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Lucira

O documento aborda o tema das provisões para clientes de cobrança duvidosa no contexto da contabilidade, destacando sua importância para a gestão financeira e a precisão dos relatórios contábeis. Ele explica conceitos fundamentais, diferenças entre provisões e perdas efetivas, e apresenta normas contábeis aplicáveis, incluindo CPC 25 e CPC 48. Além disso, o trabalho inclui exemplos práticos e exercícios para ilustrar o reconhecimento e a mensuração dessas provisões.
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Lucira

O documento aborda o tema das provisões para clientes de cobrança duvidosa no contexto da contabilidade, destacando sua importância para a gestão financeira e a precisão dos relatórios contábeis. Ele explica conceitos fundamentais, diferenças entre provisões e perdas efetivas, e apresenta normas contábeis aplicáveis, incluindo CPC 25 e CPC 48. Além disso, o trabalho inclui exemplos práticos e exercícios para ilustrar o reconhecimento e a mensuração dessas provisões.
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Republica de Angola

Ministerio da Educação
Instituto Politecnico do Kituma
IPOK

Curso: Contabilidade e Gestão

TRABALHO EM GRUPO DE CONTABILIDADE


TEMA:

Provisões para Clientes de Cobrança Duvidosa

Grupo: nº 03
Turma: 11ª CG2
Sala: 212
Periodo: Tarde

O ORIENTADOR
_______________________
Carlos Kanguilo
Índice

Introdução..................................................................................................................... 2
1. Provisão para Clientes de Cobrança Duvidosa ........................................................... 3
1.1. Conceito de Provisão e Sua Finalidade ................................................................... 3
1.1.1. O que são Provisões? ........................................................................................... 3
1.1.2. Importância das Provisões na Contabilidade ........................................................ 3
1.1.3. Perda Efetiva ....................................................................................................... 4
1.2. Diferença Entre Provisão e Perda Efetiva ............................................................... 8
1.3. Normas Contábeis Aplicáveis ................................................................................. 8
1.4. Reconhecimento E Mensuração De Provisões Para Créditos De Cobrança Duvidosa
................................................................................................................................... 12
1.4.1. Critérios de Reconhecimento ............................................................................. 12
1.4.2. Métodos de Mensuração .................................................................................... 13
2.1. Procedimentos para Identificação e Avaliação de Créditos de Cobrança Duvidosa 16
2.1.1. Análise de Risco de Crédito ............................................................................... 16
2.1.2. Monitoramento Contínuo .................................................................................. 17
2.2. Exemplos Práticos e Resolução de Exercícios ...................................................... 18
Conclusão ................................................................................................................... 21
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 22
Introdução

A contabilidade desempenha um papel fundamental na gestão financeira das


empresas, garantindo que os relatórios contábeis reflitam a realidade econômica das
organizações. Um dos aspectos mais relevantes dessa gestão é o tratamento das provisões
para clientes de cobrança duvidosa, uma prática essencial para antecipar e minimizar
impactos negativos causados pela inadimplência.

O conceito de provisão para clientes de cobrança duvidosa, sua finalidades e as


diferenças entre provisão e perda efetiva. Além disso, abordaremos os critérios de
reconhecimento e mensuração, bem como os diferentes métodos utilizados para calcular
essas provisões.

2
1. Provisão para Clientes de Cobrança Duvidosa

1.1. Conceito de Provisão e Sua Finalidade

As provisões são um elemento essencial da contabilidade, utilizadas para


reconhecer obrigações futuras que possuem um grau de incerteza quanto ao seu valor ou
prazo de liquidação. Esse reconhecimento antecipado visa garantir que os relatórios
financeiros reflitam fielmente a posição econômica da empresa, evitando a
superavaliação dos resultados e assegurando que possíveis perdas sejam devidamente
reconhecidas no momento apropriado.

1.1.1. O que são Provisões?

As provisões são classificadas como passivos que representam obrigações


presentes de uma entidade, originadas de eventos passados, mas cujo valor exato ou data
de pagamento ainda não são conhecidos com precisão. Diferentemente de outros
passivos, como contas a pagar ou empréstimos, onde há certeza quanto ao valor e
vencimento, as provisões envolvem estimativas, tornando seu reconhecimento um
processo baseado em julgamento e análise de informações disponíveis.

Na contabilidade, uma provisão deve ser registrada quando há uma obrigação


presente (legal ou construtiva) como resultado de um evento passado, quando a saída de
recursos para liquidar essa obrigação for provável e quando for possível estimar
confiavelmente o valor a ser desembolsado. Essas condições seguem as diretrizes dos
princípios contábeis geralmente aceitos, garantindo que os passivos potenciais sejam
contabilizados corretamente.

1.1.2. Importância das Provisões na Contabilidade

As provisões desempenham um papel fundamental na qualidade da informação


contábil, pois garantem que as demonstrações financeiras retratem a realidade econômica
da empresa com maior precisão. O principal objetivo das provisões é atender ao princípio
contábil da prudência, que exige que as empresas reconheçam potenciais perdas assim
que forem identificadas, enquanto receitas futuras somente devem ser registradas quando
efetivamente realizadas. Dessa forma, evita-se a superestimação dos lucros e assegura-se

3
que a posição financeira da empresa seja apresentada de maneira mais conservadora e
confiável.

Além disso, o reconhecimento adequado de provisões auxilia na gestão financeira


e estratégica da empresa, permitindo que os gestores antecipem possíveis desembolsos e
planejem seus fluxos de caixa de forma mais eficiente. Para investidores e demais
usuários das demonstrações financeiras, as provisões proporcionam maior transparência
sobre os riscos enfrentados pela empresa, contribuindo para uma tomada de decisão mais
informada.

O não reconhecimento adequado de provisões pode levar a distorções na


contabilidade, resultando na apresentação de um lucro artificialmente elevado e na
subestimação dos passivos da empresa. Esse tipo de prática pode comprometer a
credibilidade das demonstrações financeiras e gerar impactos negativos em auditorias e
fiscalizações. Por isso, a correta contabilização das provisões é essencial para manter a
integridade e a confiabilidade das informações financeiras.

1.1.3. Perda Efetiva

A perda efetiva é um conceito contábil que representa um prejuízo real e


irreversível sofrido por uma empresa em razão da impossibilidade de recuperar
determinados valores ou ativos. Essa perda pode ocorrer por diversos motivos, sendo um
dos principais a inadimplência de clientes.

Reconhecimento Contábil da Perda Efetiva

No âmbito da contabilidade, especialmente no padrão angolano, uma perda é


considerada efetiva quando não há mais expectativa razoável de recuperação do crédito
ou ativo. Isso significa que a empresa já realizou todas as tentativas cabíveis de cobrança,
sem sucesso, e precisa reconhecer esse prejuízo em suas demonstrações financeiras.

Para registrar contabilmente a perda efetiva, a empresa deve:

1. Baixar o valor da conta a receber, retirando-o do ativo.


2. Registrar a despesa correspondente, afetando diretamente o
resultado do período.
3. Ajustar provisões (se aplicável), caso já tenha sido feita uma
provisão para clientes de cobrança duvidosa.

4
Exemplo Prático – Perda Efetiva

Situação Proposta

A empresa DAVILAN, Lda. vendeu mercadorias a prazo no valor de 1.500.000


Kz para o cliente Sheglam, Lda. em 01/08/2024. O pagamento deveria ser feito em cinco
prestações mensais de 300.000 Kz a partir de 01/09/2024.

Após sucessivas tentativas de cobrança e envio de notificações formais,


constatou-se que o cliente não efetuou nenhum pagamento e encerrou suas atividades em
30/05/2025, sem deixar bens suficientes para quitação da dívida.

A empresa DAVILAN já havia reconhecido uma provisão para cobrança duvidosa


equivalente a 60% do saldo de contas a receber. Com o encerramento da empresa
SHEGLAM, DAVILAN decide reconhecer a perda efetiva sobre o saldo pendente.

Exercício 1 – Provisão para Cobrança Duvidosa

Pede-se:

1. Registrar o reconhecimento inicial da conta a receber em 01/08/2024.

2. Registrar a constituição da provisão para cobrança duvidosa em 30/03/2025


(considerando que a empresa avaliou a possibilidade de inadimplência e aplicou
uma provisão de 60%).

Resolução:

A provisão para cobrança duvidosa é uma estimativa da perda esperada com


clientes inadimplentes. Neste caso, a empresa decide provisionar 60% do saldo de contas
a receber.

Provisão = Saldo de Contas a Receber*Percentual de Provisão

Aplicando:

Provisão = 1.500.000 × 60% = 900.000Kz

5
Registro da conta a receber (01/0X/202X):

Data Conta Débito Conta Crédito Valor (Kz)

01/0X/202X Contas a Receber Receita de Vendas 1.500.000

Registro da provisão para cobrança duvidosa (30/05/2025):

Data Conta Débito Conta Crédito Valor (Kz)

30/0X/202X Despesa com Provisão para Provisão para Clientes de 900.000


Cobrança Duvidosa Cobrança Duvidosa

Exercício 2 – Reconhecimento da Perda Efetiva

Pede-se:

1. Registrar a baixa definitiva do saldo de contas a receber após a confirmação da


inadimplência (30/08/2025).

2. Ajustar a provisão já reconhecida para refletir a perda real.

Resolução:

A perda efetiva ocorre quando a empresa confirma que a dívida é incobrável. O


valor da perda é calculado subtraindo o montante já provisionado do saldo total da conta
a receber.

Perda efetiva = Saldo de Contas a Receber - Provisão Constituída

Aplicando:

Perda efectiva = 1.500.000 - 900.000 = 600.000

Baixa da conta a receber (30/0X/202X):

Data Conta Débito Conta Crédito Valor (Kz)

30/0X/202X Provisão para Clientes de Contas a Receber 900.000


Cobrança Duvidosa

30/0X/202X Despesa com Perda Efetiva Contas a Receber 600.000

6
Exercício 3 – Impacto da Perda Efetiva nos Demonstrativos Contábeis

Pede-se:

1. Apresentar o impacto da perda efetiva no balanço patrimonial da empresa XYZ,


considerando que antes da perda o saldo de contas a receber era 1.500.000 Kz e a
provisão reconhecida era 900.000 Kz.

2. Demonstrar o efeito no resultado do exercício.

Resolução:

Balanço Patrimonial antes da perda:

Conta Débito (Ativo) Crédito (Passivo e PL)

Contas a Receber 1.500.000 Kz -

Provisão para Clientes Duvidosos - 900.000 Kz

Patrimônio Líquido - X

Balanço Patrimonial após a perda efetiva:

Conta Débito (Ativo) Crédito (Passivo e PL)

Contas a Receber 0 Kz -

Provisão para Clientes Duvidosos 0 Kz -

Patrimônio Líquido (reduzido pela perda) - X - 600.000 Kz

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE):

Conta Valor (Kz)

Receita de Vendas 1.500.000

(-) Provisão para Clientes Duvidosos (900.000)

(-) Perda Efetiva (600.000)

Lucro/Prejuízo do Período X - 600.000

7
A perda efetiva afeta o resultado da empresa porque reduz o lucro ou aumenta o
prejuízo. O impacto no patrimônio líquido pode ser calculado considerando a provisão e
a perda real.
Fórmula do Impacto no Resultado
Impacto no Resultado = Perda Efetiva+Provisão Constituída
Aplicando
Impacto no Resultado = 600.000 + 900.000 =1.500.000 kz
Isso significa que a empresa Davilan teve uma redução no lucro ou aumento no prejuízo
no valor de 1.500.000 Kz devido à inadimplência do cliente Sheglam.

1.2. Diferença Entre Provisão e Perda Efetiva

A provisão é um reconhecimento preventivo da possibilidade de perda, enquanto


a perda efetiva ocorre quando a inadimplência já foi confirmada. Em outras palavras,
enquanto a provisão representa um ajuste estimado, a perda definitiva ocorre quando a
empresa esgota todas as tentativas de cobrança e precisa dar baixa no crédito incobrável.

Por exemplo, se uma empresa tem um cliente que não realiza o pagamento há 90
dias, ela pode decidir provisionar esse valor, considerando o histórico de inadimplência
do cliente e outros fatores.

No entanto, se meses depois a empresa confirmar que esse cliente não poderá
pagar, o valor provisionado será utilizado para cobrir a perda efetiva. Caso não haja uma
provisão, a perda será registrada diretamente como prejuízo, impactando o resultado do
período de forma mais brusca.

Essa distinção é essencial para garantir que as empresas estejam preparadas para
lidar com inadimplências de maneira estruturada. Além disso, o reconhecimento
adequado da provisão permite que a empresa evite flutuações inesperadas em seus lucros
e prejuízos, proporcionando uma visão mais estável e confiável da sua saúde financeira.

1.3. Normas Contábeis Aplicáveis

As normas contábeis estabelecem diretrizes para o reconhecimento, mensuração


e divulgação de provisões, incluindo aquelas relacionadas a créditos de cobrança
duvidosa. Essas normas podem variar conforme a jurisdição, sendo influenciadas por
padrões internacionais e regulamentações locais.

8
O regime das provisões dedutíveis em sede de Imposto Industrial foi atualizado
pelo Decreto Presidencial n.º 204/15, de 28 de outubro de 2015. Este decreto alterou o
regime anterior, estabelecendo novas condições para a dedutibilidade fiscal das provisões,
especialmente no que se refere aos créditos de cobrança duvidosa.

De acordo com o novo regime, as provisões para créditos de cobrança duvidosa


são dedutíveis fiscalmente quando o risco de cobrança é devidamente justificado.
Especificamente, considera-se justificado quando os créditos estão em mora há mais de
seis meses e existem evidências das diligências de cobrança efetuadas.

Além disso, o decreto exclui da dedutibilidade fiscal as provisões sobre créditos


concedidos a entidades que participem ou sejam participadas em pelo menos 10% do
capital social, salvo quando associados a processos judiciais, de execução, falência,
insolvência ou situações similares.

Adicionalmente, o novo regime estabelece a obrigação de preparar um mapa de


provisões com elementos específicos, visando uma maior transparência e controle sobre
as provisões constituídas. Essas alterações aplicam-se às provisões constituídas no
exercício fiscal de 2015 e seguintes, sem prejuízo dos limites acumulados aplicáveis às
provisões constituídas em exercícios anteriores.

É importante notar que, embora as normas internacionais, como as IFRS,


influenciem as práticas contábeis globais, cada país adapta essas diretrizes conforme suas
particularidades econômicas e legais.

As empresas devem seguir as regulamentações locais estabelecidas pelo governo


e pelas autoridades fiscais competentes ao contabilizar provisões para créditos de
cobrança duvidosa.

Nomas Contábeis CPC 25 E CPC 48


A contabilização da provisão para clientes de cobrança duvidosa deve seguir as
normas contábeis estabelecidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Duas
normas principais regulamentam o tratamento contábil dessa provisão:

CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e CPC 48


– Instrumentos Financeiros, que adota o conceito de perdas esperadas. Essas normas
garantem que as empresas realizem registros contábeis adequados, promovendo
transparência e confiabilidade nas informações financeiras.

9
CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes

O CPC 25 estabelece critérios para o reconhecimento, mensuração e divulgação


de provisões, bem como para o tratamento contábil de passivos e ativos contingentes.
Segundo essa norma, uma provisão deve ser reconhecida quando:

1. Existe uma obrigação presente (legal ou não formalizada) resultante de


eventos passados.
2. É provável que haverá uma saída de recursos para liquidar essa obrigação.
3. Pode-se estimar o valor da obrigação de forma confiável.

No caso da provisão para clientes de cobrança duvidosa, essa norma se aplica


porque a empresa reconhece um risco real de inadimplência em suas contas a receber.
Como a inadimplência de clientes é um evento previsível e a empresa pode estimar seu
impacto com base em dados históricos, a provisão deve ser registrada no balanço
patrimonial como uma conta redutora do ativo circulante.

Além disso, o CPC 25 exige que a empresa faça uma divulgação adequada da
provisão, incluindo informações sobre a metodologia de cálculo, premissas utilizadas e
possíveis variações futuras. Isso assegura que os usuários das demonstrações contábeis,
como investidores e credores, tenham uma visão clara dos riscos financeiros da empresa.

Outro ponto relevante do CPC 25 é que ele distingue provisões de passivos


contingentes. Um passivo contingente é uma obrigação possível, cuja ocorrência
depende de eventos futuros incertos, como uma disputa judicial.

Já a provisão é uma obrigação mais concreta, que pode ser estimada e registrada.
A provisão para clientes de cobrança duvidosa se enquadra na segunda categoria, pois
baseia-se em um risco real e mensurável de inadimplência.

CPC 48 – Instrumentos Financeiros e a Abordagem de Perdas Esperadas

O CPC 48, que trata de instrumentos financeiros, introduziu um novo modelo de


contabilização para perdas com contas a receber, baseado na abordagem de perdas
esperadas.

Essa abordagem representa uma mudança significativa em relação ao modelo


anterior, que reconhecia perdas apenas quando já havia evidências concretas de
inadimplência (modelo de perdas incorridas).

10
No modelo de perdas esperadas, as empresas devem reconhecer antecipadamente
o risco de inadimplência, mesmo que os clientes ainda não tenham atrasado seus
pagamentos. Esse modelo exige que a empresa estime as perdas futuras com base em
fatores como:

• Histórico de inadimplência de clientes.


• Condições econômicas atuais que possam impactar a capacidade
de pagamento dos clientes.
• Tendências futuras do mercado e do setor da empresa.

A provisão para clientes de cobrança duvidosa, sob o CPC 48, deve ser registrada
de forma mais proativa e dinâmica. Empresas precisam revisar periodicamente suas
estimativas de perdas, ajustando os percentuais de provisão conforme as condições do
mercado e o comportamento dos clientes.

Esse modelo tem um impacto significativo nas demonstrações financeiras, pois


pode aumentar o valor provisionado e, consequentemente, reduzir o lucro líquido da
empresa. No entanto, ele traz mais transparência e previsibilidade, evitando que grandes
perdas sejam reconhecidas de forma abrupta em períodos futuros.

Comparação Entre CPC 25 e CPC 48

ASPECTO CPC 25 – PROVISÕES CPC 48 – PERDAS ESPERADAS

Base para Obrigação presente e Risco de perda futura estimado


reconhecimento estimável

Momento do Quando há indícios de Antes da perda ocorrer


registro perda

Objetivo Ajustar contas com base Antecipar perdas com base em


em eventos passados expectativas futuras

Impacto contábil Redução do ativo e registro Provisão contínua e revisão periódica


de despesa

Ambas as normas são complementares e devem ser aplicadas em conjunto para


garantir que a provisão para clientes de cobrança duvidosa seja reconhecida corretamente.
Enquanto o CPC 25 estabelece critérios gerais para provisões, o CPC 48 aprimora o
processo ao exigir uma estimativa mais dinâmica e antecipada das perdas.

11
1.4. Reconhecimento E Mensuração De Provisões Para Créditos De Cobrança
Duvidosa

A contabilização de provisões para créditos de cobrança duvidosa é fundamental


para garantir que as demonstrações financeiras reflitam a realidade econômica da
empresa. Isso permite que os gestores tenham uma visão mais precisa dos ativos
realizáveis e se preparem para possíveis perdas. A constituição dessas provisões deve
seguir critérios bem definidos, garantindo conformidade com as normas contábeis e
fiscais aplicáveis.

1.4.1. Critérios de Reconhecimento

Para que uma provisão para créditos de cobrança duvidosa seja reconhecida
contabilmente, três condições devem ser atendidas:

• Obrigação presente resultante de eventos passados – O reconhecimento da


provisão ocorre quando a empresa já concedeu crédito ao cliente e há indícios
concretos de que a cobrança pode não ser realizada integralmente. Isso pode ser
evidenciado por inadimplência prolongada, dificuldades financeiras do devedor
ou até mesmo processos judiciais em andamento.

• Probabilidade de saída de recursos – A empresa deve avaliar se há uma


probabilidade razoável de que parte ou a totalidade do crédito concedido não será
recuperada. Normalmente, uma inadimplência superior a seis meses, aliada à falta
de garantias, já pode indicar a necessidade de reconhecimento da provisão.

• Estimativa confiável do valor – O valor a ser provisionado deve ser estimado com
base em informações disponíveis, como histórico de inadimplência, situação
financeira do devedor e outros fatores que possam impactar a recuperação do
crédito. Se a estimativa for impossível de calcular com razoável precisão, a
provisão pode não ser reconhecida até que melhores informações estejam
disponíveis.

O reconhecimento da provisão deve ocorrer no momento em que os indícios de


inadimplência surgirem e não apenas quando a empresa confirmar a perda, garantindo
que os impactos financeiros sejam refletidos adequadamente nas demonstrações
contábeis.

12
1.4.2. Métodos de Mensuração

A mensuração da provisão para créditos de cobrança duvidosa pode ser realizada


de diferentes maneiras, dependendo do porte da empresa, do volume de operações a
crédito e da confiabilidade das informações disponíveis. Os métodos mais comuns
incluem:

• Análise Individual de Créditos – Utilizada principalmente para grandes empresas


ou instituições financeiras, essa abordagem envolve a avaliação caso a caso de
cada cliente inadimplente. São considerados fatores como o histórico de
pagamentos, garantias oferecidas e a situação econômica do devedor. Quando há
evidências concretas de que um crédito não será recuperado, o valor total ou
parcial é provisionado.

• Modelo Estatístico ou Percentual sobre Contas a Receber – Empresas com um


grande volume de clientes e transações podem utilizar modelos estatísticos para
estimar perdas. Uma abordagem comum é aplicar um percentual fixo sobre o saldo
de contas a receber, baseado na experiência histórica de inadimplência. Esse
percentual pode variar conforme o setor de atuação da empresa e o perfil de risco
dos clientes.

• Modelo de Perdas Esperadas (IFRS 9) – Seguindo as normas internacionais de


contabilidade, algumas empresas adotam o modelo de perdas esperadas, que
antecipa a provisão com base em estimativas futuras de inadimplência, ao invés
de apenas eventos já ocorridos. Esse modelo leva em conta fatores
macroeconômicos e indicadores financeiros para calcular a probabilidade de não
recebimento de créditos.

Independentemente do método adotado, é essencial que as empresas revisem


periodicamente suas provisões para créditos de cobrança duvidosa, ajustando os valores
conforme a evolução dos riscos e das informações disponíveis. Esse processo garante que
as demonstrações financeiras permaneçam fidedignas e alinhadas com os princípios
contábeis vigentes.

Para contabilizar a provisão para clientes de cobrança duvidosa na


Atenac_Company, vamos aplicar os três métodos mencionados:

1. Análise Individual de Créditos

13
2. Modelo Estatístico ou Percentual sobre Contas a Receber

3. Modelo de Perdas Esperadas (IFRS 9)

1. Análise Individual de Créditos

Situação:

A Atenac_Company possui um cliente, a empresa EVOT, que tem uma dívida de


Kz 8.000.000 vencida há mais de 6 meses. Após análise individual, verificou-se que a
empresa EVOT está com dificuldades financeiras e há alta probabilidade de não
pagamento.

Cálculo da Provisão:

Com base na análise, decide-se provisionar 100% do valor devido:

Provisão = 8.000.000*100%= 8.000.000

Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito (Kz) Crédito (Kz)

Despesas com Provisões para Créditos de Cobrança 8.000.000


-
Duvidosa

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa - 8.000.000

2. Modelo Estatístico ou Percentual sobre Contas a Receber

Situação:

A Atenac_Company tem um saldo total de contas a receber de Kz 20.000.000.


Com base no histórico de inadimplência dos últimos anos, estima-se que 3% dos clientes
não realizam o pagamento.

14
Cálculo da Provisão:

Provisão = 20.000.000×3%= 600.000

Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito Crédito

Despesas com Provisões para Créditos de Cobrança 600.000


-
Duvidosa

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa - 600.000

3. Modelo de Perdas Esperadas (IFRS 9)

Situação:

A Future Editor classifica seus clientes em três categorias de risco:

1. Baixo risco – clientes com histórico de pagamento regular (inadimplência


esperada de 1%).

2. Médio risco – clientes com atraso ocasional nos pagamentos (inadimplência


esperada de 5%).

3. Alto risco – clientes com atrasos recorrentes ou dificuldades financeiras


(inadimplência esperada de 15%).

Dados das Contas a Receber:

Categoria de Saldo de Contas a Taxa de Perda Provisão


Risco Receber (Kz) Esperada Calculada (Kz)

Baixo Risco 10.000.000 1% 100.000

Médio Risco 50.000.000 5% 2.500.000

Alto Risco 30.000.000 15% 4.500.000

Total 90.000.000 - 8.000.000

15
Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito Crédito

Despesas com Provisões para Créditos de Cobrança 8.000.000


-
Duvidosa

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa - 8.000.000

2. Demonstração

2.1. Procedimentos para Identificação e Avaliação de Créditos de Cobrança


Duvidosa

A identificação e avaliação de créditos de cobrança duvidosa são etapas essenciais


para garantir que a empresa reconheça corretamente as perdas potenciais e tome medidas
preventivas para minimizar impactos financeiros adversos. Esse processo envolve a
análise da situação financeira dos clientes, a observação de padrões de pagamento e o
monitoramento contínuo de possíveis sinais de inadimplência. Empresas que adotam uma
abordagem rigorosa na identificação desses créditos conseguem reduzir riscos e manter a
saúde financeira equilibrada.

Para isso, utilizam-se metodologias de avaliação de risco, revisão de históricos de


pagamento e ferramentas tecnológicas que auxiliam no controle e previsão de
inadimplências. Esses procedimentos permitem que as empresas tomem decisões
informadas sobre a necessidade de provisionamento, a renegociação de dívidas ou a
adoção de medidas jurídicas para recuperação dos valores devidos.

2.1.1. Análise de Risco de Crédito

A análise de risco de crédito é um dos pilares fundamentais para a gestão


financeira eficaz de uma empresa. Esse processo envolve a avaliação detalhada da
capacidade de pagamento dos clientes antes mesmo de conceder crédito, considerando
diversos fatores financeiros e de mercado. Entre os elementos analisados, destacam-se o
histórico de pagamento do cliente, a situação patrimonial, os demonstrativos financeiros
e a relação entre dívidas e receitas.

16
Além disso, ferramentas como scoring de crédito, ratings financeiros e consultas
a bureaus de crédito ajudam a classificar os clientes de acordo com seu nível de risco.
Empresas com maior exposição ao endividamento ou com históricos de atraso nos
pagamentos geralmente são classificadas como de maior risco, demandando políticas
mais restritivas na concessão de crédito.

A análise do mercado também desempenha um papel crucial nesse processo.


Setores mais voláteis ou sujeitos a crises econômicas apresentam maior risco de
inadimplência, o que exige uma abordagem mais criteriosa na concessão de crédito a
empresas desses segmentos. Dessa forma, ao considerar tanto fatores internos quanto
externos, a empresa pode estabelecer critérios sólidos para definir quais clientes devem
receber crédito e quais necessitam de acompanhamento mais próximo.

2.1.2. Monitoramento Contínuo

O monitoramento contínuo dos clientes e de seus padrões de pagamento é


essencial para antecipar possíveis inadimplências e agir de forma proativa. Uma empresa
que realiza esse acompanhamento consegue detectar precocemente sinais de dificuldades
financeiras dos clientes, permitindo a adoção de medidas corretivas antes que a
inadimplência se torne um problema irreversível.

Entre os principais sinais de alerta para a inadimplência, estão o aumento no tempo


médio de recebimento das faturas, mudanças no comportamento de pagamento (atrasos
frequentes ou pagamentos parciais) e a solicitação constante de renegociações de prazos.
Além disso, eventos externos, como crises econômicas, mudanças regulatórias e
problemas setoriais, podem impactar a capacidade de pagamento dos clientes e devem ser
considerados no monitoramento.

A implementação de sistemas automatizados para acompanhamento das contas a


receber facilita a detecção de atrasos e a emissão de alertas para a equipe financeira.
Softwares de gestão integrada (ERP) e ferramentas de análise preditiva ajudam a
identificar padrões de inadimplência e sugerem ações preventivas, como o envio de
lembretes de pagamento, a oferta de condições diferenciadas de negociação ou a inclusão
de cláusulas mais rigorosas nos contratos de crédito.

17
Por fim, o monitoramento contínuo permite que a empresa tome decisões
estratégicas baseadas em dados concretos, reduzindo a necessidade de provisionamento
excessivo e minimizando as perdas com créditos irrecuperáveis.

2.2. Exemplos Práticos e Resolução de Exercícios

Exercício 1 – Constituição de Provisão para Crédito Específico

A empresa Atenac_Company possui um crédito no valor de 50.000 Kz com a


empresa EVOTBanc, que está vencido há 8 meses. Recentemente, Atenac_Company
entrou em processo de insolvência, aumentando significativamente o risco de não
pagamento. Com base nas normas contábeis, a empresa EVOTBanc deve reconhecer a
provisão necessária para refletir essa provável perda.

Conceito Aplicado:

Quando um cliente entra em insolvência e há indícios concretos de que a dívida


não será quitada, a empresa credora deve provisionar o valor total do crédito, pois a
probabilidade de recebimento é muito baixa. Esse registro reduz o ativo "Contas a
Receber" e aumenta a despesa com perdas estimadas.

Cálculo da Provisão:

Descrição Valor (Kz)

Valor total do crédito 50.000

Percentual de provisão 100%

Valor a provisionar 50.000

Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito (Kz) Crédito (Kz)

Despesas com Provisões para Créditos de 50.000 -


Cobrança Duvidosa

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa - 50.000

18
Exercício 2 – Provisão com Base em Percentual de Inadimplência

A empresa Atenac_Company possui um saldo total de contas a receber no valor


de 500.000 Kz. Historicamente, a empresa observa que, em média, 2% desse total se
torna inadimplente. Com base nessa taxa, qual deve ser o valor da provisão que a empresa
precisa constituir?

Conceito Aplicado:

A provisão para créditos de cobrança duvidosa pode ser calculada com base em
estimativas históricas de inadimplência. Esse método é útil para empresas que lidam
com um grande volume de clientes e não conseguem avaliar cada crédito individualmente.

Cálculo da Provisão:

Descrição Valor (Kz)

Total de contas a receber 500.000

Percentual médio de inadimplência 2%

Valor a provisionar 10.000

Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito Crédito

Despesas com Provisões para Créditos de Cobrança 10.000 -


Duvidosa

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa - 10.000

Exercício 3 – Reversão de Provisão

A empresa Atenac_Company havia provisionado um crédito de 5.000 Kz devido


à incerteza de recebimento. No entanto, após negociações, o cliente efetuou o pagamento
integral da dívida. Como deve ser feita a reversão dessa provisão?

19
Conceito Aplicado:

Quando um crédito anteriormente provisionado é recuperado, a empresa deve


reverter a provisão reconhecida e registrar o valor como uma receita. Isso evita que o
crédito recuperado continue afetando negativamente os resultados financeiros.

Lançamento Contábil:

Conta Contábil Débito Crédito

Provisão para Créditos de Cobrança Duvidosa 5.000

Receitas de Reversão de Provisões 5.000

20
Conclusão

A provisão para clientes de cobrança duvidosa é um elemento essencial na


contabilidade empresarial, pois permite a antecipação de perdas financeiras decorrentes
da inadimplência. Ao longo deste trabalho, destacamos a importância de reconhecer e
mensurar adequadamente essas provisões, assegurando que os relatórios financeiros
reflitam de forma transparente e prudente a real situação econômica das empresas.

A diferença entre provisão e perda efetiva foi abordada, enfatizando a importância


da prudência contábil na gestão dos ativos e passivos empresariais. Além disso,
analisamos diversos métodos para calcular a provisão, cada um adequado a diferentes
contextos empresariais e regulatórios.

21
Referências Bibliográficas

• Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). CPC 25 - Provisões, Passivos


Contingentes e Ativos Contingentes. Disponível em: www.cpc.org.br.

• Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). CPC 48 - Instrumentos


Financeiros. Disponível em: www.cpc.org.br.

• Decreto Presidencial n.º 204/15, de 28 de outubro de 2015. Regime de Provisões


Dedutíveis em Sede de Imposto Industrial.

• IUDICIBUS, Sérgio de. "Teoria da Contabilidade". 12ª ed. Atlas, 2020.

• MARION, José Carlos. "Contabilidade Empresarial". 15ª ed. Atlas, 2021.

• PADOVEZE, Clóvis Luis. "Contabilidade Gerencial". 8ª ed. Cengage Learning,


2019.

22
Lista Nominal – Grupo nº 03

1. Igraça António
2. Janeta Lenguidica
3. Jemima Lukeba
4. Joana Cardoso
5. João Gonçalves
6. Joaquim Alfredo
7. José Ferreira
8. Julieta Tomás
9. Laurindo Kabamba
10. Lady Lufundisso
11. Leonel Cumo
12. Leonilda João
13. Lucia Morança
14. Lucira Castigo
15. Luísa Gabriel
16. Simão Paiva

23

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