Manifold
Manifold
MANIFOLD SUBMARINO
MANIFOLD SUBMARINO
INTRODUÇÃO
1. Definição
2. Tipos
3. Principais componentes
4. Aplicações
5. Funções básicas
6. Configurações típicas
7. Modos de operação na produção de petróleo no mar
8. Evolução tecnológica
1 - DEFINIÇÃO
Manifold é uma palavra de origem da língua inglesa que tem o seguinte significado:
Manifold pode então ser definido com um conjunto de tubos arranjados com o objetivo
de interligar vários dutos em um duto tronco, também conhecido como header. Este
header pode ser um duto coletor se ele recebe o fluxo dos diversos dutos ou distribuidor
se ele envia o fluxo para os diversos dutos.
No caso em questão, manifold é um pouco mais do que isto, porque ele é composto
também de válvulas e instrumentos de monitoração de pressão, de temperatura e, as
vezes, de vazão, com a função de direcionar o controlar o escoamento. Mais
especificamente, podemos dizer que manifold submarino é um conjunto de tubos,
válvulas e instrumentos de monitoração montados sobre uma estrutura metálica
instalada no fundo do mar, para interligando o escoamento de vários poços à unidade de
separação do sistema de produção que é geralmente instalada sobre uma unidade
estacionária de produção (UEP).
Manifold Submarino – Maxwell Brandão de Cerqueira 3
2 - TIPOS
• Função
• Forma de instalação e intervenção
Quanto à função
No que se refere à função, de uma forma geral, os manifolds podem ser classificados
como:
3 - PRINCIPAIS COMPONENTES
Sub-base
Estrutura
Tubulação e válvulas residentes
Módulos de válvulas e/ou chokes
Módulos de controle (parte submarina do sistema de controle)
Módulos de conexão de dutos
A sub-base é usada como uma fundação rasa. A sua forma pode ser tal que compense a
inclinação do leito marinho, mas também é dotada de um mecanismo que permita um
pequeno nivelamento para compensar pequenos desníveis que possam ser causados por
irregularidades da resistência do solo. Para auxiliar na monitoração do nivelamento, são
instalados medidores de níveis no topo do manifold. Estes medidores são do tipo bolha
(também chamados de bull’s eye – olho de bói) que medem a inclinação em qualquer
direção
4 - APLICAÇÕES
É claro que o custo total do manifold deverá ser menor do que o custo dos dutos, se este
for o fator preponderante da escolha pela utilização do manifold.
Muitas vezes devido ao grande número de poços ligados em uma UEP, a escolha pela
opção de utilização de manifold se dá pela necessidade de se reduzir o número de risers,
seja por questões de espaço, normalmente em unidades do tipo FPSO (Floating
Production and Storage Offloading – navio usado para produção e estocagem) com
turret, ou por questões de carga, normalmente em unidades do tipo semi-submersáveis
ancoradas em águas profundas e ultraprofundas.
UEP
Poço 3 Poço 4
Poço 1 Poço 2
Poço 8
Poço 6
Poço 7 Poço 5
Produção
Gas Lift
UEP Umbilical Manifold
Teste de Produção
Teste de Gas Lift
Poço 3 Poço 4
Poço 1
Poço 2
As funções básicas de um manifold são aquelas que ele desempenha para se atingir os
objetivos das aplicações que lhe são dadas conforme descritas no item anterior.
Conter pressão
Objetivo – garantir o escoamento com segurança
Responsáveis – tubos, válvulas de bloqueio e elementos de vedação
Direcionar fluxo
Objetivo – coletar, distribuir, segregar ou circular fluido
Responsáveis – válvulas de bloqueio e arranjo da tubulação
Controlar vazão
Objetivo – otimizar produção e recuperação
Responsáveis – chokes
6 - CONFIGURAÇÕES TÍPICAS
Produção
Gaslift PD
Teste produção PD
Serviço /
Teste Gaslift
Umbilical de Distribuição
Eletr./Hidr.
Controle
TPT TPT TPT TPT
Os chokes (figura 6) são utilizados para se obter um controle das vazões e pressões, com
o objetivo de otimização da produção. O atuador movimenta um anel de Fluxo
(FlowRing) que envolve uma luva com orifícios de tamanhos e posições diferentes para
ajusta o estrangulamento do fluxo. Este movimento se dá por pequenos deslocamentos
discretos, uma vez que o atuador é movido por pulsos de pressão, que por sua vez
movimenta uma catraca solidária à haste de deslocamento do anel de fluxo.
Os chokes, também são providos de um indicador remoto (e outro submarino para ser
visualizado por ROV) de excursão da haste (LVDT – Linear Variable Differential
Transducer), que permite o operador monitorar, da sala de controle, grau de abertura
(%Cv), a partir da curva característica do choke, fornecida pelo fabricante (fig. 7 e 8).
Manifold Submarino – Maxwell Brandão de Cerqueira 9
Figura 6 – choke
O grau de abertura do choke pode ser fornecido diretamente em Cv, como apresentado
na figura 7, ou em percentual do Cv max. do choke, conforme figura 8. O Cv é obtido
experimentalmente para cada tipo e tamanho de choke, usando água em uma condição
padrão. Assim o Cv pode ser obtido a partir da equação abaixo:
γ
Cv = Q
∆P
Onde:
Assim, Cv é numericamente igual ao número de galões (US) de água @ 60ºF que flui
através do choke em um período de 1 minuto, quando a pressão diferencial entre a
entrada e a saída é de 1 psi.
um tem as suas peculiaridades, em função do cenário em que ele foi projetado e onde
será utilizado. Assim, mostraremos os seguintes modos:
• Produção
• Teste de produção
• Circulação de pig para limpeza do duto principal
• Circulação de fluido para limpeza do duto desde a UEP até a ANM (árvore de
natal molhada)
Fechada
Aberta TPT TPT TPT TPT
Teste de Produção
Produção PD
Gas lift
Teste
produção PD
Serviço /
Teste Gaslift
Umbilical de
Distrib.
Controle
TPT TPT TPT TPT
Deve-se levar em conta também que é necessário fazer algumas correções, pois a
condição de fluxo durante o teste pode ser diferente da produção normal, uma vez que
os diâmetros do duto de produção e de teste de produção são diferentes, bem como a
composição do fluido. Desta forma a avaliação não é direta e a otimização da produção
dos poços ligados ao manifold é um processo iterativo.
Não é raro acontecer o caso de que a soma das produções dos poços avaliadas pelo teste
de produção, ser maior do que a produção do manifold medida de uma forma global.
Para permitir que os dutos que ligam o manifold à UEP possam ser limpos,
principalmente de deposição de parafina nos dutos de produção e teste de produção, os
headers de produção e gas lift são interligados, da mesma forma que os headers de teste
de produção e teste de gas lift, são interligados. Estas interligações se dão abrindo-se as
válvulas denominadas de pig crossover., Possibilitando-se que o pig possa circular
raspando a parede do duto e carreando os detritos do manifold para a UEP.
Produção Anular Produção Anular
Legenda
TPT TPT TPT TPT
Fechada
TPT TPT TPT TPT
Aberta
Pig X-over
PD
Circulação de fluido para limpeza do duto desde a UEP até a ANM (árvore de
natal molhada)
Este modo de operação é idêntico ao modo de teste de produção, com a única diferença
que a válvula X-O da ANM é aberta interligando o anular com a produção.
8 - EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Como visto anteriormente, o primeiro manifold submarino utilizado (já desativado) era
atmosférico montado dentro de um vaso à pressão e sistema de controle eletro-
hidraulico multiplexado com back-up hidráulico.
Com a experiência adquirida com os dois tipos de manifolds acima e considerando que
a maior parte dos campos estavam em profundidades de até 300 metros, a Petrobras
decidiu estabelecer seu próprio padrão de manifolds submarinos, projetar, fabricar e
instalar mais de 40 manifolds do tipo “molhado” Diver-Assisted Standard Manifolds,
mais conhecidos como manifolds DA, com sistema de controle hidráulico direto e
assistido por mergulhador.
A pressão hidráulica para a operação das válvulas desses manifold era/é feita por
mangueira ou tubings de aço inox individuais para cada função a ser atuada, agrupadas
em umbilicais ou flatpacks (devido ao seu formato plano, onde os tubings eram
montados um ao lado do outro em um mesmo plano) com diferentes Numero de
linhas/funções desde a plataforma até a ANM através do manifold ou diretamente. O
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fluido de controle era água aditivada com produtos químicos especiais e não havia
nenhum requisito quanto a sua classe de limpeza.
Os manifolds DA desta fase não tinham interfaces para atuação com ROV e, em caso de
problemas na atuação hidráulica direta, o mesmo poderia ser operado por mergulhador.
Figura 12 – Manifold DA
Com a descoberta de campos de petróleo em águas profundas, não era mais possível
contar com o recurso mergulhador para as intervenções necessárias nos equipamentos
submarinos instalados além de 300 metros de profundidade e havia a urgente
necessidade de se desenvolver/qualificar, assim como estabelecer critérios de projeto e
fabricação adequados a nova realidade, cujo o acesso do homem era substituída por
equipamentos/robôs, o que caracteriza os manifolds submarinos para águas profundas e
ultra profundas classificados com DL. Além disso, devido aos impactos na produção, a
vida útil dos manifolds DL foi especificada para 20 anos de disponibilidade, com uma
confiabilidade 85% após 5 anos de uso para o sistema de controle.
Como estes manifolds foram instalados a mais de 300 metros de profundidade, na fase
de testes são simuladas e verificadas todas as conexões e interfaces mecânicas de
operações que serão realizadas no fundo do mar e a utilização do ROV (Remotelly
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As simulações das conexões verticais são realizadas com o manifold inclinado até o
limite previsto no projeto, o que permite atestar a viabilidade de sua realização no fundo
do mar, além de orientar o aperfeiçoamento do projeto. Os testes de canteiro resultam
em considerável ganho de tempo nas instalações e futura operação dos manifolds, e na
conseqüente redução dos custos.
A filosofia de projeto previa que o manifold poderia, em ultimo caso, ser desinstalado
(situação indesejável, mas possível), mas que para todos os efeitos práticos, seria
composto por itens residentes no fundo e itens recuperáveis, para reparo/manutenção,
porventura necessários, durante a vida útil do equipamento.
- A estrutura/sub-base;
- As tubulações de processo e tubings de controle;
- As válvulas atuadas mecanicamente para bloqueio dos headers;
- As válvulas esfera atuada hidraulicamente para passagem de PIG de limpeza
das linhas;
- Os Mandris para a conexão dos dutos e umbilical;
- As mounting-bases para conexão dos módulos de controle submarino (SCMs);
- Sensores de pressão e temperatura dos headers.
A principal modificação que permitiu a redução significa das dimensões dos manifolds foi
baseada em estudos de confiabilidade que indicaram que as válvulas e chokes atuados
hidraulicamente tinham um MTBF (Mean Time Between Failures) compatível com a vida
útil especificada para os manifolds, de tal forma que foi decidida a substituição dos módulos
Manifold Submarino – Maxwell Brandão de Cerqueira 19
de válvulas extraíveis pelos wellbays, que são conjuntos de válvulas e chokes residentes.
Vale ressaltar que o estudo de confiabilidade foi baseado em taxas de falhas obtidas da
experiência operacional de ANM quanto ao desempenho de válvulas gaveta, extrapolando
para os chokes o desempenho das válvulas gaveta.
Foram eliminadas as sub-bases, a partir de análises geomecânicas, que confirmaram não ser
necessária nenhuma fundação especial já que a própria estrutura do manifold foi projetada
com sapatas para compensar a inclinação do solo marinho, de tal forma que o manifold
ficasse totalmente nivelado quando instalado no fundo do mar.
Nesta segunda geração, foi também incluído o modulo recuperável para medidor
multifasico, com o objetivo de permitir a verificação de um medidor em fase de qualificação
pela Petrobras.
Terceira geração
Devido aos problemas de travamento e perda de indicação das válvulas choke (baixa
confiabilidade), constatados após a instalação dos manifolds da P-25 e P-31, na terceira
geração dos manifolds do tipo DL foi incluído o modulo recuperável das válvulas
choke.
Nesta geração de manifolds, foi introduzida também, a partir de uma pesquisa com os
fiscais dos barcos de instalação de linhas, a posição relativa de conexão vertical, que
passou de funil down para funil up e foi adotada apenas nos manifolds da P-37, por
terem sido comprados após a referida pesquisa.
Manifold Submarino – Maxwell Brandão de Cerqueira 21
Essas alterações não foram consideradas abrangentes e suficientes para criação uma
nova geração, mas foram incorporadas e aperfeiçoadas no manifold da Quarta geração.
A estatística para ser confiável, requer que as amostras separadas para representar um
lote, sejam de um mesmo universo, cujos componentes tenha sido qualificados,
fabricados e testados pelos mesmos critérios. Durante estes anos que temos trabalhado
com tecnologia submarina, temos constatado a evolução do conhecimento, que tem sido
incorporados as nossas especificações e critérios de qualificação, de tal forma que, os
problemas que tivemos que enfrentar foram inerentes a curva de aprendizado.
Na quarta geração de manifolds DL, foi decido que seriam residentes apenas as válvulas
manuais de bloqueio e os sensores de pressão e temperatura dos headers, sendo que os
sensores têm back ups nos módulos de produção, que juntamente com o modulo
Crossover para a passagem de PIG e o detector de PIG, passaram a ser recuperáveis.
Manifolds especiais
Para que a operação das válvulas através do SAC seja possível, as mesmas são
projetadas em duas filas paralelas, espaçadas em intervalos regulares e com os seus
eixos de atuação voltados para cima. Os eixos das válvulas são interligados nas
interfaces de acionamento, localizadas no topo do manifold.
SAC
Figura 19 - MAC
Após essa fase de teste de Qualificação do projeto, a Petrobras decidiu que o primeiro
MAC seria instalado em um campo de água rasa, por havia a intenção de qualificar mais
um fabricante para equipamentos tipo DL e a oportunidade seria perfeita. Dessa forma,
embora o MAC Manifold esteja instalado em águas rasa, todo o equipamento foi
projetado atendendo a filosofia DL, exceto no que tange aos MCVs, que por não ser
necessário para a profundidade de instalação do equipamento, somente foi fabricado e
qualificado um protótipo.
Manifold Submarino – Maxwell Brandão de Cerqueira 25
É um manifold simples para água rasas, porém nele foi incorporada toda a experiência
adquirida no processo de desenvolvimento de tecnologia para água profundas, de tal
forma que esse manifold representa a ultima palavra em manifolds para águas rasas e é
uma alternativa válida para a substituição dos manifolds antigos em caso de
necessidade.
Referências