Bradamante
Bradamante é uma personagem de ficção, uma cavaleira, heroína em dois poemas épicos da Renascença: Orlando Enamorado, por Matteo Maria Boiardo, e Orlando Furioso, por Ludovico Ariosto.[1] Os dois poemas exerceram uma grande influência sobre a cultura dos anos posteriores e a personagem passou a aparecer recorrentemente na arte Ocidental.[2][3]
Em Orlando Enamorado e Orlando Furioso
[editar | editar código-fonte]Bradamante, uma cavaleira cristã, irmã de Rinaldo, apaixona-se por um guerreiro sarraceno chamado Ruggiero, mas recusa-se a casar com ele a menos que ele se converta ao Cristianismo. Bradamante é uma combatente exímia e possui uma lança mágica que faz cair do cavalo qualquer cavaleiro em que toque. Quando Ruggiero está prestes a ser preso pelo bruxo Atlante, Bradamante consegue salvá-lo.[4]
Ao longo da história, os dois amantes separam-se e reencontram-se muitas vezes. Os pais dela rejeitam sempre o pretendente, mesmo depois de Ruggiero se converter ao Cristianismo, e querem que a filha case com um nobre chamado Leo. Ela decide que se casará apenas com quem lhe resistir em combate e apenas Ruggiero supera o desafio.[5] No final, o casamento dos dois amantes dá origem à nobre Casa de Este, em homenagem aos patronos tanto de Boiardo e Ariosto.[6][7]
Os poemas inspiraram-se nas chansons de geste, as lendas francesas do Ciclo Carolíngio e inglesas, do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.[8][9][10]
Em obras posteriores
[editar | editar código-fonte]Em 1582, o dramaturgo francês Robert Garnier escreveu um tragicomédia denominada Bradamante que desenvolve a história de amor entre a heroína e Roger (Ruggiero).[11]
Vários óperas homónimas foram escritos sobre a heroína:
- La Bradamante, escrita por Pietro Paolo Bissari com música composta por Francesco Cavalli, foi representada pela primeira vez em 1650, no Teatro Santi Giovanni e Paolo de Veneza.[12]
- Bradamante, composta por Louis Lacoste com libreto de Pierre-Charles Roy, foi representada pela primeira vez na Académie Royale de Musique (a Ópera de Paris), em 2 de Maio de 1707.[13]
- Bradamante, escrita por Heinrich Joseph von Collin , com música de Johann Friedrich Reichardt, foi representada pela primeira vez em Viena, no dia 3 de fevereiro de 1809.[13]
- Bradamante, composta por Eduard Tauwitz, foi representada pela primeira vez em Riga, em 1844.[13]
Bradamante é também uma personagem de Alcina, uma ópera de Handel.
Bradamante é personagem principal em vários romances. Por exemplo, no romance de 1959, surrealista e altamente irónico, de Italo Calvino, Il Cavaliere inesistente (O Cavaleiro Inexistente).[14]
No cinema, Bradamante é interpretada por Barbara De Rossi no filme italiano de 1983, Paladini-storia d'armi e d'amori (Paladinos: história de amores e de armaduras), um filme baseado nas lendas dos paladinos de Carlos Magno.[15]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de mulher guerreiros na lenda e mitologia
- Media relacionados com Bradamante no Wikimedia Commons
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Calvino, Italo (23 de outubro de 2012). «Bradamante e Marfisa». Orlando furioso di Ludovico Ariosto raccontato da Italo Calvino [Orlando Furioso by Ludovico Ariosto narrated by Italo Calvino] (em italiano). Segrate, Italy: Edizioni Mondadori. p. 180. ISBN 978-88-520-3018-5. Consultado em 14 de julho de 2016
- ↑ Shemek, Deanna (1998). Ladies Errant: Wayward Women and Social Order in Early Modern Italy. Durham, NC, USA: Duke University Press. p. 13. ISBN 0-8223-2167-X. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Stoppino, Eleonora (2012). Genealogies of Fiction: Women Warriors and the Dynastic Imagination in the Orlando Furioso. Bronx, New York: Fordham University Press. p. 177. ISBN 978-0-8232-4037-1. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Lang, Andrew (1905). The Red Romance Book. London: Longmans, Green, and Company. p. 345. Consultado em 14 de julho de 2016
- ↑ Bulfinch, Thomas (1913). The Age of Fable: or Beauties of Mythology. Volume IV: Legends of Charlemagne. New York: Review of Reviews Co. ISBN 1-58734-082-8. Consultado em 14 de julho de 2016
- ↑ Merriam-Webster, Inc. (1995). Merriam-Webster's Encyclopedia of Literature. Springfield, MA, USA: Merriam-Webster. p. 166. ISBN 978-0-87779-042-6. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Reynolds, Barbara (30 de agosto de 1975). «Introduction». In: Arisoto, Ludovico. Orlando Furioso: Part I. Traduzido por Reynolds, Barbara. New York, USA: Penguin Group. p. 64. ISBN 978-1-101-49280-2. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Giardina, Henry (24 de junho de 2014). «Mad with Desire (Kind Of)». Paris Review. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ DeSa Wiggins, Peter in Beecher, Donald; Ciavolella, Massimo; Fedi, Roberto (2003). Ariosto Today: Contemporary Perspectives. [S.l.]: University of Toronto Press. p. 28. ISBN 0802029671
- ↑ Ward, Adolphus William; Waller, Alfred Rayney; Trent, William Peterfield; Erskine, John; Sherman, Stuart Pratt; Van Doren, Carl, eds. (1907–1921). «Chapter XIII: Metrical Romances, 1200–1500». The Cambridge History of English and American Literature. Cambridge, U.K.: Cambridge University Press. p. 13. ISBN 1-58734-073-9. Consultado em 14 de julho de 2016
- ↑ Stone, Donald (2015). «The Place of Garnier's Bradamante in Dramatic History». Journal of the Australasian Universities Language and Literature Association. 26 (1): 260–271. ISSN 0001-2793. doi:10.1179/aulla.1966.26.1.007
- ↑ Galvani, Livio Niso (Giovanni Salvioli) (1879). I Teatri Musicali di Venezia nel Secolo XVII (1637-1700): Memorie Storiche e Bibliografiche [The Musical Theatre of Venice in the 17th Century (1637-1700): Historical and Bibliographical Memoir] (em italiano). Milan, Italy: Arnaldo Forni Editore. p. 33. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ a b c Clément, Félix; Larousse, Pierre (1881). Dictionnaire des Opéras [Dictionary of Operas] (em francês). Paris, France: Administration du Grand Dictionnaire Universel. 119 páginas. Consultado em 15 de julho de 2016
- ↑ Bloom, Harold (2002). Italo Calvino: Comprehensive Research and Study Guide. Broomall, PA, USA: Chelsea House. p. 82. ISBN 978-0-7910-6824-3. Consultado em 20 de julho de 2016
- ↑ Beecher, Donald; Ciavolella, Massimo; Fedi, Roberto (2003). Ariosto Today: Contemporary Perspectives. Toronto, Canada: University of Toronto Press. p. 209. ISBN 0802029671