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RESUMO
A síndrome de Burnout (SB) é uma resposta prolongada ao estresse interpessoal no ambiente de trabalho,
caracterizada por três dimensões inter-relacionadas: esgotamento emocional, despersonalização e redução
da realização pessoal. A Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) emerge como uma abordagem eficaz no
tratamento dessa condição, oferecendo uma estrutura focada na resolução de problemas imediatos. Este
artigo revisa as definições, sintomas e critérios diagnósticos da Síndrome de Burnout, além de explorar como
a TCC pode auxiliar na recuperação dos indivíduos afetados. A pesquisa foi baseada em artigos científicos e
livros acadêmicos, através de uma pesquisa de bibliografia exploratória visando proporcionar um
conhecimento abrangente e estratégias de tratamento eficazes para a síndrome de Burnout. Também se
destaca os principais sintomas e a importância de empresas e instituições na implementação de programas
que promovam a qualidade de vida dos colaboradores, utilizando técnicas cognitivas e comportamentais para
reduzir o impacto dessa síndrome no ambiente organizacional.
ABSTRACT
Burnout syndrome (BS) is a prolonged response to interpersonal stress in the workplace, characterized by
three interrelated dimensions: emotional exhaustion, depersonalization and reduced personal fulfillment.
Cognitive Behavioral Therapy (CBT) emerges as an effective approach to treating this condition, offering a
structure focused on solving immediate problems. This article reviews the definitions, symptoms and diagnostic
criteria of Burnout Syndrome, as well as exploring how CBT can assist in the recovery of affected individuals.
The importance of companies and institutions in implementing programs that promote the quality of life of
employees is also highlighted, using cognitive and behavioral techniques to reduce the impact of this syndrome
in the organizational environment. The research was based on scientific articles and academic books, aiming
to provide comprehensive knowledge and effective treatment strategies for Burnout syndrome.
Keywords: Burnout Syndrome; stress at work; occupational disease; psychology and Cognitive Behavioral
Theory.
Contato: jaqueline.alves@sounidesc.com; liliane.souza@sounidesc.com.br; fabiolla.vinhal@unidesc.edu.br
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Burnout (SB), segundo Jesus e Maruco (2021), é um distúrbio
psíquico causado por níveis elevados de estresse provocado pelo trabalho desgastante,
sem condições físicas e psicológicas favoráveis para o trabalhador e que causa
esgotamento físico e mental, logo os trabalhadores diagnosticados com burnout podem ser
afastados do trabalho mediante licença médica.
A expressão inglesa burnout designa aquilo que deixou de funcionar por exaustão
de energia, esgotamento físico, psíquico e emocional, em decorrência da má adaptação do
indivíduo a um trabalho altamente estressante e com grande carga tensional. O termo foi
utilizado inicialmente por Bradley em 1969, mas tornou-se conhecido a partir dos artigos de
Freudenberger de 1974, 1975 e 1979. Freudenberger associou o termo à estafa por
estresse crônico (Maslach; Jackson, 1981).
Em janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou o
entendimento do Brasil de que a síndrome de Burnout era uma doença relacionada ao
trabalho ao incorporá-la à sua lista de doenças ocupacionais (Pontes, 2013). A síndrome
de burnout pode ser considerada uma resposta crônica aos estressores interpessoais
advindos da situação laboral, uma vez que o ambiente de trabalho e sua organização
podem ser responsáveis pelo sofrimento e desgaste que acometem os trabalhadores
(Cardoso, et. al; 2017). Nessa mesma direção, o burnout é constituído por três dimensões,
que são exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho
(Maslach; Jackson, 1981).
Os sintomas do burnout podem ser de cunho psicossomático, psicológico e
comportamental e geralmente produzem consequências negativas nos níveis individual,
profissional e social (Zanatta; Lucca, 2015). Carlotto e Gobbi (1999) destacam que algumas
práticas administrativas nas empresas como diminuir o quadro de funcionários associados
com desempenho operacional podem causar ansiedade e estresse entre os funcionários,
e o prolongamento desse estresse deixam os trabalhadores vulneráveis à Síndrome de
Burnout que geram despesas, pois afetam não só saúde, mas a qualidade dos serviços
prestados e a produtividade.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada por muitos a principal
abordagem cognitiva da atualidade, constituindo uma integração de conceitos e técnicas
cognitivo-comportamentais e diferenciando-se umas das outras de acordo com o enfoque
predominante, cognitivo ou comportamental (Souza; Cândido, 2009). A pesquisa e a prática
clínica mostram que a TCC é efetiva na redução de sintomas e taxas de recorrência, com
ou sem medicação, em uma ampla variedade de transtornos psiquiátricos (Knapp; Beck,
2008).
A Terapia Cognitivo-Comportamental consiste em um sistema de psicoterapia que
se baseia na teoria na qual o modo como o indivíduo estrutura as suas experiências
determina o modo como ele se sente e se comporta (Dattilio; Freeman, 1998). De acordo
com a teoria, os sentimentos não são determinados por situações, mas sim pela forma
como as pessoas interpretam tais situações. Nesse sentido, os transtornos psicológicos
decorrem de um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos,
influenciando assim, os afetos e os comportamentos (Beck et al., 1997).
O tratamento inicial da TCC é focado no aumento da consciência por parte do
paciente de seus pensamentos automáticos, e um trabalho posterior terá como foco as
crenças nucleares e subjacentes (Knapp; Beck, 2008). O tratamento pode começar
identificando e questionando pensamentos automáticos, o que pode ser feito através da
orientação do terapeuta para que o paciente avalie tais pensamentos, principalmente
quando há uma excitação emocional durante a sessão (Knapp; Beck, 2008).
Neste sentido, esta pesquisa se fundamentou na seguinte questão problema: qual a
contribuição da Terapia Cognitiva Comportamental no tratamento da Síndrome de Burnout?
Tendo como objetivo geral analisar as contribuições da Terapia Cognitiva
Comportamental no tratamento da Síndrome de Burnout e como objetivos específicos
identificar os critérios diagnósticos e sintomas da Síndrome de Burnout; elencar os meios
de intervenções mais usados pela TCC em tratamento de Síndrome de Burnout e verificar
quais os sintomas mais comuns vivenciados por pessoas com Síndrome de Burnout e
meios de prevenção.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho tem como finalidade buscar compreender o papel da Terapia Cognitiva
Comportamental no tratamento da Síndrome de Burnout por meio da pesquisa bibliográfica
exploratória. Segundo Almeida (2000), a pesquisa bibliográfica exploratória busca relações
entre conceitos, características e ideias, muitas vezes unindo dois ou mais temas. Para
Severino (2007), essa modalidade de pesquisa se caracteriza a partir do registro disponível,
que decorre de pesquisas já realizadas, em livros, artigos, teses e documentos.
O levantamento do referido trabalho foi feito através de análise de bancos de dados
eletrônicos nas plataformas Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), livros e Google
Acadêmico. As palavras chaves utilizadas para as pesquisas foram: “Síndrome de Burnout,
estresse no trabalho, doença ocupacional, psicologia e teoria cognitiva comportamental
(TCC)”. Foram utilizados neste trabalho artigos com a temporalidade superior a 10 anos de
publicação devido à escassez de bibliografia atualizada da temática. Escolhemos estes
artigos pelo fato deles serem bastantes esclarecedores e falarem de uma forma simples e
de fácil entendimento para os leitores. Utilizou-se como critério de inclusão, artigos que
abordassem o tema burnout, terapia cognitiva comportamental, estresse no trabalho,
artigos que abordaram a temática em ambos os gêneros, que tivesse ideias novas sobre o
tema em questão. Logo, utilizamos como critério de exclusão, textos que não mencionasse
sobre burnout ou terapia cognitiva comportamental, e que estivesse relacionado com
burnout, mas com abordagens que não fossem terapia cognitiva comportamental, que não
mencionasse burnout como doença no trabalho, artigos delimitados a um único gênero e a
uma faixa etária específica.
O trabalho foi dividido em etapas do qual foi realizado um estudo bibliográfico
qualitativo, para o desenvolvimento da pesquisa exploratória com base na questão
problema, através de artigos científicos, após esse processo foi realizado a justificativa e o
levantamento dos objetivos, fizemos o levantamento dos capítulos do trabalho e
desenvolvimento dos mesmo e por fim discussão, resumo e conclusão.
REFERENCIAL TEÓRICO
Síndrome de Burnout
O termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que deixou de
funcionar por absoluta falta de energia. Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou
ao seu limite, com grande prejuízo em seu desempenho físico ou mental (Trigo et al., 2007).
A síndrome de burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis
de estresse (tensão) no trabalho. Para o diagnóstico, existem quatro concepções teóricas
baseadas na possível etiologia da síndrome: clínica, sociopsicológica, organizacional,
sociohistórica (Murofuse et al., 2005).
Em 1974, foi utilizado o termo Burnout pelo psicanalista alemão Herbert J.
Freudenberger, quando este, passou a perceber uma evolução de esgotamento emocional,
degradação no humor e baixo nível de motivação dos trabalhadores, correlacionado a
exaustão e apatia, apresentados por pessoas que trabalhavam na época com ele (Codo,
1999).
Para descrever o Burnout com Maslach (2010), no quesito dos síndrome de Burnout:
ressalta uma conduta de tensão emocional crônica inconsciente ocorrida nas inter-
relações, causada por grandes esforços no trabalho, apresentando um quadro de
irritabilidade, agressividade, desânimo, depressão, reações diversas fisiológicas
acompanhado de baixo rendimento de produtividade no trabalho. Ressalta ainda
que as pessoas com características do Burnout, são na maioria das vezes
associados a depressão, como também, apresentam baixa autoestima, negação de
estarem estressadas e baixa energia. A sobrecarga é tida como desequilíbrio na
capacidade do trabalhador x exigência da organização, considerando que o
ambiente promove o Burnout, e não as condições biopsíquicas do indivíduo.
Pereira (2002), descreve as sintomatologias do Burnout dividido em quatro
perspectivas: psíquicas, físicas, comportamentais e defensivas. Respectivamente se
identificam com desconcentração, alteração de memória, alienação, isolamento,
lentificação do pensamento, ansiedade, baixa autoestima, sentimento de insuficiência,
labilidade emocional, astenia, desânimo, disforia, depressão, desconfiança e paranoia.
Na perspectiva fisiológica apresenta fadiga progressiva, insônia, dores de cabeça,
problemas gastrointestinais, imunidade baixa, disfunções sexuais, cardiopatias,
dificuldades respiratórias, em referência às sintomatologias comportamentais são:
irritabilidade, negligência, agressividade, perda de iniciativa, dificuldade de adaptação,
tendência ao uso de substâncias ilícitas, encontra-se a onipotência, absenteísmo,
descrença e escárnio (Pereira, 2002).
Porém, para se fechar um diagnóstico não há necessariamente que se consolidar
todos esses requisitos, no entanto, dependerá da disposição, singularidade e ambiente do
indivíduo (Pereira, 2002).
Selye (1959) definiu estresse como sendo, essencialmente, o grau de desgaste total
causado pela vida. Alguns autores entendem que representa uma adaptação inadequada
à mudança imposta pela situação externa, uma tentativa frustrada de lidar com os
problemas (Helman, 1994).
De acordo com Lipp e Rocha (1984), a abordagem cognitivo-comportamental define
o estresse como uma reação psicológica, com componentes emocionais físicos, mentais e
químicos, a determinados estímulos que irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem a
pessoa.
Já o Burnout é definido como uma reação negativa ao estresse crônico no trabalho
(Shirom et al.; 1997). Manifesta-se basicamente por sintomas de fadiga persistente, falta
de energia, adoção de condutas de distanciamento afetivo, insensibilidade, indiferença ou
irritabilidade relacionadas ao trabalho de uma forma ampla, além de sentimentos de
ineficiência e baixa realização pessoal (Vieira, 2010).
Trata-se de uma condição crônica (Shirom et al.; 1997), determinada principalmente
por fatores da organização do trabalho, tais como sobrecarga, falta de autonomia e de
suporte social para a realização das tarefas (Maslach et al., 2001). A chamada
reestruturação produtiva e as demissões em massa também são apontadas como fatores
de risco (Kalimo, 2000).
Sintomas do Burnout
Dentre os sintomas da Síndrome de Burnout envolve o nervosismo, sofrimentos
psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas. O
estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar
o início da doença. De acordo com Brasil (2024?) Os principais sinais e sintomas que
podem indicar a Síndrome de Burnout são: cansaço excessivo, físico e mental; dor de
cabeça frequente; alterações no apetite; insônia; dificuldade de concentração; sentimentos
de fracasso e insegurança; negatividade constante; sentimentos de derrota e desesperança;
sentimentos de incompetência; alterações repentinas de humor; isolamento; fadiga;
pressão alta; dores musculares; problemas gastrointestinais; alteração nos batimentos
cardíacos
De acordo com Freudenberger et al., (1987) o burnout é um "incêndio interno", um
"esgotamento dos recursos físicos e mentais"; é "esgotar-se para atingir uma meta
irrealizável" imposta pelo próprio indivíduo ou pela sociedade. Para ele, tal esgotamento vai
ocorrer na área da vida onde há mais expectativa de sucesso - em geral, no trabalho.
A psicóloga social Christina Maslach, et al; (2001), pesquisando trabalhadores dos
setores de serviços/cuidados, também dá o nome de burnout a um fenômeno semelhante,
definindo-o como uma "síndrome psicológica em reação a estressores interpessoais
crônicos no trabalho" e identificando nele três componentes principais: Exaustão emocional:
caracterizada por cansaço extremo e sensação de não ter energia para enfrentar o dia de
trabalho; Despersonalização: adoção de atitude de insensibilidade ou hostilidade em
relação às pessoas que devem receber o serviço/cuidado; Perda da realização pessoal:
sentimentos de incompetência e de frustração pessoal e profissional.
Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), consideram o burnout uma reação ao estresse
ocupacional, não restrito a profissões específicas (Halbesleben; Demerouti, 2005).
Pines et. al., (1981) ressaltam o burnout como um estado de exaustão física,
emocional e mental causado por um envolvimento de longo prazo em situações de alta
demanda, não restringem o conceito ao campo ocupacional, podendo ocorrer na vida
conjugal. A síndrome resultante consistiria em sentimentos de desamparo, desesperança,
de estar preso numa armadilha, pouco entusiasmo, irritabilidade, além do cansaço físico e
emocional e de baixa autoestima (Pines et al.; 2005).
Seu referencial teórico vem da perspectiva existencial. De acordo com esta visão, a
raiz do problema estaria na necessidade das pessoas de atribuir um significado para suas
vidas como uma forma de diminuir a angústia provocada pela consciência da morte; assim,
elas atribuem também, ao trabalho, um sentido especial, levando à sua idealização. Então,
quando percebem que seu trabalho não é mais capaz de preencher tais expectativas,
advêm sentimentos de fracasso, tristeza e, eventualmente, o burnout (Pines et al., 2005).
De acordo com Shirom et al., (2005) burnout é um estado afetivo singular
caracterizado pela sensação de perda de energia física, mental e cognitiva, que ocorre
como reação ao estresse crônico. Apesar de não mencionar especificamente o contexto
laboral na definição, na prática tem sido considerado como condição relacionada ao
trabalho (em função de o estresse ocupacional ser uma das principais fontes de estresse
crônico (Shirom et al., 2005).
Para Shirom et al., (2005) as três dimensões do burnout são denominadas:
Fadiga Física (sensação de cansaço e baixa energia na execução de tarefas
cotidianas, como, por exemplo, acordar pela manhã para ir ao trabalho), Exaustão
Emocional (sensação de estar fraco demais para ter empatia com clientes ou colegas e não
ter a energia necessária para investir em relacionamentos interpessoais no trabalho) e
Desgaste Cognitivo (sensação de raciocínio lento e baixa agilidade mental); cada
componente abrange um domínio particular da depleção energética.
Para Demerouti et al., (2002) o burnout é composto de apenas duas dimensões:
Exaustão e Desengajamento. O desengajamento representaria uma reação de rejeição
emocional, cognitiva e comportamental ao trabalho em termos de uma desilusão
(Demerouti et al., 2002).
Conforme Kristensen et al., (2005) o aspecto central da síndrome fadiga/exaustão,
é a atribuição dada pelo indivíduo, à determinada esfera da sua vida, avalia burnout em
três áreas: pessoal (genérico, isto é, representando o quanto o indivíduo se sente cansado
ou exausto, de maneira geral), ligado ao trabalho (o grau de exaustão física ou psicológica
que é percebida pelo sujeito como relacionada ao trabalho) e ligado ao cliente (ou seja, o
quanto à exaustão da pessoa é atribuída ao seu trabalho com outras pessoas; o termo
"cliente" pode ser substituído por "pacientes", "colegas", "filhos", "estudantes" etc.,
dependendo do contexto). Hoje não consideram o burnout como fenômeno exclusivamente
relacionado à atividade profissional (Kristensen et al., 2005).
Terapia Cognitiva-Comportamental
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem da psicologia que se
caracteriza por ser um modelo de psicoterapia breve, estruturado e direcionado para a
resolução de problemas atuais e a modificação de pensamentos e comportamentos
disfuncionais (Beck, 1964).
Frequentemente, os problemas vivenciados pelos indivíduos surgem a partir da
interpretação deste a respeito de determinado evento, o que, por sua vez, influencia no
humor e no comportamento subsequente (Knapp et al., 2004).
Segundo Knapp et al,. (2004) o objetivo da TCC é quebrar o ciclo que perpetua e
amplifica os problemas do indivíduo. Para tanto, há uma série de técnicas capazes de
modificar os pensamentos automáticos e, consequentemente, eliminar o impacto da
tendenciosidade no humor e no comportamento (Knapp et al., 2004).
A TCC é uma abordagem de senso comum que se baseia em dois princípios centrais,
a nossa cognição que possui influência controladora sobre nossas emoções e
comportamento; e o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente
nossos padrões de pensamento e nossas emoções. (Wright et al., 2018).
De acordo com Wright. et al., (2018) a prática clínica da terapia cognitivo-
comportamental (TCC) baseia-se em conjunto de teoria bem desenvolvida que são usadas
para formular planos de tratamento e orientar as ações do terapeuta. Um dos principais
focos desta terapia é a busca por compreender a forma com que nossas experiências,
eventos e humor influenciam os pensamentos, comportamentos e crenças (Greenberger;
Padesky, 2016).
De acordo com Murta e Tróccoli (2009), os estudiosos da terapia Cognitiva
Comportamental (TCC) apresentam em grande escala estudos voltados a compreender as
situações potencializadoras que provocam as doenças ocupacionais, para assim,
encontrarem estratégias eficientes para a prevenção e controle.
A Terapia Cognitivo Comportamental compreende e provém da somatória das
abordagens afins, dentro de uma perspectiva estruturada, diretiva, com metodologia clara
e definida, focada no presente, com participação ativa de psicólogo e paciente, objetivando
o tratamento de problemas emocionais, comportamentos disfuncionais, dificuldades inter-
relacionais e treinamento de novas habilidades (Beck, 2013).
Tratamento e Prevenção
O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas
também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos), a atividade física
regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e
controlar os sintomas da doença. (Brasil, 2024?).
A TCC como tratamento para Síndrome de Burnout pode ainda aplicar técnicas de
reestruturação cognitiva, ou seja, identificar padrões de pensamentos disfuncionais e
ressignificá-los, trabalhando assim possíveis distorções de pensamentos e crenças que
geram comportamentos de cobrança excessiva ou baixa autoestima e possibilitando que o
paciente seja capaz de superar alguns dos principais sintomas da Síndrome. (Parazzi,
2023).
A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout são estratégias que diminuam o
estresse e a pressão no trabalho. Como prevenção para o desenvolvimento da doença, as
condutas saudáveis ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início. Portanto, as principais
formas de prevenir a Síndrome de Burnout são (Brasil, 2024?): Definir pequenos objetivos
na vida profissional e pessoal; Participar de atividades de lazer com amigos e familiares;
fazer atividades que "fujam" à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao
cinema; evitar o contato com pessoas "negativas", especialmente aquelas que reclamam
do trabalho ou dos outros; conversar com alguém de confiança sobre o que se está sentindo;
fazer atividades físicas regulares; evitar consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras
drogas, porque só vai piorar a confusão mental; não se automedicar e nem tomar remédios
sem prescrição médica; dormir bem e buscar o equilíbrio entre trabalho, lazer, família, vida
social e atividades físicas.
DISCUSSÃO
Com base nos artigos escolhidos para este estudo, foi viável identificar elementos
significativos para entender o Burnout e a Terapia Cognitiva Comportamental, e classificar
as variáveis que possam levar ao desenvolvimento desta síndrome, e logo, reconhecer
como a TCC pode ajudar no tratamento da Síndrome de Burnout.
Aos poucos as pessoas estão falando mais sobre o que vem a ser a SB e o impacto
que ela causa na vida do indivíduo, não só no ambiente laboral, mas fora dele também,
porque dificilmente alguém consegue deixar no trabalho o estresse do dia dia, pelo contrário,
ele perpetua na vida do indivíduo aonde quer que ele esteja. Daí vem a importância de
falarmos cada vez mais sobre o conceito desta síndrome, e como ela pode ser tratada.
O Burnout é uma forma de esgotamento físico e mental advindo do ambiente
organizacional. Alguns estudos científicos abordam a ideia que esta síndrome não advém
somente do ambiente laboral, mas sim de qualquer lugar ou execuções de tarefas que a
pessoa faça, que de alguma forma suga sua energia de um modo não funcional.
Alguns artigos estudados neste trabalho relatam que os sintomas do burnout seriam,
fadiga, falta de motivação, tristeza e irritabilidade, dentre outros, onde muitas vezes nem
sequer são percebidos pela pessoa, elas ficam tão focadas no trabalho por diversos motivos,
que esquecem de olharem para si, colocando sua energia totalmente no ambiente laboral
e sempre querendo fazer mais um pouco para não deixar nenhum trabalho para o outro dia.
Interessante que a correria gera sofrimento psíquico para uns e para outros não,
porque a forma como cada pessoa interpreta e absorve os acontecimentos da vida é
diferente de indivíduo para indivíduo, e isto acontece pelo fato da subjetividade e da forma
que cada um foi criado, vimos que devido a Terapia Cognitiva Comportamental tratar
exatamente a questão cognitiva e comportamental, ela se torna importante no tratamento
da SB, por ela ser estruturada, e direcionada a ela se propõe a tratar problemas atuais do
aqui e agora, com o foco em desconstruir padrões de comportamentos disfuncionais e
crenças limitantes que impedem o indivíduo de viver em condições favoráveis ao seu bem-
estar, seja na parte psíquica ou comportamental.
Dependendo da pessoa, caso ela passe por um momento estressante no trabalho,
ela pode vivenciar sensações fisiológicas, como: calor, frio, suor, tremedeira, achando por
exemplo, que por ela ter participado deste momento, possa prejudicá-la no trabalho, onde,
na verdade isto não passa de um pensamento disfuncional que não tratado pode levar a
um burnout. A TCC participa neste episódio fazendo a pessoa refletir entre o real (que é o
que realmente ela tem certeza de que vai acontecer) e o irreal (que é uma mera suposição
que ela não sabe se vai acontecer), gerando todo um sofrimento. Quando o indivíduo
entende isso, ele passa a não sofrer mais por coisas disfuncionais, minimizando o impacto
ruim no emocional desta pessoa. Este é um exemplo sucinto sobre como a Terapia
Cognitiva Comportamental pode ajudar no tratamento do Burnout.
Conforme visto que segundo Jesus e Maruco (2021), a Síndrome de Burnout (SB),é
um distúrbio psíquico causado por níveis elevados de estresse provocado pelo trabalho
desgastante, sem condições físicas e psicológicas favoráveis para o trabalhador e que
causa esgotamento físico e mental.
Vimos que a sintomatologia ocorre de forma psíquica, física, comportamental e
defensivas de acordo com Pereira (2002) o que leva a desconcentração, isolamento,
desânimo, depressão, paranóia. Dentre os sintomas vistos na SB apresenta a fadiga,
insônia, dores de cabeça, problemas gastrointestinais, imunidade baixa, disfunções sexuais,
cardiopatias, dificuldades respiratórias, gera comportamento do qual a pessoa mostra
irritabilidade, negligência, agressividade, perda de iniciativa, dificuldade de adaptação, gera
sentimento de incompetência.
A terapia é essencial para o tratamento da SB, e dentre as abordagens da terapia a
Terapia Cognitivo-Comportamental como visto de acordo com Dattilio e Freeman (1998) ela
consiste em um sistema de psicoterapia que se baseia na teoria na qual o modo como o
indivíduo estrutura as suas experiências determina o modo como ele se sente e se
comporta, os sentimentos não são determinados por situações, mas sim pela forma como
as pessoas interpretam tais situações.
No que se refere a TCC o tratamento inicial é focado no aumento da consciência
por parte do paciente de seus pensamentos automáticos e nas crenças, sendo assim, o
tratamento pode começar identificando e questionando pensamentos automáticos, para
que assim, o paciente avalie tais pensamentos, principalmente quando há uma excitação
emocional durante a sessão. (Knapp e Beck, 2008),
Identificamos no decorrer do trabalho sobre a SB, que a Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC), é uma abordagem de psicoterapia baseada em evidências e possui
um forte compromisso com o empirismo científico, com isso o processamento cognitivo tem
papel central na terapia para tratativa da SB. Vale ressaltar, a relevância por parte do
paciente em avaliar os acontecimentos internamente e no ambiente que encontra - se
inserido, estando cognitivamente atrelados às reações emocionais e entendendo como
áreas de funcionamento patológico, cognição, emoções e comportamentos (Cabral, et.
al., 2024).
Conclui-se que o significado de burnout está em construção, pois antes era falado
que ele surgia através do ambiente de trabalho desgastante, ou seja, atrelava o burnout
somente ao ambiente organizacional. Hoje em dia vem se falando sobre outras formas
desta síndrome ser adquirida, como por exemplo, uma mãe sobrecarregada com filho e
funções de casa. Essa rotina excessiva de atividades, cobranças externas e internas, pode
levar ao desenvolvimento do burnout, que não necessariamente linca com ambiente laboral,
mas sim, a um conjunto de fatores desgastantes e estressantes que desencadeia um
sofrimento psíquico duradouro difícil de ser lidado por esta pessoa, pois conforme Pines,
et. al., (1981) o burnout é "um estado de exaustão física, emocional e mental causado por
um envolvimento de longo prazo em situações de alta demanda", não restringindo o
conceito ao campo ocupacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Síndrome de Burnout ainda está em fase de compreensão e desenvolvimento. Por
não ser uma síndrome clínica, mas sim um diagnóstico ligado às condições de trabalho, é
fundamental implementar estratégias práticas que promovam a saúde e o bem-estar dos
colaboradores. Essa relação com o trabalho é crucial para a saúde do indivíduo, embora
fraquezas de personalidade e exigências organizacionais também desempenhem um papel
importante nesse processo. Assim, percebe-se que as causas da Síndrome de Burnout
emergem de uma combinação entre fatores externos e internos à pessoa.
Desta forma, a compreensão dos aspectos relacionados a essa síndrome é
essencial para criar estratégias de enfrentamento eficazes, buscando a saúde dos
trabalhadores. A pressão sobre os colaboradores em termos de produtividade, qualidade
de trabalho e prazos transforma o ambiente organizacional em um potencial risco para o
burnout, dependendo dos valores e estilos de gestão adotados. As táticas para lidar com a
Síndrome de Burnout exigem o envolvimento de diversos fatores sociais, visando criar um
ambiente de trabalho saudável e equilibrado para alcançar bons resultados.
Assim é necessário que as empresas/instituições implementam programas que
tragam resultados positivos para a qualidade de vida dos colaboradores, buscando
estratégias, tais como Técnicas Cognitivos Comportamentais para desígnio da redução
deste transtorno na conjuntura organizacional, pois o cuidado tem que ser psicossocial,
tantos dos colaboradores, dos profissionais da psicologia, quanto das empresas, pois de
nada adianta o colaborador cuidar da sua saúde mental fora do ambiente laboral se a
empresa não fizer sua parte buscando desenvolver cada dia um ambiente respeitoso,
cuidadoso e inclusivo.
Vale ressaltar que seria muito interessante e importante para nosso trabalho
fazermos uma pesquisa de campo para ouvirmos algumas pessoas sobre o que elas
entendem sobre o burnout e o que isso representa para elas, por se tratar de um conceito
amplo, entendemos que seria de grande valia ter esta visão de pessoas mais experientes
e dos jovens da atualidade, o que nos motiva a buscar um estudo de campo sobre a
Síndrome de Burnout e meios de tratamento.
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