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O Teorema Do Envelope

1) O documento discute o teorema do envelope e sua aplicação na microeconomia. 2) O teorema do envelope permite "envelopar" todas as demandas marshalianas no ponto de máximo e é essencial para provar a identidade de Roy. 3) A identidade de Roy mostra que a demanda marshaliana para um bem é igual à razão entre as derivadas parciais da função de utilidade indireta em relação ao preço daquele bem e à renda.

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O Teorema Do Envelope

1) O documento discute o teorema do envelope e sua aplicação na microeconomia. 2) O teorema do envelope permite "envelopar" todas as demandas marshalianas no ponto de máximo e é essencial para provar a identidade de Roy. 3) A identidade de Roy mostra que a demanda marshaliana para um bem é igual à razão entre as derivadas parciais da função de utilidade indireta em relação ao preço daquele bem e à renda.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

SÉRIE CADERNOS ECONÔMICOS

O TEOREMA DO ENVELOPE E SUA APLICAÇÃO NA


MICROECONOMIA
Texto didático n.3

Autores: Rodrigo Fernandez


Gabrielito Menezes
André Carraro

PELOTAS
Abril 2012
O teorema do envelope e sua aplicação na
microeconomia

Rodrigo Nobre Fernandez

Gabrielito Menezes
André Carraro‡

28 de abril de 2012

1 Introdução
Sabe-se que a função de utilidade indireta representa o valor máximo atingível pela
função de utilidade a um dado conjunto de preços p e de renda y. Geometricamente ela
representa o nível da mais alta curva de indiferença que o consumidor pode atingir dado
o conjunto de preços p e renda y.
Tem-se uma função U(x) contínua e estritamente crescente e quase côncava em,Rn+
denominada V(p,y) e uma das propriedades desta função é a identidade de Roy. Esta
identidade mostra que a razão da divisão da derivada da função V em relação a um
qualquer sobre a derivada função V em relação a y é igual a demanda mashaliana para o
mesmo pi correspondente ao preço, no entanto este resultado tem o sinal negativo.
Logo, isto é muito importante para a teoria microeconomia. Para fazer a prova desta
identidade, deve-se utilizar o teorema do envelope o qual possui extrema relevância para a
ciência econômica, pois através do uso deste consegue-se “envelopar” todas as demandas
marshalianas no ponto de máximo. A seguir mostrar-se-á a prova deste teorema.

Doutorando em Economia Aplicada pela UFRGS.rodrigo.fernandez@ufrgs.br.

Doutorando em Economia Aplicada pela UFRGS.gabrielito.menezes@ufrgs.br.

Doutor em Economia pela UFRGS. Prof. do PPGOM/UFPEL.andre.carraro@ufpel.edu.br.

1
2 Teorema do Envelope
Para chegar-se neste resultado utilizar-se-á a abordagem de Jehle e Reny (2000,
p.505-507). Quando tenta-se maximizar uma função, geralmente depara-se com o seguinte
problema:

M ax f (x, a)
sujeita a
g(x, a) = 0 e x > 0

Onde x é um vetor de escolha de variáveis e a = (a1 , ..., an ) é um vetor de parâmetros


que pode estar na função objetivo, na restrição ou em ambos. Certamente, as soluções
deste problema dependerão de alguma forma do vetor de parâmetros, a. Supõe-se que
para cada vetor a, há uma única solução dada por x(a). Dentro desta abordagem, supõe-
se ainda que a função objetivo e a restrição do problema são continuamente diferenciáveis
em a. Logo, para cada a, considere que x(a)>>0 (estritamente maior que zero) resolve
o problema de maximização e assume-se que x(a) também é continuamente diferenciável
no parâmetro a.
Assim, o problema associado ao multiplicador de lagrange L (x, a, λ) e considera-se
(x (a) , λ(a)) que estão de acordo com as condições propostas pelo teorema de Kuhn-
Tucker1 .
Prova: Partir-se-á do problema dos multiplicadores de Lagrange:

L = f (x, a) + λ [g(x, a)] (2.1)

Considerando-se as condições enunciadas acima pode-se deduzir o seguinte:

∂f (x(a), a) ∂g(x(a), a)
+ λ(a) = 0, i = 1, ..., n (2.2)
∂xi ∂xi

g(x(a), a) = 0 (2.3)

Elas podem ser escritas como identidades, pois elas servem para definir soluções para
x(a) e λ(a). A derivada parcial de L em relação a um parâmetro aj é o seguinte:
1
Veja Simon e Blume (1994, p. 439-442)

2
∂L ∂f (x, a) ∂g(x, a)
= +λ (2.4)
∂aj ∂aj ∂aj

Ao valorar esta derivada no ponto (x (a) , λ(a)):

∂L ∂f (x(a), a) ∂g(x(a), a)
|x(a),λ(a) = + λ(a) (2.5)
∂aj ∂aj ∂aj

Ao mostrar que esta derivada parcial da função valor máximo em relação a aj é igual
ao lado direito da equação (2.5) chegar-se-á na prova do teorema. Pode-se começar dife-
renciando a função M(a) em relação a aj. Sabe-se que aj afeta f direta e indiretamente,
através da sua influência em cada variável xi (a), portanto na derivação deste problema
será necessário usar a regra da cadeia, como segue:

n
" #
∂M (a) X ∂f (x(a), a) ∂xi (a) ∂f (x(a), a)
= + (2.6)
∂aj i=1 ∂xi ∂aj ∂aj

Retomando as condições de primeira ordem em (2.2) e apenas rearranjando a igualdade


tem-se:

∂f (x(a), a) ∂g(x(a), a)
= −λ(a) , i = 1, ..., n (2.7)
∂xi ∂xi

Substituindo (2.7) dentro dos termos em colchetes do somatório em (2.6), pode-se


escrever a derivada parcial de M(a) como:

n
" #
∂M (a) X ∂g(x(a), a) ∂xi (a) ∂f (x(a), a)
= λ(a) − + (2.8)
∂aj i=1 ∂xi ∂aj ∂aj

Para chegar-se ao resultado final deste teorema precisa-se retornar as condições de


primeira ordem e observar-se a equação (2.3). Logo pode-se diferenciar ambos lados de
(2.8) em relação a um aj e o resultado será o mesmo do que (2.7), pois a derivada de uma
constante é zero. Aplicando esta condição na equação do somatório:

n
" #
X ∂g(x(a), a) ∂xi (a) ∂f (x(a), a)
λ(a) − =−
i=1 ∂xi ∂aj ∂aj

3
n
" #
X ∂g(x(a), a) ∂xi (a) ∂g(x(a), a)
λ(a) − = −λ(a)
i=1 ∂xi ∂aj ∂ai

E então:

n
" #
∂g(x(a), a) X ∂g(x(a), a) ∂xi (a)
=− (2.9)
∂ai i=1 ∂xi ∂aj

Trazendo o sinal de menos para dentro dos colchetes, pode-se substituir o lado esquerdo
de (2.9) em (2.8) para obter:

∂M (a) ∂g(x(a), a) ∂f (x(a), a)


= λ(a) + (2.10)
∂aj ∂xi ∂aj

Assim, o lado direito desta equação é idêntico ao visto na equação (2.5), então:

∂L ∂M (a)
|x(a),λ(a) = (2.11)
∂aj ∂aj

c.q.d

3 Identidade de Roy
A identidade de Roy é uma das propriedades da função de utilidade indireta, esta relata
que a demanda marshaliana2 para o bem i é simplesmente a relação entre as derivadas
parciais desta função em relação a p e y. Mostrar-se-á a prova desta relação utilizando o
teorema do envelope.

Seja V (p, y) = [x1 (p, y), x2 (p, y), ..., xn (p, y)]

Derivando esta função em relação a y:

∂V (p, y) ∂U ∂x1 ∂U ∂xn


= + ... + (3.1)
∂y ∂x1 ∂y ∂xn ∂y

2
Demanda do bem i no ponto de máximo.

4
Aqui utilizar-se-á o problema de maximização da utilidade pelos multiplicadores de
Lagrange:

M ax U (x)
sujeita a
y = ni=1 pi xi
P

n
" #
X
L(x, λ) = U + λ y − p i xi
i=1

As condições de primeira ordem são:

∂L ∂U
= = λpi , ∀i = 1, ..., n (3.2)
∂xi ∂xi

Substituindo a equação (3.2) em (3.1):

∂V (p, y) ∂x1 ∂xn


= λp1 + ... + λpn
∂y ∂y ∂y

Isolando Lambda:

" #
∂V (p, y) ∂x1 ∂xn
= λ p1 + ... + pn (3.3)
∂y ∂y ∂y

Agora considera-se a lei de Walras, onde a soma dos preços vezes suas respectivas
quantidades são iguais a renda:

n
X
y= p i xi
i=1

Derivando em relação a y:

∂x1 ∂xn
1 = p1 + ... + pn
∂y ∂y

Substituindo este resultado na equação (3.3):

∂V (p, y)
=λ (3.4)
∂y

5
O próximo passo é derivar-se a função de utilidade indireta em relação a um pi qual-
quer:

∂V (p, y) ∂U ∂x1 ∂U ∂xn


= + ... + (3.5)
∂pi ∂x1 ∂pi ∂xn ∂pi

Utilizando novamente a equação (3.2):

" #
∂V (p, y) ∂x1 ∂xn
= λ p1 + ... + pn (3.6)
∂pi ∂pi ∂pi

Agora deriva-se a lei de Walras em relação a um pi qualquer:

∂x1 ∂xi ∂xn


0 = p1 + ... + xi + pi + ... + pn
∂pi ∂pi ∂pi

∂x1 ∂xn
−xi = p1 + ... + pn (3.7)
∂pi ∂pi

Inserindo a equação (3.7) na equação (3.6):

∂V (p, y)
= −λxi (3.8)
∂pi

Logo, divide-se a derivada da função de utilidade indireta em relação ao um preço


qualquer pela derivada da função de utilidade indireta em função da renda tem-se o
seguinte:

 ∂V (p,y) 

−  ∂V∂p i
(p,y)
 = xi (p, y) (3.9)
∂y

c.q.d

4 Considerações Finais
Após verificar-se as demonstrações do teorema do envelope e da identidade de Roy,
pode observar que elas são análogas. Na verdade, o teorema do envelope é utilizado para

6
realizar a prova desta identidade. Quando se faz a substituição da solução do problema
de maximização (3.1) em (3.2) consegue-se agrupar todas as derivadas das demandas
marshalianas ótimas em relação a sua renda vezes o seu preço, depois faz-se outra substi-
tuição inserindo a lei de Walras chegando em (3.4). O mesmo procedimento é semelhante
para chegar-se a (3.8).
Em suma, o teorema do envelope mostra o efeito total sobre o valor ótimo da função
objetivo quando o parâmetro se altera (e por sua vez, precisaria ser otimizado novamente)
pode ser deduzido simplesmente tomando parte do problema do dos multiplicadores de
Lagrange em relação ao parâmetro que se modificou e então valorar a derivada em rela-
ção solução do problema de primeira ordem das condições de Kuhn-Tucker. Assim, este
teorema permite “envelopar” as soluções ótimas, o que é muito útil para a ciência econô-
mica e uma das contribuições deste teorema é a o uso desta ferramenta para a prova da
identidade de Roy, como foi mostrado neste trabalho.

5 Referências
JEHLE, G. A.; RENY, P. J. Advanced Microeconomics Theory. 3ed. The Addison-Welsey
series in economics. 2011.
MAS-COLLEL, A.; WHINSTON, M. D. e GREEN, J.R., Microeconomic Theory, Oxford
University Press, 1996.
SIMON, C. P. E.; BLUME, L; Mathematics for Economists. W.W. Norton e Company,
Inc, 1994.
VARIAN, H. R. Microeconomic Analysis, 3ed. W.W. Norton e Company, 1992.

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