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CAP Cont

Este capítulo apresenta os conceitos de continuidade e continuidade uniforme. A função f é contínua em um ponto a se, para qualquer ε escolhido, existir um δ tal que se |x - a| < δ, então |f(x) - f(a)| < ε. Uma função é contínua em seu domínio se for contínua em todos os pontos. Composição e operações entre funções contínuas também resultam em funções contínuas.

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Este capítulo apresenta os conceitos de continuidade e continuidade uniforme. A função f é contínua em um ponto a se, para qualquer ε escolhido, existir um δ tal que se |x - a| < δ, então |f(x) - f(a)| < ε. Uma função é contínua em seu domínio se for contínua em todos os pontos. Composição e operações entre funções contínuas também resultam em funções contínuas.

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Capı́tulo 8

Continuidade

Neste capı́tulo apresentamos os importantes conceitos de continuidade e conti-


nuidade uniforme.

8.1 Continuidade
Definição 8.1 Dizemos que uma função f : X ! R é contı́nua no ponto
a 2 X se, e somente se, para qualquer " > 0 escolhido, existir um > 0, tal
que 8x 2 X tal que |x a| < , implicar em |f (x) f (a)| < ".

Uma maneira de escrever a definição acima é em termos de bolas abertas:


f : X ! R é contı́nua em a 2 X se, e somente se,

8" > 0, 9 > 0 tal que 8x 2 X : x 2 B(a, ) ) f (x) 2 B(f (a), ").

Note na definição acima que para f ser contı́nua em um ponto, é necessário


que este ponto pertença ao domı́nio da f .

Definição 8.2 Dizemos que uma função f : X ! R é contı́nua se for contı́nua


em todos os pontos do seu domı́nio X.

Mais precisamente, uma função f : X ! R é contı́nua em X se, e somente se,

8x 2 X, 8" > 0, 9 > 0 : 8y 2 X, |x y| < ) |f (x) f (y)| < ".


244 Análise Real I

A grosso modo, uma função f é contı́nua em seu domı́nio se, dados quais-
quer dois pontos do seu domı́nio, muito próximos (a menos de ), suas imagens
mediante f continuarão também, muito próximas (a menos de ").

Quando uma função não for contı́nua em um ponto dizemos que a mesma
é descontı́nua no referido ponto.

Definição 8.3 Dizemos que um ponto a 2 X ⇢ R é um ponto isolado do


conjunto X se 9 > 0 tal que X \ (a , a + ) = {a}. Ou seja, a é um ponto
isolado de X se existir um intervalo aberto, centrado em a, cuja intersecção
com X é somente o ponto a.

Observe que se X for um conjunto de pontos isolados (ou seja, se a 2 X


mas a 62 X 0 ), então, toda função f : X ! R é contı́nua. De fato, por exemplo,
considere X = Z. É óbvio que todos os pontos de Z são isolados. Assim,
tomando " > 0 qualquer, temos que, se 8a 2 Z, |x a| < < 1, então x = a e
daı́, |f (x) f (a)| = |f (a) f (a)| = 0 < ". Ou seja, f é contı́nua, independen-
temente de como é dada a expressão que a define. Isto aconteceu porque neste
caso X é formado apenas por pontos isolados.

Se a 2 X \ X 0 (ou seja, a também for um ponto de acumulação do con-


junto X), então a noção de continuidade reduz-se à de limite, ou seja, segue
imediatamente da definição de função contı́nua o resultado abaixo:

Proposição 8.4 Uma função f : X ! R é contı́nua em um ponto a 2 X \ X 0


se, e somente se
lim f (x) = f (a).
x!a

Vejamos um exemplo de aplicação.

Exemplo 1. Verifique se a função abaixo é contı́nua em x = 2:


8 2
< x 4
, se x < 2
f (x) = x 2
: 2
x 3x + 6, se x 2
Continuidade 245

Solução. Primeiramente, perceba que f (2) = 4.

Agora precisamos ver se 9 lim f (x). Para responder a isto, precisaremos


x!2
recorrer aos limites laterais:
x2 4 0
• lim f (x) = lim = .
x!2 x!2 x 2 0
Como resultou em uma indeterminação, vamos removê-la mediante uma
simplificação, fatorando o numerador:
(x + 2)(x 2)
lim f (x) = lim = lim x + 2 = 4
x!2 x!2 x 2 x!2

Portanto, lim f (x) = 4


x!2

• lim+ f (x) = lim+ x2 3x + 6 = (2)2 3(2) + 6 = 4 6 + 6 = 4.


x!2 x!2
Portanto, lim f (x) = 4
x!2+

Logo, 9 lim f (x) = 4 = f (2), e com isto, concluı́mos que f é contı́nua no ponto
x!2
x = 2.

Teorema 8.5 Sejam X ⇢ R, a 2 X e f : X ! R uma função. São equivalen-


tes as afirmações:

(i) f é contı́nua em a;

(ii) 8(xn ) ⇢ X, tal que xn ! a, implica em f (xn ) ! f (a).

Demonstração.
(i) ) (ii). Suponha que f é contı́nua em a.

Suponha também que toda sequência (xn ) ⇢ X é tal que xn ! a.

Vamos mostrar que f (xn ) ! f (a).

Dado " > 0. Pela continuidade de f no ponto a segue que 9 > 0 tal que,
8x 2 X com |x a| < , implica em |f (x) f (a)| < ".
246 Análise Real I

Como xn ! a, para o > 0 acima, 9n0 2 N tal que, 8n n0 , tem-se


|xn a| < .

Mas como |xn a| < , 8n n0 , pela continuidade de f em a segue que

|f (xn ) f (a)| < ",

ou seja, f (xn ) ! f (a), provando assim (ii).

(ii) ) (i). Suponha que para toda sequência (xn ) ⇢ X com xn ! a, vale que
f (xn ) ! f (a).

Por absurdo, suponha que f não seja contı́nua em a. Assim, temos que
9"0 > 0 tal que, 8 > 0, 9x 2 X tal que

|x a| < , mas |f (x) f (a)| "0 .

Para cada n 2 N, tomando = 1


n, temos que 9xn 2 X tal que

1
|xn a| < e |f (xn ) f (a)| "0 .
n
Logo, xn ! 0 mas f (xn ) 6! f (a), uma contradição com a hipótese inicial.
Logo f é contı́nua no ponto a, provando assim (i).

Teorema 8.6 Sejam f : X ! R, g : Y ! R funções tais que f (X) ⇢ Y , com


f contı́nua em a 2 X e g contı́nua em b = f (a). Então, g f : X ! R é
contı́nua no ponto a.

Obs.: Este Teorema nos diz que composição de funções contı́nuas é uma função
contı́nua.

Demonstração. Usaremos o Teorema 8.5 para a prova. Seja (xn ) ⇢ X tal


que xn ! a. Como f é contı́nua em a segue que f (xn ) ! f (a).
Continuidade 247

Como g é contı́nua em b = f (a), e (f (xn ))n ⇢ Y é tal que f (xn ) ! f (a) = b,


então
g(f (xn )) ! g(f (a)) = g(b),

i.e.,
(g f )(xn ) ! g(b),

ou seja, g é contı́nua no ponto b.


Teorema 8.7 Sejam f, g : X ! R funções contı́nuas. Então, as funções f +g,


f
f g, f · g e g também são contı́nuas.

Demonstração. As demonstrações são parecidas com o que fizemos ao estu-


dar as propriedades operatórias dos limites. Por isto, faremos aqui apenas a
prova da continuidade da soma f + g.

Sejam f, g : X ! R contı́nuas. Dado x 2 X. Dado " > 0. Pela conti-


nuidade de f temos que 9 1 > 0 tal que, 8y 2 X, |x y| < 1, implica em
"
|f (x) f (y)| < 2.

Também, pela continuidade de g segue que 9 2 > 0 tal que, 8y 2 X,


|x y| < 2 , implica em |g(x) g(y)| < 2" .

Tome = min{ 1 , 2} > 0.

"
Assim, para este > 0 valem |f (x) f (y)| < 2 e |g(x) g(y)| < 2" .
Assim, 8 y 2 X tal que |x y| < temos

|(f + g)(x) (f + g)(y)| = |f (x) + g(x) f (y) g(y)| =

= |(f (x) g(y))|  |f (x) f (y)| + |g(x) g(y)| <


f (y)) + (g(x)
" "
< + = ".
2 2
Portanto, dados " > 0 e x 2 X, mostramos que 9 > 0 tal que 8y 2 X,
|x y| < , implica em |(f + g)(x) (f + g)(y)| < ", ou seja, f + g é contı́nua
em todo o seu domı́nio X, visto que o ponto x era qualquer em X.
248 Análise Real I

Definição 8.8 Seja f : X ! R uma função. Dizemos que uma descontinui-


dade em um ponto a 2 X é de primeira espécie quando existirem os limites
laterais em a mas forem distintos. Caso contrário, a descontinuidade é chamada
de segunda espécie.

Por exemplo, a função f : R ! R definida por


8
< 1 1 , se x 6= 0
f (x) = 1+e x
:0 , se x = 0

é descontı́nua no ponto 0 e a descontinuidade é de primeira espécie pois existem


os limites laterais em 0 e são distintos:

lim f (x) = 1 e lim f (x) = 0.


x!0 x!0+

8.2 Exemplos de funções contı́nuas


Nesta seção apresentaremos alguns exemplos de funções contı́nuas, provadas
pela definição.

Exemplo 1. A função f : R ! R dada por f (x) = x2 é contı́nua em toda a


reta.

Solução. Dado a 2 R qualquer. Dado " > 0. Precisamos achar > 0 tal que,
8x 2 R com |x a| < , implique em |f (x) f (a)| < ".

Suponha termos obtido o > 0. Assim, vamos avaliar |f (x) f (a)|:

|f (x) f (a)| = |x2 a2 | = |(x a)(x + a)| = |x a| · |x + a|.

Escreva |x + a| = |x a + 2a|  |x a| + 2|a|, e então

|f (x) f (a)|  |x a|(|x a| + 2|a|),


Continuidade 249

e se |x a| < , então

|f (x) f (a)| < ( + 2|a|).

Logo, como devemos ter |f (x) f (a)| < ", basta escolher > 0 tal que

( + 2|a|) = ",

e então, completando um quadrado perfeito, vamos obter

2
+ 2|a| + |a|2 |a|2 = ",

i.e.,
( + |a|)2 = " + |a|2 ,

donde segue que


p
= " + |a|2 |a| > 0.
p
Ou seja, 8" > 0, obtemos > 0 (a saber: = " + |a|2 |a|), tal que,
8x 2 R tal que |x a| < , implica em
p p
|f (x) f (a)| < ( + 2|a|) = ( " + |a|2 |a|)( " + |a|2 |a| + 2|a|) = ",

provando que f (x) = x2 é contı́nua em a, e como a 2 R é qualquer, segue que


f é contı́nua em toda a reta.

p
Exemplo 2. Prove que f : ( 1, 1) ! R dada por f (x) = 1 x é contı́nua
em todo o seu domı́nio.

Solução. Dado a 2 ( 1, 1). Dado " > 0, precisamos achar > 0 tal que,
8x 2 ( 1, 1) tal que |x a| < , implique em |f (x) f (a)| < ".

Suponha já encontrado o tal > 0. Então, avaliando |f (x) f (a)|, vamos
obter:
p p
p p p p 1 x+ 1 a
|f (x) f (a)| = | 1 x 1 a| = ( 1 x 1 a) p p =
1 x+ 1 a
250 Análise Real I

|1 x (x a)| |x a|
= p p =p p <p p ,
| 1 x+ 1 a 1 x+ 1 a 1 x+ 1 a
p p p
e como 1 x + 1 a > 1 a, segue que

|f (x) f (a)| < p p <p ,


1 x+ 1 a 1 a

e como queremos que fique menor do que ", basta nomear " = p
1 a
, e então
p
basta tomar = " 1 a, e daı́ tem-se

|f (x) f (a)| < ",

sempre que |x a| < , ou seja, f é contı́nua em a, e pela arbitrariedade de a,


segue que f é contı́nua em todo o seu domı́nio.

Exemplo 3. Prove que f : R ! R dada por f (x) = sen x é contı́nua em toda


a reta real.

Solução. Dado a 2 R qualquer. Dado " > 0, precisammos achar > 0 tal que
8x 2 R tal que |x a| < implique em |f (x) f (a)| < ".

Suponha que tenhamos encontrado o > 0. Assim, avaliando a diferença


|f (x) f (a)|, e lembrando da Trigonometria a fórmula
p q p+q
sen p = sen q = 2 sen · cos ,
2 2
vamos obter
x a x+a
|f (x) f (a)| = |sen x sen a| = 2 sen · cos =
2 2

x a x+a
= 2 · sen · cos .
2 2
Como | cos w|  1, 8w 2 R e |sen ✓|  |✓|, 8✓ 2 R, temos que

x a x+a x a
|f (x) f (a)| = 2 · sen · cos 2 · 1 = |x a| < ,
2 2 2
Continuidade 251

e então basta escolher = ", e então

|f (x) f (a)| < ",

sempre que |x a| < , ou seja, f é contı́nua no ponto a. E como a 2 R é


qualquer, segue que f (x) = sen x é contı́nua em toda a reta real.

p
Exemplo 4. A função h : ( 1, 1) ! R dada por h(x) = sen 1 x é contı́nua
em todo o seu domı́nio, pois conforme o Teorema 8.6 temos h = g f , onde
p
g : R ! R dada por f (x) = sen x e f : ( 1, 1) ! R dada por f (x) = 1 x
foram mostradas acima que são contı́nuas.

Exemplo 5. Prove que a função f : (0, +1) ! R dada por f (x) = ln x é


contı́nua em seu domı́nio.

Solução. Dado a 2 (0, +1), i.e., a > 0, vamos mostrar que lim ln x = ln a.
x!a
Isso provará que f é contı́nua em a. Observe ainda que, conforme o estudo de
limites laterais, é suficiente mostrar que

lim ln x = ln a e que lim ln x = ln a.


x!a+ x!a

(a) Prova de lim+ ln x = ln a:


x!a

Dado " > 0, precisamos achar > 0 tal que, 8x > 0 tal que a < x < a + ,
implique em | ln x ln a| < ".

Vamos estimar | ln x ln a|: usando de propriedade operatória dos logarit-


mos, temos
x
| ln x
ln a| = | ln |
a
Como neste caso x > a, temos que xa > 1 (lembre que a > 0) e daı́
x x
| ln x ln a| = | ln | = ln ,
a a
x a+
Agora, observe que, neste caso, como x < a + , segue que a < a , e como
f (x) = ln x é uma função crescente, concluı́mos que
x a+
| ln x ln a| = ln < ln .
a a
252 Análise Real I

Como a estimativa acima deve ser controlada por ", se escrevermos " = ln a+
a ,
isolando obtemos = a(e" 1), como desejado (note que tal depende da
escolha do ").

Ou seja, dado " > 0, conseguimos encontrar > 0 (mais precisamente,


"
= a(e 1)), tal que 8x tal que a < x < a + , implica em | ln x ln a| < ",
ou seja, provamos que
lim ln x = ln a. (8.1)
x!a+

(b) Prova de lim ln x = ln a:


x!a

Dado " > 0, precisamos achar > 0 tal que, 8x > 0 tal que a < x < a,
implique em | ln x ln a| < ".

Vamos estimar | ln x ln a|: usando de propriedade operatória dos logarit-


mos, temos
x
| ln x ln a| = | ln |
a
x
Como neste caso 0 < x < a, temos que 0 < a < 1 (lembre que a > 0) e daı́
x x
| ln x ln a| = | ln | = ln ,
a a
x a
Agora, observe que, neste caso, como x > a , segue que a > a , e como
g(x) = ln x é uma função decrescente, concluı́mos que

x a
| ln x ln a| = ln < ln .
a a

Como a estimativa acima deve ser controlada por ", se escrevermos " = ln a a ,
"
a(e 1)
isolando obtemos = e" , como desejado (note que tal depende da es-
colha do ").

Ou seja, dado " > 0, conseguimos encontrar > 0 (mais precisamente,


a(e" 1)
= e" ), tal que 8x tal que a < x < a, implica em | ln x ln a| < ", ou
seja, provamos que
lim ln x = ln a. (8.2)
x!a
Continuidade 253

Portanto, por (8.1) e (8.2) concluı́mos que

lim ln x = ln a,
x!a

ou seja, f (x) = ln x é contı́nua no ponto a > 0. Como a 2 (0, +1) é qualquer,


pela sua arbitrariedade segue que f é contı́nua em todo o seu domı́nio, com
querı́amos mostrar.

Exemplo 06. Defina f : R ! R por


8
<1 , se x 2 Q
f (x) =
:0 , se x 2 I.

Mostremos que f é descontı́nua em todo ponto do seu domı́nio.

De fato, dado a 2 R qualquer. Então a 2 Q ou a 2 I.

1
Tome "0 = 2 > 0.

• Se a 2 Q, então, pela densidade dos irracionais em R, 8 > 0, 9x 2 I


1
tal que |x a| < , mas |f (x ) f (a)| = |0 1| > 2 = "0 , i.e., f não é
contı́nua em a 2 Q.

• Se a 2 I, então, pela densidade dos racionais em R, 8 > 0, 9x 2 Q tal


1
que |x a| < , mas |f (x ) f (a)| = |1 0| > 2 = "0 , i.e., f não é
contı́nua em a 2 I.

Ou seja, f não é contı́nua em nenhum ponto do seu domı́nio.

Exercı́cios
p
1. Prove que a função f : ( 1, 1] ! R definida por f (x) = 1 x é
contı́nua em todo o seu domı́nio.

2. Prove que a função f : R ! R definida por f (x) = ax é contı́nua.


(Sugestão: |ax ab | = ab |ax b 1| )
254 Análise Real I

3. Mostre que a função real definida por


8
<x · sen 1 , se x 6= 0
x
f (x) =
:0, se x = 0

é contı́nua em x = 0.

4. Mostre que toda função f : Z ! R é contı́nua.

5. (Sel. Mestr. UFRGS 2003/2) Mostre que a função f : R ! R dada


por f (x) = 1 se x é racional e f (x) = 0 se x é irracional não é contı́nua
em nenhum ponto.

6. Seja f : [a, b] ! R contı́nua tal que, 8n 2 N, 9xn 2 [a, b] tal que

1
|f (xn ) xn | < .
n
Prove que existe x 2 [a, b] tal que f (x) = x. (Sugestão: Use o Teorema de
Bolzano-Weierstrass).

7. (Sel. Mestr. UFSM 2011/1) Seja f : R ! R uma função contı́nua


que se anula nos racionais. Prove que f é identicamente nula.

8. Uma função f é dita ser simetricamente contı́nua em um ponto x se

lim [f (x + h) f (x h)] = 0.
h!0

Mostre que se f é contı́nua em um ponto, então é simetricamente contı́nua


no ponto, mas que a recı́proca não é verdadeira.

8.3 Funções contı́nuas em intervalos


Teorema 8.9 (Teorema do valor intermediário - T.V.I) Sejam I um intervalo
e f : I ! R uma função contı́nua e a, b 2 I tais que f (a) < d < f (b). Então,
existe c 2 R entre a e b tal que f (c) = d.
Continuidade 255

Demonstração. Seja f : I ! R contı́nua e a, b 2 I. Sem perda de generali-


dade, assuma que a < b. Como f (a) < d < f (b), temos que f (a) 6= f (b).

Defina o conjunto X = {x 2 [a, b] : f (x) < d}.

Temos que X 6= ; pois a 2 X, já que f (a) < d. Logo, X está bem definido.

Note que X é limitado superiormente pois b é uma cota superior para X,


visto que
f (b) > d > f (x), 8x 2 X.

Logo, existe sup X := c.

Afirmamos que f (c) = d. De fato, como c = sup X, então,

1
8n 2 N, 9xn 2 X tal que c < xn  c.
n
Então, pelo Teorema do Sanduı́che para sequências temos que xn ! c. E,
como f é contı́nua, segue que

f (xn ) ! f (c). (8.3)

Mas como xn 2 X, 8n, então

f (xn ) < d, 8n. (8.4)

De (8.3) e (8.4) concluı́mos que

f (c)  d. (8.5)

Para chegarmos na igualdade desejada, resta mostrar a desigualdade contrária.


De fato, por outro lado,
1 1
c+ > c = sup X ) c + 62 X,
n n
então
1
f (c + ) d, 8n. (8.6)
n
256 Análise Real I

Mas, pela continuidade de f , temos


1 1
c+ ! c ) f (c + ) ! f (c), (8.7)
n n
e, por (8.6) e (8.7), concluı́mos que

f (c) d. (8.8)

De (8.5) e (8.8) segue o resultado.


Vejamos alguns exemplos de aplicação.

Exemplo 1. Todo polinômio de grau ı́mpar com coeficientes reais possui uma
raiz real.

Solução. Seja p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + ... + an xn , com an 6= 0 e n ı́mpar.


Considere an > 0 (o caso an < 0 é análogo). Assim, temos que
⇣ an 1 a0 ⌘
• lim p(x) = lim xn an + + ... + n = +1,
x!+1 x!+1 x x
⇣ a a0 ⌘
n 1
• lim p(x) = lim xn an + + ... + n = 1.
x! 1 x! 1 x x
Portanto, temos
lim p(x) = +1,
x!+1

e então para N = 1, 9A > 0 tal que, 8x A, implica em p(x) > 1, e

lim p(x) = 1,
x! 1

e então para N = 1, 9B > 0 tal que, 8x  B, implica em p(x)  1.

Logo,
p(B)  1 < 0 < 1  p(A),

e como p(x) = a0 + a1 x + ... + an xn é contı́nua, pelo Teorema do valor inter-


mediário (T.V.I) segue que existe c entre A e B tal que f (c) = 0, ou seja, p(x)
tem uma raiz real.
Continuidade 257

Corolário 8.10 A imagem de um intervalo por uma função contı́nua é um


intervalo.

Demonstração. Seja f : I ! R contı́nua e J ⇢ I, onde J é um intervalo.

Seja f (J) = {f (x) : x 2 J} o conjunto imagem de J por f . A mostrar:


f (J) é um intervalo.

Dados y1 , y2 2 f (J). Suponha que existe y 2 R tal que y1 < y < y2 . Para
mostrar que f (J) é um intervalo, basta mostrar que y 2 f (J).

Como y1 , y2 2 f (J), segue que existem x1 , x2 2 J tais que f (x1 ) = y1 e


f (x2 ) = y2 . Logo, temos que

f (x1 ) = y1 < y < y2 = f (x2 ),

e como f é contı́nua, pelo T.V.I segue que existe c entre x1 e x2 tal que f (c) = y,
ou seja, f (J) é um intervalo, como querı́amos mostrar.

Observação. Você pode pensar que este Corolário poderia “falhar” conside-
rando, por exemplo, f : R ! R dada por f (x) ⌘ 1 (função constante igual a 1),
que é contı́nua. Porém, tomando qualquer intervalo, por exemplo, [0, 1], temos
que f ([0, 1]) = {1}, ou seja, um conjunto formado por apenas um ponto, que é
um intervalo, chamado de “intervalo degenerado”.

Teorema 8.11 (Teorema de Weierstrass ou do Valor extremo) Seja f : [a, b] !


R contı́nua no intervalo fechado [a, b]. Então f é limitada e assume um valor
máximo e um valor mı́nimo em [a, b].

Demonstração. Mostraremos apenas que f é limitada superiormente e as-


sume valor máximo em [a, b], visto que a prova da outra parte é feita analoga-
mente.

Seja f : [a, b] ! R contı́nua. Mostremos primeiramente que f é limitada


superiormente. De fato, se por absurdo f não for limitada superiormente,
258 Análise Real I

então,
8n 2 N, 9xn 2 [a, b] tal que f (xn ) > n.
Como xn 2 [a, b], 8n, temos que a sequência (xn ) é limitada. Então, pelo
Teorema de Bolzano-Weirestrass, existe uma subsequência xnk convergente, di-
gamos xnk ! c.

Portanto,
a  xnk  b, 8nk ) a  c  b ) c 2 [a, b].
Assim, temos que

xnk ! c 2 [a, b] e f é contı́nua em c,

donde segue, por continuidade, que

f (xnk ) ! c. (8.9)

Mas f (xn ) ! +1, pois f (xn ) > n, 8n. Em particular, f (xnk ) > nk , donde
segue que f (xnk ) ! +1, o que entra em contradição com (8.9). Absurdo!
Logo, f é limitada superiormente.

Por fim, mostremos que f assume um valor máximo em [a, b]. Como mos-
tramos acima que f é limitada superiormente, segue que existe um supremo.

Seja então M = sup f (x).


x2[a,b]

Precisamos mostrar que 9x0 2 [a, b] tal que f (x0 ) = M .

1
Pela definição de supremo temos que, 8n 2 N, 9xn 2 [a, b] tal que M <
n
f (xn )  M . Então, pelo Teorema do Sanduı́che para sequências temos que

f (xn ) ! M.

Como xn 2 [a, b], 8n, temos que a sequência (xn ) é limitada. Logo, pelo
Teorema de Bolzano-Weirestrass, existe uma subsequência (xnk ) convergente
para um limite `, i.e.,
xnk ! `, com ` 2 [a, b].
Continuidade 259

Por continuidade de f segue que f (xnk ) ! f (`).

Mas f (xn ) ! M .

Portanto, pela unicidade do limite segue que f (`) = M , ou seja, f assume


um valor máximo em [a, b].

Exercı́cios
1. Dada a função real de variável real f (x) = 4 + 3x x2 . Use o Teorema do
Valor intermediário para mostrar que existe um c 2 [2, 5] tal que f (c) = 1.
Determine também o valor de f (c).

2. Use o Teorema do valor intermediário para mostrar que f (x) = 3x5


5x4 3x 1 possui uma raiz real no intervalo [1, 2]. Idem para o intervalo
1
[ 1, 2 ].

3. Mostre que o Teorema do valor intermediário garante que a equação x3 +


x + 3 = 0 tenha uma raiz entre 2e 1.

4. (Sel. Mestr. UFSM 2013/1) Dizemos que uma função f : I ! R é


côncava se para quaisquer x, y 2 I e t 2 [0, 1], temos

f (tx + (1 t)y) tf (x) + (1 t)f (y).

Seja f : [a, b] ! R côncava e contı́nua, com f (a) < f (b). Mostre que para
cada d 2 (f (a), f (b)), existe um único c 2 (a, b) tal que f (c) = d.

5. (Sel. Mestr. UFSM 2012/1)

(a) Sejam f, g :: [a, b] ! R contı́nuas, com g(a) < f (a) e f (b) < g(b).
Mostre que existe c 2 (a, b) tal que f (c) = g(c).
(b) Sendo D = R \ {±k⇡ : k 2 N}, através do item (a) mostre que a
função h : D ! R definida por h(x) = x cot(x) possui infinitas
raı́zes.
260 Análise Real I

6. (Sel. Mestr. UFSM 2015/1)

(a) Mostre que a função f : [ 1, 1] ! R, definida por


8
>
> 2x2 2x se x 2 [ 1, 12 ]
>
<
f (x) = |x| se x 2 ( 12 , 0]
>
>
>
:x sen 1
x se x 2 (0, 1],

é contı́nua.
(b) A função dada no item anterior assume valor máximo no domı́nio
de definição? Justifique.

7. Seja f : [0, 1] ! R uma função contı́nua tal que f (0) = f (1). Prove que
existe c 2 [0, 12 ] tal que f (c) = f (c + 12 ).

8.4 Continuidade uniforme


Nesta seção vamos apresentar um conceito mais forte de continuidade, chamado
de continuidade uniforme.

Definição 8.12 Dizemos que uma função f : I ! R é uniformemente contı́nua


se, e somente se, 8" > 0, 9 > 0 tal que, 8x, y 2 I tal que |x y| < , implique
em |f (x) f (y)| < ".

Observe que a diferença entre continuidade e continuidade uniforme, à pri-


meira vista, parece sutil: na continuidade, dado x 2 I, para todo " > 0 es-
colhido, existe > 0 (tal depende de " e, também, do x escolhido) tal que
8y 2 I tal que |x y| < , implica em |f (x) f (y)| < ", ou seja, a propriedade
de continuidade é dita local. Já na continuidade uniforme, dado " > 0, existe
> 0 (tal delta só depende da escolha do ", não mais de " e de algum ponto)
tal que 8x, y 2 I tal que |x y| < , implique em |f (x) f (y)| < ", ou seja, o
estabelece uma propriedade de continuidade global.

Apresentaremos alguns exemplos e contraexemplos de funções uniforme-


mente contı́nuas, mas antes enunciamos um importante conceito.
Continuidade 261

Definição 8.13 Dizemos que uma função f : I ! R é de Lipschitz se 9M > 0


tal que 8x, y 2 I,
|f (x) f (y)|  M |x y|.

A constante M > 0 é chamada de constante de Lipschitz.

Vejamos alguns exemplos e contraexemplos.

Exemplo 1. A função f : R ! R dada por f (x) = sen x é de Lipschitz.

De fato, dados x, y 2 R, temos

x y x+y
|f (x) f (y)| = |sen x sen y| = 2 sen cos =
2 2

x y x+y
= 2 sen · cos .
2 2
Como | cos ↵|  1 e |sen ↵|  |↵|, 8↵, segue que

x y
|f (x) f (y)|  2 · 1 = |x y|.
2

Logo, realmente, f é de Lipschitz com M = 1.

p
Exemplo 2. A função f : [0, +1) ! R dada por f (x) = x não é de Lips-
chitz.

Desconfiamos disso pois, observando o gráfico de f , perto da origem o


mesmo parece possuir retas tangentes com inclinações muito “fortes”, o que
sugere que f não seja de Lipschitz. Veremos que, realmente, perto de zero a
função dada não satisfaz a condição de Lipschitz.

De fato, se por absurdo f fosse de Lipschitz, então existiria M > 0 tal que,
8x, y 2 [0, +1),
|f (x) f (y)|  M |x y|.
262 Análise Real I

1
Em particular, tome x = 0 e y = , onde n 2 N (note que quanto maior
n
for o valor do natural n, mais perto de x estará y). Disso, temos

1 1
|f (x) f (y)| = f (0) f( ) = p .
n n
Logo,
1 1 M
|f (x) f (y)|  M |x y| ) p  M 0 = .
n n n
Portanto, terı́amos
n p
p  M ) n  M, 8n 2 N,
n
ou seja,
n  M 2 , 8n 2 N.
Mas isto implica que o conjunto N dos números naturais seria limitado su-
periormente por M 2 , o que é um absurdo. Portanto, concluı́mos que tal função
f não é de Lipschitz.

Abaixo temos o esboço gráfico da função f , bem como uas retas tangentes
próximas à origem, indicando geometricamente que as inclinações das mes-
mas aumentam gradativamente à medida que tomamos pontos cada vez mais
próximos de zero (observe que exatamente em x = 0 f não é derivável).

Proposição 8.14 Se f : I ! R for de Lipschitz, então f é uniformemente


contı́nua.
Continuidade 263

Demonstração. Seja f : I ! R de Lipschitz com constante de Lipschitz


M > 0.

Dado " > 0. Como f é de Lipschitz, temos que 9M > 0 tal que, 8x, y 2 I,

|f (x) f (y)|  M |x y|.


"
Tome = . Assim, 8x, y 2 I tal que |x y| < , temos
M
"
|f (x) f (y)|  M |x y| < M = M = ".
M
Portanto, f é uniformemente contı́nua em I.

Vejamos, então alguns exemplos de funções uniformemente contı́nuas.

Exemplo 1. A função f : R ! R dada por f (x) = sen x é uniformemente


contı́nua.

Solução. De fato, basta observar que tal função é de Lipschitz e, portanto,


uniformemente contı́nua.

Exemplo 2. A função f : R ! R dada por f (x) = x2 , embora seja contı́nua,


não é uniformemente contı́nua.

Solução. De fato, mostremos que tal f não pode ser uniformemente contı́nua.
Dado " = 1 > 0 e tome x = n e y = n + n1 . Então, 8n 2 N, tome > 0 tal que
1
n < . Temos, então que
1
|x y| = < ,
n
mas
1 2 1
|f (x) f (y)| = |n2 (n + ) | = 2 + 2 > 1 = ",
n n
ou seja, f não é uniformemente contı́nua.
264 Análise Real I

1
Exemplo 3. A função f : [1, +1) ! R dada por f (x) = é uniformemente
x
contı́nua.

Solução. Dado " > 0, vamos obter > 0 tal que, 8x, y 2 [1, +1) tal que
|x y| < implique em
|f (x) f (y)| < ".

De fato,
1 1 |x y|
|f (x) f (y)| = = < ,
x y xy xy
1
e como x, y 1, então xy  1 e disso,

|f (x) f (y)| <  ,


xy

ou seja, basta tomarmos = ".

1
Exemplo 4. A função f : (0, 2] ! R dada por f (x) = é obviamente
x
contı́nua, mas não é uniformemente contı́nua.

Solução. De fato, para "0 = 1, 8n 2 N, n 2, tome > 0 tal que 1


n < .

1 2
Tomando xn = n e yn = n, temos que xn , yn 2 (0, 2] e são tais que

1 2 1
|xn yn | = | |= < ,
n n n
mas
n n
|f (xn ) f (yn )| = n = 1 = "0 , 8n 2,
2 2
ou seja, f não é uniformemente contı́nua.

A Proposição abaixo estabelece um importtante resultado que será usado


no estudo de integrais.

Proposição 8.15 Toda função contı́nua f : [a, b] ! R em um intervalo fe-


chado é uniformemente contı́nua.
Continuidade 265

Demonstração. Seja f : [a, b] ! R contı́nua.

Por absurdo, suponha que f não seja uniformemente contı́nua. Então,

9"0 > 0 tal que 8 > 0, 9x, y 2 I = [a, b] : |x y| < mas |f (x) f (y)| "0 .

Para cada n 2 N, tomando = 1


n, 9xn , yn 2 I = [a, b] tais que

1
|xn yn | < = , mas |f (xn ) f (yn )| "0 .
n

Como I = [a, b] é um intervalo limitado e (xn ) ⇢ [a, b], então a sequência


(xn ) é limitada. Assim, pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass segue que existe
subsequência (xnk ) convergente, digamos,

xnk ! c,

e como a  xnk  b, segue que a  c  b, ou seja, c 2 [a, b].

1
Mas |xnk y nk | < nk ! 0, e portanto ynk ! c, ou seja, temos que a
sequência (yn ), que também é limitada, possuirá uma subsequência (ynk ) que
converge também para o mesmo c 2 [a, b].

Ou seja, temos que xnk ! c e ynk ! c, e como f é contı́nua, por hipótese,


segue que
f (xnk ) ! f (c) e f (ynk ) ! f (c),

o que é um absurdo, pois |f (xnk ) f (ynk )| "0 .

Logo, f é uniformemente contı́nua.


Obs.: Note que na demonstração acima, se o intervalo não fosse fechado,


então c poderia não pertencer ao intervalo, e então não poderı́amos usar a
continuidade de f , pois neste caso, terı́amos xnk ! c, mas não teria sentido
escrever f (xnk ) ! f (c), pois não existiria f (c).
266 Análise Real I

Proposição 8.16 Se f : I ! R é uma função uniformemente contı́nua em


I ⇢ R e se (xn )n é uma sequência de Cauchy em I, então (f (xn ))n é uma
sequência de Cauchy em R.

Demonstração. Como f é uniformemente contı́nua em I, 8" > 0, 9 > 0 tal


que, 8x, y, 2 I tal que |x y| < , implica em |f (x) f (y)| < ".

Tome (xn ) uma sequência de Cauchy em I. Então, 9n0 2 N tal que,


8m, n n0 , implica em |xm xn | < .

E, pela continuidade uniforme, segue que

|f (xm ) f (xn )| < ", sempre que m, n n0 ,

ou seja, a sequência (f (xn ))n ⇢ R também é de Cauchy, como querı́amos


mostrar.

Exercı́cios
1
1. Mostre que a função f : R ! R dada por f (x) = é uniformemente
1 + x2
contı́nua.
x3
2. Prove que f : R ! R definida por f (x) = é uniformemente
1 + x2
contı́nua.
1
3. Mostre que a função f (x) = x2 é uniformemente contı́nua em [1, +1),
mas não é uniformemente contı́nua em (0, +1).

4. Se f, g : I ! R forem uniformemente contı́nuas, mostre que f +g também


é uniformemente contı́nua.

5. Se f, g : I ! R são limitadas e de Lipschitz, mostre que f · g também é


de Lipschitz.

6. Mostre que f (x) = x2 definida em |x|  17 é lipschitziana, mas f (x) = x2


definida em R não é.
Continuidade 267

p
7. Mostre que a função f : [0, +1) ! [0, +1) dada por f (x) = n
x não é
lipschitziana num intervalo da forma [0, a], a > 0, embora seja uniforme-
mente contı́nua aı́.

8. Prove que se f e g são uniformemente contı́nuas em R, então g f também


é uniformemente contı́nua em R.

9. Seja f : I ! R uma função. Prove que são equivalentes as seguintes


afirmações:

(i) f é uniformemente contı́nua;


(ii) se xn , yn 2 I são tais que xn yn ! 0, então f (xn ) f (yn ) ! 0.

10. Seja f : I ! R. Prove que são equivalentes:

(i) f não é uniformemente contı́nua;


(ii) 9 " > 0, 9 xn , yn 2 I tais que |xn yn | ! 0 e |f (xn ) f (yn )| ",
8n 2 N.

11. Mostre que a função contı́nua f : R ! R definida por f (x) = sen x2 não
é uniformemente contı́nua. (Sugestão: use o exercı́cio 10)

12. Def. Dizemos que uma função f : I ! R é uma função de Hölder se


9 M > 0 e 9 ↵ 2 (0, 1] tais que

|f (x1 ) f (x2 )|  M |x1 x2 |↵ , 8x1 , x2 2 I.

Note que no caso particular ↵ = 1, f é de Lipschitz .

(a) Mostre que se f : I ! R é de Hölder, então f é uniformemente


contı́nua.
(b) Mostre que se a condição de Hölder permitı́ssemos ↵ > 1, seguiria
que f 0 (x) = 0, 8x no interior de I e, portanto, terı́amos f constante
(esta é a razão para impor a condição ↵  1 na definição).
p
(c) Mostre que a função f : [0, +1) ! R, f (x) = x, satisfaz a condição
1
de Hölder com M = 1 e ↵ = 2 sendo, portanto, uniformemente
contı́nua (Sugestão: basta uma manipulação algébrica simples).

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