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Tópicos de Matemática Elementar Vol. V

O documento descreve a produção de um livro em formato EPUB pelo Internet Archive, destacando a utilização de reconhecimento óptico de caracteres que pode resultar em erros e inconsistências. O livro, intitulado 'Tópicos de Matemática Elementar: Teoria dos Números', é parte de uma coleção voltada para o ensino de matemática e abrange diversos tópicos, incluindo divisibilidade, equações diofantinas e teoria dos números. O autor, Antonio Caminha Muniz Neto, visa oferecer uma abordagem acessível e estruturada para estudantes e professores do ensino médio.
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Tópicos de Matemática Elementar Vol. V

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Tópicos de Matemática Elementar: teoria dos números Copyright
O 2014, 2013 Antonio Caminha Muniz Neto | Tópicos de Direitos
reservados pela Sociedade Brasileira de Matemática Sociedade Brasileira
de Matemática M atemática E lementar Presidente: Marcelo Viana Vice-
Presidente: Vanderlei Horita Primeiro Secretário: Ali Tahzibi Vo lume 5
Segundo Secretário: Luiz Manoel de Figueiredo Terceiro Secretário:
Marcela Souza Teo FLA d OS N: u meros Tesoureiro: Carmen Mathias
Editor Executivo Hilário Alencar Antonio Caminha Muniz N eto Assessor
Editorial s poani Tiago Costa Rocha Coleção Professor de Matemática
Comitê Editorial Bernardo Lima Djairo de Figueiredo Ronaldo Garcia (
Editor- Chefe) José Espinar José Cuminato Sílvia Lopes = e o), Capa Pablo
Diego Regino Distribuição e vendas Sociedade Brasileira de Matemática
Estrada Dona Castorina, 110 Sala 109 - Jardim Botânico 22460-320 Rio de
Janeiro RJ Telefones: (21) 2529-5073 / 2529-5095 http://www.sbm.org.br /
email:lojavirtualosbm.org.br 1 - > dl Y Re ISBN 978-85-85818-87-6 DE”
2º edição MUNIZ NETO, Antonio Caminha. 2º impressão Tópicos de
Matemática Elementar: teoria dos números / Caminha Muniz 2014 | Rio de
Janeiro -2.ed. -- Rio de Janeiro: SBM, 2013. | v.5 ; 263p. (Coleção
Professor de Matemática; 28) ISBN 978-85-85818-87-6 1.Divisibilidade. 2.
Equações Diofontinas. 3. Cálculo e Teoria dos Números. I. Título E SBM
COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA
MS SBM COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA
Logaritmos - E. L. Lima Análise Combinatória e Probabilidade com as
soluções dos exercícios A. C. Morgado, J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e
P. Fernandez Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume
e Semelhança) E. L. Lima Meu Professor de Matemática e outras Histórias
- E. L. Lima Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios - E. L.
Lima com a colaboração de P. C. P. Carvalho Trigonometria, Números
Complexos - M. P. do Carmo, A. C. Morgado e E. Wagner, Notas Históricas
de J. B. Pitombeira Coordenadas no Espaço - E. L. Lima Progressões e
Matemática Financeira - A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
Construções Geométricas - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q.
Carneiro Introdução à Geometria Espacial - P. C. P. Carvalho Geometria
Euclidiana Plana - J. L. M. Barbosa Isometrias - E. L. Lima A Matemática
do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C.
Morgado A Matemática do Ensino Médio Vol. 2 - E. L. Lima, P. C. P.
Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado A Matemática do Ensino Médio Vol.
3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Matemática e
Ensino - E. L. Lima | Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E.
Wagner e A. C. Morgado Episódios da História Antiga da Matemática - A.
Aaboe Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E. L. Lima A
Matemática do Ensino Medio Vol. 4 - Exercicios e Soluções - E. L. Lima, P.
C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado Construções Geométricas:
Exercícios e Soluções - S. Lima Netto Um Convite à Matemática - D.C de
Morais Filho Tópicos de Matemática Elementar - Volume 1 - Números
Reais - A. Caminha Tópicos de Matemática Elementar - Volume 2 -
Geometria Euclidiana Plana - A. Caminha Tópicos de Matemática
Elementar - Volume 3 - Introdução à Análise - A. Caminha Tópicos de
Matemática Elementar - Volume 4 - Combinatória - A. Caminha Tópicos de
Matemática Elementar - Volume 5 - Teoria dos Números - A. Caminha A
meus filhos Gabriel e Isabela, na esperança de que um dia leiam este livro.
Sumário Prefácio à primeira edição Prefácio à segunda edição 1
Divisibilidade 1.1 O algoritmo da divisão ...ccccccccl a ba MDOE MMO:
Sobra opa nei Road e E See 2 Equações Diofantinas did. Jernos
PALABOLICOS: zu marisa DESA E E ALI E E É 2.2 A equação de Pell...
n a asgos ged E A pa 3 Funções Aritméticas Multiplicativas 4 Cálculo e
Teoria dos Números 4.1 Sobre a distribuição dos primos .....ccccccc(. 4.2 O
teorema de Chebyshev ....ccccccl aa 4.3 O teorema de Cèsaro . . . osoo a
SUMÁRIO 5 A Relação de Congruência 117 5.1 Definições e
propriedades básicas .....ccccco. 118 5.2 Os teoremas de Euler e Fermat
....cccccscc. 133 5.3 Congruências lineares e o teorema chinês dos restos . .
145 6 Classes de Congruência 153 6.1 Sistemas de restos. . . . add pad dd be
EAD Á da 4 153 6.2 O conjunto quociente Zn +. ccccc 161 7 Raízes
Primitivas e Resíduos Quadráticos 169 7.1 Ordem módulo n ..cccccclccc ca
170 79 Raízes PEMLNOS a E nd e GUS rd E dp DS TE 175 To Nesidios-
quadiáticos s ua asa eiei e im E Pd N 187 7.4 Somas de quadrados sx . ooa
cade a quod 202 8 Sugestões e Soluções | 209 Referências 241 A Glossário
243 Prefácio à primeira edição Esta coleção evoluiu a partir de sessões de
treinamento para olimpíadas de Matemática, por mim ministradas para
alunos e professores do Ensino Médio, várias vezes ao longo dos anos de
1992 a 2003 e, mais recentemente, como orientador do Programa de
Iniciação Científica para os premiados na Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e do Projeto Amílcar Cabral de
cooperação educacional entre Brasil e Cabo Verde. Idealmente, planejei o
texto como uma mistura entre uma iniciação suave e essencialmente
autocontida ao fascinante mundo das competições de Matemática, além de
uma bibliografia auxiliar aos estudantes e professores do secundário
interessados em aprofundar seus conhecimentos matemáticos.
Resumidamente, seu propósito primordial é apresentar ao leitor uma
abordagem de quase todos os conteúdos geralmente constantes dos
currículos do secundário, e que seja ao mesmo tempo concisa, não
excessivamente tersa, logicamente estruturada e mais aprofundada que a
usual. Na estruturação dos livros, me ative à máxima do eminente
matemático húngaro-americano George Pólya, que dizia não se poder fazer
Prefácio à primeira edição Matemática sem sujar as mãos. Assim
sendo, em vários pontos delxei a cargo do leitor a tarefa de verificar
aspectos não centrais aos desenvolvimentos principais, quer na forma de
detalhes omitidos em demonstrações, quer na de extensões secundárias da
teoria. Nestes casos, frequentemente referi o leitor a problemas específicos,
os quais se encontram marcados com * e cuja análise e solução considero
parte integrante e essencial do texto. Colecionei ainda, em cada seção,
outros tantos problemas, cuidadosamente escolhidos na direção de exercitar
os resultados principais elencados ao longo da discussão, bem como
estendê-los. Uns poucos destes problemas são quase imediatos, ao passo
que a maioria, para os quais via de regra oferto sugestões precisas, é
razoavelmente difícil; no entanto, insto veementemente o leitor a debruçar-
se sobre o maior número possível deles por tempo suficiente para, ainda que
não os resolva todos, passar a apreciá-los como corpo de conhecimento
adquirido. O primeiro volume discorre sobre vários aspectos relevantes do
conjunto dos números reais e de álgebra elementar, no intuito de munir o
leitor dos requisitos necessários ao estudo dos tópicos constantes dos
volumes subsequentes. Após começar com uma discussão não axiomática
das propriedades mais elementares dos números reais, são abordados, em
seguida, produtos notáveis, equações e sistemas de equações, sequências
elementares, indução matemática e números binomiais; o texto finda com a
discussão de várias desigualdades algébricas importantes, notadamente
aquela entre as médias aritmética e geométrica, bem como as desigualdades
de Cauchy, de Chebychev e de Abel. Dedicamos o segundo volume a uma
iniciação do leitor à geometria Euclidiana plana, inicialmente de forma não
axiomática e enfatizando construções geométricas elementares. Entretanto,
à medida em que o texto evolui, o método sintético de Euclides — e,
consequentemente, demonstrações — ganha importância, principalmente
com a discussão dos conceitos de congruência e semelhança de triângulos; a
partir desse ponto, vários belos teoremas clássicos da geometria,
usualmente ausenPrefácio à primeira edição tes dos livros-texto do
secundário, fazem sua aparição. Numa terceira etapa, o texto apresenta
outros métodos elementares usuais no estudo da geometria, quais sejam, o
método analítico de R. Descartes, a trigonometria e o uso de vetores; por
sua vez, tais métodos são utilizados tanto para reobter resultados anteriores
de outra(s) maneira(s) quanto para deduzir novos resultados. De posse do
traquejo algébrico construído no volume inicial e do aparato geométrico do
volume dois, discorremos no volume três sobre aspectos elementares de
funções e certos excertos de cálculo diferencial e integral e análise
matemática, os quais se fazem necessários em certos pontos dos três
volumes restantes. Prescindindo, inicialmente, das noções básicas do
Cálculo, elaboramos, dentre outros, as noções de gráfico, monotonicidade e
extremos de funções, bem como examinamos o problema da determinação
de funções definidas implicitamente por relações algébricas. Na
continuação, o conceito de função contínua “é apresentado, primeiramente
de forma intuitiva e, em seguida, axiomática, sendo demonstrados os
principais resultados pertinentes. Em especial, utilizamos este conceito para
estudar a convexidade de gráficos — culminando com a demonstração da
desigualdade de J. Jensen — e o problema da definição rigorosa da área sob
o gráfico de uma função contínua e positiva — que, por sua vez, possibilita
a apresentação de uma construção adequada das funções logaritmo natural e
exponencial. O volume três termina com uma discussão das propriedades
mais elementares de derivadas e do teorema fundamental do cálculo, os
quais são mais uma vez aplicados ao estudo de desigualdades, em especial
da desigualdade entre as médias de potências. O volume quatro é devotado
à análise combinatória. Começamos revisando as técnicas mais elementares
de contagem, enfatizando as construções de bijeções e argumentos
recursivos como estratégias básicas. Na continuação, apresentamos um
apanhado de métodos de contagem um tanto mais sofisticados, como o
princípio da inclusão exclusão e os métodos de contagem dupla, do número
de classes de
Prefácio à primeira edição equivalência e mediante o emprego de
métricas em conjuntos finitos. A cena é então ocupada por funções
geradoras, onde a teoria elementar de séries de potências nos permite
discutir de outra maneira problemas antigos e introduzir problemas novos,
antes inacessíveis. Terminada nossa excursão pelo mundo da contagem,
enveredamos pelo estudo do problema da existência de uma configuração
especial no universo das configurações possíveis, utilizando para tanto o
princípio das gavetas de G. L. Dirichlet — vulgo “princípio das casas dos
pombos” —, um célebre teorema de R. Dilworth e a procura e análise de
invariantes associados a problemas algorítmicos. A última estrutura
combinatória que discutimos é a de um grafo, quando apresentamos os
conceitos básicos usuais da teoria com vistas à discussão de três teoremas
clássicos importantes: a caracterização da existência de caminhos
Eulerianos, o teorema de A. Cayley sobre o número de árvores rotuladas e o
teorema extremal de P. Turán sobre a existência de subgrafos completos em
um grafo. Passamos em seguida, no quinto volume, à discussão dos
conceitos e resultados mais elementares de teoria dos números, ressaltando-
se inicialmente a teoria básica do máximo divisor comum e o teorema
fundamental da aritmética. Discutimos também o método da descida de P.
de Fermat como ferramenta para provar a inexistência de soluções inteiras
para certas equações diofantinas, e resolvemos também a famosa equação
de J. Pell. Em seguida, preparamos o terreno para a discussão do famoso
teorema de Euler sobre congruências, construindo a igualmente famosa
função de Euler com o auxílio da teoria mais geral de funções aritméticas
multiplicativas. A partir daí, o livro apresenta formalmente o conceito de
congruência de números em relação a um certo módulo, discutindo
extensivamente os resultados usualmente constantes dos cursos
introdutórios sobre o assunto, incluindo raízes primitivas, resíduos
quadráticos e o teorema de Fermat de caracterização dos inteiros que podem
ser escritos como soma de dois quadrados. O grande diferencial aqui, do
nosso ponto de vista, é o calibre dos Prefácio à primeira edição exemplos
discutidos e dos problemas propostos ao longo do texto, boa parte dos quais
oriundos de variadas competições ao redor do mundo. Finalmente, números
complexos e polinômios são os objetos de estudo do sexto e último volume
da coleção. Para além da teoria correspondente usualmente estudada no
secundário — como a noção de grau, o algoritmo da divisão e o conceito de
raízes de polinômios —, vários são os tópicos não padrão abordados aqui.
Dentre outros, destacamos inicialmente a utilização de números complexos
e polinômios como ferramentas de contagem e a apresentação quase
completa de uma das mais simples demonstrações do teorema fundamental
da álgebra. A seguir, estudamos o famoso teorema de I. Newton sobre
polinômios simétricos e as igualmente famosas desigualdades de Newton,
as quais estendem a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica.
O próximo tema concerne os aspectos básicos da teoria de interpolação de
polinômios, quando dispensamos especial atenção aos polinômios
interpoladores de J. L. Lagrange. Estes, por sua vez, são utilizados para
resolver sistemas lineares de Vandermonde sem o recurso à álgebra linear,
os quais, a seu turno, possibilitam o estudo de uma classe particular de
sequências recorrentes lineares. O livro termina com o estudo das
propriedades de fatoração de polinômios com coeficientes inteiros,
racionais ou pertencentes ao conjunto das classes de congruência relativas a
algum módulo primo, seguido do estudo do conceito de número algébrico.
Há, aqui, dois pontos culminantes: por um lado, uma prova mais simples do
fechamento do conjunto dos números algébricos em relação às operações
aritméticas básicas; por outro, o emprego de polinômios ciclotômicos para
provar um caso particular do teorema de Dirichlet sobre primos em
progressoes aritméticas. Várias pessoas contribuíram ao longo dos anos,
direta ou indiretamente, para que um punhado de anotações em cadernos
pudesse transformar-se nesta coleção de livros. Os ex-professores do
Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará,
Marcondes
Prefácio à primeira edição Cavalcante França, João Marques
Pereira, Guilherme Lincoln Aguiar Ellery e Raimundo Thompson
Gonçalves, ao criarem a Olimpíada Cearense de Matemática na década de
1980, motivaram centenas de jovens cearenses, dentre os quais eu me
encontrava, a estudarem mais Matemática. Meu ex-professor do Colégio
Militar de Fortaleza, Antônio Valdenísio Bezerra, ao convidar-me,
inicialmente para assistir a suas aulas de treinamento para a Olimpíada
Cearense de Matemática e posteriormente para dar aulas consigo, iniciou-
me no maravilhoso mundo das competições de Matemática e influenciou
definitivamente minha escolha profissional. Os comentários de muitos de
vários de ex-alunos contribuíram muito para o formato final de boa parte do
material aqui colecionado; nesse sentido, agradeço especialmente a João
Luiz de Alencar Araripe Falcão, Roney Rodger Sales de Castro, Marcelo
Mendes de Oliveira, Marcondes Cavalcante França Jr., Marcelo Cruz de
Souza, Eduardo Cabral Balreira, Breno de Alencar Araripe Falcão, Fabrício
Siqueira Benevides, Rui Facundo Vigelis, Daniel Pinheiro Sobreira,
Antônia Taline de Souza Mendonça, Carlos Augusto David Ribeiro, Samuel
Barbosa Feitosa, Davi Máximo Alexandrino Nogueira e Yuri Gomes Lima.
Vários de meus colegas professores teceram comentários pertinentes, os
quais foram incorporados ao texto de uma ou outra maneira; agradeço, em
especial, a Fláudio José Gonçalves, Francisco José da Silva Jr., Onofre
Campos da Silva Farias, Emanuel Augusto de Souza Carneiro, Marcelo
Mendes de Oliveira, Samuel Barbosa Feitosa e Francisco Bruno de Lima
Holanda. Os professores João Lucas Barbosa e Hélio Barros deram-me a
conclusão de parte destas notas como alvo a perseguir ao me convidarem a
participar do Projeto Amílcar Cabral de treinamento dos professores de
Matemática da República do Cabo Verde. Meus colegas do Departamento
de Matemática da Universidade Federal do Ceará, Abdênago Alves de
Barros, José Othon Dantas Lopes, José Robério Rogério e Fernanda Esther
Camillo Camargo, bem como meu orientando de iniciação científica Itamar
Sales de Oliveira Filho, leram partes do texto final e oferecePrefácio à
primeira edição ram várias sugestões. Os pareceristas indicados pela SBM
opinaram decisivamente para que os livros certamente resultassem
melhores que a versão inicial por mim submetida. O presidente da SBM,
professor Hilário Alencar da Silva, o antigo editor-chefe da SBM, professor
Roberto Imbuzeiro de Oliveira, bem como o novo editor-chefe, professor
Abramo Hefez, foram sempre extremamente solícitos e atenciosos comigo
ao longo de todo o processo de edição. Por fim, quaisquer erros ou
incongruências que ainda se façam presentes, ou omissões na lista acima,
são de minha inteira responsabilidade. Por fim e principalmente, gostaria de
agradecer a meus pais, Antonio Caminha Muniz Filho e Rosemary
Carvalho Caminha Muniz, e à minha esposa Mônica Valesca Mota Caminha
Muniz. Meus pais me fizeram compreender a importância do conhecimento
desde a mais tenra, idade, sem nunca terem medido esforços para que eu e
meus irmãos desfrutássemos o melhor ensino disponível; minha esposa
brindou-me com a harmonia e o incentivo necessários à manutenção de meu
ânimo e humor, em longos meses de trabalho solitário nas madrugadas. Esta
coleção de livros também é dedicada a eles. FORTALEZA, JANEIRO de
2012 Antonio Caminha M. Neto
Prefácio à primeira edição Prefácio à segunda edição Para a
segunda edição fiz uma extensa revisão do texto e dos problemas propostos,
corrigindo várias imprecisões de língua portuguesa e de Matemática.
Adicionei também alguns problemas novos, no intuito de melhor exercitar
certos pontos da teoria, os quais não se encontravam adequadamente
contemplados pelos problemas propostos à primeira edição. Diferentemente
da primeira edição, nesta segunda edição as sugestões e soluções aos
problemas propostos foram colecionadas em um capítulo separado (o
capítulo 8, para este volume): adicionalmente, apresentei sugestões ou
soluções a praticamente todos os problemas do livro. | Por fim, gostaria de
aproveitar o ensejo para agradecer à comunidade matemática brasileira, em
geral, e a todos os leitores que me enviaram sugestões ou correções, em
particular, o excelente acolhimento desfrutado pela primeira edição desta
obra. FORTALEZA, MAIO de 2013 Antonio Caminha M. Neto
Prefácio à segunda edição CAPÍTULO 1 Divisibilidade Este
capítulo é devotado ao estabelecimento das definições e propriedades
elementares concernentes à relação de divisibilidade no conjunto dos
números inteiros, enfatizando o algoritmo da divisão, a noção de máximo
divisor comum e o papel fundamental desempenhado peEs nm los números
primos. Em que pese o caráter elementar dos argumentos | utilizados para
tal fim, encontraremos ao longo do caminho vários props blemas e
resultados interessantes, destacados, dentre esses últimos, a EN = |
caracterização dada por Bézout para o máximo divisor comum de dois o
inteiros e o teorema de Euclides sobre a infinitude do conjunto dos EE
números primos. Ao leitor interessado em aprofundar seus conhecimentos
de teoria dos números para além do material que discutimos neste volume,
sugerimos o clássico [5].
2 ? Divisibilidade 1.1 O algoritmo da divisão Definição 1.1.
Dados a,b € Z, com b 0, dizemos que b divide a, e escrevemos b | a, se
existir c € Z tal que a = bc. Caso b não divida a, escrevemos b {t a. Seja b
um inteiro não nulo. Se b dividir a, dizemos que b é um divisor de a, que a é
divisível por b ou ainda que a é um múltiplo de b. Se b | a e b > 0, então b é
um divisor positivo de a. Note que todo inteiro não nulo é um divisor de si
mesmo e de 0. Exemplo 1.2. Um inteiro n é par se for um múltiplo de 2;
caso contrário, n é ímpar. De acordo com a definição 1.1, os inteiros pares
são precisamente os que podem ser escritos na forma 2k, para algum k € Z,
i.e., são os inteiros ..., —6, —4, —2, 0, 2, 4, 6,.... Os inteiros restantes, i.e.,
..., —5, —3, —1, 1,3, 5,..., são os ímpares. Assim, todo ímpar é igual a um
par mais 1, de modo que podemos denotar um inteiro ímpar genérico
escrevendo 2k + 1, onde k € Z. Exemplo 1.3. Dados a,b inteiros e k natural,
temos que: (a) Se a £b, então (a — b) | (a£ — bf). | (b) Se a A —b e k for
ímpar, então (a + b) | (aë + bf). Solução. (a) Sabemos, do problema 2.1.18
do volume 1 que af = bf = (a o b) (at! + apre soa abr? PO: 1.1 O algoritmo
da divisão 3 O O cera EE E E A Como at! +at2b+...+abt-2 4 be-1 € Z, basta
usar a definição 1.1. (b) Para k ímpar, recorrendo uma vez mais ao
problema 2.1.18 do volume 1, temos a fatoração a” EE pE ne: (a $ b) (af! o
a" 2b FETES abr? dE pie com a7! —a¥-2b+. -—abt 2 + br! também inteiro.
É, pois, suficiente utilizar novamente a definição 1.1. E Exemplo 1.4. Prove
que, para todo k € N, o número 10º — 1 é um múltiplo de 9. Prova. Basta
aplicar o item (a) do exemplo anterior: 10% —1 = 10º — 1º é divisível por
10 — 1 = 9. Outras possibilidades são observar que ) 10F-1= 99...9 =9.
11...1 s — k algarismos k algarismos claramente um múltiplo de 9, ou
escrever novamente um múltiplo de 9. a A proposição a seguir estabelece
algumas propriedades básicas da relação de divisibilidade, as quais o leitor
deve guardar para uso futuro. Proposição 1.5. Sejam a, b, c inteiros não
nulos e x, y Inteiros quaisquer. (a) Se b|aea |b, então a = +b. (b) Se c |b eb |a,
então c | a. (c) Se c| a ec |b, então c | (ax + by).
4 Divisibilidade (d) Se b | a, então |b| < Jal. (e) Se c | b, então c |
ab. (1) Se b | a, então bc | ac. Prova. (a) Se a' e b são inteiros tais que a = ba’
e b = ab”, então a = (ab')a' = a(a'b') e, daí, a'b = 1. Logo, a” = +1, donde
segue que a = +b. (b) Se a = ba’ e b = cbh', com d',b' € Z, então a = (cb)a' =
c(a'b'), com a'b' € Z. Logo, c | a. (c) Sejam a = ca' e b = cb, com a',b E Z.
Então ax + by = ca'x + cb'y = c(a'x + b'y), com a'x + b'y € Z. Logo, c | (ax +
by). (d) Se a = ba', com a' E Z, então a # 0 > a' # 0 e, daí, || > 1. Logo, |a| =
|ba”| = [blja] > |b|. (e) Se b = cb”, com b' € Z, então ab = c(ab'), com ab' € Z.
Logo, c | ab. (f) Se a = ba”, com a” E Z, então ac = (bc)a' e, daí, bc | ac. H
1.1 O algoritmo da divisão 5 Observações 1.6. i. Como caso particular do
item (c) da proposição anterior, se c | a e c | b, então c | (a +b). Utilizaremos
essa observação várias vezes no que segue. ii. O item (c) da proposição
acima pode ser facilmente generalizado para provar que, se c | a1, ..., an,
então c | (ax, +-+: + an£n), para todos 74,...,%, E€ Z. iii. Segue do item (d)
acima que todo inteiro não nulo tem somente um número finito de
divisores. Continuando, recorde (cf. problema 1.1.6, volume 3) que, dado x
€ R, sua parte inteira |x| é definida por |x| = max{n € Z; n < z}. (1.1) De
outro modo, para n € Z, temos x| =n&n 0, então = |7] e r=a-— |+| b. (1.3)
Tais inteiros q e r são, respectivamente, o quociente e o resto da divisão de a
por b.
O e paes Prova. Suponha primeiro b > 0, e seja q o maior inteiro
tal que bg < a. Então bg < a < b(q + 1), de modo que 0 < a — bq < b e basta
definir r = a — bq (observe que, caso b > 0, tal inteiro q é a precisamente [6
|). Se b < 0, então —b > 0, donde existem q,r E€ Z tais que a = (—b)q + r,
com 0 < r < —b. Daí, a = b(—q) +r, com 0 1, de modo que ol < Jbl -lg —
g'| = |r — r| < lb, uma contradição. Portanto, q=q'e, daí, r = r’. | E O
corolário a seguir, além de importante em si, ilustra em sua prova a
utilização típica que fazemos do algoritmo da divisão. Para o enunciado do
mesmo, lembre-se de que um inteiro positivo m é dito um quadrado perfeito
se m = nº, para algum inteiro n (o qual, sempre que conveniente, podemos
supor não negativo). Corolário 1.8. Todo quadrado perfeito: . (a) deixa resto
0 ou 1 quando dividido por 3. (b) deixa resto 0 ou 1 quando dividido por 4.
(c) deixa resto 0,1 ou 4 quando dividido por 8. Prova. Seja n um natural. (a)
Pelo algoritmo da divisão, o resto da divisão de n por 3 é 0,1 ou 2, de modo
que n = 3q, 3q + 1 ou 3q + 2, para algum q € Z. Agora: 1.1 O algoritmo da
divisão 7 e Se n = 3q, então nº = 3.3q2. e Se n = 3q + 1, então n? = 3(3q? +
2q) + 1. e Se n = 3q + 2, então n? = 3(3q? + 4q +1) +1. . . . 2 . . . . | No
primeiro caso acima, nº deixa resto 0 quando dividido por 3; nos outros dois
casos, nº deixa resto 1 quando dividido por 3. (b) Novamente pelo
algoritmo da divisão, o resto da divisão de n por 4 é 0,1,2 ou 3, de modo
que n = 4q ,4q+ 1, 4942 ou 4943, para algum q E Z, e podemos dar uma
prova análoga à do item (a). Vejamos, contudo, uma prova mais simples:
invocando o algoritmo da divisão (ou o exemplo 1.2), temos n = 2q ou 2q +
1 para algum q € Z. e Sen = 2q, então nº = 4q?. e Se n = 2q + 1, então n? =
4(? +q) + 1. No primeiro caso, n? deixa resto 0 quando divididido por 4; no
segundo, n? deixa resto 1 quando dividido por 4. (c) Uma vez mais,
poderíamos apelar diretamente ao algoritmo da divisão, escrevendo n = 8q
+ r para algum q € Z e algum r € (0,1,2,...,7), dando uma prova análoga à do
item (a). No entanto, temos pelo item (b) que: e Se n = 2q, então nº = 49º.
Há, agora, duas possibilidades: — Se q? for par, digamos q? = 2k para
algum k € N, então n? = 8k. — Se q” for ímpar, digamos q? = 2k + 1 para
algum k € N, então n? = 8k + 4.
8 Divisibilidade e Sen = 2q + 1, então nº = 4q(q + 1) + 1. Mas,
como ao menos um dos inteiros q,q + 1 é par, temos q(q + 1) = 2k para
algum k € N, de sorte que nº = 8k + 1. . . e x~ 2 Por fim, os casos acima
garantem que o resto da divisão de nº por 8 só pode ser igual a 0, 1 ou 4. S
Corolário 1.9. Dados inteiros ay, a2 e b, sendo b não nulo, temos que b | (a
— a2) se, e só se, a e az deixam restos iguais na divisão por b. Prova.
Suponha primeiro que a = by +r e a2 = bg, +r, com qı, q2, r E Z. Então a —
a2 = b(qı — q2), i.e., b | (ay — as). Reciprocamente, suponha que b | (ay —
a»), e sejam q, = by + r1, do = bq2 + r2, com q1, q2, T1, T2 EZ e0 < ri, ro <
|b|. Então x di Qgs (qı — q2)b + (rı — T2) e, como b | (aı—a2) e b | (qı —
q2)b, segue do item (c) da proposição 1.5 que b divide rı — r2 = (ay — a2)
— (qı — q2)b. Por outro lado, O < ri, r2 < |b| implica |r4 — r2| < |b|, de
modo que a única possibilidade é ser |ry — r2| = 0 ou, ainda, rı = Ta, E
Como aplicação do corolário acima, calculamos a seguir os possíveis
valores do último algarismo de um quadrado perfeito. Exemplo 1.10. O
último algarismo de um quadrado perfeito só pode ser 0,1,4,5,6 ou 9. Prova.
Observe primeiro que o resto da divisão de um número natural por 10
coincide com seu último algarismo (o algarismo mais à direita, na
representação decimal do número). De fato, seja m = 10m’ + a, com m’ € Z,
e 0 < ao < 9; como o inteiro 10m’ termina por 0, segue que a representação
decimal da soma 10m’ + ao (que é igual a m) termina à direita com o
algarismo ag. | 1.1 O algoritmo da divisão 9 Sejam, agora, n E Neq,r € Z
tais que n = 10q+r, com 0 1 inteiro. Mostre que qualquer sequência . de n
inteiros consecutivos possui exatamente um múltiplo de n. Prova. Seja
a+1,a+2,...,a+n uma sequência de n inteiros consecutivos, coma=nqg+r,0r)=
(ng+r)+(n—r)=n(g+1), um múltiplo de n. Para o que falta, usemos
novamente o corolário 1.9: os números a+1l,a+2,...,a +n deixam restos dois
a dois distintos na divisão por n, uma vez que o módulo da diferença de
dois quaisquer deles é no mínimo 1 e no máximo n — 1. Logo, há no
máximo um múltiplo de n em nossa sequência. E
10 Divisibilidade Problemas — Seção 1.1 . Prove o critério de
divisibilidade por 9: o resto da divisão de um número natural por 9 é igual
ao resto da divisão por 9 da soma dos algarismos de sua representação
decimal. Em particular, um natural é múltiplo de 9 se, e só se, a soma de
seus algarismos o for. . Encontre o resto da divisão do número 10* por 11. .
Prove o critério de divisibilidade por 11: se o número natural n tem
representação decimal n = (azar-1...0109)10, então o resto da divisão de n
por 11 é igual ao resto da divisão por 11. da soma alternada o-an+a-...+(-D
ara + (ar. Em particular, 11 | n se, e só se, 11 dividir a soma alternada dos
algarismos de n. . (IMO.) Encontre todos os naturais n de três algarismos,
tais que 11 |n e & é igual à soma dos quadrados dos algarismos de n. .
(IMO.) Ache todos os n € N tais que o produto dos algarismos da
representação decimal de n seja igual a n? — 10n — 22. . * Dado um
natural n, prove que o produto de n inteiros consecutivos é sempre divisível
por n!. . (Hungria.) Para n € N, prove que o número 8” — 3” — 6” + 1” é
um múltiplo de 10. . (Hungria.) Prove que 5 divide 1° + 2% + 39 + 4% +
59, 10. 11. RA 1.1 O algoritmo da divisão 11 Para o próximo problema,
dado m € Z, denotemos por Zm o conjunto | im im qeLp= AQ ELAS Sul .
Seja © um conjunto de números inteiros, contendo 0 e satisfazendo a
seguinte propriedade: LVYESLTLÉVS>I—-YES. Se S Æ {0}, prove que:
(a) SNN 6. (b) Se x,y € S, então x +y € 5S. (c) Se m = min(S N N), então S
= Zm. * Calcule o resto da divisão de 2°% + 1 por 23? + 1. Mais
geralmente, dados a, m e n inteiros maiores que 1 e tais que m > n, calcule o
resto da divisão de a?” + 1 por a?” +1. * Para x € R, prove os seguintes
itens: (a) x—1< |z] 0. Prove os seguintes itens: (a) £ |z] < |y].
| it i, ki Hia a a i i f | | | ji ] fis | | j} | i 1 1 j 12 13. 14. 15. 16. 17.
18. 19. Divisibilidade ly] 3 inteiro, mostre que o número H+2!43! +... +n!
nunca é um quadrado perfeito. 1.2 MDCeMMC 8 20. (OBM.) Prove que
não existem inteiros x e y tais que 157º — Ty = 9. 21. (França.) Para k,m,n
€ N, com k > 2, sejam Fm = 2" +1 o m-—ésimo número de Fermat e G, =
(noi) (o — 2) +n. Fixado k, queremos encontrar (se existirem) os m,n € N
tais que Fm = Gn. Para tanto, faça os seguintes itens: (a) Prove que, se
existir um tal par (m, n), então há um inteiro não negativo r tal que n=2"+1.
(b) Conclua, a partir de (a), que k — 1 = 2"t,, para algum tı EN, de sorte
que 22 +1 = 2” (2"t + tı — 1). (c) Mostre, por indução sobre o natural l, que
se tivermos 2?” + 1 = 20+) (2t +t F 1), para algum t; E N, então 2?” +1 = A
A E ta 1). (d) Conclua sobre a existência de tais pares (m, n). 1.2 MDC e
MMC Se a1, ...,a@n São inteiros não nulos dados, dizemos que um inteiro
d é um divisor comum de a,...,an quando d | a1,...,d | an. Note que 41, . . . ,
@n sempre têm divisores comuns: 1, por exemplo. Ademais, desde que
qualquer inteiro não nulo tem apenas um número finito de divisores, a1,....,
an têm apenas um número finito de divisores comuns. Assim, a definição a
seguir tem sentido. Definição 1.12. O máximo divisor comum dos inteiros
não nulos a1, 02, ..., Gn, denotado mdc (a1, a2, ..., an), é o maior dentre os
divisores comuns de a1, a2, ..., An. Os inteiros a1, a2, ..., An São primos
entre si, ou relativamente primos, se mdc (a,,a5,...,an) = 1.
DÁ asa raid peu ñ Divisibilidade Para o teorema a seguir, devido
ao matemático francês Etienne Bézout, dado n € Z denote por nZ o
conjunto dos múltiplos inteiros de n, i.e., nn e Z=[0,n,002n, Sn ho Figura
1.1: Etienne Bézout, matemático francês do século XVIII, um dos
precursores da área da Matemática hoje conhecida como Geometria
Algébrica. Em que pese seu teorema sobre o mdc, o mais famoso teorema
de Bézout é provavelmente aquele que afirma que, sendo f e g polinômios
reais em X e Y, sem fatores comuns e de graus respectivamente m e n, o
número de pontos de interseção das curvas f(x,y) = 0 e g(x,y) = O no plano
Cartesiano é no máximo mn. Para uma exposição elementar, sugerimos
[11]. | Teorema 1.13 (Bézout). Sejam a1,a2,..., a inteiros não nulos dados.
Se E | Se D uz meELpvisrenh i=1 | então S = dZ, onde d = mdc
(a1,a92,...,an). Em particular, existem números inteiros u1, ..., Un tals que
mdc (an, Djs An) = WU, + agua + “+ ApUn. (1.4) 12 MDCEMMC Ž ăŻ o
oŻÄ oġăZ oOo O UùųúųOúO O5 Prova. É imediato que todo múltiplo de
um elemento de S pertence a S. Por outro lado, como d divide ax, +asx9+---
+anzx, para todos T1, X92,-..,Xn E Z, temos que S C dZ. Para estabelecer a
inclusão contrária, note primeiro que © contém inteiros positivos; de fato,
escolhendo zı = a e€ zt = +- = £n = 0, por exemplo, concluímos que 2 aî =
1t + a2£2 +`: + anTn E S. Como S contém inteiros positivos, existe um
menor inteiro positivo d' em S. Se mostrarmos que d' = d, seguirá que d € S
e nossa observação inicial garantirá que dZ C S. Afirmamos, inicialmente,
que d' | a1, ..., an. De fato, como d' € S, existem U1, U2,..., Un E Z tais que
d = au + azua + --* + anun. Agora, seja a = d'q +r, com q,rE€Ze0 d. Mas, se
a = da, ao = dga, ..., An = dn, COM G1,09,...,G E Z, então / d = au+açu + -°
+ anun = dqu, + dqzuz + --- + dgnun = d(qruı + quz +: + nün), ou seja, 0 < d
| d'. Logo, d < d”. | E Colecionamos, a seguir, vários corolários úteis do
teorema acima.
16 Divisibilidade Corolário 1.14. Sejam a,,as,..., a, inteiros não
nulos e d seu mdc. Se d' € N, então d | a1, a2, ... , Qan Se, e só se, d | d.
Prova. Tome inteiros u1, U2,..., Un tais que d = ayu + agua +- + anun. Uma
vez que dďd' | a1,a2,...,@n, O item i. das observações 1.6 garante que d’ | d.
A recíproca é imediata. ci Corolário 1.15. Sejam q4,a9,...,am inteiros não
nulos dados e d seu mdc. | (a) d= 1 se, e só se, existirem inteiros U1,
u2,...,Un tais que au + TER E TA =a (b) mdc (4, 2,...,%) =1. Prova. (a) Se d
= 1, a existência de inteiros u1, u2,..., Un como pede o enunciado segue do
teorema de Bézout. Reciprocamente, sejam u1, u2,...,Un inteiros como no
enunciado. Como d | a1,a9,..., Gn, segue novamente do item i. das
observações 1.6 que d | (am +--+ anun), i.e., d|1. Logo, d = 1. (b) Sendo d =
ayu +a2U2+:' * +an Un, temos (2) u+: + (Sm) t= DR e o resultado segue
imediatamente do item (a). a Exemplo 1.16 (China). Sejam a,b,c,d inteiros
não nulos, tais que b c +d +Æ 0 ead -— be = 1. Prove que a fração E 7 é
irredutível. C Prova. Queremos provar que mdc (a + b,c + d) = 1. Para
tanto, procuremos, de acordo com o corolário acima, inteiros u,v tais que (a
J bju+(c+djv=1. Ora, uma vez que ad — be = 1, basta tomarmos u = dev=-
—b. E 1.2 MDC e MMC 17 E E E O NE E Observação 1.17. Se a1, az,...,
an» são inteiros não nulos com mdc igual a d, o item (b) do corolário
anterior garante que, fazendo u=% para | < i < n, temos U1, U2,..., Un
primos entre sie q = dus, as = dug, e.. ap = dün: A forma de escrever
inteiros não nulos Q1, Q2,..., An, como descrito na observação acima, é útil
na análise de várias situações, como atestam os exemplos a seguir. Exemplo
1.18. Todo racional não nulo admite uma representação em fração
irredutível, i.e., uma fração da forma 7» com a e b inteiros não nulos e
primos entre si. De fato, seja r um racional não nulo e r= * uma
representação fracionária de r. Então, m e n são inteiros não nulos e, sendo
d = mde (m, n), m = da e n = db, segue do item (b) do corolário 1.15 que
mdc (a,b) = 1. Por outro lado, m da a n db b’ o que nos dá a representação
desejada de r em fração irredutível. Exemplo 1.19 (Rússia). Sejam a,b
naturais tais que aH + EN, Prove que É mdc (a,b) < va +». Prova. Sendo d =
mdc (a,b), existem inteiros u,v tais que a = du, b = dv e mdc (u,v) = 1.
Então a+1 b+41 d 1 a u + get b a E dv du u(du + 1) + v(dv + 1) duv d(u?
+v?) + (u +v) ne ES A duv de modo que
18 Divisibilidade também é natural. Portanto, d | (u + v) e, daí, d
< u +v. Mas isso é o mesmo que d? < du + du =a +b. na Corolário 1.20.
Para a;,...,a,,k inteiros não nulos, temos: (a) mdc (kay,...,kan) = |k|mde
(m,...,an). (b) mdc (ay,...,an) = mdc (mdc (a1, ...,an—1), Gn). Prova. (a)
Denotemos d = mdc (a1, ..., an) e d = mdc (ka,...,ka,). Como | d | m,...,an,;
temos que |kjd | kai, ..., kan, i.e., |k|d é um. divisor comum positivo de
ka,...,ka,. Mas, como d' é o maior dentre tais divisores comuns, segue que
|k|d < d’. Reciprocamente, como k divide d’ e d' divide ka,..., kan, temos
que E] é um inteiro positivo que divide a1, ..., Gn, de maneira que A < d ou,
o que é o mesmo, d' < |kld. Logo, d' = |kld. (b) Exercício. E Especializemos
nossa discussão ao máximo divisor comum de dois inteiros não nulos.
Dados a,b inteiros não nulos, com d = mdc (a, b), o teorema de Bézout
garante a existência de inteiros u e v tais que d = au by. É importante notar
que tal maneira de escrever o mde não é única; de fato, se t € Z, então temos
também d = a(u — tb) + b(v + ta) (teremos mais a dizer sobre isso na
proposição 1.25). Mais adiante, estabeleceremos um algoritmo muito útil e
importante para encontrar efetivamente o mdc de dois inteiros, o algoritmo
de Euclides. Comecemos estudando algumas propriedades do mdc de dois
inteiros não nulos. 12 MDC e MMC 19 Proposição 1.21. Para a, b e c
inteiros não nulos, temos que: (a) Se c | ab e mdc (b,c) = 1, então c | a. (b)
Se a + bc + 0, então mdc (a + bc, b) = mdc (a, b). (c) Se mdc (a,c) = 1, então
mdc (a, bc) = mdc (a, b). (d) Sec|be mdc (a,b) = 1, então mdc (a, c) = L (e)
Se mdc (b, c) = 1, então mdc (a, bc) = mdc (a, b) mdc (a, c). Em particular,
se b e c são primos entre si e dividem a, então bc divide a. Prova. (a) Sejam
u,v inteiros tais que bu + cv = 1. Multiplicando ambos os membros dessa
igualdade por a, obtemos (ab)u + c(av) = a. Por fim, como c | (ab), segue do
item (c) da proposição 1.5 que c | a. | (b) Sejam d = mdc (a + bc,b) e d' =
mdc (a,b). Como d' | a,b, temos que d | a,a+ bc. Portanto, pelo corolário 1.14
temos que d’ | d. Reciprocamente, como d | (a +bc) e d | b, temos que d |
[(a+bc) — bc], i.e., d|ae d|b. Novamente pelo corolário 1.14, temos que d |
d' e, assim, d&d (c) Sejam d = mdc (a,b) e d = mdc (a,bc). De d | b, segue
que d | bc. Assim, d | a e d | bc, de sorte que d | mdc (a, bc) = d'. Para
terminar, mostremos que d” | d: como mdc (a,c) = 1, segue do teorema de
Bézout a existência de u,v € Z tais que au + cv = 1 e, daí, a(bu) + (bc)v = b;
mas, como d' | a e d' | bc, temos que d' | b. Então, d' |a ed |b, de modo que d' |
mdc (a,b) = d. (d) Sejam d € Z tal que b = cd e u,v € Z tais que au + bv = 1.
Então, au + c(dv) = 1 e segue, do item (a) do corolário 1.15, que
20 Divisibilidade mdc (a,c) = 1. (e) Sejam d = mdc (a,b) ea = du,
b = dv, com u e v inteiros primos entre si. Aplicando sucessivamente o
corolário 1.22 e o item (c), obtemos mdc (a, bc) = mdc (du, dvc) = d mdc
(u, vc) = dmde (u, c). Mas, d | be mdc (b,c) = 1 implicam (cf. item (d)) mdc
(d,c) = 1. Portanto, mais uma aplicação do item (c) nos dá mdc (a,c) = mdc
(du, c) = mdc (u, c). Finalmente, immi as duas relações acima, obtemos
mdc (a, bc) = d - mde (u, c) = mdc (a,b) mdc (a, c). O resto é imediato. E
Corolário 1.22. Sejam a e b inteiros não nulos e k, m e n números naturais.
(a) Se mdc (a,b) = 1, então mdc (a™, b”) = 1. (b) Se mdc (a,b) = 1 e ab =
k”, então existem u,v € Z tais que Sour. Prova. | | (a) Aplicando o item (c)
da proposição anterior, com b”"! no lugar de b e b no lugar de c, obtemos -
mdc (a, b”) = mdc (a, b”! - b) = mdc (a, b=), Segue por indução sobre n que
mdc (a, b”) = mdc (a,b) = 1. Analogamente, mdc (a™, b”) = mde (a™™t .
a, b”) = mde (a™t, b") 12 MDCeMMC A e, por indução sobre m, obtemos
mdc (a”, b”) = mdc (a, b”) = 1. Alternativamente, uma vez que mdc (a,b) =
1, o teorema de Bézout garante a existência de x,y € Z tais que ax + by = 1.
Portanto, segue da fórmula de expansão binomial que n—1 p= (ax + by)” ->
(1) az “E (by) + (by)” = aq + b” n k=0 onde q = E Dorm *-lgr-k(by)*.
Portanto, segue do item (a) do corolário 1.15 que mdc (a,b”) = 1.
Argumentando de maneira análoga, concluímos que mdc (a”,b”) = 1. (b)
Sejam u = mdc (a, k) ev = mdc (b, k). Como mdc (a,b) = 1, o item (d) da
proposição anterior garante que k = mdc (k”, k) = mdc (ab, k) = mdc (a, k) -
mdc (b, k) = uv, de modo que ab= k" o, Agora, u | a e mdc (a,b) = 1 nos dão
(cf. item (d) da proposição anterior) mdc (u,b) = 1; analogamente, mdc (v,a)
= 1. Segue, pois, do item (a) que mdc (u”,b)=1 e mde(v”,a)=1. Por fim, u”
|ab e mde (u”, b) =1 >u |as u” u" 1, ou existe m € N tal que n = m* ou «/n
é um número irracional.
22 Divisibilidade Prova. Se wn = com m e p naturais primos entre
si (cf. exemplo 1.18), então pfn = m*. Mas, como mdc (m, p) = 1, segue do
corolário acima que mdc (m*,p*) = 1. Por outro lado, pfn = mº garante que
pt | më. Assim, a única maneira de pë e m" serem relativamente L primos é
que seja pë = 1. Mas, como k > 1, devemos ter, então, p= 1, i.e, n = mă. EE
Uma equação em números inteiros e com mais de uma variável é
denominada uma equação Diofantina, em homenagem ao matemático grego
Diofanto de Alexandria!, quem primeiro tentou estudar sistematicamente as
soluções de algumas dessas equações. A análise de equações Diofantinas
gerais é uma tarefa das mais difíceis, exigindo em geral argumentos
bastante sofisticados. Vejamos um exemplo sim-. ples. Exemplo 1.24. Prove
que não existem x,y € N tais que r’ +3 = 4y(y + 1). Prova. Suponha o
contrário, i.e., que 1º +3 = 4y(y + 1), para certos x,y € N. Então r? +4 =
4yly + 1) +1 = (2y +17 e, daí, * = (2y + 1)* — 2° = (2y — 1) (2y + 3).
Agora, se d = mdc (2y — 1, 2y +3), então d é ímpar e divide (2y +3) — (2y
— 1) = 4, de maneira que d = 1. Portanto, o produto dos inteiros primos
entre si 2y — 1 e 2y + 3 é um cubo perfeito, e o corolário 1.22 garante que
ambos 2y—1 e 2y+3 devem ser cubos perfeitos. Mas, como 1Matemático
grego do século III d.C., considerado um dos pais da Álgebra e da Teoria
dos Números. Em seu livro Aritmética, Diofanto procurou, pela primeira
vez, estudar sistematicamente as soluções inteiras de certos tipos
particulares de equações polinomiais — de fato, essa nomenclatura não
estava disponível à sua época —, as quais passaram, merecidamente, a ser
conhecidas como Diofantinas. 12 MDCeMMC 2 não há dois cubos
perfeitos cuja MTEGA seja igual a 4, chegamos a uma contradição. Ei Em
que pese o caráter ad hoc do exemplo acima, a teoria desenvolvida até
agora para o estudo do mdc de dois inteiros permite resolver completamente
a equação diofantina linear a duas variáveis ax + by = c, onde x e y são
incógnitas inteiras e a, b e c parâmetros inteiros não nulos dados, conforme
ensina o resultado a seguir. Proposição 1.25. Sejam a,b e c inteiros não
nulos dados. A equação ax + by = c admite soluções x,y € Z se, e só se, mdc
(a,b) | c. Nesse caso, se d = mdc(a,b) e £ = xo, Y = Yo for uma solução
inteira qualquer da equação, então as fórmulas ane E eine ls, (1.5) — u0 A
yY = Yo a . t € Z, dão todas as soluções inteiras possíveis. Em particular,
pode- mos supor que seja x > 0 > y ou, ainda, x < 0 < y. Prova. Suponha,
inicialmente, que existam inteiros x e y tais que ax + by =c. Como d | a e d |
b, segue que d | (ax + by), ou seja, d | c Reciprocamente, seja c = de, com e
€ Z, e (pelo teorema de Bézout) u e v inteiros tais que d = au +bv. Então c =
a-eu+b-ev, quer dizer, a equação admite a solução inteira £o = eu, Yo = ev.
Para o que falta, suponha que d | c e seja x = xo, Y = yo uma solução inteira
qualquer da equação. Sex = zı, y = yı for outra solução inteira da mesma,
teremos a(x, — zo) = b(yo — yı); cancelando d em ambos os membros
dessa igualdade, segue que a —(xzı — zo) = — (Yo — y1). Fi 1 0) q (o yı)
Assim, & | $(£1— z0) e, como mde ($, £) = 1, o item (a) da proposição
anterior garante que é | (71 — zo). Sendo zı — zo = ĉt, obtemos Yo — y =
St e as fórmulas do enunciado seguem. Reciprocamente, é
24 | Diisibilidade imediato verificar que tais fórmulas dão, de
fato, soluções inteiras para a equação. Para o que falta, suponha que a, b >
O (os demais casos podem ser analisados de modo análogo). Como u v CA
e v+ta <0 & t< —-, a escolhendo um inteiro t tal que t < & 4—2 e fazendo
u, = u — tb e vı = v + ta, teremos u > 0, vı < 0 e d = au + bui.
Analogamente, mostramos que podemos tomar uma solução x < 0 < y da
equação dada. E Por enquanto, sabemos apenas que é possível escrever o
mdc de dois inteiros não nulos a e b da forma au + bv, para algum par de
inteiros u,v, sem termos ainda uma maneira razoável para fazer isso
efetivamente. Para remediar essa situação, consideremos o seguinte
algoritmo, usualmente atribuído a Euclides. Algoritmo de Euclides Passo 1
a = ba+rn Der ri = 7293 + 73 0 < r3 < To Passo j - Tj-2 Rar; ME Ta
Passogy+Hl: ria = r;ga+Ho Note que a execução do algoritmo
realmente para após um número finito de passos, pois, desde que
r4,792,... são inteiros para os quais b > rı > T2 >- > 0, deve existir um
menor natural j tal que r; é o último resto não nulo no processo de
divisões acima. A importância do algoritmo de Euclides é explicada
pela proposição a seguir. 12 MDCeMMC — —_ > o ëB Proposição 1.26.
Nas notações da tabela acima para o algorimo de Euclides, temos mdc
(a,b) = rj. Prova. Pelo item (b) da proposição 1.21, temos
sucessivamente mdc (a,b) = mdc (a — bq, b) = mdc (r1,b) “= mde (r1, b
— rıq2) = mdc (r1, r2) = mde (rı — r243, r2) = mdc (r3, r2) = mde (r;j-
1,r;) = fr}, onde utilizamos, na última igualdade, o fato de que r; | r;.1.
E Embutido no algoritmo de Euclides também está um método para
encontrarmos os inteiros u,v cuja existência é garantida pelo teorema
de Bézout, i.e., tais que mdc (a, b) = au +bv. Vejamos como proceder
através de um exemplo numérico. Exemplo 1.27. Utilize o algoritmo de
Euclides para mostrar que o mdc de 120 e 84 é igual a 12. Em seguida,
resolva a equação 120x + 84y = 12 no conjunto dos inteiros. Solução.
Comecemos executando o algoritmo de Euclides: 120 = 84.1+436 84 =
36-2+412 356 = 12:83. Como 12 é o último resto não nulo, segue da
proposição 1.26 que mdc (120,84) = 12. Podemos, agora, encontrar
inteiros u e v tais que 12 = 120u + 84v trabalhando de trás para frente
com as divisões sucessivas que nos
26 Divisibilidade levaram ao mdc: 12 = 84.1-36-2 = 84.1-(120-
84-1)-2 = 84.1-120.2+84-2 = 84.3+120(-2). Por fim, de posse da solução £o
= —2 e yo = 3 da equação 120x + 84y = 12, podemos obter todas as
soluções dessa equação utilizando as fórmulas (1.5): g= —2+(84/12)t
=-2+Tt 3 — (120/12) =3-10t' O algoritmo de Euclides e sua prova também
são úteis para muitos propósitos teóricos, conforme atesta o próximo
exemplo. Exemplo 1.28. Se a, m e n são naturais tais que a > 1 e m = nq+r,
com 0 0, então mdc (a™ — 1,a” — 1) = mdc (a” — 1,9” — 1). De fato,
fazendo a” = b quando conveniente, temos a” — 1 aIt -1=(0"!-IDa"+(a” —
1) Co 1)a” + (a” — 1) (a — Db! +- -+b Da ++ (a — 1). fai 12 MDCeMMC
— — — ooo ë Sendo c = (btb? +... +b++1)a" d = mdce(a” —1,a” — 1) l d
— mde(a” —1,a” — 1) temos a” — 1 = (a — 1)c + (a — 1). Portanto,
segue do item (b) da proposição 1.21 que mdc (a” — 1,a” — 1) mdc ((a” —
1)c + (a” — 1), a” — 1) = mdce(a” — 1,a” — 1). Para o que falta
suponhamos, sem perda de generalidade, que m > n. Sem = n, nada há a
fazer. Suponhamos, pois, m > n e consideremos o algoritmo de Euclides
para m e n: m = nq +r O0
28 Divisibilidade Finalizamos esta seção estudando o mínimo
múltiplo comum de um conjunto finito de inteiros não nulos. Dados inteiros
não nulos a1, 492,..., Gn, O inteiro positivo [ajas... an| é um múltiplo
comum de q1,02,..., Gn: Existe, portanto, um menor inteiro positivo que é
múltiplo comum de q1,a2,...,n, O que dá sentido à definição a seguir.
Definição 1.29. Dados inteiros não nulos ay,a2,...,Gn; O mínimo múltiplo
comum de a1, a2,..., Gn, denotado mmc (aidas OR) o menor dentre todos os
múltiplos positivos comuns de a1,a92,...,GnOs resultados a seguir
estabelecem as propriedades básicas do mmc . Proposição 1.30. Sejam a,
a2, ..., An E Z* em = mme IREI an). Para todo inteiro M, temos que M é
um múltiplo comum de ay, ao, ...,Qm SE, € só se, m | M. ` Prova. Seja M
um múltiplo comum de a1, a2, .. . , an, € escreva M = mq +r, com q,r EZe0
M. Por outro lado, como M é um múltiplo comum de kai, kas,..., kan, segue
que M/k é um múltiplo comum de a4, a2, .. ou, ainda, M > km. Logo, M =
km. E A proposição a seguir relaciona o mdc e o mmc de dois inteiros | não
nulos. . , an e, daí, M/k > m | 12 MDCeMMC BB Proposição 1.32. Se a e b
são inteiros não nulos, então mmc (a,b) - mdc (a, b) = lab. Prova.
Mostremos primeiro que mdc (a,b) = 1 => mmc (a,b) = |ab). Seja m um
múltiplo positivo comum de a e b. Como mdc (a,b) = 1, o item (e) da
proposição 1.21 garante que ab | m. Portanto, m > Jab], de forma que |ab| é
o menor múltiplo positivo comum de a e b, ou seja, jab| = mmc (a, b). Para
o caso geral, note primeiro que mmc (a, —b) = mmc (a, b); como já temos
mdc (a, —b) = mdc (a,b), podemos supor, sem perda de generalidade, que
a,b > 0. Sejam d = mdc (a,b) e u,v inteiros primos entre si e tais que a = du,
b = dv. Queremos mostrar que mmc (du, dv)d = dºuv ou, ainda, (e pelo lema
anterior) que mmc (u, v) = uv. Mas isso é exatamente o conteúdo da
primeira parte acima. E Exemplo 1.33 (Japão). Encontre todos os pares
(a,b) de inteiros positivos tais que a > b e mmc (a,b) + mdc (a,b) +a + b =
ab. Solução. Sejam d = mdc (a,b) e u,v € N tais que a = du, b = dv. Então u
> ve d- mmc (a,b) = mdc (a,b) - mmc (a, b) = ab = dºuv, de maneira que
mmc (a,b) = duv. Substituindo as expressões acima na equação original,
concluímos que a mesma equivale a u(v + 1) + (v + 1) = dw, (1.6) de
maneira que u | (v+1). Assim, u < v+ 1 e, daí, u = v ou u = v+ 1. Se u = v,
segue de mdc (u,v) = 1 que u = v = 1, de sorte que d = 4
30 Divisibilidade. ea=b=4. Se u = v + 1, segue de (1.6) que ulv
+1)+(w+1) (v+1)2+(v+1) E uv - (v + 1)v o EO dae vê + v o que implica v =
1 ou v = 2. Examinando cada caso separadamente, chegamos às demais
soluções: a = 6, b = 3 ou a = 6, b = 4. E 1.2 MDC e MMC | 31 Problemas
— Seção 1.2 1. (IMO.) Para n € N, prove que mde (21n + 4,14n+3) = 1. 2.
(OIM.) Sejam m e n inteiros positivos. Se 2™ + 1 = nº, prove quem=n=3. 3.
Considere duas progressões aritméticas infinitas e não constantes, cujos
termos são inteiros positivos. Prove que existem infinitos naturais que são
termos de ambas as sequências se, e só se, o mdc de suas razões dividir a
diferença entre seus termos iniciais. 4. * Dados a,m, n € N, com m Æ n,
prove que mdc (a? +1, a?” + D)=1ou2. 5. (Japão.) Prove que mdc (n! + 1, (n
+1)! +1) = 1, para todo EN: 6. (Torneio das Cidades.) Se a e b são números
naturais tais que ab | (a? + b?), mostre que a = b. 7. (OBM.) Dados a,b € N,
particione um retângulo a x b em ab quadradinhos 1 x 1. Prove que cada
diagonal do retângulo passa pelo interior de exatamente a+b— mdc (a, b)
quadradinhos 1x1. 8. Sejam n e k inteiros positivos, com n > k. Prove que o
mdc n n+1 n + k OE p pes k 9. Seja n > 1 um inteiro tal que 2% é a maior
potência de 2 que dos números é igual a 1. divide n. Prove que o máximo
divisor comum dos números biCO (505) (mt) nomiais Eq
2 Divisibilidade é igual a 25+!. 10. (Estados Unidos - adaptado.)
Fixado k e N, mostre que max{ mdc (n? + k, (n +1% + k); ne N} =4k+1 11.
Se a, b e c são inteiros positivos tais que 1 + à = L prove que “existem
inteiros positivos q, u e v tais que mdc (u,v) = 1e a = qulu + v), b = qu(u +
v) e c = quv. 12. (Inglaterra.) Sejam z, y naturais tais que 2xy divide HYT.
Prove que x é um quadrado perfeito. 13. (Estados Unidos.) De qualquer
conjunto de 10 naturais consecutivos, prove que é sempre possível escolher
ao menos um que seja relativamente primo com os nove restantes. mdce(y,
2) = 1. 14. Sejam a, b e m naturais dados, com mdc (a,m) = 1. Mostre que m
a = 1a-1)(m-1)+b m J=0 Para o problema a seguir, recorde (cf. problema
1.1.7 do volume 3) que, dado x € R, sua parte fracionária é o real {x}, tal
que {z} = z — |z|. Assim, {z} € [0,1) e {z} =0 & z € Z. 15. (Japão.) Sejam
n,r E N tais que n > lentfr. Seg = mdc (n, r), prove que 16. (Putnam.) Dados
m,n € N, com m > n, prove que o número mdc (m,n) m (7) é um natural. 12
MDC e MMC OB 17. (Bulgária.) Seja (an)n>ı a sequência de inteiros
positivos definida por ma = 2 e, para todo n € N, an = a2 — an + 1. Mostre
que dois termos quaisquer dessa sequência são primos entre si. 18. * Seja
(Fn)n>1 a sequência de Fibonacci, i.e., a sequência tal que F; = Fa = 1 e
Fk4į2 = HF, para todo k € N. Nosso objetivo neste problema é provar que
mdc (Fm, Fn) = F ndear: Para tanto, faça os seguintes itens: (a) Prove que,
para todo n € N, tem-se mdc (Fn, Fn41) = 1. (b) Prove que, para todos n,k €
N, com n > 1, tem-se E, = Fn-1Fk + Faia. (c) Use o item (b) para concluir
que, para todos n,q,r € N, (1 mde (Fryd a) = En (ii) mdc (Fhng-1, Fn) = 1.
(iii) mdc (Fang+r, Fn) = mde (Fp, Fn). (d) Conclua que mdc (Fn, Fm) =
Fmac(m,n) para todos m e n naturais. 19. (Croácia.) Seja (an)n>ı uma
sequência de números inteiros tal que a = l € an+2 = 02441 + An, para todo
n € N. Prove que mdc (am, an) = l mde (m,n): 20. Dados a,b € N primos
entre si, prove os seguintes itens: (a) Todo natural n > ab pode ser escrito da
forma n = ax + by, com z, y naturais. (b) O inteiro ab não pode ser escrito
como em (a). (c) Todo inteiro n > ab — a — b pode ser escrito da forma n =
ax + by, com z,y inteiros não negativos. (d) O inteiro ab — a — b não pode
ser escrito como em (c).
34 Divisibilidade 1.3 Números primos 35 DS E a SER e x
formações sobre essa questão nos são dadas por r (e) Há exatamente (a —
1)(b — 1) inteiros não negativos que Informaç A aa adas por um teorema . l
A devido ao matemático francês Gabriel Lamé, e o objetivo des não podem
ser escritos da forma ax +by, com x e y também ; A | J te ek x T problema é
prová-lo. Para tanto, faça os seguintes itens: Inteiros nao negativos. | i i .
Paa : a) Se Fy é o k-ésimo número de Fibonacci en € N. prove que 21.
(IMO - adaptado.) Sejam a, b, c naturais dois a dois primos entre . (a) k |
EN,p q E : Fn+5 > 10F, e deduza, a partir daí, que Faro > 10”, de l : modo
que F5n+2 tem pelo menos n + 1 algarismos em sua |: (a) Mostre que não
existem x,y,z E Z4 tais que 2abc — ab — : representação decimal. E be —
ca = abc + yac + zab. : (b) Se n passos forem usados no algoritmo de
Euclides para RE ; : q (b) Se n € N é tal que n > abc — a — bc, use o
resultado do ! calcular mdc (a,b), com a > b > 0 e usando b como o
problema anterior para concluir pela existência de x,t € Z, Ê primeiro
divisor, prove que b > F,.. ul, tais que n = rbe + ta, com 0 < x 2abc — ab —
be — ca, use os itens é poli i is que | l PEPEN ; Na | (b) e (c) para mostrar
que existem 1,y,2 € Z, tais q : 24. (OBM.) Seja n > 1 inteiro. Prove que o
número e is n = xbe + yac + zab. E 1 NIE | . do: | l+5+5t +> E 22.
Generalize o resultado do problema anterior do seguinte modo: É 2 3 n 1 =
Se d1, A2, ..., An São naturais dois a dois primos entre si e : nunca é inteiro.
, n IR A= Dum aa Ti,- -, En E Zu a . il o SO 1.3 Números primos i = | | | (a;
indica que a; não está presente no produto x;a ---G;:- an), Um inteiro p > 1 é
primo se seus únicos divisores positivos forem 1 i então o maior natural que
não pertence a 4 é o número . : ep. Um inteiro a > 1 que não é primo é dito
composto. Provaremos EN | . "logo mais (cf. teorema 1.37) que o conjunto
dos números primos é inno n ` . ; ; 3 ; > gii PIRE ` ` de II pa É | finito; por
ora, para comodidade do leitor, listamos abaixo os números i] zg A f 4º E 1 |
do) ca "primos menores que 50, cujas primalidades podem ser verificadas
sem dificuldade: | | “A . . ni 23. É interessante nos perguntarmos sobre a
eficiência do algoritmo de Euclides para o cálculo do mdc de dois inteiros
não nulos. | 2,5,9, 7, 11,13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47.
“tos”. 36 Divisibilidade Nosso objetivo nesta seção é estudar os
números primos e sua relação com os números compostos. (Começamos
com o seguinte resultado auxiliar, conhecido como o lema de Euclides.
Lema 1.34 (Euclides). Todo inteiro n > 1 pode ser expresso como o produto
de um número finito de primos, não necessariamente distin2 Prova.
Façamos a prova por indução sobre n. Se n = 2, nada há a fazer (uma vez
que 2 é primo). Suponha, agora, que todo inteiro n tal que 2 < n < m pode
ser escrito como o produto de um número finito de primos; provemos que
este é também o caso para m: sem for primo, nada há a fazer. Senão,
existem inteiros a e b tais que m = ab, com 1 < a,b < m. Pela hipótese de
indução, a e b podem ser escritos como produtos de números finitos de
primos, digamos a = Pı... Pk, b= qıt: q, com k,l > 1ep,..., Pk, Q1,...,Q
primos. Logo, m = ab = pı . . . Pkqı °- q também o produto de um número
finito de primos. | m Como corolário do lema acima, temos o seguinte
critério de pesquisa de divisores primos de um número composto, devido ao
matemático grego Eratóstenes de Cirene (cf. figura 1.2). Corolário 1.35
(Eratóstenes). Se um inteiro n > 1 for composto, então n possui um divisor
primo p, tal que p < y/n. Prova. Seja n = ab, com 1 < a < b. Sendo p um
divisor primo de a, segue que p| ne pP 1 na forma n = py"... py”, onde P1,- -
-, Pk São primos dois a dois distintos e q1,...,ay € N. Veremos no teorema
1.42 que, a menos de uma reordenação de fatores, essa maneira de escrever
n é única. Antes, contudo, provemos que o conjunto dos números primos é
infinito, resultado este também devido a Euclides. Teorema 1.37 (Euclides).
O conjunto dos números primos é infinito. “Com um pouco mais de
trabalho, é possível mostrar que o crivo de Eratóstenes é um algoritmo que,
genericamente, não termina em tempo polinomial. De outra forma, isto
significa que a quantidade de operações que necessitamos executar para
encontrar o n—ésimo primo com o auxílio do crivo de Eratóstenes cresce
exponencialmente com n, de forma que mesmo com o auxílio de um
computador esse não é um bom algoritmo de primalidade.
38 Divisibilidade Figura 1.2: Eratóstenes de Cirene, matemático
grego do século II a.C. Além de seu algoritmo de primalidade, outro
trabalho notável de Eratóstenes foi conseguir medir indiretamente o
diâmetro da Terra, com precisão impressionante para a época. Prova. Por
indução sobre n, provemos que, se N contiver n primos distintos, então N
conterá n + 1 primos distintos. Suponha que P1, . - - , Pn São primos
distintos, e seja m = Pi... Pn + 1. Pelo lema 1.34, existe um primo p tal que
p | m. Se p = p; para algum 1 < i < n, então p | pı... Pn e segue da proposição
1.5 que p divide a diferença m — pı... Pn, 1.€., p | 1, o que é um absurdo.
Logo, p é um primo diferente de todos os p;'s, de maneira que temos pelo
menos n + 1 primos distintos em N. a Observação 1.38. Em que pese o
resultado acima, há lacunas arbitrariamente grandes na sequência dos
primos. De fato, dado k > 3 inteiro, para que os inteiros positivos e
consecutivos a+2, a+3,...,a+k sejam todos compostos basta que a seja um
múltiplo comum dos números 2,3,...,k. Teremos mais a dizer sobre a
distribuição dos números primos ao longo dos naturais no capítulo 4. 1.3
Números primos 39 A utilização de pequenas variações do argumento
usado na prova do teorema de Euclides nos permite mostrar que várias PA's
contêm uma infinitude de números primos. Vejamos um exemplo nesse
sentido*. | Exemplo 1.39. Prove que há infinitos primos da forma 4k — 1.
Prova. Suponha que só houvesse uma quantidade finita de primos da forma
4k — 1, digamos pı = 3,75 = 7,93 = 11,...,7,, e considere o número m =
4pipo...p;— 1. Claramente, m > 1 e, sendo Mm = pips... p, temos m = 4m'
— 1. Por outro lado, o lema 1.34 garante a existência de primos ímpares
qı,- --, qı tais quem = qı . . . qı. Observe, agora, que todo primo ímpar é da
forma 4q' — 1 ou 4g' + 1, para algum q' € Z. Se fosse q; = 49, +1 para 1 <
¿i < t, teríamos m = (4q, + 1)... (4q, + 1) = 4q +1, para algum q € N,
contradizendo o fato de ser m = 4m’ — 1. Portanto, existe 1 < ¿į < l tal que
q; = 4q; — 1. Finalmente, como pı, pa,...,D são todos os primos dessa
forma, deveríamos ter q; = p; para algum 1 < j
40 Divisibilidade Lema 1.40. Se a;,. então existe 1 < į < n tal que
p | a;. Em particular, se q, ... Gn E Ne p é um primo tal que p | a1a2.. . an, b)
Un forem todos primos, então existe 1 < 1 < n tal que p = a;. Prova.
Façamos a prova no caso n = 2, sendo o caso geral totalmente análogo.
Suponha que p | (ab) mas pf a, e seja d = mdc (a, p). Como d | p, temos d =
1 ou d = p; mas p { a e d | a garantem que d Æ p, i.e., d= 1. Assim, como p |
(ab) e mdc (a, p) = 1, segue do item (a) da proposição 1.21 que p | b. O resto
é imediato a partir da definição de número primo. E Exemplo 1.41. Se p é
um primo ímpar, então p divide cada um dos sl) Prova. Seja 1 < k E p — 1.
Uma vez que o número (E) = DE O a RED sendo k) Mp (p — k)! é um
inteiro, temos que (p— k)! divide (k+1)...(p—1)p. Agora, como números pé
primoep{1,2,...,p—k, o lema anterior garante que p { (p—k)!, de sorte que
mdc (p, (p — k)!) = 1. Portanto, pelo item (a) da proposição 1.21
concluímos que (p — k)! divide (k +1)...(p— 1) e, daí, A e e E (p — k)! á N
EN > k um múltiplo de p. | E O teorema a seguir é a pedra fundamental da
teoria elementar dos números, sendo conhecido como o teorema
fundamental da aritmética. 1.3 Números primos 41 Teorema 1.42. Todo
inteiro n > 1 pode ser escrito como o produto de potências de primos
distintos. Ademais, tal decomposição de n é única no seguinte sentido: se n
= pr si Pi = q aê Ta onde Pı 1 são inteiros, então k =le, para 1 1 admite duas
decomposições como no enunciado. Como pı | n, temos que pg. q ' e o lema
anterior garante a existência de 1 < j < L tal que pı = qj. Por outro lado,
como qı | n, temos que qı | pj" ...pp* e, novamente pelo lema anterior, existe
1 < 1 < k tal que qı = p;. Assim, pı = qj Z qı = pi È pı, de onde segue que pı
= qı e, daí, b1 Ba MED D enp =p si Provemos agora que q = ĝi. Sea < fı,
então p3... pp =. a A ', de maneira que pı | p3.. py". Mas aí, argumentando
como acima, existiria 2 < 4 < k tal que pı = p;, O que é um absurdo.
Analogamente, não pode ser aq, > 51. Logo, ay = 5; e segue que Does, S a
Repetindo o argumento acima várias vezes (há uma indução embutida aqui,
a qual não formalizaremos a bem da clareza do argumento), concluímos
sucessivamente que pa = q2 € Œz = b2, P3 = q3 € &3 = p3, etc. Ao final,
se k < l, obteremos 1 = E um absurdo; se k > l, obtemos um absurdo
análogo. Logo, k = l e nada mais há a fazer. E E q ', O que é claramente
Exemplo 1.43. Os naturais x e y são tais que 3z? + xz = 4y? + y. Prove que
x — y é um quadrado perfeito. Prova. Sejam p um primo e pº, p? e p° as
maiores potências de p que dividem x, y e x — y, respectivamente. Suponha,
por um momento,
42 Divisibilidade que a < b. Então p% | x2,y?, e segue do item (c)
da proposição 1.5 que p° | (4y? — 342). Mas, como x — y = 4y? — 31º,
temos então que p% | (x —y) e, daí, c > 2a. Por outro lado, escrevendo z? =
(2-y)-4y'—- 2") = (x — y)[L + 4y + z), concluímos que p° | «2, de modo
que (argumentando como acima) c < 2a. Portanto, c = 2a, um número par.
Se a > b, concluímos, de modo análogo, que c = 20. Por fim, como o primo
p foi escolhido arbitrariamente, segue do teorema fundamental da aritmética
que x — y é um produto de potências de primos com expoentes pares, logo
um quadrado perfeito. Ea A representação de um inteiro n > 1 como um
produto de potências de primos distintos é sua fatoração ou decomposição
canônica em fatores primos. Os corolários a seguir colecionam algumas
consequências úteis da existência de uma tal fatoração. Corolário 1.44.
Sejam a, b, m e n naturais tais que a” = b”. Se mdc (m,n) = 1, então existe c
€ N tal que a = c” e b = c”. Prova. É claro que a e b são divisíveis
exatamente pelos mesmos Pk primos, p1,..., Pk digamos. Sejam a = pi .. -pp
€ b = pi -Ph com Q;, 8; > 1, as decomposições canônicas de a e b. Então,
ma m nB1 nBk DCE Sb Dj eph Ma Pı e a parte de unicidade do teorema
fundamental da aritmética garante que Mai =NnB; V 1 1, então os divisores
positivos de n são os números da forma pî”... p", com 0 < a; < pi, para 1 <
i < k. Em particular, denotando por d(n) o número de divisores positivos de
n, temos k d(n) = | [(6: +1). (1.8) i=1 Prova. Se d > 1 é divisor de n e p é
um primo que divide d, então p também divide n, de forma que p é igual a
um dos primos pı,..., PDk. Mas, como isso é válido para todo divisor primo
de d, segue que d = pi... p", com a; > O para todo i (não escrevemos a; > 1
pois pode ocorrer que p; ł d para um ou mais valores de i). Agora, se q E N
é tal que n = dq, então | pr. prq pl... De, e a parte de unicidade do teorema
fundamental da aritmética permite concluir facilmente que aq; < 5; para
todo i. Reciprocamente, é imediato que todo natural d da forma pf” ... pp",
com 0 < a; < 5; para ]
44 Divisibilidade Vejamos um exemplo de aplicação do resultado
acima. Exemplo 1.46. Prove que um natural n é quadrado perfeito se, e só
se, d(n) for ímpar. 1° e d(1) = supor que n > 1. Seja, então, n > 1 um inteiro
e n = py! Prova. Primeiramente, como 1 = 1 é ímpar, podemos py" sua
decomposição canônica em fatores primos. Se n for quadrado perfeito,
então, para 1 < i < k, existe 8; € N tal que a; = 28;. Portanto, o corolário
anterior fornece d(n) = (œai+ 1)... (akp + 1) = (261 +1)... (28k +1), um
número ímpar. À recíproca é análoga. E Para o próximo corolário, é útil
estendermos a decomposição canônica de um inteiro maior que 1 em
primos permitindo expoentes iguais a 0. Por exemplo, podemos escrever 48
= 24 - 3 e 270 = 2.33.5 utilizando os primos 2, 3 e 5 em ambos os casos,
i.e., escrevendo 48=2*.3.5" e 270=2.32.5. i 1. Re Sejam a,b > 1 naturais
dados, com a = py" ... pg” e b= po a , onde pı < -++ < pk São números
primos e a;, i > 0 para 1 a t < k. Então IE minto:B) o mmc (a,b) = 3=1 mde (
(a,b) = [> a Prova. Façamos a prova para o mcd (a prova para o mmc é
análoga). Como min{a;, 6i} < Qi, ĝi para todo i, temos que o número d = E,
mae i} divide ambos a e b. Seja, agora, d' um divisor positivo qualquer de a
e b. Pelo corolário 1.45, a decomposição em primos de d' é da forma d' = p?
...p}", com y > 0 para todo à. Mas, d' | a implica y; < a; ed” | b implica y; <
5;. Assim, para todo i, temos yi < min {a;, bi}, de modo que d” | d. Logo,
d= mdc (a,b). E ESE EEE EAS a E E S gi E pa 1.3 Números primos 45 De
volta ao parágrafo anterior ao Eoroláno, agora podemos calcular
imediatamente mdc (48,270) =2:3=6 e mmc (48,270) = 24 . 33 . 5 = 2160.
Suponha que saibamos que um certo natural n admite um divisor primo p.
À proposição a seguir, devido ao matemático francês AdrienMarie
Legendre”, ensina como calcular o expoente de p na decomposição
canônica de n em fatores primos, mesmo que não conheçamos tal
decomposição explicitamente. A fórmula (1.9) é conhecida como a fórmula
de Legendre. Proposição 1.48. Sejam n > 1 natural e p primo. Se ep(n)
denota o expoente de p na decomposição canônica de n!, então eln) = 5. E | |
(1.9) k>1 é sempre finita, uma vez que, para pë > n, temos Ea = 0. Seja k €
N qualquer e pë, 2pº,...,mp* os múltiplos de p* menores ou tea a n. Então
mpë < n < (m + 1)p"ë ou, equivalentemente, m < L = 1 há exatamente lola
naturais menores ou iguais a n e que são múltiplos de p* mas não de Prova.
Note, inicialmente, que a soma acima é p*t!. Mas, como cada um de tais
números contribui com exatamente k fatores p para e,(n), segue que o-ze (j-
p) -Ee 5Matemático francês dos séculos XVIII e XIX.
46 Divisibilidade Os dois exemplos a seguir trazem aplicações
interessantes da fórmula de Legendre. Exemplo 1.49 (União Soviética).
Ache o número de zeros consecutivos no final do número 1000!. T Prova.
Escrevendo 1000! = 2º2(1000) . 5e5(1000) m, com m € N, vemos que basta
calcular o menor dos números e2(1000) e es(1000) a fim de encontrar a
maior potência de 10 que divide 1000!. Por outro lado, o menor de tais
números é claramente es(1000), o qual pode ser calculado por intermédio
da fórmula de Legendre, levando em conta que 5º > 1000: * | 1000 es
(1000) = >. | = 200 + 40 +8 + 1 = 249. 9=1 Logo, 1000! termina em 249
zeros. E Exemplo 1.50 (Iugoslávia). Prove que 2” 4 n!, para cada n € N.
Prova. O resultado é claramente verdadeiro para n = 1. Paran > 1, o teorema
de Legendre garante que a maior potência de 2 que divide n! tem expoente
k = > ,,>1 [%|. Mas, como |x| < x para todo x e | = Q para todo j
suficientemente grande, segue que 23 -Dlg 921 j21 onde utilizamos a
fórmula para a soma dos termos de uma série geométrica (cf. proposição
3.21 do volume 3) na última igualdade acima. Logo, k < n, de sorte que 2”
{ n!. | E 1.3 Números primos 4T Problemas — Seção 1.3 . Sejam p e q
primos ímpares consecutivos. Prove que existem inteiros a, b,c > 1, não
necessariamente distintos, tais que p+q = abc. . (IMO - adaptado.) Seja k €
N tal que p = 3k + 2 é primo. Se m e n são naturais tais que m] 11 SA 1 1 no
2 3 4 2k 2k+1’ prove que p | m. . (Hungria.) Dado p > 2 primo, ache todos
os x,y € N tais que ore dE cão [E y’ . (IMO.) Ache todos os n € N tais que
n(n + D(n + 2)(n + 3) tenha exatamente três divisores primos distintos. .
(Rússia.) Seja (a, )n>1 uma sequência de números naturais tais que
mdc(a;,a;) = mdc (i,j) sempre que i Æ j. Prove que An = Nn, para todo n >
1. . * Dizemos que um natural n é livre de quadrados sen = 1 ou n = pı . ..
Pk, com pı 1 pode ser unicamente escrito na forma n = ab?, com a livre de
quadrados e b natural. (b) Use o item (a) para mostrar que, se existissem
exatamente k números primos, então haveria exatamente 2º inteiros livres
de quadrados e que o número de inteiros positivos menores ou iguais a n
seria, no máximo, 2*,/n. (c) Use o item (b) para dar outra prova da
infinitude dos primos.
48 10. 11. 12. 13. 14. 15. Divisibilidade Mostre que há infinitos
primos de cada uma das formas 3k + 2 e 6k + 5. (Iugoslávia.) Para cada n €
N, prove que o número 22" — 1 tem ao menos n fatores primos distintos.
Se p é um primo ímpar, prove que p divide (2) — 2. * Sejam a e n inteiros
positivos, com a > 1. Faça os itens a seguir: (a) Se a” +1 é primo, então n é
uma potência de 2 (veremos no problema 6, página 130, que a recíproca não
é verdadeira). (b) Se n > 1 e a” — 1 é primo, então n é primo e a = 2 (a
recíproca não é verdadeira, conforme atesta o exemplo 211 — 1 = 23 . 89).
(IMO.) Ache todos os n € N, n > 6, tais que os naturais menores É que n e
primos com n formem uma progressão aritmética. (IMO.) Sejam k,m,n
naturais tais que m + k + 1 é um primo | maior que n + 1. Se c, = s(s + 1)
para cada s € N, prove que (Cm+1 Re Ch) (Cm+2 E Ch) e (Cria E Ch) é
divisível por cito *:* Cn. (Hungria.) Seja n um natural dado. Mostre que há
exatamente d(n?) pares ordenados (u,v) tais que u,v € Ne mmc (u,v) =n.
(IMO.) Ache todos os naturais a e b tais que a” = be, (BMO.) Encontre
todos os n € N tais que n = d? + d2 + d2 + dá, onde 1 = dı < də < d3 < d4
são os quatro menores divisores positivos de n. CRS E px: ERA Re E Dai
ES: AM Rr pe EN at É x o EA ai JRE EE a Ro TA o or RE Ei E Bs Ei EA
TS. B iii A EE a É a E A EA “8a e “A E RS Es E E e S pr PiN fer 2 cia E A
E Ru EA Ea Bo a a TH R ES E a E & je ES se Er EE: A q 1.3 Números
primos 49 16. 17. 18. 19. 20. 2d. 22. “28. (OIM.) Para cada n € N, sejam 1
= di < --- < dk = N os divisores positivos de n. Encontre todos os n
satisfazendo as seguintes condições: (a) k > 15. (b) n = di3 + dy + dis. (c)
(ds +1)? = dis +1. (Japão.) Para cada inteiro n > 1, sejam I(n) a soma dos
maiores divisores ímpares dos números 1,2,...,neT(n)=1+2+ “--+n. Prove
que existem infinitos valores de n para os quais 3I (n) =2T (n). (Austrália.)
Ache todos os naturais n para os quais d(n) = ?}. (IMO.) Sejam m,n inteiros
não negativos arbitrários. Prove que o número (2m)!(2n)! min!(m +n)!
sempre é um inteiro. Para cada inteiro positivo n, seja a, = Rr n (a) Mostre
que o número binomial a, é sempre par. (b) Prove que 4 | a, se, e só se, n
não é potência de 2. (Romênia.) Seja n um natural cuja representação
binária tem exatamente k algarismos 1. Prove que 2""* divide n!. Ache
todos os naturais a, b e k tais que a e b sejam primos entre sie (a + kb)(b +
ka) seja uma potência de um primo. (OBM - adaptado.) Para cada inteiro n
> 1, seja p(n) o maior divisor primo de n. Faça os seguintes itens: Para a
recíproca deste problema, veja o problema 5, página 98.
50 Divisibilidade (a) Se q é um primo ímpar, prove que não
podemos ter pla) > pla” + 1) para todo inteiro k > 0. (b) Se pla) < pla + 1) e
k é mínimo com tal propriedade, mostre que p(q” — 1) < plq"). (c) Mostre
que existem infinitos naturais n tais que p(n — 1) < p(n) < p(n + 1). 24.
(OBM.) Mostre que existe um conjunto 4, formado por inteiros positivos e
tendo as seguintes propriedades: (a) A tem 1000 elementos. (b) A soma de
qualquer quantidade de elementos distintos de A (pelo menos um) não é
uma potência perfeita de expoente maior que 1. 25. Seja pı = 2, p2 = 3, p3 =
5,... a sequência dos números primos. Para cada k E N, sejam £k = pipz...
py + 1l e A = (x,,%2,...). Fixado m € N, prove que podemos escolher um
subconjunto B do conjunto A satisfazendo as seguintes propriedades: (a) |B|
=m. (b) Dois elementos quaisquer de B são primos entre si. (c) A soma dos
elementos de qualquer subconjunto de B com mais de um elemento não é
um número primo. CAPÍTULO 2 Equações Diofantinas Nosso propósito
neste capítulo é estudar algumas equações Diofantinas elementares,
destacadas dentre essas as equações de Pitágoras e de Pell, para as quais
caracterizamos todas as soluções. Também apresentamos ao leitor o método
da descida de Fermat, o qual fornece uma ferramenta por vezes útil para
mostrar que certas equações Diofantinas não possuem soluções não triviais,
num sentido a ser precisado. 2.1 Ternos Pitagóricos Vamos começar
estudando as soluções, em inteiros não nulos x, y e z, da equação xº +y” =
22, conhecida como a equação de Pitágoras. Após encontrá-las, veremos
como utilizar as informações obtidas para resolver outras equações em
números inteiros. O resultado fundamental está contido na seguinte öl
52 Equações Diofantinas Figura 2.1: Pierre Simon de Fermat foi
um funcionário público francês e matemático amador que viveu no século
XVII e que teve a Matemática, notadamente a teoria dos números, como
sua maior paixão. Proposição 2.1. Os ternos (x,y,z) de inteiros não nulos
tais que r? +y? = 22 são dados por: | r = 2uvd x = (u? — v?)d y= (u? — v’ d
ou 4 y=2uvd (2.1) z = (u? +v?)d z= (ul +v?)d, onde d, u e v são inteiros não
nulos, com u e v de paridades distintas e primos entre si. Prova. Sem perda
de generalidade, podemos supor x,y,z > 0. Se d= mdc (x,y), então d? | (x? +
y?), i.e., d? | 2º; logo, d | z. Existem, portanto, inteiros não nulos a, be c tais
que mdc (a, b) = 1 e (x,y, z) = (da, db, dc). Ademais, como PrpetedspP=o,
basta encontrarmos as soluções inteiras não nulas a, b e c da equação acima,
sujeitas à condição mdc (a,b) = 1. As condições a? + b? = c? e mdc(a,b) = 1
nos dão facilmente mdc (a,c) = mdc (b,c) = 1. Lembre agora (cf. corolário
1.8) que o quadrado de um inteiro t deixa resto O ou 1 quando dividido por
FÉ id : a Rg Ei RE er CERT BSi ou fo case 91 Ternos Pitagóricos 53 2.1
emmo i AT DL o — 4, conforme t seja respectivamente par ou ímpar.
Portanto, se a e b forem ímpares, então c? = a? + b? deixará resto 2 quando
dividido por 4, uma contradição. Como mdc (a,b) = 1, restam dois casos a
considerar: a ímpar e b par ou vice-versa. Analisemos o primeiro deles,
sendo a análise do segundo totalmente análoga. Sendo a ímpar e b par,
segue de 2 = a? + b? que c também é ímpar. Escreva, agora, b = (c-a)(c+a);
(2.2) sed = mdc (c — a, c + a), então d' divide (c+a)+ (c—a)=2c e (c+a)-—
(c-a) = 2a e, daí, d' | mde (2a, 2c) = 2. Mas, como c — a e c +a são ambos
pares, segue que d' = 2 e podemos escrever (2.2) como DS c—a c+a 2) 2 PE
c—a com mde (£, eta) = 1. Segue do item (b) do corolário 1.22 a existência
de naturais primos entre si u e v tais que c +a = 2u? e c — a = 2vº, de forma
que 2 2 — u, b=2uv, c=u +v. Ademais, como c = u? + v? é ímpar, u e v têm
paridades distintas. Finalmente, por substituição na equação original,
concluímos que os ternos acima são realmente soluções da equação, de
modo que nada mais há a fazer. = Um terno (x,y,z) de inteiros positivos tais
que z? + y? = 2° é um terno Pitagórico, em alusão ao matemático grego
Pitágoras de Samos e seu famoso teorema sobre triângulos retângulos. De
fato, um
54 Equações Diofantinas tal terno (x,y,z) determina um triângulo
retângulo de catetos x e y e. hipotenusa z. Vejamos como aplicar o resultado
acima para encontrar as soluções inteiras de outra equação diofantina.
Exemplo 2.2. Ache todas as soluções inteiras não nulas da equação T? + y?
= 22º, com z + £y. Solução. Em uma qualquer dessas soluções, devemos ter
x e y ambos pares ou ambos ímpares, pois, caso contrário, x? + y? seria
ímpar. Assim, tomando a = “E e b = “E temos a,b € Z \ {0} e z =a +b, y = a-
—b. Substituindo tais expressões para x e y na equação original,
concluímos que Try a Hb Oa. Mas, uma vez que essa última equação é a
equação de pitágoras, segue da proposição anterior a existência de inteiros
não nulos d, u e v, com u e v primos entre si e de paridades distintas, tais
que a = 2uvd, b= (u? —v’°)d, z= (u? +v°)d ou | a = (u? — v°)d, b=2uvd, z =
(u? + v°)d. Portanto, as soluções (x,y,z) da equação original, com x Æ +y,
são de um dos tipos abaixo, onde d, u, v satisfazem as condições acima
descritas: g = (u? — v? + 2uv)d, y = (—u? +? + 2uv)d, z=(u+v)d ou 9.1
Ternos Pitagóricos 55 A AE o ADAS RD As equações analisadas acima
são, em um certo sentido, privilegiadas, uma vez que possuem uma
infinidade de soluções inteiras não nulas. Nosso próximo exemplo será o de
uma equação que só admite a solução inteira x = y = z = Q; a prova que
apresentaremos ilustra um método (a descida de Fermat) que pode, por
vezes, ser utilizado a fim de provar que uma equação Diofantina não possui
soluções inteiras não nulas. Esquematicamente, o método da descida de
Fermat consiste no cumprimento das seguintes etapas: i. Supor que uma
dada equação possui uma solução em inteiros não nulos. ii. Concluir, a
partir daí, que ela possui uma solução em inteiros não nulos que seja, em
algum sentido, mínima. iii. Deduzir a existência de uma solução em inteiros
não nulos menor . que a mínima (no sentido do item ii.), chegando, assim, a
uma contradição. Exemplo 2.3. Prove que a equação 37º +y” = 22º não
possui soluções inteiras não nulas. Prova. Inicialmente, observe que não
podemos ter exatamente um dos inteiros x, y, z igual a 0. Suponha, pois,
que a equação dada possua uma solução (x, y, z) com x,y,z € N (uma vez
que, se (x,y, 2) for solução, então (+x, +y, +z) também o será). Então, dentre
todas tais soluções (x, y, z), existe uma para a qual z é o menor possível,
digamos z=a,y=b,2=c. Trabalhemos tal solução. Se 3 1 b, temos de 3a? + b?
= 2cº que 3 f c. Mas aí, o corolário 1.8 garante que b? e cœ? deixam resto 1
na divisão por 3 e a igualdade 3a? + b? = 2c? nos dá uma contradição.
Logo, 3 | b, digamos b = 3b, para algum bı € N, e segue de 2c? = 30º + b =
3a” + 3b?)
dil 56 Equações Diofantinas que 3 | c. Sendo c = 3c;, para algum
cı € N, a igualdade acima nos. dá 6 = a? + 36, de modo que 3 | a, digamos a
= 304, com a; € N. Portanto, a última igualdade acima fornece 2c? = 3a? +
bi, de sorte que (a1, b1, C1) é outra solução da equação original no conjunto
$ < cé uma contradição, uma vez que partimos de uma solução em naturais
(a, b, c) dos números naturais. Contudo, a relação O < c = para a qual c era
o menor possível. Logo, nossa equação não possui soluções não nulas. l | =
Voltando à equação de Pitágoras, uma generalização natural da mesma seria
estudar a equação Diofantina mais geral abaixo, denominada equação de
Fermat, onde n > 2 é um inteiro fixado: qqr (2.3) Por cerca de três séculos,
muitos dos mais eminentes matemáticos defrontaram-se com o problema de
decidir sobre a existência de soluções, em inteiros não nulos x,y,z, para essa
equação. O próprio Fermat acreditava haver conseguido provar,
provavelmente utilizando seu método da descida, que tal equação não
possui soluções não nulas quando n > 2, e desde então esse resultado passou
a ser conhecido como o grande teorema de Fermat. Entretanto, seu
argumento nunca foi explicitamente escrito e, muito provavelmente, estava
errado. Na última década do século XX, o matemático inglês Andrew
Wiles, com a colaboração do também inglês Richard Taylor e apoiandose
em importantes trabalhos anteriores de vários matemáticos, provou que a
equação de Fermat não possui soluções em inteiros não nulos 9.1 Ternos
Pitagóricos 57 EQ vs copa Ti RD SD Sa x,y,z quando n > 2, utilizando, para
tanto, matemática muitíssimo avançada. | Podemos, entretanto, aproveitar o
método da descida para analisar um caso simples da equação (2.3), aquele
em que 4 | n. Exemplo 2.4. Se n for um natural múltiplo de 4, então não
existem inteiros não nulos z,y,z tais que x” + y” = 2”. Prova. Seja n = 4k,
com k natural. De x” + y” = z”, obtemos (tia (Ut = (28, ou seja, (xf, yf, 2º*)
é solução não nula da equação a*+b! = c?. Assim, basta mostrarmos que
essa última equação não admite soluções em inteiros não nulos. Por
absurdo, suponhamos que existam a,b,c € N tais que a“ + b = cê. Podemos
também supor que a,b,c foram escolhidos de tal modo que não haja outra
solução positiva (a, 8, y) com y < c (esta é a hipótese que vamos usar no
método da descida). Como (a?, b?,c) resolve a equação de Pitágoras, a
proposição 2.1, juntamente com a minimalidade de c, garante que mdc (a°,
b?) = 1 e que existem naturais u e v, primos entre si e de paridades distintas,
tais que 2 2 2 q =u o, =, c=u po ou 2 q =2uv, bb =u? o, c=u Ho. Analisemos
o primeiro caso acima, sendo a análise do segundo totalmente análoga.
Então, a é ímpar e, como a? + v? = u?, segue 1 ; E 3 E Veja também [9],
onde é apresentado um relato romanceado super interessante da saga de
Andrew Wiles e de outros matemáticos na busca de uma prova para o
grande teorema de Fermat.
58 Equações Diofantinas 1 | 9.1 Ternos Pitagóricos 59 novamente
da caracterização dos ternos pitagóricos a existência de i Suponha, por
contradição, que ab + cd = p, p primo. A condição naturais p e q, primos
entre si e de paridades distintas, tais que T a > b > c> d> O garante que p =
ab+ cd > 4:34 2.1 = 14, de ue p > 17. Por outro lado, a=p g, v=2p], u =p +È.
modo que p | b? = Quv = 4pa(p? a q) 1 E qe modo que mdc (2a — c, b +
2d) divide 2p. Para mdc (2a— c, b+ 2d) e, como mdc (p,q) = 1, temos que
ambos p e q são também primos | | ser par deveríamos ter b e c pares, donde
p = ab + cd seria par, o que com p° + q?. Portanto, a fim de que 4pq(p? +
q?) seja um quadrado T perfeito, devemos ter p, q e p° + q” quadrados
perfeitos, digamos T é um absurdo. Logo, 2 mdc (2a — c,b + 2d) = 1 ou p.
p=, q=8, pE =Y, i E E E A ET , | Afirmamos que mdc (2a — c, b + 2d) = 1.
Suponha que mdc (2a E o - | | É cb+2d) = p. Então (2.4) nos daria que p? |
3(b — c°) e, daí, o tb pro, l p | (b? — œ), uma vez que p £ 3. Porém, p = ab
+ cd > b, de modo É que0 b > c > l (a) b e c têm paridades distintas: o
fato de ser p = ab + cd garante S d>0. Suponha que E | que mde (b,c) =
1. Como b + c e b — c são ímpares, isto implica em = É md (b + c,b— c)
= 1. Um argumento análogo implica em mdc (x + y, x£ — y) = 1
também. Se 3 | (x + y) então act+bd=(bt+d+a-c(btd-a-+c). Prove que ab
+ cd nunca é um número primo. z-y = mde(z—y, (b+o)(b-c)) = mde (x—
y,b+c) mde (z—y,b—c) Prova. Simplificando a condição do enunciado
obtemos a? +c — ac = { b? + d + bd ou, ainda, e (2a—-c))+3c = (b + 2d?
+3. (2.4) r+y = 3 mdc (x+y, (b+c)(b—c)) = 3 mde (x+y, b+c) mdc (x+y, b
—c).
ul pipot 60 Equações Diofantinas 4 Escrevendo a = mdc (g — y,b
— c), 6 = mde(z — y,b + c), 7 -4 mdc (x + y,b — c) e ô = mdec (x + y,b +
c), obtemos z — y = ap ef £ +y = 396. Por outro lado, b—-c=mdc(b-c,x—
y)mde(b—-c,x+y) = ay e, analogamente, b + c = pô. Resolvendo para
a,b,c,d obtemos 4a = aB+8Bô0+3y0 — ay, 2b= ay + Bo, 2c=-ay+ bå e 4d =
—aßb — bå + 396 — ay. Daí 8p = 8(ab + cd) = Bô(20º + 36º). Mas, como b
+ c ímpar, temos 8 e ó são ímpares e, portanto, d Bó(20º + 38°) é ímpar, o
que é um absurdo. Se 3 | (x — y) chegamos Í a uma contradição de modo
análogo. (b) b e c têm paridades iguais: nesse caso, b e c devem ser
ímpares, É pois, do contrário, 2 dividiria ab+ cd = p. Assim, nas notações
acima, É temos x e y também ímpares. Segue que mdc(b+c,b—-
c)=mde(x+y,z—-y)=2, pois já temos mdc (x,y) = 1. Se3 | (x rá y) (o outro
caso é novamente , análogo), escrevendo AEE) 9.1 Ternos Pitagóricos 61 E
Do a go aa al o “chegamos, como acima, a 2a = ab + bò + 378 — ay, b = ay
+ ô, c = —ay + pò e 2d = —ap — på + 3yô — ay. Daí, 2p = 2(ab + cd) = pô
(2a° + 38°). Nem 5 nem ô são iguais a p, pois, do contrário, teríamos b > p,
o que contradiz ser ab+cd = p. Logo 50 < 2, donde 0 < d < c < 2—ay < 1,
um absurdo. E Problemas — Seção 2.1 1. (OBM - adaptado.) Dados n,k €
N, prove que a equação x” + ky” = 2"* possui infinitas soluções em inteiros
positivos x,y, z. 2. Encontre todas as soluções, em inteiros positivos, da
equação (£ +y) + (y +2) = (z +2}. 3. Mostre que as soluções em inteiros não
nulos da equação z? + 2yº = z2? são dadas por v=+(u 2d, y=+2uvd, z = +(u?
+ 23d, onde d, u e v são inteiros não nulos, com u e 2v primos entre si. 4.
Mostre que nenhuma das equações a seguir possui soluções inteiras não
nulas:
62 | Equações Diofantinas É 5. (a) (Hungria.) Mostre que não
existem soluções racionais 7 e q y para a equação xz? + ry +y’ = 2. (b)
Encontre todas as soluções racionais x e y para a equação É v+ry+y =. 6.
Prove o seguinte teorema de Euler: não existem inteiros não T nulos w, x, y
e z tais que wW Fr y? S 7. (Bulgária.) Prove que não existem x, y e 2
racionais, tais que r +y +2 +3 +y+z)+5=0. 8. (Crux.) Seja r um inteiro
positivo dado. Queremos calcular o É número de triângulos retângulos
ABC, dois á dois não congru- É entes, satisfazendo as condições a seguir:
(a) O raio do círculo inscrito em ABC mede r. (b) Os comprimentos dos
lados de ABC são números inteiros I primos entre si. Mostre que o número
de tais triângulos é 9k onde k é o número É de fatores primos distintos de r.
9. (IMO.) Dados n € N e um círculo de raio 1, mostre que podemos escolher
n pontos 41, 4s5,..., An sobre o mesmo, tais que 4;4; é racional, quaisquer
que sejam | 1 é um inteiro livre de quadrados (cf. problema 6, página 47) e
m é um inteiro qualquer. A equação acima é conhecida como a equação de
Pell’. Uma vez que d é um produto de primos distintos, o exemplo 1.23
garante que vd é irracional. Em particular, quando m = 0 a equação acima
não admite soluções inteiras além da trivial x = y = 0, pois, se não fosse
este o caso, teríamos x,y Æ 0 e, daí, Vd = € Q. Por outro lado, se d,m < 0,
então a equação de Pell não tem soluções e, se d < 0 < m, então (2.5) tem
no máximo um número finito de soluções. No entanto, mesmo para d,m > 0,
(2.5) pode não ter nenhuma solução, conforme atesta o problema 1.
Doravante, suporemos que m = 1 (o caso geral é parcialmente respondido
pelo problema 5; a esse respeito, veja também [5|). O exemplo a seguir
mostra, nesse caso, que (2.5) pode ter uma infinidade de soluções. Exemplo
2.6. A equação z? — 2y? = 1 possui uma infinidade de soluções inteiras
positivas. Prova. Note que x = 3, y = 2 é uma solução. Por outro lado,
podemos gerar infinitas soluções dessa equação a partir de uma solução
não nula (a,b), do seguinte modo: partindo de a? — 2b? = 1, temos
(a+bvDa-bv2)=1 e, daí, (a +bv2) (a — bv2)2 = 1. Desenvolvendo os
binômios, chegamos a (a? +26 + 2abv Da? + 2b? —-2abv 2) = 1 ou,
ainda, a (a H20 y — 2(20b)? = 1. * Após John Pell, matemático inglês do
século XVII.
64 Equações Diofantinas Portanto, (a? + 2b?, 2ab) também será
solução e, sendo a e b naturais, E temos a < a? + 22. Repetindo o argumento
acima sucessivas vezes, É obtemos uma infinidade de soluções para a
equação dada. = O método utilizado no exemplo acima se generaliza
facilmente para mostrar que a equação de Pell z? — dy? = 1 admite
infinitas soluções não nulas, desde que admita pelo menos uma tal solução;
ademais, com poucas modificações podemos tratar equações mais gerais
(cf. problemas 5 e 7, por exemplo). Apesar de, em certos casos particulares,
podermos encontrar facilmente infinitas soluções da equação (2.5), por
enquanto não sabemos se há outras. A fim de responder essa pergunta,
precisamos de um É resultado preliminar sobre aproximação de irracionais
por racionais, 1 ona euei i devido a G. L. Dirichlet. Para a prova do mesmo;
lembre-se de que | , (cf. dicussão que precede o problema 15, página 32),
para x € R, a Í parte fracionária de 7 é o número real (x) € [0,1), definido
por É {z} =pl Lema 2.7 (Dirichlet). Se a é um irracional qualquer, então
existem É £ infinitos racionals z, COM T ey inteiros não nulos, primos
entre si e. tais que £ 1 ei A e 9 y? E Prova. Seja n > 1 um inteiro qualquer e
considere os n + 1 números | fja} E [0,1), com j = 0,1,...,n. Como [0,1) =
0.5) u a) Ut E), uma união de n conjuntos, o princípio da casa dos pombos
garante a existência de índices 0 < k < j < n tais que {ja} e {ka} pertencem
d a um mesmo intervalo dos que aparecem no lado direito da igualdade
acima. Então {ja} — {ka}| < = ou, o que é o mesmo, | G- kja- (Lia) — lka]
< — 2.2 A equação de Pell 65 Segue, daí, que a-deiclhoal) 1 0 1 E GER
GER (2.6) e fazendo x = |ja|—|ka]| ey = j—k,temos0 = e repetindo (com n;
no lugar de n) o argumento que levou a (2.6), obtemos inteiros não nulos e
primos entre si zı e yı, tais que 0 < yı < nı e Tı 1 Yı nıyı yi Por outro lado, £
1 1 Scale < — < E a|, yı My nı y L ; . . de sorte que 7 A T Repetindo esse
argumento sucessivas vezes, obtemos uma infinidade de pares (x, y) com as
propriedades desejadas. O lema de Dirichlet permite mostrar que, fixado
um natural d livre de quadrados, a equação (2.5) admite uma infinidade de
soluções para pelo menos um valor inteiro de m. Lema 2.8. Se d > 1 é um
natural livre de quadrados, então existe m E Z \ {0} tal que a equação x? —
dy? = m admite infinitas soluções inteiras.
22 A equação de Pell 67 ei CG ia 66 Equações Diofantinas É nn ,
É o se Tə— Tı = Mr e Yz — yı = Ms, com r,s E€ Z, temos Prova. Como vd
é Q, o lema de Dirichlet garante que o conjunto $ E o RR S dos pares (x,y)
de inteiros não nulos, primos entre si e tais que T vd x F é infinito. Mas, se
(x,y) for um tal par ordenado, É Tı — dyiy2 = m(xo— 21) + (x3 — dy) +
(yı — y2)dyı “= m(rzı + 1-— sdy) então |z — yv'd| < bi e a desigualdade
triangular nos dá 1 1 = — ae — = — x? = dy? | = yv' diz E yv'd| < T (lx o
uv d| 12 2lylva) I Toy — T1Y2 (£2 £ı)yı + zı (yı Y2) m(r s). i i I | i l Por
simplicidade de notação, escrevamos £ız2 — dyı1y2 = mu e M (i + 2julvãl
<9Vd+ 1. t Zoy — T1Y2 = MV, com u,v € Z. Segue de (2.7) que x Í (zı + yı
v d)(z2 — yz vd) = m(u + vvd) (2.8) De outro modo, para (x,y) E€ S, o
conjunto dos inteiros xº — E dy? está contido no conjunto dos inteiros não
nulos situados entre os | | números reais —(2/d + 1) e 2d + 1. Mas, uma vez
que tal conjunto | f é finito, existe um inteiro m Æ O entre —(2Vd+ 1)
e2vd+1,o qual d se repete um número infinito de vezes dentre os valores de
r? — dy”, ; ERES ASS e, daí, sieh por AS RE (zı — yı vd) (so + yav d) =
m(u — vvd). Multiplicando ordenadamente essas duas igualdades,
chegamos a para (x,y) € S. Por fim, isso é o mesmo que dizer que a equação
É T E 2 (x2 — dy?) 2(u? — dv?) T = (17 — dy; )(x5 — dys) = m (uf — dv
A i ; E : : E 1 1 2 72 — dy? = m admite uma infinidade de soluções inteiras.
EI : l o = É de maneira que u’ — dv? = 1. Estamos finalmente em condições
de caracterizar todas as soluções E de (2.5) quando m = 1; os ingredientes-
chave serão o lema anterior e T i F ) a | 5 É ramente um absurdo. Se v = 0,
teríamos u = +1 e seguiria de (2.8) o método da descida de Fermat. T |
Resta mostrar que u,v £ 0. Se u = 0, teríamos —dv? = 1, claque (£1 + v'd)
(xo — yo d) = +m = (z3 — dyj); Proposição 2.9. Se d > 1 é um natural livre
de quadrados, então f a equação x? — dy? = 1 admite pelo menos uma
solução em inteiros É logo, positivos 7%, y: I 2 + yı Vd = (xo + y2 V d) e,
daí, |zı] = |x5|, uma vez que vd É Q. Mas isso contradiz nossas Prova. Tome,
pelo lema anterior, m € Z \ {0} tal que a equação escolhas de zı e x2. A r?
— dy? = m tenha uma infinidade de soluções. Como os restos da É divisão
de um inteiro por m são em número finito, podemos escolher $ duas dessas
soluções, (x1, Y1) e (£2, Y2) digamos, tais que |zxı| £ |xə| e f m divida z2
— £1, Y2 — Yı. Então Chegamos finalmente ao resultado desejado, o qual
caracteriza todas as soluções da equação z? — dy? = 1, quando d > 1 é um
natural livre de quadrados. Observe que, pela proposição anterior, tal
equação admite pelo menos uma solução. (zı + yı v d) (so = yav d) = djs
dyiyo) + (£241 — riyo)V d (2.7) |
68 Equações Diofantinas | 22 A equação de Pell 69 Teorema 2.10.
Se d > 1 é um natural livre de quadrados, então a é | ou, ainda, equação x?
— dy? = 1 admite infinitas soluções em inteiros positivos É | e +yvd a x ey.
Mais precisamente, se x = xı ey = yı é a solução em inteiros E 1 a” positivos
para a qual a soma x + yvd é a menor possível, então as I Mas, como 0” =
£p + Yn vd e x2 — dy? = 1, seguiria então que demais soluções inteiras
positivas da equação são dadas pelos naturais T (2.9) Tn, Yn que satisfazem
a igualdade , ] xr+yvd r+yvd ETE d a mv/De+ vd onde n é um número
natural. - | T o = YnT) Vd, Prova. Seja a = zı + yıvd, com zı,yı € N
escolhidos como no E com enunciado. 4 T o ao as É aa — dy? 2 _ dy =
Dado n € N, sabemos (cf. exemplo 6.11 do volume 1) que existem E (En —
dyyn)” — d(£nY ya) = (£n duto y“) Tn, Yn E N tais que Portanto, (££n —
dYYn, Eny — Un) também é solução, tal que (por (z1 + yı V d)” = £n £ yn
Vd. g ev 1 < (£En — dyyn) + (Lay — YnT) ET Assim, siihe naai iiien
anatania FORA r e n E AS ENES 1 = (zi -— dy)” = (zı +yıvd)” (zı ~ yı vd)”
= (Zn + Yn Vd) (En 2 Yn vd) = z? — dy, | , "contradição à minimalidade de
a (observe que, aqui, operamos com a | E descida de Fermat). de modo que
todos os pares (£n, yn) do enunciado são soluções da , | Para o que falta,
sendo equação. , Assim, se mostrarmos que £En — dYYn, XnY — YnT >
0, obteremos uma Agora, se (x, y) é uma solução qualquer em inteiros
positivos, basta | a = TIn — dyyn e€ b= Tny — YnT, mostrarmos que existe
n € N tal que É | E temos a + bvd = Aa > 1 e a? — db? = 1, de modo que
r+yvd= a. | { a — bvd = : pia Suponha o contrário. Como a > 1, temos lim,
.,,000” = +00, de É | a + sorte que existe n € N tal que É Então, por um lado,
a” 0
70 Equações Diofantinas | por outro, ' a — byd = —— < 1 a+bvd
nos dá bvd > a — 1 > 0, de sorte que b > 0. E Exemplo 2.11. Ache todas as
soluções da equação z? — 2yº = 1 em naturais x e y. Solução. O teorema
anterior ensina que as soluções inteiras positivas E dessa equação são da
forma (£n, Yn), onde x, € Yn São os únicos inteiros positivos para os quais
En + Yn V2 = (11 + y1 V2)”, e (£1,y1) é a solução positiva tal que zı + yı
v2 é o menor possível. Como os pares (1,1), (1,2), (2,1), (2,2), (3,1), (1,3),
(2,3) e (4,1) não são soluções da equação mas (3,2) o é, é imediato verificar
que $ zı = 3,y = 2. Portanto, as soluções positivas são os pares (£n, Yn)
dados pela igualdade En + Yn V2 = (3 + 24/2)”. Problemas — Seção 2.2 1.
* Se d e m deixam resto 3 quando divididos por 4, mostre que a . | equação
(2.5) não possui soluções inteiras. 2. Em relação ao exemplo 2.11, prove
que as soluções inteiras positivas (£n, Yn) da equação 1º — 2? = 1 são
definidas recursivamente por zı =3,y=2e, para n > 1 inteiro, Tni = Tm + dy,
€ Unai = 2%, + SU. ir Ps q Eis 92.2 A equação de Pell 71 . Prove, sem usar
o teorema 2.10, que a equação z? — 2y? = —1 admite uma infinidade de
soluções inteiras. . Mostre que há infinitos inteiros positivos n tais que n? +
(n + 1)? é um quadrado perfeito. * Sejam d,m € N, sendo d > 1 livre de
quadrados. Se a equação z? — dy? = m tiver uma solução (£o, yo) em
inteiros positivos, prove que ela terá infinitas soluções. . Ache uma
infinidade de soluções inteiras positivas para a equação y? +1 =zx(x +y).
Generalize o problema anterior do seguinte modo: sejam a,b,c € Z tais que
A = b? — 4ac é maior que 1 e livre de quadrados. Se n € Z for tal que a
equação r? — Ay? = 4an tem ao menos uma solução inteira (xo, Yo), tal que
2a | (£o — byo), mostre que a equação ax? +bry+cy =n tem infinitas
soluções inteiras.
12 Equações Diofantinas CAPÍTULO 3 Funções Aritméticas
Multiplicativas Este breve capítulo introduz uma importante classe de
funções, ditas aritméticas multiplicativas, as quais desempenham papel de
relevo na teoria elementar dos números. Dentre as muitas funções
aritméticas multiplicativas que estudaremos, duas destacam-se, de nosso
ponto de vista: a função de Möbius, essencial à obtenção da célebre fórmula
de inversão de Möbius, e a função y de Euler, que se revelará
imprescindível para os desenvolvimentos teóricos constantes dos capítulos
subsequentes. Em tudo o que segue, nos referiremos a uma função f:N —>
R como uma função aritmética. Definição 3.1. Uma função aritmética f : N
> R é multiplicativa se, para todos m,n € N primos entre si, tivermos f(mn)
= f(m)f(n). 73
oR E CoD Do dis | peu Hm Funções Aritméticas Multiplicativas
Como 1 é relativamente primo consigo mesmo, segue que, se f: | N = R for
uma função aritmética multiplicativa, então f(1) = f(1)2, E de modo que f(1)
= 0 ou 1. Caso seja f(1) = 0, teremos f(n) = fin: 1) i.e., f será a função
identicamente nula. Portanto, doravante pore E = f(mMf(WN)=0, Yn EN,
mos, salvo menção explícita em contrário, que se f : N > R for uma | função
aritmética multiplicativa, então f(1) = 1. 1 , Note ainda que, se f : N — R
for uma função aritmética multipli- E cativa e n > 1 é um inteiro com
decomposição canônica em primos da. ..p;*, então repetidas aplicações da
definição nos dão fin) = Foi)... Fpp"). Em palavras, a igualdade acima
significa que, para sabermos calcular | : forma n = py” os valores f(n), com
n € N, é suficiente sabermos calcular os valores f(pº), com p primo ea € N.
= Por fim, se f : N — R for uma função aritmética tal que f(1) = 1 f(m)f(n) é
sempre satisfeita quando m = 1º então a relação f(mn) = ou n = 1; portanto,
para provarmos que uma tal f é multiplicativa, basta considerarmos o caso
m,n > 1. Utilizaremos várias vezes as observações acima sem maiores
comentários. . 2 >» = Q1 Exemplo 3.2. Vimos no corolário 1.45 que, sen =
pi ...D; decomposição canônica de um natural n > 1 em primos, então d(n) =
(ai + 1)... (ak + 1) é o número de divisores positivos do natural n.
Afirmamos que a função d : N —> R assim obtida, denominada função
número de divisores positivos, é multiplicativa. De fato, para m,n > 1
primos Qk entre si, com decomposições canônicas em primos n = p”... pp"
€ (31) | | T5 A A E SS E E E E e e yA spo aqua = ss Pv= pç m = q gr q ',
temos p; + q; para todos 1,9. Portanto, a decomposição canônica de mn em
primos é mn = pi -pp de q €, daí, d(mn) = (a1 + 1)... (ag + DB HD... (81+ 1)
= d(m)d(n). No que segue, para n € N, denotaremos por D(n) o conjunto dos
|D(n)|: Lema 3.3. Se m e n são naturais primos entre si, então a aplicação
divisores positivos de n, de sorte que d(n) = f: D(m)x D(n) — D(mn) (zy)
=> yy é uma bijeção. Prova. Segue do exemplo 3.2 e do princípio
fundamental da contagem (cf. corolário 1.9 do volume 4) que |D(mn)| =
d(mn) = d(mjd(n) = |D(m)]- |D(n)| = |D(m) x D(m)|. Portanto, o domínio e o
contradomínio de f têm quantidades iguais de elementos, de modo que, para
provarmos que f é uma bijeção, basta estabelecermos sua sobrejetividade.
Para tanto, apliquemos o item (d) da proposição 1.21: se k | mn, então a
condição mdc (m,n) = 1 garante que k = mdc (k, mn) = mdc (k,m) - mde
(k,n). Portanto, fixado k € D(mn) e pondo a = mdc (k, m) eb = mdc (k,n),
temos a € D(m), b € D(n) e f((a,b)) = ab = k, de sorte que k pertence à
imagem de f. Mas, como k € D(mn) foi escolhido arbitrariamente, segue
que f é sobrejetiva. E
Ja plir i tds 76 | Funções Aritméticas Multiplicativas E Em tudo o
que segue, escreveremos > ocan f(d) para denotar o : somatório dos valores
f(d) quando d varia em D(n). A proposição a É seguir estabelece uma das
mais importantes propriedades das funções | i Eoo aritméticas
multiplicativas. Proposição 3.4. Se f : N — R é uma função aritmética
multiplicativa, então a função F : N > R dada por => JO 0 fA 0 R dada por f
(n) = n é obviamente multiplicativa. Portanto, segue da proposição anterior
que a função s : N > R dada por = 2 iasa 0 1 é livre de quadrados se n = pı...
Pk, com pı < . < pk primos; equivalentemente, n é livre de quadrados se não
existe um inteiro q > 1 tal que q? | n. A próxima definição apresenta uma
das mais importantes funções aritméticas multiplicativas, a função de
Möbius. Definição 3.6. A função de Möbius! é a função u : N —> R dada
por. l, sen=1 0, se q” | n, para algum inteiro q > 1 (—1)f, se n = pı... pk, com
py,..., pk primos distintos Para verificar que a função de Möbius é
multiplicativa, sejam m,n > 1 inteiros primos entre si. Então, mn será
divisível por um quadrado maior que 1 se, e só se, m ou n o forem; sendo
esse o caso, é imediato que finn) = 0 = f(m)f(n). Por outro lado, se m e n
forem livres de quadrados, digamos n = Pi... Pk E M = q1... qu, COM Pı < -
+ < Pk € qı < +- < qı primos, a condição mdc (m, n) = 1 garante que p; q;
para todos i, j. Portanto, . . Pkqi - - -qı é a decomposição canônica de mn
em primos, de sorte que mn = pi. u(mn) = (—1)°" = (DSI) = u(m)u(n). l
Após o matemático alemão do século XIX August Möbius.
78 Funções Aritméticas Multiplicativas A proposição a seguir
destaca uma importante propriedade da fun- f ção de Möbius. Proposição
3.7. Seu: N 5 R é a função de Möbius, então 1, sen=1 > u(d)= O, sen >1 O
R a função dada por Fm) = S ud). O 1. Consideremos três casos
separadamente: (i) n = 1: temos F(1) = Doca td) = (1) = L (ii) n = pë, com
p primo e k > 1 inteiro: então F(@)= X ud)=> u) = u(1) + alp) =0. O

R é a função dada por F (n) = oaea 0) então r= 5 F(Z) E F(Z). O 1 (i.e., se d'
< n) a proposição 3.7 fornece Do a(d) =0. 0 HA) X ua) | = fin) Do uad) =
Fnul) = Fin). O
ND pa 80 Funções Aritméticas Multiplicativas Antes de
prosseguir com o desenvolvimento da teoria, mostremos por um exemplo
como a fórmula de inversão de Möbius pode ser utilizada como ferramenta
de contagem. Exemplo 3.9. Fixado n € N, dizemos que uma sequência (£1,
£2,..., Zn), tal que x; € {0,1} para 1 < j < n, é aperiódica se não existir
divisor 0 < d < n den tal que a sequência seja formada pela justaposição de
5 cópias do bloco (£1,..., xa). Calcule, em função de n, o número de
sequências aperiódicas de n termos. Prova. Note inicialmente que, pelo
princípio fundamental da contagem, há exatamente 2” sequências
(x1,%2,...,%n) tal que x; € {0,1} para l N dada por p(n) = #{1 < k < n; mde
(k,n) = 1}. Em palavras, y(n) conta quantos inteiros de 1 a n são primos
com n. No que segue, dentre outras propriedades, vamos mostrar que
função y é multiplicativa e usar esse resultado para calcular y(n) em função
da decomposição canônica de n em fatores primos?. Comecemos com um
resultado que será útil em outras circunstâncias. Proposição 3.11. Se y : N >
N é a função de Euler, então DORRI GEL o 1 |Ai|. Note, agora, que Ai = {1
M EGRGH 82 Funções Aritméticas Multiplicativas Para o
teorema a seguir, também devido a Euler, precisamos do fato, deixado como
exercício para o leitor (veja o problema 1), de que o produto de duas
funções aritméticas multiplicativas também é uma função multiplicativa.
Teorema 3.12 (Euler). A função de Euler y : N —> N é multiplicativa.
Prova. Fazendo G(n) = n, a proposição anterior nos dá > q. am P(d) = G(n).
Portanto, segue da fórmula de inversão de Möbius que atm) = 5 utajo (5) =
5 ua) 5 E LODI (35) O

R, definida por Fa) = >) A O 1 em fatores primos. Corolário 3.13 (Euler).


Se a decomposição canônica do inteiro n > 1 em primos é n = pj'...p,*, então
p(n) =n E 1-5). — (36) Pı 83 Prova. Calculemos inicialmente o valor de
y(p“), com p primo e a > 1 inteiro: | plp") = #{1 1, p primo e mdc (p, z) = 1,
então o caráter multiplicativo da função y garante que x = ply) = (pplz) =
pip — Do(z) > 201,
84 Funções Aritméticas Multiplicativas 85 uma vez que y(z) > lep
> 2. Portanto, tomando logaritmos na base o segundo estudante deveria
fazer o mesmo em relação à equação 2, obtemos ig f aœ < 1+ log, zx.
Ademais, cálculos análogos aos acima fornecem Sabendo que a soma das
respostas dos estudantes foi 78, mostre = ue ao menos um deles cometeu
um erro de cálculo. c=p""'(p-Dy(z)>p-1, E (Hungria - adaptado.) Paran €
Ne0 |Ds(n)]. 6. Um natural n > 1 é perfeito se s(n) = 2n, onde s(n) é a soma
dos divisores positivos de n. Prove que: Problemas — Capítulo 3 j É (a) Sen
> 1 é perfeito, então >) 1=2, 1. * Prove que o produto de duas funções
aritméticas multiplicati- l RARA l N (b) Se p é um primo tal que 2? — 1
também é primo, então vas também é uma função multiplicativa. i 2P (2P
— 1) é perfeito. 2. Prove que, para todo n € N, temos d = nm), que, p locam
T. O propósito deste problema é estabelecer a recíproca do pro3. Prove que,
para todo n € N, temos R > vn. blema anterior, provando o seguinte teorema
de Euler: se n é | E um número perfeito par?, então existe um primo p tal
que 2 — 1 EO EO pro E O E neo ano d é primo e n = 2-1 (2P — 1). Para
tanto, seja n = 2fq um número guida, propôs a dois estudantes os problemas
a seguir: o primeiro : | spa a estudante deveria calcular o número de pares
ordenados (x,y), É | ar i k ok 3 com x e y inteiros positivos, satisfazendo a
equação (a) Conclua que (2 se Ds(q) = 2*'"'g e, a partir daí, mostre que
existe a € N tal que q = (2! — 1)a e s(q) = 28 tta. $ 3Até hoje não se sabe se
existem números perfeitos ímpares.
10. 11. Funções Aritméticas Multiplicativas (b) Se a = 1, mostre
que 2%! — 1 é primo, donde k + 1 = p, um primo. (c) Se a = 25+! — 1,
mostre que s(q) > 1+a +a’ > (a+ 1)a = 2ktla, uma contradição. (d)
Seca>1lea2*t! — 1, então q tem pelo menos quatro É | divisores positivos
distintos: 1, 25+! — 1, a e (25+! Ta. E Conclua, a partir daí, que s(q) >
2ftta, chegando a uma $ nova contradição. mostre que ab é abundante,
qualquer que seja b € N. . Seja f : N > R a função definida por f(1) = 1 e,
para n > 1, a E fln) E Pipa... Pk onde py, 79,... todos os n € N tais que >
ocam f(d) = 0. Se f : N > R é uma função aritmética multiplicativa, prove
que Duda = [[(- fp). O dG] => dg). 0O 2n. Se a for abundante, $ pk São OS
primos distintos que dividem n. Ache $ eal Ra 13. 14. 15. 16. ST |. * Seja f :
N — R uma função qualquer e F : N —> R a função dada por F (n) = >” o
{—1,1} a função definida por f(1) = 1 e, para n > 1 inteiro, f(n) = (—1)%t"
tex, onde n = pi! ...pp" éa decomposição canônica de n em fatores primos.
Prove que, para todo inteiro n > 1, tem-se S [El roy= va. j=1 (OBM). Prove
que, para todo natural n > 1, temos 1 1 1 - 1 1 1 i ia o E EE E d(k) < TE E E
n(5t51 EME Wen(1+5+5+ +5) Seja F uma função aritmética multiplicativa
e f: N > Ra função definida implicitamente por F(n) = > ocgm f(d). Prove
que f também é uma função aritmética multiplicativa. O objetivo deste
problema é dar outra prova do caráter multiplicativo da função y. Para tanto,
para m,n > 1 inteiros primos entre si, arranje os naturais de 1 a mn na tabela
1 2 pa k s Mm m+1 m + 2 m+k ... 2m 2m + 1 2m + 2 2m+k ... gm (n—
1)m+1 (n-1)m+2 (n — Dm + k o. mn e faça os seguintes itens:
88 Funções Aritméticas Multiplicativas 89 (a) Um inteiro da
tabela é primo com mn se só se for primo (c) Se m for ímpar, então com m e
com n. (b) Em uma coluna qualquer, ou todos os elementos são primos m—
l im mE Din) =n > (17 Y a t= S (n). com m ou nenhum é primo com m. (c)
Há exatamente y(m) colunas formadas de inteiros primos Conclua, a partir
daí, que, n | Sm(n) se m for ímpar. com m, cada uma delas contendo
exatamente y(n) inteiros 91. Nas notações do enunciado do problema
anterior, prove os se| primos com n. guintes itens: (d) Conclua que p(mn) =
y(m)y(n). (a) Todo 1 < m < n pode ser unicamente escrito da forma m = Ž -
a, com a,d € N tais que d | n e mdc (a, d) = 1. o 17. Se F(n) = J o< djn (o)
calcule F (n) em termos da decomposição E | canônica de n. (b) Di Seld) —
1k 9k = ent | n 18. Para cada m € N, seja Am o conjunto dos pares
ordenados (e) Su(n) = n" Doc qn! (2) (e), or (d, n) tais que d é um divisor
positivo de m, 1 < n < m e I s a ER mdc (d,n) = 1. Ache todos os m € N tais
que |Am| = 1998. (dy) atm) = onjoln) i (e) Sa(n) = inZp(n) + En Tpeime(1
— p): fo 19. * Para n > 2 inteiro, prove os itens a seguir: pin (a) Se Pa = {1
< k < n; mde (k,n) = 1}, então a correspondência d > n — d é uma bijeção
de Ph. (b) y(n) = 2l, onde | é o número de elementos de P, menores 1 ou
iguais a 25; em particular, p(n) é par. 20. Dados m,n € N, com n > 2, sejam
1 = ay i- 4 a soma de suas m-ésimas potências. Prove os seguintes itens: (a)
Se k = 21, então Sm(n) = 3 (a? + (n — a;)”). Conclua, a partir daí, que
Sm(n) é par se n o for. (b) Sm(n) = 3 ot (7) S;(n).
90 Funções Aritméticas Multiplicativas Wooo n SS TC es
CAPÍTULO 4 Cálculo e Teoria dos Números HEETE g Neste capítulo,
pressupomos que o leitor tenha conhecimentos rudi; mentares de Cálculo,
mais precisamente familiaridade com sequências e séries convergentes,
limites de funções e derivadas, sendo o material do volume 3 desta coleção
suficiente para nossos propósitos. Apresentaremos alguns exemplos e
resultados básicos sobre a distribuição dos números primos ao longo dos
naturais, seguindo essencialmente o clássico [2], bem como um interessante
resultado assintótico de Cesàro, sobre pares de naturais primos entre si,
seguindo o artigo |6]. 4.1 Sobre a distribuição dos primos Um dos primeiros
resultados que aprendemos sobre números primos neste livro foi o teorema
de Euclides, o qual garante a existência de infinitos números primos. Estes,
contudo, não se distribuem de 91
fm pbl 92 Cálculo e Teoria dos Números l maneira uniforme ao
longo dos naturais. O teorema a seguir, conhe- 4 cido como o teorema do
número primo, torna essa afirmativa mais precisa. Antes de enunciá-lo,
fixemos uma notação: para cada real positivo x, denotemos por m(x) o
número de primos menores ou iguais a T. Teorema 4.1 (Hadamard!). Nas
notações acima, temos fia ai a>+o0 7/ log x onde log : (0, +00) — R denota
a função logaritmo natural. A prova do teorema acima foge largamente ao
escopo destas notas mas, para o leitor interessado, recomendamos o clássico
[3]. Ressaltamos, contudo, que o teorema de Hadamard garante que as
funções T(x) e es SãO assintoticamente (i.e., à medida que x — +00) iguais.
| Anteriormente ao teorema de Hadamard, P. Chebyshev? obteve um |
resultado bem mais simples (mas, ainda assim, muito interessante),
garantindo a existência de constantes am c e tais que Sta so E = r’ log x
para todo x > 2. À obtenção da segunda desigualdade acima será o objeto
do problema 4; para uma prova da primeira, recomendamos ao leitor o
excelente livro de G. Andrews ([2]). Por outro lado, segue prontamente da
segunda desigualdade que E ad x ` logspara todo real x > 2; em particular,
temos . NAL lim ao =. z&>-+oo0 T ! Após Jacques Hadamard, matemático
francês do século XIX. 2 Após Pafnuty Chebyshev, matemático russo do
século XIX. 4.1 Sobre a distribuição dos primos 93 D aro si A E E SD Em
palavras, (4.1) significa que a quantidade de números primos menores ou
iguais a x é um infinitésimo em relação a x, i.e., cresce bem mais
lentamente que x, à medida que x — +oo. No que segue, deduziremos a
validade desse resultado diretamente, para o quê precisamos, inicialmente,
do seguinte resultado. Proposição 4.2. Se k é um natural qualquer, então
OPORE k r’ onde yọ é a função de Euler. Prova. Seja x > 0 real, com |z| =
kq +r, onde 0 < r < k, e note que {1,2,..., le]} = UIS{kj +1, kj +2,... U {kq +
1, kq +2,..., E + 1)} kg + r+. (4.2) De 1 a k não há mais do que k números
primos, obviamente. Por outro lado, se j > 1, então, para um número do
conjunto {kj +1, kj + 2,...,k(j+1)J ser primo, tal número deve,
necessariamente, ser primo com k. Portanto, não há mais do de y(k)
números primos no conjunto {kj + 1,kj + 2,...,k(j + [E |, (4.2) permite
estimar m(x) pela desigualdade | 1)+. Agora, como q = rm) < k+ (q— Dolk)
+r < 2k + E | PU) < 2k + Folk). Para obter o resultado do enunciado, basta
dividirmos ambos os membros da desigualdade acima por z. E Mesmo
tendo sido obtida por intermédio de uma contagem bastante simples, a
proposição anterior permite mostrar que m(x) é, quando t — +00, um
infinitésimo em relação a x. Lembremos, inicialmente, o seguinte resultado
(cf. exemplo 3.20 do volume 3).
94 Cálculo e Teoria dos Números Ed é A º 1 . Lema 4.3. A série
harmônica > >, 7 diverge. Precisamos de mais um lema técnico. Lema 4.4.
Se m > 1 é inteiro e pı, P2, ..., Pp São OS primos menores ou iguais a m,
então E a a a Prova. Pela fórmula para a soma dos termos de uma série
geométrica. convergente (cf. proposição 3.21 do volume 3), temos 1 1 ES
(DS [= Ss [= basal [Ls =|| dps e pi po Pk aa pi P Por outro lado, a escolha de
py, po, ..., Pk, Juntamente com o teorema fundamental da aritmética,
garante a validade da inclusão PER Pe a E SP geo papi. pie Jis Jiss | Z 2 m
pp? Portanto, m k 1 1 Er Rs +++ e). n=l. jujar ETA i=1 P; e o resultado
desejado segue imediatamente. O B De posse dos resultados acima,
podemos provar a seguinte versao fraca do teorema de Hadamard. |
Teorema 4.5. ir a SS), 4.1 Sobre a distribuição dos primos 95 Prova. Temos
de provar que, dado e > 0 arbitrariamente, existe xo > 0 tal que £ > £to >
zle) < e Para tanto, sejam pı, pə2,...,Pn OS n primeiros números primos e k
= pıpz...Pn; a proposição 4.2 e a fórmula para y(k) nos dão ED) (=) eee co
Agora, os dois lemas anteriores garantem que | 1 o l 1 E RE e . LJ E AE Ta
> = lim {1—-— ]...({(1—-— ]|=0. n—s+00 pı Pn Podemos, pois, escolher
um natural n tal que de sorte que 1 1 1 A 1 un po . o o 1 SEER I < Pı P2 Dn
YIA o ala A 4 Dn e, a partir daí, pôr xy = FP De posse de tais escolhas, para
£z > zo temos, a partir de (4.3), que TAL É AZ E Aga ada Pipo’ Pn € ,
2PiPa: Pn T No | m LO Heuristicamente, podemos dizer que sda diverge
por ter muitos naturais (na verdade, todos eles) dentre seus termos. Por
outro lado, a proposição 3.22 do volume 3 garante que 1 , "o pia (4.4) n>l
portanto, também de um ponto de vista heurístico, podemos atribuir tal
convergência ao fato de que há poucos naturais dentre seus termos.
96 Cálculo e Teoria dos Números Surge, então, uma pergunta
natural no contexto de números primos: a série Dn e onde pn é o n—ésimo
primo, tem muitos ou poucos naturais, no sentido acima? O teorema 4.5 nos
encorajaria a dizer que tal série possui poucos naturais. Mas nossa intuição
falha nesse ponto, i ; un 1 2 : pois, conforme mostraremos a seguir, a série
DEM e divergente. Antes, contudo, precisamos de um resultado auxiliar. ) )
Lema 4.6. Para todo x > O tem-se e” > 1 +z. Prova. Imediato a partir do
exemplo 3.9 do volume 4. | [= Estamos, agora, em condições de apresentar
mais um importante resultado devido ao grande L. Euler. Teorema 4.7
(Euler). Se pp denota o k—ésimo primo, então a série | LAMA: Doni pr é
divergente. Prova. Sem € Ne p;,p>,...,Pk São OS primos menores ou iguais
a m, é imediato que 1 DE I 1 i 51 ; diverge e ),;>1 5 converge, concluímos
que a 4.1 Sobre a distribuição dos primos g diverge. Por fim, suponha que
a série dos inversos dos primos convir)a para um certo real a. Então, para
todo n € N, temos, a partir do lema anterior, que 1 1 1 1 e” > exp X =| E
exp z) > nd =>,se lI p II p “j : i p R denota a função exponencial de base e.
Mas isto é um absurdo, pois já sabemos que a soma dos inversos dos
naturais livres de quadrados diverge. E Problemas — Seção 4.1 1. Prove
que existe um real positivo zo tal que m(x) > peT para T £ > To. 2. Para
cada k > 1, seja ap o k—ésimo natural que não é quadrado erfeito. Decid
ór] + p a se a série ’ y>; gz converge. 3. Para cada k > 1, seja a; o k—
ésimo natural composto. Decida se a série ) 151 = converge. 4. O objetivo
deste problema é mostrar que T(2) < (301082) (4.5) para todo real x > 8,
onde log : (0, +00) —> R denota a função logaritmo natural. Para tanto,
faça os seguintes itens: (a) Para todo n € N, prove que (°) é divisível por
todos os primos p tais que n < p < 2n. Ademais, ag L On
Cálculo e Teoria dos Números (b) Prove que, para n > 2, tem-se
r(2n) < n(n) + (2l0g2) EEE (c) Se f : (0, +00) — R é a função dada por f
Jars xr+2 mosEE. tre que f é crescente em (e, +00) e que f (=52) < 1 f (£), |
para x > 8. E i (d) Use os itens (b) e (c) para concluir que m (2n) < (32 log
2), para n > 2. (e) Deduza que, para todo número real x > 8, vale (4.5). 5. O
objetivo deste problema é estabelecer a recíproca do resultado do problema
17, página 49. Para tanto, dado n € N, seja É l I (n) a soma dos maiores
divisores positivos ímpares dos números E 1,2,...,n e faça os seguintes itens:
GS EEEE 2i ESTES, RE ARA e CR Egas é (a) Paran € N, sejam T(n) o
maior divisor ímpar de n e i(n o maior ímpar menor ou igual a n. Prove que
+ r(i(n))) + (T(2) +7(4) +--+ 7 (2|n/2])) | q tm) +1? +I [|n/2]). En Ee aE ei
(b) Nas notações de (a), mostre que t In)=7 > Lila) +12, k=0 E onde 2% é a
maior potência de 2 menor ou igual a n e, para | | 0< k 0 e 2l082n! > 2l082n-
1 — >€ 2 n n Ma) za=1=|z] -122 para mostrar, de maneira análoga, que 4n?
— — iare nº — 12n L 12 T(n)=1+2+4.-.4n? — 12n — 1 6n2 + 6n (f) Se +
n, conclua que TUE, < Tin É . r 2 ~ I e, a partir daí, que, se r € Q \ {5},
então rA = r para no máximo um número finito de valores de n. An? + 15n
+ 3 6n? + 6n 4.2 O teorema de Chebyshev O teorema do número primo
garante que a diferença m(21x) — m(x) é assintoticamente igual a 2z Do
log x — log 2 log(27) loggz loga llogrx-+log2/. Mas, como Em log x — log
2 z>+o0 logg + log 2 concluímos que 7(21x) — m(x) é assintoticamente
igual a o. Ocorre que x lim = +00, zoo Jog 1
100 Cálculo e Teoria dos Números de sorte que o argumento
acima garante que o número de primos entre z e 2x cresce sem limite, à
medida que x — +00. Nesta seção, provaremos um resultado bem mais
fraco que este, também devido a Chebyshev, o qual garante que sempre há
pelo menos um número primo entre n e 2n, para todo inteiro n > 1. Para a
demonstração do mesmo, precisamos dos dois resultados auxiliares a seguir.
Lema 4.8. Sejam n,p € N, sendo p primo, e up o expoente da maior potência
de p que divide o coeficiente binomial Rar Então "=D -l Ademais, se vp é o
único inteiro tal que p”? < 2n < prt! então up < vp. 2n) — (2n)! Prova. Para
a primeira parte, veja que, como (7 = (ni)7» à maior E . o. , en(2n) potência
de p que divide (27) ET ep(n) denotam, respectivamente, os expoentes das
maiores potências de p que dividem (2n)! e n!. Portanto, onde (cf. seção
1.3) ep(2n) e Hp = ep(2n) — 2ep(n) e basta usar a proposição 1.48 para
obter a fórmula do enunciado. Para a segunda parte, segue da definição de
vp que pi 2 j>n>p'>2n> E e Por outro lado, para j > 1 temos 2 | 2 2n -25
PEA E p p p? de sorte que H — 2 EH < 1, para j > 1. Portanto, segue dos
fatos acima que 4.2 O teorema de Chebyshev 101 Lema 4.9. Se x > 2 é um
número real, então JI pad: p 3 é um inteiro ímpar, então ele também será
verdadeiro para n < y < n + 2; de fato, nesse caso n + 1 é par, de sorte que lI
p = lI p< 4” <4. p 3 é um inteiro ímpar. Para tanto, façamos indução sobre n
> 3 inteiro ímpar, observando que já temos a validade do resultado para n =
3. Assuma, como hipótese de indução, que ele também é válido para todos
os inteiros ímpares menores que um certo inteiro n+1 impar n > 5. Defina k
= 25, onde escolhemos o sinal de tal modo que k seja ímpar. Então, k > 3 en
— k é um natural par, tal que n—k=2kFfl-k
102 Cálculo e Teoria dos Números Agora, nossas escolhas
garantem que k e n — k são distintos. Mas como (7) = ( 6 ) e tais números
binomiais são parcelas da expansão n—k binomial de 2” = (1 + 1)”, segue
que (2) < 2"! e (4.6) fornece LE pes. (4.7) k

1, há ao menos um primo entre n e 2n. sv Prova. Faremos um


argumento geral para mostrar o resultado para n > 128. Paran < 128 tome p
= 3 para n = 2, p = 5 para n= 3 e p=Tparal 128. Nas notações do lema 4.8,
tal suposição garante que (1) x TI pe = II pre, p<2n p 2n e segue, do lema
4.8, que 1 < up < Vp = 1. Finalmente, para os primos p < v2n, temos,
novamente pelo lema 4.8, que p”? < pr < 2N. As estimativas acima nos dão
(no que segue, p denota um primo) 2 ( i Jl p”? Jl p”? p 128 (<> V2n > 16)
garante que . (Vin) < e Substituindo essa última estimativa em (4.8),
chegamos a 2 n n n (Z) < 43 (On) < 4% (2n) V3- (4.9)
104 Cáâleulo e Teoria dos Números | Por fim, note que su é a
maior dentre as 2n + 1 parcelas do desenvolvimento binomial de 4” = (1 +
1)”. Como a primeira e a última de tais parcelas são iguais a 1, temos 2n
(27) > 4” ou, ainda, (©) > 5, estimativa que, combinada com (4.9), fornece
4r 7 7 e 4% (2n) V27 n ou, ainda, 27 < (2n) VÈ. Tomando logaritmos
naturais e dividindo por van , a desigualdade acima pode ser reescrita como
yv 8n log 2 — 3 log(2n) < 0. | . (4.10) Denotando f(x) = V8xlog 2—3
log(2x), vem que f(128) = 810g2 > 0 e v2xlog2 — 3 E SD sa L F(z) para x
> 128. Assim, f é crescente para x > 128 e (4.10) é falsa, o que nos dá uma
contradição. E Problemas — Seção 4.2 1. Se pn é o n—ésimo primo, prove
que Pn+1 < 2Pn. 2. * Prove que, para todo inteiro n > 1, existe um primo p
cujo expoente na decomposição canônica de n! em primos é igual 1. 3.
(Torneio das Cidades.) Prove que, para todo inteiro n > 1,0 número 1!2!...n!
não é um quadrado perfeito. 4.3 O teorema de Césaro 06 4. Ache todos os
m,n,x,y E N tais que m,n > 1 e (m!)* = (nl. Para os dois problemas a seguir,
o leitor achará conveniente utilizar a seguinte versão forte do teorema de
Chebyschev: para todo inteiro n > 6, há pelo menos dois primos entre n e
2n. 5. Ache todos os m,n € N tais que (n — Dn! = ml. 6. Encontre todos os
naturais n > 1 tais que todo natural 1 < m < n que seja relativamente primo
com n seja, em verdade, um número primo. 4.3 O teorema de Cêsaro Em
1881, E. Cesãro” provou que a probabilidade de dois números naturais,
escolhidos aleatoriamente, serem relativamente primos, é igual a 5.
Terminamos este capítulo apresentando, nesta seção, uma demonstração
elementar deste resultado, devido ao professor Hudson N. Lima (cf. |6|).
Comecemos com alguns preliminares sobre o cálculo de probabilidades.
Sejam E um conjunto finito e não vazio, dito o espaço amostral, e P uma
distribuição de probabilidades em E, i.e., uma função P : E => [0,1] tal que
> P(a) ak LEE Para cada x € E, denominamos P(x) a probabilidade de z e
dizemos que os elementos de E são equiprováveis se P(x) Ye E. “e “Ernesto
Cesãro, matemático italiano do século XIX.
106 Cálculo e Teoria dos Números Um evento em E é um
subconjunto não vazio X de E, sendo sua probabilidade definida por ROSS
PO: ZEX Voltando, agora, a nosso problema, seja” E = L, x 1, e suponha
que os elementos de E são equiprováveis, de sorte que a probabilidade de
cada um deles é igual a L. Dado n € N, se P, é a probabilidade de um par
ordenado (a,b) € E ter suas entradas a e b primas entre si, queremos mostrar
que n— o0 T Para tanto, devemos, primeiramente, encontrar uma expressão
adequada para P, e, para tal fim, começamos observando que Pa = E onde o
X = {(a,b) € In x In; mdc (a,b) = 1} é o evento de nosso interesse. Uma
contagem elementar fornece|X| = 24(a,b) € In x In; mdc (a,b) = 1 ea < bj -#4
(a,a) € In x In; mdc (a,a) = 1} = 23 #{a € In; mdc (a,b) =1ea R é uma
função qualquer, então, para n natural, temos: | O T O ER E): (b) ki E
Doca É (d) = 5 Dra Kf Ck) [EI dE] +D. Prova. O item (a) é o conteúdo
do problema 12, página 87. Quanto ao item (b), observe inicialmente
que o conjunto dos pares ordenados (d,k) de inteiros tais que 1 < k <
ne0 < d | k coincide com o conjunto dos pares ordenados (d, k) de
inteiros tais que 1 < d < n e k = ld, para algum 1 < | < n/d. Portanto,
podemos trocar a ordem dos somatórios envolvidos, obtendo | Seta) =
5) kra) k=1 O R é a função de Möbius. Portanto, o item (b) do lema
108 Cálculo e Teoria dos Números anterior fornece k=1 k=1 O] E
(4.13) De posse da fórmula acima, podemos enunciar e provar a proposição
a seguir, a qual garante que lim, .,oo Pn existe e o expressa como um outro
limite que, conforme veremos, pode ser efetivamente calculado. Para o
enunciado da mesma, observe inicialmente que, como |u(k)| < 1 para todo k
€ Ne a série >5k>1 zz é convergente, as proposIÇÕES 3.25 e 3.29 do
volume 3 garantem que a série | u(k) 2 também é convergente. 4.3 O
teorema de Cèsaro 109 Proposição 4.12. Se P, é definido como acima, então
liMn-soo Ph existe e é tal que Prova. Inicialmente, obtemos a partir de
(4.13) que ulk) 2 Lin|/2 1 es = Saa Z] o k? Sw n2 Lk] k k=1 N | l in|2 <
ERREAREN PE <> lp =| A fim de estimar o último somatório acima,
afirmamos que, para n e k naturais, com 1 < k < n, vale (4.14) 1 Í Hi 2 1 k?
n2 Lk nk n? De fato, n n n n? 2n nı? n? rega? o paaa k RR PS Eca = d 2 1 1
Rae k kn n~n? lk] 7k 1 l jnj;2 2 | A aa tea conforme desejado. Voltando a
(4.14), obtemos, a partir da estimativa acima, que — ulk) af? 4 Ped q P, —
ane O a | k2 Eds nk n? 2 n k=1 k=1 “Mas, a partir do exemplo 6.47 do
volume 3 e da regra de "'Hóspital (cf. problema, 6.2.6 do volume 3), temos
que Feal 2 A 2 -3 <> 1+ f -dt | = —(logn +) 50 na k n T. n
| | | | | | l | | 110 Cálculo e Teoria dos Números quando n — +oo,
onde log : (0, +00) — R denota a função logaritmo natural. Portanto, | olk E
AR L k = Por fim, segue, daí, que A proposição anterior reduziu a prova do
teorema de Cesàro a mostrarmos que (k) 6 k2 T’ k>1 o que faremos com o
auxílio dos três resultados seguintes. A prova do teorema a seguir é devido
a A. Yaglom e I. Yaglom (cf. capítulo 8 de [1|) e utiliza alguns fatos
elementares sobre números complexos e raízes de polinômios. Para uma
discussão autocontida, referimos o leitor aos capítulos 3 e 4 do volume 6
desta coleção. Para uma prova alternativa, utilizando a teoria elementar de
séries de Fourier, recomendamos o capítulo 1 de |4| ou o capítulo 2 de [10].
Teorema 4.13. 1 2 Dad k>1 4.3 O teorema de Césaro Mm Prova. A primeira
fórmula de de Moivre (cf. proposição 1.6 do volume 6) nos dá | sen (nd) =
pa s0+isen6)”) = )ittcos 0)""3 (sen 0) a n = (—1)* H j (cos 9)" -2k-1) (sen
6) Ck+1) o 2k+1 e, daí, sen (n8) = É n to O (n—2k—1) (seno) = 2k+1 Feto)
i sempre que sen 6 Æ 0. Para n = 2m + 1, temos sen ((2m + 1)0) < elameti
aen A Assim, definindo mostramos que sen ((2m + 1)0) (sen 0)Cm+))
f((ctg0)’) = Definindo 0, = (7, para k = 1,2,...,m, é imediato que (ctg 01)*,
(ctg 05)2, ..., (ctg0m) são m raízes distintas de f. Mas, como f tem grau m,
concluímos que essas são todas as raízes complexas de f, de sorte que as
relações de Girard entre raízes e coeficientes de um polinômio (cf.
proposição 4.6 do volume 6) fornecem 2 e Ce _m(2m-1) + (ctg Om )* = Rr
= 1 (ctg 01) + (ctg 02)”
tdo $ jr PERA V 112 Cálculo e Teoria dos Números ou, ainda,
(csc 01)? +-+ + (CSc Om)? = (1 + (ctg) +-+ (1 + (ctg Om?) = m+ ((ctg01)?
+--+ (ctg Om))) m(2m — 1) 2m(m+1) E Por fim, como 0; € (0,7), para 1 < j
< m, as desigualdades (6.8) do volume 3 garantem que sen 0; < 0; < tg 0j,
para 1 < j < m e, daí, que ctg 0; Eras E < (esc 0,;)2, J 02 J para 1 < j < m.
Portanto, piri -1) ` “1 dk 2m(m + 1) -Paet ——& = ER EEE S A a 3(2m +
1)2 Ta 3(2m+1)2 6 obtemos o resultado desejado com o auxílio do teorema
do confronto. 43 O teorema de Césaro | YB Teorema 4.14. Se p, é o n-
ésimo número primo, então l 1 lim (1 — y =% n-—s00 2 di kei Pk k>1 E
Prova. Como p, > n para todo n € N, temos 1 a 1 1 1 para cada l > 1. Além
disso, l l 1 Í 1 1 E Leste) (at +5) 1, posto que cada parcela obtida a partir do
desenvolvimento do primeiro membro aparece no segundo membro. Mas,
dado que pj. EosTÊ k>1 temos | 1 1 1 1 1 — < rateta) e (145ta) S Es D k? pi
pi p? h) Ge Fazendo | — +00 e observando (cf. proposição 3.21 do volume
3) que im (145445) = (1-5 | “|s00 Pi p; p? wl ia EN 1 De ps elle ES A k? (
3) i Mk? obtemos
i | | | 114 Cálculo e Teoria dos Números ou, ainda, O resultado
segue, novamente, do teorema do confronto. Teorema 4.15. Se p, é o n—
ésimo número primo, então é VARRER DR O) Prova. Em tudo o que segue,
convencionamos que l < Mm => tı < im. Paran € N, sejam: An o conjunto
dos números da forma Pi; Di, -.. Pias, onde s € N, Pi,Pio,---, Dis, SÃO
primos e Pi Pis.. -Pis < N; Án O conjunto dos números da forma
p;,Pi,...Dis,, Onde s E N, Pi, Pis; ., Dio, SãO primos e t,iz,...,izs < n; Bn O
conjunto dos números da forma Pi Piz ---Piz,1, Onde s E N, Pi, Pias- -+s
Pizs}ı SÃO priMOS € Pi Piz- -Pizı L Nn; Bn O conjunto dos números da
forma Pi, Pia -< - Pizs41; Onde $ EN, Di, Piz, < «=» Piso pi SÃO PrIMOS
€ t1, t2, . - - , 2254 n; Sejam, ainda, I 1 1 ~ 1 m=1+ 5,5 in=1+), 5 bhw= >)
aeh, a TE An xE An vEBn ze Bn E imediato verificar que = uh). a 2 1 an=
b= L2 e ân-br=| be k=1 k=1 k. Além disso, os limites liman, lim bn, lim àn e
limb, todos existem, pois as sequências correspondentes são não
decrescentes e limitadas superiormente por > ,. +. Em particular, esse
argumento garante a p p k=1 2º HM p , g 8 existência do limite | n l 1 lim l-
Ss 2 N—>00 k=1 Pk 4.3 O teorema de Cêsaro 115 m~ Como pn > n para
todo n € N, temos 4, C An C Appo.p € B„ C Bn C Bpipa...pn; logo, valem
as desigualdades Un < An < Apipo..pn © bn < bn < Diosa Portanto, uma
vez mais a partir do teorema do confronto, obtemos lim an = lim à e lim b,
= lim bn, n— 0 n> o0 n— o0 nN—00 de sorte que ji : lim l-5) = lim à- lim
b= lim ap — lim bn n—00 o Pk n—00 n—00 n—00 n—00 k=1 — p(k = i
aa — aa a k>1 conforme desejado. E Podemos, finalmente, juntar os
resultados acima para calcular k da 1 lim Pa = HO = im I] t= n—00 LSI n—
o0 i Ph 1 n 1 —1 n—s00 KA Pk E - |El =5 Ei L2 Ra = k T
116 Cálculo e Teoria dos Números CAPÍTULO 5 A Relação de
Congruência Introduzimos ao leitor, neste capítulo, a importante relação,
em Z, de conguência módulo n > 1. Nosso objetivo central é provar um
famoso teorema de P. de Fermat, conhecido na literatura como o pequeno
teorema de Fermat, bem como sua generalização igualmente famosa,
devido a Euler e conhecida como o teorema de Euler. A pervasividade
desses resultados em teoria elementar dos números se deve, dentre outros,
ao fato dos mesmos iniciarem um estudo sistemático do comportamento dos
restos da divisão das potências de um natural a por um natural n > 1 fixado,
no caso em que a e n são relativamente primos. De fato, de certa forma, tal
estudo será nosso objeto principal de investigação a partir de agora, sendo
retomado explicitamente no capítulo 7. Apresentamos, também, o não
menos famoso teorema chinês dos restos, o qual possui muitas aplicações
interessantes em teoria elementar dos números. 117
118 A Relação de Congruência 5.1 Definições e propriedades
básicas O objeto central de estudo nesta seção é a relação entre números
inteiros explicitada na definição a seguir. Definição 5.1. Sejam a,b e n
inteiros dados, sendo n > 1. Dizemos que a é congruente a b, módulo n, e
denotamos a = b(modn), sen | (a — b). Se a não for congruente a b módulo
n, denotamos a £ b (mod n). Exemplos 5.2. De acordo com a definição
acima, podemos escrever: (a) 3 = 5 (mod2), pois 2 | (3 — 5). (b) —1 = 11
(mod 12), pois 12 | (—1 — 11). d ) (c) 2 = —1 (mod 3), pois 3 | (2 — (—
1)). (d) z = —x (mod 2), pois 2 | (x — (—x)). ) (e) 1 Æ 2 (mod3), pois 3{ (1
— 2). (f) 20 Æ 15 (mod 7), pois 7 ł (20 — 15). O que estamos realmente
investigando em um número quando consideramos congruências módulo n?
Para responder essa pergunta, observemos o que ocorre com os números
inteiros módulo 4, por exemplo: 4k = 0 (mod 4), 4k +1 = 1 (mod4), 4k +2 =
2 (mod4) e 4k +3 = 3 (mod 4). Assim, a sequência ..., —5, —4, —3, —2,
—1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, ...dos números inteiros é igual, módulo 4, à sequência
ans QD OD lee: L e vemos que todo inteiro é congruente, módulo 4, ao
resto de sua divisão por 4. Esse resultado continua válido em geral, como
mostrado no seguinte resultado. 5.1 Definições e propriedades básicas 119
DB aa a E e L A a E E A a O Proposição 5.3. Sejam a e n inteiros dados,
com n > 1. (a) Se a deixa resto r na divisão por n, então a = r (modn). Em
particular, todo inteiro é congruente, módulo n, a exatamente um dos
números 0, 1, 2,.... n— 2, n-— 1. (b) a = b(modn) & a e b deixam um
mesmo resto na divisão por n. Prova. (a) Suponha que a deixa resto r
quando dividido por n. Pelo algoritmo da divisão, temos a = qn +r para
algum inteiro q. Daí, a—r = qn, ou seja, n | (a — r). Mas isso é o mesmo
que escrevermos a = r (mod n). O resto é imediato. (b) Se a = b (mod n),
então n | (a — b) e segue, do corolário 1.9 (com a e b nos lugares de a e az e
n no lugar de b), que a e b deixam um mesmo resto na divisão por n.
Reciprocamente, se a,b deixam um mesmo resto r na divisão por n,
podemos escrever a = ng +r eb = ng +r, com q,,qo E Z. Logo, a— b = n(qı
— q2), ou seja, n | (a — b). Portanto, a = b (mod n). E Observação 5.4. Na
definição da relação de congruência, a razão pela qual excluímos o módulo
n = 1 é a seguinte: se usássemos congruências módulo 1, obteríamos a = b
(mod 1) como sinônimo de 1 | (a — b), o que é sempre verdade. Portanto,
dois inteiros quaisquer seriam indistinguíveis módulo 1. Uma vez que a
notação de congruência módulo n enxerga apenas o resto da divisão de um
número por n, o leitor pode estar se perguntando quais vantagens teremos
em utilizá-la. O primeiro ganho ao se usar congruências é computacional:
nas duas proposições a seguir, provamos algumas propriedades elementares
de congruências, as quais vão nos permitir, por exemplo, calcular mecanica
e rapidamente
E A ae sir 120 A Relação de Congruênc DC a Ds a. o resto da
divisão de 1722 por 13, tarefa que não é fácil de cumprir com os métodos
de que dispomos até o presente momento. Proposição 5.5. Dados inteiros a,
b, ce n, sendo n > 1, temos: (a) a = a (modn). (b) a= b(modn) = b = a
(modn). (c) ii b (modn) e b=c(modn) => a =c(modn). (b) são imediatos.
Quanto a (c), se a b(modn) e b = c(modn), então n | (a — b) e n | (b — c), e
o item i. da observação 1.6 garante que n divide a — c = (a — b) + (b — c).
Mas isso é o mesmo que a = c (mod n). E IIl ) ) Prova. Os itens (a) e (
Proposição 5.6. Sejam a, b, c, d, m e n inteiros dados, com m,n > (a) Se a =
b (mod n) e c = d (mod n), então a + c = b + d (mod n) e ac = bd (mod n).
Em particular, ac = be (mod n). (b) Se a = b (mod n), então a* = b (mod n),
para todo k € N. (c) Se co, C1, ...,Cm E Z e f(x) = cmi” +--+ c1£ + co, então
a = b(modn) = f(a) = f(b) (mod n). (d) Se a = b (mod n), então mdc (a,n) =
mdc (b,n). (e) Sea+c =b+ c(modn), então a = b (mod n). (f) Se ac = bc (mod
n) e mdc (c,n) = d, então a = b (mod 5). Em particular, se mdc (c, n) = 1,
então a = b (mod n). (g) Se a = b (mod mn), então a = b (mod m) e a = b
(mod n). (h) Se a = b(modn) ea a = b (mod mn). = b (mod m), com mdc
(m,n) = 1, então 5.1 Definições e propriedades básicas 121 Rd DE ESC ES
Prova. (a) Como (a+c)-(b+d) = (a-b)+(c-d), ac—bd = a(c—d)+ (a—b)d en |
(a—b), n | (c— d), segue do item (c) da proposição 1.5 (veja também o item
i. da observação 1.6) que n | [(a+c)—(b+d)] en | (ac—bd). Mas isso é o
mesmo que a + c = b + d (mod n) e ac = bd (mod n). Por fim, o caso
particular segue de c = c (mod n). (b) Fazendo c = a e d = b na segunda
parte do item (a), obtemos a2 = b? (mod n). Se já mostramos que al = b
(mod n), para um certo LE N, então, novamente da segunda parte de (a)
(dessa vez com c = a! e d = b), obtemos at! =a- al = b- b = bH (modn). O
item (b) segue, por indução sobre k. k = (c) Se a = b(modn), temos, a partir
dos itens (a) e (b), que cpa c;b* (mod n), para 0 < k < m. Portanto, segue do
problema 1 que a) = So a = > cf = f(b) ( (d) Como a = b (mod n), existe q €
Z tal que a = b + nq. Queremos, pois, mostrar que mod n). mdc (b + nq, n) =
mde (b,n). Mas isso é imediato a partir do item (b) da proposição 1.21. (e)
Se a + c = b + c (mod n), então n divide (a + c) o que é o mesmo que a = b
(mod n). —(b+c)=a-—b, (f) Sejam n = dn' e c = de, com d e nº inteiros
primos entre si. De ac = be(modn), segue que (dn”) | [dc(a — b)| ou, ainda,
que
122 A Relação de Congruência n' | c(a — b). Mas, como mdc
(n',c') = 1, segue do item (a) da proposição 1.21 que n’ | (a — b) ou, o que é
o mesmo, a = b (mod 3). O resto é imediato. (g) Se a = b (mod mn), então
mn | (a—b) e, daí, m | (a— b). Mas essa última relação equivale a a = b
(mod m); analogamente, a = b (mod n). (h) Como m,n | (a — b) e mde
(m,n) = 1, segue do item (d) da proposição 1.21 que mn | (a — b), que é o
que queríamos provar. W Conforme prometido, temos o exemplo seguinte.
72002 Exemplo 5.7. Calcule o resto da divisão do número 1 por 18.
Solução. Como 17 = 4(mod13) e 16 = 3 (mod 13), segue dò item (b) da
proposição 5.6 que, módulo 13, 172002 — 42002 = 161001 — 31001
Notando, agora, que 3º = 1 (mod 13) e aplicando os itens (a) e (b) da
proposição 5.6, obtemos 31001 = 32 f 3999 O (org io = 0. 1933 = 9, módulo
13. Então, segue da proposição 5.3 que 17002 deixa resto 9 na divisão por
13. W As propriedades elementares de congruências deduzidas na
proposição 5.6 nos permitem provar o critério de divisibilidade por 9 de
maneira mais direta que aquela sugerida no problema 1, página 10,
conforme o próximo exemplo. Exemplo 5.8. Para n € N mostremos,
utilizando congruências, que o resto da divisão de n por 9 é igual ao resto
da divisão da soma dos algarismos da representação decimal de n por 9. 5.1
Definições e propriedades básicas 123 Prova. Sen = (aķāk-ı . . - @1a0)10 é
a representação decimal do natural n, podemos escrever n = ap 10" + ap-
110®71 + - -- + a110 + ao. Como 10 = 1(mod9), aplicando repetidas vezes
as propriedades da proposição 5.6 obtemos, módulo 9, que M SE lo ara 0
Fea TD — ap papo DP E E Ojo Op de +a + ao. O resto segue do item (b) da
proposição 5.3. = Como exemplo adicional da simplificação computacional
que a relação de congruência nos oferece (e para referência futura),
provaremos novamente, a seguir, o corolário 1.8 e o exemplo 1.10. Antes,
contudo, é útil fazermos uma pequena observação. Como já sabemos, todo
inteiro é congruente a 0,1,2,3,4,5 ou 6, módulo 7; mas como 4 = —3(mod
7), 5 = —2(mod7) e 6 = —1(mod7), segue que todo inteiro é congruente,
módulo 7, a um dos números 0, +1, +2, £3. Por outro lado, todo inteiro é
congruente a 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6 ou 7, módulo 8; mas, como 5 = —3(mod 8),
6 = —2(mod8) e 7 = —1(mod8), segue que todo inteiro é congruente a 0,
+1, +2, +3 ou 4, módulo 8. A vantagem de trocar, módulo 7, os números de
0 a 6 por 0, +1, +2, +3 é que, se precisarmos elevar os restos na divisão por
7 a um expoente par, teremos menos trabalho usando 0, +1, +2, +3 em vez
de
124 A Relação de Congruência 0,1,2,3,4,5,6, posto que (-x)? =
x?. Pela mesma razão, por vezes é vantajoso trocar, módulo 8, os números
0,1,2,3,4,5,6,7 por 0,1, +2, +3,4. Generalizando a discussão do parágrafo
anterior, não é difícil verificar que: i. Se n = 2k, então todo inteiro é
congruente, módulo n, a um dos números OEE eE k — 1), k. ii. Se n = 2k +
1, então todo inteiro é congruente, módulo n, a um dos números O Ra e a
AE a Formalizaremos um pouco mais a discussão acima quando
estudarmos sistemas completos de restos, na seção 6.1. Por enquanto,
vamos ao resultado prometido. Proposição 5.9. Para todo a € Z temos: ) af =
0,1,4,5,6 ou 9 (mod 10). ) a° = 0 ou 1(mod3). (c) a? = 0 ou 1 (mod 4). ) a° =
0,1 ou 4 (mod 8). ) a = O ou 1 (mod 16). Prova. | (a) Módulo 10, temos a =
0, +1, +2, +3, +4 ou 5, de sorte que a? = 0º, (+1)*, (+2)2, (+3)2, (+4)? ou 5°
ou, ainda, a? = 0,1,4,9,6 ou 5. Mas, como o último algarismo de um número
é igual ao resto de sua divisão por 10, segue que o último 5.1 Definições e
propriedades básicas | 125 algarismo de a? é igual a um dos números
0,1,4,5,6 ou 9. (b) Sabemos que a = 0 ou +1 (mod 3), de modo que a? = 0?
ou (+1) (mod 3). Portanto, a? = 0 ou 1 (mod 3). (c) Sabemos que a = 0, +1
ou 2 (mod 4), de maneira que a? = 02, (+1)? ou 22 (mod 4). Como 2? = 0
(mod 4), segue que a? = 0 ou 1 (mod4). (d) Como a = 0, +1, +2, £3 ou 4
(mod 8), segue que a? = 0º, (+1)*, (+2), (+3)? ou 42 (mod 8). Agora, 3° = 9
= 1 e 4º = 16 = 0(mod8), de modo que a? = 0,1 ou 4 (mod 8). (e) Pelo item
(d), temos que a? = 8q +r, com q E N e r = 0,1 ou 4. Portanto, af = (8q +r)?
= 16(4? + qr) +r? = 16g +0 ou 169 +1, com q EN. = E Os exemplos a seguir
mostram como podemos usar o que aprendemos até agora sobre
congruências para resolver vários problemas interessantes. O leitor deve
esforçar-se por assimilar o mais possível as ideias desenvolvidas ao longo
das soluções dos mesmos, posto que muitas delas serão de utilidade para a
resolução de vários dos problemas propostos nesta seção. Exemplo 5.10
(Itália). Ache todos os x,y € N tais que z? +615 = 2º. Solução. Analisando a
equação dada módulo 3, obtemos z’ + 0 = (—1)” (mod 3).
126 A Relação de Congruência Mas, pelo item (b) da proposição
5.9, temos x? = 0 ou 1 (mod3), de sorte que a congruência acima nos dá as
seguintes possibilidades: 0 = (—1)º (mod3) ou 1 = (—1)” (mod 3). A
primeira possibilidade claramente nunca ocorre. Quanto à segunda “se y for
ímpar obtemos 1 = —1 (mod 3), o que também nunca ocorre Portanto, y
deve ser par, digamos y = 2z, com z > 0 inteiro. A. equação do enunciado
pode ser, agora, escrita como 615 = 27 — g? = (X -g)(2º + x). Por fim,
como 27 + x > 27 — x e 615 = 3 - 5 - 41, temos somente as possibilidades 2
hap = 015 2A = 200 eme ~ Nee 2 +77 = 123 24r = 4 Ae as e NS a Somando
membro a membro as duas equações em cada uma das possibilidades
acima, obtemos respectivamente 27t! = 616, 208, 128 ou 56. Mas, uma vez
que 27t! uma potência de 2, a única possibilidade viável é que seja 27+! =
128, de sorte que 22 +x = 123 Zen dee O Então z = 6e x = 59, de modo que
a única solução é xz = 59 e (o Re DA | Exemplo 5.11 (OIM). Ache todos os
m,n € N tais que 2” +1 = 3" Solução. Se m = 1, então é claro que n = 1. Sem
> 2, então ER 2™ = 0 (mod 4); portanto, analisando a equação módulo 4,
obtemos 1 = (—1)” (mod 4), 5.1 Definições e propriedades básicas 127 “de
onde segue que n deve ser par, digamos n = 2u, com u E N. Fazendo esta
substituição na equação do enunciado, obtemos 2" +1 = 32u ou, ainda, 2™
= (3º — D(32 + 1). Para vermos a que fatoração de 2” corresponde (3! —
D(32 + 1), seja d = mdc (3” — 1,3” + 1). Então dB + 1) — (3º — 1)], ou
seja, d | 2; mas, como 3“ — 1 e 3“ + 1 são ambos pares, deve ser d= 2. Por
outro lado, uma vez que o produto de 3º: — 1 e 3“ + 1 é uma potência de 2,
cada um dos fatores 3” — 1 e 3” + 1 deve ser uma potência de 2. Ocorre
que o mdc de duas potências de 2 só é igual a 2 quando a menor de tais
potências for igual a 2, de modo que a única possibilidade é termos 32 —
1=2 SR dus Logo, u = 1, m = 3 e, daí, n = 2. E Exemplo 5.12. Faça os
seguintes itens: (a) Prove que existem x,y,z E N tais que 13x4 + 3y4 — 2^4
= 2013. (b) Prove que não existem x,y, 2 € N tais que 137º 4+3y*— 2º =
2014. Prova (Sketch). (a) Fazendo z = 2x, obtemos ył — x* = 671 ou,
ainda, (y? — x?) (y? + r’) = 11.61. Portanto, y? — r? = 11 e y? + r? = 61, de
forma que t=5,y=6ez= 10. (b) Suponha que haja uma solução. Pelo item (e)
da Proposição 5.9, temos af = 0 ou 1(mod. 16), para todo a € Z. Logo, 13x!
+3y! — 24 = 0, 2, 12, 13 ou 15 (mod. 16). Mas, como 2014 = 14 (mod. 16),
chegamos a uma contradição. E
128 A Relação de Congruência Os dois últimos exemplos que
apresentamos resolvidos de forma um pouco mais tersa que os anteriores.
Como exercício para o leitor, sugerimos esforçar-se por preencher eventuais
detalhes omitidos. Exemplo 5.13 (Romênia). Sejam m,n,p € N, com p primo
ímpar. Se tr?" e N, prove que tal número é primo. T™ —p-2” Prova. Seja a
= a Dm Como p- on+l J- qm = O L —1 -+ Ro a n u L+ mp. Mp Mm segue
que (7™ — p- 2”) | mdc (p - 2"+! 2.7”). Há, agora, duas possibilidades: (1)
p = 7: neste caso, [= 70 | mde(ror DP = A e, daí, (17! — 2”) | 2. Isso implica
que 7"! — 2” = 1; porém, analisando essa equação módulo 3, obtemos 177!
— (—1)” = 1 (mod 3), o que é um absurdo. (ii) p Æ 7: neste caso, temos
mdc (p-2"*!, 2:-7™) = 2 e, daí, (7™—p-2") | 2. Novamente, isso implica 7”
— p - 2” = 1 e, analisando tal equação “também módulo 3, obtemos 1” —
p-2” = 1 (mod 3), de sorte que p = 3. Segue, então, que 7” — 3-2? = 1 ea =
T" +3. 2". Se m = 1, então n = 1 e, daí, a = 13, um número primo. Se m > 1,
temos n >le mil Sioh Como a soma dos m números ímpares do segundo
membro da igualdade acima deve ser par, segue que m é par, digamos m =
2k. Daí, obtemos 49% — 1 = 3.2”, a partir de onde consideramos dois
subcasos: 5.1 Definições e propriedades básicas 129 a o ope a aaa na SR e
Se k = 1, então m = 2, n = 4 e a = 97, novamente um número primo. e Se k
> 1, então(49 — 1)(49%=1 +... +49 +1) = 49% —1=3. 2" ou, ainda, 498!
+... +49 +1 = 2"3, Essa igualdade nos dá, como acima, que k é par. Por fim,
sendo k = 2l, segue que 3:2” = 49” — 1 = (—1)” — 1 = 0 (mod 5), um
absurdo. Exemplo 5.14 (BMO). Seja (an)n>ı a sequência definida para n >
1 por an = 2” + 49. Ache todos os n > 1 tais que a, = pq € an41 = fs, com
p,q,r,s primos tais quep 3, então as condições do enunciado garantem que
p,q,r,s = 1 ou 5 (mod6). Mas, como 5? = 1 (mod 6), em qualquer caso temos
pqg,rs = 1 ou 5 (mod6). Por outro lado, se k for o número ímpar dentre n e n
+ 1, temos 2 = 2 (mod 6), de sorte que 2º +49 = 2+ 1 = 3 (mod 6), o que é
um absurdo. Assim, devemos ter p < 3 ou r < 3 e, daí, ao menos um dentre
p e r deve ser igual a 3 (já que an € an+1 São ímpares). Se p > r, então q =
s+p—r > s, de modo que a, = pq > rs = Anal, uma contradição. Assim, p < r,
de sorte quep=3eq=3+s-r. Logo, an = pq = 3(3 + s — r). Por outro lado,
também temos 2an = 2"! + 98 = (2”™1 + 49) + 49 = ap+1 + 49 = rs +49 e,
portanto, 6(3 + s — r) = rs + 49. Segue que 67 s +6 r=6=
130 A Relação de Congruência e, daí, s + 6 = 67. Assim, s = 61, r
= 5, q = 59. Então, 3- 59 = an = 2” + 49 > 2” = 128 >n = 1. Problemas —
Seção 5.1 1. * Generalize o item (a) da proposição 5.6, mostrando que se
m,n > 1 são naturais e q1,...,Qm, b1,..., Om São Inteiros tais que a; = by
(mod n) para 1 < k < m, então MM: 1 IM: Sa = O (da Ros QD) = S | as a B
O) Os S K 2. Encontre o resto da divisão de 10005 + 55/00 por 7. ae 3.
Mostre que o número 810º + 3200! não é um quadrado perfeito. 1 Ee Us ;
10 g 4. Encontre o resto da divisão do número 7º por 5. 5. Seja n € N tal que
n = —1 (mod 4). Prove que existe um primo p tal que p | n e p = —1 (mod
4). 6. * Use o fato de que 24 + 54 = 641 = 2" . 5 + 1 para provar que 22º 4 1
não é um número primo. 7. (IMO.) Encontre o menor inteiro positivo n
satisfazendo as duas condições a seguir: (a) O último algarismo da
representação decimal de n é 6; (b) Se apagarmos o algarismo 6 do final de
n e o escrevermos imediatamente à esquerda do primeiro algarismo de n,
obtemos o número 4n. 5.1 Definições e propriedades básicas 131 8.
Encontre todos os inteiros positivos n tais que 7 | (27 + 37). 9. Seja n =
(apak-1 - . - 0109)10 à representação decimal de n. Prove que o resto da
divisão de n por 11 é igual ao resto da divisão por 11 do número ao — a1 +
a2 — ag +-+- + (—1) ara + (Dar. 10. A sequência de Fibonacci (Fp)ķ>ı é
definida por F = F; = 1 e, para n > 1, Fn+2 = Fi + Fn. Qual o resto da
divisão de F5002 por 5? 11. Ache todos os números primos p e q tais que p?
+ 3pq + q? seja um quadrado perfeito. 12. (Estados Unidos.) Prove que a
equação rita +3 +e + xi, = 15999 não possui soluções inteiras. 13.
(Romênia.) Ache todos os naturais m, n, k tais que 2™ +3” = k2. 14.
(União Soviética.) Ache todas as soluções em inteiros m,n, p > 1 da
equação | H+2+...+nl=m?. 15. (Bulgária.) Ache todos os inteiros positivos
«x, yez tais que 3 +E = 5, 16. (Tchecoslováquia.) Ache todos os inteiros
positivos x, y e p tais que p é primo ep” — y’ = 1. 17. Ache todos os a,b,c €
N tais que a e b são pares e ał + b? = 2°. 18. (Hungria.) Sejam a e b naturais
dados e n um inteiro não negativo tal que a” | b. Prove que a”*! divide (a +
1}? — 1.
132 19. 20. 2l: Zi A Relação de Congruência (OBM.) Ache todas
as soluções inteiras positivas da equação qr (to. | (França.) Qual o algarismo
das unidades da parte inteira de 1992 mssr7? Justifique sua resposta. (China
- adaptado.) O objetivo deste problema é mostrar que, y = 1. Para se x,y € N
são tais que 7” — 3º = 4, então x = tanto, faça os seguintes itens: (a) Use
módulo 8 para concluir que não há soluções se x for par. (b) Se x for ímpar
e y > 1, analise a equação módulo 9 para concluir que x = 2 (mod 3) e,
portanto, que x = 5 (mod 6). (c) Escrevendo x = 6q + 5, com q € N, conclua
que 7º = +2 (mod 13). (d) Mostre que toda potência de 3 é congruente a 1, 3
ou 9, módulo 13. (e) Supondo que y > 1, use os itens (c) e (d) para chegar a
uma contradição. (Bulgária - adaptado.) O propósito deste problema é
mostrar que, em inteiros não negativos x, y e z, a equação 577” + 4 = 3? só
tem a solução x = 1, y = 0 ez = 2. Para tanto, faça os seguintes itens: (a) Se
x = 0, a equação se reduz a 7º + 4 = 3”, de maneira que z > 2. Use módulo 9
para mostrar que, neste caso, não há soluções. (b) Para este e os demais
itens, suponha x > 1. Use modulo 5 para conclur que z = 2t, para algum t €
N. 5.2 Os teoremas de Euler e Fermat 133 (c) Mostre que mdc (3* — 2, 3*
+ 2) = 1; conclua, a partir daí, que: (i) 3 — 2 = 1 e 3 +2 = 5°, (ii) 3 — 2 =
5” e 3t +2 = 7 ou (iii) 3t — 2 = T” e 3t +2 = 57. (d) No caso (ii), use
módulo 3 para concluir que não há soluções. (e) No caso (iii), temos 5” —
7” = 4. A partir daí, use módulo 4 para concluir que y é par. Por fim, se x >
2, use módulo 25 para chegar a uma contradição. 23. (Miklós-Schweitzer.)
Para resolver, em inteiros x,y,z > 1, a equação (x + 1)” — x” = 1, faça os
seguintes itens: (a) Analise a equação módulo x+1 para concluir que z é
ímpar. (b) Escreva (x + 1)” = x” + 1 e fatore o segundo membro para
concluir que x é par; em seguida, escreva 1º! = tye fatore o segundo
membro para concluir que y também é. par. (c) Se z = 2s e y = 2t, com s,t
EN, mostre que (x +1) — 1 e (a + 1)* +1 têm mdc igual a 2. A partir daí,
use módulo x para concluir que (x + 1%} — 1 = 237 e (z + 1% +1 = 27t.
(d) Conclua, a partir de 2s7 < 27t, que s = 1. Daí, obtenha sucessivamente x
= 2, t = 1, y=2ez=3. 5.2 Os teoremas de Euler e Fermat O uso efetivo de
congruências para calcular restos é consideravelmente simplificado se
encontrarmos expoentes que tornem uma certa potência congruente a 1. Por
exemplo, sabendo que 7º = 1(mod9) 51001 fica muito mais fácil calcular o
resto da divisão de 2 por 9: como 25 = 7 (mod 9), temos 251001 = 71001 —
(78)533 . 7? = 1% . 49 = 4 (mod 9).
134 A Relação de Congruência Nessa direção, o propósito desda
seção é, fixados inteiros a e n primos entre si, com n > 1, encontrar um
expoente k € N para o qual a* = 1 (modn). Para tanto, analisaremos
inicialmente o caso em que n é primo, provando um dos mais importantes
resultados da teoria elementar de congruências, conhecido na literatura
como o pequeno teorema de Fermat. Teorema 5.15 (Fermat). Para a,p € Z,
com p primo, temos a? = a (mod p). Em particular, se mdc (a, p) = 1, então
a?! = 1 (mod p). (5.1) Prova. Se a” = a (mod p), então p divide a? — a =
a(a?"! — 1); portanto, se mdc (a, p) = 1, (5.1) segue do item (a) da
proposição 1.21. Basta, pois, mostrarmos que a? = a (mod p), para todo a €
Z. Se p = 2 o resultado é óbvio, uma vez que a? — a = a(a — 1), sendo o
produto de dois inteiros consecutivos, é par. Suponhamos, então, que p > 2
e provemos o resultado, primeiramente para a > 0, por indução sobre a. Para
a = 1 nada há a fazer. Suponha, por hipótese de indução, o teorema válido
para um certo valor natural de a, i.e., suponha que k? = k(modyp), para
algum k E N. Para a = k +1, temos | (k +1)? — (k + 1) = (k? — k) + 3 (E)
roi, Mas, como p | (k? — k) (pela hipótese de indução) e p | (€) para 1 < j <
p—1 (pelo exemplo 1.41), segue que p divide (k+1} —(k+1), ou seja, que
(k + 1)? = (k + 1) (mod p). Analisemos, agora, o caso a < 0: se a = 0, nada
há a fazer; se a < 0, então, uma vez que p é ímpar, segue do que fizemos
acima que a” = —(—a} = —-(—a) = a (mod p). 5.2 Os teoremas de Euler e
Fermat | 135 A seguir, colecionamos algumas aplicações interessantes do
pequeno teorema de Fermat. Exemplo 5.16. Se p e q são primos distintos,
prove que pq divide pq =, Prova. Como p e q são primos distintos, temos
mdc (p,q) = 1. Portanto, pelo pequeno teorema de Fermat, q divide p”! — 1.
Mas, como q também divide q?”!, segue que q divide q9! + (pt — 1).
Analogamente, p divide p”! + (9?! — 1). Por fim, como ambos p e q
dividem pr! +q?”"!—1 e mdc (p,q) = 1, o item (d) da proposição 1.21
garante que pq divide pg"! + q? 1-1. E Exemplo 5.17 (Romênia). Sejam p e
q números primos, com q £ 5. Se q | (2º + 3P), prove que q > p. Prova.
Como q | (2º + 3P), temos claramente q Æ 2,3, de modo que q > 5. Portanto,
podemos supor que p > 3. Se q < p, então q— l < p, de sorte que q — 1 e p
são primos entre si. Nesse caso, o teorema de Bézout garante a existência de
x,y € N tais que py = (q—1)y +1. Portanto, a partir de 2” = —3? (mod q),
obtemos (2?)* = (—3?)” (mod q); mas, como —3? = (—3)?, segue que 9(g-
Dy+l — (—3) ta Di (mod q). Por fim, uma vez que q Æ 2,3, o pequeno
teorema de Fermat nos dá 27! (—3)7! = 1 (modg); a partir daí, a
congruência acima se reduz a 2 = —3(modq), de maneira que q = 5. Por
fim, tal conclusão é, claramente, uma contradição. E Exemplo 5.18 (BMO).
Sejam p > 2 um número primo tal que 3 | (p—2) e S = {y -1° —1; 0< z, y
136 A Relação de Congruência Prova. Se 0 < u,v < p — 1 e u =
v? (mod p), afirmamos que u = v. De fato, note primeiro que u? = v? = 0
(mod p) se, e só se, u = v = 0; por outro lado, para 1 < u,v < p — 1, segue
do pequeno teorema de Fermat e de p — 1 = 3k + 1 que TRA = Agora, u? =
v? (mod p) > u” = vê! (mod p), e segue de (5.2) que uu = vv = uv (mod p).
Por fim, cancelando u? na congruência acima, obtemos u = v (mod p); a
condição 1 < u,v < p — 1 implica, então, u = v. A discussão acima garante
que | [x 0 1, então + (mod p). (5.2) a?) = 1 (modn). (5.4) | 5.2 Os teoremas
de Euler e Fermat ax Prova. Sejam p um fator primo de n e k um natural.
Provemos inicialmente, por indução sobre k, que a) = 1 (mod p*). (5.5) O
caso k = 1 se resume ao pequeno teorema de Fermat. Por hipótese de
indução, suponha que ap) = 1 (mod p”), para algum l natural. = l l Então a?)
= p'q + 1 para algum inteiro q e temos art) 1 = a T (at — 1 = 0(modp uma
vez que 2) > l+ 1 para todo | > 1. Para terminar, seja n = pj'p5?...p,* a
decomposição canônica de n em fatores primos, de maneira que (cf.
teorema 3.12) pin) = o(prdo(po”)... (pr). Fazendo m; = (pi)... .p(p;)... (pr)
(onde o” sobre um fator significa que o mesmo é omitido do produto
correspondente), temos p(n) = p(p;)Jm; e segue de (5.5) que q = (att) = 1" =
1 (mod p;” ); mas, como os p são dois a dois primos entre si, o item (h) da
proposição 5.6 garante que a?”™ = 1 (mod n). E
138 A Relação de Congruência Colecionamos, nos exemplos a
seguir, algumas aplicações interessantes do teorema de Euler. Exemplo 5.20
(OBM). Prove que existe um inteiro k > 2 tal que o ; de últiplo de 1991.
número 199 91 é um múltip Prova. Observe primeiramente que 199...91=2-
10"*! — 9. k Portanto, queremos achar k > 2 inteiro tal que 2. 10#+! — 9 =
0 (mod 1991) ou, ainda, 2. 10*+1 = 9 (mod 1991). Mas, como 2: 10° = 9
(mod 1991), temos | 2. 10*+! = 9 (mod 1991) & 2.108! = 2. 10º (mod 1991)
+ 10%? = 1 (mod 1991). Para o que falta, veja que 1991 — 11.181 e 181 é
primo (pelo crivo de Eratóstenes, por exemplo). Portanto, (1991) = (11).
p(181) = 10 - 180 = 1800 e segue, do teorema de Euler, que 101800 = E 1
(mod 1991). Logo, basta tomarmos k — 2 = 1800. Exemplo 5.21
(Romênia). Sejam a e n naturais dados. Mostre que, do conjunto {a +a-
l,aé+a” — (Rg o ado RR podemos escolher n elementos dois a dois primos
entre si. Prova. Por indução, seja k € N e suponha que já provamos a
existência de um conjunto Bg C A tal que |By| = k e os elementos de By
sejam dois a dois primos entre si. Seja xEBk 5.2 Os teoremas de Euler e
Fermat — — č č =Z o — o ç 19 Como m = 1 (moda), temos mdc (a,m) = 1.
Daí, o teorema de Euler nos dá a) = 1 (mod m). Se y = att Lam 1, então y €
A; afirmamos que mdc (y, x) = 1, para todo x € By. Para tanto, basta
mostrarmos que mdc (y, m) 1. Mas, novamente pelo teorema de Euler, y =
qm apl) = feitas a (modm), e o item (d) da proposição 5.6 garante que mdc
(y,m) = mdc (a,m) = 1. Portanto, o conjunto By, ,1 = BkU{y} é formado por
k+1 elementos de 4, dois a dois primos entre si, o que completa o passo de
indução. | E Para o próximo exemplo observe que, se a,k € N, então a
representação decimal de aë tem exatamente |k log, a | + 1 algarismos. De
fato, sendo m o número de algarismos de a*, temos 107! < af < 10” e, daí,
m — 1 < logio af < m; portanto, m — 1 = [log,, af] = |klogioa], conforme
desejado. Exemplo 5.22. Prove que existe uma potência de 2 com 1000
zeros consecutivos em sua representação decimal. Prova. Queremos
encontrar m € N tal que a representação decimal de 2™ seja da forma 2™ =
(xx... x 00...0**...*)10. 1000 Alternativamente, denotando por 4 e B os
naturais formados pelos algarismos de 2™ situados respectivamente à
direita e à esquerda da
140 A Relação de Congruência sequência de 1000 zeros
consecutivos, queremos encontrar m € N tal que m — R. 10)1000-+a ie A
onde a representação decimal de A tem, no máximo, a algarismos. Para
tanto, se fizermos k = 1000 + a e A = 2º, teremos 2” = : B . 10!%W0+t + A
se, e só se, a representação decimal de 2º tiver no | 2m—k = B-55 +1; esta
última condição, máximo k — 1000 algarismos e por sua vez, se dará se, e
só se, 27"* = 1 (mod 5º). Temos, pois, de mostrar que é possível obter k,m €
N tais que: (i) m > k; (ii) a representação decimal de 2% tem no máximo k
— 1000 algarismos; (iii) 27-* = 1 (mod 5º). Comecemos analisando as
condições (1) e (iii). Pelo teorema de Euler, temos 26º) = 1 (mod5*). Mas;
como | p(5") = 4. 5*-1, deve existir um inteiro positivo q tal que 24%” 5kg
+ 1. Fazendo, agora, m = k+4-5*-1 temos m > ke 9" = 1 (mod 5º). Resta,
agora, mostrarmos ser possível encontrar k € N tal quearepresentação
decimal de 2% tenha no máximo k — 1000 algarismos. Para tanto, a
discussão que precede este exemplo garante que a representação decimal de
2º tem exatamente |[klog,o 2] + 1, de sorte que é | suficiente pedir que valha
a desigualdade [klog,o 2] + 1 < k — 1000. Mas, como k- |k log4o 2| > k —
k logo 2 = k log4o 5, basta tomar, para começar, um natural k tal que klog 5
> 1001 (o E que é certamente possível). 5.2 Os teoremas de Euler e Fermat
141 Problemas — Seção 5.2 (Eslovênia.) São dados vários inteiros cuja
soma é igual a 1496. É possível que a soma de suas sétimas potências seja
1999? (Austrália.) Se p é um número primo, prove que o número
11...1122...22...99...9-123456789 — e” Aa Neem mm” P P p é divisível por
p. . Dada uma sequência (£1, £2, £3, . . . , E2n—2; Lon-1, Tan) de números
reais, uma operação permitida é trocá-la pela sequência (Dad; Ti, Tn+2,
T2;...,L9n-1; Tn—1; Vn, En: Suponha que começamos com a sequência
(1,2,3,...,2n-—2,2n— 1,2n), onde 2n + 1 é um número primo. Mostre que,
após 2n repetições da operação acima, todos os números voltarão às suas
posições originais. (BMO.) Prove que a equação y? = rï — 4 não possui
soluções inteiras. (Estados Unidos.) Dado um primo p, prove que há
infinitos naturais n tais que p divide 2” — n. (Romênia.) Prove que não
existe um inteiro n > 1 tal que n divida 3” — 2”. (Bulgária - adaptado.)
Dados números primos p e q, faça os seguintes itens: (a) Se p | (5P — 2),
então p = 3. (b) Se p > q eq | (5P — 2), então q = 3.
A Relação de Congruência, (c) Ache todos os p e q tais que pq |
(5º — 2P) (51 — 29), (BMO.) Prove que, para todo natural n dado, existe
um natural L m > n tal que a representação decimal de 5” é obtida da
representação decimal de 5” pelo acréscimo de algarismos à esquerda .. de
5”. (IMO.) Prove que, para cada inteiro n > 1, existem inteiros kı, ko, ..., kn
> 1, dois a dois distintos e tais que os números 2% —3, 2%2 — 3, ..., 25n
— 3 são dois a dois primos entre si. Se (an )n>1 é a sequência de inteiros
positivos definida implicitamente por prove que n | a, para todo n E N. (Irã -
adaptado.) O teorema de Euler garante que, para n > 2 inteiro, todo fator
primo de n também é fator primo de 247) — 1, A afirmação recíproca,
entretanto, não é verdadeira, i.e., sen > 3 é ímpar, então 207) — 1 sempre
tem fatores primos que não são fatores primos de n. Para provar esse fato
faça os seguintes itens: (a) Sejam pı, ..., pp primos ímpares e dois a dois
distintos, tais que k > 1 ou pı É 3. Mostre que não existem inteiros
Q1,...-,@k > O, não todos nulos, tais que pt D(pr=1) 1 = puro pu (b)
Conclua que, se n Æ 1, 3º é um inteiro positivo ímpar, então existe um
primo p tal que p {n mas p | (2%) — 1). (c) Se n = 3*, k > 2, mostre que
2%) — 1 = 0 (mod 7). 5.2 Os teoremas de Euler e Fermat 143 12. O
propósito deste problema é provar o seguinte resultado, conhecido como o
teorema de Sophie Germain!: se p é um primo tal que 2p + 1 = q também é
primo e, se x,y, 2 são inteiros tais que x? +y? +2” = 0, então p divide ao
menos um dentre x,y, z. Para tanto, mostre as afirmações a seguir: (a)
Podemos supor que x,y e z são dois a dois relativamente primos e que p > 2.
(b) Ser? + y? + 2 = 0, então p | (£ +y + 2). (c) Por contradição suponha,
doravante, que p f x,y,z. Se r Æp é um divisor primo de y + z, então p espa
eia e p oda). (d) Conclua, a partir de (c), que r { (yP™t—yP™?z+. - -— yz?
72+ As) e, daí, que mdc (y TPA y?! — yP22 E y2P—? E a = (e) Mostre que
existem a,b,c,d € Ztaisqueytz=a?,z+1 = Prty=Peypl-ytr yada (f) Como p =
Lo. temos x ty +: = 0. Useo pequeno teorema de Fermat para concluir que q
| xyz. (g) Se q | x, deduza que b + œ — a? = 0 (modq). Substitua p = 1 e use
novamente o pequeno teorema de Fermat para mostrar que q | abc. i. Se q |
b ou q | c, conclua que q | x,y ou q | 2,2, contradizendo o item (a). Logo, q |
a = (y + 2). ii. Segue de (c) que d” = py?! = p朮-1) (modq). Subs— titua
p= Lt e use o pequeno teorema de Fermat uma vez mais para concluir que
+1 = p (modq), chegando assim a uma nova contradição. !Marie-Sophie
Germain, matemática francesa dos séculos XVIII e XIX.
Sr A Relação de Congruência . 13. (Índia - adaptado.) Para cada x
€ N, seja S(x) o conjunto S(x) = {y E€ N; y™ (y) = x, para algum k € N},
onde y é a função de Euler, pt) = y e pt) é a composta k vezes de y, para k >
1. Seja também T = {2° . 3°; abeZ,,a>1) Os passos abaixo mostram que x €
T & S(x) é infinito: (a) Prove que z € T = S(x) infinito. (b) Para cada x € N,
seja u(x) o expoente da maior potência, de 2 que divide x. Prove que u(y(x))
> u(x). (c) Se x É T, prove que u(p(x)) = u(x) se, e só se, x = 27pº, onde m E
N e p > 7 é um primo tal que p = 3 (mod 4). (d) Sex £T é tal que u(p9(x)) =
u(p(x)) = u(x), prove que o natural a do item (c) é igual a 1. (e) Prove que,
sendo S(x) infinito, existem a, a2, a3,... E N tais que Tt = Q1, dy = plaz), a2
= p(as), a3 = plaas), pari (f) Suponha ainda S(x) infinito. Utilizando o item
(b) prove que existe n € N tal que (an) = u(an41) = Ulang) = =: (g) Conclua
do item (d) que, em relação ao inteiro n do item (f), sei > n + 2, então
existem um primo p; > 7 tal que pi = 3(mod4) e m; € N tal que a; = 2™ip;.
Prove, em seguida, que Ma+2 = Mn+3 =+: e, para todo 1 > 1, p; = 2p k | (h)
Prove que não há sequência infinita qı, q2, q3, -- - de primos com q; = 2q;-1
+ 1, para todo 1 > 1. (i) Conclua que S(x) infinito > x E T. 5.3 Congruências
lineares e o teorema chinês dos restos 145 Te CSS ars So 5.3 Congruências
lineares e o teorema chinês dos restos Nesta seção, estudamos equações e
sistemas de equações simples envolvendo congruências. Consideremos
inicialmente congruências lineares, i.e., congruências da forma ax =
b(modn), (5.6) onde a,b,n são inteiros dados, com a Æ 0, n > 1, e
procuramos as soluções (ou raízes) z € Z, i.e., os inteiros z para os quais
(5.6) é verdadeira. Como caso particular da situação acima, dizemos que a é
invertível, módulo n, se, para b = 1, a congruência linear (5.6) tiver solução,
i.e., se existir x € Z tal que ax = 1 (mod n). Um tal inteiro z é denominado
um inverso de a módulo n e, a esse respeito, temos o seguinte resultado.
Proposição 5.23. Um inteiro a é invertível módulo n se, e só se, mdc (a,n) =
1. Neste caso, quaisquer dois inversos de a módulo n são congruentes,
módulo n. l (modn). Daí, existe y € Z para o qual ax = ny + 1 ou, ainda, za
+ (—y)n = 1. Sabemos pelo corolário 1.15 que, neste caso, mdc (a, n) = l.
Prova. Se a for invertível módulo n, existe x € Z tal que ax =
Reciprocamente, recorde que o teorema de Bézout garante que o mdc de
dois inteiros sempre pode ser escrito como combinação linear dos mesmos.
Portanto, se mdc (a,n) = 1, existem x,y € Z tais que ax + ny = 1 e segue, daí,
que ax = 1 (modn).
ui, a RETA ls i ki ler pal h E Tine os 146 A Relação de
Congruência Por fim, sejam z e y inversos de a, módulo n. Então ax = 1 =
ay (modn), de sorte que az = ay (modn). Mas, como mdc (a,n) = 1, segue da
proposição 5.6 que x = y(modn). Assim a possui, módulo n, um único
inverso. E Corolário 5.24. Se a,p € Z, com p primo, então a é invertível
módulo p se, e só se, pf a. Ademais, nesse caso o inverso de a módulo p é
único. Prova. Imediata a partir do fato de que mdc(a,p)= 1 pta. E Corolário
5.25. Sejam a,b,n € Z, com n > 1. Se a for invertível, módulo n, então a
congruência ax = b (modn) possui uma única solução, módulo n, qual seja,
q = ab (mod n). Em particular, todo inverso de a, módulo n, é congruente a
sd módulo n. Prova. Se a for invertível, módulo n, então mdc (a,n) = 1.
Portanto, aplicando sucessivamente o item (f) da proposição 5.6 e o teorema
de Euler, obtemos ax = b(modn) & az = a) (mod n) & x = at") (mod n). E
Uma vez que dois inversos de a módulo n são sempre congruentes, módulo
n, diremos doravante que a possui um único inverso, módulo n, o qual será
denotado por a”! quando não houver perigo de confusão com o inverso
usual de a em relação à multiplicação em Q. Como aplicação da noção de
inverso módulo n, provemos um famoso critério de primalidade conhecido
como o teorema de Wilson”. 2 Após John Wilson, matemático inglês do
século XVII. 5.3 Congruências lineares e o teorema chinês dos restos 147
“Teorema 5.26 (Wilson). Um natural p é primo se e só se (p — 1)! = —1
(mod p). Prova. Sep = mn, com 1 < n < p, então (p — 1)! = —1 (mod p)
implica (p — 1)! = —1 (modn), uma vez que n | p. Por outro lado, como 1
f(b) = a. Ademais, f(la)-=a & a!=1(modp) o pl(at—1) e pl < a=loup-—l. Por
fim, segue, daí e de aja; = ] (mod p) para 1 < i < PL, que p—3 2 (p -= 1)! =
(p — 1) | [(aia7*) = —1 (mod p). 1=1
148 A Relação de Congruência 5.3 Congruências lineares e o
teorema chinês dos restos 149 ROO ig e o Gui a aa sas Ss O 2 24 “de sorte
que mdc (yj, mj) = 1. Seja bj o inverso de y; módulo m; e £ = De ajbjyj.
Fixado 1 < | < k, temos que m; | y; para j Æ le, daí, módulo mı temos que
Voltando a equações envolvendo congruências, uma generalização natural
da congruência linear (5.6) é obtida considerando soluções de um sistema
de congruências lineares. Nesse sentido, o tgoremia a seguir, conhecido
como o teorema chinês dos restos, examina a O Is si v=wby=ul=a(modmi;).
existência de soluções para tais sistemas. y i |) Teorema 5.27. Sejam my,
Ma, ...,Mk naturais maiores que 1 e dois a dois primos entre si. Dados
inteiros quaisquer q, 42,- - -, @k, O sistema O problema 5 oferece uma
demonstração alternativa para a existência de soluções para o sistema de
congruências lineares (5.7). Para terminar esta seção, vejamos um exemplo
que mostra como é possível aplicar o teorema chinês dos restos para
conseguir resultados interessantes”. de congruências lineares x = a (mod
mı) az (mod mə) (5.7) IIl r = ap (mod my) o Exemplo 5.28. Mostre,
utilizando o teorema chinês dos restos, que, admite uma única solução,
módulo mma ...Ma. De outro modo, dado n > 1 inteiro, existem n naturais
consecutivos, todos compostos. existe um único 0 < y < mma" Mk tal que x
€ Z satisfaz o sistema Prova. Escolha n primos distintos py, P2,- . - , Pn e
considere o sistema de congruências acima se, € só se, | x = y(modmma..
Mk): = 2 x = —1 (mod pî) V ] nte que, se x 9 Prova. Note primeiramente
que, 1 € £2 forem duas soluções quais z = —2 (mod pj) quer do sistema
acima, então is | Z 2 Ra x = —n (mod ER oak tmod Ph) | Como p1, P2,
...,Pn são dois à dois primos entre si, o teorema chinês 7 l i ; si, segue da
pro- a | | | Mas, como mu, -.., Mk SãO dois a dois primos entre si, seg p FR
e a a Portanto, p? | (m + j) para 1 < j < n, de maneira que m + 1, m + 2,...,
Mm +n são naturais consecutivos e compostos. E posição 5.6 que tı = 19
(mod mı mə.. Mk): eosi i à 4, única, módulo | Portanto, se o sistema (5.7)
tiver uma solução, esta será única, º Mama ...Mk. | Para a existência de
solução defina, para 1 < J < k, Problemas — Seção 5.3 3A esse respeito,
veja também os problemas 10, página 200, e 4, página 207.
150 A Relação de Congruência Sejam a, b,n inteiros dados, com n
> 1. Em relação à congruência linear ax = b (mod n), prove que: (a) Há
solução se, e só se, mdc (a,n) | b. (b) Se mdc(a,n) | b, então a congruência
linear do enunciado possui exatamente mdc (a,n) soluções incongruentes,
módulo n. Sejam q1,a2,..., Ak, b, n inteiros dados, com n > 1: Prove que a
congruência, Qt, + agro + --- + axe = b(modn) possui solução se, e só se,
mdc (a1, a2, .. . , ak, n) | b. Um grupamento de soldados foi disposto em um
bloco retangular, com várias fileiras. O comandante observou que, ao
colocar 12 soldados por fileira, sobraram 7 soldados e, ao colocar 13
soldados por fileira, sobraram 5 soldados. Sabendo que o total de soldados
estava situado entre 600 e 700, pergunta-se: quantos soldados havia? Nas
hipóteses do teorema 5.27, faça os seguintes itens: (a) Mostre que resolver
(5.7) para k = 2 equivale a resolver, em u,v E Z, a equação Diofantina linear
MU — MV = Q2 — A1. (b) Mostre que resolver (5.7) equivale a encontrar
tods os y € Z que resolvem o sistema de congruências lineares May = az —
q (mod mg) May = az — a (mod ms) May = Qk — Q1 (mod Mk) 5.3
Congruências lineares e o teorema chinês dos restos 151 (c) Utilize o
procedimento delineado nos itens (a) e (b) para encontrar todas as soluções
do sistema de congruências lineares x = 2 (mod 5) x = 4 (mod 11) x = 9
(mod 13) 5. Nas notações do teorema 5.27, se yj = | [isic M; para 1 < j < k,
1) k Mi : A i A j) resolve o sistema de congruencias prove que x = De ajYj
lineares (5.7). 6. Seja pı = 2, p2 = 3, p3 = 5, ...a sequência dos números
primos. Mostre que existe um número natural que deixa resto 2Pr-1 — 1
quando dividido por 2?* — 1, para 2 < k < 100. T. Prove que há sequências
arbitrariamente longas de inteiros positivos e consecutivos, nenhum dos
quais é uma potência de expoente maior que 1. 8. Sejam m = py ... p,” a
decomposição canônica do inteiro m > 1 em fatores primos e f um
polinômio de coeficientes inteiros. (a) Prove que a congruência f(x) = 0
(modm) tem uma solução inteira se, e só se, cada uma das congruências f(x)
= 0 (modp?), 1 < i < k, tiver solução*. (b) Para t € N, denote por N (t) o
número de soluções inteiras, duas a duas incongruentes, módulo t, para a
congruência f(x) = 0 (modt). Mostre que N(m) = N(D)...N(p'). 9. Se, em
uma progressão aritmética não constante de números naturais, com termo
inicial e razão primos entre si, um dos termos Ed “Se p é primo e a é
natural, uma condição suficiente para a existência de soluções para uma
congruência da forma f(x) = 0 (mod pº) será apresentada no problema 3.4.8
do volume 6.
152 A Relação de Congruência E ia e o To ss EC. for um
quadrado perfeito e outro for um cubo perfeito, prove que há um termo que
é uma sexta potência”. CAPÍTULO 6 Classes de Congruência Fixado um
inteiro n > 1, a proposição 5.5 garante que a relação ~, definida em Z por a
~b a= b(modn), é uma relação de equivalência em Z, denominada a relação
de congruência módulo n. Nesta seção, estudamos tal relação sob o ponto
de vista mais geral das relações de equivalência, para o quê o leitor pode
acha conveniente reler as partes pertinentes da seção 2.3 do volume 4.
Alternativamente, sugerimos a referência |8]. 6.1 Sistemas de restos 5 io A
é š z “ E as As exigências de que a PA seja não constante e tenha primeiro
termo e razão primos entre si são desnecessárias, só tendo sido colocadas a
fim de simplificar a solução do problema. Para a € Z, definimos a classe de
congruência de a, módulo n, como a classe de equivalência à de a com
respeito à relação de 193
154 Classes de Congruência | congruência módulo n: a = {x€ Z;
r=a(modn)} = {z€ Z; r=a+nq, 3q €Z} = {...,—2n +a, -n
+a,a,n+a,2n+a,...}Fixado a € Z, sabemos que existe um único inteiro O < r
< n (o resto da divisão de a por n) tal que a = r(modn). Assim, {0,1,...,n —
1} é um SRD para a relação de congruência módulo n e a proposição 2.15 e
a relação (2.10) do volume 4 fornecem a partição Z=0QUIU---Un—l. (6.1)
Mais geralmente, temos a definição a seguir. Definição 6.1. Um sistema
completo de restos módulo n, (abreviamos SCR) é um SRD para a relação
de congruência módulo n. Dado n > 1 inteiro, segue de (6.1) que todo SCR,
módulo n, é um conjunto fao,a1,...,Gn-1y de inteiros tais que a, = r (modn)
para 0 1 inteiro, o conjunto fx CA E E z é um SCR, módulo n. De fato,
observe inicialmente que, se —5 < £ < y < Z, então x Æ y (mod n), uma vez
que 0 < y= £ < n; basta, agora, considerar separadamente os casos n par e n
ímpar a fim de mostrar que o conjunto em questão possui exatamente n
elementos. A proposição a seguir ensina como construir novos SCR's a
partir de outros já conhecidos. 6.1 Sistemas de restos 155 Proposição 6.3.
(a) Sejam a, b e n inteiros dados, com n > 1 e a e n primos entre si. Se o
conjunto (x0,%1,...,Yn-1) é um SCR, módulo n, então o conjunto (axo + b,
ax, + b,..., a@£n-1 +b} também o é. (b) Sejam m e n inteiros maiores do
que 1 e primos entre si. Se è ed ) os conjuntos (%0,%1,...,Xm1y €e {Y0,
Y1,- --, Yn-1ı} são SCR's módulos m e n, respectivamente, então o
conjunto {nri + my; O
156 Classes de Congruência e, daí, nx; = nx; (modm) e my = my
(mod n). Mas, como m e n são primos entre si, aplicando novamente o item
(f) da proposição 5.6, obtemos zi = 1; (modm) e yk = yı (modn). Por fim,
uma vez que (x0,%1,...,Xm-1) € (yo, Y1, - - - , Yn-1 } são SCR's módulos
m e n, respectivamente, temos t = 7 ek =. Ea] O exemplo a seguir traz uma
bela aplicação combinatória do conceito de sistema completo de restos.
Exemplo 6.4 (IMO). Seja p um primo ímpar. Calcule quantos subconjuntos
de p elementos do conjunto {1, 2, . . . , 2p} são tais que a soma de seus
elementos é divisível por p. Solução. Seja F a família dos (27) — 2
subconjuntos de p elementos do conjunto (1,2,...,2p), diferentes dos
conjuntos X = (1,2,...,p) e Y = {p+ 1,p + 2,...,2p} (observe que esses dois
conjuntos têm soma de elementos iguais a múltiplos de p). Definamos em F
uma relação ~ tal que A ~ B se, e somente se, as seguintes condições forem
satisfeitas: (a) Existe 0 < r < p — 1 tal que (AN X) +r = BA X (modp). (b)
ANY =BnY. (Aqui, consoante a discussão que precede o exemplo 2.21 do
volume 4, parar € R e Z C R, definimos Z +r = {z +r; z € Z}.) É imediato
verificar que ~ é uma relação de equivalência em F; por outro lado, fixado
A € F e B € A (a classe de equivalência de A em F), temos B =
(BNX)U(BAY)=[(4ANX)+r]U(AnY); 6.1 Sistemas de restos 157 portanto,
a classe A terá tantos conjuntos quantos forem os conjuntos distintos da
forma (A N X) +r, quando r varia de 0 a p — 1. Denote 4 = AN X e S = Jey
£. Como A+ X,Y, temos ý + A + X, de maneira que 1 < |A| < p — 1.
Portanto, >o onay e+rAj=S+rIA! TE A'4r TEA! Por outro lado, uma vez
que mdc (|4'|,p) = 1, a proposição 6.3 garante que, à medida que r varia de 0
a p— 1, os números S” + r|A'| formam um SCR, módulo p; em particular, as
somas > 4, £ São duas a duas distintas, de maneira que os conjuntos A’,
A'+1,...,4'+(p-—1) também são dois a dois distintos. Logo, a classe A tem
exatamente p conjuntos, e segue da proposição 2.17 do volume 4 que há
exatamente (G) classes de equivalência distintas. Se mostrarmos que em
cada classe há exatamente um conjunto cuja soma de elementos é um
múltiplo de p, seguirá que o número 1O 3) (não podemos esquecer dos
conjuntos X e Y!). Para o que falta, fixado A € F (e, portanto, a classe 4),
seja A” = ANY. Queremos contar quantos são os inteiros 0 < r < p— 1
pedido de conjuntos é tais que a soma dos p elementos do conjunto B=|
(ANAX)+r]U(AAY)=(A' +r)u A” seja um múltiplo de p (lembre-se de que o
conjunto B acima é um elemento genérico da classe A). Mas, para um tal B,
segue do que
e 158 Classes de Congruência fizemos acima que > 1 = DETDDE
xeB ZE A! +T EA! = > TEDAN >, 2 xe A! ZE A”! = S apr A S rA ve A
onde S = Xea £. Portanto, tal soma será congruente a 0 módulo p £ se, € só
se, Ajr=—5 (mod p). Mas. como mdc (|4'|,p) = 1, sabemos do corolário 5.24
que existe um único 0 < r < p — 1 tal que a congruência acima é satisfeita. -
E Voltando ao desenvolvimento da teoria, dados q,r € Z, com O < r < n,
lembre que mdc (ng + r,n) = mdc (r,n). Assim, podemos definir o mdc entre
uma classe de congruência módulo n e n pondo mdc (F, n) = mdc (x, n),
para qualquer x € T; (6.2) em particular, mdc (7,n) = mdc (r, n). e içã e ência
7 tals que Note que, pela proposição 5.23, as classes d congruên | q | mdc
(7,n) = 1 são exatamente as formadas pelos inteiros invertívels 9 a módulo
n. Temos, então, a seguinte definição. Definição 6.5. Um sistema completo
de invertíveis módulo n (abreviamos SCI) é um conjunto 7 de inteiros tal
que o 1, se mde(r,n) = 1 Eis 0, se mde(T,n) #1 ’ para toda classe de
congruência T, módulo n. 6.1 Sistemas de restos 159 Fixado n > 1 inteiro,
como caso particular mais importante da definição acima temos que o
conjunto {x € Z; mde(r,n)=1el 1 inteiros dados. (a) Se a é um inteiro primo
com ne (Z1,%2,...,%p(n)) é um SCI módulo n, então (ax, a2, ..., Zyn) }
também é um SCI módulo Ti: (b) Se {x1, £2, .. ., Lom) } € {Y1, Y2,- - -,
Y(n) } são SCI módulos m e n, respectivamente, entao {nz; + myz; 1
Prova. Sejam k = y(n) e (x1,x2,...,%+:j um SCI módulo n. Pela
160 Classes de Congruência exatamente y(m)y(n) elementos. Mas, como
p(m)p(n) = (mn) (recorde-se de que mdc (m, n) = 1), concluímos que tal
conjunto tem p(mn) elementos. Portanto, para mostrarmos que se trata de
um SCI módulo mn, basta provarmos que mdc (nx; + my;, mn) = 1 para
todos 1 < i < (m), 1 < j < (n). Para tanto, segue dos itens (b) e (c) da
proposição 1.21 que mdc (nx; + my;,m) = mde (nx;,m) = mde (x;, m) = 1 e,
analogamente, mdc (nx; + my;,n) = 1; portanto, aplicando mais uma vez o
item (c) daquele resultado, obtemos mdc (nx; +my;, mn) = 1. | E De posse
do conceito de SCI e do item (a) da proposição anterior podemos dar uma
outra prova do teorema de Euler. Teorema 6.7 (Euler). Se a e n são inteiros
primos entre si, com n > 1, então a?) =1 (modn). (6.4) proposição 6.6, o
conjunto {ax1, axo,...,az;j também é um SCI módulo n; portanto, módulo n,
os inteiros az, ax3,..., ax são, em alguma ordem, congruentes aos inteiros
71, %2,..., Tp € segue, daí, que axo Le = AT1 axo ax = L1T2 xr (mod n).
Por fim, como mdc (z122... £k, n) = 1, segue da congruência acima e do
item (f) da proposição 5.6 que a* = 1 (mod n). E] 6.2 O conjunto quociente
Zn 161 6.2 O conjunto quociente Z, Examinemos, agora, o conjunto
quociente Za = {0,1,... n — I} (6.5) de Z pela relação de congruência
módulo n. A proposição 5.6 nos permite introduzir em Z, duas operações,
às quais também nos referiremos como adição e multiplicação e que gozam
de propriedades análogas às das operações usuais de adição e multiplicação
de inteiros. De fato, temos o seguinte resultado fundamental. Proposição
6.8. Em Zn, as operações apb=a+b e a0Ob=a-b (6.6) estão bem definidas,
são comutativas, associativas e têm elementos neutros respectivamente
iguais a 0 e 1. Ademais, © é distributiva em relação a &. Prova.
Inicialmente, temos de mostrar que as operações definidas por (6.6) estão
bem definidas, no sentido de que os resultados de a ® b e à O b independem
dos representantes escolhidos para as classes de congruência a e b. Para
tanto, sea=teb= d, então a = c(modn) e b = d (mod n) e segue, da proposição
5.6, que at+b=c+d(modn) e a-b=c-d(modn). Mas isso é o mesmo que de
sorte que
162 Classes de Congruência 6.2 O conjunto quociente Zn TI I e
ER O que falta é mais simples. Por exemplo, para a comutatividade Tábua
de Multiplicação em Ze de &, temos, a partir da comutatividade da adição
de inteiros, que aob=a+b=b+ta-beg; analogamente, provamos que © é
comutativa e que De © são associativas, i.e., tals que la FPROCEDE
PEREREE PEREREE PREORDER HH > i Sempre que não houver perigo
de confusão, escreveremos simplesMORIO EA CORNO A | mente + e -,
em vez de Geo, para denotar as operações de adição e 1 multiplicação em
Zp. Assim, o leitor deve permanecer atento para o fato de que, nas
igualdades A verificação dos elementos neutros também é imediata: Dana]
ap0=a+0=ãceadl=a-l=a. sereis Por fim, a verificação da distributividade de
O em relação a & será os dois sinais + e - denotam operações distintas: o
primeiro sinal + denota a operação de adição em Z,, ao passo que o segundo
sinal + denota a adição usual de inteiros (valendo uma observação análoga
para os sinais -). deixada como exercício para o leitor (cf. problema 2). a À
guisa de exemplo, mostramos, a seguir, as tábuas de adição e -iplicacã Ze:
ao PEET À l multiplicação em 46 A associatividade da adição de Z, fornece
imediatamente a lei de cancelamento Tábua de Adição em Zs De fato, se @
+b = ū + T, então EG E E afea Co F E RE E EE EE E — — ka ze e, daí, - >
Carote C aaar I|? Mas, como -a+ a = ~a +a = Q0 e 0 é o elemento neutro da
adição em Zn, temos, a partir da igualdade acima, que b = €. Para a
multiplicação de Zn, a lei de cancelamento é um pouco mais complicada.
Temos, inicialmente, a definição a seguir.
164 Classes de Congruência 6.2 O conjunto quociente Zn 165 =
A Definição 6.9. Um elemento a € Z, é uma unidade se existir b € Z tal
quea-b=1. n Proposição 6.10. Uma classe de congruência à € Z, é uma
unidade em Z, se e só se mdc (a,n) = 1. Em particular, Zn possui
exatamente | p(n) unidades distintas. Assim como com conjuntos numéricos
ordinários, as classes €T são | unidades em Z,, pois +1 - +1 = 1. Por outro
lado, a novidade em relação a Z é que pode haver outras unidades; por
exemplo, em Zo as E classes 4 e 7 são unidades, uma vez que 4 | ab = 1
(modn) Prova. Por definição, à € Z, é uma unidade se, e só se, existir b € Zn
tal que T- b = 1,i.e., tal que ab = 1 ou, ainda, 4.7=4.7=1=7.4 a] | Portanto, q
é uma unidade em Z, se, e só se, a € Z for um inverE | | tível módulo n. Mas,
pela proposição 5.23, tal ocorre se, e só se, Se a E€ Zp é uma unidade, então
temos a seguinte lei de cancela- É mde (a,n)=1. mento em relação à
multiplicação: Para o que falta, basta observar que, como Z, = 11,2,...,n!,0
conjunto das unidades de Z, coincide com o conjunto das classes q JEEE ii
Woo EENEN tais que 1 < a < n e mdc (a,n) = 1. Mas, uma vez que tal
conjunto tem y(n) elementos, nada mais há a fazer. E a De fato, tomando b
€ Z, tal que @ -b = 1 (e, portanto, b.a = 1 também), segue dea-c=a-d que “1
Chegamos ao caso de maior interesse. Corolário 6.11. Se p é primo, então
todo elemento em Zp \ {0} é uma unidade. E ta . . . . a ~ E pe N = ntão, a
associatividade da multiplicação fornece Prova. Pela proposição anterior,
basta mostrar que, se a + 0 em Zp, od | Gaest d então mdc (a, p) = 1. Mas, a
£ O é o mesmo que a Æ 0 (mod p) ou, bid | “É ainda, p ła, e a prova do
lema 1.40 garante que p f a se, e só se, “ou, ainda, 1:c = 1-d. Mas isso é o
mesmo que © = d, conforme mdc (a, p) = 1. = desejado. o i Em termos das
operações aritméticas de adição, subtração, multiEm particular, se q € Z, é
uma unidade, então o elemento b € Z, É | plicação e divisão, o corolário
acima nos permite colocar Zp, p primo cuja existência é garantida pela
definição 6.9 é único, pois se i em pé de igualdade com os conjuntos
numéricos Q e R (e, após o = capítulo 1 do volume 6, também com o
conjunto C dos números comi | É || plexos). Mais precisamente, em Z, (para
todo n > 1, não somente n então a lei do cancelamento para a multiplicação
garante que b = 7. O E A Dizemos, portanto, que tal b € Z, é o inverso
multiplicativo dea. É A proposição a seguir caracteriza todas as unidades de
Z,. | l À a—b=a—b ção, análoga à subtração ordinária de números reais,
pondo
166 (cf. problema 3). Por outro lado, restrinjamo-nos agora ao
caso em Classes de Congruência que n = p, um número primo; se, para q €
Zp \ {0}, convencionarmos escrever q! a denotar o inverso multiplicativo de
a (i.e., se denotarmos por q! a classe b € Zp cuja existência é garantida vda
definição 6.9), então aql=1: ademais, se q-b = T, com q,b,T € Zp e b 0,
então é imediato verificar que Portanto, podemos definir em Z, uma
operação de divisão de forma análoga à divisão usual entre números reais
(resp. complexos, cf. ca- . pítulo 1 do volume 6), i.e., pondo, para b € Zp \
{0} e qe Zp, Problemas — Seção 6.2 Escreva as tábuas de adição e
multiplicação de Zs e Z7. * Prove que, em Z,, a multiplicação é distributiva
em relação à adição. Mais precisamente, mostre que para todos q, b,C € Zn.
* Prove que a operação de subtração em Zp está bem definida. Em Z12,
obtenha todas as unidades que são iguais a seus inversos multiplicativos.
6.2 O conjunto quociente Zn 167 5. Fixados m,n inteiros, sendo n > 1,
mostre que a operação de multiplicação por m em Zn, dada por m -a = m-a
está bem definida e é tal que m(atb)=marm-be(lmtm)-a-marma, para todos
m, m1, M2 E€ Z e ū,b € Zp. F n > 1 não é primo, mostre que Z, possui
divisores de zero, , que existem q,b € Zn, tais que @,b £ 0, masa -b = 0. Pr
ainda que, se p é um número primo, então Z, não possui divisores de zero.
Sejam dados a e n inteiros, sendo n > 1. Mostre que, em Z,,, a equação à - x
= b tem solução para todo b € Z, se, e só se, q for uma unidade em Zn.
Nesse caso, mostre que a solução x E€ Zp é única, sendo dada por x = q !.b.
168 Classes de Congruência CAPÍTULO 7 Raízes Primitivas e
Resíduos Quadráticos Neste último capítulo, retomamos a análise da
congruência k — a” = 1 (modn), concentrando-nos em dois problemas
distintos, descritos brevemente a seguir. Por um lado, já sabemos pelo
teorema de Euler que, se mdc (a,n) = 1, então tal congruência sempre é
satisfeita para k = y(n), onde y denota a função de Euler; por outro lado,
fixado a € Z primo com n, nada sabemos ainda sobre se tal valor de k é o
menor possível, e um dos resultados centrais deste capítulo é a
caracterização dos números inteiros a relativamente primos com n, ditos as
raízes primitivas módulo n, tais que o valor mínimo de k é k = y(n). Um
segundo problema que queremos considerar aqui impõe uma importante
mudança de ponto de vista em relação à congruência acima. Em vez de
fixarmos a base a e procurarmos os valores k € N para os 169
170 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos 7.1 Ordem módulo
n 171 quais a congruência tenha solução, fixamos k € N e procuramos os
va- (b) af = 1 (modn) & ord, (a) | k. Em particular, ord(a) | y(n). lores a € Z
que resolvem a congruência em questão. De fato, dado o p rova. (a) Se
existissem 0 < k < l < h tais que a’ = a* (mod n), o item (f) da proposição
5.6 daria a! = 1(modn), com 0 < L—k < h. Mas isso seria uma contradição à
minimalidade de h. Para o que falta, basta ver que, se ord (a) = y(n), então o
conjunto (ao! apa tem p(n) inteiros primos com n e dois a dois
incongruentes módulo n, logo é um SCI módulo n. caráter elementar destas
notas, restringimo-nos ao caso k = 2, quando os a € Z que resolvem a
congruência são os resíduos quadráticos módulo n. Como subproduto da
teoria desenvolvida, provamos mais um famoso teorema de Fermat, que
desta feita caracteriza os números naturais que podem ser escritos como a
soma dos quadrados de dois inteiros. 7.1 Ordem módulo n a | (b) Seja
orda(a) = h, de sorte que, em particular, a” = 1 (modn). Se É k=hl, então
Sejam a,n inteiros tais que n > 1 e mdc (a,n) = 1. Sabemos, pelo k k phl (hll
teorema de Euler 5.19, que sempre existe um natural k tal que aë = ai =a =
(a) ST =1(modn). 1 (mod n), qual seja, k = y(n). Contudo, não há nada-que
garanta ser Reciprocamente, seja k um natural tal que a* = 1 (mod n). Pelo
algoritmo da divisão, existem inteiros q e r, com 0 < r < h, tais que k = qh+r.
Assim, temos p(n) o menor dentre tais naturais k; por exemplo, 2º = 1 (mod
7) mas p(7) = 6. Essas considerações motivam a definição a seguir.
Definição 7.1. Dados a e n inteiros primos entre si, com n > 1, a 1 = af =
a®™ = (a)? - a” = 19 - a” = a" (mod n). é É h e N para o ea ordem de a,
módulo n, denotada ordn(a), é o menor h € N par Se r > 0, temos que r é um
expoente positivo, menor que h e tal que qual pe E a” = 1 (modn),
contradizendo a minimalidade de h. Logo, r = 0 e a = 1 (modn). É
entãoh|k,ie. orda(a) | k. Das considerações acima, é imediato que | | Por fim,
a relação ord,(a) | y(n) segue da primeira parte do item (b), juntamente com
o teorema de Euler 5.19. Ea dna) < ordm (a) < (nm) Exemplo 7.3. Calcule
as ordens de 2 módulo 17 e de 7 módulo 10. nem sempre ocorrendo a
igualdade. A proposição a seguir estabelece Solução. Se h = ordy;(2), então
h | (17) = 16, de sorte que h = 1, algumas propriedades elementares do
número ordn(a). | , 2, 4, 8 ou 16. Evidentemente h + 1,2; também, 2º = —1
(mod 17), de | i 8 (982 — J ipi aane ads ea e 1 su que h 4. Por outro lado, 2º
= (2º)* = (—1)? = 1 (mod 17) e, i aí, h = 8. (a) Se orda(a) = h, então os
inteiros 1,a,a2,...,a"”! são dois a dois i Se h = ordio(7), então h | (10) = 4, de
maneira que h = 1, 2 incongruentes, módulo n. Em particular, se ord„(a) =
y(n), É i ou 4. Evidentemente, h # 1; mas, como 7? = —1 (mod 10),
também então o conjunto f1,a,a2,... at) é um SCI módulo n. , l temos h £ 2.
Logo, h = 4. E
172 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Vejamos, agora,
como a proposição 7.2 pode ser aplicada à resolução de problemas
interessantes. Exemplo 7.4. Se p é um primo ímpar, prove que todos os
fatores primos de 2? — 1 são da forma 2kp + 1, para algum k € N. Prova.
Se q é um primo que divide 2? — 1, então q é ímpar e 2º = 1 (mod q).
Segue do item (b) da proposição anterior que ord,(2) | p e, daí, ord¿(2) = 1
ou p. Mas, se ord,(2) = 1, então q = 1, o que é um absurdo; logo, ordy(2) =
p. Por outro lado, segue do pequeno teorema de Fermat que 27! = 1 (mod
q), de sorte que, novamente pelo item (b) da proposição anterior, temos p =
ordy(2) | (q — 1). Mas como q é ímpar, deve existir k € N tal que q — 1 =
2kp. E A proposição a seguir estabelece mais algumas propriedades úteis da
ordem módulo n de inteiros, as quais serão de grande utilidade no que
segue. Proposição 7.5. Sejam a e n inteiros primos entre si, com n > 1. (a)
orda(a) = orda(a + n). (b) Sem >1 é um natural tal que m | n, então ordn(a) |
orda(a). (c) Se ordna) = h e k € N, então ord, (af) = AT (d) Se k € N, então
orda(a*) = orda(a) «> mdc (ord, (a), k) = 1. (e) Se ord (a) = h, então o
conjunto (a, a2,...,a”) tem exatamente y(h) elementos com ordem h módulo
n. 7.1 Ordem módulo n 173 Prova. (a) Segue de a = a + n (modn) que af =
(a + n)! (mod n), para todo k € N. Em particular, a” = 1 (modn) se, e só se,
(a +n)* = 1 (modn) e, daí, ae a + n têm ordens iguais, módulo n. he (b)
Como m | n, o item (g) da proposição 5.6 garante que, se a 1 (modn), então
a* = 1 (mod m). Em particular, como a = 1 (modn quando k = ord, (a),
temos que adla) = 1 (mod m). O item (b) da proposição 7.2 garante, agora,
que ordm(a) | ordn (a). (c) Seja d = mdc (h, k). Pelo item (b) da proposição
7.2, temos (aj) =1(modn) & a“ = 1 (modn) & h | kj onde, na última
equivalência, utilizamos o item (a) da proposição 1.21, l E) = 1. A partir
daí, é imediato juntamente com o fato de mdc (2, que h h dala) = Ecs a) d
mde(h,k) (d) Segue claramente de (c). (e) Pelo item (d), o número de
expoentes 1 < k < h tais que af tem ordem h módulo n é igual ao número de
tais expoentes relativamente primos com h, i.e., é igual a (h). E
o! fita, | hinia, iris: E 174 Raízes Primitivas e Resíduos
Quadráticos Problemas — Seção 7.1 Calcule ordz(2), ordıı (2) e ordys(7).
Prove que, para todo inteiro positivo n, o número 23" + 1 não é múltiplo de
17. Sejam a e n inteiros primos entre si, com n > 2. Se existe um k = —
natural k tal que a” = —1(mod n), prove que ordn(a) é par. (Putnam.) Ache
todos os n € N tais que n | (2º — 1). (Turquia.) Para cada n € N, prove que
n! divide o número n—l [2 =2. J=0 Dado um natural n > 2, rotulamos os
vértices de um 2n—ágono regular P como 1, 2, 3, ..., n, n, —(n = 1), ..., —
3, —2, —1, sucessivamente e no sentido horário. A seguir, marcamos os
“vértices de P da seguinte maneira: no primeiro passo, marcamos o vértice
1; por outro lado, se k; foi o vértice marcado no i—ésimo passo, então, no (i
+ 1)-ésimo passo, marcamos O vértice que. se encontra a |k;| vértices do
vértice k;, no sentido horário se k; > 0 e no sentido anti-horário se k; < 0.
Este procedimento continua até marcarmos um vértice já marcado em um
passo anterior. Seja f(n) o número de vértices não marcados ao final deste
processo. | (a) Se f(n) = 0, prove que 2n + 1 é um primo ímpar. (b) Calcule
f(1997). 7.2 Raízes primitivas 175 7.2 Raízes primitivas Dados a,n inteiros
tais que n > 1 e mdc (a,n) = 1, nesta seção estaremos particularmente
interessados no caso em que orda(a) = y(n). Tal caso é tão importante que o
isolamos na definição a seguir. Definição 7.6. Sejam a,n inteiros tais que n
> 1 e mdc (a,n) = 1. Dizemos que a é uma raiz primitiva, módulo n, se
orda(a) = y(n). Vejamos alguns exemplos. Exemplos 7.7. (a) Como 2! = 2
(mod 3) e y(3) = 2, segue que ords(2) = 2 = (3), i.e., 2 é raiz primitiva
módulo 3. Cálculos análogos garantem que 2 também é raiz primitiva
módulo 5. (b) Módulo 7 temos 2! = 2, 2? = 4 e 2º = 1. Portanto, ord;(2) = 3
< 6 = (7), e segue que 2 não é raiz primitiva módulo 7. O principal resultado
desta seção é a caracterização dos módulos n que possuem raízes
primitivas. Mais precisamente, mostraremos que um inteiro n > 1 possui
uma raiz primitiva se, e só se, n = 2,4, p" ou 2p", onde p é um primo ímpar.
Calculemos, inicialmente, quantas podem ser as raízes primitivas duas a
duas incongruentes módulo n. Proposição 7.8. Se um inteiro n > 1 tem uma
raiz primitiva, a digamos, então toda raiz primitiva módulo n é congruente a
um dos elementos do conjunto fat 1 < k < (n) e mde (y(n), k) = 1}. Em
particular, n tem exatamente p(y(n)) raízes primitivas, duas a duas
incongruentes módulo n.
p x 176 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos WO arno
Prova. A segunda parte segue da primeira, pela definição da função p de
Euler: o número de expoentes 1 < k < (n) tais que k é primo com y(n) é
exatamente p(p(n)). == | Para a primeira parte, sendo a uma raiz primitiva
módulo n temos que ordn(a) = p(n) e À = fa, a°. MM] é um SCI modul n.
Portanto, qualquer raiz primitiva módulo n é congruente, módulo n, a um
dos elementos de 4, de maneira que basta ver quais elementos de A têm
ordem (módulo n) igual a p(n). Mas, pelo item (d) da proposição 7.5, para 1
< k < p(n) temos ordn(a”) = p(n) & mdc (o(n),k) = 1. Exemplo 7.9. O
exemplo 7.7 garante que 2 é raiz primitiva módulo 5. Como (5) = 4, a
proposição acima ensina que um conjunto de raízes primitivas módulo 5
duas a duas incongruentes é (98. 1 1 é um inteiro que possui raízes
primitivas, então n = 2,4,p" ou 2p*, onde p é um primo ímpar e k é um
natural. Prova. Note, inicialmente, que os inteiros n > 1 que não são senna
das formas do enunciado são ou da forma n = bc, com oe > 2 intelros
primos entre si, ou da forma n — 2k com k > 2 inteiro. Basta, pois,
mostrarmos que tais inteiros n não pospe raízes a coisa que faremos
mostrando que todo inteiro a primo com n satisfaz 7.2 Raízes primitivas
177 ordn(a) < p(n). (i) n = bc, com b, c > 2 primos entre si: como b e c são
primos entre si, temos y(n) = p(be) = y(b)y(c). Por outro lado, o fato de que
b, c > 2 garante (cf. problema 19, página 88) que y(b) e (c) são números
pares. Se a é um inteiro qualquer primo com n, então a é primo com b e
com c e, pelo teorema de Euler, GN = (a70) OP = 1060 = 1 (mod) qe(m)/2
— (ato)? =100/2=1 (modo). Portanto, o item (h) da proposição 5.6 garante
que a?™)/2 = 1 (mod n); em particular, ord (a) < e(n) < y(n) e, daí, a não é
raiz primitiva módulo n. (ii) n = 2º, com k > 2: seja a um inteiro ímpar (i.e.,
primo com 2). Se mostrarmos que 2. dani k a =1(mod2º), teremos ordala) E
2 DA (Dr), e a não será raiz primitiva módulo 2*. Para o que falta, façamos
indução sobre k: o caso inicial k = 3 segue da proposição 5.9, uma 2 vez
que a” = 1 (mod8) para a ímpar. Suponha que já provamos que, para algum
inteiro k > 3, existe q € N tal que a2 = 2*g + 1; então 9k—1 EN ü z (a” ó =
(2q +1)? = 2g + 2H + 1 = PNM +q) +1 = 1 (mod 2+"), conforme desejado. |
E
178 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos DO E nt e asa Ga
SS Resta estabelecer a recíproca do teorema acima, qual seja, que os
números 2, 4, pë e 2p*, com p primo ímpar e k € N, possuem raízes
primitivas. É claro que 1 é raiz primitiva módulo 2 e 3 é raiz primitiva
módulo 4. O restante desta seção é devotado à análise dos demais casos. A
proposição a seguir garante que basta nos preocuparmos com os números da
forma p". Proposição 7.11. Se p é um primo ímpar e a € Z é uma raiz
primitiva módulo př, então a ou a + pë também é raiz primitiva módulo 2p*.
Prova. Seja h = ordə (a). Se a for ímpar, então a é primo com 2p*. Nesse
caso, usando o item (b) da proposição 7.9, Juntamente com o fato de ser
ord, (a) = (p"), obtemos | plp) = ordps(a) | h = ordape(a) | p(20º) = (p°),
onde, na última igualdade, utilizamos o fato de p ser um primo ímpar; logo,
orda (a) = p(2p*) e a é raiz primitiva módulo 2p*. Se a for par, troque a por
a + pë no início e argumente como acima. E Completaremos a prova da
recíproca do teorema. 7.10 (i.e., a análise do caso př), em duas etapas.
Antes, contudo, precisamos do seguinte Lema 7.12. Seja p um primo ímpar.
Se a é uma raiz primitiva módulo p°, então, para k > 1 inteiro, temos ar!) =
bap" + 1, com b, € Z tal que p 4 bp. Prova. Façamos indução sobre k > 1. O
pequeno teorema de Fermat nos dá a”! = bıp + 1 para algum bı € Z. Se p
dividisse bı, teríamos a?! = 1 (mod p?) e, daí, ordp2 (a) < p— 1 < (p°),
contrariando o fato de a ser uma raiz primitiva módulo p°. | 7.2 Raízes
primitivas 179 Suponha que, para um certo k > 1, tenhamos a2") — bpt + 1,
tal que p 1 bp. A fórmula do binômio de Newton nos dá, então, Po a o DAR
(ar) = (1 + bpp") p—l = 1 +bptt +Y (E) bi pt + p”. | 5 NJ = J Pelo exemplo
1.41, para 1 < j < p — 1 existe cg € N tal que E = pck. Portanto, a última
expressão acima fornece p—1 att) = 1 + bpt! J 2 aop + Pp” j=2 p—1 1 +
bpp" t! RE S cbi pl UR + pone pët? j=2 Denotando por t a expressão acima
entre parênteses e observando que t € Z, segue finalmente que aC) = 1 + bt
+ tpt? = 1+ (bp + tp)p"tt. Mas, como p 1 bg, fazendo bkķ+1 = bk +tp
obtemos a) — by ptt! + 1, tal que p { by. E Podemos finalmente cumprir o
primeiro dos dois passos necessários à demonstração da existência de raízes
primitivas módulo př, com p primo ímpar. Teorema 7.13. Seja p um primo
ímpar e a um inteiro primo com p. (a) Se a for uma raiz primitiva módulo p,
então a ou a + p é raiz primitiva módulo p°. (b) Se a for uma raiz primitiva
módulo p e módulo p?, então a é raiz primitiva módulo př, para todo inteiro
k > 1.
180 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Prova. (a) Segue
do item (a) da proposição 7.5 e de nossas hipóteses que ordp(a-+p) =
ordp(a) = p— 1; por outro lado, o item (b) da proposição 7.2 garante que
ordpa(a + p), ordpa(a) | p(p*) = p(p — 1), ao passo que o item (b) da
proposição 7.5 garante que p — 1 = ordņp(a) | orda(a) e p—- 1 = ordp(a +
p) | ordpa(a + p). Portanto, ordz (a) = p— 1 ou p(p— 1), o mesmo sendo
válido para ordz (a + p), e basta mostrarmos que ordpz (a) = p — 1 > ord (a
+ p) £ p — 1. Mas, se a”! = 1 (mod p°), então, módulo p°, temos l p—1 zi
(a+p)™ = t+ (p-DpoP t+ o q J jpa j=2 Gap) pare = 1I-pofAi, uma vez que p
ta. (b) Suponha que a é uma raiz primitiva módulo p e módulo p? e
provemos, por indução sobre k, que a é uma raiz primitiva módulo p*, para
todo k > 1. Os casos k = 1 e k = 9 são nossas hipóteses. Suponha, pois, que
já provamos ser a uma raiz primitiva módulo pf, para um certo k > 2. Os
itens (b) das proposições 7.2 e 7.5 nos dão FESI p(p") = ord, (a) | ordem (a)
| o(p'*) = po(p'), 7.2 Raízes primitivas 181 de sorte que ordpe+ı(a) = (pº) ou
(pt). Para o que falta, como a é raiz primitiva módulo p?, o lema anterior
nos dá a?) = bp" + 1, com by E Z tal que p 1 bp; em particular, 190) 4 1
(mod pH), de maneira que ord,k+ (a) Æ (pf). W O teorema 7.13 nos coloca
numa posição bastante boa. De fato, se mostrarmos que o primo ímpar p
possui uma raiz primitiva, a digamos, então a + p também o será (pelo item
(a) da proposição 7.5); portanto, pelo item (a) do teorema anterior, podemos
supor que a é raiz primitiva módulo p e módulo p°, após o quê o item (b) do
mesmo resultado garante que a é raiz primitiva módulo př, para todo inteiro
k > 1. Vejamos um exemplo. | Exemplo 7.14. Prove que 2 é raiz primitiva
módulos 3º e 5*, para todo k E N. Prova. Segue do exemplo 7.7 e do
teorema anterior que basta mostrarmos que 2 é raiz primitiva módulos 9 e
25. Verifiquemos que 2 é raiz primitiva módulo 9, sendo o caso do módulo
25 análogo: como p(9) = 6, segue que ordy(2) | 6; mas, uma vez que
nenhum dos números 2!, 22 ou 2º é múltiplo de 9, segue que ordo(2) = 6 =
(9). E Para concluirmos a recíproca do teorema 7.10, resta apenas mostrar
que primos ímpares possuem raízes primitivas. Como não é possível
darmos uma prova desta afirmação com o material de que dispomos até o
momento, adiaremos a apresentação de uma demonstração para a seção 7.3
do volume 6 (cf. teorema 7.20 de lá). | Finalizamos esta seção com dois
exemplos que mostram a força dos resultados aqui desenvolvidos.
182 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Exemplo 7.15. Se
p é primo en € N, prove que 0 (mod p), =l (mod p), (p—1 (p-1) Prova. Se (p
— 1) | n, digamos n = (p — 1)k, o pequeno teorema de parto =] E Fermat
nos dá, para 1 < a < p — 1, que a” = aP- Dk = 1% = 1 (mod p) e, daí,
1”+2”+---+(p-1) =1+1+---+1=-—1(modp). p—1 Se (p—1) { n, seja a uma
raiz primitiva módulo p. Como o conjunto {a,a?,...,aP7}} é um SCI, módulo
p, concluímos que os números a, a?, .., aP} são, módulo p, congruentes, em
alguma ordem, aos números 1,2,...,p— 1. Portanto (ainda módulo p), temos
a?” — q” 1+2 +.. o (p= +a” +- pa = Agora, segue do pequeno teorema de
Fermat que a" — a” = (aP )” — q” IIl a” — a” = 0 (mod p); por outro lado,
uma vez que ordp(a) = p — 1 e (p — 1) łn, o item (b) ap” — n “ conforme
da proposição 7.2 garante que p f (a” — 1). Logo, p | “=. l E desejado.
Exemplo 7 16 (IMO). Ache todos os n € N tais que nº divide 2" +1.
Solução. E claro que um tal n deve ser ímpar e que n = 1 é um valor
possível. Seja, pois, n > 1 um natural satisfazendo as condições do
enunciado e escreva n = pq, onde p é o menor primo que divide n e BRR i
Ee. e E “RES 7.2 Raízes primitivas 183 k € N é o expoente de p na
decomposição canônica de n em fatores primos. Então mdc (p,q) = 1 e 241
2” +1 E€ N > —— EN. Pelo pequeno teorema de Fermat, temos 2? = 2
(mod p) e, a partir daí, uma fácil indução garante que jo (mod p). Assim,
módulo p temos =% 41 =P }1=2 +1, de modo que 2°% = 1(modp). Sendo t
= ordp(2), segue, daí, que t divide 2q e (pelo pequeno teorema de Fermat) t |
(p — 1); logo, t | mdc (2q, p — 1). Mas, como os fatores primos de q são
maiores que p, isto força que t = 2 e, por conseguinte, t = 2 e p = 3.
Portanto, r+1 28941 n2 o 32k q? EN, (7.1) o que acarreta sucessivamente
23º1 = —1 (mod 3%) e 223º4 = 1 (mod 32). Como já mostramos (cf.
exemplo 7.14) que 2 é raiz primitiva módulo 3º*, segue da congruência
acima que 2.381 =p(3º8) = ordza (2) | 2 - 3ºg e, assim, 3º! | q. Mas, como p
= 3 e mdc (3,9) = 1, devemos ter k= 1. Assim, n = 3q e, por (7.1), o ta pa |
EN. q? Suponha q > 1, e seja w o menor fator primo de q, digamos q = w'v,
onde v € Ne L é o expoente de w na decomposição canônica de q em
184 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos fatores primos.
Novamente pelo pequeno teorema de Fermat, temos 8“ = 8 (mod w) e, daí,
Raízes primitivas 185 (a) Mostre que f(0), f(1) e (0,1) e que f é constante
caso f(0)=1 ou f(1) = 0. (b) Suponha, doravante, que f(0) = 0 e f(1) = 1. Use
o pe0=81 +1 = 8” +1 = 8 +1(modw), (7.2) queno teorema de Fermat para
concluir que f(a) € {—1, 1}, de modo que 8% = 1 (mod w). Sendo t =
ord„(8), segue que t | Wwe para todo a € N tal que p4 a. (pelo pequeno
teorema de Fermat) t | (w — 1). Mas, como os fatores primos de v (se
existirem) são maiores do que w, chegamos a t = 1 ou C a O = ) 2, de modo
que w | (8! — 1) ou w | (8? — 1). Em qualquer caso, segue f Eras
dew>p=3quew=Te daí, (7.2) fornece q f(z) = R p eii 4 l, septzx `
0=8"4+1=1"+1=2(mod7), o En . E (modi) (d) Se f(a) = —1 para toda raiz
primitiva a módulo p, então or um absurdo. Portanto, q = l1len=3*q=3. E
f0, seplz Fe) = e pet (mod p), s pta 6. (Turquia.) Prove que as duas
afirmativas a seguir sobre n E Nsão equivalentes: pes Problemas — Seção
7.2 1. Mostre que 2 é raiz primitiva módulo 29. (a) n é livre de quadrados e,
se p é um divisor primo de n, T 2. Se m,n E N são tais que m | n, ea € Z é
uma raiz primitiva A E módulo n, prove que a também é raiz primitiva
módulo m. | | | (b) Para todo a € N, temos que n | (a” — a). Ia 3. Prove a
seguinte generalização do teorema de Wilson: se n é E um natural que
possui raízes primitivas e 1 = mw 5 um primo tal que P= também (c) na j =
pı... Pe com pı R uma função tal que f(xy) = f(x)f(y) e di = py f(x +p) =
f(x), para todos x,y € Z4. i. Mostre que sn = 1 +45 PI"! (mod p;).
186 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos ii. Se a é uma raiz
primitiva módulo p;, mostre que aP (n—1) qro Sn=1+q; (Co) (mod p;). li. A
partir de ii., conclua sucessivamente que, se n | sp, então p; | (a !-D, (pi—1)
| (n—1) e(p;—1) iv. Se n | sn, use os resultados dos itens à. e iii. para
concluir que p; | (q; — 1). v. Prove, a partir dos dois itens anteriores, que n |
sn se, e só se, pi(p;— 1) |(g— 1) paral 1 inteiro tal que lp + 1 é um divisor
primo de n. iii. Use que n = 2kp+1 para mostrar que n = (lp+1)(hp+ 1)
para algum inteiro h € (0,1). Conclua, em seguida, que não podemos ter h
= 1 e, daí, que n é primo. O próximo problema é devido ao matemático
francês do século XX Claude Chevalley, sendo conhecido como o teorema
de Chevalley. 9. Se p é um primo ímpar, queremos mostrar que, módulo p, a
congruência LI + 15 + 13 + 24 + 15 = 0 (mod p) 7.3 Resíduos quadráticos
187 tem número de soluções igual a um múltiplo de p, onde duas soluções
(a1,...,a5) e (by,...,bs) são consideradas distintas se existir 1 < i < 5 tal que
a; Æ b; (modp). Para tanto, faça os seguintes itens: (a) Se f(£1,..., £5) = 1
— (xf + r3 t- +rt) Pt em é o número de soluções da congruência do
enunciado, então m = >. f(x1,...,%5) (mod p), L1,.. 3 X5 EA onde A =
(1,2,...,p— 1}. (b) Módulo p, temos E 4 4 m = p'- ) X R &i +t: +a5=p—1
z1,...,£5EA "E [Eee] S (g) ait: +as=p—1 \zıcA xz5EAÁ (c) Se ai +- +a = p
— 1, com q; > 0 para 1 < i < 5, então existe 1 < į < 5 tal que a; = 0 ou (p
— 1) 4 4a;. (d) Se (p — 1) { 4a, use uma raiz primitiva a módulo p para
concluir que | p—1 qre o q42 yar = DM ada = ——— = 0 (modyp). j=1 4a
a2 — 1 TEA (e) Conclua que m = 0 (mod p). 7.3 Resíduos quadráticos
Estudamos, nesta seção, congruências algébricas da forma r’ = a (mod n).
Precisamos, inicialmente, da definição a seguir.
188 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos LOO a a a
Definição 7.17. Se a,n € Z, com n > 1 e mdc (a,n) = 1, diremos que a é um
resíduo quadrático módulo n se a congruência 2 e x” = a (modn) possuir
pelo menos uma solução inteira x. Caso contrário, a é dito um não resíduo
quadrático módulo n. Em relação à definição acima, nossa tarefa primordial
será obter condições necessárias e suficientes para que um inteiro a seja
resíduo quadrático módulo n. Analisemos o caso em que n é primo,
deixando o caso geral para os problemas propostos ao final desta seção.
Proposição 7.18. Seja p um primo ímpar. (a) Se a é um resíduo quadrático
módulo p, então a congruência «2 = a (mod p) possui exatamente duas
soluções incongruentes módulo p. l 2 2 p—1 2 (b) Dentre os números
1,2,...,p — 1 há exatamente &- resíduos quadráticos e E não resíduos
quadráticos módulo p. Prova. (a) Se x; e £2 são inteiros tais que xj = a (mod
p) e 12 = a (mod p), então z? = «2 (modp), de sorte que p | (xj — x3). Mas,
como p é primo, segue que p | (zı — T2) ou p | (zı + z2). Portanto, a
congruência do enunciado possui no máximo duas raízes incongruentes,
quais sejam, zı € p — xı. Por outro lado, sendo a um resíduo quadrático
módulo p, sabemos que tal congruência admite uma solução to € Z. Segue
imediatamente que p — xo também é solução da referida congruência, com
p — xo É xo (mod p), uma vez que p é ímpar e mdc (zo, p) | mde (a, p) = 1.
7.3 Resíduos quadráticos 189 (b) Como {1,2,...,p—1} é um SCI módulo p,
para contarmos quantos de seus elementos são resíduos quadráticos,
módulo p, basta calcularmos quantos dentre os números 12,22,...,(p — 1)?
são dois a dois incongruentes, módulo p. Para tanto, veja que, se 1 < 1 < =.
então AE (mod p), uma vez que j° — i? = (j —i)(j+i)e0
190 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos e segue de ordy(a)
= p — 1 que (p— 1) | k (2), de maneira que k é par, digamos k = 2l.
Fazendo x9 = a”, temos RR A A xr = 0" = a” = a (mod p), de sorte que a é
um resíduo quadrático módulo p. E Corolário 7.20. Se p é um primo ímpar,
então um inteiro a primo com p é um não resíduo quadrático módulo p se e
só se p—1 a? = -—](modp). Prova. Pelo pequeno teorema de Fermat, temos
(aT —1)(a T +1) =a”! — 1 = 0 (mod p). Mas, como p é primo, temos que
nar sale 0 (mod p) ou do IE 0 (mod p). Por outro lado, pelo critério de
Euler, a é um não resíduo quadrático módulo p se, e só se, a primeira das
duas congruências acima não . r p—i | ocorre, i.e., se, e só se, a 7 +1=
O(modp). E Observação 7.21. É possível provar (cf. problema 8.2.7 do
volume 6) que, para todo a € Z, existem infinitos primos p tais que a não é
resíduo quadrático módulo p. -A fim de facilitar as manipulações com
resíduos e não resíduos quadráticos, precisamos de uma notação
conveniente, a qual é introduzida pela definição a seguir. Definição 7.22.
Dados inteiros a e p, com p primo, definimos o símbolo de Legendre (2)
por: r 1, se a for resíduo quadrático modulo p (=) = 4 —l, sea for não
resíduo quadrático modulo p . 0, sepla 7.3 Resíduos quadráticos | 191 A
conveniência notacional do símbolo de Legendre é esclarecida pelas duas
próximas proposições. Proposição 7.23. Se p é um primo ímpar e a,b € Z,
então: (a) a = b (mod p) > (2) = (2). 1 (c) (2) =a 7 (modp). o (5) (5) = (5).
Prova. A prova dos itens (a) e (b) é imediata. Provemos, pois, o item (c): se
p | a, então aA Es (=) = 0 =a F (mod p); p senão, a proposição 7.19 e o
corolário 7.20 garantem que, modulo p, aa 1 se a for resíduo quadrático
módulo p fa ~ | —1 se a for não resíduo quadrático módulo p \p/` Por fim,
quanto a (d), observe que, se p | ab, então p | a ou p |b e, o dai] Por outro
lado, se pf ab, então p {a e pf, e segue do item (c) que (= a = (8) an
Portanto, p divide a diferença (2) (2) — (2), a qual assume um dos valores
inteiros de —2 a 2. Mas, como p é ímpar, concluímos que deve ser (3) 6)
(8) =0 : daí,
7.3 Resíduos quadráticos 193 192 Raízes Primitivas e Resíduos
Quadráticos O exemplo a seguir mostra como utilizar as propriedades do
símbolo de Legendre deduzidas na proposição acima. Prova. Para 1 < j < Pl
e p—1 ai. | >J 5a Seja SG < t; < PF inteiro tal que Exemplo 7.24. Prove que
não existem x e y inteiros tais que y? = Ja = tj (mod p). 3 : é r? + 7. =
Provemos primeiro que Solução. Suponha o contrário. Então x é ímpar,
pois, do contrário, { 4 TA qu o p—l teríamos y? = r? + 7 = 3(mod4), uma
contradição ao item (c) da a ps re F [til £ |t;|. : proposição 9.9. | Por outro
lado, y+1=7"+8=(2+9)[(x-1)+3] (7.3) Para tanto, basta ver que, como mdc
(a, p) = 1, temos il = tl = lia] = |jal (mod p) = lil = |j (mod p) i >
1tj)=0(modp), e, como (x — 1)? +3 = 3(mod 4) (lembre-se de que x — 1 é
par), existe o um primo p da forma 4k + 3 tal que p divide (x — 1)? +3. x
Voltando a (7.3), concluímos que yº + 1 = 0 (mod p), i.e., que —1 m é
resíduo quadrático módulo p. Segue da definição do símbolo de Ha
Legendre e do item (c) da proposição anterior que, módulo p, Hoi m —1 a o
1 = (=) aqe ee el p O . e o 9 V que nenhum deles é igual a 0, já que mdc
(a,p) = 1). Portanto lembrando que m denota a quantidade de índices J para
os quais t; < O, temos, módulo p, que uma contradição. 2 its pe m E ( ) a 2 (
3 ! = (—1) E = (25) J Nosso próximo resultado, devido a K. F. Gauss e
conhecido na E di literatura como o lema de Gauss, fornece um
procedimento bem l "m | mais simples que o critério de Euler para decidir
se um certo inteiro é . a? =(—1)” (modp). NNE resíduo ou não resíduo
quadrático módulo p, sendo p um primo ímpar O resto segue do item (c) da
proposição 7.23. E dado. € Icaçã omo aplicação do lema de Gauss,
mostramos a seguir que 2 é Proposição 7.25 (Gauss). Se p é um primo
ímpar e a é primo com Tesíduo quadrático módulo p se, e só se p = Ù, 1,2
ou 7 (mod 8) ) ) = o] b) mo . p, então (2) = (—1)”, onde m é o número de
elementos do conjunto E | xemplo 7.26. Se p é um primo ímpar, então a ea p
—i E < < Ee Ja = Sb dg - OU — E) (mod) | : (7.4) k = (— 1) UE = (=)
194 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Prova. Pelo lema
de Gauss, temos (2) = (—1)”, onde = — 1 pep isig PD =, ou — (==) (mod
p) b. Sel
t | l E Ia i] 196 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Por
outro lado, somando as igualdades (7.5) sobre 1 < q < PE, PAO. m n a (= —
E) o E +X s+ t 8 j=1 p j=1 j=1 Subtraindo membro a membro as duas
relações acıma, segue então obtemos que a-n (ZF) |E] -mwt 8 j=1 p j=1 por
fim, lembrando que a e p são ímpares e analisando a igualdade acima
módulo 2, obtemos p—1 po 2 . my, a l p= E =m, p | | = y conforme
desejado. U O teorema a seguir é conhecido na literatura como a lei da reA
ciprocidade quadrática de Gauss, e a prova que apresentamos é devido ao
matemático alemão do século XIX Ferdinand Eisenstein. | Teorema 7.28
(Gauss). Se p e q são primos ímpares e distintos, então E “EB onde r 7.3
Resíduos quadráticos 197 E, então, suficiente mostrarmos que DEPRESE)
es para o quê utilizamos o seguinte argumento geométrico: como o segundo
membro da igualdade acima é igual ao número de pontos de coordenadas
inteiras no retângulo fechado R=f æu eR Isese e1sys TN, basta contarmos o
número de tais pontos de outra maneira, obtendo o primeiro membro de
(7.6) como resultado. Sem perda de generalidade, suponha que p > q, e
considere a reta y = pi (cf. figura 7.1). Para cada j > 1, o número E conta o.
E ta ee) a é EE zj q =al) P 1 | ia = J T Figura 7.1: contando os pontos de R N
Z2. número de inteiros positivos menores ou iguais que por outro lado, para
1 < 3 < p= temos que a & Z e, daí, | conta o número de pontos de
coordenadas inteiras situados sobre a reta x = j, abaixo da
198 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos reta y = Sa e acima
da reta y = 0. Mas, como jq < (p— Da EE es < 5| = Vi p|- 2p 2 2p 2 2 todos
os pontos que estamos contando de fato pertencem ao retângulo R.
Portanto, nas notações da figura 7.1, temos = | 2 z Te >, E = # de pontos de
coordenadas inteiras na região I de R. j=1 Analogamente, q=1 | 2 i em >, 2]
= # de pontos de coordenadas inteiras na região Il de R j=1 e nada mais há a
fazer. E Terminamos esta seção com uma aplicação da lei da reciprocidade
quadrática à existência de certos tipos de números primos. Exemplo 7.29.
Prove que há infinitos primos da forma 3k+1, k € N. Prova. Por absurdo,
suponhamos que houvesse somente uma quantidade finita de primos da
forma 3k + 1, digamos p1, p2, ..., Pn, € seja xr = (2p1...Pn) +3. Sendo p um
divisor primo de x, é claro que p £ 2,3, pı,- - -, Pn; dè modo que p = —1
(mod 3). Ademais, como (2p: . . Pn)” = —3 (mod p), temos que —3 é
resíduo quadrático módulo p. Devemos, então, ter (2) — 1. Mas P 7.3
Resíduos quadráticos 199 e, pela lei da reciprocidade quadrática, (BD (EE)
= (y PIORES = (1 Assim, Sy p= fps pi (DP (=) SEE mt=(5. Por fim, p = —
1 (mod3) implica, pelo item (a) da proposição 7.23, que (2) s (=) = —1; por
sua vez, tal igualdade contradiz o fato de —ə ser um resíduo quadrático
módulo p. gs Problemas — Seção 7.3 1. Se p é um primo ímpar, prove que
—1 é resíduo quadrático módulo p se, e só se, p = 1 (mod 4). 2. Prove que a
equação z? = y3 + k não admite soluções inteiras £,y para infinitos valores
inteiros de k. 3. Sejam a, b e c inteiros não todos nulos e n um natural. Se
existem inteiros x e y, relativamente primos com n e tais que az? + bry +
cy? = n, prove que b? — 4ac é um resíduo quadrático módulo n. 4. Prove
que não existem x,y € Z tais que z? + 3xy — 2y? = 122. d. Dados a,b € Z,
mostre que: (a) 2b +3 tem um divisor primo p, tal que p = +3 (mod 8). (b)
(2° + 3) ł (a? — 2).
200 6. Se p Æ 3 é um primo ímpar, prove que 3) 1, sep= +1
(mod12) p) | —1, sep=+5(mod12) 7. Sejam m e n naturais ímpares, com n >
l. (a) 9" — 1 tem um divisor primo p, tal que p = +5 (mod 12). (b) (2º — 1)
4 (87 — 1). Q. Se n > 1 é um natural tal que p = 2” + 1 é primo, faça os
seguintes itens: (a) Mostre que 3 é um não resíduo quadrático, módulo p.
(b) Conclua que 3 é raiz primitiva, módulo p. 9. (a) Sejam a e k inteiros
dados, sendo a ímpar. Prove que a congruência x? = a (mod 2º) tem solução
para todo k > 2 se, e só se, a congruência r? = a (mod 8) tem solução. (b)
Sejam p um primo ímpar e a um inteiro primo com p. Prove | que a
congruência z? = a (mod pf) tem solução para todo k > 1 se, e só se, a
congruência r? = a (mod p) tem solução. 10. * Sejam a e n naturais primos
entre si, com n > l, en dr ... pft a decomposição canônica de n em fatores
primos. Prove que a congruência x? = a (modn) tem solução se, e só se,
forem satisfeitas as seguintes condições: (i) a = 1(mod2) se k = 1, a = 1
(mod4) se k = 2 ou a = —s 1 (mod 8) se k > 3. pp; 1 (i) a 7 =1 (mod p;),
para 1 <1 < t. Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos 7.3 Resíduos
quadráticos 201 11. (APMO.) Durante um recreio, o professor reuniu seus n
alunos no pátio da escola, formando com os mesmos um círculo. Em
seguida, escolheu um aluno, deu a ele um doce e, no sentido antihorário,
saiu distribuindo doces aos alunos da seguinte maneira: pulou um aluno e
entregou um doce ao terceiro, pulou dois alunos e entregou um doce ao
sexto aluno, pulou três alunos e entregou um doce ao décimo e assim por
diante, sempre pulando um aluno a mais que na vez anterior e entregando
um doce ao próximo. Para que valores de n cada aluno terá recebido ao
menos um doce após um número finito e suficientemente grande de voltas?
. Dados um primo p e inteiros primos entre sia en, com n > 1, dizemos que a
é um resíduo n—ésimo, módulo p, se a congruência xr” = a (mod p) tiver
solução. Generalize o critério de Euler para resíduos quadráticos, do
seguinte modo: se d = mdc (n,p — 1), então Z 4 Ba ii 2 p—1 a é um resíduo
n — ésimo módulo p <> a 7 = 1(modp). Para o próximo problema, o leitor
necessitará utilizar alguns fatos básicos sobre as somas simétricas
elementares das raízes de um polinômio, para o quê sugerimos a leitura da
seção 4.2 do volume 6. (Bulgária - adaptado.) O objetivo deste problema é
mostrar que, se p > 5 é primo e k > 1 é inteiro, então pé | (C) — k). Para
tanto, faça os seguintes itens: (a) Suponha, até o item (f), que k é ímpar.
Conclua que (1) -e= gto) = 1-0) p (p - 1)! onde f(x) = E E + (Ep + j), um
polinômio de coe: Ca — k-Dp ficientes inteiros, e a
202 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos (b) Se f(x) = 1º! ap
—22P?+ap—31P + .-+a1£ +a, mostre que f(a) — f(—a) = 2aya (mod pë) e
deduza, a partir daí, ! | que basta mostrar que a; = 0 (mod p°). (c) Use as
relações de Girard (cf. proposição 4.6 do volume 6) para mostrar que a
condição a; = 0 (mod p°) equivale à p=1 congruência 5,2, r; = 0 (mod p),
onde r; = JJ... <21 (a + l 1),P—) p=1 (d) Mostre que a igualdade (a + 9)(a
+p- j)r; = [há (a +i) implica, módulo p, a congruência j2r; = —(p — 1)!
(mod p), para 1 < j < PL, (e) Conclua, a partir do item (d), que r; é um
resíduo quadrático, módulo p e r; Æ rj (mod p), para todos 1 <1i < j < Pa.
(f) Deduza que, módulo p, o conjunto fry,ra,... Toi s forma uma permutação
do conjunto [12,22,..., E e conclua o que se pede. (g) Se k for par, siga os
passos delineados nos itens de (a) a (f), argumentando, de início, com o
polinômio f(x) = I-i (x + = =), 7.4 Somas de quadrados Como aplicação das
ideias desenvolvidas até aqui, caracterizaremos nesta seção os naturais que
podem ser escritos como soma de dois quadrados. Comecemos pelo caso
dos números primos, com o seguinte resultado de Fermat. | Teorema 7.30
(Fermat). As seguintes condições sobre um primo ímpar p são equivalentes:
(a) p = 1 (mod4). 7.4 Somas de quadrados 203 (b) —1 é resíduo quadrático
módulo p. (c) p pode ser escrito como soma de dois quadrados. Prova. (a) =
(b): sendo p = 4k + 1, segue do item (c) da proposição 7.23 que (=)= Ena =
(—1)*% = 1 (mod p) e, daí, —1 é resíduo quadrático módulo p. (b) > (c):
sejam h € Z tal que h? + 1 = 0 (mod p), e A= {(x,y); x,y E€ Z, 0< z,Y <
yp}. Pelo princípio fundamental da contagem (cf. corolário 1.9 do volume
4), temos |A| = ([/D] + 1)". Agora, como (lvpl+1))> yP” =p e só há p
possíveis restos numa divisão por p, o princípio da casa dos pombos (cf.
seção 4.1 do volume 4) garante a existência de pares ordenados distintos
(x1, y1), (£2, Y2) E 4, tais que hzı + yı = hz + yo (mod p). Fazendo a = |z1
— z2| e b = | — y2|, temos a e b não ambos nulos e, daí, Gla At = x — z2"
+ lyi — yl” £ JD + vp = 2p. Mas, como [£1 m ra|? T yi = yal” = (£1 — T2)
T (hzi — hr)” (h? + D(x4 — zo)” = 0) (mod p), ace pe
204 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos a única
possibilidade é que seja a? + b? = p. (c) => (a): se p = a? + b’, com a,b € Z,
então a é par e b é ímpar ou vice-versa (lembre-se de que p é ímpar).
Supondo, sem perda de generalidade, que a é par e b é ímpar, segue da
proposição 5.9 que p=a +b =0+1 = 1(mod4). E Para prosseguir, precisamos
de um resultado auxiliar, usualmente atribuído a Euler e conhecido como a
identidade de Euler. Lema 7.31. Sem en são naturais que podem ser escritos
como somas de dois quadrados, então mn também pode ser escrito como
soma de dois quadrados. Prova. Se m = a? + b? e n = e + d?, então mn = (a
+) +d’) = ((ac)? + (bd)*) + ((ad)* + (bc)*) (7.7) = (ac + bd)? + (ad — bc)’.
O teorema a seguir, também atribuído a Fermat, dá uma condição necessária
e suficiente para um natural poder ser escrito como soma de dois quadrados.
Teorema 7.32 (Fermat). Um natural n pode ser escrito como soma de dois
quadrados se, e só se, n = 1 ou n é tal que todo primo congruente a 3
módulo 4 e que comparece na fatoração canônica de n o faz com expoente
par. 7.4 Somas de quadrados 205 Prova. No que segue, seja ak bi aa b n = 2
pi... Ppa -q a decomposição de n em fatores primos, com a, a;b; > 0, pi = 1
(mod 4) e q; = 3 (mod 4), para todos 1 1, então bj > 2 e È também pode ser
escrito como soma de dois quadrados. Para tanto, se n = œ + d, com c,d E
Z, então c? + d? = 0 (mod q;). Se d Æ 0 (modq;), então mdc (d, q;) = 1, de
sorte que d é invertível, módulo q;; sendo f seu inverso, módulo qj, obtemos
| (cf)? +1=0(modg;), em contradição ao teorema 7.30, uma vez que q; = 3
(mod4). Portanto, d = 0 (modq;) e, daí, c = O(modg;). Logo, n = 2 + d = 0
(mod q;), de forma que b; > 2 e n Ouo) a S o T DRE dj dj dj Terminemos
esta seção mostrando que a maneira de escrever um primo da forma 4k + 1
como soma de dois quadrados é essencialmente única.
206 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos Proposição 7.33.
Se p é um primo da forma 4k + 1, então existem únicos x,y € N tais que x
0e r +y +2 = 48k +7). 2. Se a,b,c € N são tais que a(a — 1) = b? + c?,
mostre que a +b é ímpar. 3. (BMO.) Encontre todos os pares de naturais
distintos x e y, tais 2 2 s ` . e que T seja um inteiro divisor de 1995. 4. Dado
n natural, prove que existem n naturais consecutivos, tais que nenhum deles
pode ser escrito como soma de dois quadrados. 5. O propósito deste
problema é provar um teorema, devido a Joseph L. Lagrange, que afirma
que todo natural pode ser escrito como uma soma de quatro quadrados. Para
tanto, observamos inicialmente que vale a seguinte generalização do lema
7.31: se dois naturais m e n podem ser escritos como somas de quatro
quadrados, então mn também pode ser escrito como uma soma de quatro
quadrados. De fato, se m = a? + b? + @ + d? e n = w? + x? + y? + 22,0
leitor pode verificar sem dificuldade que! mn = (aw — bz — cy — dz)? +
(ax + bw + cz — dy)? | + (ay — bz + cw + dx)? + (az + by — ex + dw)*.
(7.9) De posse de tal resultado, faça os seguintes itens: lPara uma prova
natural da identidade em questão, referimos o leitor ao problema 1.1.9 da
segunda edição do volume 6.
208 Raízes Primitivas e Resíduos Quadráticos (a) Sejam p primo,
S = {x°; reZpjeS'=(-1-y y E S}. Prove que SN S Æ Í. (b) Conclua que, se p
é primo, então existem x,y, m € Z tais que 1 < m < pe xr? +y? +1 = mp. (c)
Sejam p um primo e 1 < m < p tal que mp = z? + 25 + | J x3 + z4, onde os
x;'s são inteiros. Se —™% < y; < 5 é tal | | CAPITU LO e “que x; = y
(modm), prove que existe 1 < r < m tal que l rp =y] + yo + Y3 + ya (d)
Mostre que todo número natural pode ser escrito como uma soma de quatro
quadrados. Sugestões e Soluções o | 6. O propósito deste problema é
encontrar todos os n € N para os am | quais existe m € N tal que 2” — 1
divide m? + 9. Para tanto, k 7 faça os dois itens a seguir: | | (a) Mostre, por
contradição, que, se 2” — 1 divide m? + 9 para à | algum m € N, então n é
uma potência de 2 | Wi o | 1 z Hil 7 o . E É W | (b) Se n = 2º mostre, por
indução sobre k, que existe my € N | Seção 1.1 n — 1 divide mg + 9. 1 ` . | |
PORNE G p t | l. Sen = (apar- ...a1a0)10 é a representação decimal do
natural n, Ca | | então n = 3 9a;10?. Use, agora, o resultado do exemplo 1.4 e
o à PEE j=0 “J f E corolário 1.9. tal E | 2. Escreva 10% = (11 — 1)* e
desenvolva o binômio do segundo membro. i k ] E a E no 1 3. Escreva n =
5, j=0 4;10? e use o resultado do problema anterior, junE a Toa A Roo | i
tamente com o corolário 1.9. 4. Seja n = (abc)io a representação decimal de
n; use o resultado do problema anterior para concluir que a — b + c = 0 ou
11. 5. de n tiver k algarismos, use as condições do enunciado para mostrar
que 9% > 10%k-D — 10% — 22 e, daí, concluir que k = 1 ou 2. 6. Para a €
N, comece observando que (a+1)(a+2)... (a+n) = E}. a! 209
10. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Sugestões e Soluções Comece
mostrando que um número natural é múltiplo de 10 se, e só se, for
simultaneamente múltiplo de 2 e de 5. Assim, como O RUMO em questão é
claramente par, basta mostrarmos que é um múltiplo de 5; para tanto, use O
resultado do exemplo 1.3. “Use o resultado do item (b) do exemplo 1.3. .
No item (c), para mostrar que S C Zm, use o algoritmo da divisão e a
minimalidade de m. Comece analisando a primeira parte do problema e,
para tanto, escreva 264 + 1 = (28º — 1) + 2 e fatore 964 1. Para os itens de
(a) a (e), é suficiente aplicar judiciosamente os itens (a) e (b) do problema
anterior. Quanto ao item (f), comece utilizando o resultado do item (b).
Comece analisando o caso em que x pertence a um intervalo do tipo (n,n +
$), para algum n € Z. | ; 2 b2 Comece mostrando que, nas condições do
enunciado, temos % + a E 1 > d+ 1 + ab e, daí, que 1 + (a +b-— 1)(a? + b°
— ab) > ab’. a Conclua, por fim, que a > b => b = 1. Desenvolvendo a
igualdade do enunciado, obtemos (x + y)(z + 2) = 9x2. Conclua que um dos
membros dessa última igualdade é um múltiplo de 4, enquanto o outro não
o é. Aplique os itens (a) e (b) do corolário 1.8. Para o item (b), use o
resultado de (a); quanto a (a), escreva n = Tq +r, com r = 0,1,2,3,4,5 ou 6, e
calcule nº. Certamente n > 1 e podemos supor que £ < y < 2; se x = y,
mostre que n = 2; se x < y, temos 1 = ny? (n? — 1). Para k > 5, mostre que
o último algarismo de k! é 0; use, em seguida, o resultado do exemplo 1.10.
211 20. Use o resultado do exemplo 1.10. 21. Para o item (a), escreva n =
2”q, onde r é um inteiro não negativo e q um natural ímpar. Conclua, então,
que q = 1. Seção 1.2 1. Use o algoritmo de Euclides. 2 Dem E 1)(n + 1);
calcule, agora, os possíveis valores de mdc (n — 1,n + 1) e, em seguida,
utilize o item (b) do corolário 1.22. 3. Mostre que, se existir um natural que
é termo de ambas as PA's, então existirá uma infinidade de naturais que são
termos das mesmas; para a caracterização da existência de um natural que
seja termo comum das PA's, use a proposição 1.25. 4. Trabalhe novamente
o problema 10, página 11. 5. Comece mostrando que o mdc que se quer
calcular divide (n + 1)! — nt=ne-nl. | 6. Sed = mdc (a,b), escreva a = du e b
= dv, de sorte que mdc (u, v) = 1. Então ab | (a? + b?) se, e só se, uv | (u? +
v2). Nesse caso, como u,v | uv, temos que u,v | (u? + v?) e, daí, u | v2 e v |
u?. Mas, uma vez que mdc (u,v) = 1 implica mdc (u,v?) = mdc (u?, v) = 1,
tais relações de divisibilidade implicam u = v = 1. Assim, a = b = d.
Alternativamente, escreva a? + b? = abk, com k € N, e examine o
discriminante da equação de segundo grau z? — (bk)x +b? = 0, a qual tem a
raiz natural a. 7. Analise primeiro o caso mdc (a,b) = 1. Nesse caso, mostre
que a diagonal principal não pode tocar um quadradinho somente em um
vértice e que ela intersecta a coluna de quadradinhos entre x = j e z=j+1 em
exatamente [2(j +1)|+1-— |j] quadradinhos.
212 10. 11. 12. 13. Sugestões e Soluções Sendo do mdc
procurado, segue do teorema das colunas do triângulo de Pascal — cf.
proposição 6.5 do volume 1 — que d divide a soma (o dos números dados.
portanto, d divide Gre — A = o: Conclua, a partir daí e com o auxílio da
relação de Stiefel (cf. proposição 6.3 do volume 1), que d divide Ro (a ni
Bad Por fim, argumente indutivamente. Se déo mdc dos números binomais
dados, então d é uma potência de 2, uma vez que d divide sua soma, a qual
vale 2271. Escreva n = 2*q, com q € N ímpar, e mostre que (0 1)=*" rea n
la a) conclua, a partir daí, que 2*+! divide todos os binomiais dados. Se d =
mdc(n?+k,(n+1)2+k), então d | [((n +1)? + k) — (n? + k)]; logo, d | [(2n +
1)? — 4(n? + k)], e é fácil concluir, a partir daí, que d | (4k + 1), de sorte
que d < 4k + 1. Exiba, agora, um valor den para o qual o mdc
correspondente seja igual a 4k + 1. Comece escrevendo a = du e b = dv,
onde d = mdc (a,b) e, por conseguinte, mdc (u,v) = 1; conclua, em seguida,
que u,v | c e, daí, que uv | c. | Faça z? + y? — x = 2rym, com m € N; em
seguida, considerando tal igualdade como uma equação de segundo grau em
x, mostre que o fato de x ser inteiro garante que o discriminante A = (2ym +
1)? — 4y? = (Qum+1—2y)(Qym+1+2y) deve ser um quadrado perfeito.
Por fim, mostre que mdc (2ym + 1 — 2y,2ym + 1 + 2y) = 1 e use o
resultado do corolário 1.22. | Mostre inicialmente, com o auxílio do
princípio da casa dos pombos — cf. seção 4.1 do volume 4 — que ao
menos um dos cinco naturais ímpares em nosso conjunto não é múltiplo de
3, 5 ou 7; em seguida, prove que tal número é primo com os outros nove.
mdc(y, 2) = 1. 14. l5. 16. 17. 18. 19. 20. 21; 213 Escreva aj + b = m| E | + rj,
com O < rj < m; em seguida, use a condição mdc (a,m) = 1 para concluir
que ro, r1, ..., Tm-1 são dois a dois distintos. Escreva r = gu, n = gv, com
mdc(u,v) = 1; em seguida, faça (tl = — |% | e use o resultado do problema
anterior. Escreva mdc (m,n) = ma + ny, com x,y E€ Z. Utilize o resultado do
item (a) do problema 5.11 do volume 1. Prove o item (a) por indução sobre
n e o item (b) por indução sobre k. Quanto ao item (c), para o subitem (i)
use (b) para mostrar, também por indução, que Fn | Fang; para o subitem
(ii), use (i) e (a); para (iii), faça uma prova por indução sobre q > 0,
utilizando (b) e (ii) no passo de indução. Por fim, para o item (d), adapte o
algoritmo de Euclides à situação em questão, com o auxílio do item (c).
Adapte, ao presente caso, os passos e sugestões do problema anterior. Para
o item (a), sejam u e v naturais tais que au — bv = 1. O fato de ser n > ab
nos dá nau — nbv = n > ab e, daí, 5 — — > 1; portanto, existe um inteiro t
tal que | < t < Si faça x = nu—bt e y = at—nv. Agora, obtenha (b)
argumentando por contradição e reduza (c) a (a) e (d) a (b). Quanto a (e),
faça S = ab — a — b e mostre que, para 0 a. Analogamente, y+ 1 > bez+1
>c. Mas aí, (x+ 1)be + (y + 1)ac + (z + 1)ab > a- bc +b- ac+ cab = 3abc, o
que é uma contradição. (b) Se n > 2abc — ab — bc — ca, então n > a-bc—
a—bc eo problema anterior garante (a e bc são primos entre
214 22: 25. 24. Sugestões e Soluções si) a existência de inteiros
x,t € Z, tais que n = zbc+ ta. Sem perda de generalidade, podemos supor que
O < x a escreva £ = aq + x’, com 0 < x’ < a, obtendo n = x'bc + (t + qbc)a.
(c) Sendo x < a — 1, temos ta = n — zbe > (2abc — ab — be — ca) — (a
— 1)bc = abc — ab — ac, donde t > be— b — c. Mas, como b e c são
primos entre si, novamente pelo resultado do problema anterior existem y,z
€ Z, tais que t = bz + cy. (d) Nas notações dos itens anteriores, temos n =
zbe + ta = xbe + (bz + cy)a = zbe + yac + zab. Adapte os passos descritos
no problema anterior e faça indução sobre n > 2. Para a primeira parte do
item (a), use indução. ` Para o item (b), mostre que, se 0 < a1 < a2 < a3 < :-
* < an—1 São os restos obtidos na execução do algoritmo de Euclides para
o cálculo do mdc de a = an+1 € b = an (sendo a, | O primeiro resto, etc, ay o
último), então a; > F;-1, para 1 < j < n. Por fim, mostre que (c) segue de (a)
e de (b). Sejam k o único inteiro positivo tal que 2? < n < 9H e M = mmc
(1,2,...,n). Mostre que 2* | M e que com “m ímpar se, e só se, j = 98 o Seção
1.3 l. Use o fato de que p +q é par e, se p < q, então p < pia < q, de sorte que
(p + q)/2. 215 m _ SA2k411 k 1 _ 7/2 5 1. . Comece escrevendo | = 514 &
— 25,1 37 = 2 j=k4l 7» em seguida, agrupe as parcelas dessa última soma
de duas em duas, para escrevê-la como uma soma de frações com
numeradores todos iguais a 3k + 2 = p, e use o fato de p ser primo. -
Podemos supor x Æ y. Sex < y, prove que x < p < y e, daí, que mdc (p,x) =
1. Escreva 2xy = p(x + y) para concluir que p | y. Faça y = pz para obter z =
Mn concluindo, daí, que (2x — p) | 2x e, então, que (2x — p) | p. - Comece
considerando separadamente os casos n = 6k,6k-+1,...,6k+ o. Para n = 6k,
por exemplo, use o fato de que k, 2k + 1, 3Sk+1 e 6k + 1 são dois a dois
primos entre si para concluir que k = 1. . Comece utilizando a condição do
enunciado para mostrar que n | an e, daí, que se p é um primo que não
divide n, então p | an. . Para o item (a), use o teorema fundamental da
aritmética (para cuja prova não utilizamos a infinitude dos primos). Para a
primeira parte do item (b) use, além do resultado do item (a), o princípio
fundamental da contagem. Por fim, mostre que o resultado de (b) gera a
desigualdade n < 2% yn, a qual, por sua vez, gera uma contradição. - Em
cada um dos casos em questão, imite a ideia da prova do exemplo 1.39.
Para tanto, observe que todo primo p Æ 3 é da forma 3k + 1 e todo primo p
Æ 2,3 é da forma 6k + 1. . Fatore 2? — 1 e use o resultado do problema 4,
página 31. . Use a identidade de Lagrange — cf. exemplo 6.12 do volume 1
ou exemplo 2.8 do volume 4 — para escrever qa! em seguida, use O
resultado do exemplo 1.41. Alternativamente, escreva (27) 9 (P+U(p+2)...
(Qp—1) p 1.2...(p—1) e mostre que p divide (p+1)(p+2)...(2Qp-1D) —1-
2...(p—1). a
216 10. 11. 12. 16. 13. 14. 15. 17. Sugestões e Soluções Para o
item (a), mostre que, se n não for uma potência de 2, então é possível
fatorar a” + 1; argumente analogamente quanto ao item (b). Considere
separadamente os casos n par e n ímpar; no caso n = 4k, 1,n); no caso n =
4k + 2, calcule mde (2 — 2, n); ; > 1 por fim, no caso n ímpar, calcule mdc
(n, nt), calcule mdc (> — Fatore Cm-+j — Ck €, em seguida, aplique o
resultado do problema 6, página 10. a Z d sd En Pk Se n = pi. i é a fatoração
canônica de n, escreva u = pi... Ph e v = p” D , com ĝi, yi > 0, e calcule
quantos são os pares ordenados (8;, yi) tais que max{ĝ;, yi} = ai. Aplique,
em seguida, o corolário 1.47. | Escreva ;y = 5, com mdc (c,d) = 1, e deduza
que b = q ea= gr, 2d — dyº; no para algum x € N. Conclua, então, que x = 1
ou cx segundo caso, analise separadamente os subcasos c < 2d, c = 2d e c>
2d. Se n for ímpar, então não há soluções, uma vez que ambos os membros
da igualdade do enunciado têm paridades distintas. Se n for par, então n = 5
+ d + dá, com d3 e d4 com paridades distintas. Se n for múltiplo de 4,
mostre que n = p? +21, onde p é o menor primo ímpar que divide n e, então,
que p | 21; conclua que não há soluções nesse caso. Se n for da forma 4k +
2, mostre que n = 5(p + 1), onde pé o menor primo ímpar que divide n.
Conclua, a partir daí, que p = 5 e, então, que n = 130. Sendo n = dadas = =
diaga = dı5q15, com q13, q14, qı15 € N, a condição E X | (b) equivale a as
po T + as T, l; a então, obtendo todos os a < b< c naturais tais que + + 5 > +
É =. Examinando os casos 1 < n 0, 8 > 1, e note que a relação do enunciado
se reduz à equação 3(a + 1)(8 + 1)(ky + 1) --- (kt + 1) = 2°3fp*! .. pr,
Conclua, a partir daí, que 8 = 1 ou 2 e que n não possui outros fatores
primos; em seguida, analise cada um de tais casos. Fixado um primo p
qualquer, basta mostrar que ep(2m) + ep(2n) > ep(m) + ep(n) + ep(m +n).
Para tanto, use a fórmula de Legendre e o item (f) do problema 12, página
11. Para o item (a), use a fórmula de Legendre para mostrar que es(2n) >
2e2(n) + 1, para todo n € N - alternativamente, veja o problema 6.2.18 do
volume 1. Para o item (b), refine os cálculos do item (a) para mostrar que
e2(2n) > potência de 2 2eo(n) + 2 se, e só se, n não for uma Escreva n = ao
+ a1 : 2 + ag: 22 +0 < j < m, de sorte que ao + a + --+ am2”, com a; € {0,1}
para + am = k. Calcule k . [| =t+Haml+ tam 28 e, em seguida, use a fórmula
de Legendre para mostrar que es(n) = n — k.
218 22. 23. 24. 25. Sugestões e Soluções Sejam p primo e t € N
tais que (a + kb)(b + ka) = p*. Supondo, sem perda de generalidade, que a <
b, temos a + kb > b+ ka > 1, de sorte que existem r,s E€ Z tais que 1 < r < s,
r+s=te a+ kb = p° e b+ ka = p". Conclua que (b + ka) | (a + kb) e,
escrevendo atko = k — (ea, que (b + ka) | (k? — 1). Considere, agora, dois
casos separadamente: (i) sep > 2, use o fato de que b + ka é uma potência de
p e mdc (k — 1,k + 1) < 2 para concluir que b + ka divide k — 1 ou k + 1,
de sorte que b + ka < k+1e, então, b = a = 1. Conclua que, nesse caso, as
soluções são os ternos (a,b, k) = (1,1,p” — 1), para todos r > 1 e p > 2
primo. (ii) Se p = 2, comece observando que ao menos um dentre a e b é
ímpar e, portanto, que k também é ímpar. Agora, como (b+ ka) | (k? — 1) e
b+ ka = 2", mostre que (b+ka) | 2(k+1) ou 2(k—1); em particular, b+ka <
2k+2 e, daí, a = 1 ou 2. Se a = 2, chegue a uma contradição; se a = 1, temos
que (b + k) | 2(k + 1) ou k — 1, o que suscita a análise de dois subcasos:
(b+ k) | (2k +2) ou (b+ k) | (2k —2). No primeiro subcaso, mostre que b = k
+ 2 ou b = 1. Se b = 1, conclua que k = 2" — 1; se b = k + 2, escreva s = 9u
para obter (a,b, k) = (1,2 +1,2” — 1), para todo u € N. No segundo subcaso,
mostre que b = k — 2 e, em seguida, faça s = 2u para obter (a,b, k) = (1,22
— 1,22 + 1), para todo u E N. Para o item (a), use o resultado do problema
4, página 31, juntamente com o fato de que plg") = q, para todo k > 0. Para
o item (b), fatore q?" — 1 e use a minimalidade de k para concluir que não
pode — k—1 ser plq?" — 1)> pl? ). Escolha um primo p maior que 1 +2 + -
-- + 1000 e mostre que o conjunto A = {p, 2p, 3p, . . . , 1000p} satisfaz as
condições do enunciado. Setéo produto dos primos menores ou iguais a m,
defina y = T4, onde p; é um primo maior que t. Sendo p o maior divisor
primo de yı e p = pr na sequência dos primos, defina y2 = £t, com tz > r,ty,
e se convença de que mdc (y1, Y2) = 1. Escolhidos elementos yı = £t < -++
< Yj = T4; de A satisfazendo a condição do item (b), com j < m, 219 seja p
o maior fator primo de y; e p = pr na sequência dos primos; defina y;41 =
Tt; COM tj+1 > r,tj. Prossiga dessa maneira até que j = m, mostrando, em
seguida, que o conjunto B assim obtido também satisfaz a condição (c).
Seção 2.1 1. Se (x0,y0,20) é uma solução, então (xoa”™t, yoga” +, zoa”)
também é solução; agora, obtenha uma solução com z = y = k + 1. . Use a
proposição 2.1 para escrever x + y, y +z e x +z em termos de parâmetros u,
v e d, como prescrito por aquele resultado. . Imite a prova da proposição
2.1. Mais precisamente, se x,y,z > 0, comece observando que z — x e z + x
são ambos pares e, se d = mde (257, #47), então a igualdade (5) (E) =2(8)
garante a existência de u,v € Z tais que 57 = 202, er = uų?; agora, mostre
que mdc (u, 2v) = 1. . Use o método da descida de Fermat em cada um dos
itens acima, nos moldes dos exemplos 2.3 e 2.4. Especificamente para o
item (d), comece mostrando que x e y deixam restos iguais quando
divididos por 3; em seguida, calculando (3k + r)’, conclua que, se x e y não
forem múltiplos de 3, então z? + 5yº não será múltiplo de 9. . Comece
escrevendo x = u—v e y = u+v, com u,v € Q e, em seguida, u=Sev= a com
a,b,c E Z e mdc (b,c) = 1. Em seguida, para o item (a) utilize o resultado do
exemplo 2.3; para o item (b), adapte a demonstração da proposição 2.1 para
resolver a equação 3a? +b? = c2. . Se z for ímpar, use o resultado do item
(c) do corolário 1.8 para mostrar que não há soluções. Se z for par, use o
item (b) do mesmo
220 Sugestões e Soluções resultado para concluir que w, x e y
também são pares e, em seguida, aplique o método da descida de Fermat.
Multiplique a igualdade do enunciado por 4, complete quadrados e reduza
2x +3, 2y +3 e 22 +3 a um mesmo denominador comum para reduzir o
problema em questão ao problema anterior. Se a e b são os catetos e c é à
hipotenusa de um desses triângulos, então o teorema de Pitágoras nos dá a?
+b? = c?; por outro lado, o resultado da proposição 3.37 do volume 2
fornece a relação a4+b— c = 2r. Use as fórmulas da proposição 2.1 na
primeira igualdade, substituindo-as, em seguida, na segunda igualdade para
obter v(u — v) = r; a partir daí, mostre que mdc (v, u — v) = 1 e conclua
que há 2% escolhas possíveis para v, após O quê u estará completamente
determinado. Para ver que os triângulos assim obtidos são dois a dois não
congruentes, veja que 2 2 =u += (v+) H Eare r V v 2 2 ) com 2v + iz = 2v3
+ se, € SÓ Se, V1 = V2. . Comece fazendo A; Às igual a um diâmetro do
círculo; em seguida, use (2.1) para escolher pontos 43, ..., An tais que AA; e
Ag4A; sejam racionais, para 3 < i < n; por fim, use o teorema de Ptolomeu
(teorema 4.17 do volume 2) para mostrar que 4,4; também é racional. |
Seção 2.2 E 3. Substitua d = 4k + 3, m = 4l + 3 e use o corolário 1.8. Imite a
discussão do exemplo 2.6, observando que x = y = 1 é uma solução da
equação. Multiplique a igualdade n?+(n +1)? = m? por 2, complete
quadrados e use o resultado do problema anterior. 221 l Se z? — dy? = m e
a° — db? = 1, com a,b € N, então (a — bv'd)(zo + yov'd) - (a + bv'd)(£o +
yov'd) = m ou, ainda, | (azo + bdyo) — (ayo + bzo) Vd][(azo + bdyo) +
(ago + bao) vd] = m, de sorte que t1 = azo + bdyo e yı = ayo + bzo também
resolvem a equação do enunciado. Observe, agora, que r? + dy? — (a? +
db?) (xá + dy) + 4abzoyod > ré + dy, de sorte que (x1, Y1) Æ (£0, Y0). .
Completando quadrados, conclua que a equação dada é equivalente à
equação (2x + y)? — 5y? = 4. Use, agora, o resultado do problema anterior,
observando que x = y = 1 é uma solução da equação original. . Imitando o
argumento do problema 5, mostre que, se u,v € N são tais que u? — Av? =
1, então a := uzo — Avyo e B = uyo — vzo é solução inteira de z? — Ay? =
4an. Agora, observe que ax + bry + cy? =n > (2ax + by)? — Ay? = 4an, de
sorte que, para gerar uma solução inteira da equação ax? + bzy + cy? = n, é
suficiente mostrar ser possível resolver, em Z, o sistema linear | 2ax + by =
q | y=p5 Tal tarefa, por sua vez, equivale a mostrar que 2a | (œ — d8), o que
pode ser feito escrevendo a — dB = (uzo — Avyo) — b(uyo — vzo) = u(xo
— byo) + bu(xo = byo) EE 4acvyo, expressão que é igual a uma soma de
múltiplos de 2a.
222 Sugestões e Soluções Capítulo 3 2 0. Prove primeiro que
[loan 4 = Ioc 24/n. Agora, some tais desigualdades sobre todos os divisores
positivos de n. . Para a segunda equação, mostre que um par (x,y) é solução
se, e n2 nFy’ maior que n; utilize agora o exemplo 1.46 e (3.3) para concluir
que que há exatamente 5(d(n?) — 1) possibilidades para y e, portanto, Só
se, £T = N — de modo que n + y deve ser um divisor de n? para (x,y).
Quanto à primeira equação, imite a sugestão apresentada para a segunda
equação para concluir que há d(n?) soluções. Por fim, some os números de
soluções das duas equações para obter a equação 3d(n?) = 157, a qual não
possui soluções. . Para o item (a), use o resultado do lema 3.3. Para o item
(b), se mdc (m,n) = 1, use o resultado do item (a) para calcular |Di(mn)| —
|Ds(mn)| em função de |Di(m)| — |Ds(m)| e |Di(n)| — |Ds(n)|. Por fim,
aplique indução. . Para o item (a), multiplique ambos os membros da
igualdade desejada por n. Para o item (b), calcule diretamente a soma dos
divisores positivos de 2?" !(2P — 1). . A segunda parte de (b) utiliza o item
(b) do problema 10, página. 48. . Mostre que s(ab) > s(a)b, para todos a,b €
N. Para tanto, exiba, em função dos divisores positivos de a, um conjunto
de divisores positivos de ab cuja soma seja igual a s(a)b. . Aplique a
proposição 3.4. Aplique a proposição 3.4. 11. 12: 13. 14. 15. 17. 18. 20. 21.
223 Conclua, a partir da proposição 3.4 e do problema 1, que ambos os
membros da igualdade acima podėm ser vistos como funções aritméticas
multiplicativas, F e G digamos. Em seguida, se p é primo e a € N, mostre
que F(p%) = G(pº). Aplique contagem dupla — cf. seção 2.2 do volume 4
—, mostrando inicialmente que, para 1 < j < n, o primeiro membro conta
f(j) exatamente |7] vezes. Comece aplicando o resultado do problema
anterior; em seguida, aplique a proposição 3.4 para mostrar que F(m) = 1 se
m for um quadrado perfeito e F(m) = 0 caso contrário. Se f(j) = 1 para j E
Ne F(n) = > ocam f(d), então F(n) = d(n), para n € N. Agora, aplique o
resultado do problema 12. Use a fórmula de inversão de Möbius e o
resultado do problema 1. Use o resultado da proposição 3.4. Comece
provando que, fixado um divisor positivo d de m, há exatamente 7 - «o(d)
pares ordenados (d,n) como pede o enunciado. Em seguida, o resultado do
corolário 3.13. Para (a), use o item (a) do problema 19. Para (b), escreva
Sm(n) = >S (n—a;)” e desenvolva o binômio (n—a;)”. Para a primeira parte
de (c), use (b); quanto à segunda parte, considere separadamente os casos n
par e n ímpar e aplique a conclusão do item (a) no caso em que n é par. Para
o item (a), escolha d de tal forma que mdc (m,n) = 4 e a tal quem = 5 - a;
conclua, então, que mdc(a,d) = 1. Para o item (b), use o resultado de (a)
para mostrar que > q.djm a Sula = 1º 498 4... +n". Para o item (c), aplique a
fórmula de inversão de Möbius ao resultado do item (b). Por fim, para os
itens (d) e (e), use a fórmula do item (c).
224 Sugestões e Soluções Seção 4.1 1. 2. 3. Use o teorema do
número primo. Use o lema 4.3 em conjunção com (4.4). Use o lema 4.3 e o
teorema 4.7. Para a primeira parte do item (a), use o fato de que, se n < p <
2n, com p primo, então mdc (n!,p) = 1; para a segunda parte, use a fórmula
do desenvolvimento binomial. Para o item (b) use (a), juntamente com o
fato de que o número de primos p tais que n < p < 2n é exatamente 7(2n) —
m(n). Para a segunda parte do item (d), use o fato de que z > rB er+2< oz
para q > 8. Para o item (d), verifique os casos 2 < n < 8 diretamente; em
seguida, prove os demais casos por indução sobre n > 8. Por fim, para o
item (e), use os itens (c) e (d), juntamente com a desigualdade (óbvia) m(x)
< 2/5] +2. Seção 4.2 l. 2; Pelo teorema de Chebyschev, há pelo menos um
primo entre p, e 2pn. Se p é o maior primo que é menor ou igual a n, utilize
o teorema de Chebyschev para mostrar que 2p > n. Se n = 2k, escreva
1!2!... n! = 25k!(3!5!... , (2k —1)!)? e, em seguida, aplique o resultado do
problema anterior. O caso n = 2k + 1 pode ser tratado de modo análogo. Se
p e q denotam os maiores primos respectivamente menores ou iguais a m
ean, use o resultado do problema 2 para comparar as maiores potências de p
e de q em ambos os membros da equação dada. . Comece utilizando o
resultado do problema 2 para mostrar que n = p, um número primo, para o
quê siga uma argumentação análoga à delineada na sugestão ao problema
anterior. Em seguida, se q é o 225 maior primo menor ou igual a p— 1,
conclua que m > 2q. Por fim, use a observação que antecede o enunciado
deste problema para concluir que q < 5 e, portanto, que p — 1 < 6. As
soluções são m = n = 2 ou m= 10, n = 7. . Sejam n > 1 um natural
satisfazendo as condições do enunciado e p < yn um número primo. Então p
| n, pois, do contrário, teríamos p? < n e mde (n, p?) = 1. Assim, n é
divisível por pı,..., pp, onde pı 1, há pelo menos dois primos entre 2% e
2*t+1 temos que pı “Dk > 2(2º . O = n Assim, , PR E o est cd de forma que |
< 2. Há, pois, três casos a considerar: (i) | = 0: nesse caso, temos 1 < n < 4, e
é imediato verificar que n = 2, 3 são soluções. (un) | = 1: temos que 4 < n <
16 e 2 | n, de forma que n € 14,6,8,10, 12,14). Uma rápida inspeção garante
que as soluções são n = 4,6,8 ou 12. (iii) | = 2: temos, nesse caso, que 16 < n
< 64 e 2,3 | n. Portanto, n € {18, 24, 30, 36, 42, 48, 54,60}. Novamente uma
inspeção simples dessas possibilidades fornece as soluções: n = 18, 24 ou
30. Seção 5.1 1. Argumente por indução sobre nm.
226 fes 10. 11. 13. 14. Sugestões e Soluções Use congruências
para calcular o resto da divisão do número dado por 4. Em seguida, aplique
o resultado da proposição 5.9. Para k € Z}, mostre que 7%* = 1(mod10),
7*tl = 7(mod10), 7^k+2 = —1 (mod10) e 7º*t3 = 3 (mod 10); em seguida,
calcule o 910 resto da divisão de por 4. . Se todos os divisores primos de n
fossem congruentes a 1, módulo 4, use as propriedades elementares de
congruências para concluir que deveríamos ter n = 1 (mod 4). A primeira
igualdade nos dá 232 + 228 . 5º = 0 (mod 641); a segunda, 228 . 54 = (—1)º
(mod 641). Suponha que a representação decimal de n tenha k + 1
algarismos e seja m o natural formado pelos k primeiros algarismos de n.
Mostre que a condição do enunciado equivale à igualdade 6 - 10" +m =
4(10m + 6) ou, ainda, 3: 10º = 13m + 12; a partir daí, conclua que basta
encontrar os naturais k tais que 10% = 4(mod 13). Comece observando que
2” + 3” = O(mod7) se, e só se, 6” + 9” = 0 (mod 7), o que, por sua vez,
equivale a (—1)” + 2” = 0 (mod 7). Em seguida, calcule as possíveis
congruências de 2”, módulo 7. Use congruências para mostrar que os restos
das divisões dos números de Fibonacci por 5 formam uma sequência
periódica. Use congruência módulo 3 para mostrar que p ou q deve ser
múltiplo de 3 e, daí, igual a 3; em seguida, supondo q = 3, escreva,
p*+9p+9 = n? e resolva tal igualdade para p. Aplique o item (e) da
Proposição 5.9. Use módulo 3 para concluir que m é par. Em seguida, fatore
koom e argumente como no exemplo 5.11. Se n > 5, conclua que m? = 3
(mod 10) e, daí, que p > 2. Em seguida, use módulo 3 para concluir que 3 |
m e, portanto, que 27 | m?. Por fim, use módulo 27 para concluir que não há
soluções quando n > 9. l5. 16. 17. 18. 19. 20. 227 Use módulo 3 para
mostrar que z é par, digamos z = 2t; em seguida, fatore 5% — 4% e
argumente como no exemplo 5.11. Se y = 1, então p = 2 e z = 1; se y > 1,
escreva p” = (y+1)(y?—y+1) e mostre que, se d = mde (y + 1, y? — y + 1),
então d = 1 ou 3. Por fim, considere separadamente os casos d = 1 e d = 3.
Escreva a = 2a e b = 26, com k,l > 1e a, 5 ímpares. Mostre, a partir daí, que
kb = la e a? +8º = 2ºkb e use módulo 4 para concluir quea=5S=l1le a = 4.
Por fim, analisando a função f(x) = 5, mostre que, se k,l > 4, então k = 1.
Inicialmente, mostre que basta considerar o caso b = a”. Para tal caso, faça
indução sobre n > 0, utilizando congruência módulo a no passo de indução.
Comece analisando a equação, módulo 3, para concluir que b é par. Em
seguida, faça b = 2c e conclua que 2+1 = 15% + 1 ou 2% — 3º + 5°. Faça d
= c+ 1 e, no primeiro caso, use módulo 3 para concluir que d é par e, em
seguida, que 24/2 — 1 = 3% e 24/2 41 = 5°, No segundo caso, use módulo
4 para concluir que a é ímpar, de sorte que, se c — 2 > 0, temos l R g A n
=a(mod2); conclua, pois, que c— 2 = 0. Utilizando o fato de que 1992 =
24.83, mostre que o resto da divisão de 101ºº2 por 108º + 7 é 72. Em
seguida, se q E N é tal que 101992 = (108 + 7)q + 7%, use congruências
módulo 10 para calcular o último algarismo de q. Seção 5.2 1. Use o
pequeno teorema de Fermat com p = 7.
228 Sugestões e Soluções Considere, inicialmente, os casos p =
2,3,5. Se p É 2,3,5, escreva a "diferença acima como (as 10 = 10º) 4 2(4-
107 = 10) + +9(0=1), onde a = 11...1; em seguida, aplique o pequeno
teorema de Fermat p para concluir que a = 1 (mod p) e para analisar o resto
da divisão de cada parcela da soma acima por p. Mostre que, módulo 2n +
1, o j—ésimo termo da sequência vai para a posição 2*j após k > 1
operações; em seguida, use o pequeno teorema; de Fermat. Inicialmente,
use módulo 11 para concluir que não há soluções tais que x = O(mod11);
sex Æ O(mod11), use o pequeno teorema de Fermat para concluir que 11
divide zë + 1 ou xº — 1 e, daí, que y? = —5 ou —3 (mod 11). Por fim,
mostre que tais congruências não têm soluções. Podemos supor p > 2; nesse
caso, se n = pq +r, o pequeno teorema de Fermat garante que basta
encontrarmos um inteiro 0 < r < p tal que 29+" = r (mod p) para infinitos
naturais q. Escolha r = 1 e, a partir daí, infinitos q's. Suponha que exista um
inteiro n > 1 tal que n | (3? — 2”). Se p é o menor fator primo de n, com n =
mp, use o pequeno teorema “de Fermat para concluir que 3™ = 2™
(modp). Em seguida, use a minimalidade de p para concluir que mdc (m,p
— 1) = 1. Por fim, escreva max = (p — 1)y + 1, com x,y € N, e use
novamente o pequeno teorema de Fermat para chegar a uma contradição.
Para o item (b), comece usando o fato de que mdc (p,q — 1) = 1 para
escrever pz = (q — l)y + 1, com x,y € N. Em seguida, use o pequeno
teorema de Fermat. Se k é o número de algarismos de 5”, mostre que a
condição do enunciado equivale a 5™ — 5” = O0(mod 10"); prove que n >
ke 10. 11. 12. 229 conclua, a partir daí, que devemos ter 57” = 1 (mod 28).
Use, então, o teorema de Euler. Com a ajuda do teorema de Euler, prove
primeiro que, se l for ímpar, então mdc (220m — 81) = 1, para todo m € N;
em seguida, escolha k1,..., kn indutivamente. Use a fórmula de inversão de
Möbius para obter an = > ,ocdm u(d)2a. Em seguida, use o teorema de
Euler para mostrar que, se p é primo e p“ é a maior potência de p que divide
n, então pº | an. Para tal fim, escreva n = pºk, com mdc (k,p) = 1, e, a partir
daí, mn => ups dart upar | o Re [AN kS) al? | Es ATN Q Ner No a O 1
mínimo como em (a), use que mdc (28/ di IR 1) = 1 para concluir que
existem | < k primos dentre p1,...,pk, digamos p;,...,py, tais que 2/2 — 1 = D
ral; em seguida, se b = (pı — 1)... (pı—1), use o fato de (22 — 1) | (2/2 —1)
para contradizer a minimalidade de k. Para o item (b), use o pequeno
teorema de Fermat. Para (f), se q { x, mostre que z(4-1/2 = +1 (modq), e
analogamente para y(-D/2 e z(471)/2. em seguida, use a igualdade x(1-1/2
pyla-)/2 + Ma-D/2 = 0, juntamente com q > 5, para chegar a uma
contradição. Por fim, para (g) ii., observe que, se q | a e mdc (a, d) = 1,
então q 1d.
230 Sugestões e Soluções 13. Para o item (e), você precisará
utilizar o resultado do exemplo 3.14, Para o item (h), mostre primeiro que
qn = 2"! + (2º! — 1), para todo inteiro n > 1; em seguida, use o pequeno
teorema de Fermat para mostrar que, se qı for um primo ímpar, então é
possível escolher n > 2 tal que q | qnSeção 5.3 1. Provemos os dois itens
simultaneamente. Se x é um inteiro tal que ax = b (mod n), então temos ax
= nq+b, para algum q € Z. Portanto, b = xa + (—q)n, uma combinação
linear de a e n, e segue do teorema de Bézout que mdc (a,n) | b. Suponha,
pois, que mdc (a,n) = d e que d | b. Então Mas, como mdc ($, 7) = 1, a
existência de solução segue do corolário 5.25. Para o que falta, observe que
n n ax = axo (mod n) & £ = £0 (mod 5) S £ = t0 + — t, ItEZ. d A Por outro
lado, é imediato que qt = 10 + ato (mod n) St =t (mod d), de maneira que há
tantas soluções para a equação original incongruenPoF tes, módulo n,
quantos forem os valores de t incongruentes, módulo d, i.e., a equação
original tem exatamente d = mdc (a,n) soluções incongruentes módulo n. Se
a congruência em questão possui solução, utilize o teorema de Bézout,
juntamente com o item (d) da proposição 5.6, para mostrar que o mdc entre
mdc (a1, a2,...,aķ) e n divide b. Em seguida, observe que mdc (mdc
(a1,a2,... ak) n) = mde(a1,a2,...,Gk, n). (8.1) 231 Para a recíproca, utilize
novamente o teorema de Bézout, juntamente com 8.1). . Se x denota o
número de soldados, mostre que x satisfaz um sistema de congruências
lineares com duas equações. Em seguida, utilize a prova do teorema 5.27
para mostrar que x = 7-12-12+5-1-13 (mod 1213) e, portanto, que x = 132q
+17, para algum q € Z. Por fim, utilize a condição 600 < x < 700 para
concluir que x = 677. | . Para o item (a), comece observando que, se u,v for
uma solução da equação Diofantina linear em questão e x = mu + a1 = Mw
+ Q2, então x resolve (5.7) para k = 2. . Use o teorema de Euler 5.19. . Se p
e q são primos distintos, segue do exemplo 1.28 que 2? — 1 e 24 — 1 são
primos entre si. De posse dessa observação, mostre que um inteiro x
satisfaz as condições do enunciado se, e só se, resolver um sistema de
congruências lineares apropriado. Por fim, aplique o teorema chinês dos
restos. . Adapte, ao presente caso, a ideia da prova do exemplo 5.28. . Para
a implicação S(p) x- -x S(p}"),; em seguida, aplique o princípio
fundamental da contagem.
232 9. Sugestões e Soluções Se a é o primeiro termo e r a razão
da PA, as hipóteses do problema 2 = a (modr) ey = equivalem à existência
de x,y € N, tais que x a(modr); da mesma forma a tese do problema
equivale à existência de z € N, tal que 2? = a(modr). Faça indução completa
sobre r, sendo o caso r = 1 trivial; para o passo de indução, considere
separadamente os casos r = př, para algum primo p e algum q E N, e r = st,
com s,t > 1 primos entre si. No primeiro caso, se x e y são como no início e
y' é o inverso de y, módulo p%, mostre que z = xy satisfaz o problema. No
segundo caso, sejam u e v termos das PA’s (a+ ks)k>o e (a + kt)k>o,
respectivamente, tais que uf = a (mods) e vê = a (mod t); use o teorema
chinês dos restos para encontrar z € N, 6 tal que 2º = a (mod st). Seção 7.1
2. Por contradição, se 23” = —1 (mod 17), então 223” = 1 (mod 17); use a
congruência 216 = 1 (mod 17), para concluir que ord;7(2) = 1 ou 2, o que é
uma contradição. | . Sem = ordn(a), então m | 2k e, pelo teorema de Euler, m
divide y(n). Portanto, m | mdc(2k,y(n)) = 2d, onde d = mdc (k, p(n)/2)
(recorde que n > 2 = y(n) par — cf. problema 19, página 88). Se m |d, então
m | k, o que contradiz a congruência do enunciado. Logo, m = 2d", para
algum divisor d’ de d e, daí, m é par. . Se n | (2º — 1), então n é ímpar, sen
> 1 e k = orda(2), então 1 < k|n,y(n); escolha, de início, o menor natural n >
1 tal que n | (2” — 1) e chegue a uma contradição mostrando que k | (28 —
1), com |1 conclua que f(n) = O se, e só se, o conjunto (1,2,22,2º,...1
contiver um SCI módulo 2n + 1. Para o item (b), mostre que f(1997) = 2.
1997 — ord2.1997+1 (2) e calcule ord2.1997+1 (2) = 8 - 23 = 184
utilizando as igualdades 2 1997 + 1 = 5 - 17 - 47, ordı7(2) = 8 e ord47(2) =
23.
234 Sugestões e Soluções Seção 7.2 1. Mostre que 214 = —1
(mod 29) e, a partir daí, conclua que orda9(2) = 28. k k Considere
separadamente os casos n = 2,4,p* e 2p*, com p primo ímpar ek € N. Se a é
uma raiz primitiva módulo n, observe que os números di; Sao f 2 p(n)
congruentes, em alguma ordem, aos números a, a”, ..., Q`”, de sorte Ei p(n)
(e(n)+1) d a102 Opa) Z4 2 (mod n). el) (gal) tt —— Se n = ou 4, mostre
diretamente que a = —] (mod n); se n = pë ou 2p*, onde k € N e p é um
primo ímpar, use O fato de (n) que ordn(a) = p(n) para concluir que ares
(mod n) — cuidádo: n | CER E na? — 1) no necessariamente implica
diretamente alma +) oun| (a — 1). Se api! = 1(mod3pq), então aspi—1 = 1
(modp); em particular, sendo a uma RP módulo p, devemos ter (p — 1) |
(3pg — 1) e, analogamente, (g— 1) | (3pg — 1). Conclua, a partir daí, que
(p— 1) | (3q — 1) e (q — 1) | (3p — 1), de modo que p = 11 e q = 17, ou
vice-versa. Por fim, mostre que a3 til = 1 (mod3-11.- 17), para todo natural
a primo com 3- 11-17. Para mostrar que p = 11 e q = 17 se p < q, pode-se
argumentar da seguinte maneira: como p < q, temos — — 2 2 Ra ap a q-1"
q-1 q—1 4º de sorte que Pp = = 1,2 ou 3; analisando cada caso
separadamente, 3q-1 _ 94-3 concluímos que 3p — 1 = 2(q — 1) e, i o = FE
3 um número Ss — fornece maior que 4 e menor que 8; assim, 5 > sa = 5, 6
ou 7, o que — 17 como única possibilidade viável. . Para o item (d),
considere separadamente os casos ordp(x) = 1, 2, po ou p — 1 — aqui
usamos que (p — 1)/2 também é primo. 235 6. Para (a) = (b), escreva n =
pı... Pk, com pı (a), tome um divisor primo p de n e faça o inteiro a igual a
uma RP módulo p° para obter uma contradição se p? | n; em seguida, faça o
inteiro a igual a uma raiz primitiva módulo p, para concluir que (p — 1) | (n
— 1). . Para o item (a), observe que pg—1 p—1 pq—1 p—1 p-1 DD (j+) =
$ XT = pq. X =0(modp) j=0 1=0 j=0 1=0 1=0 Para o item (b), use (a) para
concluir que, se n = p2q, com p primo e q natural, então sn = 1 (mod p). O
item i. é um cálculo análogo àquele indicado na sugestão de (a). O item ii.
segue imediatamente de i., juntamente com o fato de que, módulo p;, temos
fa, a2,... a" = (1,2,...,p; — 1}. Para iii., se n | sn, então sn = O(modp;). Mas,
como p; | (aPM-D — qr-D, a fórmula em ii. garante que a única maneira de
Sn = 0 (mod p;) é que p; | (07! — 1). Então, p; — 1 = ordp;(a) | (n — 1) e,
daí, (p; — 1) | (q; — 1)(uma vez que n — 1 = (pi — Dq; + (qi — 1)). Para
iv., se n | sn, então pi | Sn, e segue dei. e iii. (especificamente, de (p; — 1) |
(n — 1)) que, módulo p;, p;—1 pi—l1 0=sn=1+q Y "l=1+0) 1=1+q(pi— 1);
I=1 I=1 portanto, q;(p; — 1) = —1 = p; — 1(modp;), de sorte que q; = 1
(mod p;). Por fim, em relação ao item v., é suficiente mostrar que, se p;(p;
— 1) | (q; — 1) para 1 < i < t, então p; | Sn, para 1 < i < t; para tanto, basta
utilizar a congruência do item i., juntamente com o fato (facilmente
dedutível a partir de nossas hipóteses) de que (p; — 1) | (n — 1). . Para o
item (a), se mdc (aë +1,n) > 1, então n | (aë + 1) e, daí, at = 1(modn), o que
contradiz o fato de orda(a) = 2pk. Para
236 i., segue de a*P = —1 (mod n) que ak? = 1 (modn), de sorte
que d | 2kp = n — 1. Por outro lado, se d | 2k, então aœ = 1 (modn) e assim,
n | (a — 1)(a* + 1); mas, como mde (a +1,n) = 1, segue daí que n | (aë — 1)
e, portanto, af? = 1 (mod n), um absurdo. Agora se d | 2kp e d+ 2k, é
imediato que mdc (d, p) > 1, de sorte que p | d: então, a última parte de i.
segue do teorema de Euler. Quanto a i., é evidente que p + (2kp + 1);
portanto, a fórmula para y(2kp + 1) garante que p | (q — 1), para algum
divisor primo q de 2kp + 1; logo basta fazer q — 1 = lp, observando que | >
1 pois, do contrário, B p quanto q = p + 1 seriam primos ímpares, o que é
um absurdo. Por fim, para iii., se 2kp + 1 = (lp + 1)u, então u = l (modp), .
de maneira que u = hp + 1, para algum h > l; se h > 2, então n = (lp+1)(hp
+1) > (2p +1)? > (2p +1)p+1 > 2kp+1 =n, um absurdo; logo, h = 0 ou 1 e, se
h = 1, então (p +1) | (2kp +1), o que é um absurdo (pois p+ 1 é par e 2kp + 1
é ímpar. | . O item (a) segue do pequeno teorema de Fermat, juntamente
com o fato de que ri+r3+ri+ri+rő = 0 (mod p) se, e só se, f(zy,... 55) = 1
(mod p). O item (b) segue da fórmula do desenvolvimento multinomial (cf.
problema 1.4.2 do volume 4) e do resultado do item (a). Seção 7.3 Mostre
inicialmente que, se existirem tais x e y, . Use o critério de Euler. . Adapte a
prova do exemplo 7.24 ao presente caso para obter infinitos valores de k
com a propriedade desejada. - Comece multiplicando a igualdade do
enunciado por 4a e completando quadrados. então eles são primos com 122.
Use, então, o resultado do problema anterior para concluir que 17 é resíduo
quadrático módulo 61. Por fim, aplique a lei 10. 237 da reciprocidade
quadrática e a proposição 7.23 para chegar a uma contradição. | Para o item
(a), se todo divisor primo de 2b? + 3 fosse congruente a +1, módulo 8,
teríamos 2b? + 3 = +1 (mod 8); mostre que isso é impossível. Para o item
(b), se (2b? +3) | (a? — 2) e p é como em (a), então a? = 2 (mod p), i.e., 2
seria um resíduo quadrático, módulo p; use o resultado do exemplo 7.26
para chegar a uma contradição. Aplique o lema de Gauss, nos moldes do
exemplo 7.26, ou a lei da reciprocidade quadrática. . Para o item (a), se todo
divisor primo de 2” — 1 fosse congruente a +1, módulo 12, teríamos 2” —
1 = +1 (mod 12): mostre que isso é impossível. Para o item (b), se (2” — 1)
ł (3™ — 1) e p é como em (a), então 37” = 1 (mod p) ou, ainda, 37”! = 3
(mod p); como m + 1 é par, seguiria que 3 seria um resíduo quadrático,
módulo p; use o resultado do problema anterior para chegar a uma
contradição. . Para o item (a), use a lei da reciprocidade quadrática. Para o
item (b), use o resultado do corolário 7.20, juntamente com o fato de que p
— 1 é uma potência de 2. . Para o item (a) faça indução sobre k > 3,
mostrando que, se vim = a (mod 28), então Te = a (mod 2**1), com xp ,1 =
xp ou £k + 281, Para o item (b) faça uma indução análoga; mais
precisamente, se a = přq + a, faça x, = £k + p*t, com t € Z, e imponha a
validade da congruência x? ,ı = q (modp) para deduzir que t deve satisfazer
a congruência linear 2x;t = —q (mod p); por fim, mostre que é sempre
possível escolher um tal t. Se z? = a (mod n) para um certo inteiro x, então
z? = a (mod 2º) e Tr =a (mod pi), para 1 < i < t; basta, pois, aplicar os
resultados do problema anterior, juntamente com o critério de Euler.
Reciprocamente, uma vez satisfeitas as condições (i) e (ii), aplique
novamente os resultados do problema anterior, juntamente com o critério de
Euler, para garantir a existência de inteiros £o, £1, ..., £ tais que
238 ZS DOI E DOIUÇÕES. 11. 12. 13. Sugestões e Soluções rg =
a (mod 2}) e z? = dp = ex; = a (mod p;*), para 1 < i < t; por fim, aplique o
teorema chinês dos restos para obter, a partir dos XZ;'s, um inteiro x que
satisfaça todas essas congruências simultaneamente. Numere as crianças no
sentido horário e de maneira, contínua, de forma que o professor encontre a
primeira criança nas posições 1, n+1, 2n + 1, 3n +1, ..., e analogamente para
as demais crianças. Mostre que o professor entregará doces às crianças nas
posições a. para k € N, de sorte que basta encontrarmos os valores de n tais
que a congruência anD = a(modn) tenha solução, para todo inteiro l , use o
pequeno teorema de Fermat. Para 5. 239 Seção 7.4 1. Com o auxílio da
proposição 5.9 mostre que, se existissem inteiros k, l, x, y e z como no
enunciado, com | > 1, então x, y e z seriam todos pares. . Suponha, por
contradição, que a +b é par. Então, a + e = a? — b? = 0 (mod 4), de sorte
que a = —c¢c? (mod 4). Conclua, a partir daí, que a(a — 1) tem um fator
primo congruente a 3 módulo 4 que aparece com expoente ímpar em sua
decomposição canônica. . Observe que 1995 = 3-5.7- 19, com 3,7,19 =
3(mod4). Por outro lado, se d é um divisor positivo de 1995 (o caso d < 0
pode ser tratado de forma totalmente análoga), analise separadamente as
quatro possibilidades a seguir: d = 1, d = 5, 1 < d | (3-7-19) e d = 5d’, onde
1 < d’ < (3-7-19), de acordo com os seguintes exemplos: (i) se d = 5, então
x? +y? = 5(x — y) se, e só se, (2x — 5)? + (2y + 5)? = 50, de forma que 2x
— 5 = +1, +7; (ii) se 1 < d | (3-7-19), então, como z? + y? = 0 (modd), o
argumento esboçado no passo (ii) da demonstração do teorema 7.32 garante
que d | x e d | y; pondo x = da e y = db, obtemos a? + b? = a — b, a qual
equivale à primeira das quatro possibilidades acima. | . O exemplo 1.39
garante a existência de infinitos primos da forma 4k + 3; escolha, então, n
primos q1,- . - , qn, todos congruentes a 3 módulo 4, e aplique o teorema
chinês dos restos, juntamente com o teorema 7.32, ao sistema de
congruências lineares x = —i + q; (mod q2), para 1 < 1. Então, como (2º —
1) | (2º — 1), temos que (2º — 1) | (m? + 9), o qual é uma soma de dois
quadrados perfeitos. Contudo, como 2º — 1 é da forma 4k — 1, ele deve ter
algum divisor primo p dessa forma. Segue, agora, da discussão da teoria
desta seção que p | m e p |3,
240 Sugestões e Soluções J forma que p = 3. Logo, 3 | (2% — 1),
o que é um absurdo, já que 2"—1 = (—1)°—1 = —2 (mod 3). Para o item
(b), comece observando que o caso k = 1 é trivial. Agora, suponha que (22º!
— me +9) k—1 — A e observe que (2?™ +1) | ((3-22º “32 +9). Em
seguida, escolha, com o auxílio do teorema chinês dos restos, my € N tal
quer k— Mk = Mk-1 (mod 2? Re 1) e mp = 3.227 (mod g2" +1). A e A , k
—1 k— E imediato verificar que 22” — 1 e 92%! + 1 dividem m? + 9; mas,
como tais fatores são primos entre si, concluímos que seu produto também
divide m? +9. Referências [1] AIGNER, M. e ZIEGLER, G. (2010) Proofs
from THE BOOK. Springer-Verlag. [2] ANDREWS, G. (1994). Number
Theory. Dover. [3] APOSTOL, T. (1976). Introduction to Analytic Number
Theory. Springer-Verlag. |4] DE FIGUEIREDO, D. G. (1987). Análise de
Fourier e Equações Diferenciais Parciais. Instituto Nacional de Matemática
Pura e Aplicada. [5] LANDAU, E. (2002). Teoria Elementar dos Números.
Ciência Moderna. [6] LIMA, H. N. (2011). Limites e Funções Aritméticas.
Preprint. [7] ROBERTS, J. (1978). Elementary number theory: a problem
oriented approach. MIT Press. 241
242 Referências [8] SCHEINERMAN, E. (2010). Matemática
Discreta, uma Introdução. Cengage Learning. [9] SINGH, S. (1998). O
Último Teorema de Fermat. Record. [10] STEIN, E. e SHAKARCHI, R.
(2003). Fourier Analysis. An Introduction. Princeton University Press. [11]
VAINSENCHER, I. (1996). Introdução às Curvas Algébricas Planas.
Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada. “CAPÍTULO A
Glossário APMO: Asian-Pacific Mathematical Olympiad. Áustria-Polônia:
Olimpíada de Matemática Austro-Polonesa. BMO: Balkan aa Olympiad.
Baltic Way: Baltic Way Mathematical Contest. Crux: Crux
Mathematicorum, periódico de problemas da Sociedade Canadense de
Matemática. IMO: International Mathematical Olympiad. Israel-Hungria:
Competição Binacional Israel-Hungria. 243
244 Glossário Miklós-Schweitzer: The Miklós-Schweitzer
Mathematics Competition (Hungria). NMC: Nordic Mathematical Contest.
OBM: Olimpíada Brasileira de Matemática. OBMU: Olimpíada Brasileira
de Matemática para Universitários. OCM: Olimpíada Cearense de
Matemática. OCS: Olimpíada de Matemática do Cone Sul. OIM: Olimpíada
Ibero-americana de Matemática. OIMU: Olimpíada Ibero-americana de
Matemática Universitária. ORM: Olimpíada Rioplatense de Matemática.
Putnam: The William Lowell Mathematics Competition (Estados Unidos).
Torneio das Cidades: The Tournament of the Towns, olimpíada
intermunicipal mundial de Matemática. Indice Remissivo Algoritmo
propriedades elementares da, da divisão, 5 120 de Euclides, 24 relação de,
153 j Congruências Bézout | Étienne, 14 teorema de, 14 lineares, 145 Cubo
perfeito, 12 ` E A a i E Cesàro, Ernesto, 105 Decomposição canônica de um
in Chebyshev teiro, 42 Pafnuty, 92 Descida de Fermat, 55 teorema de, 102
Diofanto de Alexandria, 22 Chevalley Dirichlet teorema de, 186 Gustav L.,
39, 64 lema de, 64 Chevalley, Claude, 186 Classe Divisão de congruência,
153 = algoritmo da, 5 Congruência quociente de uma, 5 classe de, 153
como relação de equivalência, Divisibilidade 120 por 11, critério de, 10
resto de uma, 5 245
246 por 9, critério de, 10, 122 ÍNDICE REMISSIVO 160, 207
propriedades elementares da, Evento, 106 3 relação de, 1 Divisor comum,
13 comum, máximo, 13 de um inteiro, 2 positivo, 2 Eisenstein Ferdinand,
196 Equação de Fermat, 56 de Pítágoras, 51 de Pell, 63 Diofantina, 22
diofantina linear, 23 Eratóstenes crivo de, 37 de Cirene, 38 teorema de, 36
Espaço amostral, 105 Euclides | algoritmo de, 24 lema de, 36 teorema de,
37 Euler critério de, 189 função y de, 81 identidade de, 204 teorema de, 62,
82, 85, 96, 136, Fórmula de inversão de Möbius, 79 de Legendre, 45 para
y(n), 82 Fermat descida de, 55 equação de, 56 grande teorema de, 56
número de, 13 pequeno teorema de, 134 Pierre Simon de, 52 . teorema de,
202, 204 Fração irredutível, 17 Função p de Euler, 81 aritmética, 73
aritmética multiplicativa, 73 de Euler, fórmula para a, 82 de Euler,
multiplicatividade da, 82 de Möbius, 77 número de divisores positivos, 14
soma de divisores positivos, 76 Gauss lei da reciprocidade quadrática de,
196 lema de, 192 ÍNDICE REMISSIVO Hadamard Jacques, 92 teorema de,
92 Identidade de Euler, 204 Inteiro divisível por outro, 2 divisor de um, 2
livre de quadrados, 47 múltiplo de um, 2 mais próximo, 12 Inteiros
congruentes, 118 primos entre si, 13 relativamente primos, 13 Inverso
multiplicativo, 164 Inverso módulo n, 145 Lagrange Joseph L., 207 teorema
de, 207 Lamé teorema de, 35 Lamé, Gabriel, 35 Legendre Adrien-Marie, 45
fórmula de, 45 símbolo de, 190 Lema de Dirichlet, 64 de Euclides, 36 247
de Gauss, 192 Liouville Joseph, 86 teorema de, 86 Möbius fórmula de
inversão de, 79 função de, 77 Máximo divisor comum, 13 Múltiplo comum,
mínimo, 28 de um inteiro, 2 Mínimo múltiplo comum, 28 mmc, 28 Número
ímpar, 2 abundante, 86 composto, 35 de Fermat, 13 par, 2 perfeito, 85
primo, 35 primo, teorema do, 92 Ordem módulo n, 170 Parte fracionária, 64
Parte inteira, 5 Pell equação de, 63 John, 63 Pitágoras
248 equação de, 91 Pitágoras de Samos, 93 Primo, 35
Probabilidade, 105 distribuição de, 105 Quadrado perfeito, 6 Quociente, 5.
Raiz de uma congruência, 145 Raiz primitiva módulo n, 175 Relação de
congruência, 193 de divisibilidade, 1 Resíduo n—ésimo módulo p, 201
quadrático módulo n, 188 Resto, 5 SCR, 154 Sistema “completo de
invertíveis, 158 completo de restos, 154 Soma dos divisores positivos, (1
Taylor, Richard, 56 Teorema chinês dos restos, 148 de Bézout, 14 de
Chebyshev, 102 de Chevalley, 186 ÍNDICE REMISSIVO de Eratóstenes,
36 de Euclides, 37 de Euler, 62, 82, 85, 96, 136, 160, 207 de Fermat, 202,
204 de Fermat, grande, 56 de Fermat, pequeno, 134 de Hadamard, 92 de
Lagrange, 207 de Lamé, 35 de Liouville, 86 de Sophie Germain, 143 de
Wilson, 146 de Wilson, generalização do, 184 do número primo, 92
fundamental da aritmética, 41 Terno Pitagórico, 53 Unidade em Zn, 164
Wiles, Andrew, 56 Wilson generalização do teorema de, 184 teorema, de,
146 MS SBM (continuação dos títulos publicados) e Tópicos de
Matemática Elementar - Volume 6 - Polinômios - A. Caminha * Treze
Viagens pelo Mundo da Matemática - C. Correia de Sa e J. Rocha (editores)
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