parágrafo único. Os atos eletrônicos registra-
§ 2º Na hipótese de representação do dele- dos citados no caput deste artigo serão reunidos
gado de polícia, o juiz competente, antes de decidir, em autos apartados e apensados ao processo cri-
ouvirá o Ministério Público. minal juntamente com o inquérito policial, assegu-
rando-se a preservação da identidade do agente
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indí-
policial infiltrado e a intimidade dos envolvidos.
cios de infração penal de que trata o art. 1º desta
Lei e se as provas não puderem ser produzidas por Art. 11. O requerimento do Ministério Público
outros meios disponíveis. ou a representação do delegado de polícia para a
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de infiltração de agentes conterão a demonstração da
até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais re- necessidade da medida, o alcance das tarefas dos
novações, mediante ordem judicial fundamentada agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos
e desde que o total não exceda a 720 (setecentos das pessoas investigadas e o local da infiltração.

254
Parágrafo único. Os órgãos de registro e ca- IV - não ter sua identidade revelada, nem ser
dastro público poderão incluir nos bancos de dados fotografado ou filmado pelos meios de comunica-
próprios, mediante procedimento sigiloso e requisi- ção, sem sua prévia autorização por escrito.
ção da autoridade judicial, as informações neces-
sárias à efetividade da identidade fictícia criada,
nos casos de infiltração de agentes na internet. SEÇÃO IV
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosa- DO ACESSO A REGISTROS, DADOS
mente distribuído, de forma a não conter informa- CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFOR-
ções que possam indicar a operação a ser efeti- MAÇÕES
vada ou identificar o agente que será infiltrado.
§ 1º As informações quanto à necessidade da
operação de infiltração serão dirigidas diretamente Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério
ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24 Público terão acesso, independentemente de auto-
(vinte e quatro) horas, após manifestação do Minis- rização judicial, apenas aos dados cadastrais do in-
tério Público na hipótese de representação do de- vestigado que informem exclusivamente a qualifi-
legado de polícia, devendo-se adotar as medidas cação pessoal, a filiação e o endereço mantidos
necessárias para o êxito das investigações e a se- pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, insti-
gurança do agente infiltrado. tuições financeiras, provedores de internet e admi-
§ 2º Os autos contendo as informações da ope- nistradoras de cartão de crédito.
ração de infiltração acompanharão a denúncia do Art. 16. As empresas de transporte possibili-
Ministério Público, quando serão disponibilizados à tarão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e
defesa, assegurando-se a preservação da identi- permanente do juiz, do Ministério Público ou do de-
dade do agente. legado de polícia aos bancos de dados de reservas
§ 3º Havendo indícios seguros de queFrancisco
o agente Christian
e registro de viagens.
christianpet2002@gmail.com
infiltrado sofre risco iminente, a operação será sus- Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa
tada mediante requisição do Ministério Público077.967.703-08
ou
ou móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à
pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciên-
disposição das autoridades mencionadas no art.
cia ao Ministério Público e à autoridade judicial.
15, registros de identificação dos números dos ter-
Art. 13. O agente que não guardar, em sua minais de origem e de destino das ligações telefô-
atuação, a devida proporcionalidade com a finali- nicas internacionais, interurbanas e locais.
dade da investigação, responderá pelos excessos
praticados.
SEÇÃO V
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da
infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado DOS CRIMES OCORRIDOS NA INVES-
no curso da investigação, quando inexigível con- TIGAÇÃO E NA OBTENÇÃO DA PROVA
duta diversa.
Art. 14. São direitos do agente:
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou fil-
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; mar o colaborador, sem sua prévia autorização por
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, escrito:
no que couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das me- multa.
didas de proteção a testemunhas;
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de
III - ter seu nome, sua qualificação, sua ima-
colaboração com a Justiça, a prática de infração
gem, sua voz e demais informações pessoais pre-
penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar
servadas durante a investigação e o processo cri-
informações sobre a estrutura de organização cri-
minal, salvo se houver decisão judicial em contrá-
minosa que sabe inverídicas:
rio;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

255
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei nº 2.848,
das investigações que envolvam a ação controlada de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa
e a infiltração de agentes: a vigorar com a seguinte redação:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e “Associação Criminosa’’
multa. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pes-
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, soas, para o fim específico de cometer crimes:
registros, documentos e informações requisitadas Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia,
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a me-
no curso de investigação ou do processo:
tade se a associação é armada ou se houver a par-
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) ticipação de criança ou adolescente.” (NR)
anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre
quem, de forma indevida, se apossa, propala, di-
vulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata
esta Lei.

CAPÍTULO III
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as


infrações penais conexas serão apurados medi-
Francisco Christian
ante procedimento ordinário previsto no Decreto-
christianpet2002@gmail.com
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
077.967.703-08
Processo Penal), observado o disposto no pará-
grafo único deste artigo.
Parágrafo único. A instrução criminal deverá
ser encerrada em prazo razoável, o qual não po-
derá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o
réu estiver preso, prorrogáveis em até igual perí-
odo, por decisão fundamentada, devidamente mo-
tivada pela complexidade da causa ou por fato pro-
crastinatório atribuível ao réu.
Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser
decretado pela autoridade judicial competente,
para garantia da celeridade e da eficácia das dili-
gências investigatórias, assegurando-se ao defen-
sor, no interesse do representado, amplo acesso
aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente prece-
dido de autorização judicial, ressalvados os refe-
rentes às diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento
do investigado, seu defensor terá assegurada a
prévia vista dos autos, ainda que classificados
como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias
que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a
critério da autoridade responsável pela investiga-
ção.

256
Francisco Christian
christianpet2002@gmail.com
077.967.703-08

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